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03-24 - Manejo Do Estresse

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Para referenciar:

LIPP, M. N.; MALAGRIS, L. M. Manejo do Estresse In Range, B.(Org).Psicoterapia


Comportamental e Cognitiva. São Paulo (SP): Psy, 1998.

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Manejo do estresse
Marilda Novaes Lipp e Lúcia Novaes Malagris
Estresse tornou-Se um dos assuntos mais estudados nos últimos anos. Livros, revistas e teses têm sido dedicados inteiramente a
investigações prolundas sobre o conceito do estresse e suas implicações para a saúde e a qualidade de vida do ser humano. Este aumento
no interesse no campo se deu, em parte, devido ao fato de que em 1979. o governo americano publicou um relatório (Public Healili
.Serr’we. 1979) no qual afïrmava qtie o estresse excessivo é capaz de produzir mudanças psicológicas tao sérias que tenham implicações
para a saúde mental e física do ser humano. Tal afirmação conferiu ao fator estresse uma importôncia grande para a saúde geral da
população e levou pesquisadores à busca de tralamentos do estresse patogênico. A estimativa é de que pelo menos 50’/ das pessoas
doentes estejam sofrendo de problemas relacionados ao estresse.
Este interesse internacional começou nos últimos anos a se desenvolver no Brasil também. Campinas tornou-se um dos centros mais
avançados de pesquisas nesta área e conta com um Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Estresse. um Centro Psicológico de
Conirole do Estresse e a PUCCAMP já produziu 12 dissertações de mestrado sobre este assunto. Mais II estão sendo concluídas neste
momento. Deste modo, contrário ao que ocorre em muitas áreas da psicologia, em que a produção do conhecimento ocorre no Exterior e
é, então, importada para cá, já se conta hoje em dia com muitos dados de pesqtusa brasileiras sobre estresse.

O conceito de estresse

Hans Selye em 1926 utilizou o termo estresse pela primeira vez na área da saúde para designar um conjunto de reações não específicas
que ele havia observado em pacientes sofrendo de patologias as mais diversas. Em 1936, Selye definiu a reação do estresse como uma
‘síndrome geral de adaptação” e em 1974 ele redefiniu estresse como uma “resposta não específica do corpo a qualquer exigência”.
Com base nos conceitos de Selye, estresse é definido como uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos.
causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa se confronta com uma situação que. de um modo ou de outro, a
irrite, amedronte, excite ou confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz. A resposta do estresse deve ser entendida como sendo um
processo e não uma reação estanque e independente, pois no momento em que ela se inicia um longo processo bioquímico se instala.
Independentemente da causa da tensão, o início se manifesta de modo bastante semelhante em todas as pessoas, com o aparecimento de
taquicardia, sudorese excessiva, tensão muscular, boca seca e a sensação de estar de alerta. Só quando o processo está mais adiantado é
que as diferenças se manifestam de acordo com a herança genética do indivíduo combinada com pontos de enfraquecimento
desenvolvidos no decorrer da vida. Necessariamente

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o profissional que deseje trabalhar no campo do controle do estresse, seja na atuação clínica, seja em pesquisas. tanto na área psicológica
como na médica, deverá entender o mecanismo psicofisiológico do estresse em detalhes. O estresse pode ou não levar a um desgaste
geral do organismo dependendo da sua intensidade, tempo de duração, da vulnerabilidade do indivíduo e da habilidade de administrá-lo.
O desgaste ocorre, de modo mais pronunciado, quando a homeostase interna do organismo é perturbada por períodos longos ou de modo
muito agudo. A importância do equilíbrio interno foi inicial- mente ressaltada pelo fisiologista Bernard em 1879 que enfatizou o conceito
de que o ambiente interno de um organismo necessita ser mantido em equilíbrio independentemente do que ocorre no ambiente externo.
Mais tarde Cannon (1939), também fisiologista, sugeriu o termo hoineostase para definir o equilíbrio que o organismo automaticamente
tenta manter a fim de preservar a sua existência. O conceito de homeostase é fundamental para o estudo do estresse, uma vez que a
principal ação do estresse é justamente a quebra do equilíbrio interno que ocorre devido à ação exacerbada do sistema nervoso simpático
e a desaceleração do sistema nervoso paras- simpático em momentos de tensão. A aceleração do organismo, por meio da ação
magnificada de determinadas funções é, muitas vezes, de grande valia para a preservação da vida, uma vez que leva o organismo a um
estado de prontidão, de alerta, a fim de que possa lidar com situações em que tenha que atuar contra o perigo. Esta reação, quando
adequada, deve ser vista como uma defesa automática do corpo. O problema ocorre, no entanto, quando a prontidão fisiológica não é
necessária ou quando é excessiva, como por exemplo quando tensão muscular ocorre durante uma reunião ou em momentos de estresse
interpessoal, quando não haveria necessidade de tal preparo. O que aciona este processo que leva a mudanças tão sérias no
funcionamento do organismo é o que Selye designou de estressor, para diferenciar a reação do estresse do estímulo que elicia esta reação.

O conceito de estressores, ou fontes de estresse

Qualquer situação geradora de um estado emocional forte que leve a uma quebra da homeostase interna e exija alguma
adaptação pode ser chamada de um estressor. Deste modo, a adaptação exigida de um ser humano quando ele é
promovido, por exemplo, gera desgaste, como também gera desgaste o estar envolvido em um litígio. Existem situações e
eventos que são intrinseca ment

estressantes, como o frio, a fome e a dor. Esses estressores chamados por Everly (1989) de “biogênicos” não dependem tanto de
interpretação e atuam no desenvolvimento do estresse automaticamente. Outros, chamados de estressores psicossociais, no entanto,
adquirem sua capacidade de estressar uma pessoa devido à sua história de vida (Ellis, 1973; Lazarus e Folkman, 1984; Meichenbaum e
Jaremko, 1983). A fim de que qualquer estímulo atue como um estressor ele necessita primeiramente ser percebido por um dos receptores
do sistema nervoso periférico. As mensagens são, então, levadas pelos sistemas sensoriais para o cérebro. De acordo com Penfield (1975)
uma vez que as mensagens atinjam o sistema nervoso central e o neocórtex os eventos percebidos no meio ambiente são integrados com
os estados emocionais codificados no sistema límbico e no hipotálamo. Gevarter (1978) acrescenta que o resultado desta integração
neocortical-límbica é retroalimentada para o sistema límbico com a interpretação emocional. Deste modo, a avaliação de um determinado
evento como bom, mal, amedrontador etc. depende do valor e da interpretação que o sistema límbico lhe oferecer. O evento em si,
percebido pelos órgãos sensoriais, é interpretado de acordo com a história de vida do ser humano, de seus valores e das suas crenças. A
reação de estresse será assim desenvolvida quando a interpretação sinalizar para o organismo a presença de um evento que exija alguma
ação imediata. Neste caso o corpo age por meio de três eixos: o neural, o neuroendócrino e o endócrino que interagem para lidar com o
estresse do momento, conforme descrito por Everly (1989).
Uma outra maneira de se classificar eventos estressores é em termos de externos e internos. Os primeiros são constituídos dos eventos
que ocorrem na vida de uma pessoa, sejam eles acidentes, morte, brigas, a situação político-econômica do país, promoção, dificuldade
financeira, nascimento de filhos, enfim, daqueles eventos que constam da Escala de Reajustamento Social de Holmes e Rahe (1967)
acrescidos de tudo aquilo mais
— bom ou mal — que ocorre no mundo externo da pessoa, inclusive doenças próprias. Por estressores internos se entende tudo aquilo que

faz parte do mundo interno, das cognições do indivíduo, seu modo de ver o mundo, seu nível de assertividade, suas crenças, seus valores,
suas características pessoais, seu padrão de comportamento, suas vulnerabilidades, sua ansiedade e seu esquema de reação à vida.
Um outro estressor externo que hoje em dia está recebendo mais atenção dos pesquisadores é o que se refere à profissão da pessoa,
denominado de estresse ocupacional. Sabe-se que algumas profissões são iminente-

