Tecnologia de Bebidas
Tecnologia de Bebidas
Tecnologia de Bebidas
Tecnologia de Bebidas
ISBN 978-85-7946-089-0
UFRPE
Universidade
Federal Rural
9 788579 460890
de Pernambuco
UFRPE/CODAI
2011
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância
© Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (CODAI), órgão vinculado a Universidade Federal Rural
de Pernambuco (UFRPE)
Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (CODAI)
da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN) para o Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil – e -Tec Brasil.
Reitor da UFRPE Equipe de Produção
Prof. Valmar Correa de Andrade Secretaria de Educação a Distância / UFRN
Diagramação
José Antonio Bezerra Junior
Rafael Marques Garcia
Arte e Ilustração
Adauto Harley
Anderson Gomes do Nascimento
Leonardo dos Santos Feitoza
Projeto Gráfico
e-Tec/MEC
Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central - UFRPE
Referências.
1. Álcool 2. Bebidas não-alcoólica 3. Bebidas alcoólicas I. Melo Filho,
Artur Bibiano de II. Silva, Argelia Maria Araujo Dias, coord. III. Título
IV. Série
CDD 641.3
Apresentação e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola Técnica
Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro 2007,
com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na mo-
dalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Minis-
tério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia (SEED)
e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escolas
técnicas estaduais e federais.
O e-Tec Brasil leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de en-
sino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir
o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino
e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das
redes públicas municipais e estaduais.
Ministério da Educação
Janeiro de 2010
Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br
e-Tec Brasil
Indicação de ícones
e-Tec Brasil
Sumário
Palavra do professor-autor 9
Apresentação da disciplina 11
Projeto instrucional 13
e-Tec Brasil
Aula 6 – Bebidas destiladas 107
6.1 Considerações iniciais 107
6.2 Bebidas fermento-destiladas simples 109
6.3 Bebidas fermento-destiladas retificadas 121
Referências 125
e-Tec Brasil 8
Palavra do professor-autor
Prezado aluno,
Neste livro, conversaremos sobre o mundo das bebidas. Nesse contexto, ve-
remos um pouco da história, tecnologia e as características alcoólicas e não
alcoólicas. Para isso, buscaremos sempre evidenciar para você o relevante
entendimento acerca da importância da matéria-prima e das principais eta-
pas do processo de elaboração dos diferentes tipos de bebidas.
Durante o nosso passeio por esse mundo entusiasmante, vamos propor al-
gumas atividades práticas e sugestões para leitura complementar. Em ambos
os casos, procuramos ajudá-los a fazer novas descobertas e a observar me-
lhor as bebidas que consumimos em nosso cotidiano.
Bons estudos!
9 e-Tec Brasil
Apresentação da disciplina
Na Aula 4, nossa conversa será sobre as bebidas alcoólicas que sempre ini-
ciam seu processo de elaboração com a fermentação alcoólica. Porém, exis-
tem bebidas alcoólicas produzidas apenas com a fermentação, tais como
cervejas e vinhos, e outras que associam um processo de destilação, como
o rum, a vodca ou o uísque. Nesta aula, abordaremos a cerveja, bebida fer-
mentada cujas matérias-primas e a forma de obtenção serão evidenciadas,
assim como as características organolépticas desejadas.
11 e-Tec Brasil
Ainda no mundo das bebidas alcoólicas fermentadas, na Aula 5, conhe-
ceremos um pouco sobre o vinho, bebida apreciada mundialmente e que
sempre acompanhou a história da humanidade. Nesta aula, abordaremos
as matérias-primas e a forma de obtenção dos vinhos branco, tinto, rosé e
espumantes, bem como as características organolépticas desejadas.
Para finalizar o nosso passeio pelo mundo das bebidas, na Aula 6, vamos
trabalhar as bebidas fermento-destiladas ou, simplesmente, as bebidas des-
tiladas, abordando como são obtidas em função da matéria-prima e do pro-
cesso de fabricação.
e-Tec Brasil 12
Projeto instrucional
Ementa da disciplina
CARGA
AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM HORÁRIA
(horas)
Reconhecer os tipos de bebidas de acordo com a legislação brasileira.
1. Conhecendo o mundo das bebidas Descrever o processo de rotulagem das bebidas no Brasil. 7
Identificar as características e tipos de água.
