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Livro de Programação - Xiii Conlab PDF

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Benjamin Xavier de Paula, Cleber Santos Vieira,

Jacqueline Freire, Marina Mello

LIVRO DE PROGRAMAÇÃO E
RESUMOS

XIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais – CONLAB

II Congresso da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas


de Língua Portuguesa – CONAILP-CSH

África, Diásporas e o Diálogo Sul-Sul:


Descolonizando as Ciências Sociais e Humanas
Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo
(EFLCH/UNIFESP)

17 a 20 de Dezembro de 2018
LIVRO DE PROGRAMAÇÃO
17/12/2018
08:00 - 17:00 - CREDENCIAMENTO
Credenciamento dos Congressistas do XIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências
Sociais e 2º Congresso da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas de Língua
Portuguesa
Local: Hall do Bloco de salas de Aula - Aquário

09:00 - 13:00 - Workshops

Workshop 01: Epistemologias do Sul


Ministrantes: Dr. Boaventura de Sousa Santos (CES - Universidade de Coimbra)
Dra. Marina de Pereira de Mello (UNIFESP)
Local: Auditório EFLCH/UNIFESP

Workshop 02: África, Diásporas e Pensamento Africano no Século XXI


Ministrante: Dra. Eurídice Monteiro (Universidade de Cabo Verde / Uni-CV)
Local: Sala 103 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

Workshop 03: Direito, Justiça, Cidadania e Nação


Ministrante: Ísis Aparecida Conceição (UNILAB/Campus dos Malês-BA)
Local: Sala 104 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

Workshop 04: Bairros negros: a espacialização urbana do racismo estrutural


Ministrantes: Prof. Dr. Henrique Cunha Júnior (Universidade Federal do Ceará/UFC); Prof.
Tiago de Jesus (Universidade Federal do Ceará/UFC)
Local: Sala 105 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

13:30 às 15:30: Roda de Conversa “Boaventura de Sousa Santos em Diálogo com


Movimentos Sociais”.
(Intelectuais, Lideranças e Ativistas de comunidades locais, de comunidades tradicionais, de
movimentos sociais e da academia)
Local: Auditório Adamastor (UNIFESP Guarulhos)

15:30 às 17:30: Votação para a eleição dos órgãos sociais da AILPcsh 2019-2020.
Local: Auditório II (Sala da Congregação)

18:00 - 19:00 - Cerimônia de Abertura

Cerimônia de Abertura do XIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais -


CONLAB e II Congresso da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas de
Língua Portuguesa - CONAILP
Local: Teatro Adamastor Pimentas - UNIFESP Guarulhos
Presidente: Profa. Dra Marina Pereira de Almeida Mello - UNIFESP (Vice Presidente da
AILP/CSH) e Prof. Dr. Cleber Santos Vieira - Coordenador do NEAB/UNIFESP e
Coordenação Local do XIII CONLAB

Autoridades Convidadas:
● Profa. Dra. Soraya Soubhi Smaili - Reitora da UNIFESP
● Profa. Dra. Raiane Patrícia Severino Assunção - Pró-reitora de Extensão e Cultura da
UNIFESP
● Profa. Dra. Magali Aparecida Silvestre - Diretora da Escola de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas - EFLCH/UNIFESP
● Gustavo Henric Costa - Prefeito Municipal de Guarulhos/SP
● Eduardo Soltur - Presidente da Câmara Municipal de Guarulhos/SP
● Representante da Subsecretaria da Igualdade Racial da cidade de Guarulhos

19:00 - 20:00 - CONFERÊNCIA DE ABERTURA

Conferência “Os desafios da crise da democracia às ciências sociais e humanas”


Conferencista: Dr. Boaventura de Sousa Santos - Centro de Estudos Sociais/CES da
Universidade de Coimbra
Coordenação: Prof. Dr. Benjamin Xavier de Paula (UFU) e Profa. Dra. Marina Mello
(UNIFESP)
Local: Auditório Adamastor

20:00 - 22:00 - Lançamento de Livros


Lançamento do Livro “Na Oficina do Artesão” (2018, Boitempo Editora) de autoria de
Boaventura de Sousa Santos do Centro de Estudos Sociais/CES da Universidade de
Coimbra
Local: Hall do Bloco de Salas de Aula - Aquário
18/12/2018
08:30 - 10:00 - GRUPOS DE TRABALHO - GT

GT 04-A. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-A - Sessão 5 - Sala 206 - Dia 18/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 206 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. A trajetória de Formiga nas páginas do jornal Folha de São Paulo: entre glórias e
silenciamentos, 1996-2017 - Victor Vicente Barreto.
2. Arte Educação Antirracista: disparadores poéticos- metodológicos para um experimento
cênico - Evandro Gonçalves da Silva
3. Racismo Institucional: A trajetória escolar de meninas negras e suas estratégias de
enfrentamento. - Juliana Caldeira da Silva.
4. Transatlântico, da travessia até a escola: a permanência de crianças negras refugiadas no
ambiente escolar - Sabrina Leite Santos.
5. Pretos, pobres e analfabetos: uma história da educação escolar na literatura dos anos 1930 –
Maurina Lima Silva (Universidade do Estado da Bahia).
6. A formação e(m) prática docente no contexto da lei 10.639/03: a (re)educação de
(re)educadores para o enfrentamento do racismo nas escolas das infâncias da rede municipal
de Guarulhos-SP - Felipe José do Nascimento Henrique

GT 04-B. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-B - Sessão 5 - Sala 106 - Dia 18/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 106 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

7. Ifá e Psicologia: uma interface sobre o autoconhecimento. - Jamile Dantas Nascimento


Santos.
8. A Herança Afro-bantu Paulista: o caso do samba de bumbo de Pirapora e o Kolomboio Diá
Piratininga – Sidney Paixão.
9. Discricionariedade da burocracia do nível de rua: obstetrizes negras no atendimento pelo
SUS no município de São Paulo - Vinícius Lima da Silva Maciel.
10. Violência do Estado no corpo das mulheres negras: Mortalidade materna como expressão
do feminicídio - Amanda Silva Teixeira.
11. Um estudo sobre o Campus da UFBA e o direito à cidade para as mulheres: mobilidade
urbana da mulher negra periférica - Francine de Souza Santos.
12. Vila Mathias e Vila Nova: espacialidade urbana e os processos de subjetivação - Luiza
Ribeiro Xavier
10:30 - 12:30 - MESA REDONDA - MR
Local: Auditório da EFLCH Guarulhos
MR 1: Repensando Hierarquias na Vida Social Africana

1. Entre mulheres sem homens, tidas como putas e mulheres com homens, tidas como castas.
Reflexões críticas sobre sexualidade e reprodução da família em cidades sul moçambicanas -
Marta Denise da Rosa Jardim (UNIFESP)
2. “Prostituta afinal não era só a mulher”: modernização, moralidade e a construção da
subjetividade nacional - Hector Rolando Guerra Hernandez (Universidade Federal do
Paraná/UFPR)
3. Repensando as relações de gênero e as (des)igualdades na Guiné-Bissau a partir de
experiências locais - Patrícia Alexandra Godinho Gomes (Universidade Federal da
Bahia/UFBA)
4. Hierarquias de gênero e / ou hierarquias etárias? - Rituais femininos de iniciação, norte de
Moçambique - Signe Arnfred (Universidade de Roskilde)

14:00 - 15:30 - GRUPOS DE TRABALHO - GT

GT 04-A. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-A - Sessão 4 - Sala 106 - Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 106 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
Coordenação Sessão A: Alessandro Campos

1. O ensino da cultura afro-brasileira: subjetividade, identidade e autoestima das crianças


negras - Wellington Marques da Silva (Projeto Abdias)
2. A efetivação das cotas raciais nos concursos públicos federais - Ana Paula Batista de Souza
(Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada Santista).
3. Racismo institucional na atenção básica de saúde do município de São Bernardo do Campo
- Roberta dos Santos Souza (Projeto Abdias).
4. Trajetórias de envelhecimento nas ruas: idosos em casa de passagem e Instituição de Longa
Permanência – ILPI - Adriana de Araújo Silva (Universidade Cândido Mendes).
5. A representatividade do povo negro na sociedade brasileira – Ricardo Moreira (Projeto
Abdias).
6. Kuarika Naruki! Fluxo Migratório e Resistência Warao - Joelma Cristina Parente Monteiro
Alencar (Universidade do Estado do Pará)
7. O processo de escolarização do negro na Primeira República (1889-1930) - Gabriela
Cordeiro Santos
GT 04-B. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP
GT 04-B. Sessão 4 - Sala 206 - Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 206 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
Coordenação Sessão B: Débora Galvani

8. O debate sobre a emancipação feminina no seio da FRELIMO - Marina Felício Santos


(Projeto Abdias).
9. Ação e Atuação dentro das casas de candomblé: possibilitando autonomia da mulher negra
e seu acesso ao ensino superior - Tatiane de Souza Santos (Universidade Federal de São
Paulo, campus Baixada Santista).
10. (Re)existência: Caminhos para pensar a ressignificação da identidade do negro no Brasil -
Patricia Gleici Alberto Soboyejo (Projeto Abdias).
11. Mulher em situação de rua na região central de Santos - Marcos Aparecido Machado
(Projeto Abdias).
12. Limites e possibilidades entre o cuidado e o aprisionamento: a saúde mental da população
em situação de rua em sofrimento mental grave - Amanda de Jesus Barbosa (Projeto Abdias).
13. Elas querem falar! Jovens negras e a relação de desigualdade no mercado de trabalho -
Thainá Siudá da Silva

GT 05. Gênero, Corpo e Poder: experiências e abordagens na construção da


descolonização epistêmica
GT 05 - Sessão 4 - Sala 107 - Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 107 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. A representação da violência contra a mulher na literatura: alguns apontamentos -


Rosangela Sarteschi (USP)
2. O negro na arte em São Paulo 130 anos após a “Abolição da Escravatura” - Sheila Cristina
Silva Aragão Caetano (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
3. Construções de papéis sociais e poder feminino: olhares sobre a trajetória de dona Luiza do
Goengue na sociedade zambeziana da segunda metade do século XIX. - Iamara de Almeida
Nepomuceno (USP)

GT 06. Identidades Raciais, Étnicas e os Estudos Culturais


GT 06 - Sessão 4 - Sala 108 - Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 108 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Condições de vida objetiva e representações inter-étnicas entre ciganos e instituições e


grupos sociais não ciganos: o caso do bairro do Picoto em Braga por Manuel Carlos Silva e
Ana Reis Jorge - Manuel Carlos Ferreira da Silva (CICS -Universidade do Minho - Braga -
Portugal)
2. Não é nenê, ela é preta, se vira sozinha!: Um estudo etnográfico das intersecções entre as
relações raciais e de gênero nas culturas infantis entre as crianças de 0-3 anos em creche -
Flávio Santiago (UNICAMP)
3. Escrevivencias: A trajetória das mulheres negras na academia e a relação com a saúde
mental - Auana Alves Silva (Faculdade Paulista de Serviço Social - FAPSS)

GT 08. Movimentos Sociais e Lutas Emancipatórias


GT 08 - Sessão 4 - Sala 110 - Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 110 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. “Apesar de você...”: Dificuldades na implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08 e de


outras Políticas Educacionais de Promoção da Igualdade Racial - Amauri Mendes Pereira
(UFRRJ), Gianne Reis (FIOCRUZ)
2. Organização das mulheres afrodescendentes: Discussões na Argentina, Uruguai e Perú -
Joselina da Silva (UERJ)
3. O Papel da Mulher Negra em “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa”, de
Emicida - Carla Cristiane Mello (Universidade Federal de Santa Catarina)

GT 09. Ciência, Tecnologia, Comunicação, as Epistemologias e Metodologias das


Ciências Sociais e Humanas
GT 09 - Sessão 4 - Sala 111 - Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 111 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. As artes e as epistemologias do Sul - Paola Cantarini Guerra (OAB-SP, UNICAMP, USP,


Universidade de Coimbra)
2. Nos caminhos de Pomba-gira: notas sobre trabalho de campo e comitê de ética na
encruzilhada - Humberto Manoel de Santana Jr. (UNICAMP)
3. Diálogo de saberes: das palavras às ações. Análise de uma experiência de tecnologia social.
Bariloche, Argentina - Virginia Soledad Martinez Coenda (Universidad Nacional de
Córdoba)

GT 10. Cultura, Arte, Memória, Patrimônio e Identidade


GT 10 - Sessão 4 - Sala 101 - Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 112 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
1. Da fotografia à gravura: as representações visuais da expedição portuguesa à Lunda (África
Centro-Ocidental, 1884-1888) - Márcia Cristina Pacito Fonseca Almeida (USP)
2. Brasileiros em Lagos (Nigéria): as agremiações sociais e a construção da identidade de
grupo - Angela Fileno da Silva (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/USP)
3. Dia e Noite As interações sociais no ambiente da Venda dos Pretos - Nikolas Pallisser
(UFSCar)
4. Memórias das Manifestações e Protestos 2013-2016 no Brasil: uma proposta de exposição
museológica - Daniel Maurício Viana de Souza (Docente)

GT 11. Povos Tradicionais, Comunidades, Meio Ambiente e Crise Ecológica:


resistências e alternativas
GT 11 - Sessão 4 - Sala 114 - Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 114 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Ação pública local e ambientalização na Amazônia brasileira: do conflito ao território de


desenvolvimento - Isaac Fonseca Araújo (Universidade Federal do Pará - UFPA)
2. "Individuais" e "Coletivos": disputas territoriais e conflitos ambientais em Repartimento
dos Pilões, Almeirim-Pa - Malenna Clier Ferreira Farias (UFPA), Juliana Leide
Marques Bentes Barreto (Universidade Federal do Oeste do Pará/UFOPA), Luciana
Gonçalves de Carvalho (UFOPA)
3. A mobilização do direito na co-produção de conhecimento por movimentos ambientalistas
antimineração em Minas Gerais - Adriana Bravin (Universidade Federal de Minas Gerais -
UFMG)
4. A luta das comunidades tradicionais do Cerrado - Rosângela Azevedo Corrêa
(Universidade de Brasília – UnB)

GT 14. Gestão Pública e Políticas Afirmativas


GT 14 - Sessão 4- Sala 117 - Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 117 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. A Inquisição nos Cadernos do Promotor da Inquisição de Lisboa – Marco Antonio Nunes


da Silva (UFRB)
2. Modos e Significados da Permanência Universitária entre Estudantes do Programa de
Permanência Qualificada (PPQ) da UFRB – Dyane Brito Reis Santos
3. Mecanismos de Combate às fraudes nas ações afirmativas – Gabriel Banaggia de Souza
(PPGCIS/PUC -Rio)
4. Políticas de Acesso à Educação Superior: um olhar sobre a Universidade Federal da
Fronteira Sul – Rosiléia Lúcia Nierotka (PUC-Rio)
5. Trabalho infantil no tráfico de drogas: condição do adolescente em conflito com a lei - Loy
Fernandes Toledo Ferro (Universidade Católica de Santos)

GT 18. Globalização, Multilinguismo e Ensino de Língua Portuguesa (L2/LE)


GT 18 - Sessão 4 - Sala 202- Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 202 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Ensinar Português como Língua Estrangeira (PLE) em uma perspectiva decolonial:


reflexões sobre a experiência do Leitorado Brasileiro na Universidade da Cidade do Cabo -
Alan Silvio Ribeiro Carneiro (UNIFESP)
2. Os mo(vi)mentos da língua: práticas e lugares da língua em contextos da diáspora
portuguesa - Maria Clara Keating (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra)
3. O compromisso social da educação com o letramento no ensino bilingue em Moçambique.
- Leonarda Jacinto José Maria Menezes (Universidade Eduardo Mondlane)

GT 22. Educação para as Relações Étnico-Raciais, Formação de Professores e práticas


educativas
GT 22 - Sessão 4 - Sala 205 - Dia 18/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 205 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Educação e território no “Novo Equador” velhas práticas e novos modelos. Diálogos


entre/desde fronteiras. - Maria Luiza de Castro Muniz (Universidad Central del Ecuador)

2. As relações de meninas praticantes de religiões de matriz africana no espaço escolar -


Cintia Quina da Silva (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP)
3. Interculturalidade, Combate ao Racismo e Práticas Decoloniais na Escola Básica - Rogerio
Mendes de Lima (Colégio Pedro II)
4. Desafios para uma educação descolonizadora: problematizando questões de gênero e étnico
raciais nos currículos para pequena infância - Solange Oliveira Ferreira (Prefeitura Municipal
de São Paulo), Rosa Silvia Lopes Chaves (Prefeitura do Município de São Paulo), Daniela
Finco (UNIFESP Guarulhos)
5. Formação Docente para as Relações Étnico-Raciais na Escola da Infância - Moacir Silva de
Castro (IFSP)

16:00 - 18:00 - LC - Lançamento de Livros


Local: Hall do Bloco de salas de Aula - Aquário
1. Ainda somos os mesmos e estudamos como nossos pais - Raquel Ferreira Rangel Gomes
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
2. Atlas Temático do Observatório das Migrações em São Paulo – Migrações Internacionais -
Natália Belmonte Demétrio (Núcleo de Estudos de População "Elza Berquó" -
Nepo/Unicamp), Natália Belmonte Demétrio (Núcleo de Estudos de População "Elza
Berquó" - Nepo/Unicamp)
3. Frantz Fanon – um revolucionário, particularmente negro - Deivison Mendes Faustino
(Departamento Saúde, Educação e Sociedade)
4. Introdução à Sociologia da Saúde (2ª edição) - David Miguel de Oliveira Cabral Tavares
(Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa)
5. Migrações Fronteiriças - Jóice de Oliveira Santos Domeniconi (Universidade Estadual de
Campinas - UNICAMP), Rosana Baeninger (Universidade Estadual de Campinas -
UNICAMP)
6. Migrações Sul-Sul - Jóice de Oliveira Santos Domeniconi (Universidade Estadual de
Campinas - UNICAMP), Natália Belmonte Demétrio (Núcleo de Estudos de População "Elza
Berquó" - Nepo/Unicamp), Rosana Baeninger (Universidade Estadual de Campinas -
UNICAMP)
7. O Movimento Social Negro Brasileiro: da liberdade de autonomia organizativa à
institucionalização - Pedro Barbosa (UFG)
8. Para Além do Pós (-) Colonial - Michel Cahen e Ruy Braga (organizadores) - Michel
Cahen - University of Bordeaux (França) (University of Bordeaux (França)
9. Porque a creche é uma luta das mulheres? Inquietações femininas já demonstram
que as crianças pequenas são de responsabilidade de toda a sociedade - Flávio Santiago
(UNICAMP)

18:00 - 19:00 - CF - Conferência


Conferência “África Itinerante: Paradoxos de uma nação crioula”
Conferencista: Dra. Eurídice Furtado Monteiro (Universidade de Cabo Verde / Uni-CV)
Coordenação: Prof. Dr. Jose Carlos Gomes da Silva - UNIFESP
Local: Auditório Adamastor

19:00 - 20:00 - CF - Conferência


Conferência “Proximidades e distâncias entre a virada decolonial latino-americana e o
pensamento de Amílcar Cabral”
Conferencista: Dr. José Carlos Gomes dos Anjos (Universidade Federal do Rio Grande do
Sul - UFRGS)
Coordenação: Profa. Dra. Jacqueline Freire (UFPA)
19/12/2018
08:30 - 10:00 - GRUPOS DE TRABALHO - GT

GT 01. Direito, Justiça, Cidadania Global e Aplicação Material do Direito


GT 01 - Sessão 2 - Sala 103 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 103 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. As mutações do ensino do direito: um estudo de caso do ensino do direito na Faculdade de


Direito da Universidade de Coimbra - Cora Hagino (Universidade de Coimbra)
2. Um olhar no caleidoscópio das igualdades e das diferenças nas relações de emprego -
Gilsilene Passon P. Francischetto (Faculdade de Direito de Vitória)
3. Origem e desenvolvimento da Justiça Restaurativa no Brasil sob uma perspectiva crítica -
Maria Letícia Lellis de Oliveira Castro (Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita"),
Josiani Julião Alves de Oliveira (UNESP Franca/SP)
4. Violência Policial nas Periferias: Que contrapontos? Um estudo de caso entre Lisboa e o
Rio de Janeiro - Elisabete Eugénia Pinto dos Santos Pessanha Rodrigues (Universidade do
Minho)

GT 02. Educação, Formação Humana e Produção do Conhecimento


Sessão 2 - Sala 104 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 104 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Corporalidades e relações sociais em escolas bilíngues para surdos - Cibele Barbalho


Assensio (USP)
2. A pedagogia da repetência no contexto brasileiro e francês - Raquel Ferreira Rangel Gomes
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
3. Uma abordagem Africana em sala de aula - Ana Lúcia Ferraz (Universidade de La
Empresa)
4. Cadernos Colaborativos como Experiência de Deslocamento na Formação em Saúde -
Márcia Machado de Moraes (UNIFESP)
5. Educação Pública, Clima Organizacional e Qualidade de Vida de Professores: estudo de
caso em escolas da Rede Estadual de Ensino no Pará - Társis Salmom da Silva Lopes
(Secretaria de Estado de Educação do Pará), Jacqueline Cunha da Serra Freire (Universidade
Federal do Pará (UFPA)
6. Rap e jazz na sala de aula - Tiago Lazzarin Ferreira (Governo do Estado de São Paulo)
GT 03. História e Cultura Luso-afro-brasileira e Diásporas - GT 01 - Sessão 2 - Sala
105 - Dia 18/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 105 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Gerson King Congo do despertar da consciência a etnicidade em foco - Leidiane Santos


Oliveira (UFBA)
2. As quitandas de Minas Gerais: uma análise das origens de um alimento luso-afro-brasileiro
- Juliana Bonomo (USP)
3. Ceará "Terra da luz"? Limites e contradições da abolição e pós-abolição no Ceará (1883-
1888) - Edson Holanda Lima Barboza (UNILAB- Universidade da Integração Internacional
da Lusofonia Afro-BrasileiPra)
4. A crioulização do rapper Criolo - Ellen Berezoschi (Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC)

GT 04-A. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-A. Sessão 2 - Sala 106 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 106 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
Coordenação Sessão A: Verônica Vassalo

1. Descolonização do Currículo - A questão racial na formação do assistente social - Verônica


Gomes Vassalo (Pontifícia Universidade Católica - PUC)
2. Por que Foucault? A Questão da Raça na Filosofia - Gerson Sergio Brandão Junior (Santa
Marcelina Cultura)
3. Cultura Rastafári: um estudo sobre práticas culturais afro-americanas e representações
diaspóricas. - Douglas José Gomes Araújo (Secretaria Estadual de Educação)
4. Processo de compreensão em leitura: Percepções sobre o racismo nos comentários de leitores
virtuais - Alberto Gomes da Silva Junior (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP)
5. Para se ver e ouvir: Bailes de forró na Zona Oeste de São Paulo narrados por músicos
migrantes nordestinos que compõe trios de forró - Diego Corrêa Araújo (Projeto Abdias).
6. Saúde Mental: O adoecimento das mulheres negras acadêmicas - Auana Alves da Silva (Projeto
Abdias).
7. O escravismo e o pós-abolição como fundamentos históricos para o serviço social brasileiro -
Paula Santos de Jesus (Faculdade Paulista de Serviço Social).

GT 04-B. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-B. Sessão 2 - Sala 206 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 206 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
Coordenação Sessão B: Brenda Barbosa
8. Pretos e Pardos no universo acadêmico: Um estudo sobre a questão racial na UNIFESP-
Guarulhos - Mariana Gonçalves Ferreira (Universidade Federal de São Paulo).
9. Tutoria no “Abdias”: como nos transformamos e ajudamos a transformar - Aila Santos; Brenda
Barbosa; Tamires Nascimento; Leila de Oliveira
10. As interfaces da lei 10639/03 e a construção da identidade das crianças negras dentro do
cenário infantil - Alexandra Alves Sobral
11. Mulheres negras na política da cidade de São Paulo - Ontem, hoje e amanhã - Solange
Machado.
12. Trajetória de mulheres negras na academia: reflexos do racismo estrutural - Caroline de
Souza Seemann Flutuoso
13. O “encontro” colonial : Masculinidades Hierarquizantes. - Eric Augusto Xavier da Silva
14. #ÉBoato #ÉVerdade: um estudo do uso do Twitter pela polícia militar durante os protestos de
junho de 2013 - Vitória Nascimento Silva

GT 05. Gênero, Corpo e Poder: experiências e abordagens na construção da


descolonização epistêmica
GT 05 - Sessão 2 - Sala 107 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 107 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. A Ontologia da escravidão: Um afroperspectivisvo do Ser-Negro escravizado. - Marcos da


Silva e Silva (IFSP)
2. Violência doméstica contra a mulher; e a violência contra a mulher negra e sua
invisibilidade - Denise Teixeira Novaes (Centro de Defesa e Convivência da Mulher
Margarida Alves)
3. Reflexões sobre participação e educação: atuação política e epistemológica na perspectiva
de gênero e raça. - Tânia Pedrina Portella Nascimento (Universidade de São Paulo - USP)

GT 06. Identidades Raciais, Étnicas e os Estudos Culturais


GT 06 - Sessão 2 - Sala 108 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 108 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Discurso e corporalidades HIP HOP- Narrativas Estéticas Negras: Entre Apagamentos e


Afirmações. - Jefferson de Assis Fléming (Fundação Escola de Sócio e Política de São Paulo-
FESPSP)
2. Identidades, Diversidades e Políticas Públicas nas Comunidades Quilombolas na Baía de
Camamu - Ana Elizabeth Costa Gomes (Secretaria da Educação do Estado da Bahia)
3. Luíza Mahin e Luiz Gama: escravidão e (auto)ficção numa correspondência interceptada -
Fabiana Carneiro da Silva (Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB)

GT 07. Políticas, Conflitos Internacionais e Organismos Estatais


GT 07 - Sessão 2 - Sala 109 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 109 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Colonialidade corporativa: transnacionalidade no eixo Norte-Sul global - Isabella Alves


Lamas (Centro de Estudos Sociais-CES da Universidade de Coimbra)
2. Judaização da Palestina: continuidade e expansão do colonialismo por povoamento sionista
1882 – 2018 - Bruno Huberman (pontifícia universidade católica de são paulo), Reginaldo
Mattar Nasser (PUC-SP)
3. A Europa depois da crise: Uma crítica a partir da periferia europeia - Fernando Bessa
Ribeiro (Universidade do Minho)

GT 08. Movimentos Sociais e Lutas Emancipatórias


GT 08 - Sessão 2 - Sala 110 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 110 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Limites e possibilidades entre o cuidado e o aprisionamento: a luta antimanicomial e a


saúde mental da população em situação de rua em sofrimento mental grave - Amanda de
Jesus Barbosa (CREAS)
2. Gramática negra da luta contra a violência policial - Paulo César Ramos (USP)

GT 09. Ciência, Tecnologia, Comunicação, as Epistemologias e Metodologias das


Ciências Sociais e Humanas
GT 09 - Sessão 2 - Sala 111 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 111 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Gananath Obeyesekere e a “De-Sahlinização” - Arthur Brandolin de Souza lemes


(UFSCar)
2. Análise da metodologia do Radar da Inovação do Programa Agentes Locais de Inovação -
Josélia Elvira Teixeira (UNICENTRO)
3. Conhecimento, processos civilizatórios e ‘mundos’ hierarquizados - A natureza (das
coisas) está em descompasso (?) - Elizabeth Antonia de Oliveira (Universidade Federal de
Minas Gerais - UFMG)
GT 11. Povos Tradicionais, Comunidades, Meio Ambiente e Crise Ecológica:
resistências e alternativas
GT 11 - Sessão 2 - Sala 114 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 114 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Conflitos sócio ecológicos e alternativas: ciência, sociedade e resistências - Lúcia de


Oliveira Fernandes (Centro de Estudos Sociais/CES da Universidade de Coimbra)
2. Democracia(s), desigualdade e desenvolvimento sustentável: perspectivas a partir da
experiência brasileira. - Rafael Peçanha de Moura (UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ)
3. As contribuições de um estudo ecológico visando o diagnóstico dos ecossistemas locais
para o conflito entre agricultores familiares e a mineração de bauxita na Serra do Brigadeiro
(MG) - Guilherme Pires de Campos Godoy Valvasori (UENF)

GT 12. Empreendedorismo, Trabalho e Desenvolvimento


GT 12 - Sessão 2 - Sala 115 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 115 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Feminismo e organização material da vida em comunidades rurais e periferias urbanas -


Ana Paula de Moura Varanda (UEMG)
2. As relações entre cooperativismo e trabalho decente no Brasil, Portugal e União Europeia -
Max Richard Coelho Verginio (UNESC), Dimas de Oliveira Estevam (Universidade do
Extremo Sul Catarinense)
3. Empreendedorismo Negro, Afroempreendedorismo ou Empreendedorismo Social? Um
estudo sobre a atuação dos empreendedores(as) negros(as). - Dinamara da Silva Prates
(UFRGS)

GT 13. Juventude e Identidade


GT 13 - Sessão 2 - Sala 116 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 116 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
1. Formas Desiguais de Excluir o Politicamente Incluído. Rotina acadêmica na UFRB. - José
Raimundo de Jesus Santos (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB), Maria
Isabel Silva Bezerra Linhares (Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA)
2. Novos coletivos urbanos e as expressões de lutas emancipatórias: os saraus em Belo
Horizonte - Rachel de Castro Almeida (PUC-MG), Adriana Maria Brandão Penzim (PUC-
MG)

GT 15. Migrações, Territorialidades, Fronteiras e Conflitos Internacionais


GT 15 - Sessão 2 - Sala 118 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 118 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Globalização e migrações internacionais - Angela Baptista Balliana Kock (FDV)


2. Refúgio e empoderamento: o caso das refugiadas congolesas no Rio de Janeiro - Mariana
Almeida Silveira Corrêa (Universidade de Lisboa)

GT 16. África e suas Diásporas: epistemologias, emancipação das mulheres,


desenvolvimento endógenos e meio ambiente
GT 16 - Sessão 2 - Sala 201 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 201 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. A Política Colonial e o Neocolonialismo: estruturação das burguesias nativas africanas -


Calido Mango (UNILAB)
2. Descolonização de saberes: Filosofias sobre África, Filosofias Africanas - Milene Cristina
Santos (Universidade de São Paulo)

GT 18. Globalização, Multilinguismo e Ensino de Língua Portuguesa (L2/LE)


GT 18 - Sessão 2 - Sala 202 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 202 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. O compromisso social da educação com o letramento no ensino bilingue em Moçambique.


- Leonarda Jacinto José Maria Menezes (Universidade Eduardo Mondlane)

GT 19. Reflexões sobre a “diferença” em contextos plurais


GT 19 - Sessão 2 - Sala 203 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 203 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Vidas deslocadas e ausências: experiência e pós-guerra na Bósnia-Herzegóvina (BiH) -


Andréa Carolina Schvartz Peres (Universidade Federal de Roraima)

GT 20. Epistemologias Periféricas: gênero, raça, classe e território


GT 20 - Sessão 2 - Sala 204 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 204 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
1. Ações públicas culturais e socioeducativas em M’Boi Mirim: práticas e contribuições para
as políticas públicas - Lúcio Nagib Bittencourt (Universidade Federal do ABC - UFABC),
Tiago Corbisier Matheus (Fundação Getúlio Vargas - FGV)
2. A presença de manifestações tradicionais "populares" na Zona Leste de São Paulo, sob
liderança de mulheres negras e periféricas. - Queila Cristiane de Lima Rodrigues (Grupo de
Coco Semente Crioula \ Cabocla de Lança Estandartes Poéticos)
3. A Reprodução Intergeracional da Pobreza Sob a Perspectiva de Gênero - Edna Maria da
Silva Orilhana (Prefeitura do Município de São Paulo)

GT 22. Educação para as Relações Étnico-Raciais, Formação de Professores e práticas


educativas
GT 22 - Sessão 2 - Sala 205 - Dia 19/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 205 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Africanidade na matemática através de jogos de mancala: implicações no currículo de


matemática em Macaé - Júlio Omar da Silva Lourenço (Prefeitura Municipal de Macaé),
Gabriela Franklin Laurindo (SEMAEB).
2. Educadores (In)Formação: Indicações sobre questões étnicas e “raciais (UFMS
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul); Natália de Souza Araújo (UFMS Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul).
3. Relações Étnico-Raciais e o Ensino da Língua Inglesa: práticas educativas para um
aprendizado contextualizado de um idioma estrangeiro no Brasil - Lázaro de Oliveira
Evangelista (UFRGS).
4. Inclusão dos Saberes Negros no Ensino de Ciências: Possibilidades de Desconstruir
Estereótipos - Kelly Cristina Caetano Silva (Prefeitura Municipal de Uberlândia).
5. Saberes Tradicionais e Neurociência: A Capoeira, o Envelhecimento e a Cognição -
Zuleika Stefânia Sabino Roque (Secretaria de Educação-SP)

10:30 - 12:30 - MESA REDONDA - MR

Local: Auditório Adamastor

MR 1 - África e Diáspora em Diálogos Sul Sul

1. O Dicionário da Escravidão Negra no Brasil, de Clóvis Moura, Cleber Santos Vieira


(UNIFESP)
2. Saberes produzidos na diáspora: (des)integração internacional na universidade e
interculturalidade - Jacqueline Cunha da Serra Freire (Universidade Federal do Pará - UFPA)

15:30 - 17:30 - REUNIÃO DA DIREÇÃO DA AILPcsh


Local: Auditório da Congregação

14:00 - 15:30 - GRUPOS DE TRABALHO - GT

GT 01. Direito, Justiça, Cidadania Global e Aplicação Material do Direito


GT 01 - Sessão 3 - Sala 103- Dia 19/12/2018 das 14:30 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 103 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Quando a polícia vai a escola: notas etnográficas sobre o “Programa Escola Segura” em
Portugal. - Haydée Glória Cruz Caruso (Departamento de Sociologia - UnB)
2. Mobilidade no Ensino Superior entre a CPLP e a União Europeia. Análise de Fluxos no
Âmbito do Programa Erasmus+. - Miguel Baião dos Santos (SOCIUS-CSG/Universidade de
Lisboa)

GT 02. Educação, Formação Humana e Produção do Conhecimento


GT 02 - Sessão 3 - Sala 103- Dia 19/12/2018 das 14:30 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 104 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. A relação entre atividades extracurriculares de teatro e o desempenho escolar - Inês


Tavares (ISCTE-IUL)
2. O livro didático de geografia e a questão racial pós BNCC: uma análise sobre os anos
iniciais do ensino fundamental - Diomario da Silva Junior (UFRRJ), Vinícius de Luna Chagas
Costa (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
3. Educação popular em saúde: o planejamento familiar às mulheres presas - Frida Dinareli
(UNIJUÍ)
4. Do Partido do ensino à Escola sem Partido: um apartidarismo partidário - Fatima Modesto
de Oliveira (Universidade Federal de São Paulo), Fátima Modesto de Oliveira (Universidade
Federal de São Paulo)
5. (Re) existência intelectual negra e ancestral: 18 anos de enfrentamento - Benjamin Xavier
de Paula (UFU/UFVJM), Luciane Ribeiro Dias Gonçalves (UFU)

GT 03. História e Cultura Luso-afro-brasileira e Diásporas


GT 03 - Sessão 3 - Sala 105- Dia 19/12/2018 das 14:30 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 105 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
1. Contribuições da história à delimitação de objeto de pesquisa na e para educação: diálogos
a partir de relações raciais, norteadoras de questões à historiografia da enfermagem - Valdeci
Silva Mendes (Universidade Federal de Mato Grosso)
2. Solidariedades a Sul e a autodeterminação de Timor-Leste – influência e papel de
Moçambique e Angola - Marisa Ramos Gonçalves (Centro de Estudos Sociais, Portugal)

GT 04-A. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-A. Sessão 3 - Sala 106- Dia 19/12/2018 das 14:30 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 106 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
Coordenação Sessão A: Aila dos Santos

1. Representações da diáspora nas articulações politico - cultural da Comunidade Cultural


Quilombaque - Douglas Edimilson da Silva Alves (Coletivo Cultural Sarau Elo da Corrente).
2. Barreiras de acesso ao Lazer pelo Estado: Os impactos na juventude negra em São Paulo -
Dara Roberto Gomes (Universidade de São Paulo).
3. Drogas, redução de danos, direitos humanos - Regina Lima Rocha (Projeto Abdias).
4. A construção das medidas de segurança e do conceito de periculosidade no processo de
produção e reprodução da criminalização da loucura - Thais Lesevcius (Projeto Abdias).
5. Drogas, proibicionismo, política sobre drogas, encarceramento - Mayara Maria Alonge dos
Santos (Projeto Abdias).

GT 04-B. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-B. Sessão 3 - Sala 206- Dia 19/12/2018 das 14:30 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 206 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
Coordenação Sessão B: Daniel Pericles

6. A invisibilidade das juventudes de Praia Grande - Tania Cristina dos Anjos (Projeto
Abdias).
7. Políticas públicas sociais para imigrantes dos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa no período de 2003 a 2015 - Adriana Dantas de Souza (Centro Universitário
Lusíada).
8. Sobre-vivência: a realidade de mulheres negras vítimas de violência doméstica atendidas
no CREAS de Praia Grande/SP - Benedita Rosa Pinto dos Santos (Prefeitura Municipal de
São Vicente).
9. Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua - Sandra Dias dos
Santos (Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada Santista).
10. Descolonizando: As representações sociais dos latino-americanos a partir de Aníbal
Quijano - Matheus Santos da Silva (Unisantos).

GT 04-C. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-C. Sessão 3 - Sala 101- Dia 19/12/2018 das 14:30 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 101 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
Coordenação Sessão B: Deivison Faustino

11. Permeância estudantil:A realidade de estudantes de baixa na Universidade Federal de São


Paulo - Lidiane Silva de Oliveira (Projeto Instituto Neymar Jr).
12. Mão que dá, mão que tira: o peso do estado na vida das mulheres de baixa renda - Lais
Ramos Ribeiro (Projeto Abdias).
13. Um olhar sobre a "entrega voluntária" de filhos para adoção – Denise Clemente
(Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada Santista).
14. Reprodução intergeracional da pobreza sob a perspectiva de gênero - Edna Maria da Silva
Orilhana (Prefeitura do Município de São Paulo).
15. Discursos e corporalidades Hip Hop, narrativas estéticas negras entre apagamentos e
afirmações políticas - Jefferson Fléming (Escola de Sociologia e Política)
16. Trabalho infantil no tráfico de drogas: condição do adolescente em conflito com a Lei -
Loy Fernandes Toledo Ferro (Projeto Abdias).

GT 05. Gênero, Corpo e Poder: experiências e abordagens na construção da


descolonização epistêmica
GT 05 - Sessão 3 - Sala 107 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 107 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Pequenos trechos sobre contos, depoimentos e memórias de escritoras negras brasileiras e


moçambicanas - Ianá Souza Pereira (Universidade de São Paulo)
2. Interseccionalidades de categorias identitárias e desafios epistêmicos em Memórias
SOMânticas (2016), do escritor bissau-guineense Abdulai Sila, em contextos de globalização,
pós-colonialismo e decolonialidades. - Maria de Fátima Maia Ribeiro (Universidade Federal
da Bahia - UFBA)
3. Identidades, relações do gênero em movimentos no Território dos Cocais-PI. - Jascira da
Silva Lima (Universidade Federal do Maranhão - UFMA)
4. A Roda é Delas: A presença da Mulher na Capoeira - Sebastião Carlos dos Santos
Carvalho (UFMG)
5. Discursos sobre a democracia racial em Cuba e no Brasil: Tramas de gênero, raça e
sexualidade (1933-1978) - Giselle Cristina dos Anjos Santos (Universidade de São Paulo)
6. Gênero: No Verso e Reverso das Grades da Prisão - Marianita Kutter Ortaça (Autônoma),
Frida Dinareli (UNIJUÍ)

GT 06. Identidades Raciais, Étnicas e os Estudos Culturais


GT 06 - Sessão 3 - Sala 108 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 108 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Entre quatro hotéis: racismo antirracismo e presença fascista. - Sérgio José Custódio (USP)

2. Racismos, suas justificativas e a plausibilidade nas relações sociais: quando um professor


erra a gramática racial - Ana Carolina Costa dos Anjos (Universidade Federal de São Carlos -
UFSCar), Luana Ribeiro da Trindade (UFSCar)

3. Do ideal ao real: O quesito raça cor e sua utilização nas Unidades Básicas de Saúde da
Prefeitura de São Paulo - Nathalia dos Santos Souza Galvão (Prefeitura de São Paulo)

GT 07. Políticas, Conflitos Internacionais e Organismos Estatais


GT 07 - Sessão 3 - Sala 109 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 109 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. A Política da Estratégia da Segurança Alimentar e Nutricional nas relações Sul-Sul: os


investimentos para uma cooperação duradoura entre Brasil e Cabo Verde - Olena V. Kovtun
(Universidade Federal do Maranhão - UFMA)

GT 10. Cultura, Arte, Memória, Patrimônio e Identidade


GT 10 - Sessão 3 - Sala 101 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 101 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Outros carnavais: comparações entre Cabo Verde e África do Sul - Juliana Braz Dias
(Universidade de Brasília - UnB)
2. Aspectos do Patrimônio Cultural Imaterial, da Memória Institucional e da Educação no Rio
de Janeiro - Vanessa Dupheim Pinheiro (Secretaria Municipal de Educação do Rio de
Janeiro)
3. “Lugar de preto é na senzala”? Memória social da moradia do escravo urbano - Cláudia
Freire Vaz (Universidade Estácio de Sá)
4. Por um pensamento Afropolitano: poesia e filosofia em Edimilson de Almeida Pereira -
Michel Mingote Ferreira de Azara (USP)

GT 11. Povos Tradicionais, Comunidades, Meio Ambiente e Crise Ecológica:


resistências e alternativas
GT 11 - Sessão 3 - Sala 114 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 114 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Literatura Indígena e Construção de Identidade - Sandra Cristina de Souza (UEMS)


2. Ojo nbori ojo: avós quilombolas, literárias e saberes ancestrais. - Izabel Cristina da Rosa
Gomes Santos (Universidade Federal de Santa Catarina)
3. A relação global x local no movimento Slow Food: reflexões sobre os desafios em
Pirenópolis no Brasil. - Manuela Alvarenga do Nascimento (Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia)
4. Índios e camponeses na universidade, rompendo a cerca - Raquel Alves de Carvalho
(Universidade Federal da Grande Dourados)

GT 12. Empreendedorismo, Trabalho e Desenvolvimento


GT 12 - Sessão 3 - Sala 115 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 115 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Empreendedorismo Negro, Afroempreendedorismo ou Empreendedorismo Social ? Um


estudo sobre a atuação dos empreendedores(as) negros(as). - Dinamara da Silva Prates
(UFRGS)
2. Feminismo e organização material da vida em comunidades rurais e periferias urbanas -
Ana Paula de Moura Varanda (UEMG)
3. As relações entre cooperativismo e trabalho decente no Brasil, Portugal e União Europeia -
Max Richard Coelho Verginio (UNESC), Dimas de Oliveira Estevam (Universidade do
Extremo Sul Catarinense)
4. Uma análise do circuito da moeda social mumbuca - Henrique Pavan Beiro de Souza
(Universidade Federal do aBC)
5. Estratégias de enfrentamento da desigualdade social a partir do trabalho associativo no
Brasil - Marilia Verissimo Veronese (Docente e Pesquisadora no PPG em Ciências Sociais da
Unisinos)
GT 13. Juventude e Identidade
GT 13 - Sessão 3 - Sala 116 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 116 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Formas Desiguais de Excluir o Politicamente Incluído. Rotina acadêmica na UFRB. - José


Raimundo de Jesus Santos (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Maria Isabel Silva
Bezerra Linhares (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ (UVA))
2. Novos coletivos urbanos e as expressões de lutas emancipatórias: os saraus em Belo
Horizonte - Rachel de Castro Almeida (PUC Minas), Adriana Maria Brandão Penzim (PUC
Minas)
3. Meninos em Risco na Amazônia: Modelos de Condutas Desviantes na Juventude - Jadson
Fernandes Chaves (Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana)

GT 14. Gestão Pública e Políticas Afirmativas


GT 14 - Sessão 3 - Sala 117 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 117 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. A questão étnico-racial na Universidade: uma análise a partir do plano de Cooperação


Técnica para a implantação de ações afirmativas na UNIFESP- Elisabete Aparecida Pinto
(UFBA/UNIFESP)
2. Em primeira pessoa: narrativas de estudantes negros sobre sua permanência na
Universidade Federal de São Paulo – Baixada Santista – Tamires Guimarães do Nascimento
3. Relações de Gênero, Raça e Trabalho nas Organizações – Rosimar Pereira Barbosa e
Janaína Rute da Silva Dourado – Centro Paula Souza
4.As correntes historiográficas da historiografia africana e as armadilhas da lei 10.639/03 –
Josenildo de Jesus Pereira – Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
5. Conflitos nas Universidades no contexto das Ações Afirmativas – Marcelo Barbosa Santos

GT 15. Migrações, Territorialidades, Fronteiras e Conflitos Internacionais


GT15 - Sessão 3 - Sala 118 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 118 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Territórios e fronteiras da alteridade na metrópole : uma análise da presença de latino


americanos em São Paulo - Maura Pardini Bicudo Véras (Professora Titular de Sociologia da
USP)
2. Territórios de disputa: as ocupações (i) migrantes na cidade de São Paulo - Lidiane Maciel
(Univap)
3. Migrações transnacionais da África para o Brasil: perfil sociodemográfico no século XXI -
Jóice de Oliveira Santos Domeniconi (Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)),
Rosana Baeninger (Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP), Natália Belmonte
Demétrio (Núcleo de Estudos de População "Elza Berquó" - Nepo/Unicamp)
4. Os desafios do acolhimento e da inclusão: imigração e igualdade racial - Maria Nilza da
Silva (Universidade Estadual de Londrina)

GT 16. África e suas Diásporas: epistemologias, emancipação das mulheres,


desenvolvimento endógenos e meio ambiente
GT 16 - Sessão 3 - Sala 201 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 201 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. O conceito de collective self-reliance como estratégia de desenvolvimento para os países


do Sul - Gustavo Rodrigues Lemos (Universidade Federal do ABC)

GT 19. Reflexões sobre a “diferença” em contextos plurais


GT 19 - Sessão 3 - Sala 203 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 203 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
1. Entre o Budismo e o Xintoísmo: a reconstrução da identidade japonesa na
contemporaneidade - Ivan de Pádua Rodrigues (Cebrap)
2. Memória, narrativas e subjetividades na Luanda pós-guerra - Madalina Florescu
(CEBRAP)

GT 20. Epistemologias Periféricas: gênero, raça, classe e território


GT 20 - Sessão 3 - Sala 204 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 204 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Esse sim, esse não... A escolha por cor/raça no processo de adoção de crianças negras. -
Ana Lúcia de Oliveira Ramos (Universidade Federal de São Paulo/Baixada Santista)
2. “É tudo nosso”: processos para a tomada da periferia como lugar e referência na pesquisa. -
Brenda Barbosa da Silva (Universidade de São Paulo - USP)
3. Ações públicas culturais e socioeducativas em M’Boi Mirim: práticas e contribuições para
as políticas públicas - Lúcio Nagib Bittencourt (Universidade Federal do ABC - UFABC),
Tiago Corbisier Matheus (Fundação Getúlio Vargas - FGV)
4. A permanência da violência de Estado no Brasil - uma análise a partir das narrativas dos
familiares das vítimas dos crimes ocorridos após maio de 2006 na Baixada Santista/SP. -
Raiane Patrícia Severino Assumpção (Universidade Federal de São Paulo/Baixada Santista);
Débora Maria da Silva (Mães de Maio); Valéria de Oliveira Silva (Universidade Federal de
São Paulo/Baixada Santista)

Pôster: Periferia que transforma: a cultura de sujeitas/os periféricas/os. – Brenda Barbosa da


Silva

GT 22. Educação para as Relações Étnico-Raciais, Formação de Professores e práticas


educativas
GT 22 - Sessão 3 - Sala 205 - Dia 19/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 205 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Diversidade e Escola: legitimação da lei 10639/2003 na trilha dos Orixás - Amauri Carlos
Ferreira (PUC-Minas e ISTA), Anderson Marinho Maia (PUCMINAS), Soraia Aparecida
Belton Ferreira (PUCMINAS), Célio De Padua Garcia (Centro Fray Bartolené de las Casas)
2. Coletivos Negros e Formação de Professores em São Paulo. - Thiago Lima dos Santos
(UNIFESP)
3. Currículo escolar, livro didático de sociologia e educação das relações étnico-raciais
enquanto conteúdo escolar - Tamara Vieira (Universidade Estadual de Londrina - UEL)
4. Moçambique e Angola pelo "cantar" do tambor: a história e cultura dos dois países através
de duas Escolas de Samba - Emerson Porto Ferreira (PUC-SP)

18:00 - 19:00 CF - CONFERÊNCIA


Conferência “O que pode ser e o que não pode ser a colonialidade: uma abordagem “pós-
póscolonial” da subalternidade”
Conferencista: Dr. Michel Cahen - University of Bordeaux (França)
Coordenação: Profa. Dra. Melvina Araújo
Local: Auditório da EFLCH Guarulhos

19:00 - 20:00 CF - CONFERÊNCIA


Conferência “O legado de Durban e os Desafios para as Ciências Humanas e Sociais”
Conferencista: Dra. Edna Roland ( ONU)
Coordenação: Profa. Dra. Renata Gonçalves
Local: Auditório da EFLCH Guarulhos
20/12/2018

08:30 - 10:00 - GRUPOS DE TRABALHO - GT

GT 01. Direito, Justiça, Cidadania Global e Aplicação Material do Direito


GT 01 - Sessão 1 - Sala 103 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 103 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. A construção dos direitos emancipatórios dos afrolatinoamericanos: um estado comparado


do protagonismo das Cortes Constitucionais do Brasil e da Colômbia - Rodrigo Umbelino Da
Silva (UNICAMP)
2. A Constituição enquanto mapa de poder: um estudo de caso de Angola - Jéssica da Silva
Höring (Universidade de São Paulo)

GT 02. Educação, Formação Humana e Produção do Conhecimento


GT 02 - Sessão 1 - Sala 104 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 104 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Educação, drogas e bullying: relações e tensões no cotidiano escolar - Ivonaldo Leite


(Universidade Federal da Paraíba)
2. Identidade, Cultura, Território e Territorialidade: O Planejamento Pedagógico de Escolas
quilombolas numa perspectiva descolonizadora - Andréia Martins da Cunha (UFMG)
3. Os Estudos da Infância na África Lusófona - Letícia Rodrigues de Souza (Universidade de
São Paulo)
4. A prática pedagógica rizomática e educação das relações étnico-raciais sob a perspectiva
multiculturalista - Gláucia Domingues Silvério (UFU/MG)
5. Jubiabá em HQ: letramento iconográfico e educação afro-brasileira - Assis Silva de Araújo
(Escola Estadual Bom Pastor)
6. Entre o muito invisível e o pouco visível: a presença do negro nas narrativas envolvendo a
história de São José do Rio Preto (SP) - Daniele da Cunha Pereira (UNESP/IBILCE)

GT 03. História e Cultura Luso-afro-brasileira e Diásporas


GT 03- Sessão 1 - Sala 105 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 105 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
1. Imagens de Língua – Um estudo sobre as línguas nacionais e o português na escola
moçambicana por meio do discurso do professor - Sheila Perina de Souza (Faculdade de
Educação USP)
2. Imagens da emigração para o Brasil na literatura portuguesa do século XX - Mario Luis
Grangeia Ramos (Fundação Biblioteca Nacional)

GT 04-A. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-A. Sessão 1 - Sala 106 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 106 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
Coordenação Sessão A: Carlos Lírio

1. Jubiabá em HQ: letramento iconográfico e educação afro-brasileira - Assis Silva de Araújo


(Escola Estadual Bom Pastor)
2. A Voz Negra no Teatro Paulista Aspectos anatomofisiológicos e identitários. - Gleiziane
Pinheiro dos Santos (Senac - São Paulo).
3. Exclusão etária. Processos educativos nos Centros de Convivência do Idoso (CCI) do
Município de Guarulhos/SP - Edilson Walney (Projeto Abdias).
4. Análise das determinações de uma sociedade estruturada de forma racista a luz das
categorias de Lukács com enfoque no particular enquanto categoria fundamental da estética. -
Ramom Santos Macedo (Projeto Abdias).
5. Os desafios para o exercício da maternidade às mulheres-mães pretas moradoras do bairro
Conceição em Osasco - Ana Laura Rocha Santos
6. Percepção de violências engendradas pelo racismo - Ana Deise de Souza (PUC-SP).

GT 04-B. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-B. Sessão 1 - Sala 206 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 206 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
Coordenação Sessão B: Zuleika Roque Carlos Lírio

7. A Importância das narrativas sobre o passado para identidade negra - Maria Isabel Galdino
da Costa Silva (Universidade São Judas Tadeu).
8. O Movimento Anarquista e Operário Francês do Final do Século XIX e a influência de
Fernand Pelloutier na Educação Sindicalista - Matheus de Andrade Soares
9. Identidade e Protagonismo em Cena: Narrativas de atores de Coletivos Negros de Teatro -
Jussara das Neves Vilaça
10. Práticas Socioeducativas com adolescentes e jovens em cumprimento de medidas em
meio aberto: uma análise sobre questão social, liberdade e garantia de direitos - Damiso
Ajamu da Silva Faustino.
11. O Pedagogo e a complexidade de sua formação identitária profissional numa perspectiva
Moriniana - Nubia Sherla Dias.
12. Racismo Estrutural e o Capitalismo Periférico Brasileiro: A Oralidade do Genocídio Anti
Negro na Narrativa do Rap Nacional - Daniel Tadeu Alves.

GT 05. Gênero, Corpo e Poder: experiências e abordagens na construção da


descolonização epistêmica
GT 05 - Sessão 5 - Sala 107 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 107 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Aproximações Entre o Cuidado de si e a Ecologia dos Saberes - constituindo sujeitos


idosos saudáveis - Maria Antonieta Albuquerque de Souza (Universidade de Pernambuco -
UPE)
2. As Emoções e o câncer: "A Minha viagem com Farrah Fawcett" - Cícero José Alves Soares
Neto (Universidade Federal de Uberlândia)
3. Corporalidades negras: lugares de memórias femininas na canção contemporânea -
Elisângela de Jesus Santos (CEFET/RJ - Campus Maracanã)
4. Homicídio de Mulheres Negras: Patriarcado e Racismo no Contexto Brasileiro - Maria
Isabel de Assis (Pontifícia Universidade Católica - São Paulo)

GT 06. Identidades Raciais, Étnicas e os Estudos Culturais


GT 06 - Sessão 1 - Sala 108 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 108 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. A Segregação como processo contínuo de invisibilidade do negro na cidade industrial -


Raquel de Souza Martins Lima (Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP)
2. O conceito de ‘raça’ pelas lentes dos Estudos da Linguagem: trajetórias, disputas e efeitos
de sentido discursivos - Ricardo Pinheiro de Almeida (Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ)

GT 08. Movimentos Sociais e Lutas Emancipatórias


GT 08 - Sessão 1 - Sala 110 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 110 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Maio de 1968 a maio de 2018- 50 anos de lutas e movimentos sociais no Brasil. - Maria da
Gloria Marcondes Gohn (Universidade Estadual de Campinas)
2. O movimento NEGRA SIM de Santo André como empoderamento da mulher negra. -
Isabel Bezerra de Lima Franca (UFABC), Eliane Cristina de Carvalho Mendoza Meza
(UFABC)
3. Memória social e resistência negra na poesia de Solano Trindade - Oscar Santana dos
Santos (UFBA)
4. Gramática negra da luta contra a violência policial - Paulo César Ramos (USP)
5. “A última colônia da África”: Narrativas de resistência e consequências da protelada
descolonização do Saara Ocidental - Moara Assis Alves Salzedas Crivelente (Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra)

GT 09. Ciência, Tecnologia, Comunicação, as Epistemologias e Metodologias das


Ciências Sociais e Humanas
GT 09 - Sessão 1 - Sala 111 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 111 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Desafios da Tecnologia Cibernética: Perspectivas de Uma cidade Amazônica - Henrique


Hugbert de Oliveira Reis (UFPA), Jaime Luiz Cunha de Souza (UFPA)
2. Ciência e tecnologia para o desenvolvimento social: imaginários sociotécnicos de
emancipação no Recôncavo Baiano - Paulo de Freitas Castro Fonseca (Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia)
3. Professoras Doutoras Negras Atuantes nos Cursos de Pós Graduação em Educação e em
Relações Raciais.: Um olhar sobre o racismo Institucional - Tatiane da Conceição Carneiro
(UFRRJ)
4. Sistema de Produção e Circulação Cultural: O Figurino da Telenovela e Regimes de
Valores da moda Brasileira em Luanda, Angola. - Michelle Medrado (Universidade da
Califórnia, Los Angeles)

GT 13. Juventude e Identidade


GT 13 - Sessão 1 - Sala 116 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 116 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Juventudes em Sateré-Mawé: construções político-estratégicas. - Marcos André Ferreira


Estácio (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ)
2. De zero a cinco: avaliando a cidadania dos jovens no sistema tutelar português - Carla
Cristina Storino (Instituto Federal de Sergipe)
3. “Quem atira já teve medo de tomar um tiro”: juventude e violência na Ceilândia. - Yacine
Guellati (Universidade de Brasília), Marina Carvalho Paz (Cargo Comissionado)
4. A voz que ecoa, pulsa e ocupa: a poesia Slam em Florianópolis - Débora Machado
Gonçalves (Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC)
GT 15. Migrações, Territorialidades, Fronteiras e Conflitos Internacionais
GT 15 - Sessão 1 - Sala 118 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 118 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Reconfiguração do turismo de saúde e tendências de mudança - David Miguel de Oliveira


Cabral Tavares (Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa)
2. Das “aldeias” à “cidade” e da “cidade” às “aldeias”: política indígena, mobilidade e
deslocamento das fronteiras em Atalaia do Norte-AM - Rodrigo Oliveira Braga Reis (Museu
Nacional)

GT 16. África e suas Diásporas: epistemologias, emancipação das mulheres,


desenvolvimento endógenos e meio ambiente
GT 16 - Sessão 1 - Sala 201 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 201 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Desafios para o estudo da economia política africana - Paris Yeros (UFABC)

GT 18. Globalização, Multilinguismo e Ensino de Língua Portuguesa (L2/LE)


Sessão 1 - Sala 202 - Dia 20/12/2018 das 08:03 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 202 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Colonialidades e Línguas: Notas sobre uma experiência angolana - Ana Carolina Barros
Silva (Universidade de São Paulo)
2. “De onde você é?”: uma autoetnografia da práxis linguística cotidiana no contexto de
imigração - Anna Smirnova Henriques (LAEL PUC-SP), Svetlana Ruseishvili (Universidade
Federal de São Carlos)
3. Uma janela para o “Ensino Crítico de Língua Portuguesa” no Brasil indígena - Terezinha
de Jesus Machado Maher (Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

GT 19. Reflexões sobre a “diferença” em contextos plurais


Sessão 1 - Sala 203 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 203 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. “Moçambique está aqui”: Terra, Guerra e Nação a partir de um estudo de caso no pós-
independência moçambicano - Rodrigo Domenech de Souza (Instituto de Ciências
Sociais/ICS da Universidade de Lisboa)
2. “Universal é Mazione”: reflexões sobre o trânsito de espíritos, práticas e categorias em
tratamentos espirituais no sul de Moçambique - Clayton da Silva Guerreiro (UNICAMP)
3. Direitos universais e tradição: dilemas em torno da circuncisão feminina no Quênia. -
Alessandra Gando Guerra (Prefeitura Municipal de Sumaré- SP)
4. Memória e diferença no Japão contemporâneo - Ernani Shoiti Oda (Unifesp)
5. Tradição como diferença em Moçambique - Luiz Henrique Passador (UNIFESP)

GT 20. Epistemologias Periféricas: gênero, raça, classe e território


Sessão 1 - Sala 204 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 204 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Em primeira pessoa: narrativas de estudantes negras sobre sua permanência na - Tamires


Guimarães do Nascimento (Universidade Federal de São Paulo/Baixada Santista)
2. Gênero Feminino e trabalho: mulheres chefes de família - Fabiane Lopes de Oliveira
(PUC-PR), Sandra Maria Mattar Diaz (PUC-PR)
3. O protagonismo tem cor e tem gênero: Mulheres negras e sua visibilidade nas articulações
da Pastoral Afro-brasileira - Camila Moraes de Oliveira (Universidade Federal Fluminense -
UFF/Rio de Janeiro)
4. Construindo o feminismo negro: reflexões sobre os 30 anos do Encontro Nacional de
Mulheres Negras - Renata Gonçalves (Universidade Federal de São Paulo/Baixada Santista)

Pôster: A Questão Racial na Adolescência: Uma Realidade que Necessita da Atuação do


Serviço Social - Ana Paula Gil Rodrigues (Universidade Federal de São Paulo)

GT 22. Educação para as Relações Étnico-Raciais, Formação de Professores e práticas


educativas
Sessão 1 - Sala 205 - Dia 20/12/2018 das 08:30 às 10:00
Local: Sala de Aula - Sala 205 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos

1. Formação Docente para as Relações Étnico-Raciais na Escola da Infância - Moacir Silva de


Castro (IFSP)

13:30 - 17:00 - AG - Assembléia Geral


Local: Auditório da EFLCH Guarulhos
Assembléia Geral da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas de Língua
Portuguesa - AILP - CSH

GT 04-A. Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento na UNIFESP


GT 04-A. Sessão 6 - Sala 106 - Dia 20/12/2018 das 14:00 às 15:30
Local: Sala de Aula - Sala 106 - Bloco de Sala de Aulas - UNIFESP Guarulhos
Coordenação de Sessão: Zuleika Roque e Liliane Braga

1. Gestão de resíduos sólidos urbanos: análise da implementação da Política Nacional de


Resíduos Sólidos no município de Guarulhos – Jessica Daiane Augusto de Jesus (Evoluir).
2. Saberes Tradicionais e Neurociência: A Capoeira, o Envelhecimento e a Cognição. Zuleika
Stefânia Sabino Roque (Secretaria de Educação-SP).
3. O negro, a sala e a luta. Ricardo Monteiro Cavalcante (UNIFESP).
4. Quando sou sujeita, quando sou objeto? A trajetória do corpo de Mulher Negra - Thayany
Toledo Muniz (Universidade Federal de São Paulo).
5. Violência contra mulher e capitalismo: uma perspectiva juvenil de conhecer para superar -
Ilka Patricia Dias Fernandes (UNAERP).
6. Gravidez de criança e adolescente como consequência da Violência Sexual. Aldecir Dias
Santos (Secretaria Municipal de Santos).

18:00 - 19:00 - CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO


Conferência “O continente africano no novo milênio: desafios e alternativas”
Conferencista: Dr. Kabengele Munanga (Universidade Federal do Recôncavo Baiano -
UFRB)
Mediação: Profa. Dra. Lígia Fonseca
Local: Auditório da EFLCH Guarulhos

AC - Atividade Cultural

Atividade de Encerramento
Local: Hall do Bloco de salas de Aula - Aquário
Atividade Cultural de Encerramento do XIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências
Sociais e 2º Congresso da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas de Língua
Portuguesa
LIVRO DE RESUMOS
Adriana Bravin (UFMG). A mobilização do direito na co-produção de conhecimento por movimentos
ambientalistas antimineração em Minas Gerais. Movimentos socioambientais que lutam contra a expansão da
mineração, na região do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, mobilizaram, ao longo das últimas duas
décadas, ações coletivas que resultaram na constituição de repertórios para posição de confronto – a exemplo do
uso de Ação Civil Pública (ACP), de enquadramentos legal/ ambiental e de injustiça. A constituição de um
espaço de experiência e de um horizonte de expectativas (Koselleck, 2006) no campo do conflito ambiental com
a mineração proporcionou aprendizado, produção de novos conhecimentos e maior capacidade argumentativa,
do ponto de vista legal, a fundamentarem as ações de confronto no presente com vistas ao futuro. É nesse
sentido que irei argumentar, abordando como os usos da mobilização do direito, como repertório de ação,
resultaram na co-produção de conhecimento, envolvendo movimentos sociais e agentes públicos, para o
enfrentamento à ameaça e à ação das mineradoras. Nos apoiamos em Losekann (2013) e na Teoria do Processo
Político para argumentar com essa autora que a mobilização do direito (MD) implica não só a mobilização
estratégica de recursos legais, mas a interação com agentes do campo jurídico. Nossa pesquisa localiza o
compartilhamento de experiências e expectativas quanto às ameaças da mineração a partir do Movimento SOS
Serra da Piedade, constituído em 2001, por uma ampla frente social, cultural, política e religiosa no
enfrentamento à expansão da mineração sobre a serra de mesmo nome, patrimônio histórico e cultural de Minas
Gerais. Nesse confronto, destacou-se o capital técnico expresso por meio de linguagem legitimadora do campo
ambiental, confecção de documentos para subsidiar a atuação dos ministérios públicos, além de permanente
atualização sobre o encaminhamento e o andamento do caso nos órgãos ambientais. A mobilização do direito,
que resultou em uma ACP contra o avanço da mineração sobre a Piedade, também foi acionada pelo Movimento
Pela Preservação da Serra do Gandarela (MPSG), nascido em 2009, no confronto com a mineradora Vale e as
tentativas de implantação do Projeto Apolo sobre essa serra. A pouco mais de 50 quilômetros da capital Belo
Horizonte, a Gandarela constitui importante fonte de manutenção dos principais cursos d´água a abastecer a
região metropolitana. Os integrantes do Gandarela possuíam experiência no campo dos conflitos com mineração
e acumularam esse saber em enfrentamentos anteriores, como na Serra da Piedade. Esse aprendizado resultou
em uma ação vigilante sobre os passos da Vale sobre a Gandarela, e em uma maior interação com os agentes do
Ministério Público (MP), levando inclusive à mudanças na legislação envolvendo processos de licenciamento
ambiental de mineradoras em Minas Gerais.

Adriana Dantas de Souza Gama (Centro Universitário Lusíada). Políticas públicas sociais para imigrantes dos
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa no período de 2003 a 2015. A migração constitui um tema
frequente e relevante dentro das pautas internacionais, sobretudo em tempos cujo medo do outro ascende
bloqueando fronteiras. É, portanto, inegável a prevalência do interesse dos Estados em determinadas
nacionalidades em detrimento de outras. No Brasil, a imigração é um fator fundamental para se pensar a
formação de seu povo. Mas de qual imigração estou falando? Instantaneamente vem à cabeça alemães, italianos,
espanhóis, portugueses, no entanto pouco se pensa nos grupos que não têm o perfil de imigrante ideal (Koifman,
2015) inclusive por seu fenótipo, ou seja, não é economicamente desejável. Para tanto, o presente projeto tem
por finalidade apresentar a proposta de pesquisa que terá como objetivo analisar políticas públicas sociais
implementadas no período de 2003 a 2015 para imigrantes oriundos dos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa. É a partir desse contexto que questiono: Será que as políticas públicas sociais implementadas no
período de 2003 a 2015 garantiram uma efetiva inserção social e cultural de imigrantes oriundos dos PALOP? A
fim de cumprir com o exposto, a pesquisa contará com uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório, e
para coleta de dados no campo se utilizará a técnica de entrevistas.

Adriana de Araujo Silva (Universidade Cândido Mendes). Trajetórias de Envelhecimento nas Ruas: Idosos
em Acolhimento Institucional. O pré-projeto de pesquisa trata sobre o tema Trajetórias de Envelhecimento nas
Ruas: Idosos em Acolhimento Institucional, com o objetivo de analisar o significado da institucionalização por
meio da perspectiva do sujeito em sua narrativa de trajetória de vida e seu contexto sócio histórico em relação a
situação de rua e o processo de institucionalização em ILPI. Justifica-se esse projeto devido a importância da
pesquisa científica para fomentar a reflexão sobre a exclusão social desse grupo específico de pessoas pela
perspectiva crítica. Entende-se que as pessoas idosas que viveram em situação de rua é uma das expressões da
questão social, portanto, reflexo do sistema capitalista, visto que, nesse modelo de sociedade o trabalho é
compreendido como mercadoria. O envelhecimento dos idosos brasileiros e da população em situação de rua nos
remete a um questionamento referente às condições desse envelhecimento, utilizaremos a análise interseccional,
reconhecendo as relações de opressão de gênero, raça e classe, que se estruturam e se perpetuam no modo de
produção capitalista, sendo portanto, consideradas indissociáveis, haja vista, as condições históricas de uma
sociedade racista, patriarcal e capitalista. Por meio da observação do concreto real dentro da ILPI, foi que surgiu
a hipótese que esse sistema institucional era culpabilizante e perverso para com os idosos que optaram viver nas
ruas em algum momento da vida, por escolha própria ou não. Esta pesquisa se orientará pelo método dialético
crítico, com abordagem qualitativa. A pesquisa bibliográfica e documental será realizada a partir de buscas na
internet, onde realizamos o levantamento sobre a temática, verificando a produção científica do tema. Serão
utilizadas como instrumento de pesquisa a entrevista narrativa com um questionário semi estruturado para ser
aplicado junto aos idosos institucionalizados em ILPI, para assim, por meio das narrativas do sujeito,
compreender as condições objetivas e subjetivas que levaram o idoso a institucionalização, considerando o
contexto social do modo de produção capitalista. Respeitando os critérios da pesquisa de em algum período da
trajetória de vida do sujeito ter ocorrido em situação de rua.

Adriane Vieira Ferrrarini (UNISINOS). Epistemologias e metodologias das Ciências Sociais e Humanas. Este
GT propõe contribuir para o debate académico em torno da pergunta: como se pode estabelecer um diálogo entre
os diversos conhecimentos, oriundos de áreas e culturas do mundo que têm sido feitos invisíveis por uma visão
eurocêntrica dominante? Por este motivo, uma “ecologia de saberes”, proposta por Sousa Santos (2014) é
fundamental. Neste sentido, que função desempenham a memória e as histórias silenciadas e invisíveis em
países anteriormente colonizados que procuram reconstituir-se como agentes do seu próprio futuro? As histórias
ausentes e silenciadas levam-nos a reconhecer a persistência de uma matriz colonial e eurocêntrica no domínio
das Ciências Sociais e da importância de preencher estas ausências no caminho para um conhecimento
democrático e plural (Meneses, 2012).

Afinal, antes e mesmo depois da sanção presidencial que adotou as Leis em tela, dos pareceres e da resolução
que se consolidaram como Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais,
ainda assim sempre houve tensões em todo o espectro dos sistemas educacionais em torno da importância, da
oportunidade e das características da implementação das mesmas. Eram e ainda são comuns indiferenças e
descaso, quando não rejeições ostensivas, em relação às discussões sobre euro e etnocentrismo em currículos e a
procedimentos pedagógicos racializados. Assim como em relação a temas e conteúdos arrolados pelas Leis, e
com as demandas de enfrentamento de preconceitos e discriminação racial no cotidiano escolar. Ainda que
fossem reiteradamente expostos informações e trabalhos acadêmicos fundamentando a necessidade e
oportunidade de intervenção de “agentes das Leis” e a justeza daquelas reivindicações do Movimento Negro
Brasileiro que, desde longe, capitaneava a luta contra o racismo.

Alan Silvio Ribeiro Carneiro (UNIFESP); Maria Clara Keating (Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra). Globalização, Multilinguismo e Ensino de Língua Portuguesa (L2/LE). Os processos de
globalização modificaram o entendimento do constructo social denominado “língua portuguesa”, o qual é
marcado por investimentos ideológicos e significados sociais específicos nos mais diversos contextos em que
esta língua ocupa uma posição de língua dominante e/ou é parte de cenários multilíngues e multiculturais. A área
que recentemente tem sido denominada como de “Português Língua Adicional” (PLA), no Brasil, e como de
“Português Língua Não Materna” (PLNM), em Portugal envolve o ensino dessa língua nesses dois países, mas
também nos PALOP e outras lugares do globo. As dinâmicas de mobilidade global, as novas tecnologias de
informação e comunicação (TICs) e os seus impactos na constituição das identidades socioculturais
contemporâneas têm contribuído para mudanças nos discursos, nas políticas e nas práticas de ensino de
português como segunda língua (L2) e língua estrangeira (LE) nesses contextos. O objetivo principal deste GT é
ser um espaço para a caracterização das mudanças nesses cenários, com enfoque, embora não exclusivo, nas
práticas de ensino e aprendizagem. Partindo de práticas situadas presenciais e/ou virtuais, formais e informais de
ensino para grupos diversos (imigrantes, refugiados, estudantes estrangeiros, indígenas, surdos, entre outros),
espera-se que o GT contribua para uma reflexão acerca desse ensino como um lugar potencial de construção de
saberes emancipatórios sobre as relações entre linguagem, cultura e sociedade a partir do/no Sul global. As
perguntas abaixo são o ponto de partida para tal empreitada: Quais têm sido os impactos dos processos de
globalização nos (meta) discursos sobre a língua(gem), nas políticas (linguísticas e educacionais) e nas práticas
de ensino de português L2/LE nos diferentes contextos nos quais essa língua está presente? Quais são as
reconceptualizações epistemológicas e metodológicas que esses processos de globalização tem demandado no
campo das pesquisas em educação linguísticae nas práticas de ensino de línguas nesses contextos? Quais as
implicações dessas reconceptualizações para repensar a forma como são construídos os currículos, os materiais
didáticos, os exames de proficiência e para repensar as práticas de ensino de língua portuguesa como L2/LE?
Tendo em vista esses processos de mudança, como os sujeitos envolvidos nessas práticas estão construindo
novas formas de agenciamento, resistindo, reenquadrando situações de subalternidade, subvertendo formas de
poder estabelecidas e criando realidades alternativas? Quais são os caminhos que emergem a partir dessas
experiências que apontam para novos paradigmas nas práticas de ensino e aprendizagem de línguas? Quais são
os novos significados de ensinar e aprender que nascem a partir dessas perspectivas?

Alan Silvio Ribeiro Carneiro (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP). Ensinar Português como
Língua Estrangeira (PLE) em uma perspectiva decolonial: reflexões sobre a experiência do Leitorado
Brasileiro na Universidade da Cidade do Cabo. O ano de 2015 marcou o início de profundos debates sobre a
educação superior na África do Sul. O legado histórico de exclusão social do apartheid ainda marca grande parte
de suas instituições públicas, incluindo as universidades. Embora tenham ocorrido mudanças drásticas no
sistema de ensino superior sul-africano desde 1994, com uma inclusão significativa da população africana, os
modelos de organização institucional, a configuração do quadro docente e as práticas de ensino não sofreram
alterações na mesma medida. Foi essa constatação que instigou os estudantes da Universidade da Cidade do
Cabo a iniciarem uma mobilização neste ano pela retirada da estátua, na entrada principal do campus, de Cecil
Rhodes, um dos principais representantes do imperialismo e do colonialismo britânico na África do Sul. Essa
mobilização que ficou conhecida como o movimento #RhodesMustFall daria início a uma série de discussões
sobre a necessidade de descolonização dos símbolos, dos espaços, do currículo e das práticas de ensino na
educação superior sul-africana, apontando também para a necessidade de se questionar o papel das universidades
nesse contexto (RHODES..., 2015). É nesse complexo contexto educacional e no âmbito de um conjunto de
políticas de aproximação do Brasil com a África que foi implementado o Leitorado Brasileiro, na Universidade
da Cidade do Cabo. O objetivo desta comunicação é delinear de forma mais detalhada as implicações desses
múltiplos contextos macro políticos na formulação do projeto pedagógico e nas práticas de ensino de português
como língua adicional nesta universidade ao longo dos anos de 2015-2016. Como ponto de partida teórico serão
considerado os debates atuais no campo de ensino de línguas vinculado ao debate sobre interculturalidade
(KRAMSCH, 2011) e às pedagogias críticas (GUILHERME, 2002) e anti-coloniais (DEI, 2014), para então
apresentar um relato de experiência com atividades desenvolvidas no segundo semestre de 2016 que
tematizaram a dinâmica das relações entre o Brasil e a África. Nessas atividades, as estudantes do curso de
Major em Língua Portuguesa, todas mulheres, analisaram a obra literária de Ana Maria Gonçalves, “Um defeito
de Cor” (2006) e o filme “Tão Longe é aqui”, de Eliza Capai. Ao final do módulo, as estudantes foram
convidadas a refletir sobre o módulo e a fazer uma atividade escrita sobre as suas múltiplas identidades culturais
que abordassem as suas experiências de um lugar de fala feminino e africano. A experiência didática concluída
apontou não apenas para um conjunto de questões relacionadas ao temas abordados, mas também projeta uma
meta discussão necessária sobre as perspectivas e os caminhos para descolonização das práticas de ensino de
línguas adicionais.

Alberto Gomes da Silva Junior (UNIFESP). Processo de compreensão em leitura: Percepções sobre o
racismo nos comentários de leitores virtuais. A presente comunicação oral tem como objetivo apresentar o
projeto de pesquisa elaborado para o ingresso no programa de pós-graduação em Letras da Universidade Federal
de São Paulo (UNIFESP), situado na área dos Estudos da Linguagem, sob a linha de pesquisa “Linguagens em
novos contextos”. Temos como problema de pesquisa: de que maneira os leitores virtuais emitem suas opiniões
através dos comentários sobre matérias que abordam casos de discriminação racial? Para tanto teremos como
objetivos compreender quais os processos de leitura que os internautas realizam para comentar determinado
aspecto das matérias e identificar as principais recorrências de opiniões e abordagens do assunto no diálogo
entre os próprios leitores-comentaristas. O corpus da pesquisa é constituído por 5 matérias publicadas pelo jornal
Folha de S. Paulo, e os comentários on-line de cada matéria. O arcabouço teórico da pesquisa estará baseado
inicialmente nos conceitos de hipertexto e gêneros virtuais (MARCUSCHI, 2004), na definição e delimitação do
gênero comentário on-line (COSTA, 2008; BUENO, 2016), no caráter opinativo das interações em seções de
comentário, segundo Oliveira (2013); sob o conceito de compreensão em leitura (MARCUSCHI, 2003) e por
fim, nos mecanismos da leitura em si, quanto a conhecimentos linguísticos, enciclopédicos, superestruturais
(KOCH e ELIAS, 2006). Para análise das matérias selecionadas e dos comentários dos leitores, nos valeremos
de métodos qualitativos para apreensão dos tópicos e subtópicos que constituem o conteúdo das notícias, e de
métodos quantitativos e qualitativos para a análise dos comentários para posterior identificação de recorrência
das finalidades e perspectivas propostas pelos leitores nessa plataforma de interação. Seguimos a hipótese de que
a interação nesse ambiente virtual, que surge como resultado da leitura das matérias publicadas em sua versão
on-line, funciona como um mecanismo para que os leitores se expressem e estabeleçam um diálogo parcial com
todos aqueles que estão partilhando da mesma informação, bem como, no que tange ao tema do corpus
selecionado, se posicionarem de acordo com as construções sociais de que fazem parte e deixam escapar alguns
vestígios nessas contribuições na seção de comentários. Estudos tratam de colocar em evidência o papel dos
veículos de comunicação tradicionais na manutenção do imaginário popular acerca do racismo, ressaltando
sempre os estereótipos que reduzem e inferiorizam negros e negras. O projeto de pesquisa que apresentamos
buscará observar de maneira mais aprofundada como essas práticas de representação refletem no discurso do
senso comum veiculado pelos leitores da Folha de S. Paulo.

Aldecir Dias Santos (Secretaria Municipal de Santos). Gravidez de criança e adolescente como consequência
da Violência Sexual. O interesse em investigar esse tema surge a partir do campo profissional de atuação
enquanto Interlocutora da Violência da Seção de Vigilância Epidemiológica de Santos – SEVIEP, ao perceber o
montante de notificação do gênero feminino de criança e adolescente em situação de violência sexual, chamou
atenção me levando a realizar esta pesquisa. O foco desse estudo será criança e adolescente na faixa etária de 12
a 18 anos conforme determina o Estatuto da Criança e Adolescente – ECA, do sexo feminino, grávida e em
situação de violência sexual. Com objetivo de pesquisar quais fatores interfere no atendimento dxs profissionais
na abordagem dessa criança e adolescente, em situação de violência sexual e como conseqüência a gravidez. E
se essa invisibilidade faz com que esses casos sejam subnotificados. A partir deste questionamento penso que
pode estar ocorrendo no município de Santos subnotificação da gravidez de criança e adolescente em situação de
violência sexual. O método a ser utilizado é análise do banco do ano 2017 do Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (SINAN NET) e Sistema de Informação de nascidos Vivos - SINASC e entrevistas gravadas dxs
profissionais de saúde do Instituto da Mulher. REFERÊNCIAS Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência Contra a Mulher "Convenção de Belém do Pará" (1994) (1995, p.2) MINAYO, M. C. S.;
SANCHES, O. Quantitativo-qualitativo: Oposição ou Complementaridade? Cadernos de Saúde Pública. Rio de
Janeiro: v.9, n.3, jul/set, 1993. p. 239-262. OLIVEIRA, H. M.; GONÇALVES, M.J.F. Educação em Saúde: uma
experiência transformadora. Revista Brasileira Enfermagem. Brasília,p.761-
763,nov/dez.,2004.https://pt.slideshare.net/pibidpedagogiaufla/guia-escolar-identificaes-de-sinais-de-abuso-e-
explorao-sexual-de-criana-e-adolescente;http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-
saude;http://portalms.saude.gov.br/boletins-epidemiologicos;http://www.onumulheres.org.br/wp-
content/uploads/2013/03/convencaobelem1994.pdf;http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atendime
nto_vitimas_violencia_saude_publica_DF.pdf;http://www.scielo.br/pdf/cpa/n16/n16a07.pdf;http://portalsinan.sa
ude.gov.br/violencia-interpessoal-
autoprovocada;http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060702.

Aldine Valente Bathillon (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB). A


saga pelo acesso ao ensino superior e educação de qualidade: relato de experiências de estudantes
guineenses na UNILAB. A busca por formação acadêmica de qualidade tem movido cada vez mais um fluxo
considerável de jovens guineenses para fora do país. Isso se deve em grande parte à precarização do ensino
superior no país e também à sobrevalorização do diploma do estrangeiro no país. O sistema atual de ensino
guineense herdou problemas oriundos do modelo de ensino colonial implantado no país durante a colonização
portuguesa e do modelo pós-colonial. Acrescentam-se também as constantes instabilidades políticas e
econômicas com que o país vem deparando constantemente e a vigoração de um sistema de favoritismos na
concessão de bolsas para estudos no exterior. É nesse contexto que a Universidade da Integração Internacional
da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) entra como um meio democrático para o acesso ao ensino superior de
qualidade para esses estudantes. A UNILAB é uma universidade criada pela lei pela Lei 12.289 em 20 de Julho
de 2010. Esta instituição se caracteriza pela proposta de interiorização, cooperação internacional e integração
com os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O objetivo desta pesquisa foi identificar
e discutir os impactos desse sistema nos estudantes guineenses na UNILAB e os impactos culturais, ideológicos
e políticos dessa universidade na sua formação acadêmica através dos seus relatos. Para isso foram entrevistados
12 estudantes, que apontaram a precariedade do sistema de ensino do país consequentemente causam
dificuldades linguísticas e no seu processo de aprendizagem dentro da universidade. Eles ainda relatam um
cotidiano marcado por preconceito e dificuldades dentro do contexto universitário e da cidade onde residem. É
possível concluir através da pesquisa que esta universidade está contribuindo para: o desenvolvimento duma
capacidade mais crítica, o amadurecimento acadêmico e de sua consciência política, a sua valorização enquanto
sujeitos pensantes, a convivência com outras culturas diferentes e nacionalidades, e a capacidade de adaptação e
convivência em outros contextos.