Psuoterapta coniportainental e cognitiva

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mente mais estressantes do que outras, tais como a de professor (Reinhold, 1984), a de policial militar (Romano, 1990), a de bancários
(Silva, 1992) e a de executivos (Couto, 1987; Soares, 1990; Pacheco, 1993), entre outras. Ultimamente tem-se reconhecido que trabalhar
depois de uma certa idade pode se constituir em fator de estresse para idosos conforme verificado por Nacarato (1995) que comparou
grupos de idosos que continuavam trabalhando com grupos de idosos que não tinham atividades obrigatórias. Foi verificado que a
maioria dos idosos tinha sintomas de estresse. independentemente de estarem exercendo atividades regulares ou não, porém aqueles que o
faziam tinham um nível de estresse mais alto do que os outros.

As fases do estresse

Uma vez que a reação do estresse é eliciada, não mais importa para o seu desenvolvimento o tipo de estressor que a iniciou. Isto é, a
adrenalina gerada pela necessidade da pessoa se adaptar a uma promoção, não difere da adrenalina produzida por um acidente. Esta
adrenalina ficará no organismo por um tempo determinado causando uma quebra na homeostase. E por isto que uma série de eventos
bons pode levar a pessoa ao estresse. Naturalmente, se o evento estressante é interpretado como benéfico a ação do estresse terá um fim
mais rápido pois não será mantida por cognições geradoras e mantenedoras de tensão.

Fase de alerta. Quando a pessoa se confronta micialmente com um estressor, uma reação dc alerta se instala e o organismo se prepara
para o que Cannon (1939) designou de “luta ou fuga”. Se o estressor tem uma duração curta, esta fase termina algumas horas após seu
fim, após a eliminação da adrenalina e a restauração da homeostase. Neste caso, o organismo se restabelece e nenhum dano maior ocorre.
É nesta fase que a produtividade aumenta e se a pessoa sabe administrar o estresse ela pode usá-lo a seu favor devido à motivação.
entusiasmo e energia que esse estágio do estresse produz. O estado de alerta, no entanto, não pode ser mantido por muito tempo.

Fase de resistência. Se o estressor perdura ou se ele é de uma intensidade excessiva, mas não letal, o organismo por meio da sua ação
reparadora, tenta restabelecer o equilíbrio interno, entrando, então, na fase dc resistência ao estresse. Nesta fase a pessoa automaticamente
utiliza toda a energia adaptativa para se reequili brar
Quando o consegue, os sintomas iniciais desaparecem e a pessoa tem a impressão de que está melhor. Dois sintomas, que muitas vezes
passam despercebidos ao clínico, aparecem de modo bastante freqüente nesta fase: a sensação de desgaste generalizado sem causa
aparente e dificuldades com a memória. No nível fisiológico muitas mudanças ocorrem principalmente em termos do funcionamento das
glândulas supra-renais: a medula diminui a sua produção de adrenalina e seu córtex produz mais corticosteróides. Tipicamente o
organismo está enfraquecido e muito mais suscetível a doenças, porém, se a pessoa utiliza técnicas de controle do estresse ou se o
estressor é eliminado, ela pode voltar ao normal, sem seqUelas. Se, porém. a pessoa permanece nesta lase por um tempo muito longo, o
processo de estresse se desenvolve na direção da fase mais crítica do estresse: a da exaustão. Quando o organismo está se aproximando
do fim da fase de resistência várias doenças já começam a aparecer, tais como: herpes simplex, psoríase, picos de hipertensão e até o
aparecimento de diabetes nas pessoas geneticamente predispostas a ele. Em outras pessoas verifica-se retração de gengivas, gripes,
tonturas, sensação de estar levitando e redução da libido.

Fase de exaustão. Quando o estressor perdura mais ainda, ou quando outros estressores ocorrem simultaneamente, o processo do estresse
evolui, há um aumento das estruturas linfáticas, a exaustão psicológica, cm forma de depressão normalmente ocorre e a exaustão física se
manifesta, doenças começam a aparecer e em alguns casos a morte pode ocorrer. Na fase de exaustão, ou quando ela está próxima, as
doenças ocorrem com muita freqüência, tanto na área psicológica, em forma de depressão, ansiedade aguda, inabilidade de tomar
decisões, vontade de fugir de tudo, autodúvida, irritabilidade; como na área física, na forma de hipertensão arterial essencial, úlceras
gástricas, retração de gengivas, psoríase, vitiligo e até diabetes. Naturalmente, o estresse não é o elemento patogênico dessas doenças, ele
leva a um enfraquecimento do organismo de tal modo que aquelas patologias programadas geneticamente se manifestam devido ao
estado de exaustão presente. O estresse não causa, por exemplo. o diabetes, mas ele pode estar presente na sua ontogênese por facilitar o
seu desenvolvimento em pessoas propensas a ele. A doença que surge depende de uma série de fatores, como raça, idade, constituição
genética, acidentes ou doenças do passado, alimentação e condição física, no geral. Sabe-se, por exemplo, que pessoas da raça negra são
mais propensas a desenvolverem hipertensão arterial, enquanto as da

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raça caucásica desenvolvem mais úlceras. A idade também é um fator relevante pois algumas patologias são programadas
devido ao desenvolvimento, deste modo, embora hipertensão arterial e úlceras possam ocorrer na infância, em geral só
aparecem mais tarde.

Sintomas e diagnóstico do estresse

Nenhuma doença, ou condição, produz uma interação tão grande entre o corpo e a mente como o estresse. A reação
hormonal, que é parte da resposta do estresse, desencadeia não só uma série de modificações físicas como também produz
reações em nível emocional. Estas reações estão tão interligadas com mudanças físicas que muitas vezes o que é de
origem psicológica acaba se manifestando no corpo e vice-versa. Muitas pessoas, na verdade, têm dificuldade de perceber
suas emoções verdadeiras e, por isto, entram em um processo de somatização.

