Lição 4 - Perseverando Na Fé
Lição 4 - Perseverando Na Fé
Lição 4 - Perseverando Na Fé
PERSEVERANDO NA FÉ
Texto áureo
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Distinto Amigo Leitor, convido-vos mais uma vez a estar receptivo ao estudo
de nossa Lição, estimulando-se a perseverar na fé.
Aqui é o lugar onde as ideias devem fluir não para proveito próprio, mas para
o crescimento do Reino de Deus, no que diz respeito ao ensino salutar e sistemático
da Palavra de Deus.
1
I – INTERPRETANDO A PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO
Como esta Parábola não é tão extensa, iremos reproduzi-la por inteiro para
melhor entendimento de suas partes, personagens e elementos constitutivos. Ei-la:
“Havia numa cidade um certo juiz”, disse, “que nem a Deus temia, nem
respeitava homem algum. Havia também naquela mesma cidade uma certa viúva e
ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. E, por algum
tempo, não quis; mas, depois, disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem
respeito os homens, todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça,
para que enfim não volte e me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o
injusto juiz. E Deus não fará justiça aos Seus escolhidos, que clamam a Ele de dia e
de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça.”
(Lucas 18.2-8.)
Destarte, tal como pensa Barclay, esta parábola é parecida com a parábola
do amigo à meia-noite. Não se assemelha Deus a um juiz injusto, mas sim assinala
um contraste, como já vimos na lição passada. Com esta parábola Jesus quis dizer:
“Se, afinal, um juiz injusto e voraz pode cansar-se e fazer justiça a uma viúva,
quanto mais Deus, que é Pai amorável, dará a seus filhos o que necessitam?”
2
2. O juiz.
Este juiz, obviamente, não era um juiz judeu. Como nos informa Barclay:
“Todas as disputas comuns entre os judeus eram levadas diante dos anciãos e não
diante dos tribunais públicos. Se, sob a lei judaica, apresentava-se um assunto para
ser arbitrado, o tribunal não podia ser constituído por um só homem”. E acrescenta:
Havia sempre três juizes, um eleito pelo demandante, outro pelo defensor e
outro eleito independentemente. O juiz da parábola era um desses
magistrados pagos escolhidos por Herodes ou pelos romanos. Esses juízes
eram famosos. A não ser que o demandante tivesse influências e dinheiro
para comprar o veredicto não podia ter esperança de que sua causa se
solucionasse. Dizia-se que pervertiam a justiça por um prato de carne. O
povo fazia jogos de palavras com seu título. Oficialmente eram chamados
Dayyaneh Gezeroth, que significa juízes, de proibições ou castigos, mas
popularmente eram conhecidos como Dayyaneh Gezeloth, que significa
juízes ladrões.
3. A viúva.
Como argumentam alguns estudiosos, era muito possível que o que o juiz
temesse, ao cabo de tudo, fosse a violência física daquela infeliz mulher, isto posto
porque para alguns expoentes da língua grega, a expressão traduzida por “me
incomoda”, “ὑπωπιάζῃ με” no versículo 5, significa literalmente “não seja que me
deixe um olho rocho, ou esmurre-me um olho”. Assim, eles tomam a palavra ipsis
verbis e assumem que o juiz, ironicamente, expressa o medo de que ela, de fato,
venha lhe atacar.
1
Ipsis verbis, esta expressão francesa significa: “quebrar minha cabeça”, contudo ela é mais usada
em sentido figurado.
3
figurado, a “me importuna, me molesta”. É interessante que este mesmo vocábulo
aparesse, apenas, mais uma vez em I Co 9.27: “ὑπωπιάζω μου τὸ σῶμα”,
significando “esmurro o meu corpo”, “trato o meu corpo duramente”, isto é, com o
sentido de subjulgá-lo ou controlá-lo completamente, sem que o faça dano aulgum
material. De qualquer forma, no final, sua insistência obteve o que ela desejava, sem
o uso da força física.
4. O caso e a perseverança.
Em Lucas 18.4, assim está escrito: “E, por algum tempo, não quis”. Destarte,
depreende-se com este versículo, que aquele juiz, continuou renitente para atender
àquela mulher, por certo tempo propositalmente.
4
II – A BONDADE DE UM DEUS JUSTO
1. Deus é bom.
Em Mateus 7.11, entre linhas, temos esta verdade de que Deus é bom: “Se
vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso
Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem”?
