PSF e Saude Publica
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SUMÁRIO
UM POUCO DA HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO PAÍS ............................................ 4
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)........................................................................... 10
A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA - PSF .................................................................. 18
CRÍTICAS AO PSF – O OUTRO LADO DA MOEDA ...................................................... 34
A CRISE PARADIGMÁTICA DA SAÚDE PÚBLICA ........................................................ 39
A PERSPECTIVA CONSTRUCIONISTA SOCIAL........................................................... 51
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 60
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http://www.oficinadoestudante.com.br/blogdobixo/saude-publica-aparece-em-evidencia-no-enem/
(Nunes, 2000).
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iniciava suas exportações, principalmente de café, e corria sérios riscos nos portos,
endemias. A mobilização da Saúde Pública nessa época foi direcionada para a criação
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médica a seus filiados e dependentes. Sua aquisição para os funcionários se dava por
A CAPs teve seu início nas empresas de estrada de ferro e foi se expandindo
aposentadoria a todos os trabalhadores, por outro, houve uma apropriação, por parte
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privadas do País. Houve baixíssimos investimentos, nessa época, no que diz respeito
sistema público de saúde estava posta, e a crise foi tomando grandes proporções
junto a outras crises decorrentes do sistema ditador, numa época marcada por
dificuldades em vários setores, não apenas da saúde, mas também nos setores
somente evidencia os prejuízos desse sistema para a saúde, mas também traz
propostas de novas modalidades para uma outra concepção do pensar e fazer saúde,
mais humana e universal, podendo somente ser alcançada através da uma ampla
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na década de 70.
(Gerschman, 1995).
(Cecilio,1997).
Contudo, o momento político em que o País se encontrava, com seu regime vigente,
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de mercado rumo ao que viria a caracterizar-se como globalização. Essa nova forma
O subsistema público foi se tornando cada vez mais precário. Mendes (1999)
projeto neoliberal.
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pensar a Saúde Pública e nela atuar. Foi a crise que tornou o momento propício para
a criação de modelos contra-hegemônicos. Campos (op.cit.) refere que foi com base
campo da saúde. As CNS foram instituídas pela lei n° 378 de 13 de Janeiro de 1937
com realização prevista a cada dois anos, tempo viável para o constante
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1963).
Com o primeiro tema, buscou-se ampliar o conceito de saúde modificando seu caráter
fundamental para a conquista de seus direitos (Brasil/MS, 1986). Com isso, a saúde
passa a ser definida como: (...) resultante das condições de alimentação, habitação,
Dentro também do primeiro tema, saúde como direito de todos, deu-se grande
ser implantado em todo o País através da reforma sanitária. Seu principal objetivo era
acabar com a centralização dos serviços, com uma progressiva estatização do setor,
local. Portanto, as diretrizes básicas propostas para esse novo sistema único de saúde
efetiva do Estado e município deveria ocorrer passando por uma ampla reforma
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saúde só passou a prestar serviços para o SUS após sua regulamentação (Rodriguez
Neto, 1994).
União/Estado/Município.
município deve possuir autonomia para dirigir seus recursos, investindo de acordo
seu bairro, construindo estratégias junto aos profissionais de saúde para uma
qualquer tipo de serviço de que necessitar, seja de caráter estatal quanto privado,
• Equidade: todo indivíduo deve ser igual perante o SUS e deve ser
receber tratamento, deve ser olhada como um ser integral, inserida num contexto
humana, eficaz e universal. Um ganho não somente para a população que estava
inalienável.
Dimenstein (op.cit.) citou alguns deles, tais como o princípio da equidade: a prática
pregam uma visão ampliada do ser humano e de seu contexto vivencial, na prática,
formação técnica, mas principalmente uma capacitação (...) que recupere a visão de
descentralização dos serviços de saúde. Num País como o Brasil – grande, povoado
Sistema de Saúde eficaz, é necessário que cada região possa ter autonomia para
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realizada com dificuldades, dado que a cultura hegemônica da saúde no País ainda
clínicos.
ainda que não se consolide a igualdade sem lei (grifo do autor) (Fleury,1997.p34).
cidades já conseguiram sair da lei e pôr em prática seus preceitos. São exemplos bem
importantes para esse sistema funcionar, tais como haver controle social através dos
população.
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(1998) destaca alguns que têm tido repercussão no País como o “saudicidade”,
concebido em Curitiba, em finais dos anos 70; “Em Defesa da Vida”, que se
abandono de uma programação das ações em saúde rígida e burocratizada como faz
indicam que a população não conquistará sua saúde apenas com a cura das doenças,
familiares, porém não de todas elas, já que era um profissional liberal e seu
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década de 70, outros países como Canadá, México e alguns europeus, aderiram a
passava por um momento político que não priorizava tais mudanças na saúde.
