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Relatório 3 - Queda Livre

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FÍSICA ARMANDO DIAS TAVARES


DEPARTAMENTO DE FÍSICA T EÓRICA

EXPERIMENTO III

QUEDA LIVRE

Ana Paula Mattos Costa – Matrícula 201610004714


Priscila da Silva Santos – Matrícula 201220470711
Ruana Camila da Conceição Lima – Matrícula 201510189311

Laboratório de Mecânica Física I


Professor: Bruno Werneck Mintz
Turma 1

2016.2
1. Objetivo

Estimativa do valor da aceleração da gravidade local, através do


experimento de queda livre de uma esfera metálica de alturas variáveis, e
verificação de sua compatibilidade com o valor de referência.

2. Introdução

Sabe-se, de acordo com a Lei da Inércia, que um corpo tende a


permanecer em repouso ou movimento retilíneo uniforme quando não se
encontra sob ação de forças. Caso contrário, isto é, quando há forças atuando
sobre um corpo, este tende a desenvolver uma aceleração, apresentando
movimento variado.

Um corpo em queda livre tem como força atuante o seu próprio peso que
é definido como o produto da massa do corpo pela aceleração da gravidade (𝑃 =
𝑚𝑔) . Assim, todo corpo em queda livre tem como aceleração a mesma
aceleração da gravidade.

Temos como função horária do movimento uniformemente variado:


1
𝑦 = 𝑦0 + 𝑣0 𝑡 + 2 𝑎𝑡 2 ,

onde 𝑦 , 𝑦0 , 𝑣0 e 𝑎 são, respectivamente, a posição final, a posição inicial, a


velocidade inicial e a aceleração do corpo, e 𝑡 é o tempo.

No experimento de queda livre, parte-se do repouso (𝑣0 = 0), 𝑎 = 𝑔 e 𝑡 é


o tempo de queda do corpo. Assim, obtém-se a equação:

1 1
𝑦 − 𝑦0 = 0 + 𝑎𝑡 2 ∴ ℎ = 𝑔𝑡 2
2 2

Plotando o gráfico ℎ 𝑥 𝑡 2 e comparando a equação acima com a equação


da reta 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏, tem-se coeficiente angular 𝑎 = 𝑔⁄2 . Com essa analogia,

pode-se estimar a aceleração da gravidade através do ajuste linear utilizando o


método dos mínimos quadrados.

2
3. Material Utilizado

Para a realização da prática, foram utilizados os seguintes materiais:

1. Esfera metálica;
2. Mecanismo de soltura;
3. Sensor de impacto;
4. Cronômetro digital;
5. Trena.

4. Procedimento Experimental

Primeiramente, foi realizada a montagem do aparato para realização do


experimento com o posicionamento da esfera metálica no mecanismo de soltura
a uma determinada altura do sensor de impacto. O mecanismo de soltura estava
acoplado ao cronômetro digital de maneira que, assim que a esfera fosse
liberada, a cronometragem do tempo de queda se iniciaria, parando assim que
o sensor de impacto fosse atingido.

A altura da base da esfera metálica ao sensor de impacto foi medida três


vezes (cada componente do grupo realizou uma leitura). A altura estimada (ℎ)
foi obtida através do cálculo da altura média. De forma análoga, foram obtidos
os valores do tempo de queda (𝑡) e do quadrado do tempo de queda (𝑡 2 ).

Foram realizadas cinco medições do tempo de queda e o procedimento


foi repetido para um total de oito alturas diferentes.

Após obtenção de todas as medidas necessárias, estimou-se a


aceleração da gravidade (𝑔 ) através do cálculo da média e do método dos
mínimos quadrados e verificou-se a compatibilidade destes valores entre si e
com o valor de referência (𝑔𝑟𝑒𝑓 = 978,789849 ± 0,000014) 𝑐𝑚/𝑠²).

