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MARQUISES

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FACULDADES LOGATTI

CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

“PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO DE


EDIFÍCIOS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE”

ASSUNTO: MARQUISES

Prof. Marcos Alberto Ferreira da Silva

Araraquara, 2018
MARQUISES DE CONCRETO ARMADO

1. INTRODUÇÃO

Marquises são estruturas em balanço formadas por vigas e lajes ou por apenas uma
laje. Normalmente, são projetadas com a função arquitetônica de cobertura e proteção de
“halls” de entrada das construções.
As marquises podem receber cargas de pessoas, de anúncios comerciais ou outras
formas de propaganda, de impermeabilização, etc.
A estrutura da marquise a ser projetada, depende principalmente do vão do balanço e
da carga aplicada. As mais comuns na prática, como se pode verificar nas construções
existentes, são as formadas por lajes simples em balanço. Marquises mais complexas,
formadas por vigas e lajes, são pouco comuns na prática das pequenas construções.

2. MARQUISE COM LAJE SIMPLES EM BALANÇO

São indicadas para pequenos balanços (até ~ 1,8m). O problema principal nessas
marquises é verificar a flecha na extremidade do balanço, já que o dimensionamento é
simples. A figura 1 mostra a laje em balanço engastada na laje interna; o esquema estático é
de uma barra engastada numa extremidade e livre na outra, a armadura principal, portanto, é
negativa (calculada como em viga) e transversal. Pode-se dispensar a colocação da armadura
positiva.

Figura 1 – Laje em balanço com espessura constante, engastada na laje interna

Um problema que surge é conhecer o ponto de interrupção da armadura negativa na


laje na qual a laje em balanço está engastada. Quando a laje interna é armada em uma direção
(ver figura 2), pode-se calcular os esforços solicitantes das duas lajes fazendo como uma viga
com faixa de um metro.
Assim, fica determinada a posição do momento nulo e o comprimento da armadura
negativa.

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Figura 2 – Laje em balanço engastada em laje armada em uma direção

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Quando a laje interna é armada em duas direções, o problema não é tão simples (ver
figura 3).

Figura 3 – Laje em balanço engastada em laje armada em cruz

A laje L2 é calculada como uma viga em balanço e assim dimensionada. A laje L1


(em cruz) deve ser calculada para a carga uniformemente distribuída combinada com um
momento fletor (o que solicita a laje L2) aplicado de forma uniforme ao longo da borda de
ligação com a laje L2 (figura 4).

Figura 4 – Momento aplicado na borda da laje interna

Os momentos solicitantes na laje L1 devidos ao momento aplicado na borda podem


ser calculados com auxílio das tabelas 9a e 9b encontradas em HAHN (1972). A tabela 9a é

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para momento uniforme aplicado no lado maior e a tabela 9b é para momento uniforme
aplicado no lado menor (figura 5).

Figura 5 – Laje com momento aplicado ao longo de um lado

Os momentos no centro da laje são:

Os momentos nos lados engastados são:

A laje L1 deve ter as armaduras dimensionadas para os momentos finais no centro e


para o momento no apoio do balanço. Para o comprimento da armadura negativa da laje
em balanço (L2) dentro da laje L1 pode ser adotado o mesmo comprimento do balanço.

Para balanços maiores (L > ~ 1,5m), afim de diminuir o peso próprio, pode-se variar a
espessura da laje em direção à extremidade do balanço (figura 6).

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Figura 6 – Laje com espessura variável

Nesse caso, para efeito do cálculo do peso próprio, como simplificação, pode-se
adotar uma espessura média.

As lajes em balanço podem não ser contínuas com as lajes internas (se existirem).
Nesse caso, há a necessidade de engastar a laje na viga (figura 7).

Figura 7 – Laje em balanço sem continuidade com outra laje

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O momento fletor que solicita a laje em balanço é momento de torção para a viga, que
deve obrigatoriamente ser considerado no cálculo da armadura da viga (figura 8).