Nos anos 90, houve uma revalorização do tema família, o que levou muitos
Cuba também contribuiu para essas reflexões alcançarem nosso País. Em 1993, o
da assistência à saúde.
saúde. Tanto que, apesar de ter expandido o nome Programa de Saúde da Família,
este não está sendo caracterizado pelo Ministério da Saúde como um programa novo
a ser implantado mas sim, como uma estratégia, pois não traz propostas inovadoras
sua expansão. Mendes (1996) discutiu essa questão referindo que a estratégia Saúde
Assim, o PSF surgiu como uma estratégia do SUS, fortalecendo ainda mais as
propostas deste.
Esse objetivo, porém, ia contra um dos princípios básicos propostos pelo SUS – a
ter sido um programa elaborado para pobres, ou ter recortes para populações
específicas, como mulheres e crianças. Aos poucos, essa imagem vem se dissipando,
pois, segundo Vasconcellos (1998), este veio responder a uma tendência mundial de
fazendo parte de todo o sistema hierárquico local, devendo ser a porta de entrada dos
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outros setores como saneamento, educação, alimentação, moradia, etc., todos sendo
saúde é o mais novo integrante das equipes de saúde e seu trabalho é de grande
potencialidade transformadora para o PSF, pois é ele que faz a ponte entre a
comunidade e a equipe, trazendo outros fatores que interferem nos riscos à saúde e
que, muitas vezes, não são acessíveis à equipe. Mais que isso, são moradores do
Cada equipe é responsável por uma região delimitada, habitada por 600 a
como foi proposto, deve ser centrado nas necessidades da comunidade que ali reside,
os que passam maior tempo em contato direto com a comunidade, realizando visitas
próxima com o usuário em suas demandas. A proposta do PSF tenta contemplar essa
Corral, Sacasas, Mirabal, 1985.). Segundo Bastos & Trad (1998), é na família que se
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já foi praticado desde o século XIX através do movimento higienista. Tal movimento
considerada como não tendo condições de proteger seus membros. A partir desse
A família passou muito tempo sob o olhar “protetor” do saber médico, sendo que
alguns conceitos daquela época perduram até os dias de hoje (Costa, 1983).
cuidado para não repetir o modelo anterior, de polícia médica, com o intuito de controle
sistema familiar e não respeitando a cultura local. Para que esse modelo não perdure,
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destas. Diante dessas questões, será necessário refletir e abrir uma ampla discussão
controle das ações de saúde, buscando uma melhor qualidade de vida; globalidade,
atenção integral a toda população e não somente aos doentes; atenção de saúde
ativa, a intervenção se faz importante para além da clínica, com ações de promoção,
referência, isto é, encaminhar as pessoas para outros sistemas de saúde sempre que
algumas premissas são inseridas como fundamentais para viabilizar seu bom
como fundamental, com a busca de espaços comuns dentro das várias especialidades
das pessoas. A vida cultural, social e econômica incorporada como parte do processo
garantia dessa participação não apenas na construção das ações em saúde, mas
4. Acompanhamento e avaliação
andamento dos PSFs. Com isso o próprio serviço tem o controle de suas atividades,
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competência.
valorizado no trabalho de equipe, tendo ele autorização e espaço para exercer toda
equipe.
responsabilidade. Tal conceito acredita que o trabalhador que obtém uma permissão
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uma certa diretriz organizacional, um certo controle institucional para que se possam
como um instrumento exclusivo deste. Os movimentos para uma atenção mais voltada
marco dessa tendência foi a Conferência de Alma Ata, URSS, sobre Atenção Primária
Nacional de Saúde, que também ocorreu em 1986, apontando que a busca por
mudanças estava sendo geral. Dessa conferência internacional, resultou uma carta
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desenvolvimento pessoal para que indivíduos tenham maior controle sobre sua
quatro áreas principais para isso: saúde da mulher, alimentação e nutrição, tabaco e
Promoção de Saúde, em Jakarta, vem reforçar ainda mais a saúde como direito
alcançadas até o ano 2000, tendo como eixo a Carta de Ottawa (Declaración, 1997).
e prevenção.
