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D I S C I P L I N A Geometria Analítica e Números Complexos

A hipérbole

Autores

Cláudio Carlos Dias

Neuza Maria Dantas

aula

06
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara

Ministro da Educação Revisora Tipográfica


Fernando Haddad Nouraide Queiroz
Secretário de Educação a Distância – SEED Ilustradora
Ronaldo Motta
Carolina Costa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Editoração de Imagens


Adauto Harley
Reitor
Carolina Costa
José Ivonildo do Rêgo
Vice-Reitor Diagramadores
Nilsen Carvalho Fernandes de Oliveira Filho Bruno de Souza Melo

Secretária de Educação a Distância Adaptação para Módulo Matemático


Vera Lúcia do Amaral Thaisa Maria Simplício Lemos
Pedro Gustavo Dias Diógenes
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS
Imagens Utilizadas
Coordenadora da Produção dos Materiais Banco de Imagens Sedis (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
Célia Maria de Araújo
Fotografias - Adauto Harley
Coordenador de Edição MasterClips IMSI MasterClips Collection, 1895 Francisco Blvd,
Ary Sergio Braga Olinisky East, San Rafael, CA 94901,USA.
Projeto Gráfico MasterFile – www.masterfile.com
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Divisão de Serviços Técnicos


Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Dias, Cláudio Carlos.


   Geometria analítica e números complexos / Cláudio Carlos Dias, Neuza Maria Dantas. – Natal, RN :
EDUFRN, 2006.

320 p.  : il

   1. Geometria analítica plana.  2. Geometria analítica espacial.  3. Números complexos.  I. Dantas,


Neuza Maria.  II. Título.

ISBN 978-85-7273-331-1 CDU 514.12


RN/UF/BCZM 2006/88 CDD 516.3

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação

A
hipérbole pode ser estudada tanto por coordenadas como geometricamente através
do uso das esferas de Dandelin. As duas abordagens serão apresentadas nesta aula,
sendo que a ênfase será na primeira, uma vez que estudaremos a hipérbole por
meio de sua equação. Para tanto, faz-se necessário apresentar a definição, os elementos
e as propriedades dessa curva. Ao final da aula, serão feitos alguns comentários sobre a
aplicação dessa cônica na construção de telescópios óticos e sobre o porquê da órbita de
determinados corpos celestes ser hiperbólica.

Objetivos
Ao final desta aula, espera-se que você identifique uma
hipérbole por meio de sua definição e saiba elaborar e resolver
problemas envolvendo essa cônica, utilizando, para tanto, sua
equação e propriedades.

Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos 


Definição da hipérbole
Na antigüidade grega, a hipérbole era obtida pela interseção de um plano paralelo ao
eixo de um cone, que não contém o vértice, com as duas folhas da superfície cônica, como
mostra a figura a seguir.

Figura 1 – Hipérbole

Com o advento de coordenadas no século XVII, pode-se definir hipérbole como o conjunto
de todos os pontos P do plano de modo que a diferença, em valor absoluto, das distâncias a
dois pontos fixos F1 e F2, chamados de focos, é uma constante indicada por 2a, com a > 0.
Significa dizer que P satisfaz a condição: |d(F1, P) – d(F2,P)| = 2a. Usando a definição de
módulo, podemos reescrever a expressão anterior como duas outras:
d(F1 , P ) − d(F2 , P ) = −2a ou d(F1 , P ) − d(F2 , P ) = 2a . Donde se conclui que a
hipérbole possui dois ramos, como mostra a Figura 2.
Nota – ao final desta aula, mostraremos que essas duas definições são equivalentes.

P P

F1 F2

Figura 2 – |d(F1, P) – d(F2,P)| = constante

Note que a equação : d(F1, P) – d(F2,P) = 2a é atendida quando P está no ramo direito
da hipérbole visto que d(F1, P) > d(F2,P) e d(F1, P) – d(F2,P) = –2a é válida quando P
pertence ao ramo esquerdo, uma vez que, nesse caso, d(F1, P) < d(F2,P).
Do mesmo modo que a parábola (aula 5), é possível desenhar a hipérbole utilizando
régua e compasso. Para tanto, acompanhe os passos da atividade 1.

 Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos


Atividade 1

A B r

Figura 3 – Reta contendo os pontos A e B

Marque na reta r dada na Figura 3 dois pontos F1 e F2 de modo que


 F1 F2 > AB .

 Em r, marque pontos P1, P2, P3, P4,... fora do segmento AB.

Com o auxílio de um compasso, trace por F1 uma circunferência de raio


3 igual a d(P1, A) e por F2 uma outra circunferência de raio d(P1, B).
Marque a interseção dessas circunferências, caso exista, obtendo os
pontos Q1 e Q2.

Repita o procedimento do item (c) desta atividade para os outros


 pontos P2, P3, P4,... obtendo tantos pontos quanto desejar. Una-os e
use a régua para constatar que se trata de uma hipérbole.

Conclua a partir dos itens 3 e 4 que F1 e F2 são os focos e que a


5 medida do segmento AB é igual a 2a.

Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos 3


Assim como o círculo, a elipse e a parábola, vistas em aulas anteriores, é possível
estudar a hipérbole por meio de sua equação. Para tanto, escolha um sistema de eixo
cartesiano de modo que os focos F1 e F2 pertençam ao eixo x; e o eixo y seja a mediatriz
do segmento F1F2, como mostra a figura a seguir.

,y)
P(x
B2

F1
V1 V2 F2 x
a
B1

Figura 4 – Hipérbole com focos no eixo x e centro na origem

Chamando a distância entre os focos de 2c, temos as coordenadas dos focos F1(– c, 0)
e F2(c, 0). Sendo P(x, y) um ponto qualquer sobre a curva, temos pela definição de hipérbole
que |d(F1, P) – d(F2, P)| = 2a, ou seja, d(F1 , P ) − d(F2 , P ) = ±2a . Usando a fórmula da
distância entre dois pontos, ficamos com
 
(x + c) + y − (x − c)2 + y 2 = ±2a ,
2 2

 
2
que pode ser escrita como (x + c) + y 2 = ±2a + (x − c)2 + y 2 . Elevando
os dois membros
 ao quadrado e fazendo as simplificações pertinentes, obteremos:
xc − a = ±a (x − c)2 + y 2 . Elevando novamente ao quadrado e colocando os termos
2

que dependem de x e de y no primeiro membro e o restante no segundo membro, ficamos


com: (c2 – a2)x2 – a2y2 = a2(c2 – a2).

Olhando para o ∆F1PF2 observamos que F2 P + F1 F2 > F1 P . Logo,


F1 F2 > F1 P − F2 P . Ou seja, 2c > 2a. Assim, c > a e c – a é positivo. Isso significa
2 2

dizer que existe um número real positivo b de modo que b2 = c2 – a2. A equação pode ser
2 2
reescrita como b2x2 – a2y2 = a2b2 ou simplesmente x − y = 1 . Essa equação é chamada
a2 b2
de equação reduzida ou padrão da hipérbole, com focos no eixo x e centro na origem do
sistema cartesiano.
x2 y 2
Observando a Figura 4 que representa uma hipérbole de equação 2 − 2 = 1 ,
a b
podemos concluir que:

 Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos


 o gráfico é simétrico em relação aos eixos x e y;
 o centro da hipérbole, ponto médio do segmento F1F2 coincide com a origem;
 a curva intercepta o eixo x nos pontos V1 e V2 denominados vértices e não
intercepta o eixo y. O segmento V1V2 é chamado de eixo real ou transverso
e o segmento B1B2 é denominado eixo imaginário ou conjugado.

Note que V1 e V2 são pontos do eixo x, fazendo com que tenham ordenadas zero. Da
equação
x2 y 2
− 2 = 1,
a2 b

conclui-se que V1(–a, 0) e V2(a, 0). Assim, V1 V2 = 2a, que é o valor da constante
apresentada na definição. Observe ainda que B1 e B2 são pontos do eixo y, tendo portando
abscissas zero. Donde se conclui que as coordenadas desses pontos são respectivamente
(0,–b) e (0, b). Logo, o comprimento do eixo conjugado é 2b. Os pontos V1, V2 são os
extremos do eixo transverso e B1, B2 do eixo conjugado.
O que foi visto até agora pode ser resumido do seguinte modo: se uma hipérbole tem
focos no eixo x, centro na origem e P(x, y) é um ponto qualquer da curva, então:

a) |d(F1, P) – d(F2, P)| = 2a = d(V1,V2) (eixo transverso);


b) d(B1, B2) = 2b (eixo conjugado);
c) d(F1, F2) = 2c (distância focal);
d) c2 = a2 + b2
x2 y 2
e) − 2 = 1.
a2 b

Atividade 2
Você já sabe como se comporta a hipérbole quando tem os focos no eixo x
e centro na origem. Seguindo raciocínio semelhante, desenhe uma hipérbole
com focos no eixo y e centro na origem, determine sua equação e os extremos
dos eixos transversal e conjugado.

Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos 5


Exemplo 1
Dada a hipérbole de equação 25y2 – 9x2 = 225, encontre os vértices, os focos, os
comprimentos do eixo transversal e conjugado e a distância focal.

Solução
y 2 x2
Simplificando a equação por 225, ficamos com 9 − 25 = 1, que é a equação reduzida de uma
hipérbole com focos no eixo y. Sendo assim, a2 = 9 ⇒ a = ±3 e b2 = 25 ⇒ b = ±5. Portanto,
os vértices são V1(0, –3) e V2(0, 3) e 2a = 6. B1(–5, 0), B2(5, 0) e 2b = 10. Como c2 = a2 + b2,
√ √  √
então, c2 = 9 + 25 e, portanto, c = ± 34. Logo, F1 (0, − 34), F2 (0, 34) e 2c = 2 34 .
As equações apresentadas até agora têm como restrição o eixo focal coincidindo com um
dos eixos coordenados e centro na origem. Acompanhe o raciocínio a seguir e veja como é a
equação de uma hipérbole que tem eixo focal paralelo ao eixo x e centro no ponto C(x0, y0), como
mostra a figura a seguir.

y
y'

P(x,y)
y1
y
B2

y0
F1 V1 C V2 x1 F x'
2

B1

0 x0 x x

Figura 5 – Hipérbole com eixo focal paralelo ao eixo x e centro em C(x0, y0)

Fazendo uma translação de maneira que a nova origem O’ coincida com o centro C(x0, y0),
Translação
e chamando de (x1, y1), as coordenadas de P no plano x’y’, pela Figura 5 podemos concluir que:
Processo que consiste x = x0 + x1 e y = y0 + y1. Note que, ao transladarmos os eixos, a hipérbole passou a
em mover os eixos
ter focos no eixo x’ e centro na origem O’. Logo, pelo que já foi visto, a sua equação é
coordenados no plano para
x21 y12 (x − x0 )2 (y − y0 )2
uma posição diferente, − = 1 . Como x = x – x e y = y – y , temos − = 1, como
mantendo os novos eixos a2 b2 1 0 1 0
a2 b2
paralelos aos antigos. a equação da hipérbole procurada.

 Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos


Exemplo 2
Mostre que a equação 9x2 − 4y 2 − 18x − 16y − 43 = 0 representa uma hipérbole.
Encontre seus focos, centro, e esboce seu gráfico.

Solução

A equação dada pode ser reescrita como 9x2 − 18x − 4y 2 − 16y − 43 = 0 , ou


seja, 9(x2 − 2x) − 4(y 2 + 4y) − 43 = 0 . Completando os quadrados em relação a x e
a y, temos: 9(x2 − 2x + 1) − 4(y 2 + 4y + 4) − 43 − 9 + 16 = 0 que é equivalente a
9(x – 1)2 – 4(y + 2)2 = 36.
(x − 1)2 (y + 2)2
Dividindo a expressão por 36, encontramos − = 1 , que
4 9
representa a equação de uma hipérbole de centro C(1, –2) e eixo focal paralelo ao eixo x.
Pela Figura 5, percebe-se que os focos são dados por F1(x0 – c,y0) e F2(x0 + c,y0). Como
√ √ √ √
c2 = a2 +b2, temos c = 4 + 9 = 13 . Assim, F1 (1 − 13, −2) e F2 (1 + 13, −2) . O
esboço da curva é dado por:

B2

0 x

V1 V2
C

B1

√ √
Figura 6 – Hipérbole com centro em C(1,–2) e focos em F1 (1 − 13, −2) e F2 (1 + 13, −2)

