Armadura para Seção Retangular
Armadura para Seção Retangular
Armadura para Seção Retangular
A hipérbole
Autores
aula
06
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
320 p. : il
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação
A
hipérbole pode ser estudada tanto por coordenadas como geometricamente através
do uso das esferas de Dandelin. As duas abordagens serão apresentadas nesta aula,
sendo que a ênfase será na primeira, uma vez que estudaremos a hipérbole por
meio de sua equação. Para tanto, faz-se necessário apresentar a definição, os elementos
e as propriedades dessa curva. Ao final da aula, serão feitos alguns comentários sobre a
aplicação dessa cônica na construção de telescópios óticos e sobre o porquê da órbita de
determinados corpos celestes ser hiperbólica.
Objetivos
Ao final desta aula, espera-se que você identifique uma
hipérbole por meio de sua definição e saiba elaborar e resolver
problemas envolvendo essa cônica, utilizando, para tanto, sua
equação e propriedades.
Figura 1 – Hipérbole
Com o advento de coordenadas no século XVII, pode-se definir hipérbole como o conjunto
de todos os pontos P do plano de modo que a diferença, em valor absoluto, das distâncias a
dois pontos fixos F1 e F2, chamados de focos, é uma constante indicada por 2a, com a > 0.
Significa dizer que P satisfaz a condição: |d(F1, P) – d(F2,P)| = 2a. Usando a definição de
módulo, podemos reescrever a expressão anterior como duas outras:
d(F1 , P ) − d(F2 , P ) = −2a ou d(F1 , P ) − d(F2 , P ) = 2a . Donde se conclui que a
hipérbole possui dois ramos, como mostra a Figura 2.
Nota – ao final desta aula, mostraremos que essas duas definições são equivalentes.
P P
F1 F2
Note que a equação : d(F1, P) – d(F2,P) = 2a é atendida quando P está no ramo direito
da hipérbole visto que d(F1, P) > d(F2,P) e d(F1, P) – d(F2,P) = –2a é válida quando P
pertence ao ramo esquerdo, uma vez que, nesse caso, d(F1, P) < d(F2,P).
Do mesmo modo que a parábola (aula 5), é possível desenhar a hipérbole utilizando
régua e compasso. Para tanto, acompanhe os passos da atividade 1.
A B r
,y)
P(x
B2
F1
V1 V2 F2 x
a
B1
Chamando a distância entre os focos de 2c, temos as coordenadas dos focos F1(– c, 0)
e F2(c, 0). Sendo P(x, y) um ponto qualquer sobre a curva, temos pela definição de hipérbole
que |d(F1, P) – d(F2, P)| = 2a, ou seja, d(F1 , P ) − d(F2 , P ) = ±2a . Usando a fórmula da
distância entre dois pontos, ficamos com
(x + c) + y − (x − c)2 + y 2 = ±2a ,
2 2
2
que pode ser escrita como (x + c) + y 2 = ±2a + (x − c)2 + y 2 . Elevando
os dois membros
ao quadrado e fazendo as simplificações pertinentes, obteremos:
xc − a = ±a (x − c)2 + y 2 . Elevando novamente ao quadrado e colocando os termos
2
dizer que existe um número real positivo b de modo que b2 = c2 – a2. A equação pode ser
2 2
reescrita como b2x2 – a2y2 = a2b2 ou simplesmente x − y = 1 . Essa equação é chamada
a2 b2
de equação reduzida ou padrão da hipérbole, com focos no eixo x e centro na origem do
sistema cartesiano.
x2 y 2
Observando a Figura 4 que representa uma hipérbole de equação 2 − 2 = 1 ,
a b
podemos concluir que:
Note que V1 e V2 são pontos do eixo x, fazendo com que tenham ordenadas zero. Da
equação
x2 y 2
− 2 = 1,
a2 b
conclui-se que V1(–a, 0) e V2(a, 0). Assim, V1 V2 = 2a, que é o valor da constante
apresentada na definição. Observe ainda que B1 e B2 são pontos do eixo y, tendo portando
abscissas zero. Donde se conclui que as coordenadas desses pontos são respectivamente
(0,–b) e (0, b). Logo, o comprimento do eixo conjugado é 2b. Os pontos V1, V2 são os
extremos do eixo transverso e B1, B2 do eixo conjugado.
