Caderni de Saude Mental PDF
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A SAÚDE MENTAL NA
ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
Universidade Federal do Maranhão
UNA-SUS/UFMA
A SAÚDE MENTAL NA
ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
São Luís
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Prof.a Dra. Nair Portela Silva Coutinho
Reitora
Prof. Dr. Fernando de Carvalho Silva
Vice-Reitor
Prof. Dr. Fernando de Carvalho Silva
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e Inovação
Prof.a Dra. Silvia Tereza de Jesus Rodrigues Moreira Lima
Diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Prof.a Dra. Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
Coordenadora Geral da UNA-SUS/UFMA
Projeto de design
Eurides Florindo de Castro Junior
Hudson Francisco de Assis Cardoso Santos
Marcio Henrique Sá Netto Costa
Normalização
Eudes Garcez de Souza Silva - 13ª Região Nº Registro 453
Revisão técnica
Deysianne Costa das Chagas
Judith Rafaelle Oliveira Pinho
Revisão de texto
Fábio Alex Matos Santos
Revisão pedagógica
Lina Sandra Barreto Brasil
Regimarina Soares Reis
ISBN: 978-85-7862-624-2
CDU 613.86:614
Graduação em Medicina pela Escola Latino América de Medicina (2010) - Cuba. Pós-
Graduação em Medicina de Família e Comunidade. Especialização em Residência
médica (Pediatria) - UFMA. Tem experiência na área de Medicina com ênfase no
Sistema Único de Saúde.
p.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................13
2 A SAÚDE MENTAL NOS DIAS DE HOJE...................................................15
2.1 Definindo conceitos em saúde mental.................................................15
2.1.1 Retardo mental versus transtorno mental.............................................17
2.1.2 Transtornos orgânicos versus psicoses/neuroses..................................18
2.2 Saúde mental e a Reforma Psiquiátrica Brasileira................................19
2.3 A legislação em saúde mental...............................................................23
2.4 A organização da assistência em saúde mental....................................29
2.4.1 Saúde mental na Atenção Básica...........................................................29
2.4.2 A Rede de Atenção à Saúde Mental.......................................................32
2.4.3 O matriciamento em saúde mental às equipes da Atenção Básica........35
2.5 Indicadores de saúde mental no Sistema de Informação da Atenção
Básica..................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS......................................................................................... 44
3 SAÚDE MENTAL E A SAÚDE DA FAMÍLIA: ABORDAGEM EM SAÚDE
MENTAL................................................................................................. 53
3.1 Políticas públicas atuais para os cuidados de pessoa em sofrimento
mental.................................................................................................... 53
3.2 Concepção de reabilitação psicossocial................................................56
3.3 Abordagens terapêuticas e trabalhos com grupos...............................57
3.4 Práticas clínicas e medicalização na Atenção Psicossocial...................60
3.5 Ética e Bioética na Atenção Psicossocial...............................................61
3.6 O controle social em saúde mental......................................................63
3.7 Acolhimento aos usuários com agravos de saúde mental na Atenção
Básica à Saúde.......................................................................................65
3.7.1 A chegada do usuário na unidade básica de saúde...............................65
3.7.2 Ferramentas e recomendações na abordagem familiar........................67
3.7.3 Abordagem à saúde mental...................................................................70
3.7.4 Avaliação da saúde mental........................................................................71
3.7.5 Grupos de alto risco para doença psiquiátrica...........................................73
3.7.6 Sinais e sintomas em saúde mental...........................................................75
REFERÊNCIAS.............................................................................................79
4 A SAÚDE MENTAL E A SAÚDE DA FAMÍLIA: RASTREAMENTO E
ACOMPANHAMENTO EM SAÚDE MENTAL.............................................. 83
4.1 Principais agravos em saúde mental e sua abordagem...........................83
4.1.1 O sofrimento mental..................................................................................84
4.1.1.1 Depressão..................................................................................................87
4.1.1.2 Ansiedade..................................................................................................89
4.1.1.3 Alcoolismo..................................................................................................90
4.1.1.4 Tabagismo..................................................................................................92
4.2 Rastreamento em saúde mental...............................................................93
4.2.1 Rastreamento de depressão......................................................................93
4.2.2 Rastreamento de ansiedade......................................................................93
4.2.3 Rastreamento de tabagismo......................................................................95
4.2.4 Rastreamento de abuso de álcool..............................................................99
4.3 Principais medicamentos da saúde mental na Atenção Primária à
Saúde.......................................................................................................101
4.4 Considerações sobre saúde bucal...........................................................107
REFERÊNCIAS...........................................................................................109
PREFÁCIO
1 INTRODUÇÃO
Esta obra traz três capítulos que irão ajudar a compreender algumas
características dos transtornos mentais, métodos e ações em saúde
mental, bem como o contexto histórico no qual a Reforma Psiquiátrica
Brasileira aconteceu. O capítulo intitulado “A saúde mental nos dias de
hoje” aborda as características dos transtornos mentais, abordando dados
epidemiológicos e fundamentação legal da saúde mental no Brasil. Na
sequência, o capítulo “Saúde mental e a saúde da família: abordagem
à saúde mental” trata da discutição dos métodos de abordagem e o
acolhimento do usuário no âmbito da saúde mental. Por fim, o capítulo “A
saúde mental e a saúde da família: rastreamento e acompanhamento em
saúde mental” apresenta ações atribuídas à equipe de Saúde da Família
no âmbito de atuação em saúde mental.