Alessandra Gando Guerra (Prefeitura Municipal de Sumaré - São Paulo/SP, CEBRAP/UNIFESP). Direitos
universais e tradição: dilemas em torno da circuncisão feminina no Quênia. Objetivos O debate em torno da
circuncisão feminina no Quênia remonta ao início do século XX com a chegada de missionários protestantes na
então colônia britânica. O ápice desses debates se deu em 1929 e foi marcado pela chamada “controvérsia da
circuncisão”, que envolveu, principalmente, missionários protestantes e seus fiéis kikuyus, em 1929 (Droz,
2000; Kenyatta, 1965; Leakey, 1931; Lonsdale, 1999; Muriuki, 1974; Murray, 1974; Sandgren, 1976; Guerra,
2016). Apesar de não se manterem com a mesma força que os marcaram no final da década de 1920, esses
debates continuam presentes no Quênia e tomaram, a partir da década de 1970 proporções mais amplas,
envolvendo os demais grupos étnicos que praticam a circuncisão feminina espalhados pelo continente africano,
agências internacionais de Direitos Humanos e demais organizações e instituições que condenavam esta prática.
Dentre os envolvidos nesses debates, podemos citar dois tipos de posições: por um lado, aqueles que
argumentam que a prática da circuncisão tem uma centralidade na formação de identidades socioculturais nas
comunidades que as praticam (Boddy, 1998; Gruenbaum, 2001; Nhalop, 2000; Shweder, 2000) e, por outro,
aqueles que argumentam que essas práticas seriam um sintoma da imposição da autoridade masculina sobre a
mulher e da tentativa de controlar a sexualidade feminina (Eisler, 1995; Hicks, 1996; Hosken, 1994; Lightfoot-
Klein, 1989; Okin, 1999; Walker; Parmar, 1993). Diante desse quadro, pretendemos analisar o debate em torno
da manutenção ou erradicação dessa prática fundados nesses dois tipos de discurso: o debate entre princípios
universalizantes (ligados aos direitos humanos) e a questão das particularidades culturais (pensadas como
tradição), cujos argumentos orientam debates teóricos e políticos no contexto queniano e alhures. Materiais e
métodos Buscaremos compreender como as mulheres de um – ou mais – contexto cultural no qual ainda se
pratica a circuncisão percebem essa prática, como historiadores e etnógrafos que se dedicam ao estudo sobre
populações ditas tradicionais no Quênia tratam da questão da circuncisão feminina, como esse tema aparece nos
debates que se dão no interior das normativas a respeito dos direitos humanos e de gênero e, sobretudo, como se
dão – e sob quais termos – as articulações entre os discursos desses agentes. Para tanto, analisaremos textos
produzidos tanto pelos oponentes à circuncisão feminina como por seus defensores, a legislação concernente a
essa prática, além de observar em campo como os praticantes da circuncisão se inserem nesse debate.

Alexandra Alves Sobral (Prefeitura Municipal de São Paulo). As interfaces da lei 10.639/03 no cotidiano
escolar da educação infantil. Após quinze anos da lei 10.639/03 ainda presenciamos a invisibilidade da mesma,
principalmente dentro do cenário da educação formal, em especial destaco aqui a educação infantil. A não
formação continuada de professores para relações étnico raciais têm impossibilitado os avanços para efetivação
desta lei, o que reverbera na desconstrução da identidade das crianças negras, ausência de representatividade e
de autoestima, não se reconhecer dentro do cenário e cotidiano escolar, prejudica a construção do imaginário
infantil. As representações nas práticas pedagógicas ainda estão pautadas em uma educação eurocêntrica,
sobretudo, a ausência dos ritmos, leituras, narrativas, brincadeiras, contos que de visibilidade a cultura africana
como berço da humanidade. A ausência de diálogo sobre a lei 10.639/03, a rejeição por parte dos professores,
desconhecimento e negação por parte da coordenação e gestão escolar faz necessário ampliar o debate a cerca da
desconilização do currículo, representatividade e práticas cotidiana dos docentes da educação infantil. A escola
no seu campo pedagógico utiliza-se das diretrizes curriculares e normativas para legitimar suas ações, porém
invisibiliza as demandas que são recorrentes a outro modo de pensar, agir e construir. Descolonizar uma prática
arraigada dos valores tradicionais e positivista confronta a logica dominante e hegemônica, o que ainda trás
desconforto no trabalho educativo e aos trabalhadores responsáveis em operacionalizar as práticas educacionais.
O trabalho educativo exige reflexão e ação, produzir intencionalmente ações que contribuía para o processo de
humanização. Assim o intuito deste pré-projeto é compreender como ocorrem às representações de personagens
negras na educação infantil. Pensar em práticas afirmativas que possibilitem uma visão ampliada e plural sobre o
continente africano nas mais variadas áreas do conhecimento. É a oportunidade que temos de ir além das
aprendizagens cognitivas, de construir relações pautadas no respeito às diferenças, valores apresentados por
Azoilda Loretto da Trindade com “os valores civilizatórios afro-brasileiros”, que difere de uma prática formal de
educação, trazendo para roda outra pedagogia, que respeita o processo dialógico, na formação da subjetividade
no seu mundo social e cultural.

Alexandre do Nascimento (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro- FAETEC).
Educação das Relações Étnico-Raciais na Escola. As Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que adicionaram à Lei
de Diretrizes e Bases da Educação o artigo 26A, e através dele a obrigatoriedade do ensino de histórias e
culturas afro-brasileiras e indígenas, são leis muito importantes no Brasil, pois propõe algo fundamental para a
realização de uma mudança cultural necessária, numa sociedade onde o racismo faz parte das relações sociais e
de valores e práticas institucionais. Porém, a implementação do artigo 26ª da LDB e suas Diretrizes Nacionais
(Educação das Relações Étnico-Raciais e Educação Quilombola) é ainda algo não consolidado e carece de
políticas complementares de formação de professores e reformulação de currículos e práticas pedagógicas.
Produto da luta contra o racismo, esse marco legal, na perspectiva do movimento social negro, pretende fazer da
educação escolar uma prática social de promoção de igualdade racial e, pois, de relações raciais democráticas e
instituições não racistas. Na perspectiva do conceito de educação das relações étnico-raciais proposto pelo
ativismo negro contra o racismo e expresso na legislação citada, gestores/as, coordenadores/as e orientadores/as
pedagógicos/as, professores/as e trabalhadores da educação em geral, devem fazer com que o currículo, a prática
pedagógica e as relações sociais na escola afirmem e reforcem positivamente os diversos pertencimentos étnicos
e raciais, pois para trabalhar na perspectiva de superação do racismo é preciso acolher respeitosamente os
diferentes pertencimentos, as diversas formas das pessoas expressaram sua humanidade. Assim, esta Sessão
Temática acolherá trabalhos oriundos de práticas, estudos e pesquisas alinhados com as perspectivas do Artigo
26A da LDB, das Diretrizes Curriculares Nacional para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de Histórias e Culturas Afrobrasileiras e Africanas, e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Quilombola: análises de práticas docentes, materiais didáticos, projetos de formação de professores, propostas
curriculares e pedagógicas, e demais formas de ação educativa que na Educação Básica visam contribuir para a
construção de uma cultura sem os preconceitos e discriminações oriundos do racismo.

Amanda de Jesus Barbosa (CREAS). Limites e possibilidades entre o cuidado e o aprisionamento: a luta
antimanicomial e a saúde mental da população em situação de rua em sofrimento mental grave. Após
algumas experiências na atuação profissional desta pesquisadora, este tema mostrou-se de extrema relevância
para seu aprofundamento devido à dificuldade dos diálogos estabelecidos entre as políticas públicas
desenvolvidas entre o SUAS e SUS no tratar das pessoas em sofrimento mental severo que estão em situação de
rua. Por não se obter os Serviços adequados, pode-se perceber o tão temido jogo do “empurra-empurra” entre os
equipamentos, onde se sujeitam a estabelecer a fragmentação no atendimento às pessoas em situação de rua com
doença mental, e o não entendimento na esfera da integralidade de suas ações para que sejam de fato, os direitos
sociais destes sujeitos efetivados. Pessoas que estão em situação de rua, vivem em extrema vulnerabilidade
social, ainda mais aquelas que possuem comprometimentos mentais, seja ela pelo decorrer de sua trajetória de
rua associada ao uso abusivo de substâncias psicoativas, ou por alguma patologia mental como diversos tipos
atrelados às esquizofrenias. Após algumas experiências na atuação profissional desta pesquisadora, este tema
mostrou-se de extrema relevância para seu aprofundamento devido à dificuldade dos diálogos estabelecidos
entre as políticas públicas desenvolvidas entre o SUAS e SUS no tratar das pessoas em sofrimento mental severo
que estão em situação de rua. Por não se obter os Serviços adequados, pode-se perceber o tão temido jogo do
“empurra-empurra” entre os equipamentos, onde se sujeitam a estabelecer a fragmentação no atendimento às
pessoas em situação de rua com doença mental, e o não entendimento na esfera da integralidade de suas ações
para que sejam de fato, os direitos sociais destes sujeitos efetivados.Pessoas que estão em situação de rua, vivem
em extrema vulnerabilidade social, ainda mais aquelas que possuem comprometimentos mentais, seja ela pelo
decorrer de sua trajetória de rua associada ao uso abusivo de substâncias psicoativas, ou por alguma patologia
mental como diversos tipos atrelados às esquizofrenias. Após algumas experiências na atuação profissional desta
pesquisadora, este tema mostrou-se de extrema relevância para seu aprofundamento devido à dificuldade dos
diálogos estabelecidos entre as políticas públicas desenvolvidas entre o SUAS e SUS no tratar das pessoas em
sofrimento mental severo que estão em situação de rua.

Amanda Silva Teixeira (UNIFESP). Violência do Estado no corpo das mulheres negras: Mortalidade
materna como expressão do feminicídio. O presente projeto de pesquisa tem como campo de investigação a
mortalidade materna de mulheres negras no país, na última década. O estudo consistirá na análise de dados sobre
este tipo específico de mortalidade feminina, que pode ser considerada, feminicídio. O conceito do feminicídio,
aqui proposto, está alinhado aos conceitos cunhados pela teoria feminista.O feminicídio pode ser compreendido
como toda e qualquer violência ao corpo feminino, dado por opressões de gênero, ou seja, violência doméstica e
outros tipos de violação aos corpos, inclusive ao que tange saúde reprodutiva. O conceito de feminicídio é
importante para análise deste projeto, pois, a mortalidade materna configura-se como uma violação dos direitos
humanos segundo a ONU, e este tipo específico de mortalidade é produzido pelo Estado, onde o campo da saúde
não opera de maneira eficiente, constituindo dados alarmantes sobre mortalidade materna no país. A
mortalidade, especificamente, tem sido objeto de análise das ciências sociais dentro do campo da sociologia da
violência, uma vez que, ela têm ocorrido com frequência em diferentes eixos da sociedade, trazendo dados
alarmantes sobre a condição e relação social entre os indivíduos. Para compreender a morte é necessário
assimilar que ela é fruto da violência exacerbada, e para conceber a mesma é preciso entender que ela é
historicamente construída e interpretada, e está presente em toda sociedade. A violência no Brasil traz
características específicas, ela possui perfil, instrumentos, agentes e localidade. Neste contexto, a população que
mais tem sofrido hostilidade aos corpos, caracterizando o genocídio, é a população negra. Por este motivo, faz-
se necessário compreender a mortalidade materna como mais uma violação aos corpos pertencentes a este grupo
étnico.

Amauri Carlos Ferreira (PUC-Minas Gerais e ISTA), Anderson Marinho Maia (PUC-Minas Gerais), Soraia
Aparecida Belton Ferreira (PUC-Minas Gerais), Célio de Padua Garcia (Centro Fray Bartolené de las Casas).
Diversidade e Escola: legitimação da lei 10639/2003 na trilha dos Orixás. Esta pesquisa pretende ampliar o
debate acerca da intolerância religiosa e sua relação com os espaços escolares. A partir de uma primeira pesquisa
em 2013/2015 intitulada: “Na Trilha dos Orixás: origem e extensão do espaço sagrado das religiões de matriz
africanas de 1960 aos dias atuais”, foi realizado um levantamento das Casas de Santo em Belo Horizonte/MG. O
mapeamento das mesmas objetivou situá-las por região, o que evidenciou, em seus resultados, o caminho da
intolerância religiosa. Este mapeamento foi feito a partir da utilização do georreferenciamento e da metodologia
da história oral. A partir de 2017, como continuidade deste projeto, a segunda etapa se constitui na relação destas
casas com o espaço da escola. O objetivo geral dessa pesquisa é realizar, a partir de estudos locais sobre culturas
afro-brasileiras, um estudo geracional de algumas Casas de Santo compreendendo seus impactos na educação
básica, levando em conta, no que se refere às tradições de matriz africana, a legitimação da lei 10639/03. Tendo
por referência o mapeamento das escolas próximas aos terreiros buscamos verificar se há algum projeto
relacionado às tradições de matriz africana que envolva essas Casas de Santo e os estudantes e se há, nessas
escolas, algum projeto que envolva a lei 10639/2003. Para essa comunicação pretendemos mostrar os resultados
da pesquisa anterior e os resultados parciais dessa pesquisa, quais sejam: o mapeamento das escolas por região,
das Casas de Santo e das Igrejas de tradição Católica e, principalmente, uma genealogia da Casa de Santo – Ilê
Wopo Olojukan, tombada pelo Patrimônio Histórico, com intuito de apresentar a sua proximidade com a escola.
Tal como a primeira pesquisa, a metodologia ora utilizada é a história oral. Após algumas constatações de que a
interação entre as Casas de Santo e a escola, ainda necessita de maior efetividade, bem como a inserção da Lei
10.639/2003 nos conteúdos lecionados nas diversas disciplinas está muito aquém do desejado, o que
pretendemos com essas pesquisas é abrir essa possibilidade de diálogo da Escola com essas Casas de Santo com
o intuito de minimizar o preconceito e a intolerância, fomentando o debate e a produção científica acerca da
questão da diversidade racial. Tendo em vista o cenário político-econômico-social deflagrado a partir de 2016 e
sua reverberação na sociedade, e os danos advindos dessa radicalização conservadora à democracia e ao Estado
de Direito, é fundamental investigar este tema e suas vicissitudes, de modo a contribuir para a construção de
uma sociedade mais justa e cidadã. Palavras-chave: Religiões de Matriz Africana. Intolerância religiosa.
Educação. Lei 10639/2003.

Amauri Mendes Pereira (UFRRJ); Gianne Reis (Coautor) (FIOCRUZ). “Apesar de você...”: Dificuldades na
implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08 e de outras Políticas Educacionais de Promoção da
Igualdade Racial. A intenção de nosso trabalho é discutir o complexo contexto da implementação das Leis
10.639/03 e 11.645/08, que trouxeram legitimidade institucional e política às demandas de valorização da
História e Cultura Africana, Afro-Brasileira e Indígena, e observá-lo como referencial importante para análise da
atual conjuntura institucional e política nacional. A efetivação daquela legislação e da normatização subsequente
tem se constituído num desafio e tanto. Do nosso ponto de vista, sua realização plena, como um segmento das
políticas públicas de promoção da igualdade racial, é decisiva para a sustentabilidade do amplo conjunto de
políticas de ações afirmativas, ampliadas e estimuladas como políticas públicas durante o recente ciclo de
governos progressistas, abortado pelo golpe parlamentar-jurídico-midiático, de 2016. Se mesmo durante o
período de governos progressistas havia imensas dificuldades, como será após a vitória eleitoral de um candidato
e programa manifestamente contrário à discussão da questão racial e outros “ativismos”? Nossa inquietação
procura observar nexos entre aquela vitória que, apesar de vir se esboçando como possibilidade há mais de dois
anos, “surpreendeu” a grande maioria das pessoas progressistas nos diferentes segmentos sociais. As
dificuldades, de certa forma, não estariam “anunciando” esse quadro de perda?

Ana Carolina Barros Silva (Universidade de São Paulo - USP). Colonialidades e Línguas: Notas sobre uma
experiência angolana. Resumo: Estamos partindo do pressuposto que em Angola não temos uma emancipação
política de fato. Percebemos, na lógica de funcionamento político do país e na organização social, que a luta pela
emancipação ainda não se encerrou. Vigora-se, ainda, a lógica colonial, segundo a qual, há um determinado
grupo superior a outro. Pensando a relação entre língua e Estado, no caso de Angola, ao recuperar o processo
histórico lá decorrido, percebemos que durante todo o período colonial a política linguística esteve respondendo
às necessidades dos colonos portugueses e, com isso, as línguas nacionais não eram permitidas no interior das
instituições escolares. Em angola, durante todo o período de conflitos pela independência, a língua se tornou
também uma reivindicação política. Os partidos envolvidos na resistência contra a invasão portuguesa e pela
libertação angolana acabaram assumindo discursos sobre a Língua Portuguesa como língua de unificação, como
elemento aglomerador dos povos que guiaria a construção de uma só nação angolana. Essa política linguística
foi implementada imediatamente com a Independência de Angola em 1975. Nos parece que, para além da
oficialização da Língua Portuguesa, houve um deslocamento de posição dos próprios falantes frente às suas
línguas maternas. De uma posição que enxergava a língua materna, em situações de conflito, como fator de
proteção e identificação do falante enquanto angolano, para uma posição na qual a língua nacional está associada
à discriminação e marginalidade. Que efeitos poderiam ter esses deslocamentos na constituição subjetiva de cada
criança e em seu percurso para aprender a ler e escrever? Para Quijano (2005), nos aproximaríamos da
compreensão destes questionamentos se nos dispuséssemos a olhar para Angola desde sua posição geopolítica
na atual organização mundial. Segundo o autor, “a hegemonia mundial do eurocentrismo” funciona “como modo
de produção e de controle da subjetividade e, em especial, do conhecimento” (p. 10). Esta hegemonia confere às
potências socieconomicas atuais um poder e um saber sobre os outros, tornando legítimo e com valor de verdade
somente os discursos que provém desta posição hegemônica. Se o modo de vida europeu é aquele que serve
como padrão para os demais, passamos a nos questionar sobre a influência desta padronização nos modos de
vida dos países africanos colonizados pelos países europeus. Em particular, em Angola, no que tange à língua
também vemos os efeitos desta dominação, não só econômica e política, mas também discursiva e simbólica. Ao
dar soberania à língua do colonizador em suas políticas linguísticas, estamos entrevendo as consequências do
“eurocentrismo” e da força exercida para controle da produção de subjetividade e conhecimento.

Ana Carolina Costa dos Anjos(UFSCar); Luana Ribeiro da Trindade (UFSCar). Racismos, suas justificativas e
a plausibilidade nas relações sociais: quando um professor erra a gramática racial. Este artigo analisa as
relações sociais a partir das probabilidades de ação, dentro de um sentido que é reconhecido por uma pluralidade
de agentes, a saber, um professor que faz um post de cunho racista em seu perfil de rede social facebook,
discentes da instituição que o professor dava aula, a instituição e a versão midiática do caso. Para esse estudo
entendemos que as relações são balizadas por probabilidades de ações dentro de um sentido visado
(coordenações formais). A reflexão se dá dentro de uma perspectiva weberiana sobre o epifenômeno e propicia
inferências sobre modalidades de racismo, como agentes discursivos proferem seus discursos e se justificam ao
perceber que a gramática das relações raciais está passando por mudanças de representação. Para tanto, faz
descrição analítica do epifenômeno dos agentes, suas ações e os sentidos visados, constrói aporte teórico que
significa e conceitua as categorias. Metodologicamente, faz uso da Análise de Conteúdo e Análise de Discurso.
E, por fim, remete um caso singular à construção social das relações raciais no Brasil e vê como está se
modificando. O docente de geografia e pesquisador na Diretoria de Humanidades do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), José Guilherme Almeida, publicou no seu perfil da rede
social facebook, no dia 10 de março de 2018, que odiava pretos e pardos e descreve a alimentação dos mesmos
como “macabra”. O post recebe o título de “Horror de Turismo”. Tal caso e seus desdobramentos repercutiram
na mídia tradicional , sobretudo após as denúncias do referido fato como racismo, por parte de discentes do IFSP
e de movimentos negros. Sendo esse um epifenômeno a partir do qual propomos um desenredar que visa
compreender algumas premissas comuns do diagrama das relações raciais no Brasil. Assim, o artigo transita em
termos weberianos a fim de perceber e complexificar a gramática das relações raciais no Brasil, como quadro
analítico se vale de teóricos da diáspora africana. Faz uso de Análise de Discurso metodologicamente. O artigo
foi pensando mesclando duas disciplinas cursadas no doutorado em Sociologia da UFSCar Seminários
Avançados (ministrado por Gabriel Feltran) e Sociologia das Diferenças (ministrado por Valter Roberto
Silvério, orientador das autoras)

Ana Deise de Souza (PUCSP). Percepção de violências engendradas pelo racismo. O Brasil, mesmo sendo
considerado um país miscigenado, mantém em suas relações sociais ditames pautados por preconceito e
exclusão étnico racial. O estímulo deste comportamento foi iniciado quando se objetivou o embranquecimento
da nação pelo próprio governo brasileiro. O racismo entendido como uma violência pode se tornar velado pelos
sujeitos violentados a ponto de não ser identificado em seus mecanismos. Fanon (2005) refere sobre os povos
negros colonizados e seus colonizadores brancos que: A verdade é que a colonização, na sua essência, já se
apresentava como uma grande provedora dos hospitais psiquiátricos. Em diferentes trabalhos científicos, desde
1954, chamamos a atenção dos psiquiatras franceses e internacionais para a dificuldade de “curar” corretamente
um colonizado, isto é, torná-lo inteiramente homogêneo a um meio colonial de tipo colonial. Por que é uma
negação sistematizada do outro, uma decisão obstinada de recusar ao outro todo atributo de humanidade, o
colonialismo obriga o povo dominado a perguntar-se constantemente: “Quem sou eu, na verdade?” (FANON,
2005, p. 287 e 288). Neste trecho podemos observar o quanto a fragmentação identitária repercute
negativamente na percepção do sujeito sobre si. Assim como o colonialismo, segundo o autor obriga o povo
colonizado a perguntar-se “quem sou eu?” o racismo discernido como uma forma de violência pode não apenas
fazer o povo negro não entender quem ele é mas deixar de perceber as violências a que foi submetido
perversamente e o que ele significa enquanto sujeito sócio-histórico. No trecho a seguir, extraído do livro
Tornar-se Negro , Neusa Santos refere sobre as consequências do racismo como forma de violência: Em que
consiste esta violência? (...) A violência racista do branco, exerce-se, antes de mais nada, pela impiedosa
tendência a destruir a identidade do sujeito negro. Este, através da internalização compulsória e brutal de um
Ideal de Ego branco, é obrigado a formular para si um projeto identificatório incompatível com as propriedades
biológicas do seu corpo. Entre o Ego e o Ideal cria-se, então, um fosso que o sujeito negro tenta transpor, às
custas de sua possibilidade de felicidade, quando não de seu equilíbrio psíquico. (SOUZA, 1983, p. 2 e 3). Dito
isso, essa pesquisa tem como objetivo estudar de que modo a população negra percebe/identifica as formas de
violência engendradas pelo racismo em sua trajetória de vida e como a compreensão de seu processo sócio
histórico pode contribuir para essa percepção. Abordaremos três formas desta violência: física (corpos), social
(lugares sociais) e psicológica (subjetivas) como parâmetro para identificar suas manifestações nos depoimentos
do(s) entrevistado e destacar a percepção do(s) entrevistado(s) a despeito delas.

Ana Elizabeth Costa Gomes (Secretaria da Educação do Estado da Bahia). Identidades, Diversidades e
Políticas Públicas nas Comunidades Quilombolas na Baía de Camamu. Na América Latina contemporânea
têm sido cada vez mais frequentes e intensos processos de reivindicação de direitos conectados a afirmação de
identidades coletivas ditas afrodescendentes. Esse momento, além de ser produto de contextos sociais, históricos
e culturais específicos, influencia de maneira determinante as agendas políticas, locais e mesmo globais e reflete
um dilema vivenciado pelos grupos étnicos. Essa conjuntura de transformações sociais é também um momento
propício para a reflexão sobre as diferentes formas de articulação e das ações políticas, que orientam os
diferentes “povos” e/ou “grupos étnicos” a articular em seus modos de vida, alternativas de sobrevivência que os
insiram na nova dinâmica histórica social e cultural. Atualmente tem sido cada vez mais frequentes e intensos
processos de reivindicação de direitos conectados a afirmação de identidades coletivas ditas quilombolas no
Brasil. Um dos exemplos desse processo é a comunidade remanescente de quilombo, Porto do Campo,
localizada na Baía de Camamu, no Estado da Bahia. Essa situação histórica é, de fato, complexa, tendo como
reflexo profundas mudanças dentro dessas comunidades, nas quais os chamados “remanescentes de quilombos”
se posicionam de diferentes formas em relação a essa nova conjuntura, visto que há diversos interesses
envolvidos, bem como posicionamentos divergentes das representações locais. Por sua vez, a luta pela
(re)afirmação da(s) identidades sociais coletivamente partilhadas por um determinado grupo tem possibilitado a
elaboração de estratégias de subjetivação singular ou coletiva que dão início a novos signos de identidade e
postos inovadores de colaboração e contestação; nesse processo, a própria ideia de sociedade é redefinida
(BHABHA, 2007, p. 20-21). É, pois, significativo atentar aos discursos que estão presentes nessas comunidades,
uma vez que durante o processo de mapeamento e certificação das comunidades na Baía de Camamu, um dos
representantes do Assentamento Zumbi dos Palmares e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais na Região do
Baixo Sul, chamou atenção que além das políticas públicas para as comunidades, era necessário “discutir o que é
comunidade quilombola, sua identidade” (GOMES, 2008, grifos meus). Nesse sentido, a experiência da
comunidade de Porto do Campo de certo modo, se conecta as experiências de outros grupos sociais espalhados
pelo Brasil, frequentemente marcadas pela exclusão social e pelo racismo. Partindo desse contexto, deve-se
observar o conjunto de situações concretas que constituíram e que culminaram com o processo de certificação e
reconhecimento das comunidades remanescentes dos quilombos, bem como a análise do discurso presente
nesses espaços, o papel do Estado no tocante a essa nova conjuntura política.

Ana Laura Rocha Santos (Prefeitura Municipal de Osasco). Os desafios para o exercício da maternidade às
mulheres-mães pretas moradoras do bairro Conceição em Osasco. O interesse em pesquisar os desafios para
o exercício da maternidade às mulheres-mães pretas moradoras do bairro Conceição em Osasco surge a partir da
prática profissional enquanto assistente social neste município e estudante do curso preparatório para mestrado
Abdias Nascimento, na Universidade Federal de São Paulo -UNIFESP. Diante deste problema, construímos os
seguintes objetivos: compreender o contexto social das mulheres negras nas periferias; construir entendimento
acerca da interseccionalidade para situar o exercício da maternidade dessas mulheres negras e identificar os
principais problemas sociais relatados por mulheres negras que inviabilizam o exercício da maternidade. Propor-
se a pesquisar quais são os desafios para as mulheres-mães pretas moradoras do bairro Conceição é partir do
reconhecimento do território que estamos falando. Este possui histórico de luta por moradia onde houve grande
ocupação que inaugurou a formação do bairro, tal fato deu caráter organizativo e mobilizador a seus moradores.
Mas também se trata de um bairro periférico, também conhecido por chacinas que ocorrem. Com relação aos
conceitos teóricos, nos utilizaremos de importante ferramenta teórica-metodológica, que é o conceito de
interseccionalidade de Patricia Hill Collins. É diante deste território vivido e construído que tentaremos alcançar
a diversidade no cotidiano dessas mulheres, considerando sua classe social e sua raça. Igualmente Lélia
Gonzales e Beatriz Nascimento que discorrem sobre a condição da mulher negra e outros autores que estudam
sobre o impedimento da maternidade em diferentes esferas e que nos darão margem para entender quais os
desafios que as mulheres negras historicamente enfrentam. Ao passo que elegemos a pesquisa qualitativa com
características críticas, considerando o sujeito da pesquisa como co-produtor desse conhecimento. Portanto
utilizaremos o uso das narrativas das participantes através de grupos de discussão e entrevistas com o nosso
universo composto por essas mulheres- mães negras. Desejamos com nossos esforços que o exercício a
maternidade se torne um direito, suscitando novas formas de atenção. Bem como, ingressar novos estudos
quanto ao genocídio da população negra no controle dos corpos, sexualidade e reprodução da mulher negra.

Ana Lucia Ferraz (Universidade de La Empresa). Uma abordagem Africana em sala de aula. O determinado
artigo é um trabalho o qual está finalizado e faz parte de um dos capítulos de uma dissertação de mestrado. O
capítulo é um delineamento de ações desenvolvidas em sala de aula e se intitulou “À sala de aula através de uma
abordagem africana”, e foram realizadas na E.E. Reinaldo do Nascimento Faleiros Taboão da Serra São Paulo. E
trouxe aos discentes, conhecimento da cultura de países africanos, inseridos em nosso país. Houve és
etimológico usado nesta temática resultou num relato da turma 2-A e foi acompanhado por mim professora Ana
Lúcia Ferraz, e despertou nos alunos sentimentos de solidariedade respeito, apoio a diversidade, além de criar na
sala uma interação entre docente e discente. Tais temáticas impulsionaram mudanças na rotina escolar e
diminuíram o racismo além de trazer ao universo escolar conhecimentos de países africanos através de pesquisas
dirigidas. Pode se notar que as abordagens Africanas através de olhares docentes e discentes muitas vezes
conseguem valorizar a escola pública e os bairros de periferia onde está inserida. Para desenvolver as práticas
metodológica e os eixos temáticos de narrações e memórias foram elaboradas discussões de forma a despertar a
curiosidade dos jovens alunos. Um mini livro de pequenas narrações e depoimentos, resultou desses novos
olhares discentes e docentes que são o fruto de uma diversidade étnica e cultural africana secular. Nesse universo
fértil para a pesquisa acadêmica (que é a escola pública) só foi possível novos rumos e abordagens em sala de
aula, que foram feitas para um desenvolvimento de um currículo que venha contemplar a nossa cultura brasileira
e africana. Foi trabalhado em sala de aula o resgate de memórias e infância, além da brincadeira e história de
vida, trazendo a comunidade escolar e sua história de acordo com as diretrizes da disciplina história, foi notado
através de relatos de familiares de alunos que ser afro descendente é algo importante, atingindo assim os
objetivos gerais e específicos desta pesquisa. Foi notado durante os bimestre a repercussão do projeto que
atingiu não só os alunos mais todo o entorno escolar, trazendo amigos e familiares para mais próximo de nosso
trabalho.

Ana Paula Batista de Souza (USP). A efetivação das cotas raciais em concursos públicos federais. O presente
projeto tem como finalidade apresentar a proposta de pesquisa que terá como objetivo analisar quais as
condições em que candidatos negros cotistas estão submetidos na operacionalização da lei de cotas para o
ingresso aos cargos públicos federais. Numa “análise materialista do racismo” (Almeida, 2015 p. 747),
identifica-se na atualidade um contexto onde capitalismo, Estado e direito se organizam em uma lógica de modo
de produção onde a reprodução de determinadas relações raciais tornam-se elementos estratégicos e
fundamentais de dominação e poder. É nesse contexto que o estudo se propõe a compreender no recorte da lei nº
12.990/14, a materialização da lei de cotas em concursos públicos federais de forma a problematizá-la na
dinâmica das relações raciais, isto é, refletir sobre as possibilidades e dificuldades da operacionalização da “lei
de cotas” em concursos públicos federais em um contexto de intensificação da brutalidade do sistema neoliberal
e a influência deste último nas relações raciais. A pesquisa será de natureza qualitativa e envolverá revisão
documental e entrevistas semiestruturadas com candidatos negros inscritos (de 2015 a 2017) em certames de
concursos públicos federais através da lei de cotas (12.990/2014). O processo de recrutamento dos sujeitos
participantes da pesquisa será pelo método de amostragem bola de neve, que neste estudo, no primeiro momento
será através da aproximação com sujeitos com o perfil desejado da rede de relacionamentos interpessoais da
pesquisadora, sendo estes inicialmente de 9 (nove) candidatos cotistas. No olhar amplo desse contexto, é
necessário identificar se as interpretações de operacionalização tem demonstrado a intencionalidade de garantir
de fato o acesso de negros às vagas de trabalho por meio de concursos públicos na administração pública federal,
assim como propõe a lei, ou, se tem implicado um desvirtuamento da previsão legal - uma espécie de
mecanismo institucional de exclusão travestido de medida inclusiva - perpetuando nas relações raciais a
preterição de candidatos negros cotistas. Tendo em vista que tanto a lei de cotas (12.990/14) e o decreto federal
6944/2009 não aprofundam o nível de detalhamento legislativo sobre a operacionalização da lei, fica a critério
da Administração Pública decidir sobre como realizará a reserva de cotas em relação ao cadastro reserva, sobre
qual ordenamento ou ótica deliberará em relação à ordem de convocação, e se excluirá ou não a listagem
especial de Pessoas Pretas e Pardas com a finalidade de atender tão somente o decreto 6944/2009 ou ainda a
possibilidade de fomentar um posicionamento ideológico contrário a políticas afirmativas para negros.

Ana Paula de Moura Varanda (Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG). Feminismo e organização
material da vida em comunidades rurais e periferias urbanas. A valorização do trabalho doméstico e
extradoméstico voltado à reprodução das estruturas familiares vem ganhando destaque nos movimentos
feministas, tanto em contextos urbanos quanto rurais. Estamos nos referindo a um conjunto amplo de atividades
que podem ser exercidas, fundamentalmente, de maneira não remunerada, como é o caso do trabalho doméstico
e da realização de serviços comunitários, ou ainda envolver a criação de circuitos de troca não mercantis e/ou a
comercialização de gêneros produzidos, sobretudo, a partir das pequenas propriedades e espaços residenciais.
Fundadas em relações de reciprocidade, solidariedade e ajuda mútua, muitas destas ocupações, apresentam um
potencial relevante às discussões sobre a visibilidade da participação das mulheres na economia e o modo como
a valorização destas atividades pode contribuir para uma maior qualidade de vida e emancipação material e
simbólica das mulheres. As organizações econômicas comunitárias abrangem um heterogêneo campo de
iniciativas mantidas, na maioria das situações, por redes primárias de relacionamentos, tendo por referência a
vida social e as práticas cotidianas. O objetivo deste artigo é estabelecer análises comparativas e aprofundar o
debate teórico-conceitual sobre singularidades assumidas por organizações econômicas protagonizadas por
mulheres em contextos urbanos e rurais. O estabelecimento destas correlações sustenta-se em pesquisa
bibliográfica e documental, com o objetivo de identificar as principais abordagens conceituais e formatos mais
comuns assumidos por organizações econômicas populares em favelas e comunidades rurais. Além disso, o
trabalho analisa os resultados de processos de sistematização participativa já desenvolvidos sobre estas
experiências, através de atividades de pesquisa e extensão executados pela autora em favelas da Cidade do Rio
de Janeiro e comunidades rurais da região da Zona da Mata Mineira. Os resultados deste estudo enfocam o modo
com as relações de gênero se apresentam com um elemento subjacente ao desenvolvimento de práticas
econômicas comunitárias nestes contextos. Em especial, ressalta-se a relevância da compreensão de forma
situada das intersecções entre raça, gênero e trabalho enquanto um recurso interpretativo na abordagem sobre
singularidades e no potencial emancipatório presentes nestas organizações.

Ana Paula Gil Rodrigues (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP). A Questão Racial na
Adolescência: Uma Realidade que Necessita da Atuação do Serviço Social. Quando observamos os temas em
torno da questão racial compreendemos as consequências advindas das relações sociais que afetam de maneira
individual ou coletiva os indivíduos envolvidos neste processo, independentemente de ser a vítima ou o causador
do ato de discriminação. Tendo como base a Lei 7.716 de 05 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes
de preconceito de raça ou de cor, também definidos pela Constituição Federal de 1988, compreendemos o
quanto ainda vivemos em uma realidade social em que impera a desigualdade racial, sendo que necessitamos de
uma legislação específica para regularizar as relações, evitando a supremacia de uns em detrimento de outros. O
presente trabalho busca levantar e compreender a questão racial em torno do racismo vivenciado por
adolescentes negros que frequentam o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, no município de
São Manuel -SP.O estudo proposto busca analisar e levantar informações e conhecimentos em torno da questão
racial tendo como foco primordial as vivências de adolescentes negros envolvidos neste contexto. Ainda com
base no conhecimento a ser levantado, o presente estudo objetiva levantar respostas, bem como subsidiar a
atuação profissional do Serviço Social, no tocante a busca pela superação dos fatores negativos que envolvem a
questão racial, contribuindo para a materialização dos direitos sociais de adolescentes.

Andréa Carolina Schvartz Peres (Universidade Federal de Roraima). Vidas deslocadas e ausências:
experiência e pós-guerra na Bósnia-Herzegóvina (BiH). A guerra na Bósnia-Herzegóvina foi um marco
fundamental na organização do espaço, do tempo e da vida das pessoas. Caracterizada pela violência, pelo
deslocamento de pessoas e pela organização do estado tri-nacional, mais do que uma guerra decorrente de um
conflito ou inimizade entre grupos nacionais, foi uma guerra que os reorganizou territorialmente e os reificou
enquanto grupos separados e distintos entre si. O acordo de paz, concordado entre esses grupos, cimentou, por
fim, a separação entre eles e a divisão do estado num arranjo tri-nacional estabelecido pela constituição/acordo
de paz assinado em Dayton (EUA), a partir do qual quase tudo na Bósnia-Herzegóvina é, hoje, dividido. Nesse
contexto, há dois movimentos concomitantes: um, referente à política de estado e ao seu esforço em se firmar
não apenas em termos da organização do estado em si, como em esforços concernentes à reescrita da história, da
cultura e à reinvenção da própria língua (Peres, 2016a); outro, que diz respeito aos sentimentos e experiências
dissonantes, que calam, suspiram e guardam as inúmeras perdas e faltas – de pessoas, vizinhos, paisagens,
histórias, lembranças. A falta, como denominamos o foco dessa etnografia, pode ser, assim, percebida seja nos
voltando para situações de deslocamento de pessoas, seja na relação destas com as novas e antigas cidades de
residência, como atentando para o impacto exercido pelas novas interpretações a respeito da história ou
refletindo sobre os contextos de perdas de pessoas, separação e violência. São contextos que apontam para
ausências: do lugar, dos vizinhos, do passado, das pessoas e da própria integridade e nos quais se percebe um
desencontro entre o estabelecido e fixado e o vivido ou o que se sente efetivamente. O objetivo dessa
comunicação, portanto, é mapear esses processos, pensar esses sentimentos e refletir sobre aquilo que não cabe
nas categorias de pertencimento pós-guerra e em suas implicações de sentidos heurísticos, discursivos e
narrativos. Para tanto, a reflexão se dará a partir de cinco quadros – que não necessariamente se excluem uns aos
outros – com o intuito de localizar as diversas ausências, que provocam inquietação, desencontro e mal-estar
frente ao sistema político e suas implicações na vida das pessoas. São eles: o deslocamento, que implica a falta
do lugar; a separação, que implica a falta da pessoa; a cidade e a ausência dos vizinhos, dado a mudança na
sociabilidade anterior; a história e a anulação do passado comum; e a violência e a falta da integridade.

Andréia Martins da Cunha (Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG). Identidade, Cultura, Território e
Territorialidade: O Planejamento Pedagógico de Escolas quilombolas numa perspectiva descolonizadora.
Esta comunicação oral apresenta reflexões iniciais sobre as possíveis formas de descolonização do currículo
escolar a partir da análise de práticas pedagógicas desenvolvidas em escolas quilombolas de Minas Gerais,
elaboradas a partir da execução dos Planos de Ação produzidos como parte do curso Afirmando Direitos. O
tema da descolonização dos currículos emerge da pesquisa de doutorado, em desenvolvimento no programa de
Pós-graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, acerca da
consolidação da modalidade Educação Quilombola em práticas pedagógicas que se materializam nas escolas
quilombolas. O curso de aperfeiçoamento em Educação Escolar Quilombola foi ofertado em 2018 pelo
Programa Ações Afirmativas na UFMG e insere-se nas estratégias desencadeadas no âmbito das políticas
educacionais para a implementação da referida modalidade de ensino. Nessa comunicação pretendemos, a partir
de matrizes epistemológicas elaboradas numa perspectiva diáspórica, analisar o processo de ressignificação
curricular operado pelas docentes, particularmente, os conceitos de identidade, cultura, território e
territorialidade, abordados durante o curso de aperfeiçoamento Afirmando Direitos. Na primeira parte da
comunicação apresentamos a estruturação do curso de aperfeiçoamento em seus três polos, Belo Horizonte,
Montes Claros e Paracatu, caracterizando o seu público e o processo de criação dos planos de ação. Em seguida,
a análise concentra-se nos planos de ação elaborados e nos relatórios de execução dos mesmos para buscar
elementos que evidenciem os deslocamentos produzidos no currículo – tanto nos conteúdo trabalhados quanto
nos procedimentos para organização da dinâmica de aprendizagens. Partimos do pressuposto de que a introdução
da temática história da África e cultura afro-brasileira e a história e cultura das comunidades quilombolas
introduz narrativas não hegemônicas na abordagem pedagógica assumidas pelos docentes em suas práticas
escolares. Orienta-nos a indagação sobre como as noções de território, territorialidade, cultura e identidade são
problematizadas no decorrer do curso de modo a ampliar a concepção de quilombos no Brasil e como ocorrência
e o manejo dessas noções na formulação dos planos de ação dialogam com o modo como as especificidades das
comunidades quilombolas comparecem nas propostas pedagógicas.

Angela Baptista Balliana Kock (FDV). Globalização e migrações internacionais. As estimativas populacionais
das comunidades brasileiras no Mundo de 2015 - com números atualizados até 29/11/2016 - fornecidas pelo
Ministério das Relações Exteriores noticiam aproximadamente um milhão e quinhentos mil brasileiros nos
Estados Unidos e outros oitocentos mil na Europa. Mas esses números podem ser três ou quatro vezes maiores.
As projeções populacionais oficiais tomam por base os relatórios consulares, mas “grande parte desses
brasileiros encontra-se em situação migratória irregular e evita submeter-se a sondagens e censos, ou mesmo
matricular-se nas repartições consulares” (Itamaraty). No Mundo, segundo o Departamento de Assuntos
Econômicos e Sociais da ONU, o número de migrantes internacionais atingiu 244 milhões em 2015, quantum
correspondente a 3,3% da população global. Na Europa, Estados Unidos, Canadá e Oceania, os migrantes são
pelo menos 10% da população. Na África, Ásia e América Latina e Caribe, correspondem a menos de 2%. É um
movimento ascendente: a pesquisa aponta crescimento de 41% nas migrações em relação ao ano 2000. O
número de migrantes internacionais aumentou mais rápido do que o crescimento da população.

Angela Fileno da Silva (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Brasileiros em Lagos
(Nigéria): as agremiações sociais e a construção da identidade de grupo. Este artigo propõe analisar a maneira
pela qual os brasileiros estabelecidos em Lagos (cidade costeira situada na atual Nigéria) participaram de
diferentes grupos associativos existentes na cidade, nas décadas de 1880 e 1890. A ideia é mostrar como tais
agremiações, em alguns momentos, reforçaram vínculos no interior do próprio grupo e, em outros casos, teceram
novas formas de sociabilidade entre seus participantes. Grupos teatrais que tiveram um tempo de duração mais
alargado, como o Brazilian Dramatic Company e o The Orphean Club Entertainment, ou comitês constituídos de
maneira mais episódica, ligados às celebrações em torno dos aniversários de cinquenta e de sessenta anos do
reinado da rainha Victoria, como o Senior Jubilee Committee, o Junior Jubilee Committee e o Women’s Jubilee
Society, são exemplos das agremiações abordadas neste texto. Muitas das atividades desenvolvidas por estas
sociedades ganharam as páginas dos jornais publicados em Lagos neste período. Este artigo trabalha com dois
títulos de periódicos impressos localmente: o The Lagos Observer e o Lagos Weekly Record. A limitação dos
títulos pesquisados reside no fato de que os dois primeiros jornais são os únicos que coincidem com um recorte
temporal mais amplo (1840 – 1900) estabelecido em minha pesquisa de doutoramento, do qual esse artigo é um
desdobramento, e cujos exemplares encontram-se digitalizados e estão disponíveis para consulta na base de
dados World Newspaper Archive, seção African Collection. Um segundo conjunto de fontes, os Blue Books,
também compõe o corpus documental aqui analisado. Este compêndio de registros era formado por relatórios
anuais produzidos pelas autoridades coloniais britânicas estabelecidas em Lagos. Os dados reunidos neste grupo
de documentos seguiam um padrão de sistematização adotado para todas as colônias britânicas. Isto significa
que o Colonial Office enviava aos territórios pertencentes à Grã-Bretanha uma série de tabelas e quadros
informativos impressos que deveriam ser preenchidos pelos respectivos departamentos locais. Estes
departamentos eram responsáveis por coligir, selecionar, organizar e remeter novamente ao Colonial Office o
maior número de informações solicitadas. A partir das pistas deixadas por estes compêndios de documentos,
proponho a análise de como algumas das diferentes agremiações sociais criadas por brasileiros, ou que contavam
com integrantes brasileiros, ajudaram a compor uma complexa rede de signos de pertencimento sobre a qual se
constituíram os significados de ser brasileiros em Lagos nas décadas de 1880 e 1890.

Angela Fileno da Silva (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas); Itacir Luz (Unilab/CE); Jacqueline
Cunha da Serra Freire (UFPA). História e Cultura Luso-afro-brasileiras e diásporas . Este GT visa congregar
pesquisadores, cujos trabalhos envolvam concepções, relatos, práticas, metodologias, e materiais didáticos com
foco nas questões referentes às histórias e culturas do mundo luso-afro-brasileiro e diásporas africanas.

Arthur Brandolin de Souza Lemes (Universidade Federal de São Carlos - UFSCar) Gananath Obeyesekere e a
“De-Sahlinização”. Introdução: Este trabalho se enquadra como parte de um grande estudo desenvolvido pelo
autor como dissertação de mestrado em Psicologia Social, no Laboratório de Etnopsicologia na FFCL-RP da
USP. A dissertação tem como enfoque o estudo da célebre controvérsia protagonizada por Marshall Sahlins e
Gananath Obeyesekere. Considerado por muitos como um estudo já findado, o olhar da Etnopsicologia e um
delineamento metodológico cunhado pelo filósofo português Fernando Gil mostram que ainda há muito a ser
visto e estudado sobre tal controvérsia. A proposta deste trabalho é focar em um conceito provocativo de
Obeyesekere que é a “De-Sahlinização” (De-Sahlinization), essa ideia aparece pela primeira vez na reedição de
1997 da obra “The Apotheosis of Captain Cook (1992)”, como um posfácio. Segundo o autor, a abordagem
antropológica proposta por Sahlins dominou a Antropologia e fechou portas para outras possibilidades e formas
de estudo. Metodologia: O Delineamento metodológico utilizado é o mesmo para todo o estudo,
fundamentalmente a proposta de Fernando Gil e seu trabalho sobre o estudo das controvérsias. Segundo o autor
há de início uma grande diferença entre olhar para um estudo de embates teóricos como “polêmicas” e
“controvérsias”, para Gil, o termo “controvérsia” ilustra muito melhor o sentido de construção de conhecimento
do que qualquer outro termo. Gil considera que a controvérsia é um terceiro, algo singular e próprio e não
apenas produto de duas ou mais visões teóricas conflitantes. Segundo ele todos os envolvidos em uma
controvérsia necessitam se superar e se reinventar para entender, interpretar e reproduzir suas próprias teorias e
as teorias de seus debatedores. Isso não poderia tomar outro caminho senão o fortalecimento das teorias e o
nascimento de muitas outras. A análise minuciosa dos escritos, das mudanças de posições e dizeres são
fundamentais para se compreender a transformação e evolução da controvérsia. Discussão: Este posfácio de
Obeyesekere é central para a discussão do trabalho como um todo, pois é nele que o autor ataca profundamente
uma visão de que Sahlins, apesar de seus esforços, ainda se mostra como mais um autor etnocêntrico e que
silencia as vozes dos nativos estudados, segundo Obeyesekere ele, e quase toda a Antropologia contemporânea,
se fecham para teorias “não ocidentais” e ainda insistem em pensar que eles são plenamente capazes e entender o
Outro nativo, mesmo que eles próprios não afirmam isso pensem que estejam fazendo isso da forma correta.
Segundo Obeyesekere, negar certas teorias e olhares prejudica o avanço das teorias. No caso dele, a inclusão de
um olhar e uma escuta psicanalíticas é uma possibilidade de recuperar um Sujeito nativo, excluído e isolado por
noções genéricas e estruturais de Cultura.

As artes e as epistemologias do Sul. O presente artigo envolve as pesquisas desenvolvidas em sede de pós-
doutoramento junto ao CES - Centro de Estudos Sociais. Visa-se aqui, a analisar o uso não hegemônico do
direito, o direito dos oprimidos, o direito socialmente relevante, aquele que não se reduz ao direito oficial. Neste
sentido, afirma Boaventura de Sousa Santos a existência de um pluralismo jurídico interno e externo , a fim de
podermos responder à questão essencial: como reinventar o Direito sem cair na agenda conservadora, como
pode ser o Direito emancipatório e transgressor?Visa-se, portanto, em um primeiro momento, traçar algumas
articulações em torno do pensamento de Boaventura de Sousa Santos ao propor a ecologia dos saberes, a
tradução intercultural e as epistemologias do Sul em cotejo com o pensamento de Michel Foucault no que se
refere à recuperação dos saberes sujeitados e à conjugação do saber científico ao saber popular.Em um segundo
momento, pretende analisar se seria possível postular por um outro Direito e outra política contra-hegemônicos,
diante das quatro formas principais de fascismo social em que vivemos e em um regime capitalista. Questiona-se
como pode ser o Direito emancipatório e transgressor, como articular a arte à política sem que ocorra a
estetização da política e a politização da arte, a partir da análise das epistemologias do Sul, recuperando
experiências da vida que foram suprimidas, desperdiçadas ou negadas. Analisaram-se quais as condições de um
constitucionalismo transformador, a fim de tornar possível um Direito emancipatório, a exemplo de um novo
“constitucionalismo experimental”, transformador, alheio aos conceitos típicos do constitucionalismo moderno,
quais sejam, uniformidade, unidade e homogeneidade. Tal constitucionalismo experimental e transformador
baseia-se nas ideias de constitucionalismo intercultural e plurinacional, pós-nacional, “transnacional”,
“pluridimensional” e no surgimento de novos atores sociais coletivos, na maioria dos casos os povos indígenas
ou as minorias nacionais oprimidas, postulando pela transformação radical do status quo constitucional. Destaca
Boaventura de Sousa Santos, como exemplos mais significativos desses processos as reformas constitucionais da
Bolívia e do Equador.

Assis Silva de Araújo (Escola Estadual Bom Pastor). Jubiabá em HQ: letramento iconográfico e educação
afro-brasileira. Introdução: O presente projeto de pesquisa propõe-se analisar a adaptação do romance Jubiabá
(1935) de Jorge Amado para o gênero textual quadrinhos (2009), na perspectiva da educação afro-brasileira e do
letramento iconográfico. Acredita-se que a adaptação do romance Jubiabá (1935) de Jorge Amado para o gênero
HQ Jubiabá (2009) do quadrinista e ilustrador paulista, João Spacca de Oliveira, seja muito relevante para o
contexto escolar e social, principalmente, quando se pensa numa cultura antirracista e na aplicação da lei
10639/2003. Lei cujas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais, objetiva
o ensino da cultura afro-brasileira e africana nas disciplinas de Educação Artística, Literatura e História do
Brasil. Haja vista, a adaptação do HQ Jubiabá (2009) de Spacca destina-se aos jovens leitores ou amantes das
histórias em quadrinhos, pois a versão para HQ é mais atraente, menos densa e lúdica. Do contrário, a
apropriação da obra original poderá sofrer resistência por parte do leitor, porém, enquanto gênero textual
quadrinho torna-se acessível e interessante. E além de educar, cativar e reaproximar os leitores da cultura
africana, as imagens iconográficas de pessoas negras podem ajudar na conscientização sobre a questão étnica
racial, fazendo-os refletir acerca da diversidade racial, e de certo modo conhecer o antepassado dos negros que
foram escravizados. Enfim, ter em mãos uma obra que privilegia a negritude, inclusive, a cor negra nas
ilustrações de personagens, como é o caso do HQ Jubiabá (2009) de Spacca. É com certeza uma proposta de
educação étnica racial e de letramento iconográfico. Metodologia: A pesquisa terá caráter bibliográfico,
descritivo e quantitativo. Analisará todo o arcabouço teórico acerca do objeto de estudo – as HQs. Será feito um
recorte do HQ Jubiabá (2009) de Spacca, destacando-se: os personagens negros, os rituais do terreiro do Pai de
Santo, Jubiabá, o Candomblé, a capoeira, as negras vendendo cocadas, mingau e mungunzá e a inferência do
líder Zumbi dos Palmares. Discussão: A proposta de letramento iconográfico, a partir do HQ Jubiabá de Spacca,
torna-se pertinente para o campo da educação, pois a obra traz como discussão no seu enredo a cultura afro-
brasileira e, por conseguinte, apresenta os seguintes temas: o continente africano, a importância do líder Zumbi
dos Palmares, a escravidão, a capoeira, a religião, a negritude e a resistência dos povos negros em relação às
instâncias de poder. Ao longo da narrativa, os personagens negros, Antônio Balduíno e o Pai de Santo – Jubiabá
desenvolvem uma reflexão acerca da cultura afro-brasileira. Através do diálogo destes, é possível o leitor fazer
uma intersecção entre o passado e o presente, recordando as mazelas da escravidão.

Auana Alves Silva (Faculdade Paulista de Serviço Social - FAPSS). Escrevivências: A trajetória das
mulheres negras na academia e a relação com a saúde mental. O interesse pela pesquisa deu-se início nos
estudos durante a graduação, estudos que me despertaram o interesse para aprofundar nas questões raciais e
entender a importância de se falar sobre as mulheres negras e os desdobramentos do racismo diante da saúde
mental dessas mulheres. A trajetória acadêmica da mulher negra e a saúde mental: o Projeto de pesquisa visa
abordar a trajetória de mulheres negras na academia, mulheres negras que ocuparam esse espaço através de
ações afirmativas para identificarmos e relacionarmos esse desafio de ocupar lugares que não foram destinados a
nós com a saúde mental, de forma a compreender a identidade e a subjetividade de cada uma. Para então
pensarmos o racismo estrutural de uma forma que chegue a afetar a saúde da população negra, mais
especificamente a saúde mental da mulher negra, pensando sobre o fato do racismo ser um fenômeno que nos
causa invisibilidade e adoecimento, Silvio de Almeida traz em seu livro: O que é Racismo Estrutural? Que
“Todas estas questões só podem ser respondidas se compreendermos que o racismo, enquanto processo político
e histórico, é também um processo de constituição de subjetividades, de indivíduos cuja consciência e os afetos
estão de algum modo conectados com as práticas sócias”. Traremos a discussão na perspectiva do lugar onde a
sociedade determina que mulheres negras devem estar e a partir disso ouvir histórias de mulheres negras que
tragam sua trajetória de vida acadêmica, diante das percepções que lhe são pertinentes a fim da identificação da
identidade, através dos estudos de raça. E que alcançaram um lugar na academia através de ações afirmativas
entender o reconhecimento de identidade e relacionar com os fatores do racismo que causam o adoecimento
psíquico. E ter como base teórica que retrata sobre essas perspectivas, autores e autoras negras assim como
Conceição Evaristo que traz a escrevivência de mulheres negras como inspiração, Fanon que nos apresenta as
questões subjetivas e psíquicas causadas pelo racismo e Abdias do Nascimento que nos faz compreender outras
formas de enxergar o racismo, esses entre outros autores para explicitarmos as questões raciais e o adoecimento
psíquico como fator central da pesquisa. Palavras-chave: Mulher Negra; Saúde Mental; Racismo; Identidade;
Subjetividade.
Basilele Malomalo (UNILAB); Eurídice Furtado Monteiro (Universidade de Cabo Verde); Muryatan Santana
Barbosa (UFABC). África e suas diásporas: epistemologias, emancipação das mulheres, desenvolvimento
endógenos e meio ambiente. O desenvolvimento coloca-se como tema e o campo de estudos mais disputados
nas ciências sociais e humanas. Os usos e sentidos que o paradigma dominante ocidental lhe imprimiu desde a
metade do século XX, foram logo questionados pela elite intelectual e/ou política do Sul. Entre 1960-1980,
predominaram entre outras essas teorias sociais críticas: a descolonização econômica (Adedeji), self-reliance
(Nyerere), teoria da dependência (Amin, Faletto, Fernando Henrique Cardoso). A imposição de políticas
neoliberais, através o programa de ajuste estrutural, fez com que, emergissem outras proposições críticas (a
partir de 1980). Passou-se a tematizar sobre o desenvolvimento endógeno (Paulin Houtondji), local, territorial,
etnodesenvolvimento e, de forma especial, no ECO-92, o termo desenvolvimento sustentável ocupou o espaço
de destaque na arena internacional. Desde 2015, o referido termo orienta as políticas públicas e trabalhos
acadêmicos em torno dos Objetivos do Desenvolvimentos Sustentáveis. Parte-se, nesse GT, da ideia de que o
pensamento africano e afro-diaspórico, não-eurocêntrico, sempre questionou o termo desenvolvimento, mesmo
quando adjetivado de sustentável. A verdade é que africanos, africanas e seus descendentes sempre resistiram
contra a dominação ocidental, propondo o estabelecimento de uma sociedade sem racismo, colonialismo e
sexismo. Não há somente posicionamento masculinos negros, como o ubuntu (Ramose), a bisoidade
(Tshamalenga Ntumba), o quilombismo (Abdias Nascimento), que expõem as limitações do paradigma
ocidental. O feminismo africano e afro-diaspórico têm igualmente contribuído de forma impar com suas
abordagens que exigem que se leve a sério a endogeneidade, contextualização, e as interseccionalidades entre
desenvolvimento, cultura, raça, gênero, classe, migração, e meio ambiente (Ifi Amadiume, Angela Davis,
Crenshaw, Thesé Gina, Lélia Gonzales, Oyewumi Oyeronke, Fatou Sow). Esse GT pretende acolher pesquisas
em torno do desenvolvimento nas suas interfaces com essas temáticas: África, comércio internacional e
sustentabilidade; cooperação Sul-Sul e cooperação internacional para o desenvolvimento; feminismo negro,
mulheres, democracia e participação política; cultura popular, memória, identidade linguagem, tradições orais,
corpo e cosmogonias africanas; economia política africana; questão racial, questão agrária e sistema
agroalimentar; pan-africanismo; diásporas africanas, União Africana, pós-colonialismo, neocolonialismo e
decolonialidade.

Benedita Rosa Pinto dos Santos (Prefeitura Municipal de São Vicente). Sobre-vivencia: A realidade de
Mulheres Negras vítimas de violência doméstica atendidas pelo CREAS do município de Praia
Grande/SP. A violência doméstica contra as mulheres é um fenômeno que atinge a todas as mulheres de formas
diferentes e precisa ser visto como um fenômeno social articulado em torno de gênero e raça, ou seja, a partir do
Racismo e do patriarcado. (Bruna C. J.Pereira – tirei do site). A realidade das mulheres negras vítimas de
violência doméstica é uma questão que nos faz refletir sobre como se dá a percepção dos agentes públicos sobre
essa temática. Requer pensar o racismo e o sexismo como mecanismos de opressão/exclusão bem como foi se
constituindo a história da mulher negra ao longo dos anos no Brasil. Historicamente sabemos que as mulheres
negras são as que dentro da pirâmide socioeconômica ocupam os lugares de maior índice de vulnerabilidade e
sem garantias dos direitos trabalhistas. O CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social)
dentro da Política de Assistência Social (SUAS) é o articulador do trabalho social a famílias.

Benjamin Xavier de Paula (UFU/UFVJM); Luciane Ribeiro Dias Gonçalves (UFU). (Re) existência
intelectual negra e ancestral: 18 anos de enfrentamento. Esta comunicação tem como objeto a apresentação do
Relatório Técnico e Científico do X Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as – X COPENE,
realizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as – ABPN, na Universidade Federal de
Uberlândia – UFU, na cidade de Uberlândia, estado de Minas Gerais, de 12 a 18 de outubro de 2018, sob a
coordenação geral do Prof. Dr. Benjamin Xavier de Paula e da Profa. Dra. Luciane Ribeiro Dias Gonçalves,
tendo como tema central “(Re) existência intelectual negra e ancestral: 18 anos de enfrentamento”. O tema
central do congresso foi articulado aos seguintes princípios norteadores: a) observação da proporcionalidade de
gênero na composição da programação geral do evento, e das temáticas relativas às mulheres negras; b) relação
da ABPN com a Educação Básica buscando ampliar a participação dos NEABs (Núcleos de Estudos Afro-
brasileiros) e dos/as profissionais da Educação Básica na programação do COPENE; c) diálogo com os
Movimentos Sociais, de forma particular com o Movimento Negro, contemplando a participação deles no
COPENE; d) ampliação do diálogo entre a ABPN e as Comunidades Quilombolas; e) aproximação entre a
ABPN e os estudantes africanos/as que estudam no Brasil. O Programação Cientifica do evento contou, com as
seguintes atividades: 11 conferências com pesquisadoras/es negras/os de destacado/a reconhecimento científico
nacional e internacional; 45 Mesas-redondas com especialistas de diferentes instituições do Brasil e do exterior;
uma Jornada Nacional de Educação Básica da ABPN, com seção de apresentação de pôsteres com relatos de
experiências dos professores, contemplando os/as profissionais da Educação Básica, bem como, os NEABs
vinculados as instituições pertencentes a este nível de ensino; uma Jornada Nacional de Iniciação Científica da
ABPN, que comtemple a apresentação de pôsteres de iniciação científica, dentre outras atividades,
contemplando os estudantes de graduação e do ensino médio e bolsistas de iniciação científica; um Encontro
Nacional de Comunidades Quilombolas; 13 Encontros de áreas Científicas da ABPN, 46 minicursos; 18
oficinas; 56 Seções Temáticas para apresentações de trabalho; Reunião Nacional do Consórcio de NEABs;
Assembleia da ABPN; Programação Cultural (COPENE CULTURAL) incluindo vivência cultural na festa da
Congada, mostra de cinema, debates, shows e apresentações culturais; 8 publicações especiais em forma de
coletânea de autores/as ou livro individual, lançados no X COPENE; Seção de lançamento de livros; e, seção de
homenagens aos ex-presidentes da ABPN. Assim, o X COPENE constitui-se numa prova incontestável do
crescimento da ABPN, bem como da qualidade e da diversidade da produção acadêmica dos/as pesquisadores/as
que a integram.

Benjamin xavier de Paula (UFU/UFVJM); Raquel Ferreira Rangel Gomes (UERJ); Luciane Ribeiro Dias
Gonçalves (UFU). Educação, formação humana e produção do conhecimento. Esta proposta de GT busca
articular investigadores e pesquisas científicas numa perspectiva interdisciplinar com foco particular na
produção de conhecimento em Ciências Humanas e Sociais e nas Ciências da Educação.

Benjamin xavier de Paula, Nima I. Spigolon, Marina Pereira de Almeida Mello, Sebastião Carlos dos Santos
Carvalho. Colonialidade, solidão e anti-racismo nas experiências de intelectuais negros na universidade.
Essa Mesa Redonda tem como pretensão discutir e refletir sobre o status-quo dos saberes, fazeres e
subjetividades de intelectuais negros e negras nos espaços ditos “acadêmicos”, considerando como aporte
teórico-metodológico o conceito de “colonialidade ” (Quijano, Maldonado-Torres, Grosfoguel, Lugones,
Bernardino, Figueiredo). Nesse sentido propõe-se discutir situações e experiências de distanciamento,
isolamento, incompreensão e deslocamento engendradas por um complexo sistema de produção de sentidos,
ancorado no sistema moderno/colonial/patriarcal/capitalista/burguês. Como fronteira/lugar a ser problematizado,
exposto e revolvido, a diferença colonial “ é o espaço onde a colonialidade do poder é exercida” (LUGONES,
2014). Se essa diferença é antes de tudo, racializada e generificada, trazer para a discussão acadêmica assuntos e
propostas que, supostamente, não lhe dizem respeito, torna-se transgressão necessária para transformar a
produção de saberes e lugares na academia. Essa Mesa Redonda tem como pretensão discutir e refletir sobre o
status-quo dos saberes, fazeres e subjetividades de intelectuais negros e negras nos espaços ditos “acadêmicos”,
considerando como aporte teórico-metodológico o conceito de “colonialidade ” (Quijano, Maldonado-Torres,
Grosfoguel, Lugones, Bernardino, Figueiredo). Nesse sentido propõe-se discutir situações e experiências de
distanciamento, isolamento, incompreensão e deslocamento engendradas por um complexo sistema de produção
de sentidos, ancorado no sistema moderno/colonial/patriarcal/capitalista/burguês. Como fronteira/lugar a ser
problematizado, exposto e revolvido, a diferença colonial “ é o espaço onde a colonialidade do poder é exercida”
(LUGONES, 2014). Se essa diferença é antes de tudo, racializada e generificada, trazer para a discussão
acadêmica assuntos e propostas que, supostamente, não lhe dizem respeito, torna-se transgressão necessária para
transformar a produção de saberes e lugares na academia. Nesse sentido propõe-se discutir situações e
experiências de distanciamento, isolamento, incompreensão e deslocamento engendradas por um complexo
sistema de produção de sentidos, ancorado no sistema moderno

Brenda Barbosa da Silva (Universidade de São Paulo - USP). O processo de escolarização do negro na
Primeira República (1889-1930). Esta pesquisa faz parte do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias
Nascimento da Baixada Santista, na qual tem como objeto a educação do negro na Primeira República (1889-
1930). Desde os anos finais do Império Brasileiro e mais precisamente no decorrer dos anos da República Velha,
havia uma idealização de modernização, isto é, no século XIX, a elite brasileira tendo como exemplo modelo
países europeus, queriam alcançar a civilização. Para tal, perceberam que era imprescindível investir na
educação pública. Porém, desde os anos iniciais na colonização da América Portuguesa, negros e índios eram
excluídos desse processo, sendo eles considerados na Primeira República como empecilhos para o progresso
brasileiro como uma civilização. Em alguns casos, negros e negras escravizadas eram alfabetizados por
instituições religiosas, principalmente por jesuítas, tendo em vista que sempre havia interesses dos senhores e
essa educação religiosa era como forma de doutrinação. O objetivo é analisar o processo de acesso e
permanência da população negra nas instituições escolares brasileiras. Por processo de escolarização
entendemos que é o ensino e aprendizagem das primeiras letras (SANTOS, 2008). A metodologia utilizada na
presente pesquisa é a histórico-documental, que por meio dos documentos produzidos podemos interrogar o
passado, para que possamos entender o processo de escolarização dos negros no final do século XIX e começo
do século XX (cf. GONÇALVES; SILVA, 2000, p. 134).

Brenda Barbosa da Silva (Universidade de São Paulo - USP). Periferia que transforma: a cultura de
sujeitas/os periféricas/os. Este trabalho é parte da pesquisa de mestrado em que investigo a relação entre
práticas culturais periféricas e a permanência simbólica de estudantes periféricas/os na universidade. O objetivo
é reconhecer estas práticas culturais como recursos políticos e informacionais que podem gerar processos de
mudanças sociais ao ressignificar o território periferia. Sujeito periférico (D’Andrea, 2013), é aquele que reúne
três elementos: se reconhece como periférico, tem orgulho desta condição e age politicamente a partir desta
identidade. Com a atuação de sujeitos periféricos, “periferia” deixou de ser conhecida apenas por violência e
pobreza e passou a significar também cultura e potência. Espaços como saraus e slams de poesia - práticas
culturais periféricas mediadas pela oralidade - emergem gerações que se organizam politicamente, tanto para ter
acesso à fruição artística e direito à cultura, quanto para enfrentar as expressões da questão social que o periferia
sintetiza. Estas práticas culturais permitem a ressignificação do território periferia, uma forma contra-
hegemônica de se organizar e intervir na cidade e a ampliação da experiência urbana de morar na periferia para
uma experiência de pertencimento a um sistema cultural (GEERTZ,1997). Referências: D’ANDREA, Tiarajú
Pablo. A formação dos sujeitos periféricos: cultura e política na periferia de São Paulo. São Paulo: Programa de
Pós-Graduação em Sociologia, USP, 2013. GEERTZ, Clifford. O saber local. Petrópolis: Vozes. 1997.SILVA,
B. poéticas periféricas: poesia falada e interferências no espaço urbano da cena paulistana. In: Kolokiartis
Corpus Entropicus - Colóquio do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte da
Universidade de São Paulo da Universidade de São Paulo - PGEHA USP, 2018.

Brenda Barbosa da Silva (USP). “É tudo nosso”: processos para a tomada da periferia como lugar e
referência na pesquisa. Este trabalho é parte do processo de pesquisa que realizo no Programa de Mudança
Social e Participação Política - PROMUSPP da Universidade de São Paulo - USP, onde investigo a relação entre
expressões poéticas das/nas periferias e a permanência simbólica de estudantes periféricas/os, em especial
negras/os, no contexto universitário. Como todo fazer acadêmico, foi trabalhoso chegar a este campo de
pesquisa. Entretanto, parte das dificuldades não diziam respeito ao desenvolvimento da pesquisa em si, mas ao
desconforto com o ethos acadêmico e a forma como hegemonicamente a universidade se organiza. Neste
modelo, além da dificuldade para o ingresso ao ensino superior e a permanência material de estudantes oriundos
de periferias, em especial negras e negras, estes estudantes encontram dificuldades em permanecer também
simbolicamente no contexto universitário. Minha primeira aproximação com essa questão se deu de modo
radicalmente qualitativo trata-se de minha vivência no ensino superior. Entretanto, minha vivência não é
universalizadora, carrego singularidades, que se aproximam das particularidades de outras sujeitas/os com
determinantes em comum inseridas num sistema-mundo. A ressalva se faz necessária, pois, em alguns contextos
acadêmicos soa inapropriado falar da própria realidade. Aliás, na maioria deles. Um dos argumentos que
apresentam quanto a isto é a necessidade de distanciamento entre “pesquisador” e “objeto de pesquisa” para se
manter a objetividade necessária ao que consideram ser o rigor científico. Esse argumento conjunturalmente já
consegue ser superado e tem sido cada vez mais frequentemente refutado, mas ainda não se traduz
estruturalmente no modelo de universidade, de modo que ainda é um desafio para pesquisadoras/es
historicamente vistas como “objeto de pesquisa” desenvolverem suas pesquisas neste modelo. Por este motivo,
neste trabalho retomo alguns processos e reflexões decorrentes da forma como tenho elaborado minha pesquisa.
Essencialmente inspirada pelo conhecimento apreendido em espaços culturais periféricos, sistema cultural em
que vivo. Apesar dos elementos que suleiam esta pesquisa estarem presentes em diversas expressões do
cotidiano da população brasileira, esta não conseguiu ainda ter suas formas de conhecimento reconhecidas e
respeitadas. É preciso que a presença deste público na universidade represente mais do que uma mudança
conjuntural, é preciso que ela seja estruturante. Não queremos “que a universidade se pinte de povo”. Queremos
que ela se faça de povo. Assumir este lugar contra hegemônico é uma forma de tornar visível a construção de um
modelo de universidade que exclui, é fazer emergir o debate não apenas em nossos textos, mas em nossos
contextos acadêmicos, em nossas construções onto-epistemológicas.

Bruno Huberman (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP), Reginaldo Mattar Nasser (PUC-
SP). Judaização da Palestina: continuidade e expansão do colonialismo por povoamento sionista 1882 –
2018. Desde o início dos anos 2000, diversos autores vêm buscando enquadrar o conflito entre Israel e os
palestinos dentro do espectro do colonialismo por povoamento de forma a buscar melhor compreender a
violência na região. Assim como outras formas de colonialismo, o colonialismo por povoamento é um fenômeno
que envolve um processo de conquista, ocupação e exploração exógena de um território por meio do
estabelecimento de uma relação de dominação entre colonos e nativos. No entanto, observa Wolfe (2006), o
colonialismo por povoamento é um colonialismo exclusivista, que envolve um jogo de soma-zero no qual os
colonos almejam expulsar e eliminar todos os nativos — assimilando e confinando os remanescentes — de
forma a tomar o país para si mesmos. Compreender o movimento sionista enquanto um caso tardio e
contemporâneo de colonialismo por povoamento tem permitido conectar diversos elementos do processo de
criação, consolidação e expansão do Estado de Israel, como o discurso de “uma terra sem povo para um povo
sem terra” nos primórdios do sionismo, os diversos massacres cometidos por milicianos e militares judeus e as
contínuas políticas de expulsão, separação e assentamento israelenses. Isso nos permite traçar uma continuidade
entre as primeiras migrações de judeus nacionalistas para a Palestina, ainda na década de 1880, e o presente,
2018, quando os assentamentos judeus tanto em Israel como nos Territórios Palestinos Ocupados continuam se
expandindo ao passo que os palestinos continuam sendo expulsos de suas casas, a violência em larga escala se
mantém e um amplo regime de apartheid cada vez mais se aprofunda. Isto é, quase 150 anos de um único e
sempre expansivo processo de colonização por povoamento. Este artigo almeja analisar cinco casos de
assentamento sionista da Palestina — Tel Aviv, Galileia, Negev, Jerusalém e Cisjordânia — para compreender
os atores, os meios e os fins do processo de colonização por povoamento sionista da Palestina. Desta forma,
almejamos verificar como este fenômeno se desenvolveu e se adaptou no tempo e espaço no transcorrer do
conflito. Por exemplo, o povoamento de Tel Aviv tem início ainda no final do século XIX pelos primeiros
colonos europeus sionistas enquanto a colonização da Cisjordânia foi iniciada a partir da sua ocupação em 1967
e promovida por novos imigrantes e israelenses nativos. Embora com diferenças de procedimentos e dos seus
desdobramentos materiais, ambos tiveram os mesmos princípios que fomentam um fio condutor entre todos os
processos de colonização por povoamento sionista. Esse ponto de vista contraria a visão daqueles que as etapas
do conflito entre sionistas e palestinos como eventos distintos. Desta forma, pretendemos chegar a uma síntese
do povoamento sionista, que chamamos aqui de ‘judaização’.

Calido Mango (UNILAB). A Política Colonial e o Neocolonialismo: estruturação das burguesias nativas
africanas. Este trabalho busca compreender as estratégias da política colonial e a configuração do
neocolonialismo na África. Tal perspectiva pressupõe uma política de dominação simbólica assentada na
globalização e nos recursos econômicos como forma de financiar o “desenvolvimento político e econômico” dos
novos Estados africanos pós-colonização. O neocolonialismo, facilitado pela estruturação da burguesia nativa
africana, possibilitou a influência do capital ocidental em tais países através dos poderes políticos e sociais tanto
na África como na América latina, as ditas “Burguesias Nativas” ou classes de elite através do capitalismo. O
trabalho está pautado na discussão histórica que possibilita um olhar com viés reflexivo e estimulante para as
questões sociais, políticas e econômicas dos países africanos. O objetivo deste trabalho procura discutir
consideráveis fatores que tornam relevante o imaginário neocolonial através dos financiamentos em diversas
linhas sociais, políticas e econômicas. Aborda-se diversos problematizações que permeiam este assunto,
justamente por ser uma nova fase da política exploratória que abrange não só o continente africano como
também os países do continente americano; a discussão acarreta reflexões sobre diferentes estágios do
colonialismo e o neocolonialismo no sentido político e econômico, suas afirmações em África e na América
Latina como descrito e a critica as estruturações das pequenas burguesias que, com ausência física do
colonialismo, sustentaram as ideias que este deixou nesses lugares. A balcanização política africana de certa
forma ajudou a fortificar essa ideia na medida em que ela serve como meio manipulador que protege as
estratégias de alienação e dominação simbólica. Desta forma, torna-se fácil compreender uma independência
simbólica em diversos países dos continentes já referidos, de forma especifica a África, sobretudo de ponto de
vista econômica e política, os países nela acabam tonando “Estados clientes” do ocidente. As criações das elites
pós-coloniais evidenciam várias tentativas de uma manutenção das ideias coloniais na África, foram essas elites
que firmam acordos e cooperações que não abonam para um desenvolvimento no sentido macro do continente
africano, reduzindo assim as flexibilidades políticas e econômicas das autoridades estatais no futuro.

Camila Bezerra (Universidade Federal de Pernanmbuco - UFPE). Adoção de cotas de gênero na continente
africano. Mulheres são sub-representadas em todos os parlamentos do mundo. A fim de mudar esse padrão de
representação, cerca de 125 países adotaram cotas eleitorais de gênero, são elas: (1) assento reservado, quando
se designa um número mínimo de cadeiras no parlamento para mulheres; (2) cota de partidos, quando o partido
voluntariamente destina uma porcentagem mínima de mulheres em sua lista de candidatos; e (3) cota legislativa,
quando todas as listas de candidatos de partidos e coligações devem ser preenchidas por um percentual mínimo
de candidatas. Em 1956, o Paquistão tornou-se a primeira nação a adotar cota de assento reservado, todavia as
cotas eleitorais de gênero tornaram-se mais recorrentes a partir de 1995. Atualmente, cada tipo de cota está
correlacionado com uma região do mundo: o assento reservado é mais comum no continente africano, enquanto
que a cota de partido está mais presente na Europa Ocidental, e todos os países da América do Sul possuem cota
legislativa (KROOK, 2009).

Camila Moraes de Oliveira (UFF). O protagonismo tem cor e tem gênero: Mulheres negras e sua
visibilidade nas articulações da Pastoral Afro-brasileira. O presente estudo releva a importância do debate
acadêmico, sobre o protagonismo da mulher negra nos movimentos sociais, enfaticamente na Pastoral Afro-
brasileira (PAB). Pastoral essa que foi criada dentro da Igreja Católica, através da militância de líderes
religiosos, que não se sentiam representados dentro dessa instituição, que teve sua parcela de contribuição no
período escravocrata. A PAB foi instituída no ano de 1988, através da Campanha da Fraternidade (CF) da
mesma Igreja, cujo título era “Fraternidade e o Negro” e o lema da campanha “Ouvi o clamor deste povo!”,
chamou a atenção para as demandas e vulnerabilidades da população negra. A Pastoral Afro-brasileira surge
com o objetivo de valorizar as características e a cultura dos afro-brasileiros. E decorrente dos estudos iniciados
no mestrado, percebi que a mulher negra desenvolve um papel fundamental nas articulações das ações concretas
da PAB em prol da igualdade racial. Nessa percepção do protagonismo da mulher negra a frente dos
movimentos sociais e enfaticamente na Pastoral Afro-brasileira, percebeu-se também, que uma parcela
significante, senão todas as mulheres negras adotavam discursos feministas, ressaltando freqüentemente a
igualdade de gênero perante a sociedade que é estruturalmente racista e machista. Bell Hooks (2015) relata que a
luta das mulheres feministas brancas não contemplam totalmente as reivindicações das feministas negras, o que
torna pertinente que mulheres negras se articulem no âmbito social em busca de sanar suas demandas. O referido
estudo se consuma em analisar a relevância do protagonismo feminino negro a frente das articulações da
Pastoral Afro-brasileira. E a parte metodológica da pesquisa, será através de conceitos preferivelmente de
autoras negras que dissertam sobre a questão racial e sobre a militância e representatividade das mulheres negras
nesses movimentos sociais. A metodologia do projeto também exige a pesquisa de materiais que discorram
sobre a importância de dialogar sobre as expressões da questão racial, salientando o debate sobre racismo.
Portanto, compreende-se através dessa pesquisa que há uma grande necessidade de se pesquisar sobre o
protagonismo da mulher negra, que esboçam pensamentos e práticas feministas, a frente das articulações e ações
concretas da Pastoral Afro-brasileira. Com o propósito de disseminar a igualdade de gênero, que estão imbuídas
na questão social. Conduzindo o estudo para a não dissociação das demandas, pelo contrário, todas devem ser
estudadas e pesquisadas, a fim de alcançar uma transformação social em relação ao antagonismo de gênero, que
se consuma no machismo, compondo um marco civilizatório social.

Carla Craice da Silva (UNILAB); Aline Lima Santos (USP). Migrações e diásporas africanas no Sul Global:
configurações e desafios contemporâneos. Este Grupo de Trabalho tem como proposta contribuir no
mapeamento da diversidade de movimentos migratórios contemporâneos de africanas e de africanos, sejam eles
realizados dentro do continente africano, sejam além-mares e terras africanas. O objetivo é reunir pesquisadores
e pesquisadoras de distintas áreas das Ciências Sociais e Humanas que têm se dedicado a compreender a
heterogeneidade dos processos sociais e dos grupos populacionais associados às migrações africanas nas últimas
décadas do século XX e do início do século XXI. O GT pretende promover uma ampla reflexão envolvendo os
temas: sobre as migrações e os direitos humanos, discutindo o direito a migrar, o acesso aos documentos e ao
trabalho, o reconhecimento de diplomas etc.; sobre as distintas faces das migrações africanas, sobre as quais se
vinculam questões geracionais, de refúgio, de gênero, de orientação sexual etc; sobre a governança das
migrações, com vista a compreender a cooperação internacional e sua influência nos fluxos e situações de
circulação e de integração do migrante, as questões geopolíticas que afetam as migrações; sobre as questões
propulsoras dos deslocamentos, como conflitos, catástrofes naturais, crises político-econômicas, etc; sobre os
desafios cotidianos enfrentados pelos imigrantes no uso do território de destino, como diferentes formas de
discriminação e violências com os quais se defrontam e resistem. Essas preocupações culminam em um conjunto
amplo e rico de metodologias de investigação sobre as migrações africanas, com abordagens qualitativas,
quantitativas ou a combinação de métodos distintos. Tendo em vista as dificuldades para se reunir um conjunto
amplo de informações sobre as migrações africanas, ressalta-se que as metodologia também deverão ser objetos
de reflexão deste GT. Espera-se, assim, possibilitar o diálogo entre interessados acerca das migrações e
diásporas africanas e, fundamentalmente, sobre as migrações africanas no Sul Global. Acredita-se que o GT
poderá provocar uma mudança no olhar sobre a temática das diásporas e das migrações africanas, para que ele se
amplie e se complexifique, demonstrando a importância do Sul como um eixo de trocas populacionais também
na atualidade.

