Dignotico Diferencial Da Telarca Precoce PDF
Dignotico Diferencial Da Telarca Precoce PDF
Dignotico Diferencial Da Telarca Precoce PDF
RESUMO
ABSTRACT
Objectives: to evaluate attributes of girls with isolated Premature Thelarche (PT) that could
help in the differential diagnosis with central precocious puberty (CPP). Methods: We studied
45 girls, 12m to 6 years old, who presented with isolated thelarche and were followed up
in the Pediatric Endocrinology Division of Universitary Hospital of Universidade Federal de
Minas Gerais. Results: Breast increase began before 24 months of age in 97.8% of the girls.
There was great variability in the parameters studied. Fifteen per cent of the girls presented
transient acceleration of growth velocity or bone age advancement, and some alterations in ul-
trasonographic parameters. These girls showed an intermediate pattern between PT and CPP.
Despite this no progression was observed in the puberty pattern during the median 13 months Instituição:
of follow-up. It was also observed that 33% of the girls under 4 years old presented pubertal Divisão de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das
Clínicas/ Departamento de Pediatria da UFMG;
LH levels after stimulus, but FSH levels were even higher and, none of them developed clinical Belo Horizonte, MG.
puberty. After GnRH stimulus, 100% of the girls presented high levels of FSH, which hardly sug-
Endereço para correspondência:
gests PT diagnosis. Conclusions: Clinical follow-up is necessary to the differential diagnosis Ivani Novato Silva
with CPP. GnRH stimulus test must be cautiously interpreted in girls before 4 years of age. A Depto de Pediatria da FM - UFMG
Av. Alfredo Balena, 190 s/267 - 2º andar
high predominant level of FSH after stimulus practically defines PT diagnostic. Belo Horizonte MG
CEP 30130 - 100
Key words: Precocious Puberty/ultrasonography; Gonadotropin-Releasing Hormone. E-mail: ivanins@medicina.ufmg.br
Tabela 1 - Dados hormonais de 45 meninas com TP, basais e após estímulo com GnRH1
1º exame 2º exame
Hormônios (mUI/ml) 1-3 anos (n=36) 4-6 anos (n=9) 1-3 anos (n=34) 4-6 anos (n=11)
basal 0,57 (0,3) 0,58 (0,3) 0,34 (0,3) 0,47 (0,3)
LH 30 minutos 6,24 (4,0) 2,8 (1,6) 4,82 (3,6) 3,82 (1,5)
60 minutos 5,23 (3,6) 2,3 (1,1) 4,11 (2,9) 3,44 (1,3)
basal 3,04 (3,1) 1 (0,39) 2,09 (1,7) 1,05 (0,7)
FSH 30 minutos 26,06 (11,3) 11,05 (9,5) 21,1 (12,5) 10,3 (6)
60 minutos 30,32 (14,8) 15,8 (13,2) 25,8 (13,8) 14,1 (9,3)
ESTRADIOL n=34 n=36
35,03 (22,8) 24,03 (9,4)
1
média (±DP); VR (ICMA): LH-basal < 1,9; após estímulo <5mUI/mL; FSH-basal < 3,3 mUI/mL; Estradiol: <20 pg/mL
Não foi observada diferença entre os valores de LH mamas, como regressão ou crescimento, durante um
basal ou máximo após estímulo, quando as meninas ano de acompanhamento, sendo que 6,7% das meni-
que apresentaram aceleração da VC ou avanço da IO nas apresentaram flutuação de tamanho. Embora a
foram comparadas às que não apresentaram essas presença de cistos ovarianos seja uma possível causa
alterações (p=0,13 e p=0,99, respectivamente). Os va- para essas flutuações durante o seguimento, não foi
lores de estradiol foram significativamente mais eleva- possível relacioná-las com cistos ao ultra-som ou ou-
dos nas que apresentaram essas alterações (p=0,045). tros sinais de estimulação estrogênica neste estudo,
Os resultados da avaliação ultra-sonográfica são como também relatado por outros autores.19
apresentados na Tabela 2. No entanto, foram observadas várias caracterís-
Nas duas avaliações realizadas, 6,7% das meninas ticas não esperadas para meninas com TP, em rela-
apresentaram ovários homogêneos (n=3), 44,4% ová- ção à maioria das publicações. Um percentual de-
rios microcísticos (n=20), 40% paucicísticos (n=18) e las (13%) apresentou aceleração da velocidade de
8,9% macrocísticos (n=4). O volume ovariano ou ute- crescimento, sem outros sinais de evolução puberal.
