Resistência Ao Cisalhamento Dos Solos
Resistência Ao Cisalhamento Dos Solos
Resistência Ao Cisalhamento Dos Solos
Como visto, as tenses principais nos interessam particularmente para o estudo de resistncia
ao cisalhamento dos solos, uma vez que obtidos estes valores poderemos calcular as mximas
tenses cisalhantes que iro atuar no projeto em estudo.
Para ilustrar, mostrada na figura 5. 02, o estado de tenses atuantes em um ponto no interior
da massa de solo, e tambm os valores e a direo em que atuam as tenses principais maior e
menor, como estudado. Neste exemplo ilustrativo foi usado um software de anlise de tenses,
desenvolvido aplicando a tcnica numrica do Mtodo dos Elementos Finitos (M. E. F.). O
ponto destacado (de no 760) situa-se 2,0m de profundidade (cota 18) e 1,5m de distncia
do eixo da carga de 6,0m aplicada, ou seja, o meio da faixa de 3,0m apresentada.
Como pode ser observado no traado do crculo de Mohr, assim como se verifica o valor na
figura 5. 01, a mxima tenso de cisalhamento atuante no ponto da ordem de 32 kPa,
correspondente a um 1 de 76,76 kPa e 3 de 10, 81 kPa. A questo que se coloca nesta
anlise : Este nvel de tenso de cisalhamento est aqum do valor correspondente da
resistncia do material? Este ltimo valor, a ser obtido a partir do traado da sua envoltria de
resistncia que ser estudado nesta unidade.
O problema da determinao da resistncia aos esforos cortantes nos solos constitui um dos
pontos fundamentais de toda a mecnica dos solos. Uma avaliao correta deste conceito um
passo indispensvel para qualquer anlise da estabilidade das obras civis.
Consideraes preliminares sobre resistncia ao cisalhamento
A capacidade dos solos em suportar cargas, depende de sua resistncia ao cisalhamento, isto ,
da tenso que a mxima tenso que pode atuar no solo sem que haja ruptura.
Terzaghi (conhecido como o pai da Mecnica dos Solos) conseguiu conceituar essa
resistncia como consequncia imediata da presso normal ao plano de ruptura
correspondente a presso gro a gro ou presso efetiva. Isto , anteriormente considerava-se
a presso total o que no correspondia ao real fenmeno de desenvolvimento de resistncia
interna, mas, na nova conceituao, amplamente constatada, conclui-se que somente as
presses efetivas mobilizam resistncia ao cisalhamento, (por atrito de contato gro a gro)
donde escrevemos:
r = c + tg = c + ( ) u tg
Hvorslev, ao analisar argilas saturadas, concluiu que nessa situao a coeso (representada na
equao por c) funo essencial do teor de umidade donde se escreve:
c f = (h)
Logo temos para a mxima tenso de cisalhamento (poder ser representado simplesmente
por r) :
' r = f ( ) h + ( u)tg
Os parmetros c e , definidores da resistncia interna ao cisalhamento dos solos tero que ser
determinados, na maioria dos casos, em laboratrio nas condies mais desfavorveis previstas
para o perodo de utilizao de cada projeto especfico. Os ensaios buscaro representar o
rompimento de uma seo em relao a uma outra contgua, medindo as tenses de ruptura
capazes de identificar, nas condies do projeto, sua resistncia ao corte.
Alm desses, no caso de fundaes so executadas para provas de carga que, traduziro,
especificamente, as resistncias do solo frente s caractersticas do elemento estrutural na
transmisso de carga.
O equipamento para execuo do ensaio CPT consta de um cone de ao, mvel, com um
ngulo no vrtice de 600 e rea transversal de 10 cm2 .
O ensaio consiste em cravar o cone solidrio a uma haste e medir o esforo necessrio
penetrao. So feitas medidas de resistncia de ponta e total.
Os dados permitem obter, ainda, boas indicaes das propriedades do solo, ngulo de atrito
interno de areias, e coeso e consistncia das argilas.