5. Análise de Dados

5.1. Cálculos

3
Nas fórmulas a seguir, leia-se 𝑥 como ℎ (média da altura), 𝑡 (média do
tempo) ou 𝑡 2 (média do quadrado do tempo).

a) Média das medidas (𝑥)

𝑁
1
𝑥= ∑ 𝑥𝑖
𝑁
𝑖=1

b) Desvio-padrão amostral (𝜎𝑥 )

𝑁
(𝑥 𝑖 − 𝑥)2
𝜎𝑥 = √ ∑
𝑁−1
𝑖=1

c) Incerteza da Média (𝜎̅𝑥 )

𝜎𝑥
𝜎̅𝑥 =
√𝑁

d) Estimativa-padrão

𝐸𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 − 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 = 𝑥 ± 𝜎̅𝑥

OBS.: Desconsideramos os erros dos instrumentos e consideramos a incerteza


da média uma vez que era mais significativa.

e) Covariância (𝜎ℎ𝑡² )
𝑁
1
𝜎ℎ𝑡² = ( ) ∑(ℎ𝑖 − ℎ) (𝑡𝑖2 − 𝑡 2 )
𝑁
𝑖 =1

f) Coeficiente de correlação linear de Pearson (𝑟)

𝜎ℎ𝑡²
𝑟=
𝜎ℎ 𝜎𝑡²

4
O coeficiente de correlação linear de Pearson varia de −1 ≤ 𝑟 ≤ 1 e
indica o grau de linearidade entre duas grandezas. Uma correlação é linear e
perfeita se 𝑟 = −1 ou 𝑟 = 1.

g) Aceleração da gravidade (𝑔)

Inicialmente, a aceleração da gravidade foi medida para cada altura e


tempo médios, conforme a função horária do movimento uniformemente variado
(item 2):

1 2 ℎ
ℎ= 𝑔𝑡 ⇒ 𝑔𝑖 = 2 ( 2𝑖 )
2 𝑡𝑖

Posteriormente, foi obtida a estimativa-padrão a partir do cálculo da média


dos valores da aceleração da gravidade (𝑔𝑖 ) e a incerteza calculada através da
propagação de erros da altura e do tempo.

𝜎𝑔 2𝜎̅ 2 𝜎̅ 2
= √( 𝑡 ) + ( ℎ )
𝑔 𝑡 ℎ

Conforme mencionado no item 2, estimou-se a aceleração da gravidade


também a partir do método dos mínimos quadrados:

1 2
𝑓 (𝑥 ) = 𝑎𝑥 + 𝑏 ⇔ ℎ = 𝑔𝑡
2

Para isso, foram utilizados os seguintes cálculos:

 Coeficiente angular (𝑎):


𝜎ℎ
𝑎=𝑟
𝜎𝑡²

 Coeficiente linear (𝑏):


𝑏 = ℎ − 𝑎(𝑡 2 )

 Incerteza do coeficiente angular (𝜎𝑎 ):


(ℎ𝑖−𝑎(𝑡2𝑖 )−𝑏) 2
𝜎𝑎 = 𝜀ℎ⁄ , onde 𝜀ℎ = √ ∑𝑁
𝑖=1
𝜎𝑡² √ 𝑁 𝑁−2

5
 Incerteza do coeficiente linear (𝜎𝑏 ):

𝜎𝑏 = 𝜎𝑎 √̅̅̅̅̅̅̅
(𝑡 2 )2 ,

onde ̅̅̅̅̅̅̅
(𝑡 2 )2 é a média quadrática dos valores de 𝑡 2 .

𝑁
2 2
(𝑡 )
̅̅̅̅̅̅̅
(𝑡 2 )2 = √∑ 𝑖
𝑁
𝑖=1

 Aceleração da gravidade (𝑔):

𝑔
𝑎 = ⁄2 ∴ 𝑔 = 2𝑎

𝜎𝑔 = 2𝜎𝑎

 Transferência de incerteza de 𝑡 2 para ℎ (𝜎𝑖 : erro efetivo em cada medida


de ℎ):
𝜎𝑖2 = 𝜎ℎ2𝑖 + 𝑎2 𝜎𝑡²2
𝑖

h) Compatibilidade e Discrepância

A discrepância entre os valores encontrados para a aceleração da


gravidade é calculada de maneira que se

|𝑔1 − 𝑔2 | ≤ 2𝜎, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝜎 = √𝜎12 + 𝜎22

diz-se que os valores são compatíveis entre si.