Ementa: Definição dos conceitos em saúde mental. Saúde mental e
Reforma Psiquiátrica Brasileira. Legislação em saúde mental. Organização
da assistência em saúde mental. Indicadores de saúde mental no Sistema
de Informação da Atenção Básica. Políticas públicas atuais para os
cuidados de pessoa em sofrimento mental. Concepção de reabilitação
psicossocial. Abordagens terapêuticas e trabalhos com grupos. Práticas
clínicas e medicalização na Atenção Psicossocial. Ética e bioética na
Atenção Psicossocial. O controle social em saúde mental. Acolhimento
aos usuários com agravos de saúde mental na atenção básica à saúde.
Principais agravos em saúde mental e sua abordagem. Rastreamento em
saúde mental. Principais medicamentos da saúde mental na APS.
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Retardo mental
• A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde - CID-10 apresenta o retardo mental como
parada do desenvolvimento ou desenvolvimento incompleto do
funcionamento intelectual, caracterizados essencialmente por
um comprometimento, durante o período de desenvolvimento,
das faculdades que determinam o nível global de inteligência,
isto é, das funções cognitivas, de linguagem, da motricidade e do
comportamento social (OMS, 1997).
Transtorno mental
• Segundo a Organização Mundial de Saúde, os transtornos mentais
e comportamentais são condições clinicamente significativas
caracterizadas por alterações do modo de pensar e do humor
(emoções) ou por comportamentos associados com angústia
pessoal e/ou deterioração do funcionamento. Defende, ainda,
que a incidência de comportamentos anormais só pode ser
considerada como transtorno quando as anormalidades forem
sustentadas ou recorrentes e resultem em certa deterioração ou
perturbação do funcionamento pessoal em uma ou mais esferas
da vida. Não se trata da insuficiência de uma capacidade mental,
mas da alteração ou perda de capacidades, que pode ter diferentes
graus de gravidade (WHO, 2002).
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Psicoses
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Ano de
Inauguração do Hospital Psiquiátrico Pedro II.
1852
Década
Surgimento do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM).
de 1970
Fonte: Adaptado de: MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção em saúde
mental. Belo Horizonte, 2006. 238 p. Disponível em: <http://www.nescon.medicina.
ufmg.br/biblioteca/imagem/1210.pdf>.
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Criado o Sistema Único de Saúde (SUS), com a Constituição Federativa, formado pela
1988 articulação entre as gestões federal, estadual e municipal, sob o poder de controle
social, exercido por meio dos "Conselhos Comunitários de Saúde".
1990 para a Reestruturação dos Sistemas Locais de Saúde, convocada pela Organização
Pan-Americana da Saúde.
Fonte: Adaptado de: MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção em saúde
mental. Belo Horizonte, 2006. 238 p. Disponível em: <http://www.nescon.medicina.
ufmg.br/biblioteca/imagem/1210.pdf>.
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LEIS
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DECRETOS
PORTARIAS
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REFLETINDO!
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Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde
mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília, DF: Ministério da Saúde,
2004b. 86 p. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível em: <http://
www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/SM_Sus.pdf>.
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• Motivo do matriciamento
• Vida social
• participação em grupos
• participação em instituições
• rede de apoio social
• situação econômica
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Tipo de equipe
(Equipe de Saúde da
Família, Equipe Saúde
Família com Saúde Bucal
Modalidade 1 ou 2, Equipe Ano e mês de Zona Rural ou
de Agentes Comunitários competência Urbana ou
de Saúde, entre outros); dos dados; ambas.