Carla Cristiane Mello (UFSC). O Papel da Mulher Negra em “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições
de Casa”, de Emicida. O gênero musical rap (ritmo e poesia) se consolidou no Brasil a partir de 1980,
principalmente na cidade de São Paulo, capital, e atualmente é uma música que ocupa lugar de grande
importância na cultura brasileira. Este estilo musical faz parte do Movimento Hip Hop, cujo nascimento se deu a
partir do bairro Bronx, sul de Nova York, nos Estados Unidos. Já em sua base, o movimento firma-se como uma
cultura de resistência dos negros e latinos pobres que viviam nestes lugares, e aqui não foi diferente, haja vista
que seus produtores e consumidores iniciais foram e são as populações periféricas que são, em sua maioria,
negras. Sendo a música negra a contracultura da modernidade (GILROY, 2008), e resultado da diáspora africana
por excelência, investigar seu acervo a partir do rap nos permite conhecer e mesmo revisitar histórias e
memórias dos negros e negras que, por consequência, nos faz olhar criticamente a história oficial do Brasil.
Consequentemente, o rap nacional começou a se tornar também um discurso político dos marginalizados contra
o sistema capitalista, elitista e branco, cujas vozes negras emergiam com toda fúria e rancor. Ora, esse discurso
de cisão está diretamente relacionado à necessidade em se discutir o racismo em uma sociedade miscigenada
como é o Brasil. O tema está em praticamente todos os raps brasileiros, principalmente porque aqui o rap
denuncia e desconstrói o mito da “democracia racial”, discurso que nasce com Gilberto Freyre, que se embasa
principalmente para mostrar as diferenças de colonização que ocorreram no Brasil e Estados Unidos. Dessa
forma, o rap nacional está desde a década de 1980 “botando o dedo na ferida”, como dizem seus produtores e
consumidores desta arte. Tomamos neste trabalho o rapper Emicida e seu álbum intitulado “Sobre crianças,
quadris, pesadelos e lições de casa” (2015). Um recurso necessário para se observar em seu trabalho está
relacionado aos videoclipes produzidos a partir, principalmente, das músicas “Boa esperança”, “Chapa” e
“Mãe”. E aqui pretendo apontar o papel da mulher negra em sua obra e o quanto ela está relacionada às reflexões
feitas por Ângela Davis em seu livro “Mulheres, raça e classe” (2016). Em torno dessa mulher negra giram
outras personagens masculinas que transitam nas periferias entre performances de presença ou de ausência, haja
vista as estruturas dos núcleos familiares a partir da influência da violência estrutural que perpetua as misérias
cujo pano de fundo está situado na escravização de negros e negras num país que foi o último a abolir a
escravidão, sem políticas de reparação ou inclusão destas pessoas na base da sociedade brasileira.

Carla Cristina Storino (Instituto Federal de Sergipe - IFSE). De zero a cinco: avaliando a cidadania dos jovens
no sistema tutelar português. Esse trabalho versa sobre a minha investigação desenvolvida no doutorado pelo
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa acerca das formas de controle e vigilância aplicadas aos
jovens em conflito com a lei pela justiça juvenil portuguesa. A partir da utilização da etnografia do quotidiano de
um centro educativo português, instituição que acolhe jovens que tenham cometido um ato qualificado como
crime, me debrucei para analisar os efeitos sobre esses jovens dessas formas de controle e vigilância, entendidas
como recursos pedagógicos pela justiça juvenil. Estes dispositivos de controlo e vigilância têm sido adotados
sistematicamente nos procedimentos dos agentes institucionais, pois buscam através de avaliações permanentes
dos jovens durante o período de estadia no centro educativo, pavimentar um projeto da mudança ontológica
desses adolescentes. A partir da Lei Tutelar Educativa aprovada em 1999 em Portugal, opera-se uma mudança
no sistema tutelar. O enfoque do novo diploma recai sobre a premência do Estado intervir “corretivamente nesse
processo (formativo) sempre que o menor, ao ofender os valores essenciais da comunidade e as regras mínimas
que regem a vida social, revela uma personalidade hostil ao dever-ser jurídico básico”. Na perspetiva de corrigir
essa personalidade hostil do adolescente em conflito com a lei, jargão que dá conta das orientações
personalísticas e ontológicas desse adolescente, o Estado, representado pelo sistema tutelar, adota um método
disciplinar com base no sistema de reforço positivo e negativo dirigido a toda e qualquer atuação do jovem
durante o período de internamento no centro educativo. O dever de “atacar precocemente o início de carreiras
criminosas”, conforme indicado na Lei Tutelar Educativa, vem a ser confrontado com uma intervenção orientada
pela Educação para o Direito, tida como finalidade das medidas tutelares educativas previstas. Essa práxis
institucional, que procura inspirar deveres de cidadania nos jovens, orbita em torno do pivô da intervenção
tutelar, o conceito de responsabilidade. Resultante de um processo cultural da modernidade, como nos diz
Genard, a responsabilidade foi institucionalizada no serviço público, onde se transformou em “excelente
matéria-prima” para o surgimento de uma gama de estratégias “com o objetivo de treinar ou retornar para os
atores estes recursos subjetivos (poder, em particular) que deveriam torná-los padrão”. Neste sentido, delega-se
ao indivíduo a autoria e as condições para a execução dos atos, passando a realidade a ser estruturada a partir das
ações daquele, e não já da ação de outros que sobre ele exercesse poder.
Celso Luiz de Oliveira Junior (Universidade de Sao Paulo - USP). Johannesburg - o passado na esperança do
presente na atualidade sócio-espacial. Em 1994, na África do Sul, após 44 anos de regime do apartheid,
baseado na segregação étnico-racial da população, deu-se o fim deste regime e o início ao período democrático.
Nesta nova era, os diferentes governos que sucederam promoveram diversas políticas no sentido de equilibrar as
diferenças sócio espaciais, geradas no período anterior do apartheid (MURRAY, 2008). Entre março e maio de
2018, estivemos em pesquisa pela cidade de Joanesburgo, onde pudemos observar que, se por um lado grande
parte das estruturas promovidas no período segregacionista ainda permanecem por lá, por outro é possível notar
alterações na pirâmide social, geradas, bem possivelmente a partir das mudanças econômicas e políticas
compensatórias. Constatamos, por exemplo, a partir de visitas aos bairros e townships, que a maioria das
townships – espaços segregados construídos, para segmentar populações a partir da caracterização étnico-racial
– continuam a ser compostas pelas mesmas segmentações étnica-raciais iniciadas anteriormente. Há bairros com
grande parte da composição populacional alterada, como alguns bairros nas proximidades de Universidades, que
foram construídos para brancos ou coloureds e hoje têm grande concentração de pretos. Outros, mantém-se a
composição racial “inicial”, porém com alterações de caráter étnicos e de nacionalidades, seja de migrantes de
países africanos vizinhos ou de países do oriente-médio ou visinhos à Índia (statssa.gov.za,
southafrica.opendataforafrica.org). De forma geral, observamos que a complexidade étnico-racial nesta cidade
não se reduz à dualidade “brancos e negros (ou blacks)”, conforme observa-se no discurso geral. Essa
complexidade pode ser caracterizada, por exemplo, pelas raças-etnias brancas (como o africaner e o branco
(europeu), por exemplo; os coloureds, mistos que tem uma complexa variação de cor e de raça; os pretos e os
indianos, que também têm grande variedades de tons, e os últimos associados à castas, pela origem; além de
outros grupos orientais e árabes. Assim, a partir destas constatações, o objetivo desta pesquisa foi verificar a
espacialização étnico-racial da cidade de Joanesburgo, no período democrático, e verificar se há diferenças entre
as opiniões de moradores, a partir dos diferentes bairros e caracterização étnico-racial, sobre as condições da
cidade e sobre pontos positivos e negativos de antes e depois de 1994. Para tanto, enquanto metodologia,
verificamos os dados censitários e visitamos diferentes bairros, caracterizados étnico e racialmente, onde
aplicamos entrevistas, por survey, para moradores. Enquanto resultados, observou-se uma variação razoável
entre as diferentes etnias-raças, a depender das localizações de seus bairros.

Cibele Barbalho Assensio (Universidade de São Paulo - USP). Corporalidades e relações sociais em escolas
bilíngues para surdos. O objetivo deste trabalho é empreender uma análise da produção de conhecimento
observadas em ambientes de salas de aulas das denominadas escolas bilíngues para surdos, sob o viés das
corporalidades em seus diferentes aspectos experienciais. Ser uma pessoa surda confere uma espécie de
“passaporte” para frequentar tal ambiente. Mas o que se corporifica em sala de aula a partir daquilo que se toma
como um “dado” - ou seja, o fato do não ouvir ou do ouvir menos decibéis em relação ao padrão funcional
majoritário atestado por avaliação biomédica? Sob que aspectos é possível descrever (e o quanto ganham corpo)
experiências corporais que considerem a produção de conhecimentos perpassados por questões raciais, de
gênero e classe? Quais as relações entre as estratégias pedagógicas adotadas nesses espaços e os diferentes
aspectos de diversidade a serem valorizados, os quais se refletem ou emergem em termos corporais? Para
explorar tais questões, foi utilizado em primeiro lugar: material da pesquisa etnográfica que realizei durante o
período de mestrado, quando analisei as práticas que conferem à surdez o estatuto de particularidade linguística
e cultural, a partir de um recorte empírico territorial mais abrangente, mas que tem a escola como importante nó
de uma rede ampla. Em segundo lugar, foi realizada revisão bibliográfica de pesquisas da área. Procuro
argumentar que nas escolas esses estudantes surdos aprendem o manejo de sua língua materna, no caso do
Brasil, a LIBRAS, mas aprendem também aspectos para além da diferença linguística. Ao mesmo tempo
fortemente interseccionados por ela. É nesse lugar que se tem contato com questões de cidadania e outros
conhecimentos formadores destacados pelas ciências humanas, até pelo fato da imensa maioria de famílias
serem ouvintes. Procuro discutir de que forma isso acontece. Por exemplo, quais implicações específicas das
discussões de relações raciais nesses locais? Procuro, então, descrever aquilo que se corporifica a partir das
experiências escolares, o que se reflete ou de traduz em termos de corporalidades a partir das relações ali
estabelecidas, entre estudantes e entre estudantes e professores. Procuro, enfim, discutir aspectos de positivação
identitária amplos e múltiplos, notáveis no discurso de afirmação da surdez não como doença, mas como
particularidade linguística e cultural.

Cícero José Alves Soares Neto (Universidade Federal de Uberlândia-UFU). As Emoções e o câncer: "A
Minha viagem com Farrah Fawcett". Esta proposta de trabalho tem a intenção de compreender o vínculo social
entre as emoções e o câncer, decodificando as mensagens subliminares dos registros memorialistas da obra A
Minha viagem com Farrah Fawcett: uma história de vida, amor e amizade. Busca-se compreender o que foi dito
e relatado no registro memorialista do sofrimento pessoal da dor humana vivenciada por uma mulher famosa
participante dos meios cinematográficos da rede mundial. Assim, a meta é entender qual a mensagem foi
veiculada no registro memorialista. Conceitualmente, a proposta de trabalho pretende se inserir na conexão
social das emoções com a patologia, sob a ótica dos fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa: a polaridade
yin-yang, a teoria dos cinco elementos e os ciclos da criação e do controle. Além do princípio energético do
“chi”, basicamente. O pensamento oriental entende que existe uma conexão entre as emoções: a raiva, o medo, a
tristeza, a alegria, a preocupação e a ansiedade, e os órgãos ocultos do corpo humano: o coração, o fígado, o
baço, o pulmão e o rim. Da interação entre as emoções e os órgãos do corpo humano, a Medicina Tradicional
estabelece e aprofunda o vínculo de adoecimento do ser humano. Desta forma, a proposta interpretativa pretende
focar nas mensagens subliminares do registro memorialista para decodificar como a dominação social produz e
reproduz a cultura do ato de adoecer por um registo somático singular, a patologia do câncer, segundo a leitura
holística do problema de saúde. Portanto, a questão básica da pesquisa pretende decodificar as mensagens
emocionais subliminares do portador da patologia, por intermédio da memória social emitida em registro
documental, no caso, no registro memorialista biográfico que expõe a história de vida de uma artista conhecida
internacionalmente. Enfim, qual a mensagem subliminar que o portador da patologia expressa como a origem do
conflito emocional vivenciado? Metodologicamente, a inserção da investigação na fonte documental se
instrumentalizará da análise de conteúdo para decodificar a mensagem emocional emitida pelo sofrimento
humano vivenciado. E, então, compreender a origem emocional do conflito patológico vivenciado que a levou a
óbito.

Cintia Quina da Silva (Universidade Federal de São Paulo-USP). As relações de meninas praticantes de
religiões de matriz africana no espaço escolar. Ao pensarmos acerca da intolerância religiosa no espaço
escolar, a questão do silêncio, invisibilidade e a negação do sujeito são elementos de extrema importância para
que possamos então construir nossa análise. A intolerância contra seguidores de religiões de matriz africana é
uma forma de racismo, sendo que em alguns casos, como este que estamos nos debruçando a analisar, as
manifestações racistas então transcendem suas motivações étnicas, passando também a atingir as manifestações
culturais e religiosas das populações vitimizadas, e no contexto da vida escolar, esse tipo de racismo pode ter
grandes consequências na formação dos estudantes, sendo que os mais prejudicados são os alunos (as) negros e
negras.O silencio escolar que se caracterizaria por uma conduta assumida por alunos (as) negros e negras (mas
também por diferentes sujeitos negros (as) ligados a escola), no qual esses sujeitos se propõem a uma retração,
silenciamento, isolamento e ostracismo durante sua estada na escola, que em casos extremos pode incutir uma
negação profunda de si mesmo e de suas tradições religiosas ,pois além do estigma da cor e do gênero, carrega-
se o estigma da macumbeira, pois independente da forma como surgem e se instalam a cadeia de preconceito,
discriminações, intolerância e racismo se inter-relacionam e se retro- alimentam e que, portanto se faz necessário
refazer o percurso, onde se observe e se ouça os sujeitos que circulam entre o terreiro e a escola, para que esses
tenham a voz e vez que historicamente lhe foram negligenciadas e silenciadas. Nesse sentido, este trabalho tem o
objetivo de buscar compreender como ocorrem as interações escolares de meninas que praticam religiões de
matriz africana. Buscando atingir tal objetivo, essa pesquisa de caráter qualitativo, utilizará como procedimentos
de coleta de dados, técnicas de observação participante, e entrevistas em grupo e individuais com meninas do
Ensino Fundamental II e Médio além de professores e gestores de duas escolas de um município da grande São
Paulo. Nessa perspectiva, busca-se a obtenção de dados que possam dar subsídios para a reflexão acerca de
como são marcadas as diferenças e as desigualdades no que se refere às religiões de matrizes africanas no
cotidiano escolar. A partir de uma análise fundamentada na teoria histórico-cultural objetiva-se compreender
como ocorrem as mediações entre adultos e crianças, assim como os posicionamentos adotados e as reflexões
que vem sendo construídas do sentido de enfrentamento e combate ás desigualdades étnico-raciais nos espaços
escolares.

Cláudia Freire Vaz (Universidade Estácio de Sá). “Lugar de preto é na senzala”? Memória social da
moradia do escravo urbano. O presente artigo é um recorte da pesquisa de doutorado em psicologia social que
culminou na realização da tese “A memória social da escravidão urbana no Rio de Janeiro”. O objetivo da tese
foi investigar a memória social existente acerca da escravidão urbana, modalidade de trabalho escravo bastante
negligenciada pela historiografia por ser considerada “menor importância na análise do sistema colonial”
(Santos, 2006, p. 20). A escolha da cidade do Rio de Janeiro se deve ao fato de que após a chegada da Família
Real, em 1808, o trabalho escravo se dedicou a preparar a cidade para se tornar “digna” de receber uma corte
européia. Assim, percebiam-se muitos escravos dedicados à limpeza urbana ou à iluminação pública. A pesquisa
foi realizada com 198 alunos do segundo segmento do ensino fundamental da rede municipal que responderam a
um questionário sobre escravidão urbana no Rio de Janeiro. De todas as questões selecionamos uma pergunta
fechada para a realização deste trabalho: “Dentre as opções abaixo, assinale o (s) local (ais) em que os escravos
que viviam no Rio de Janeiro podiam morar?” O que se percebe é que as memórias dos alunos estão
majoritariamente ligadas à escravidão rural e não a urbana. A hipótese que explica tal esquecimento é que ao
pensarmos a escravidão em termos de casa grande e senzala se pode dizer que ela acabou, posto que este
“setting” já não existe mais. Mas quando investigamos determinadas características da escravidão urbana –
como o fato de muitos escravos habitarem a casa dos próprios donos, em condições que nos remetem ao famoso
quarto de empregada – passamos a defender que o esquecimento dessa modalidade de escravidão é uma
estratégia que dificulta a observação dos resquícios escravocratas em nossa sociedade e ajuda a perpetuar a
desigualdade racial no país. A teoria da memória social se demonstra adequada para abordar o nosso objeto de
estudo, visto que tem como característica fundamental a ligação entre o passado e o presente e se dedica à
compreender de que maneira pensamentos e práticas sociais estão ligadas a memórias sociais e como estas
influenciam as práticas cotidianas. Desta forma, pretendemos relacionar a desigualdade entre brancos e negros
no Brasil com os vestígios da escravidão urbana carioca.

Clayton da Silva Guerreiro (UNICAMP). “Universal é Mazione”: reflexões sobre o trânsito de espíritos,
práticas e categorias em tratamentos espirituais no sul de Moçambique. Atualmente, o “mundo dos
espíritos” permanece como uma “realidade visível e contemporânea” (Honwana, 2002) no sul de Moçambique.
Nessa realidade, mortos e vivos estão constantemente interação e, por vezes, se encontram envolvidos em medos
e acusações. Isso acontece porque há a ideia corrente de que há espíritos podem causar infortúnios das mais
diversas ordens nas vidas das pessoas, tais como doenças, problemas econômicos, conflitos pessoais e questões
familiares. Diante desse quadro, muitas pessoas recorrem a agentes especializados em investigar as suspeitas
sobre as causas dos infortúnios, buscando meios de apaziguar os espíritos ou combater supostos trabalhos
realizados por feiticeiros. Entre os principais responsáveis pelos tratamentos contra os problemas causados por
espíritos associados à “tradição” estão os tinyanga (como são nomeados os curandeiros ou médicos tradicionais),
os profetas das igrejas Zione e os pastores de algumas igrejas brasileiras, como a Igreja Universal do Reino de
Deus (IURD). Ao tratar especificamente da IURD, pretendo investigar a existência de uma “metamorfose do
sistema de crenças tradicionais”, que ocorreria quando os pastores atribuem múltiplos e distintos sentidos aos
espíritos e práticas moçambicanas, em uma lógica combativa e acusatória (Mahumane, 2015: 127), produzindo
diferenças em relação aos seus concorrentes no “mundo dos espíritos”. Em certo sentido, tal situação se
assemelha com o processo de inversão simbólica que a IURD realiza no Brasil, ao combater elementos das
religiões afro-brasileiras e incorporá-los em seu repertório prático-discursivo. Parto do suposto de que os
tratamentos espirituais, para o combate de males que acometem as pessoas no sul de Moçambique, resultam em
um trânsito (Almeida e Montero, 2001) de espíritos, práticas e categorias que circulam pelas igrejas e palhotas,
onde os tinyanga geralmente atendem seus clientes. Concernente aos espíritos, destaca-se sobretudo a presença
do marido da noite (ou marido espiritual). Esses espíritos acometem principalmente as mulheres, as quais
enfrentam problemas de ordem conjugal, incluindo separações e dificuldades para conceber. Em relação às
práticas, é possível notar que os tinyanga, os mazione e os pastores iurdianos utilizam-se de elementos comuns
em seus rituais de tratamento espiritual, com a retórica do sacrifício e o uso de água e/ou sangue (no caso da
IURD, trata-se de suco de uva, simbolizando o sangue). Destaco, finalmente, a presença de categorias que
circulam no campo lexical de ambos os agentes e que se referem aos trabalhos de ambos, tais como tratamento,
médico e tradição.

Cleber Santos Vieira (UNIFESP); Débora Galvani (UNIFESP); Renata Gonçalves (UNIFESP). O Programa de
Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento da Unifesp. Este grupo de trabalho tem por intuito agregar e
discutir os projetos de pesquisa de estudantes realizados do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias
Nascimento no âmbito da Universidade Federal de São Paulo.

Conflitos socio ecológicos e alternativas: ciência, sociedade e resistências. Nesta comunicação será abordada
o processo de coprodução de conhecimentos sobre conflitos e alternativas socioecológicas em Portugal,
realizada através de três atividades de pesquisa (realizadas entre julho de 2014-2018): 1) o projeto exploratório
Portugal: Ambiente em Movimento; 2) colaboração com o projeto FP7 EJOLT no mapa EJAtlas Portugal; 3)
participação no projecto Toxic Bios. O trabalho tem como objetivo geral conhecer, inventariar, caracterizar,
compreender, analisar e discutir formas diferenciadas de alternativas e resistências desenvolvidas pelas
comunidades e grupos de cidadãos/ãs à contaminação contra a expropriação, exploração e injustiças ambientais
resultantes de grandes projetos desenvolvimentistas em diversas áreas (agricultura, indústria, resíduos,
mineração, outros) para a defesa dos modos locais de sustentabilidade da comunidade utilizando uma abordagem
transdisciplinar. Pretende fortalecer a co produção de conhecimentos através dos vários conhecimentos
existentes em diferentes lugares e contextos, formando-se uma comunidade alergada de pares com outras/os
investigadoras/es, associações, plataformas, movimentos, cidadãs/ãos , num processo de produção
compartilhado que dá visibilidade às questões visíveis e invisíveis, e invisibilizadas, propiciando a ampliação da
sua compreensão e discussão. Tenta-se dar ênfase ao processo de resgate de memórias de lugares, pessoas e
movimentos, e o estabelecimento de ligações e vínculos cognitivos, políticos, afetivos e emocionais entre
pessoas, instituições, movimentos e plataformas existentes em Portugal que trabalham sobre a temática da crise
ecológica, mobilização e alternativas, título. No trabalho desenvolvido até o presente, realizou-se um
mapeamento dos diferentes casos, sistematização dos conhecimentos existentes em diversas fontes (presente e o
passado), articulação entre pessoas, instituições, movimentos e investigadorxs. Houve o início do processo de
resgate de memórias de lugares, pessoas e movimentos, e o estabelecimento de ligações e vínculos cognitivos,
políticos, afetivos e emocionais entre pessoas, instituições, movimentos e plataformas protagonistas dos casos. A
apresentação irá oferecer uma reflexão de síntese sobre os resultados dos três projectos, bem como sobre o
próprio processo de coprodução do conhecimento. Além da luta pela redistribuição dos riscos e benefícios das
atividades económicas, participação nas decisões e reconhecimento das pessoas, comunidades e locais como
sujeitos, identifica-se nestes casos a presença de dinâmicas que buscam novas estruturas, práticas e valores
alternativos ao capitalismo, no que respeita à conservação dos ecossistemas, a produção e consumo de
alimentos, ao resgate/reconstrução de práticas ancestrais desenvolvidas localmente.

Cora Hagino (Universidade de Coimbra). As mutações do ensino do direito: um estudo de caso do ensino do
direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. O presente trabalho tem como objeto de estudo o
ensino da licenciatura em direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC). O tema desta
investigação é interdisciplinar, envolvendo a sociologia, o direito e a educação. Inicialmente, realizei uma
análise das mutações no ensino superior e nas profissões jurídicas, a fim de perceber o impacto destas alterações
no ensino do direito. As universidades, assim como os serviços jurídicos, no contexto da globalização
hegemónica, têm-se tornado progressivamente em um mercado. Desenvolvi três modelos de ensino do direito
(clássico, crítico/pós-crítico e global), que serviram para analisar a educação. O ensino do direito também foi
estudado por meio da perspetiva da reprodução social de Bourdieu. Metodologicamente, foram utilizadas as
seguintes técnicas de investigação: análise documental; entrevistas com dezanove docentes e dois discentes e
observação participante em oito unidades curriculares. No século XXI, o grande desafio do ensino superior
português foi o Processo de Bolonha. A Reforma de Bolonha, que inicialmente visava criar um espaço europeu
do ensino superior, ultrapassou as fronteiras europeias. Esta Reforma alterou, em alguns aspetos, o ensino da
licenciatura em direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Algumas áreas jurídicas foram
destacadas no currículo pós-Bolonha, como as relacionadas ao Direito Internacional e Direito Financeiro, em
detrimento das unidades curriculares de Direito Público e das cadeiras interdisciplinares. Quanto à pedagogia, a
divisão das aulas em teóricas e práticas permaneceu na maior parte das disciplinas analisadas no pós-Bolonha. O
Processo de Bolonha também não transformou o sistema avaliativo da Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra, pois a maior parte dos professores entrevistados e observados continua a utilizar o exame final como
única forma de avaliação. Como resultado pôde-se perceber que o ensino do direito na Faculdade de Direito de
Coimbra tem se consolidado, ao longo do tempo, como um ensino do direito maioritariamente clássico. Este
trabalho foi desenvolvido com apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal.

Damiso Ajamu da Silva Faustino (Cáritas Diocesana de Campo Limpo). Práticas Socioeducativas com
adolescentes e jovens em cumprimento de medidas em meio aberto: uma análise sobre Questão Social,
liberdade e garantia de direitos. Este trabalho é parte do projeto de pesquisa de mestrado em que me proponho
apresentar e compreender o caráter ressocializador, de proteção e garantia de direitos, de algumas práticas
socioeducativas vivenciadas em Serviços de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (SMSE-ME). Estes
serviços realizam o acompanhamento e o desenvolvimento das medidas de Liberdade Assistida e de Prestação
de Serviço a Comunidade, que fundamentam-se em orientações técnicas e multidisciplinares, compreendendo
que o trabalho socioeducativo que privilegia a atuação em rede intersetorial integrada, bem como as atribuições
técnicas dos profissionais, é imprescindível para a real efetivação dos objetivos propostos pelas medidas
socioeducativas, de ampliação e fortalecimento da proteção social ao adolescente e suas famílias. O avanço dos
projetos conservadores, consolidados em diversos setores da sociedade capitalista, impacta diretamente a forma
como as Políticas Públicas são executadas, seja no âmbito orçamentário ou no entendimento legislativo que
preconiza e orienta, entre outras coisas, o trabalho socioeducativo. Também notamos os impactos através do
olhar crítico sobre o perfil dos adolescentes e jovens aos quais designam-se as medidas socioeducativas, assim
como as similaridades dos atos infracionais a eles imputados. Diante desses apontamentos, por diversas vezes
fica a cargo dos serviços que executam as medidas socioeducativas desenvolverem suas atividades com a
perspectiva de rompimento com as práticas de manutenção de um sistema de justiça opressor e seletivo, de
modo a garantir os princípios norteadores que referenciam as atribuições técnicas dos SMSE’s. Conhecermos
essas práticas e as entendermos como imprescindíveis ao processo ressocializador de adolescentes e jovens em
conflito com a Lei, em meio ao cenário nefasto de retomada da discussão sobre a redução da maioridade penal,
faz-se mais do que necessário para que possamos vislumbrar que, em detrimento aos modelos de
encarceramento e punitivismo, as práticas socioeducativas em liberdade mostram-se muito mais eficazes ao que
se propõe como garantia de direitos e ao mesmo tempo a responsabilização desses adolescentes e jovens. A
partir das contribuições teóricas de estudiosos sobre as temáticas adolescência, juventude, políticas públicas e
sistema socioeducativo, em diálogo com os documentos norteadores da execução das medidas socioeducativas
em meio aberto, pretendo apresentar e analisar experiências concretas de trabalhos socioeducativos que se
colocam de maneira crítica e contrapõe-se à lógica punitivista e de privação de liberdade. E ao mesmo tempo dar
fala aos atores responsáveis por essas práticas, sejam profissionais técnicos, educadores, instituições e os
próprios adolescentes e jovens atendidos.

Daniel Maurício Viana de Souza (Docente). Memórias das Manifestações e Protestos 2013-2016 no Brasil:
uma proposta de exposição museológica. A presente comunicação trata de apresentar a proposta de criação de
uma exposição museológica intitulada “As Memórias das Manifestações e Protestos 2013-2016 no Brasil”. Com
o intuito de propiciar reflexões críticas sobre o contexto sócio político atual do país, a exposição visa construir
de forma interativa as memórias das manifestações e protestos, discutindo alguns dos principais eventos que
resultaram no Golpe de 2016 e, consequentemente, na possibilidade legítima de questionamento acerca de uma
‘pós democracia’ no país. Além disso, busca evidenciar os atores sociais envolvidos e, sobretudo, mostrar a
importância da participação popular no contexto político, tendo como pano de fundo as ações dos movimentos
que articularam as manifestações nas ruas entre 2013 e 2016. Como referências para a compreensão das
articulações a respeito dos movimentos que protagonizaram a cena política das ruas no período mencionado
utiliza-se a pesquisa publicada por Maria da Glória Gohn, em sua obra “Manifestações e protestos no Brasil”
(2017), na qual tais movimentos urbanos são tratados de modo a identificar as identidades, demandas e objetivos
de seus atores fundamentais. Partindo da necessidade em compreender os processos sociopolíticos ligados ao
tema, utiliza-se também como aporte teórico base a obra de Jessé Souza, “A elite do atraso: da escravidão à lava-
jato” (2017). Pretende discutir, ainda, alguns resultados práticos advindos da fase atual de produção, sobretudo
no que se refere ao desenvolvimento da expografia e seus recursos comunicacionais específicos. Cabe desde já
mencionar que as decisões e encaminhamentos, neste sentido, têm sido inevitavelmente impactados pela
configuração política atual e suas reverberações consequentes no cotidiano social, nomeadamente no que tange à
intensificação do clima de ódio que vem se instaurando no país ao longo das últimas semanas. Tal quadro,
enfim, vem dando contornos dinâmicos não só à narrativa expográfica em si, mas às próprias decisões quanto às
estratégias de execução do projeto, o que está teórica e metodologicamente de acordo, vale dizer, com a intenção
de que a exposição funcione como ‘obra aberta’, capaz de agregar de forma dialógica e processual a
multiplicidade de perspectivas e entendimentos acerca dos fenômenos envolvidos.

Daniel Tadeu Alves (SAICA - VILA SÔNIA). Racismo Estrutural e o Capitalismo Periférico Brasileiro: A
Oralidade do Genocídio Anti Negro na Narrativa do Rap Nacional. Enquanto resultado do Programa de
Desenvolvimento Acadêmico Abdias do Nascimento da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/Baixada
Santista - este trabalho se apresenta como proposta de pré-projeto de mestrado. Visamos compreender e
explicitar a relação estrutural entre racismo e capitalismo e o genocídio anti negro enquanto uma política de
Estado que se origina na relação dialética entre a “ideologia racista de dominação” (MOURA, 1994) e os
processos de desenvolvimento e manutenção do capitalismo periférico brasileiro. O “genocídio da população
negra” (NASCIMENTO, 1978) violenta a população negra de múltiplas formas (VARGAS, 2010) e se gesta na
relação entre racismo e capitalismo, impactando na efetivação das políticas sociais de atendimento a população
brasileira. No modo de produção capitalista, as relações de poder e as necessidades específicas das relações de
produção no Brasil, são estruturadas e mediadas pelo racismo, que enquanto ideologia justificadora de
dominações e explorações, estruturou o capitalismo periférico brasileiro, o Estado, suas políticas e instituições
que, criam sujeitos racistas e dão condições para a manutenção e continuidade do sistema de exploração da mão
de obra da classe trabalhadora e dos privilégios do grupo identificado socialmente como branco. As populações
não brancas, especificamente negras e indígenas, vêm sofrendo inúmeras violências no capitalismo periférico do
Brasil. Tais violências são características do genocídio da população negra e indígena orquestrado como uma
política do Estado burguês brasileiro. Os últimos censos publicados no Brasil demonstram o quão grave é o
abismo racial em que vivemos, onde a população negra aparece como grupo majoritário nos dados sobre mortes
por arma de fogo, nos dados sobre o aumento do feminicídio de mulheres negras, também aparecem como grupo
mais encarcerado, que recebe os piores salários e remunerações, que ocupa os piores postos de trabalho, mais
insalubres e degradantes, aparece também como o grupo onde é maior a taxa de analfabetismo e evasão escolar,
em que as crianças são mais institucionalizadas em serviços de acolhimento, etc. Destacamos tais fatos pois,
diferente do que alguns pensam, estes não são fatos aleatórios, desconexos ou ao acaso. Estes fatos são
expressões da engenhosidade cruel do racismo estrutural brasileiro e das políticas genocidas que este orquestra
no processo de manutenção das relações de produção do capitalismo periférico brasileiro.

Daniele da Cunha Pereira (UNESP/IBILCE). Entre o muito invisível e o pouco visível: a presença do negro
nas narrativas envolvendo a história de São José do Rio Preto (SP). A luta dos movimentos sociais negros e
as ações e atos mundiais pró educação antirracista influenciaram, de modo especial, a elaboração e a revisão das
legislações nacionais que tratam da educação para as relações étnico-raciais. Em 2003, foi sancionada a lei
n°10.639, que altera a LDB, de forma que torna-se obrigatório incluir no currículo oficial o ensino de História e
Cultura Afro-Brasileira. Contudo, ainda há que se lutar pela efetivação da lei no cotidiano escolar, visto que as
escolas são permeadas por relações repletas de discriminações e não valorização das culturas africanas na
constituição da cultura nacional. Cientes desse quadro é que elaboramos proposta de pesquisa que tem por
objetivo realizar levantamento da visão de mundo existente a respeito de temas como: “preconceito e
discriminação raciais”, “posição do negro na sociedade brasileira” e as “Legislações Educacionais envolvendo
Africanidades” junto aos coordenadores da Rede Pública Municipal de Ensino Infantil de São José do Rio
Preto/SP. Justifica-se tal pesquisa pelo papel exercido pelo negro na construção da sociedade brasileira, pelas
prerrogativas contidas na Lei 10.639/2003, pela posição que a escola pública pode ocupar no combate ao
preconceito e à discriminação racial, pelo reconhecimento da atuação que o Coordenador Pedagógico exerce
para a formação continuada dos professores, bem como pela ausência de políticas públicas municipais voltadas
para o tema Africanidades na rede de ensino de São José do Rio Preto/SP. A pesquisa é desenvolvida no
Programa de Pós-graduação em Ensino e Processos Formativos (PPG-EPF) da UNESP/IBILCE/São José do Rio
Preto, apresenta abordagem quali-quantitativa, natureza aplicada e busca conciliar exploração, descrição e
explicação, valendo-se, para isso, de investigações bibliográficas e documentais de primeira mão. Toma como
referenciais teóricos: Munanga, Gomes, Schwarcz, Freire, Fernandes, Fanon e Geertz. Já os referenciais
metodológicos são: Bardin, Minayo e Camargo. Entre os resultados já apresentados, constata-se que os livros
que apresentam a história local invisibilizam a participação dos negros no desenvolvimento e atribuem
exclusivamente aos imigrantes estrangeiros o progresso e desenvolvimento do município. Contudo, algumas
obras envolvendo memórias, literatura e artes plásticas, situadas no campo das “produções independentes”
(porque elaboradas e custeadas por seus próprios autores) retratam a importância dos negros no povoamento e
sua fundamental atuação para a formação do município, embora não façam parte dos acervos das bibliotecas das
escolas municipais. Palavras-chave: Africanidades; São José do Rio Preto/SP; Lei 10.639/2003.

Dara Roberto Gomes (Universidade de São Paulo - USP). Barreiras de acesso ao Lazer pelo Estado: Os
impactos na juventude negra em São Paulo. Esta pesquisa discorre sobre as barreiras de acesso ao lazer no que
tange à negligência do Estado em acesso, distribuição de equipamentos tanto quanto à formulação,
implementação e avaliação de políticas públicas de lazer, trazendo a tona quais as motivações, falhas por parte
da gestão pública e como historicamente a leis e políticas têm um objetivo direto ou resultados indiretos na
segregação urbana de jovens negros. Neste estudo, especificamente, os residentes do extremo sul da cidade de
São Paulo. A análise terá foco nas políticas públicas, nas parcerias entre instituições públicas e privadas que
podem promover alteração deste cenário - barreiras de acesso ao lazer e seus impactos na juventude negra -
como também fazer a manutenção do mesmo. Observará como a juventude não atingida pelas políticas públicas
reagem à isso com suas manifestações espontâneas, culturais, de lazer em resistência às políticas
segregacionistas. Então, para além de dados estatísticos, evidenciamento das falhas de gestão e demais fatores
determinantes e contribuintes para a realidade das barreiras de acesso ao lazer apresentadas a seguir, esta
pesquisa pretende transpassar dados estatísticos (muito importante para e apresentados por nós) e assim,
compreender e evidenciar os impactos na qualidade de vida, na vivência, observação, concepção e interpretação
destes jovens que são pouco ouvidos de modo geral pela sociedade, minimamente amparados pelo Estado e tão
pouco consultados no processo de formulação, implementação e avaliação de políticas públicas de lazer, cultura
e juventude que supostamente são voltadas à eles. Optou-se neste projeto, para melhor visualização da
disparidade em distribuição e investimentos entre as diferentes localidades, das barreiras de acesso ao lazer, um
estudo de caso comparativo da região do Extremo Sul em relação à região Central. A pesquisa assume caráter
exploratório, explicativo com pretensão intervencionista, através de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo
com jovens residentes da região, na faixa etária de 18 a 29 anos, com hábitos, responsabilidades e demandas
diferenciadas, que frequentem em maior, menor ou nenhuma assiduidade as regiões centrais identificando as
razões para tanto, bem como o quão são afetados socialmente pelas barreiras visíveis e invisíveis de lazer e de
que modo observam e interpretam essas questões. Deste modo, o método utilizado será qualitativo através de
entrevistas abertas.

David Miguel de Oliveira Cabral Tavares (Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa). Reconfiguração
do turismo de saúde e tendências de mudança. O turismo de saúde tem sido pouco estudado numa perspectiva
sociológica, não obstante se consubstanciar como um fenômeno social crescente em diversos países e as
tendências do seu desenvolvimento refletirem alguns dos vetores principais de mudança social do campo da
saúde. Com esta comunicação, pretende-se analisar a relação entre a reconfiguração do turismo de saúde e as
tendências de mudança social no domínio da saúde. O turismo de saúde compreende duas dimensões: o turismo
médico e o turismo de saúde e bem-estar, o primeiro reporta-se à intervenção médica, o segundo refere-se à
saúde, numa perspetiva mais alargada, relacionada com o bem-estar, obtido através de diversos equipamentos e
serviços (incluindo spa’s e resorts). A comunicação assenta no conhecimento obtido num projeto de investigação
em curso sobre a oferta turística na Área Metropolitana de Lisboa, em diferentes domínios (incluindo a saúde),
através da utilização de uma metodologia qualitativa, com recurso a técnicas de investigação documentais
(recolha e análise bibliográfica e documental) e não documentais (grupos focais, entrevistas semi-diretivas e
observação direta). Pretende-se expor o modo como a reconfiguração do turismo de saúde se relaciona com: os
processos de globalização que reflectem dinâmicas, relações, sistemas de interdependência e posicionamento
desigual entre os países no espaço global; o alargamento do domínio da saúde e da doença a outras dimensões da
vida social contemporânea; a reconfiguração das fronteiras da saúde e a doença, incorporando áreas distantes do
universo da patologia, como os consumos terapêuticos orientados para a performance e a gestão do desempenho
pessoal; o aumento da procura das medicinas complementares e alternativas; o crescente pluralismo médico e o
consequente pluralismo dos utilizadores; o enquadramento simbólico e ideológico da prevenção e gestão da
saúde nos “estilos de vida saudáveis”; as formas de relacionamento com o corpo expressas em ideologias e
investimento no corpo, mobilizado como referência identitária e projecto; a indústria da corporalidade enquanto
reflexo da “hipercorporização do social” expressa no aumento da produção e das actividades que têm o corpo
como finalidade.

David Miguel de Oliveira Cabral Tavares (Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa); Josélia Elvira
Teixeira (UNICENTRO). Tecnologia, inovação e saberes. Ao longo dos últimos tempos, a sociedade foi
migrando de uma sociedade fundamentada na posse de bens tangíveis para uma sociedade informacional,
pautada numa estrutura de redes de informações (CASTELLS, 1999). Este GT espera congregar trabalhos e
pesquisas que problematizem as articulações entre pesquisa acadêmico-científica, a produção e legitimação de
conhecimentos e/ou saberes tidos, identificados, nomeados como legítimos ou não, bem como questionamentos
quanto a termos como inovação e avanço tecnológico.

Debora Machado Gonçalves (Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC). A voz que ecoa, pulsa e
ocupa: a poesia Slam em Florianópolis. Discussões levantadas nos últimos tempos na área das expressões
artísticas nos mostram que o papel da arte tem mudado bastante desde a época em que elas eram pensadas a
partir de um modelo hierárquico. Fala-se, aqui, expressões artísticas porque a arte abarca uma grande
diversidade de modelos e características diferentes. O que é mais surpreende é a mudança dos paradigmas
estéticos, por exemplo, nas pinturas, desde o classicismo até o contemporâneo, pode-se, hoje, considerar o
grafite dentro das artes visuais, ou, ainda, o rap e o funk como expressões musicais modernas. É curioso notar
que os exemplos citados participam de uma esfera cultural marginalizada, que por muito tempo ficaram fora das
discussões levantadas dentro das instituições, como a academia, sobre o que é arte. O que tem ajudado bastante
foram os insistentes debates sobre o assunto por parte de pensadores pós-modernos, pós-contemporâneos, que
analisam as expressões artísticas não mais sob um viés hierárquico e excludente, mas sim horizontal e
totalizante. Seguindo essa ideia, propõe-se uma reflexão sobre as expressões artísticas marginais, mais
especificamente da poesia Slam em Florianópolis. Sabe-se que o espaço urbano tem um grande potencial de
abarcar diversas formas de arte pública, sejam elas visuais, como os graffitis, ou performáticas, como as batalhas
de Rap ou os Slams – isso para citar exemplos de arte dentro do movimento hip-hop, que é a raiz do que se
propõe esta investigação. É a partir do olhar e das experiências perante às expressões artísticas que acontecem
nos espaços públicos que permitem a nós ter percepções e leituras acerca do que é a Cidade ou o que ela
representa. Desse modo, proponho uma discussão, partindo de um relato de experiência, acerca da cena literária
do Slam em Florianópolis, poesia que acontece pelo corpo, na performance, e pela rua, na ocupação do espaço.
A poesia Slam, por fim, tende a nos mostrar o que Henri Lefebvre (2001) explicita acerca do direito à cidade: a
importância de uma reconstrução da sociedade urbana, a fim de ir contra ao estabelecimento geral das coisas.
Além disso, a expressão cultural difundida pelo Slam corrobora para o que Glissant (2005) afirma sobre ser
necessária uma estética da Relação no mundo atual, um discurso que esteja em diálogo intercultural, atuando
como uma literatura emancipatória, que fuja do universal generalizante. Assim, sugiro, nessa reflexão, que o
Slam florianopolitano atua como essa expressão artística que reestrutura a ordem geral das coisas, que se
expressa pelo corpo e pela voz – não mais só pelo papel, e que ocupa a cidade urbana – não mais apenas as
academias e bibliotecas.

Denise Clemente da Silva (UNIFESP). Um olhar sobre a sobre a “entrega voluntária “de filhos para
adoção. Este trabalho é parte do projeto de pesquisa que se propõem a compreender as motivações que
permeiam a decisão de mulheres em entregarem seus filhos para adoção legal. O objetivo é investigar sobre
quais condições sociais, materiais e subjetivas, encontram-se essas mulheres, e as respostas do Estado para esta
demanda. De acordo com (Fávero, 2007), a entrega voluntária de filhos para adoção ainda é um cenário ou
experiência envolta em muitas indagações e desconhecimento. A maternidade é retratada muitas vezes como
algo inato a condição feminina. Entretanto, de acordo com Badinter (1985), o amor materno na forma como
conhecemos hoje, é fruto de uma evolução social que passou a ser difundido a partir do século XIX. E como
qualquer outro sentimento humano, pode existir ou não, de acordo com as variações sociais e econômicas do
momento histórico e diante as condições materiais em que vivem as mães. De acordo com Santos (2001), a
motivação subjetiva, constitui elementos fundamentais na decisão de entrega. A autora afirma que as análises
sobre o tema se detém apenas nos determinantes de natureza socioeconômica, deixando de reconhecer o direito
dessas mulheres de terem motivações próprias, e exercitarem sua liberdade de escolha.Contudo, ela nos traz que
quando há nessas mulheres o desejo de "maternar", mesmo a mulher atravessada pela impossibilidade objetiva
de permanecer com o filho, a entrega é permeada pela dor da perda, e os fatores socioeconômicos são, de fato, os
determinantes para a tomada de decisão. A decisão de algumas mulheres em abdicar do convívio com os filhos,
embora seja uma prática milenar, e por vezes considerada como um ato de abandono de crianças, foi aceita e
difundida pela sociedade, pelo Estado, e pela Igreja Católica até o século XVI. Somente em meados do século
XVII e início do século XVIII, que essa prática passa a ser condenada, porque diante a indiferença e os maus
tratos em relação à infância, muitas crianças não sobreviviam aos primeiros anos de vida (Badinter, 1985).

Denise Teixeira Novaes (Centro de Defesa e Convivência da Mulher Margarida Maria Alves). Violência
doméstica contra a mulher; e a violência contra a mulher negra e sua invisibilidade. O presente pré-projeto
traz o resultado da pesquisa Violência Doméstica contra a Mulher Negra em São Paulo, no Extremo Leste. A
pesquisa buscou ampliar a compreensão das particularidades que envolvem a questão da violência doméstica
contra as mulheres negras, na sociedade brasileira, tendo em vista o crescimento significativo de sua
participação nos dados nacionais, particularmente no número de homicídios, em contraposição á queda desse
fenômeno entre as mulheres brancas. Apesar de contarmos com políticas públicas voltadas para o enfrentamento
à violência doméstica, os índices demonstram seu reduzido alcance para atuar na proteção e direito à vida das
mulheres negras. Compreendemos que o racismo, do conservadorismo e do machismo são elementos que
impactam negativamente na vida das mulheres, em todas as regiões brasileiras. Buscamos fugir da naturalização
da divulgação de dados que simplesmente relatam as desigualdades, desvantagens e mortalidades para através da
escuta das vivências, das dificuldades e dos desejos, arquitetarmos novos contornos para garantir o direito à vida
de todas as mulheres. As escutas e diálogos demonstraram que a violência doméstica contra mulheres, neste caso
tendo um olhar especial para as mulheres negras, expressam as relações desiguais de poder entre homens e
mulheres, da cultura do machismo, do patriarcado e da não identificação de raça/cor dessas mulheres.
Verificamos que ainda se fazem presentes na nossa sociedade essas expressões efetivas de fato. Mas não
podemos negar também que elas se relacionam com as opressões de raça, classe social, identidade de gênero e
demais discriminações e intolerâncias. Nosso trabalho busca aliar-se ao debate sobre a necessidade de novas
formas de enfrentamento à violência racial, que se expressa também nos dados socioeconômicos, que impacta no
valor da vida de negras e negros, demarcados como descartáveis, situação que os altos índices de participação
das mulheres negras nos homicídios corroboram. Segundo o Mapa da Violência 2015 demonstra que no período
2003-2013, as principais vítimas da violência de gênero foram meninas e mulheres negras, com queda na
evolução das taxas de homicídio de mulheres brancas – de 3,6 para 3,2 por 100 mil – e crescimento nas taxas de
mulheres negras – de 4,5 para 5,4 por 100 mil –, com prevalência entre 18 e 30 anos de idade e maior incidência
de mortes causadas por força física, objeto cortante/penetrante ou contundente, e menor participação de arma de
fogo. Analisando os números sobre a violência contra as mulheres no Brasil, entendemos que as mulheres negras
não contam efetivamente com o apoio do Estado. Essas mulheres dependem de si mesmas para viver uma vida
sem violências.

Dessa forma, a metodologia aplicada para a realização desse estudo seguirá, segundo Gil (2002), as definições
de pesquisa explicativa, bibliográfica e documental. Uma vez que tem como foco a identificação dos fatores que
determinam a necessidade da discussão racial na formação de assistentes sociais, e de qual forma ela deve ser
suprida a partir da inclusão do tema nos currículos acadêmicos. Para isso, faremos uso de material já elaborado
como livros científicos, artigos, teses e dissertações, a fim de aprofundar a análise sobre a construção da
sociedade brasileira a partir do racismo estrutural e como isso pode servir de fundamento histórico para a
compreensão da prática de assistentes sociais. Por fim, será utilizada também a avaliação de documentos como
planos de ensino de Faculdades e Universidades pré-determinadas e normas técnicas para a definição dos
assuntos abordados na matéria de Fundamentos Históricos Teóricos e Metodológicos do Serviço Social. Espera-
se como resultado a compreensão, por parte da categoria profissional, da possibilidade de inclusão da discussão
racial na matéria de Fundamentos históricos, dada a importância dos períodos citados acima para a formação da
sociedade brasileira, inclusive para as relações de poder e a consolidação da classe trabalhadora e sociais a partir
do avanço do capitalismo (discussão central para o surgimento do serviço social brasileiro).

Diante desse contexto esse trabalho busca se aprofundar sobre a adoção de cotas de gênero no continente
africano. Para isso o trabalho se divide em duas partes, a primeira é uma análise descritiva da adoção de cotas na
região, que tem como objetivo responder três perguntas fundamentais: (1) Quais países possuem cotas na
região? (2) Que tipo de cota cada país adotou pela primeira vez? e (3) Como a adoção de cotas eleitorais de
gênero variou ao longo do tempo? A segunda parte consiste na análise de conteúdo de documentos e relatórios
oficiais, assim como de produção bibliográfica, sobre adoção de cotas de gênero nesses países. Essa última parte
dará substância e significado ao conteúdo da primeira.
Diego Corrêa de Araújo (Universidade de São Paulo - USP). Bailes de forró na Zona Oeste de São Paulo
narrados por músicos nordestinos. O forró como gênero musical e baile não surgiu de forma convencional,
Luiz Gonzaga é sem dúvida um símbolo precursor que congregou, não só elementos da música, mas também
outros aspectos da cultura nordestina, catalisando em si um imaginário coletivo do Nordeste. Uma das principais
obras biográficas de Luiz Gonzaga, elaborada por Dreyfus (1996), destaca como um marco histórico o episódio
que LG estava no Rio de Janeiro se apresentando na costa do porto, quando alguns estudantes (nordestinos), na
década de 1940, solicitaram que ele tocasse “as coisas lá do nordeste”. No entanto, este foi um importante marco
para se pensar no então “baião”, pois ele, em um primeiro momento, foi desejado como um gênero musical, em
um segundo momento, passou a se polarizar, significando paradoxalmente, entre outras coisas, gênero musical,
ritmo e festa onde se dança forró. Houve, portanto, nos termos de Elder (2012), uma confecção de um projeto
artístico musical no qual alguns mediadores fizeram parte desse processo, como por exemplo, Humberto
Teixeira e Zé Dantas, somados à experiência/ vivência de Luiz Gonzaga. O primeiro deles, nascido em Iguatu –
CE, formou-se no Liceu de artes do mesmo estado, ainda jovem compunha músicas para trilhas sonoras de
filmes, foi locutor da Rádio Nacional, também ativista a favor dos direitos autorais. Zé Dantas, por sua vez,
também se apresentava em um programa na Rádio do Comércio no final da década de 1940, no programa
contava “causos” e declamava poemas nordestinos. Além das experiências vividas por Luiz Gonzaga em sua
trajetória, principalmente aquelas marcadas na sua adolescência quando ele acompanhava seu pai Januário em
suas apresentações, provenientes da época em que fazia parte do exército e das suas experiências no Rio de
Janeiro, o trio destacado acima, buscaram em suas reminiscências lúdico-orais da infância e da adolescência,
elementos que compuseram o baião. A presente pesquisa tem como lócus de estudo os músicos migrantes
nordestinos que compõe trios de forrós que se apresentam nos bailes da Zona Oeste de São Paulo. Entender as
tensões que envolvem não só o gosto musical, mas questões geracionais, como o lugar de onde se fala, classe
social e identidade étnico-racial, quando a música é executada nas casas de forró de São Paulo, faz parte desta
pesquisa.

Dinamara da Silva Prates (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS). Empreendedorismo Negro,
Afroempreendedorismo ou Empreendedorismo Social ? Um estudo sobre a atuação dos
empreendedores(as) negros(as). A inserção da população negra no mercado de trabalho é marcada por
inúmeros processos de discriminações raciais e desigualdades, que delimitam até hoje, as suas possibilidade de
crescimento e desenvolvimento social. A construção de estratégias e ferramentas alternativas através do
comércio de rua, prestação de serviços e a criação de pequenos negócios foram algumas das formas a garantir a
subsistência econômica e manutenção de muitas famílias negras e comunidades. A partir desta reflexão, a
presente pesquisa busca realizar um levantamento dos estudos produzidos sobre empreendedorismo negro,
afroempreendedorismo e empreendedorismo social, em que pessoas negras aparecem como proprietários de
pequenos, médios ou grandes empreendimentos. O objetivo da pesquisa é compreender como os conceitos de
empreendedorismo se aplicam a realidade desses empreendedores(as) negros e negras. Diversos estudos
apontam a presença das mulheres negras no comércio, como quitandeiras, negras do tabuleiro e as lavadeiras,
desde a escravidão quando iniciaram o seu trabalho para os senhores de escravos, mas buscavam através do seu
ganho a compra da sua alforria, a independência e autonomia financeira. Logo, os conceitos de
empreendedorismo dariam conta de uma realidade tão complexa e extensa, que cruzou um Atlântico e vivenciou
todas as condições de sub-humanidade? A desvalorização dos empreendedores negros ressalta que mesmo
fazendo parte de boa parcela dos microempreendimentos registrados no Brasil e responsável por parte da
produção de emprego e renda no país, a atividade empreendedora negra ainda não percebida como uma forma
relevante de desenvolvimento econômico e social. O racismo encarado diariamente aliado a história de exclusão
em relação às oportunidades de trabalho e formação escolar, afeta a competitividade dos empreendedores
negros, por isso ressaltar as formas de resistência e resiliências desses é também um meio de combate às
desigualdades sociais e raciais na sociedade brasileira. A compreensão da realidade social em que está submetida
os empreendedores negros e negras é necessária, para estabelecermos alguns parâmetros iniciais de análise
destes processos de resistência que poderão resultar em contribuições futuras para produção de políticas públicas
e legislações específicas.

Diomario da Silva Junior (UFRRJ); Vinícius de Luna Chagas Costa (UFRRJ). O livro didático de geografia e a
questão racial pós BNCC: uma análise sobre os anos iniciais do ensino fundamental. Como o livro didático
de geografia colabora para entender, discutir e agir frente a questão racial no cotidiano escolar? Esta pesquisa vai
investigar as ideologias raciais presentes nos livros didáticos de geografia e interdisciplinares utilizados pelos
professores que trabalham na rede municipal de Mesquita com o quarto ano do ensino fundamental. O livro
didático é o principal recurso pedagógico utilizado como referência pelo professor em sala de aula, e carrega
além do currículo, concepções de ensino e subjetividades. Para os estudantes da rede pública que estão no ensino
fundamental, muitas vezes o livro didático é o único material concreto de leitura e manuseio durante sua
infância. Partindo desses pressupostos, busco compreender como a temática racial é abordada pelas demais
políticas públicas pertencentes ao campo educacional, principalmente após a homologação da Base Nacional
Comum Curricular. Queremos discutir acerca do que a base propõe no campo da geografia dos anos iniciais a
partir de suas competências gerais e habilidades, buscando compreender se de fato existem conhecimentos
capazes de contribuir para uma formação com valores antirracistas. Como aporte teórico adotamos a
colonialidade do saber, como uma alternativa à epistemologia eurocentrada presente no currículo de geografia,
fundamental na análise das visões de mundo imbricadas nos livros didáticos. Para realizar esta discussão adoto
como metodologia a realização de entrevistas semiestruturadas com os docentes de duas escolas, uma localizada
no centro da cidade e outra na periferia durante o processo de escolha no âmbito do Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD) de 2019 onde busco discutir o uso e os critérios de escolha do livro didático, bem como
investigar se para este grupo existem referenciais de uma educação para as relações étnico raciais.
Posteriormente realizei uma análise documental a partir dos livros didáticos definidos pelas escolas, através dos
materiais de apoio disponibilizados pelo Ministério da Educação. A pesquisa pretende produzir dados atuais e de
referência direta para professores que atuam no primeiro segmento sobre a amplitude e complexidade da
implementação da lei 10.639/03, oportunizando novas reflexões sobre a questão racial.

distância da questão do racismo contra o negro. Os autores aqui citados se apropriam dos conceitos foucaultiano
de biopoder e regimes de verdade e os articulam com as questões envoltas a racialidade. No entanto,
consideramos fundamental ir direto ao ponto e verificar a obra de Foucault que mais diretamente trata sobre a
questão da raça, a compilação das aulas ministradas pelo pensador no Collège de France entre nos anos de
1975/76. Publicado no Brasil com o título Em Defesa da Sociedade, pela editora Martins Fontes. Assim, neste
trabalho nos detemos a observar as concepções da ideia de raça e racismo em Foucault. Em termos gerais, no
decorrer da pesquisa viemos percebendo que mesmo onde ele não trata do assunto raça/racismo, aborda a
produção do inimigo, do risco e da segurança. Temas que serão fundamentais para que algumas vidas vivam e
outras se tornem descartáveis.

do genocídio da juventude negra. Parte da produção que procura dar conta do assunto pelo viés filosófico abre
mão das produções de MBEMBE (2014), NASCIMENTO (1978), CARNEIRO (2005) e MUDIMBE (1989).
No caso, que a desumanização do corpo negro permite que nossos corpos sangrem sem grandes sentimentos de
solidariedade. A leitura da obra destes autores nos desperta um questionamento quase ingênuo que se coloca
como fundamental em termos das escolhas realizadas em termos de referencial teórico para as discussões que se
propuseram elaborar. Como exceção de Abdias do Nascimento, todos os demais, em seus exercícios reflexivos
acerca da articulação dos discursos e mecanismos relacionados à perpetuação do racismo, referenciam Michael
Foucault. A questão quase ingênua que é central neste trabalho, a saber, “Porquê Foucault?” Se impõe como
necessária na perspectiva de investigar justamente o que, da obra de Foucault, aproxima e
Douglas Edimilson da Silva Alves (Coletivo Cultural Sarau Elo da Corrente). Representações da diáspora nas
articulações político-cultural da Comunidade Cultural Quilombaque. A presente dissertação busca analisar
a atuação político-cultural da Comunidade Cultural Quilombaque , fundada em 2005, no momento com 13 anos
de re –existência e tendo sua sede e seu território de atuação, não só mas - principalmente, o Bairro de Perus,
com a maioria de suas ações norteadas ou suleadas a partir das identidades de negra e periférica , produzindo
espaços e manifestações político-culturais das mais diversas. Um dos prismas para entender Comunidade
Quilombaque, como um espaço de cultura que rege a grande maioria de suas ações é a partir de perspectivas
Diaspóricas, seja ela de Africanos sequestrados e escravizados por mais de 3 séculos no Brasil, seja de
Nordestinos que foram empobrecidos e atraídos por promessas de um sudeste que lhes daria melhores condições
de vida, seja de Negros que não conseguiram manter residência no centro da cidade por seus processos de
gentrificação, e foram levados a morar em áreas mais periféricas da capital Paulistana, como esses sujeitos
reconfiguraram seus valores e modos de vida nesse Território e produzem cultura e políticas. Entendendo a
Comunidade Cultural Quilombaque como parte desses processos e produtora de elementos diaspóricos, se faz
interessante utilizarmos do termo que o historiador Amailton Azevedo chamou de micro- áfricas para
conseguirmos de alguma forma compreender os movimentos desses agentes culturais, em suas palavras: “Utilizo
o termo micro áfricas para mostrar que um olhar voltado para micro-processos sociais pode iluminar contextos e
estruturas maiores que se fizeram com as formas de viver e de resistir dos grupos negros na redefinição de seus
valores culturais no espaço urbano”(Azevedo 2006 pag 15 ). O termo não é usado de forma a remeter um
passado romântico e idílico, mas sim para focar nas formas de re-existir de pessoas que foram colocadas à
margem do desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo, e nesse processo buscaram manter em relações
comunitárias que valorizam algumas práticas como oralidade como fonte de sabedoria e troca de conhecimento,
não à toa em seus primórdios A Quilombaque foi espaço de rodas de Capoeiristas do bairro e já há 4 anos conta
com Jongo do Coreto em sua programação mensal, formado por integrantes do coletivo que mantêm essa
pratica, nessas duas expressões podemos acessar a circularidade e a singularidade uma corporeidade ancestral
nos movimentos do seu jogo e dança.Para buscar compreender esses processos achamos que o estudo
etnográfico é o que mais atende as exigências, no que diz respeito à compreensão das ações bem como o diálogo
com os agentes, nesse âmbito autores pós – coloniais como Homi Bhabha e Stuart Hall são fundamentais pela
preponderância das identidades nas ações dos agentes. Identidade , Diásporas e Periferia.

Douglas José Gomes Araújo (Secretaria Estadual de Educação). Cultura Rastafári: um estudo sobre práticas
culturais afro-americanas e representações diaspóricas. Este trabalho possui como objeto de estudo as
representações da diáspora africana na cultura rastafari, que de uma forma geral insere-se no rol das culturas
afro-americanas, compreendidas aqui como uma cadeia de símbolos e práticas referenciados em saberes
seculares e ancestrais, provenientes dos povos africanos abarcados no continente americano sob o advento da
escravidão a partir do século XVI. A cultura rastafári, em sua essência, carrega e re-significa esses conjuntos
simbólicos na natureza de sua própria dinâmica. Assim, pensarmos em representações diaspóricas na cultura
rastafári, como o título sugere, implica em pensarmos as formas organizativas vitais dos sujeitos auto
identificados rastafáris. A estética, a espiritualidade, a relação com a natureza e com sua própria comunidade as
referência ideológicas e políticas são nossos exemplos mais valiosos nesse trabalho, sendo também os elementos
aos quais nos debruçamos como base de nossa pesquisa. Os olhares externos compõe a outra parte da discussão
aqui proposta: como a sociedade em geral percebe, recepciona e se relaciona com a vida rastafari? A racialização
dessas discussões nos parece inevitáveis, bem como sua inserção referenciada no debate do pós-colonialismo. E
é sob essa perspectiva que esse trabalho pretende contribuir para no contexto das discussões e estudos das
culturas diaspóricas. O caminho trilhado nesta pesquisa indica que a cultura rastafári não pode ser lida apenas
como um fenômeno pontual, que subitamente ganhou visibilidade na Jamaica no contexto da luta pela
independência nos anos 1960. Os valores e princípios dessa cultura, conforme Mintz & Price (2001) revelam
nexos mais profundos com tradições culturais africanas milenares reelaboradas nas Américas. Estas culturas
diaspóricas aparecem nos diferentes contextos históricos sustentando lutas contra o racismo, tema que abordo ao
longo do texto. O racismo, o aspecto político mais visível que se expressa no campo das religiões de matriz
africana nos permitiu tecer paralelos entre o Candomblé e a religião Rastafári. As relações entre as tradições
religiosas africanas, o protagonismo bíblico africano e o uso ritual da cannabis, conforme discutimos, não podem
ser vistos isoladamente, pois integram um contexto cultural mais amplo. A cultura rastafári não se reduz também
a um momento especial de emergência da música reggae, com a qual, geralmente as pessoas “desde fora” a
associam. Todos os aspectos citados integram a complexidade da cultura rastafári, que pode ser mais bem
entendida como um “fato social total” multifacetado, conforme o conceito antropológico fundado por Marcel
Mauss (1974). Palavras chave: África, diáspora, pan-africanismo, rastafári.

Dyane Brito Reis Santos (UFRB). Modos e Significados da Permanência Universitária entre Estudantes do
Programa de Permanência Qualificada (PPQ) da UFRB. A criação da UFRB no Recôncavo representou uma
grande possibilidade de inclusão social e promoção do desenvolvimento do interior do Estado e assumindo um
posicionamento político de contribuir para a correção das distorções sócio-raciais a UFRB cria a primeira Pró-
Reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis (PROPAAE) do país, com a missão de trabalhar de
forma articulada as Ações Afirmativas com os Assuntos Estudantis. Esta Pro Reitoria institui a partir de 2006 o
Programa de Permanência Qualificada (PPQ) com o objetivo de garantir a permanência de estudantes em
situação de “vulnerabilidade socioeconômica” nos cursos de graduação, bem como assegurar a sua formação
acadêmica, através do aprofundamento teórico por meio de participação em Projetos de Ensino, Pesquisa e
Extensão. No ano em que o Programa completa uma década de existência, entendemos a necessidade de
investigar como se dá e quais os sentidos da Permanência entre os estudantes bolsistas do Programa de
Permanência Qualificada? Nosso objetivo é identificar os modos e sentidos da Permanência entre os estudantes
bolsistas do Programa. Para responder a este problema de Pesquisa, propomos uma investigação que é tributária
dos estudos qualitativos, em especial a etnometodologia e o interacionismo simbólico. A metodologia deste
projeto está centrada na elaboração de diários de campo, entrevistas e na observação participante e direta das
experiências dos atores em foco. Questionamos o que se faz necessário para garantir a permanência na
Universidade. Obviamente são necessárias condições materiais que permitam a subsistência. É necessário
dinheiro para comprar livros, almoçar, lanchar, pagar o transporte, etc. Mas é necessário também o apoio
pedagógico, a valorização da auto-estima, os referenciais docentes, etc. Sendo assim, entendemos que a
permanência na Universidade é de dois tipos. Uma permanência associada às condições materiais de existência
na Universidade, denominada por nós de Permanência Material e outra ligada às condições simbólicas de
existência na Universidade, a Permanência Simbólica. Antes vale dizer que entendemos por condições
simbólicas a possibilidade que os indivíduos têm de identificar-se com o grupo, ser reconhecido e de pertencer a
ele. Acreditamos que ao buscarmos os modos e significados da Permanência, a partir de quem vivencia este
processo, ou seja os estudantes universitários, mais especificamente aqueles que integram o PPQ, teremos
impactos importantes, do ponto de vista técnico científico, mas também da gestão e da inovação.

Edilson Walney Martins (Ministério da Cultura - MINC). Exclusão etária. Um estudo nos Centros de
Convivência do Idoso (CCI) do Município de Guarulhos/SP. Segundo os dados da ONU (Organização das
Nações Unidas) havia em 2012 aproximadamente 810 milhões de pessoas com 60 anos ou mais em todo o
mundo. Este número deverá crescer para mais de 2 bilhões em 2050, ou seja, alguém que esteja hoje na casa dos
33 ou 35 anos, será considerado idoso em meados da década de 2040. Esta cena real pode parecer distante, mas
o tempo passa rápido, principalmente para quem já chegou à fase adulta. E como resultado desta realidade a
população envelhece. Trata-se de uma categoria social (BOSI, 2004) praticamente invisível. Trabalho com
idosos há mais de 20 anos, sempre na direção de demonstrar a capacidade criativa desta camada da população.
Para tanto mantenho uma Oficina Prática de Produção Artística voltada ao público idoso, cujos objetivos, entre
outros visam contribuir para o seu reconhecimento como indivíduos produtores de cultura e promover ações
concretas de inclusão etária. Essas ações consistem no envolvimento de jovens e adultos na Oficina, que juntos
com os idosos vão compor um corpo artístico único e desenvolver um produto cultural para apresentações em
teatros e espaços culturais. Ocorre que durante o processo muitos destes idosos revelam a condição de
analfabetos, o que seria um impeditivo para seguir adiante. Como forma de ultrapassar este obstáculo desenvolvi
um módulo, dentro da Oficina, com estratégias educacionais de alfabetização e letramento adaptadas para o
ambiente não formal e que vêm produzindo resultados acima do esperado. Outro item de inclusão a destacar diz
respeito ao material didático utilizado nas Oficinas, diferente daquilo que encontramos nas classes de EJA, onde
não só os livros, mas também mobiliário e decoração são adaptações grotescas do Ensino Fundamental, que
desrespeitam o locus socialis da população idosa. Desenvolvi materiais funcionais, com letras e símbolos
aumentados, papel especial, poucas folhas, além de acessórios desenhados especificamente para acomodar as
diversas compleições físicas e conforme os princípios da ergonomia. Assim como cada indivíduo compõe sua
trajetória ao longo da vida, os aspectos cognitivos ligados à educação seja ela formal ou não, também avançam
simultaneamente resultando em uma realidade às vezes diferente daquela que inicialmente pretendida. Os
acontecimentos sociais, as relações familiares de trabalho empurram um e outro para destinos incertos, muitas
vezes tolhendo as oportunidades de aprendizado na época correta segundo as Leis vigentes, ora obrigando o
adulto jovem as classes de EJA, ora simplesmente impedindo que ele estude regularmente. Os resultados nós já
conhecemos: analfabetismo; ou o que se convencionou chamar de analfabetismo funcional.

Edna Maria da Silva Orilhana (Prefeitura do Município de São Paulo). A Reprodução Intergeracional da
Pobreza Sob a Perspectiva de Gênero. A condição de pobreza da população das periferias brasileiras, maioria
negra e parda, IBGE 2010, tem as raízes no marco da Abolição da Escravidão. O vetor da abolição foi mais
econômico que ideológico e deu-se de forma irresponsável, sem que fosse dado ao ex-escravo suporte para
enfrentar o período de transição entre o trabalho escravo e o livre, lançando-o a “uma existência ambígua e
marginal” (Fernandes, 2008:35). A mulher negra encontrou maior facilidade de adaptação à condição livre por
permanecer na execução dos serviços domésticos, tornando-se a chefe da família, segundo Bastide (1974:35)
apud Araujo (2013:31) “a autoridade pertence àquele que sustenta a casa e, como frequentemente a mulher
trabalha enquanto o marido não encontra emprego, a família tende a tomar forma matriarcal”. Para Macedo
(2008:02) “falar em chefia feminina significa entender que essa é uma situação vivenciada por mulheres
pertencentes a diferentes classes sociais”, entretanto estudos evidenciam que entre diversos arranjos familiares,
as famílias com chefia feminina são as mais pobres entre as pobres. Segundo Pearce (1978), introdutora do
conceito de Feminização da Pobreza “a pobreza está rapidamente se tornando um problema feminino” (Belchior,
2007:10). Através de observações realizadas no CRAS de M Boi Mirim constatou-se que a principal demanda é
feminina. Mulheres de todas as idades, maioria negra e parda, baixa escolaridade, inseridas no mercado informal
de trabalho e responsáveis pela manutenção dos filhos, que vivem um dilema posto pela própria realidade:
deixar os filhos em casa aos próprios cuidados para trabalhar e trazer o sustento da família, podendo gerar
denúncia de negligencia junto aos órgãos competentes, como o Conselho Tutelar, por uma situação gerada a
partir da omissão do Estado que não garante a proteção social que lhe compete ou ficar em casa cuidando dos
filhos e os privando do mínimo para a subsistência. Adolescentes, optam pelo trabalho em detrimento da escola
para ajudar no sustento da família, a evasão do ensino médio é de 9,29%(IBGE), criando elementos que
favoreçam o estabelecimento da reprodução intergeracional da pobreza, entendida “pelo processo pelo qual os
pais pobres transmitem pobreza e desvantagens para seus filhos”, Castañeda & Aldaz-Carrol (1992:2) Apud
Belchior (2007:23). O Objetivo dessa pesquisa é conhecer as experiências vivenciadas em condição de pobreza
pelas mulheres chefes de famílias monoparentais nos diversos contextos geracionais e as estratégias utilizadas
para seu enfrentamento e investigar os dispositivos que movem a engrenagem da reprodução da pobreza.

Edson Holanda Lima Barboza (UNILAB- Univ. Integ. Inter. da Lusofonia Afro-brasileira). Ceará "Terra
da luz"? Limites e contradições da abolição e pós-abolição no Ceará (1883-1888). A pesquisa analisa o
processo de abolição e pós-abolição no Ceará, Província que ficou conhecida pelo pionerismo na libertação dos
escravizados, fato que impulsionou o movimento abolicionista em todo o Império do Brasil. O protagonismo
cearense levou José do Patrocínio a homenagear a terra alencarina com a denominação de “Terra da luz”,
contudo, contraditoriamente, apesar da vanguarda em relação ao contexto imperial, a libertação dos escravizados
representou em discursos e memórias oficiais o silenciamento da presença negra a partir do período pós-
abolição, como se, ao findar a escravidão, a presença e as culturas negras também desaparecessem. Deste modo,
a partir da perspectiva metodológica da História Social, a investigação realiza uma leitura a contrapelo dos
discursos produzidos pela imprensa cearense, abordando suas vertentes abolicionistas/liberais e conservadoras.
No campo abolicionista, destaca-se o jornal “Libertador”, editado pela Sociedade Cearense Libertadora,
principal mecanismo de denúncia dos limites em processos e projetos de lei para a emancipação escrava,
evidenciando ainda fugas e perseguições a escravizados de outras Províncias que passaram a buscar refúgio na
Província do Ceará, a partir a intensificação do movimento abolicionista entre 1883 e 1884. Ainda no espectro
liberal, dialoga com os jornais “Cearense” e “Gazeta do Norte”, menos comprometidos com o movimento
abolicionista, mas importantes para uma abordagem mais densa dos embates ocorridos naquele contexto. No
campo Conservador, destaca-se o periódico “Constituição” e sua preocupação com a defesa da propriedade
privada local ou da classe senhorial das Províncias vizinhas, incomodadas com o impacto causado pela abolição
na “Terra da luz”, ao passo que visavam obstar a inclusão dos libertos e negros livres na sociedade ou ainda
buscavam a manutenção da escravidão em algumas localidades do Ceará, como ocorreu em Milagres, cidade
localizada no Cariri cearense, onde, em 1887, há registros de proprietários que se negaram a libertar os
escravizados, mesmo após a abolição promovida pela Província do Ceará, em 1884. Para a análise de dados,
junto aos materiais produzidos pela imprensa, consideramos relatórios oficiais do Presidente da Província. O
corpo documental possibilita avaliar que as reações senhoriais, tais como: a tentativa de manutenção da
escravidão em Milagres, os esforços para perseguir e impedir a entrada de escravizados em fuga das Províncias
vizinhas, as limitações impostas aos libertos através de alforrias condicionais ou não reconhecidas por
determinadas autoridades e a ausência de projetos de integração, são eventos que permitem problematizar as
sombras que ofuscaram uma compreensão mais ampla das repercussões decorrentes da abolição da escravidão
no Ceará.

Educação para as Relações Étnico-Raciais, Formação de Professores e práticas educativas. Após a


implementação da lei 10639/2003, que tornou o ensino de história e cultura africana obrigatório no Brasil, às
questões relativas à educação das relações étnico-raciais tem feito parte de debates e discussões nas mais
variadas agendas acadêmicas e políticas do país. Apesar dos desdobramentos das políticas de ações afirmativas
nos espaços escolares e não escolares, ainda há muito a se fazer para que ocorra o real comprometimento dos
envolvidos com uma educação antirracista. Nessa perspectiva, este GT busca acolher estudos, pesquisas e
experiências que objetivam debater, discutir e analisar as relações entre raça/etnia e Educação em suas
multideterminações em contextos variados. São bem vindos trabalhos que contemplem temáticas sobre Políticas
de ações afirmativas, Relações étnico-raciais e universidade, Formação de professores e práticas educativas para
as relações étnico-raciais (Africana e Indígena); Inclusão no sistema educacional; Impactos e desdobramentos da
lei 10639/2003; Ensino de história e cultura africana, currículo e África, representações étnico-raciais nos livros
didáticos, Memória e tradição oral em contextos educacionais.

Educação popular em saúde: o planejamento familiar às mulheres presas. Este artigo pretende refletir sobre
o Habeas Corpus 143.641, (concedido coletivamente às mulheres presas e adolescentes que estejam grávidas,
com filhos até doze anos e/ou com filhos com deficiência) e o impacto na saúde da mulher segregada, referente
ao planejamento familiar ( Lei 9.263/1996). Dessa forma vamos descrever reflexivamente, o trabalho realizado
pelo serviço social, através de orientação para desenhar e palestras; enfocando o cuidado às mulheres presas em
um estabelecimento prisional do interior do Rio grande do Sul. a necessidade de ampliar e intensificar a atenção
à este tema se fez a partir do fato de que algumas das mulheres presas nesta instituição prisional em que atuo
como assistente social, solicitaram reiteradas vezes teste de gravidez, incoerentemente com o fato de estarem
recebendo anticonceptivos e acompanhadas diariamente pela equipe de saúde até a consumação de um fato de
gravidez. considerando os limites de abstração de informações sobre os critérios do referido Habeas Corpus, da
característica psicológica e social da constituição de personalidade, dos anseios e planos individuais, da
estatística que mostra as motivações e aderência das mulheres ao crime em função/submissão do seu
relacionamento afetivo, da fragilidade de afeto, cuidado e responsabilidade com a prole, a insuficiente orientação
sexual e planejamento familiar no sistema de saúde intra e externamente ao cárcere, a característica de
desconfiança da pessoa presa em relação às propostas e orientações dentro do cárcere, a inflexibilidade da
equipe de saúde de criar novos métodos de intervenção educativa do planejamento familiar com o público
feminino deste cárcere. conversamos com a direção da instituição, com o Conselho da Comunidade sobre o
desafio do serviço social assumir trabalhar com o grupo de mulheres utilizando o grafo drama. Conforme Prates
(2007)"a arte como forma de expressão da matéria- prima do trabalho do assistente social, na medida em que os
sujeitos utilizam diferentes maneiras para exprimir as refrações da questão social nas suas vidas, entre as quais
as produções artísticas que caracterizam seus contextos e tempos históricos".
A/D:/Desktop/A_arte_como_materia_prima_e_instrumento_de_trabalho_para_o_Assistente_Social.pdf, acesso
em 11 de novembro de 2018 às 12 horas. Após estas duas instãncias concordarem e o Conselho da Comunidade
me fornecendo o material didático, iniciamos o projeto, incluindo parceria com agente penitenciária formada em
direito para explicar a lei do Habeas e do planejamento familiar. sendo que a sequencia de desenhos direciona
para o cuidado. Frida Dinareli (Autor) UNIJUÍ

Elisabete Aparecida Pinto (PUC). A gestão da questão étnico-racial na universidade: uma análise a partir
do plano de cooperação técnica para implantação das ações afirmativas na Unifesp. O problema levantado
nessa apresentação reside no fato de a temática étnico-racial ser tratada como um apêndice, semelhante ao
apêndice humano, que quando reclama e inflama é extraído. Todos têm muita consciência da existência do
racismo e vivenciam no âmbito das Universidades na relação com professores e alunos, professores e
funcionários, entretanto, essa temática não encontra lugar nos documentos oficiais das diversas instituições de
ensino explicitando como a instituição irá intervir. As agências de ensino público devem tranversalizar as
categorias étnico-raciais e de gênero. Transversalizar essas categorias é elaborar uma matriz que permita orientar
uma nova visão de competências (administrativas, institucionais, políticas e teóricas) e uma responsabilização
dos agentes públicos e das agências formadoras em relação à luta pela superação das assimetrias sociais, de
gênero e de raça/etnia. Para Bandeira (2005), essa transversalidade, ao garantir uma ação integrada e sustentável
entre as diversas instâncias governamentais, contribui para o aumento da eficácia das políticas públicas,
assegurando uma governabilidade mais democrática e inclusiva. Esta apresentação gira em torno do plano de
cooperação técnica para executar ações afirmativas junto à Pro-reitoria de Assuntos Estudantis da Universidade
Federal de São Paulo - Unifesp na elaboração de programas e projetos de transversalização da questão étnico-
racial e de gênero na política de ações afirmativas e assistência estudantil. Esse termo de cooperação técnica foi
demandado pela PRAE no primeiro semestre de 2015 e deveria ter seu início no segundo semestre de 2015
estendendo essa cooperação até o segundo semestre de 2017. Com certeza a demanda foi sendo suprida por meio
das iniciativas de gestores, profissional dos Núcleos de Apoio aos Estudantes (NAEs) e de alguns professores
empenhados em atingirem as metas institucionais definidas no PDI desta UNIFESP num escorço para superar as
iniquidades provocadas pelas desigualdades de gênero, raça/etnia. Todavia, foi somente no primeiro semestre de
2017 que está UNIFESP através da PRAE debruça-se num esforço para desenhar ações e programas com
capacidade de estruturar mudanças organizacionais com as potencialidades de transformar padrões culturais no
que tange, principalmente, ao racismo institucional no âmbito da PRAE quando se iniciou desenvolvimento do
plano de trabalho. Os questionamentos que justificam feitura desta apresentação se ancoram na fala de alguns
gestores que revelam não ser a PRAE o – lócus- para a execução dos programas, projetos e a ações vinculados às
políticas de ações afirmativas. Onde então?