rino estava acima de 2DP da média para a idade em Esse achado está em desacordo com inúmeros rela-
20% das meninas, sem associação com os dados hor- tos que descrevem VC normal em meninas com TP
monais ou aparecimento de outros dados clínicos. e consideram este dado um dos pontos importantes
Não houve evidências de crescimento progressivo de para diagnóstico diferencial com PPC.3,20-22
ovários ou útero durante o período de observação. Observações semelhantes levaram à descrição,
por alguns autores, de um quadro intermediário
entre TP e PPC, caracterizado como “variante de
DISCUSSÃO telarca”.23-25 Essas meninas apresentariam carac-
terísticas parciais de uma e outra entidade, sem
A correta caracterização de meninas com TP é evoluírem para o quadro clássico de PPC. Nossa ob-
fundamental, porque seu diagnóstico implica ape- servação sugere que a aceleração transitória da VC
nas acompanhamento clínico, com a perspectiva pode acontecer em crianças com TP sem significar
de bom prognóstico em longo prazo, ao contrário PPC, visto que nenhuma delas com essa caracterís-
do seu principal diagnóstico diferencial, a PPC, um tica evoluiu para PPC após período mínimo de um
quadro evolutivo, com aceleração da VC e da matu- ano de acompanhamento. Sales et al. descreveram
ração óssea, que necessita de tratamento prolonga- valores intermediários de IGF-1 e da relação IGF-1/
do e oneroso, caso seja confirmado. IGFBP-3 entre meninas com TP e crianças pré-pube-
As 45 meninas estudadas apresentavam TP isolada, res e PPC, sugerindo um padrão diferente de funcio-
confirmada pelo acompanhamento durante no míni- namento do eixo GH-IGF-1 nessas crianças.26
mo um ano sem evolução clínico-laboratorial. Algu- Foi observada, também, idade óssea avançada
mas características clínicas dessas meninas sugerem em relação à IC em 15,5% das meninas, sem que se
fortemente o diagnóstico de TP isolada, como o apa- pudesse detectar aceleração concomitante da VC.
recimento das mamas antes de dois anos de idade. Os Esse dado está presente em alguns relatos da litera-
achados de estadiamento em M2-M3 ou crescimento tura18, mas não é consenso.22 O mais importante, no
unilateral também são frequentemente relatados.16-18 entanto, é que não foi encontrada aceleração pro-
Foram observadas alterações no tamanho das gressiva da idade óssea, um fator importante para
de caracteres sexuais, a velocidade de crescimento, 13. Salardi S, Orsini LF, Cacciari E, Partesotti S, Brondelli L, Cicognani
A, et al. Pelvic ultrasonography in girls with precocious puberty,
a idade óssea e o volume uterino ao ultra-som, é que
congenital adrenal hyperplasia, obsesity, or hirsutism. J Pediatr.
vai permitir caracterizar o quadro em estacionário ou 1988; 112: 880-7.
em regressão, no caso da TP, ou evolutivo, na PPC. O
14. Neely EK, Hintz RL,Wilson DM, Lee PA, Gautier T, Argente J, Stene
diagnóstico diferencial com a PPC deve ser criteriosa- M. Normal ranges for immunochemiluminometric gonadotro-
mente estabelecido, especialmente nas meninas com pin assays. J Pediatr. 1995; 127:40-6.
IC inferior a dois anos, antes da decisão terapêutica. 15. Neely EK, Hintz RL, Wilson DM, Lee PA, Stene M. Spontaneous
A observação clínica cuidadosa e a adequada orien- serum gonadotropin concentrations in the evaluation of preco-
tação aos pais pode evitar um longo tratamento, com cious puberty. J Pediatr. 1995; 127:47-52.
riscos para a criança, além de oneroso. Neste estudo, 16. Mills JL, Stolley PD, Davies J. Premature thelarche- natural history
apenas o achado de FSH muito elevado em relação and etiologic investigation. Am J Dis Child. 1981; 135:743-45.
ao LH, após estímulo com GnRH, esteve presente em 17. Verrotti A, Ferrari M, Marqese G, Chiarelli F. Premature thelarche: a
long- term follow-up. Gynecol Endocrinol. 1996; 10:241-7.
100% das meninas, podendo, na prática, sugerir forte-
mente o diagnóstico de TP e excluir PPC. 18. Ilicki A, Prager LA, Kaulin R, Kaufman H, Schachter A, Laron L.
Premature thelarche- Natural history and sex hormone secre-
tion in 68 girls. Acta Paediatr Scand. 1984; 73:756-2.
19. Stanhope R. Fluctuation of breast size in isolated premature the-
REFERÊNCIAS larche. Acta Pediatr Scand. 1988; 74:454-5.
1. Toumba M, Stanhope R. How can a child with premature sexu- 20. Teixeira RJ, Bordallo MAN, Silva VCG, Freitas JR, Dimetz T, Gazolla
al maturation be evaluated? J Pediatr Endocrinol Metab. 2007; HM, et al.Telarca Precoce Estudo clinico, hormonal e ultra-sono-
20:273-9. gráfico. Clin Pediatr. 1996; 20: 9-17.
2. Stanhope R. Premature thelarche: Clinical follow-up and indica- 21. Tenore A, Franzese A, Quattrim T, Sandomenico ML, Aloi G, Gallo
tion for treatment. J Pediatr Endocrinol Metab. 2000; 13:827-30.