O que foi visto até agora pode ser resumido do seguinte modo: se uma hipérbole tem
focos no eixo x, centro na origem e P(x, y) é um ponto qualquer da curva, então:
Atividade 2
Você já sabe como se comporta a hipérbole quando tem os focos no eixo x
e centro na origem. Seguindo raciocínio semelhante, desenhe uma hipérbole
com focos no eixo y e centro na origem, determine sua equação e os extremos
dos eixos transversal e conjugado.
Solução
y 2 x2
Simplificando a equação por 225, ficamos com 9 − 25 = 1, que é a equação reduzida de uma
hipérbole com focos no eixo y. Sendo assim, a2 = 9 ⇒ a = ±3 e b2 = 25 ⇒ b = ±5. Portanto,
os vértices são V1(0, –3) e V2(0, 3) e 2a = 6. B1(–5, 0), B2(5, 0) e 2b = 10. Como c2 = a2 + b2,
√ √ √
então, c2 = 9 + 25 e, portanto, c = ± 34. Logo, F1 (0, − 34), F2 (0, 34) e 2c = 2 34 .
As equações apresentadas até agora têm como restrição o eixo focal coincidindo com um
dos eixos coordenados e centro na origem. Acompanhe o raciocínio a seguir e veja como é a
equação de uma hipérbole que tem eixo focal paralelo ao eixo x e centro no ponto C(x0, y0), como
mostra a figura a seguir.
y
y'
P(x,y)
y1
y
B2
y0
F1 V1 C V2 x1 F x'
2
B1
0 x0 x x
Figura 5 – Hipérbole com eixo focal paralelo ao eixo x e centro em C(x0, y0)
Fazendo uma translação de maneira que a nova origem O’ coincida com o centro C(x0, y0),
Translação
e chamando de (x1, y1), as coordenadas de P no plano x’y’, pela Figura 5 podemos concluir que:
Processo que consiste x = x0 + x1 e y = y0 + y1. Note que, ao transladarmos os eixos, a hipérbole passou a
em mover os eixos
ter focos no eixo x’ e centro na origem O’. Logo, pelo que já foi visto, a sua equação é
coordenados no plano para
x21 y12 (x − x0 )2 (y − y0 )2
uma posição diferente, − = 1 . Como x = x – x e y = y – y , temos − = 1, como
mantendo os novos eixos a2 b2 1 0 1 0
a2 b2
paralelos aos antigos. a equação da hipérbole procurada.
Solução
B2
0 x
V1 V2
C
B1
√ √
Figura 6 – Hipérbole com centro em C(1,–2) e focos em F1 (1 − 13, −2) e F2 (1 + 13, −2)
b2 (x2 − a2 ) b√ 2
y2 = , ou seja, y=± x − a2 .
a2 a
O cálculo dessas retas e dos vértices da curva oferece um método prático de esboçar
gráficos de hipérboles.
Exemplo 3
Encontre as assíntotas do exemplo 1 e esboce o seu gráfico.
Solução
y 2 x2
A equação reduzida é − = 1 em que a = ±3 e b = ±5. Logo,
3 9 25
y = ± x, V1 (0, −3) e V2 (0, 3) . Assim, o esboço do gráfico é dado por:
5
3 V2
-5 0 5 x
-3
V1
3
Figura 7 – Hibérbole com vértice no eixo y, centro na origem e assíntotas y = ± 5 x
Exemplo 4
Encontre a equação da reta tangente à hipérbole de equação 9x2 – 16y2 = 144 que
passa pelo ponto P(0, –1).
Solução
x2 y 2
Dividindo a equação por 144, obtemos − = 1 . Logo, a2 = 16 ⇒ a = ±4 ;
16 9
b2 = 9 ⇒ b = ±3 e c2 = 25 ⇒ c = ±5 .
