Lucien Tesniére
Lucien Tesniére
Lucien Tesniére
DE L. TESNIÈRE
Introdução
As pesquisas de Lucien TESNIÈRE sobre a sintaxe estrutural foram publicados em 1959, cinco anos
após a morte do autor, sob o título Éléments de syntaxe structurale (Paris, Klincksieck, 670 páginas,
2
1966).
O objetivo desse memorando é de facilitar a leitura dos Éléments. Por isso, Parece-me útil de partir
de um opúsculo publicado por TESNIÈRE alguns anos antes, a saber, os Esquisse d’une syntaxe
structurale (Paris, Klincksieck, 1953, 30 páginas), e cujo eu aconselho a leitura prévia (mesmo
sumária). Eu seguirei esse opúsculo fielmente o bastante – salientando a cada vez as mudanças
(terminológicas, a maioria das vezes) introduzidos por os Éléments1. Ao mesmo tempo, eu me
esforçarei em relacionar as noções introduzidas por Tesnière com as da gramática tradicional,
geralmente, me apoiando sob a Bon usage de Grevisse.
A. A Conexão
“A sintaxe estrutural tem por objeto de estudo a realidade estrutural profunda que se esconde por
trás da aparência linear da linguagem sobre a cadeia falada” (p. 4), ou seja, categorizar as palavras
que compõem a frase e determinar as relações que existem entre essas palavras.
As relações sintáticas identificadas por Tesnière são a conexão, a translação e a junção.
“Conexão, junção e translação são (...) os três grandes “chefes” sob os quais se assentam todos
os fatos da sintaxe estrutural”. (Éléments 134, 2 [p. 323]).
Essas relações são representadas graficamente por um diagrama com ramos, apelidado estema. (p.
4).
1. A análise estemática
A relação sintática por excelência é a conexão; que é a subordinação, na terminologia tradicional.
No estema, a conexão é em princípio representada por um traço vertical, ligando dois núcleos, um
superior, o outro inferior:
canta
Alfred
1
No que se segue, as referências da forma « IV, Nucléus jumelé » referem-se aos “Esquisse (aqui, ao parágrafo Nucléus
jumelé do capítulo IV), as referências da forma « 23, 7 », ao Éléments (aqui, ao capítulo 23, § 7). Essas referências são
geralmente acompanhadas da indicação da página – portando, uma menção da página sozinha sempre se refere ao
Esquisse.
2
Mas: “A aposição (de aposto) é uma conexão horizontal” (II, Apposition, p. 5)
3
M. GREVISSE, Le bon usage. Grammaire française. Paris-Gembloux, Duculot, 12e éd. refondue par A. Goosse, 1986,
§ 264.
3
Para o substantivo subordinado ao verbo, se diz que ele completa o verbo cujo ele depende (em vez
de o “determinar”); semanticamente, o substantivo é portanto complemento do verbo (Tesnière não
propõe um termo específico para o verbo complementado)4. Assim, na frase “Bernard frappe
Alfred”, frappe rege Bernard e Alfred, e, paralelamente, Bernard e Alfred completam (o sentido de)
frappe.
c. Nó e função nodal
A definição de nó como “núcleo central que une duas conexões” (cf. I, Nucléus, p. 3) foi abandonada
nos Éléments; o nó (mais precisamente, o nó estrutural) significa doravante “O conjunto constituído
para o regente e para todos os subordinados que, em um nível qualquer, diretamente ou
indiretamente, dependem dele (3, 3 [p. 14]). Isto é, no
4
Cabe observar que determinante e complemento estão aqui nos termos semânticos, ao passo que para a gramática
tradicional(GREVISSE), estão nos termos sintáticos – “determinante” designa uma classe de palavras (que inclui artigos e
adjetivos determinativos), e “complemento”, uma função equivalente à do subordinado.
5
Núcleo dissociado é o termo empregado nos Éléments (cf. chap. 23); nos ’Esquisse (p. 8), Tesnière chama de núcleo
“germinado”.
6
Na verdade, “o núcleo é a sede de várias outras funções (...) em particular da função translativa (...) (22, 9 [p. 45]).
7
De acordo com a definição adotada no Éléments (3, 3 [p. 14]), ver adiante.
8
Para o tratamento do verbo cópula como “translativo”, ver mais adiante.
1
Aparentemente, a partícula auxiliar ont em francês forma o que em português se considera pretérito perfeito: Assim, ont
chanté significa cantaram, tal qual acontece com o futuro perifrástico em português (vou fazer/farei). Por vezes, parece
também corresponder à voz passiva. Parece aplicar-se a todos os verbos. (Nota do Tradutor).