Localidade Modelo de
onde as ESF atenção (EACS,
e/ou de ACS ESF e outros);
atuam;
Fonte: Adaptado de: PORTAL DA SAÚDE. DATASUS por dentro 2.0. Brasília, DF: Ministério
da Saúde, 2008. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php.
Acesso em: 1 nov. 2016>.
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30000 27729
25000
20000
15000
10000
5000
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. SIAB. Sistema de Informação de Atenção
Básica: situação de saúde: Brasil. DATASUS, 2016. Disponível em: <http://tabnet.
datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?siab/cnv/SIABSBR.DEF>.
70000
62075
60719 60208 60194
60000 58264
55264 54306 54499
51744
50000 45538
40000
30632
30000
20000
10000
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. SIAB. Sistema de Informação de Atenção
Básica: situação de saúde: Brasil. DATASUS, 2016. Disponível em: <http://tabnet.
datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?siab/cnv/SIABSBR.DEF>.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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CRP. Linha do tempo. São Paulo, SP, 2012. Disponível em: <http://www.
crpsp.org.br/linha/expandir.aspx?id_ano=23>. Acesso em: 28 out. 2016.
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AMBULATÓRIOS DE ESPECIALIDADES
HOSPITAIS PSQUIÁTRICOS
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CONSULTÓRIOS DE RUA
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“A loucura, objeto de meus estudos, era até agora uma ilha perdida no
oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente” (Machado
de Assis, O Alienista, 1882).
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é T iC A
A ética, como reflexão crítica da moral,
trata da possibilidade de refletirmos sobre a nossa
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• Acompanhamento.
no CAPS.
Fonte: Adaptado de: MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção em saúde
mental. Belo Horizonte, 2006. 238 p. Disponível em: <http://www.nescon.medicina.
ufmg.br/biblioteca/imagem/1210.pdf>.
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Entrevista familiar
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Genograma
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P.R.A.C.T.I.C.E
Objetiva a avaliação do funcionamento da família de um paciente específico.
Fornece informações sobre a organização familiar e o posicionamento
da família diante dos problemas enfrentados, possibilitando o manejo
daquele caso específico. Essa ferramenta foca no problema, permite
uma aproximação esquematizada para trabalhar com a família, facilita
a coleta de informações e a elaboração da avaliação com construção de
intervenção.
• Presenting problem (problema apresentado)
• Roles and structure (papéis e estrutura)
• Affect (afeto)
• Comunication (comunicação)
• Time of life cycle (fase do ciclo de vida)
• Illness in family (doença na família)
• Coping with stress (enfrentamento do estresse)
• Ecology (meio ambiente, rede de apoio)
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Deprimido ou alegre
demais. Considerar
Sinais de Espontaneidade,
o rastreamento
autonegligência ou frequência, quantidade,
para depressão, por
desnutrição, atitudes, continuidade (fuga
exemplo: questões
movimentos, interação de ideias, falta de
de rastreamento de
social. associações).
depressão para pessoas
com doenças crônicas.
Aparência e
Discurso Humor
comportamento
Compreensão da
pessoa sobre sua
doença, seus efeitos
e sua necessidade de
tratamento.
Insight
Luto
Têm maior chance de sofrer problemas de saúde
mental por privação social e econômica, isolamento
de sua cultura habitual, racismo e exposição prévia
a guerras ou torturas (>50% dos refugiados têm
Minorias transtornos mentais).
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Ansiedade
Depressão
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Crenças anormais
Compulsões
Percepções (anormais)
Considerar:
• Ilusão: interpretações erradas de informações visuais ou de
outro tipo, por exemplo, uma pessoa que vê a sombra de
uma árvore se movendo ao vento pode interpretar como se
fosse uma pessoa se mexendo. Isso pode acontecer em caso
de diminuição do nível de consciência ou, algumas vezes, em
caso de visão ruim.
• Alucinações: experiências sensoriais na ausência de
estímulos. Podem ser visuais, auditivas, gustativas, olfativas
ou táteis.
• Pseudoalucinações: percepção vívida que é reconhecida
como não real.
• Despersonalização: sensação de ser irreal como um ator
desempenhando o seu papel. Associa-se com ampla gama
de doenças mentais.
• Desrealização: sensação de que tudo em volta é irreal,
como se estivesse em um sonho. Costuma estar ligada à
despersonalização.
