M21 - Medidas e Diluição de Drogas
M21 - Medidas e Diluição de Drogas
M21 - Medidas e Diluição de Drogas
FARMACOLOGIA 2016
Arlindo Ugulino Netto.
Os fármacos geralmente estão disponíveis no mercado na forma de solventes que os contém como solutos.
Lembre-se que, em Química, o termo “concentração” (C) diz respeito à razão entre a quantidade ou a massa de
uma substância e o volume do solvente em que esse composto se encontra dissolvido (C= massa/volume). Em análises
clínicas, assim como na farmacologia, são usadas variações como g/100ml, g/100 cm³ ou g/dL ou ainda mg/mL.
MEDIDAS
O sistema de medidas usado na diluição de medicações é o sistema métrico. As unidades básicas de
mensuração mais utilizadas são:
Litro: Unidade de volume. Em nossa prática relacionada à medicação iremos usar o litro ( l ) e mililitros ( ml ) ou
centímetro cúbico.
Grama: Unidade de peso. Ao falarmos em substâncias secas, como comprimidos ou pós, usaremos:
Grama - (g).
Miligrama - (mg).
Micrograma - (µg).
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OBS : Os prefixos derivados do Latim dão o nome às subdivisões da unidade básica:
Deci: 1/10 ou 0,1.
Centi: 1/100 ou 0,01.
Mili: 1/1000 ou 0,001.
Micro: 1/1000.000 de uma unidade.
MEDIDAS E PADRÕES
As seguintes medidas também são usadas quando se quer preparar e administrar medicações. Então, é
necessário conhecer suas equivalências no sistema métrico:
01 Colher de café = 3 ml (3 g)
01 Colher de chá = 4 - 5 ml (4 a 5 g)
01 Colher de sobremesa = 8 - 10 ml (8 a 10 g)
01 Colher de sopa = 15 ml (15 g)
01 ml = 20 gotas
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OBS : Esta classificação é feita tendo como referência o plasma sanguíneo que tem a osmolaridade entre 275 e 295.
a) Solução Isotônica: é a solução que tem a mesma concentração (osmolaridade) do plasma sanguíneo, assim,
expande o compartimento intravascular sem afetar o compartimento intercelular e intersticial.
Ex.:
1) Solução de Glicose a 5% (260 mOsm)
2) Solução de Cloreto de sódio a 0,9% (308 Osm).
3) Ringer lactato (275 mOsm.)
b) Solução Hipertônica: tem uma concentração de solutos maior que a do plasma, assim, aumenta a
osmolaridade do sangue retirando líquidos do compartimento intracelular e intersticial para o compartimento
intravascular.
Ex.:
1) Soro glicofisiológico (560 mOsm)
2) Soro glicosado a 10%
c) Solução Hipotônica: tem uma concentração de solutos menor que a do plasma assim diminui a
osmolaridade do sangue e retira líquido do compartimento intravascular para o compartimento intracelular e
intersticial.
Ex.:
1) Solução de Cloreto de sódio a 0,3% (103 mOsm)
2) Solução Glicosada 2,5% (126 mOsm)
3) Solução de Cloreto de sódio a 0,45% (154 mOsm)
Em proporção:
Exemplo 1: 1:10 - Significa 1 parte de soluto (em g) em 10 partes de solvente (em ml).
Exemplo 2: Permanganato de Potássio 1:20.000 1 g de KMnO4 em 20.000 ml (20 litros).
Exemplo 3: Adrenalina 1:1.000 = 1g de adrenalina em 1000ml da solução = 1mg/ml; Adrenalina 1:10.000 = 1g de
adrenalina em 10.000ml da solução = 0,1mg/ml (apresentação obtida a partir da diluição de uma ampola de 1
mg/ml com 9 ml de água destilada, que é muito realizado na prática).