4
Exemplo dado, Seu amigo canta (p. 3), canta forma um nó (verbal) com amigo e com seu, e amigo
forma um nó (substantival) com seu9.
canta
amigo
seu
Paralelamente, o termo de função nodal exprime doravante a função estrutural do regente , isto é,
sua “função de estabelecer em um só feixe as diferentes conexões que unem a ele seus diversos
subordinados” (19, 5 [p. 39]).
pequenos caprichosos
De fato, Tesnière separa a sintaxe da frase (a abstração das conexões estruturais a partir da cadeia
da fala, ou escrita), e sua construção (a realizaão da estrutura da frase em uma sequencia linear)10.
Deve ficar claro que Tesnière não negou a importância da sequencia linear para o estudo da
estrutura hierárquica: são essencialmente a ordem as palavras e os fenômenos da concordância,
mais que os sentidos e a natureza das palavras, que permitem captar as conexões estruturais (cf. p.
ex. 7, 6 [p. 21]).
a. Classes de palavras
Tesnière divide as palavras em palavras cheias e palavras vazias (cf. chap. IV, Espèces de mots (p.
7).
9
O nó estrutural, na sua definição definitiva, é portanto o equivalente do sintagma, e o regente, o equivalente do núcleo
de sintagma (cf. GREVISSE, § 264). – Cabe notar que nó é às vezes empregado em um sentido mais restrito para designar
somente o regente (abstração feita de seus subordinados).
10
Attribuant explicitement la construction à la parole, T. admet que la structure de la phrase est du domaine de la
langue, ce qui constitue certainement un progrès par rapport à S AUSSURE, chez qui on peut lire que « [la phrase]
appartient à la parole, non à la langue » (Cours de linguistique générale, Paris, Payot, 31931, p. 172). – Pour beaucoup
de linguistes, la phrase dans sa totalité appartient à la langue, la syntaxe décrivant aussi bien la structure hiérarchique de
la phrase que sa structure linéaire. Voir p. ex. N. CHOMSKY, Aspects of the Theory of Syntax. Cambridge, Mass., The
M.I.T. Press, 1965 (trad. fr. Aspects de la théorie syntaxique, aux Editions du Seuil, Paris), chap. 2, § 4.4.
5
São palavras cheias os substantivos (incluindo os pronomes), os adjetivos (qualificativos e
determinativos) os advérbios e os verbos.
São palavras vazias os juntivos (que correspondem às conjunções de coordenação) e os translativos
(que incluem, entre outros, preposições e conjunções de subordinação). Há ainda os índices (cf.
chap. X, Translation atténuée p. 23), que incluem os artigos, que podem, igualmente, ser
translativos.
Aqui, os tipos de palavras segundo Tesnière, em oposição às “partes do discurso” da gramática
tradicional; para compreensão dos símbolos adicionados, cf. I, Symboles, p. 8.
Palavras cheias
Nomes
Substantivos (O)
Pronomes
Palavras vazias
Juntivos (J) Conjunções de coordenação
Conjunções de subordinação
Translativos (T) Preposições
Artigos
(Artigos)
Indices (I) Preposições
Pronoms conjuntos2
b. Funções Gramaticais
Na gramática tradicional, se fala de função gramatical (ou sintática) nas relações de predicação e de
subordinação. Tesnière, como nós vimos, não considera a predicação uma “solidariedade recíproca”
entre o sujeito e o predicado (cf. GREVISSE, § 226)11, sendo, na verdade, não mais que uma relação
de subordinação (do complemento a seu suporte, cf. Grevisse, § 264), isto é, a dependência (entre o
subordinado e seu regente)12.
Somente as palavras capazes de formar um núcleo, ou seja, palavras cheias (verbos, substantivos,
adjetivos e advérbios) podem entrar entrar em relação de dependência e assumir as funções de
regente ou de subordinado. Assim como o suporte na gramática tradicional, o regente é designado
para o nome da classe da palavra que assume essa função. Há portanto as palavras subordinadas ao
verbo, ao substantivo, ao adjetivo e ao adverbio, correspondente ao complemento do verbo, do
nome, etc, da gramática tradicional.
11
Note-se que com a noção de sujeito (que se confunde atualmente com a de primeiro actantee), a de predicado desaparece
(para se tornar a ideia de nó dos nós [p. 4]).
12
De fato, é necessário considerar a aposição como uma relação sintática diferente da dependência (subordinação), já
que, diferentemente da dependência, a aposição equivale a uma conexão horizontal, o que faz que ela aparente mais
um tipo de junção (coordenação).
2
Os pronoms conjoints, em francês, correspondem, em português, aos pronomes substantivos que funcionam como sujeito,
objeto direto e objeto indireto, variando em alguns casos sua forma para cada função. Esses dois últimos corresponderiam
aos clíticos em português. Ao lado dos conjoints, há os disjoints, que equivaleriam aos oblíquos tônicos, pois,
aparentemente, só aparecem precedidos de preposição.
