Introdução A Teoria Da Predicação - Lucas Angioni
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Lucas Angioni
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All content following this page was uploaded by Lucas Angioni on 12 December 2016.
I N T RO D U Ç Ã O À T E O R I A D A
PREDICAÇÃO EM ARISTÓTELES
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BI B L I OT E C A CE N T R A L D A UN I C A M P
CDD 185
111
ISBN 85-268-0716-1 110
1a reimpressão, 2009
Editora da U NICAMP
Rua Caio Graco Prado, 50 – Campus U NICAMP
Caixa Postal 6074 – Barão Geraldo
CEP 13083-892 – Campinas – SP – Brasil
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COMENTÁRIOS ....................................................................................................................................................... 45
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tério pelo qual se delimita o segundo tipo de atributo per se, exposto em Se-
gundos analíticos 73a 37-8, a saber, o critério pelo qual se estabelece que tal
tipo de atributo se afirma estritamente de uma única classe de sujeitos, de
tal modo que o predicado implica o sujeito (sem que a inversa seja verdadei-
ra), o qual deverá, assim, ser mencionado na definição do atributo. Trata-se
da relação entre o atributo “par” e o sujeito “número”. Se algo é um número,
não se segue que seja par. No entanto, se algo é par, necessariamente é um
número, e o é de tal modo que o número deverá ser mencionado no enun-
ciado que define o que é o par. Suponha-se, então, o termo “culto” (ou o ter-
mo “letrado” etc.) como predicado atribuído a homem (ser humano). Ora,
dado que apenas seres humanos são capazes de aprender a ler, cultivar a lite-
ratura etc., a verdade da proposição “x é culto” implica a verdade da propo-
sição “x é um ser humano”. Deixemos de lado a questão de saber se o sujeito
“ser humano” deveria ser mencionado na definição de “culto”, pois basta cons-
tatar que “culto”, como predicado de “ser humano”, satisfaz a seguinte regra
de implicação: “se x é culto (P), necessariamente x é um ser humano (S )”.
Ora, o predicado estritamente concomitante — chamemo-lo de contingen-
te — é tal que não satisfaz nenhuma regra de implicação entre sujeito e
predicado, isto é, nem a regra “se x é P, x é S”, nem a regra “se x é S, x é P”.
Assim, como Aristóteles indubitavelmente apresenta mousikon como exem-
plo de predicado contingente, a tradução de mousikon por “culto” estaria rigo-
rosamente incorreta. O que me levou a tal incorreção foi o péssimo hábito
de lucubrar sobre o sentido das palavras a partir de meras “possibilidades le-
xicográficas”, em completa desatenção ao contexto argumentativo em que elas
são usadas no texto a ser traduzido — hábito contra o qual espero estar de-
finitivamente vacinado. Assim, o termo “musical” é uma tradução apropriada
porque ele pode — de acordo com as regras que delimitam a noção de pre-
dicado contingente — atribuir-se também a outras coisas, além de homem
(ser humano). De fato, pode ser denominado “musical” um instrumento, um
poema etc., e isso satisfaz os propósitos conceituais de Aristóteles.
Desde a publicação do volume que deu origem a este livro, surgiram três
obras de considerável importância para o presente trabalho: o minucioso li-
vro de Allan Bäck, Aristotle’s theory of predication (2000); o ousado livro de
Deborah Modrak, Aristotle’s theory of language and meaning (2001); e a edi-
ção das Categorias feita por Richard Bodeüs na coleção Guillaume Budé (Les
Belles Lettres, 2002). As teses de Bäck mereceriam comentários à parte e
foram discutidas neste volume apenas ocasionalmente, em função dos pon-
tos que nos interessam. O mesmo se aplica às teses de Modrak, as quais
envolvem até mesmo um escopo bem mais amplo e ambicioso que o recorte
de questões contemplado neste volume. A esmerada edição de Bodeüs, por
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