Na área emocional, o estresse pode produzir desde a apatia, depressão, desânimo e sensação de desalento,
hipersensibilidade emotiva, até a raiva, a ira, a irritabilidade e a ansiedade.
A pessoa estressada muitas vezes perde o interesse em qualquer outra coisa que não seja relacionada ao seu motivo de
estresse ou aos seus sintomas. Deste modo ela se torna uma pessoa tediosa e sem brilho social. O falar constantemente na
razão pela qual está cstressada nem sempre é algo intencional. Na maioria das vezes, a pessoa não percebe que está fixada
em um assunto só e até se surpreende e fica magoada quando percebe que amigos e parentes não estão muito interessados
em sua conversa. Esta situação freqüentemente leva a pessoa a se isolar e evitar situações sociais.
A depressão, que pode ser também um sintoma de outras patologias, em vez de estresse, é freqüente em pessoas com alto
nível de estresse. Este tipo de depressão passa quando o estresse diminui.
A hipersensibilidade excessiva se constitui em outra característica do estresse excessivo, O ser humano se torna tão frágil
em suas emoções que às vezes se sensibiliza excessivamente por pequenas coisas, com algo que leu ou uma indelicadeza
de alguém.
Irritabilidade, raiva e ira são bastante comuns na pessoa estressada. Talvez até a reação psicológica mais típica do estresse
seja mesmo a irritabilidade. E como se o organismo, como um todo, estivesse com os nervos expostos. Qualquer
provocação gera uma reação de impaciência acima do comum.

Uma outra reação psicológica, dentre tantas outras típicas do estresse, é a ansiedade. A reação de ansiedade provoca uma
série de sintomas tanto na área psicológica como na física e a pessoa além de sentir medo, desânimo, vontade de fugir de
tudo, também sente taquicardia, mãos ou pés suados, nó da garganta e tensão mus cular.

Todos os sintomas aqui descritos, quando são realmente parte do quadro do estresse, desaparecem com a redução do
estresse para níveis toleráveis seja por meios pessoais, seja por meio de um tratamento de controle do estresse.
O estresse não só se manifesta por esses sintomas, mas também ele contribui para a etiologia de várias doenças mais graves. É de se
entender, portanto, o quanto ele pode afetar a qualidade de vida do ser humano. Estudos experimentais revelam que o nível de qualidade
de vida, seja na área afetiva, profissional, social ou a relacionada à saúde, é profundamente afetado pelo nível de estresse em que a pessoa
se encontre.
A compreensão que se tem cada vez mais sobre as implicações do estresse excessivo para a patogênese de inúmeras doenças tem levado
ao interesse de não só se elaborar planos terapêuticos para o controle do estresse, mas também de se promover programas de profilaxia.
Não se tem ainda um número suficiente de profissionais especializados que possam fazer o diagnóstico diferencial do estresse com
facilidade, uma vez que muitos dos sintomas de estresse podem também se constituir em sintomas de outras patologias. Para que
programas maiores possam ser instituídos, necessário se tornou encontrar instrumentos de diagnóstico que pudessem auxiliar o clínico,
médico ou psicólogo, na identificação rápida e objetiva do quadro de estresse. As medidas de aspectos fisiológicos e neuroendócrinos
exigem considerável sofisticação de recursos que nem sempre estão disponíveis para o clínico. O Inventário de Sintomas de Estresse —
ISS (Lipp. 1990) identifica a sintomatologia que o paciente apresenta, avaliando se ele possui sintomas de estresse, o tipo de sintomas
existentes (se somáticos ou psicológicos) e a fase de estresse em que se encontra. Baseia-se nos princípios de Selye. O ISS é composto de
três partes que se referem respectivamente as três fases do estresse. Na primeira o respondente assinala os sintomas que tenha
experimentado nas últimas 24 horas; na segunda parte ele assinala os sintomas da última semana e na terceira parte ele designa os
sintomas que têm experimentado no último mês. Os itens obedecem a uma hierarquia de intensidade de sintomas, uma vez que é comum
um sintoma ocorrer na fase de alerta com pequena intensidade ou freqüência (ex.: hiperten

Psicoterapia coniportarnen tal e cognitiva

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são arterial essencial passageira), desaparecer na fase de resistência (já que o organismo resistiu ou se adaptou ao estressor do momento)
e reaparecer na fase de exaustão com uma intensidade maior (ex.: hipertensão arterial estabelecida).
O ISS é útil para o clínico que deseje um diagnóstico rápido do nível de estresse do seu paciente a fim de promover uma ação
terapêutica imediata.

A contribuição do estresse para a patogênese de doenças

O estudo das causas das doenças tem demonstrado UC não se pode atribuir a um só fator a responsabilidade pelo desenvolvimento das
mesmas. Acredita-se que muitas doenças sejam resultantes da interação entre fatoes genéticos, ambientais, patofisiológicos e
psicológicos, incluindo o estresse, em sua fase de exaustão.
Cada vez mais tem se estudado a relação doençaestresse, e para um bom entendimento da mesma é fundamental que se conheça o
mecanismo psicofisiológico do estresse. Tal entendimento dará ao profissional da área maior segurança e domínio no tratamento da
enfermidade e na sua prevenção. No aprofundamento do terna é primordial que se tenha como base os estudos de Cannon, já citados, no
que se refere à homeostase, ou seja a habilidade e necessidade do organismo de manter, por meio de ações compensadoras. o equilíbrio
interno. independentemente de modificações no meio ambiente externo.

Segundo Sclye (1956) a generalização da resposta dc estresse pode ser realizada por meio de dois grandes sistemas coordenadores: o
endócrino e o nervoso. Uma vez que o estímulo seja percebido pelos órgãos senso- riais do sistema nervoso periférico, impulsos são
enviados ao cérebro e são integrados com estados emocionais codificados no sistema límbico. Ainda no cérebro. especificainente no
neocórtex, onde ocorre a interpretação cognitiva do estímulo, que é acrescida da integração afetiva do sistema límbico. Se essas duas
interpretações do estímulo psicossocial associadas produzirem uma percepção de desafio ou for aversiva, resultará em um estímulo
emocional que desenvolverá a resposta de estresse. Esta reação envolve um ou mais dos três eixos psicossornáticos do estresse: o neural,
o neuroendócrino e o endócrino (Everly, 1989).
O eixo neural é o mais direto dos caminhos do estresse manifestando somaticamente, por meio do hipotáamo, sua ativação dos ramos
simpático e parassimpático do sistema nervoso autônomo, passando pela medula

espinhal e inervando o órgão final. Quando a ativação neural é feita via sistema simpático, ela tem como efeito generalizada estimulação
no órgão final. Já a ativação via sistema parassimpático é relacionada à inibição, lentidão e funções reaturativas. Os dois tipos de efeito
são observados na resposta de estresse (Everly e Rosenfeld, 1981). Embora os efeitos da ativação deste eixo sejam imediatos, eles não
são potenciaimente crônicos. No caso da situação de estresse perdurar por um período longo um outro eixo psicofisiológico é ativado: o
neuroendócrino, que gera a reação de “luta e fuga” descrita por Cannon (1953). No processo neuroendócrino o órgão pivô na resposta de
luta ou fuga é a medula adrenal, que produz catecolaminas: adrenalina e noradrenalina. A resposta de luta ou fuga, que é vista como uma
mobilização do corpo preparando-se para a batalha física contra o estressor percebido, origina-se no complexo amidalar, desce para o
hipotálamo e continua para ativar a medula das glândulas supra-renais (Roldan et ai., 1974). O resultado desta estimulação é um aumento
generalizado da atividade adrenérgica somática (Folkow e Neil, 1974). Este efeito é funcionalmente idêntico ao da inervação simpática
direta com exceção do fato de que ela requer de 20 a 30 segundos de demora para surtir efeito e estes duram lO vezes mais.
Os efeitos das catecolaminas medulares duram mais que os efeitos do eixo neural, mas existe um terceiro eixo que é responsável por uma
fase ainda mais crônica na resposta do estrcsse. Este eixo é o endócrino, subdividido em eixos: adrenal-cortical, somatotrópico, tireóide e
pituitário-posterior. Levi (1972) afirma que o eixo endócrino requer grande intensidade de estimulação para ser ativado. Everly (1989)
afirma que esta ativação pode ocorrer nos seres humanos devido a numerosas e diversas influências psicológicas, incluindo vários
estímulos psicossociais. Sua ação se origina no complexo do hipocampo. daí os impulsos neurais descem para o hipotálamo onde a
corticotropina é liberada para a glândula pituitária, que por sua vez produz vários hormônios que estimulam determinados órgãos a
vo.