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Assíntotas da hipérbole
x2 y 2
Considere a hipérbole da equação − 2 = 1 . Resolvendo essa equação em y,
a2 b
temos: b2x2 – a2y2 = a2b2 ou b2x2 – a2b2 = a2y2. Colocando b2 em evidência e dividindo por
a2, ficamos com

b2 (x2 − a2 ) b√ 2
y2 = , ou seja, y=± x − a2 .
a2 a

Colocando x2 em evidência, dentro da raiz, ficamos com


 
b a2 b a2
y=± x2 (1 − 2 ) , que é equivalente a y = ± x 1 − 2 .
a x a x

Quanto maior for o valor de x em módulo, mais o radical



a2 a2
1 − 2 se aproxima do valor 1, visto que fica próximo de zero.
x x2
b
O que nos leva a concluir que y se aproxima de ± x.
a
b b
Assíntotas Por isso, dizemos que as retas de equação y = x e y = − x são as assíntotas da
x2 y 2 a a
Reta tal que, à medida hipérbole de equação 2 − 2 = 1 .
que um ponto P da curva
a b
se afasta para o infinito, y 2 x2
a distância de P à reta De modo análogo, se a2 − b2 = 1 for a equação reduzida de hipérbole, suas assíntotas
diminui continuamente e a
serão y = ± x . Desenvolva os cálculos e encontre esse resultado.
tende a zero. b

O cálculo dessas retas e dos vértices da curva oferece um método prático de esboçar
gráficos de hipérboles.

Exemplo 3
Encontre as assíntotas do exemplo 1 e esboce o seu gráfico.

Solução
y 2 x2
A equação reduzida é − = 1 em que a = ±3 e b = ±5. Logo,
3 9 25
y = ± x, V1 (0, −3) e V2 (0, 3) . Assim, o esboço do gráfico é dado por:
5

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y

3 V2

-5 0 5 x
-3
V1

3
Figura 7 – Hibérbole com vértice no eixo y, centro na origem e assíntotas y = ± 5 x

Exemplo 4
Encontre a equação da reta tangente à hipérbole de equação 9x2 – 16y2 = 144 que
passa pelo ponto P(0, –1).

Solução
x2 y 2
Dividindo a equação por 144, obtemos − = 1 . Logo, a2 = 16 ⇒ a = ±4 ;
16 9
b2 = 9 ⇒ b = ±3 e c2 = 25 ⇒ c = ±5 .
Sendo y = mx + n e P(0, –1) um ponto da reta, então, –1 = 0x + n, ou seja,
n = –1 e y = mx –1. Substituindo y = mx –1 em 9x2 + 16y2 = 144, ficamos com
9x2 + 16(mx –1)2 = 144 que simplificada resulta em: (9−16m2 )x2 +32mx−160m = 0 .
Como você já sabe, se a reta e a curva são tangentes, elas possuem apenas um ponto
comum. Isso significa que a equação do segundo grau tem discriminante
 igual a zero. Assim,
6784 53 , ou seja, 53
6784 − 10240m = 0 ⇒ m = = = ±0, 8.
2 2
m=±
10240 80 80
E, portanto, as retas procuradas são y = 0,8x – 1 ou y = –0,8x – 1. A Figura 8 é um
esboço da resolução gráfica do exemplo 4.

Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos 


y

y = -0,8x -1 7 y = 0,8x -1

-10 -4 0 4 10 x

Figura 8 – Reta tangente à hipérbole 9x2 – 16y2 = 144 no ponto P(0, -1)

Exercícios

Encontre as coordenadas do vértice, os focos, os comprimentos


 do eixo transverso e conjugado, as assíntotas e faça um esboço do
gráfico da hipérbole de equação 16y2 – 25x2 = 1.

Hipérbole eqüilátera é aquela em que as medidas do eixo transverso


 e conjugado têm o mesmo valor. Com base nessa definição, encontre
a equação e construa o esboço gráfico da hipérbole eqüilátera que
passa pelo ponto P(2, 3), tem focos no eixo y e centro na origem do
sistema cartesiano.

Latus rectum ou corda focal mínima de uma hipérbole é a corda que


3 passa por um foco e é perpendicular ao eixo transverso. Mostre que
o comprimento do latus rectum é dado por 2b , se a hipérbole tem
2

x 2 y 2
equação a
2
− 2 = 1.
a b

Encontre a equação da hipérbole de focos F1(4, 3) e F2(–2, 3) e


 eixo transverso de comprimento 4. Esboce a hipérbole e determine
os extremos dos eixos transverso e conjugado.

