A Semântica Na Sala de Aula PDF
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A SEMANTICA
NA SALA DE AULA
A SEMÂNTICA
NA SALA DE AULA
Dissertação de mestrado
apresentada à Pós-graduação
em Lingüística da Universidade
Federal de Santa Catarina, como
requisito parcial para obtenção
do título de Mestre em
Lingüística, sob orientação da
Professora Doutora Roberta Pires
de Oliveira.
BANCA EXAMINADORA
SUMÂRiO
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................158
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................162
LiSTA DE QUADROS
Contextualização do trabalho
2. Âs hipóteses
3. Â metodologia
do significado. É sobre essa possibilidade que, ainda hoje, pairam dúvidas. E é por
isso que a Semântica ficou à margem da Lingüística.
O termo Semântica, designando a “ciência das significações”, foi empregado
pela primeira vez em 1883, através das palavras de Breal:
O estudo para o quai convidamos o leitor a seguir-nos é de espécie tão nova que sequer
recebeu nome ainda. Com efeito, é sobre o corpo e a forma das palavras que a maioria dos
lingüistas tem exercido sua sagacidade; as leis que presidem à transformação dos sentidos,
à escolha de novas expressões, ao nascimento e morte das locuções, ficaram na
obscuridade ou só foram indicadas de passagem. Com este estudo, tanto quanto a Fonética
e a Morfologia, merecem ter seu nome, denomina-lo-emos Sem ântica, isto é, a ciência das
significações. (Breal, apud Paviani, 1976:49)
Leech (In op. cit. p.9), considerando que no transcorrer do tempo muitas outras
afirmações foram feitas em relação à Semântica:;
(...) é tal a diversidade de enfoques, que é possível 1er dois livros de Sem ântica e
praticamente nada encontrar em comum entre eles. Nenhum autor tem condições de fazer
um levantamento global do campo de conhecimento da Sem ântica - ou pelo menos, se o
fizer, vai term inar com um levantamento superficial sobre “o que os outros pensaram” acerca
de significado.
Os mais antigos textos lingüísticos de que tem os notícia giram em torno de problemas
semânticos. Entretanto, a Semântica ainda é hoje, de todas as disciplinas lingüísticas, uma
das menos integradas, sendo motivo de controvérsia não só as direções e métodos em que
se devem buscar soluções corretas para os problemas relevantes, mas ainda a identificação
dos ‘problemas relevantes’, para além de orientações muito gerais, segundo as quais a
Sem ântica se interessa por fenômenos de significação.
2. Os domínios da Semântica
exprimem idéias, bem como explicar os motivos que tornam a língua um sistema
especial, sem qualquer alusão ao mundo externo.
Segundo Lyons (1977:190), na Semântica Estrutural, a língua é vista como
uma “estrutura relacional única”. As unidades (sons, palavras, significados)
correspondem tanto à essência como à existência das relações com outras
unidades do sistema lingüístico, isto é, tanto as unidades quanto as inter-relações
das mesmas são identificadas de forma simultânea e dependente. Assim, os
significados das palavras são intrínsecos à língua a que pertencem, tendo cada qual
a sua própria estrutura fonológica e gramatical.
É na noção de estrutura, em conformidade com Ullmann (1964:508), que surge
a interdependência entre os conceitos e as palavras. E é pelo estudo das esferas
conceituais que a Semântica Estrutural atinge seu êxito, abrindo uma nova fase na
história da Semântica com os estudos dos campos semânticos de Trier, em uma
determinação dos campos como setores estreitamente entrelaçados do
vocabulário.
Trier {apud Ullmann, 1964:508-529), ao estudar as palavras em relação ao
setor conceituai do entendimento, determina que as referidas palavras, ao formarem
um campo lingüístico, passam a constituir um conjunto estruturado e dependente
umas das outras. Ao comparar dois campos semânticos distintos. Trier pretendia
recobrir o mesmo campo conceituai com apoio na metáfora ou analogia, afirmando
que o vocabulário, como um todo, é um sistema único, integrado e totalmente
articulado.
Outras teorias dos cam.pos semânticos, segundo Ullmann (idem), surgiram
após a teoria de Trier como as relações existentes no interior de sintagmas
bipartidos compostos de um nome e um verbo ou um nome e um adjetivo, ligados
por um significado essencial. Outras contribuições significativas surgiram, como a
investigação de sistemas culturalmente importantes, entre eles o vocabulário de
parentesco e plantas ou análise estilística de textos. Contribuições importantes na
época, mas que, posteriormente, conduziram estudiosos â reflexão sobre a
impossibilidade de se estudar o vocabulário de uma língua fora de sua estrutura
gramatical e fora do contexto em que as palavras ocorrem.
Pelo exposto, podemos constatar que a Semântica Estrutural considera o
sentido definido a partir de estruturas de um sistema lingüístico, em que as relações
dos termos se condicionam reciprocamente. Dessa forma, o significado, no
23
Essas são relações lógicas, ou formais, porque podemos representá-las por letras vazias
de conteúdo, mas que descrevem as relações de sentido. Podemos, pois, dizer que “se A é
um conjunto qualquer que está contido em um outro conjunto qualquer, o conjunto B, e se c é
um elemento do conjunto A, então, c é um elemento do conjunto B”.(Pires de
O liveira,2001:20)
Apesar dos dois nomes Estrela da Manhã e Estrela da Tarde terem o mesmo
objeto como referência: Vênus, são diferentes quanto ao sentido. Na sentença (4)
temos a relação de igualdade (a=a), inquestionável; já em (5) temos a reiação (a=b),
na qual apreendemos uma verdade sobre o mundo ao verificarmos que a
referência de Estrela da Manhã é mesma de Estrela da Tarde. Assim, Estrela da
Manhã e Estrela da Tarde são dois caminhos para se chegar a mesma
referência.
A ---------------------------------------------- ^ B
O homem não agüentava mais de tanto pigarrear, sem saber como continuar a
conversa.
- Menina, olhe... não é assim que se fala. Há palavras que não são nem masculinas
nem femininas...
Sei. Tem palavros masculinos e palavras femininas. Assim como tem homem e
mulher.
- Mas...
A mãe da Ritinha demorou no banho. Demorou, mas acabou saindo e foi encontrar a
filha toda animada numa conversa com o visitante.
- Bom dia, meu senhor... - cumprimentou a mãe.
- Bom dio. minha senhora. Ou boa dia! Eu estavo conversando aqui com a sua filha
enquanto esperava a senhora acabar a sua banha...
- O quê? - zangou-se a mãe. - O senhor está me chamando de gorda?!
- Eu? Eu não, minha senhora. A senhora até que é magrinha. Eu só querio saber se
a senhora gostaria de comprar alguns de nossos produtos...
- Produtos? Que produtos?
- Produtos ótimos, para emagrecer. Eu...
- Seu malcriado! Não quero comprar nada. Ainda mais de um vendedor malcriado
como o senhor! Faça o favor de sair.
O homem saiu o mais rápido que pôde, sem nem pigarrear.
A mãe estava furiosa:
- Que vendedor malcriado, não é, Ritinha? Nem sabe falar direito!
- Ele já estava quase aprendendo, mamãe, já estava quase aprendendo...
(BANDEIRA, Pedro. Ritinha substantiva feminina. ín. Folhinha de São Paulo.
São Paulo: Jornal Folha de São Paulo, 13 mar. 1990. p. 04) [grifo nosso]
mas são agramaticais, assim como há sentenças que são gramaticais, mas
inaceitáveis, como podemos ver nos exemplos que seguem:
(16) Eu vi a menina
que beijou o cara
que leu o livro
que estava na estante
que o João jogou no terreno
que a Ana limpou.
3.2.1 Sinonímia
morrer e não estar vivo expressam o mesmo conteúdo, porque há uma relação de
acarretamento: se a primieira sentença é verdadeira, a segunda também é.
llari e Geraldi (1999: 42-50), ao fazerem uma análise dos fatos da língua ,
tratam de temas semânticos como a sinonímia procurando descrever relações de
sentido entre as palavras, vinculando-as á paráfrase. Nas sentenças:
mesmas. À reiação dos agrupamentos que, de forma prática, dizem a mesma coisa,
chamamos de paráfrase.
Em conformidade com ilari e Geraldi (idem), a relação entre as sentenças
(22) e (23) se dá não pela equivalência quanto ao significado exatamente,
mas por uma relação de participação dos objetos no processo que é descrito.
Em (24) e (25), consideramos paráfrases porque, na situação de uso,
percebemos a mesma intenção que visa á obtenção de um resultado
correspondendo a sinônimos pragmáticos, ou seja, há uma relação dependente
do contexto.
Não podemos deixar de mencionar, tambémi, as situações em que o mesmo
significado não é obtido pela equivalência das sentenças.
Por exemplo, em:
não podemos afirmar que ele não é casado, porque pode ser viúvo ou divorciado. As
condições de verdade não são as mesmas quando relacionamos as sentenças (26)
e (27), portanto, o conteúdo é diferente. Isso nos leva ã conclusão de que “as
paráfrases devem ser verdadeiras nas mesmas situações de miundo”. (Pires de
Oliveira, 2000:49-50)
Uma simples operação sintática, também, pode resultar em paráfrase, como
na transposição da voz ativa para a passiva, através da nominalização, da
substituição de uma forma verbal finita por uma infinita, ou mesmo, pela substituição
de verbos por advérbios.
Segundo llari e Geraldi (1999 :43), além das palavras denotarem o mesmo
conjunto de objetos (coisas, pessoas, animais), devem denotar uma mesma
propriedade. Por exemplo, ao dizermos:
e, ao mesmo tempo;
a referência das duas expressões é idêntica, ambas têm a mesma extensão porque
denotam o mesmo animal; baleia , mas tem sentidos diferentes. Dessa forma,
entendemos que para considerarmos palavras sinônimas, além da identidade de
extensão, é importante que haja identidade de intensão também, isto é, de
sentido.
Em um determinado contexto, as palavras ou expressões devem fazer uma
mesma contribuição ao sentido da frase.
Na sentença (30), verificamos que, ao fazermos a substituição de calvo por
careca, não alteramos a verdade ou mesmo a falsidade da sentença. Assim, as
palavras são sinônimas porque fazem a mesma contribuição ao sentido da frase e
podem ser substituídas no contexto sem que a frase passe de verdadeira a falsa ou
vice-versa.
Nos exemplos:
podemos afirmar que as duas sentenças não são equivalentes em todos os pontos
de vista. Mas, mesmo havendo diferença de tópico, as condições de verdade são as
mesmas. São, portanto, sinônimas.
Em:
da mesma forma, podemos dizer que as sentenças não são exatamente iguais.
Dependendo da entonação de voz, podemos perceber dois modos de falar que
36
(35) Seu Guilherme não se importa de ser chamado de idoso, mas chamá-lo de velho
causa-lhe mal-estar.
(36) Seu Guilherme não se impoita de ser chamado de velho, mas chamá-lo de idoso
causa-lhe mal-estar.
Idoso e velho são palavras que diferem pelo conhecimento que temos de
ambas. Aparentemente, são palavras sinônimas, mas, se atribuirmos crenças como
a idoso - um ser de terceira idade, respeitável pelos anos já vividos e pela
experiência adquirida, e, a velho - uma pessoa caduca, ultrapassada, gasta pelo
tempo, a sentença (35) será considerada verdadeira; ser chamado de idoso não é
ofensa, mas ser chamado de velho é uma ofensa. Mas, o mesmo não
corresponderá á sentença (36), porque o que provoca mal-estar é justamente o
termo que trata da pessoa como alguém respeitável.