Sendo y = mx + n e P(0, –1) um ponto da reta, então, –1 = 0x + n, ou seja,
n = –1 e y = mx –1. Substituindo y = mx –1 em 9x2 + 16y2 = 144, ficamos com
9x2 + 16(mx –1)2 = 144 que simplificada resulta em: (9−16m2 )x2 +32mx−160m = 0 .
Como você já sabe, se a reta e a curva são tangentes, elas possuem apenas um ponto
comum. Isso significa que a equação do segundo grau tem discriminante
igual a zero. Assim,
6784 53 , ou seja, 53
6784 − 10240m = 0 ⇒ m = = = ±0, 8.
2 2
m=±
10240 80 80
E, portanto, as retas procuradas são y = 0,8x – 1 ou y = –0,8x – 1. A Figura 8 é um
esboço da resolução gráfica do exemplo 4.
y = -0,8x -1 7 y = 0,8x -1
-10 -4 0 4 10 x
Figura 8 – Reta tangente à hipérbole 9x2 – 16y2 = 144 no ponto P(0, -1)
Exercícios
x 2 y 2
equação a
2
− 2 = 1.
a b
D
o mesmo modo que na elipse, a excentricidade � de uma hipérbole é definida
c
como a razão . Como c > a, então, � é sempre um número maior que um, isto
c a
é, ε = > 1 . Já foi dito que na elipse a excentricidade determina quão achatada
a
ou não é a curva. Acompanhe a atividade 3 e veja qual é o seu significado para o caso
da hipérbole.
Atividade 3
Construa hipérboles com excentricidades � = 1, 2; � = 1, 4; � = 2; � = 3
e � = 4 e focos em F1(–6, 0) e F2(6, 0).
Você observou que quanto maior a excentricidade, maior o ângulo entre as assíntotas
e mais achatada é a curva nos vértices. Ou seja, seus ramos estão mais afastados do
eixo que contém focos, que é o eixo real. E quando a excentricidade se aproxima de 1,
o que acontece?
Continuando os exercícios
1
Escreva a equação da hipérbole que tem como excentricidade ε = 2 e
6 focos nos pontos F1(-2, 0) e F2(2, 0). Faça um esboço de seu gráfico.
Propriedades da hipérbole
V
ocê estudou na aula sobre parábola que os telescópios refletores utilizam-se de
espelhos parabólicos, de modo que os raios provenientes de um planeta, por exemplo,
chegando praticamente paralelos ao eixo, atingem o espelho e convergem para o foco,
onde a imagem é formada. O problema é que a pessoa que está observando essa imagem
deveria estar com o olho na mesma posição do foco, o que não acontece na realidade.
Uma forma de resolver esse problema é colocando um espelho hiperbólico entre o espelho
parabólico de modo que um dos focos da hipérbole coincida com o foco da parábola.
Essa montagem é conhecida como espelho de Cassegrain e foi proposta pelo astrônomo
francês de mesmo nome em 1672. Nesse tipo de telescópio, os raios vindos do espaço são
refletidos pelo espelho parabólico em direção ao seu foco, onde são captados pelo espelho
hiperbólico e novamente refletidos em direção ao outro foco da hipérbole, no qual formará a
imagem, como mostra a figura a seguir.
Foco comum a
F1 F2
parábola e hipérbole
Espelho
parabólico
Isso é possível, pois a hipérbole possui a propriedade de reflexão. Ela afirma que
a reta tangente à hipérbole em um ponto P é também bissetriz do ângulo F1PF2. Como
conseqüência, temos que todo raio incidente que passa por um dos focos do espelho
hiperbólico é refletido em direção ao outro foco.
F1 F2
Na aula 4 (A elipse), foi dito que alguns corpos celestes possuem órbita elíptica, como
é o caso dos planetas. No caso dos cometas, o tipo de órbita depende da velocidade. Os que
possuem órbita hiperbólica tendo o sol como um dos focos entram no sistema solar em alta
velocidade, contornam o sol e vão novamente para o espaço.