6
No que diz respeito as funções subordinadas (cf. o capítulo II, La phrase simple), Tesnière distingue
três: actantee, epíteto e circunstante. O actantee está subordinado ao verbo, o epíteto, ao nome, e o
circunstante, ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio:
c. A Valência
É bem conhecido que certos verbos podem ter apenas um complemento, seja este um objeto direto
ou indireto, enquanto outros podem ter ambos (são os bitransitivos) e outros podem não ter
complemento (intransitivos). Considerando o sujeito também como subordinado ao verbo, há
portando verbos que regem um, dois, ou três complementos (ou actantes).
Quantos actantes um verbo é capaz de reger é uma propriedade individual de cada um, a que Tesnière
chamou de valencia, o que permite classificar os verbos em monovalentes, divalentes ou trivalentes, a
depender de com quantos valores substantivos se relacionam. Os verbos intransitivos impessoais
(chover, em português p. ex) se considera ter um verbo avalente, pois não se relaciona com nenhum
valor substantivo.
Abaixo, a tabela3 das correspondências entre a classificação de Tesnière e a classificação
tradicional:
Conforme o caso, os verbos passivos e os verbos pronominais são divalentes (foi ensinado [por
alguém], se ensinou) ou trivalentes (foi dado [a alguém por alguém, se deu [a alguém]).
13
Tesnière chama de epíteto todo complemento do nome. Há portando epíteto não somente em o sinal verde, mas
também em o livro de Pierre, enquanto que a gramática tradicional reserva o termo “epíteto” ao adjetivo, e chama
“complemento determinativo do nome” ao nome introduzido por uma preposição..
14
Cette terminologie est celle du PETIT ROBERT et du GREVISSE (antérieur à la 12e édition). Mais la tradition, à laquelle
s’est rangée GREVISSE dans la 12e édition, appelle transitifs les verbes à complemento d’objet direct (et permettant la
voix passive), et intransitifs tous les autres ; il est alors possible de distinguer, parmi les verbes intransitifs, les verbes
absolus (sans complemento d’objet).
3
A tabela foi adaptada para o português por uma falta de compatibilidade: Só há avalência (ao menos em português)
quando o verbo é não só intransitivo mas também impessoal, como chover. Esses sim são avalentes; os verbos intransitivos
é que podem ser monovalentes caso sejam pessoais. É o caso dos verbos dormir, dançar, etc. (Nota do Tradutor)
7
Cabe salientar que a valencia de um verbo é uma função somente dos actantes que ele é capaz de
reger – os circunstantes não intervêm.
Cabe salientar/recordar também que a valência descreve uma qualidade virtual do verbo: mesmo
empregado em uma frase como João come, comer continua a ser um verbo divalente, porque apesar
de que não exija obrigatoriamente, ele permite um complemento de objeto direto como segundo
actante.15
B. A Translação
1. Teoria da translação
Substantivo O Actante
Adjetivo A Epíteto
Advérbio E Circunstante
Porém, parece evidente que categorias que não o nome ou o pronome podem assumir a função de
sujeito ou de objeto, que categorias diferentes do adjetivo podem assumir a função de complemento
do nome, etc.4
A isso, Tesnière responde que toda palavra (cheia) que assume uma função que não aquela que lhe
foi atribuída pela tabela das correspondências (acima), muda automaticamente de categoria: um
verbo que, por exemplo, funcione como segundo actante (Eu lhes peço que saia, p. ex.) torna-se um
substantivo (por analogia a Eu lhes peço um favor); um substantivo que funcione como “epíteto”
(complemento determinativo do nome, cf. O livro de Alfredo [p. 17]) torna-se um adjetivo (por
analogia a o livro vermelho), etc. É a essa mudança de categoria que Tesnière dá o nome de
translação.
Cabe notar que a translação não afeta a hierarquia das conexões. Por exemplo, o livro de Alfredo
tem a mesma estrutura que o livro vermelho, isto é:
O
- com a diferença que, no caso de A = vermelho, ela opera sobre uma palavra que originalmente
já é adjetiva, enquanto que no caso de A = Alfred, “ela opera sobre um adjetivo proveniente da
translação de um substantivo” (155, 3 [p. 368]).
15
Em outras palavras, o objeto direto, mesmo se ele é facultativo, é essencial (cf. Grevisse, § 266, a) aos verbos
transitivos diretos (como comer).
16
Esses símbolos são comuns às categorias e às funções.
4
Em Português, as funções de “complementos do nome” (complemento nominal), sujeito e complementos verbais são
sempre exercidas por substantivos e pronomes, ou são oracionais. São funções sempre exercidas por sintagmas nominais.
(Nota do Tradutor).
8
b. Terminologia da Translação
Na terminologia adotada por Tesnière, a translação transfere uma palavra cheia de uma categoria
gramatical em uma outra categoria gramatical (p. 17); a palavra submetida à translação (a categoria
de que se parte) recebe o nome de transferendo¸a palavra resultante da translação (a categoria a que
se chega) recebe o nome de transferido.17 A translação é representada pelo sinal >, como o
esquema:
Transferendo > Transferido
Considerando que ela opera sobre as palavras ou sobre preposições, a translação é de primeiro ou de
segundo18 grau; a translação de segundo grau é exprimida pelo sinal >>.