Terceiro passo:
Montamos agora a regra de três simples:
100 ____10
1000 _____ x
2. Quantos gramas de Glicose o paciente recebe nas 24 horas se o mesmo está recebendo SG 5% - 1000 ml de
8/8 horas?
SG 5% -- 5g glicose em 100ml
Em 1000ml de SG 5% temos 50g Glicose
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3. Como determinamos a porcentagem da apresentação de solução na qual um litro contém 25 gramas de soluto?
Primeiro passo:
Em 1 litro = 1000 ml
Segundo passo:
Em 1000 ml _____ 25 gramas de soluto
Em 100ml ___________________ Z
Segundo passo:
- Prescrição médica: SG 10% -- 500ml
- Sabemos que no SG 10%, temos 10 gramas de Glicose em 100ml, e que em 500ml teremos:
10 g ________ 100 ml
X _______ 500 ml
X= 50 g
Terceiro passo:
- Temos ampolas de 20ml de Glicose, hipertônica, à 50%.
- Sabemos que na ampola de Glicose à 50% temos 50 gramas de glicose em 100ml. Assim, para
descobrirmos quanta glicose existe na ampola de 20ml:
50g ______100ml
Y ______ 20 ml
- Então: Vemos que cada ampola de Glicose a 50% (com 20ml) tem 10 gramas de glicose. Mas precisamos de
25 gramas para completar a dose necessária!
Quarto passo:
-Temos que: 20 ml de Glicose a 50% 10 gramas
ou
1 ampola de 20 ml 10 gramas.
- Então:
20 ml ______10 g
Z _______ 25 g
Resposta: Precisamos então de 2 ampolas e meia de Glicose hipertônica ou 50ml. Assim acrescentando 50ml de
Glicose à 50% no frasco de SG 5% estaremos atendendo a prescrição.
Segundo passo:
- Precisamos calcular quantos gramas de NaCl há em 500ml de uma solução a 0,45%.
100 ml _____ 0,45 g NaCl
500ml _____ y
- Assim, em 500ml de solução de NaCl a 0,45% temos 2,25g de NaCl. Então vamos precisar só de 2,25 gramas
de Cloreto de Sódio das 4,5 gramas que temos no frasco de 500ml, que corresponde a metade.
Terceiro passo:
500 ml 4,5 gramas de NaCl
Z ml 2,25 gramas de NaCl
Z = 500 x 2,25
4,5
Z = 250 ml
- Então em 250ml de SF 0,9% temos 2,25 gramas de NaCl que vamos desprezar. Esse valor corresponde a
metade do volume do frasco.
Quarto passo:
- Vamos acrescentar água bidestilada para completar os 500ml de SF 0,45%. Tínhamos 500ml de SF,
desprezamos 250 ml . Precisamos agora saber quantas ampolas de água bidestilada de 20ml precisamos para
completar:
1 ampola 20 ml
W ampolas 250 ml
W = 12,5, ou 12 ampolas de 20 ml + meia ampola.
DILUIÇÃO DE MEDICAMENTOS
Certos medicamentos são apresentados em concentrações maiores que a prescrição médica. Será necessário
então diluir para obter a dose prescrita.
Ex: A Cefalotina Sódica (Keflin®), um antibiótico do grupo das cefalosporinas, é apresentado em frascos de 1 grama. A
prescrição médica é de 500 mg à cada 6 horas via intramuscular. O diluente para a solução é água bidestilada 4 ml.
- Quanto da solução deverá ser ministrada? Sabendo que 1 g = 1000 mg, temos:
1000 mg ____ 4 ml
500 mg ____ X
X = 2 ml de cefalotina.
OBS: Os 500mg que restaram no frasco devem ser devidamente identificados para uso futuro, se possível e necessário.
Deve-se escrever no frasco: Nome da medicação; Dose do frasco; Identificar como foi diluído; Quantos mg/ml; Quanto
restou; Data; Horário; Responsável; Observar a estabilidade/validade da solução no DEF ou na bula.