Assim, duas palavras são sinônimas se puderem ser substituídas em qualquer
contexto, fornecendo á sentença a mesma contribuição para o sentido global. Mas,
como vimos, essa situação é limite.
Ao apontarmos o aspecto da contribuição para o sentido global, não podemos
deixar de citar as supostas relações idênticas que os dicionários trazem, comum
também no material didático;
3.2.2 Antonímia
(40) Felipe é homossexual, mas não é verdade que ele mantenha relação sexual com
outro homem.
(41) Náuria é muito estudiosa, mas nunca estuda.
3.2.3 Ambigüidade
Em (42a), o juiz julgou alguém, mas o veredicto do juiz não está expresso. Já
em (42b), o juiz julgou alguém, e esse alguém é inocente pelo próprio veredicto do
juiz. Em (42c) vemos que o juiz realizou um julgamento inocentemente,
considerando que no ato de julgar já está expresso um veredicto, só que de forma
39
inocente. Temos, assim, uma ambigüidade sintática, que deriva do fato de não ficar
claro se inocente pertence ao objeto ou não. Ou então em:
Em:
não há um item lexical que define diferentes formas semânticas. Nesse caso,a
ambigüidade semântica é provocada pelos quantificadores presentes na sentença :
todas e um comio podemos verificar em (a) e (b):
(47a) Cada uma das crianças ama um determinado Pokémon (dqs 150 que existem).
(47b) Um único Pokémon (por exemplo, o Picachu) é amado por todas as crianças.
as expressões vagas não é o fato de comportarem mais de um sentido, mas o fato de terem
um sentido em princípio único, que é insuficientemente determinado.
ou então:
3.2.4 Polissemia
Pelo que observamos, é possível afirmar que temos um verbo achar com três
significados e três tipos de transitividade? Cada um com seu significado e sua
transitividade própria? Ou, ainda, dois significados e duas transitividades se
agruparmos (51) e (52)?
Um vocábulo pode representar diversidade de aspectos e, devido ao acúmulo
de significações, o vocábulo polissêmico pode ser empregado em seu significado
primitivo, concreto, abstrato ou metafórico.
A vida das palavras, segundo Rehfeldt (1980:78), depende de fatores externos
à língua, pois o elemento cultural é decisivo na constituição e permanência do léxico.
0 fato de os falantes desconhecerem o sentido primitivo, confundi-lo ou o fato de
adaptarem a uma situação comunicativa faz com que as palavras mudem de
significado. Dessa forma, a polissemia é “um fenômeno diacrônico que se
caracteriza pela adição de novos significados ao primitivo, e que se manifesta no
plano sincrônico da língua.” (idem, p.79).
À medida que atribuímos uma significação nova a uma determinada palavra,
esta pode se multiplicar produzindo “exemplos novos”.
Segundo Mattoso Câmara (1970:17-9), ao tratarmos da manifestação da
polissemia no plano sincrônico, facilmente esta pode ser confundida com a
homonímia. Em conformidade com o autor, a homonímia é definida como formas
distintas, mas constituídas do mesmo segmento fônico; enquanto que a polissemia é
uma possibilidade de uma forma ter variações de sentido muito nítidas. Como
distinguir, então, polissemia de homonímia?
Nas sentenças:
3.2.5 Anáfora
(57) Brasileiro vive futebol 24 horas por dia. (58) Se a garota passa e se insinua, deu
bola. (59) Se o garoto chega pra conferir e ela_ sai fora, diz que deu na trave. (60)
Mas, se nem vai conferir, é bola murcha. (In Jornal Zero Hora, 13 junho 1998)
[grifo nossoj
3.2.6.1 Acarretamento
podemos inferir:
3.2.G.2 Pressuposição
Para que S1 pressuponha S2, a verdade de S2 deve seguir-se da verdade de S1, mas
se S2 for falsa, então S1 não terá valor-de-verdade, isto é, não será verdadeira nem falsa.
(Kempson, 1980:143)
Para que (70) pressuponha (b), a verdade desta deve seguir-se da verdade de
(70). E, se (b) for falsa, então (70) não será nem verdadeira nem falsa. Em
conformidade com Kempson, essa propriedade é o que difere a pressuposição de
acarretamento visto anteriormente. Ao observarmos o exemplo original:
4.1 Aspecto
(77) A professora de Semântica explica bem, mas hoje não está explicando nada.
O fato também pode ser posterior ao marco temporal pretérito. Para essa
representação, usamos o futuro do pretérito:
(83) No dia 29 de dezembro, o Senado reunia-se. Nesse mesmo dia, avaliaria os fatos e
condenaria o presidente Collor à inabilitação política por oito anos.
da própria interação verbal. Esses fatores devem ser considerados, pois podem
gerar conotações diferentes. Por exemplo, se dissermos:
tanto a sentença (92) quanto a (93) poderão ser aceitas em diferentes regiões
geográficas, em diferentes classes sociais, independente da profissão ou da idade.
O mesmo não acontece ao dizermos:
Sob conotações diferentes, vemos que há palavras que têm uma extraordinária
carga semântica, sugerindo muito mais do que o objeto designado, uma vez que a
própria língua é conotativa.
5. Conclusão
pesquisa tem caráter qualitativo e que os gráficos são apenas recursos ilustrativos.
Aproveitamos a oportunidade para refletir, não só sobre o ensino de Semântica,
nosso objetivo maior, mas, também, sobre o próprio ensino de Língua Portuguesa.
No instrumento de pesquisa, fizemos a exposição de questões objetivas e
subjetivas, justamente, para nos aproximarmros da estrutura do miaterial didático,
com o qual o professor está habituado a trabalhar.
Com a finalidade de nos certificarmos da validade do instrumento que
possibilitou a análise, em seguida, escolhemos, aleatoriamente, um questionário de
um dos sujeitos e fizemos a análise qualitativa deste, na íntegra. Finalizamos o
capítulo, apresentando as conclusões a respeito do conhecimento teórico do
professor e as premissas que nos direcionam ao mapeamento da Semântica.
Para a problematização que levantamos: A Semântica aparece no ensino de
língua materna? e Como ela aparece?, é de fundamental importância termos uma
noção do conhecimento teórico do professor que atua na disciplina de Língua
Portuguesa, ou seja, com língua materna. Uma panorâmica do conhecimento teórico
e do que o professor domina de Semântica pode nos fornecer subsídios para avaliar
duas das hipóteses apresentadas a respeito do nosso objeto de estudo: presença de
Semântica em sala de aula:
A frase (1) admite duas interpretações, em que se assemelha, peio tratamento dado ao
tem po, ou à frase (2) ou à frase (3).
(1) Há dez anos a formiga Solenopsis invicta, conhecida como lava-pé, não era encontrada
no norte do Estado da Geórgia, EUA.
(2) Há dez anos não se via em São Paulo uma inundação dessas proporções.
(3) Há dez anos não havia lanchonetes da cadeia M ac Donalds em São Paulo.
Reescreva a frase (1) de duas maneiras distintas, de modo a tornar obrigatória a primeira e a
segunda interpretação respectivamente.(Vestibular Unicamp, 1998, apud llari, 2001 ;25) [grifo
nosso]
59
Que a língua portuguesa não é imutável está apresentado como um fato na expressão:
(a) estaríamos vivendo uma nova contra reforma? - hipótese expressa peio futuro do pretérito
(b) a mobilidade do nosso idioma - pressuposição expressa por nominalização
(c) 0 contexto da matéria está carregado do famoso “a gente” - fato expresso pelo verbo
“estar”
(d) a mobilidade de nosso idioma - pressuposição expressa peio artigo definido
(e) estaríamos vivendo uma nova contra reforma? - discurso indireto expresso peio futuro
(Provão do M EC , 2000) [grifo nosso]
Gráfico 1
Í:iÍi§Í Íi
(...) form ar mentes que possam ser críticas, que possam verificar, ao invés de aceitar tudo
que lhes é oferecido. O grande perigo hoje em dia é o dos chavões, das opiniões coletivas,
de modas pré-fabricadas de pensamento. Tem os que ser capazes de resistir individualmente,
de criticar, de distinguir entre o que foi provado e o que não foi. Portanto, precisamos de
alunos que sejam ativos, que aprendam cedo a descobrir por si próprios, em parte, através de
sua atividade espontânea e em parte através do material que lhes apresentamos. (Carraher,
1983:57) [grifo nosso]
Muita água correu sob a ponte depois dos anos 1970. Como conteúdos escolares, as
práticas de leitura e de produção de textos sobrepuseram-se às análises gramaticais da
língua. A discussão ferrenha entre aqueles que defendiam o ensino de gramática tradicional e
aqueles que lhe opunham reflexões fundamentadas nas pesquisas lingüísticas muitas vezes
escondia, sob o manto do ensino ou não-ensino da gramática, a questão mais ampla do
preconceito lingüístico, da insuportável aceitação de variedades lingüísticas que “fugiam da
norma”. (Geraldi, apud llari, 2001:10)
Ao contrário do que acontece com a ‘gram ática’, simplesmente não existe em nosso
ensino a tradição de tratar do sentido através de exercícios específicos, e isso leva o
professor a acreditar que, nessa área, não há nada de interessante a fazer, (llari,
2001 :11)
63
G rá fic o 2
Ensino Prescritivo
G rá fic o 3
C o n s id e r a ç ã o d o e n s in o d e S e m â n tic a e m s a la d e a u la
X* ■ -— •
V»
w»,
1 1«
G rá fic o 4
66
Gráfico 5
G rá fic o 6
Reiação semântica 2
■<_í - .
sinoním ia ■ antonim ia « polissem ia ■ am bigüidade
Gráfico 7
Verificamos, pelas sentenças, que o sentido novo não põe fim ao antigo. Dessa
forma, uma mesma palavra pode comportar várias significações como no caso
de achar. O que nos impressiona é o fato de ver na relação
encontrar/pensar/considerar uma relação de antonímia manifestada por 2 sujeitos,
pois não há como pensar em sentidos incompatíveis nas situações expostas. 0
que nos leva a supor que o professor desconhece o que é antonímia e o que é
polissemia.
Dissemos que a situação pareceu simples aos sujeitos, uma vez que a grande
maioria identificou como polissemia. Mas, a nosso ver, isso não demonstra pleno
conhecimento, tendo em vista que, na sentença anterior: Peguei um ônibus
correndo, também houve a identificação de polissemia. Em:
71
(7) Brasileiro vive flitebol 24 horas por dia. Se a garota passa e se insinua, deu bola.
Se o garoto chega pra conferir e da sai fora ele diz que deu na trave. Mas, se nem vai
conferir, é bola murcha.
Gráfico 8
Relação semântica 4
'
iv.^1
Gráfico 9
Gráfico 10
Ensino Produtivo:
( ) correção formal da linguagem nos níveis fonológico, morfológico e sintático
( ) substituição dos padrões lingüísticos do aluno pelos considerados corretos e
aceitáveis
(X) desenvolvimento de habilidades lingüísticas que visam ao emprego das mesmas
em diversas situações comunicativas
( ) sem conhecimento e/ou domímo para responder
76
Ensino Prescritivo
(X) multiplicidade de recursos para o ensino e reflexão da linguagem
( ) determinação dos padrões de normatização da língua nas atividades lingüísticas
( ) atividades discursivas e expressão de idéias e intenções de diversas naturezas
( ) sem conhecimento e/ou domínio para responder
e suas relações:
(7) Brasileiro vive fatebol 24 horas por dia. Se a garota passa e se insinua deu bola. Se
o garoto chega pra conferir e ela sai fora, ele diz que deu na trave. Mas se nem vai
conferir, é bola murcha.
a relação semântica identificada foi a polissemia, mais uma vez. Nesse caso, não
podemos aceitar polissemia na resposta dada, simplesmente porque não se trata de
polissemia. Ficamos, em dúvida ,então, se a informante tem conhecimento do
referido fenômeno semântico como pareceu demonstrar na relação estabelecida em
(4), (5) e (6). E na relação:
a informante, mais uma vez, preferiu não arriscar, afirmando não ter domínio.