O papel da ativação do órgão-alvo na ontogênese de doenças

O modelo de estresse-doença proposto por Everly (1989) enfatiza que, pela ação dos eixos que formam as resposta do
estresse (neural, neuroendócrino e endócrino) o órgão-alvo pode ser ativado, aumentado ou inibido no funcionamento
normal. Órgão-alvo pode ser o siste

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fia cardiovascular, gastrintestinal, a pele, o sistema imunológico entre outros. A ativação dos órgãos-alvo gera
oportunamente sintomas e sinais clínicos que tornam possível o diagnóstico do estresse.
Por exemplo, no caso da hipertensão arterial essencial, para a qual não existe causa física determinada, sabe-se que o
estresse possui, por meio da sua ação simpático-adrenomedular e pituitária-adrenocortical o poder de aumentar a pressão
arterial em resposta a estímulos psicológicos. Várias hipóteses existem que tentam explicar o mecanismo pelo qual tal
ocorre. Uma das possíveis explicações é que por meio da ação adrenérgica do estresse não só o organismo sofre constrição
dos vasos sangüíneos mas também o coração sofre um aumento na velocidade e na força da contração. Os dois fatos
afetam o débito cardíaco e, conseqüentemente, alteram a pressão arterial. A hipótese da reatividade afirma que a ativação
crônica deste mecanismo pode causar dano irreversível ao sistema cardiovascular, por meio de uma elevação da pressão
arterial constante. Deste modo, quando uma pessoa sistematicamente leva uma vida estressante, ela sofre aumentos
constantes de pressão arterial, no que se designa de reatividade cardiovascular. Com a repetição de momentos de estresse e
de elevação da pressão sangüínea a hipertensão arterial pode se estabelecer. Um estudo realizado no Laboratório de
Estudos Psicofisiológicos do Estresse da PUCCAMP mostrou que quando pessoas hipertensas são submetidas a
momentos de estresse interpessoal, sua pressão arterial se eleva significantemente. Quando estas pessoas recebem um
treino de controle do estresse, sua reatividade cardiovascular é reduzida em momentos de estresse. Tais dados demonstram
o vínculo existente entre estresse e elevações de pressão arterial.

Existem inúmeros modelos teóricos que tentam explicar. em geral. o mecanismo que age como substrato para
manifestações psicossomáticas de reações ao estresse emocional. Embora haja uma grande variedade de enfoques, o ponto
em comum que se abstrai dos seus postulados é de que o órgão-alvo atingido resulta de uma estimulação excessivamente
freqüente, intensa e prolongada.
O órgão-alvo mais provável de vir a adoecer ou mostrar disfunção depende de dois fatores biogênicos maiores: o
mecanismo de respostas estereotipadas (Sternbach, 1966) e a especificidade do órgão-alvo (Everly, 1986). O primeiro se
refere ao fato de que quanto mais

um órgão for ativado pela ação do estresse (seja ela neural, neuroendócrina ou endócrina) mais probabilidade de uma
doença se manifestar naquele órgão devido ao estresse. O segundo se refere à vulnerabilidade genética ou adquirida do
órgão-alvo para experienciar estimulação patogênica. A escolha do sistema cardiovascular ou do sistema gastrintestinal
como órgão-alvo pode servir de exemplo. Sabe-se que determinadas pessoas têm uma propensão maior a exibirem
reatividade cardiovascular mais intensa em momentos de estresse interpessoal enquanto outras parecem não se alterarem
no exterior com situações desagradáveis, porém sentem um desconforto estomacal imediato quando expostas a tais
situações. Se essas pessoas atravessarem períodos de estresse muito repetidos e prolongados em suas vidas, cada episódio
de estresse ativará determinados mecanismos de ação envolvendo o órgão-alvo, no caso em pauta, uma pessoa terá
elevação em pressão e a outra produzirá substâncias estomacais em reação ao estresse do momento. A estereotipatia de
respostas específicas poderá a longo prazo levar ao adoecimento do órgão-alvo envolvido e desenvolverá uma hipertensão
arterial enquanto a outra poderá desenvolver uma úlcera. É óbvio, então, que a doença que possui na sua etiologia o fator
estresse como um dos fatores contribuintes necessita não só da estereotipia da resposta mas também da contribuição de
uma vulnerabilidade do órgão-alvo. A vulnerabilidade pode ser geneticamente determinada pois sabe-se, por exemplo, que
filhos de hipertensos têm maior probabilidade de virem a desenvolver hipertensão, mas também ela pode ser adquirida
devido a problemas que ocorram na gravidez, durante o parto e mais tarde durante o desenvolvimento. Por exemplo, uma
das doenças que mais afetam os digitadores hoje em dia é a tenocinovite que se manifesta muito mais em pessoas que
tiveram algum acidente prévio envolvendo as mãos ou os dedos.

Em síntese, a doença que o estresse pode desencadear ou manter é em geral determinada por uma série de fatores.
Inicialmente, na fase de alerta do estresse, os sintomas são idênticos, como mãos frias, taquicardia, tensão muscular e a
sensação de se estar de alerta.
Mais tarde, porém, a ação do estresse vai se manifestar de modo diferenciado dependendo das vulnerabilidades pessoais
envolvidas. Sternbach (1966) sugere que existe uma predisposição psicofisiológica para alguns indivíduos sofrerem a
resposta de estresse de um modo específico, já que parece não ser possível que todos os mecanismos e eixos sejam
mobilizados simultaneamente e todo o tempo em uma pessoa que enfrenta um estressor.

Escolha do órgão-alvo

Psicoterapia comporíamental e cognil! 120

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Doenças relacionadas ao estresse

As doenças relacionadas à estimulação excessiva de um órgão podem ser consideradas como possuindo um componente de estresse na
sua ontogênese. As doenças e distunções que têm sido mais estudadas em nosso meio são: hipertensão arterial (Lipp e! ai., 1991: Ayres.
1994; Lipp e Rocha, 1994), úlceras gastroduodenais (Malagris, 1992); obesidade (Lima, 1992), câncer (Curcio, 1991), psoríase (Lipp ei
ai., 199), tensão pré- menstrual (Souza, 1988; Camargo. 1990). Outras patologias como cefaléia, herpes simplex, vitiligo, lúpus, colite
ulcerativa, doenças respiratórias, doenças imunológicas, todas parecem ter em sua etiologia o estresse como um fator psicopatogênico.