13 e-Tec Brasil
Aula 1 – Conhecendo o mundo
das bebidas
Objetivos
• bebidas alimentares;
Do grupo das bebidas naturais podemos destacar a água, pois seja qual for o
grupo da bebida a ser ingerida ela estará em sua base. A água que bebemos
e que é utilizada como base das mais diferentes bebidas deve seguir os
padrões de potabilidade. No Brasil, a Portaria nº. 518/2004 do Ministério
da Saúde define estes padrões para água, tendo como base as exigências
da Organização Mundial de Saúde - OMS. Neste caso, o cidadão brasileiro
pode consumir água diretamente da torneira, uma vez que as companhias
de abastecimento seguem os parâmetros dessa portaria, entretanto, deve
estar atento à limpeza e desinfecção dos locais de armazenamento da água
– cisternas, caixas d’água etc.
Água potável é aquela que pode ser consumida por pessoas e animais sem
riscos de adquirirem doenças, podendo ser oferecida à população urbana ou
rural. Quando necessário, deverá ser aplicado tratamento com o objetivo de
reduzir a concentração de poluentes/contaminantes até o ponto em que não
apresentem riscos para a saúde.
Verifique a diferença entre os teores alcoólicos das bebidas que você tem
acesso e, em seguida, registre como se encontram nos rótulos.
• denominação do produto;
• marca comercial;
• ingredientes;
• prazo de validade.
• protege os órgãos;
• beneficia as articulações;
• elimina toxinas;
Além da água in natura, existem outras fontes como: sucos, frutas, hortali-
ças, refrigerantes.
A água que bebemos deve ser suficientemente pura para ser considerada po-
tável. A água completamente pura, obtida por processos de destilação, é ino-
dora e insípida, uma bebida descaracterizada organolepticamente. Entretanto,
a água potável deve estar livre de impurezas e microrganismos patogênicos.
A água deve ter as seguintes características: ser incolor, livre de sabor estra-
nho, íons ferro e matéria orgânica, de baixa alcalinidade e livre de microrga-
nismos contaminantes.
Ferro ≤ 0,1 ppm Precipitação de sais, reação com corantes e substâncias de aroma/sabor.
Para a elaboração de bebidas, a água não deverá apresentar cor e odor, ca-
racterísticas organolépticas importantes para este produto. Além disso, deve
apresentar cor com 5 unidades (escala Hanzen), baixa turbidez (1,0 mg.L-1) e
ausência de sedimentos. A presença de alguns compostos químicos dificulta
a elaboração das bebidas. Alguns desses elementos devem ser controlados,
Resumo
Atividades de aprendizagem
Objetivos
• bebidas alimentares;
Refluxo DESTILADO
ALIMENTAÇÃO
vapor
líquido
reevaporadora
As bebidas não alcoólicas são aquelas nas quais o teor de álcool etílico é
inferior a 0,5 ºGL.
• variedade;
Substâncias aromáticas (aldeídos, ésteres, alcoóis etc.) Taninos e compostos fenólicos Adstringentes
Vitaminas hidrossolúveis -
A etapa seguinte consiste na extração dos sucos cujo método irá depender
da estrutura da fruta, composição química e características desejadas para o
suco (transparência, viscosidade e adstringência). Devemos ter sempre um
Adstringência
olhar crítico sobre o método, considerando o que desejamos ou não extrair sensação tátil percebida
(Quadro 2.1). na cavidade bucal quando
degustamos frutas ou produtos
com elevado teor de taninos.
Dentre os exemplos clássicos, temos as uvas, nestas a extração de flavonoi- Esta sensação ocorre devido
à precipitação, pelos taninos,
des presentes nas cascas e taninos nas sementes, confere cor e adstringência das proteínas presentes na
cavidade bucal.
ao suco, e os métodos devem ter temperatura, pressão e tempo que garan-
tam qualidade da extração.
No caso dos citros, temos óleos essenciais que são precursores aromáticos,
sendo recomendável 0,02% nos sucos. Concentrações superiores provocam
odores desagradáveis de oxidação de terpenos (limoneno, citral e sinensal) e
excesso de aroma. Nestes casos, deve-se eliminar o óleo com vapor d’água,
recuperar o óleo essencial e incorporá-lo ao suco, livre dos terpenos.
Comente sobre os parâmetros que devem ser avaliados na extração dos su-
cos de frutas.
Além das etapas citadas, a conservação dos sucos irá depender da adição
de substâncias ou etapas complementares, como veremos a seguir:
Essa mesma lei define néctar como produto com quantidade mínima de
polpa da fruta declarada, a qual deve ser no mínimo de 30% m/m (massa/
massa) para frutas com elevada acidez, conteúdo de polpa ou sabor o con-
teúdo mínimo é de 20% (m/m).