C
omo seção cônica, a hipérbole é obtida pela interseção de um cone com um plano
inclinado que não passa pelo vértice, corta os dois cones e não é paralelo à geratriz.
Foi dito que a hipérbole é o conjunto de todos os pontos do plano, de modo que a
diferença, em valor absoluto, das distâncias aos focos é uma constante.
P2 F2
P1
BF
1
N
o exercício 7 desta aula, você mostrou que o raio focal é dado por d(F1, P) = |�x + a|
e d(F2, P) = |�x – a|, em que � é a excentricidade da hipérbole e
P é um ponto qualquer da curva. Colocando � em evidência, temos
a a
d(F1 , P ) = ε x + e d(F2 , P ) = ε x −
ε ε
a a a
ou d(F1 , P ) = ±ε x + e d(F2 , P ) = ±ε x − . Observe que as expressões x +
ε ε ε
a
e x− podem ser entendidas como as distâncias do ponto P às retas paralelas do eixo
ε a a
y cujas equações são x = − e x = . Essas equações são chamadas de diretrizes.
ε ε
Desse modo, a excentricidade também passa a ser interpretada como a razão entre a
distância de um ponto qualquer da hipérbole a um foco, e a distância desse mesmo ponto
a uma reta fixa, chamada diretriz. Como mostra a Figura 12.
F1 0 F2 x
x =- a x= a
Dessa forma, tanto a elipse e a parábola (estudadas em aulas anteriores) como a hipérbole
podem ser caracterizadas conhecendo-se um foco, uma diretriz e uma excentricidade. Assim,
é possível encontrar uma definição que unifique essas três cônicas. Para todo ponto P de
uma cônica, distinta do círculo, temos d(P, F) = � . d(P, r), em que F é um foco e r a
d(P, F )
diretriz. Logo, ε = . Já foi observado que inscrevendo uma esfera de Dandelin no
d(P, r)
cone, tangente ao plano que determina a cônica, ela interceptará o cone ao longo de uma
circunferência. A diretriz é a reta interseção do plano que contém a circunferência com o
plano que contém a cônica. O foco é o ponto obtido pela interseção da superfície esférica
com o plano que contém a curva. A figura a seguir ilustra o caso da elipse, mas o raciocínio
é válido para qualquer cônica.
4. dos itens 2. e 3., conclui-se que d(P, R)cos α = d(P, r)cos γ, ou seja,
d(P, R)
=
cosγ
.
d(P, r) cosα
d(P, F ) cosγ cosγ
Como d(P, R) = d(P, F), temos: = , ou seja, ε = cosα . Sendo assim,
d(P, r) cosα
se a cônica é uma elipse, temos γ > α e, conseqüentemente, cos γ < cos α, logo, � < 1. Se é
uma parábola, γ = α e ε = 1, e se é uma hipérbole, γ < α, temos cos γ > cos α e, portanto,
� > 1, que pode ser resumido como:
cosγ
ε= < 1 , a curva é uma elipse;
cosα
cosγ
ε= = 1 , a curva é uma parábola;
cosα
cosγ
ε= > 1 , a curva é uma hipérbole.
cosα
Auto-avaliação
Caracterize a hipérbole que tem eixo focal paralelo ao eixo y e centro em C(x0,y0).
1 Construa o seu gráfico.
√
2 Mostre que o valor da excentricidade de uma hipérbole eqüilátera é igual a 2.
Duas hipérboles são conjugadas quando o eixo transverso de uma é igual ao eixo
3 conjugado da outra. Use essa definição e obtenha as equações de um par de hipérboles
conjugadas, com centro na origem e focos nos eixos do sistema cartesiano.
4. Note que a equação solicitada é a de uma hipérbole que tem eixo real paralelo ao eixo x.
10. Use o ponto dado para encontrar n e a expressão do exercício 9 para determinar m.
Referências
AVILA, G. A hipérbole e os telescópios. In: Revista do Professor de Matemática, São Paulo,
n. 34, p. 22-27, 1997. 1 CD-ROM.
SIMMONS, G. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Seiji Hariki. São Paulo: Makron
Books, 1988. 2 v.