Elisabete Eugénia Pinto dos Santos Pessanha Rodrigues (Universidade do Minho). Violência Policial nas
Periferias: Que contrapontos? Um estudo de caso entre Lisboa e o Rio de Janeiro. Pretendo demonstrar,
como na realidade portuguesa e na realidade brasileira, especificamente no que diz respeito às áreas
metropolitanas de Lisboa e do Rio de Janeiro, às populações com menor renda, qualificação, de origem migrante
e/ou negra, moradoras de lugares “desqualificados” sofrem negligência, discriminação e violências extremas e
intencionais por parte do Estado, sendo uma das suas “montras” mais visíveis os abusos e torturas policiais
desproporcionais e arbitrários junto dos seus moradores. Seja através do discurso de “guerra às drogas” ou de
manutenção da segurança pública, muitos destes atentados aos direitos humanos permanecem impunes.
Proponho deste modo, a comparação entre os dois contextos, onde a sociedade civil e a esfera judicial têm
contribuído como contrapoder face a estas práticas. Sudan (2002) refere que na sua pesquisa levada a cabo nos
bairros mal afamados de Lisboa, a polícia simboliza o racismo, o arbitrário e a indiferença.Todos têm a memória
de conflitos, detenções arbitrárias e de injúrias. Na cidade do Rio de Janeiro, a Polícia Militar tem usado a força
de forma desnecessária, excessiva e arbitrária, desrespeitando normas e protocolos internacionais sobre o uso da
força e armas de fogo.Isso resulta em diversas violações dos direitos humanos e em um número elevado de
vítimas fatais,que são em sua maioria homens jovens e negros (Anistia Internacional, 2015). No contexto
português, apresento o caso da Associação Moinho da Juventude na defesa de moradores e no combate à
absolvição de agentes policiais em casos de abusos generalizados no bairro Alto da Cova da Moura e em
delegacias policiais, usando como fonte um estudo exploratório de cariz qualitativo. Pretendo ainda debater uma
acusação recente (Julho de 2017), em que de forma inédita o Ministério Público indiciou 18 agentes policiais
pela prática de crimes graves contra moradores deste bairro, através da análise de imprensa. No contexto
brasileiro, introduzo o projeto do DefeZap referente a uma plataforma de reação a situações de violência de
Estado, apresentando um caso ocorrido no Complexo do Alemão em que policiais militares invadiram
habitações privadas com o intuito de as utilizar como base militar (Fevereiro de 2017), através da análise de
entrevistas realizadas com intervenientes do Projeto. Em termos de resultados finais, no caso português, pode
observar-se a ação proativa da Associação Moinho da Juventude e do Ministério Público em prol das alegadas
vítimas; enquanto no caso brasileiro, somos confrontados com a ação conjunta do Defezap e do Ministério
Público,resultando:no julgamento de um major e de um coronel; bem como na preparação de indenizações e
ações de reparação para as vítimas.

Elisângela de Jesus Santos (CEFET/RJ Campus Maracanã). Corporalidades negras: lugares de memórias
femininas na canção contemporânea. O protagonismo de mulheres negras na vida social brasileira tem sido
destacado na contemporaneidade por diversos agentes da sociedade, as mulheres como um todo e as mulheres
negras propriamente. Mas tal protagonismo não é novidade na vida histórica brasileira. Para ficar apenas no
século XX, a compreensão da noção e do papel das tias baianas para a vida política da população negra brasileira
consiste num bom exemplo da importância dessas mulheres negras no tempo em que vivem. O exercício a que
nos propomos, neste Conlab, é uma leitura do disco de Xênia França enquanto território poético que marca o
corpo feminino negro dos pontos de vista artístico-estético, discursivo-político e identitário-militante. Essa
leitura não se dá necessariamente explorando todas as canções do disco e nem de forma linear no que toca a
sequência das faixas. Como qualquer leitura, ainda que se atente para a arquitetura do disco, procura explorar
outras possibilidades criativas e interpretativas da obra do ponto de vista narrativo-discursivo-poético presentes
nas letras das canções. Sem dar conta dos aspectos sonoro-musicais, ainda que eles sejam muito importantes na
arquitetura da obra, não nos atentamos às questões de sonoridade privilegiando, neste momento, as questões
narrativas para propiciar novos diálogos. A noção de “escrevivências negras” forjada pela escritora Conceição
Evaristo é ponto de partida e pano de fundo para compor as questões debatidas. O conceito de escrevivência
interessa-nos para a proposição de paisagens sonoras e de uma geografia poética na/da canção brasileira
contemporânea em diálogo com a constituição identitária étnico-racial do ponto de vista da negritude. Assim,
realizamos a escuta do primeiro álbum solo da cantora, compositora e produtora musical, Xênia França (Xênia,
2017, Agogô Cultural/Natura Musical) para compor um quadro sonoro musical que perpassa a trajetória
individual da artista que atua como cronista social na medida em que sua prática discursiva e estética resultam
em produção identitária onde o corpo é constituinte e constituidor de lugares de memória que, articulados a
questões de gênero, religiosidade e de classe fundamentam um ativismo negro contemporâneo. Considerando a
importância fundamental da música como prática político-cultural da luta negra antirracista nos “espaços”
(físicos e simbólicos) africanos, afro-brasileiros e afro-diaspóricos, nossa proposta quer tensionar conexões entre
diferentes linguagens artísticas, combinando e contrapondo intertextualidades entre literatura e música. O uso da
noção de escrevivências negras junto à música de Xênia França interage neste sentido e resulta numa
metodologia que articula texto(s) escrito(s) e texto(s) falado-cantado(s) num texto poético sob episteme
decolonial e antirracista.

Elizabeth Antonia de Oliveira (Universidade Federal de Minas Gerais). Conhecimento, processos civilizatórios
e ‘mundos’ hierarquizados - A natureza (das coisas) está em descompasso (?) Nesta empreitada um tanto
quanto incipiente, mas na esteira de importantes suportes teóricos, estou tentando propor uma discussão em
torno de alguns “processos civilizatórios” seculares, que o mundo vive; processos esses vinculados
principalmente às noções de sociedade, de territórios e do saber científico, enquanto instrumentos civilizatórios.
Trago, por outro lado, ideias, algumas autorais, relativas à periferização do ‘senso comum’ e da natureza (das
coisas). Para tanto, pretendo incluir, aqui, tendo em vista valores “ocidentais” e também científico-
antropológicos, o “observado”, cuja identidade parece ser construída sob o olhar e a definição do observador;
bem como o “observador”, cuja identidade vou tentar definir, um oxímoro, a partir do meu olhar. Metodologia
Leituras de teóricos, embasadas em uma vivência e observação de comportamentos acadêmicos e sociais que
tento acompanhar desde a minha pesquisa de doutoramento, concluída em 2016, até o meu envolvimento com
plantas e plantas medicinais, uma etapa antes paralela à minha caminhada universitária. Na minha pesquisa
doutoral trato da noção de sujeito acadêmico: ideologias e possíveis identidades hierarquizadas. Estudo, hoje, de
forma autônoma, plantas medicinais e Antropologia, cuja linha denomino de Antropologia Holística. Nesta
empreitada, estou tentando observar comportamentos de pessoas que estão se programando para abandonar o
mundo moderno, que chamo aqui de mundo ‘civilizado’, e se deslocando em direção à natureza (das coisas).
Resultados Os resultados ainda são muito incipientes, uma vez que não há, ainda, pesquisa de campo com
resultados, além da minha observação. Porém, as leituras de alguns teóricos, dentre eles Ribeiro (1972), Sàlámi e
Ribeiro (2001), Dumont (1993) e (2008), Wagner (2010), Latour (2012), foram decisivas na tentativa de defesa
do meu ponto de vista. Logo, posso dizer que, a partir desses teóricos, podemos, sim, distinguir o mundo em
duas vertentes, uma civilizatória, outra naturalizatória. Discussão/conclusão Numa tentativa de acompanhar as
ideias de Darcy Ribeiro, acredito que os processos civilizatórios não cessaram; e que, além de Boavetura de
Sousa Santos, que mostra que o conhecimento pode estar dividido entre epistemologias do norte e do sul, para
mim um grande equívoco, pergunto: será que todos os civilizados precisam, na mesma medida, dos valores, do
conhecimento e da ciência civilizatórios? A natureza pode ser suficiente para alguns? Estou pensando, aqui, na
possibilidade de um dia nós, civilizados, podermos fazer escolhas conscientes, entre a civilização e a natureza.

Ellen Berezoschi (UFSC). A crioulização do rapper Criolo. A partir das colonizações europeias, civilizações
africanas foram espalhadas pelos continentes, principalmente para as Américas. E tradições com sonoridades tão
singulares no campo musical e também no campo linguístico, foram levadas com tantos sujeitos, separados de
suas terras e de seus pares. Hoje é possível acessar ritmos musicais diferentes que se constituíram a partir desse
contato global.A música negra é, portanto, a contra cultura da modernidade (GILROY, 2012). O navio negreiro
e o tráfico de escravos representa a diáspora africana, que com o balanço do mar, trouxe para a América um
grande contingente populacional, bem como os rizomas (DELEUZE; GUATTARI, 2011) da história da música
mundial. Da cultura negra, em contato com o mundo da colonização das Américas, surgem vários ritmos, como
o jazz, o soul, o blues, o reagge, o afrobeat, a salsa, o tango, o samba. Uma infinidade de sons, bem como as
surpresas que o mar carrega de um continente ao outro. O contato entre diferentes culturas foi também
fundamental para que o campo linguístico se transformasse. É possível perceber a modificação das línguas,
principalmente a partir de seus contextos históricos, políticos e sociológicos. Assim, as línguas crioulas surgem
do contato linguístico entre diferentes raízes. Em geral, elas possuem uma base lexical de alguma língua
europeia, mas as estruturas sintáticas e morfológicas são várias, devido à mistura de diversos povos com seus
idiomas. São línguas de contato, carregadas de histórias e misturas de civilizações com heranças coloniais.
Édouard Glissant (2005) discute o conceito de crioulização das culturas, tratando principalmente da figura do
poeta como aquele que deve falar diante de todas as línguas do mundo. O processo de crioulização da Literatura
e do mundo, no sentido colocado pelo pensador da Martinica, é vivo e perceptível na poética do rapper Criolo,
que mistura sons. Assim como as línguas crioulas possuem uma base lexical combinada com estruturas
sintáticas e morfológicas de diferentes línguas, o rap de Criolo possui como base estética o rap combinado com
ritmos de diversas outras estéticas. Este trabalho se propõe analisar essas misturas e contatos de estéticas sonoras
e visuais na poética do rapper, com observações das performances orais do artista, através de vídeos publicados
virtualmente, nas plataformas digitais, possuindo como foco, abordar o hibridismo entre a tradição da música
negra e a modernidade da estética do rap.

Emerson Porto Ferreira (PUC-SP). Moçambique e Angola pelo "cantar" do tambor: a história e cultura dos
dois países através de duas Escolas de Samba. A seguinte proposta de apresentação ao CONLAB 2018, se
baseia a partir dos desdobramentos ocorridos dentro da pesquisa de mestrado a respeito de como os sambas afro-
brasileiros, da Nenê de Vila Matilde podem ser um recurso didático a lei 10.639/03. A seguinte apresentação
visa destacar dois sambas enredos de duas escolas de samba da cidade de São Paulo: o samba enredo da Tom
Maior sobre Angola (2009) e o samba enredo da Nenê de Vila Matilde sobre Moçambique (2015). Os dois
sambas apresentam em suas narrativas uma visão crítica e aprofundada sobre os dois países, em que as suas
histórias e cultura não são postas frente a um estereótipo como mazelas sociais ou de submissão a um passado
colonial. Em ambos os sambas o passado de resistência, a dimensão histórica e a pluralidade cultural acentuam
uma visão mais próxima de uma realidade de luta e resistência. Assim, tais obras representam uma possibilidade
de recurso didática importante para que o professor em sala de aula consiga realizar uma implementação da Lei
10.639/03 e o que as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais. A
importância que uma educação direcionada ao continente africano seja distanciada de estereótipos e de
preconceitos é muito importante, uma vez que o que sabemos (e bem pouco) sobre seu passado e suas relações
muitas das vezes se resumem as proximidades com a escravidão ou religiosidade, onde precisamos de mais
recursos para nos despir de tais questões. E assim dessa maneira, o samba enredo surge como uma metodologia
interessante, já que no samba sobre Angola, temos o quadro de reconstrução após a Guerra Civil, a importância
de Rainha Nzinga dentro do aspecto de soberania da região; ou no samba sobre Moçambique, em que temos a
presença da importância bantu na formação do país, a presença árabe na região e o crescimento econômico e
tecnológico, ou seja, temos uma África que possui um passado e um presente que nos projeta a perceber uma
África que a muito nos foi negada. O samba enredo é um gênero musical que dentro de sala de aula vai muito
além de ser um produto cultural, ele se torna um documento, uma narrativa peculiar de mostrar o passado por
meio de signos e variados significados, que nos fazem perceber a história por outro viés. Assim, a seguinte
proposta é de colocar um cruzamento entre esses sambas, a Lei 10.639/03 e o trabalho do professor em sala de
aula, apresentando outros meios e recursos para se mostrar a importância de mostrar a realeza africana, de
mostrar uma nova Angola e uma nova Moçambique, mas acima de tudo novas perspectivas.

Eric Augusto Xavier da Silva (UNIFESP). O “encontro” colonial : Masculinidades Hierarquizantes. O


colonialismo foi a força motriz que delimitou uma linha de cor entre os humanos, baseando-se na categorização
europeia, considerando deste modo o branco, enquanto categoria analítica, e “apenas este” o critério universal do
que denominamos sujeitos. A ruptura ocasionada por este processo de colonização ou “encontro” - como vai
conceituar Raewin Connel - entre o que existia antes desse momento da história e o que se estruturou após o
período da dominação europeia, implicou numa nova constituição da sociedade, transformando relações sociais
sob o prisma do poder colonial e instaurando novas relações de dependência. Para que a constituição desse
modelo de desenvolvimento social se valesse como regra, fez-se necessária a ampla instrumentalização da
violência colonial, ou seja, a colonização destruiu as estruturas sociais locais e suas dinâmicas, que eram
próprias, tornando-se uma força coercitiva capaz de criar realidades sociais que não existiam anteriormente. A
tentativa de reconstruir uma nova ordem com novas bases, resultou em uma sociedade com tensões exacerbadas
e marcada por violências endêmicas. A teoria social europeia pressupõe, portanto, uma sucessão tangível e
coerente das formas sociais, como se tais formas existissem num tempo contínuo e linear. Mas ao contrário de
tais afirmações, as violações coloniais resultaram na fabricação de uma linearidade geopolítica, linearidade esta
que buscava escamotear a sucessão de fatos conflituosos produzidos pela “dominação”, resultando não apenas
na “invenção” da imagem cultural, como também a criação de uma nova ordem social. A compreensão da
história do colonialismo, das sociedades coloniais e suas dinâmicas não nos permite, portanto, que analisemos a
categoria gênero sem antes considerarmos o impacto do “encontro” colonial na estruturação e modulação de tal
camada. Não é possível, neste sentido, pressupor que houve ou que há existência de uma ordem de gênero do
tipo estável, perfeitamente alocada no tempo e espaço linearmente, pois ao reconhecermos os impactos da
colonialidade e colonialismo, consideramos que tais modelos de dominação destruíram as estruturas locais dos
povos “colonizados” e suas dinâmicas, reconstruindo em seu lugar uma ficção que encaixava tais indivíduos em
ordens de gênero com novas bases, produzindo violências profundamente endêmicas. A partir desta elaboração
lógica que reinsere as dinâmicas coloniais no centro da formação analítica do conceito de gênero, outrora
escondido em função do propósito colonial de fabricação da linearidade histórica é que buscamos pensar as
masculinidades, em especial suas articulações internas , como processos fortemente hierarquizantes fundados
sobre o pacto colonial e alicerçados na dominação hegemônica masculina.

Ernani Shoiti Oda (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP). Memória e diferença no Japão
contemporâneo. Ao mesmo tempo em que o leste asiático vem adquirindo nas últimas décadas cada vez mais
peso na economia e na política mundial, cresce a preocupação de teóricos e analistas sociais com as tensões
recentes que têm marcado as relações entre os países da região, principalmente tendo em vista a proliferação de
discursos de cunho nacionalista no Japão. Este nacionalismo japonês atual tem provocado forte reação em países
como China e Coreia do Sul ao insistir que esse orgulho nacional deveria incluir também a reabilitação e
revalorização de símbolos associados ao período militarista em que o Japão exerceu domínio colonial em grande
parte da Ásia, desde o final do século XIX até a Segunda Guerra Mundial. Podemos ver essa tendência na
formação de associações dedicadas à elaboração de livros didáticos de história que negam ou minimizam atos de
violência cometidos pelos militares japoneses contra outros povos asiáticos, como a exploração de escravas
sexuais – muitas delas de origem coreana – ou o massacre de civis em Nanking, na China, em 1937; na
exortação de símbolos polêmicos como o santuário xintoísta Yasukuni, dedicado a honrar os mortos em combate
pelo Japão, mas muito criticado por prestar homenagem a líderes militares condenados após a Segunda Guerra
Mundial por crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade; em propostas para eliminar as
restrições à atuação militar japonesa que foram estabelecidas pela chamada Constituição, a fim de aumentar a
projeção mundial do Japão através de uma maior intervenção em conflitos internacionais armados. Pode-se ver,
com isso, que uma das questões centrais no contexto asiático atual é o papel da memória e dos processos de
construção simbólica através dos quais os atores formam diferentes representações do passado. Os diferentes No
entanto, esta apropriação do passado não é neutra. A maneira como a memória é construída depende da posição
dos sujeitos e seu contexto social. O objetivo deste trabalho, por isso, é analisar como os conflitos na construção
da memória afetam o atual debate sobre a transformação da cultura e da identidade japonesa na sociedade
contemporânea. A pesquisa tomará como base a contribuição recente da sociologia cultural voltada para o
estudo de traumas culturais, que oferece uma referência para lidar com a dinâmica complexa e mesmo
contraditória da construção da memória.

Eurídice Furtado Monteiro (UNICV). África Itinerante: Paradoxos de uma nação crioula. Cabo Verde tem
sido apresentado como uma paradigmática nação crioula. Por vezes fica-se com a impressão de que há uma
tentativa deliberada de ocultação do facto colonial-escravocrata que deslocou pessoas e culturas africanas para a
formação da primeira diáspora euro-africana atlântica ou, de um modo inverso, a exacerbação do historicismo
em Cabo Verde, sendo que há nesta sociedade os que tendem para o primeiro caso e os que tendem para o
segundo. Este aparente paradoxo de uma aclamada nação crioula torna-se mais traiçoeiro quando se constata
que, em discussões sobre a colonização, a escravatura e a identidade, a imagem de África por cá tende a fixar-se
numa representação do navio negreiro, como se a África não existisse antes da chegada dos europeus, nem a
abolição fosse um dado adquirido assim como as independências nacionais, a democratização e o
desenvolvimento. É como se nunca a África pudesse libertar-se política, económica e mentalmente do cativeiro.
Será que, em pleno século XXI, não se está a disseminar reacções epidérmicas ou induzidas em relação à
história social, económica, política e cultural, ao invés de se procurar reflectir criticamente e de forma
desapaixonada sobre a condição de nação hoje

Evandro Gonçalves da Silva (Fundação Casa de Diadema). Arte Educação Antirracista: disparadores
poéticos- metodológicos para um experimento cênico. Pretende-se pesquisar o psicodrama e o sociodrama de
Guerreiro Ramos para a aplicação dos valores civilizatórios afro-brasileiros validando a lei 10.639/03, usando a
metodologia da improvisação dança teatro e pensando uma metodologia participativa antirracista para a arte
educação no Brasil. O objetivo do trabalho é discutir e investigar novas abordagens metodológicas sobre as
questões étnico raciais, para isso, serão elencados três vórtices aglutinadores, duas fontes primárias quais sejam:
as experiências relatas pelo Teatro Experimental do Negro no jornal Quilombo, mais especificamente os estudos
metodológicos promovidos por Alberto Guerreiro Ramos acerca do psicodrama e do sociodrama nos encontros
de grupoterapia, o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Lei nº10.639/03) e a
prática do pesquisador/artista-educador na técnica de improvisação dança teatro. Espera-se a partir desse
arcabouço, reconhecer o ser humano em sua totalidade criativa, promovendo a experimentação artística a partir
do direito a um processo criativo que leve em consideração a memória individual e sua própria história,
adotando como premissa o caráter terapêutico da arte quando se permite discutir os cárceres psicológicos e
sociais provenientes da discriminação racial, do preconceito e do racismo. A contribuição que se pretende com a
pesquisa é a de inserir o teatro dentro da Educação das Relações Étnico-Raciais partindo de artistas negros que
deram importante contribuição como Guerreiro Ramos e Abdias do Nascimento, partindo das seguintes
indagações: o quanto esses referenciais são utilizados na área do teatro pelo teatro? São intelectuais que ficam à
margem em detrimento de outros? Extrapolando os limites de uma linha curricular para a implementação da lei
10.639/03 e conectando de forma interdisciplinar uma discussão necessária e relevante socialmente, almeja-se
analisar como até o momento práticas relacionadas às artes, em especial à do teatro foram registradas como
forma de enfrentamento do racismo. Por fim, a junção dessas lacunas somadas aos benefícios e propriedades do
psicodrama e sociodrama juntamente com a improvisação dança teatro para a promoção da Educação das
Relações Étnico-Raciais, passam a constituir o recorte deste projeto.

Fabiana Carneiro da Silva (UFSB). Representações da escravidão no Brasil: a revisitação da História pela
literatura e outras artes contemporâneas. A proposta deste Grupo de Trabalho fundamenta-se na proposição
de que contemporaneamente parte significativa da produção artística brasileira, sobretudo de autoria negra, tem
realizado uma revisitação da História e configurado representações singulares do período escravista no Brasil.
Considerando essa recorrência potencialmente prenhe de sentidos, convidamos pesquisadores e artistas a
compartilhar seus trabalhos teóricos de modo que possamos refletir sobre as composições estéticas desse corpus
e vinculá-las a obras brasileiras que em outros momentos históricos também operaram transfigurações da
escravidão. Retendo as rupturas e continuidades entre os distintos projetos autorais, almeja-se debater os
contornos dessa tópica de representação, sublinhar os questionamentos que ela suscita e reiterar uma práxis
antirracista no campo da crítica.

Fabiana Carneiro da Silva (Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB). Luíza Mahin e Luiz Gama:
escravidão e (auto)ficção numa correspondência interceptada. O artigo retoma a significância do gênero
carta no contexto escravista brasileiro para, a partir dos desdobramentos dessa reflexão, analisar
comparativamente o romance, publicado em 2006, Um defeito de cor, que em um de seus sentidos de leitura
performatiza uma carta de Luíza Mahin ao seu filho desaparecido, Luiz Gama; e a carta escrita pelo poeta Luiz
Gama, em 1880, na qual surge pela primeira vez na discursividade do país o nome de Luíza Mahin, identificada
como a mãe desaparecida de Gama. Diante de um contexto de violentas coerções, as possibilidades de uma
“escrita do eu” pelos africanos e seus descendentes no Brasil vinculam-se, assim, a procedimentos que se
fundamentam na suplementaridade entre a literatura e a História. Dito de outro modo, por meio do cotejo da
carta de Luiz Gama com a carta de Luísa Gama, constituinte do romance de Ana Maria Gonçalves, é possível
afirmar que o filho concebe sua mãe discursivamente e esta, por sua vez, concebe o filho igualmente em sua
narrativa. A busca fracassada que ambos descrevem em seus relatos, por um lado, coloca em pungente evidência
a impossibilidade do encontro mútuo e nisso, de modo simbólico, sinaliza algo sobre a dificuldade de assunção
da ascendência africana no Brasil e diametralmente do exercício da maternidade negra (vereda que desenvolvo
em outros trabalhos). Por outro lado, esse mesmo (des)encontro pode ser lido como a constituição de uma
equação na qual Gama, enquanto personagem histórico, elabora a autoficção de sua identidade e Luíza Mahin,
enquanto personagem mítico, se investe de um corpo que é construído via oralidade performatizada na literatura.
Concluída a leitura da obra de Ana Maria Gonçalves, constatamos que os manuscritos encontrados pela
personagem-autora não logrou resolver o que permanece como ponto cego, esse desencontro, encenado na
relação entre filho e mãe, via figura de Luíza Mahin. Nesse aspecto, o âmbito do ficcional replica uma
indeterminação que tem lastro no presente vivido pela autora Ana Maria Gonçalves e pelos leitores da obra,
movimento este que, por sua vez, também coloca tais corpos, da autora e dos leitores, em evidência. As cartas
cuja análise serão tema desta comunicação atravessam esses corpos e constituem sujeitos que, como tantos
outros integrantes da diáspora negra, ao verem-se forçosamente arrancados de suas terras, colocam em ação
processos de “deslocamento, substituição, ressemantização, saturando os vazios e as cavidades originadas pelas
perdas”, como bem descreveu Leda Maria Martins (1997, p.74). Da encruzilhada entre literatura e história
surgem, assim, registros que se perfazem pela falta e tentam elaborar as perdas individuais, mas, a partir delas, o
percurso de toda uma comunidade.

Fabiana Schleumer (UNIFESP). Gestão Pública e Políticas Afirmativas. Nos últimos anos são crescentes as
manifestações de racismo e preconceito nas sociedades contemporâneas. Casos de discriminação e violência
contra negros, mulheres, indígenas, portadores de necessidades especiais, idosos, gays, lésbicas e “trans” fazem
parte do noticiário cotidiano. Sendo assim, propomos este GT cujo objetivo principal é reunir trabalhos que
visem apresentar relatos de experiências, propostas e reflexões sobre os caminhos para a implementação de
políticas afirmativas no âmbito da gestão pública. São bem-vindos trabalhos que reflitam sobre experiências
realizadas ou em andamento em Universidades, ONGs e demais instituições dos territórios de língua portuguesa.

Fátima Modesto de Oliveira (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP). Do Partido do ensino à Escola
sem Partido: um apartidarismo partidário. Busca-se analisar diretrizes políticas, sociais, filosóficas e
educacionais como é o caso das que estão presentes na Associação Brasileira de Educação (ABE) e em sua
variante contemporânea “Escola sem Partido”. Investiga-se, portanto, suas formas de atuação enquanto
dispositivos de implantação de políticas educacionais de viés autoritário. Produzindo com isso, normatividades e
legitimações de uma política ultradireitista e neoconservadora que envolve uma inculcação ideológica,
resultando em conformidade social. Este artigo adota uma abordagem qualitativa e o procedimento técnico
metodológico utilizado será a análise documental por meio da observação de documentos legais e institucionais,
além de textos e livros como fonte de pesquisa. A pesquisa tem um caráter historiográfico situando-se no âmbito
da história cultural e história da educação a fim de se compreender as representações de um recrudescimento
autoritário. Cabe pensar em uma etnografia das fronteiras entre o cultural, o social e o político, entrelaçadas ao
âmbito educacional, ao perceber a trajetória das concepções de educação que vão desde aquela que entende a
educação como problema nacional, passando por aquela onde a educação passará a ser considerada “problema
de segurança nacional”. Portanto, dirigir o olhar para o desenvolvimento dessas tendências conservadoras, que
por trás da idéia de “neutralidade” e de uma aparente vocação apartidária pode ser um importante viés de análise
que trás para a pesquisa educacional, uma visão interdisciplinar articulando conhecimentos da História da
Educação com a Antropologia ao observar a presença no contemporâneo de um imaginário moral que sofre
reconfigurações do passado. Torna-se importante não desprezar uma possível existência (com algumas
persistências e reconfigurações) de uma mentalidade conservadora no Brasil, engendrada por meio de uma
conciliação do liberalismo econômico com o pensamento autoritário, patriarcal e ditatorial. O pensamento
eugênico pode estar oculto por trás de discursos e ideários que permanecem relacionados à barbárie. Observar
tais aspectos pode ser relevante para educadores que pretendem considerar o proposto por Adorno e Horkheimer
ao enunciarem a necessidade de que “Auschwitz não se repita” na esfera educacional. Palavras-chave: Escola
sem Partido; Ultradireitismo; Ultraliberalismo; Normatividade; Apartidário.

Fernando Bessa Ribeiro (Universidade do Minho). . A Europa depois da crise: Uma crítica a partir da
periferia europeia. A União Europeia enfrenta uma situação de crise profunda. À crise das dívidas soberanas,
despoletada pelas dificuldades de refinanciamento da dívida pública por parte da Grécia em 2010, rapidamente
atingindo outros países da periferia europeia, como a Irlanda, Chipre, Espanha e Portugal, a União Europeia
enfrenta agora a crise dos refugiados e o chamado “Brexit”. Face a este cenário, será que a União Europeia
conseguirá sobreviver, como aconteceu no passado, mantendo em marcha um projeto político a diversos títulos
singular, já a caminho da sua sétima década de existência? Ou, pelo contrário, a União Europeia está hoje
perante uma multiplicidade de problemas que é incapaz de superar, nomeadamente devido a uma arquitetura
institucional inadequada e paralisante?Não sendo possível uma resposta definitiva, atendendo às complexas
variáveis em jogo, esta comunicação procura analisar a situação europeia, considerando a história política da
União Europeia e as opções escolhidas para gerir a crise. Trata-se de um exercício de análise a partir de uma
posição periférica, fortemente influenciada pela situação portuguesa no quadro europeu e tomando como
referência um dos argumentos fortes de Žižek e Horvat (2015): sabendo-se sobretudo o que não se quer, são
muitas as soluções e propostas de saída da crise, suscitando insanáveis divergências, interpelações e dúvidas.
Daqui decorre que o debate terá de ser fundado na compreensão das dinâmicas políticas, sociais e económicas
em que a Europa está mergulhada, não podendo obliterar a identificação das causas que estão na origem e no
trajeto da atual crise europeia e que concorrem para consolidar as desigualdades sociais, especialmente presentes
nos países periféricos, como é o caso de Portugal. Quer isto dizer que os problemas europeus, incluindo os
económicos, são inevitavelmente políticos. Há, pois, que discuti-los, cotejando posições, argumentos e interesses
concorrentes que levarão a escolhas e compromissos necessários à viabilidade futura da União Europeia, dando
especial relevância aos efeitos produzidos pela crescente discrepância entre a chamada “Europa social” e uma
realidade socioeconómica marcada por opções neoliberais. O predomínio destas confrontam a União Europeia
com a desconfiança crescente dos cidadãos que, a não ser revertida, terminará numa crise severa de legitimidade,
extensamente analisada por Beck (2013). Não camuflando o pessimismo, o artigo encerra com a interpelação de
uma agenda política progressista para a União Europeia. Embora de concretização muito incerta, é fundamental
para tornar viável um futuro comum democrático e de bem estar social para os cidadãos europeus.

Flávia Alves de Sousa (UERJ); Maria do Socorro Pimentel da Silva (UFG). Educação intercultural em
contextos indígenas. O objetivo desse Grupo de Trabalho é construir um espaço de interlocução interdisciplinar
com pesquisadores, professores e outros agentes educacionais que têm se preocupado com os processos de
discussão da educação intercultural indígena. No Estado brasileiro e em outros países da América Latina, a
história dos povos indígenas é marcada por diferentes processos educacionais. No Brasil, a experiência
educacional dos povos originários se constitui por um movimento de uma educação voltada para os indígenas,
formulada por missionários, indigenistas e agências governamentais, e uma educação pensada pelos movimentos
de autonomia indígena. Neste caso, principalmente a partir de 1970, há um fortalecimento do movimento
indígena no que diz respeito à luta por uma educação diferenciada, notadamente com a participação das
universidades e setores não governamentais. Com esse direito reconhecido na Constituição Federal de 1988 e
estabelecido na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional - 1996, os projetos de construção de uma
educação diferenciada indígena, autônoma, intercultural e bilíngue tornaram-se objetivos a serem alcançados.
Nessa perspectiva, o movimento em torno da organização dessas escolas tem contribuído para o agenciamento
desses povos, principalmente com a demanda específica por professores indígenas. Assim, a formação, seja por
acesso à universidade via cotas ou em cursos de licenciaturas interculturais, vem possibilitando as trocas, as
reflexões e a produção de conhecimento sobre essa escola diferenciada, pensada e gestada pelos próprios
indígenas em diálogo com as agências estatais, movimentos sociais e organizações não governamentais. Assim,
as experiências de educação em contextos indígenas na sociedade brasileira e em outros países da América
Latina, tanto aquelas voltadas para o movimento de escolarização numa perspectiva intercultural e descolonial,
como outros processos de educação desenvolvidos em espaços não formais, são temas de interesse desse grupo
de trabalho.

Flávio Santiago (UNICAMP). Não é nenê, ela é preta, se vira sozinha!: Um estudo etnográfico das
intersecções entre as relações raciais e de gênero nas culturas infantis entre as crianças de 0-3 anos em
creche. O presente trabalho tem como objetivo contribuir com os estudos referentes à produção das culturas
infantis, explorando os aspectos relativos às (re) interpretações das intersecções entre o processo de racialização
e as relações de gênero produzidas por crianças pequenininhas, negras e brancas, de 0 a 3 anos, de um coletivo
infantil em uma creche pública. A ideia de intersecção sugere relações de conexão que devem ser construídas
como relações historicamente contingentes e específicas a determinada conjuntura e, a partir desse recorte, é
possível focalizar um dado contexto e definir demarcações para a construção de objeto, como categoria analítica
e como tema de mobilização política e de pesquisa. Trata-se de uma etnografia que realizada na região
metropolitana de Campinas-SP, fazendo uso do registro em caderno de campo e entrevistas com as docentes da
instituição. As crianças serão aqui tomadas como ator social ativo e produtor de cultura (FERNANDES, 1961;
COHN 2005; CORSARO, 1997), e a creche será abordada como espaço público que propicia a construção de
coletivos infantis de meninos e meninas de pouca idade que reproduzem, mas que também criam novas forma de
organização das relações sociais, marcado assim a escolha teórica que concebe a infância de modo não abstrato.
Para fomentar as análises é adotado o referencial teórico da Sociologia da Infância, Sociologia das Relações
Raciais e os Estudos de Gênero. Com base nas análises, pode ser destacado que os reflexos da branquitude são
reverberados na construção das relações estabelecidas entre as crianças pequenininhas e o pesquisador, outro
aspecto que abordado foi o processo de construção da feminilidade das meninas negras pequeninhas, o qual
desde a tenra idade é atribuído a um local público e a não humanidade/ em que muitos momentos o não afeto e a
próprio conceito de infância construído pela modernidade para proteger as crianças não está presente não se faz
presente nessa relação. Também foi possível perceber que as crianças pequenininhas, negras e brancas,
tencionam as hierarquias pautadas na ordem patriarcal e racista, criando outros modos de relação com o mundo e
com os outros sujeitos por meio de suas brincadeiras e relações construídas a partir de sua agencia enquanto
sujeitos.

Gabriel Banaggia de Souza (PPGCIS/PUC-Rio). Mecanismos de combate a fraudes nas ações afirmativas.
Ações afirmativas de caráter étnico-racial têm começado a alterar de forma significativa a composição tanto do
funcionalismo público quanto do alunado que ingressa na educação superior no país. Transformação similar
começa a se notar nos cursos de pós-graduação, em especial os oferecidos por Instituições Federais de Ensino
Superior (Ifes). Somam-se agora mais de 15 anos desde o surgimento, em 2002, da primeira iniciativa levada a
cabo de ação afirmativa numa pós-graduação no país, e o cenário encontra-se propício para um balanço dos
sucessos e desafios que estas medidas têm proporcionado e enfrentado. Nesta apresentação, tratarei de modo
mais direto de um mecanismo de implementação tão recente quanto fundamental ao seu bom funcionamento, a
saber a criação e atuação de comissões de combate a fraudes nas ações afirmativas. Como ficará explícito, o
ponto de vista aqui adotado será, de maneira incontornável, simultaneamente analítico e propositivo, acadêmico
e político, apoiado num paradigma ético-estético-político, como proposto por Félix Guattari. Esta comunicação
envolverá a análise de um caso concreto de elaboração de uma ação afirmativa por um programa de pós-
graduação que atendeu às decisões institucionais em vigor, bem como sua repercussão numa controvérsia
jurídica de alcance potencialmente muito mais amplo, envolvendo o ajuizamento de três processos que
colocavam em questão características específicas dessa política. Após tentativas iniciais de conciliação, as três
ações levaram o juízo responsável pelas decisões a convocar uma audiência de instrução para ouvir especialistas
ligados ao tema, entre os quais o autor desta comunicação. No documento administrativo que convocou a
audiência, o juízo explicitou a importância das decisões para a adequada implementação das ações afirmativas
como um todo, argumento já avançado publicamente pelo magistrado, num evento com presença maciça. Esta
fala irá se dedicar a apresentar a controvérsia jurídica em sua complexidade, bem como fornecer um quadro das
atuações mobilizadas em torno dela por distintos agentes, incluindo os argumentos que serviram para dirimir
equívocos no funcionamento das ações afirmativas e das comissões destinadas a combater fraudes que têm posto
em risco sua efetivação.

Gabriel Luiz da Silva Souza (USP). Os desafios da reinserção social do egresso negro do sistema prisional
por meio do mercado de trabalho a partir de uma perspectiva interseccional. Na abolição da escravatura no
Brasil, com a substituição do trabalho forçado pelo trabalho livre (assalariado), viu-se a exclusão da população
negra livre na nova estrutura social, sobretudo no mundo do trabalho, que se deu principalmente com o incentivo
do governo na importação de mão de obra europeia. Deste modo, o negro é inserido no mercado de trabalho de
forma marginal, e ainda hoje a população negra carrega as cicatrizes desse processo excludente. Se no mundo do
trabalho o negro foi historicamente excluído, já no mundo do cárcere o protagonismo foi forçadamente dado ao
negro, uma vez que este constitui a maioria dessa população. Neste sentido, o presente projeto empreende pensar
a relação entre essas duas expressões históricas do racismo, as consequências da exclusão do negro na estrutura
social e do mercado de trabalho, bem como as consequências do estigma carregado por aqueles que passam pelo
sistema prisional brasileiro. Deste modo, esta pesquisa tem por objetivo analisar a existência de uma possível
barreira na inserção social do egresso negro, por meio do mercado de trabalho, a partir de uma perspectiva
interseccional, na qual o egresso negro é acometido por uma dupla discriminação: por ser negro, e por receber a
marca da delinquência ao passar pelo sistema penal. Para tanto, o projeto se utilizará de métodos qualitativos,
por meio de entrevista semiestruturadas com egressos do sistema prisional e reincidentes criminais, e com base
no referencial teórico adotado, buscará identificar quais os desafios na reinserção social desses egressos no
mercado de trabalho. Assim sendo, pretende-se realizar entrevistas com homens negros, maiores de dezoito
anos, egressos do sistema penitenciário, que foram condenados por crime de drogas e contra o patrimônio, bem
como homens com as mesmas características, mas que reincidiram criminalmente e ainda permanecem
cumprindo pena. O campo de pesquisa adotado será as penitenciárias José Parada Neto e Desembargador
Adriano Marrey, ambas localizadas no município de Guarulhos, estado de São Paulo. A hipótese levantada é a
de que existe uma barreira na inserção do egresso negro no mercado de trabalho comprometendo sua reinserção
social, e que essa falha na reinserção pode ser um fator para uma reincidência criminal. A relevância desse
projeto de pesquisa se dá na medida em que constata-se um aumento significante de homens negros deixando o
sistema prisional, desassistidos de políticas públicas efetivas que os reinsiram no mercado de trabalho, fazendo-
se necessário pensar, a partir de uma perspectiva interseccional, como essas opressões se sobrepõe e afetam
ainda mais o negro ao deixar o sistema prisional e partir em busca de um lugar em um mercado de trabalho com
tal grau de racialização.

Gabriela Cordeiro Santos (IHG Santos). O processo de escolarização do negro na Primeira República (1889-
1930). Desde os anos finais do Império Brasileiro e mais precisamente no decorrer dos anos da República Velha,
havia uma idealização de modernização, isto é, no século XIX, a elite brasileira tendo como exemplo modelo
países europeus, queriam alcançar a civilização. Para tal, perceberam que era imprescindível investir na
educação pública, porém, desde os anos iniciais na colonização da América Portuguesa, negros e índios eram
excluídos desse processo, sendo eles considerados na Primeira República como empecilhos para o progresso
brasileiro. Em alguns casos, negros e negras escravizadas eram alfabetizados por instituições religiosas,
principalmente por jesuítas, tendo em vista que sempre haviam interesses dos senhores, onde essa educação
religiosa era como forma de doutrinação. Outra questão é, há poucos estudos sobre a escolarização da população
negra. A maioria dos trabalhos realizados são estudos e pesquisas sobre a camada mais abastada da sociedade e
como esta ajudou na implementação da instrução pública para as camadas populares. Mediante as observações,
este projeto tem como finalidade apresentar a proposta de pesquisa que terá como objetivo analisar o processo de
acesso e permanência da população negra nas instituições escolares brasileiras na primeira República. Esse
processo está intrinsecamente ligado com duas vertentes: a exclusão e o abandono. Uma das justificativas é que,
mesmo existindo decretos e reformulações no ensino primário e secundário, estes criavam mecanismo de
exclusão para com negros e indígenas, sendo estes grupos marginalizados pela sociedade brasileira, pois eram
considerados raças inferiores. A metodologia a ser utilizada é a histórico-documental, ou seja, por meio dos
documentos podemos interrogar o passado, para que possamos entender o processo de escolarização dos negros
no final do século XIX e começo do século XX. Espera-se ao final da pesquisa compreender quais foram os
decretos e reformulações no ensino brasileiro, que ajudou e vetou a população negra a ingressar nas instituições
escolares, tendo em mente o projeto modernizador para o país chegar a civilização. A partir dessas questões,
podemos compreender, a evasão escolar da população negra, buscando referências e respostas nas conjunturas
do passado.

Gabriela Silva Santos (CEU EMEF JAGUARÉ). A Ludicidade e as Múltiplas Linguagens para a Educação
das Relações Étnico Raciais e Educação Especial nos anos Iniciais do Ensino Fundamental. Sabe-se que a
inclusão social começa pela educação, nesse sentido, a escola é um espaço privilegiado para que a criança seja
de fato incluída e obtenha condições para seguir e construir sua trajetória. No entanto, na formação docente,
temas caros como a Educação Especial e a Educação das Relações Étnico-Raciais são estudados do ponto de
vista técnico, isto é, apresentando-se os dispositivos legais e autores de referência, mas, a prática dessas políticas
inclusivas é algo que exigirá constante formação por parte do educador, afinal a cada ano letivo, um grupo novo,
com necessidades específicas lhe será confiado.A questão da Educação das Relações Étnico Raciais, assunto
caro para um país em que metade da sua população é negra, embora seja um campo consolidado de pesquisa
acadêmica, nas salas de aula da Educação Básica, ainda são pouco explorados e suas boas práticas nem sempre
ventilam encorajando novas abordagens e experiências. O presente projeto de pesquisa debruça-se sobre a
educação inclusiva, pautando-se em dois dispositivos legais que a saber: a Lei 10639/03 que visa a Educação das
Relações Étnico Raciais e a Legislação que norteia a Educação Especial que estabelece as diretrizes para a
Educação Especial. Percebe-se que os estudantes da Educação Especial têm duas atividades adaptadas de acordo
com suas habilidades e que na construção dessas atividades, a discussão das Relaçãoes Étnico Raciais não
constitui um escopo. Em um país em que a maioria da população é afrodescendente, deixar de trabalhar e
promover a diversidade com todos e todas e tornar a escola um espaço de promoção da igualdade é salutar e
emergente.A necessidade de adaptação de materiais e métodos aos estudantes da Educação Especial, permitem o
uso de inúmeras linguagens e ressalta a importância do lúdico como ferramenta para a promoção da
aprendizagem. Nesse sentido, buscar-se-ão construir uma sequencia didática com o intuito de promoção da
educação das relações raciais específica para estudantes da Educação Especial, As políticas educacionais devem
estar voltadas para a eliminação de todas as formas de discriminação, de modo que os alunos possam participar
plenamente das ações pedagógicas e sociais da escola, centradas nas diferentes formas de aprender e conviver.

Gerson Sergio Brandão Junior (Santa Marcelina Cultura). Porquê Foucault? A Questão da Raça na Filosofia.
O presente trabalho parte da necessidade de compreender os pressupostos contidos na produção filosófica que
garantem, de algum modo, a perpetuação
Gilsilene Passon P. Francischetto (Faculdade de Direito de Vitória). Um olhar no caleidoscópio das igualdades
e das diferenças nas relações de emprego. Estamos vivenciando um período de grande discussão acerca da
importância dos Direitos Humanos e a Carta Magna de 1988 acolheu amplamente tal ideia. Prova disso
encontramos no art. 1º, III da CR/88 que estabeleceu como um de seus princípios fundamentais a dignidade da
pessoa humana, que deve constituir a espinha dorsal de todo o sistema legal e dos demais direitos ali
estabelecidos e assumiu o compromisso com valores que rechaçam o preconceito e qualquer forma de
discriminação. Tal lógica aplica-se também às relações trabalhistas, pois diante da importância do trabalho para
as pessoas, não se pode tolerar qualquer prática discriminatória tanto para o acesso quanto para a permanência
do vínculo empregatício. No entanto, encontramo-nos diante de uma tensão: Se por um lado a Constituição de
1988 trouxe um tratamento muito rico quanto aos Direitos Fundamentais dos trabalhadores, por outro, indaga-se
acerca da forma como ainda estabelecemos representações acerca da igualdade e da diferença com relação a
todos esses direitos. O que se quer questionar é: Como podemos pensar os avanços normativos no campo do
reconhecimento das diferenças e, ao mesmo tempo, colocarmos em questão os parâmetros de “normalidade” que
marcam o ambiente laboral, em especial as discriminações étnico-raciais? Para tal análise busca-se um diálogo
com autores que se debruçam sobre a discussão da tensão entre igualdade e diferença, em especial Boaventura
de Sousa Santos e sobre a colonialidade ainda presente nas relações de trabalho no que diz respeito aos negros.
Partir-se-á da exposição da crítica do referido autor ao desenvolvimento do projeto moderno e seu esgotamento e
como a dogmática jurídica comportou-se como um importante elemento racionalizador da vida social e uma
forte aliada da ciência moderna. Assim, temos assistido a uma considerável criação de normas jurídicas acerca
do reconhecimento das diferenças (diferenças estas escolhidas sempre a partir de padrões de normalidade
considerados adequados àqueles que tem o poder se tecer tais teias discriminatórias) e uma concessão de alguns
espaços, mas com baixa efetividade de direitos. No entanto, a fragilidade desse sistema pode ser verificada na
medida em que ao reconhecer as diferença, por si só, não contribui para o fortalecimento de laços de
solidariedade e de alteridade, pois não foi capaz de desconstruir a relação dicotômica entre “nós” e “eles”. Neste
contexto, reconhecer passa a ter um significado diferente do que apenas “conhecer de novo”, mas ser um
elemento que nos proporcione tecer teias de proximidade para que possamos enxergar de maneira mais nítida o
caleidoscópio das igualdades e das diferenças nos vários espaços sociais, inclusive nas relações de trabalho.

Giselle Cristina dos Anjos Santos (Universidade de São Paulo - USP). Discursos sobre a democracia racial em
Cuba e no Brasil: Tramas de gênero, raça e sexualidade (1933-1978). Existem muitas correlações entre a
história de Cuba e do Brasil, sobretudo no âmbito étnico racial. A partir de argumentos em defesa da existência
de relações raciais harmônicas foram fundamentados os discursos sobre a identidade nacional em Cuba e no
Brasil desde a primeira metade do século XX. Contudo, ao longo do tempo, mas especialmente a partir do final
da década de 1970, emergiram muitas vozes denunciando que as desigualdades sociais existentes eram
consequências diretas das hierarquias raciais, e que essas sociedades estariam muito distantes do alcance da
igualdade neste âmbito. O debate, alimentado pelos argumentos de defesa e de crítica ao mito da democracia
racial, representa a disputa da construção das memórias sobre o passado e de noções acerca da identidade
nacional nos dois países. Essas discussões fomentaram a produção de artistas, intelectuais e literatos, que
inseriram em suas obras olhares diversos sobre raça, nação, gênero, sexualidade e mestiçagem. Esta
comunicação possui como objetivo discutir a construção de discursos sobre a democracia racial na sociedade
cubana e brasileira entre 1933 e 1978, relacionados especialmente a figura das mulheres negras e mulatas, por
meio de produções literárias. Assim, para debater as representações de gênero, raça, sexualidade e mestiçagem
nos discursos sobre democracia racial serão utilizadas duas obras: Écue-Yamba-Ó (1933) do escritor cubano
Alejo Carpentier e Gabriela, cravo e canela (1958) do brasileiro, Jorge Amado. Pois, ao situar os diferentes
sentidos e significados presentes na obra de Amado e Carpentier no conjunto de discursos sobre a democracia
racial em Cuba e no Brasil, é possível trazer à tona evidências históricas acerca dos processos de construção de
discursos que podem ter sido consolidados como mitos, edificando imaginários sobre a existência de relações
raciais harmônicas. No tocante à inserção dos dois autores nos seus respectivos cenários intelectuais, vale
ressaltar a influência em suas produções das obras de importantes pensadores sobre relações raciais e identidade
nacional. Por exemplo, Carpentier tinha uma relação de amizade com Fernando Ortiz desde a década de 1920. E
Amado também foi inspirado pela produção intelectual de Gilberto Freyre, a quem foi apresentado pessoalmente
em 1932. Ou seja, Amado e Carpentier estavam inseridos no movimento literário de seus respectivos países, ao
mesmo tempo que estavam em contato com os debates presentes na esfera política e intelectual. Isto se coloca
devido a interligação dos campos da política e da cultura.

Gláucia Domingues Silvério (UFU/MG). A prática pedagógica rizomática e educação das relações étnico-
raciais sob a perspectiva multiculturalista. As escolas apresentam uma estrutura curricular, social e cultural
voltada para a noção de igualdade entre todos/as, desconsiderando as particularidades juvenis, seus anseios,
angústias, expectativas, modos de viver, culturas, histórias e condições econômicas. Seguindo essa lógica os
conteúdos e valores, na maioria das vezes, são apenas repetições das visões de mundo dos grupos hegemônicos
no âmbito social. Nesses espaços as questões sobre a formação humana crítica, reflexiva, libertadora que
expresse a autoestima e o reconhecimento de classe, cor, gênero e raça ocorre esporadicamente por um ou
outro/a docente, pois a pauta curricular padrão não possui essas características. É relevante discutirmos as
formas de educação que se concretizam nas escolas públicas para pensarmos sobre a vida dos jovens negros
nesses ambientes escolares, especialmente das jovens negras, pois além da cor da pele a questão do gênero se
evidencia como um fator importante da constituição da identidade e da alteridade no contexto escolar. É sobre a
educação não arbórea, engessada ou de cima para baixo, que promove discussões, debates, reflexões e
construção do conhecimento sobre outras maneiras de viver, além currículo, pertencentes à cultura e modos de
viver dos/as estudantes que falaremos neste texto. O objetivo do presente texto é relacionar o pensamento
rizomático de Deleuze e Guatarri (1995) com a educação das relações étnico-raciais, sob a perspectiva
multiculturalista. Está organizado em uma breve explicação sobre o multiculturalismo, o rizoma e em seguida
demonstra que seguir essa perspectiva rizomática no contexto da prática pedagógica é também realizar uma
educação sob a perspectiva da teoria multiculturalista em especial a de Mclaren (2000). A partir dessa discussão
delineamos o nosso campo de pesquisa que se configura em um estudo sobre os sentidos produzidos pelas
jovens negras sobre o racismo no espaço escolar, as transformações e as permanências que podem ser
verificadas em mais de quinze anos da criação da Lei Federal 10.639/03 que institui a obrigatoriedade do ensino
com a história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas públicas e particulares brasileiras. Como referencial
teórico trabalharemos com alguns autores do multiculturalismo, como Candau e Moreira (2008), Nilma Lino
Gomes, Kabengele Munanga que teorizam sobre uma educação antiracista, voltada para a promoção da
diversidade cultural, racial e étnica frente à realidade da política neoliberal, uma educação que problematiza as
diferenças entendo-as como relevantes na formação educacional discente. A metodologia de pesquisa será de
cunho qualitativo, observação de campo e entrevistas semi-estruturadas direcionadas às jovens negras de
algumas escolas públicas estaduais de Uberlândia-MG.

Gleiziane Pinheiro dos Santos (Senac - São Paulo). A Voz Negra no Teatro Paulista Aspectos
anatomofisiológicos e identitários. Este trabalho visa correlacionar as características perceptivas e acústicas da
voz de atores e atrizes negros com seus respectivos achados anatomofisiológicos e descrever possíveis
problemáticas identitárias. A voz do negro ainda é pouco estudada no âmbito do teatro paulista. Existem raras
publicações nacionais que citem ou abordem questões anatomofisiológicas de atores e atrizes negros. Algumas
publicações americanas afirmam que existem disparidades anatômicas entre negros e brancos que proporcionam
mudanças nas características vocais. Essa questão pode ser relevante para atores e atrizes negros, que tem como
objeto imprescindível para o trabalho teatral, a produção vocal. Como mulher negra, fonoaudióloga, atriz,
cantora e docente, sinto falta de estudos que me auxiliem em questões técnicas e identitárias para acrescentar
informações para um melhor aproveitamento do aparelho vocal em minha profissão. Também é necessário
inserir no campo da pesquisa a questão identitária correlacionada com as diferenças anatomofisiológicas
apontadas em vozes negras. A voz negra no teatro brasileiro tem um número reduzido de publicações nas áreas
sociais, anatômicas, fisiológicas e identitárias. É urgente uma investigação acústica e nasofibrolaringoscópica,
além de uma análise sobre questões identitárias para contribuir com o desenvolvimento do estudo vocal e teatral
direcionado as vozes negras. Esse projeto pretende contribuir com o esclarecimento das causas da diferenciação
vocal de atores e atrizes negros na cidade de São Paulo e apresentar possíveis problemáticas identitárias nos
falantes pesquisados. A voz de atores e atrizes negros possui uma diferença anatômica a ser considerada; a
questão identitária é fator pertinente na condição vocal de atores e atrizes negros; essa pesquisa contribui com o
desenvolvimento do estudo vocal e teatral direcionado as vozes negras. A pesquisa pretende submeter 20 atores
e atrizes negros e 20 atores e atrizes brancos, profissionais, residentes e atuantes na cidade de São Paulo a testes
acústicos, exames de nasofibrolaringoscopia e questionário com questões objetivas fechadas para análise sobre
questões identitárias. Trata-se de uma pesquisa exploratória, que poderá ser submetida ao Comitê de Ética em
Pesquisa da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo – SMS/SP. Os procedimentos serão realizados após
adesão voluntária dos sujeitos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Guilherme Pires de Campos Godoy Valvasori (UENF). As contribuições de um estudo ecológico visando o
diagnóstico dos ecossistemas locais para o conflito entre agricultores familiares e a mineração de bauxita
na Serra do Brigadeiro (MG). O Distrito de Belisário, localizado no município de Muriaé (MG), tem 100% do
seu território dentro de áreas protegidas, incluindo parte do Parque Estadual Serra do Brigadeiro. Entretanto, o
distrito vem sendo afetado por um processo de redução das chuvas e esgotamento de nascentes. Além disso,
Belisário é palco de conflitos entre a população local – cuja principal atividade econômica é a agricultura
familiar – e a empresas ligadas à mineração de bauxita, cujas atividades avançam rumo ao distrito. Em relação à
crise hídrica, a mesma pode resultar de fatores globais (i.e., mudanças climáticas), e locais (e.g.; padrões de uso
e da cobertura da terra). No que diz respeito à exploração de bauxita, o processo de resistência à mineração
insere-se em um movimento transnacional de comunidades locais que resistem à degradação de seus territórios
por atores ligados ao mercado internacional de commodities. Este trabalho teve como objetivo determinar os
principais fatores que controlam a disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos em Belisário. No entanto,
tendo em vista a possibilidade de que a área se torne o lócus de atividades de mineração, o estudo procurou
estabelecer os níveis de base dos parâmetros físico-químicos dos corpos hídricos locais. Além disso, foram
levantadas informações acerca dos padrões dominantes do uso da terra e as características socioeconômicas da
população de agricultores familiares. Para isso, uma metodologia de métodos mistos foi empregada para a coleta
de dados, incluindo o uso do software ArcGIS para fins de determinação de principais tipos de usos e coberturas
da terra, a aplicação de um questionário em uma amostra aleatória de proprietários rurais, e a coleta de amostras
de água no Rio Fumaça e seus principais tributários. Em conjunto, o diagnóstico gerado aponta ser necessária a
adoção de medidas em escala local para melhorar a quantidade e qualidade de recursos hídricos. Finalmente, os
dados levantados para a realização da pesquisa têm servido de base para a discussão e contestação da mineração
de bauxita no Distrito de Belisário, contribuindo assim para dar suporte à busca de padrões de desenvolvimento
sustentáveis no Distrito de Belisário e na sua região de entorno.

Gustavo Rodrigues Lemos (Universidade Federal do ABC - UFABC). O conceito de collective self-reliance
como estratégia de desenvolvimento para os países do Sul. A trajetória internacional dos países do Sul Global é
marcada pela luta contra as exclusões e assimetrias existentes no sistema internacional. Do ponto de vista da
Economia Política, isso se evidencia a partir dos anos 1960, diante da crescente insatisfação e crítica dos
modelos de desenvolvimento promovidos pelos países centrais. Nesse período, o Sul começou a formular
estratégias alternativas de desenvolvimento, no sentido de se diferenciarem da trajetória unidirecional
disseminada pelos países capitalistas, ao mesmo tempo em que se diferenciava do modelo soviético. Destaca-se
nesse contexto, particularmente no contexto africano, a estratégia de autossuficiência coletiva (collective self-
reliance). Vinculada à trajetória da Tanzânia e ao pensamento de seu ex-presidente, Julius Nyerere, tal proposta
ganhou espaço no plano internacional ao longo dos anos 1970 e 1980, especialmente no interior do Movimento
dos Não-Alinhados, tendo influenciado propostas como a de criação de uma Nova Ordem Econômica
Internacional (1974) e a Declaração de Cocoyoc (1974). O caráter aberto do conceito fez com que o debate em
torno de seu sentido e definição fosse amplo, o que abriu margem para distintas interpretações. Tendo como
hipótese que o conceito de autossuficiência coletiva pode ser visto como uma possível terceira-via terceiro-
mundista dentro dos debates da Economia Política, o presente trabalho tem como objetivo compreender a
trajetória histórica e intelectual do conceito, por meio da análise dos debates realizados a seu respeito. Pretende-
se ainda distinguir o conceito de autossuficiência de outras propostas desenvolvidas no interior do terceiro-
mundismo e do continente africano, como as de desenvolvimento endógeno e o pan-africanismo econômico.
Para isso, adota-se como método a revisão e análise bibliográfica de material existente acerca da temática.
Espera-se com isso resolver possíveis indefinições conceituais em torno da ideia de autossuficiência coletiva.
Espera-se também contribuir com o campo da Economia Política, ao apresentar questões pertinentes às
discussões sobre desenvolvimento econômico, ao revelar algumas das contribuições que os países do Sul
trouxeram ao longo do tempo.

Haydée Glória Cruz Caruso (UNB). Quando a polícia vai à escola: notas etnográficas sobre o “Programa
Escola Segura” em Portugal. A presente comunicação aborda os resultados preliminares de etnografia recém-
concluída, fruto de meu pós-doutoramento em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de
Lisboa, onde busquei problematizar “o lugar” da Polícia no âmbito escolar Português. Entender como, quando e
porque a polícia entra na escola (e por ali permanece) tornou-se o meio pelo qual busquei analisar as formas de
administração de conflitos construídas por atores da gestão educacional em colaboração (ou com o suporte e, por
vezes, protagonismo) de atores da segurança pública. Questões relacionadas à construção da autoridade em meio
escolar, diversidade e multiculturalismo, assim como, possibilidades de administração de conflitos, para além
dos muros escolares norteiam algumas das reflexões aqui postuladas. A pesquisa empírica foi realizada em duas
escolas públicas, sendo uma localizada em zona central da cidade de Lisboa e outra em área periférica. Ambas as
escolas são contempladas com o Programa “Escola Segura” que se traduz em uma política pública
interministerial envolvendo o Ministério da Educação e o Ministério da Administração Interna. A execução da
política se dá através das agências policiais portuguesas e, nos casos investigados, era desenvolvida pela Polícia
de Segurança Pública- PSP, há mais de 25 anos. Interessou-me compreender, em termos sociológicos, como se
configura a atuação policial no ambiente escolar português, marcada por uma diversidade cultural e étnico-racial
que se traduz, por exemplo, no fato de uma das escolas investigadas ser composta por 33 nacionalidades
diferentes e, noutra caracterizar-se pela presença de crianças e adolescentes ciganos e afrodescendentes. É nesse
contexto pluriétnico e de múltiplas culturas que a Polícia vai à escola interagir tanto nos espaços de sala de aula,
através das chamadas “sensibilizações”, quanto na própria rotina escolar, a partir de um diálogo/ação estreito e
regular com os integrantes da gestão que inclui diretores, coordenadores, psicólogos, assistentes sociais entre
outros atores-chave. A partir de um olhar etnográfico, focalizado na atuação dos agentes policiais dentro e fora
da escola e de uma perspectiva dialógica com demais atores presentes neste ambiente, foi possível apreender o
universo de crenças que orientam as narrativas por eles construídas e que contribuem para definir quais são as
prioridades elencadas para esse tipo de intervenção policial que têm efeitos sobre o cotidiano dos jovens
estudantes portugueses e/ou que vivem em Portugal. Observar a realidade portuguesa - que nos parece, ao
mesmo tempo distinta e familiar - permitiu-me, ao final, tecer questões pertinentes ao contexto brasileiro que
poderão ser úteis ao debate contemporâneo sobre a relação escola-polícia.

Henrique Hugbert de Oliveira Reis (Universidade Federal do Pará - UFPA) e Jaime Luiz Cunha de Souza
(Universidade Federal do Pará - UFPA). Desafios da Tecnologia Cibernética: Perspectivas de Uma cidade
Amazônica. A internet possui uma importância fundamental na sociedade do início do século XXI, sua presença
molda diversos aspectos socioeconômicos além de se mostrar cada vez mais uma necessidade individual, e sua
utilização expõe situações e eventos do cotidiano que às vezes não possuem espaço nas mídias tradicionais.
Todavia, a quantidade de problemas de a internet ajuda a resolver é tão grande quanto aqueles que ela ajuda a
criar. A estruturação necessária para a existência da internet em uma localidade vai desde a questão física de
estrutura de cabeamento, hardware, e mercado até a necessidade intelectual técnica do usuário, questão que
expõe problemáticas estruturais sociais que interferem na existência eficiente da internet numa localidade que
podem reverberar na expressão dos próprios usuários sobre os problemas físicos da sua localidade na internet
(devido a faceta de comunicação que a internet possui) o que expõe questões como IDH da região e como estes
usuários se expressam nas redes sociais, seja pelas informações que consome ou pelas suas necessidades
cibernéticas. A Amazônia nesse cenário possui um histórico desafiador de implementação da internet para sua
população em geral por diversos fatores que necessitam de análise, sendo estes problemas associados a questões
geográficas e de IDH das localidades que implica nos usuários e suas estruturas urbanas ou rurais. A análise dos
dados sobre o histórico da Amazônia, da estrutura socioeconômica e das necessidades da internet, possuem
como objetivo estimar a projeção que os usuários de uma cidade amazônica possuem no ciberespaço comparado
com outros brasileiros em metrópoles de usufruírem da internet em sua totalidade, sendo analisado em que
aspectos a internet pode ajudar a resolver problemas estruturais pertinentes a região, além das questões e
desafios que a internet traz para o usuário por sua posição de constante mudança e de um entendimento mais
avançado da temporalidade na web e seus efeitos na sociedade, revelando mais os aspectos capitalistas que se
aprimoram na sociedade pela plataforma cibernética. Este trabalho analisa a noção de “uso eficiente” da internet
e seus impactos sobre os usuários dessa tecnologia em Belém do Pará.

Henrique Pavan Beiro de Souza (UFABC). Empreendedorismo - Trabalho desenvolvimento. A socióloga


Viviana Zelizer aponta que um circuito vai além do mero fluxo monetário, afirmando que as relações sociais de
afeto, intimidade e proximidade são definidoras de sua caraterização. Schumpeter que afirma que a moeda é um
numerário que interliga os processos de produção e consumo do fluxo circular, algo que tem este nome porque
se repete e se recria ininterruptamente na ausência de distúrbios externos e inovações disruptivas. Este GT visa
reunir trabalhos que possam colaborar para a reflexão de fenômenos tais como: a criação e desenvolvimento de
“economias locais”, a articulação entre discursos e teorias críticas acerca do desenvolvimento e
empreendorismo, dentre outros.

Henrique Pavan Beiro de Souza (UFABC). Uma análise do circuito da moeda social mumbuca. Este trabalho
tem por objetivo descrever o circuito monetário da moeda social Mumbuca, criada em 2013 no município de
Maricá, Rio de Janeiro. Trata-se de uma política pública voltada para a inclusão social e ao mesmo tempo
estímulo ao desenvolvimento local, já que a moeda é criada no momento em que a prefeitura deposita o Bolsa
Mumbuca nos cartões dos beneficiários. Para possibilitar tal análise, propõe-se três eixos teóricos de
interpretação sobre circuitos socioeconômicos. Primeiramente, recorremos aos teóricos do circuito monetário,
que concentram sua análise na cadeia de débitos/créditos, começando com a criação inicial de meios líquidos,
continuando para as utilizações sucessivas da moeda no mercado, e terminando com sua destruição final. O
próprio termo "circuito monetário" revela a origem do fato de que a teoria examina o ciclo de vida completo do
dinheiro, de sua criação pelo sistema bancário, através da sua circulação no mercado, a ser reembolsado aos
bancos e sua consequente destruição. Já a socióloga Viviana Zelizer aponta que um circuito vai além do mero
fluxo monetário, afirmando que as relações sociais de afeto, intimidade e proximidade são definidoras de sua
caraterização. Por fim, recorremos à análise de Schumpeter que afirma que a moeda é um numerário que
interliga os processos de produção e consumo do fluxo circular, algo que tem este nome porque se repete e se
recria ininterruptamente na ausência de distúrbios externos e inovações disruptivas. Pudemos verificar que a
ação do estado é decisiva no circuito mumbuca: cerca de 16 mil pessoas são beneficiárias do cartão e
aproximadamente 200 estabelecimentos comerciais o aceitam como meio de pagamento. Assim sendo, o circuito
da moeda mumbuca é consideravelmente grande em termos quantitativos se comparado a outras experiências de
moedas locais. Ao mesmo tempo, segundo dados coletados em questionários fechados destinados aos
participantes da moeda mumbuca, verificamos que há um grande senso de pertencimento ao sistema, à cidade e
a redes locais com a utilização da moeda. O que significa que houve a efetivação do circuito nos termos de
Zelizer. Entretanto, do ponto de vista estritamente monetário, constatamos que o circuito é demasiadamente
simples já que o ciclo de vida da moeda é curto e há pouca variedade de bens e serviços transacionados
(majoritariamente alimentos e itens farmacêuticos). Todavia, houve considerável criação “economias locais”,
dado que muitos estabelecimentos aumentaram seu faturamento e criaram novos produtos e estratégias ao
participarem da moeda local, assim como vários usuários mencionaram ter substituído produtos que eram
comprados fora da cidade por produtos produzidos localmente.

Humberto Manoel de Santana Jr. (Unicamp).Nos caminhos de Pomba-gira: notas sobre trabalho de campo
e comitê de ética na encruzilhada. Esta proposta de artigo tem como foco a relação entre o trabalho de campo
com a Pomba-gira e as exigências de Termo de Livre Consentimento Esclarecido (TLCE) pelo comitê de ética
da pesquisa. Partindo da reflexão da pesquisa de campo para compreender a perspectiva da Pomba-gira sobre as
relações que as pessoas constroem acerca dos (des)encontros entre os quereres, os fazeres que envolvem as
vivências na gira e os acertos que são construídos para efeitos pragmáticos. Utilizo relação enquanto noção que
pode ser aplicada a qualquer forma de conexão (STRATERN, 2017) em diálogo com a noção de encruzilhada
(ANJOS, 2012) numa espécie de confluência (SANTOS, 2015). Seguindo o caminho proposto por Strathern
(2017) de compreender não somente as relações entre as coisas, mas as coisas que estão em relação, podemos
perceber que não existe uma universalização dos conselhos, pois existe essa espécie de composição de mundos
fazendo-se mutuamente entre as relações que são feitas e experimentadas. A partir dessas composições de
mundos que vão fazendo-se é necessário compreender que os mundos se relacionam, e não as relações entre os
mundos variam numa espécie de limite que não é o geográfico, mas na forma de limite da função (VIVEIROS
DE CASTRO, 2002) que aponta para uma mesma direção que pode ser o ponto de encontro da encruzilhada. Na
encruzilhada a normalidade (NA’IM AKBAR, 1984) é seguir cumprindo os acertos para abrir os caminhos. Ter
os caminhos abertos nessa encruzilhada é ter os ouvidos atentos ao que a Pomba-gira diz, e assim então, levar a
sério o nativo, como afirma Viveiros de Castro (2002). Levar a Pomba-gira a sério é necessário compreender os
seus conceitos como expressão de um mundo possível exprimido pela Pomba-gira, onde o possível passa por
uma verificação para que ele seja validado como real ingressando nele, não com o intuito de explicá-lo, mas de
multiplicar nosso mundo povoando-o desses mundos exprimidos que existem a partir de suas expressões
(VIVEIROS DE CASTRO, 2002). A partir de uma abordagem etnográfica e partindo do ponto de vista que a
Pomba-gira precisa ser levada a sério e levando em consideração que a minha pesquisa se desenvolve com a
Pomba-gira que ocupa o corpo-território em que a mesma chama de cavalo para vir em terra, juntamente com a
pergunta que dela quando pedi autorização a ela para fazer a pesquisa que ela me respondeu: porque você pede
tanta autorização para fazer as coisas? que busco a reflexão sobre o trabalho de campo e o uso do TLCE. Uma
vez que não é o cavalo que pesquiso, de que vale a assinatura desse corpo, da matéria? Se a Pomba-gira me
pergunta porque peço tanta autorização para fazer as coisas, qual o valor do TLCE para o meu campo? Palavras-
chave: Pomba-gira, encruzilhada, trabalho de campo, comitê de ética

Iamara de Almeida Nepomuceno (Universidade de São Paulo - USP). Construções de papéis sociais e poder
feminino: olhares sobre a trajetória de dona Luiza do Goengue na sociedade zambeziana da segunda
metade do século XIX. Este trabalho de pesquisa vem sendo desenvolvido no curso de mestrado em História
Social na Pós-graduação da FFLCH, da USP. De maneira geral, abordamos o contexto dos prazos (território
formado a partir do contato e do confronto pelas sociedades culturalmente miscigenadas) no vale do Zambeze,
observando o processo de confronto entre as elites afro-indo-portuguesas e militares lusos, pelas várias gerações
de senhores donos do prazo de Massangano entre 1869 e 1888, com a finalidade de compreender a participação
feminina nestes processos. A despeito do resumo da pesquisa ora apresentado, exporemos sobretudo as
discussão acerca da personagem Luiza Michaela da Cruz, ou Luiza do Goengue, a partir da ambiguidade
subjacente as representações sobre a sua personalidade. Selecionamos e confrontamos as representações nos
relatos: Voyage au Zambèse de Paul Guyot, A l'est et à l'ouest dans l'Océan Indien de Charles Courret e
Exploration au Zambèse: situation géographique et aspect du pays, flore, faune, habitants de Rodolphe Gaffard.
Por intermédio de concepções vindas da História Social, sobre os prazos destacamos Allen Isaacman, Malyn
Newitt, José Capela e Eugenia Rodrigues, já acerca da historia das mulheres, destacamos Joan Scott, Maria O.
Dias, Maria C. Wissenbach, Rachel Soihet e Juliana Paiva de Magalhães, abordamos as agências históricas
africanas, ou seja, as relações de poder na sociedade africana do vale do Zambeze, as formas de fazer política,
hierarquias sociais, relações de parentesco e marcadamente a atuação de dona Luiza no contexto da guerra de
Massangano. Analisar os relatos a luz do conceito de “Africanização” de Allen Isaacman explica as sociedades
afro-portuguesas Zambezianas sendo moldadas a partir da lógica cultural e política das sociedades africanas,
utilizamos ainda as concepções do estudioso Alfredo Margarido que ressaltou as formas de “hegemonia
africana”, ou seja, o controle africano dos parâmetros e valores das relações de poder, no âmbito cultural, social
ou político. E o de gênero, entendido a partir do que Dias expõe, somando-se as concepções de Maria Cristina C.
Wissenbach de Juliana P. Magalhães, historicizamos os conceitos universalizantes e generalistas das fontes: a
mitificação da figura feminina, os papéis sociais das mulheres, bem como seus desdobramentos no cotidiano e as
hierárquicas raciais. Por fim, constatamos que as fontes emitiam discursos desqualificadores sobre dona Luiza.
Apontamos os mitos sobre Luiza: espiã, agindo ora em favor dos portugueses, ora atuava em favor do irmão, o
Bonga. Além de assassina de seus maridos portugueses. Percebemos ainda, uma representação dicotomia
hierárquica sobre o exercício do poder. Palavras-chave: Moçambique, Donas, Prazos Zambezianos, Gênero,
Poder.

Ianá Souza Pereira (USP). Pequenos trechos sobre contos, depoimentos e memórias de escritoras negras
brasileiras e moçambicanas. A comunicação visa fornecer alguns elementos para uma reflexão sobre o
"silenciamento" de escritoras negras na literatura e baseia-se na minha pesquisa de doutorado que teve duas
fontes de dados: a análise de obras literárias, quatro livros de contos – As andorinhas (Paulina Chiziane),
Insubmissas lágrimas de mulheres (Conceição Evaristo), Malungos e milongas (Esmeralda Ribeiro) e Ninguém
matou Suhura (Lilia Momplé), privilegiando temas referentes à movimentação social nos textos (contexto
político, cultural e histórico das tramas, tal como se deixaram apanhar no interior de cada obra), a pobreza, a
condição dos negros, a subordinação da mulher e vivências e respostas de mulheres a eventos ou circunstâncias
de racismo e sexismo (respostas ao rebaixamento econômico-político longamente formado contra mulheres
negras, o que necessariamente incluiu respostas à opressão e à reificação da mulher negra, à subordinação e aos
atributos de coisa que lhe foram historicamente impingidos). Na comunicação também apresentaremos trechos
das entrevistas semidirigidas e do exame de depoimentos das escritoras trabalhadas na pesquisa, quatro
escritoras negras contemporâneas e de língua portuguesa – duas moçambicanas, Lilia Momplé e Paulina
Chiziane, e duas brasileiras, a mineira Conceição Evaristo e a paulista Esmeralda Ribeiro. A comunicação parte
de uma primeira premissa, que se organiza em torno de questões levantadas por Virginia Woolf sobre os
impedimentos para o surgimento de mulheres escritoras nas sociedades patriarcais. Lendo a pesquisa de Virginia
Woolf sobre escritoras do século XIX, fica clara a discussão das dificuldades para a produção de uma escrita
feminina na delimitação temporal proposta pela autora, considerando que elas encontra obstáculos porque vive
em sociedades dominadas por homens. No entanto, há outras questões que se colocam quando não se trata de
escritoras brancas, europeias e de classes abastadas, ainda que submetidas à opressão de um mundo hegemônico,
burguês e masculino. Surgem aí os obstáculos levantados pelas próprias escritoras depoentes sobre a condição
dos negros em sociedades dominadas por brancos e que precisariam ser considerados com densidade, uma vez
que estruturam materialmente todo o funcionamento econômico e social do mundo contemporâneo. Há também
que pensar com densidade na pobreza do sexo feminino apontada por Virgínia, nas mulheres como destituídas
da propriedade do dinheiro, da falta de liberdade e de espaço na vida social.

Ilka Patricia Dias Fernandes (UNAERP). Violência contra mulher e capitalismo: uma perspectiva juvenil de
conhecer para superar. Este projeto de pesquisa tem como proposta, analisar a violência contra a mulher
enquanto expressão do sistema capitalista e suas determinações frente às relações de gênero, raça e classe na
juventude, conhecer as estratégias de superação dos estereótipos socioculturais que reiteram as violações contra
o feminino e compreender como as fragilidades socioeconômicas dimensionam e aproximam os jovens das
comunidades periféricas, das situações de violência contra a mulher. O processo investigativo se justifica pelos
índices oficiais e pela diversidade de violações que se abatem sobre as mulheres e, que de acordo com Cisne e
Santos (2018), coloca em risco a integridade física, social, moral, patrimonial, sexual, psicológica e obstétrica.
Para Saffioti (2004) qualquer movimento em busca de equidade entre homens e mulheres, só será possível pela
conjugação de vontade da totalidade social, do contrário, os esforços tenderão ao fracasso. O percurso
investigativo para o alcance dos resultados terá início a partir das perspectivas de jovens negros, de ambos os
sexos, moradores inseridos em projetos sociais ativos nas comunidades da Prainha em Guarujá-SP, Humaitá em
São Vicente-SP e Cota 200 em Cubatão-SP. A técnica a ser aplicada é a de grupo focal, como mecanismo de
viabilização de um cenário de convivência ameno e de entrosamento entre os indivíduos, de maneira que o
pesquisador capte com nitidez as contribuições para a pesquisa. Entre os instrumentais estarão: questionário,
diário de campo, registros fotográfico e gravador. O aporte teórico será o marxista interseccional que, conforme
Netto (2011) viabiliza a apreensão sobre a concepção histórica dos indivíduos, do meio onde está inserido e as
influências que exercem sobre si, quanto a interseccionalidade, Cisne e Santos (2018 apud Hirata, 2014) dizem
da forma de leitura das múltiplas opressões que se entrecruzam e se distinguem por razões gênero, classe e raça.
Os argumentos originados desta proposta de estudo poderão compor um diagnóstico dos posicionamentos da
juventude negra e periférica frente à estrutura do capital e emergir mecanismos que auxiliem na superação das
inseguranças sociais explicitamente cunhadas pelo capitalismo.

Inês Tavares (ISCTE-IUL). A relação entre atividades extracurriculares de teatro e o desempenho escolar. A
presente comunicação foca-se na relação entre as atividades extracurriculares de teatro e o desempenho escolar e
foi operacionalizado através de um estudo de caso realizado numa escola em Lisboa, centrado na atividade
extracurricular de teatro. A influência das atividades extracurriculares pode verificar-se no desempenho escolar
por duas vias principais: uma mais materializável, correspondente a resultados escolares, e outra mais simbólica,
relativa às representações sociais e ao desenvolvimento de caraterísticas como criatividade, espirito crítico ou
formulação de pensamento. A comunicação está estruturada em quatro principais pilares: um primeiro que
retrata o programa de pesquisa e a forma como este foi metodologicamente pensado, expondo o objeto de
estudo, o modelo de análise e os métodos e técnicas utilizados. Um segundo que se debruça sobre o capital
cultural e a reprodução das desigualdades sociais nas desigualdades escolares, aspeto central do quadro teórico
do projeto. Neste contexto, desenvolvem-se a relevância das qualificações dos pais, os processos invisíveis de
desigualdade, a reprodução social, a mobilidade ascendente, a inclusão e exclusão escolar e a relação entre as
desigualdades de recursos e as desigualdades de oportunidades. Um terceiro ponto foca-se nas atividades
extracurriculares de teatro e analisa, em conformidade com a teoria produzida e a recolha empírica, a possível
atenuação que estas atividades possam ter relativamente à reprodução das desigualdades escolares. Em relação a
este aspeto, procede-se à análise da relação entre educação e desigualdades extracurriculares e outras vertentes
relacionadas com o teatro, como as aprendizagens por via de técnicas cénicas e uma reflexão acerca da
relevância do teatro na formação de representações sociais. Um quarto e último pilar propõe uma ponderação
sobre o papel da escola e do teatro para esbater a reprodução social, uma vez que a investigação tem a função de
refletir determinadas problemáticas mas também de pensar a sua aplicação concreta no terreno e a sua
materialização na perspectiva de uma efetiva transformação social. Assim, desenvolve-se a reflexão acerca das
políticas públicas, da articulação entre as diversas instituições em estudo e dos mecanismos transformadores da
sociedade.

Inicialmente me dei conta de que a institucionalização está arraigada em todos, mas as expressões cotidianas no
trabalho variam conforme o comportamento de cada um. Mas todos estão nesta instituição, por buscarem
trabalho e se permanecem, precisam cumprir com sua função. E está descrita nas suas atribuições, por vezes
ultrapassa para a função social da profissão, pois se convive com um contingente adoecido socialmente, que
provocam até o limite das emoções do profissional, que é humano.
Isaac Fonseca Araújo (UFPA); Rafael Peçanha de Moura (Universidade Estácio de Sá). Meio Ambiente e
comunidades. Busca-se congregar trabalhos que contemplem, nas relações engendradas na articulação entre
meio ambiente e comunidades, a complexidade de processos de resistências e re-existências, o universo das
interações cotidianas entre próximos, as negociações e disputas no âmbito de um sistema de atores locais, as
dinâmicas de mobilização dos atores integram reflexos e controvérsias dessa mesma mobilização, contribuindo
para a emergência de um território de ação (TEISSERENC, 2014) em boa medida concebido, engendrado e
dirigido localmente por atores que, ao se inserirem numa arena pública (CEFAI, 2011), participam da
formatação de um lugar-território e neste estabelecem relações sociais fortalecedoras de uma base produtiva
impulsionada por um capital político que contraria interesses de grupos dominantes, análise que se alimenta de
uma sociologia sensível aos conflitos entre projetos de território em uma Amazônia onde três padrões de
organização da sociedade (tradicional, moderno e pós-moderno) coexistem. Restou, pois, demonstrado que o
modelo de desenvolvimento pautado em grandes projetos – promotor de concentração de renda, desigualdades
econômicas e conflitos socioambientais – ameaça o projeto de território reivindicado pelos sujeitos da pesquisa.

Isaac Fonseca Araújo. (Universidade Federal do Pará - UFPA). Ação pública local e ambientalização na
Amazônia brasileira: do conflito ao território de desenvolvimento. A presente comunicação destina-se a
analisar um processo de mobilização social e os conflitos daí decorrentes em contexto de ambientalização na
Amazônia brasileira (1980–2014). O conteúdo dos debates entre atores e as cenas públicas por eles criadas – em
que se evidenciam disputas de projetos e concepções de desenvolvimento territorial – foram acompanhados por
meio de pesquisa etnográfica com agricultores familiares e pescadores artesanais do território do Baixo
Tocantins, na Mesorregião Nordeste do Pará. Uma etnografia do mundo da vida associativa (CEFAI, 2011),
operada com observações direita e participante e entrevista (GOLDENBERG, 2004), possibilitou analisar, a
partir das condições de produção e das estratégias operativas, a emergência de duas ações públicas local-
territoriais: o Projeto Mutirão e a Cooperativa Agrícola dos Empreendedores Populares de Igarapé-Miri
(CAEPIM). Nesse campo (BOURDIEU, 2004) foram examinadas experiências coletivas, perspectivadas pela
ação local, com vistas a uma territorialização da produção de uma vida econômica e política mais inclusiva, o
que parece ter contribuído para o desenvolvimento territorial preconizado pela oposição de um sistema de atores
a estruturas de dominação, especialmente a exploração de recursos nos moldes do que tem ocorrido na
Amazônia, limitando-a a uma plataforma de recursos dominada pelas forças “civilizadoras” do capital (LÉNA,
2002). De uma perspectiva sociológica da ação pública local (TOURAINE, 2009; BRAGA E BURAWOY,
2009) buscou-se penetrar em um universo não tão familiar às análises sobre a complexidade de processos de
resistências e re-existências na Amazônia: o universo das interações cotidianas entre próximos, das negociações
e disputas no âmbito de um sistema de atores locais. Os dados do acompanhamento etnográfico demonstraram
que as dinâmicas de mobilização dos atores integram reflexos e controvérsias dessa mesma mobilização,
contribuindo para a emergência de um território de ação (TEISSERENC, 2014) em boa medida concebido,
engendrado e dirigido localmente por atores que, ao se inserirem numa arena pública (CEFAI, 2011), participam
da formatação de um lugar-território e neste estabelecem relações sociais fortalecedoras de uma base produtiva
impulsionada por um capital político que contraria interesses de grupos dominantes, análise que se alimenta de
uma sociologia sensível aos conflitos entre projetos de território em uma Amazônia onde três padrões de
organização da sociedade (tradicional, moderno e pós-moderno) coexistem. Restou, pois, demonstrado que o
modelo de desenvolvimento pautado em grandes projetos – promotor de concentração de renda, desigualdades
econômicas e conflitos socioambientais – ameaça o projeto de território reivindicado pelos sujeitos da pesquisa.