O estresse infantil

Sendo o estresse uma reação do organismo diante de situações ou muito difíceis ou muito excitantes, ele pode ocorrer em qualquer
pessoa, independente de idade, raça, sexo e situação socioeconômica.
O estresse infantil é pouquíssimo conhecido e é bastante difícil encontrar pesquisas sobre o assunto tanto no Brasil como no Exterior. No
Exterior, Wolff (1981) e Elkind (1981) são os nomes mais conhecidos na área. Elkind, por exemplo, com bases nos princípios propostos
por Holmes e Rahe (1967) compôs uma Escala de Reajustamento Social para adolescentes: Wolff, por ou- tio lado, tem escrito alguns
trabalhos sobre crianças vulneráveis. No momento, três dissertações de mestrado estão sendo realizadas na PUCCAMP sobre o estresse
infantil. Em uma dessas pesquisas, Marta Vilela está buscando comparar o nível de estresse em crianças do primeiro grau de escolas
particulares e públicas. Na segunda, Izabel Warwar está averiguando a eficácia de um tratamento de controle do estresse em um grupo de
crianças com dor abdominal sem causa física. A terceira pesquisa, conduzida por Maria Diva Lucarelli, se constitui na validação do
Inventário de Sintomas de Estresse-C.
Pesquisas na área são esparsas, porém as que existem revelam que a prevalência do estresse pode estar relacionada, como a de adultos, a
fatores internos e externos. Logicamente as fontes de estresse infantil são diferentes em alguns aspectos, mas são semelhantes no geral.
Por exemplo, todo tipo de mudança significativa gera estresse na criança tanto quanto o gera em um adulto. A morte de um dos pais ou de
um irmão são os eventos que mais geram estresse na criança, seguidos de divórcio ou brigas constantes entre os pais e atividades em

excesso. Gravidez da mãe, nascimento de irmão, disciplina confusa por parte dos pais, hospitalização, mudança de escola,
iniciar novas atividades extracurriculares e mudança da babá podem estressar a criança dependendo da maneira como a
situação é apresentada para ela. Além destas fontes externas, o estresse infantil pode se manifestar devido a fatores
internos que atuam na eliciação da resposta de estresse, tais como timidez, ansiedade e medo de errar.
O estresse infantil pode estar envolvido na patogênese de vários distúrbios tanto físicos como psicológicos. Dentre estes
encontram-se o aparecimento súbito de comportamentos agressivos que não são representativos do comportamento da
criança no geral; desobediência inusitada, depressão, ansiedade, choro excessivo, enurese, gagueira, dificuldades de
relacionamento, dificuldades escolares, pesadelos, insônia, birras e até o uso indevido de tóxicos. Dentre os problemas
físicos relacionados ao estresse, encontra-se: asma, bronquite, hiperatividade motora, doenças dermatológicas, úlceras,
obesidade, cáries, cefatéia, dores abdominais, diarréia, tiques nervosos, entre outros. É importante ressaltar que nenhum
desses sintomas ou problemas isolados pode ser interpretado como sinal de estresse. O que deve servir como base para o
diagnóstico do estresse infantil é um conglomerado de sintomas.
Freqüentemente os sintomas dc estresse infantil não são diagnosticados e pais e professores menos avisados se irritam
com a criança que de repente começa a fazer manha, a ser agressiva ou a ter um desempenho escolar medíocre. A atitude
dos adultos de cobrança em situações como esta tende a agravar a situação pois se torna mais uma fonte de estresse para a
criança já confusa e estressada que não entende o que se passa no seu organ is mo.

Programas altamente especializados para o tratamento do estresse infantil já existem (Lipp et ai., 1991) e deveriam ser
utilizados em casos em que o estresse da vida está excessivo para um organismo jovem e imaturo. Além disto, mesmo a
criança que não apresenta sintomatologia de estresse, seria interessante que passasse por um treino de administração do
estresse excessivo em nível de profilaxia, pois sabe-se que crianças vulneráveis ao estresse serão adultos também
vulneráveis (Lipp e Romano, 1987). Os pais têm uma contribuição única na formação da resistência ou da vulnerabilidade
ao estresse de seus filhos. É por meio dos ensinamentos que passam, direta ou indiretamente, que formam certas
características pessoais que poderão: 1) ou servir como fontes em potencial de estresse em termos de crenças e valores
inadequados ou 2) auxiliar o ser humano a ad-

286

Bernard Rangé (Org.)

quirir estratégias de vida que facilitem no manejo do estresse (Lipp. 1989). Quando a criança se encontra estressada é sempre
aconselhável que se faça todo o possível para diminuir a pressão que está sobre ela, Porém é importante que rotineiramente não se poupe
a criança em demasia, pois a criança que é muito protegida não desenvolve imunidade ao estresse. O estresse deve ser proporcional à
idade e ao amadurecimento dela. Quando não for possível protegê-la do estresse excessivo (como no caso de morte na família, mudança
de cidade etc.) necessário se torna fortalecê-la para lidar do melhor modo possível com a situação.

Os efeitos do estresse na produtividade humana

Em uma época quando se tenta entender o estresse a fim de nos defendermos de seus efeitos negativos aparece a noção de que se o
estresse l’or bem compreendido ele pode ser utilizado para melhorar a produtividade da

pessoa.

A adrenalina, produzida quando se torna necessário enl’rentar unta situação ou de muita tensão ou de muita alegria, impulsiona a pessoa. Ela motiva,
energiia, dá ânimo e ambição. Durante momentos de estresse
em sua fase inicial — pode-se passar horas ou dias sem dormir OU SC alimentar adequadamente e sem que se pense em outro assunto que nao seja a
preocupação principal. O estresse gera esta força toda e sem um pouco de estressc a vida se tornaria tediosa e desmotivada. Todos pi’ecisam de um pouco da
energia gerada pelo estrcsse para viver uma vida mais adequada e criativa.
Curiosamcnte, existe uma correlação muito grande entre o estresse ao qual a pessoa está submetida e seu nível de produtividade. De início a correlação é
positiva, mas quando o estressc se torna pronunciado demais, ela passa a ser negativa. Deste modo, no início de períodos de tensão, a produtividade aumenta
à medida que o esnesse se acentua, a pessoa melhora em sua criatividade e é capas’ dc gerar novas idéias. Depois de algum tempo. se o estresse não é
reduzido. o organismo começa a se enfraquecer e a produtividade inicia sua queda. Tanto que doses extremas de estresse ocasionam a queda total da
produtividade e perda completa da criatividade.
É interessante notar que momentos de grande estresse quando a tensão está ainda dentro da habilidade de a pessoa absorver — coincidem com picos de
produtividade no ser humano. Se, no entanto, o estresse passa dos limites de resistência da pessoa, a produtividade decai gradualmente até que o déficit seja
significativo.

O ideal seria que as pessoas aprendessem a manejar o estresse de modo a terem uma vida mais feliz, motivada e produtiva em todos os
seus aspectos, por isto treinos específicos em como lidar com o estresse têm sido desenvolvidos.