São os translativos (que são as palavras vazias) que efetuam a translação, Assim, a preposição “de”
transfere em adjetivo um substantivo em função de “epíteto”19, como Alfredo em O livro de Alfredo
(translation O > A); essa mesma preposição transfere em advérbio um substantivo em função de
circunstante, como mercado (complemento adverbial de lugar) em Alfred voltou do mercado
(translação O > E).
Distingue-se translativos de primeiro grau (preposições20) e translativos de segundo grau
(conjunções de subordinação, pronomes relativos). Também acontece de a translação não ser
marcada morfologicamente – o translativo é chamado zero, simbolizado pelo sinal (cf. Éléments,
chap. 17 et 162).
Cabe lembrar que o translativo é intranuclear, ou seja, que ele forma com o transferindo um
núcleo21.
Transferido Transferido
Abaixo da barra, o translativo e o transferindo são representados pelas palavras, seguindo a ordem
na cadeia da fala; acima dela, o transferido é representado por seu símbolo, como nos exemplos
seguintes:
17
Cf. VIII, Facteurs de la translation ; voir également Éléments, chap. 154, « Terminologie de la translation ».
18
Cf. Éléments (164, 14 [p. 386] et passim). également dans les Éléments (page 543, par exemple), T. emploie comme
terme concurrent « translation secondaire » (ainsi que « translation primaire », à côté de translation du premier degré).
19
Plus exactement, le translatif transfère le substantif en adjectif pour lui permettre d’assumer la fonction d’épithète.
20
Outros elementos (palavras ou morfemas) podem assumir a função de translativo: verbos auxiliares, artigos,
desinências (infinitivo e particípio) – ver mais adiante..
21
Traitant le translatif comme intranucléaire, T. s’oppose à la grammaire traditionnelle qui considère la préposition et la
conjonction de subordination comme des mots de liaison, c’est-à-dire placés entre deux nucléus (« internucléaires »), cf.
157, p. 371 et suiv. – En fait, le nucléus est tripartite, comprenant transférende, translatif et transféré.
9
o cachorro escreve
A E
Do mestre legível mente
Salienta-se que pelas translações I > O (do infinitivo em substantivo “substantivo verbal », cf. 176,
8 [p. 409]) e I > A (do particípio em adjetivo (“adjetivo verbal”, ibid.), a representação estemática
não segue esse esquema, ou seja, ao invés dos esquemas em a) se tem os esquemas em b):
A)
O A
debat er ama do
B)
debater amado
I (inf.) I (part.)
Contudo, parece que Tesnière abandonou esse modo de representação nos Éléments. (cf. 161, 4 et
suiv.).23
22
Cf. p. 17. A remarquer aussi que, dans les stemmas représentant des translations en infinitif ou en participe (pp. 17, 20
etc.), le crochet de la hampe du est tourné vers le transférende (I), et non vers le translatif (inf. ou part.).
23
Il est vrai qu’il se pose alors des difficultés dans les cas où « le translatif est incorporé dans le transférende » (p. 17) –
comme par ex. pour voir, qu’il faudrait découper en voir [v-oir?] – mais on pourrait imaginer des représentations plus
abstraites comme (voir)(inf.).
5
Essa tabela deve ser analisada com parcimônia. Muitos dos exemplos foram adaptados, pois não havia equivalência entre
o português e o francês. Repare-se também na não consideração das formas oracionais do verbo, em detrimento de suas
formas nominas, além do uso de artigos e desinências como translativos. São versões apresentadas no livro de 1953. Não
se sabe se mudaram para o livro de 1969. Carone (1999) trabalha apenas preposições e conjunções. (Nota do Tradutor).
10
Transferido
O A E
O cachorro sair
A E
O de o mestre de carro
Ler escrever
Transferendo O E
A os clássicos legível mente
pesar homens
O A
E Os prós24 muitos
Eu espero Um rapaz
O A
I part ir pensa nte
Importante acrescentar a translação do adjetivo em verbo, A>I, porque “é ela que encontramos na
frase com verbo ser” (207, 3 ; p. 471), como, p. ex. A mansão é nova, em que o verbo cópula é
assume a função de translativo e “ajuda a transferir o adjetivo novo (A) em verbo é novo” (207, 8),
cf.25
I
é nova
A mansão
24
Dans peser le pour et le contre. – Généralement, pour (et contre) sont des prépositions introduisant un régime, mais
qui s'emploient aussi seuls, sans RÉGIME: Je suis pour. – Tu n'es pas fait pour. [GREVISSE, p. 1509] – J'ai été payé pour.