2.4 As infusões
As bebidas preparadas pela técnica de infusão possuem características orga-
nolépticas próprias e possuem importância socioeconômica no Brasil. Dentre
elas, iremos abordar o chá e o café, nesta aula conversaremos sobre o chá.
2.4.1 Chá
O chá é um arbusto que pertence à família das camélias, conhecido desde a
Antiguidade pelos orientais que acreditavam no seu grande poder de cura.
Escritos antigos revelaram que no século IV d.C., chineses passavam as fo-
lhas de chá pelo vapor e faziam uma pasta e a comiam cozida, temperada
com gengibre, cebola casca de laranja.
peneiragem
tostagem fermentação folhas verdes
classificação
O chá verde, aquele que não passa por fermentação, possui uma classifica-
ção diferenciada, seguindo também a classificação chinesa (Quadro 2.3.),
entretanto, leva-se em consideração a preparação e origem das folhas.
Grande Pérola -
Resumo
Nesta aula, definimos bebidas alcoólicas e não alcoólicas como bebidas com
concentração de etanol superior a 0,5% e inferior a este valor, respectiva-
mente. Com relação às bebidas alcoólicas, vimos que o álcool potável é sem-
pre obtido por fermentação alcoólica por meio da ação de microrganismos
Atividades de aprendizagem
a) Filtração
b) Centrifugação
c) Decantação
d) Peneiramento
a) Pekoe
b) Suchong
c) Congons
A partir do século XVII, o café passou a ser a bebida mais apreciada na Eu-
ropa e passou a fazer parte dos hábitos europeus, apreciado por reis, nobres
e celebridades.
3.1.1 Matéria-prima
O café (Figura 3.1) possui diversas espécies, porém, apenas quatro são cultiva-
das com destaque comercial dos grãos de café: Coffea arabica (café arábica),
Coffea canephora (café Robusta ou Conillon), Coffea libérica e Coffea excelsa.
Polpa
(mesocarpo)
Pergaminho
(endocarpo)
Película
Casca prateada
(epiderme)
Embrião
Grão
A cultura do café tem início com o preparo das mudas com cuidadosa sele-
ção das melhores sementes, sendo plantado por meio destas mudas.
No Brasil, existem diversas
pesquisas de melhoramento
O plantio é realizado com espaçamento para permitir o crescimento dos ar- genético, sendo realizadas para
produzir plantas com maior
bustos, o trabalho de manutenção da lavoura, do solo e da colheita As áreas produtividade e resistência ao
ataque de pragas e intempéries
de plantio são as mais nobres e a cultura emprega muita mão de obra por
exigir cuidados durante todo o ano O cafezal começa a produzir após 2 anos
de plantio e dura mais de 25 anos, entretanto, as maiores safras são as cinco
primeiras As melhores bebidas são elaboradas com grãos colhidos maduros
e com maior homogeneidade, em lavouras de altitude, clima moderado e
seco durante a colheita, insolação e vento moderado
As misturas são realizadas, em sua maioria, com os grãos crus, podendo ser
realizada com os grãos torrados.
As indústrias possuem
blends próprios que devem
O processo de torra permite intensificar os atributos de aroma e sabor de ser reproduzidos ano a ano,
tornando-se um segredo
cada tipo de grão Neste processo, tempo e temperatura são responsáveis pe- industrial e fidelizando clientes.
las mudanças na composição e coloração dos grãos (Figura 3.2), sendo a tem-
peratura média de 220ºC e o tempo variando de 12 a 15 minutos Como vimos
anteriormente, o grão cru possui 12% de umidade, enquanto o grão torrado,
por lei, deve ter no máximo 6%, porém, a indústria trabalha com umidade
próxima a 3% apesar da perda de rendimento Além disso, o grão verde apre-
senta uma complexidade aromática que aumenta consideravelmente com a
torrefação Muitos compostos presentes na semente são precursores aromáti-
cos, ou seja, vão gerar novas substâncias importantes para o aroma e sabor da
bebida A torra pode ser clara, média ou escura (Quadro 3.1.).
Menor acidez, acentuado sabor e cor Coador de pano ou filtro de papel, maior
Escura
mais intensa. economia.