Encontre as coordenadas do centro, as coordenadas dos focos, os


5 vértices, as equações das assíntotas e faça um esboço gráfico da
hipérbole de equação 9x2 – 4y2 – 18x – 16y – 43 = 0.

0 Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos


Excentricidade de uma hipérbole

D
o mesmo modo que na elipse, a excentricidade � de uma hipérbole é definida
c
como a razão . Como c > a, então, � é sempre um número maior que um, isto
c a
é, ε = > 1 . Já foi dito que na elipse a excentricidade determina quão achatada
a
ou não é a curva. Acompanhe a atividade 3 e veja qual é o seu significado para o caso
da hipérbole.

Atividade 3
Construa hipérboles com excentricidades � = 1, 2; � = 1, 4; � = 2; � = 3
 e � = 4 e focos em F1(–6, 0) e F2(6, 0).

O que acontece com o ângulo entre as assíntotas quando � se


 aproxima de 1? E quando se afasta?

Você observou que quanto maior a excentricidade, maior o ângulo entre as assíntotas
e mais achatada é a curva nos vértices. Ou seja, seus ramos estão mais afastados do
eixo que contém focos, que é o eixo real. E quando a excentricidade se aproxima de 1,
o que acontece?

Continuando os exercícios
1
Escreva a equação da hipérbole que tem como excentricidade ε = 2 e
6 focos nos pontos F1(-2, 0) e F2(2, 0). Faça um esboço de seu gráfico.

Mostre que numa hipérbole a distância de um foco a um ponto P(x,y)


 da mesma, chamado de raio focal, é dada por d(F2, P) = |εx + a| e
d(F2, P) = |εx – a|.

Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos 


Continuando os exercícios
Dada a hipérbole de equação 5y2 – 4x2 = 20, encontre: as coordenadas
 dos focos e dos vértices; as equações das assíntotas; a excentricidade.
Faça um esboço do seu gráfico.

Mostre que se y = mx + n é tangente à hipérbole de equação


 x2 y 2
a2
− 2 = 1, então, a2m2 = n2 + b2.
b

Use o resultado do exercício 9 para encontrar as equações das retas


0 que passam pelo ponto (0, 4) e são tangentes à hipérbole de equação
x2 y 2 .
− =1
4 5

Propriedades da hipérbole

V
ocê estudou na aula sobre parábola que os telescópios refletores utilizam-se de
espelhos parabólicos, de modo que os raios provenientes de um planeta, por exemplo,
chegando praticamente paralelos ao eixo, atingem o espelho e convergem para o foco,
onde a imagem é formada. O problema é que a pessoa que está observando essa imagem
deveria estar com o olho na mesma posição do foco, o que não acontece na realidade.
Uma forma de resolver esse problema é colocando um espelho hiperbólico entre o espelho
parabólico de modo que um dos focos da hipérbole coincida com o foco da parábola.

Essa montagem é conhecida como espelho de Cassegrain e foi proposta pelo astrônomo
francês de mesmo nome em 1672. Nesse tipo de telescópio, os raios vindos do espaço são
refletidos pelo espelho parabólico em direção ao seu foco, onde são captados pelo espelho
hiperbólico e novamente refletidos em direção ao outro foco da hipérbole, no qual formará a
imagem, como mostra a figura a seguir.

 Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos


Espelho
hiperbólico

Foco comum a
F1 F2
parábola e hipérbole

Espelho
parabólico

Figura 9 – Telescópio de Cassegrain

Isso é possível, pois a hipérbole possui a propriedade de reflexão. Ela afirma que
a reta tangente à hipérbole em um ponto P é também bissetriz do ângulo F1PF2. Como
conseqüência, temos que todo raio incidente que passa por um dos focos do espelho
hiperbólico é refletido em direção ao outro foco.

F1 F2

Figura 10 – Visualização da reflexividade da hipérbole

Na aula 4 (A elipse), foi dito que alguns corpos celestes possuem órbita elíptica, como
é o caso dos planetas. No caso dos cometas, o tipo de órbita depende da velocidade. Os que
possuem órbita hiperbólica tendo o sol como um dos focos entram no sistema solar em alta
velocidade, contornam o sol e vão novamente para o espaço.

Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos 13


Abordagem geométrica
da hipérbole

C
omo seção cônica, a hipérbole é obtida pela interseção de um cone com um plano
inclinado que não passa pelo vértice, corta os dois cones e não é paralelo à geratriz.
Foi dito que a hipérbole é o conjunto de todos os pontos do plano, de modo que a
diferença, em valor absoluto, das distâncias aos focos é uma constante.

Geometricamente, podemos obter os focos da hipérbole a partir da definição como


seção de cone. Isso é feito fazendo-se uso das esferas de Dandelin. Construa duas esferas
tangentes ao mesmo tempo ao plano e ao cone. Os pontos onde as esferas tocam o plano
são os focos da hipérbole, como mostra a figura a seguir.

P2 F2

P1
BF
1

Figura 11 – Esferas de Dandelin

Observe na Figura 11 que se B é um ponto qualquer de interseção da esfera


com o plano inclinado que determina a hipérbole, então, d(B, F1) = d(B, P1) pois
B é externo à esfera e F1 e P1 são pontos de tangência a ela. Essa afirmação pode
ser justificada por congruência de triângulos da seguinte maneira: sendo E1 e E2 as
duas esferas de Dandelin e chamando C1, R1, C2 e R2 respectivamente os centros
e os raios dessas esferas, temos que se B é um ponto qualquer externo à esfera, os
triângulos BP1C1 e BF1C1 são congruentes, uma vez que o segmento BC1 é comum,
os segmentos C1P1 e C1F1 têm a mesma medida, pois são raios da esfera e os ângulos
BP1C1 e BF1C1 medem 90°, uma vez que segmentos que tangenciam esferas são
perpendiculares ao raio da mesma. Do mesmo modo, d(B, F2) = d(B, P2). Como
d(P1 , P2 ) = d(B, P2 ) − d(B, P1 ), d(B, P2 ) = d(B, F2 ) e d(B, P1) = d(B, F1), para
qualquer ponto B da hipérbole, teremos d(B, F2) – d(B, F1) = constante. O que permite
concluir que os pontos F1 e F2 são os focos da hipérbole.

 Aula 06 Geometria Analítica e Números Complexos


Unificação das cônicas usando
foco, diretriz e excentricidade

N
o exercício 7 desta aula, você mostrou que o raio focal é dado por d(F1, P) = |�x + a|
e d(F2, P) = |�x – a|, em que � é a excentricidade da hipérbole e
P é um ponto qualquer da curva. Colocando � em evidência, temos
 a   a 
 
d(F1 , P ) = ε x +  e d(F2 , P ) = ε x − 
ε ε
 a   a a
ou d(F1 , P ) = ±ε x + e d(F2 , P ) = ±ε x − . Observe que as expressões x +
ε ε ε
a
e x− podem ser entendidas como as distâncias do ponto P às retas paralelas do eixo
ε a a
y cujas equações são x = − e x = . Essas equações são chamadas de diretrizes.
ε ε
Desse modo, a excentricidade também passa a ser interpretada como a razão entre a
distância de um ponto qualquer da hipérbole a um foco, e a distância desse mesmo ponto
a uma reta fixa, chamada diretriz. Como mostra a Figura 12.

F1 0 F2 x

x =- a x= a

Figura 12 – Diretrizes da hipérbole

Dessa forma, tanto a elipse e a parábola (estudadas em aulas anteriores) como a hipérbole
podem ser caracterizadas conhecendo-se um foco, uma diretriz e uma excentricidade. Assim,
é possível encontrar uma definição que unifique essas três cônicas. Para todo ponto P de
uma cônica, distinta do círculo, temos d(P, F) = � . d(P, r), em que F é um foco e r a
d(P, F )
diretriz. Logo, ε = . Já foi observado que inscrevendo uma esfera de Dandelin no
d(P, r)
cone, tangente ao plano que determina a cônica, ela interceptará o cone ao longo de uma
circunferência. A diretriz é a reta interseção do plano que contém a circunferência com o
plano que contém a cônica. O foco é o ponto obtido pela interseção da superfície esférica
com o plano que contém a curva. A figura a seguir ilustra o caso da elipse, mas o raciocínio
é válido para qualquer cônica.