Isabel Bezerra de Lima Franca (UFABC); Eliane Cristina de Carvalho Mendoza Meza (UFABC). Apresentação
de Comunicação de pesquisa em Grupo de Trabalho O movimento NEGRA SIM de Santo André como
empoderamento da mulher negra. A contemporaneidade trouxe a significativa mudança dos movimentos
sociais e econômicos para as lutas identitárias, expondo em seus contornos perpassados por desigualdades de
classes outras formas de colonialidades que contribuem para perpetuar ações que vão de encontro aos direitos
humanos. Nesse sentido, os movimentos sociais tradicionais, apesar de sua importância política, não
conseguiram atender as especificidades da mulher negra, pois a interposição do racismo e do sexismo que estas
experimentavam, tornavam-nas duplamente vítimas de uma sociedade patriarcal e racista. Assim, apesar de se
engajarem nos movimentos raciais e políticos, as mulheres negras perceberam que a opressão exercida pelos
homens (até mesmo os negros), as impediam de usufruir da igualdade de direitos que lhes era devida. Por outro
lado, os movimentos sociais feministas encampados pelas mulheres brancas as mantinha em uma posição de
inferioridade ao acreditar que somente a luta contra o racismo resolveria os problemas das mulheres negras. No
Brasil, a percepção da transversalidade entre as questões de gênero e de raça possibilitou a criação de uma nova
agenda política, sob a perspectiva de gênero, cuja pauta abrangeu a clássica doutrina feminista, combatendo, ao
mesmo tempo, tanto as desigualdades de gênero, quanto as intragênero. As especificidades relacionadas às
mulheres negras exigem um empoderamento específico, uma vez que determinadas agressões que atingem a sua
subjetividade são experimentadas apenas por elas. Assim, a criação de movimentos sociais que lutam pelos
direitos das mulheres negras possibilitou reforçar a bandeira que elas vinham defendendo dentro de outros
movimentos sociais. Diante disso, esse trabalho pretende lançar um olhar sobre o movimento Negra Sim, de
Santo André, a fim de, por meio de uma análise documental e bibliográfica, perceber como suas ações vêm
contribuindo para o empoderamento da mulher negra na região. A guisa de conclusão, pode-se enfatizar que a
criação do movimento, por si só, já representa um olhar diferenciado sobre as especificidades de gênero na
medida em que este pode conferir a uma categoria que foi tão massacrada e vilipendiada em sua humanidade ao
longo do vergonhoso processo histórico denominado escravidão a possibilidade de reescrever sua própria
história e ditar o curso do seu futuro.

Isabella Alves Lamas (CES- Universidade de Coimbra). Colonialidade corporativa: transnacionalidade no


eixo Norte-Sul global. O reconhecimento da multiplicidade de agências através das quais o ordenamento
político é hoje exercido aponta muitas vezes para um distanciamento analítico dos órgãos formais do estado. A
partir da concessão de exploração, corporações multinacionais (CMNs) da área de extração de recursos naturais
passam a ter funções de governação no ordenamento político de territórios onde se estabelecem. Desregulação,
privatização e a retirada do estado do seu papel de provedor de diversas funções sociais (Harvey, 2005) são,
através de processos e características muito distintas, elementos comuns à três estados hospedeiros/sede da CMN
multinacional mineradora brasileira Vale S.A.: Moçambique, Canadá e Brasil. Além disso, o fato de a produção
da Vale enquanto ator privado ser ela mesma um fruto de reformas neoliberais aprofunda o fenômeno. Isso faz
com que decisões centrais que afetam o bem-estar das vidas de populações não sejam discutidas
democraticamente a nível dos estados nacionais por todas as partes interessadas, mas impostas localmente por
este ator econômico privado. E isso, não é exclusividade de contextos de fragilidade institucional, apesar de o
processo ser aí acentuado. A emergência de conflitos socioambientais entre a mineradora e populações atingidas
em todos os três estados hospedeiros/sede das operações da Vale reflete a necessidade de repensarmos a maneira
como o olhar é direcionado para as tradicionais relações Norte-Sul. Assim, através de dados qualitativos e da
conduta de pesquisas de campo, este trabalho discute como é possível e, principalmente através de que meios,
que a CMN extrativista tem caminho livre e, portanto legitimidade, para agir enquanto autoridade com poder de
intervenção na gestão social e ambiental que geram a perpetuação de violência na vida de tantas pessoas – em
países tão distintos em termos de desenvolvimento socioeconômico quanto Canadá, Moçambique e Brasil. Para
tal, argumenta-se que a Vale exerce em todos os contextos uma governação cotidiana da vida das populações
atingidas – i.e. o exercício da ordem política no cotidiano dos contextos operacionais, sendo política qualquer
coisa que afete o interesse público ou o bem comum (Guzzini, 2012: 3) a partir de mecanismos coercivos e
cooperativos. A combinação prática de ambos os mecanismos caracteriza uma forma de colonialidade que é
exercida através da agência corporativa e se expressa de maneira transnacionalizada nos eixos Norte-Sul global.
Isis Aparecida Conceição (UNILAB). Direito, Justiça; Cidadania Global e aplicação material do direito.
Busca-se, dentre outras possibilidades: analisar processos de reificação do Estado nas sociedades africanas pós-
coloniais e das diásporas; analisar processos de transição da guerra para a paz; e observar dinâmicas de poder em
contextos políticos marcados pela atuação de movimentos sociais emancipatórios, dentre outras reflexões e
investigações que tenham como foco questões de direito, cidadania global e aplicação material do direito.

Isis Natureza Oliveira da Silva (UNIRIO); Luanna Mendes Barreto (UNIIRIO). Currículo Preto: Percursos
para a construção de uma episteme afrocentrada na educação básica. A educação brasileira, por
consequência do colonialismo, mantém até os dias atuais sua estrutura curricular alicerçada majoritariamente em
referenciais eurocêntricos e hegemônicos. Apesar da diversidade etnocultural do país e das mais diversas
epistemologias que nos compõem, a maior parte dos espaços escolares limita-se a manter um currículo
engessado com modelos que não refletem ou dialogam com a complexidade intercultural que nos forja. Molefi
Asante nos mostra que a perspectiva afrocêntrica defende a possibilidade de diversas culturas estabelecerem
interrelações sem a sobreposição de uma contra a outra (Asante, 2011). Asante evidencia que a ideia afrocêntrica
possibilita a convivência entre diversos povos - em suas culturas, saberes e diferenças complementares - através
do respeito mútuo e crescimento coletivo sem que nenhum desses povos seja invisibilizado e desvalorizado. A
prática de um “currículo preto” na educação básica é uma das ferramentas fundamentais para romper com a
lógica eurocêntrica que lançou base para a perpetuação de um currículo muitas vezes racista estruturado na
colonialidade do saber. Comprometido com a manutenção da hegemonia dos povos eurodescendentes, o
currículo escolar segue - a despeito da lei 10.639/03 - negligenciando as demandas urgentes da população
afrodiaspórica e ameríndia, reverberando diretamente na condição social desses sujeitos e na manutenção da
alienação desses povos quanto ao(s) lugar(es) que ocupam. Pensar uma educação libertadora é pensá-la para
descolonizar povos historicamente subalternizados a estruturar, desde a primeira infância uma identidade que os
tornem agentes - e no centro - da sua própria história (ASANTE). Seja através da filosofia Ubuntu ou através da
filosofia afroperspectivista (NOGUEIRA), "empretecer" o currículo é urgente num país tão diverso, com saberes
ancestrais tão presentes no tecido social. As epistemologias afrocentradas nos permitem explorar experiências
curriculares e pedagógicas outras, fundamentadas em sabedorias contra hegemônicas e em modelos de
construção de conhecimentos baseados na valorização da alteridade e mutualismo, descontinuando, desta forma,
o domínio epistemológico eurocêntrico na educação.

Ivan de Pádua Rodrigues (Cebrap). Entre o Budismo e o Xintoísmo: a reconstrução da identidade japonesa
na contemporaneidade. A derrota na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) gerou profundas mudanças na
sociedade japonesa. Dentre essas mudanças, vale assinalar que o Japão deixou de ser um Estado imperial
xintoísta, militarista e expansionista para se tornar uma nação pacifista, cuja característica distintiva é o ideal de
promoção da paz mundial, assim como a obtenção do bem-estar coletivo da humanidade. Nesse contexto, os
Estados Unidos “impuseram” ao Japão a inclusão do Artigo 9 em sua Constituição, que lhe impede a
manutenção de forças armadas, bem como a participação em guerras, com a finalidade de impedir que o Japão
voltasse a ser uma ameaça militar, neutralizando, assim, o ímpeto nacionalista sustentado pelo xintoísmo de
Estado, que durou até 1945. O Artigo 9 tornou-se um dos pilares de sustentação dos movimentos pacifistas, que
se propuseram a transformar o ethos bélico do Japão num ethos pacifista no pós-guerra (Katzenstein, 1996;
Berger, 1998; Miyaoka, 2013), sustentados por agentes ligados ao budismo da Soka Gakkai e pelo Partido
Komeito, fundado pela Soka Gakkai em 1964. No entanto, apesar de ter deixado de ser uma religião de estado, o
xintoísmo também se faz presente no cenário político japonês apoiando o Partido Liberal Democrático (PLD) a
partir da Associação dos Santuários Xintoístas (ASX) e da Federação de Política Xintoísta (FPX), que exercem
lobby no parlamento e na sociedade japonesas, a fim de eleger políticos que adotam suas agendas políticas,
dentre as quais figura o restabelecimento das forças armadas no Japão. A partir das disputas entre as proposições
pacifistas de atores ligados à Soka Gakkai e as proposições de retorno a um ethos guerreiro por parte de atores
ligados ao xintoísmo, pretendo compreender o papel desses atores na reconfiguração do que é ser japonês no
pós-segunda Guerra Mundial. O presente trabalho adotará uma metodologia de pesquisa filmográfica, isto é, o
levantamento de desenhos, séries de TV e filmes que permitam analisar os elementos do pacifismo, defendido
pelo budismo da Soka Gakkai, e do ethos guerreiro, sustentado pelo xintoísmo. Exemplos desses seriados são o
Navio de Guerra Espacial Yamato, criado em 1995, e a Patrulha Estelar Como Força Astral, criado em 1996.
Esses seriados trazem os mesmos perfis de super-heróis, a saber, personagens munidos de poderes com a missão
exclusiva de defender a sociedade à qual eles pertencem, o que remonta ao ethos guerreiro, e personagens que
não recorrem à violência como meio de atingir seus objetivos, o que faz referência ao pacifismo.

Ivonaldo Leite (Universidade Federal da Paraíba - UFPB). Educação, drogas e bullying: relações e tensões no
cotidiano escolar. Os casos de violência escolar têm aumentado significativamente nos últimos tempos no
Brasil, envolvendo agressões a docentes da Escola Básica e, no que configura o chamado bullying, agressões
também entre estudantes. As manifestações de bullying têm sido classificadas em pelo menos quatro tipos:
verbal, física, psicológica e sexual (MELO, 2010). Seja como agressão a professores ou entre os próprios alunos,
os prejuízos da violência escolar ao processo de ensino-aprendizagem são imensos. A situação tem se agravado
ainda mais em decorrência de fatores externos à escola, como o uso problemático de drogas, sobretudo o crack.
Este tem causado sérios impactos no cotidiano escolar, mediante a ação do tráfico. Um estudo realizado pela
OCDE (2013), com uma amostragem envolvendo mais de 100 mil professores de 34 países - tendo abrangido
14.291 docentes brasileiros do Ensino Fundamental e Médio e 1.057 diretores escolares -, revelou resultados
impactantes. Mostrou que o Brasil lidera o ranking mundial da violência escolar. Verificou-se que 12,5% dos
professores brasileiros têm sido vítimas de agressões dos alunos, que vão da agressão verbal à física.
Considerando esse contexto, o trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de um projeto de pesquisa
que, sob os auspícios do CNPq, foi desenvolvido no estado da Paraíba-Brasil, tendo como objetivo apresentar
um quadro da situação das drogas nas escolas estaduais e os seus reflexos sobre o cotidiano do processo de
ensino-aprendizagem. Constatou-se, por exemplo, que a cidade de João Pessoa é a capital brasileira com maior
consumo de crack entre jovens e adolescentes do Ensino Fundamental e Médio. A operacionalização
metodológica do estudo decorreu através de observações de campo, aplicação de questionários fechados e
realização de entrevistas semiestruturadas, envolvendo gestores, professores e estudantes. Do ponto de vista do
referencial teórico-analítico, tem-se buscado apoio nos aportes da microssociologia, na forma como ela foi
realçada por Georges Gurvitch em seu clássico Tratado de Sociologia. Disso decorre que se adota uma
perspectiva analítica que destoa de alguns enfoques prevalecentes sobre a temática das drogas e da violência
escolar, a exemplo dos que colocam ênfase estritamente no plano moral (falta de valores); como também destoa
das abordagens que parecem eleger como matriz explicativa supostos aspectos inatos do ser humano/pré-
disposições genéticas, assim como se diferencia ainda dos enfoques que se limitam a catalogar pretextos
conjunturais para os casos de bullying, não tendo em conta as razões que condicionam as manifestações
imediatas dos atores e o seu lugar nas redes de relações sociais em que se encontram envolvidos. Palavras-
chave: Escola, drogas, bullying, estudantes, professores.

Izabel Cristina da Rosa Gomes Santos (UFSC). Ojo nbori ojo: avós quilombolas, literárias e saberes
ancestrais. Os saberes ancestrais quilombolas em contribuição para rasurar fronteiras totalizadoras, em pré-
condição de uma relação equânime entre competência global e legitimidade local. Ojo nbori ojo, um dia vai e
outro vem, é expressão conceitual que, anuncia as avós quilombolas do litoral catarinense e o entrecruzar com a
literatura africana, em especial as avós literárias das obras do angolano Ondjaki, cujo corpus percorre:
Momentos de Aqui (2002); Bom Dia Camaradas (2006); Os da Minha Rua (2007); AvóDezanove e o Segredo
do Soviético (2009); A Bicicleta Que Tinha Bigodes (2012); Uma Escuridão Bonita (2013). E, assim uma
possibilidade de compreender o quanto estamos encerrados em uma percepção ocidental de racionalização,
conteúdos, interdição e distantes, talvez, de estéticas que se expressam pela comunhão das pessoas, lugares,
tempo e corpo. Considerando as similitudes e as diferenças desses processos, instauram-se caminhos que
ofereçam uma verticalidade de conhecimentos acerca da história dos remanescentes quilombolas e seus
repertórios, partindo das memórias das avós quilombolas, seus processos de resistência em diferentes contextos
territoriais, visto que a ideia é acolher a voz das mais-velhas de três quilombos catarinenses, a saber: Quilombo
Morro do Boi, Quilombo Itapocu e Quilombo Vidal Martins. O percurso metodológico é um tecer pelas mãos da
ancestralidade o que dizem os Quilombos, sua existência no litoral catarinense, as relações que permanecem,
ensinam e evocam saberes, e o comparativo ao que dizem as avós literárias que percorrem as obras do corpus
escolhido. A hipótese delineia-se no sentido da importância da memória, da voz ancestral como elemento
literário para percorrer os indícios culturais das vozes das mais-velhas, avós literárias e reais, sua presença
compondo-se em tempo e aprendizagem, medos, incertezas, mas também em partilha de vida e todas as
aprendizagens do passado. (ONDJAKI, 2007).

Jacqueline Cunha da Serra Freire (UFPA) Descolonizando as Ciências Sociais e Humanas em Língua
Portuguesa. Diásporas e mobilidades em espaços de língua portuguesa na contemporaneidade. As
diásporas e mobilidades nos espaços de língua portuguesa são históricas e impulsionadas por dinâmicas
multidimensionais. Mudanças em escala global – reestruturação produtiva, flexibilização do mundo do trabalho,
redefinição do papel do Estado, avanços da comunicação e tecnologias digitais, o fenômeno da globalização –
repercutiram de formas diversas nos Estados-Membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)
impactados pelo processo de reconstrução nacional do pós-independência de países africanos e luta do Timor
Leste pela restauração de sua independência; questões da Democracia no pós-ditaduras no Brasil e em Portugal;
pluralização de Partidos Políticos, dinamização de Movimentos Sociais e Sociedade Civil, reconstrução de
sistemas educacionais, entre outros elementos. Tais mudanças impulsionaram processos diaspóricos, migrações
e mobilidades humanas. No contexto da CPLP historicamente a diáspora foi marcada por processos de
exploração, em que o fenômeno de deslocamentos forçados de africanos pela dinâmica escravagista mercantil
que perdurou até o final do século XIX, é uma das faces mais cruéis. Na presente Mesa Redonda (MR) pretende-
se debater sobre diásporas, migrações e mobilidades humanas na contemporaneidade a partir de múltiplas
travessias sul-norte e sul-sul, enfocando questões de natureza política, social, educacional, cultural, diversidade,
entre outras. Sem desconhecer a escalada de exploração do trabalho humano, as guerras e variadas formas de
violências, contextos de privação de direitos e/ou liberdades que impulsionam processos diaspóricos na
contemporaneidade, há que se reconhecer que outros elementos estimulam tais diásporas, em que o trabalho e a
educação assumem centralidade nessas dinâmicas de mobilidades. Histórias e projetos de vida se entrecruzam
nos céus e mares na busca de possibilidades que apontem para rupturas com um estado de coisas em que as
assimetrias regionais ou entre países historicamente produziram desigualdades sociais. A perspectiva é que o
debate da MR seja potencializador de pesquisadores/as identificados com temáticas convergentes, abordagens
interdisciplinares e plurais teórico e metodologicamente, na perspectiva de contribuir para a potencialização dos
estudos africanos, afro-diaspóricos.

Jadson Fernandes Chaves (Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana). Meninos em Risco na


Amazônia: Modelos de Condutas Desviantes na Juventude. A realidade da Região Metropolitana de Belém
(RMB), no Estado do Pará, que fica localizada na Amazônia, é o objeto de estudo. O crescimento demográfico
urbano na RMB, que se concretizou entre as décadas de 60 a 80, foi aquecido pelos fluxos intensos das
migrações inter-regionais. A explosão demográfica é resultado do êxodo rural de microrregiões vizinhas, tendo
como fatores desencadeantes a incipiente infraestrutura social, aliada às crises agroextrativistas, questões de
origem fundiária, expansão da pecuária, falta de estrutura para a produção da agricultura familiar e inadequados
créditos rurais. Assim, criaram-se ambientes propícios à marginalização socioeconômica e a falta de sentimento
de empatia. Há, então, um processo de erosão progressiva, que faz com que os valores culturais de convivência
coletiva e pacífica venham a perder sua importância como referencial normativo. Nesses ambientes vulneráveis
e de risco, a autoridade familiar dispõe de reduzidos meios simbólicos e materiais para influenciar, de modo
efetivo, o futuro dos adolescentes. Neste contexto, a violência dos jovens manifesta-se na transgressão das regras
sociais, perpetuando sua exclusão social. O principal objetivo é estimar o efeito das variáveis ‘atividades de
lazer’ (hedonista, instrutivo e lúdico), ‘valoração familiar’ e ‘sentimento anômico’ sobre as condutas desviantes
de jovens. No trabalho de campo, foi utilizado um questionário estruturado, desenhado a partir de estudos já
testados, aplicado a duas amostras de jovens de ambos os sexos e na faixa etária de 12 a 19 anos: 270
socioeducandos das 11 unidades da Fundação FASEPA e 288 alunos da Fundação PROPAZ, atendidos em cinco
polos. Usou-se a modelagem de equações estruturais, para estimar os modelos e suas estruturas. As hipóteses
tiveram os resultados: o fortalecimento da valoração familiar entre os jovens é um importante balizador, que
influencia no equilíbrio comportamental, tendo efeito inibidor nas condutas desviantes. A mesma interação
familiar é também inibidora do sentimento anômico. Quanto maior a valoração familiar dos jovens, menor será o
seu sentimento anômico. O sentimento anômico atua como fator incentivador da conduta desviante ao associar-
se positivamente a esse tipo de conduta, ou seja, quanto maior o sentimento de anomia social, maiores serão as
condutas desviantes. Os hábitos de lazer assumem, neste estudo, uma perspectiva psicológica, pois revelaram a
capacidade estimulante (hábitos hedonistas) e inibidora (hábitos instrutivos e lúdicos) das condutas desviantes.
Este estudo aponta em direção de um modelo inovador na gestão social. Palavras-chave: Jovens, Condutas
desviantes, Modelos de equações estruturais, Marketing social.

Jadson Fernandes Chaves (Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana); Tiago Corbisier Matheus
(FGV); José Raimundo de Jesus Santos (UFRB). Juventude e Identidade. Este GT tem o seu foco na reflexão
que se possa estabelecer entre juventude e abordagens que possam indicar novos contributos aos estudos
referidos á juventude na contemporaneidade, bem como no que diz respeito às articulações entre memórias,
histórias, subjetividade, resistências e mobilização

Jamile Dantas Nascimento Santos (EBM-SP). Ifá e Psicologia: uma interface sobre o autoconhecimento.
Introdução: O presente projeto propõe o estudo sobre a correlação existente entre Ifá e Psicologia, no tocante à
dimensão subjetiva humana. Para tal, propõe-se a ênfase no conhecimento de Ifá, tradição africana, que tem
como filosofia Iorubá viver em equilíbrio aspectos espirituais e materiais concomitantemente. Ifá é um sistema
divinatório, conhecido também como Culto a Ifá ou Culto a Orunmilá. Sua propagação teve início na Nigéria
Ocidental – África, sendo difundido no Brasil e em Cuba durante a diáspora africana. Ao se indagar questões
existenciais, é intrínseco ao ser humano, buscar respostas dentro de si mesmo (internas) acessando fenômenos
subjetivos e respostas em uma espiritualidade e religião (externas). Em Ifá, essa busca por respostas ontológicas
é direcionada ao Deus da sabedoria, Orunmilá, através da consulta do oráculo por um Babalawô (adivinho)
responsável por orientar as pessoas a buscar uma vida odara (positiva) através dos 256 odus (mensagens) que
são o corpo literário do culto. O oráculo permite o contato entre as forças do mundo espiritual (orun) e do mundo
material (ayê) para que as pessoas possam viver em equilíbrio, buscando assim, ter saúde, felicidade no amor,
prosperidade, dinheiro, resolutividade de problemas e etc. Objetivos: Tem como objetivo geral perscrutar a
relação entre os ensinamentos de Ifá e o autoconhecimento humano. Apresenta como objetivos específicos:
conhecer o culto a Ifá; analisar como Ifá concebe a subjetividade humana; relacionar a visão de mundo e
humanidade em Ifá com aspectos subjetivos da Psicologia. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa,
exploratória, tendo como procedimento a pesquisa etnográfica. A pesquisa acontecerá nas comunidades de Ifá,
chamadas Egbé, através da imersão do/a pesquisador/a in loco. As técnicas utilizadas serão observação
participante, diário de campo, questionários abertos e entrevistas semiestruturadas, realizadas com os babalawôs
(sacerdotes), os awofakans (homens iniciados), apetebís (mulheres iniciadas) e os consulentes (pessoas que se
consultam com o babalawô, iniciadas ou não) da religião Ifá. Resultados Esperados: Assim, pretende-se abordar
na pesquisa aspectos subjetivos que Ifá pode proporcionar para o autoconhecimento humano, contribuindo na
difusão desse conhecimento como uma ciência e filosofia de vida. Palavras-chave: Ifá, Autoconhecimento,
Sistema Divinatório, Psicologia, Religião.
Janaina Ferreira de Almeida (Unifesp). Cadê Os Negros Que Estavam Aqui? A Redescoberta Do Jongo na
Ilha Encantada. Este projeto tem por finalidade apresentar a proposta de mestrado com a intenção de analisar a
importância da construção da identidade, histórica, educacional e cultural dos afro-brasileiros cananeensses, com
a intenção de aprofundar e revelar a ocultação da contribuição africana e afro-brasileira na formação social
desses sujeitos, partindo do percurso histórico que preconizou a escravidão dos negros no Brasil. A prática
educativa evidenciará o jongo como artefato da construção de identidade negra no município de Cananéia/ SP,
sendo esta uma das vertentes de trabalho que a Associação Cultural Tiduca exerce suas ações culturais tendo
como memória ancestral, a figura de TIDUCA – Theodolina Gomes, esta, uma ex- escrava que é eleita a
representante ancestral, da Associação Cultural Tiduca e de resistência negra para os integrantes da Associação.
Essa memória abre conexão com os jongueiros do Sudeste e a Associação tem por missão fomentar a cultura
afro-brasileira por meio de estudos sobre ancestralidade, fundamentos e manifestações culturais, visando a
ampliação dos saberes tradicionais de forma a empoderar crianças, jovens e adultos de suas raízes acreditando
desenvolver a função educativa por estar ligada a cosmologia africana que visa uma comunhão de elementos que
representam também a identidade negra. Neste sentido me pergunto: Porque o jongo não se perpetuou na
identidade negra dos cananeensses? E O que é o jongo, enquanto prática educativa para os sujeitos desse
território? Para isto, recorrerei aos teóricos como: Ferreira (2004); Freire (1996); Gomes (2012); HAll (2006);
Martins (2008); Rocha (2009), tomando por base a Lei 10.639/03, a metodologia a ser utilizada será, pesquisa de
abordagem qualitativa, utilizando o método dialético e os procedimentos bibliográficos, de campo e participante.
Espera-se ao final do mestrado apontar a importância de novas perspectivas educacionais que possam colaborar
com o rompimento das estruturas da educação euro centrada, propondo uma nova concepção teórica, sendo esta
concepção que dialogue com esses desafios, oportunizando aos sujeitos do território cananeensse a visibilidade e
ascensão social.

Jascira da Silva Lima (Universidade Federal do Maranhão - UFMA). Identidades, relações do gênero em
movimentos no Território dos Cocais-PI. O presente estudo tem como objetivo problematizar as formas de
manifestações identitárias das mulheres, em especial as extrativistas do babaçu. O estudo, também, tem a
pretensão de apontar as diferenças e desigualdades nas relações do gênero em espaços e esferas públicas de
poder onde as mulheres se fazem representar. A realidade empírica observada foi o Território dos Cocais, no
estado do Piauí, durante o processo de implementação do Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável
e Solidário ¬¬¬-PNDRSS, iniciado em 2010. Este escolhido por ter a atuação das três esferas de governo, no
que destaco a atuação do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA e da Assessoria Especial de Gênero,
Raça e Etnia - AEGRE como principais interlocutores do governo, e, dos novos movimentos sociais, através da
atuação do Centro Feminista 8 de março, como interlocutor do movimento de mulheres no debate sobre gênero e
políticas públicas. Entre estas “forças vivas” e atuantes que habitam o território percebi conflitos de interesse,
opinião e perspectivas que exigem uma dinâmica diferenciada para os processos de discussões, negociações,
priorização e implementação das ações e projetos para o ambiente rural. Para a realização do estudo optei pela
observação participante como técnica de pesquisa de campo por ser caracterizada, segundo BOGDAN e
TAYLOR (1975), por interações sociais intensas entre o investigador e o sujeito, sendo o procedimento da
observação participante o momento em que os dados são recolhidos de forma sistematizada. Com o uso desta
técnica procurei compreender os sujeitos e suas instituições no contexto da ação, ou seja, durante as assembleias,
reuniões de grupo e seminários temáticos. Para análise reflexiva das tensões em torno da identidade e das
relações do gênero em movimentos usei o aporte teórica da vertente de pensamento do pós-estruturalista, pois,
de modo geral, os autores/as desta corrente de pensamento, como Stuart HALL (2011), Joan SCOTT (1995),
Judith BUTLER (2003) são aqueles que rejeitam definições que encerrem verdades absolutas sobre o mundo.
Para estes, e, também para mim, a verdade dependeria do contexto histórico de cada indivíduo, o que me
permitiu tratar a experiência das mulheres como construção social em constante processo de mudança. A tese
principal defendida neste estudo é a de que a manifestação identitária e a atuação política das mulheres, em
especial as extrativistas do babaçu, em espaços públicos de poder é força viva e atuante, articulada a partir de
conflitos sociais em torno da luta pela terra e livre acesso aos babaçuais.

Jefferson de Assis Fléming (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo- FESP-SP). Discurso e
corporalidades HIP HOP- Narrativas Estéticas Negras: Entre Apagamentos e Afirmações. Trabalho
referente à pesquisa sobre dança urbana ligada a cultura hip hop, e sua forma de construir narrativas estéticas e
políticas no novo cenário das artes. A reflexão busca dessa forma, traçar por meio de uma perspectiva histórica,
os anos de (1993-1999) e (2012- 2016). Tal perspectiva diz respeito a dois períodos históricos antagônicos e em
contextos totalmente diversos. Um primeiro momento marcado pela escassez de acesso e políticas públicas e
consequentemente, num segundo momento, por meio da luta dos movimentos sociais e culturais da juventude
preta periférica pela implementação das políticas públicas culturais criadas a partir de 2002. É, contudo, a partir
de 2016 que ocorre um processo de crise política no Brasil o que passa a ameaçar os diversos direitos e políticas
públicas conquistadas pela população negra e ligadas a cultura hip hop. Portanto o presente trabalho visa
percorrer e permear os aspectos políticos, estéticos corporais e visuais da linguagem da dança urbana e sobre os
processos de invisibilização que vem resistindo às manifestações artísticas da cultura negra e periférica do hip
hop no atual cenário político. Ampliando assim, o debate sobre a invisibilização histórico cultural pela qual o
cenário político das artes negra e periféricas ligadas a cultura hip hop vem resistindo começamos por justificar
nossa pesquisa por conta da recente onda de ataques aos direitos conquistados a partir dos pequenos territórios
negros. Traços afirmativos das culturas invisibilizadas se reforçam aí, a partir dos territórios negros onde a
resistência cultural, as expressões artísticas autenticamente negras negociam espaços de socialização nas grandes
cidades urbanas desde a escravidão até nossos tempos. A própria dança urbana do hip hop, que provêm desses
espaços de trocas, adaptação, hibridização e negociação são também ferramentas de reivindicação e luta pelo
protagonismo autêntico. Por fim, nossa abordagem visa estimular esse debate do corpo negro nas cidades
urbanizadas das grandes capitais onde determinados corpos negros são constantemente invisibilizados e ceifados
pela violência policial do estado, em São Paulo, mais especificamente na tratando aqui da região da zona sul e
sudoeste da cidade.

Jéssica da Silva Höring (Universidade de São Paulo)

Jéssica da Silva Höring (USP). A Constituição enquanto mapa de poder: um estudo de caso de Angola. Esta
pesquisa é vinculada ao Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, sendo financiada pelo
CNPq. O objeto desta pesquisa é o processo constitucional angolano. O objetivo principal é analisar como o
processo constitucional foi instrumentalizado para manter uma determinada estrutura de poder pelo MPLA,
partido no poder desde 1975. Três são os objetivos específicos: i) compreender o processo de reificação do
Estado na sociedade africana pós-colonial; ii) analisar os processos de transição da guerra para a paz; e iii)
observar a dinâmica de poder em contextos políticos marcados pela atuação de movimentos de libertação. O
ponto de partida deste trabalho é tomar a Constituição como uma ferramenta por meio da qual determinado
projeto político pode ser executado com aura de legitimidade; olhamos, então, para a Constituição como
instrumento para assegurar a governabilidade. A proposta de olhar para o processo de negociação e adoção da
Constituição se justifica por duas razões: em primeiro lugar, assume-se que a Constituição se tornou importante
mecanismo de legitimidade dos governos africanos; em segundo lugar, que, no caso específico de Angola, o
processo constitucional envolveu a negociação de projetos de Estado e a consolidação de uma nova ordem social
para o pós-guerra. A hipótese de trabalho é que, desde o Protocolo de Lusaka (1994), quando iniciaram as
negociações em torno do modelo de Estado que pautaria a transição da guerra para a paz – e que estaria disposto
em uma nova Constituição – buscou-se consolidar um modelo de consenso entre o MPLA e UNITA, e com
ampla concentração de poderes no Poder Executivo – sobretudo na figura do então Presidente da República José
Eduardo dos Santos. Esse processo ocorreu de diversas formas, envolvendo desde negociações diretas para uma
transição para a paz até a tentativa de cooptação de parcelas da UNITA pelo governo. O trabalho apresenta os
seguintes referenciais teóricos: o conceito de mapa de poder de Okoth-Ogendo (1991), a ideia de progressão de
um sistema de dominação legal-racional para patrimonial nas sociedades africanas em Ghai (1993), o conceito
de governo privado indireto em Mbembe (2001), o despotismo centralizado em Mamdani (1996), o conceito de
patrimonialismo e dominação em Max Weber, ordem em Balandier e poder em Bourdieu. A metodologia de
pesquisa envolveu a realização de entrevistas semi-estruturadas com figuras políticas que participaram do
processo de negociação constitucional, realizadas durante o segundo semestre de 2016, em Luanda, e análise de
dados de imprensa coletados junto à Biblioteca Provincial de Luanda e do Centro de Informação e
Documentação Amílcar Cabral, em Lisboa. Palavras-chave: Angola; MPLA; UNITA; Processo constitucional;
Mapa de poder.

Jessica Daiane Augusto de Jesus (Evoluir). Gestão de resíduos sólidos urbanos: análise da implementação da
Política Nacional de Resíduos Sólidos no município de Guarulhos. A gestão dos resíduos sólidos – que
envolve políticas de prevenção e geração, coleta, disposição e reciclagem – é atualmente um grande desafio para
os municípios. Um aspecto importante é o tratamento setorial dado à gestão de resíduos sólidos, que impede uma
análise sistêmica da questão, gerando políticas públicas fragmentadas (GONCALVES-DIAS, 2012). Portanto, a
gestão de resíduos sólidos é um grande desafio para as administrações públicas municipais. Diante disso, o
presente estudo visa contribuir com as discussões em torno desta problemática no âmbito dos municípios,
considerando o contexto brasileiro e com recorte no caso da cidade de Guarulhos (SP). Com o intuito de
contextualizar a temática a ser desenvolvida neste projeto, constata-se que um dos maiores problemas em
cidades densamente urbanizadas, especialmente nas regiões metropolitanas, é a falta de locais para dispor os
resíduos adequadamente (JACOBI e BESEN, 2011). Nesse sentido, o Plano de Gestão Integrada dos Resíduos
Sólidos de Guarulhos (PGIRS) destaca que a vida útil do atual aterro sanitário municipal vai se estender apenas
até o ano de 2018, considerando-se a evolução da geração per capita de resíduos e o crescimento da população
guarulhense. Além disso, o PGIRS prevê duas condições para aumentar a vida útil do aterro sanitário: 1) um
grande esforço de minimização da geração per capita de resíduos em função de educação ambiental, programas,
projetos; e 2) ações de recuperação de resíduos sólidos secos (RSSE) para a reinserção no processo produtivo, e
processos de compostagem dos resíduos sólidos orgânicos (RSO) (Guarulhos, 2013). Ademais, verifica-se que a
gestão dos resíduos sólidos compõe um grande desafio para administração pública, para a população em geral e
para os grandes geradores. Desse modo_, faz-se necessário pensar em formas alternativas de tratamento e
disposição final desses resíduos. O presente estudo tem como objetivo geral analisar em que medida a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) está (ou não) sendo implementada no município de Guarulhos, por meio
da análise e acompanhamento dos programas e projetos previstos no Plano de Gestão Integrada dos Resíduos
Sólidos de Guarulhos (PGIRS). A metodologia geral do projeto consiste em um estudo de caso do município de
Guarulhos. O desenvolvimento do presente projeto de pesquisa envolverá um conjunto relativamente amplo e
diverso de métodos, incluindo revisão e análise bibliográfica, observação direta do objeto de estudo e entrevistas
com atores sociais envolvidos na problemática em análise.

Joelma Cristina Parente Monteiro Alencar (Universidade do Estado do Pará - UEPA). Kuarika Naruki! Fluxo
Migratório e Resistência Warao. O acelerado fluxo migratório de venezuelanos no Brasil tem se intensificado,
demandando à sociedade civil e ao próprio Estado brasileiro a construção de formas de acolhimento e o
desenvolvimento de políticas de atendimento aos direitos fundamentais dos migrantes. Nesse processo
migratório, encontram-se os migrantes indígenas Warao, que trazem à tona o debate em torno de dois temas
importantes: a migração indígena e o indígena em contexto urbano. Os indígenas Warao são provenientes da
região do delta do Orinoco, principalmente dos estados Delta Amacuro e Monagas, na Venezuela e desde 2014
tem empreendido migrações para o Brasil. Com o agravamento do quadro político e econômico na Venezuela o
fluxo aumentou. Os indígenas começaram se instalando em cidades do estado de Roraima, em especial Boa
Vista, mas depois se espalharam para outros estados da região, como Amazonas e finalmente em 2017 chegaram
ao Pará, onde estão presentes nas cidades de Santarém e Belém. Em Belém, os Warao iniciaram a
comercialização de artesanatos e a prática de colheita/ mendicância no Mercado do Ver o Peso, no Centro
Comercial de Belém e arredores. Devido a grave situação de vulnerabilidade social o Ministério Público Federal
no Pará (MPF-PA) moveu uma ação cobrando de diversas instituições públicas cobrando ações de assistência
aos Warao que se encontravam em Belém. Então, foi instituída uma Comissão Interinstitucional com o objetivo
de tratar especialmente da implantação das ações. Posteriormente essa Comissão se subdividiu formando o
Grupo de Trabalho de Educação, com o objetivo de propor um projeto de educação específica, denominado de
Kuarika Naruki, que propõe o fortalecimento cultural, a sustentabilidade econômico-financeira e a aquisição da
Língua Portuguesa enquanto ferramenta de inclusão social e econômica. A participação na trajetória de
desenvolvimento desse processo migratório dos Warao em Belém, nos conduziu metodologicamente ao estudo
sobre os aspectos que se estabeleceram nas relações desses indígenas com as instituições envolvidas nesse
trabalho. A partir da observação e dos registros realizados durante os encontros, reuniões, visitas técnicas e
eventos realizados, analisamos como tem se caracterizado as ações de políticas migratórias com os Warao em
Belém, considerando sua condição de indígenas em condição de migração. Por parte das instituições, há a
necessidade de considerar os aspectos presentes nos processos históricos de contato como assimilação e
integração dos indígenas à sociedade nacional, e ainda, a dificuldade em acionar concepções sobre o direito de
atravessar fronteiras, de ter autonomia, entre outros direitos. Contudo, para além dos interesses institucionais,
identificamos o movimento de resistência Warao, que tem apreendido estratégias de luta.

Jóice de Oliveira Santos Domeniconi (Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP), Rosana Baeninger


(Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP), Natália Belmonte Demétrio (Núcleo de Estudos de
População "Elza Berquó" - Nepo/Unicamp). Migrações transnacionais da África para o Brasil: perfil
sociodemográfico no século XXI. O atual panorama das migrações internacionais para o Brasil apresenta
desafios teórico-metodológicos fundamentais à compreensão de um processo complexo e heterogêneo,
especialmente, em um contexto de migrações sul-sul (BAENINGER, 2018). As análises e explicações teóricas
precisam contemplar a diversidade crescente de sentidos, temporalidades e composições populacionais dos
diferentes grupos migrantes presentes no país, uma ampla gama de modalidades migratórias em curso
(WENDEN, 2001) e suas conexões transnacionais (DE HAAS, 2010) que reverberam nas sociedades de origem,
destino e trânsito e ultrapassam as fronteiras nacionais (GUARNIZO et al, 2003). A análise teórico-
metodológica proposta parte de uma discussão acerca do direito a migrar e da capacidade de governança das
migrações por parte da população imigrante (BAENINGER, 2018), sem desconsiderar o papel das redes e atores
envolvidos (SANTOS, ROSSINI, 2018), sobretudo, no que tange a seletividade migratória (BRITO, 1995) e as
políticas públicas voltadas à população migrante (PORTELA, SCHWINN, 2018), bem como, as disputas por
poder (RAFFESTIN, 1993) e o contexto geopolítico (PATARRA, BAENINGER, 2006). Buscou-se, assim,
construir um perfil sociodemográfico da migração africana no país e de sua inserção laboral no mercado formal,
elementos fundamentais à compreensão das mudanças observadas na dinâmica dessa migração no século XXI
(DIAS, LOBO, 2012). Para tanto, foram utilizados registros administrativos da Polícia Federal, para uma análise
da composição populacional e da distribuição espacial desses fluxos, e do Ministério do Trabalho, para aprender
a rotatividade dos imigrantes no mercado formal. Tendo em vista a presença cada vez mais significativa de
imigrantes africanos no Brasil (SILVA, 2018), o artigo procurou apreender as especificidades e
heterogeneidades desses fluxos migratórios tão diversos na contemporaneidade, ainda que a maior parte de seus
movimentos populacionais se dê no âmbito regional (TRIULZI, MCKENZIE, 2013). Notou-se um aumento
significativo da presença de imigrantes africanos de diferentes nacionalidades no Brasil, não apenas nos grandes
centros urbanos e capitais, mas em municípios do interior de diferentes estados brasileiros (BAENINGER et al,
2017). Além de um crescimento no número de vínculos de trabalho no mercado formal especialmente para
imigrantes angolanos, senegaleses, ganenses, congoleses e sul-africanos. É possível apreender uma mudança na
dinâmica migratória de imigrantes africanos para o Brasil, de modo que, o país tem, cada vez mais, se inserido
na rota dessa migração transnacional africana no século XXI. Cabe destacar ainda, o papel fundamental dos
registros administrativos na análise do perfil sociodemográfico do grupo, sobretudo, em períodos
intercensitários.

José Carlos Gomes dos Anjos (UFRGS). Proximidades e distâncias entre a virada decolonial latino-
americana e o pensamento de Amílcar Cabral. Nas últimas três décadas um conjunto de intelectuais latino-
americano aprofundaram aspectos das críticas pós-coloniais ao pensamento ocidental e conformaram uma
corrente fortemente assentada sobre uma consciência geopolítica aguçada do lugar e das estratégias de escritura
em ciências sociais. Consciência geopolítica estabelecida em relação ao imperialismo, é também um traço do
pensamento de Amílcar Cabral. Contudo, há diferenças notáveis na edificação dos respectivos lugares de
enunciação. Enquanto Amílcar Cabral acercava-se de provérbios africanos para construir a possibilidade de
“pensar pelas nossas próprias cabeças”, os intelectuais latino-americanos insistem em derivar seus lugares de
enunciação das brechas deixadas em aberto pelo eurocentrismo predominante nas ciências sociais ocidentais. O
artigo explora as consequências em radicalidade política dessas duas posturas críticas em relação à supremacia
epistêmica ocidental.

José Raimundo de Jesus Santos (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB), Maria Isabel Silva
Bezerra Linhares (Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA). Formas Desiguais de Excluir o
Politicamente Incluído. Rotina acadêmica na UFRB. Para cada momento histórico e em cada contexto social
e cultural emergem ‘juventudes’, isto é, emergem múltiplos sujeitos cujas representações e distinções estão
circunscritas a origem espacial de moradia, ao gênero e suas interfaces com a sexualidade, à raça e suas variantes
de cor, a origem social e econômica e às desigualdades que daí deriva, e, consequentemente, ao modo de
produção vigente e suas determinações mercadológicas que orientam de forma direta e/ou indireta as formas de
se pensar a educação. As instituições sociais como a universidade são espaços sociais submersas em regras de
trânsito e existência, formas de sociabilidades e de agir, regras linguísticas e culturais, como também sociais e
econômicas. Assim, objetiva-se refletir sobre a representação do ser jovem e universitário para estudantes da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), com foco nas formas desiguais de excluir aqueles que
agora universitários transitam pelo campo acadêmico ou científico. Para tanto, tem-se o uso do tempo como
forma de compreender as disposições e atuações dos estudantes na apreensão do conhecimento e na prática da
pesquisa. Foram entrevistados estudantes expositores de comunicação científica, em evento científico da
instituição, e bolsistas na instituição acerca das formas de acesso a instituição, à bolsa e ao grupo de pesquisa,
focando nas relações de sociabilidade existentes nestes campos – acadêmico e científico. A apreensão que se tem
a partir dos depoimentos e dos questionários respondidos é que existe uma correlação entre a rotina acadêmica,
que impõe um estilo próprio a cada área do conhecimento, evidenciando uma forma de ler e escrever, e,
consequentemente, uma forma de falar, que está em associação com os paradigmas epistemológicos e
metodológicos do fazer da pesquisa nesses campos acadêmicos; e o agir prático dos indivíduos, que se
modificam na experiência acadêmica adquirida no percurso da graduação. Conclui-se que a educação superior
para as camadas menos favorecidas representaria o consumo de um bem próprio das classes e camadas
dominantes. A expressão de poder assegurada pelo conhecimento, ou a mobilidade social e econômica que
advém com a obtenção do título, requer um investimento de tempo e recursos materiais, que essa camada da
população não tem como dispor. E, de que há uma espécie de inclusão que exclui, tendo em vista que se
democratizou o acesso ao ensino superior sem prover as condições políticas, sociais e culturais para
democratizar o conhecimento e suas práticas contidas nas rotinas acadêmicas. Palavras-Chave: Juventudes,
Tempo, Rotina Acadêmica, Distinção e Desigualdades.

Josélia Elvira Teixeira (UNICENTRO). Análise da metodologia do Radar da Inovação do Programa


Agentes Locais de Inovação. A inovação tornou-se um fator fundamental para aumentar a competitividade das
empresas e entre países. A iniciativas públicas e privadas têm buscado promover e criar mecanismos de suporte
para a inovação nas empresas. As micro e pequenas empresas correspondem a 99% dos estabelecimentos
empresariais no Brasil, sendo responsáveis por geração de emprego e renda no país. Entretanto, devido ao seu
porte e faturamento, a maioria tem dificuldades em investir em inovação. O Programa Agentes Locais de
Inovação, criado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-SEBRAE em parceria com o
CNPQ foi criado com a finalidade de apoiar e conscientizar as micro e pequenas empresas sobre a inserção da
inovação nas suas práticas. O programa utiliza um diagnóstico denominado Radar da Inovação com 13
dimensões. O principal objetivo é analisar a metodologia proposta no Programa Agentes Locais de Inovação do
SEBRAE (BR), enquanto instrumento de diagnóstico e evidências empíricas de singularidades da inovação em
empresas de pequeno porte. Para isso foi empregado o método quantitativo para a análise de dados de 3000
micro e pequenas empresas paranaenses participantes do Programa ALI, no período de 2012 a 2014, por meio do
software SPSS. O Programa ALI utiliza-se de uma metodologia própria denominada Radar da Inovação
embasada em Sawhney, Wolcott e Arroniz (2011). Como principais resultados, a análise dos dados do Programa
ALI apresentou evidências que o acompanhamento do programa nas MPE promoveu a cultura da inovação e o
aumento da Inovação Global. Foi criada uma variável denominada Inovação Global com as médias de todas as
dimensões, e em um segundo momento, utilizou-se a correlação de Pearson para indicar o grau de intensidade da
correlação entre duas variáveis, Identificou-se por meio da correlação de Pearson as dimensões que estavam
mais associadas à variável Inovação Global para esse grupo. Essas empresas apresentaram foco em apenas uma
ou duas dimensões da inovação, destacando-se a dimensão Plataforma. Constatou-se, estatisticamente, que todas
as dimensões do Radar da Inovação contribuem para que as empresas tornem-se inovadoras. A metodologia
empregada no Programa ALI possibilita diagnosticar a intensidade da inovação nas micro e pequenas empresas,
além de permitir que o agente local de inovação apresente sugestões de plano de trabalho para que os
empresários desenvolvam ações pontuais em cada dimensão da inovação que a empresa apresente necessidade.

Joselina da Silva (UERJ). Organização das mulheres afrodescendentes: Discussões na Argentina, Uruguai e
Perú. Em 2018 celebram-se cinco datas referenciais para o movimento negro latino americano: Vinte e seis anos
do I Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe - República Dominicana 1992- onde ocorreu a
criação da Rede Afro Latina e Afro Caribenha de Mulheres. Lá, houve a instituição do 25 de julho (dia da
Mulher Negra da América Latina e do Caribe). São dezessete anos da Conferência de Durban (2001). No ano
2000, houve a instituição da Allianza Estratégica Afro-Latina e Caribenha, na Conferência Regional das
Américas, no Chile. É também, o terceiro ano da Década Internacional de Afrodescendentes. Estudos, na área de
gênero, apresentam a que este opera como marcador primordial na posição social ocupada pelas mulheres.
Paralelamente, ao classificar os indivíduos e dividi-los em uma hierarquia que varia de acordo com a tonalidade
e a cor da pele, o racismo impera em diversas instâncias da sociedade, impedindo que negros e brancos tenham o
mesmo acesso às possibilidades circunscritas no mundo moderno. Em consequência, a questão de gênero -
quando somada à raça - pode significar as maiores dificuldades para os sujeitos sociais. Partindo das teorias de
movimentos sociais, gênero e raça vimos buscando observar como as performances identitárias se estabelecem
nas práxis organizativas. Paralelamente estamos organizando um levantamento sócio- histórico das estratégias
empreendidas na luta contra o racismo e o sexismo, nos três países. Esta pesquisa situa-se em meio aquelas
cinco datas históricas. Desejamos saber como estes marcos internacionais colaboram com a obtenção de uma
agenda reivindicativa das mulheres negras. Um de nossos objetivos é procurar evidenciar algumas formas
organizativas das mulheres negras na Argentina, Uruguai e Peru ao lado de observar como diferentes
manifestações desses movimentos sociais - ocorridos em distintos momentos da história social das três
sociedades - concorreram para a existência de representações identitárias plurais e mutantes no tempo e no
espaço geográfico e social, em diálogo com os movimentos diaspóricos mundiais. Este é um exercício teórico na
direção de uma análise sobre a construção da identidade nacional e da desconstrução de uma identidade racial
negra negativada, nos países em tela, tendo como estudo de caso as organizações de mulheres negras, Trata-se
de uma investigação de cunho qualitativo. Concomitante à realização das entrevistas estamos analisando
panfletos, arquivos pessoais, jornais e a literatura acadêmica. Esta é uma pesquisa em andamento, para a
realização de estudos pós doutorais, no âmbito da Pontificia Universidad Católica del Perú (PUCP).
Josenildo de Jesus Pereira (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO). As correntes
historiográficas da historicidade africana e as armadilhas da perspectiva da Lei 10639/03. No ano de 2013, o
Estado brasileiro atendendo às históricas demandas do Movimento Social negro do país, promulgou a Lei
10639/03 com o propósito de criar as condições institucionais para que no sistema formal de ensino fosse
desenvolvida uma prática pedagógica antirracista por meio da alteração da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação ao incluir a obrigatoriedade do ensino de história da África e outras determinações. Da leitura de seu
texto se identifica a falta de qualquer referência a uma perspectiva historiografia que trata da historicidade
africana. Desse modo, se compreende que embora os termos da Lei, em sua objetividade, sejam bastante
propositivos, a ausência de uma orientação historiográfica pode vir a comprometer os seus propósitos. Em vista
disso, se compreende ser necessário e relevante se fazer um exame do discurso desta articulando-o às correntes
historiográficas relativas a historicidade africana. Em linha gerais, se pode dizer que há três campos discursivos
que congregam análise relativas a historicidade africana – o colonial, o anticolonial e o pós-colonial. No
imaginário brasileiro contemporâneo é corrente os termos da historiografia colonial, ou seja, o Eurocentrismo,
por um lado, e por outro, o seu contraponto, isto é, o Afrocentrismo. Da análise crítica das mesmas se verifica
que embora tenha argumentos distintos, ambas, se fundamentam em essencialismos, os quais, no fundamental
não atendem às proposições contidas nesta lei. Portanto, um dado que requer avanços substanciais considerando
que isto é possível porque já existe uma crítica acumulada acerca destas duas correntes, ou seja, uma perspectiva
pós-colonial cujos protagonistas estão preocupados em compreenderem a historicidade africana a partir de sí, em
sua dinâmica, sem os essencialismos para menos caracterizada pelos termos da epistemologia colonial e racista
e, nem tão pouco, por aqueles articulados no âmbito dos movimentos Pan-Africano e o Negritude. Trata-se,
portanto, de um esforço que nos propomos apresentar, aqui, com o objetivo de contribuir no debate e efetivação
de políticas de ações afirmativas no contexto da cultura racista brasileira com a vista a superá-la.

Juliana Bonomo (USP). As quitandas de Minas Gerais: uma análise das origens de um alimento luso-afro-
brasileiro. De origem africana, mais especificamente do dialeto quimbundo, falado no Noroeste de Angola, a
palavra quitanda, em Minas Gerais, é utilizada para denominar o conjunto da pastelaria caseira. Quitanda, em
Minas, é tudo aquilo que acompanha o café, exceto o pão. Ou seja, trata-se de um termo genérico para definir os
bolos, as roscas, os biscoitos, as broas etc. Quitandeiras, por sua vez, são as mulheres que fazem e vendem
quitandas.As quitandas se originaram na capitania mineira do século XVIII no contexto da escravidão e da
exploração mineratória. Nesse trabalho, defendemos que, da junção de conhecimentos de portugueses, indígenas
e negros, nasceram as quitandas, um alimento mestiço com identidade própria, distinta daquela do colonizador.
Por meio da historiografia da alimentação já publicada sobre o tema, procuramos problematizar a participação de
cada cultura na formação das quitandas, sem com isso, repetir o discurso do “mito das três raças.” Portanto,
quando falamos em mestiçagem, não estamos defendendo que a colaboração das três culturas tenha sido
equivalente e, muito menos, que a relação entre elas tenha sido pacífica. Aqui, a mestiçagem seria um ponto de
partida para levantar uma reflexão sobre a forma como cozinheiras, na condição de escravas, puderam adicionar
seus conhecimentos às receitas e a apropriação, de forma violenta ou pacífica, do conhecimento de indígenas e
africanos. Mais ainda, procuramos apresentar uma alternativa à visão eurocêntrica de que os portugueses foram
os principais atores no processo de formação, seja das quitandas, seja da cozinha brasileira, propondo um
contraponto à visão de que negros e indígenas foram somente vítimas passivas desse processo, sem apresentar
nenhum tipo de resistência.A nosso ver, as cozinhas senhoriais sempre foram um espaço de negociação daquilo
que seria absorvido ou ressignificado. Nesse caso, o poder de escolha estava nas mãos das sinhás portuguesas.
No caso das quitandas mineiras, essa negociação e a ressignificação de receitas e conhecimentos de indígenas,
africanos e portugueses resultou em um alimento mestiço, que traz em si as marcas de um passado de
desigualdades entre as três culturas. Como a nossa pesquisa está engajada em um projeto de registro de
patrimonialização cultural do ofício das quitandeiras pelo IPHAN, e, se a política patrimonial é uma forma de
expressão de como as sociedades se recordam, é essencial que essa rememoração não oculte as trajetórias de
vida e as relações de poder entre todas as culturas que ajudaram a formar as quitandas mineiras.

Juliana Braz Dias (UNB). Outros carnavais: comparações entre Cabo Verde e África do Sul. Este trabalho
vem apresentar um projeto de pesquisa, em fase de execução, que coloca em foco duas sociedades surgidas das
experiências coloniais no continente africano: Cabo Verde e África do Sul. Nos regimes coloniais, muita energia
foi investida na construção de categorias sociais — principalmente “colonizador” e “colonizado”. Essas duas
classes em oposição tiveram que ser cuidadosamente fabricadas para a legitimação dos impérios. E a dificuldade
de tal empreendimento torna-se mais evidente quando se observa a heterogeneidade dos contextos coloniais. A
realidade com que lidavam os agentes do poder colonial era extremamente plural. Estavam todos envolvidos em
situações de encontros intersocietários marcados por trânsitos de naturezas diversas.Mantidas suas
particularidades históricas, tanto Cabo Verde quanto a África do Sul são resultados desses contatos e trocas. Em
Cabo Verde, formou-se uma sociedade crioula, uma entidade original fundada no encontro entre portugueses e
africanos de origens diversas. Na África do Sul, fluxos, misturas e apropriações de diversas ordens também
aconteceram, ainda que ressignificados pela lógica da segregação no regime do apartheid. No trabalho aqui
apresentado, direciono o olhar exatamente para esses contextos marcados pelas trocas e pelas misturas. Minha
intenção é examinar esses trânsitos e fusões, em contraste com a gramática de distinções sustentada pelos
regimes coloniais e reproduzida, em larga medida, no mundo pós-colonial. Tomo o domínio da cultura popular
como um locus privilegiado para uma investigação direcionada aos processos de trânsitos, misturas e
ressignificações. Mais especificamente, as festividades carnavalescas – o Carnaval de São Vicente, em Cabo
Verde, e o Coon Carnival, na África do Sul – são tomadas neste trabalho como eventos fundamentais no esforço
de traçar as relações, os discursos, as práticas e os valores que informam o sentido da “mistura” nesses contextos
pós-coloniais. Tradicionalmente pensado como o campo da resistência e da transgressão por excelência, o
carnaval é a porta de entrada para uma investigação sobre discursos e práticas que se apresentam em ruptura com
a ordem colonial classificadora e hierarquizante. Os dados obtidos até o momento apontam para dois processos
distintos de crioulização resultantes do colonialismo em África. O estudo do carnaval em Cabo Verde vem
revelando um discurso de elogio da mistura, tomada como ingrediente fundamental na construção de
pertencimentos. Já no caso sul-africano, por meio da literatura produzida sobre o Coon Carnival e sua associação
aos mestiços (Coloured), começa a se revelar um processo distinto, que tem por base a etnicização da mistura.

Juliana Caldeira da Silva (SMESP). Racismo Institucional: a trajetória escolar de meninas negras e suas
estratégias enfrentamento. O trabalho pretende fazer uma análise bourdieusiana de trajetórias escolares de
meninas negras durante o ensino fundamental diante do racismo institucional, a fim de investigar quais são as
estratégias de aceitação por elas adotadas no contexto de uma escola pública periférica da cidade de São Paulo.
Tendo como objetivo levantar quais das estratégias por elas adotadas de fato garantem a aceitação no campo a
ser investigado, no caso, a escola, para que assim mais meninas negras possam empoderar-se de tais estratégias
tornando consequentemente mais leve e menos complexa suas trajetórias escolares. A pesquisa, portanto, terá o
caráter descritivo na medida em que se dedicará a analisar trajetórias de um grupo específico e levantar dentre
tais trajetórias, as possíveis estratégias utilizadas por esses sujeitos. Pretende-se também discutir o problema em
questão, o racismo institucional, que em qualquer caso, sempre coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos
discriminados em situação de desvantagem no acesso a benefícios gerados pelo Estado e por demais instituições
e organizações.Portanto, as abordagens sobre racismo institucional, torna a pesquisa também um trabalho com
fins explicativo. Os dados serão coletados por meio de entrevistas e observações participantes. Considerando o
fato de que enquanto pesquisadora também sou professora na unidade escolar a qual será campo de pesquisa,
sendo eu também assim, integrante do campo a ser pesquisado. Ou seja, não se pode desconsiderar o fato de já
existir uma relação estabelecida entre pesquisadora e sujeitos a serem observados. A pesquisa parte da hipótese
de que dado o recorte feito na faixa etária dos sujeitos a serem observados (entre 6 e 14 anos), alunas cursando o
ensino fundamental I e II, as estratégias de aceitação por elas adotadas talvez versem em sua maioria sobre as
questões estéticas corporais. Dado os valores estéticos corporais eurocêntricos que são padronizados e impostos
socialmente pelo patriarcado. O fato de ocupar o campo social de mulher negra, militante feminista e do
movimento negro, e também o de professora e moradora da periferia da cidade de São Paulo, me permite
enxergar e entender de forma muito específica, as trajetórias das meninas negras no processo de socialização
escolar durante o ensino fundamental. Na medida em que observar que apenas um determinado grupo de
crianças específicas tem que adotar estratégias específicas para serem aceitas num determinado campo, é um
problema incômodo o suficiente para justificar este trabalho. Onde tornar pública academicamente essas
trajetórias e levantar as estratégias bem-sucedidas que nelas aparecem, se faz de total relevância.

Júlio Omar da Silva Lourenço (Prefeitura Municipal de Macaé), Gabriela Franklin Laurindo (SEMAEB).
Africanidade na matemática através de jogos de mancala:implicações no currículo de matemática em
Macaé. Este trabalho apresenta uma proposta de aplicabilidade da Lei 10639/2003 nas aulas de matemática,
através dos jogos de Mancala – Kalah e Oware – na rede municipal de ensino de Macaé-RJ a partir de 19 de
junho na Feira das Ciências do CAp- Macaé. Os métodos e técnicas utilizados foram a observação e intervenção
durante as oficinas dos jogos de Mancala, levantamento bibliográfico e análise da conformidade do Caderno de
Orientações Curriculares (COC-Macaé) com a Lei 10639/2003. A pesquisa buscou demonstrar que a matemática
ensinada na rede de ensino no município de Macaé-RJ ainda ocorre sob aspectos enviesados, reproduzida para a
manutenção do “status quo” de uma elite colonial, mesmo diante da existência da Lei 10639/03. O objetivo de
nossa pesquisa foi oferecer novas possibilidades à prática docente pelo viés da Etnomatemática. Através dos
resultados obtidos, constatamos, que antes de nossa oficina, a maioria de nossos(as) alunos(as) nunca tivera
contato com qualquer jogo de origem africana, principalmente nas aulas de matemática, e, que a maioria dos(as)
professores(as) desconhecia as Leis 10639/2003 e 11645/2008. Sugerimos a inclusão desses jogos,
principalmente, no ensino fundamental 1 e ao longo do fundamental 2 e médio. Verificamos que tais jogos
podem ocupar espaço significativo no processo de ensino-aprendizagem por estimular o raciocínio-lógico na
criação de estratégias ganhadoras, além de representar elementos históricos e culturais africanos e da diáspora,
auxiliando, assim, no processo de formação identitária de crianças e jovens e no resgate de valores da tradição,
cultura, saberes e conhecimentos africanos.

Jussara das Neves Vilaça (Universidade de São Paulo - USP). Identidade e Protagonismo em Cena:
Narrativas de atores de Coletivos Negros de Teatro. A motivação para a realização deste estudo teve origem
na inquietação perante à percepção do crescente processo que tem feito com que os negros brasileiros, na nossa
história recente têm cada vez mais assumido de forma orgulhosa sua identidade racial, resgatando e valorizando
sua ancestralidade. Pretende-se perceber esse processo de empoderamento a partir da ação específica de
membros de Coletivos Negros de Teatro, a fim de compreender de que maneira esses sujeitos sociais, produzem
suas narrativas, quais elementos valorizam e quais relacionam à identidade afrodescendente. A formação da
população brasileira, fez com que os negros fossem sempre submetidos a um processo de desvalorização,
instaurado na época da escravidão, onde lhe foi negada um lugar de igualdade social, sendo as suas
manifestações culturais silenciadas e ou combatidas. Nesse processo tem se mais permanências do que rupturas,
sendo o racismo estrutural uma constante que pode ser facilmente evidenciada em dados estatísticos e em cenas
cotidianas. O processo de depreciação da identidade do negro brasileiro causa reflexos tanto de ordem
individual, quanto coletiva. De acordo com o antropólogo Kabengele Munanga (1988) dentre esses problemas
tem se a alienação do seu corpo, de sua cor, de sua cultura e de sua história. A consequência dessas afrontas
levam à inferiorização e à baixa estima, que por sua vez promovem a falta de conscientização histórica e
política. Embora a população negra seja maioria no país, ela está sempre em sub-representação e muitos
estereótipos são reforçados. Mesmo quando aparentemente, algumas representações parecem conferir ao povo
negro um “lugar ao sol” este lugar é sempre um papel fixo, determinado. De acordo com Gomes (2006), o negro
muitas vezes introjeta a negatividade relacionada às suas características. Desse modo, na busca pela aceitação
social, se sujeita à padronização imposta pela cultura hegemônica propagada pelos meios de comunicação. Sair
do papel de coadjuvante e assumir papéis de protagonistas de sua própria história, dando sentidos e significados
outros à presença negra em espaços majoritariamente ligados à branquitude, é a cena sobre a qual se debruça o
presente projeto, tendo os atores negros duplamente representados, tanto no palco, quanto na forma de (re)contar
sua história e cultura; sendo para isso utilizada a História Oral, oportunizando a produção de narrativas que
sejam capazes de amplificar a atuação desses personagens.

Karen Sales Corrêa Stein (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP). Gravidez e maternidade no
período escolar: vivências de jovens e professoras de escolas públicas de Guarujá e Santos. A reflexão
sobre alguns resultados de 2 iniciações científicas e pesquisa pós doc, articuladas à extensão. Interesse centrado
nos direitos reprodutivos de estudantes secundaristas, entendendo que a vivência da gravidez e maternidade
durante período escolar coloca este território em lugar privilegiado na construção dos significados.Discutir a
importância de entender a maternidade em período escolar a partir dos significados e vivências de estudantes e
professoras/es, como estratégia para promoção de políticas de permanência estudantil.Foram realizadas
entrevistas com 2 jovens mães (1 de Santos e 1 do Guarujá) e com 2 professoras de escola do Guarujá. Roteiros
conduziram a entrevistas que pretenderam aproximação das trajetórias das jovens. Foram retomadas também
para análise, as notas de diários de atividades desenvolvidas pelo Projeto Juventudes e Funk na Baixada Santista:
territórios, redes, saúde e educação e dos diários de pesquisa. Todo material está sendo analisado a partir de
perspectivas ético-política dos direitos humanos e dos direitos reprodutivos, portanto. As questões de gênero que
envolvem a maternidade e o corpo feminino são centrais para pensar as jovens estudantes como sujeitas de
direito.A escola parece não ter flexibilidade necessária para as jovens grávidas/mães e costuma não percebê-las
responsável por uma criança. Apesar dos obstáculos que a maternidade coloca e da “solidão” da gestação e de
apontarem que a escola dá pouco apoio, restringindo-se à garantir a licença maternidade ou à esforços para que
não sejam reprovadas, elas se empenham para dar continuidade aos estudos, depois do nascimento da criança.
Tanto jovens como professoras, entendem que a escola deveria orientar sobre sexualidade e contracepção e
desenvolver projetos para permanência na escola durante a gravidez e após nascimento, incluindo recursos como
ensino à distância.A pesquisa permitiu aproximar das questões da maternidade em período escolar, relacionando
à escola. Ainda que a análise esteja em processo, as reflexões em torno da vivência da maternidade para as
jovens e as questões trazidas pelas educadoras permitem serem utilizadas nas atividades de extensão
empenhadas na promoção da saúde e direitos sexuais de jovens na escola e para aproximação com políticas
juvenis que tratem da questão da maternidade.

Katerina Volcov (UNIFESP); Leonardo Carbonieri Campoy (PUC-PR). As ciências sociais além dos textos:
atuações, práticas e intervenções de cientistas sociais em contextos desafiadores no mundo lusófono. A
reflexão proporcionada pelas Ciências Sociais em diferentes contextos como na saúde e na educação, entre
outros, tem sido utilizada para ampliar a compreensão de um determinado fato social por diversos públicos,
inclusive, das e dos próprios cientistas sociais. Contudo, a atuação do cientista social em seu campo de pesquisa
e/ou trabalho é compreendida de diversas formas, muitas vezes, exigindo que sua práxis se amplie para outras
categorias que estão além da prática de pesquisa, exigindo flexibilidade na atuação e na compreensão dos
diversos atores envolvidos no contexto. Observa-se também que diversas áreas das chamadas Ciências Humanas
exigem do cientista social, quando em campo, a busca por conhecimento que estão tangenciadas por outros
saberes que não somente àquelas referenciadas pelas chamadas Ciências Sociais. Além disso, fazer pesquisa em
ciências sociais gera o entendimento de que as perspectivas desses saberes podem ser úteis para os atores dos
contextos sob escrutínio. Ao vivenciar realidades distintas da sua, balizando seus conhecimentos
epistemológicos, teóricos e metodológicos com as condições locais, as ciências sociais mostram ao pesquisador
desafios, ressonâncias e intervenções capazes de contribuir para tornar as ações mais eficientes, igualitárias,
inclusivas, aplacadoras do sofrimento ou estimulantes do bem-estar. Assim, em projetos institucionalizados ou
em práticas espontâneas, o cientista social atua em seu próprio campo de pesquisa, embaraçando as distinções
entre pesquisador e ator, entre “ser de fora e ser de dentro”. Como conceber as atuações, práticas e intervenções
das ciências sociais em diferentes campos de pesquisa? Elas colocam a qualidade da produção de conhecimento
em risco ou qualificam a pesquisa ao torná-la mais prática e inserida no contexto em que está sendo produzida?
Convidamos pesquisadores do mundo lusófono para explorar essas indagações, apresentando relatos de casos ou
considerações metodológicas, éticas e teóricas. O objetivo é refletir as atuações, estratégias e intervenções
geradas pelo ou demandadas ao cientista social quando se está em campo a partir das relações que se tecem no
cotidiano da pesquisa, buscando compreender as tensões entre os limites éticos e metodológicos, principalmente,
mas não limitados a, nos contextos desafiadores das áreas da saúde e da educação.

Kátia Sento Sé Mello (UFRJ); Jacqueline Sinhoretto (UFSCar); Juliana Tonche (USP). Este Grupo de Trabalho
tem como objetivo reunir trabalhos de natureza empírica que abordem questões relativas à administração formal
e informal de conflitos. A formalização da administração de conflitos levada a cabo nas sociedades modernas
pela estruturação de sistemas de justiça, especialmente nos âmbitos civil e criminal, construiu-se em torno de
processos que pretendiam racionalizar essa administração a partir das lógicas do contrato e da retribuição.
Contudo, e embora essas lógicas tenham se pretendido hegemônicas, essa racionalização não se deu por
completo e formas alternativas de administração de conflitos ganharam novo fôlego no século XX. Essas formas
emergiram especialmente a partir de contextos pós-coloniais, destacando-se dentre elas novas leituras de formas
tradicionais que permaneceram e/ou resistiram aos processos de racionalização e formalização do sistema de
justiça. Em geral, as justiças alternativas ou formas alternativas de administração de conflito procuraram
responder a limites, desigualdades e contradições produzidos por esse sistema. Ao questionarem os limites da
administração formal de conflitos e seus efeitos para modificar as relações hierárquicas produzidas pelo conflito,
as formas alternativas abrem o campo da administração de conflitos para maior diversidade e ora competem, ora
compõem com o binômio contrato/retribuição. Dessa forma, buscamos promover um debate sobre essa
diversidade de contextos e situações nos quais sujeitos, moralidades, ética e sistemas interpretativos estão
presentes nos processos sociais que envolvem a administração de conflitos. Trata-se de um espaço voltado para a
reflexão sobre as variadas formas, experiências e contextos que a administração de conflitos pode assumir.
Esperamos receber trabalhos que tratem de tanto de experiências institucionais/estatais quanto de experiências
comunitárias ou mistas de mediação, conciliação, justiça restaurativa, alternativas penais ou ainda outras
iniciativas relacionadas às diferentes formas de compreender e gerir os conflitos. Pesquisas sobre desigualdades
na administração das formas alternativas, disputas de saberes, lutas por reconhecimento e profissionalização
também estão no escopo desta proposição.

Kelly Cristina Caetano Silva (Prefeitura Municipal de Uberlândia). Inclusão dos Saberes Negros no Ensino de
Ciências: Possibilidades de Desconstruir Estereótipos. O presente artigo, em meio às discussões que se
constroem para o estudo na educação das relações étnico-raciais e o ensino de ciências sugere uma abordagem
que discuta o conhecimento científico sobre a vida social, a partir de proposição em torno de conhecer e
reconhecer cientistas negros em nossa sociedade, levando em consideração o contexto histórico. O objetivo do
texto é articular a superação de visões estereotipadas e preconceitos com base em conhecimentos produzidos
pelas Ciências Naturais, cujo mesmo pode promover essa superação de relações de inferioridade e valorizar a
diversidade étnico-racial. Partindo de referenciais teóricos e metodológicos coletados através de pesquisas
bibliográficas foram identificados quatro grupos temáticos que podem ser abordados no ensino de ciências com
o intuito de promover relações étnico-raciais éticas. E contribuindo com a inserção da lei 10.639 ao ensino de
Ciência nas práticas escolares de construção de aprendizagens e conhecimento relacionado às relações étnico-
raciais, o artigo apresenta como proposta pedagógica o tema: Cientistas Negros e a Superação dos Estereótipos
Presentes nas Profissões. Em que pressupõe que uma das opções para se ensinar Ciências, é através de sua
História. Por meio deste artigo e das análises discutidas, esperamos contribuir para o fomento do debate e
pesquisa sobre o papel do ensino de ciências na formação de cidadãos. Essa formação deve contemplar a
construção de relações sociais positivas do negro e o engajamento em lutas por eliminação de quaisquer formas
de desigualdade social e de discriminação. Palavras-chave: Ensino de Ciência, Estereótipo, Relações Étnico-
raciais.

Laís Ramos Ribeiro (Prefeitura de Santos). Mão que dá, mão que tira: o peso do Estado na vida das
mulheres de baixa renda. Conhecer a perspectiva das mulheres atendidas no Centro de Referência de
Assistência Social do Morro Nova Cintra do município de Santos – SP que estão em vias de perder o poder
familiar, compreendendo assim o olhar dessas perante os serviços que representam o Estado. Conhecer a
perspectiva das mulheres atendidas no Centro de Referência de Assistência Social do Morro Nova Cintra do
município de Santos – SP que estão em vias de perder o poder familiar, compreendendo assim o olhar dessas
perante os serviços que representam o estado, tais como: Centro de Referência de Assis, objeto da pesquisa
Mulheres atendidas no Centro de Referência de Assistência Social do Morro Nova Cintrado município de Santos
– SP. Enquanto aluna de psicologia passei por alguns Enquanto aluna de psicologia passei por alguns
desconfortos com relação à futura preparação para o mercado de trabalho. No curso, apesar de ser proposta uma
abordagem generalista, na prática me deparei com um enfoque para a realidade do atendimento clínico que
consegue atingir somente uma parcela da população, aquela que consegue custear sua terapia. O atendimento
psicoterápico desde a graduação sempre me pareceu algo limitado quanto ao potencial em que o psicólogo pode
atuar e, ao adentrar a Política de Assistência Social em 2014 percebi que existem outros espaços e outras
realidades para além da psicoterapia. Na atuação no Centro de Referência de Assistência Social - CRAS Nova
Cintra é possível perceber que o maior volume de atendimentos é proveniente de famílias
monoparentais,constituídas predominantemente pela mulher como “chefe de família”. Nessa perspectiva de
atendimento à mulher, mãe e responsável por cuidados e afetos,dentre outras várias características delegadas a
ela, é notável o quanto o estado se mostra presente e coercitivo, culpando e responsabilizando sempre que elas
demonstram não estar de acordo com as normas e padrões vistos como correto, destaco o estado por meio dos
serviços que acabam tendo esse papel policialesco.Considerando essas inquietações, a presente pesquisa visa a
conhecer a perspectiva das mulheres atendidas no Centro de Referência de Assistência Social do Morro Nova
Cintra do município de Santos – SP compreendendo o olhar dessas perante os serviços que representam o
estado.

Larissa Ferreira Geminiano (UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul); Natália de Souza Araújo
(UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). EDUCADORES (IN)FORMAÇÃO: Indicações sobre
questões étnicas e “raciais. Os negros, em decorrência de sua cultura religião, fenótipo e costumes sofrem
discriminação advinda de pessoas racistas que julgam estar em um grupo social superior. Segundo o IBGE
(2017), cresceu o número de pessoas que se autodeclararam negras, em 14,9%. Sendo assim, percebe-se a
necessidade de projetar medidas socioeducativas e legais que assegurem os direitos e deveres dessa camada
populacional erroneamente denominada como minoria. Objetivamos explicitar, compreender e analisar as
concepções sobre as questões étnicas e “raciais” das formandas em 2018 do curso de pedagogia das Faculdades
Integrada Rui Barbosa (FIRB-Andradina/SP) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS-Três
Lagoas/MS). Por meio da técnica de questionário para geração de dados (enviado a seis formandas da FIRB e da
UFMS) empreendemos uma abordagem qualitativa e quantitativa inspirada nos preceitos da etnografia.
Apoiamo-nos em estudos que abordam as questões étnicas nos campos da antropologia, sociologia, teoria crítica
e estudos culturais dentre outros. Partimos do pressuposto de que a acuidade teórica na formação sobre tais
questões por parte das formandas pode mudar a realidade contextualizada. A oferta de uma disciplina que trata
sobre o tema no contexto formativo pode emanar um potencial na geração das tecnologias sociais que possam
vir a dirimir as disparidades sociais baseadas no fenótipo.

Layla Vitorio Peçanha (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ). Diferença da diferença: identidades
interseccionais e saúde de mulheres lésbicas e bissexuais negras. O presente trabalho tem como objetivo
geral analisar os padrões que podem esclarecer a invisibilidade destinada a mulheres lésbicas e bissexuais, em
especial a lésbicas e bissexuais negras, na área da assistência integral da saúde da mulher, bem como, refletir
sobre as identidades interseccionais desses corpos elaboradas sobre discursos de representações machistas,
racistas e lesbofóbicas. De forma acentuada partindo dos pressupostos que surgem da hierarquização entre os
sujeitos, podemos levantar processos cotidianos de discriminação e racismo institucional no campo do cuidado
médico-ginecológico, sobre os corpos de mulheres negras, e estes aspectos são ainda mais acentuados quando
esse corpo é lésbico e negro, onde o “corpo lésbico” é destituído cotidianamente de seu papel como agente de
sua própria sexualidade. A opressão e as desvantagens que pairam sobre os corpos lésbicos não podem ser
efetivamente questionadas a não ser que suas causas e resultados complexos e inter-relacionados possam ser
examinados integralmente e a partir de múltiplas perspectivas. Nem todas as lésbicas se veem afetadas pela
opressão e/ou pela discriminação da mesma maneira e num mesmo grau. A identidade de uma pessoa ou grupo
de pessoas e seus privilégios ou desvantagens respectivas variam dependendo da interseção ou combinação de
uma séria complexa de fatores, como a raça, o sexo, a classe econômica, a origem nacional, o lugar/país de
residência, a capacidade física/mental, o status familiar, etnia, religião etc. Para o referencial teórico me valho
dos conceitos de campo e habitus de Pierre Bourdieu. Os dados aqui analisados são oriundos de dois conjuntos
de fontes: documentos dos governos que têm relação com os atendimentos e com as demandas de saúde de
mulheres negras, mulheres lésbicas e bissexuais, bem como, artigos que foram publicados na área da saúde sobre
o assunto, oriundos da Biblioteca Virtual de Saúde, SciELO (Scientific Electronic Library Online), , as bases de
dados da Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), bem como, a biblioteca digital
brasileira do Banco de Teses e Dissertações (BDTD . Os alicerces de subalternidades atravessados pelas
discriminações tornam-se aspectos dinâmicos e/ou ativos de desempoderamento, por isso se faz necessário ações
e políticas específicas a fim de que se combatam tais opressões.

Lázaro de Oliveira Evangelista (UFRGS). Relações Étnico-Raciais e o Ensino da Língua Inglesa: práticas
educativas para um aprendizado contextualizado de um idioma estrangeiro no Brasil. O presente trabalho
versa sobre experiências e práticas pedagógicas realizadas no contexto escolar, com a finalidade de articular e
refletir algumas possibilidades do ensino-aprendizado de um idioma estrangeiro – a língua inglesa – no contexto
escolar brasileiro, aparelhado aos conceitos propostos da Educação para as Relações Étnico-Raciais. Deste
modo, utilizar os princípios norteadores da lei 10.639/03 em conexão com as práticas do ensino da língua
inglesa, permite que as mesmas estejam em consonância com as realidades sociais locais, a fim de que tais ações
educativas, praticadas, usualmente, de forma tecnicista, possam contribuir e auxiliar no combate de assimetrias
sociais, oportunizando o diálogo e reflexões capazes de permear os currículos escolares e as práxis docentes na
educação básica. Estas articulações podem contribuir, efetivamente, para um processo educacional mais
equânime do ponto de vista sociocultural, bem como auxiliar no estabelecimento de um compromisso que visa,
para além do entendimento que infere característica fixas e imutáveis nos processos do ensino da língua inglesa,
dar sentido adequado a este aprendizado. Palavras-chave: Práticas pedagógicas, Relações Étnico-Raciais, Língua
Inglesa, Educação Básica.

Leandro Bulhões dos Santos (SEEDUC); Amauri Mendes Pereira (UFRRJ). Histórias do Movimento Negro:
um estudo de caso sobre o 52º Encontro do CENIERJ. Nas últimas décadas do século XX e inícios do XXI a
luta contra o racismo, capitaneada pelo Movimento Negro (MN), galgou legitimidade política e institucional,
além da inegável capilaridade social. Nossa investigação pretende analisar o 52º Encontro das Entidades Negras
do Interior do Estado do Rio de Janeiro, realizado na cidade de Itaperuna entre os dias 14 e 16 de setembro de
2018, observando as memórias, vitórias, derrotas, avanços e retrocessos do Movimento Negro do interior do
Estado do Rio de Janeiro na luta contra o racismo. Observamos o caso do Conselho de Entidades Negras do
Interior do Estado do Rio de Janeiro (CENIERJ), que realizou seu 52º encontro na cidade de Itaperuna, interior
do estado do Rio de Janeiro. Observamos reuniões de grupos temáticos e plenárias, além de realizarmos 7
entrevistas com lideranças antigas e atuais. Temos narrativas orais sobre o histórico das reuniões e estamos
coletando relatórios, quantificações, anotações das presenças e características das participações, de muitos dos
ENCONTROS. Certamente receberemos fotos e outros registros das convocações/divulgações, e da pró´ria
realização dos eventos? Estamos empenhados em arquivos de participantes que podem nos informar o nível de
visibilidade nas mídias e na vida social local. Importante oralidade através de entrevistas semi-estruturadas
realizadas com os militantes mais antigos e atuais, além de criar formas de comunicação permanentes e ágeis. Os
resultados parciais desse encontro foram 7 entrevistas com dirigentes históricos do Movimento Negro de
diferentes cidades do Interior do Estado do RJ que se encontram em fase de análise, produção e construção de
narrativas historiográficas. O CENIERJ foi criado há mais de 40 anos, e se constituiu a partir da militância negra
que emergia graças à capilarização da ideia de Consciência Negra: um avanço da consciência social e política
historicamente preservadas em inúmeras formas de resistência nos meios negros em toda a parte, no caso,
municípios de todas as regiões do Rio de Janeiro. Investigar a centralidade e construir narrativas históricas a
cerca desses atores é passo estratégico e fundamental para uma nova episteme sobre a história da luta de negros
e negras por liberdade, políticas públicas, reconhecimento e expansão de consciência racial na lutas antirracistas.