[ibid.]. GREVISSE (§ 992) voit dans ces cas des « prépositions à régime implicite » et non – comme T. – des adverbes.
25
Pode-se estranhar ao ver a linha de conexão que liga o subordinado ao translativo, mas é bem assim que Tesnière
propõe: “Neste núcleo [é nova] a função estrutural é realizada pelo auxiliar ser, a função semântica pelo adjetivo auxiliar
nova.” (207, 10 [p. 471]) – “Também a conexão estrutural, que une o actante ao núcleo verbal, não pode culminar em
boa doutrina quanto ao verbo auxiliar, porque é ele que, no núcleo dissociado, assume somente a função estrutural. [...]”
(67, 12 [p. 160])
11
a. Nó verbal e oração
La translation du second degré, on l’a vu, est définie par T. comme s’appliquant à une proposition,
qu’il définit à son tour comme « un nœud verbal avec tous les actantes et circonstants qu’il régit ».
Cette définition de la proposition conduit T. à traiter l’infinitif comme « proposition infinitive »
chaque fois que le verbe à l’infinitif est lui-même régissant. Ainsi, à la page 20, T. parle de
proposition infinitive pour Je voudrais bien vous voir enseigner la grammaire, l’infinitif
(enseigner) étant accompagné d’un prime et d’un second actante (vous et la grammaire,
respectivement), par opposition à Je vous demande de réfléchir, où l’infinitif ne régit aucun actante
ni circonstant26. De même, il y a, selon T., proposition infinitive dans La difficulté fut d’attacher le
grelot, par opposition à Il est bon de parler et meilleur de se taire.
Mais étant donné que T. range ces « propositions infinitives »27 parmi les faits de la translation du
premier degré, la caractérisation de la translation du second degré comme s’appliquant à des
propositions devient insuffisante. En fait, pour empêcher son application dans le cas des
propositions infinitives, la translation du second degré devrait être définie comme s’appliquant aux
propositions dont le verbe est à un mode personnel ( une forme conjuguée).
Ajoutons une remarque sur la distinction entre phrase simple et phrase complexe :
Traditionnellement, la phrase complexe est celle qui contient plus d’une proposition (plus d’un
verbe à un mode personnel), autrement dit, la phrase complexe est celle qui implique au moins une
translation du second degré. T. va plus loin encore : toute translation, qu’elle soit du premier ou du
second degré, conduit à une phrase complexe.28
26
Comme le montre le fait que T. ne voit pas de proposition dans Alfred espère de partir demain (avec l’infinitif
régissant un circonstant), la définition de la proposition devrait faire appel aux seuls actantes.
27
La grammaire traditionnelle réserve le terme de proposition infinitive aux cas où l’infinitif à son sujet propre,
différent de celui du verbe principale, comme dans Je voudrais bien vous voir enseigner la grammaire.
28
La coordination (jonction, en termes tesniériens) fournit également des phrases complexes : « [Les Éléments de
complication de la phrase simple] se ramènent à deux phénomènes de nature bien différente, la jonction et la
translation. » (134, 2 [p. 323] – cf. aussi 151, 1 [p. 361]). Là aussi, T. considère comme phrases complexes non
seulement les phrases qui résultent de la jonction de propositions mais également celles qui résultent de la jonction de
mots ou de groupes de mots.
6
Nada se comenta sobre a mudança na forma do verbo condicionada pelo translativo. (Nota do Tradutor).
12
subordonnée subordonnée
I >> O substantive actanteielle
I >> A adjective épithète
I >> EE adverbe circonstancielle
Tesnière Grevisse
Adjective relative
actanteielle : interrog. indirecte interrogation indirecte
actanteielle : discours indirect conjonctive essentielle
Le translatif du second degré est généralement une conjonction de subordination (cf. p. 24), sauf
pour la subordonnée adjective (le translatif y est le pronom relatif) et l’interrogation indirecte
nucléaire (qui est sans marquant morphologique).
29
Les termes que T. utilise dans les Éléments sont mis en gras.
30
Pour l’interrogation indirecte comme pour l’interrogation directe, T. distingue interrogation connexionnelle et
interrogation nucléaire (correspondant à la distinction entre interrogation globale et interrogation partielle, cf. Grevisse,
§ 383). Dans le stemma, les deux interrogations sont différenciées par l’endroit où se trouve le point d’interrogation, cf.
chap. III, « Interrogation et négation », p. 6.
31
Pour T., les propositions correlatives comptent parmi les subordonnées circonstancielles ; cf. Éléments, 240, p. 545, et
Th. Lambertz, Ausbaumodell zu Lucien Tesnières « Éléments de syntaxe structurale », Teil I und Teil II, Gerbrunn bei
Würzburg, Wiss. Verlag A. Lehmanné 1982, p. 124, pour la représentation stemmatique.