Inúmeros autores americanos têm proposto modelos de tratamento do estresse baseados em abordagens diversas, tais como Meichenhaum
(1977), Goldberg (1980), Bandura (1982). Lazarus (1966), Everly e Rosenfl, ld (1981) e Everly (1989), entre outros. No Brasil. já
existem alguns trabalhos quanto ao controle do estresse na população geral (Lipp, 1984; Lipp ei ai., 1986; Rossi, 1991) e também
quanto a populações específicas. Utilizando o tratamento comportamental do estresse proposto por Lipp (1984) várias propostas de
tratamentos específicos foram realizadas. Por exemplo, Romano (1991) propôs um treino especialmente elaborado para membros da
polícia militar, que é uma população bastante sujeita ao estresse devido ao trabalho difícil que desenvolvem, com o objetivo de não só
melhorar a qualidade de vida destes indivíduos, mas também de possibilitar um atendimento menos tenso ao público. Sotiza (1988) e
Cainargo (1990) sugeriram planos de controle do estresse pré-menstrual, a primeira para as mulheres epiléticas e a segunda para mulheres
no geral Soares (1990) propôs um plano de controle do estresse para executivos, principalmente do sexo feminino que estão mais sujeitos
ao estresse devido às funções duplas que freqüentemente são requeridas a desempenhar, dentro e fora de casa. Curcio (1991) propôs um
plano de controle do estresse para pacientes oncológicos. enquanto Malagris propôs um tratamento especificamcnte elaborado para
pessoas com úlceras gastroduodenais e Lima (1992) sugeriu um tratamento para obesos. Adicional- mente, Silva (1992) idealizou, com
base nos dados de sua dissertação de mestrado, um plano de tratamento e prolilaxia de bancários, o qual está no presente sendo
implementado no Banco do Brasil.
Ainda com base nos princípios eomportainentais e na metodologia de tratamento sugerida por Lipp (1984), existem planos de tratamentos
para portadores de psoríase (Lipp, l991a) e hipertensão arterial essencial (Lipp, 199 1h e Lipp e Rocha, 1994). Os dois primeiros
trabalhos incluem um “Manual do pesquisador” que contém um plano de tratamento já testado experimentalmente para uso com
portadores de cada uma das patologias envolvidas. O terceiro trabalho é um guia de trata-

O manejo do estresse

Psicoterapia comportam CO ia! e cognitiva 287


Quadro 1 Modelo de Tratamento de Controle do Estresse (TCE)
PLANO DE TRATAMENTO DAS 15 SESSÕES
Entrevista inicial, em que se faz uma verificação da situação do paciente, averiguando-se se trata de um caso de estresse ou não. O
objetivo é determinar se a pessoa se beneficiaria do TCE, se ela se dispõe a proceder a mudanças no seu estilo de vida e se é urna boa
candidata ao tipo de tratamento oferecido, Se o caso não for estressc a pessoa é encaminhada para outro tratamento, se parecer se tratar de
um caso de estresse ela é aceita no programa.
2. Testagem e avaliação visam estabelecer o nível de estresse e a fase em que a pessoa se encontra. Procede-se ao levantamento das fontes
de estresse.Vcrilica-se o padrão de comportamento típico da pessoa diante desses estressores.
3. Testagem e avaliação visam analisar outras fontes. Avalia-se também estratégias mentais utilizadas tipicamente em momentos de
tensão. Solicita-se que o livro Como enfre,itar o estresse seja lido.
4. Devolução dos resultados e formulação do plano individual para controle do estresse. Discuti-se técnicas de como lidar com o estresse.
Exercícios de relaxamento e respiração profunda são ensinados ao paciente.
5. Discuti-se o conceito do limite pessoal para tensão e se explica porque o primeiro passo para se controlar o estresse é saber reconhecer
seus sintomas e os estressores. Fontes são discutidas até o paciente entender a necessidade de ou eliminá-las ou se adaptar a elas.Técnicas
de relaxamento e respiração profunda são ensinadas.
6. Discuti-se a inportáncia do exercício físico e da alimentação.
7. Influência do fator cognitivo.
Exercícios de respiração profunda e relaxamento.
8. Trabalha-se crenças irracionais. Exercício de respiração profunda e relaxamento.
9. Continua-se o trabalho sobre fontes de estresse com exercícios de reestruturação cognitiva.
lO. Asscrtividade. Exercício de respiracão profunda e relaxamento.
Afetividade. Exercício de respiracão profunda e relaxamento.
II. O conceito de qualidade de vida. Controle da pressa e afobação.
Controle da hostilidade. Exercício de respiracão profunda e relaxamento.
12. Corno lidar com as mudanças. Relaxamento.
13. Fontes de estresse no trabalho.
Quatro revelacões da vida adulta. Relaxamento.
14. Fechamento. Reavaliação do quadro sintomatológico do estresse. Reflexão sobre o tratamento e mudanças realuadas. Orientação e
recomendação para que volte para um foilow-up em um mês.
Ohs.: O tratamento não se constitui em um picote inflexível e fechado e se necessário o número de sessões pode ser expandido. Na
maioria dos casos 15 sessões são suficientes para o controle do estresse de pessoas que não tenham ainda atingido a fase dc exaustão.
mento para ser usado por profissionais ou pelo próprio afetivo, saúde e profissional. Seu sucesso depende fun paciente Estes trabalhos se
constituem em uma terapia damentalmente de uma análise funcional adequada das
breve de base comportamental já comprovada em sua fontes de estresse presentes no momento na vida do pa eficáci em inúmeras
pesquisas. ciente, sejam elas internas ou externas.
O TCE não é uma técnica ou um procedimento
isolado, mas sim um pacote de procedimentos que con treino de controle siste em uma análise funcional dos estressores e
atuação
do estresse (TCE) objetiva e direta no que se designou dos quatro pilares
do controle do estresse: relaxamento, alimentação, exer modelo de tratamento de controle do estresse cício físico e modificações na área
cognitiva. Utiliza al propost baseia-se cm princípios comportamentais e ob- guns dos princípios do treino de inoculação de estresse
jetiva mudança no estilo de vida da pessoa com ênfase de Meichenbaum (1985), da terapia racional emotiva de
na melhoria da qualidade de vida nos quadrantes: social, Ellis (1973) além de outras técnicas e procedimentos

288

Quadro 2. Instrumentos utilizados na avaliação do estresse.

Bernard Rangé (Org.)