Leidiane Santos Oliveira (Universidade Federal da Bahia - UFBA). Gerson King Congo do despertar da
consciência a etnicidade em foco. Diante das intensas mudanças das últimas décadas com um crescente no
número de produções que visam privilegiar análises e trazem à tona a participação dos sujeitos negros na
construção da identidade nacional em diferentes segmentos a exemplo da arte e da música, considero que ainda
há muitos espaços para trabalhos como este, levando em consideração a grande importância e produção destes
sujeitos. Portanto, se faz necessário mais reflexões mostrando de que forma estas experiências acontecem, quais
os mecanismos de resistências, e como o processo de globalização tem ditado novas possibilidades de
engajamento ou afastamento dos diferentes sujeitos. Neste estudo, apresento como dois sujeitos sociais se
consolidaram como um dos grandes expoentes do soul e funk no Brasil, penetrando no que frequentemente
denominamos de identidade reafricanizada por meio da Diáspora ancorada também pelo processo de
globalização. Trata-se de Gerson King Congo e Tony Tornado, sujeitos que acionaram uma corporeidade
atribuída aos afro- americanos, paralelamente construindo o que historicamente ficou conhecido como uma das
vertentes da “cultura negra”. Foi necessário o exercício sistemático de análise do conjunto da obra de Gerson
Tony, observando todos os itens em sua totalidade, canção, influências musicais e políticas, vestimentas e
sonoridade, visto que só assim é possível desenvolver a erudição e percepção crítica para a realização satisfatória
de um trabalho historiográfico. A partir disso, foi possível desenvolver uma abordagem que toma a canção (dos
álbuns selecionados) como foco de análise, apontando suas representações e as denúncias que se encontram
inseridas. Essa nova simbologia é marcada pela utilização do corpo como espaço de consciência política, social,
que se fez adotar caracteres ligados a uma africanidade recriada pela Diáspora. Portanto, as evidências permitem
perceber por um olhar ao mesmo tempo que sensível, crítico as produções de negros/as, e os sujeitos negros
como importantes para compor a história da sociedade brasileira. A forma com que Gerson e Tony expuseram
sua negritude não agradou a todos, se os militares achavam que eles seriam capazes de incitar os negros à
revolta, aliás, através da perseguição de artistas negros durante a Ditadura Civil Militar, é possível ver como
mais precisão que o Mito da Democracia Racial, não passa de um mito, sendo usado para velar o racismo. Dados
aqui levantados são resultados de uma busca atenta aos materiais iconográficos, vídeos e canções disponíveis
nos dispositivos eletrônicos, resultados parciais da pesquisa de mestrado desenvolvida no Pós Afro UFBA.

Leonarda Jacinto José Maria Menezes (Universidade Eduardo Mondlane) O compromisso social da
educação com o letramento no ensino bilingue em Moçambique. O presente artigo tem como objectivo fazer
uma abordagem teórica em torno dos conceitos de letramento e/ou letramentos, com enfoque sobre a realidade
experienciada por alunos bilíngues de zonas rurais de Moçambique. O estudo inicia com a análise da dicotómica
dos modelos de letramento (ideológico e autónomo) e descreve, comparativamente, as noções de “o evento de
letramento” e “práticas de letramento” (cf. Street, 2003), exemplificadas com situações típicas dos contextos de
aprendizagem bilingue em Moçambique. Paralelamente, a pesquisa discute o posicionamento de diversos
autores (Marcuschi, 2001; Jung, 2009; Martin-Jones, 2010) sobre os consensos alcançados na caracterização de
letramento; a crise na área do letramento escolar; as relações entre a leitura e escrita, poder e cultura; o modo
como os novos letramentos influenciam os letramentos da sala de aula. Concluímos que em Moçambique, a
situação do letramento e/ou letramentos está numa fase que requer atenção redobrada dos fazedores de política
linguística, sobretudo as do ensino bilíngue e, ainda, que as novas abordagens do letramento constituem um
caminho adequado e recomendável para uma redefinição de um letramento escolar bilíngue que, certamente, vão
propiciar ao aluno oportunidades de aplicar na sua vida futura as aprendizagens adquiridas na escola. The social
commitment of education with literacy in bilingual education in Mozambique. Abstract: This article aims to
make a theoretical approach around the concepts of literacy and / or literacies, focusing on the reality
experienced by bilingual students from rural areas of Mozambique. The study begins The study begins with a
dichotomous analysis of literacy models (ideological and autonomous) and comparatively describes the notions
of "the literacy event" and "literacy practices" (cf. Street, 2003), exemplified with specific situations of bilingual
learning contexts in Mozambique. At the same time, the research discusses the positioning of several authors
(Marcuschi, 2001; Jung, 2009; Martin-Jones, 2010) on the consensus reached in the characterization of literacy;
the crisis in the area of school literacy; the relations between reading and writing, power and culture; the way
new literacies influence classroom literacy. We conclude that in Mozambique the situation of literacy and / or
literacies is at a stage that requires more attention from linguistic policy makers, especially those from bilingual
education, and that new approaches to literacy are an appropriate and recommended path for a redefinition of a
bilingual school literacy that will certainly provide the student with opportunities to apply in his future life the
acquired learning at school.

Letícia Rodrigues de Souza (USP). Os Estudos da Infância na África Lusófona. Este trabalho apresenta uma
pesquisa doutorado, apoiada pela CAPES, no campo da Sociologia da Infância, a qual propõe investigar como o
campo dos estudos da infância repercutiu nos países do hemisfério sul, especificamente em países da África de
língua oficial portuguesa, os denominados PALOP. A sociologia da infância sustentou variadas pesquisas,
propagada em diferentes países da Europa e na América do Norte e, dessa forma, produziu teoria sobre as
crianças e a infância. Tem-se conhecimento que esse campo e, indo além, que o campo multidisciplinar dos
estudos da infância tem repercutido em países da América do Sul (VOLTARELLI, 2017), incluindo o Brasil
(ABRAMOVICZ; OLIVEIRA, 2010; FARIA; FINCO, 2011; NASCIMENTO et al, 2013). No cenário do
hemisfério sul, pensando em África, encontramos pesquisas cuja referência teórica é também a sociologia da
infância (ABEBE; OFOSU-KUSI, 2016, por exemplo), especificamente em países de língua oficial inglesa. E
nos PALOP? Quem pesquisa a infância? Quais as referências e abordagens? Tomando a sociologia da infância
como referência, o estudo traz as Epistemologias do Sul, de Boaventura Silva Santos, como alternativa ao
paradigma epistemológico da ciência moderna e como proposta que combate o monopólio das formas de saber e
sua hierarquização a partir do pressuposto de que é necessário ultrapassar o pensamento moderno ocidental e a
sua lógica de exclusão (GOMES, 2012). Pretende-se realizar um levantamento geral da produção dos estudos da
infância nos PALOP para identificar pesquisadores e as temáticas relevantes. Em seguida, serão definidos ao
menos um país para aprofundamento da pesquisa. Foi possível identificar até agora que, muitos dos temas de
investigações e estudos nos países dos PALOP estão relacionados com as problemáticas e dificuldades dessas
sociedades e com a realidade em que as crianças vivem e estão inseridas. Importante acentuar que a investigação
na África lusófona encontra-se em levantamento de dados, mas como principais resultados (iniciais), observa-se
que nesses países prioriza-se pesquisas que se aproximam de temas como: necessidades educativas especiais;
instituições de infância; ludicidade; desenvolvimento da criança; família; papel do Estado e política; intervenção
precoce na infância; papel do educador de infância; participação ampla da sociedade civil; participação ativa dos
jovens na sociedade; escolas e parasitoses intestinais; cuidar de crianças; entre outras pesquisas. Ao final as
investigações pretendem estabelecer interlocução com os estudos da infância encontrados serão colocados em
diálogo com a produção do Brasil e de Portugal, na possibilidade do estabelecimento fecundo de diferenças e
proximidades de pesquisa, metodologias e referências teóricas.
Liana de Paula. Processos sociais de administração da justiça e de conflitos nas sociedades modernas. Esta
mesa tem como objetivo a apresentação de trabalhos de natureza empírica que têm sido desenvolvidos pelas
pesquisadoras. Versam sobre administração formal e informal de conflitos. A formalização da administração de
conflitos levada a cabo nas sociedades modernas pela estruturação de sistemas de justiça, especialmente nos
âmbitos civil e criminal, construiu-se em torno de processos que pretendiam racionalizar essa administração a
partir das lógicas do contrato e da retribuição. Contudo, e embora essas lógicas tenham se pretendido
hegemônicas, essa racionalização não se deu por completo e formas alternativas de administração de conflitos
ganharam novo fôlego no século XX, emergindo especialmente em contextos pós-coloniais. Em geral, as
justiças alternativas ou formas alternativas de administração de conflito procuraram responder a desigualdades
produzidas pelo sistema de justiça estatal. Ao questionarem os limites da administração formal de conflitos e
seus efeitos para modificar as relações hierárquicas produzidas pelo conflito, as formas alternativas abrem o
campo da administração de conflitos para maior diversidade e ora competem, ora compõem com o binômio
contrato/retribuição. Dessa forma, buscamos promover um debate sobre essa diversidade de contextos e
situações nos quais sujeitos, moralidades, ética e sistemas interpretativos estão presentes nos processos sociais
que envolvem a administração de conflitos, com especial foco nas experiências de alternativas penais. O ponto
de partida para o debate será o trabalho de Jacqueline Sinhoretto, que visa oferecer um balanço das alternativas
judiciais no campo institucional de administração de conflitos no Brasil e analisar as tensões e disputas que
bloquearam uma reforma mais profunda. Kátia Sento Sé Mello, por sua vez, abordará a mediação judicial e os
aspectos morais e éticos na construção do diálogo entre as partes em conflito e entre estes e os mediadores.
Juliana Tonche discutirá as potencialidades e desafios da Justiça Restaurativa, levando em conta o contexto
brasileiro e suas especificidades. Finalmente, Liana de Paula abordará a justiça juvenil e as tensões que essa
produz em relação à justiça criminal no que se refere ao acesso a direitos.

Lidiane Maciel (Univap). Territórios de disputa: as ocupações (i)migrantes na cidade de São Paulo. O
objeto do trabalho são as “ocupações imigrantes e migrantes” na cidade de São Paulo, para tanto foram
selecionadas três casos de ocupação nessa cidade, a dimensão é comparativa e etnográfica e objetiva-se estudar
os espaços de solidariedade e disputa entre migrantes nacionais e internacionais nesses espaços. A maior parte
dos imigrantes lá presentes reivindicam por hora a categoria de refúgio por questões humanitárias, e fazem parte
dos fluxos migratórios de atingiram o Brasil na primeira década do século XXI. Segundo Baeninger, em
migração Sul-Sul, “o cenário das migrações internacionais no século XXI tem sido marcado por movimentos
migratórios que incluem percursos, cada vez mais intensos, entre os países do Sul global” (p.14). A recepção
desses migrantes encontra resistências de diversos setores da sociedade brasileira, há um jogo território de difícil
compreensão, que envolve estado, igrejas e movimentos sociais. As ocupações já representativas no tecido
urbano paulistano, passaram na última década acolher populações advindas de fluxos internacionais. Para
avançarmos nesse debate realizei um trabalho de campo em uma ocupação no centro da cidade de São Paulo na
região do Vale do Anhangabaú. A ocupação é de um prédio público “esvaziado” desde 1990, e pertencente a
Prefeitura de São Paulo. Hoje incorre uma ação judicial em torno de sua desocupação. A ocupação é composta
por cerca de 400 pessoas, 183 famílias, entre elas migrantes internos e internacionais (Marrocos, Congo,
Senegaleses, Haitianos, filipinos), entre os migrantes internos temos baianos, paraibanos, paranaenses,
capixabensis e cariocas. São dos 24 andares, 12 são ocupados. Os moradores se empregam em trabalhos formais
e informais vinculados a limpeza, serviços gerais e comércio ambulante, eles trabalham majoritariamente no
centro da cidade. A estrutura das moradias é bastante precária. A ocupação era gestionada pelos moradores
vinculados a certos movimentos pró-moradia recebendo respaldo de advogados envolvidos com a causa. Neste
contexto, soma-se diversos conflitos intragrupo: entre os moradores nacionais e internacionais pela divisão e
ocupação dos espaços, entre os novatos e os moradores mais antigos. Os novatos deveriam ser aceitos pelo
grupo maior e todos possuíam algum tipo de relação com algum membro já alocado, as relações eram familiares
e amizade. Por outro lado, é necessário, entender os conflitos externos, considerando que na época do trabalho
de campo havia uma ordem judicial para a desocupação, o que gerava conflito entre Prefeitura e moradores. A
questão era, o que fazer com a diversidade situacional ali presente? Considerando essas questões o trabalho
pretende discutir as ocupações como dimensão precária integrativa vivenciada nas migrações internacionais no
Brasil.

Lidiane Silva de Oliveira (Projeto Instituto Neymar Jrº). Permanência estudantil:A realidade de estudantes
de baixa na Universidade Federal de São Paulo. A proposta aqui apresentada tem como base as seguintes
realidades: a educação básica oferecida nas escolas públicas não possibilita o suporte necessário para o ingresso
e permanência nas universidades públicas; com a expansão abriu-se uma porta a esse acesso; ao se depararem
com as dificuldades as pessoas sofrem por não se adaptarem e entenderem o que é ensinado e muitas vezes até
abandonam o curso; alguns não admitem as dificuldades que possuem, mesmo apresentando-as, assim não
buscam ajuda e muitos acabam retidos nos módulos em que encontram mais dificuldades. No governo do
presidente Luís Inácio Lula da Silva ampliou-se o acesso ao ensino superior. Em 2003 criou-se o Programa de
Expansão da Educação Superior (Expandir), sendo a fase 1 das expansões no ensino superior. No ano de 2007
foi criado o Programa e Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI),
instituído pelo Decreto n° 6.096/07 de 24 de abril de 2007. O REUNI tem como principal objetivo ampliar o
acesso e a permanência na educação superior, sendo essa a fase 2 do Programa de Expansão do Ensino Superior.
O referido programa tem como objetivo ampliar o número de alunos no ensino superior. Nesse período, a
Unifesp criou o Campus Baixada Santista e ampliou a sua oferta de cursos, entre eles, o curso de Serviço Social.
No segundo momento de ampliação, a Unifesp aderiu o sistema de Cotas em 2004 e outras iniciativas foram
criadas pelo Governo Federal para facilitar o acesso dos jovens ao Ensino Superior. Aqui destacaremos o
Programa Universidade para Todos (Prouni) Sistema de Seleção Unificada, (Sisu). Também priorizado pelo
governo as Ações Afirmativas “visam à igualdade social beneficiando pessoas vitimadas pela exclusão sócio-
econômica no passado ou no presente”. (Portal MEC). Ainda, segundo o Ministério da Educação: Essas ações
objetivam combater discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero, proporcionado maior acesso e a
participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, bens materiais, emprego, proteção
social e na cultural (PORTAL MEC). Dessa forma, a educação contemporânea vive um desafio para aprimorar o
ser humano em consequência das mudanças sociais políticas e econômicas que ocorreram numa velocidade em
razão do desenvolvimento científico e tecnológico, diante de tomada de decisões que dependem dos saberes,
aliados a forma de olhar o mundo.

Loy Fernandes Toledo Ferro (Universidade Católica de Santos). Trabalho infantil no tráfico de drogas:
condição do adolescente em conflito com a lei. O tráfico de drogas na adolescência é classificado como uma
das piores formas de trabalho infantil, segundo a Convenção nº 182 da OIT, adotada pela Conferência Geral da
Organização Internacional do Trabalho em 1999. O Brasil ratificou e promulgou a convenção por meio do
decreto nº 3.597/2000, assumindo o compromisso de adotar medidas imediatas e eficazes para a proibição e
eliminação das piores formas de trabalho infantil. Contudo, apesar do Brasil ter ratificado a convenção
internacional, o tráfico de drogas na adolescência é frequentemente abordado sob uma ótica político-criminal,
reforçando o discurso de repressão em detrimento da prevenção. A adesão à convenção deu origem ao Programa
de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) – criado pelo Governo Federal por meio do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). O programa faz parte do Sistema Único de Assistência
Social (Suas), com ações de transferência de renda, convivência e fortalecimento de vínculos e acompanhamento
familiar. Entretanto, essas medidas parecem estar dissociadas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), já
que o tráfico de drogas na adolescência é tipificado como ato infracional e recebe tratamento análogo ao
tratamento reservado aos adultos pelo Código Penal, implicando muitas vezes na aplicação de medidas
privativas de liberdade. Em que pese o ato infracional seja considerado uma conduta grave, a sua prática, por si
só, não justifica a aplicação da medida socioeducativa de internação pois, não é cometido mediante violência ou
grave ameaça à pessoa. As medidas socioeducativas privativas de liberdade são medidas excepcionalíssimas e
sua aplicação deve observar os princípios constitucionais da brevidade, excepcionalidade e do respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Ademais, o ECA limita a aplicabilidade da medida
socioeducativa de internação aos casos previstos expressamente no art. 122. A pesquisa tem como objetivo
analisar as políticas públicas para readaptação e integração social dos adolescentes apreendidos por ato
infracional análogo ao tráfico de drogas e em que medida essas políticas se adequam aos objetivos e metas
propostas pela Convenção nº 182 da OIT. Essencialmente, serão utilizados os métodos de revisão bibliográfica e
análise documental, priorizando as plataformas de pesquisa gratuitas (Scielo e CAPES). Ainda, a lente de análise
deste estudo se dará pela perspectiva da criminologia crítica.

Lúcia de Oliveira Fernandes (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra).

Lúcia de Oliveira Fernandes (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra); Lays Helena Paes e Silva
(Faculdade das Américas em São Paulo). Crise ecológica, resistências e alternativas. A crise ecológica é
entendida por nós como um conjunto de contradições ecológicas produzidas pelo capitalismo globalizado e
colonialismo (alterações climáticas; poluição; doenças; riscos ambientais e à saúde em locais de lazer, moradia e
trabalho; “displacement”). As dinâmicas de resistências e alternativas são produzidas por cidadãos/ãs em nome
individual, comunidades, ONGs, movimentos sociais com variados enfoques (justiça ambiental, campesinos,
laborais, indígena, feministas, outros), muitas vezes em alianças com a academia e técnicas/os que trabalham de
maneira sensível e engajada, e pelo pensamento e discussão de ideias e estruturas, práticas e valores ancestrais
(indígenas, campesinas, ribeirinhas, dentre outras) e alternativas emergentes (agroecologia, Transição,
decrescimento, ecologia social,economia solidária, práticas dos comuns, dentre outras). Há diferentes conflitos
e/ou disputas entre os diferentes vínculo cognitivos, político, afetivo e emocional ao lugar e os valores atribuídos
ao ambiente natural, território, ambiente de trabalho, economia, dentre outros. Daí são produzidos conflitos
acerca da distribuição dos custos das atividades económicas e dos danos e dos benefícios ambientais das
escolhas públicas, que agravam ainda mais as desigualdades de poder e acesso à informação e aos processos
decisórios. O crescimento económico é o pilar central das políticas económicas vigentes por todo lado, embora
já mostrou seus limites sociais e ecológicos e acabou por ser seriamente criticado. Na opinião de muitos
cientistas sociais, bem como de inúmeros movimentos sociais, a crise atual representa uma oportunidade única
para rediscutir as formas de produção e distribuição de riqueza, assumindo uma perspectiva mais atenta às
desigualdades ambientais, isto é, a desigual distribuição dos custos ambientais entre os diferentes grupos sociais.
A discussão da crise ecológica,. de suas resistências e alternativas e indissociável da compreensão e
enfrentamento da crise social mundial, da construção de justiça social e da luta política das/os cidadãs/ãos pelos
seus direitos O marco teórico metodológico que valorizaram o neste GT é a co-produção de conhecimentos
através de saberes situados, científicos e/ou outros, especialmente o de quem é afetada/o e resiste. A proposta de
GT pretende acolher trabalhos que se situem em diferentes áreas, mas que tenham em comum a abordagem da
crise ecológica, dinâmicas de resistências e alternativas nos contextos local, regional e global. Poderá servir
também como uma maneira de (re) pensar trabalhos já em curso.

Lúcio Nagib Bittencourt (UFABC)- Tiago Corbisier Matheus (Fundação Getúlio Vargas). Ações públicas
culturais e socioeducativas em M’Boi Mirim: práticas e contribuições para as políticas públicas. Seguindo a
proposição de Spink (2017) de que as questões públicas não são hierarquicamente organizáveis entre gerais e
específicos e de que podemos aprender mais quanto às possibilidades de enfrentamento às vulnerabilidades
urbanas a partir do diálogo com “o outro lado da rua” nos lugares, o objetivo deste trabalho é argumentar quanto
ao papel que ações públicas culturais e socioeducativas podem assumir como referências para a construção de
maior conectividade entre serviços públicos nesses contextos. Partimos neste artigo da experiência de três anos
desenvolvendo projetos de pesquisa e extensão na região de M’Boi Mirim, zona sul da cidade de São Paulo – a
maior metrópole brasileira, e narramos nossa perspectiva, enquanto pesquisadores, acerca da experiência de
observar e acompanhar ações de organizações sociais locais, bem como de desenvolver ações compartilhadas
com seus agentes, a partir da perspectiva da pesquisa em ação e do diálogo entre saberes. Uma das questões
centrais ao debate sobre vulnerabilidades urbanas nesta região vem sendo referida como vulnerabilidades
institucionais: elas dizem respeito à dificuldade de diálogo entre os diferentes serviços públicos presentes nos
bairros, que atendem às mesmas famílias em diferentes temas. As ações desses coletivos, ao contrário,
apresentam como característica fundamental a capacidade de estabelecer parcerias para o desenvolvimento de
atividades variadas, compartilhando recursos e dialogando, principalmente, com as juventudes locais para sua
construção. Os resultados das parcerias construídas sustentam nossas conclusões de que a compreensão e
discussão de três experiências “específicas” – o funcionamento e organização de uma batalha de MCs mensal, de
um Centro de Juventude e de uma rede local de cursinhos populares - pode contribuir para o debate das
vulnerabilidades urbanas através do estudo de suas lógicas de funcionamento. Capazes de estabelecer parcerias e
relação horizontal e democrática entre ação e público, trazem lições que podem ser particularmente relevantes
para o debate atual sobre o aprofundamento da democracia e a produção de políticas públicas a partir das chaves
da proximidade e da capacidade de compartilhar decisões.

Luiz Henrique Passador (UNIFESP). Tradição como diferença em Moçambique. O emprego da tradição como
categoria analítica que produz alteridades (Fabian, 2002) e seus usos políticos através da história reverberaram
na produção de universos socioculturais, políticos, econômicos e na relação entre Estados e sociedades civis no
continente africano (Mamdani, 1996). Em pesquisa desenvolvida em Moçambique (Passador, 2011),
observamos como naquele país as noções de tradição e modernidade operam contemporaneamente enquanto
categorias que estabelecem campos semânticos, discursivos e pragmáticos que diversos agentes mobilizam e
manipulam constantemente na produção de diferenças e na classificação de pessoas, ações, espaços e eventos. O
estabelecimento de tais fronteiras classificatórias entre tradição e modernidade ordena e dá sentido à agência de
sujeitos, espaços e instituições, sendo uma experiência histórica instalada em Moçambique a partir do projeto
colonial português (Meneses et al., 2003) que permanece operante de formas diversas no período pós-
independência (Honwana, 2002; Fry, 2000; Geffray, 1991; O’Laughlin, 1992; Cahen, 2004; Florêncio, 2005;
West, 2009; West; Kloeck-Jenson, 1999; Kyed; Buur, 2006; Meneses, 2009). O trabalho proposto objetiva
investigar como a categoria tradição em Moçambique emergiu de um contexto de mediações históricas através
de processos de diferenciação que têm implicações transversais em diversos níveis, estabelecendo dinâmicas
relacionais, discursos e jogos de poder entre uma multiplicidade de agentes e agências que se transformam
mutuamente no processo histórico, ressignificando os sentidos atribuídos à noção de tradição e refletindo
diretamente no campo político das relações entre Estado e agentes da sociedade civil. Materiais e métodos: Será
desenvolvido trabalho de campo para a observação de processos sociais nos quais a tradição é a categoria
agenciada por sujeitos e instituições na produção e significação de conflitos e diferenças. As pesquisas de campo
estarão centradas no distrito de Homoíne, na província de Inhambane, ao Sul de Moçambique, tomado como
contexto privilegiado para o estudo de casos que envolvem experiências históricas e contemporâneas e no qual
já haviam se concentrado as pesquisas anteriores que dão fundamento ao projeto proposto (Passador, 2011).
Também será realizada pesquisa documental, necessária principalmente para a coleta de dados históricos, em
arquivos e bibliotecas que guardam documentação histórica e produção bibliográfica em Moçambique.

Madalina Florescu (CEBRAP). Memória, narrativas e subjetividades na Luanda pós-guerra. Como em


outros contextos de reconfiguração de identidades coletivas e pessoais, em Angola também, discursos oficiais
que buscam se constituir como grandes narrativas hegemônicas pretendem ser base para prescrições tanto das
políticas de estado em si, como daquelas articuladas pelas mídias, organizações não-governamentais e
organismos internacionais. Implicadas nesses processos são tensões reveladas nas relações de poder e
posicionamentos sobre pertencimentos e apagamentos de discursos e identidades. Com o intuito de contribuir
com as reflexões acerca do complexo contexto pós guerra em Angola, propomo-nos olhar para o campo da
narração e das subjetividades como processo problemático de construção de sentidos em contextos de mudanças
abruptas e de fortes divisões políticas, sobre as quais incide o poder das narrativas, produzindo diferentes
capacidades de “domesticar” a violência por meio de palavras (Das, 1999). Em particular, nos interessam os
lugares ou momentos nas “margens” do poder, nos quais, através da linguagem, as pessoas reelaboram os limites
conceituais do Estado no intuito de criar um sentimento de segurança (Das; Poole, 2004). Estes lugares não são
geográficos, mas sociais, conceituais e afetivos. O objetivo deste projeto é realizar uma etnografia da memória
nas margens do Estado angolano, buscando compreender como as pessoas lidam com o passado quando as
experiências pessoais contam uma história diferente da história contada pelas representações oficiais. Que
histórias contam as narrativas pessoais? Que histórias surgem quando o peso afetivo do passado não se deixa
traduzir em palavras? Ao situar às margens do Estado entre os que durante a guerra e no pós guerra se
identificam como católicos, buscamos compreender como o passado da guerra é lembrado através de uma
linguagem e de práticas cuja ligação histórica com o tempo colonial é valorizada como algo que a guerra
destruiu e que é preciso recuperar como um passado que é “bom relembrar”. Para dar conta da memória como
narrativa e como afeto, faremos uma distinção analítica entre, por um lado, interpretações dos eventos que os
colocam num quadro temporal e narrativo e, por outro lado, memórias difusas e difíceis de se circunscrever e
descrever, nas quais o passado persiste de maneira não formulada objetivamente, mas enquanto experiência
subjetiva.

Malenna Clier Ferreira Farias (UFPA); Juliana Leide Marques Bentes Barreto (Universidade Federal do
Oeste do Pará); Luciana Gonçalves de Carvalho (Ufopa). "Individuais" e "Coletivos": disputas territoriais
e conflitos ambientais em Repartimento dos Pilões, Almeirim-Pa. Este trabalho aborda o conflito agrário e
fundiário existente na comunidade agroextrativista Repartimento dos Pilões, situada literalmente entre florestas
nativas de castanha e florestas plantadas de eucalipto, no Vale do Jari, em Almeirim/PA, atualmente dividida
entre dois grupos heterogêneos autodefinidos “individuais” e “coletivos” envolvidos em disputa de terras. Esses
termos expressam, em primeiro plano, a divergência dos grupos quanto às expectativas de direitos de posse,
propriedade e uso da terra: enquanto os “individuais” esperam obter títulos particulares dos terrenos que ocupam
para moradia e agricultura, os “coletivos” reivindicam um modelo de regularização fundiária que garanta o
domínio sobre extensões de terra correspondentes a áreas de moradia e uso coletivo. Em outros planos, aqueles
termos expressam distintas representações e formas de uso da terra e dos recursos naturais que coexistem na
comunidade. Busca-se compreender em que medida e em que sentidos as ações e articulações desses dois grupos
se conectam com um conflito socioambiental mais amplo que envolve o Estado, organizações não
governamentais, igrejas e a iniciativa privada, representada pelo Grupo Jari, que ocupa grandes áreas com
plantações de eucalipto para produção de celulose - o que implica a supressão de florestas nativas usadas pelos
extrativistas. A etnografia do conflito, elaborada a partir de trabalho de campo, entrevistas e pesquisa
documental, revelou que "individuais" e "coletivos" defendem modelos distintos de ocupação territorial com
base em expectativas de direitos de posse, propriedade e uso da terra. A recente estratégia acionada pelos
“coletivos”, de reivindicar a criação de uma reserva extrativista para garantir o uso coletivo da terra e deter o
avanço do desmatamento causado pela Jari, foi compreendida pelos “individuais” como uma tentativa de
expulsá-los da área, pois não se encaixam no perfil de beneficiários de uma Resex. Assim, cada grupo se
autorrepresenta como sujeito de um modo de vida, colocando-se ambos como sujeitos de direitos distintos sobre
uma mesma área até então compartilhada, os quais protagonizam no plano local um conflito que é emblemático
do caos ambiental e fundiário que assola o território amazônico. Palavras-chave: conflito, Repartimento dos
Pilões, individuais, coletivos, Almeirim-PA.

Manuel Carlos Ferreira da Silva (CICS -Universidade do Minho); Renísia Cristina Garcia Filice (UNB).
Identidades raciais, étnicas e os estudos culturais. Se o racismo tem voltado a constituir um problema em
diversos quadrantes geográficos e, em particular, em diversos países europeus, ele existe e nem sempre é
reconhecido pelas entidades oficiais. Pelo contrário, a narrativa dominante sustentada por diversos atores
políticos institucionais escuda-se nas retóricas do assimilacionismo, do multiculturalismo ou do
lusotropicalismo, dentre outras. Este GT visa receber trabalhos que questionem o status-quo dessas narrativas,
sobretudo no que diz respeito às relações entre supostas minorias e os agentes do Estado, á luz dos estudos
culturais ou outras vertentes de análise crítica.

Manuel Carlos Ferreira da Silva (Universidade do Minho - Braga - Portugal). Condições de vida objetiva e
representações inter-étnicas entre ciganos e instituições e grupos sociais não ciganos: o caso do bairro do
Picoto em Braga por Manuel Carlos Silva e Ana Reis Jorge. Nesta comunicação, os autores, com base em
reflexão e trabalho de campo no Complexo Habitacional do Picoto, bairro composto e habitado exclusivamente
por famílias ciganas num espaço (peri)urbano – o qual, apesar de bem próximo da cidade, se mantém segregado,
degradado e abandonado – pretendem compreender e explicar não só o surgimento deste segregado bairro nos
anos 80, como a sua manutenção até aos dias de hoje, cuja omissão política configura uma forma de racismo
institucional flagrante. Estes resultados, sendo em parte beneficiários de um projeto anterior coordenado pelo
primeiro autor sobre as relações interétnicas entre portugueses ciganos e não ciganos no distrito de Braga,
incluindo este bairro (Silva et al 2014), visa não só atualizar os dados sobre este bairro numa comparação
diacrónica entre 2003 e 2017, como aprofundar as razões desta situação. Os dados foram obtidos através de
vários métodos, particularmente entrevistas e narrativas de vida recolhidas em trabalhos de campo com
observação participante. Uma vez equacionado o problema sobre as relações e representações interétnicas em
contexto de contiguidade (peri)urbana, os autores colocam como problema central pretender saber o porquê não
só da inércia e omissão institucionais como forma corrente de política pública municipal (e nacional) como a
ausência de iniciativa e ação coletiva por parte da comunidade cigana do Picoto. Se o racismo tem voltado a
constituir um problema em diversos quadrantes geográficos e, em particular, em diversos países europeus, em
Portugal, embora não se tenha conhecido uma amplitude e uma intensidade como em outras cidades europeias,
ele existe e nem sempre é reconhecido pelas entidades oficiais. Pelo contrário, a narrativa dominante sustentada
por diversos atores políticos institucionais é a de que Portugal, não obstante não ser um Estado-Nação
relativamente homogéneo, é um país multicultural e exemplar no acolhimento e tratamento das minorias étnicas.
Nesta comunicação procurar-se-á dar conta das reais condições de vida objetiva e representações da minoria
étnica cigana no bairro do Picoto em Braga. Por outro lado, far-se-á uma análise das representações sociais dos
diversos grupos e entidades não ciganas, evidenciando a ausência de políticas de discriminação positiva na
educação e habitação. Por fim, daremos conta dos constrangimentos e a ausência de ação coletiva ou a adoção de
estratégias individuais e familistas num quadro ora de exclusão e segregação raciais-étnicas, ora de
condescendência paternalista ou clientelar, apenas esboçando-se, quando muito, registos semi-ocultos e/ou
conflitos latentes, infrapolíticos, na esfera familiar e comunitária. Palavras-chave: habitação, bairro social,
segregação étnica, racismo institucional, Braga

Manuela Alvarenga do Nascimento (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia). A relação


global x local no movimento Slow Food: reflexões sobre os desafios em Pirenópolis no Brasil. As práticas
alimentares dominantes estão influenciadas pela indústria capitalista, mas existem aquelas que desenvolvem
estratégias de entrar no mercado com produtos que apelam para as questões sociais, culturais e ambientais. Entre
elas, destaca-se o Slow Food (SF), um movimento global, de origem italiana, que defende a produção e a
comercialização de produtos seguindo valores éticos, locais e gastronômicos. Sua análise nos permite
compreender como os membros do SF estão concretizando o movimento no âmbito local, a partir de diretrizes
globais. Em sua expansão, o SF articula o discurso e a prática, criando cenários sociais diversos. A
reinterpretação da filosofia do “bom, limpo e justo” - que remete à qualidade do alimento, à sustentabilidade e à
justiça social - e a inserção do SF no jogo de interesses e conflitos locais dão ao movimento características
singulares que são analisadas em sua complexidade. Para tanto, partimos da abordagem da teoria do ator social
(Long, 2007) conjugada com a teoria dos fluxos sociais (Spaargaren, 2005). A pesquisa de campo foi realizada
na Itália, onde foram visitadas algumas experiências exitosas do SF e, no Brasil, em Pirenópolis (GO), onde foi
realizado o estudo de caso.Ao longo dos anos, o movimento se desarticulou e perdeu força em Pirenópolis, tal
fato pode ser explicado por questões locais. A ideia dos projetos é promover a articulação entre diferentes atores.
No Brasil, participam pessoas posicionadas, principalmente, no que chamamos de domínio social dos
profissionais especializados (DSPE) e domínio social dos produtores (DSP).Os participantes do DSPE, ainda
que demonstrem afinidade com as propostas do SF, não demonstram habilidade de encontrar saídas para as
práticas comerciais necessárias ao sucesso do projeto. Somado a isto, consolidou-se uma estrutura de poder que
dificulta a ampla participação social, portanto, o enraizamento na cidade ficou debilitado. Por outro lado, em
grande parte, o DSP atribui ao movimento um sentido de livelihood e não incorpora o sentido político de crítica
social das questões que envolvem o sistema produtivo e alimentar no país. Desta forma, estes produtores não se
engajaram de forma autônoma e não construíram um trabalho coletivo que inserisse as práticas empreendedoras
no campo da conquista de direitos e justiça social que promovam o bem comum. A despeito de algumas
exceções, o trabalho individual se sobrepôs ao coletivo e a atitude de “espera” de oportunidades proporcionadas
pelo DSPE, levaram à desarticulação das atividades locais.

Marcelo Barbosa Santos (UFF). Conflitos nas universidades no contexto das ações afirmativas. Este estudo
tem como objetivo desenvolver análise sobre os relatos de conflitos registrados na esfera pública envolvendo os
estudantes cotistas e a comunidade universitária, após a adoção das ações afirmativas nas instituições de ensino
superior públicas entre 2006 e 2018. Os conflitos foram sistematizados considerando: 1) conflitos entre
estudantes (cotistas e universalistas), 2) estudantes cotistas e docentes e 3) estudantes cotistas e administração
universitária. A metodologia aplicada nas análises consiste na revisão bibliográfica no campo das ciências
sociais, incluindo nesse rol, os estudos em educação, sociologia, história e gestão pública. Como referência
teórica foi utilizada desde a formulação de habitus de Bourdieu, habitus precário de Jesse Souza, chegando à
sugestão da noção de habitus precário educacional. Para tanto, estão sinalizadas como fontes, tanto os registros
de conflitos em publicações acadêmicas, como aqueles feitos na esfera pública. Entre os apontamentos e as
considerações finais, destacamos que, 1) em todos os conflitos investigados na pesquisa a visibilidade veio em
função de alguma denúncia dos estudantes, algumas formalizadas somente nas suas respectivas universidades,
outras foram além, chegando ao judiciário; 2) a análise breve dos casos demonstra que houve avanços em
relação aos desdobramentos dos conflitos. As tensões raciais que sempre existiram e contavam sempre com uma
rede coorporativa de proteção, atualmente, encontram mais dificuldades para serem silenciadas; 3) outra
constatação é que a maioria dos casos de conflitos tem chegado à opinião pública via publicação nos principais
meios de comunicação, proporcionando, de alguma forma, que as instituições tomassem as medidas cabíveis no
combate à discriminação; e 4) nos conflitos registrados, as manifestações ou ações administrativas
discriminatórias sintetizam simbolicamente a mesma visão de mundo em relação aos estudantes cotistas:
indicam que esses “novos” estudantes não deveriam estar onde estão. Nesse sentido, seriam tidos como “coisas”
fora do lugar. Entre as considerações destacamos que, a maioria das universidades públicas brasileiras, junto de
seu quadro de servidores, não está preparada para receber os estudantes cotistas e garantir com plenitude os seus
direitos. E mais especificamente, no que diz respeito aos docentes, é indispensável que as instituições promovam
eficiente processo de capacitação. Os professores universitários são peças-chave para promoção do convívio
acadêmico, caso se negligencie essa função todo processo de aprendizagem fica comprometido. Palavras-chave:
conflito; ação afirmativa; universidade; educação.

Márcia Cristina Pacito Fonseca Almeida (Universidade de São Paulo - USP). Da fotografia à gravura: as
representações visuais da expedição portuguesa à Lunda (África Centro-Ocidental, 1884-1888). Promovida
pela coroa portuguesa e apoiada por diversas instituições e associações voltadas para o debate de assuntos
coloniais, a expedição à Lunda (África Centro-Ocidental) realizada entre 1884 e 1888, contemplava interesses
comerciais, políticos, militares e científicos. É indispensável ressaltar que a referida viagem se insere em um
quadro histórico mais amplo do movimento de diferentes expedições à África encabeçadas por diversas nações
europeias ao longo da segunda metade do século XIX. Neste período, vários pontos da África Centro-Ocidental
assistiram à intensa movimentação de representantes de diferentes potências europeias que discutiam estratégias
para delimitar suas participações nessa nova configuração das relações internacionais. Assim, perante os
crescentes avanços de emissários enviados por países como a Alemanha, Bélgica, França e Inglaterra, os
esforços dispensados por Portugal para tentar assegurar sua influência nas regiões mais afastadas do litoral
africano demonstravam-se urgentes. É a luz deste cenário perpassado por ações europeias e africanas que se
torna possível aprendermos a relevância da expedição chefiada pelo militar Henrique de Carvalho com destino à
Mussumba (capital do império lunda), território de difícil acesso aos viajantes europeus. Entre muitos objetivos
defendidos pela viagem, revelava-se de fundamental importância o restabelecimento dos laços políticos e
comerciais da coroa portuguesa com o Muatiânvua (título do soberano do império lunda). Com o propósito de
oferecer visibilidade aos trabalhos comerciais, políticos e científicos desempenhados pela expedição, Henrique
de Carvalho lançou mão de diferentes publicações elaboradas a partir da edição das observações e informações
reunidas durante a viagem. Entre as principais obras, destacamos o Álbum da Expedição ao Muatianvua (1887),
Ethnographia e Historia Tradicional dos Povos da Lunda (1890a) e os quatro volumes da Descrição da Viagem à
Mussumba do Muatiânvua (1890-1894). Não seria exagero afirmar que a presença de ilustrações na
conformação desses escritos configura-se como um fator de relevo na constituição discursiva destas narrativas.
Isso porque, para além da função ilustrativa, as representações visuais que acompanham tais textos apontam uma
diversidade de operações que marcam a construção de um regime visual que se revela como campo privilegiado
para entrevermos de que maneira as narrativas de Henrique de Carvalho podem ser lidas enquanto fontes para o
estudo da História da África. De outra parte, esse repertório imagético também pode destacar certos aspectos
referentes ao circuito de produção, circulação e recepção dessas imagens sobre a porção centro-ocidental do
continente africano no final do século XIX.

Márcia Cristina Pacito Fonseca Almeida (USP). Cultura, arte, memória, patrimônio e identidade. Esse GT
busca receber trabalhos que contemplem as interfaces entre memória, identidade, artes, assim como novas
abordagens e novos objetos da discussão sobre memórias e sua articulação com contextos patrimoniais.

Marcia Machado de Moraes (UNIFESP). Cadernos Colaborativos como Experiência de Deslocamento na


Formação em Saúde. A presente pesquisa propõe-se a experimentar e investigar a potência de transformação da
experiência estética, por meio de um processo formativo-criativo e colaborativo em saúde. Para tanto, alunos de
graduação do curso de Terapia Ocupacional da UNIFESP - Baixada Santista estão produzindo os chamados
Cadernos Colaborativos. O livro colaborativo é uma prática artística coletiva usada por artistas visuais e no meio
poético e literário que busca desenvolver interações entre seus autores, com o intento de democratizar a prática
artística e registrar graficamente ideias, pensamentos e sentimentos. Os Cadernos Colaborativos têm origem em
2005, em Portugal, quando as artistas e professoras Teresa Eça, Emília Catarino e Anabela Lacerda convidaram
amigos para intervir plasticamente no que designavam “livros colaborativos”. Mais tarde, as mesmas juntaram-
se ao coletivo C3, sediado em Santiago de Compostela, Espanha, que já desenvolvia ações em torno dos “livros
de artista”. Em 2012, tal iniciativa ganhou expressão na 11ª InSEA European Regional Conference, em
Limassol, Chipre, a partir da oficina coordenada pelo grupo – Devagar se Encaderna Longe – que resultou em
50 exemplares distribuídos pelos participantes, que os levaram para outros contextos, onde foram manuseados
por outras gentes, que neles interviram, deixando suas marcas, atribuindo outros sentidos. Deste modo, os
“livros colaborativos” transpuseram continentes. Tanto na prática artística quanto na docente, a ação coletiva de
intervir e refletir sobre um mesmo objeto, e de ser capaz de materializá-lo colaborativamente não é comum.
Sendo assim, o método utilizado implica uma pesquisa cartográfica aberta aos seus desdobramentos, e não à
representação de objetos. Trata-se de uma metodologia de pesquisa-intervenção de acompanhamento de um
processo formativo-criativo, sob a perspectiva de uma intervenção-formação, na qual a formação acontece no
processo de intervenção protagonizado sobretudo pelo formando, ao produzir os Cadernos Colaborativos. Tal
método consistiu primeiro no levantamento bibliográfico e no reconhecimento do território onde se dá o trabalho
de formação dos alunos. Encontramo-nos no segundo momento da investigação: aplicação da ferramenta
artística propriamente dita – criação dos Cadernos Colaborativos – e a elaboração de uma avaliação constante e
de modo recíproco com os alunos, que será, seguida da análise final da experiência vivida, desenvolvimento de
uma escrita conceitual e redação final. Espera-se que produzir livros colaborativos, nesta pesquisa, seja criar a
possibilidade de visualizar um grupo em um processo de formação, além de instrumentalizar seus protagonistas
com uma ferramenta potente que pode ser empregada em diversas situações grupais.

Marco Antônio Nunes da Silva (UFRB). A África nos Cadernos do Promotor da Inquisição de Lisboa,
século XVII. Esta comunicação tem por objetivo trazer ao conhecimento dos pesquisadores que se debruçam
sobre os estudos da Inquisição portuguesa, as denúncias que ficaram registradas nos Cadernos do Promotor
relativas a África, pertencentes ao fundo da Inquisição de Lisboa, e que se encontram depositadas no Arquivo
Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. O historiador português João Lúcio de Azevedo, escrevendo em
princípios do século XX, mostrou com muita clareza a importância de se debruçar sobre os documentos
inquisitoriais, tanto para a história portuguesa quanto para a brasileira, ao afirmar que “verdadeiramente se não
poderá escrever uma história, digna desse nome, da época posterior ao estabelecimento da Inquisição, sem
miudamente compulsar tão copioso arquivo”. Acrescentaríamos a essas palavras apenas a observação de que
este estudo não pode prescindir dos milhares de fólios que compõem os Cadernos do Promotor, preenchidos
pelas mais extraordinárias denúncias, vindas de todos os cantos do império português; e auxilia-nos, em grande
medida, a entender um pouco melhor a própria sociedade, tanto a ibérica quanto a colonial, além de permitir
compreender inclusive o desenvolvimento do Santo Ofício, bem como suas contradições; proporciona-nos,
acima de tudo, desfazer alguns mitos. Dentro da hierarquia dos agentes inquisitoriais, o Promotor era o que
poderíamos chamar de advogado de acusação. Suas funções são muito bem delineadas nos quatro Regimentos
do tribunal português, sendo dele, por exemplo, a iniciativa de emitir mandados de prisão, sempre com base nas
denúncias que lhe chegavam ao conhecimento, que podiam vir das visitações ou também dos livros de
denúncias. A documentação produzida pela Inquisição portuguesa durante os seus quase trezentos anos de
existência tem-se mostrado de interesse ímpar para o estudo do cotidiano. Por meio dos processos inquisitoriais
e dos Cadernos do Promotor entramos em contato com o dia-a-dia das mais diferentes regiões do império
português, e a partir desse encontro temos condições de acessar “valores e modos de estar na vida”. Nosso
intuito aqui é mostrar as potencialidades de pesquisa de uma documentação tão rica e diversificada, mas ao
mesmo tempo pouco explorada; e que, acima de tudo, nos permite pensar em novas respostas a velhas perguntas,
e também trazer à luz novos questionamentos à historiografia que se dedica estudar o Tribunal do Santo Ofício,
tanto sua ação na Metrópole quanto em suas possessões d’além-mar.

Marcos André Ferreira Estácio (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ). Juventudes em Sateré-
Mawé: construções político-estratégicas. Identificamos, nos últimos anos, uma intensificação das discussões a
respeito da temática juventude, ou melhor, acerca do termo “juventude” ou mesmo das “juventudes”, as quais
empreendem aspectos que envolvem faixa etária, período da vida, categoria social, e também, contingentes
populacionais singulares, entre eles as populações e os povos indígenas, de modo especial, aqueles que residem
em contextos urbanos. E isso tem levado a uma resignificação das identificações, pois os processos históricos
que, aparentemente, sustentavam a fixação das identidades, estão entrando em colapso e outras novas estão
sendo construídas, por meio de lutas e contestação política. O presente estudo tem por objetivo problematizar os
processos de identificação política e estratégica dos indígenas Sateré-Mawé de Barreirinha, Manaus, Maués e
Parintins, os quais estudam na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com a categoria social juventude
indígena, considerando suas histórias, pertencimentos e vivências. Compreendemos que ser ou não ser indígena
está relacionado a um auto reconhecimento da identificação étnica, a qual é construída nos processos de
sociabilidade ligados tanto às culturas indígenas quanto às estratégias sociais e políticas em contextos urbanos
ou rurais. No que tange as juventudes, essas são processos e identificações inacabados, produzidos sócio
historicamente, em constante movimento, as quais são perpassadas pelas experiências e discursos constituídos de
significados, pelas relações de poder, altamente mutáveis no espaço e no tempo, dada a crescente
complexificação da contemporaneidade e das redes de relações. Nesse sentido, nossa compreensão das
juventudes e suas identificações são plurais, pois estão imbricados com os sistemas de significação nos quais
adquirem sentidos, visto que são construções culturais e simbólicas. Quanto aos povos Sateré-Mawé, muitos
deles residem em Barreirinha, Manaus, Maués e Parintins, e as suas histórias de migrações para os centros
urbanos estão associadas a melhores condições de vida para suas famílias e seus filhos, tais como emprego,
saúde, educação e outros. Com referência a temática da juventude e os povos indígenas Sateré-Mawé,
consideramos que essa condição passa a existir e ser vivenciada, estrategicamente, entre eles a partir do
momento que também vivenciam as culturas das cidades, pois nessa cultura indígena a juventude não existe
enquanto condição de vida, pois, geralmente, a passagem da infância para a vida adulta, ocorre por meio de ritos
de passagem, que no caso Sateré-Mawé é o ritual da tucandeira. Assim, é a partir o contato, ou melhor, da
vivência com a cidade que os Sateré-Mawé passam participar e construir, de forma político-estratégica,
significados e identificações de juventude.

Marcos da Silva e Silva (IFSP). A Ontologia da escravidão: Um afroperspectivisvo do Ser-Negro


escravizado.Sempre que falamos em escravidão nos reportamos ao pensamento europeu como o centro das
grandes reflexões sobre esta história a partir da história, o que em muita medida está correto. Porém, muito além
do pensar a escravidão em um único centro de reflexão é importante abrir possibilidades a partir dele, pois há
novas e encruzilhadas epistêmicas a serem feitas a este respeito. A proposta que aqui apresentamos propõe
pensar a escravidão a partir conceitos Afro marginal das Epistemologias do Sul como uma forma de questionar o
“conceito escravidão” não apenas como tema histórico, próprio da história. Neste caso, propomos analisar a
escravidão de maneira afroperspectivista ontológica. Para isso, partiremos de um olhar epistêmico otológico
Africano e Afro-brasileiro em um recorte ontológico-existencial, a saber: A escravidão compreendida enquanto
problema ontológico para epistemologias colonizadoras que não deram conta de explicar o sentido de Ser-negro.
O desejo de morrer e o desgosto pela vida sentido pelo escravizados são atribuídos pelos narradores colonos
durante o processo de escravização no Brasil às reações nostálgicas decorrentes da perda da liberdade e dos
vínculos com a terra e grupo social de origem, ainda aos castigos excessivos impostos. Os relatos de Oliveira
Mendes (1817) que me reporto, referem-se a aspectos psicopatológicos, compreendidos como referências e
enunciados sobre o páthos-negro tanto no sentido de paixões quanto de sofrimento, dor, adoecimento humana ou
doença para morte. Nestes relatos, destacam-se questões nitidamente filosóficas como as características afetivas
e morais dos africanos: (amor, ódio, constância, justeza, honra) e suas relações com instituições sociais como a
família e o casamento, suas formas de reagir às vicissitudes do cativeiro, assim como relatos sobre o que se
consideravam propriamente doenças físicas. A relação de todos os relatos e sentidos dados ao sofrimento negro,
bem como suas consequências no comportamento atribui-se o conceito Banzo . Neste texto darei a escravidão
um status ontológico afroperspectivista. Essas reflexões ganham fôlego se pensarmos junto a elas as
contribuições de Achille Mbembe em um diálogo saudável com o filosofar africano na contemporaneidade. E
também, já que o curioso “suicídio por ingestão de terra” é citado com certa frequência ainda hoje, determinar
como a morte voluntária entre os cativos foi associada a condições mórbidas em que existia a geofagia, o vício
de comer terra (opilação/hipoemia, intertropical/ancilostomose). Por meio de uma leitura política filosófica
entenderemos o ato como a afirmação de que toda identidade humana (africana) é construída e histórico-cultural
de toda existência e o Banzo seria a negação do seu contrário.

Maria Antonieta Albuquerque de Souza (Universidade de Pernambuco - UPE). Aproximações Entre o


Cuidado de si e a Ecologia dos Saberes - constituindo sujeitos idosos saudáveis. Explora o tema da educação
em saúde, relacionando com as ideias de Foucault sobre o Cuidado de si aproximando-as do conceito de
Ecologia dos saberes (Boaventura Santos), nas relações em que este cuidado faz sentido como pedagogia para
idosos na Atenção Primária (AP). Buscam-se experiências e práticas de Cuidado que tangenciam o
conhecimento do senso comum e médicos, em área da Unidade de Sáude da Família (SUS/USF), que
contribuem para tornar visíveis marcas de Cuidado de si em modos de vida de homens idosos. Objetiva traduzir
a forma como idosos e profissionais da USF se diferenciam nas escolhas e orientações para o cuidado da saúde,
e como os saberes de usuários e profissionais dialogam, rompendo o silêncio de práticas de saúde. O método
qualitativo orienta os processos das pedagogias de si nas relações entre os dois sujeitos. O problema tem duas
faces: 1- idosos homens constroem experiências mediadas por técnicas de si; 2- a forma como trabalhadores das
USF pensam/realizam atividades educativas para idosos aproximadas do Cuidado de si. As 20 entrevistas foram
organizadas de modo a produzir narrativas de homens com mais de 60 anos e de cuidadores da USF que lidam
com educação em saúde, em um bairro de Petrolina, PE. O princípio da ecologia dos saberes induziu à questão:
neste cenário, há possibilidade para crer em jogos que produzam verdade/s sobre a saúde/doença/cura, mais
tolerantes à aceitação das diferenças culturais e sociais? Na perspectiva da ontologia da construção de nós
mesmos Foucault elege como eixos de análise da produção de sujeitos: a verdade, os jogos de poder e a ética. E
a ideia do Cuidado de si envolve práticas pedagógicas, escolhas e ações morais nas relações consigo e com os
outros, projetadas num certo modo de vida. Participaram homens com idades entre 65 e 75 anos residentes na
área da USF, que foram atendidos por seus profissionais. Resultados distinguem duas situações do modo como
os homens idosos cuidam de si: 1- Cuidam-se bem quando zelam o corpo funcional e biológico; 2- Volta-se à
cognição, a espiritualidade, ao controle da mente. A discussão traz práticas locais de atenção onde emergem
saberes e tradições envolvidos nas experiências de Cuidado de si. As práticas destacam o valor moral da
honestidade, responsabilidade consigo e com os outros, amizade e dos vínculos familiares, e a prescrição de
técnicas pedagógicas de autocuidado disciplinar e vigilante (preservação dos hábitos de higiene física espiritual,
emocional e comportamental), imprescindíveis à convivência de si com o mundo. Mas, deve-se aprofundar
criticamente ou deslocar conhecimentos e saberes, fundados no pensar eurocêntrico da velhice e no seu
paradigma biomédico.

Maria Clara Keating (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra). Os mo(vi)mentos da língua: práticas
e lugares da língua em contextos da diáspora portuguesa. Determinantes na caracterização das sociedades
contemporâneas, as mobilidades, as migrações e processos migratórios são lugares privilegiados para explorar –
na prática e pela metáfora – as dinâmicas situadas da atividade humana da linguagem, pois obrigam-nos a
assumir o multilinguismo e heteroglossia como ponto de partida. As migrações desafiam quem as estuda a
repensar a tradicional articulação entre a língua e identidades nacionais ou regionais e a assumir a sua existência
nos traços inscritos de movimentos e trajetórias concretas de línguas, pessoas e bens (Baynham, M., 2011,
Blommaert, 2005). No entendimento de uma sociolinguística das mobilidades e migrações, as identidades
linguísticas resultam das trajetórias históricas, socioculturais, linguísticas e territoriais que emergem do uso oral,
escrito e multimodal por falantes concretos, em atividades dinâmicas e práticas locais multilingues e complexas,
situadas em lugares com história atravessados por processos globais e fragmentados (Pennycook, 2010; Barton,
2010, Jacquemet, 2005) que melhor se observam e trabalham através de um olhar ao mesmo tempo etnográfico e
linguístico. Nesta comunicação pretendo tornar visíveis as dinâmicas pragmático-discursivas, multimodais e
transidiomáticas subjacentes à circulação da ‘língua portuguesa’ nos vários contextos da ‘diáspora portuguesa’.
Neste sentido, a ‘língua portuguesa’ é explorada como prática sociocultural, linguística e comunicativa, que se
materializa no momento do cruzamento de trajetórias (em movimento) de pessoas, histórias, materiais e
discursos que configuram os contextos diaspóricos de formas sempre distintas e complexas. Recorrendo a
exemplos produzidos em vários espaços de distribuição multilingue com português, retirados de trabalhos
pessoais, de projetos em curso e outros trabalhos etnográficos publicados em contextos da diáspora portuguesa,
ilustro, nesta apresentação, os diversos nós por onde surge e se materializa o português na diáspora: em textos,
objetos, lugares físicos e virtuais da diáspora, com materialidades próprias; nas biografias de falantes e seus
repertórios, nos discursos públicos produzidos sobre a língua, nas negociações performativas de identidades
online e em espaços comunicativos vividas e observadas – por mim e por outros pesquisadore/s – em diversos
espaços multilingues de migrações com português. Materialidades, falantes, discursos e falas, todas têm
passados e projetam futuros. A língua portuguesa surge, assim, como fragmento de uma complexidade imensa,
materializada nas percepções, nas atitudes, e nos valores ideologicamente forjados nos fins para que se deseja a
língua, inscritos no corpo, na memória e na atenção.
Maria da Gloria Marcondes Gohn (Universidade Estadual de Campinas - Unicamp). Maio de 1968 a maio de
2018- 50 anos de lutas e movimentos sociais no Brasil. Em 2018 duas datas emblemáticas na história político-
social do Brasil são comemoradas: 50 anos das manifestações estudantis de 1968 em várias partes do mundo e
30 anos da Constituição de 1988 no Brasil. Partindo do resgate dos principais marcos históricos que pautaram o
tema da participação sociopolítica da sociedade brasileira nessas cinco décadas, o trabalho busca responder as
seguintes questões: Quais as memórias que sobrevivem de Maio de 1968 e como impactam na atualidade ?
Como foi a participação dos movimentos sociais clássicos e os novos movimentos sociais identitários no período
1968-2018? Qual o principal legado de maio de 1968 na participação dos jovens? Qual a relação entre 1968 e os
novíssimos movimentos autonomistas que se destacaram a partir de junho de 2013? Quais as transformações dos
atores em cena em manifestações de protesto? Qual o papel dos meios de comunicações em 1968, em 2013 e nas
mobilizações que seguiram até 2018? Qual o impacto da internet sobre as manifestações na atualidade? Como se
deu a emergência de novos movimentos sociais conservadores na década de 2010? Quais foram as conquistas no
plano dos direitos da participação civil nas políticas públicas dos movimentos emancipatórios? A linha
transversal destacada na análise da trajetória de 50 anos de lutas e movimentos é a questão dos direitos sociais,
políticos e culturais que os estudantes pautaram em 1968, e movimentos da sociedade civil organizada
reivindicou na década de 1980. Muitos desses direitos foram inscritos na Constituição de 1988. A
implementação destes direitos, nas décadas 1990-2010, levou a construção de extensa rede de participação
institucionalizada em políticas públicas. Isso gerou a constituição de conselhos, conferências fóruns,
assembleias, promotorias públicas e outros inúmeros espaços públicos de participação de representantes da
sociedade civil, em áreas temáticas do social como educação, saúde, segurança pública etc. ou áreas que tratam
de questões identitárias como as geracionais-idosos, crianças, juventude etc. ou área dos direitos modernos de
gênero e raça, incidindo nas questões da cor, sexo, etc. Entretanto, o processo de desregulamentação ou revisão
de muitos destes espaços e direitos ocorrem na década de 2010. Como tem sido o processo de
desregulamentação/revisão desses direitos na atualidade? Quais as perspectivas para os movimentos sociais
emancipatório? A fonte de dados deste trabalho advém de síntese de pesquisas anteriores, publicadas em livros
de minha autoria, e de pesquisa atual com apoio do CNPq, sobre o ativismo dos jovens em movimentos e
coletivos sociais na atualidade, onde analiso material de diferentes mídias e redes sociais.

Maria de Fátima Maia Ribeiro (Universidade Federal da Bahia - UFBA). Interseccionalidades de categorias
identitárias e desafios epistêmicos em Memórias SOMânticas (2016), do escritor bissau-guineense Abdulai
Sila, em contextos de globalização, pós-colonialismo e decolonialidades. A comunicação pretende discutir as
perspectivas de inter-relações de gênero, raça, ideologia e poder flagradas em Memórias SOMânticas (2016),
sexto e mais recente livro do escritor bissau-guineense Abdulai Sila, consideradas no bojo de um dúplice projeto
estético e ético, ou político em sentido amplo, em tese, desconvencionalizante, que atravessa o conjunto da sua
obra: caminhos para a construção da nação e de subjetividades sob o influxo de formas eminentemente africanas
de narração de processos e resultados, sujeitos a avaliação. Sob o signo de instigantes Memórias, relações
amorosas entrelaçam-se a economias políticas e a políticas do corpo em trânsito ao longo da historicidade e das
histórias dispostas em jogos de armar, mediante narratividade singular guiada por uma lógica que desafia
cânones e hábitos ocidentais, ao tempo em que enuncia uma teoria (est)ética da narração de viés inaugural,
fundada em gêneros textuais guineenses bem como no entrecruzamento das diversas categorias identitárias
destacadas. O recorte atual examina em que sentidos o equacionamento das forças colocadas em relação na
narrativa de Sila apresenta-se como proposição de uma modalidade diferida de enfrentamento de epistemologias
hegemônicas e, simultaneamente, coloca-se a desafiar postulados contra-hegemônicas vigentes nos dias atuais,
em especial nos campos de gênero e da etnicidade, em favor, sobremodo, do nacional. Projeta-se a perspectiva
de traçar a trajetória do conjunto da obra do Abdulai Sila, com relação a uma imagística à volta de luta(s) pela
independência da Guiné-Bissau e dos processos de subjetivação rumo à cidadania, a par do lugar do escritor e do
intelectual com relação ao país e à sociedade civil constituída, em sua diversidade cultural. Na esteira das teorias
da interseccionalidade, do pós-colonialismo e da decolonialidade trazidas à baila entre advertências acerca de
procedências, limitações e contradições, indagam-se a potência e ambivalência dos movimentos de aproximação
e distanciamento do ocidentalocentrismo vigente, em termos da propensão a matrizes europeias ou europeístas, a
despeito da afrocentricidade, com vistas a configurações epistêmicas e culturais que revelam posturas e práticas
africanas, em constante diálogo com a(s) diáspora(s), em suas diferentes direções, a partir do Sul, em que se
situa e de onde fala a literatura bissau-guineense contemporânea.

Maria Isabel de Assis (Pontifícia Universidade Católica - São Paulo/PUC-SP). Homicídio de Mulheres Negras:
Patriarcado e Racismo no Contexto Brasileiro. Esta Pesquisa de Doutoramento, objetiva estudar o homicídio
de Mulheres Negras, apreender o patriarcado e racismo no contexto brasileiro. As inquietações sobre as
múltiplas faces da violência, decorrem da minha participação em pesquisa desenvolvida pela
PUC/CRAVI/FAPESP sobre homicídios e latrocínios, junto às vítimas indiretas. Estas eram na sua quase
totalidade mulheres, ou seja, esposas, mães, irmãs dos homens assassinados. Partindo da constatação que a
maioria das vítimas de homicídio e latrocínio eram do sexo masculinos e negros, centrei meus estudos de
mestrado, sobre a morte por homicídio ou latrocínio do companheiro, marido, pai, irmão ou filho, delineando o
quanto este episódio violento coloca as mulheres negras no centro das violências, resultando na dissertação
intitulada “Violência urbana e doméstica no cotidiano das mulheres negras”. As formas de violência que se
desvelaram no processo do mestrado acerca do cotidiano das mulheres negras e as vivências de assassinatos, se
recolocam neste momento como objeto de estudo pelo agravante aumento do número de homicídios de mulheres
negras, revelando num sofisticado processo de genocídio. Subsidiada por um quadro teórico que aporta
conteúdos de gênero, raça e classe social, a pesquisa compreenderá: trabalho de campo, análise indicadores de
homicídio de mulheres negras, identificar os fatores que vulnerabilizam estas mulheres que foram assassinadas.
Buscar-se-á desvelar as complexidades das violências do racismo e patriarcado presentes no cotidiano das
vítimas. A pesquisa qualitativa foi escolhida em virtude do potencial de apreensão crítica da realidade,
proporcionando a pesquisadora a leitura sobre os sujeitos da pesquisa numa perspectiva dialética. Apreender os
significados atribuídos pelos sujeitos à sua experiência social cotidiana a serem devidamente analisados pela
pesquisadora, contribuem para aprimorar o conhecimento sobre as relações sociais, as violações e mecanismos
de dominação/exclusão inerentes à sociedade capitalista (Martinelli, 2005). As informações serão coletadas em
entrevistas abertas que, quando realizada em ambiente reflexivo que combine atitude diretiva para informações
gerais, escuta atenta, mas não passiva para aprofundamento de temas relevantes e exploração das lógicas
contraditórias por meio de perguntas que possam enriquecer as narrativas dos sujeitos. (Minayo, 2002: 159)
Palavras Chaves: Mulheres Negras, Homicídio, Racismo, Patriarcado e Gênero.

Maria Isabel Galdino da Costa Silva. (Universidade São Judas Tadeu) .A importância da narrativa sobre o
passado para a identidade negra. O tema da pesquisa é a investigação da trajetória de reconhecer-se como
pessoa negra. Essa trajetória é um caminho polissêmico - epistemológico, estético, existencial, político - pois
leva consigo a reorganização de uma cosmovisão, novas dimensões perceptivas, novas estratégias de análise da
realidade. E não deixa de ser também um caminho narrativo, pois ele instiga e gera um olhar para o passado e
para o futuro com outra lente. Investigar esse segundo ponto é o interesse específico da pesquisa, cujo problema
é compreender a importância da construção da narrativa sobre o passado não-vivido pelo indivíduo para e no
desenvolvimento da identidade negra pessoal e coletiva; e em que medida essa narrativa é criada, revisitada e
potencializada não só como discurso histórico, documental e cumulativo sobre o passado, mas como capacidade
criativa de um povo de reorientar sua identidade e seu devir - e isso especialmente no âmbito dos territórios
diaspóricos e com alto nível de miscigenação, onde, através do racismo estrutural e estruturante, a identidade
racial corre alto risco de se fragmentar. Como exemplo das complexidades que estão envolvidas na trama dessa
narrativa criativa, podemos trazer uma história contada pelos Bacongos, onde “os escravos eram heróis, jogados
na paisagem árida para lá enfrentar forças misteriosas”, e seus descendentes são “almas-heróis de ancestrais que
partiram e voltarão para casa, como se espera dos heróis” (Ford, 1999). Isso exemplifica a capacidade de
ressignificação que a narrativa sobre o passado pode adquirir. Para essa investigação, pretendemos desenvolver
um trabalho filosófico, através da metodologia de leitura, análise e discussão teórica das(os) estudiosas(os) que
tangenciam essa discussão. Assim, recorreremos, às(aos) seguintes autoras(es) e delimitaremos marcadores
teóricos: Aimé Césaire (Negritude), Molefi Asante (Afrocentricidade), Stuart Hall (Diáspora), Achille Mbembe
(Sujeito e devir-negro), Neusa Santos Sousa e Frantz Fanon (para âmbito psicológico da identidade racial),
Jacques Le Goff e Marc Bloch (para história, memória e história cultural), Clyde W Ford (para mitos de cura),
assim também como o conceito de história oral e narrativas míticas. Esperamos chegar no fato de que as
narrativas sobre o passado não-vivido pelo indivíduo não só são muito importantes para o reconhecimento da
identidade negra, para entendimento do presente, e para manutenção de uma memória como registro e
documento; mas também para a ressignificação ativa dessa identidade e para apontar um devir.

Maria Letícia Lellis de Oliveira Castro (UNESP); Josiani Julião Alves de Oliveira (UNESP FRANCA/SP).
Origem e desenvolvimento da Justiça Restaurativa no Brasil sob uma perspectiva crítica. O presente
estudo aborda a metodologia da Justiça Restaurativa, sua origem e desenvolvimento no Brasil sob uma
perspectiva crítica, especialmente dentro do Sistema de Justiça Juvenil. O objetivo é contribuir para a
compreensão da Justiça, com a análise da conjuntura social e da complexidade que envolve o processo de
resolução de conflitos de adolescente envolvidos na prática de ato infracional. Apresentar conceitos,
características e o panorama histórico com a reflexão crítica sobre a exclusão social e seletividade do Sistema de
Justiça Juvenil e as possibilidades de intervenção neste cenário a partir de metodologias culturalmente mais
adequadas para a abordagem destes conflitos. A Justiça Restaurativa é tida como uma metodologia alternativa na
solução de conflitos criminais, que propõe uma maior efetividade e satisfação na elaboração desses conflitos, a
partir de uma mudança paradigmática, especialmente na substituição do paradigma de punição pelo paradigma
da responsabilização. E nesta tarefa, as partes envolvidas - especialmente o autor delito (ato infracional) -
assumem o protagonismo deste processo, sendo os principais responsáveis pela restauração das conseqüências
daquele fato. Umas das primeiras experiências de Justiça Restaurativa, cujo modelo é referência para os
primeiros projetos na Infância e Juventude no Brasil, apresenta um aspecto fundamental da conjuntura
semelhante a vista no cenário brasileiro. A constatação do alto nível de encarceramento de jovens Maori,
população tradicional indígena da Nova Zelândia, desfavorecida no processo de colonização e capitalismo,
provocou forte pressão por parte dos familiares desses jovens que passaram a reivindicar uma forma
culturalmente mais adequada na solução desses conflitos, algo que contasse com a participação dos jovens e seus
familiares. A partir de experiência como essa em 2002 a ONU, por meio da Resolução 2002/1 conclama os
Estados membros a apoiarem o desenvolvimento e implementação de projetos com esta vertente. No Brasil, os
primeiros projetos oficiais são coordenados pela Secretaria de Reforma do Judiciário em 2005, dentre eles dois
nas Varas de Infância e Juventude. Em 2016, com a Resolução 225/16 do Conselho Nacional de Justiça a Justiça
tem seu principal ato normativo que contempla definições, princípios e as diretrizes para a prática da Justiça
Restaurativa no pai. A metodologia da pesquisa é pautada pela dialética histórica que permite o movimento
constante entre a teoria e realidade. E, para além disso, será também guiada pelo pensamento complexo de Edgar
Morin, buscando revelar e enfatizar a multiplicidade de fatores de um fenômeno que não podem ser ignorados.
Palavras - chave: Infância e Juventude; Justiça Restaurativa; Metodologias alternativas de solução de conflitos.

Maria Luiza de Castro Muniz (Universidad Central del Ecuador). Educação e território no “Novo Equador”
velhas práticas e novos modelos. Diálogos entre/desde fronteiras. Com a chegada do ex-presidente Rafael
Correa ao poder no ano de 2007, tem início um conjunto de transformações aglutinadas sob a “Revolução
Cidadã”, onde estaria sendo construído um “Novo Equador”, a partir de uma “nova época petroleira” e de uma
“mineração responsável”. Estas expressões indicavam as possibilidades de conciliação entre o modelo
neodesenvolvimentista e o princípio filosófico Sumak Kawsay, incluindo um desenvolvimento social planejado
desde o Estado em benefício de grupos e regiões historicamente esquecidas. A tradução estatal do princípio
filosófico andino como “Bem viver” passou a ser rejeitada por grupos indígenas e ecologistas contrários ao que
seria um exemplo de apropriação e instrumentalização de termos originários. Após a Constituição de Montecristi
(2008), o Estado foi reconhecido como plurinacional e intercultural, abrindo uma nova janela para oportunidades
históricas para a descolonização das instituições estatais, des/reconstruídas a partir da inclusão de uma
diversidade invisível ao longo de vários séculos, tal qual sucedido em outros países da América Latina. Aquela
seria uma fratura (grieta) para a refundação do Estado, transformando-o por meio dos múltiplos idiomas,
territorialidades e saberes outros, fazendo insurgir a ampliação do conceito e das práticas diversas. No presente
trabalho serão abordados alguns elementos responsáveis pela frustração deste “horizonte de expectativas”, com
ênfase sobre a Educação, e mais especificamente sobre as Unidades Educativas del Milenio (UEM)
implementadas durante o governo de Correa. Objetiva-se analisar a contradição entre o discurso oficial pró-
atividades petrolíferas e em favor da grande mineração, e a pretensa reestruturação do modelo educativo durante
a referida “Revolução Cidadã”. Por meio desta análise de discursos e de documentos oficiais busca-se analisar
os sentidos da Educação Intercultural Bilíngue (EIB). Enfatiza-se a compreensão do ‘lugar’ como escola, como
espaço de aprendizagens ou transmissão coletiva de saberes, construídos desde o território, para em seguida
contrastar estas perspectivas com as do modelo educativo estandardizado e “moderno” das UEM,
propagandeado como parte de um projeto de desenvolvimento oposto aos tempos-espaços da vida comunitária.
Com esta abordagem, conclusivamente, objetiva-se fortalecer o diálogo entre e desde espaços fronteiriços de
Abya Yala/ América, pensando em especificidades e eventuais convergências (neo)coloniais. Tomando como
base a experiência de um país constitucionalmente plurinacional e intercultural, espera-se identificar e visibilizar
limites e desafios comuns a demais projetos – ao brasileiro inclusive – para construção de uma educação
diferenciada, descolonizada, autônoma, intercultural e bilíngue.

Maria Nilza da Silva (UEL). Os desafios do acolhimento e da inclusão: imigração e igualdade racial. O
Brasil, especialmente nos últimos anos, recebeu um número significativo de imigrantes provenientes de países
tais como Haiti, Senegal, Gana, Bolívia, entre outros, bem como aumentou a quantidade de refugiados e
solicitantes de refúgio, sobretudo devido aos conflitos armados em países do Oriente Médio, África e Ásia.
Nesse contexto, destaca-se a realidade dos imigrantes haitianos chegados em massa ao Brasil após o terremoto
de 2010, que devastou o Haiti. A catástrofe provocou inúmeras mortes e deixou ainda mais vulnerável o país que
é considerado um dos mais pobres do mundo. Em 2014, os africanos, oriundos de diversos países, que chegaram
ao Brasil e passaram pelo Sistema Nacional de Cadastramento de Registro de Estrangeiros - SINCRE somaram
5.414, enquanto que, no mesmo ano, entraram no país 10.683 haitianos. Desses muitos encontram-se em
processo de demanda de refúgio no Brasil. Entre os anos de 2010 e 2014, houve um aumento no Brasil de
1.240 no número de refugiados, reconhecidos pelo Comité Nacional para os Refugiados - CONARE. Para a
pesquisa foi utilizada a metodologia qualitativa e a quantitativa. Foram realizadas entrevistas com imigrantes
africanos que passaram por três instituições paulistanas que prestam serviços aos imigrantes, sobretudo de
acolhimento e apoio à inserção na Sociedade Brasileira, como o Centro Scalabriniano de Promoção do Migrante;
a Missão Paz e o Arsenal da Esperança que acolhe em torno de 1200 homens em situação de rua e, entre esses,
centenas de migrantes. Foram utilizados dados secundários do SINCRE, da Polícia Federal. No caso dos
imigrantes negros, a vulnerabilidade é ainda maior por causa do racismo e da xenofobia que os atingem de forma
particular. Nesse sentido, além das dificuldades inerentes aos imigrantes, eles têm que enfrentar a discriminação
racial, porém, a maioria não está preparada para mais este problema e muitos afirmam que jamais pensaram que
pudessem ser vítimas de racismo no Brasil. No caso da presença recente dos imigrantes e refugiados negros
destacam-se os relatos das manifestações de racismo, o que dificulta ainda mais o processo de acolhimento e de
inserção na sociedade Brasileira. Este trabalho tem como objetivo analisar a trajetória de imigrantes africanos
passaram por instituições de acolhimento e de apoio à inserção do imigrante negro no Brasil.

Mariana Almeida Silveira Corrêa (Universidade de Lisboa). Refúgio e empoderamento: o caso das refugiadas
congolesas no Rio de Janeiro. A República Democrática do Congo (RDC) é um país que apresenta inúmeros
conflitos armados, principalmente, no leste de seu território. No entanto, na capital que se localiza na outra
extremidade do Estado, existem grandes tensões políticas que resultam, muitas vezes, em extrema violência. Em
razão dessas hostilidades, incontáveis habitantes são forçados a deixar suas casas, buscando refúgio, muitas
vezes, em locais distantes. Existem mais de 700 mil refugiados da RDC no mundo, havendo no Brasil cerca de
mil refugiados reconhecidos e mais de 2 mil solicitantes de refúgio. No contexto do conflito, as mulheres são
intensamente atingidas, sendo consideradas o elo mais vulnerável junto com as crianças. Nos últimos anos, elas
representaram o maior fluxo de congoleses no Rio de Janeiro, chegando, frequentemente, sozinhas ou
acompanhadas apenas dos filhos ou de algum familiar do sexo feminino. Neste Estado, elas encontram um
ambiente inóspito, onde há escassez de políticas públicas que lhes proporcionem adequada assistência
econômica, de moradia e de integração. No entanto, mesmo nesse cenário, elas expandem suas capacidades de
realizar escolhas estratégias. Muitas encontram dentro da própria cultura alternativas para suprir as suas
debilidades econômicas, desempenhando atividades relacionadas às suas tradições. Ademais, no Brasil, muitas
vezes longe de seus maridos e familiares do sexo masculino, elas assumem novos papéis que eram
extremamente improváveis na República Democrática do Congo. Ainda, algumas se destacam como ativistas
das causas congolesas. Esta comunicação é um estudo de caso empírico que pretende identificar, descrever e
analisar o empoderamento de refugiadas provenientes do leste da República Democrática do Congo durante a
fase de instalação no Estado do Rio de Janeiro. A teoria adotada neste estudo foi a de gênero que aborda a
interseccionalidade. A escolha dessa abordagem teórica ocorre em razão das congolesas experimentarem no
Brasil a intersecção das opressões de gênero, raça, classe social e à condição de refugiada. Este trabalho
empírico adotou a metodologia qualitativa. Foi realizada uma pesquisa de recolha de dados com o emprego do
método da história de vida, sendo utilizadas as técnicas da observação, da observação participante, de entrevistas
semiestruturadas e de conversas informais com congolesas no espaço da Cáritas arquidiocese do Rio de Janeiro
e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O estudo concluiu que algumas refugiadas congolesas se
empoderaram durante a instalação no Estado do Rio de Janeiro. Ademais, verificou-se que estas vieram
desacompanhadas de seus maridos e de seus pais.

Mariana Gonçalves Ferreira (UNIFESP). Pretos e Pardos no universo acadêmico: Um estudo sobre a
questão racial na UNIFESP-Guarulhos. Historicamente, no Brasil, as universidades públicas foram marcadas
como local de privilégio de uma elite branca. Evidenciando-se assim, um lugar que reproduz as desigualdades e
que apresenta uma visão eurocêntrica do mundo. Contudo, desde 1996, as IES (Instituições de Ensino Superior),
passam por reformas de expansão e democratização de acesso do ensino superior. O REUNI (Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais) e as Lei de Cotas - Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, por exemplo,
marcam um grande avanço na horizontalização de acesso. A criação dessas políticas afirmativas possibilitou que
pessoas pretas, pardas, indígenas e pobres tivessem oportunidade de cursarem o ensino superior, sobretudo, do
ensino público. Desta maneira, o perfil dos discentes passou-se a modificar-se, tornando-se imprescindível a
compreensão dos desdobramentos dessas ações afirmativas dentro da comunidade acadêmica. Todavia,
democratizar o acesso é diferente de dar condições que garantam a permanência desses estudantes. Compreender
as relações no seu cotidiano universitário se faz necessário, para que haja uma verdadeira democracia do Ensino
Superior. A UNIFESP – EFLCH (Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), apesar de ser fruto das
políticas de expansão das universidades públicas, muitas vezes, ainda carrega uma perspectiva tradicionalista na
transmissão dos saberes e pode revelar-se reprodutora dos preconceitos e estereótipos postos em nossa
sociedade. Ao privilegiar um ideal cultural, automaticamente excluem outras culturas que não são advindas da
classe dominante. Assim, as universidades, por serem reflexo da sociedade, acabam reproduzindo uma lógica
hegemônica. O Presente projeto pesquisará como ocorre a relação entre pretos e brancos na UNIFESP –
EFLCH. Para pensar tal questão, investigará as trajetórias e narrativas, através de entrevistas semi-estruturadas,
de estudantes pretos e pardos. Concomitantemente, será levado em conta como essa instituição tem se
relacionado com os discentes após as políticas de Cotas Raciais. Dessa forma, espera-se que essa pesquisa
contribua para a construção de uma universidade que não só dê oportunidade de acesso, mas que em sua prática,
consiga romper com a homogeneidade e superioridade de conhecimentos, que historicamente, valorizaram os
conhecimentos eurocêntricos; e possibilite a construção de uma universidade mais justa e igualitária que
reconheça e dialogue com a diversidade estudantil.

Marianita Kutter Ortaça (Autônoma), Frida Dinareli (UNIJUÍ). Gênero – No Verso e Reverso das Grades da
Prisão. Este artigo se propõe a refletir as relações de gênero no sistema prisional, em ambos os lados da grade,
pensar sobre homens e mulheres que ali estão, independente do lugar que ocupam como funcionários ou
cumpridores de pena e estes à sua maneira institucionalizados no sistema prisional. Analisaremos a partir do
ponto de vista de uma instituição específica, com características sui generis do imaginário comum e da
organização prevista na Lei de Execuções Penais – LEP, 1984. Esta abriga homens e mulheres, nas suas próprias
condições em que se denominam. Para embasar as observações, busca-se em: Foucault, Wacquant, Torrão Filho,
SUSEPE e Conselho Nacional de Justiça, entre outras fontes; os fundamentos teóricos e estatísticos para
elucidar que relações de gênero se estabelecem fora e dentro da prisão nos séculos de história que esta
atravessa.Parte do universo do sistema prisional é conhecido via mídia brasileira, por isso há diversas opiniões
de senso comum sobre seu funcionamento, mas o interior dos seus muros revela cotidianamente muitas facetas
das pessoas que convivem em ambos os lados das grades internas . E pretende-se refletir em prisão
especificamente, as relações de gênero entre as pessoas presas, entre os funcionários, entre ambos e estas
relações que se abrem em outras na instituição. Esta instituição prisional guarda o fato de que faz parte de um
sistema de segurança maior e que conta com a peculiaridade de ser uma instituição de pequeno porte e que se
distingue de outras em vários fatores positivos. Mas em suma: Custódia - se seres humanos com regras gerais
como se não houvesse personalidades individuais. A Penitenciária de que trata este artigo, se localiza em região
atravessada por uma cultura de pampa, de fronteira e de legado de reduções missionárias indígenas, nela estão
homens e mulheres, no verso e reverso das grades, em que as relações construídas nos desafiam a observar,
compreender; para melhor planejar o trabalho que implica na “defesa intransigente de direitos humanos”
(CRESS 11ª Região, 2003, p. 15) e que precisamos de uma equipe que funcione também com esta finalidade.
Outro desafio que me coloco de fazer observação endógena e exógena em movimentos simultâneos.