A informante ter manifestado a falta de domínio para duas relações semânticas
é significativo, pois se associarmos âs relações identificadas incorretamente, é
possível chegarmos à constatação de que o que, realmente, falta ao professor é
conhecimento teórico.
79
2. Conclusão
Salvo engano, parece legítimo supor que mesmo numa época marcada paia comunicação
eletrônica e pela entrada de novas tecnologias, o material didático continuará sendo por muito
tempo ainda peça importante no ensino. Pouco importa se na forma atual do livro ou se no
formato de um CD. (Marcuschi, 1996:38)
coerente, duas questões básicas: “Que perfil de aluno o livro didático deve propor-se
a desenvolver?” e “Que contribuição se espera que o livro traga para a construção
de habilidades, atitudes e conhecimentos necessários para o aprendizado do/para
exercício da cidadania?”, os livros contribuem com os valores compatíveis à
cidadania.
Em nossas observações, no trabalho docente, podemos nos referir ao livro
didático como o principal instrumento do aprendizado em sala de aula, tendo
em vista que estabelece o roteiro de trabalho do professor para o ano letivo,
dosando as atividades diárias e ocupando os alunos no espaço escolar e em
casa.
Quadro 2
Tipos de Exemplos
perguntas
Cópias • Como se sentia o bem-te-vi? Copie palavras ou expressões que
demonstrem seu sentimento.(Castro,2000:141- 5“ série)
• Transcreva o período em que o autor informa sobre a inversão de papéis
entre pais e filhos. (Positivo,2001:28 - S"*série/ 3° bimestre)
89
Globais • Como toda fábula, esta apresenta também uma lição moral, uma reflexão
sobre o comportamento humano. Qual é? (Castro,2000; 158 - 5^“série)
• Provavelmente, você já conhecia essa fábula e deve ter percebido que
existem muitas versões dela. Embora, basicamente, a história seja a
mesma, há pequenas variações quanto á moral. A seguir, você
encontrará dois provérbios. Relacione-os ao episódio narrado na fábula,
comprovando que também seriam apropriados.
a) “É nas horas difíceis que se conhece o amigo.”
b) “Mais vale a pertinaz labuta, que o desespero e a força bruta.”
(Positivo,200r.03 - 6“ série/2° bimestre)
Subjetivas • Na sua opinião, que assuntos devem ser considerados perigosos para
dois jovens que se amam? (Castro,2000: 6®série)
• A que trecho do conto você relacionaria o título Palavras Aladas? Por
quê? (Positivo,2001:18 - T série/2° bimestre)
Vale-tudo Diz o autor que; “...a imaginação é a companhia compassiva nas horas
vazias de tédio e de silêncio.” Você concorda com esse pensamento do
autor? (C3stro,2000:209 - 8®série)
Você acredita que os pais, mesmo quando expressam seu amor aos
filhos, possam cometer erros? Por quê? (Positivo,2001:30 - 6® série/l°
bimestre)
Gráfico 11
Gráfico 12
A com preensão textual na totalidade das perguntas
analisadas no m aterial didático ^
• C ó p ia s
10,92% ■ Oiajetivas
• In fe re n cia is
□ G lo b a is
E S u b je tiva s
n V a le -tu d o
i F o rm a is
■ In te rte xtu a lid a d e
i i S ig n ific a ç ã o
^ Na representação do gráfico 12, foram utilizadas as médias aritméticas simples dos valores
encontrados em cada uma das tipologias do gráfico 11.
92
Quadro 3
Polissemia Atividades que visam à • Leia: João sacou a espada e avançou para Robin. O
multiplicidade de verbo sacar tem vários significados. Vejamos
sentidos que uma alguns:
mesma palavra pode ter 1.tirar com violência;puxar. 2. emitir cheque. 3.tirar;coIhcr.
em conformidade com as
4.contar mentiras. 5.sair-se;escapar-se
diferentes acepções do Em que sentido foi empregado o verbo sacar na frase
dicionário. acima? (Castro,2000:113 - 6“série)
• “Sombras enormes projetavam-se nas paredes...”
Nas frases abaixo, identifique aquela em que a
palavra sombra tem o mesmo sentido utilizado na
frase do texto que inicia esta questão.
( ) A agressividade era uma sombra em sua
personalidade.
( ) Procuramos em toda a parte e nem sombra dele.
( ) Eu andava e a minha sombra caminhava comigo
lado a iado.(...)
(Positivo,2001:43 - 5“série/4“bimestre)
Denotação Atividades que se • Observe as palawas em destaque nas seguintes
Conotação referem aos efeitos de frases:
sentido das palavras Ele ficou morto de contente,(sentido figurado)
Ele foi morto pelo tucano, (sentido próprio)
Construa, agora, uma frase com a palawa morto no
sentido figurado. (Castro,2000:177 - 5“série)
• Elabore duas frases com a palavra luz, atendendo
aos dois sentidos:
a) denotativo:
b) conotativo:
(Positivo,2001:60- 6“série/2" bimestre)
Figuras de Atividades que denotam • Para fazer o leitor imaginar a cena que descreve e
Linguagem a presença do fenômeno melhor ilustra as idéias que pretende transmitir, o
da metáfora, entre outras autor utiliza comparações. Veja;
figuras de linguagem “A casa c um cemitério.”
Procure no texto outras comparações. (Castro,2000:ll
- 7“série)
• Veja a diferença entre uma comparação e uma
metáfora.
Comparação: Sua voz é doce como o mel.
Metáfora: Sua voz é imi mel.
Livremente, crie três comparações e transforme-as em
metáforas. (Positivo,2001:47 - 8®série/l“bimestre)
95
Homônimos Atividades que tratam da Palavras homônimas perfeitas são aquelas que possuem a
identidade de pronúncia grafia (escrita) e pronúncia iguais, mas apresentam
ou de grafia entre significados diferentes. Se necessário, consulte o dicionário
palavras de sentidos para responder às questões seguintes :
diferentes. a) Qual 0 significado da palavra mangueira em cada uma
dessas frases?
A mangueira estava carregada de frutas.
Com a mangueira, molhava todo jardim. (...)
(Positivo,2001:30 - 5“série/2° bimestre)
Fonte: Castro, 2000 e Positivo, 2001
Gráfico 13
Gráfico 14
11.79% : 8 .3 7%
^Na representação do gráfico 14, foram utilizadas as médias aritméticas simples dos valores encontrados em
cada uma das relações semânticas do gráfico 13.
97
(6.1) Substitua as palavras em destaque por outras que tenham o mesmo sentido:
a) Não suportei a tensão que me aniquilava.
b) Eu vivia confinado, agüentando ameaças e descomposturas.
c) O pior mesmo eram as xingações, as invectivas.
(6.2) Quais são as duas outras formas que equivalem a xingação? Procure em seu
dicionário.
(6.8) Observe;
intranqüilidade = in + tranqüil + i + dade progressista = progress + ista
prefixo raiz sufixo raiz sufixo
Separe os sufixos e prefixos que entram na composição das seguintes palavras;
encaracolado - desbotado - embocar - despercebido
Quadro 4
vemos que nem toda notícia é, necessariamente, uma novidade] a situação de uso é
que pode definir. Aspectos, como esse, devem ser mostrados ao aluno, para que ele
possa refletir sobre os recursos lingüísticos em seu funcionamento. Da mesma
forma, poderia se aproveitar a oportunidade para analisar o emprego da expressão
dar um pulo. Substituindo por uma ação correspondente como pular, o sentido se
manteria? Poderíamos encontrar equivalência com Vamos pular na casa dele? A
103
a relação de oposição, mais uma vez, não é nítida, pois não podemos atribuir, no
mesmo pé de igualdade, a ação de horrorizar às coisas que não exercem fascínio.
Acompanhando a progressão das séries, independente de ser uma atividade
destinada a alunos de 5^ série, como a que acabamos de expor ou de 8^ série como
a que apresentamos a seguir, o padrão se mantém:
Considerando que as palavras estão dispostas uma abaixo da outra, sem uma
referência, a avaliação pode ser objetiva ou subjetiva. No caso da qualificação
madura = imatura, os termos podem ser utilizados com finalidades diferentes, o que
dificulta o entendimento do conceito de antonimia apresentado. Se o aluno, nesse
caso, escrevesse verde como antônimo de madura, sua resposta deveria ser aceita.
Emi relação à polissemia, que confere às línguas naturais a flexibilidade de que
elas precisam para exprimir todos os inúmeros aspectos da realidade, uma mesma
palavra pode ser empregada no sentido restrito, amplo, real ou figurado.
Observamos que, depois da sinonímia, a polissemia é a relação semântica mais
trabalhada no material didático, representando 13,74% do universo analisado.
No exercício;
(12) Polissemia é a qualidade que uma palavra tem de assumir diferentes significados
em diferentes contextos. Observe;
“Dava para um corredor estreito.”
O verbo dar é polissêmico, isto é, tem vários significados.
Veja alguns;
1. ceder, presentear. 2. prestar, conceder. 3. produzir, criar. 4. bater, espancar. 5.
publicar, divulgar. 6. causar, determinar. 7. ensinar, lecionar. 8. ir ter, desembocar. 9.
bater, soar. 10. realizar, efetuar.
a) Em que sentido o verbo dar foi empregado na frase acima? (8)
b) Em que sentido o verbo dar foi empregado em “dava medo, sim” ? (3) (Castro,
2000; 197-8^ série)
(13) Há uma frase no texto em que se utiliza o verbo ligar. Transcreva-a e verifique o
sentido que ela assume nesse contexto.
(Castro, 2000;9 - 6® série)
105
(14) Veja:
1- Nada me liga a você. (=prende, vincula)
2- Esta estrada liga São Paulo a Igarapava. (=une, põe em contato)
3- Ele não conseguiu ligar os fatos. (=tornar coerentes)
4- Não ligou ao que lhe diziam. (=prestar atenção; dar importância)
O verbo ligar, em cada uma dessas frases, tem um significado diferente. Esse verbo é
polissêmico.
Construa duas orações com o mesmo verbo, empregando-o em outros sentidos
além dos mencionados. (Castro, 2000: 9 - T série)
(16) Palavras homônimas perfeitas são aquelas que possuem grafia (escrita) e
pronúncia iguais, mas apresentam significados diferentes.
Se necessário consulte o dicionário para responder às questões seguintes;
a) Qual o significado de “mangueira” em cada uma destas frases;
A mangueira estava carregada de fi"utos.
106
Ou então:
a)0 humor da tira abaixo baseia-se numa comparação implícita. Identifique e explique-a:
T U R M A DA MÔNICA/Mourício de Sousa
Explorar anúncios e tiras, entre outros textos, são excelentes recursos para
integrarmos a Semântica às aulas de Língua Portuguesa. Só chamamos atenção
para o elemento bomba da tira. Percebemos que há um caso de ambigüidade na
sentença, peio fato de figurar uma situação que nos induz a duas direções distintas,
para as quais precisamos determinar uma alternativa de sentido. A reflexão sobre
essas relações de significação é fundamental em situações de ensino-
aprendizagem, uma vez que fazem parte de nossas vivências.
