Aula 22 e 23 - Erro de Tipo - Slides
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1. Divisão
Existem três tipos de erro em nossa esfera penal:
- erro de tipo,
- erro de proibição,
- erro de tipo permissivo (art. 20, §1º - CP).
2. ERRO E IGNORÂNCIA.
Enraizado na expressão latina errare, o erro é um acontecimento humano de
estado positivo. O erro é a falsa representação da realidade; é a crença de
ser A, sendo B; é o equivocado conhecimento de um elemento.
Para o Direito, o erro é o vício de consentimento, e sendo este um
acontecimento humano, não podia o Direito Penal deixar de tratar da matéria,
ora com maior relevância, outrora com menor relevância.
A ignorância, por sua vez, é um acontecimento humano de estado
negativo. A ignorância difere do erro por ser a falta de representação da
realidade; o total desconhecimento, isto é, a ausência do saber de
determinado objeto.
Na ciência jurídica, no entanto, não cabe a dicotomia entre estado negativo e
estado positivo do acontecimento humano. Para nossa disciplina legal
predomina uma tese unificadora. Ambos, erro e ignorância, no Direito Penal,
são semelhantes em suas consequências, ou como nas palavras de Alcides
Munhoz Neto:
“Incidem sobre o processo formativo da vontade, viciando-lhe o elemento
intelectivo, ao induzir o sujeito a querer coisa diversa da que teria querido, se
houvesse conhecido a realidade.”[2]
Sendo assim, o erro e a ignorância, para o Código Penal brasileiro, quase
sempre se equivalem. Portanto, quando se refere a erro, nosso código
normativo, também se refere à ignorância.
4. DO ERRO DE TIPO
É o erro que incide sobre os pressupostos de fato de uma causa de
justificação ou sobre dados secundários da norma penal incriminadora,
em outras palavras, é aquele que incide sobre as elementares ou sobre as
circunstâncias da figura típica da norma penal incriminadora. Como nos
ensina o doutrinador Damásio Evangelista de Jesus:
“É o que faz o sujeito supor a ausência de elemento ou circunstância da figura
típica incriminadora ou a presença de requisitos da norma permissiva.”[4]
Sendo assim, o “erro de tipo” ocorre na ausência de consciência do ato
praticado, ou seja, o agente desconhece a ilicitude do fato, porém, acaba
por praticá-lo.
O “erro de tipo”, como demonstra nossa legislação penal:
Art. 20 – O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Quando recai sobre os elementos que constituem o crime, sempre terá
por consequência a exclusão do dolo.
Vale lembrar as sábias palavras do doutrinador Cezar Roberto Bittencourt:
“Nada impede que o erro de tipo ocorra nos crimes omissivos impróprios.
Por exemplo, o agente desconhece sua condição de garantidor, ou tem dela
errada compreensão. O erro incide sobre a estrutura do tipo penal omissivo
impróprio. O agente não presta socorro, podendo fazê-lo, ignorando que se
trata de seu filho, que morre afogado. Desconhece sua posição de garante.
Incorre em erro sobre elemento do tipo penal omissivo impróprio, qual seja, a
sua posição de garantido.”[6]
5.1.1.1. ESCUSÁVEL
Também chamado Inevitável ou Invencível.
Está previsto no CP - art. 20, caput, 1ª parte e § 1º, 1ª parte.
É o erro desculpável, isto é, aquele cujas circunstâncias fazem presumir
boa fé do agente, justificando a prática do ato, que não se torna suspeito
ou nulo. Presume-se o erro escusável quando qualquer outra pessoa, nas
mesmas circunstâncias, praticasse a mesma ação que o agente. Exclui
por completo o dolo e a culpa, afastando, assim, a responsabilidade penal
quando era a conduta inevitável.
5.1.1.2. INESCUSÁVEL
2.ª) Quando o agente comete uma infração legal sem a consciência dos
elementos que constituem o tipo incriminador e em casos de condutas que
impossibilitam a conscientização, nasce o erro de tipo essencial inevitável.
Neste, exclui-se o dolo e a culpa, consequentemente inexiste o fato típico,
excluindo a responsabilidade do agente.
3.ª) Outra situação é quando o agente não tem consciência dos elementos
constitutivos do tipo penal incriminador, mas, é possível chegar a esta
consciência na decorrência das circunstâncias em que praticou a conduta.
Neste caso surge o erro de tipo essencial evitável. Neste, exclui-se o dolo,
porém, permite a continuação existencial da culpa, permitindo a imputação do
agente à um crime culposo, deste que esteja previsto em lei.
Portanto, não importando a inevitabilidade ou a evitabilidade do erro de tipo
essencial, conseqüente será deste o afastamento do dolo. Para comprovar o
dito, vide a seguinte jurisprudência:
Acórdão HC 8907/MG ; HABEAS CORPUS (1999/0026624-2)
Relator(a) Min. JOSÉ ARNALDO DA FONSECA (1106) Data da Decisão
15/04/1999 Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Ementa :
HABEAS CORPUS. PENAL. RELAÇÕES SEXUAIS COM MENOR DE 13
ANOS DE IDADE. VIOLÊNCIA FICTA. ERRO DE TIPO. Inexiste empeço legal
à aplicação do error aetatis em relação à presunção de violência, se
caracterizado em concreto, por sua relevância, tendo presente o disposto no
art. 2º, caput, do Código Penal. O erro aetatis, afetando o dolo do tipo, é
sobranceiro, "afastando a adequação típica e prejudicando, assim, a quaestio
acerca da natureza da presunção". Ordem concedida para absolver o acusado.
Exemplo: O agente deseja atingir uma coisa, erra e atinge uma pessoa.
7. ERRO DE PROIBIÇÃO
Compreensão errada da norma, da ilicitude do fato.
Acha que é permitido o que é proibido.
Ex. Soldado que mata um civil de outra pátria, achando que ainda está em
período de Guerra, não sabendo que tinha sido declarada a paz. Ex.:
Guerra do Vietnã.
Erro de Proibição: Exclui a Culpabilidade.
Erro de Proibição= Agente não tem consciência da ilicitude.
Então é só praticar um crime e falar que achava que aquilo era
correto.