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liberal, trazendo-o para o contexto da atenção de primeiro nível, tendo como figura
central o papel do médico; outra proposta para a saúde, partiu de profissionais com
pela sua estereotipia, caracterizado como medicina de pobre; e uma terceira proposta,
ampliação dos serviços de saúde, não possuíam vivência comunitária e não tinham
A proposta do PSF tenta romper com essa tecnificação num trabalho que
faz atuações inserida nesta (visitas, grupos e atividades nas casas, praças, ruas, etc.),
momentos onde a comunidade vai até a equipe buscar ajuda (consultas, orientações
possam ser construídos. Essa ênfase dada ao serviço está nos princípios vigentes da
promoção de saúde.
então a proposta é que essa qualidade seja garantida e mantida no próprio ambiente
em que vivem e que essas pessoas sejam participantes ativas desta manutenção.
profissionais.
definição da “saúde que queremos”. Não é apenas uma circunstância desejável, mas
vem se dando a inserção da promoção de saúde nesta, para que formas eficazes e
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função que a pessoa exerce na sociedade, ela possui uma idéia diferente de
pessoas que dividem o mesmo espaço; ligação residencial; etnia; grupos etários, etc.
transformações, pois a teoria é estática, mas a prática não. Essa pesquisa indica que
pessoas, mostrando que qualquer intervenção deve ser construída a partir do contexto
especificidades.
influência: para se obter acesso a qualquer bem social era necessário ter uma relação
contrário, as portas estavam fechadas. Isso influencia até os dias de hoje a sociedade
Popular. Este método foi originalmente pensado por Paulo Freire através da
(op.cit.) refere ainda que os movimentos sociais vêm sofrendo diversas modificações
desde a ditadura militar, época em que muitos dos profissionais que trabalhavam
que a sociedade civil passou a participar mais ativamente nas questões políticas da
uma reorientação das formas de participação, com uma configuração diferente das
épocas anteriores.
profissionais. A maneira legal de ser exercido é através dos conselhos de saúde, onde
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(público e privado) e 50% de usuários, escolhidos por membros de sua classe com
direito a voz e voto. Além disso, as reuniões do conselho são abertas para toda a
principal tema debatido foi a efetivação do SUS através do controle social. Com vários
Apesar de todo o ânimo e também do PSF estar nas agendas de saúde de todo
o País como instrumento privilegiado de estratégia, muitas críticas têm sido feitas por
atento para que não se caia nas garras da ingenuidade, acreditando que a mudança
do PSF como um programa que não tem potência para mudar o modelo tecno-
assistencial brasileiro devido a alguns fatores como: ter uma incursão muito pequena
na área clínica, priorizando somente ações de promoção de saúde; por não ter
medico-centrada, tendo sido um programa implantado pelo governo muito mais para
a redução dos custos em saúde do que para uma humanização dos serviços voltados
às necessidades da população.
Bech (2000) fez uma crítica às apreciações de Franco e Merhy (op.cit.) sobre o
espontâneas realmente ocorre, mas ela é para o futuro, onde a realização de outros
sendo este vivo, multiprofissional, abrangendo os diversos locais da vida das pessoas
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de modelo.
Ainda nas críticas ao PSF, Salum (1999) também alertou para o cuidado de não
capitalista.
Outra questão que Salum (op.cit.) incita a pensar é que o PSF tem se voltado
curativo de saúde. Nessa linha de pensamento, Miranda (1998) apontou que apesar
com a resolutividade clínica dos problemas. Para Miranda (op.cit.), o enfoque setorial
segundo Miranda (1998), (...) se configura como uma panacéia de ordenação vertical,
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que deve possuir uma rede assistencial única sendo capaz de estabelecer uma
prática fragmentada, sendo que muitas vezes o PSF tem sido visto como um outro
SUS, à parte.
contra, a favor, mais otimistas, mais pessimistas, porém todos eles com versões no
obtidas). Observou-se que 71% dos profissionais acreditam que o PSF tem sido uma
acreditam que ainda não se tornou uma boa estratégia por se centrar mais no discurso
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acreditando que pode vir a se tornar eficaz por ser uma prioridade do Estado,
PSF continua crescendo e avançando em todo País. Em 1994 eram 328 equipes, em
agosto de 1999 foram registradas 4.051 equipes e 1533 municípios funcionando com
o PSF (Brasil/MS, 1999). Só no Estado de São Paulo são 847 equipes e 5.861 agentes
articulados nas lutas por uma saúde melhor e mais integralizada. A estratégia Saúde
repetem os velhos padrões. A vontade de muitos é boa e grande, mas a práxis nos
capitalista? São questões que devem ser refletidas com afinco, pois os nós estão
muito bem dados e as discussões que têm sido travadas com várias propostas de
mudanças não têm sido suficientes para desfazê-los. Nem as boas intenções. É
significativas na saúde. Pois propostas não faltam, muito menos esforço, mas o nó
está presente.
reflexão desse processo de “desatação” seja entender qual é afinal a grande crise da
Saúde Pública. Há alguns autores pensando nessa questão como ponto significativo
Terris (1992 apud Paim & Almeida Filho, 2000) redefiniu a concepção de Saúde
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e da reabilitação (p.33/34).
realizado pelos sanitaristas e aquelas que consideram a Saúde Pública uma área em
que questões como pobreza, falta de esperança e economia global estão ganhando
em nenhum momento.