1. Inventário de Sintomas de Estresse (ISS) para adultos (Lipp. 1990) ou para crianças (Lipp e Romano,1987)
2. Inventário de Qualidade de Vida (Lipp. 1989; Lipp e Rocha, 1994)
3. Levantamento de crenças irracionais
4. Escala de assertividade
5. Inventários de vulnerabilidades
6. Levantamento de estratégias, adequadas ou não, utilizadas pelo paciente
7. IDATE (Inventário dc Ansiedade Traço-estado de Spielbcrger, traduzida por Biaggio (1977)
8. Escala de Reajustamento Social (Holmes e Rahe, 1967) para detectar fontes externas de estresse
9. Outros, conforme a necessidade se apresente

Obs.: Estes instrumentos servem de base para a formulação do plano de controle de estresse para cada paciente, porém, a observação
clínica é também de grande importância em cada etapa.

comportamentais que Lipp (1984) verificou serem de valia em casos de estresse, tais como técnicas de resolução de problemas, treino de
assertividade, treino de controle de ansiedade, instruções, controle do Padrão Tipo A de comportamento manejo do tempo e da pressa,
discussão do que designou de “quatro revelações da vida adulta” (vide Quadro 3), relaxamento, exercícios de visualização. identificação e
modificação de pensamentos que agem como estímulos discriminativos para que a resposta de estresse de desenvolva.
Embora o TCE conte com um plano de desenvolvimento das sessões ele não é um pacote fechado, uma vez que cada indivíduo é tratado
de acordo com as suas necessidades específicas identificadas durante a análise funcional dos estressores e avaliação do caso. O plano de
tratamento é sempre individualizado e pode ou não incluir todos os componentes mencionados acima. O Quadro 1 apresenta o esquema
de tratamento do TCE no geral e o Quadro 2 relaciona os instrumentos utilizados na avaliação do quadro sintomatológico do estresse que
serve de base para a formulação específica do plano dc tratamento.

O TCE exige uma avaliação muito meticulosa do nível de estresse da pessoa e das condições geradoras de estresse antes do tratamento, a
fim de que este possa ser breve e eficiente. Além disto, uma avaliação inicial bem elaborada e uma reavaliação ao término do tratamento
possibilitam se verificar de modo objetivo a eficácia do treino. Nenhum tratamento deve ser realizado sem que um método de avaliação
de sua eficiência seja progra mado.

O TCE é realizado, em geral, em IS sessões, embora não seja um pacote fechado e inflexível e possa ser expandido quando necessário. A
experiência mostra que o estresse. quando ainda não está na fase de exaustão,

pode ser controlado em 15 sessões com bastante facilidade, se existe uma boa aderência ao tratamento e o plano é realmente seguido. Na
maioria dos casos isto ocorre talvez porque as pessoas que procuram tratamento para o estresse, em geral, estão em alto nível de
desconforto e, portanto, mais propícias a aceitarem reformulação do seu estilo de vida. Quando a pessoa já se encontra em exaustão, o
tratamento necessariamente necessita ser feito com um médico e exige. no mínimo, seis meses de tratamento, muitas vezes mais do que
isto.
Após a avaliação, que envolve só observação clínica, duas sessões de testagem são realizadas. Nestas sessões o objetivo é avaliar com o
máximo de precisão possível o quadro sintomatológico do estresse e as fontes internas e externas de estresse presentes. Avalia-se também
o modo típico da pessoa de lidar com a tensão. As fontes externas são representadas pelos itens da Escala de Reajustamento Social de
Holmes e Rahe (1967). Esta avaliação serve de base para todo o tratamento. O TCE não se constitui de uma terapia visando mudar
aspectos outros que não sejam os relacionados com o estresse. Por isto ele se restringe cm treinar o paciente a:

1. entender o que é o estresse e identificar seus sintomas de modo que ele se aperceba quando sua sobrecarga de tensão está chegando a
um ponto crítico;
2. reconhecer suas fontes de estresse em potencial e tentar eliminar as que forem passíveis de mudança;
3. reestruturar seu modo de pensar e de ver o mundo;
4. lidar com a ansiedade;
5. ser assertivo, sem experimentar desconforto ou se estressar;

P,s icoterapia comportamento! e cogn uiva

289

6. manter a calma e resolver os problemas no trabalho e na família sem grandes aumentos no seu nível de estresse:
7. adquirir técnicas de manejo do estresse para serem utilizadas em situações de estresse que não possam ser evitadas;
8. utilizar o estresse a seu favor para atingir bons níveis de produtividade e criatividade;
9. reconhecer seus limites e aprender a respeitá los

10. estabelecer prioridades e melhorar sua qualidade de vida no geral.

No Quadro 1 que detalha os procedimentos utili— ,,idos no TCE, pode-se verificar que exercícios de rela\ 1rnento e de respiração profunda sao
administrados em o iticamentc todas as sessões. Considera-se de fundamental importância que o paciente aprenda alguma léc— inca de controle de tensão
muscular e mental e por isto é ilecessário entender o mecanismo da resposta de relaxa— i1O ntO.

Racional neurofisiológico
para a utilização do relaxamento
no tratamento de doenças
relacionadas ao estresse

Nos últimos anos, autores, como Benson II 988), tem mostrado a utilidade da indução da resposta de rela— samenlo na terapêutica de urna série de doenças
psicológicas e sornálicas, porém pouco se lê sobre a base neuropsicolisiológica do relaxamento. Importante é notar ue por “resposta ele relaxamento’’ está se
designando um estado psicolmsiotógico de hipoexcitação que pode cr produzido por uma série de técnicas tais corno meditação, hipnose. respiração
protunda, biofeedback, rela— \amento muscular, música etc.
Por anos temos utilizado COiTi bastante sucesso o i claxainenlo, tísico e mental, como um procedimento :oadjuvante no tratamento do estresse excessivo e
de suas consequências. Uma das razões do sucesso se deve provavelmente ao lato de que o estresse propicia o aparecimento do que Everly (1990) denomina
ele distúrbios
excitação e o relaxamento produz urna condição anta- cônica, o que, conseqüentemente, faz com que o organismo experiencie um estado de maior quietude.
O estado de temporária hipoexcitação dá ao indivíduo tempo e oportunidade para readquirir a homeostase necessária à

vidi.
Para aquele autor muitas doenças tem por base comum uma hipersensibilidade neurológica do sistema límbico. ou seja, um limiar de
excitação baixo, ou ainda um estado patognomônico de excitação excessiva do circuito límbico ou de seus eixos neuroendócrinos. Esta
hipersensibilidade é capaz de dar origem a uma série de doenças relacionadas ao estressc. tais como distúrbios de ansiedade e de
adaptação, hipertensão arterial essencial, úlceras, psoríase etc.
Gelhorn (1965) sugere que a estimulação que é muito intensa ou que é repetida cronicamente pode levar a um hiperfuncionamento do
sistema nervoso simpático. responsável pela quebra da hoineostase interna do organismo. devido à liberação das catecolarninas, Deste
modo, as doenças relacionadas ao estresse teriam em sua etiologia os seguintes fatores patogênicos: (1) aumento na atividade
adrenérgica, (2) aumento na excitação neuromuscular, e (3) excitação repetitiva de origem eogniti va.