2. Conclusão
Apesar das falhas apontadas pelo nosso estudo, queremos ressaltar que o
mesmo não tem a intenção de ser um discurso moralizador, mas sim, a partir da
análise crítica, pensarmos em novas estratégias que dinamizem o estudo da
significação no material didático.
Sabemos, em conformidade com a fundamentação teórica exposta no capítulo
II, que há uma complexidade em relação ao estudo do significado. Sabemos,
também, que não abordamos o tema eficientemente para fazer uma reflexão na
dimensão que o mesmo exige. Mas, a tentativa de refletir sobre os resultados
obtidos na análise das relações semânticas, permitiu-nos chegar a constatações
claras a respeito do ensino de Semântica nas aulas de Português.
Uma primeira é que nossas hipóteses, de modo geral, se confirmam, tendo em
vista que à Semântica é atribuído um valor secundário em comparação à atenção
dada à ortografia, à acentuação e àsregras gramaticais.
109
1.1 Proposta 1
Texto 1:
Meu basset
1 Eu não tive só rãs, coelhos e bichos de pé, não. Tive, também, um bicho comprido,
2baixinlio, de pemas tortas e nariz gelado, era um cachorro basset. Seu nome era “Sua Avó”. Eu
Sadorava, quando alguém pergmitava:
4 - Como é o nome dele?
5 - Sua Avó!
6 - Minha Avó? 0 menina malcriada! Então, este cachorro é minha avó? Mais respeito!
7 - Não é falta de respeito não: é que o nome dele é Sua Avó,
8 Sua Avó ia sempre pescar comigo, no tempo em que a Lagoa Rodrigo de Freitas ainda
9tinha peixe, Isso foi um pouco depois de Cristo, no tempo em que eu era criança,
10 Naqxiele tem.po, muito antigo, nem existia poluição. A gente chegava até a com_er os
llpeixes que pescava naquela lagoa! Pra quem não é do Rio, vou explicar; a Lagoa Rodrigo de
12Freitas é uma lagoa que fica entre o Jardim Botânico e Ipanema, linda de se olhar, horrível de
13se cheirar. Em volta, tem muitos apartamentos de gente rica, Quando ela fede, as pessoas
14fechani os narizes e as janelas. Mas linda, ela sempre foi, Quairdo eu era criança, ela tinha
15cheiro de mar, um cheiro limpo e era mais bonita do que hoje, porque era cercada de coisas
lóverdes, chamadas áivores,.. coisas de outros tempos.
17 Sua Avó e eu íamos pescar barrigudinhos, que são uns peixes barrigudinhos, ora! Eu
ISlevava anzol, vara, isca. Sua Avó levava o focinlio, as patas e o rabo, lá dele, é claro. O rabo
19de Sua Avó era comprido, vivia balançando de um lado pro outro por motivo de Sua Avó ser
20muito alegre. Sua Avó era marrom, Não a sua avó, não falo dela, por favor, não faça
21 confusão! Estou falando de Sua Avó, meu cachorro, tá?
22 Isca de barrigudinlio é minlioca. Naquele tempo, em vez de asfalto ou ladrillio decorado,
23em vez de carpete ou tábuas corridas, o chão tiiilia terra e a terra tinlia minliocas fomiidáveis!
24Era só remexer a terra, a gente encontrava minhoca. Depois era ir pescar!
114
25 Fomos pescar. Sua Avó e eu. Sentei numa pedra. Sua Avó começou a latir. Ai eu disse
26pra ele:
27 - Se você latir, vai espantar os peixes! Psiu! Tem que ficar bem quietinho, ouviu?
28 Sua Avó era muito inteligente.(...)
29 Passou um tempinlio, puxei a linlia, não veio peixe. Joguei a linlia, passou um tempiiilio,
30não veio peixe, joguei a linlia, passou um tempão, não veio peixe. Pescar é muito interessante,
Slporque, geralmente, a gente dá banlio em minlioca e não pesca.
32 Depois de uma hora, vinte e dois minutos e três segundos e meio, lembro exatamente,
33pois foi um acontecimento terrível em minlia vida e na vida de Sua Avó, puxei o anzol, só
34veio a minlioca, espirrando um pouco, pois a lagoa estava gelada, mas não veio peixe. Aí, dei
35um impulso na linlia, joguei pra trás, pra depois jogar pra frente, dentro d’água... aí... Que
36horror! Que horror! Mas que horror!
37 Nem sei se conto. Você pode chorar, e eu só gosto de contar histórias alegres, mas...
38aconteceu um horror mesmo: quando joguei o anzol pra trás e puxei pra frente, pesquei Sua
39Avó pelo nariz. Sua Avó fez um escândalo, enfiou o rabo entre as pernas e saiu correndo,
40arrastando a isca, a minhoca, atravessada no nariz, o fio e a vara, uivando, parecendo uma
41 sirene de bombeiro! O escândalo foi tamanlio, que apareceu uma vellia com um balde d’água,
42pergmitando onde era o incêndio. Sua Avó corria na frente, uivando, eu atrás.
43 Perto dali, havia a Hípica, que é um clube, onde os cavaleiros e cavalos pulam obstáculos.
44Quem pula mesmo é o cavalo, coitado, ainda carregando o cavaleiro. Aquele clube é muito
45elegante e existe até hoje. Só que naquele tempo não tinlia o muro que tem hoje, era cercado
46por uma cerquinlia de arame.
47 Era dia de competição. Cavaleiros vestidos de casaca vermelha saltavam obstáculos,
48montados em cavalos brilhantes de tanta escova e... de suor também! Em volta, um público
49entusiasmado aplaudia um cavaleiro que ia pular (ele não, o pobre do cavalo) o último
50obstáculo.
51 Foi aí que Sua Avó entrou pelo picadeiro adentro, uivando, com o anzol, a minlioca, o fio
52e a vara de pescar, e eu, atrás, além da velha do balde.
53 O cavalo levou um susto, deu meia volta de repente. O cavaleiro caiu de cabeça. Ainda
54bem que foi dentro do balde da velha, ficou meio esbaldado, mas foi mellior do que cair por
55exemplo em ciina do nariz de Sua Avó. Se tivesse acontecido isso talvez a tragédia fosse
56maior: o cavaleiro poderia ficar preso, junto com o focinho de Sua Avó, na minlioca, no fio e
57na vara, atravessado pelos fiuidillios. Isso, graças ao balde, não aconteceu.
58 Naturahiiente, foi imi pouco difícil, depois, serrar o balde, pra tirar a cabeça do cavaleiro,
59que tinlia ficado presa, não saía. Debalde todos os esforços, o balde gmdou na cabeça do
óOcavaleiro. Mas o veterinário, que cuida de cavalos da Hípica, tirJia uma serrinha de serrar
61balde de cabeça de cavaleiros e resolveu o problema.
62 Depois de tanta emoção, só faltava tirar o anzol do nariz de Sua Avó. Como a festa já
63tinlia sido estragada, o veterinário resolveu veterirwr mais um pouco. Chegou para mim e
64perguntou:
65 -Como é o nome do animal?
66 Veterinário tem mania de chamar cachorro de animal, uma antipatia.Eu,danada,respondi:
67 - Sua Avó!
68 - O menina desaforada, como é que você mete minha avó no meio desta confusão?
69Mais respeito!
70 - O nome do meu cachorro é Sua Avó!
71 - Pois eu vou me queixar é à sua avó - gritou o veterinário, roxo de raiva.
73 Não sei por qual motivo o veterinário pensou que a velha do balde fosse minha avó.
74Foi pra ela, enfezadíssimo, e perguntou:
75 - A senliora não deu educação pra sua neta não?
76 Neste momento. Sua Avó fícou irritado com o veterinário. Sua Avó não admitia que
77ninguém me tratasse mal. Mesmo com o anzol no nariz. Sua Avó veio pra perto do
78veterinário, rosnou, rosnou e, de repente, NHOC! Mordeu o veterinário no nariz.
79 Na confusão, o anzol saiu do nariz de Sua Avó e foi parar no nariz do veterinário.
80 Pra curar anzol preso no nariz de cachorro, só mesmo um veterinário, não é verdade? O
115
Slveterinário foi procurar um médico, pois ele só sabe cuidar de animal. 0 médico, com
82certeza, tirou o anzol.
83 Eu é que fiquei sem pescar barrigudinho e a velha está sem balde, até hoje. É isso aí.
(ORTHOFjSylvia.Os bichos que rtve.Rio de Janeiro; Salamandra, 1983. apud Posítívo,2001;
02-03 - 5“ séríe/3° bimestre) [adaptação]
Atividade 1.1.1
Observe;
I- “Tive, também, um bicho comprido, baixinho, de pernas tortas e nariz geiado: era
um cachorro basset.” (linhas 1 e 2)
II- “Sua Avó e eu íamos pescar barrigudinhos, que são uns peixes barrigudinhos,
ora!” (linha 17)
III- “Sua Avó levava o focinho, as patas e o rabo, lá dele, é claro.” (linha 18)
Atividade 1.1.2
Observe as sentenças;
I- “Em volta, tem muitos apartamentos de gente rica.” (linhal 3)
II- “Quando eu era criança, ela tinha cheiro de mar, um cheiro limpo.”(linhas 14 e 15)
III- “Naquele tempo, em vez de asfalto ou ladrilho decorado. (...) o chão tinha terra e
a terra tinha minhocas formidáveis.” (linhas 22 e 23)
IV- “Você pode chorar, e eu só gosto de contar histórias alegres(...) (linha 37)
1 1 6
Agora, responda:
a) As palavras destacadas têm uma função específica: atribuir qualificações. A
posição das palavras que atribuem qualificações, ou seja, dos adjetivos, é sempre a
mesma em relação ás palavras que recebem os atributos? Qual?
c) No texto aparecem adjetivos que atribuem qualificações aos seres e/ou objetos.
Em diferentes textos, como na propaganda a seguir, também identificamos atributos.
Observe a propaganda e faça uma análise: a ordem do adjetivo é relevante para a
construção do sentido? Explique:
117
Atividade 1.1.3
Imagine que, ao fazer a reprodução do texto, você escrevesse no início do 8°
parágrafo:
- Nem existia poluição naquele tempo muito antigo.
Atividade 1.1.4
Observe:
“Quando eu era criança, ela tinha cheiro de mar, um cheiro limpo e era mais
bonita do que hoje, porque era cercada de coisas verdes, chamadas árvores...
coisas de outros tempos.” (linhas 14 a 16)
a) A palavra coisas foi empregada duas vezes. Podemos dizer que o sentido é o
mesmo em “...cercada de coisas verdes” e “...coisas de outros tempos”? No
contexto lingüístico, a palavra coisas refere-se a algo específico? Em caso
afirmativo, cite:
■^ A 1 0 V^ '
Atividade 1,1.5
Em;
I- “O cavaleiro caiu de cabeça” (linha 53) e
II- “Sua Avó não admitia que ninguém me tratasse mal.” (linhas 76 e 77), qual dos
dois fatos marcados pelas formas verbais cair e admitir considera o
acontecimento em sua duração, ou seja, quando o acontecimento é visto como não
limitado no tempo?