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c r
R
D
Q
F

Figura 3 – Diretriz e foco de uma cônica a partir da esfera de Dandelin

A Figura 13 permite as seguintes conclusões:


1. d(P, R) = d(P, F), pois P é externo à esfera e R e F são pontos de tangência a ela;

2. d(P, Q) = d(P, R)cos α, pois o triângulo PQR é retângulo em Q;

3. d(P, Q) = d(P, r)cos γ, pois o triângulo PQD é retângulo em Q;

4. dos itens 2. e 3., conclui-se que d(P, R)cos α = d(P, r)cos γ, ou seja,
d(P, R)
=
cosγ
.
d(P, r) cosα
d(P, F ) cosγ cosγ
Como d(P, R) = d(P, F), temos: = , ou seja, ε = cosα . Sendo assim,
d(P, r) cosα
se a cônica é uma elipse, temos γ > α e, conseqüentemente, cos γ < cos α, logo, � < 1. Se é
uma parábola, γ = α e ε = 1, e se é uma hipérbole, γ < α, temos cos γ > cos α e, portanto,
� > 1, que pode ser resumido como:

cosγ
ε= < 1 , a curva é uma elipse;
cosα
cosγ
ε= = 1 , a curva é uma parábola;
cosα
cosγ
ε= > 1 , a curva é uma hipérbole.
cosα

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Resumo
Nesta aula, estudamos um processo para construir hipérbole utilizando régua e
compasso. Com isso, vimos que utilizando a definição e a fórmula de distância
entre dois pontos é possível obter uma equação para a curva e que cada
expressão depende da localização dos focos e do centro, em relação aos eixos
coordenados. Conceituamos a excentricidade a partir do foco e da reta diretriz,
o que possibilitou unificar as retas em torno dessa definição. Vimos, por fim,
que, como na elipse e na parábola, é possível determinar geometricamente os
focos da hipérbole, utilizando, para tanto, as esferas de Dandelin.

Auto-avaliação
Caracterize a hipérbole que tem eixo focal paralelo ao eixo y e centro em C(x0,y0).
1 Construa o seu gráfico.


2 Mostre que o valor da excentricidade de uma hipérbole eqüilátera é igual a 2.

Duas hipérboles são conjugadas quando o eixo transverso de uma é igual ao eixo
3 conjugado da outra. Use essa definição e obtenha as equações de um par de hipérboles
conjugadas, com centro na origem e focos nos eixos do sistema cartesiano.

Construa o gráfico de um par de hipérboles conjugadas e mostre que elas possuem


4 em comum o centro e as assíntotas.

Sugestões para as resoluções dos exercícios

1.  Encontre a equação padrão da hipérbole.

2.  Use o fato de que 2a = 2b.

3.  Substitua a abscissa do foco na equação da hipérbole.

4.  Note que a equação solicitada é a de uma hipérbole que tem eixo real paralelo ao eixo x.

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5.  Complete o quadrado e compare com a equação correspondente.

6. Use a equação padrão da hipérbole de focos no eixo x e centro na origem do sistema


cartesiano.

7.  Coloque a hipérbole com o centro na origem e focos no eixo x.

8.  Encontre a equação padrão da hipérbole de focos no eixo y e centro na origem.

9.  Resolva o sistema e assuma que o discriminante é igual a zero.

10.  Use o ponto dado para encontrar n e a expressão do exercício 9 para determinar m.

Referências
AVILA, G. A hipérbole e os telescópios. In: Revista do Professor de Matemática, São Paulo,
n. 34, p. 22-27, 1997. 1 CD-ROM.

LEHMANN, C. H. Geometria analítica. Tradução de Ruy Pinto da Silva Seeczkowaki. 4. ed.


Rio de Janeiro: Globo, 1982.

SEÇÕES cônicas. Disponível em: <http://www.dmm.im.ufrj.br/projeto/diversos/Cônicas.


html>. Acesso em: 4 out. 2005.

SIMMONS, G. Cálculo com geometria analítica. Tradução de Seiji Hariki. São Paulo: Makron
Books, 1988. 2 v.

VENTURI, J. J. Cônicas e quádricas. 5. ed. Curitiba, 2003. Disponível em: <http://www.


geometriaanalítica.com.br/cq/cq.pdf>. Acesso em: 26 maio 2005.

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Anotações

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Anotações

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