Nesta linha de raciocínio, torna—se razoável deduzir que qualquer intervenção terapêutica direcionada para o estresse deve ohjetïvar
dessensibilizar neurologicamente e reduzir a atividade global dentro do circuito límbico. Tal pode ser realizado por meio de (1) redução
da responsividade adrenérgica. (2) redução na excitação neuromuscular e (3) redução da excitação cognitiva. A resposta de relaxamento
preenche tais necessidades pois se constitui em um esforço geral para diminuir a excitabilidade do organismo. Gelhorn afirma que o
relaxamento produz uma redução da descarga hipotalâmicocortical e produz um estado de hipoexcitabilidade. Taylor (1978) sugere que o
relaxamento diminui a excitahi— lidade do sistema nervoso central e Everly (1980) afirma que o relaxamento produz urna
dessensihili7ação do sistema límbico.
Estudos experimentais confirmam que o relaxamento tem eleito pronunciado em várïas situações. Por exemplo. AlIen (1981) verificou
que após lO semanas de treino de relaxamento, os participantes em seu estudo mostraram uma redução significativa na reatividade
psicotisiológica quando submetidos a ruídos estressantes prolongados. Goleman e Schwartz (1976) demonstraram que pessoas que se
submeteram a treino de meditação se recuperaram mais rapidamente ao ver um filme estres— sarne do que as outras que não tiveram tal
treino. English e Baker (1983). por outro lado, demonstraram que o treine) do relaxamento auxilia a pressão arterial a voltar mais
rapidamente ao normal após momentos de grande estressc.
Não só na área física, mas também na mental, o relaxamento produz mudanças. tais como a sensação de

290

Bernard Rangé (Org.)

calma mental, de estar em controle da situação e de

auto-eficacia.
Assim sendo, as pesquisas indicam que o relaxamcnto não se constitui cm uma técnica simples. Ele deve ser bem entendido a fim de ser
utilizado adequadamente. Uma das precauções mais importantes a serem tomadas é a escolha do tipo de relaxamento a ser usado e com
quem. Não há uma técnica de relaxamento que seja a melhor para todos e nem todos devem ser submetidos a todos OS tipos de
relaxamento, uma vez que existem contra-indicações para o uso destas técnicas com certos indivíduos. As diferenças individuais devem
ser levadas cm consideração ao se programar a utilização do relaxamento para fins terapêuticos.

O lado negativo do relaxamento e as precauções


a serem tomadas

Por muito tempo se pensou que a utilização do treino de relaxamento não apresentava riscos clínicos. Até hoje muitos cursos de relaxamento são oferecidos
por pessoas que não estão muito informadas sobre eles e, não infreqüentemente, chegam aos consultórios parti— cipantes de cursos assim bastante
prejudicados pelo procedimento utilizado. Em 1969. um psicólogo de nome Luthe publicou uma lista de precauções que se deve tomar quanto ao
relaxamento, tais como psicose. dmsfunções da tireóide e paranóia. Outros autores têm confirmado esta necessidade mostrando que alguns pacientes tém
reagido mal ao processo de relaxamento, seja cm forma de ansiedade amena até despersonalização. Estes efeitos negativos parecem ocorrer em cerca de 1 0/
das pessois que la,em treino de relaxamento quando não se
toma as cautelas necessárias. Como a incidência é pecluena e os eleitos positivos do relaxamento têm sido amplamente comprovados, as dificuldades que às
vezes ocorrem são mencionadas aqui a fim de que se tome as precauções necessárias para que o relaxamento seja benéfico, sem efeitos colaterais.
Com base na literatura identificou-se cinco áreas em que o relaxamento deve ser usado com cautela.

Perda de contato com a realidade. Quando se trata pacientes psicóticos ou pessoas que fantasiam excessivamente, a utilização de
relaxamento mental é contra-indicada. Pode-se, no entanto, fazer uso do relaxamento físico ou de técnicas de hiofeedhack.

2. Interações farmacológicas. O relaxamento po tencializ

os efeitos de vários fármacos, tais como insulina, drogas hipotensoras e sedativos. Nestes casos o relaxamento pode ser utilizado sem
dificuldades se um acompanhamento adequado for teito pelo médico que acompanha o caso, em termos de monitorização da dosagem
dos remédios. No caso de pacientes diabéticos todo cuidado deve ser tomado, pois o relaxamento pode levar a um estado de hipoglicemia
aguda.

3. Estados de ,ônico. Alguns pacientes que sofrem de ansiedade generalizada, insegurança pronunciada e medo de perda do controle não
devem ser submetidos a procedimentos que envolvam relaxamento mental abstrato. Para estes pacientes um relaxamento mais dirigido e
mais centrado na tensão muscular é mais indicado.
4. Liberação de idéias es tremwnelm te jenosas ou ameaçadoras. Há situações em que a resposta do relaxamento leva a pessoa a liberar
emoções e pensamentos que estavam reprimidos. Tal evento pode ter um efeito perigoso, especialmente no caso de pessoas obsessivo-
compulsivas quando ocorre de modo não planejado. O terapeuta deve sempre estar preparado para lidar com este tipo de problema se
ocorrer durante uma sessão de relaxamento.

5. Desaceleraç’ão do estado psicojisiológico. Em algumas situações o relaxamento pode produzir uma hipoexcitação excessiva. Nestes
casos, se incluem situações de queda de pressão arterial. hipoglicemia aguda e fadiga. Pessoas com pressão arterial sistólica de menos de
90 mmHg e diastólica de menos de 50 mmHg devem ter cautela na escolha do tipo de relaxamento usado. Quando há tontura e mal-estar,
em geral. basta pedir que o paciente focalize algum ponto no meio ambiente e movimente o corpo. No caso de hipoglicemia aguda,
recomenda-se que a pessoa coma algo. A fadiga ocorre em geral na pessoa que tem dificuldade de relaxar e se empenha em demasia para
atingir o relaxamen to.

O estudo dos possíveis efeitos negativos do relaxamento é de importância, pois trata-se de uma técnica po

P.ocotcrapia coniportainental e cognitna

291

Quadro 3. Quatro revelações da vida adulta.

() esiresse é muitas vezes gerado por expectativas que temos quanto a eventos do dia-a-dia. Recomenda-se .inalisar cuidadosamente as
“quatro revelações da vida adulta”, abaixo, cuja compreensão pode nos ajudar a climiná-las das nossas fontes de estresse. Qtiatro das
revelações que se tem quando se atinge a idade adulta e que contrariam muito do que aprendemos quando crianças e, portanto, são fontes
geradoras de estresse, são:

1. Recompensa nem sempre existe.


2. A razão nem sempre prevalece.
Nem sempre as pessoas vão tentar o máximo e fazer o melhor que podem.
4. Não existe sempre um só meio de atingir metas que seja o melhor.

Jerosa que pode auxiliar de modo significativo no tratanento de inúmeras doenças. As cautelas asseguram que relaxamento possa ser
conduzido de modo seguro e
heflé fico.

Conclusões

O estresse é hoje reconhecido no Brasil e no muno como sendo um fator presente na ontogênese de uma série de doenças. porém, quando
ele é gerenciado de modo adequado. seus efeitos podem ser benéficos ao org:mismo. O treino de controle do estresse aqui delineado tem
sido utilizado, com um bom índice de sucesso, em Inúmeras pesquisas e também no atendimento clínico de mais de 500 pessoas. Estudos
de /óilow-up mostram que seus efeitos são mantidos após a alta do paciente. Trata- se de um tratamento breve, constituído de
procedimentos e técnicas comportarnentais que visam mudanças no estilo de vida e no modo de pensar estressante da pes soa.

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Sobre as autoras

Marilda Novaes Lipp


PUCCAMP
Lucia Novaes Malagris
Mestre cm Psicologia, professora da Universidade di Estado do Rio dc Janeiro (UERJ)

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