Localize, no texto, exemplos de acontecimentos que não têm uma duração
limitada no tempo.
Atividade 1.1.6
Observe nas frases, a seguir, que a palavra tempo foi empregada com um
sentido determinado;
“Sua Avó ia sempre pescar comigo, no tempo em que a Lagoa Rodrigo de
Freitas ainda tinha peixe. Isso foi um pouco depois de Cristo, no tempo em que eu
era criança.” (linhas 8 e 9)
120
Atividade 1.1.7
Observe:
Como é o nome do animal?
Veterinário tem mania de chamar cachorro de animal, uma antipatia. Eu,
danada, respondi:
- Sua Avó!” (linhas 65 a 67)
Atividade 1.1.8
No diálogo:
Como é o nome do animal?
Veterinário tem mania de chamar cachorro de animal, uma antipatia. Eu,
122
danada, respondi:
- Sua Avó!
- Ó menina desaforada, como é que você mete minha avó no meio desta
confusão? Mais respeito.” (linhas 65 a 69)
há dois elementos que participam da interação verbal; a menina e o veterinário.
Além, do termo menina, há outro(s) termo(s), no diálogo, que faz(em) referência a
mesma pessoa? Cite-o(s);
Atividade 1.1.9
Observe o emprego da palavra pescar no texto, por exemplo: “Sua Avó sempre
ia pescar comigo, no tempo em que a Lagoa Rodrigo de Freitas ainda tinha peixe.”
(linhas 8 e 9). Ao analisarmos a referência a pescar no texto e na charge a seguir,
podemos dizer que o sentido é equivalente? A palavra pescar foi empregada com a
mesma intenção comunicativa? Compare, analise e, em seguida, exponha suas
conclusões.
Atividade 1.1.10
Observe os fatos narrativos:
I- “0 cavalo levou um susto, deu meia volta de repente. 0 cavaleiro caiu de cabeça.
123
Ainda bem que foi dentro do balde da velha, ficou melo esbaldado, mas foi melhor
do que cair por exemplo em cima do nariz de Sua Avó.” (linhas 53 e 54)
II- “ Depois de tanta emoção, só faltava tirar o anzol do nariz de Sua Avó. Como a
festa já tinha sido estragada, o veterinário resolveu veterinär mais um pouco.” (linhas
62 e 63).
,MCNMiTOS.se/lf1tM.
. GASACeuWÂRiAi
d) A que é que Radicci se refere ao usar a palavra que você apontou? Inventar ou
empregar palavras que convém a uma determinada situação, como a analisada
acima, é comum acontecer no cotidiano?
Você lembra de alguma situação em que palavras foram empregadas de forma
semelhante? Cite-a:
124
Atividade 1.1.11
Pois eu vou me queixar é à sua avó - gritou o veterinário, roxo de raiva.”
(linha 71)
Ao observarmos o comentário do narrador, verificamos que as cores podem
intensificar uma propriedade como no caso roxo de raiva. Pense nas cores expostas
a seguir, e atribua a elas relações de sentido:
a) vermelho de
b) branco de
c) verde de
d) amarelo de
Atividade 1.1.12
Leia atentamente: “Fomos pescar, Sua Avó e eu. Sentei numa pedra. Sua Avó
começou a latir Aí eu disse pra ele: - Se você latir, vai espantar os peixes! Psiu!
Tem que ficar bem quietinho, ouviu?” (linhas 25 a 27)
Se um brasileiro entra na farmácia latindo, ele tem isenção. Se entra tossindo, paga mais
caro. (Veja - 08/03/2000, ed. 1639. p.25)
Atividade 1.1.13
Analise a relação de sentido entre os pares:
125
I- “Neste momento, Sua Avó ficou irritado com o veterinário.” (linha 76)
Sua Avó. neste momento, tratou o veterinário com calma.
II- “0 rabo de Sua Avó era comprido, vivia balançando de um lado pro outro por
motivo de Sua Avó ser muito alegre.” (linhas 18 a 20)
Sua Avó era um cachorro triste, seu rabo era curto e nunca se movimentava.
1.2 Proposta 2
Texto 2;
Aquele estraiilio animal
1 Os do Alegrete dizem que o causo se deu em Itaqui, os de Itaqui dizem que foi no
lÂlegrete,outros juram que só poderia ter acontecido em Uruguaiana.Eu não afimio nada:sou
Sneutro.
4 Mas, pelo que me contaram, o primeiro automóvel que apareceu entre aquela brava
5indiada, eles o mataram a pau, pensando que fosse um bicho. A história foi assim como já lhes
óconto, metade pelo que ouvi dizer, metade pelo que inventei, e a outra metade pelo que
Vsucedeu às deveras. Viram? É uma história tão extraordinária mesmo que até tem três
Smetades... Bem, deixemos de filosofança e vamos ao que impoita. A coisa foi assim, como eu
9tinha começado a llies contar.
10 Ia um piazinho estrada fora no seu petiço - trop, trop, trop - (este é o barulho do
1Itrote) quando de repente ouviu - flifufupubum chumpum!
12 E eis que a “coisa”, até então invisível, apontou por detrás de um capão, bufando que
13nem touro brigão, saltando que nem pipoca, (...) chiando que nem chaleira derramada e
141argando fiimo pelas ventas como a mula-sem-cabeça.
15 “Minha Nossa Senhora!”
16 O piazinlio deu meia-volta e largou numa disparada louca rumo da cidade, com os oUios
17do tamanlio de um pires e os dentes rilliando, mas bem cerrados para que o coração aos
IScorvoveios não ihe saltasse pela boca.
19 É claro que o petiço ganliou luz do bicho, pois no tempo dos primeiros autos eles
20perdiam para qualquer matungo.
21 Chegado que foi, o piazinlio contou a história como pôde, mal e mal e depressa, que o
22tempo era pouco e não dava para maiores explicações, pois já se ouvia o barallio do bicho
23que se aproximava.
24 Pois bem, minlia gente, quando este apareceu na entrada da cidade, caiu aquele montão
25de povo em cima dele, os homens mis com porretes, outros com garruchas que nem tiiiliam
26tido tempo para carregar de pólvora, outros com boleadeiras, mas todos de a pé, porque
27também nem houvera tempo de montar, e as mulheres umas empunhando as suas vassouras,
28outras as suas pás de mexer niannelada, e os guris, de longe, se divertindo com os seus
29bodoqueS, cujos tiros iam aceitar em cheio nas costas dos combatentes. E tudo abaixo de
30gritos e pragas que nem llies posso repetir aqui.
31 Até que enfim houve uma pausa para respiração.
32 O povo se afastou, resfolegante, e abriu-se uma clareira, no meio da qual se viu o auto
33emborcado, amassado, quebrado, escangalliado, e não digo que morto, porque as rodas
34giravam no ar, nos últimos transes de uma teimosa agonia, E quando as rodas pararam, as
35pobres, eis que o motorista, milagrosamente salvo, saiu penosamente engatinliando por
36debaixo dos escombros de seu ex-automóvel.
37 -A la pucha!-exclamou então um guasca, entre espantado e penalizado - o animal deu
3Seria!
(QUINTANA, Mário. Caderno H. São Paulo: Globo, 1989. a/7Zí<i Positivo, 2001:3-4.-6“série/ 2°
bimestre)
Atividade 1.2.1
Observe as palavras destacadas:
“Os do Alegrete dizem que o causo se deu em Itaqui, os de Itaqui dizem que foi
no Alegrete,outros juram que só poderia ter acontecido em Uruguaiana.”(linhas1 e 2)
“la um piazinho estrada fora no seu petico - trop, trop, trop (...)” (linha 10)
127
“É claro que o petiço ganhou luz do bicho, pois no tempo dos primeiros autos
eles perdiam para qualquer matunao.” (linhas 19 e 20)
A Ia pucha! - exclamou um quasca, entre espantado e penalizado - o animal
deu cria!” (linhas 37 e 38)
Atividade 1.2.2
Em: “Mas, pelo que me contaram, o primeiro automóvel que apareceu entre
aquela brava indiada, eles o mataram a pau, pensando que fosse um bicho.” (linhas
4 e 5), que sentido é atribuído á expressão matar a pau7
a) Ao dizermos:
Ao passear, o guasca matou a pau com seu automóvel,
o sentido corresponde ao do texto?
b) Da forma como o guasca expõe o causo no início do texto dizendo e/es mataram
a pau, podemos pensar que a indiada deu um fim ao automóvel.
128
sua região, e apresente, em reiação às mesmas, outras que têm uso corrente em
outras regiões, como nos termos que aparecem no texto; piazinho e guri (usados no
Rio Grande do Sul) correspondentes a menino em outras regiões.
Atividade 1.2.3
Em; “O povo se afastou, resfolegante, e abriu-se uma clareira, no meio da qual
se viu o auto emborcado, amassado, quebrado, escangalhado, e não digo que
morto, porque as rodas giravam no ar, nos últimos transes de uma teimosa agonia.”
(linhas 32 a 34), podemos fazer alguma consideração quanto ao emprego dos
adjetivos em relação à posição que ocupam? Se mudarmos a ordem dos adjetivos,
o sentido será alterado ou se manterá? Justifique;
Atividade 1.2.4
Analise a fala proferida pelo guasca;
“- A Ia pucha! 0 animal deu cria!” (linhas 37 e 38)
c) Pelo que observamos, a expressão dar cria sugere muito mais do que o objeto
designado, propriamente. A escolha dessa expressão nos fornece informações
sobre o falante, sobre o assunto e sobre os propósitos da fala.
Com base na expressão explorada e nas palavras e expressões que
empregamos no cotidiano, exemplificada na tira a seguir, crie uma tira empregando
palavras ou expressões com efeito de sentido figurativo.
130
Atividade 1.2.5
Em: “E eis que a coisa até então invisível, apontou por detrás de um capão,
bufando que nem touro brigão, saltando que nem pipoca; (...) chiando que nem
chaleira derramada e largando fumo pelas ventas como a muia-sem-cabeça.” (linhas
12 a 14), qual a função de que nem e como no contexto lingüístico?
S e u Bote
caminhão Brindilia
~éque nele.
nem 1
Mmnlüti H l>\ mAi o 11»*^ ciwn
.-
«I»»», I
F om m
MlmMt.
tt n<
cfiAcH:
pra render
bem,
precisa de
bomtrato. «Io f I » I < lr < « > n * n n w n h m l r t t .
Atividade 1.2.6
O autor, no percurso narrativo, conversa com o leitor pelo que podemos
perceber na passagem: “A história foi assim como lhes conto, metade pelo que ouvi
dizer, metade pelo que inventei, e a outra metade pelo que sucedeu às deveras.
Viram?” (linhas 5 a 8)
b) Esse recurso auxilia para que o leitor construa o sentido global do texto?
Argumente:
Atividade 1.2.7
Observe o emprego da palavra coisa em:
I- “E eis que a coisa até então invisível, apontou por detrás de um capão, bufando
que nem brigão, saltando que nem pipoca(...)” (linhas 12 e 13)
132
Atividade 1.2.8
Na relação:
133
I- Isto é um bicho.
II- Bicho dá cria.
III- Isto dá cria.
percebemos que há uma relação entre as sentenças.
b) Em:
I- Isto é um petiço.
II- Petiço faz trop, trop, trop.
III- Isto faz trop, trop, trop.
podemos afirmar que a 3® sentença : Isto faz trop, trop, trop, é verdadeira em relação
à verdade da sentença I e á verdade da sentença II?