P, et al. Prognostic signs in the evolution of premature thelarche 32. Wang C, Zhong CQ, Leung A, Low LCR. Serum bioactive follicle-
by discriminant analysis. J Endocrinol Invest. 1991; 14:375-81. stimulating hormone levels in girls whit precocious sexual deve-
22. Della Manna T, Setian N, Damiani D, Kuperman H, Dichtcheke- lopment. J Clin Endocrinol Metab. 1990; 70:615-9.
nian V. Premature Thelarche: Identification of clinical and labo- 33. Kulin HE, Reiter EO. Gonadotropins during childhood and ado-
ratory data for the diagnosis of precocious puberty. Rev Hosp lescence: A review. Pediatrias. 1973; 51:260-71.
Clin Fac Med S Paulo. 2002; 57:49-54. 34. Rosenfield RL. The ovary and female sexual maturation. In: Sper-
23. Stanhope R, Brook CCD. Thelarche variant: a new syndrome of ling MA, editor. Pediatric Endocrinology. Philadelphia: WB Saun-
precocious maturation? Acta Endocrinol. 1990; 123:481-6. ders; 1996: 329-85.
24. Garibaldi LR, Aceto Jr T, Collen W. The Pattern of gonadotropin 35. Bridges NA, Matthews DR, Hindmarsh PC, Brook CGC. Changes
and estradiol secretion in exaggerated thelarche. Acta Endocri- in gonadotrophin secretion during childhood and puberty. J En-
nol. 1993; 128: 345-50. docrinol. 1994; 141:169-76.
25. Volta C, Bernasconi S, Cisternino M, Buzi F, Furzetti A, Street ME, et 36. Herter LD, Golendziner E, Flores JAM, Becker Jr E, Spritzer PM.
al. Isolated premature thelarche and thelarche variant: clinical Ovarian and uterine sonography in healthy girls between 1 and
and auxological follow-up of 119 girls. J Endocrinol Invest. 1998; 13 years old: correlation of findings with age and pubertal status.
21:180-3. Am J Roentgenol. 2002; 178:1531-6.
26. Sales DS, Moreira AC, Camacho-Hubner C, Ricco RG, Daneluzzi 37. Bundscherer E, Freundl K. Die Uterusentwicklung im kindesal-
JC, Campos AD, et al. Serum insulin-like growth factor (IGF)- 1 ter. sonographische normalwerte und vergleich mit klinischen
and IGF-binding protein-3 in girls with premature thelarche. J zeichen der pubertären entwicklung. Ultraschall Klin Prax. 1992;
Pediatr Endocrinol Metab. 2003 july-aug; 16: 827-33. 7:32-6.
27. Rosenfield RL. Normal and almost normal precocious variations 38. Griffin IJ, Cole TJ, Duncan KA, Hollman AS, Donaldson MDC.
in puberal development premature pubarche and premature Pelvic ultrasound measurements in normal girls. Acta Paediatr.
thelarche revisited. Horm Res. 1994; 41:7-13. 1995; 84:536-43.
28. Winter JS, Hughes IA, Reyes FI, Faiman C. Pituitary-gonadal re- 39. Salardi S, Orsini LF, Cacciari E, Bovicelli L, Tassoni P, Reggiani A.
lations in infancy: 2. Patterns of serum gonadal steroid concen- Pelvic ultrasonography in premenercheal girls: relation to pu-
trations in man from birth to two years of age. J Clin Endocrinol berty and sex hormone concentrations. Arch Dis Child. 1985;
Metab. 1976; 42:679-86. 60:120-5.
29. Klein KO, Meric V, Brown-Dawson JM, Larmore KA, Cabezas P,Cor- 40. de Vries L, Horev G, Schwartz M, Philip M. Ultrasonographic and
tinez A. Estrogen levels in girls with premature thelarche compa- clinical parameters for early differentiation between preco-
red with normal prepubertal girls as determined by an ultrasen- cious puberty and premature thelarche. Eur J Endocrinol. 2006;
sitive recombinant cell bioassay. J Pediatr. 1999; 134:190-2. 156:891-8.
30. Partsch CJ, Heger S, Sippell WG. Management and outcome of 41. Fortes EM, Malerba MI, Luchini PD, Sugawara EK, Sumodjo L,
central precocious puberty. Clin Endocrinol. 2002; 56:129-48. Ribeiro-Neto LM et al. Ingestão excessiva de fitoestrógenos e Te-
31. Pescovitz OH, Hench KD, Barnes KM. Premature thelarche and larca Precoce: relato de caso com possível correlação. Arq Bras
central precocious puberty: the relationship between clinical Endocrinol Metab. 2007; 51:500-3.
presentation and the gonadotropin response to luteinizing 42. Crofton PM, Evans NE, Wardhaugh B, Groome NP, Keluar CJ. Evi-
hormone-releasing hormone. J Clin Endocrinol Metab. 1988; dence for increased ovarian follicular activity in girls with pre-
67:474-9. mature thelarche. Clin Endocrinol. 2005; 62: 205-9.