Logo, neste texto, Cristo nos mostra o coração do Pai. Deus não é egoísta ou
avarento, nem concede, tampouco, algo com relutância ou má vontade. Assim, se os
homens podem ser bondosos, imagine quão amável e generoso é o Criador. É o que
esta parábola nos ensina.
2. Deus é justo.
Deus apoia nossa causa justa; Ele é o nosso Vindicador, aquele que nos
defende e justifica diante dos outros. Podemos enfrentar muitas injustiças nesta vida.
De fato podemos:
5
3. Deus assume a nossa causa.
O “caminho dos ímpios” será frustrado pelos planos de Deus. Isso porque os
valores dEle são o oposto dos valores da sociedade. Jesus inverteu a lógica
mundana ao informar que, no Reino de Deus, “Muitos primeiros serão derradeiros, e
muitos derradeiros serão primeiros” (Mt 19.30); “Aquele que quiser salvar a sua vida
perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á” (Mt 16.25).
Não fique surpreso quando outros não compreenderem seus valores cristãos;
portanto, não ceda nem admita que os valores dos ímpios façam parte de sua vida.
1. Oração.
Mas o que é oração? Bem, deixe-me valer das palavras de Gordon Lindsay:
“orar não é um recurso extremo a que alguém recorra em uma emergência. Orar é
parte integrante da nossa vida cotidiana.”2
2
LINDSAY, Gordon. Oração que transporta montes, Rio de Janeiro, 2002.
3
IBIDEM.
6
Isto é certo, mas devemos lembrar sempre que não há razão para esperar
obter tudo o que pedimos em oração. Muitas vezes um pai tem que negar o
pedido de seu filho, porque sabe que o que pede o machucará em vez de
ajudá-lo. Deus é assim. Não sabemos o que vai acontecer na próxima hora,
ou na semana seguinte ou em um mês, ou em um ano. Só Deus vê o tempo
em sua totalidade, e, portanto, só ele sabe o que é bom para nós à prazo.
Esta é a razão pela qual Jesus disse que não devemos nos desalentar ao
orar. Esta é a razão pela qual duvidava se a fé do homem suportaria a longa
espera antes de que o Filho do Homem chegasse. Não nos cansemos de
orar e nunca nos faltará a fé, se depois de haver devotado a Deus nossas
orações e pedidos, agregamos a oração perfeita: que se faça sua vontade.
2. Perseverança
4
BAILEY, Kenneth. Poet & Peasant and Through Peasant Eyes, 1976, William B. Eerdmans Pub. Co.
7
não significa o espírito que resiste passivamente, mas sim vence e conquista
ativamente as provações e tribulações da vida. Barclay exemplifica este significado
com alguns exemplos:
Foi justamente o que fez aquela viúva: perseverou até o fim, e como paga,
recebeu o que esperava – a resposta positiva daquele injusto juiz. Na verdade
aquela viúva nos dá um grande exemplo de resistência frente à provação. É
justamente o termo utilizado na Bíblia em Espanhol Santa Bíblia Reina Valera
Conteporánea – RVC, no texto de Rm 5.3 e 4: (v. 3) “[...] que los sufrimientos
producen resistencia”; (v.4) “la resistencia produce un carácter aprobado [...]”.
3. Fé.
Ao vivermos pela fé, nunca devemos desistir. Deus pode demorar em nos
responder – em nossa ótica, mas essa “demora” sempre tem boas razões. Quando
perseveramos em oração com fé, crescemos em caráter, fé e esperança. A Bíblia
nos diz que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6) .
8
Aquela viúva não temeu uma resposta negativa ou dura daquele injusto juiz,
mas insistiu naquilo que acreditada, pondo a sua fé em ação e firmeza de espírito.
Assim, deve ser a nossa atitude: temos que ter uma postura diante das provações
que, ao cabo de tudo, venha nos proporcionar aquilo que almejamos.
CONCLUSÃO
Destarte, como bem escreveu o Salmista e Rei Davi: “Eu, porém, clamo a
Deus, e o Senhor me salvará. À tarde, pela manhã e ao meio-dia choro angustiado,
e ele ouve a minha voz” (Salmos 55. 16,17).
Outro sim, devotemos ao Senhor Bom Deus este lindo coro extraído do hino
de número 88 da nossa Harpa Cristã.