Analise as sentenças e apresente uma argumentação a respeito da relação
estabelecida entre as mesmas.
c) Leia atentamente:
I- Isto é um auto escangalhado.
II- Auto escangalhado não tem conserto.
Ml- Isto não tem conserto.
Analisando a relação entre as sentenças, ao dizermos que I e II são
verdadeiras, III necessariamente será verdadeira? Ou seja, podemos dizer que a
verdade da sentença III depende da verdade das sentenças I e II?
Após a análise, elabore hipóteses para a relação de sentenças, apresentando
uma conclusão.
134
Atividade 1.2.9
Ao lermos: “Os do Alegrete dizem que o causo se deu em Itaqui, os de Itaqui
dizem que foi no Alegrete, outros juram que só poderia ter acontecido em
Uruguaiana(...)” (linhas 1 e 2), temos condições de saber de qual acontecimento
narrativo trata o texto?
b) Podemos dizer que o termo causo remete a toda a seqüência que será
apresentada no texto?
c) Se disséssemos;
Pelo que me contaram, o primeiro automóvel que apareceu em Alegrete,
Itaqui, Uruguaiana, não se sabe ao certo, a brava indiada matou a pau. Esse é o
causo.
Mudando a posição da palavra causo, continuaria sem referência anterior?
Qual a diferença entre a referência de causo em (a) e (c)?
Atividade 1.2.10
Observe o emprego da forma verbal darem:
A la pucha! O animal deu cria!” (linhas 37 e 38)
c) 0 automóvel podia ser o sonho do guasca, assim como é o sonho de muita gente
hoje.
135
1.3 Proposta 3
Texto 3:
O amor não tem idade
1 - Romântico, como um grande amor merece!
2 O amor era mesmo grande. E por isso ficara guardado durante meses e meses. Não
Stivera coragem de abrir o segredo com nenlium dos amigos. Imaginava a gozação, a
4brincadeira, a farra. Seria insuportável ficar na classe, assistir às aulas, se algmn deles
5soubesse do seu tão bem guardado amor.
6 - Não é um amorzinho qualquer, não, desses que começam e acabam nimia mesma festa,
7numa única noite.
8 Era para valer. Para demorar. Para sempre, talvez. Uma paixão que começara demorada
9e por partes. Primeiro fora pela voz deia. Macia como veludo novo. Gostava de ouvi-la falar
lOe, quanto mais perto dele ela falava, mais se apaixonava. As palavras, os números e as
llidéias saíam como vindos do fiindo do coração. Depois, os olhos. Não eram verdes nem
12azuis, como os das atrizes de tevê e manequins de revistas. Eram apenas pretos. Belamente
ISpretos. Pareciam querer ver o mundo inteiro, de todo mundo, por seu par de oüios. Parecia
14descobrir telepaticamente em que as pessoas da classe pensavam. Uma vez quase o
15desamiara, quando sugeriu, de repente, flagrando-o no mundo da lua; “pensando no seu
lógrande amor?” Ele se atrapalliara, sem resposta, e ela permanecera inteira, dona da
1Tbrincadeira, deliciando-se com o sem-jeito dele. Depois da voz e dos oUios, descobriu os
136
IScabelos. E soiiliou com eles tantas e quantas vezes seu sono atribulado permitiu. Sonhava
19com os cabelos dela roçando de leve suas faces. Em seguida, veio o sorriso. Depois as
20mãos, os dedos finos e as unhas de esmalte escuro. Finalmente apaixonou-se pelo corpo
21todo, por ela inteira. E aí a coisa ficou brava. Enquanto eram os oUios, os cabelos, o sorriso,
22as mãos, dava para esconder, guardar num pedacinlio de vida qualquer, numa página de
23caderno ou livro. Mas quando ela inteira tomou conta do seu coração novo, desacostumado
24a essas emoções mais fortes, ficou mais difícil de agüentar. E foi um tal de ficar mal-
25humorado, de rejeitar conversas longas, de fiigir das faixas do grupo, de se atrapalliar com
26as aulas, notas e exercícios.
27 - E hoje ou nunca mais. No fim da aula ela vai saber do meu amor. Dê no que dê, ela
28vai saber.
29 Tinha, é verdade, um grande problema: a diferença de idade entre os dois. Ele era um
SOmolecão e ela, uma mulher. Bem... as mulheres são mesmo assim, se desenvolvem e
31amadurecem mais depressa do que os homens. Sempre ouvira isso e teria esse detallie a seu
32favor. Claro, imaginando que seu grande, bonito e romântico amor fosse correspondido.
33 - Isso não importa.
34 Tinha até procurado, e encontrado, algumas poesias de poetas famosos e não famosos
35que tratavam do assunto, amores descompassados de idade. E vivia dizendo que o amor não
36tem idade. Disse isso mesmo numa acalorada redação de Português em que narrou o amor
37de um jovem por uma mulher madura, texto terminado pelo clichê: “O amor não tem
38idade.” Estava cheia de erros de ortografia e pontuação. A professora, insensível,
39classificara o traballio do apaixonado escritor de “razoável” e invuidara-o de riscos, cruzes e
40sinais indecifi-áveis.
41 - Ela não entenderia. Só quem vive um grande amor assim poderia escrever esquecido
42das regras gramaticais.
43 E inventou outro clichê: “O amor não conliece regras gramaticais.”
(GARCIA, Edson Gabriel. Contos de amor novo. 4. ed. São Paulo: Atual, 1991. p. A-5.apud
CASTRO, 2000: 44-5 - T série)
Atividade 1.3.1
Em: “- Romântico como um grande amor merece!” (linha 1), há uma
comparação que pode ser interpretada em seu sentido literal, pois em um grande
amor há romantismo como acompanhamos na ficção apresentada nas telas de
cinema, nas novelas, nos romances, nos contos e na vida real.
Atividade 1.3.2
Na situação: “Enquanto eram os olhos, os cabelos, o sorriso, as mãos, dava
para esconder, guardar um pedacinho de vida qualquer, numa página de caderno ou
livro.” (Iinhas21 a 23), com que intenção foi empregada a forma verbal destacada?
Atividade 1.3.3
Ao fazermos uma seleção lexical, podemos intensificar de forma positiva ou
negativa determinadas características. Observe:
I- Os olhos da professora eram belos.
II- Os olhos da professora eram nada belos.
III- Os olhos da professora eram muito belos.
ü s i u m m i s n m i s m m .
i tei ulalar * eartlt if>ri na uê m/s mUgeas.
M«iJlM•Mi» Mlf ■«nMH Ml*« Ni■an«MwrMariM
Atividade 1.3.4
0 autor cita a criação de um novo clichê; “O amor não conhece regras
gramaticais”(linha 43) a partir do conhecido; “0 amor não tem idade” (linhas 37 e 38)
139
a) Assim, como no texto, o estudante criou um novo clichê; “0 amor não conhece
regras gramaticais” a partir do conhecido clichê: “0 amor não tem idade”, Possenti
(1998:64-9) faz uma criação.
A partir da piada:
Deus convoca Bill Clinton, Boris leltsin e FHC para anunciar-lhes que o mundo
vai acabar. Clinton, em uma mensagem em cadeia nacional, anuncia a seu povo:
- Tenho que dar-lhes uma notícia boa e outra ruim. A boa é que Deus existe, tal
como supúnhamos. A ruim é que o mundo vai acabar.
leltsin diz a seu povo:
- Tenho que dar-lhes duas más notícias: ao contrário do que muitos de nós
pensávamos. Deus existe. E, além disso, o mundo vai acabar.
FHC, por sua vez, diz aos brasileiros:
- Tenho que dar-lhes duas boas notícias: Deus existe... e todos os problemas do
Brasil vão se resolver em poucos dias. (In. Possenti, 1998:112-3)
c) Consulte pessoas mais velhas que você ou pesquise em revistas, jornais, livros,
Internet e faça um levantamento de piadas que contêm expressões que possibilitam
a dupla interpretação.
Em seguida, escolha uma e, a partir da escolhida, crie uma nova, semelhante
ao clichê criado pelo aluno e à piada criada por Sino Possenti.
140
Atividade 1.3.5
Sabendo que o aluno é um molecão e a professora, uma mulher, podemos
dizer:
- O aluno é bem mais novo que a professora.
Ou com toda a certeza, podemos dizer:
- A professora é mais velha que o aluno.
As descrições apresentadas são equivalentes? Justifique:
Atividade 1.3.6
Na afirmação:
“-Isso não importa.” (linha 33)
e em:
“Bem... as mulheres são mesmo assim, se desenvolvem e amadurecem mais
depressa do que os homens. Sempre ouvira isso (...)” (linhas 30 e 31)
a que é que se refere o termo isso? Remete a uma passagem do texto? Qual é?
CUMPíAQ^ ZCDljí
V iOVoU!
Atividade 1.3.7
Observe as sentenças:
I- O aluno tem um grande amor.
II- Um grande amor esquece as regras gramaticais.
III- O aluno esquece as regras gramaticais.
b) Na relação:
I- O aluno escreveu a redação apaixonadamente.
II- 0 aluno escreveu a redação.
ao afirmarmos que o aluno escreveu a redação apaixonadamente, necessariamente,
afirmamos que ele escreveu a redação?
^ N ^ U ê
Nossa vtda tem vocô
apaixonado pela professora, você decide: “vou lançar um produto para despertar a
paixão da mulher que amo.”
Lembre-se: Para que seu anúncio chame a atenção, pense em sentenças
verdadeiras que conduzam a uma dedução.
Atividade 1.3.8
Observe:
“Era para valer. Para demorar. Para sempre, talvez.” (linha 8) Analise o
emprego de para sempre em relação ao grande, bonito e romântico amor.
Em seguida, relacione à expressão para sempre com de sempre presente na
propaganda:
Atividade 1.3.9
Observe:
“Depois, os olhos. Não eram verdes nem azuis, como os das atrizes de tevê e
manequins de revista. Eram apenas pretos. Belamente pretos. Pareciam querer ver
o mundo inteiro, de todo mundo Uma vez quase o desarmara, quando sugeriu,
de repente, flagrando-o no mundo da lua (...)” (linhas 11 a 16)
144
b) E na charge que segue, com que sentido foi empregada a palavra mundo?
Corresponde a um dos sentidos analisados em (a)?
POSITIUO
URICER- ERECHIM/RS
Atividade 1.3.10
Observe:
“(...) quanto mais perto dele ela falava, mais se apaixonava.” (linhalO).
O uso de falava e se apaixonava corresponde a limites na duração dos fatos?
1.4 Proposta 4
Texto 4:
O mistério do sobrinho perfumado
I Este caso, que Zezinlio Sherlock também esclareceu com a maior facilidade, começou
2num sábado à tarde. Mas o nosso herói só soube dele no domingo, quando foi visitar o tio, o
3delegado Orlando Quental, chefe do Departamento Especial de Polícia Civil.
4 - O que foi que aconteceu desta vez?
5 - Enforcaram uma vellia agiota, em Bonsucesso. Temos um suspeito, mas não
ópodemos provar nada contra ele. Esse suspeito, que está detido na vigésima primeira
7delegacia, é um sobrinlio da vítima. Também temos uma testemunha que o acusa de ter
Sassassinado a velha, para roubar o dinheiro do cofre.
9 - Ali! Essa testemunlia viu alguma coisa?
10 - Aí é que está. Não viu, mas sentiu. A testemunlia é mn cego.
II - Puxa! O caso é interessante, titio. Como é que um cego pode ser testemunlia de vista?