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Além disso, como se sabe, cada fármaco apresenta uma determinada posologia que somente através da qual,
ele é capaz de realizar sua atividade desejada. Pode-se observar os seguintes tipos de grandezas posológicas:
Desta forma, para prescrever tais fármacos em pediatria, se faz necessário determinar a quantidade de fármaco
em ml que deve ser administrada para alcançarmos os valores desejados do princípio ativo em mg previamente
calculados com relação ao peso da criança. Para isso, o seguinte algoritmo pode ser utilizado:
2. Identificar a posologia adequada de ação do fármaco. Devemos ter em mente a dosagem correta por meio
da qual o fármaco realiza seu mecanismo de ação.
Ex: Amoxicilina 50mg/kg/dia (V.O. de 8/8h) significa dizer que a posologia mínima para que a amoxicilina
realize sua função antibacteriana é de 50mg para cada kg do paciente, o que pode ser dividido em três tomadas
diárias via oral (de 8 em 8 horas).
3. Identificar o peso do paciente. Passo fundamental para calcular, lançando mão de uma multiplicação simples,
a quantidade ideal de fármaco em mg para um determinado paciente. É justamente o resultado dessa
multiplicação que deve ser administrada diariamente ou por dose, a depender da unidade posológica utilizada.
Ex: Paciente com 30kg.
Sabendo que a posologia da Amoxicilina é de 50mg/kg/dia, temos:
50mg x 30kg = 1500mg de Amoxicilina por dia.
4. Determinar quantos ml da solução são necessários para obter o valor de mg previamente calculado.
Como vimos, cada fármaco possui uma apresentação farmacêutica particular. Sabendo os valores dessa
apresentação e a quantidade de mg do fármaco necessárias ao paciente com relação ao seu peso, devemos
fazer uma “regra de 3 simples” com tais valores.
Ex: Sabendo que a Amoxicilina solução oral tem 250mg/5ml (ou 50mg/ml), e que o paciente com 30kg necessita
de 1500mg por dia de Amoxicilina, quantos ml serão necessários para esse paciente?
50mg de Amoxicilina ______________ 1 ml
1500mg de Amoxicilina ____________ x ml
x = 1500mg/50mg x = 30ml
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OBS : A partir dos dados obtidos nos passos previamente seguidos, podemos lançar mão de uma fórmula que facilite o
cálculo da dose em ml dos fármacos:
Para a grandeza “mg/kg/dia”:
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OBS : Analisando todos os dados vistos até aqui e as fórmulas propostas, podemos desenvolver um “macete” que
facilita o cálculo da dose em ml: se o valor absoluto da posologia do fármaco for igual ao valor absoluto da apresentação
farmacêutica do mesmo, a dose em ml do fármaco a ser administrada por dia será o mesmo valor absoluto do seu peso
(e dessa forma, para calcular as doses em ml, basta apenas dividir o valor do peso do paciente pelo número de tomadas
diárias). Dessa forma, temos:
Se a apresentação da Amoxicilina suspensão oral é de 250mg/5ml (que corresponde a 50mg/ml) e sua
posologia é de 50mg/kg/dia, um paciente com 30kg deve fazer uso de 30ml de Amoxicilina por dia. Sabendo que
devemos administrar a Amoxicilina de 8/8 horas, temos:
30kg = 30ml/dia ÷ 3 tomadas = 10ml de Amoxicilina de 8/8h.
Se a apresentação da Cefalexina suspensão oral é de 250mg/5ml (que corresponde a 50mg/ml) e sua posologia
é de 50mg/kg/dia, um paciente com 20kg deve fazer uso de 20ml de Cefalexina por dia. Sabendo que devemos
administrar a Cefalexina de 6/6 horas, temos:
20kg = 20ml/dia ÷ 4 tomadas = 5ml de Cefalexina de 6/6h.
a
Baseado no material “Medidas e Diluição de Drogas”, da Prof Maria Helena Larcher Caliri.