Saúde Pública e Saúde Coletiva. Paim et al. (2000) definiu as linhas demarcatórias da
Saúde Coletiva como um saber historicamente produzido, suas ações como prática
Paim et al. (op. cit.) considerou a Saúde Coletiva como uma área do saber e de
uma prática social, mas não deixou de acrescentar que a mesma tem subestimado o
processos saúde, adoecimento e cura sob uma perspectiva social. Porém, o autor
apontou que a maneira como esta aborda seus pressupostos, acreditando superar
todos os outros modelos em saúde, acaba por repetir o mesmo padrão autoritário dos
novo modo de se produzir saúde, que negaria o modelo clínico e não um modo entre
o autor, deixa de ser um modelo promissor e diferenciado para se encaixar junto aos
outros modelos disciplinares, definindo-se como única alternativa viável para a saúde.
Campos (2000) ressalta que todas as áreas vinculadas à saúde possuem o intuito de
produzir saúde, com mais ou menos eficiência, porém esse é o objetivo de todos os
entre esta e a Saúde Coletiva também existem, variando de autor para autor. Alguns
para além dos objetivos desse estudo. A citação dessas divergências vem com o
intuito de mostrar como a falta de parâmetros para definir seu campo de atuação e o
para sua configuração. Seria muito simplificador acreditar numa única questão para
isso e não ajudaria em nada a busca de sua superação. Abordou três pilares de
discussão para refletir essa crise. O primeiro relativo à conceituação. Analisou que
essa variedade de conceituação sobre do que trata a Saúde Pública, como já descrito
acima, diz um pouco de sua crise. Há uma crise de identidade, um desacordo sobre
do que cuida a Saúde Pública. Alguns autores tratam de questões relativas à busca
Pública. Mendéndez (1992 apud Tarride 1998) inseriu a discussão de que sua crise
atuantes que somam 89% concentrados nas áreas de biologia, matemática e técnicos
estatísticos, restando apenas 11% nas áreas humanas o que significa uma formação
Não encontramos ainda nas políticas públicas de saúde – a não ser recentes e
p.287/288).
Paim et al. (2000) fazem uma discussão sobre paradigmas para justificar a crise
um determinado tempo e local específico e que serve como referencial para ações.
referencial positivista, o qual considera a realidade como algo externo ao ser humano,
funcionamento mecânico (corpo com seus órgãos) e podendo ser explicitada a partir
das peças que o compõe. As questões políticas, sociais e culturais não são discutidas
questão paradigmática. Segundo Paim et al. (2000), novos paradigmas estão sendo
reestruturação da Saúde Pública, mas de uma ‘Nova Saúde Pública’, assentada num
novo paradigma. Para isso, seria necessário gerar discussões no âmbito político,
social, nos terrenos teóricos e também da práxis para se instaurar políticas públicas
saudáveis.
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Tarride (1998) também propôs que houvesse uma mudança para uma ‘Nova
por Saúde Pública e poder pensar seus problemas dentro dela própria. A busca por
verdades absolutas, segundo o autor, transforma a saúde em algo que existe a priori,
ambientes sociais e naturais. (...). Somos nós, então, que devemos especificar a
saúde que queiramos, dentro de uma realidade aceitável, dadas as condições sociais
Todas as considerações acima dos autores nos levam a pensar numa crise da
saúde, uma mudança não somente da Saúde Pública, mas também da Saúde
Coletiva, que segundo ele, apesar de trazer propostas de uma ampliação da visão de
saúde para um âmbito mais social, a disciplina não traz a discussão dos paradoxos
para a ação em saúde. O autor propôs um novo modelo – a ser inventado – que possa
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las, para assim, haver condições de transpor a crise para algo produtivo na saúde.
pessoas lutam e lutam e acabam por desanimar sem que suas aspirações tenham
reflexões e propostas (Campos 1997b; 2000) para a crise são o repensar a Saúde
instituições sociais. Nessa perspectiva, Campos (2000) ainda propôs uma teoria sobre
próprias, servindo assim de base para os distintos saberes em saúde, e não somente
uma visão de saúde disciplinadora, com regras a se cumprir para o seu alcance, da
permanecerá, pois a máxima da questão não são as práticas concretas de saúde que
fazem as crises, mas a filosofia com que elas têm sido construídas e implementadas.