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Transtornos do pensamento
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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SIMON, C.; EVERITT, H.; VAN DORP, F. Manual de clínica geral de Oxford.
Tradução de André Garcia Islabão e Anelise Teixeira Burmeister. Porto
Alegre: Artmed. 2013.
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Classificação
Classificação Internacional da Atenção Primária (versão 2) Internacional das
Doenças (versão 10)
Tristeza/sensação de depressão (P03) R45.2, R45.3
Inclui: sentir-se pouco à vontade, só, infeliz, preocupado.
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Negação Ansie
4.1.1.1 Depressão
A depressão é um agravo
mental que tem uma frequência
relativamente comum, de curso
crônico e recorrente, caracterizada pela
associação com incapacidade funcional
e comprometimento da saúde física. A
pesquisa Nacional de Saúde realizada
em 2013 estimou que 7,6% dos brasileiros com Depressão
18 anos de idade ou mais Angú
receberam diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental. O
que representa 11,2 milhões de pessoas, com maior prevalência na área
urbana (8,0%) do que na rural (5,6%) (BRASIL, 2014). A depressão pode ser
diagnosticada a partir dos Critérios Diagnósticos de Episódio Depressível
segundo o CID-10.
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Cadernos de Saúde da Família
Concentração e atenção
Humor deprimido
reduzidas
Visões desoladas e
pessimismo quanto ao futuro
Ideias ou atos
autolesivos ou suicidas
Sono perturbado
Apetite diminuído
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Atenção Básica à Saúde
(recorrência).
Os quadros de depressão podem ser classificados em leves,
moderados e graves. No âmbito da Atenção Primária à Saúde é mais
comum o manejo da depressão leve, que poderá ser abordada como
uma responsabilidade de resolutividade da APS. Na depressão leve o
papel dos antidepressivos não está bem estabelecido, recomenda-se que
se estabeleçam medidas não farmacológicas por seis semanas como:
psicoeducação, exercícios físicos, acompanhamento semanal do paciente
e, quando possível, psicoterapia. Se os sintomas persistirem ou piorarem,
recomenda-se iniciar antidepressivos, e nesse caso o acompanhamento
médico é indispensável.
O manejo de quadros depressivos moderados e graves devem
ser encaminhados para a avaliação do Centro de Atenção Psicossocial.
Considerando o nível de experiência dos profissionais da equipe de Saúde
da Família e a presença do NASF, podemos dar liberdade e autonomia para
a Atenção Básica realizar o manejo e abordagem dos casos de depressão
moderada e grave, tendo sempre em consideração a supervisão do CAPS,
em determinadas condutas.
4.1.1.2 Ansiedade
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4.1.1.3 Alcoolismo
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A partir do valor da soma das dez respostas, você deve orientar a sua conduta:
Escores Intervenção
0–7 Prevenção primária
8 – 15 Orientação básica
16 – 19 Intervenção breve e monitoramento
20 – 40 Encaminhamento para serviço especializado
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Rastreamento. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013b. 95 p. (Cadernos de Atenção
Primária, n. 29). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
rastreamento_caderno_atencao_primaria_n29.pdf>.
4.1.1.4 Tabagismo
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Cadernos de Saúde da Família
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Cadernos de Saúde da Família
Orientar o usuário:
a) malefícios do tabagismo;
b) tipos de tratamento para tabagismo;
c) disponibilidade de tratamento na rede
e do fluxo que os usuários devem seguir
para iniciá-lo; e
Usuários que não querem
parar de fumar. d) redução de danos.
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A Saúde Mental na
Atenção Básica à Saúde
1. Quantos cigarros você fuma por dia? 4. O primeiro cigarro da manhã é o que
( 0 ) menos de 11 traz mais satisfação?
( 1 ) de 11 a 20 ( 0 ) não
( 2 ) de 21 a 30 ( 1 ) sim
( 3 ) mais de 30
2. Quanto tempo depois de acordar você 5. Você fuma mais nas primeiras horas da
fuma o primeiro cigarro? manhã do que no resto do dia?
( 0 ) + de 60 min ( 0 ) não
( 1 ) entre 31 e 60 min ( 1 ) sim
( 2 ) entre 06 e 30 min
( 3 ) menos de 6 min
3. Você tem dificuldade de ficar sem fumar 6. Você fuma mesmo quando acamado por
em locais proibidos? doença?
( 0 ) não ( 0 ) não
( 1 ) sim ( 1 ) sim
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: o cuidado da pessoa
tabagista. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2015.154 p. (Cadernos da Atenção
Básica, n. 40). Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/
publicacoes/caderno_40.pdf>.