12 - Eu não disse que ele é testemunha de vista. Mas suas declarações
IScomprometem o rapaz. E o cego não teria interesse em acusar o suspeito, se não estivesse
14certo do que diz. O diabo é que o rapaz acabou confessando que esteve no local do crime,
15mas nega ter enforcado a tia.
16 - Ele é o único herdeiro?
17 - Parece que smi. A vellia não tem outros parentes mais chegados. Morava
ISsozinlia e vivia de rendimentos e de emprestar dinlieiro a juros.
19 - Comece pelo princípio, titio - pediu Zezinlio, crazando as pemas e ajeitando mn
20cacho de cabelos negros que teimava em cair sobre os seus óculos.
21 - O caso é o seguinte: ontem à tarde, alguém ligou para a delegacia
22de Bonsucesso e comunicou que havia uma muUier moita, nmn padieiro de um beco, na
23Avenida dos Democráticos. Uma patrulliinlia, que estava nas proximidades, correu ao local
24e ali encontrou o corpo da Sra. Matilde Rezende. A polícia já a conhecia de nome e sabia
25que ela era agiota e avarenta, mas nunca a incomodou. E difícil provar que os agiotas estão
26agindo fora da lei. O corpo estava caído na sala da frente, que fazia as vezes de escritório.
27Alguém tinlia entrado na casa, sempre fechada a sete chaves, e estrangulado a veUia com
146
28uma corda de náilon. O cofie da sala estava aberto e vazio. Ora, a empregada jurou que a
29patroa tiiilia muito dinlieiro naquele cofre.
30 - Ah! Entâo, temos uma empregada, hem?
31 - Sim. E uma outra velha, ausente na hora do crime. Tinha ido fazer compras e só
32voltou quando a polícia já estava na casa. Ela disse que não sabia quem tinlia ido visitar a
33patroa, mas afirmou que o sobriiilio dela é um marginal, desempregado crônico, e andava de
34olho no dinheiro da tia...
35 - Nem todo desempregado é marginal, titio. Assim como nem todo pistoleiro é bandido,
36pois a polícia também usa pistolas... Roubaram tudo do cofie? Se a vítima emprestava
37diiilieiro a juros, devia haver alguma promissória, ou vale, ou essas coisas que eu não
38conheço direito...
39 - Havia outros papéis, na sala, mas jogados no chão. O assassino deve ter obrigado a
40vellia a abrir o cofre, para roubar o dinlieiro. Só deixou os documentos.
41 - E onde é que entra o cego? - perguntou Zezinlio, deleitado com a história.
42 - O cego é um marginal, um camelô sem licença, que estava na entrada do beco. Alguns
43vizinhos o viram ali, com um cachorro e um tabuleiro, desde manhã cedo.
44 - Nem todo camelô é marginal - repetiu Zezinlio Sherlock. - A polícia tem o costume
45de dizer que o que não é direito está torto, mas há exagero nisso... E o que foi que esse cego
46viu? Ou mellior: o que foi que ele pressentiu?
47 O dr. Quental apanhou um papel datilografado em cima da escrivaninha e consultou-o.
48 - Tenho aqui o depoimento do cego - disse, depois, mostrando o papel. - Ele estava
49vendendo bijuterias, na entrada do beco, acompaiiliado pelo cachorro. Quando os
50patmllieiros chegaram, tentou fugir, com o tabuleiro na cabeça, mas um soldado o apanliou
511ogo adiante. Ele pensava que fosse o “rapa”... Depois que o corpo da velha foi encontrado,
52o testemunlio do cego tomou-se muito valioso.
53 - Por quê?
54 - Porque ele identificou o sobrinlio da vítima, pelo perfiime. Ouça o que ele diz - e o
55delegado passou a ler um trecho do papel datilografado. - “A certa altura, ouvi uns passos
56pesados e um homem, usando um perfume de alfazema, passou por mim e entrou no beco.
57Eu sei que era um homem porque os seus passos eram pesados, e ele pigarreou. Um minuto
58depois, senti outra vez o mesmo pei-ftime e o homem passou por mim, andando muito
59depressa, descabelado, quase correndo, como se estivesse fugindo de alguma coisa. Aprendi
60a conliecer as pessoas pelos passos e pelo cheiro... direitinlio como o meu cachorro.”
61 - Hum! E a polícia, ajudada pela empregada da vítima, encontrou a pista do sobrinlio
62da velha?
63 - Exatamente. O rapaz tem vinte e cinco anos e não exerce nenhuma profissão. Já
64traballiou como balconista de uma loja de ferragens, mas foi despedido há três anos.
65Quando foi detido, negou ter estado na casa da tia, mas o seu perfume o denunciou. Ele usa
66unia loção de lavando inglesa.
67 - Certo - murmurou Zezinho. - Alfazema e lavanda inglesa é a mesma coisa... E
68depois? O rapaz acabou confessando que esteve no padieiro?
69 - Pois é. Acabou confessando. Mas disse que encontrou a porta aberta e a tia morta, na
70sala, com miia corda no pescoço. Então, saiu correndo e telefonou para a polícia, mas não se
71 identificou. O que é que você acha disso?
72 - Tudo me parece claro, titio - disse Zezinlio Sherlock. - O sobrinlio perfumado pode
73estar dizendo a verdade, pois o cego é um grande mentiroso! Provavelmente, foi esse falso
74cego que cometeu o crime, para roubar a grana da vellia!
(SOVERAL, Hélio. Dez mistérios para resolver. Ediouro, 1986. p. 30-5, apud
CASTRO, 2000:222-4 - 8“ série)
Atividade 1.4.1
Observe o diálogo entre Zezinho Sherlock e o tio, o delegado Orlando Quental,
do Departamento Especial de Polícia Civil e apresente as palavras que fazem
147
referência à vítima.
Atividade 1.4.2
“A polícia tem o costume de dizer que o que não é direito está torto.”(linhas 44 e
45). 0 uso de alguns ditos populares é comum em algumas regiões, em certas
culturas, em determinadas faixas etárias ou em determinadas profissões, como
afirma Zezinho: “A polícia tem o costume(...V’
a) Ao usar a expressão: o que não é direito está torto, a personagem quis provocar
um efeito de sentido. O sentido do dito popular é literal ou é figurativo? As palavras
dão informações sobre o falante, ou sobre a maneira como o falante representa o
ouvinte, ou ainda, sobre o assunto em que falante e ouvinte estão engajados?
Explique:
Atividade 1.4.3
Na sentença: “Ele pensava que fosse o rapa(...V’ (linha 51), qual o sentido da
palavra destacada?
Antigamente
Antigamente as moças chamavam-se mademoiselles, eram todas mimosas e muito
prendadas. Não faziam anos: colhiam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo
não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos
meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir
148
pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai
da forca, e não caiam de cavalo magro. Umas jogavam verde para colher maduro, e
sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes,
esse ou aquele embarcasse em canoa furada.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Antigamente. In. ANDRADE, Carlos Drummond
de. Quadrante^o de janeiro; Ed. do Autor, 1962. p. 122-124)
2345MEIA78
Fim de semana chegando e o coitado tá no osso mas acaba de encontrar a solução.Coloca um
cademiiilio no bolso, apanlia umas fichas e corre pruni orellião. E o seu vellio cademiiilio de
telefone com o nome e o número de um monte de muUié...E ele vai ligar pra todas até conseguir
chamar uma gata pra sair e dar um role 2345meia78! Tá na hora de molhar o biscoito! Eu tô no
osso mas eu não me canso! Tá na hora de afogar o ganso! Letra A, vâmo começar; Alô, por
favor, a Ana Maria está? (Ela saiu com o namorado, quer deixar recado?) não, obrigado, deixa
pra lá. Letra B, vou ligar pra essa Bianca. Tem cara de carranca mas dá pra dar o bote. Desligou
na minlia cara, que tristeza. Qiamei ela de princesa e ela pensou que fosse trote. Que se dane! É
até melhor assim. Eu vou ligar pra Dani que ela é gamadinlia em mim.“Oi Danizinlia, lembra do
Animal?!” (Não conlieço ninguém com esse nome. Tchau!) Deve tá com amnésia, vou pra letra
E; 2-bola-gato-69-bola-sete é a bola da vez; Elizabete. Dizem as más línguas que ela é boa de
(Alô) Alô, a BetIi está? (Tá, mas não pode falar. Ela ta de boca cheia e eu to comendo, rapá)
Que azar, liguei na hora errada. A hora da refeição é mna hora sagrada. Meu cademinlio de
telefone parece um cardápio e faz um tempo que eu não como nada 2345meia78! Tá na hora de
molhar o biscoito! Eu to no osso mas não me canso! Tá na hora de afogar o ganso! Letra F,
quem não arrisca não petisca Alô, é da casa da Francisca? (Ela se mudou. Casou com um
delegado de polícia. Quer o número?) Tô fora risquei da minlia lista. Há muito tempo eu
conlieci a Dona Guta, uma coroa enxuta. Como será que ela tá? (Dona Guta? Vou chamar.
Vovó! Telefone!) (Hein!???) Achei melhor desligar. Tentei o H, o I e o J e até agora num
arrumei uma... gata L, M, N, O ... a cada letra que passa eu me sinto mais só. P, Q, R,S.O.S!
Socorro! Eu tô na letra X! Meu caderninlio de telefones já ta peito do fmi e eu tô longe de um
final 2345meia78! Tá na hora de molhar o biscoito! Eu to no osso mas eu não me canso! Tá na
hora de afogar o ganso! Ainda falta a letra Z , masacabaram as fichas, o que que eu vou fazê?
Disque-sex? Ah! Qual é?! Chega de conversa, o que quero é uma mulher! Já sei, vou ligar pro
102, o disque infomiações, não há nada errado nisso (Informações, Creusa, pois não?) Só queria
mna informação; pode ser ou tá dificil? (Queira desculpar, mas...) Vou ligar pra Zumira mas
nem adianta. Ela nunca dá mole pra ninguém, mas se eu já levei um fora do alfabeto inteiro que
que tem levar um “não” dela também? -Alô! Zulmira? Vai fazê o que hoje? (Ali, não sei. Vamô
num cinema...) Quando a esmola é demais o santo desconfia. Essa mina deve tá com algum
problema... Chegando no local que ela escolheu; “Não-sei-o-que-lá-do-reino-de-Deus” Olha o
nome do filme; “Jesus Cristo é o Senhor” E comédia? (Não é filme. O cinema acabou. Virou
igreja evangélica e eu só te trouxe aqui pra’cê comprar pra mim uma vaga no céu!) Ah, irmã,
deixa disso, minlia grana só vai dar pra te levar lá no motel! (Ai, Senlior, ollia onde eu vim
parar!) Ali... relaxa, meu amor... Ajoelliou? Então vai ter que rezar!! 234-5678 tá na hora de
inoUiar o biscoito! Eu tô no osso mas eu não me canso. Tá na hora de afogar o ganso! (Gabriel,
o pensador. CD Quebra-cabeça, Sony Music)
149
Atividade 1.4.4
Em:
“Pois é. Acabou confessando. Mas disse que encontrou a porta aberta e a tia
morta, na sala com uma corda no pescoço. Então, saiu correndo e telefonou para a
polícia, mas não se identificou.” (linhas 69 a 71) o meio utilizado pelo sobrinho para
comunicar o crime foi o telefone.
Imagine que o sobrinho mandou um e-mail para o delegado comunicando a
morte da tia. Reproduza a mensagem usando diferentes palavras que façam a
mesma contribuição ao sentido do comunicado, ou então, use outra forma de falar
que mantenha o sentido da mensagem.