O equipamento para realizao do ensaio constitudo de uma palheta de ao, formada por
quatro aletas finas retangulares, hastes, tubos de revestimentos, mesa, dispositivo de aplicao
do momento toror e acessrios para medida do momento e das deformaes. O equipamento
est apresentado na figura 5. 04. O dimetro e a altura da palheta devem manter uma relao
constante 1:2 e, sendo os dimetros mais usuais de 55, 65, e 88mm. A medida do momento
feito atravs de anis dinamomtricos e vrios tipos de instrumentos com molas, capazes de
registrar o momento mximo aplicado.
O ensaio consiste em cravar a palheta e em medir o torque necessrio para cisalhar o solo,
segundo uma superfcie cilndrica de ruptura, que se desenvolve no entorno da palheta,
quando se aplica ao aparelho um movimento de rotao. A instalao da palheta na cota de
ensaio pode ser feita ou por cravao esttica ou utilizando furos abertos a trado e/ou por
circulao de gua. No caso de cravao esttica, necessrio que no haja camadas
resistentes sobrejacentes argila a ser ensaiada a que a palheta seja munida de uma sapata de
proteo durante a cravao. Tanto o processo de cravao da sapata, quanto o de perfurao
devem ser paralisados a 50cm acima da cota de ensaio, a fim de evitar o amolgamento do
terreno a ser ensaiado. A partir da, desce apenas a palheta de realizao do ensaio. Com a
palheta na posio desejada, deve-se girar a manivela a uma velocidade constante de 6/min,
fazendo-se as leituras da deformao no anel dinamomtrico de meio em meio minuto, at
rapidamente, com um mnimo de 10 rotaes a fim de amolgar a argila e com isto, determinar
a sensibilidade da argila (resistncia da argila indeformada/ resistncia da argila amolgada).
T = ML + 2MB
Ensaio pressiomtrico
O ensaio pressiomtrico consiste em efetuar uma prova de carga horizontal no terreno, graas
a uma sonda que se introduz por um furo de sondagem de mesmo dimetro e realizado
previamente com grande cuidado para no modificar-se as caractersticas do solo.
O equipamento destinado a execuo do ensaio, chamado pressiomtrico, constitudo por
trs partes: sonda, unidade de controle de medida presso-volume e tubulaes de conexo. A
sonda pressiomtrica constituda por uma clula central ou de medida e duas clulas
extremas, chamadas de clulas guardas, cuja finalidade estabelecer um campo de tenses
radiais em torno da clula de medida.
Ensaios de laboratrio
So diversos os tipos de ensaios de laboratrio que buscam, com maior grau de sofisticao,
representar as condies, com fidelidade e exatido, possveis de ocorrncias, dentre as
principais temos:
Dependendo da importncia da obra a realizar, das caractersticas dos solos e das condies de
ocorrncia justifica a realizao de ensaios com a finalidade especfica de obter os parmetros
de resistncia ao cisalhamento ( c e )
Faremos nos itens seguintes (itens 5. 4, 5.5 e 5. 6) uma descrio conceitual dos ensaios, e uma
anlise referente a determinao de c e , deixando o detalhamento dos mesmos para as aulas
prticas especficas. As descries sero genricas e sucintas.
se tem condio de aplicar a presso axial , uma vez que, sendo a prensa aberta no h
condio de aplicar presses laterais, isto , 0. Tem-se assim um s crculo e =0. Logo s
aplicvel a solos puramente coesivos. 1 3 =
A foto da figura 5.5 abaixo ilustra o ensaio aps sua execuo, onde se v a prensa de
compresso simples em que temos um corpo de prova que mesmo aps o cisalhamento
(quando resultou em tenso cisalhante mxima) foi levado a uma deformao excessiva.
Anlise do ensaio de compresso simples com o corpo de prova rompido
Como no ensaio temos um s crculo, precisamos, de uma direo para traar a linha de rutura.