O café não deve recircular, ou seja, retornar para uma nova extração como
descrita anteriormente, para evitar que fique amargo, áspero e desagradá-
vel, o que também acontece se o tempo de contato com a água for muito
longo O pó de café não deve ser reaproveitado para que a bebida não apre-
sente defeitos de aroma e sabor.
O café pode ser preparado de diversas formas, desde as caseiras até prepara-
ções sofisticadas realizadas por baristas experientes que utilizam o grão seco
e o submetem à torra e moagem adequada para o tipo de preparação que
irão realizar Veja as formas de preparação do café.
a b
Características Extração
café ideal Subextraído Superextraído
Marrom claro com espessura Esbranquiçado, pouco espesso Marrom-escuro com uma
Creme
de 3 a 4 mm e consistente. e com bolhas. mancha branca.
Adocicado, encorpado e
Sabor Fraco, sem sabor. Forte, amargo e adstringente.
persistente.
3.2 Os refrigerantes
Bebida conhecida mundialmente, os refrigerantes fazem parte das bebidas refres-
cantes que geralmente possuem concentrações variáveis de sucos de frutas.
• Carvão ativo: carvão mineral com grande área de contato que promove
a remoção de substâncias indesejadas por adsorção iônica.
3.2.2 Legislação
A Lei no 8.918 de julho de 1994 dispõe sobre as bebidas e define refrigerante
como “bebida gaseificada, obtida pela dissolução em água potável de suco
ou extrato vegetal de sua origem, adicionada de açúcares” Além disso, o
refrigerante deverá sempre ser saturado de gás carbônico industrialmente
puro Todo refrigerante é considerado bebida não alcoólica, como visto ante-
riormente pode conter até 0,5% de etanol.
Resumo
Nesta aula, vimos que o café é uma cereja originária do Oriente Médio e que
os árabes foram os primeiros a transformar estas cerejas em uma bebida es-
timulante devido à presença da cafeína As sementes dessa cereja passaram
a ser beneficiadas realçando sabores e aromas por meio de torra e moagem
Vimos também que a bebida pode ser elaborada por infusão e decocção
Conhecemos um pouco sobre a elaboração dos refrigerantes, bebida refres-
cante, obtida pela saturação de gás carbônico em um xarope concentrado
de sacarose em água com flavorizantes e conservantes.
Atividades de aprendizagem
4. Conceitue refrigerantes.
Objetivos
4.1 Fermentação
Ao longo da história, a fermentação foi um dos fenômenos que mais desper-
tou curiosidade no homem, uma vez que proporcionava alterações perceptí-
Na área da fermentação,
veis na matéria-prima, trazendo benefícios aos alimentos e bebidas por meio a maior parte dos estudos
realizados mundialmente
de alterações gustativas e aromáticas e aumento da conservação. foi relacionada à
fermentação alcoólica.
A fermentação é um processo de transformação de uma substância em ou-
tra mais simples a partir de microrganismos, tais como leveduras e bactérias.
Essa transformação bioquímica, que ocorre em produtos de origem animal e
vegetal, é responsável por inúmeros produtos que consumimos diariamente.
As leveduras e bactérias liberam enzimas que crescem o pão e transformam
suco de uva em vinho, produzem diversas substâncias químicas e antibióticos
por meio do controle das condições de fermentação. Da transformação que
ocorre em aerobiose se obtém vinagre e ácido cítrico. Já da transformação por
anaerobiose ocorre a obtenção de cerveja, vinho, iogurte, penicilina etc. Desta
forma, muitos desses microrganismos são considerados aeróbios facultativos.
4.2 A cerveja
A cerveja é a bebida fermentada mais popular e sua história se confunde
com a própria história da humanidade. Atualmente, no Brasil, o consumo
per capita é próximo de 48 L/ano, sendo superior ao leite (11L/ano).
Quanto à cor
cerveja sem álcool < 5% v/vb de álcool, não sendo obrigatório declarar no rótulo o teor alcoólico
cerveja com álcool ≥ 5% v/v de álcool, devendo obrigatoriamente declarar no rótulo o teor alcoólico
cerveja puro malte 100% p/p de malte de cevada como fonte de açúcar
Quanto à fermentação
a: peso/peso; b: volume/volume
4.2.1 Matéria-prima
A fabricação da cerveja em qualquer lugar do mundo, como na Alemanha,
é realizada com três ingredientes básicos e adjuntos. Entretanto, a cerveja é
uma bebida muito versátil que permite muitas variações em função da pro-
porção dos ingredientes, do grau de maltagem do cereal, o tipo de lúpulo e
de fermentação, temperatura e duração das etapas do processo e as formas
de armazenamento e envase.