Atividade 1.4.5
Observe o emprego de provavelmente;
“Provavelmente, foi esse falso cego que cometeu o crime, para roubar a grana
da velha!” (linhas 73 e 74)
Se Zezinho tivesse empregado o termo provavelmente em outros lugares, o
sentido seria mantido?
Analise as sentenças:
150
I- Foi esse falso cego que provavelmente cometeu o crime, para roubar a grana da
velha.
II- Foi esse falso cego que cometeu o crime, para provavelmente roubar a grana da
velha.
III- Foi esse falso cego que cometeu o crime, para roubar provavelmente a grana da
velha.
Pelo que você observou, as construções semânticas são equivalentes?
Apresente suas conclusões.
Atividade 1.4.6
“ - Pois é. Acabou confessando. Mas disse que encontrou a porta aberta e a
tia morta, na sala, com uma corda no pescoço.” (linhas 69 e 70)
O efeito de sentido de uma corda no pescoço é literal, uma vez que especifica
o motivo da morte da velha agiota.
A mesma expressão pode ser usada, também, no sentido figurado.
Crie uma situação, na qual com a corda no pescoço provoque um efeito de
sentido figurado na informação.
Atividade 1.4.7
Na afirmação; “-0 cego é um marginal” (linha 42), ao analisarmos o termo
marginal, percebemos que não há um critério seguro para aplicarmos a referida
palavra.
Marginal é todo elemento que pratica um crime? Qualquer crime? Qual seria o
limite para sabermos em que circunstâncias um elemento é marginal?
a) Observe os pares e aponte a diferença entre eles apontando qual dos dois é mais
marginal;
- O sobrinho é marginal. 0 cego é marginal para o Carandiru.
- O sobrinho que foi detido é um marginal. 0 cego que anda por aí livremente é um
marginal até para os grandes criminosos.
151
Comunismo
Recebo cartas de comunistas (como essa gente é cafona e ultrapassada) me
gozando por Cuba ter chegado em segundo lugar, na frente do Brasil, nos jogos Pan-
Americanos. Claro, seus peralvilhos, para um país onde todos são alfabetizados, todos
têm direito à moradia, saúde, emprego, educação, é fácil chegar em segundo. Quero ver
chegar em quarto na raça, como fizemos, com inflação, miséria, prostituição, fome,
peste, altos índices de criminalidade e a maior dívida externa do mundo. Vão tomar nas
cubas! (Revista Bundas, 24 a 30 agosto 1999. p. 50)
Atividade 1.4.8
Ao interrogar o sobrinho, o delegado diz: 0 que é que você acha disso?”
(linha 71) Você é uma palavra possível de ser interpretada por referência, isto é,
aponta para um elemento fisicamente presente na situação de fala?
Justifique:
www.cartum.com.br
Atividade 1.4.9
Em: “Depois que o corpo da velha foi encontrado, o testemunho do cego
152
tornou-se muito valioso.” (linhas 51 e 52), qual a palavra que tem o caráter de
intensificação?
b) Em “Ela disse que não sabia quem tinha ido visitar a patroa, mas afirmou que o
sobrinho dela é um marginal, desempregado crônico (...)” (linhas 32 e 33), podemos
dizer que o adjetivo crônico tem, da mesma forma, a função de intensificar o termo
desempregado? Justifique;
Atividade 1.4.10
“O sobrinho perfumado pode estar dizendo a verdade, pois o cego é um
grande mentiroso!” (linhas 72 e 73) 0 que levou Zezinho a chegar a essa dedução?
153
Atividade 1.4.11
Zezinho Sherlock foi associando os fatos e chegou à conclusão de que o cego
era um grande mentiroso.
Em “(...) foi esse falso cego que cometeu o crime, para roubar a grana da
velha!” (linhas 73 e 74), há o implícito de que o cego, na verdade, fingia ser
cego.
Seu mais hábil ato político, presidente, foi o risco de, antes das eleições, declarar
ao povo a seriedade da situação. O povo leu bem sua sinceridade. O analfabeto sabe
ler.
c) Informações implícitas são comuns em piadas. Há informações que não são ditas
explicitamente, mas que se encontram implícitas e podem ser deduzidas a partir de
um raciocínio que parte da própria sentença, como verificamos nas situações
apresentadas.
Procure em jornais, revistas ou outros meios disponíveis, tiras, charges ou
piadas que contenham mensagens implícitas.
Atividade 1.4.12
Nas sentenças:
I- “Nem todo desempregado é marginal.” (linha 35)
II- “Nem todo pistoleiro é bandido.” (linha 35)
III- “Nem todo camelô é marginal.” (linha 44)
qual o efeito de sentido que a expressão nem todo produz às sentenças?
Atividade 1.4.13
Leia atentamente:
“- A certa altura ouvi uns passos e um homem, usando um perfume de alfazema,
passou por mim e entrou no beco.” (linhas 55 e 56)
1999 - A AMAZÔNIA
•UM PEQUENO PASSO PARA 0 HOMEM,
UM GIGANTESCO SALTO PARA OS
ESTADOS UNIDOS"
Atividade 1.4.14
Observe:
“0 diabo é que o rapaz acabou confessando que esteve no local do crime(...)”
(Iinha14)
“ Mas disse que encontrou a porta aberta e a tia morta, na sala, com uma corda no
pescoço. Então, saiu correndo e telefonou para a polícia, mas não se identificou.”
(linhas 69 a 71)
b) A palavra fora pode ser entendida de outra forma além da relação de oposição
com dentro? Em caso afirmativo, cite exemplo(s) do uso.
2. Conclusão
TAKANO
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O professor também pode fazer acontecer a Semântica em sala de aula, pois, além
de ser um mediador, é um formador de capacidades. Por essa razão, deve inovar,
porque há uma porção de questões interessantes sobre a linguagem que ainda
estão fora da sala de aula, e, se fizessem parte das aulas de Português, ajudariam a
formar leitores mais competentes, porque mais conscientes dos processos de
significação.
CONSIDERAÇÕES FiNAiS
O professor, que no contexto atual, não deve mais ser visto como um
transmissor de conhecimento, mas alguém que seleciona a informação e apresenta-
a de forma crítica, para que o aluno possa desenvolver a competência comunicativa
e, acima de tudo, a autonomia intelectual, precisa criar e recriar sua prática através
da reflexão.
O que falta ao professor é domínio da teoria que envolve a área de
conhecimento com a qual trabalha, e é exatamente esse domínio que fundamenta
sua prática educativa. O conhecimento teórico que o professor de língua materna
tem das questões da significação é superficial, e a atenção que dedica à Semântica
é insignificante em relação aos aspectos da gramática normativa. Isso acaba
reforçando uma imagem que se quer ver acabada: de um professor que transmite
saberes escolares, que aplica provas, que dá notas, que aprova e reprova apenas.
0 professor, antes de tudo, precisa pensar em sua formação, em seu percurso de
aprendiz e deixar de ser um prático aplicador de receituários.
Atribuindo ao professor um valor que supera a imagem de mero “aulista” de
saberes fechados, vimos que é próprio do seu ofício o ato de transmitir, de ensinar e
de internalizar competências, mas não podemos esquecer que desenvolver formas
de pensar, tendo em vista os saberes e habilidades necessárias à vida, também
fazem parte do seu ofício. E, para que ele seja capaz de desenvolver saberes e
habilidades, precisa considerar a capacidade intuitiva dos falantes. Para essa
consideração, precisa de conhecimento teórico.
A certeza de que é possível tornar conscientes processos inconscientes se
solidificou com as reflexões que realizamos na análise qualitativa do material
didático, que, também, confirmam hipóteses levantadas no início do nosso trabalho:
há questões interessantes sobre a linguagem que precisam fazer parte das aulas de
Português, para que possamos, realmente, contribuir para a formação de leitores
mais competentes e mais conscientes dos processos de significação.
Finalizamos nossa pesquisa, afirmando que estimular a reflexão sobre a
linguagem que praticamos espontaneamente é tarefa e desafio para o professor em
sala de aula, e, a este, representado pelos sujeitos envolvidos em nossa pesquisa,
fica o nosso compromisso de retornar a contribuição dada, através da intervenção
que realizamos.
Sabemos que as sugestões apresentadas representam uma pequena parcela
de contribuição ao ensino de Semântica em sala de aula. Uma pequena parcela que
pode ser o impulso para continuarmos a refletir sobre a prática do ensino de
Semântica nas aulas de Língua Portuguesa, bem como para fazermos novas
descobertas inovando, cada vez mais, o trabalho com Semântica, além da
“mesmice” conhecida por professores e alunos.
Chegarmos ao resultado do mapeamento foi importante em nosso estudo de
caso, mas, o mais importante, é encerrarmos nossa investigação sentindo-nos
motivados ao desafio de “olhar sobre o olhar que olha”.
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Propagandas
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• pág.118 - Cigarro Free
Revista Veja. São Paulo: Abril, n.1660, 2 ago. 2000. contracapa.
• pág. 119 - Arrow
Revista Veja. São Paulo: Abril, n.1661, 9 ago 2000.p. 76-7.
• pág. 120-Atum Pescador
Revista Claudia. São Paulo: Abril, n. 466, jul. 2000. contracapa
• pág. 121 - Ford Ka
Revista Super Interessante. São Paulo: Abril, n. 7, jul. 2000. p. 42-3.
• pág. 1 2 5 - F/Nazca
Revista Vogue.São Paulo:Carta Editorial Ltda.ed.espedal,jun.1999.p.104-5.
• pág. 131 - Brindilia HDX Esso
Revista Vogue.São Paulo:Carta Editorial Ltda.ed.especial, jun. 1999. p.177.
. pág. 1 3 2 - GMC 3500 HD
Revista Veja. São Paulo: Abril, n. 1650, 24 maio 2000. p. 112-3
• pág 132 - Banco Real
Revista Veja. São Paulo: Abril, n. 1655, 28 jun. 2000. p.98-9
® pág. 1 3 5 - Kasinski
Revista Veja. São Paulo: Abril, n. 1640, 15 mar. 2000. p. 99-100.
• pág. 138 - Nokia - Movistar Amigo
Revista Super Interessante. São Paulo: Abril, n. 6, jun. 2001. p. 60-1.
167
Charges
• pág. 122 - Ricardo Leite
Revista Bundas. Rio de Janeiro: Pererê. n.13, 7/13 set. 1999. p. 29.
• pág. 140 - Claudius
Revista Bundas. Rio de Janeiro: Pererê. n. 13, 7/13 set. 1999. p. 38.
• pág. 1 4 4 -Jean
Revista Bundas. Rio de Janeiro: Pererê. n. 11, 24/30 ago. 1999. p. 18.
• pág. 1 5 1 -Jean
Revista Bundas. Rio de Janeiro; Pererê. n. 11, 24/30 ago. 1999. p. 18.
• pág. 1 5 2 -Glauco
Folha de São Paulo, 23.5.92. In: Possenti, Sírio. Os humores da língua:
análises lingüísticas de piadas. Campinas, SP: Mercado de Letras,
1998. p. 122.
• pág. 1 5 5 -Nani
Revista Bundas. Rio de Janeiro: Pererê. n. 11, 24/30 ago 1999. p. 11.
• pág 1 5 6 -Nani
Revista Bundas. Rio de Janeiro: Pererê. n. 13, 7/13 set. 1999. p. 37.
Tiras
• pág123-lotti
168
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