Marilia Verissimo Veronese (PPG em Ciências Sociais - UNISINOS). Estratégias de enfrentamento da


desigualdade social a partir do trabalho associativo no Brasil. O texto deriva de ampla contextualização
empírica e teórica oriunda de investigações anteriores, através dos projetos de pesquisa intitulados “Em busca
das epistemologias do Sul: saberes sobre a vida coletiva entre grupos ‘subalternos’” e “Inquirindo as
epistemologias do Sul: saberes e práticas sociais entre catadores de material reciclável”. O conceito de
epistemologias do Sul refere-se ao conjunto de intervenções epistemológicas que denunciam a
supressão/opressão dos saberes populares que não cabem nos cânones da ciência oficial, ao longo dos últimos
séculos, sob a égide do colonialismo, do capitalismo e do patriarcado. Neste trabalho, abordamos o
empreendedorismo associativo de sujeitos a margem dos saberes científicos e do mercado de trabalho capitalista.
Na primeira pesquisa citada, “ouvimos as vozes” de grupos quilombolas, indígenas e pescadores artesanais; na
segunda, as dos catadores de materiais recicláveis urbanos. Houve um fio condutor teórico nesses trabalhos, a
sociologia das ausências e emergências e a as epistemologias do Sul, focando nos grupos sociais que as
produzem localmente. Todos, a despeito de significativas diferenças, tinham características em comum: eram
trabalhadores associados enfrentando precariedades econômicas e vivenciavam diversidades culturais – étnico-
raciais, de construções de gênero, religiosas, ético-estéticas. A investigação buscou identificar suas visões de
mundo e formas de resistência à pobreza e à exclusão social. Utilizamos a metodologia Sociopoética que tem
influências da pedagogia do oprimido, teatro do oprimido, pesquisa ação participante, filosofia da diferença e
Análise Institucional, sendo compatível com a epistemologia do Sul e sua orientação ético estética, por já conter
em si uma experiência de tradução Norte-Sul. Trabalhou-se com a construção de um grupo pesquisador, com a
participação das culturas de resistência, utilizaram-se diferentes técnicas artísticas para produção de dados, e
encerrou-se a experiência com a experimentação de uma forma de saber definida pelo grupo, para sua produção
e socialização. Identificou-se que, embora convivam com a vergonha e a humilhação, presentes no sofrimento
ético-político, decorrente da discriminação e do preconceito que a sociedade ainda manifesta, as grupalidades
que formam podem gerar experiências positivas e agregadoras – especialmente no coletivo construído por eles
cotidianamente. Na proposta de combate às desigualdades, pensa-se em uma ética, e é estando junto daqueles
que por suas condições sociais são colocados no lugar de “inferioridade”; em uma estética, que visa o caráter
inventivo em valorização da vida; e de uma política, que concebe o sujeito em seus contextos históricos e
culturais em busca da cidadania.

Marina Felicio Santos (Unifesp). O debate sobre a emancipação feminina no seio da FRELIMO. O debate
sobre a emancipação feminina no seio da FRELIMO- Marina Felicio Santos. Essa pesquisa procura investigar o
conceito de emancipação feminina no seio do movimento FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e a
participação de mulheres no processo de luta pela independência de Moçambique. Em 1955, ocorreu a
Conferência de Bandung (Indonésia) que reuniu as então colônias africanas e asiáticas com o objetivo de mapear
a oposição à colonização europeia. Nesse contexto pós-Segunda Guerra Mundial, o reflexo dessa conferência foi
a eclosão de inúmeros conflitos armados no continente africano e asiático anos mais tarde. A FRELIMO foi
criada em 1962, e surgiu como um movimento de luta contra a colonização portuguesa, liderando um conflito
armado e sendo a principal articuladora da independência de Moçambique, em 1975. Além da articulação da
independência de Moçambique por meio da luta armada, a FRELIMO manteve parte do movimento centrada na
elaboração de um projeto de nação para o futuro país independente. Esse projeto, teve como ideia central a
construção do “homem novo” em oposição ao homem velho (colonizado e colonizador) e nesse contexto, a
discussão sobre a emancipação feminina tornou-se um ponto importante para romper com as estruturas do
colonialismo, apesar de ter opiniões diversas dentro do movimento. A atuação das mulheres na luta armada foi
antecedida pela sua atuação em movimentos contra o colonialismo. A organização de mulheres camponesas e
das zonas urbanas cumpriram um papel importante na propagando anticolonial, estudantes das cidades de
Maputo e Xai-Xai que atuavam no Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM),
foram as primeiras lideranças que compuseram os quadros iniciais da Frelimo. Essa pesquisa tem como
metodologia a análise documental e bibliográfica sobre a participação feminina no movimento de libertação
nacional de Moçambique e a concepção de emancipação feminina defendida pelo movimento e contextualizando
com os movimentos de luta pela independência no continente africano. Como aporte teórico Maria Paula
Meneses (2015), CASIMIRO (2004), STEPHAN (1984), Cruz e Silva (2001), Balandier (2002), Mamdani (1998
[1996]), Fortes (2010 [1937]); entre outros.

Marina Pereira de Almeida Mello (UNIFESP); Natalia Cabanillas (Unilab). Gênero, Corpo e Poder:
Experiências e abordagens na construção da descolonização epistêmica. Esse GT tem por finalidade reunir
interessados na problematização das premissas que, nos estudos acadêmicos, têm conduzido o entendimento das
questões associadas a gênero, poder e corpo. Considerando que a colonialidade (dos poderes, seres e saberes)
tem sido ratificada pela produção acadêmica hegemônica, que ao mesmo tempo em que reitera a subalternidade
de algumas e alguns, invisibiliza e inviabiliza a discussão nos espaços acadêmicos, pretendemos congregar
experiências e propostas de enfrentamento dessa realidade, pautadas pelas perspectivas decoloniais, descoloniais
e pós-coloniais. Interessa-nos, sobretudo reflexões que sob tais parâmetros, articulem as dimensões de gênero,
sexualidades, raça, classe e nacionalidade. Esperamos discussões que ademais, priorizem as conexões entre
subjetividades, nacionalidade e racismos em perspectivas contra-hegemônicas. Só haverá verdadeiro respeito a
partir do interesse mútuo pelo conhecimento acerca do mundo (físico, humano e espiritual) daquelas e daqueles
que convivem e partilham o mesmo espaço-tempo. A universidade é um cenário e um laboratório ideal para
propiciar o debate franco e abalizado que se faz urgente e necessário.

Mario Luis Grangeia Ramos (Fundação Biblioteca Nacional). Imagens da emigração para o Brasil na
literatura portuguesa do século XX. Autores portugueses e brasileiros têm difundido imagens das migrações
entre seus países, mas elas tiveram rara atenção de estudos migratórios, literários e outros. Neste texto, traça-se
um mapeamento inédito do imaginário da emigração portuguesa para o Brasil em obras literárias do país de
origem desse fluxo no século XX. Para definir as obras a analisar, foi explorado o acervo da Fundação
Biblioteca Nacional, que apoia este projeto de pesquisa. As obras analisadas, que retratam vidas de portugueses
no Brasil e retornados em Portugal, foram localizadas após se estudar a bibliografia de autores portugueses
(emigrantes ou não) e, em paralelo, trabalhos sobre a vida e obra desses autores e sobre a literatura dedicada à
emigração portuguesa para o Brasil. O texto discorre sobre obras de João Sarmento Pimentel (“Memórias do
capitão”), Ferreira de Castro (“A selva” e “Emigrantes”), Miguel Torga (“A criação do mundo” e “Traço de
união”), Vitório Nemésio (“Ode ao Rio, ABC do Rio de Janeiro”), Eduardo Lourenço (“A nau de Ícaro e
Imagem e miragem da lusofonia”) e Leonor Xavier (“Falar de viver”). São expostos significados atribuídos por
tais autores à emigração. Para tanto, foram focalizadas em especial causas e efeitos vinculados pelos autores à
emigração, além das reações a ela. São captadas mudanças e permanências nos enquadramentos da emigração
para o Brasil, lançando mão do conceito de enquadramento tal como usado por sociólogos culturais. Estudos da
emigração portuguesa para o Brasil têm preterido suas imagens na literatura portuguesa, privilegiando outros
objetos e abordagens (há produção crescente sobre tais imagens na literatura brasileira). Estudos em Portugal
priorizaram a emigração clandestina, as remessas de dinheiro, engajadores de mão de obra, retornados e
tentativas de canalizar emigrantes a colônias africanas. E trabalhos publicados no Brasil frisaram a socialização,
empreendedorismo e associativismo dos migrantes. Há, porém, carência de pesquisas sobre essa migração com
base em fontes como textos literários – prevalece de longa data o uso das fontes oficiais, como documentos de
diplomacia e outras. Ao explorar legados culturais do maior fluxo de portugueses no século XX, se propõe um
enfoque novo sobre esse processo que contribui para a historiografia das migrações, sociologia cultural e
literatura portuguesa.

Marisa Ramos Gonçalves (Centro de Estudos Sociais, Portugal). Solidariedades a Sul e a autodeterminação
de Timor-Leste – influência e papel de Moçambique e Angola. O colonialismo Português que se estendeu da
África à Ásia até ao séc. XX, proporcionou, ainda que inadvertidamente, uma circulação de pessoas e ideias que
questionavam o projeto colonial e projetavam futuros pós-coloniais. Esta investigação estuda as ligações e
contatos políticos desenvolvidos entre os movimentos nacionalistas de Angola, Moçambique e Timor-Leste,
unidos em torno da luta contra o projeto colonial. A história destes encontros, potenciada pela integração no
império colonial Português, e também pela solidariedade com a resistência de Timor-Leste a partir de 1974, está
praticamente ausente da historiografia. Apesar da existência na literatura de breves referências ao papel dos
países africanos de língua Portuguesa (Araújo 2012; Magalhães 2007; Ramos-Horta 1987), não existem estudos
que se dediquem à sua análise e enquadramento na literatura internacional sobre os movimentos de libertação.
Pretende-se, por isso, resgatar a história da solidariedade entre estes povos e compreender de que forma a
circulação de pessoas e ideias entre estes espaços geograficamente distintos se constituiu como fundadora de
princípios e valores comuns, bem como garantia de apoio à luta pela autodeterminação do povo de Timor-Leste.

Matheus de Andrade Soares (UNISA)O movimento anarquista e operário francês do final do século XIX e a
influência de Fernand Pelloutier na educação sindicalista. A ascensão dos meios de produção capitalista e a
criação de sindicatos para lutar contra as condições da exploração tencionou as forças antagônicas da sociedade.
Nesse contexto muitas linhas de pensamentos foram elaboradas, dentre elas o anarquismo surgiu. O movimento
anarquista teve uma importância histórica em relação ao movimento operário do século XIX na França, sendo
que grande maioria do operariado francês aderia às ideias do anarquismo. Com essa adesão do movimento
operário as ideias, surgiram sindicatos anarquistas, que tendiam a uma visão revolucionária. Fernand Pelloutier,
que viveu dentro desse período, difundiu ideias que se relacionavam com as do sindicalismo de intenção
revolucionária, propondo que o operário tivesse ciência de sua infelicidade. Dentro desse contexto, onde os
republicanos e democratas defendiam um ensino laico e universal como fruto da luta Iluminista contra a igreja e
sua dogmatização na escola, Pelloutier via na escola republicana uma arma forte do estado para a alienação e
domesticação do ser humano. Para contrapor a escola republicana e laica, e a escola monarquista e clerical,
Pelloutier propõe a pedagogia da ação direta. Acredita fielmente que a escola formada nos sindicatos seriam
espaços adequados para a fomentação da pedagogia. Pelloutier também propõe que a educação para operário
aconteça fora da escola (dentro de fábricas, espaços sindicalizados, etc.), para isso propõe a criação do Museu do
Trabalho. Tendo em vista essas contribuições qual a influência de suas ideias sobre os movimentos anarco
sindicalistas de sua época? E se suas ideias são tão importantes, porque dentro da pouca bibliografia sobre
educação libertária, nós o deixamos apagado? A pesquisa tem como objetivo identificar se houve ou não uma
influência de Pelloutier no meio anarco sindicalistas, quais contribuições ele trouxe em relação a educação no
anarcossindicalismo, e o porquê ele acabou ficando apagado da história. A partir de estudos anteriores sobre a
educação libertária, e passando por autores que escrevam sobre Pelloutier e sobre educação libertária, como
Lenoir e Chambat, nota-se que Pelloutier tem uma passagem pequena dentro das bibliografias anarquistas, onde
suas ideias são pouco exploradas, e onde acaba-se não levando em consideração as Bolsas de Trabalhos e a sua
importância na constituição do operariado do final do século XIX.

Matheus Santos da Silva (Unisantos). Olhar descolonial das representações sociais: a relação entre os
latinos-americanos e os europeus. As discussões acerca da América Latina vendo sendo cada vez mais
incorporada nos currículos do Brasil, que majoritariamente tem uma perspectiva eurocêntrica e vem sendo foco
de estudo de diversos teóricos em vários âmbitos das ciências sociais. Ainda assim, há uma grande escassez nas
produções acadêmicas sobre os debates voltados para as problemáticas que envolvem a América Latina,
conforme aponta Castro-Gómez (2005). Dessa maneira, é fundamental a incorporação de temáticas acerca da
realidade latino-americana a fim de fomentar reflexões sobre a América Latina. O presente trabalho versa em
apresentar a proposta de mestrado que analisa a forma que o contato dos europeus com os povos originários da
América Latina estabeleceu a instrumentalização racional que perpetua a relação colonizador-colonizado entre o
cidadão da Europa e os latino-americanos. Na América Latina os povos autóctones, tanto quanto suas culturas e
seus traços fenotípicos, foram relegados a inferiores e bárbaros, coibindo-os do direito de ser ‘’americanos’’
(GALENO, 1993). Essa problemática em torno dos povos tradicionais perdurou e permanece atual. Sendo assim,
a discussão que essa proposta pretende responder é como a instrumentalização de raça do período colonial
mantém a relação colonizador-colonizado apesar do fim formal do colonialismo. Para isso, o estudo utilizará a
metodologia qualitativa utilizando-se de fontes primária e secundária, além de normativas, declarações,
convenções, relatórios oficiais de organizações internacionais para evidenciar a relação da América Latina e da
Europa. Utilizará artigos científicos, e manchetes jornalísticas para analisar a maneira que se discute as
representações sociais dos povos latino-americanos contrapondo com as representações sociais dos povos
europeus. Além disso, terá como base a corrente Pós-colonial das Ciências Sociais. É válido frisar que os autores
de abordagens teórica Pós-colonial, de forma costumeira, destacam o termo ‘’colonialidade’’ como a nova face
do colonialismo, que não mais necessita da dominação territorial para a imposição das práticas imperialistas,
posto que a dominação, na era da colonialidade, sucede pelo imaginário. O objetivo do resultado é fazer um
levantamento de dados acadêmicos a fim de entender de que forma o instrumento de racialização do período
colonial condiciona a ideia do europeu civilizado e do latino-americano como bárbaro e selvagem.

Maura Pardini Bicudo Véras (PUC-SP). Migrações e conflitos internacionais. No contexto dos fluxos
internacionais cada vez mais intensos, os processos da imigração acentuam as questões ligadas à inserção de
novos contingentes às sociedades receptoras, ensejando a construção e desconstrução de conceitos como
assimilação, discriminação, preconceitos, xenofobia, enfim, relações sociais e de alteridade. Processos esses que
carregam conotações espaciais, evidenciadas nas metrópoles contemporâneas como segregação e relegação
urbanas. Dessa forma, busca-se trabalhos e investigações que contemplem os conceitos de fronteira, poder,
resistência, transnacionalismo, cidadania, vulnerabilidade, interculturalidade, dentre outras possibilidades
engendradas pelo tema proposto.
Maura Pardini Bicudo Véras (PUCSP). Territórios e fronteiras da alteridade na metrópole: uma análise da
presença de latino americanos em São Paulo. No contexto dos fluxos internacionais cada vez mais intensos,
os processos da imigração acentuam as questões ligadas à inserção de novos contingentes às sociedades
receptoras, ensejando a construção e desconstrução de conceitos como assimilação, discriminação, preconceitos,
xenofobia, enfim, relações sociais e de alteridade. Processos esses que carregam conotações espaciais,
evidenciadas nas metrópoles contemporâneas como segregação e relegação urbanas. São Paulo, cidade já plena
de contradições e contrastes sociais, carrega em sua história, as marcas da presença estrangeira. Neste texto
pretende-se apontar a inserção de latino americanos na cidade no século XXI, buscando analisar processos de
vulnerabilidade, interculturalidade e discriminação, ao lado da constituição de territórios, lugares de
identificação e pertencimento. Nossa exposição versa sobre São Paulo, no emaranhado da geografia capitalista,
desvendando na produção do espaço como constitutiva da dinâmica da acumulação e da luta de classes,para
perceber melhor que (...) lutas entre classes e interlugares com muita frequência se interpenetram.” Dessa forma,
a reflexão sobre fronteira é oportuna. Não mais entendida como limite físico político territorial diante de país
estrangeiro, mas como representando ao mesmo tempo um cenário de dor e esperança diante das expectativas de
mudança para uma idealizada vida melhor. A fronteira também representa a transição que une, separa, marca a
ligação, a diferença e a igualdade, cria novas relações e novos espaços. Ela representa simultaneamente o poder
e a resistência, o avanço ou o retorno, inviabiliza o que é oculto, impede as colisões, potencializa novas
identificações, viabiliza o transnacional alternativo, mas por outro lado, não resolve totalmente as questões da
cidadania plena, de um ou de outro lado. É o caso de muitos migrantes que no país de recepção permanecem
sem a posse de direitos plenos, muitos indocumentados, sem acesso a políticas públicas como saúde e moradia,
e, sobretudo, sem seus direitos trabalhistas. E, dentro das cidades, estabelecem-se fronteiras econômicas, étnicas,
culturais .Do contingente de latino americanos detectados pelo Censo de 2010, cerca de 25% dos estrangeiros da
cidade, destacam-se diversas origens: bolivianos, (14,3% deles) argentinos e chilenos, nacionalidades presentes
em São Paulo desde os anos 1970, bem como uruguaios. A seguir, tem-se a presença de paraguaios(2,10%),
peruanos(1,95%) e, bem menos frequentes, embora crescendo no momento, os colombianos. Desse conjunto,
interessam-nos as relações de alteridade desses imigrantes, a ocupação em territórios, seus tipos de inserção em
trabalho e moradia, a vulnerabilidade e a interculturalidade.

Maurina Lima Silva (UNEB). Pretos, pobres e analfabetos: uma história da educação escolar na literatura
dos anos 1930. No início do século XX, foi promovida uma campanha pela alfabetização nacional que, apesar
de sua legítima necessidade, acabou por cristalizar a depreciação da pessoa analfabeta. Na literatura,
personagens analfabetos são representados de diferentes maneiras, mas quase sempre marcados pela submissão
ao outro e pela racialização. Essas representações, tanto na ficção quanto nos quadros sociais, estão atravessadas
pela associação entre analfabetismo, raça e pobreza, desdobrando-se para estigmas como a incapacidade
intelectual do analfabeto, logo, o seu alheamento político e o próprio silenciamento de sua pessoa como agente
social. Desse modo, cabe saber quem podia/tinha acesso à educação escolar e quem ficava de fora. Feitas essas
considerações, este projeto encaminha uma pesquisa cujo objetivo central é abordar aspectos da história da
educação no Brasil tomando a literatura como material de investigação, mais especificamente em romances
produzidos na década de 1930. Luís Bueno (2015), escreve que o pobre, chamado naquele momento de
proletário, transforma-se em protagonista privilegiado nos romances de 30, cujos narradores procuram atravessar
o abismo que separa o intelectual das camadas mais baixas da população. Ao abordar como determinados
autores representaram personagens analfabetos e as circunstâncias da instrução pública e privada, as análises
recairão sobre o problema da exclusão no processo educativo, sobretudo de pessoas negras e de camadas sociais
mais vulneráveis. Nesse sentido o que se pretende é contar uma história da educação escolar desse período por
meio da literatura, dando foco principalmente às instituições de ensino, bem como aos indivíduos que tiveram
acesso à escola e os que ficaram fora dela. Para tanto, a leitura de romances tais como O Quinze (1930) e As três
Marias (1939), de Rachel de Queiroz; Vidas secas (1938), São Bernardo (1934) e Caetés (1933), de Graciliano
Ramos; Jubiabá (1935) e Capitães da areia (1937), de Jorge Amado; e Menino de engenho (1932), de José Lins
do Rego, serão imprescindíveis para as análises. Para realizar tal investigação, toma-se como base teórica e
referencial textos de autores tais como Luís Bueno (2015) acerca do romance dos anos 30; Rita Terezinha
Schimidt (2017), Victor Hugo Adler Pereira (2017), Eliana Kuster (2017) que escrevem tendo vista o eixo
temático literatura e exclusão.

Max Richard Coelho Verginio (UNESC)- Dimas de Oliveira Estevam (Universidade do Extremo Sul
Catarinense). As relações entre cooperativismo e trabalho decente no Brasil, Portugal e União Europeia. O
presente resumo é parte da pesquisa em desenvolvimento do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em
Desenvolvimento Socioeconômico, Agricultura Familiar e Educação do Campo (GIDAFEC/UNESC/CNPq)
vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico (PPGDS) da Universidade do
Extremo Sul Catarinense (UNESC), com sede em Criciúma (SC). Nas atividades desenvolvidas tem-se como
parâmetro de análise os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas
(ONU), que busca promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, pleno emprego e
trabalho decente para todos/as. O tema central da investigação está associado com a noção de direitos
fundamentais no trabalho a partir da emergência do conceito de Trabalho Decente. Este conceito foi formalizado
pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1999, com o objetivo de promover oportunidades de
trabalho de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo considerado
condição essencial para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da
governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, o objetivo do resumo é verificar as
possíveis relações entre cooperativismo e trabalho decente no Brasil, Portugal e União Europeia (UE). Nas
pesquisas realizadas pelo Gidafec, verificou-se que os empregos gerados pelas cooperativas, no Brasil, estão
mais próximos ao conceito de Trabalho Decente, quando comparados com as empresas privadas; por isso,
estender a pesquisa para Portugal e UE, para verificar se existe esse nexo. Os procedimentos metodológicos
adotado na pesquisa será analisar o estado da arte, por meio de pesquisa bibliométrica, com o tema
“cooperativismo” e “trabalho decente”. Nesta fase será realizado a busca na Biblioteca Digital Brasileira de
Teses e Dissertações. Espera-se, com a pesquisa contribuir com o campo científico lançando novos olhares e
reflexões sobre o mundo do trabalho na atualidade; bem como, verificar os desafios postos, tanto para empresas
privadas, como para as cooperativas na geração de trabalho decente, nos países membros da ONU dentre os
quais Brasil e Portugal.

Mayara Amaral dos Santos (FESPSP). O Jongo no “Quilombo Sambaqui” Construções de práticas políticas
a partir de novas perspectivas de gênero e raça em um grupo de “cultura popular afro-paulista”, na
Brasilândia, periferia de São Paulo. O “Quilombo Sambaqui” está situado na região norte da cidade de São
Paulo, no Jardim Guarani, distrito da Brasilândia. O grupo, fundado e liderado por Rosângela Macedo, é
composto em grande parte por mulheres que estudam e promovem a cultura popular do sudeste do Brasil,
principalmente o afro-brasileiro jongo. Almejo analisar como o “Quilombo Sambaqui” traçou sua trajetória na
cultura afro brasileira na região da Brasilândia; como o grupo se insere no contexto urbano lidando com as
opressões de gênero, raciais, e a intolerância religiosa. A partir de uma abordagem etnográfica, pretendo
investigar, por meio de pesquisa bibliográfica, observação participante e entrevistas abertas, como este grupo se
engaja em práticas políticas diversas no âmbito do Jd. Guarani, distrito da Brasilândia, periferia de São Paulo.
Este projeto tem como propósito analisar as relações entre raça e gênero no “Quilombo Sambaqui” , pensando
como estas se relacionam no âmbito de grupos de cultura popular que se utilizam do jongo para lutar por seus
direitos políticos e resistir às opressões da sociedade em que vivem. Trata-se de uma proposta de continuação de
minha monografia em ciências sociais (SANTOS, 2016) sobre a Praça 7 Jovens e os grupos de saraus que ali se
organizaram. Tive essa ideia a partir do momento que, em uma entrevista, Vagner, um dos fundadores do Sarau
da Brasa, sugeriu que eu estudasse as pessoas mais velhas que fizeram com que os saraus fossem possíveis. Foi
então que me interessei pelo “Quilombo Sambaqui” e decidi estudar a importância de manter viva uma tradição
da cultura afro brasileira no contexto da Brasilândia, periferia de São Paulo. A Brasilândia é o distrito que possui
o maior número de pessoas pretas da cidade de São Paulo: cerca de 27.529 cidadãos. Ao lado dessas pessoas,
mais 40,2% são pardos, totalizando 106.520 mil pessoas, segundo Rosa (2016). Já a Praça 7 Jovens, mais
especificamente, situada na zona Norte de São Paulo, no bairro do Jardim Elisa Maria, é fruto da luta dos
moradores dessa favela, construída em parceria com o Instituto Sou da Paz e o Banco SulAmérica. Os
moradores participaram ativamente da construção desta praça, cujo nome foi eleito por meio de votação entre os
moradores. O primeiro nome escolhido foi “Zumbi dos Palmares”, porém, como já havia outro logradouro na
cidade com o mesmo nome, a praça passou a se chamar “7 Jovens” em memória de sete garotos vítimas de uma
chacina cometida por policiais militares em 2007. A repercussão desse episódio de violência policial gerou uma
série de reações e manifestações públicas.

Mayara Maria Alonge dos Santos (HCFMUSP). A política proibicionista de drogas enquanto instrumento
de aprofundamento do genocídio da população negra e indígena. O projeto de pesquisa visa compreender
como a política proibicionista de drogas, constitui um mecanismo de manutenção do genocídio da população
negra e indígena, através encarceramento seletivo de trabalhadores no Brasil. A partir da concepção do
proibicionismo enquanto mecanismo econômico de controle de mercadorias, estabelecendo relação particular no
que tange as drogas, pois determina a relação social estabelecida com a mesma, determinada pelo capital
financeiro mundial e substancialmente associada a grupos sociais específicos relacionados ao consumo de
drogas. A instituição da política de “guerra às drogas” tem origem nos EUA, sendo instituída mundialmente, via
acordos internacionais junto a diferentes países, dentre eles o Brasil. Contudo as particularidades históricas,
sociais, econômicas e políticas do mesmo, configuram cenário diferenciado quanto ao papel que ocupa na esfera
mundial do consumo e produção de drogas, bem quanto aos danos causados por tal política. Dessa forma o
genocídio será analisado, enquanto extermínio político econômico e sociocultural, institucionalizado, sistemático
e travestido pela justificativa do combate ao tráfico de drogas. A presente pesquisa se faz relevante devido à
necessidade de denunciar como a política de drogas tem atingido de forma determinando a população negra e
indígena, em especial as mulheres e adolescentes, exponencialmente criminalizados por crimes relacionados às
drogas. O debate se faz essencial a área do Serviço Social por seu trabalho junto a população atingida por tal
política e possibilidade da construção de um debate crítico junto a mesma, bem como a atuação na defesa
intransigente dos direitos humanos e contra toda e qualquer forma de opressão. O projeto prevê pesquisa de
cunho qualitativo e de caráter descritivo. Os dados serão coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, que
possibilitem o relato de experiência dos sujeitos sobre o contexto em que se deu sua prisão por tráfico de drogas.
A fim de avaliar e evidenciar de fato quais são os critérios colocadas no Art 28, § 2º da Lei 11.343/2006 a “Lei
de Drogas”, que determinam a diferenciação entre usuários e traficantes, critérios esses não específicos que
impulsionam o encarceramento da população pobre, periférica, negra e indígena.

Melvina Afra Mendes de Araújo (UNIFESP); Madalina Florescu (CEBRAP); Paulo Ricardo Muller (UFFS).
Reflexões sobre a “diferença” em contextos plurais. A questão da diferença marca muitas discussões sobre o
mundo contemporâneo, perpassando o debate conceitual entre concepções de igualdade como semelhança e de
igualdade como diferença no quadro dos debates em torno do problema do acondicionamento das diferenças no
interior do Estado, impulsionados, sobretudo, pelas pressões dos movimentos sociais e migratórios, que puseram
em xeque o clássico ideal liberal de igualdade entre todos os cidadãos. Esta questão também se coloca nos
contextos de formação de novos Estados, sejam eles resultantes de movimentos anticoloniais de ex-colônias e/ou
de conflitos bélicos. Esta questão coloca-se também no desenvolvimento de agendas relativas aos direitos
humanos, ao multiculturalismo, à diversidade religiosa, à promoção da igualdade racial e de gênero, entre outras.
Essas agendas estão embasadas numa concepção de igualdade que pressupõe a inclusão e acesso à cidadania,
bem como o direito de ser diferente sem ser desigual, ter suas diferenças reconhecidas e garantidas na esfera
pública e tratadas com equidade pelo Estado. Desse modo, a partir de estudos de caso em contextos sociais,
linguísticos, políticos e econômicos diversos neste GT pretendemos discutir abordagens sobre a questão da
“diferença” em toda a sua complexidade. Por exemplo, como a diferença é construída e arregimentada de
maneira a constituir coletivos reconhecidos? Em relação a quais modelos de nações e/ou outras coletividades são
instituídas? Quais são os desafios teóricos e metodológicos levantados pelo estudo de processos de
diferenciação, ou seja, processos de articulação de discursos e práticas que inscrevem experiências, relações
sociais, posições de sujeitos - e seus coletivos -, subjetividades e identidades? Dito de outro modo, propomos,
neste GT, pensar como se articulam processos de diferenciação, representações políticas da diferença, demandas
por reconhecimento e, nesse bojo, a constituição de diferenças em contextos caracterizados por processos sociais
e históricos particulares. As pistas de investigação podem incluir processos de diferenciação e de codificação da
diferenciação em contextos pós-guerra, em narrativas de rememoração de eventos violentos, em contextos de
migração, contextos religiosos, entre outros.

Michel Mingote Ferreira de Azara (USP). Por um pensamento Afropolitano: poesia e filosofia em Edimilson
de Almeida Pereira. O intuito da presente comunicação é o de propor um diálogo entre a obra teórico/poética
do professor, pesquisador e escritor mineiro Edimilson de almeida Pereira e o pensamento de alguns autores
fundamentais da diáspora Africana, tais como os martiniquenhos Édouard Glissant (1928 – 2011) e Frantz
Fanon (1925 – 1961), além do camaronês Achille Mbembe (1957–). Autor de uma vasta e importante obra
crítico/literária, Edimilson de Almeida Pereira apresenta ao leitor uma poética singular e múltipla, que atravessa
diversas temáticas como aquelas advindas da diáspora africana, da identidade, dos processos de socialibilização,
do ser no mundo, e do diálogo intertextual e interartístico. Assim, compreendendo a poesia como uma forma de
pensamento sensível, consideraremos as diversas intersecções e cruzamentos entre literatura e filosofia, ou seja,
entre aquilo que o filósofo francês Gilles Deleuze nomeara de “plano de imanência” da filosofia, e “plano de
composição da arte”. Neste sentido, o foco da nossa apresentação será o de ler a poesia do autor mineiro à luz
dos pensadores citados anteriormente. Por fim, procuraremos investigar como a obra de Edimilson de Almeida
Pereira também pode ser lida considerando o conceito de “Afropolitanismo” de Achille Mbembe. Segundo o
pensador camaronês, o Afropolitanismo é uma maneira de ser no mundo que recusa toda forma de identidade
vitimizadora, sendo igualmente uma tomada de posição política e cultural em relação à nação, à raça e à questão
da diversidade em geral. Enquanto cultura transnacional, o Afropolitanismo nos auxilia a refletir sobre a poética
de Edimilson de Almeida Pereira em sua abertura a uma visão mais global e planetária das questões
concernentes à identidade e à Diáspora Africana no Novo Mundo. Para realizar tal leitura, consideraremos
alguns poemas esparsos do autor, de épocas e estilos diferentes, como o longo poema intitulado “Caderno de
retorno”, em que o autor propõe um diálogo com o Diário de um retorno ao país natal , livro seminal do poeta
Aimé Cesaire, e os poemas do volume Qvasi, lançado em 2017.

Michelle Medrado (Universidade da Califórnia, Los Angeles). Mídia e diálogos contemporâneos. Este GT visa
reunir trabalhos que contemplem, dentre outras possibilidades: os sistemas de produção e circulação cultural: o
engendramento e disseminação de práticas de consumo insufladas pelas mídias contemporâneas, trabalhos
direcionados aos estudos de recepção, a produção de comportamentos, atitudes e práticas associados ao ideal de
“moderno”, “moda” , influências das mídias nos sistemas de educação.

Michelle Medrado (Universidade da Califórnia, Los Angeles). Sistema de Produção e Circulação Cultural: O
Figurino da Telenovela e Regimes de Valores da moda Brasileira em Luanda, Angola. A ideia de estudar o
sistema de produção e circulação cultural: o figurino da telenovela e regimes de valores da moda brasileira em
Luanda, Angola, nasceu diante a inquietação de verificar a relação da telenovela e o folhetim, e como esse
veículo pode ser uma forma de disseminar práticas de consumo. No final da década de 1980, estudos
sociológicos observaram que a produção e o formato da telenovela não deveria deixar de ser compreendido pelo
seu significado econômico. Trabalhos direcionados aos estudos de recepção como os de Esther Hamburger e
Heloísa Buarque de Almeida, desde a 1990, indicam que telenovela tem sido uma forma de disseminar práticas
de consumo, sobretudo, moda. Recentemente, Chirley Rodrigues Mendes (2013) pesquisando telenovelas
brasileiras entre estudantes africanos em intercâmbio no Brasil, ressaltou que a vitrine estilizada pela telenovela
da Rede Globo tem sido marcada por cores, tecidos, texturas e merchadising, e que o estilo e a estética do
figurino dão formas do que é ser brasileiro. Em O Brasil Antenado (2005), a antropóloga Esther Hamburger
ressaltou que as telenovelas “passam ser a vitrines privilegiadas do que significava ser “moderno” estar
sintonizado na moda e comportamentos contemporâneos”. Deste modo, o fluxo das telenovelas exportadas pode
revelar como os seus figurinos são apropriados em contextos nacionais e internacionais. Uma vez que, a
exportação das telenovelas para os países lusófonos tem promovido o gênero, bem como, impulsionado o
sistema e a indústria do vestuário brasileiro. Os resultados que serão apresentados nesta comunicação são
preliminares e foca no figurino, e como o mesmo, quando projetado fora da narrativa ficcional, torna-se roupa e
até mesmo moda. No contexto da sociedade luandense, a entrada dos figurinos de telenovelas brasileiras parece
estar tensionando os valores culturais e sociais – dados sugerem que parcerias entre franquias e empresas de
moda brasileira tem reorganizado o sistema educacional e o mercado de moda angolano local. Ao passo que,
também está reorganizando a perspectiva de circulação e consumo de moda brasileira. Deste modo, a pesquisa
visa observar o sistema de produção e circulação cultural e material da tríade material: figurino-roupa-moda no
contexto angolano.

Miguel Baião dos Santos (Autor) SOCIUS-CSG/Universidade de Lisboa. Mobilidade no Ensino Superior
entre a CPLP e a União Europeia. Análise de Fluxos no Âmbito do Programa Erasmus+. O presente
trabalho, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, de Portugal, visa a análise dos fluxos da
mobilidade no ensino superior, no âmbito do programa europeu Erasmus+. O objeto de investigação é
constituído pelas mobilidades de e para os 9 países membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa
(CPLP) e entre estes e os 28 países da União Europeia (UE). Tentou-se identificar qual o status quo e eficácia do
programa nesta realidade linguística. Recorreu-se aos dados do “Erasmus+ Project Results Platform” da
Comissão Europeia. O período de análise incorporou os projetos de mobilidade finalizados, de 2014 a 2017.Do
ponto de vista metodológico, fez-se uma análise estatística dos fluxos de mobilidades de Universidades da UE
para os países da CPLP e vice-versa. A investigação existente sobre o programa Erasmus+ é escassa. Contudo, a
realidade da mobilidade no ensino superior na CPLP é diversificada e tem sido objeto de diversas pesquisas. No
que diz respeito à mobilidade de estudantes africanos, dentro e fora de África, tem existido um aumento
expressivo desde os anos 90 (Woldegiorgis & Doevenspeck, 2015), com o surgimento de vários programas.
Relativamente ao Brasil, existem várias ações entre o governo federal e as universidades, que financiam
programas internacionais (Fonseca, Esteves & Iorio, 2015; Oliveira & Freitas, 2016). A mobilidade no ensino
superior na CPLP e na UE é condicionada por fatores sociais, políticos e económicos (Alves, 2015; Comissão
Europeia, 2017ª; Fonseca, Esteves & Iorio, 2015; Langa, 2016; Oliveira & Freitas, 2016; Pedro e Franco, 2016;
Trigo, 2011). Podemos concluir que a mobilidade inter-universitária de e para a CPLP, no âmbito do Erasmus+,
é ainda incipiente. As diferenças de motivações, de disponibilidades financeiras das famílias e das redes de
universidades, parecem determinar algumas particularidades da mobilidade. Apesar da generosidade do
programa Erasmus+, apenas o Brasil tem dele beneficiado de forma mais expressiva. A mobilidade da UE para
as universidades da CPLP, em especial para o Brasil, é liderada pelo Reino Unido, seguido da Itália, de Portugal
e da Roménia. Como segundo ponto conclusivo podemos afirmar que o potencial de crescimento das
mobilidades é ainda grande, especialmente quando se aproxima o novo quadro financeiro da UE de 2021-2027,
com o previsível aumento do orçamento do programa. Por fim, torna-se evidente a necessidade de incrementar a
divulgação do programa Erasmus+. Na globalidade dos países da CPLP é necessário divulgar o programa e o
potencial de financiamento. Nos Estados Membros da UE urge difundir o potencial de cooperação
interuniversitária com universo eclético da CPLP. Palavras chave: mobilidade, ensino superior, União
Europeia, CPLP, Erasmus+.

Milene Cristina Santos (Universidade de São Paulo - USP). Descolonização de saberes: Filosofias sobre
África, Filosofias Africanas. Considerando perspectivas epistemológicas pós-coloniais e decoloniais, críticas
da racionalidade eurocêntrica, nortecêntrica e epistemicida que se afirma como universal, devido aos privilégios
simbólicos da branquitude que se perpetuam em ambientes escolares e universitários, e aceitando os desafios
inaugurados com a Lei 10.639/03 de descolonizar as mentes e educar para as relações raciais, a fim de combater
o racismo estrutural que se reproduz institucionalmente e conhecer as histórias e culturas africanas e afro-
brasileiras, pretende contrapor e comparar ideias filosóficas europeias sobre África a ideias filosóficas
produzidas por africanos e afro-brasileiros, por meio de uma revisão bibliográfica que mapeie debates teóricos
africanos, afro-atlânticos e afro-diaspóricos que permitem desconstruir a ideia de uma única filosofia universal,
que teria se originado na Grécia da Antiguidade clássica, dentro da controvertida proposta de uma leitura da
história da filosofia em afroperspectiva. Inúmeras questões teóricas subjazem à proposta de análise, dentre as
quais: haveria diferença significativa entre perspectivas pós-coloniais e decoloniais? Haveria identidade entre as
propostas epistemológicas em afroperspectiva e as afrocêntricas? Em que medida conceitos como
“eurocentrismo”, “nortecentrismo”, “epistemicídio”, “ecologia de saberes”, “epistemologias do Sul”, por terem
sido elaborados por ou fortemente embasados em perspectivas teóricas de homens brancos europeus são
efetivamente emancipatórios? Apresentar os pressupostos racistas das ideias coloniais, que cânones da filosofia
ocidental reforçaram sobre a inferioridade intelectual e cultural das sociedades africanas, constitui exercício de
releitura do passado, na medida em que se considera necessário romper com a longa duração de perspectivas
racistas que ainda balizam a produção e disseminação do conhecimento, a fim de iniciar a construção de futuros
múltiplos. Tanto a proposta de uma ecologia de saberes pós-abissal como a da filosofia em afroperspectiva,
embasadas nos giros epistemológicos pós-coloniais e decoloniais, possibilitam a valorização de debates entre
filósofos africanos, afro-brasileiros e afro-diaspóricos, rompendo com estereótipos estigmatizantes que foram
impostos aos negros como pessoas destituídas de racionalidade. A filosofia abre-se, assim, a novos olhares,
sabores e temperos, ampliando as visões de mundo possíveis. Palavras-chave: epistemologias pós-coloniais e
decoloniais; filosofias africanas e afro-brasileiras.

Moacir Silva de Castro (Instituto Federal de São Paulo - IFSP). Formação Docente para as Relações Étnico-
Raciais na Escola da Infância. Abordar-se-ão algumas concepções de criança e infância, para um melhor
entendimento no espaço escolar, e observar-se-á a formação docente na perspectiva da educação das relações
étnico-raciais, especialmente no trabalho pedagógico, como um caminho possível para que as relações étnico-
raciais sejam um eixo transversal em práticas pedagógicas com crianças. Entende-se também que as práticas
pedagógicas transformadoras dos processos pedagógicos da Educação Básica, sobretudo as práticas na Educação
Infantil, serão alcançadas com maior eficácia quando a classe docente for submetida a processos formativos que
dialoguem com as demandas mais latentes, notadamente com questões de identidade e diversidade no espaço
escolar. Nessa perspectiva entende-se educação para as relações étnico-raciais como atuação na perspectiva da
garantia dos direitos, especialmente em se tratando de uma educação que visa reconhecer a dignidade humana e
condenar qualquer prática de racismo. Nesse sentido é necessário contribuir para que os docentes da Educação
Infantil sejam capazes de analisar criticamente a realidade social, para estabelecer relações entre educação,
discriminação racial, racismo, e direitos humanos. Silva et al (2002) afirma que já nesta etapa escolar, para
diferenciar crianças fáceis ou difíceis para se trabalhar, há uma tendência das educadoras, na maioria das vezes,
de rotular como difíceis as crianças negras, prioritariamente os meninos. Essas crianças, em geral, recebem
adjetivos pautados em comportamentos considerados ruins como “demora mais para aprender a dividir os
objetos”, “ele é terrível, não para, não fica quieto” ou “é agitado, agressivo, teimoso, levado”, entre outros
(BENTO, 2012, p. 21, apud CASTRO, p. 60, 2015). O relato traz uma experiência desenvolvida entre 2012 e
2015 no município de Araçariguama-SP, com Professoras da Educação Infantil que participaram de um curso de
formação para educação das relações étnico-raciais e tiveram suas práticas pedagógicas acompanhadas antes,
durante e depois da participação na referida formação. Por fim foram captadas as concepções que essas
professoras tinham de relações raciais na Educação Infantil antes e depois do processo formativo, e verificado
como essas concepções eventualmente impactaram em suas práticas pedagógicas. Palavras-chave: Educação
Infantil. Formação Docente. Relações Étnico-Raciais.
Moara Assis Alves Salzedas Crivelente (Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra). “A última
colônia da África”: Narrativas de resistência e consequências da protelada descolonização do Saara
Ocidental. Direito e resistência enquadram a mobilização do povo saaráui por apoio e reconhecimento da sua
causa. Há quatro décadas no refúgio, na diáspora ou sob a ocupação militar marroquina, a descolonização e o
direito à autodeterminação movem uma incessante busca por transpor a barreira do silêncio sobre a duradoura
pendência colonial no continente africano, onde movimentos de libertação nacional tanto conquistaram entre as
décadas de 1950 e 1970, inclusive na promoção do pan-africanismo. Em 1963, o Saara Ocidental foi incluído na
lista do Comitê Especial das Nações Unidas sobre a Descolonização como território não autônomo, mas 42 anos
após a proclamação da República Árabe Saaráui Democrática (RASD), em 2018, o processo de descolonização
parece uma promessa distante. Para saaráuis, a negligência internacional põe em xeque a própria ONU e provoca
crescente frustração com o status quo, enquanto se estende a longa espera por um referendo de
autodeterminação. Por outro lado, o 45º aniversário da resistência armada lançada em 20 de maio de 1973 contra
a potência colonial, a Espanha, foi celebrado neste ano também trazendo à tona a persistência desta luta. Através
de meios de comunicação próprios, como emissoras de televisão e rádio, blogues, páginas nas redes sociais,
agências de notícias e outras mídias, passando pela promoção artística —poesias, música, pintura, entre outras—
até alcançar o âmbito político internacional institucionalizado, os saaráuis buscam lembrar o mundo dessa
responsabilidade com o seu direito. A luta anticolonial continua e a estratégia é a de disseminar essa causa, ainda
que também resistindo aos contínuos apelos por paciência em prol de um processo de paz que já parece uma
miragem. Este artigo, parte de uma pesquisa doutoral em desenvolvimento, busca contribuir para os trabalhos
em língua portuguesa sobre o Saara Ocidental. Parte de uma breve revisão crítica da literatura mainstream no
âmbito política internacional, que retrata o caso como um conflito de duas partes, com causas e consequências
geopolíticas e geoestratégicas, e negligencia a perspectiva que os saaráuis buscam enfatizar, a do direito de um
povo à descolonização e à autodeterminação. Partindo de contributos existentes em outras línguas, o artigo
aborda as principais discussões sobre as causas e consequências do protelamento da descolonização e as formas
assumidas pela resistência diante da negligência, para então adicionar perspectivas trazidas de entrevistas com
diversos atores e observação participante em eventos em que os saaráuis buscam apresentar, fortalecer e
defender a sua causa. Neste esforço, o lugar central da resistência e do direito na luta por autodeterminação
reflete a abordagem à pendência colonial no Saara Ocidental.

Nathalia dos Santos Souza Galvão (Prefeitura Municipal de São Paulo). Do ideal ao real: O quesito raça cor e
sua utilização nas Unidades Básicas de Saúde da Prefeitura de São Paulo. Introdução: Sobre o
preenchimento dentro dos formulários da unidade, ao observar de maneira breve, percebo grande desconforto
por parte dos profissionais dos serviços sobre a necessidade de perguntar como o usuário do serviço se
denomina, certo desconhecimento da necessidade da pergunta bem como desconforto também dos usuários que
são perguntados. O quesito raça cor é uma ferramenta importante, pois torna possível apontar indicadores
específicos à raça/etnia de quem é atendido pelo SUS, facilitando o estudo bem como a criação; implantação e
implementação de políticas públicas que considerem as diferenças existentes entre os grupos étnicos. Problema e
objeto da pesquisa: O presente projeto tem como problema de pesquisa buscar se o quesito raça cor está sendo
preenchido e utilizado adequadamente nos serviços de atenção básica à saúde, em especial nas Unidades Básicas
de Saúde bem pesquisar se os funcionários da unidade tem propriedade sobre o tema e compreendem a
importância de coleta de tal informação. Objetivo geral Analisar se a pergunta e a resposta de que maneira tem
sido o preenchimento, sobre o quesito raça/cor, nos formulários das UBs. estão sendo efetivos. Objetivos
específicos: Investigar se os funcionários estão preparados para aplicação o quesito raça/cor existentes nos
formulários das unidades de saúde. Analisar se os profissionais das Ubs entendem a importância da aplicação do
quesito raça cor e os desdobramentos possíveis a partir dele. Avaliar dificuldades para aplicação do quesito raça
cor. Justificativa Historicamente os negros foram seriamente afetados desde a maneira que chegaram ao Brasil
através do regime escravocrata, trazidos forçadamente a um local diferente de suas origens, sem vínculos
familiares, costumes, vivências e costumes, subjugados e coisificados para serem utilizados como mão de obra
escrava. Atualmente ainda vivenciamos os reflexos do regime escravocrata em nossa sociedade, que hierarquiza
a relação entre pretos e brancos e que pode ser facilmente a necessidade de reparar e equiparar a oferta de
condições similares a todos os povos, que parte não só da mobilização do poder público, mas principalmente a
partir de demandas levantadas e sustentadas por entidades do Movimento Negro, faz com que se crie políticas
específicas, que pensam cada grupo étnico racial a partir de suas especificidades, validando suas diferenças e
evidenciando-as na contramão de políticas universais que não abrangem demandas próprias de grupos étnicos
diversos.

Nessas aprendizagens, evocam-se os saberes das mulheres quilombolas, guerreiras, anônimas e de prestígio
político, afetivo e simbólico: Dandara e Acotirene ,mas também as tantas Marias, Lúcia, Natalina, Guida, Sueli,
Noeli, Antonia, Jucélia.... Ancestralidade quilombola situada nas lutas travadas pela liberdade, lutas de ontem e
que permanecem, na tentativa de assegurar a desmarginalização social, econômica, educacional e cultural,
especialmente o direito das terras. Implica, portanto, compreender que as relações desses grupos não podem ser
consideradas somente por tamanho ou pelo número de membros e sim pela partilha das experiências, pela
trajetória comum e coletiva, na permanência das narrativas, e na força da continuidade enquanto grupo.

Nikolas Pallisser (Universidade Federal de São Carlos - UFSCar). Dia e Noite: as interações sociais no
ambiente da Venda dos Pretos. Este trabalho tem por objetivo analisar se há, e quais são as marcas temporais
(dia e noite), nas interações sociais circunscritas ao ambiente da Venda dos Pretos, comércio classificado pela
literatura pertinente como botequim, bodega ou bar e que, ao longo do tempo também recebeu o nome de Venda
do Alto e Venda do Encruzo, essas são as denominações do estabelecimento comercial gerido pela família negra
migrante Marques Neves e que está situado na zona rural da cidade de Londrina, estado do Paraná. Por ter dado
início as suas atividades em meados da década de 50 do século XX, é amplamente conhecido e frequentado
pelos moradores da cidade, sobretudo, os mais velhos, no entanto, contemporaneamente o ambiente tem sido
usado para gravar clipes musicais de canções do gênero sertanejo, com ampla circulação no público jovem. Para
esta pesquisa, partimos de observação participante feita durante o mês de janeiro de 2018, ainda que, não
tenhamos permanecido todos os dias do mês de janeiro no estabelecimento, estivemos ao menos uma vez em
cada um dos dias e em todos os períodos (por exemplo, não estivemos em todos os sábados, mas ao menos em
um durante todos os períodos do dia, manhã tarde e noite, assim ocorreu com todos os demais dias); temos
também como valiosa fonte de dados a pesquisa para a obra Dona Izolina e a Venda dos Pretos: Solidariedade e
Resistência, pesquisa empreendida pelos autores deste artigo no transcurso do segundo semestre de 2014 até os
fins de 2016; utilizamos também como referências centrais para a interpretação das relações sociais no ambiente
da Venda, tendo em vista que essa está inserida nas discussões sobre botequins, bares e bodegas, o trabalho de
Chalhoub (1986) Trabalho, lar e botequim. O cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da belle époque,
bem como, a pesquisa de Silva (2011) O Significado do Botequim. Partindo desta metodologia, foi-nos possível
constatar que as relações sociais durante o dia, se encaixam em uma imagem construída do estabelecimento
como uma “casa de família”, enquanto que, durante a noite, essa imagem sofre certo apagamento. Todavia, a
principal característica de ambos os momentos é o compartilhamento de gostos, hábitos, valores e interesses, o
que nos aponta para uma comunidade coesa.

No período da ocupação Indonésia de Timor-Leste (1975-1999), os países africanos de língua oficial Portuguesa
foram os principais apoiantes morais e materiais da causa da independência de Timor-Leste. Em particular, o
partido Moçambicano FRELIMO, que governou o país desde a independência, destacou-se pelo apoio
educativo, político e económico que prestou à resistência timorense na diáspora (Magalhães 2007). Através da
análise de obras de autoria de timorenses, moçambicanos e angolanos, textos biográficos e académicos sobre a
história dos países (Alkatiri 2005; Araújo 2012; Cabral 2002; Da Silva 2012, 2010) e da consulta de arquivos em
Portugal (CIDAC e Fundação Mário Soares/CasaComum), reconstitui-se parte desta história de solidariedades.
Este estudo propõe contribuir para o debate académico em torno da pergunta: como se pode estabelecer um
diálogo entre os diversos conhecimentos, oriundos de áreas e culturas do mundo que têm sido feitos invisíveis
por uma visão eurocêntrica dominante? Por este motivo, uma “ecologia de saberes”, proposta por Sousa Santos
(2014) é fundamental. Neste sentido, que função desempenham a memória e as histórias silenciadas e invisíveis
em países anteriormente colonizados que procuram reconstituir-se como agentes do seu próprio futuro? As
histórias ausentes e silenciadas levam-nos a reconhecer a persistência de uma matriz colonial e eurocêntrica no
domínio das Ciências Sociais e da importância de preencher estas ausências no caminho para um conhecimento
democrático e plural (Meneses, 2012).

Nubia Sherla Dias (UNISA). O Pedagogo e complexidade de sua formação identitária profissional numa
perspectiva Moriniana. O presente projeto tem como propósito o estudo da formação profissional do pedagogo
numa perspectiva Moriniana. O contexto teórico que nos colocamos é o da modernidade tardia de Stuart Hall,
que traz esse novo conceito que equivale ao pós-moderno, onde será colocado em evidência a questão da
fragmentação social e uma das diversas identidades do sujeito. Nesta mesma corrente de pensamento o teórico
Edgar Morin que entende o sujeito como ser complexo, contribui com o desenvolvimento desta pesquisa que
tem por objetivo apresentar os efeitos positivos do Pedagogo compreender a complexidade da sua atuação
profissional; constatar a interferência que a formação acadêmica do curso de pedagogia tem na formação da
identidade profissional do indivíduo; discutir o percurso do pedagogo a partir da teoria da complexidade de
Edgar Morin. A partir desses autores principais entendemos que a epistemologia do ser Pedagogo carrega em si
por base a complexidade, e sua formação é um processo dialógico identitário da percepção de si mesmo e do
mundo, para ao aspirar à complexidade perceber a necessidade política de um pensamento complexo (MORIN,
1990, p. 154). Este mesmo processo perpassa por uma conversão identitária profissional que precisa superar o
Pensamento Cartesiano, que traz como característica a unidimensionalidade, pelo fato de abordar o
conhecimento científico a partir de um olhar que dissocia a objetividade da subjetividade, obtendo assim um
pensamento unidimensional (MORIN E. e LE MOIGNE J. L., 2000). Pretendemos assim compreender esse
percurso do pedagogo a partir de Edgar Morin que sistematiza os pressupostos teóricos norteadores da teoria da
complexidade. O que provocou a escolha do tema foi uma preocupação empírica com a formação de professores
dos anos iniciais, pelo fato de seu campo de atuação ter uma importância significativa na formação de sujeitos,
tendo em vista também o contexto da modernidade tardia que é um desafio para a atuação deste profissional.
Esta pesquisa será de cunho bibliográfico e descritivo, analisando a epistemologia teórica da Pedagogia,
Pensamento Cartesiano, Identidade Profissional, Complexidade, bem como conceitos utilizados no decorrer da
pesquisa e também serão observadas algumas características de pedagogos e pedagogas em duas escolas com
gestões de diferentes concepções.

O aspecto mais notório da globalização na atualidade é o “crescente predomínio dos processos financeiros e
econômicos globais sobre os nacionais e locais. A generalização do livre comércio, o crescimento no número e
tamanho de empresas transnacionais que funcionam como sistemas de produção integrados e a mobilidade de
capitais são, de fato, aspectos destacados da realidade atual”. A globalização econômica produz mais
desigualdade. Através dos seus aparelhos de dominação, a nova onda do capital forma consenso de que o
crescimento e estabilidade econômica se traduzem em redução dos custos salariais, restrições à valorização dos
salários, desestruturação da Seguridade Social e precarização das condições de trabalho. As políticas públicas
voltam-se para as medidas meramente compensatórias, que não atacam a raiz do problema da exclusão. A
pobreza resultante da globalização “não é tanto o produto da escassez material ou de recursos humanos, mas sim
fruto do desemprego o do subemprego, superendividamento das famílias, diminuição dos salários,
desmantelamento das economias de subsistência”. Essa pobreza contribui para o aumento do número de
mulheres e crianças nas estatísticas de empregos, para o trabalho terceirizado, o trabalho escravo ou
semiescravo, geralmente de “imigrantes clandestinos”. Além de favorecer “as práticas de acumulação voltadas
mais para a exploração do que para a otimização dos recursos humanos”, rompe as redes de solidariedade social
(Mello, 2004, v. 2, p. 471).

O estudo tem como fonte de análise o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/SUS), o Painel de
Monitoramento de Mortalidade Materna (SUS) e os relatórios sobre saúde reprodutiva, em especial os capítulos
que tratam sobre mortalidade materna, com introdução do quesito raça/cor, proposto pela Política Nacional de
Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). A metodologia de pesquisa para investigação destes documentos
e dados será quantitativa, para que se tenha uma análise do conteúdo - método utilizado nas ciências sociais -
para medir a frequência da mortalidade materna, e justificar numericamente a violência produzida pelo Estado a
partir do campo da saúde.

Odair Bartolomeu Barros Lopes Varela (Universidade de Cabo Verde - Uni-CV), Jacqueline Cunha da Serra
Freire (Universidade Federal do Pará - UFPA). Diásporas e mobilidades em espaços de língua portuguesa na
contemporaneidade. As diásporas e mobilidades nos espaços de língua portuguesa são históricas e
impulsionadas por dinâmicas multidimensionais. São complexas, múltiplas e aceleradas as transformações que o
mundo tem passado, principalmente a partir da década de 1980. Mudanças em escala global repercutiram de
formas diversas nos Estados-Membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) impactados pelo
processo de reconstrução nacional do pós-independência de países africanos e luta do Timor Leste pela
restauração de sua independência; questões da Democracia e a pluralização de Partidos Políticos, dinamização
de Movimentos Sociais e Sociedade Civil, reconstrução de sistemas educacionais, entre outros elementos. Tais
mudanças impulsionaram processos diaspóricos, migrações e mobilidades humanas. No contexto da CPLP
historicamente a diáspora foi marcada por processos de exploração, em que o fenômeno de deslocamentos
forçados de africanos pela dinâmica escravagista mercantil que perdurou até o final do século XIX, é uma das
faces mais cruéis. O presente Grupo de Trabalho (GT) propõe-se aglutinar pesquisadores/as de diferentes países
e regiões com convergências teóricas e políticas em torno de discussões sobre diásporas, migrações e
mobilidades humanas na contemporaneidade a partir de múltiplas travessias sul-norte e sul-sul, enfocando
questões de natureza econômica, política, social, educacional, cultural, racismo, diversidade, entre outras. Sem
desconhecer a escalada de exploração do trabalho humano, as guerras e variadas formas de violências, contextos
de privação de direitos e/ou liberdades que impulsionam processos diaspóricos na contemporaneidade, há que se
reconhecer que outros elementos estimulam tais diásporas, em que o trabalho e a educação assumem
centralidade nessas dinâmicas de mobilidades. Histórias e projetos de vida se entrecruzam nos céus e mares na
busca de possibilidades que apontem para rupturas com um estado de coisas em que as assimetrias regionais ou
entre países historicamente produziram desigualdades sociais. O GT pretende contribuir para a potencialização
dos estudos africanos, afro-diaspóricos, compreendendo que há processos diaspóricos latino-americanos e
mobilidades de pessoas, especialmente em direção ao Brasil impulsionados por agravamento de crises
principalmente em países da fronteira amazônica A perspectiva é que as comunicações orais e debates no GT
sejam potencializados na constituição de redes de pesquisa e publicações conjuntas entre pesquisadores/as
identificados com temáticas convergentes, abordagens interdisciplinares e plurais teórico e metodologicamente.

Olena V. Kovtun (UFMA). A Política da Estratégia da Segurança Alimentar e Nutricional nas relações Sul-
Sul: os investimentos para uma cooperação duradoura entre Brasil e Cabo Verde. Na presente pesquisa
propõe-se analisar os investimentos e as condicionantes para uma cooperação Sul-Sul no âmbito da Estratégia da
Segurança Alimentar e Nutricional entre os países, Brasil e Cabo Verde, no conjunto da Comunidade dos Países
da Língua Portuguesa. A importância será atribuída à questão de políticas de avaliação e participação dos
agentes nacionais e da sociedade civil na construção de institucionalidade da Estratégia da Segurança Alimentar
e Nutricional.Segundo os seus organizadores, a Estratégia se constitui um instrumento político orientado para a
ação, no qual se define a visão estratégica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. A construção dos
mecanismos de governança necessários ao futuro desenvolvimento e implementação de planos de ação pretende
contribuir para a realização do direito humano à alimentação adequada, num quadro de respeito pela cidadania
nacional (FAO, 2013). Na avaliação dos governos e demais atores, o setor de produção e transformação de
alimentos com a participação de produtores familiares recebeu a pontuação máxima (de 1 a 5). Em todos os
países, a maior parte dos alimentos (70-100 %) é produzida por pequenos agricultores ou agricultores familiares.
Por isso, esta área (de produção familiar) configura nas diretrizes como uma das prioridades da ESAN-CPLP em
conjunto com a promoção do acesso à alimentação e a governança do sistema alimentar. No quadro de conjunto
dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o Brasil reduziu a prevalência de subnutrição para
menos de metade das taxas que se registavam em 1990. Já o Cabo Verde tem mantido um esforço importante,
mas que foi afetado pela sua vulnerabilidade face à conjuntura externa (a relação entre a prevalência de
subnutrição e volatilidade dos preços). Nos dois países as políticas de inclusão e proteção social constituem
igualmente um fator importante para a segurança alimentar e nutricional e ajudaram atenuar a sua
vulnerabilidade face aos fatores externos. A experiência do Brasil de sua cultura de participação na formulação
de uma Política e de um Sistema Nacional de SAN revela-se nos processos políticos cujas ações serviram para a
mobilização dos atores, organizações e movimentos sociais em torno deste campo de políticas. No entanto,
continua como um desafio para Cabo Verde, a construção da participação social na formulação e implementação
das políticas relacionadas com a ESAN, devido ao reduzido grau de desenvolvimento e participação da
sociedade civil e órgãos públicos nacionais na construção das políticas públicas.

Olena V. Kovtun (UFMA). Políticas Públicas Internacionais e Organismos Estatais. Este GT visa reunir
trabalhos relativos ao delineamento de políticas públicas no âmbito da Comunidade dos Países da Língua
Portuguesa, reflexões sobre políticas de avaliação e participação dos agentes nacionais e da sociedade civil na
formulação e implementação das referidas políticas públicas, sobretudo em situações caracterizadas por reduzido
grau de desenvolvimento e participação da sociedade civil e órgãos públicos nacionais.

Oscar Santana dos Santos (Universidade Federal da Bahia - UFBA). Memória social e resistência negra na
poesia de Solano Trindade. Esta comunicação analisa a poesia de Solano Trindade (1908 – 1974),
especificamente, os poemas Canto dos Palmares, Zumbi, 13 de Maio da Juventude Negra, Abolição número dois
e Orgulho, buscando compreender a relação entre memória social e identidade negra, uma vez que o autor
reivindica a memória da escravidão no Brasil. Além de participar da Frente Negra Pernambucana e dos
Congressos Afro-brasileiros, em Recife e Salvador, na década de 1930, Trindade foi diretor do Teatro Popular
Brasileiro (TPB) e pesquisador/disseminador das raízes africanas no Brasil. Ele publicou "Poemas de uma vida
simples" (1944), "Seis tempos de poesia" (1958) e "Cantares ao meu povo" (1961). Escreveu os artigos
"Folclore e cinema" (1952), "Rumos dos Teatro Popular" (1954) e a peça teatral "Sambalelê tá doente" (1964).
O contato com artistas, poetas, políticos e intelectuais negros e brancos no “Bar Vermelhinho”, no Rio de
Janeiro, onde gostava de declamar seus poemas foi importante para o enriquecimento da sua obra literária.
Portanto, o objetivo principal é discutir de que forma a poesia de Trindade pode ser pensada como movimento
social negro. Ao término da análise, cheguei às seguintes constatações: há nos versos de Solano uma voz
individual que transmite uma voz coletiva; a identidade de uma pessoa depende da memória que ela constrói ao
longo da vida; da forma como interage com o mundo; da militância política; e de seus valores culturais. Percebe-
se também que Trindade foi influenciado pela memória pessoal e cognitiva, por cerimônias comemorativas e por
uma sucessão de eventos que ele experimentou ao longo da vida (“Semana Palmares”, “Noite de Poesia Negra”,
recitais, ensaios e apresentações de peças teatrais, festas religiosas, prisão política, etc.). É importante identificar
a memória da escravidão nos poemas de Trindade porque favorece a política de memória e a necessidade de
lutas para a construção da cidadania nacional, uma vez que o poeta denuncia as injustiças sociais. Nota-se o seu
ativismo político-cultural nos eventos que organizou e participou, frisando que era primordial fazer a segunda
abolição e criticando as comemorações referentes ao 13 de maio de 1888. Os poemas que ele escreveu sobre a
escravidão no Brasil, nos ajudam a refletir sobre o significado da liberdade para pretos e pobres da sociedade
brasileira atual.
Osmundo Santos de Araujo Pinho. Repensando Hierarquias na Vida Social Africana. Em muitos contextos
sociais africanos as mulheres exercem formas definidas de poder. Formas de poder, que no entanto,
permaneceram invisíveis e não reconhecidas pelos aparatos coloniais, bem como pelos novos estados em
formação ou transformação. Tanto as formas de governança coloniais como pós-coloniais tomam e assumem o
domínio masculino como garantido. Esse tipo de cegueira de gênero, influenciada pelo preconceito masculino
continua nos projetos de desenvolvimento contemporâneos, incluindo aqueles que enfocam a igualdade de
gênero e o empoderamento das mulheres. Estes esquecem o poder e a resiliência femininos enraizados nos
costumes e rituais, percebidos pelas agências de desenvolvimento – e pelos aparatos estatais - como anti-
modernos, tradicionais e atrasados. Por outro lado, desde a 4ª Conferência Mundial das Nações Unidas para as
Mulheres, em Pequim, em 1995, os estados africanos têm se mostrado, em diferentes graus, comprometidos com
políticas de igualdade de gênero. Também na política de desenvolvimento dos doadores e cooperantes,
encabeçada pelo Banco Mundial, a igualdade de gênero aparece no topo da agenda. Mas de que maneira isso tem
se realizado na prática? Como as políticas de igualdade de gênero são implementadas (se é que são) e como são
recebidas? Como as ideias do Estado e do doador sobre igualdade de gênero correspondem às relações de gênero
locais? Buscamos interrogar nesse painel como as políticas de construção do Estado-nacional em sociedades
africanas tem se valido dessa articulação entre gênero, e poder para definir formas particulares de reprodução do
social e de suas hierarquias. Constituindo uma gramática do poder (pos)colonial como base para a invenção do
gênero e da sexualidade, como categorias do sujeito e do Estado. Mesmo com a igualdade de gênero como uma
meta de política estatal, outras políticas estatais - como políticas econômicas ditadas pelos mercados globais -
podem funcionar em detrimento das mulheres. Mas, como, e com quais implicações para quais tipos de
mulheres? E com que desdobramentos nas formas práticas de mobilização e imaginação política, e de definição
de novos sujeitos, implicados em hierarquias pouco reconhecidas, como as de natureza sexual?.

Palavras-chave: identidade racial; narrativa; mito; memória; devir

Paola Cantarini Guerra (OABSP, UNICAMP, USP UNIVERSIDADE DE COIMBRA).

Paris Yeros (Universidade Federal do ABC - UFABC). Desafios para o estudo da economia política africana.
Este trabalho tem por objetivo analisar processos econômicos e sociais em vigor no continente africano neste
início do Século 21 que configuram uma tendência à convergência estrutural das regiões africanas. Apresentar-
se-á a tese das três regiões identificadas por Samir Amin e em seguida as trajetórias das três regiões no período
pós-colonial, especialmente na atual fase neoliberal. Os argumentos apresentados neste trabalho são resultado de
pesquisas conduzidas em colaboração com o Sam Moyo African Institute of Agrarian Studies ao longo de vinte
anos. A denominada "convergência" estrutural implica na difusão para todas regiões as atividades extrativistas,
do estabelecimento de grandes empreendimentos agrícolas e da formação de reservas de trabalho em escala
continental, muito além do padrão forjado pelo colonialismo. Ademais, o resultando da tendência à convergência
tem sido o aprofundamento e generalização da semi-proletarização no continente, ao invés da absorção do êxodo
rural em emprego urbano estável e digno. Por sua vez, a questão da semi-proletarização continua polêmica, visto
que ainda implica na construção de alternativas pautadas na "desconexão". Tal estratégias, no entanto,
continuam distantes no cenário africano, com a exceção da África Austral onde há em curso uma busca mais
consistente, desde o fim do apartheid, por um novo Pan-Africanismo capaz de dar respostas aos legados do
colonialismo de assentamento. Embora o caso mais exemplar de resistência tenha sido o do Zimbábue, a região
como um todo tem avançado para um pacto de defesa mútua, não menos em função da radicalização do
Zimbabwe. Não obstante, várias formas de resistência estão em curso, e o trabalho apresentará especialmente
aquelas contra a corrida de pela estrangeirização da terra agrícola. De fato, a corrida pela terra não é apenas um
dos principais elementos da convergência, é também um dos principais motivos de conflito e mobilização
política, visto que em condições de semi-proletarização o acesso a terra permanece um meio fundamental de
subsistência rural e urbana e de reprodução social em geral. Cabe destacar que a tendência à convergência
apresenta novos desafios para as relações de gênero: enquanto a questão da terra permanece um pilar da questão
de gênero, o avanço das mulheres para novos espaços ao longo da contínua migração rural-urbana tem
diversificado as demandas por políticas públicas no processo de desenvolvimento.

Patricia Gleici Alberto Soboyejo (Prefeitura Praia Grande). (Re)existência: caminhos para pensar a
ressignificão da identidade negra no Brasil. Essa pesquisa se propõe a refletir sobre a construção da identidade
negra levando em consideração leis, teorias raciais, ordens, decretos, documentos e outras formas de tentativas
de exclusão a que foram submetidas a população negra desde o século XIX. Utilizando o conceito de identidade
segundo Ciampa, e contrapondo teorias como a teoria racial, lei da terra, lei do ventre livre,, leis do sexagenario,
todas elas que afetaram diretamente a população negra de forma negativa. Inclusive a lei criada em 1884 onde
foram definidos critérios de inclusão na educação e que deixou explicitamente a intencionalidade de não permitir
que as pessoas negras frequentassem a escola ou outra lei que lhe desse direito ao voto. Dessa forma a população
negra foi se construindo a margem da sociedade. A teoria do branqueamento, o incentivo à imigração europeia
no período pós abolição deixou o negro em locais de insegurança social, educacional, fora do mercado de
trabalho. Tendo que se submeter aos piores trabalhos para sua sobrevivência. Essas ações colocaram o negro em
uma posição que ele ocupa até os dias de hoje. A mobilidade social é para o negro um caminho árduo e perigoso.
Ressaltando que apesar de serem a maioria entre os brasileiros segundo o IBGE não é difícil encontrar negros
com dificuldade de aceitação ou até mesmo negros que não se autodeclaram porque não querem serem visto
como inferiores e sobre isso temos vários exemplos como jogadores de futebol que apesar de toda sua
descendência África na se negam enquanto negros e como formadores de opinião prestam um desserviço a toda
a comunidade negra...temos aqui um importante debate para que possamos incentivar o reconhecimento e a
identidade como forma de resistência. Resistência para se auto declarar e se auto reconhecer. É extremamente
importante que consigamos nos identificar sem medo de sofrer qualquer tipo de preconceito ou discriminação
racial.

Paula Godinho (FCSH-UNL), José Lindomar Albuquerque (UNIFESP) e Luiz Fábio Paiva (UFC).
Mobilidades, territorialidades e Fronteiras. A proposta visa consolidar um espaço de interlocução entre
pesquisadores que se dedicam ao estudo sobre fronteiras e mobilidades. O Grupo de Trabalho tem como objetivo
discutir as reconfigurações das fronteiras em diferentes territórios, das frentes de expansão e dos regimes de
mobilidades no mundo contemporâneo. Os deslocamentos de pessoas, objetos, símbolos, mercadorias se
intensificam na dinâmica da vida social contemporânea. As migrações, exílios, refúgios, viagens turísticas,
circuitos de compras em torno dos mercados populares redefinem os lugares e as formas diferentes de
pertencimento coletivo, produzem várias tensões que geram diferenças políticas, culturais e simbólicas entre
"nós" e os "outros", mas também processos de aproximação em distintos contextos de interação social. Essas
mobilidades constroem novas territorialidades, zonas de contato, fronteiras físicas e simbólicas, experiências e
formas de identificações individuais e coletivas. Mover-se ou deslocar-se possibilita aos indivíduos acessar
serviços, bens, trabalhos, conhecimentos, mundos e experiências diferentes e diversos dos que têm em seu
ambiente mais próximo. Assim, não é à toa que o fenômeno tem ocupado cada vez mais as preocupações de
cientistas sociais que buscam compreender as dinâmicas demográficas, políticas e, sobretudo, as dinâmicas
socioculturais do mundo atual. Partindo do pressuposto de que a mobilidade é um complexo fenômeno que
inclui, para além do deslocamento físico, corporal e econômico, as dimensões cultural, afetiva, imaginária e
espacial, o grupo de trabalho enseja abrigar trabalhos de pesquisa que abordem questões teóricas e empíricas
relacionadas às mobilidades e às fronteiras territoriais e simbólicas, especialmente em relação: 1) aos
deslocamentos transnacionais de pessoas (viajantes, turistas, migrantes, refugiados, estudantes etc.) entre
fronteiras territoriais e culturais; 2) As mobilidades de objetos, símbolos, circuito das mercadorias, comércio
informal, contrabandos, descaminhos e ilegalismos transfronteiriços; 3) As frentes de expansão e exploração
econômicas em diferentes contextos nacionais e transnacionais; 4) Os territórios de fronteiras internacionais
como lugares específicos de vivências, memórias, diferenças e trânsitos.

Paula Santos de Jesus (FAPSS). O escravismo e o pós abolição como fundamentos históricos para o serviço
social brasileiro. A importância dessa pesquisa surge a começar da crescente discussão étnico racial dentro da
categoria de assistentes sociais, que se fortalece a partir de dezembro de 2014 na Assembleia da Associação
Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) com a obrigatoriedade da inclusão de no mínimo
um componente curricular que discuta temas referentes às relações de classe, gênero, raça, etnia e sexualidade
nos cursos de graduação em Serviço Social. No entanto, tal determinação passa a ser acatada por instituições de
ensino a partir da realização de núcleos de pesquisas ou de disciplinas optativas, nos quais são distribuídos temas
variados, entre eles a discussão sobre as relações étnico-racial. Tal forma de abordar o assunto no processo de
formação deve ser refletida, uma vez que dentro desses formatos a participação dos/as discentes surge da livre
procura ou da escolha entre outros conteúdos também importantes. Sendo assim, a proposta do presente trabalho
será a da inserção da reflexão acerca do período escravista e do pós-abolição como elementos fundamentais para
a composição dos fundamentos históricos para o serviço social, em matéria obrigatória.

Paulo César Ramos (Universidade de São Paulo - USP). Gramática negra da luta contra a violência policial.
Este trabalho apresenta a perspectiva da teoria do reconhecimento de Axel Honneth, como abordagem para a
análise do Movimento Negro contra a violência policial. Tendo em vista que os protestos do Movimento Negro
contra a violência policial foram se desenvolvendo de modo a associar este problema específico a outros
problemas mais gerais, como os homicídios, a desigualdade e a discriminação racial, tal perspectiva permite que
a análise perpassa a dimensão mais privada das experiências de desrespeito, passando pela dimensão das
interações até as formas de desrespeito baseadas no aparato jurídico político, refletindo as três formas de
reconhecimento, do amor/família, da solidariedade/sociedade civil e do Estado/Direito. A escolha de estudar os
protestos negros contra a violência policial, pela via dos estudos das teorias do reconhecimento, ocorre pelo
encontro entre razões empíricas e teóricas: a teoria do reconhecimento de Axel Honneth situa três espaços de
análise do social, o conflito ético, a formação de uma gramática coletiva e a pressão por novos horizontes
morais. O entendimento construído até aqui sobre a luta decorrente da violência policial trás estes três espaços
de modo complexo. Contudo, cabe indicar aqui que este reconhecimento não é aquilo que se entende como
oposto ou complementar ao redistributivo, como aparece em FRASER (2006), e vai compor uma das dimensões
da justiça social nas sociedades do mundo pós-socialista. Também não é aquilo que remete aos direitos
específicos de comunidades culturais, como em Taylor, que ficará a dignidade das pessoas de minorias situadas
no interior de Estados nacionais. A opção pela noção de reconhecimento como definido em Honneth e suas três
dimensões de reconhecimento dá-se tanto pelo que ele define como pelo que ele permite que venha a ser.
Buscamos demonstrar como a luta contra a violência policial aproxima-se e se distancia de outras temáticas ao
longo do tempo, por meio da análise de 3 casos emblemáticos de mortes de jovens negros que geraram protestos
pelo movimento negro (1978, Robson Silveira da Luz, 1984, Benedito Ezequiel, e 2004, Flavio Santana). Tais
casos foram escolhidos baseados e pesquisas pregressas com entrevistas a militantes do movimento negro de São
Paulo. O material de pesquisa é composto dos panfletos e manifestos utilizados na mobilização que denunciava
estes casos, cujos procedimentos de análises respeitam a análise de conteúdo, de modo a captar as elaborações
sínteses que embalaram os protestos, como a ideia de Reaja à violência policial, ou o Genocídio da juventude
negra. Nosso objetivo é reconstruir a gramática moral destes protestos para construir o sentido sociológico
destes fenômenos.

Paulo de Freitas Castro Fonseca (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB). Ciência e
tecnologia para o desenvolvimento social: imaginários sociotécnicos de emancipação no Recôncavo Baiano.
Esta comunicação irá apresentar uma discussão sobre os imaginários sociotécnicos de emancipação, tomando
como estudo de caso a percepção sobre a relação tecnociência-sociedade na região do nordeste brasileiro
denominada Recôncavo da Bahia. Esta região foi um dos primeiros e principais centros da economia colonial
escravagista latino-americana e ainda hoje é marcada por uma grande desigualdade social. No entanto, ela é
também marcada pela resiliência epistêmica e cultural de seus habitantes, em sua grande maioria descendentes
da diáspora africana e indígena. Os imaginários sociotécnicos de emancipação podem ser compreendidos como
imaginações coletivamente compartilhadas sobre futuros de emancipação social nos quais a ciência, a tecnologia
e a inovação cumprem um papel fundamental e específico. São imaginários autônomos ou híbridos, sustentados
entre os coletivos sociais historicamente marginalizados dos processos de acumulação de riqueza, sobre o
desenvolvimento de novos arranjos sociotécnicos que possam viabilizar a coesão e a justiça social. Entre estes
arranjos sociotécnicos, podemos incluir, de forma ilustrativa e não exaustiva, sistemas de produção agrícola ou
industrial, arranjos de governança socioambiental, e mesmo dinâmicas sociotécnicas de mobilização política,
cultural e social. Em outras palavras, são os horizontes de libertação das estruturas epistêmicas e materiais da
colonialidade viabilizados por uma visão específica sobre o conhecimento e a inovação tecnicocientífica. O
conceito se fundamenta, por um lado, na proposta analítica de Sheila Jasanoff para imaginários sociotécnicos, e,
por outro lado, no reconhecimento e valorização das Epistemologias do Sul, abordagem sugerida pelo sociólogo
Boaventura de Souza Santos para a promoção da emancipação social por meio da descolonização do saber. A
metodologia da pesquisa, ainda em fase exploratória inclui um levantamento qualitativo, por meio de entrevistas
com representantes de grupos sociais locais e grupos focais, sobre a percepção local a respeito do papel do
conhecimento tecnocientífico para a melhoria das condições de vida. A identificação e a discussão dos
imaginários locais de emancipação sociotécnica devem oferecer subsídios para uma atuação apropriada às
demandas e expectativas da população local, bem como contribuir para a reflexão teórica sobre os imaginários
sociotécnicos no âmbito da lusofonia ibero-americana.

Pedro Barbosa (UFG); Patricia Valim (UFBA); Maria Luiza de Castro Muniz (Universidad Central del
Ecuador). Movimentos sociais e lutas emancipatórias. O debate científico sobre o significado de Movimentos
sociais em suas lutas emancipatórias, perpassa necessariamente pela abordagens, exposições e compreensões dos
estudos nas áreas de ciências humanas que envolvem essa temática. Neste contexto, é ponto pacífico dizer que
os movimentos sociais se referem às ações coletivas de grupos organizados com objetivos de alcançar mudanças
sociais por meio dos embates políticos, conforme seus valores e ideologias dentro de uma determinada
sociedade e de um contexto específico, mas permeado sempre por tensões sociais. Também, podemos entender
que essas ações coletivas podem objetivar mudanças, transições ou mesmo a revolução de uma realidade hostil a
certo grupo étnico ou classe social. Seja a luta por um algum ideal, seja pelo questionamento de uma
determinada realidade que se caracterize como algo impeditivo da realização dos anseios deste movimento, este
último constrói sempre uma identidade para a luta e defesa de seus interesses. Portanto, todos os movimentos
sociais tornam-se porta-vozes de um agrupamento de pessoas que se encontra numa mesma situação, seja social,
econômica, política, religiosa, étnica, gênero, entre outras. Portanto, é nessa perspectiva, que o GT Movimentos
sociais em suas lutas emancipatórias pretende colaborar com os debates científicos do XIII Congresso Luso-
Afro-Brasileiro de Ciências Sociais e 2º Congresso da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas
de Língua Portuguesa.