sobre as práticas de saúde e sua crise possibilita arriscar dizer que a ponta do nó é
comprometido com a crise estabelecida. A discussão que gera dessa crise, sobre a
cura. O que nos parece é que apesar de haver propostas para essas mudanças e
estas estarem se aprimorando no decorrer dos anos, o modo como operam, repetem-
saúde. Faz-se urgente debruçar sobre essas questões e repensar não apenas quais
são os planos estratégicos nas políticas de saúde, mas principalmente como estão
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seu nó atado.
sua saúde. Várias pesquisas têm sido desenvolvidas abordando questões técnicas e
(Campos 1997a; Conh 1999; Minayo 1998; Spink 1996, 1992; Vasconcelos 1999,
1997).
De acordo com Minayo (1998), para qualquer ação de saúde a ser proposta a
uma população, é importante que se conheçam seus valores, crenças, e que se esteja
atento a que grupo se dirige, pois ela manifesta-se de forma específica em cada
direção e controle.
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é esse entendimento que permeia toda a relação desse usuário com o Sistema de
com o autor, a eficácia de um trabalho com uma comunidade ou com uma família em
específico depende deste fazer sentido para ela, ser algo que ela busque e acredite
Assim, ao explorar a interface entre serviço de saúde – visto aqui como sistema
(Oliveira1998, p 93).
no qual há um saber verdadeiro que deve ser replicado para toda a sociedade. Assim,
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fundamentada.
crise da Saúde Pública se fundamenta num modelo de saúde realista, em que há uma
práticas sociais, vêm contribuindo para o pensar e fazer uma Saúde Coletiva mais
autônoma e menos rígida nos seus pressupostos. Entre elas situa o construcionismo
como estratégia para a mudança, por se tratar de uma teoria que trabalha com a
saúde.
Contribui, assim, para pensar a saúde não como um fenômeno já dado, pronto
para exercer suas ações, mas sim como práticas discursivas em constante processo,
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A perspectiva teórico-metodológica
práticas discursivas situadas, não havendo, portanto, uma verdade dada a priori,
Crítica literária-retórica: Faz-se uma crítica à verdade científica como algo dado
de que a linguagem seja representacional, que represente o mundo tal como ele é.
relações estabelecidas.
dita por si mesma os termos pelos quais o mundo deve ser explicado. A forma como
há uma essência que dita por si mesma os termos em que ela deve ser descrita. O
de um mundo em si mesmo, trazendo com essa afirmação uma dura crítica social,
cultura, pela história e pelo contexto social, não existindo fora deles. Com esse
cultura para outra, sendo construídas dentro das instituições sociais, morais, políticas
como estabelecer regras gerais para as descrições das ações humanas. Com esse
sempre situada.
estas mantidas não por sua validade empírica, mas sim pelos processos sociais, pela
se com esse princípio que a construção situada do mundo é de caráter social. O foco
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Para o construcionismo, a
1999).
cit.).
então, o espelho do mundo, mas sim o constrói. Vista como prática social, linguagem
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produzidos.
sempre na arena social. Este autor fornece, assim, bases para a compreensão das
conceito trata da reflexão sobre o processo da construção dos sentidos, propondo que
não carrega nenhum sentido por si só, dependendo esse sentido do ato de
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significa sozinho, sendo necessária a relação interativa, dialógica para que o sentido
se dê.
sentido não está localizado em uma pessoa ou outra e também não está localizado
Shotter (op.cit.) relata dois principais aspectos da ação conjunta: primeiro é que ela
de prever anteriormente os sentidos, o autor diz haver sempre uma direção para tal
fazem juntas. Isso aponta, segundo Sotter (op. cit.), para a possibilidade de podermos
ser autores de nossa realidade e de nossos selves, não significando porém, que tal
entre pessoas, o que pode contribuir imensamente com a descrição de um outro modo
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se justifica para uma intervenção pode não se justificar para outra, o que serve para
ação conjunta), não como algo que antecede e prepara as intervenções, mas já se
práticas sociais em saúde. Assim, são nessas conversações que vão se produzindo
a saúde.
Tal perspectiva também contribui para pensar a construção das ações de saúde
constantemente negociados.
das realidades sociais, abrem-se caminhos para romper com sua crise, já que suas
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REFERÊNCIAS
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Equipe de Elaboração
NÚCLEO PEDAGÓGICO - SUL DE MINAS
Coordenação Geral
JAQUELINE DOS PASSOS CARVALHO
Professor-autor
JAQUELINE DOS PASSOS CARVALHO NÚCLEO PEDAGÓGICO - SUL DE MINAS
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