4.2.1.1 Malte
A cevada, cereal que apresenta maior facilidade na maltagem (Figura 4.2) é
componente obrigatório da cerveja, mas às vezes pode ser acrescida de ou-
tros cereais (trigo, aveia, arroz e milho), embora mais difíceis de maltar. Além
da facilidade de maltagem, a cevada apresenta características que a tornam
mais adequada para produção de cerveja, quais sejam:
características próprias.
4.2.1.2 Lúpulo
O lúpulo é utilizado em pequena quantidade na fabricação da cerveja, de 40
g a 300 g para 100 L de produto final. O lúpulo, ao contrário do malte, não
altera o teor alcoólico da cerveja, sua presença é fundamental para o amar-
gor típico da bebida. Além disso, possui notas aromáticas – floral, frutado,
herbáceo e condimentado – essencial para muitos estilos de cerveja.
4.2.1.3 Água
A água é o principal ingrediente para a qualidade do produto final, uma
vez que representa 90% da cerveja, mesmo as de maior concentração. No
passado, a qualidade da água foi um grande diferencial de qualidade para
a cerveja, entretanto, nos dias atuais são produzidas cervejas de excelente
qualidade até com água desmineralizada.
4.2.2 Elaboração
A elaboração da cerveja pode ser dividida em três etapas. Para um melhor
entendimento, veja a seguir quais são elas.
4.2.3.3 Maturação
A maturação ocorre em temperatura inferior à fermentação para que acon-
teçam reações físico-químicas que conferem maior qualidade ao aspecto
visual e que produzem alguns aromas e sabores, é o “afinamento” da cer-
veja. Nessa etapa, a carbonatação natural da cerveja ocorre como efeito da
contrapressão exercida pelo próprio tanque de maturação pelo restante do
gás carbônico produzido durante a fermentação. A temperatura mais baixa
favorece a complexação de proteínas e polifenóis, contribuindo com a etapa
de clarificação.
4.2.3.5 Acondicionamento
Após a carbonatação, a cerveja é acondicionada em tanques pressurizados
com temperatura de 0o a 1ºC. A pressurização dos tanques garante a con-
Resumo
Objetivos
A inspiração para produção desses novos vinhos veio do Velho Mundo, nota-
damente do “trio de ferro” da França (Bordeaux, Borgonha e Champagne).
As uvas originárias dessas regiões foram disseminadas e cultivadas em várias
regiões do mundo, passando a exibir um caráter que refletia o seu novo ha-
bitat, e produzindo vinhos diferentes, varietais e com personalidade própria.
a) Uvas americanas: grupo das uvas de mesa e híbridas que, segundo a nos-
sa legislação, serão utilizadas para os vinhos de mesa, com designação
“vinho de mesa” obrigatória no rótulo.
b) Uvas europeias: grupo das uvas viníferas que, segundo a nossa legisla-
ção, serão utilizadas para a elaboração de vinhos finos, com designação
“vinho fino” obrigatória no rótulo.
Como vimos anteriormente, existem muitas uvas viníferas e cada uma possui
características próprias e marcantes que se pronunciam quando bem cultiva-
das independentemente das condições edafoclimáticas, ou seja, associação
do clima, solo, manejo do parreiral e localização do vinhedo. A seguir, vere-
mos alguns exemplos.
A colheita das uvas é o primeiro passo para a elaboração dos vinhos, de-
vendo ocorrer conforme a designação do enólogo que considera condição
climática e estado de maturação. A uva apresenta a maturação tecnológica
(razão entre a concentração de ácidos e açúcares) e a fenólica (composição
dos compostos fenólicos). Além disso, pode ser realizada uma colheita pre-
coce (Figura 5.3) no estado de maturação (Figura 5.4) e tardia (Figura 5.5),
cada uma com características diferenciadas para o vinho. Por exemplo, a
colheita precoce confere ao vinho acidez, baixo teor alcoólico e aromas ve-
getais, e a colheita tardia confere menor acidez, teor alcoólico mais elevado
e aromas de frutas em compota.