Caso a discrepância assuma valores 2𝜎 ≤ |𝑔1 − 𝑔2 | ≤ 3𝜎, o experimento


é dito inconclusivo. Discrepâncias maiores que 3𝜎 são inaceitáveis e os valores
são ditos incompatíveis.

6
5.2. Tratamento de Dados

Tabela 1: Dados Experimentais.


Altura 1 Altura 2 Altura 3 Altura 4
Medição
h (cm) t (s) t² (s²) h (cm) t (s) t² (s²) h (cm) t (s) t² (s²) h (cm) t (s) t² (s²)
1 20,10 0,206 0,042 30,35 0,250 0,063 40,00 0,286 0,082 50,00 0,319 0,102
2 20,30 0,207 0,043 30,40 0,252 0,064 40,00 0,288 0,083 50,00 0,319 0,102
3 20,30 0,207 0,043 30,50 0,251 0,063 40,00 0,287 0,082 50,00 0,320 0,102
4 - 0,210 0,044 - 0,257 0,066 - 0,286 0,082 - 0,320 0,102
5 - 0,206 0,042 - 0,257 0,066 - 0,286 0,082 - 0,319 0,102
Média 20,23 0,207 0,043 30,42 0,253 0,064 40,00 0,287 0,082 50,00 0,319 0,102
Desvio-padrão 0,12 0,002 0,001 0,08 0,003 0,002 0,00 0,001 0,001 0,00 0,001 0,000
Incerteza da média 0,07 0,001 0,000 0,04 0,002 0,001 0,00 0,000 0,000 0,00 0,000 0,000

Altura 5 Altura 6 Altura 7 Altura 8


Medição
h (cm) t (s) t² (s²) h (cm) t (s) t² (s²) h (cm) t (s) t² (s²) h (cm) t (s) t² (s²)
1 60,00 0,351 0,123 70,00 0,377 0,142 80,00 0,402 0,162 89,80 0,426 0,181
2 60,10 0,351 0,123 69,80 0,377 0,142 80,00 0,402 0,162 90,00 0,426 0,181
3 60,00 0,351 0,123 69,90 0,377 0,142 80,00 0,402 0,162 89,90 0,427 0,182
4 - 0,350 0,123 - 0,381 0,145 - 0,403 0,162 - 0,427 0,182
5 - 0,350 0,123 - 0,379 0,144 - 0,402 0,162 - 0,427 0,182
Média 60,03 0,351 0,123 69,90 0,378 0,143 80,00 0,402 0,162 89,90 0,427 0,182
Desvio-padrão 0,06 0,001 0,000 0,10 0,002 0,001 0,00 0,000 0,000 0,10 0,001 0,000
Incerteza da média 0,03 0,000 0,000 0,06 0,001 0,001 0,00 0,000 0,000 0,06 0,000 0,000

7
Tabela 2: Estimativas obtidas experimentalmente para cada altura.

Estimativas h (cm) t (s) σt (s) t² (s²) σt² (s²) σt² (s²)*


1 20,23 0,207 0,001 0,043 0,000 0,000
2 30,42 0,253 0,002 0,064 0,001 0,001
3 40,00 0,287 0,000 0,082 0,000 0,000
4 50,00 0,319 0,000 0,102 0,000 0,000
5 60,03 0,351 0,000 0,123 0,000 0,000
6 69,90 0,378 0,001 0,143 0,001 0,001
7 80,00 0,402 0,000 0,162 0,000 0,000
8 89,90 0,427 0,000 0,182 0,000 0,000
*Calculada através de propagação de incertezas σ t² = 2tσ t.

As incertezas dos quadrados do tempo de queda em cada altura


calculadas tanto diretamente quando por meio da propagação apresentam
mesmos resultados.

Tabela 3: Valores da aceleração da gravidade obtidos.