13
1° subordonnée actanteielle (I >> O)
(a) discours indirect (translatif que) :
crois
1 2
je O
que frappe
1 2
Alfred Bernard
demande
1 2
Jean O
si frappe
?
1 2
Alfred Bernard
demande
1 2
Jean O
frappe 1
2
qui? Bernard
32
En fait, le marquant (= translatif) de l’interrogation nucléaire indirecte est l’ordre des mots (inversion du substantif
personnel et du verbe annulée, cf. 244, 10 [p. 556]) ; cf. aussi Lambertz (p. 429).
14
2° subordonnée circonstancielle (I >> E)
(Conjonction de subordination simple33 comme translatif :)
viendrez
vous E
quand voudrez
vous
le livre
A
qu(e) lisez
(qu)e vous
Remarque. – Le pronom relatif est un outil complexe. Il joue le rôle d’une conjonction de
subordination, et en même temps, il est actante dans la proposition relative (second actante ou COD
dans l’exemple donné). Selon T., le pronom relatif « réunit en un seul mot deux éléments :
1. – Un translatif [...] qui doit occuper dans le stemma la place du relatif sous le de translation [...]
2. – Un indice personnel [...] qui doit occuper dans le stemma sa place normale de subordonné au
substantif [...] » (p. 25).
Sur le plan sémantique, il y a connexion anaphorique entre le pronom relatif et son antécédent, livre
(à symboliser dans le stemma par un trait pointillé).
4. Translation multiple
Il y a translation multiple (ou complexe34) chaque fois qu’un nucléus contient au moins deux
translations successives.
T. distingue translation multiple du premier degré (cf. p. 21-24) et translation multiple du second
degré (cf. p. 27/28). A noter qu’ en cas de translation multiple du second degré « seule la première
translation peut être du [second] degré, les autres sont toujours du premier degré » (p. 27).
33
C’est-à-dire quand, où, comme et si (dans les phrases conditionnelles), cf. Éléments, 254, 5 [p. 582]. Pour les
conjonctions composées (lorsque etc.) et les locutions conjonctives (parce que, etc.), voir chap. X, Translation du
deuxième degré complexe. – Pour où, voir plus loin.
34
Dans les Éléments, T. remplace le terme de « translation complexe » par celui de « translation multiple ». Dans
l’Esquisse, le terme de translation multiple s’applique aux nucléus contenant au moins trois translations successives.
15
A titre d’illustration, voici deux exemples, le gérondif (translation du premier degré I > A > E), et la
proposition adjective introduite par où (translation du second degré I >> E > A).
vous
Cette représentation stemmatique suit les Éléments (254, 5 et 24 [p. 582 et 584]), où les
circonstancielles de lieu (Vous irez où vous voudrez) sont rangées à côté des circonstancielles de
temps (Vous viendrez quand vous voudrez) ; où y est donc traité comme une conjonction de
subordination, tout comme quand37.
35
Le gérondif dépend du verbe (« Lorsque nous chantons, la victoire nous ouvre la barrière »), et non du substantif
sujet.
36
Voir plus haut, note 39.
37
Pour quand, cf. le stemma dans Esquisse, p. 27 (en haut).
16
Dans l’Esquisse par contre, où est traité comme un outil complexe (comparable au pronom relatif),
à la fois conjonction de subordination (= translatif) et adverbe (= circonstant) – voir la
représentation stemmatique XII, Translation double, p. 2738 :
A
E
(où) allez
vous où
5. Les Indices
Les indices sont des mots vides assimilables aux translatifs – souvent même ils « fonctionnent à la
fois comme translatifs et comme indices » (X, Translation atténuée, p. 23).
a. L’Article
L’article est indice lorsqu’il accompagne un substantif propre, par ex. dans le garçon ; il est
translatif lorsqu’il accompagne un mot d’une catégorie autre que le substantif, comme dans le
déjeuner, où l’article accompagne un verbe substantivé (autrement dit, l’article fonctionne ici
comme translatif dans la translation I > O).39
Ex. : Le garçon sert le déjeuner
sert
1 2
le garçon O
le déjeuner
b. La Préposition
« Le translatif à est l’indice du substantif troisième actante : Alfred donne le livre à Charles » (p.
23), par oppos. à Alfred envoie le livre à Montpellier, où il fonctionne comme translatif dans la
translation O > E (cf. IX, Substantif > adverbe, p. 19).
donne envoie
38
Plutôt que de traiter où comme conjonction de subordination effectuant la translation I >> E, il semble plus approprié
de le considérer comme un adverbe relatif introduisant une proposition relative sans antécédent (cf. Grevisse, § 1058, b
[p. 1609]). En termes tesniériens, où serait alors translatif dans la translation I >> A.
39
L’article, puisqu’il est mot vide (translatif ou indice) ne forme pas, comme les autres déterminants (adjectifs
déterminatifs), un nucléus subordonné au substantif ; dans le stemma, l’article est inclus dans le nucléus substantival.