A escala deve ser interpretada da seguinte maneira:
Pontuação Interpretação dos resultados
0 a 2 pontos Muito baixa dependência física
3 a 4 pontos Baixa dependência física
5 pontos Média dependência física
6 a 7 pontos Elevada dependência física
8 a 10 pontos Muito elevada dependência física
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Cadernos de Saúde da Família
• Você fuma?
Avaliar
Aconselhar
Preparar
Acompanhar
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Cadernos de Saúde da Família
Dose Faixa
Dose média
Nome do fármaco equivalente terapêutica Observações
(mg)
(mg) (mg/dia)
BAIXA POTÊNCIA
Baixa potência. Evitar uso em
hipotensão.
Sedativa. Ganho de peso
Tioridazina 100 200 - 300 50 - 600
importante.
ALTA POTÊNCIA
Alta potência.
*Disponível
dose de depósito).
Alta potência.
*Disponível também na
Haloperidol 2 5 - 10 2 - 20
formulação de depósito,
extrapiramidais.
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A Saúde Mental na
Atenção Básica à Saúde
ATÍPICOS
Pode causar sintomas motores em doses
idosos.
Olanzapina 10 - 20 5 - 20 Sedativa. Ganho de peso. Alto custo.
Por vezes utilizada em associação a outros
Sulpirida 600 - 1000 200 - 1000
atípicos potencializando efeito antipsicótico.
Risco de agranulocitose e convulsões.
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Cadernos de Saúde da Família
Quadro 4 - Nome, dose equivalente e média, faixa terapêutica e observações dos principais
benzodiazepínicos utilizados na Atenção Primária à Saúde.
BAIXA POTÊNCIA
Perfil ansiolítico/insônia
terminal.
Diazepam 30 - 100 2.5 - 30 10 mg
Em caso de prescrição IM, a
absorção é lenta e variável.
Perfil ansiolítico/insônia
Clordiazepóxido 30 - 100 5 - 75 25 mg
terminal.
Perfil intermediário.
Útil em pacientes com graus
Lorazepam 6 - 20 0.5 - 6 2 mg leves de insuficiência hepática
(por ser eliminado por via
renal).
Perfil intermediário.
0,5 - 2
Clonazepam 30 - 100 0.5 - 8 Por vezes utilizado no
mg
tratamento da epilepsia.
Bromazepam 8 - 19 1.5 - 20 3 mg Perfil indutor do sono.
Perfil indutor do sono.
Útil em transtornos ansiosos,
Alprazolam 6 - 20 0.5 - 2,0 0.5 - 2 mg
principalmente no transtorno
do pânico.
Perfil indutor do sono.
Baixo desenvolvimento de
Midazolam 1-5 7.5 - 30 mg 15 mg tolerância.
Prescrição IM útil em
agitação.
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde
mental. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013a. 176 p. (Cadernos de Atenção
Básica, n. 34). Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/
publicacoes/caderno_34.pdf>.
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A Saúde Mental na
Atenção Básica à Saúde
Tricíclicos:
Sempre iniciar o tratamento com 25 mg e aumentar 25 mg a cada 2 - 3 dias até atingir
nível terapêutico.
Maior tendência à sedação e
cardiotoxicidade. Evitar em idosos.
Amitriptilina 150 - 200 50 - 300 Várias indicações na clínica médica
(polineuropatia periférica, dor crônica
etc.).
Boa indicação também para
transtornos de ansiedade. Usualmente
Clomipramina 150 - 200 50 - 300 doses menores são necessárias no
transtorno do pânico e maiores no
transtorno obsessivo-compulsivo.
Imipramina 150 - 200 50 - 300 Observar interações medicamentosas.
INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA
Citalopram 20 20 - 60
Escitalopram 10 10 - 30
Meia-vida prolongada; observar
Fluoxetina 20 5 - 80
interações medicamentosas.
Paroxetina 20 10 - 50 Observar síndrome de retirada.
Sertralina 50 - 150 50 - 200
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde
mental. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013a. 176 p. (Cadernos de Atenção
Básica, n. 34). Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/
publicacoes/caderno_34.pdf>.
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Cadernos de Saúde da Família
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A Saúde Mental na
Atenção Básica à Saúde
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A Saúde Mental na
Atenção Básica à Saúde
REFERÊNCIAS
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Cadernos de Saúde da Família
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A Saúde Mental na
Atenção Básica à Saúde
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