Componentes Características
Resumo
Nesta aula, vimos que o vinho é uma bebida obtida apenas por fermen-
tação de uvas ou suco de uvas. Vimos que os vinhos finos são elaborados
com uvas Vitis viniferas e seguem as etapas genéricas: vindima, desenga-
ço, prensagem, fermentação, clarificação, estabilização, armazenamento e
engarrafamento. Porém, existem etapas que possibilitam a elaboração de
vinhos brancos e tintos, como a maceração pré-fermentativa e a fermenta-
ção maloláctica, respectivamente. Vimos também que os vinhos rosados e
espumantes são elaborados de forma específica para que sejam diferencia-
dos. Para os rosados, coloração de vinho tinto e características gustativas e
olfativas de vinhos brancos, e para espumantes, gás carbônico aprisionado
conferindo refrescância.
Atividades de aprendizagem
Objetivos
6.2.1 Rum
Considerado a bebida fermento-destilada mais antiga, o rum é produzido
mundialmente (Alemanha, França, Reino Unido, Austrália, Tailândia, Filipinas
e Estados Unidos). Entretanto, historicamente os países caribenhos são os
principais produtores.
6.2.2 Tequila
Bebida destilada, típica do México, obtida pela fermentação de agave, segui-
da de destilação que eleva o teor alcoólico a percentuais entre 36% e 54%
em volume.
O Agave sisalana (Figura 6.1) é uma planta originária do México, da qual são
colhidas as pencas sem folhas. O material colhido é amargo e picante, mas
após ser submetido À hidrolise, por aquecimento com vapor direto por 20
horas, e prensado, obtém-se um líquido doce com mais de 20% de açúcar.
Este líquido é fermentado em dornas por 3 a 5 dias e destilado para obten-
ção de uma bebida com graduação alcoólica entre 45º e 50ºGL que pode ser
engarrafada com ou sem envelhecimento.
• Cortado tipo escocês (blended scotch type whisky) – obtido pela mistura
mínima de 30% de uísque de malte, cevada maltada (total ou parcial-
mente) com destilado alcoólico simples de cereais envelhecido ou álcool
etílico potável.
6.2.8.5 Destilação
O fermentado é constituído de etanol, água e de congêneres, como ácidos,
álcoois, ésteres, compostos carbonilados, fenóis, hidrocarbonetos, compos-
tos nitrogenados e sulfurados, açúcar e outros. Entretanto, a aguardente é
composta por uma mistura de álcool, água e impurezas voláteis (produtos
secundários da destilação).
6.3.1 Vodca
A vodca é uma bebida destilada, elaborada a partir de cereais (trigo, aveia
e cevada) ou tubérculos (batata e beterraba). Entretanto, os tubérculos têm
a desvantagem de gerar uma quantidade maior de resíduos a ser removida.
Segundo a legislação brasileira vigente, deve apresentar graduação alcoólica
A vodca originária da
de 36 a 54% em volume a 20ºC. Europa Ocidental é
obtida pela destilação de
mosto de trigo até uma
Na sua produção, a destilação é seguida de retificação com remoção de subs- concentração de álcool
de 75% em volume,
tâncias voláteis indesejáveis, aumentando a graduação alcoólica e filtração, filtrada em carvão ativo
opcional, em filtros de carvão ativo como forma de diminuir as características e diluída com água até
a graduação alcoólica
aromáticas e gustativa da matéria-prima. Além disso, a bebida pode ser adicio- de engarrafamento,
aproximadamente 50%.
nada de aromatizantes naturais de origem vegetal e açúcares até 2g/L. Esse destilado não possui
sabor pronunciado,
apenas ardente pelo
6.3.2 Gim elevado teor alcoólico.
O gim é uma bebida de origem holandesa que data do século XVII, sendo Quando aromatizado
com ervas (zubrowka) na
definida como uma aguardente de cereais de elevada pureza, não envelheci- região de origem, passa
a ser conhecida como
da e aromatizada com bagas de zimbro, fruta que cede óleos essenciais que Zubrowka.
levam à caracterização sensorial do destilado.
Resumo
Atividades de Aprendizagem
BECK, H. et al. A arte e a ciência do serviço. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 2005.
BERNARDO, E. A arte de degustar vinhos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2006.
FRANCO, Maria Regina Bueno. Aroma e sabor de alimentos: temas e aulas. São Paulo:
Livraria Varela, 2003.
KEEVIL, S. Guia ilustrado zahar vinhos do mundo todo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editora, 2008.
MONTEIRO, R. A.; COUTINHO, J. G.; RECINE, E. Consulta aos rótulos de alimentos e bebidas
por freqüentadores de supermercado em Brasília, Brasil. Rev. Panam Salud Publica, v.
18, n. 3, p. 172-177, 2005.
Tecnologia de Bebidas
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Universidade
Federal Rural
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