(Cependant, dans les stemmas intégraux présentés à la fin des Éléments, au « Livre F : Applications », l’article est
systématiquement subordonné au substantif.)
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c. Les Formes conjointes des pronoms personnels
Les indices personnels correspondent aux formes conjointes des pronoms personnels : je, tu, il, ils ;
me, te, se, le, la , les, leur – par opposition aux formes disjointes40 : moi, toi, lui, eux ; elle, nous,
vous, eux, elles. Bien qu’ils ne soient translatifs au sens strict du terme (« mots vides changeant la
catégorie du mot qu’ils accompagnent », ici du verbe), les indices personnels transforment quand
même la forme du verbe.
Les indices personnels constituent une catégorie plutôt hybride, puisque, d’un côté, ils sont définis
comme des mots vides, formant nucléus avec le verbe qu’ils accompagnent, mais de l’autre côté, ils
assument la fonction subordonnée d’actante, fonction qui normalement est réservée aux mots pleins.
Dans le stemma, ce double caractère des indices personnels est rendu par le fait qu’ils sont à la fois
joints au verbe par le trait de connexion et inclus dans son cercle de nucléus, comme pour Il aime la
musique (cf. p. 19) 41 :
aime
il la musique
C. La Jonction
La jonction est la coordination de la terminologie traditionnelle. Selon Grevisse, « la coordination
est la relation, explicite ou implicite, qui unit des éléments de même statut : soit des phrases, soit, à
l’intérieur d’une phrase, des termes qui ont la même fonction par rapport au même mot. » (§ 258).
À proprement parler, dans une phrase comme Alfred et Bernard tombent, il n’y a qu’un seul sujet,
exprimé par deux termes coordonnés. Tesnière, justement, parle d’un nucléus dédoublé
(Dédoublement, p. 11 ; chap. 135), et il précise : « On se gardera de dire que cette phrase comporte
deux actantes, car le verbe tomber étant monovalent. Elle comporte un seul actante, mais celui-ci est
dédoublé » (p. 11 ; cf. chap. 135, 3).
La jonction peut être exprimé avec ou sans jonctif (conjonction de coordination de la terminologie
traditionnelle) ; la jonction sans jonctif correspond à la juxtaposition de la terminologie
traditionnelle. Les jonctifs sont des mots vides.
Dans le stemma, la jonction est représentée par un trait horizontal, e trait de jonction .Lorsqu’il y a
jonction avec jonctif, celui-ci est intercalé sur le trajet du trait de jonction :
tombent
Alfred et Bernard
Dès qu’il y a jonction, le stemma comporte un triangle, ce qui distingue la jonction de l’apposition.
Comme on la vu, on peut coordonner soit des termes à l’intérieur d’une phrase (des substantifs en
fonction der prime actante, dans l’exemple précédent) soit des phrases, comme p.ex. Alfred chante
et Bernard crie. Dans ce cas, on joint entre eux des verbes, c’est-à-dire des nucléus centraux :
40
Appelées par T. substantifs personnels (à rappeler que la catégorie des substantifs comprend noms et pronoms). Par
contre, T. appelle pronom « l’adjectif transféré en substantif », p. ex. lequel (pronom, dans Lequel lit Alfred ?) vs. quel
(adjectif [déterminatif], cf. Quel livre lit Alfred ?), cf. IX, Adjectif > substantif, p. 18/19.
41
Par oppos. à Elle aime la musique. C’est sans doute parce que la forme disjointe est pareille à la forme conjointe, que
elle n’est pas considéré comme indice personnel (à la différence de il, dont la forme disjointe est lui).
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chante et crie
Alfred Bernard
Ainsi, T. intègre l’analyse « logique » de la phrase à l’analyse grammaticale, ce qui est un grand pas
en avant par rapport à l’analyse traditionnelle. En effet, celle-ci sépare l’analyse de la phrase en
deux : la décomposition de la phrase en propositions et la détermination des relations qui existent
entre ces propositions (analyse logique) d’un côté, et la décomposition de chaque proposition en
mots et la détermination des relations qui existent entre ces mots (analyse grammaticale), ce qui
pose des problèmes surtout pour la détermination de la fonction pour les propositions subordonnées.
À remarquer qu’une phrase comme Alfred et Bernard tombent résulte de l’« addition » de deux
phrases (Alfred tombe et Bernard tombe), autrement dit, dès qu’il y a dédoublement de nucléus
subordonnés, on a affaire à des phrases elliptiques.
Le dédoublement à la fois de nucléus régissants et de nucléus subordonnés, aboutit à des stemmas
plus ou moins complexes, avec croisement des traits de connexion ; T. parle de plexus dans ce cas.