Estimativas h (cm) t (s) t² (s²) g (cm/s²)


1 20,23 0,207 0,043 942,53
2 30,42 0,253 0,064 947,26
3 40,00 0,287 0,082 973,94
4 50,00 0,319 0,102 980,23
5 60,03 0,351 0,123 976,78
6 69,90 0,378 0,143 977,36
7 80,00 0,402 0,162 989,09
8 89,90 0,427 0,182 987,98
Média 55,06 0,328 0,113 971,90
Desvio-padrão 24,36 0,076 0,049 -
Incerteza da média 8,61 0,027 0,017 219,81

A aceleração da gravidade obtida pela média e com incerteza calculada


através da propagação de erros foi 𝑔1 = (971,90 ± 219,81) 𝑐𝑚/𝑠².

A figura a seguir mostra o diagrama de dispersão dos dados utilizados


para realização do ajuste linear para obtenção da aceleração da gravidade pela
correlação entre o quadrado do tempo de queda e a altura (𝑔2 ). (Ver também o

8
anexo em papel milimetrado para este diagrama, já mostrando as incertezas
transferidas para a altura.)

100,00
90,00
80,00
70,00
Altura (h (cm))

60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120 0,140 0,160 0,180 0,200
Quadrado do tempo (t² (s²))

Figura 1: Diagrama de Dispersão (Altura x Quadrado do Tempo de Queda).

A figura acima mostra o diagrama de dispersão dos dados utilizados para


realização do ajuste linear para obtenção da aceleração da gravidade pela
correlação entre o quadrado do tempo de queda e a altura (𝑔2 ). Ver também o
anexo em papel milimetrado para este diagrama.

Tabela 4: Grau de linearidade entre h e t² e coeficientes de ajuste linear.

σht² 1,035
r 0,8749
a (cm/s²) 438,99 ± 97,94
g (cm/s²) 877,98 ± 194,99
b (cm) 5,62 ± 33,97

A estimativa da aceleração da gravidade obtida através dos cálculos de


ajuste linear foi 𝑔2 = (877,98 ± 194,99) 𝑐𝑚/𝑠².

9
Tabela 5: Valores de erro efetivo para cada valor de h.

Estimativas 𝜎ℎ𝑖 (cm) 𝜎𝑡²𝑖 (s²) 𝜎𝑖 (cm)


1 0,12 0,001 0,32
2 0,08 0,002 0,75
3 0,00 0,001 0,23
4 0,00 0,000 0,15
5 0,06 0,000 0,18
6 0,10 0,001 0,60
7 0,00 0,000 0,16
8 0,10 0,000 0,23

Tabela 6: Compatibilidade entre os valores estimados e de referência.

Valores Discrepância σ (cm/s²) 2σ (cm/s²) Compatibilidade


𝑔1 𝑥 𝑔2 93,91 293,83 587,67 Compatível
𝑔1 𝑥 𝑔𝑟𝑒𝑓 6,89 219,81 439,63 Compatível
𝑔2 𝑥 𝑔𝑟𝑒𝑓 100,81 194,99 389,97 Compatível

6. Conclusão

Analisando os resultados, foi observada uma discrepância bastante


significativa entre os valores de referência (𝑔𝑟𝑒𝑓 = 978,789849 ± 0,000014) 𝑐𝑚/
𝑠² ) e experimentais ( 𝑔1 = (971,90 ± 219,81) 𝑐𝑚/𝑠² e 𝑔2 = (877,98 ±
194,99) 𝑐𝑚/𝑠²) para a aceleração da gravidade. Apesar disso, tanto o valor
obtido pela média dos dados experimentais quanto pelo método dos mínimos
quadrados mostram-se compatíveis entre si e com o valor de referência. No
entanto, o valor obtido pela média apresenta-se mais próximo do valor de
referência.

Algumas fontes de erros (aleatórios e sistemáticos) experimentais podem


ser consideradas:

1. Resistência do ar;
2. Imprecisão na medida das alturas devido a erro de paralaxe e mesmo a
erro do instrumento;
3. Momento de soltura da esfera metálica;
4. O cronômetro apresentou vários problemas durante o experimento,
travando em alguns momentos.

10

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