Logo, conclui-se que a condio exigvel que se tenha a direo horizontal, isto , o ensaio s
aplicvel em solos puramente coesivos, onde = 0.
Em funo de seus resultados temos uma classificao vlida para qualquer ocorrncia de
estrutura de argila (ligante) onde o valor Rc dado como resistncia compresso simples.
Ensaio de cisalhamento direto
Aplica-se inicialmente uma fora vertical N. Uma fora tangencial T aplicada ao anel que
contm a parte superior do corpo de prova, provocando seu deslocamento, ou um
deslocamento provocado, medindo-se a fora suportada pelo solo. As foras T e N, divididas
pela rea da seo transversal do corpo de prova, indicam as tenses e que nele esto
ocorrendo. A tenso pode ser representada em funo do deslocamento no sentido do
cisalhamento, como se mostra na Figura 5. 7b, onde se identificam a tenso de ruptura, max,
e a tenso residual, que o corpo de prova ainda sustenta, aps ultrapassada a situao de
ruptura, res. O deslocamento vertical durante o ensaio tambm e registrado, indicando se
houve diminuio ou aumento de volume durante o cisalhamento.
Pelas restries acima, o ensaio de cisalhamento direto considerado menos interessante que
o ensaio de compresso triaxial. Entretanto, pela sua simplicidade, ele muito til quando se
deseja medir simplesmente a resistncia, e, principalmente, quando se deseja conhecer a
resistncia residual.
Durante muitos anos o ensaio de cisalhamento direto foi, praticamente o nico para
determinao da resistncia dos solos devido a sua simplicidade. A necessidade de maiores
sofisticaes para representar as ocorrncias de campo, tem sido, em muitos casos,
substitudos pelos ensaios de compresso triaxial.
Como abordado, o ensaio consiste, em uma caixa bi-partida onde colocamos a amostra,
fixamos a parte inferior e movimentamos a superior no sentido de se fazer o corte da amostra,
medindo o esforo necessrio para tal. A tampa da parte superior falsa, isto , sobre ela
pode-se aplicar a carga vertical P distribuda em sua rea A.
As curvas de ruptura (tenso x deformao) obtidas nos ensaios de resistncia tm uma das
formas mostrada na Figura 5. 9. Na rutura frgil depois de atingir a R, a resistncia cai
acentuadamente ao se aumentar a deformao. Na rutura plstica o esforo mximo
mantido com a continuidade da deformao. Pode-se obter assim a chamada resistncia
residual.
A ruptura Frgil tpica de ocorrncia em argilas rijas e duras ou areias compactas enquanto
que a ruptura Plstica tpica de ocorrncia em argilas moles ou mdias ou areias fofas ou
pouco compactas.
Os dados obtidos a partir dos grficos da figura 5. 10, por exemplo, correspondentes s tenses
no plano de rutura, que somados a vrias outras amostras ensaiadas da mesma estrutura, nos
daro vrios outros pares de tenso que, possibilitam o traado da envoltria de resistncia do
solo e a obteno dos parmetros c e (figura 5.11).
O ensaio de cisalhamento direto s d valores confiveis para o caso de rutura plstica, pois, no
outro caso a curva estar defasada do real. No caso da rutura plstica os esforos so iguais em
toda seo de rompimento, enquanto na outra h diferenciao entre a periferia e o centro da
amostra).
Observa-se que nesse ensaio a rea da seo crtica varia durante a aplicao do esforo
tangencial. Portanto, para sua real determinao deveramos ter um processo continuado de
correo.
Os ensaios de Cisalhamento Direto podero ser referidos como:
Como visto, adensamento a diminuio de volume do solo sob ao de uma presso. Sua
ocorrncia maior nos solos argilosos, pois so compressveis, e em menor escala nos solos
arenosos quando fofos. A condio de pr-adensamento a situao em que a camada
compressvel tenha, em pocas geolgicas anteriores, sofrido presses muito maiores do que
as que suportam atualmente, isto , a natureza adensou a camada.