Figura 8 – Marquise com torção aplicada na viga

Admitindo-se engastamento perfeito entre a viga e os pilares, os momentos de torção


máximos nos extremos de cada trecho da viga são:

sendo L o vão teórico da viga entre os pilares.

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Os pilares P1 e P3, receberão um momento fletor igual ao momento de torção T e o
pilar P2 receberá um momento fletor igual a:

Vigas de concreto ou muretas de tijolos nas bordas das lajes contribuem apenas para
aumentar o carregamento atuante sobre a laje (figura 9).

Figura 9 – Mureta de alvenaria ou concreto

3. MARQUISES FORMADAS POR LAJES E VIGAS

São muitas as possibilidades de projeto quando a estrutura das marquises é composta


por lajes e vigas.

Para balanços maiores que ~ 1,8m, recomenda-se que as marquises tenham vigas (ver
figura 10).

A laje normalmente é armada em uma direção. É simplesmente apoiada nas vigas V1,
V2 e V4. Na viga V3, a vinculação depende da continuidade ou não com outra laje. A viga
V4 pode ser suprimida, tornando a borda livre.

Caso as vigas V1 e V2 não sejam contínuas, logicamente estas devem ser engastadas
nos pilares. Neste caso, no cálculo dos pilares, é necessário considerar o momento fletor
proveniente dessas vigas, o que será visto à frente.

A marquise pode ter outras vigas, além da V1 e V2 (figura 11).

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Figura 10 – Marquise sustentada por vigas

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Figura 11 – Marquise apoiada em vigas em balanço

Neste caso, as lajes devem ser dimensionadas com uma borda livre.

Marquises com balanços maiores podem necessitar de outras vigas, longitudinais e


transversais (figura 12).

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Figura 12 – Estrutura para grandes balanços

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É importante observar que as vigas V6 e V7 da figura 12 estão apoiadas sobre as vigas
V1 a V4 e estas estão em balanço, suportando a marquise e transportando as cargas aos
pilares.
ROCHA (1987) mostra que marquises com lajes apoiadas em vigas engastadas em
pilares, o momento fletor que solicita a viga, solicita também o pilar. Pilares de um lance com
a base engastada têm um momento fletor constante ao longo da sua altura e igual ao momento
negativo da viga (figura 13).

Figura 13 – Viga engastada em pilar de um lance

Pilares de dois ou mais lances (figura 14), os momentos no pilar são dados por:

– pilar inferior 

– pilar superior 

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Figura 14 – Viga engastada em pilar de dois lances

4. EXEMPLO NUMÉRICO

Calcular a marquise mostrada na figura 15. Dados:

 Concreto: ;
 Aço: CA-50;
 Cobrimento das armaduras: 3cm.

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Figura 15 – Marquise de concreto armado

a) Ações atuantes na laje da marquise:


Peso próprio da laje = 2,50 kN/m2
Impermeabilização = 0,60 kN/m2
Ação variável = 0,50 kN/m2
Total 3,60 kN/m 2
b) Ação uniformemente distribuída no contorno:

Peso próprio da nervura = 0,75 kN/m

c) Cálculo do momento fletor:


Adotando uma faixa de largura unitária (1m), tem-se para a marquise o carregamento
mostrado na figura 16.

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Figura 16 – Esquema estático da marquise

O momento fletor na seção de engastamento (momento negativo) fica:

d) Cálculo da armadura longitudinal:

A armadura mínima é dada por:

Assim, deve-se usar a armadura mínima.

Para barra de 6,3mm de diâmetro ( = 6,3mm), tem-se o seguinte espaçamento (t):


 Adota-se  = 6,3mm c/20cm.

e) Detalhamento da armadura

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Figura 17 – Detalhe em corte da armadura da marquise

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2003. Projeto de


Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120:1980. Cargas para o


Cálculo de Estruturas de Edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 1980.

HAHN, J. Vigas continuas, porticos, placas y vigas flotantes sobre lecho elastico. Barcelona,
Ed. Gustavo Gili, 1972.

ROCHA, A. M. Concreto armado, vol.3. São Paulo, Ed. Nobel, 1987.

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