Conclusion
Théorie de la translation
La théorie de la translation s’applique en grande partie à des phénomènes que beaucoup de
linguistes (traditionnels ou modernes) n’attribueraient pas à la syntaxe mais à la lexicologie. Cela
concerne non seulement les translations figées mentionnées aux pages 23 et 24 de l’Esquisse, et qui
relèvent de la morphologie lexicale (diachronique, pour la plupart), mais aussi beaucoup d’autres
cas, comme les translations substantivales marquées par l’article et traitées en morphologie lexicale
sous le nom de « dérivation impropre » ; la translation A > O, marquée par l’article « ou un autre
déterminant », de l’adjectif déterminatif en pronom (p. 18), qui est en grande partie diachronique ;
comme la translation I > A du verbe en adjectif verbal (p. 20) ; la translation (du second degré
double) concernant le conjonctions composées et le locutions conjonctives (p. 27), etc.
Tout cela semble confirmer le jugement émis par N. RUWET (Introduction à la grammaire
générative, Paris, Plon, 1967, p. 228) à propos de la notion de translation : « [La syntaxe de
Tesnière] reste essentiellement basée, non sur la phrase, mais sur le mot ».
Syntaxe « structurale »
On appelle généralement structurale toute théorie linguistique qui considère la langue comme un
système, c’est-à-dire comme un ensemble d’éléments qui sont en relation les uns avec les autres42.
Dans ce sens, la syntaxe de Tesnière est certainement structurale, et cela d’autant plus qu’il ne cesse
de souligner l’importance, pour l’étude de la phrase, des liens (les connexions) qui unissent les
mots, et « sans lesquels il n’y aurait pas de phrase possible » (I, Connexion).
Il va de soi que la syntaxe de T. n’est pas la seule qui se veut structurale, et dans ce sens très
général, même l’étude de la phrase telle que la pratique la grammaire scolaire (sous le nom
d’« analyse logique et grammaticale ») est structurale : elle repère les éléments qui composent la
phrase (les mots, qu’elle range ensuite en « parties du discours »), et elle étudie les relations entre
42
En linguistique, on a l’habitude d’employer le terme de « structure » comme synonyme de « système », mais à
proprement parler, la structure n’est qu’une des parties constituantes du système (à savoir, l’ensemble des relations),
l’autre étant l’ensemble des éléments.
19
les mots (pour leur attribuer des fonctions). D’ailleurs, comme le souligne T. lui-même, la
« méthode de la syntaxe structurale », c’est-à-dire l’analyse stemmatique de la phrase, « résume en
elle à la fois l’analyse grammaticale et l’analyse logique, qu’elle remplacerait avantageusement » (I,
Analyse stemmatique, p. 4).
Au-delà de cette vue particulière de l’objet de la description linguistique, c’est surtout l’aspect
méthodologique qui fait qu’on parle de syntaxe (ou de morphologie ou de sémantique, etc.)
structurale. La méthodologie structuraliste est caractérisée essentiellement par une approche
formelle des relations syntaxiques, reposant sur le principe que la syntaxe doit être indépendante de
la sémantique. Là aussi, T. semble tout à fait conforme à l’esprit structuraliste, comme le montre le
chapitre 20 (« Distinction de la structure et du sens ») des Éléments. Dans ce chapitre, T. distingue
soigneusement deux niveaux d’analyse et de description linguistiques, à savoir le plan structural et
le plan sémantique, en soulignant que seul le plan structural appartient à la grammaire, c’est-à-dire à
la syntaxe (20, 5 et 6 [p. 40]). Pourtant, au chapitre suivant, nous apprenons que « [l’indépendance
du structural et du sémantique] n’est qu’une vue théorique de l’esprit » et que « [dans] la pratique
les deux plans sont en fait parallèles » (21, 1 [p. 42]). Par la suite, T. va superposer aux éléments et
aux relations structurales proprement syntaxiques les éléments et les relations sémantiques qui y
correspondent, et cela au niveau même de la description syntaxique. C’est à partir de là qu’on a pu
reprocher à la syntaxe de T. qu’« elle n’est pas débarrassée, malgré la distinction de principe entre
le structural et le sémantique (Éléments 20, 17 [p. 41]), de présupposés d’ordre sémantique »
(Ruwet, op. cit., p. 228).
Toujours est-il que cet ouvrage, bien que né en marge du courant structuraliste dominant de
l’époque, a inspiré un modèle syntaxique influent, à savoir la grammaire de dépendances
(« dependency grammar »), concurrent de la grammaire syntagmatique (« phrase structure
grammar ») issue du structuralisme américain. D’autre part, il a considérablement influencé la
grammaire allemande : nombreux sont les manuels qui se disent grammaire « de valences »
(« Valenzgrammatik »).*
Bernd SCHWISCHAY (Universität Osnabrück)
*
Ce travail est basé sur le texte d’un exposé fait à Institut de Perfectionnement en Langues vivantes de l’Université
Catholique de l’Ouest à Angers en janvier 2001. — Dernière mise à jour en novembre 2002.