Queila Cristiane de Lima Rodrigues (Grupo de Coco Semente Crioula \ Cabocla de Lança Estandartes
Poéticos). A presença de manifestações tradicionais "populares" na Zona Leste de São Paulo, sob liderança
de mulheres negras e periféricas. A diversidade de manifestações tradicionais chamadas populares presentes
nas periferias da Zona Leste de São Paulo, na atualidade, representadas através de uma quantidade considerável
de grupos e ações culturais chama a atenção para a forte presença negra e indígena na região. Aspecto que ainda
deverá ser melhor investigado, mas que, a priori, já é possível compreender que se interliga pelo cruzamento dos
processos diaspóricos, migratórios, políticas de higienização e urbanização desordenada da cidade, dentre outros
fatores, que fizeram com que essas populações, então fragmentadas, se reorganizassem em periferias e a partir
desses novos territórios, encontros e fragmentos passassem a reconstruir, constantemente, suas narrativas
históricas e simbólicas, culminando na formação de outros agrupamentos e territorialidades. Por ser a Zona
Leste uma região de grande extensão territorial, alto índice populacional e diversidade imensa de manifestações
e ações culturais que bebem nessas tradições, seria impossível dar conta de compreender toda essa presença e
pluralidade em um único projeto de pesquisa, já que no lado Leste da cidade é possível encontrar uma
diversidade de batucadas que vão desde os afoxés, blocos carnavalescos, escolas de samba, coco, jongo, samba
de roda, samba de bumbo, folia de reis, maculelê, maracatus de baque virado, até o recém chegado marabaixo ou
a capoeira e as rodas de samba, dentre outras que devem ao mesmo tempo existir e fugir ao conhecimento por
ora. Então, para tentar dar conta de compreender a presença de parte destas manifestações na região, a proposta
deste projeto de pesquisa é investigar como se instauram nesse local, porque e com quem e como se reúnem, a
que e a quem se ligam ou desligam para reexistir, como se organizam, como sobrevivem ao tempo e aos
apagamentos, como se reinscrevem nesses territórios ou se reterritorializam, até aonde carregam as suas
tradições e de que formam agregam à elas novos elementos, dentre outras questões. Esta proposta se afunila ao
pensar nesse tema, sob a perspectiva das mulheres que compõem muitos desses grupos e sobretudo que lideram,
em grande parte mulheres negras e\ou periféricas, sujeitos importantes e fundamentais para preservação,
manutenção e continuidade dessas manifestações ou até mesmo para o rompimento com algumas de suas
características “originais\tradicionais” que, em novos contextos, podem ganhar outros olhares e significados,
inclusive em relação à própria participação delas nestes grupos. Palavras chave: manifestações tradicionais;
cultura popular; zona leste; mulheres negras; mulheres periféricas.

Rachel de Castro Almeida (PUC Minas); Adriana Maria Brandão Penzim (PUC Minas). Novos coletivos
urbanos e as expressões de lutas emancipatórias: os saraus em Belo Horizonte Os novos coletivos urbanos,
cada vez mais presentes nos espaços públicos das grandes metrópoles brasileiras, exprimem novas formas de
sociabilidade urbana, potencializam o espaço público como território de composição das novas esferas públicas
e como lócus de expressão das lutas emancipatórias das minorias, sobretudo dos jovens das periferias. O estudo
desta temática se justifica uma vez que o espaço público é o lugar da visibilidade, onde os sujeitos usam o
discurso para se fazerem entender diante da pluralidade de opiniões. A narração é uma espécie de reificação
através da qual os acontecimentos ganham significados e, por esta via, o estatuto de “uma coisa entre as coisas
do mundo existente”. Sem esta noção corre-se o risco de o mundo moderno ser palco de experiências mudas,
efêmeras e sem referências. Em Belo Horizonte, assistimos a um recente movimento de apropriação dos espaços
públicos, promovido por coletivos diversos, abrangendo distintas faixas etárias, etnias, gêneros, classes sociais,
que urge explorar. Seguindo este rastro, uma equipe de pesquisadores do Nesp da PUC Minas, desde 2017,
iniciou um projeto de pesquisa que visa mapear e compreender as diversas práticas dos novos coletivos urbanos.
Este estudo analisa um grupo específico que têm como prática a realização de saraus em espaços centrais e
periféricos da região metropolitana. Os coletivos de sarau, potente manifestação das periferias urbanas, tiveram
início em 2008, em uma região associada ao operariado, denominada Barreiro. Ao longo deste período histórico,
2008-2018, já foram formados mais de 50 grupos, com identidades bem distintas, a exemplo do “sarau das
cachorras”, formado por jovens mulheres; o “sarau lá da favelinha”, uma iniciativa da juventude do aglomerado
da Serra, um dos maiores da área central, e o “Sarau Comum” que acontece no Espaço Comum Luiz Estrela, um
imóvel tombado pelo patrimônio histórico e cultural em acelerado processo de degradação, ocupado por um
coletivo de artistas. A sociologia interacionista ilumina o percurso do trabalho de campo. A abordagem
etnografia cumpre, neste projeto, três condições: i) considera a comunicação no contexto da situação; ii)
transforma para a linguagem escrita o que foi vivo e intenso na pesquisa de campo; e iii) detecta a eficácia social
das ações de forma analítica. Em síntese, tais coletivos exprimem a luta pelos direitos à cidade e seus encontros
revelam expressões de resistência cotidiana, manifestas nas poesias, nas expressões corporais, no modo de
organização e de comunicação das atividades. Essas práticas permitem discutir questões que se encontram na
primeira linha do debate teórico e metodológico atual sobre o direito à cidade e acerca das sociedades complexas
especialmente considerando o direito aos espaços públicos.
Rafael Peçanha de Moura (Universidade Estácio de Sá). Democracia(s), desigualdade e desenvolvimento
sustentável: perspectivas a partir da experiência brasileira. O trabalho em tela busca aliar as reflexões de
Atkinson em Desigualdade – o que pode ser feito? (2015) e de Mendes & Santos em Demodiversidade: imaginar
novas possibilidades democráticas (2018), à tese de doutorado que defendi em setembro de 2017 junto à UFF –
Universidade Federal Fluminense, intitulada O Sol de maio: Reflexões sobre sustentabilidade numa experiência
com placas solares no Campus do Instituto Federal Fluminense – Cabo Frio - RJ. O elo entre as abordagens –
que contemplam as temáticas de discussão sobre desigualdade, democracia e desenvolvimento, na esfera do
capitalismo contemporâneo – é o conceito de epistemologias do sul: de que maneira experiências de países em
desenvolvimento podem apresentações possibilidades de solução e inovação para a tensa relação entre os três
D’s? Embora Atkinson defenda, junto a Lustig, Lopez-Calva e Ortiz-Juarez, que medidas de distribuição direta
de renda e o aumento progressivo do salário-mínimo tenham contribuído para um singelo avanço econômico
brasileiro, Santos & Avritzer (2002) visualizam que desde a década de 1980, o Brasil vive um processo de
democratização baseado nos programas de orçamento participativo, que invertem a lógica de gestão do capital,
evidenciando experiências “de baixo para cima” (Santos, 2002), o que Santos e Menezes (2009) denominam
“epistemologias do Sul”, diretamente ligadas à temática da demodiversidade. O setor privado brasileiro também
exerce influência nesse processo, ao trazer a inserção do conceito de desenvolvimento sustentável, discutido por
Scotto (2008, 2016), o que evidenciamos em nossa pesquisa para a Tese de Doutorado, ao investigar o
funcionamento do mercado de energia solar no país e experiências micro, tais como projetos geradores de
economia de energia em comunidades carentes, a partir de placas fotovoltaicas instaladas em unidades de
entorno. (Moura, 2017). Ao relacionar desenvolvimento sustentável, redução de desigualdades e opções de
democracias mais participativas, nosso trabalho deseja fornecer um breve leque de opções que permita visualizar
e analisar os movimentos de economia alternativa que têm brotado de países ao sul, fornecendo possibilidades
de integração, e não de inviabilização recíproca entre os três D’s na contemporaneidade.

Raiane Patrícia Severino Assumpção (UNIFESP). A permanência da violência de Estado no Brasil - uma
análise a partir das narrativas dos familiares das vítimas dos crimes ocorridos após maio de 2006 na Baixada
Santista/SP. A violência de Estado, materializada no histórico das famílias das vítimas dos crimes, com fortes
indícios de participação de policiais, após maio de 2006 na Região Metropolitana da Baixada Santista
(RMBS)/SP, é o tema abordado no presente trabalho. Por meio das narrativas dos familiares de vítimas do ano
de 2007, 2012, 2013 e 2015 e 2017, analisou-se a permanência da violência de Estado, focando na consolidação
da dinâmica da execução e no perfil das vítimas, bem como a reiterada negação de direitos aos familiares. Os
dados foram obtidos por meio do diálogo e da criação de vínculo com os familiares das vítimas – o que permitiu
a construção de suas narrativas - e da análise dos documentos oficiais referentes à execução das vítimas (laudos
periciais e necroscópicos, como também os processos jurídicos). No processo se reconheceu e deu evidência a
experiência vivida pelos familiares e as suas reivindicações. A pesquisa constatou a permanência da violência de
Estado, com a consolidação de um “modo de operar”, composto por: uma forma específica de execução das
vítimas; um perfil das vítimas (população pobre e da periferia, em sua maioria, homens jovens); a negação ao
acesso à informação e aos mecanismos de acesso à justiça (falta de investigação e o arquivamento precoce de
inquéritos); a sujeição dos familiares às ironias, perseguições e calúnias. Assim, o trabalho apresenta uma
produção do conhecimento que decorreu da experiência cotidiana (de existência e resistência) dos familiares das
vítimas, de modo especial as mães (mulheres, trabalhadoras, da periferia) - de suas narrativas subjetivas
transformadas em narrativas coletivas no próprio movimento da ação política contra a violência de agentes do
Estado. Este artigo foi elaborado a partir dos resultados da pesquisa realizada pelo Centro de Antropologia e
Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), denominada Violência do
Estado no Brasil: um estudo dos Crimes de Maio de 2006 na perspectiva da Justiça de Transição e da
Antropologia Forense.
Ramon Santos Macedo (UNIFESP). Análise estética de textos de escritores negros brasileiros sob a
perspectiva do romance de formação. O presente projeto tem como escopo a análise da sociedade brasileira a
partir de determinações categóricas à luz de Lukács, com ênfase na categoria do “particular” enquanto
fundamental da estética. O que se pretende é localizar, tomando a formação cultural da sociedade brasileira, a
dinâmica e os desdobramentos que há internamente na composição estrutural do racismo e como isso afeta tal
formação, tanto do ponto de vista concreto da população negra em geral, observando as implicações
características do racismo como um todo, isto é, considerando o racismo a partir da singularidade representativa
do seu universal; quanto a formação do indivíduo negro em sua subjetividade. A tese central que sustenta a
pesquisa proposta neste projeto é a de que “o reflexo científico e o reflexo estético refletem a mesma realidade
objetiva” ¹, ou seja, de mesma forma que autores como Clóvis Moura ou Sílvio de Almeida refletiram a
sociedade estruturalmente racista do Brasil do ponto de vista científico, respectivamente, em obras como
“Dialética radical do negro Brasileiro” ou “O que é o racismo estrutural?”; romancistas como Lima Barreto e
Conceição Evaristo também o fizeram em obras como “Recordações do escrivão Isaías Caminha” e “Becos da
memória”. Para Lukács a estética se fundamenta nas relações cotidianas dos homens. A arte e a ciência são
consideradas por Lukács como formas puras de reflexo. Entre ambas situa-se aquela forma própria de reflexo
que constitui a vida cotidiana. Essas três formas de reflexo referem-se sempre à mesma realidade e operam com
as mesmas categorias. Lukács, aqui, reitera a sua visão monista e ontológica da realidade, ao entender as
categorias lógicas como uma manifestação do ser social e não como uma construção a priori do pensamento.
²Então a reflexão estética do artista negro brasileiro, por meio dessa configuração, se enraíza no cotidiano de
sujeito envolvido no processo social racista que se dá no mundo. De modo que as peças artísticas, no caso do
que está sendo tratado aqui, os romances, quando se constituem tendo referencial objetivo, já carrega consigo as
características de uma realidade bem específica desses autores negros, que é a sociedade que se estrutura de uma
forma racista. Dessa forma, a pretensão é realizar uma análise acerca de como é dada a representação científica
em contraste dialético com a forma como é dada a representação estética nos circuitos sociais do Brasil, levando-
se em conta inicialmente, no que concerne à estética, a composição personificada de determinados aspectos que
se apresentam na particularidade, mas que se universalizam na medida em que vivificam processos objetivos.

Raquel de Souza Martins Lima (UNIVAP). A Segregação como processo contínuo de invisibilidade do
negro na cidade industrial. O artigo discute a relação entre a segregação e a manutenção da invisibilidade dos
mais pobres e por consequência, dos negros da cidade. O termo segregação é aqui considerado como os padrões
de localização de grupos sociais excluídos na sociedade. A motivação para este debate surge a partir de uma
frase durante uma entrevista exploratória da referida pesquisa, na cidade de São José dos Campos, no município
de São Paulo: “Nesta cidade não sou discriminada, sempre estávamos no nosso gueto”. A cidade de São José dos
Campos teve seu povoamento e desenvolvimento ligado à produção de café e, portanto, uso de mão de obra
escrava, peça fundamental ao desenvolvimento do café no Brasil Imperial. O fim da escravidão mantem a
situação de exclusão social do negro, abandonado à própria sorte e vivendo às margens da cidade. Como parte
do projeto de expansão industrial nos anos 1930, a cidade de São José dos Campos passa a receber incentivos
governamentais e infraestrutura viária que viabilizaram a introdução de indústrias na região, chegando a se
tornar um polo industrial e tecnológico. O crescimento acelerado da população conduz para “tendência à
fragmentação da área urbana” (COSTA, 2011), criando uma marginalização dos mais pobres e
consequentemente dos negros na cidade. A política de industrialização implementada na cidade, alia o
embelezamento da cidade à propaganda para atrair mais capital e investimentos, e constrói uma cidade que não
atende a população fixada nas regiões mais distantes, em favelas e moradias de alto risco ou conjuntos
habitacionais, marcados pela precária infraestrutura. Em contrapartida, a cidade concentra a classe alta em região
especifica da cidade, em decorrência da política do mercado imobiliário, que cria atrativos como segurança,
tranquilidade, ar puro, belas paisagens, qualidade de vida, indicadores que se mantém garantidos pelo difícil
acesso à região em virtude do precário transporte coletivo. Neste contexto, a trajetória do negro é marcada por
violência e segregação racial, que embora não oficial no Brasil, institucionaliza a desigualdade e retira o acesso
aos pelos direito e cidadania. Vivendo em bairros afastados e mantendo sua relação social somente em
determinada região por vezes não percebe o racismo instituído na sociedade. A segregação socioespacial
também é uma reprodução racialmente. O negro então marcado pelas representações criadas ao longo do tempo
terá sua identidade menosprezada por causa de sua cor e também pelo lugar em que ocupa espacialmente. O fato
de não participar da cidade é um processo continuo de criação da invisibilidade numa sociedade que nega o
racismo, mas afasta do convívio social e democrático da cidade.

Raquel Ferreira Rangel Gomes (UERJ). A pedagogia da repetência no contexto brasileiro e francês.
Tomando como base o trabalho de campo realizado entre agosto de 2013 e maio de 2017 em um
estabelecimento de ensino médio em uma favela da zona norte na cidade do Rio de Janeiro/ Brasil e um lycée
em uma banlieu ao norte de Paris/ França, este trabalho tem como objetivo descrever e analisar as referidas
culturas escolares, buscando compreender como a repetência torna-se parte da experiência escolar. Desde 1990
Sérgio Costa Ribeiro estabeleceu o conceito de “pedagogia da repetência” tendo como base suas pesquisas
realizadas no ensino fundamental, na qual constatou a recorrente presença da repetência que se transformava em
uma prática pedagógica amplamente difundida e aceita no ambiente escolar. Através da presente pesquisa
observou-se que o mesmo mecanismo operava no ensino médio, e ainda ultrapassava as fronteiras nacionais
sendo também percebida no estabelecimento francês. Os dois países em questão possuem historicamente altos
índices de repetência, sobretudo entre os alunos oriundos das classes mais pobres e que frequentam
estabelecimentos escolares em bairros populares. Nesse sentido, políticas públicas foram implementadas
buscando a diminuição dos índices e a solução para o problema da repetência. Para além dos mecanismos de
acompanhamento escolar, nos dois contextos estudados, medidas que buscavam proibir a reprovação foram
lançadas, promovendo impactos interessantes do ponto de vista sociológico. De fato, as taxas de reprovação
diminuíram, contribuindo para o aumento de outros índices como o posicionamento no PISA, mas não é possível
falar em um desaparecimento da repetência no ambiente escolar. No caso brasileiro, a proibição da reprovação
na teoria, contribuiu para que na prática ela toma-se outra forma. Os alunos considerados “fracos” e “sem
condições” de serem aprovados, foram frequentemente encaminhados para o turno noturno, inicialmente criado
para acolher adultos que porventura tiveram que deixar a escola antes de obter um diploma, mas que vem se
tornando o “lugar dos mais fracos”. No contexto francês, diante da impossibilidade de reprovar um aluno que
não “merece” uma aprovação, os conselhos de classe decidem pelo encaminhamento desses alunos às filiais de
estudos menos prestigiosas, a saber, as vias profissionalizantes. Diante disso, o trabalho concluiu que a simples
interdição da prática da repetência nos dois casos estudados não impediu que a mesma continuasse existindo
sobre outras formas. O curso noturno e as vias profissionalizantes se tornaram então a nova expressão da
pedagogia da repetência.

Regina Lima dos Santos Rocha (FSP Campus Cubatão). Redução de Danos: Direitos Humanos e cuidados ao
usuário de drogas em situação de rua. Não é possível especificar quando o homem começou a consumir
drogas, pois a história destas substâncias psicoativas se mistura com a história da humanidade. Há muito tempo,
no Brasil e em alguns outros países, o usuário de drogas é tratado de maneira punitiva e o proibicionismo se
tornou uma tentativa comum de combate ao abuso de entorpecentes. Mas, para as pessoas em situação de rua, as
drogas surgem como adicionais à vulnerabilidade social, e o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH)
alerta que as ações voltadas a esses usuários não deve violar os direitos de cidadania e igualdade. A dependência
química sempre foi um desafio para a saúde pública, que atualmente está aplicando políticas públicas que não se
baseiam na proibição de tóxicos, mas na redução de riscos sociais do consumo dos mesmos. A redução de danos
é uma dessas políticas, ela trata o uso de psicoativos dentro do âmbito da saúde pública, com o objetivo de
desenvolver estratégias de cuidado mais próximas da realidade, juntamente com as pessoas que fazem uso/abuso
de drogas. Esta iniciativa vem aplicando resultados positivos na reinserção social de usuários de drogas em
situação de rua, mostrando que a conscientização pode ser uma grande ferramenta para a redução de danos
físicos e mentais, pois promove o autocuidado e a valorização da autonomia e dos direitos humanos do usuário.
Porém, apesar dos resultados positivos, a redução de danos ainda enfrenta obstáculos para sua efetivação total
em todo o país, já que para setores conservadores essas ações ainda são vistas como forma de incentivo ao
consumo de entorpecentes. Diante desse contexto, o presente projeto analisará a importância da redução de
danos às estratégias de vínculos e cuidados para com os moradores de rua, como essa política pública se
estabelece frente a resistência das forças totalitárias da política global de “guerra às drogas” e o quanto é
essencial aplicá-la para que a população de rua tenta acesso à informação e aos materiais básicos de garantia de
prevenção de doenças transmissíveis. Além disso, será abordada a essencialidade da qualificação e preparação
dos profissionais que atendem esse público em vulnerabilidade social, garantindo que sejam preservados seus
direitos garantidos na constituição, de ir e vir, e de terem sua cidadania reconhecida de forma igualitária.

Reginaldo Mattar Nasser (PUC-SP); Isabella Alves Lamas (CES, UC). Conflitualidade e intervencionismos:
as múltiplas expressões do colonialismo nas Relações Internacionais contemporâneas. As inúmeras formas
de intervenção exercidas atualmente no continente africano, que vão de mecanismos da indústria da ajuda
internacional às operações de paz, se assemelham, cada vez mais, àquelas que acontecem em outras regiões do
mundo que passaram por semelhante processo de colonização. Por outro lado, as técnicas e práticas de poder,
utilizadas em de ações de ocupação de territórios e de gestão de populações como justificativa de combate à
violência urbana, mostram que a herança colonial também está presente nas sociedades ocidentais. Uma das
consequências é a constituição de um “novo urbanismo militar” que alimenta uma economia da segurança
constituída por verdadeiros complexos industriais transnacionais que fundem companhias militares e de
segurança (armas, tecnologia, vigilância etc) que também passam a ser utilizadas para “pacificar” espaços
urbanos historicamente construídos por violentos conflitos sociais, na medida em que as populações locais são
vistas como potenciais ameaças à ordem social. As denominadas unidades de ‘pacificação’ funcionam como
verdadeiros checkpoints, monitorando os moradores das favelas, e o entorno, fragmentando o tecido
socioespacial urbano, erguendo fronteiras internas e restringindo o movimento da população em estado de sítio
permanente. Num mundo onde as expulsões se tornaram cotidianas e a destruição de formas de vidas sociais
locais uma importante forma de acumulação, populações urbanas e rurais são segregadas por verdadeiras
“fronteiras internas” em espaços cada vez mais militarizados repletos de muros e cercas, entendemos que os
estudos de colonialismo, nas suas mais diferentes vertentes (pós colonial, decolonial etc), se revelam como
referencial analítico apropriado para compreender as diversas situações de violência. Essa complexidade aponta
para a necessidade de superar as tradicionais abordagens que se pautam por divisões artificiais como centro-
periferia, Norte-Sul, desenvolvido-subdesenvolvido – e se atente para as instrumentalizações dessas categoriais
com o objetivo de produzir normatizações e legitimar novas formas de poder. Assim, este GT incentiva
propostas que abordem criticamente as mais diversas experiências internacionais a partir de lentes teóricas e
epistemológicas que coloquem em foco as diferentes formas de expressão do colonialismo nas Relações
Internacionais contemporâneas.

Renata Gonçalves (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP). Construindo o feminismo negro:
reflexões sobre os 30 anos do Encontro Nacional de Mulheres Negras. Em dezembro de 1988 acontecia o I
Encontro Nacional de Mulheres Negras na cidade de Valença-RJ. O ano era emblemático, pois celebrava o
centésimo aniversário da abolição da escravatura. Vários Coletivos de mulheres negras também realizaram
seminários, debates acerca de sua condição específica enquanto mulher e negra e, como tal, ocupando os piores
espaços na sociedade brasileira e aparecendo sistematicamente na base da pirâmide social. A ideia de um
Encontro Nacional de Mulheres Negras foi gestada durante o IX Encontro Nacional Feminista, realizado em
1987. Este Encontro feminista “foi mesclado por fortes pressões e críticas das mulheres negras em relação à
ausência da questão racial na pauta” (RIBEIRO, 1995, p. 449). O intenso debate que se travou ali as conduziu a
decidirem pela realização de um Encontro Nacional de Mulheres Negras com a finalidade de refletir sobre os
motivos que as levavam a receber um tratamento diferenciado na sociedade brasileira. Vários movimentos
sociais emergiram nos anos 1970, dentre ao quais se destacavam os movimentos negro e feminista. Ambos
colocando ao movimento operário “clássico” a necessidade de considerarem suas pautas “específicas”: o
movimento negro denunciando o mito da democracia racial; o feminista denunciando a estrutura patriarcal da
sociedade. As mulheres negras poderiam se sentir representadas pelos dois movimentos. Mas, ao contrário,
precisavam ser um movimento autônomo. Era evidente que elas não se sentiam representadas nem pelo
movimento negro, com protagonismo negro masculino, nem pelo movimento feminista, cujas pautas
priorizavam a ruptura com certo “modelo” feminino, prisioneiro da visão eurocêntrica e universalizante das
mulheres e incapaz de “reconhecer as diferenças e desigualdades presentes no universo feminino, a despeito da
identidade biológica” (CARNEIRO, 2003, p. 118). Tal como bell hooks (2015) enfatizou com relação às
mulheres negras de seu país, as daqui permaneciam a maioria silenciosa. O I Encontro Nacional deu visibilidade
para a situação das mulheres negras e o “sair da sombra” veio com a acusação de provocarem uma cisão no
interior das organizações políticas que se proclamavam o sujeito da transformação social, ao lado do movimento
operário. E de onde ninguém esperava surgia um novo movimento social, com características e reivindicações
próprias, dando passagem a uma consciência política, cujas protagonistas, de uma só vez, escancaravam as três
contradições que estruturam a sociedade contemporânea: patriarcado-capitalismo-racismo. Num único e
enovelado processo saíam da invisibilidade e construíam as bases para o feminismo negro.

Ricardo Monteiro Cavalcante (UNIFESP). O negro, a sala e a luta. O presente trabalho visa dialogar com o
GT5 - Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento, do XIII Conlab 2018, cujo principal
objetivo desta pesquisa é analisar, a partir da reorganização do ensino primário e secundário ginasial ocasionada
com a lei 5.692/71, o surgimento do 1º Grau no contexto do regime militar (1964 – 1985). Esta mudança
viabilizou o acesso ao nível básico de ensino a grupos antes não assistidos pelo Estado. Onde antes a grande
população brasileira letrada acessava apenas o ensino primário, barrada pelo processo de admissão para o
ginásio. Verificaremos se de fato essa mudança na Lei de Diretrizes e Bases - LDB contemplou a população
negra permitindo seu acesso aos bancos escolares. Tomaremos como recorte espacial algumas escolas
localizadas na região conhecida como Bixiga, na cidade de São Paulo. Região esta, surgida a partir do quilombo
do Saracura, também apresentando o processo de desterritorialização da população negra. Para tanto,
utilizaremos fontes, tais como fotografias e relatos orais, se apropriando de suas questões teóricas e
metodológicas, investigando não apenas a presença física de estudantes negros e negras nas salas de aulas, mas
também os conflitos surgidos no encontro de duas culturas escolares e formas escolares distintas, o primário e o
secundário, e de seus novos agentes, alunos e os corpos docentes distintos atentando-se além do acesso aqui
também a permanência desses alunos. Logo, para melhor compreensão de todos os personagens envolvidos
nesse novo espaço discutiremos a mudança na formação dos professores, as chamadas licenciaturas curtas. Num
processo de confirmação se as políticas públicas criadas por indivíduos alheios a esses processos de socialização
próprios dos espaços escolares de fato conseguem ou não alterar o espaço e os sujeitos. A importância das lutas
de negros e negras engajados na causa pelo acesso a educação em seu caráter simbólico e concreto. Dito isso, o
desenvolvimento do projeto se dará a partir do diálogo com autores e autoras que trabalham as questões a serem
abordadas. Autores como Bosi (19ª ed., 1994), Domingues (2009), Fernandes (4ª ed., 2008), Julia (2001), Pinto
(2013), Rolnik (1989), Sposito (3ª ed., 2001), Singer e Brant (4ª ed., 1983), Toledo (2015), Vicent, Lahire e Thin
(2001) e Frago (2007) serão, portanto, fundamentais para o desenvolvimento do presente trabalho.

Ricardo Pinheiro de Almeida (UFRJ). O conceito de ‘raça’ pelas lentes dos Estudos da Linguagem:
trajetórias, disputas e efeitos de sentido discursivos. O presente trabalho busca investigar o conceito de ‘raça’
pelas lentes da Linguística Aplicada (IN)Disciplinar (MOITA LOPES, 2006) ou “transgressiva”
(PENNYCOOK, 2006). Nesta vertente contemporânea e interdisciplinar dos estudos da linguagem, as práticas
discursivas são centrais tanto para a compreensão da vida social, quanto para entendermos quem somos e que
futuros podemos reinventar (SCOTT, 1999) pela linguagem. Ao relacionarmos linguagem como performance
(AUSTIN, 1962), ‘discurso’ – numa perspectiva foucaultiana – e ‘raça’, desejamos produzir um “ácido cáustico”
(LATOUR, [1994] 2013) de modo a produzirmos conhecimento responsivo à vida social e engajado com novas
performatividades (BUTLER, 1997) e desestabilizações. Para este trabalho, selecionamos textos escritos por
brasileiros tidos como ‘pensadores’ e “intérpretes da ‘identidade nacional’” (FEITAL, 2007); ou seja, homens
brancos integrantes de uma elite intelectual e acadêmica em fins do século XIX e nas primeiras décadas do
século XX. Desse modo, investigamos a comunicabilidade (BRIGGS, 2005; 2007) do conceito de ‘raça’, sua
construção (KOSELLECK, 1979), suas trajetórias (BLOMMAERT, 2005) e seus “efeitos de sentido”
(BLOMMAERT, 2007). Pautada nos princípios de que os textos tanto projetam a maneira como a informação
deve fluir quanto às formas de interpretar o mundo (SILVA, 2014), e de que “as cartografias comunicáveis são
projeções espaço-temporais de qual deve ser a trajetória do discurso” (SILVA, 2014), a investigação em tela
pretende responder às questões: que modelos são mapeados pelos textos selecionados?, consequentemente, que
trajetórias os discursos sobre raça devem perfazer? Considerando-se que a comunicabilidade também está
imbricada à construção das noções de conhecimento, de informação e de cultura, observamos que a relação
imediata entre o conceito de ‘raça’ e ‘ser negro/negra’, bem como o ‘branco’ como ‘não raça’ e, portanto,
‘superior’, é constantemente entextualizada (BAUMAN; BRIGGS, 1996), mapeando, assim, o que é ‘natural’ na
maior parte dos textos selecionados. Por meio da “iterabilidade” (DERRIDA, 1977) inerente às práticas
discursivas, as pessoas negras são “indexicalizadas” (SILVERSTEIN; URBAN, 1996) como pertencentes a uma
‘raça inferior’, ao passo que pessoas brancas são indexicalizadas como ‘superiores’ e, claro está, não
racializadas. A solução para a questão da identidade nacional mapeada – e reiterada há mais de um século – é o
branqueamento. Desse modo, buscamos rastrear as trajetórias de textos de intelectuais e acadêmicos brasileiros
(séculos XIX e XX) a respeito do conceito de ‘raça’ e nos deparamos com a “branquitude” (BENTO, 2002) em
plena fabricação.

Roberta dos Santos Souza (Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo-SP). Racismo institucional na
atenção básica de saúde do município de São Bernardo do Campo. A criação do Sistema Único de Saúde
(SUS) foi uma conquista política, social da população brasileira, atribuída a diversas lutas e esforços que contou
com a participação de diversos atores sociais, no qual reconhece a saúde como um direito social a todos os
brasileiros, cabendo ao poder público a obrigação de garanti-lo. O SUS supõe uma sociedade solidária,
democrática, movida por valores de igualdade e de equidade, sem discriminações ou privilégios (PAIM, 2009).
Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e
continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. A
Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção
sociocultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de
sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável, sendo o primeiro nível de
atenção à saúde, a principal porta de entrada, e o eixo orientador do cuidado e das ações e serviços
disponibilizados pela rede ( BRASIL, 2012). Sabe-se que as relações étnico-raciais fazem parte da construção
histórica do país, e está enraizada na vida social dos grupos sociais, afetando os indivíduos, por isso “as
desigualdades comprometem o projeto da construção de um país democrático, com oportunidades iguais para
todas as pessoas, limitando, dessa forma, a capacidade de inclusão da população negra” (GÒES,
NASCIMENTO, 2013, p.572). Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) aponta o
racismo e a discriminação como determinantes ao adoecimento e a morte precoce de mulheres e homens negros.
É embasada nos princípios constitucionais de cidadania e dignidade da pessoa humana, da equidade, do repúdio
ao racismo, das desigualdades étnico-raciais e do racismo institucional como determinantes sociais das
condições de saúde, tem uma finalidade: a desconstrução do racismo institucional no Sistema Único de Saúde
(SUS) e a garantia ao acesso à saúde de qualidade, além de melhorar as condições de saúde da população negra.
A prática do racismo na saúde afeta desde a invisibilidade de doenças mais prevalentes neste grupo
populacional, a não inclusão da questão racial nos aparelhos de formação, a qualidade de atenção à saúde, assim
como os insumos, determinam diferenças relevantes sobre os perfis de mortalidade entre negros e brancos
(Kalckmann et al.,2007). Neste contexto esse projeto tem como propósito apresentar a proposta de mestrado que
terá como enfoque analisar quais são os mecanismos na atenção básica de saúde, que perpetuam e/ou contribuem
para o Racismo Institucional.

Rodrigo Domenech de Souza (ICS ULISBOA). “Moçambique está aqui”: Terra, Guerra e Nação a partir de
um estudo de caso no pós-independência moçambicano. Esta comunicação tem como objetivo apresentar o
projeto de investigação em andamento sobre a questão do Estado-Nação e sua relação com as diferenças
etnolinguísticas, regionais, entre outras, de agentes envolvidos em disputas no interior do território de
Moçambique, a partir da independência desse país. No contexto do projeto de Nação posto em prática pelo
movimento que lutou pela independência e veio a governar o país, no qual se destaca o objetivo de formar o
homem novo e as experiências das aldeias comunais, buscaremos analisar como determinados grupos locais,
residentes na antiga aldeia comunal de Chinjinguire, distrito de Homoíne, concebe(ra)m e lida(ra)m com as
tentativas de negação de determinadas particularidades. Para a consecução desta pesquisa buscaremos realizar
uma pesquisa bibliográfica e documental sobre a temática proposta, como também trabalho de campo em
Moçambique, localizado na capital Maputo e no distrito de Homoíne, nomeadamente na localidade de
Chinjinguire. A pesquisa, assim, buscará abranger as narrativas dos deslocamentos de grupos e pessoas para a
aldeia comunal de Chinjinguire, assim como os documentos disponíveis – planos de ação, relatórios,
memorandos -, com foco na análise do debate sobre as “aldeias comunais” e sobre o discurso acerca do projeto
de construção do estado moçambicano. Inicialmente, propomos realizar pesquisas junto aos personagens ligados
à organização e à direção das aldeias comunais, no intuito de investigar como estas funcionavam, tanto em seu
plano normativo quanto prático. Faremos o mesmo com habitantes do Distrito de Homoíne, em especial da
antiga aldeia comunal de Chinjinguire, com o objetivo de apreender as relações entre os moradores da região e
de perquirir suas histórias de vida, suas experiências de deslocamento e de trabalho, suas memórias da guerra
civil, suas percepções, experiências e inclinações a respeito da guerra civil. Estão previstas duas viagens de
média-longa duração ao terreno, nos anos de 2019 e 2020, de cerca de 5 meses cada. Ademais, pretende-se
realizar pelo menos mais três viagens de curta-média duração, de cerca de 2 a 3 meses cada.

Rodrigo Oliveira Braga Reis (Museu Nacional). Das “aldeias” à “cidade” e da “cidade” às “aldeias”: política
indígena, mobilidade e deslocamento das fronteiras em Atalaia do Norte-AM. A partir dos dados e da
participação em um recenseamento colaborativo sobre a presença indígena na “área urbana” de Atalaia do Norte
– município localizado no sudoeste do Amazonas e na fronteira com o Peru – e do estudo sobre a conformação
do movimento indígena e da atuação política de lideranças de povos que habitam a Terra Indígena Vale do
Javari, procuramos nesta comunicação problematizar diferentes noções de “fronteira”. As informações que
orientam esta comunicação são resultantes da aplicação de questionários em cem residências indígenas, do
diálogo com estudantes e lideranças indígenas que participaram da pesquisa e de entrevistas acerca das
trajetórias de lideranças do movimento indígena local. O aumento do número de moradores indígenas na
“cidade” de Atalaia do Norte e a crescente atuação política de indígenas em estruturas governamentais – a
exemplo da Câmara Municipal de Vereadores e da chefia do Distrito Sanitário Especial Indígena – fomenta o
questionamento sobre os limites da política de Terras Indígenas, assim como a reflexão crítica sobre às
oposições aldeias/cidade, urbano/rural-Terra Indígena e índios/não-índios. Em determinadas situações é possível
observar que governantes, políticos locais, servidores públicos e parte dos demais indivíduos que conformam a
chamada população “não indígena” compartilham a compreensão de que o “estar na cidade” (morar, trabalhar,
estudar, ocupar cargos políticos, ter acesso à benefícios sociais ou à políticas como o Programa Bolsa Família,
adquirir produtos industrializados ou simplesmente transitar com frequência) se constitui como negação do “ser
indígena”, portanto, de sua “identidade étnica”. Expressões como “índios urbanos”, “assimilados”, “aculturados”
ou “desaldeados” – muitas das vezes presentes como categorias no aparato jurídico-político brasileiro – refletem
um ideal preconceituoso que busca estabelecer o lugar – espacial e social – dos indígenas no Brasil. Assim, são
comuns a percepção e os discursos que assinalam que “vir para a cidade” é igual a “deixar de ser índio” e de que
isto resulta no “abandono da Terra Indígena”. No entanto, tomando a política indígena, ou etnopolítica, como
agente principal, os estudos realizados em Atalaia do Norte têm demonstrado a existência de relações de
continuidade e de interdependência entre processos de territorialização, a manutenção do território demarcado e
a atual presença na cidade, corroborando para o deslocamento de fronteiras identitárias, territoriais e conceituais.

Rodrigo Umbelino Da Silva (UNICAMP). A construção dos direitos emancipatórios dos


afrolatinoamericanos: um estado comparado do protagonismo das Cortes Constitucionais do Brasil e da
Colômbia. O século XX foi marcado por grandes transformações na América Latina, sendo visto que a grande
parte sul do continente americano foram palcos de diversas mudanças de cunho institucional, somando a isso
uma onda de novos constitucionalismos que ampliam o poder de ação do Poder Judiciário levando em alguns
países ao surgimento ou fortalecimento das chamadas Cortes Constitucionais. Nesse sentido o que se objetiva
construir ao longo dessa pesquisa e entender em termos teóricos se o direito de fato poderá ser emancipatório
(BOAVENTURA) dentro de um novo constitucionalismo (TRIBUNAIS CONSTITUCIONAIS) que fomente as
condições sociais de realização da liberdade e da justiça através da luta pelo reconhecimento (HONNETH) em
um contexto de lutas políticas dentro de um Estado de Direito (NEUMANN). Como parte do desenho da
pesquisa escolhemos os Tribunais Constitucionais do Brasil da Colômbia por apresentarem uma proximidade em
relação a: 1º) o modelo constitucional de ambos os países tendo como referencial as novas constituições de 1988
no Brasil e 1991 na Colômbia; 2º) um movimento interno dos grupos dos excluídos afins de buscar formas de
conquistas seus direitos básicos.; 3º) o grau de representatividade e influência de ambos os países no contexto
latino-americano, no que tange as organizações de suas instituições jurídicas; 4º) o caráter democrático
permeado por um Estado de direito que de fato torna a análise dos casos que serão apresentados mais
transparentes; 5º) a relação objetiva pela luta emancipatória dos povos negros (Brasil e Colômbia) nos aspectos
da construção da cidadania negra ao longo de todo o período pré e pós escravidão. Na pesquisa em questão
iremos trabalhar com os casos prioritariamente ligados à questão negra. Em se tratando da analise empírica do
trabalho buscaremos fazer a análise de dois casos mais emblemáticos que corroboraram a compreensão da logica
emancipatória o caso T -422/96 pela Corte Constitucional Colombiana e a ADC-41/DF pelo Supremo Tribunal
Federal. Trataremos de apresentar uma metodologia de análise dos casos como também explicar quais os
elementos configuram uma pesquisa comparada para a ciência política. Palavras-chave: Corte Constitucional,
Direito, Emancipação Social e Movimento Negro.

Rogerio Mendes de Lima (Colégio Pedro II - Rio de Janeiro-RJ). Interculturalidade, Combate ao Racismo e
Práticas Decoloniais na Escola Básica. Nas últimas décadas, fatos cotidianos e dados de diferentes pesquisas
têm demonstrado que o racismo é um fenômeno intrínseco às relações sociais no Brasil e elemento essencial
para a compreensão das desigualdades de que são vítimas as populações negra e indígena. Na perspectiva que
adotamos, a persistência do racismo se explica porque ele é uma forma de dominação consolidada no Brasil.
Dominação essa que se expressa de forma objetiva e subjetiva. A primeira marcada pela negação das condições
materiais mínimas de sobrevivência às populações negra e indígena e a segunda pela dominação ideológica
sobre esses grupos. Entendemos que se no caso da dominação objetiva, a luta pelos direitos permite o combate
ao racismo, no caso da segunda somente a mudança cultural pode alterar o quadro. Quijano (2005) diz que as
estruturas e relações sociais que vivenciamos na atualidade são resultado de um processo de hierarquização
iniciado nos séculos XV e XVI e que tem a questão racial como seu elemento central. As relações estabelecidas
pelos colonizadores com os povos dominados, criou hierarquias sociais baseadas na ideia de raça e que mesmo
após o fim do domínio formal dos europeus sobre os demais continentes mantiveram-se presentes,
principalmente no âmbito da cultura, no que ele denomina de colonialidade. A colonialidade é a principal fonte
do racismo que experimentamos na sociedade. Afetando não somente as estruturas materiais de poder, mas
também os valores, práticas (saber), a construção das identidades (ser) e nossas relações com a natureza (Walsh,
2009). Por conta disso, vemos que a escola é um dos lugares onde o racismo, em suas diferentes manifestações
deve ser combatido, o que implica em modificar radicalmente o papel cumprido historicamente pelas instituições
escolares na formação de nossos jovens. Compreendemos que o espaço escolar é um lugar central para o
reconhecimento e o combate ao racismo. Desse modo, a pesquisa aqui apresentada se desenvolve em dois eixos.
No primeiro, procura identificar o papel dos currículos escolares na persistência do racismo dentro e fora da
escola, tomando como base programas adotados no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. No segundo, a partir da
opção metodológica pela pesquisa-ação e à luz da perspectiva intercultural crítica e da pedagogia decolonial,
realiza uma análise de intervenções pedagógicas antirracistas realizadas com estudantes de ensino médio do
Campus Realengo II e que indicam caminhos e possibilidades para a construção de uma educação na escola
básica que se contraponha aos modelos hegemônicos de ensino.

Rosângela Azevedo Corrêa (UNB). Povos tradicionais. Os povos e comunidades tradicionais estão sendo
impactadas por políticas governamentais, o o avanço do agronegócio, a mineração, a construção de hidrelétricas,
o turismo e outros projetos, além das pressões econômicas de grandes empresas interessadas em explorar os
recursos naturais em seus territórios com agroestratégias implementadas por conglomerados econômicos
produtores de commodities agrícolas. O Grupo de Trabalho, aqui proposto, reunirá pesquisadores que estejam
refletindo sobre conflitos socioambientais vivenciados por povos e comunidades tradicionais em decorrência dos
referidos empreendimentos, suas ações de resistência em que as identidades étnicas estão sendo reforçadas,
surgindo casos de etnogênese e reelaboração cultural, sua mobilização política, suas estratégias utilizadas e
demandas de garantias de direitos específicos e diferenciados, na perspectiva do fortalecimento das lutas pela
reafirmação de direitos conquistados, sobretudo o que tange a educação, saúde e a defesa dos territórios
tradicionalmente ocupados. Também queremos refletir sobre a interação entre os conhecimentos tradicionais e
acadêmicos na formulação e crítica ao desenvolvimento sustentável, em destaque para a atuação dos agentes
sociais, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, geraizeiros, vazanteiros, entre outros.

Rosangela Sarteschi (USP). A representação da violência contra a mulher na literatura: alguns


apontamentos. Discutir a questão da violência contra a mulher na sociedade tem-se tornado uma exigência
contemporânea e que extrapola os limites dos estudos históricos, antropológicos ou sociológicos. Os estudos
literários, sem dúvida, têm muito a contribuir para o debate colocado. Desta forma, o presente trabalho tem por
objetivo fazer uma breve reflexão, a partir de algumas narrativas contemporâneas de língua portuguesa, sobre a
representação da violência e a figura feminina neste contexto, buscando também problematizar a diversidade de
perspectivas com que a questão é abordada ora na escrita feminina ora na masculina. Tendo em vista essas
considerações, procuraremos fazer um percurso pelas manifestações de violência em contextos, que, ainda que
muito diferentes, guardam alguma semelhança entre si. São eles: “O feto”, de João Melo, autor angolano, “O
caso da menina”, do brasileiro Marcelino Freire, contos em que a violência é construída no espaço urbano como
resultado da barbárie dos processos históricos em que as personagens estão inseridas. Por outro lado, “Foram as
dores que o mataram”, da escritora cabo-verdiana Dina Salústio e “Marido”, de Lídia Jorge, autora portuguesa,
são contos – agora sob a ótica da autoria feminina – em que a violência surge, sobretudo, no campo das relações
afetivas, mas cuja historicidade é dado fundamental na construção dos sentidos. O comparativismo literário será
a metodologia privilegiada da análise e interpretação, elegendo-se nesse percurso a perspectiva proposta por
Antonio Candido em que a literatura deve ser problematizada a partir de suas relações sociais, políticas e
históricas, ou seja, a partir da verificação de como aspectos externos ao texto são entranhados na tessitura
literária. Cabe ao crítico desvelar os sentidos e, assim, contribuir para a reflexão e a compreensão dos jogos de
poder ali representados. Logo, a reflexão que se constitui a partir desse viés não aponta para o debate apenas no
campo da cultura, mas é, sobretudo, no campo da política que encontra real significado. Abordar a questão do
gênero poderia levar à ideia de que a perspectiva de análise relaciona-se fortemente com conceitos caros às
estéticas no âmbito da pós-modernidade. No presente trabalho, no entanto, a questão relativa à experiência
feminina frente à violência (concreta ou simbólica) e à marginalidade será abordada a partir das relações sociais
e econômicas; relações, portanto, condicionadas pela estrutura socioeconômica de classes e levando-se em
consideração o lugar ocupado pelas mulheres nesse panorama.
Rosileia Lucia Nierotka (PUC RJ). Políticas de acesso na educação superior: um olhar sobre a Universidade
Federal da Fronteira Sul. Este trabalho é parte de uma pesquisa de pós-graduação em andamento, cujo tema é
a desigualdade de oportunidades educacionais no ensino superior. O objetivo deste resumo é apresentar as
políticas de acesso e ações afirmativas implementadas pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), no
período de 2010 a 2018. A UFFS é uma instituição pública de ensino superior, localizada na Região Sul do
Brasil e foi criada recentemente, em 2009, no contexto de expansão e interiorização da educação superior
brasileira. Sua criação foi fruto de uma reivindicação dos movimentos sociais organizados para a educação
superior pública numa região historicamente desassistida deste acesso. A metodologia deste estudo é
caracterizada por pesquisa e análise documental e descritiva, tendo como base documental: relatórios de
pesquisas acadêmicas, resoluções, portarias, editais, Lei de Cotas e demais legislações que tratam das políticas
de acesso da UFFS. A opção política de ingresso na UFFS, desde o início ocorre por meio do ENEM, como uma
principal forma de acesso. Nos três primeiros anos (2010-2012) a ação afirmativa adotada foi uma bonificação
na nota do Enem, conhecida como “Fator Escola Pública”, que consistia num acréscimo de 10 sobre a nota
final do ENEM para cada ano do ensino médio estudado em escola pública. A partir da aprovação da Lei nº
12.711/12, a UFFS aprovou uma nova política de ingresso, a qual prevê na reserva de suas vagas a inclusão de
critérios étnico-raciais e de renda, além do critério de escola pública que já priorizada pela Universidade desde a
sua criação. A UFFS adotou como critério para a reserva de suas vagas a utilização do percentual de estudantes
que conclui o ensino médio na escola pública, observando o último censo da educação básica de cada Estado em
que estão localizados os seus campi. Assim, a reserva de vagas para a escola pública manteve-se superior a 85%,
destacando-se dentre as demais instituições do país. No final do ano de 2013, o Conselho Universitário da UFFS
aprovou duas políticas de inclusão, com processos seletivos especiais, sendo uma destinada ao acesso de
indígenas e a outra para estudantes estrangeiros haitianos. A UFFS, por meio de suas políticas de acesso e ações
afirmativas, promoveu a inclusão de uma diversidade de estudantes, principalmente oriundos de escola pública,
pretos, pardos, indígenas, estrangeiros. Entre os desafios que se apresentam para a UFFS destacam-se as
questões relacionadas à permanência e conclusão do cursos. Por fim, destaca-se a pretensão de desenvolver
empiricamente essa tematização sobre as desigualdades de oportunidades no ensino superior, tendo como
principal questão norteadora: as políticas de acesso da UFFS estão contribuindo para promover a igualdade de
oportunidades?

Rosimar Pereira Barbosa (UFABC); Janaína Rute da Silva Dourado (Centro Paula Souza). Relações de Gênero,
Raça e Trabalho nas Organizações. A presente pesquisa tem por objetivo apresentar as formas enfrentadas
pelas diferenças de gênero e desafios das relações de trabalho nas organizações, no aspecto e na inserção não
apenas das mulheres, que já possuem inúmeras discrepâncias em relação ao homem, mas também e
principalmente quanto as mulheres negras que a desproporção é enorme, nas lideranças e em posições de
destaque, de carreiras com visibilidade e perenidade. Pelo levantamento teórico dos principais conceitos que
circundam o tema, e as subdivisões utilizadas nesta pesquisa: gênero e raça; políticas públicas de gênero,
mercado de trabalho e gênero e raça nas organizações. Inicialmente a apresentação dos dados relativos ao último
censo do IBGE, apresenta-se claramente a discrepância de gênero e na sequência torna-se, maior quando o
tratamento ocorre no contexto de raça, o distanciamento se agrava quando é avaliada a situação da mulher negra,
dessa forma, foi constatada criação de uma certificação como selos para garantir alguma inserção e
principalmente permanência, entretanto vale ressaltar que a entrada, sendo de grande dificuldade, primeiro a
situação da inserção e possibilidade desse grupo obter a permanência, na instituição de ensino e que à mesma
possibilite a percepção de obter plena concorrência e ser referência nas áreas de atuação, após a perspectiva e
participação de processos de seleção em organizações que possuem projetos e discussões sobre o tema, já que
existe uma grande dificuldade de participação e sequência dos processos seletivos, por muitas vezes não ser por
competências que existe o julgamento, mais por aparência. Dessa forma a presença dos negros na alta gestão,
são reduzidos e quando se trata da mulher negra a situação se agrava, assim nas discussões e no ambiente
organizacional e acadêmico ocorrerão pela escolarização e com qualidade além da viabilidade de programas de
orientações para a continuidade desta população nos ambientes organizacionais, incorporando e ampliando na
perspectiva contínua de autonomia e possibilidade de assegurar conquistas e que as concorrências ocorram entre
iguais em suas mesmas condições, com a preocupação de que pela criação e sustentação destes grupos, será
percebido que não serão necessárias estas reparações, pois as oportunidades são iguais, por que todos começam
ou mesmo todos iniciam suas carreiras, de um mesmo ponto de partida e nas mesmas condições.

Sabrina Leite Santos (Universidade Cruzeiro do Sul). Transatlântico, da travessia até a escola: a
permanência de crianças negras refugiadas no ambiente escolar. Nos últimos anos o Brasil tem recebido um
contingente considerável de imigrantes de todas as partes do mundo. Estudos realizados pela Polícia Federal em
2017, apontam que o Brasil, no ano do estudo, obtinha um acumulado de 10.145 refugiados reconhecidos, e
outros 86.007 que aguardavam o trâmite das solicitações de reconhecimento. Dos reconhecidos em 2017, 20%
correspondem a crianças e adolescentes, sendo 14% na faixa de 0 a 12 anos e 6% de 13 a 17 anos. Portanto, é
possível notar que há crianças em idade escolar correspondente ao ensino fundamental que estão no Brasil na
condição de refugiadas. O Comitê Nacional Para Refugiados – CONARE, estabelece em sua Resolução nº 14,
artigo 21, que os refugiados têm direito ao acesso à educação nas mesmas condições que os nacionais. Segundo
Mattos (2016), as legislações brasileiras referentes ao acesso aos serviços públicos, incluso à educação, se
adequam às condições destes indivíduos somente após análises e interpretações. Desse modo, ainda que
precários, dispomos de requisitos legais para que estas crianças tenham acesso ao ensino público. O tema desta
pesquisa abarca as questões relacionadas à imigração no espaço escolar, e seu problema está centrado em como
ocorrem as interações sociais e a construção de vínculos por parte das crianças refugiadas no ambiente escolar.
Tem-se o objetivo de investigar as interações sociais de crianças negras imigrantes, matriculadas em escolas
brasileiras, especificamente no Estado de São Paulo, no Ensino Fundamental I – séries iniciais. Para tanto, a
metodologia de pesquisa que se pretende realizar é a qualitativa, a qual segundo Silveira e Córdova (2009), não
se preocupa com a expressão numérica do estudo, mas com a compreensão ampla e complexa do objeto
estudado. Para a coleta de dados pretende-se utilizar a observação e a entrevista, que realizar-se-ão com os
alunos, ambas no ambiente escolar. As técnicas serão combinadas para captar a realidade em sua totalidade; a
primeira será para identificar no ambiente aquilo que não é dito, e a segunda se utilizará da fala dos participantes
do estudo que só podem ser captadas por meio do diálogo com aquele que vivencia determinada realidade
(MINAYO, 2009). Será utilizada a entrevista não estruturada, conceituada por Richardson (1999), como
entrevista em profundidade, onde o entrevistado é quem discorrerá sobre o assunto. Após a realização da
pesquisa, pretende-se constatar que as interações sociais e a construção de vínculos durante os primeiros anos do
Ensino Fundamental I, influenciam na permanência desses alunos, gerando impactos tanto em seu processo de
ensino-aprendizagem, quanto nas relações que estes estabelecem dentro do ambiente escolar.

Sandra Cristina de Souza (UEMS). Literatura Indígena e Construção de Identidade. A proposta do presente
trabalho é analisar a questão da literatura indígena. A literatura indígena nos desafia e proporciona o
conhecimento em relação à terra, o divino, a ordem social, a história, as artes, problematiza nossa própria relação
com estes elementos e com a nossa própria identidade. Ao longo da história da colonização, os povos indígenas
vivenciaram a impossibilidade de escrever e expor o seu jeito de ser e de viver em sua própria língua. A
construção da identidade nacional é marcada por um percurso histórico específico que se articula a uma
pluralidade de experiências culturais. O estudo constitui-se em uma metodologia bibliográfica para que
possamos identificar aspectos gerais entre outras estratégias de pesquisa, para possibilitar maior enriquecimento
na construção de novos conhecimentos. Através de uma revisão de literatura, iremos construir uma pesquisa
pautada em base documental em artigos sólidos. o ensino-aprendizagem da literatura no contexto da educação
escolar indígena, além de desenvolver habilidades para compreensão e produção de textos escritos e,
consequentemente, para o aprimoramento do uso da língua portuguesa, a valorização e retomada da cultura oral
é fundamental, contribuindo, desta forma, para a revitalização e difusão das línguas e culturas dos povos
indígenas. A apropriação da escrita pelas sociedades ágrafas, a literatura em línguas indígenas permitiu a
tradução de documentos de diferentes idiomas para as línguas indígenas, tendo como grande contribuição à
escrita da tradição oral existente nas comunidades (REGINO, 2003). No entanto, o tema de grande relevância
social, e a produção de conhecimento na área trará benefício a toda a sociedade no trato deste problema bastante
recorrente. 1. A LITERATURA INDÍGENA. Na década do século XX ocorreu a conquista de direitos das
sociedades indígenas. Esses grupos passaram a ser alvo de políticas indigenistas que visaram proteger e
assegurar a continuidade e preservação da cultura nativa. Por meio de iniciativas de grupos individuais e
governamentais, os índios tiveram seus direitos reconhecidos perante o governo, conquistando a possibilidade de
representarem a si mesmos. A produção bibliográfica é uma das formas de representação desses povos. Observa-
se na literatura que diversos grupos indígenas passaram a publicar e divulgar seus conhecimentos por meio de
livros. Este tipo de publicação vem crescendo, tanto em número quanto em relevância, tornando-se presente em
várias partes do mundo.

Sandra Dias dos Santos (Prefeitura de São Vicente). Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em
situação de rua. Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar
solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua
Narrativas de Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar
solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua
Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher
negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um
olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação
de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a
mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas
de um olhar solitário: a mulher negra em situação de ruaNarrativas de um olhar solitário: a mulher negra em
situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de ruaNarrativas de um olhar
solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de
ruaNarrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a
mulher negra em situação de ruaNarrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas
de um olhar solitário: a mulher negra em situação de ruaNarrativas de um olhar solitário: a mulher negra em
situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de ruaNarrativas de um olhar
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ruaNarrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a
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de um olhar solitário: a mulher negra em situação de ruaNarrativas de um olhar solitário: a mulher negra em
situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de ruaNarrativas de um olhar
solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de
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mulher negra em situação de ruaNarrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua Narrativas
de um olhar solitário: a mulher negra em situação de ruaNarrativas de um olhar solitário: a mulher negra em
situação de rua Narrativas de um olhar solitário: a mulher negra em situação de rua.

Sandra Maria Mattar Diaz (PUC-PR), Fabiane Lopes de Oliveira (PUC-PR). Gênero Feminino e trabalho:
mulheres chefes de família. As formas de poder entre os gêneros variam de acordo com a cultura, a religião, a
economia, as classes sociais, as raças e os momentos históricos. Pretende-se com este trabalho, entender o
processo de construção do gênero feminino na história, desde o período de industrialização até sua participação
na sociedade Contemporânea, assim como identificar a história de vida de mulheres chefes de família e em
situação de vulnerabilidade social, para compreender sua condição de vida e representação de seu papel social
como pessoa humana e sujeito de Direitos, em relação à educação formal e sua participação no trabalho. Esta é
uma pesquisa qualitativa e está em andamento. A metodologia utilizada é o estudo de caso, em que são
entrevistadas mulheres em situação de vulnerabilidade social, escolhidas aleatoriamente em seus locais de
trabalho, tais como comércio, igrejas, escolas, associações de bairro, para analisar seu contexto de vida e as
condições de trabalho que as fazem chefes de família. Na fundamentação teórica os autores analisados são:
Giddens (2005), Saffioti (1979), Hiratta (1994), Abramo(1997), Louro(1996), Strey (2001), Arendt (1979),
Bobbio (1992), Sousa Santos (2009), Gohn(2010), Perrot (2007). Conforme o IPEA (2015) ao longo de anos
(1995-2009), a proporção de mulheres chefes de família aumentou mais de 10 % e passou de 22,9% em 1995
para 35,2% em 2009. Em 2015, o número chegou a 40%, principalmente nas cidades, onde a quantidade de
domicílios com mulheres como pessoa de referência cresceu 18 %. O papel social da mulher se transformou, por
um lado a mulher conquista novos direitos nas esferas pública e privada, principalmente a partir da revolução
social e cultural das décadas de 1960 e 1970, por outro lado é observado que estes dados estão aquém do
almejado. Nota-se que mesmo com uma elevação no nível educacional das mulheres em relação aos homens,
segundo o IBGE (2010), no ensino médio a taxa feminina foi de 52,2%, para uma taxa masculina de 42,4% e no
ensino superior elas representaram 57,1 % nos universitários de 18 a 24 anos , ainda hoje as mulheres recebem
salários menores ao exercerem a mesma função que os homens. Estão contidos na Declaração do Milênio (2000)
que o empoderamento das mulheres e o alcance da igualdade de gênero são matérias de direitos humanos e
justiça social. O fortalecimento das condições da mulher se dá por meio da Educação e da plena vivência de seu
direito à liberdade, à vida e por meio do combate à discriminação. Além do movimento feminino organizado,
também é necessário apoio institucional. Está em tempo de a mulher garantir seu lugar na agenda educacional e
política global.

Sebastião Carlos dos Santos Carvalho (UFMG). A Roda é Delas: A presença da Mulher na Capoeira. Este
estudo, de cunho qualitativo busca investigar a participação feminina na capoeira. A história da Capoeira está
intrinsecamente ligada à história da escravidão brasileira, onde cerca de cinco milhões de negros foram trazidos
de diversos territórios do continente africano (MELLO, 2002). A maior parte desses negros veio da costa
ocidental africana para trabalhar forçadamente nos canaviais, mineração, pecuária e trabalhos domésticos, no
qual eram tidos como mercadorias submetidas à vontade dos seus senhores e estavam à mercê de todo o tipo de
crueldade. De acordo com Melo, 2002, o povo negro trazido para o Brasil era de inúmeras regiões da África,
cada uma com seus costumes, crenças, culinárias, danças, enfim, toda uma riqueza cultural que se funde em solo
brasileiro, daí a ideia de sincretismo cultural. A proposta é investigar qual o real papel da mulher na capoeira
baiana. Acreditamos que a mulher ocupa um papel menor na capoeira e tentaremos entender o porquê. De forma
empírica entendemos a capoeira como uma prática predominantemente masculina e em determinadas
circunstâncias chegando a ser até machista. O fato de um número maior de homens praticarem a capoeira a
mulher seria inferiorizada nesta práxis? O percurso metodológico utilizado, partiu de uma análise bibliográfica
utilizando autores como Barbosa, Melo e Mestre Bola Sete. A segunda parte do trabalho que será iniciada no
primeiro semestre de 2019 é composta por observações seguidas de entrevistas com participantes de um grupo
de capoeira denominado “Ginga Bahia”, que desenvolve suas atividades no Alto sertão Baiano. Os participantes
deste trabalho de pesquisa apresentam variedade de idade, dos 15 anos aos 60 anos; ambas as idades para o sexo
masculino e feminino. Além da idade, só participam da pesquisa, todos aqueles que assinam o termo. Quanto aos
menores de idade, o responsável deverá assinar. Além de mestres e mestras, contramestres e contramestras,
professores e professoras de capoeira, serão também ouvidas mulheres participantes da capoeira, com o intuito
de responder, como as relações de gênero são vistas e são tratadas no meio capoeirístico. Pretendemos finaliza-la
em julho de 2019 e passar para a fase de análise dos dados produzidos. “A Mulher na Capoeira” é um tema
pouco estudado, entretanto, percebemos um interesse dos estudiosos da Capoeira, principalmente mulheres, em
ampliar esses estudos e este trabalho vem colaborar com essas ações.

Sebastião Carlos dos Santos Carvalho. O Impacto das Ações Afirmativas na Estética e na Imagem Corporal
de Universitárias(os) Negras e Negros. Este trabalho de pesquisa tem como objetivo “Compreender o processo
de ingresso de estudantes negros e negras no Campus XII da UNEB, via Ações Afirmativas e os possíveis
impactos em suas percepções estéticas e em suas imagens corporais”. GOMES (2003), enfatiza que, “tendo em
vista que a integração do negro no ensino superior carrega marcas do racismo e pela luta do povo negro para ter
acesso à educação e pela busca de uma sociedade igualitária e justa”. Sendo assim é fátuo averiguar o processo
pelo qual jovens negros e negras têm acessado e permanecido no ensino superior, assim como de que forma a
sua imagem corporal e estética corporal têm sido impactadas. Um pressuposto é de que “as Ações Afirmativas
transcenderam a questão do ingresso, do acesso e da permanência dos negros e negras ao ensino superior. Elas
têm promovido também uma revolução na constituição da estética corporal, no auto reconhecimento e na auto
afirmação dessas pessoas”. Mobilizamos como referencial teórico várias obras pertinentes ao tema de pesquisa
como Alves (2015), FERNANDES (1965), FREITAS (2012), GOMES (2017), HALL (2003, 2004), JESUS
(2011), MUNANGA (2005), OLIVEIRA (1992), PRAXEDES (2009), SILVA, (2005). Nossa percepção é que
as Ações Afirmativas transcenderam a questão do ingresso, do acesso e da permanência dos negros e negras ao
ensino superior. Elas têm promovido também uma revolução na constituição da estética corporal, no auto
reconhecimento e na auto afirmação dessas pessoas. As Ações Afirmativas no Brasil, e sua modalidade mais
conhecida -as cotas para acesso as universidades - são frutos de lutas constantes de afirmação do povo negro no
Brasil. As pessoas que aqui foram escravizadas lutaram incansavelmente pela liberdade, pela sobrevivência e
pela cidadania. A escravização e desigualdade nunca foram aceitas de comum acordo entre senhores e
escravizados. Sempre houve resistência!Como metodologia, apontamos diversas possibilidades como; (1)
grupos focais; (2) colheita de narrativas de histórias de vida através de entrevistas/escutas, (3) autobiografia e (4)
confecção de “mapas corporais”. Pretende-se ouvir 24 jovens em grupos focais e posteriormente colher
entrevistas de 10 estudantes participantes, os quais deverão encontrar-se periodicamente, em rodas de conversa.

Sérgio José Custódio (Universidade de São Paulo - USP). Entre quatro hotéis: racismo antirracismo e
presença fascista. O que há em comum entre quatro hotéis que surgem nos arquivos em tempos diferentes? Eles
poderiam ser fontes culturais preciosas para uma investigação científica. O artigo trata do racismo e do
antirracismo, do fascismo e do antifascismo de modo interdisciplinar nesta instituição cultural, o hotel, tendo
como fio condutor a comparação entre quatro hotéis: o hotel Washington, (1), situação vivida por Rebouças nos
Estados Unidos do século XIX ( retratado no livro de Angela Alonso sobre a abolição), o hotel Esplanada,
aquele (2) onde ocorreu o caso da atriz negra estadunidense Katherine Dunham nos anos 1940 em São Paulo, e
que foi motivo para a primeira lei contra o racismo no Brasil, a Lei Afonso Arinos, o hotel Maksoud Plaza (3),
palco de manifestação por reparações nos anos 1990, e em 2015, o hotel Tivoli Mofarrej (4) que estranhou a
presença de renomado pesquisador negro. O caso dos anos 1940-50, desdobrou-se numa ação fascista postulado
por um candidato ao governo do Estado de São Paulo na ocasião. O caso do hotel brasileiro nos anos 1950 foi
estudado por Jerry D´Avila e já ali estão presentes as razões racistas e antirracistas. A dimensão interdisciplinar
diz respeito a sua relação com a literatura, explorando a visita de Albert Camus ao Brasil, seu encontro com
Abdias do Nascimento, uma das referências para o teatro do absurdo e sua influência na obra de Abdias
Nascimento; com o cinema (o filme que se passa num hotel: o filme O Iluminado, de Krubick. A
interdisciplinaridade explora também a subjetividade do sujeito, com base em conceitos fundamentais de
psicanálise (à partir de estudos sobre psicanálise e racismo organizado pela PUC-SP em livro publicado em 2017
e da obra de Freud). Assim, os espelhos culturais de Rebouças se quebram quando ele vivencia a crise do hotel.
A subjetividade do sujeito é tensionada. Dunham, a atriz negra, tem acesso a dois distintos cardápios culturais
para um só Rio de Janeiro: um oficial sob a tutela de Gilberto Freyre, outro alternativo, sobre os passos de
Abdias do Nascimento e o pulsante Teatro Experimental do Negro. As razões racistas e também as razões
antirracistas são exploradas no artigo, confronto que corre quatro hotéis e a história cultural, confronto que deixa
ver as pegadas do fascismo no solo do racismo brasileiro.

Sheila Cristina Silva Aragão Caetano (Universidade Presbiteriana Mackenzie). Apresentação de Comunicação
de pesquisa em Grupo de Trabalho. O negro na arte em São Paulo 130 anos após a “Abolição da
Escravatura”. A “Abolição da Escravatura” aconteceu no Brasil no ano de 1888, entretanto apesar de seu fim,
restaram-se muitos resquícios de como os negros eram tratados e vistos na sociedade. De forma geral, os
racismos. Nesse sentido vale também para o campo da arte no país, que é um campo dominado por pessoas
brancas, pouco se é visto do negro representado em exposições quiçá exposições de artistas e/ou curadores em
museus. Contudo, 130 anos passados da “Abolição da Escravatura”, na cidade de São Paulo houve uma
alteração nesses fatos. Este trabalho visa mapear quais foram os fatos que tornaram possíveis essas alterações e
fazer uma análise de quanto elas podem ser consideradas de fato um progresso na presença e representação dos
negros na arte. Muitos autores como Kilomba, Ribeiro, Almeida e Fanon decorrem a respeito do racismo e de
como ele afeta a sociedade em todos os aspectos. No campo da arte não seria diferente, entretanto, acaba sendo
ainda maior em função da presença de negros ser praticamente nulas e esse campo ter a tendência de rejeitar
artistas e curadores negros, e de propagar representações de cunho negativo dos afrodescentes. O Museu de Arte
de São Paulo tem o ano de 2018 dedicado a exposições de artistas negros, contanto com a exposição Histórias
Afro-Atlânticas que acontece uma continuação no Museu Tomie Otake e tem um curador negro (Hélio
Menezes), o Centro Cultural Brasil também teve exposições de artistas negros e com representação de negros, e
a 330 Bienal de Arte conta com uma curadora negra (Wura-Natasha Ogunji). Serão analisados mais amplamente
os eventos acima neste trabalho e verificados se existem mais alguns que possam também serem importantes. As
exposições mencionadas no parágrafo acima demonstram um avanço efetivo na presença de negros na arte na
cidade de São Paulo, pois são uma quantidade significativa. Ainda se faz necessário estudar se alguma ou todas
elas tiveram motivação na data comemorativa, mas de toda forma, mesmo se todas tiverem essa inspiração, seria
algo não obrigatório e por isso, positivo. Além disso, conta-se com a presença de dois curadores negros,
apontando para uma presença mais abrangente, e com isso uma entrada efetiva do negro na arte na cidade de São
Paulo. Resta saber se haverá uma continuação nesse sentido e se existe ou irá existir alguma repercussão em
galerias de arte. Mas sem sombra de dúvida é um marco importante.

Sheila Perina de Souza (Faculdade de Educação - USP). Imagens de Língua – Um estudo sobre as línguas
nacionais e o português na escola moçambicana por meio do discurso do professor. Vimos nos dedicando à
pesquisa da relação entre as línguas nacionais, a língua portuguesa e a escolarização desde 2014, quando
estivemos em Angola durante a graduação sanduíche, financiada pela CAPES, na Universidade Lueji A’nkonde.
Em 2016 e 2018 estivemos em Moçambique pesquisando ensino e aprendizagem e imagens de lingua. Assim,
este artigo é resultado das pesquisas que realizamos nesse país (Moçambique), concretamente na cidade de
Maputo – a capital, durante esse intercâmbio em 2016 e 2018. Buscamos investigar as diferentes imagens de
línguas nacionais que circulam na escola por meio do discurso do professor. Essa pesquisa atual titulada
Imagens de Língua – Um estudo sobre as línguas nacionais e o português na escola moçambicana por meio do
discurso do professor, está dentro de nossa pesquisa de mestrado titulada “Imagens de Língua – Um estudo
sobre as línguas nacionais na escola moçambicana.” As duas pesquisam fazem parte de pesquisa maior,
“Imagens de Língua: Sujeito, Deslocamentos, Conhecimento e Tempo” coordenada pelo prof. Dr. Valdir
Barzotto. Neste artigo analisamos as imagens de línguas nacionais moçambicanas e do português conferidas nos
discursos dos professores. Objetivamos compreender como esses professores representam as línguas nacionais
no ensino e na aprendizagem em relação ao português, língua oficial. A pesquisa foi realizada numa
universidade cidade de Maputo, com os alunos-professores da disciplinas “didáticas das línguas bantu” e em
uma escola de ensino primário, através de uma metodologia de cunho etnográfico, baseada nas entrevistas e
questionário. Temos como base as reflexões sobre atitudes linguísticas de Schlieben-Lange (1993) que considera
que se um membro da comunidade de fala se manifesta sobre sua língua há penetração de dois âmbitos, de um
lado repete elementos do discurso público e de outro explicita seu saber. Os resultados apontam que a maioria
dos professores acreditam que a ausência do ensino bilíngue é uma das causas do baixo desempenho escolar dos
alunos. Para nós essa crença se trata de um forte indício da presença do outro no discurso (AUTHIER-
REVUZ,1990), mais especificamente o discurso produzido pela Universidade. Evidenciou-se que a maioria dos
entrevistados considera positiva a implementação do ensino bilíngue nas escolas moçambicanas, ao mesmo
tempo em que colocam as línguas nacionais numa posição secundária no sistema de ensino, funcionando como
coadjuvantes ao português. Há indícios de que as línguas nacionais são consideradas como instrumentos para a
aprendizagem da língua portuguesa. Palavras-chaves: Moçambique; Línguas Nacionais; Imagens de língua,
Professores, Escola.

Solange Gonçalves Machado (FACULDADE ENIAC). Mulheres negras na política dentro da cidade de São
Paulo – Ontem, hoje e amanhã. Este trabalho surge a partir da inquietação diante do rico significado de política
e o quão na prática essa categoria de análise é esvaziada principalmente quando se leva em conta a participação
das mulheres negras. Mediante o hiato entre o significado de política e a sua prática cotidiana, principalmente à
luz das contribuições de Hannah Arendt em "Compreensão e Política Outros Ensaios" e "Promessa Política",
pretende-se utilizar esse referencial teórico a fim de compreender o porquê da quase inexistente participação das
mulheres negras na política. A motivação deu-se por ser São Paulo o maior colégio eleitoral do país, com
33.040.411 de eleitores, ou seja, 22,4% do total do Brasil, que soma 147.302.354 pessoas, de acordo com o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) . Sabe-se que as mulheres representam a maioria do eleitorado do estado,
somando 52,8%. Contudo, percebe-se a pouca representatividade das mesmas nas candidaturas e ocupação dos
cargos políticos. Esse cenário quanto a questão da raça é levada a termo, tem-se de acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que as mulheres negras são menos de 1% na Câmara dos
Deputados. Dos 513 parlamentares, 52 são mulheres, sendo 7 negras. Sob esse olhar da presença da mulher
negra na política pretende-se focar no contexto do tempo presente, de modo específico no pleito de 2018, no
município de São Paulo e a partir do perfil de mulheres negras que concorreram pelo Partido dos Trabalhadores.
A pesquisa possui esses elementos objetivos, pautados no tempo presente, no entanto, é igualmente permeada
por subjetividade, onde o lugar de fala é de uma mulher negra, militante, religiosa de matriz africana, que traz
consigo aprendizados recebidos no terreiro, ensinamentos que apontam o quão nas sociedades ancestrais a
mulher também tinha seu “lugar de fala” negado. Em diversos mitos pode-se identificar os violentos processos
utilizados pelos homens para desqualificar aquelas que ousaram despontar com liderança. Com essa multi-
temporalidade e espacialidade, tem se as escolhas da África e a presença da mulher negra no período colonial
para explicar o “Ontem”. Qual será o reflexo que o silenciamento político das Yamis, da Yaba Oba e das
sociedades Eleko e Geledes trouxe para o Brasil junto com a Diáspora? A História, embora utilize o passado
para explicar o tempo presente, apresenta também um movimento prospectivo, ao trazer questões de
permanência e propor rupturas. Pretende-se com esse movimento de ingadação pendular, identificar os processos
de silenciamento e invisibilidade da presença da mulher negra no cenário político e conseguir apontar ações de
sucesso que já estão em andamento e propor novas para a promoção da equidade de gênero no campo político.

Solange Oliveira Ferreira (Prefeitura Municipal de São Paulo), Rosa Silvia Lopes Chaves (Prefeitura do
Município de São Paulo), Daniela Finco (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP). Desafios para uma
educação descolonizadora: problematizando questões de gênero e étnico raciais nos currículos para
pequena infância. A Lei 10.639/03 significou um avanço no reconhecimento e combate ao preconceito, ao
racismo e à discriminação na redução das desigualdades. Apesar da Lei se percebe que os currículos ainda são
constituídos sob uma perspectiva colonizadora, narrada a partir do olhar etnocêntrico do homem branco, cristão,
europeu. Este trabalho articula duas pesquisas, realizadas em instituições de Educação Infantil da rede municipal
de São Paulo, que buscam problematizar e desnaturalizar as marcas do racismo estrutural e do preconceito de
gênero institucionalizados. Questiona o silêncio em relação às estéticas e corporeidades negras e à imposição do
calendário eurocêntrico, patriarcal, heteronormativo tendo em vista o empoderamento na construção identitária
de meninas e meninos negros. Os procedimentos metodológicos utilizados nas pesquisas estão baseados em
estudos etnográficos com crianças pequenas, análise documental e entrevistas com equipe docente e gestora. A
convergência destas investigações tem como foco a descolonização dos currículos e das práticas educativas na
Educação Infantil. Os dados evidenciam que é preciso fazer uma reflexão envolvendo corpo, gênero, raça,
infância, relações sociais, culturais e de poder que estão imbricadas no currículo e que influenciam a constituição
de identidades de crianças negras. Buscam conhecer e problematizar as diferentes formas de preconceitos raciais
e de violências de gênero institucionalizadas nas práticas educativas com as crianças pequenas, e têm o desafio
de identificar também os espaços de resistência. Os estudos Pós-coloniais, (HALL,2006; MIGNOLO, 2014) são
importantes aportes teóricos que nos ajudam a problematizar as relações coloniais de poder e de dominação,
presentes nos mecanismos de constituição das identidades. Neste sentido, a potencialidade da interlocução dos
Estudos de Gênero, Feministas (CARNEIRO,2018) e das questões étnico raciais (GOMES, 2017) revelam
importantes questões de como as crianças se adaptam e reproduzem, mas também resistem e questionam padrões
culturais impostos, produzindo culturas. Revelam assim a potencialidade das perspectivas feministas para a
emancipação de gênero na construção de uma Pedagogia da Infância que traz a resistência das infâncias negras
numa abordagem descolonizadora. Ressaltam ainda o desafio constante de desconstrução de conceitos e teorias
cristalizadas, e de descobrir outras possibilidades de olhar sobre a realidade e a experiência educativa na
infância, trazendo à tona os novos valores culturais, sociais e políticos, enfatizando o resultado de pesquisas
acadêmicas realizadas com crianças pequenas, atreladas a força dos movimentos sociais, para a transformação da
sociedade.

Svetlana Ruseishvili (UFSCar); Anna Smirnova Henriques (PUC-SP). “De onde você é?”: uma autoetnografia
da práxis linguística cotidiana no contexto de imigração. O presente trabalho faz parte de um projeto de
pesquisa interdisciplinar, que tem por objetivo descrever a produção oral em Português Brasileiro como Língua
Estrangeira de indivíduos russófonos residentes em São Paulo. Esse projeto se desenvolve em três principais
frentes: i) descrição das características de segmentos fônicos e de elementos prosódicos e construção de um
banco de dados de sotaque (LIAAC/PUC-SP); ii) análise do impacto do sotaque na incorporação de imigrantes
russófonos no tecido social brasileiro (UFSCar); iii) elaboração de estratégias de intervenção fonoaudiológica
para a suavização do sotaque (Derdic/PUC-SP). Embora no Brasil haja alguns estudos de sotaques regionais, a
área de estudos do sotaque estrangeiro em Português Brasileiro ainda é muito pouco explorada.

Tainan Conrado de Sousa (UNIFESP). As sementes do continente africano atravessaram Calunga grande:
deu flor na vida e na obra de Lima Barreto contra o racismo. O objetivo deste projeto visa investigar e
aprofundar o grito literário de Lima Barreto em Recordações do escrivão Isaías Caminha, que tem como
bandeira de luta a literatura que serve o bom combate contra o racismo nas relações sociais da sociedade
brasileira. Lucidamente, Lima opta apresentar-se ao mundo literário provocando a classe dominante e
denunciando algumas armas ideológicas de dominação: o racismo e a imprensa, e posicionando-se a não
envergonhar seus ancestrais. A editora portuguesa capta a polêmica da obra e decide publicá-lo, no entanto, com
a condição de Lima não receber os direitos autorais. Lima Barreto com a condição em ser negro num país
racista, aceita a condição que rouba um pouco da sua integridade como escritor e, assim, é apresentado ao
mundo literário. Moura (1988) dedicadamente nos enrique ao nos trazer os mecanismos ideológicos
segregacionais, ou seja, que os negros permanecessem no chão senzalas a céu aberto, nas ruas. Em sua análise
traz para a superfície da sociedade contemporânea, a realidade tecida na herança do homem colonizador
escravocrata, isto é, o negro sendo incapaz de ascender-se socialmente ora por ser inferior, ora por não esforçar-
se. Lima disfarçado de Isaías percorre a vida desiludido da abolição, mas, sempre combativo, ainda que constate
que sua ascensão foi imobilizada pelos mecanismos ideológicos do racismo e do mito da democracia racial.
Lima descreve em Recordações do escrivão de Isaías Caminha, os mecanismos do preconceito racial sofrido por
Isaías. Isaias em nenhum momento duvida da sua capacidade, sempre olha de frente para o racismo que o faz
sentir descartado cotidianamente. Sentia dolorosamente em sua alma o preconceito que não lhe permitia a
ascensão, Lima diz muito sobre nossa contemporaneidade, sobre nosso dia a dia negro. Desse modo, este projeto
irá cruzar tempos que construíram barreiras ideológicas de concreto e de consciências, ou seja, perderemos o
fôlego com Isaías que irá dialogar ao longo do seu caminho com Clóvis Moura, assim, a reificação do sistema
capitalista será desvelada na cotidianidade e no futuro dado a Isaías Caminha que sonhava ser doutor mas parte
para o palácio dos nossos ancestrais tendo vivenciado apenas o mundo do mecanismo de alienação: o
jornalismo.

Tamara Vieira (Universidade Estadual de Londrina - UEL). Currículo escolar, livro didático de sociologia e
educação das relações étnico-raciais enquanto conteúdo escolar. Como os conteúdos de história e cultura
africana e afro-brasileira são abordados nos livros didáticos de Sociologia? A partir desta questão nos voltamos
especificamente sobre a obrigatoriedade dos conteúdos de história e cultura africana e afro-brasileira (Lei nº.
10.639/2003) normatizados pela LDB, tendo como uma de suas propostas a reflexão sobre o racismo brasileiro,
o desvelamento sobre a participação do negro na formação da sociedade brasileira e a compreensão de nossas
relações étnico-raciais. Diante destas possibilidades, objetivamos analisar como tais conteúdos constam nos
livros didáticos de Sociologia, aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) no
Edital de 2018, a partir da análise de conteúdo. Estamos cientes de que a pesquisa documental nortear-se-á pela
análise de documentos, restrita ao nível formal do currículo, onde os objetivos e conteúdos das disciplinas
escolares são estabelecidos de cima para baixo, ou seja, nos propomos a analisar as orientações legais da
educação referentes a determinados conteúdos e sua expressão nos livros didáticos de Sociologia,
disponibilizados ao ensino regular pelo Estado. No entanto, restringir a análise às normativas educacionais
institucionais não invalida nossa pesquisa, mas, expressa a construção do objeto de pesquisa a partir de suas
possibilidades e limites, não sendo possível no momento compreender os efeitos da Lei nº. 10.639/2003 na
comunidade escolar. A investigação encontra-se na etapa de exploração dos livros didáticos, que constitui o
mapeamento dos conteúdos, a partir do qual os mesmos serão categorizados e analisados, lembrando que
compreendemos enquanto conteúdo a ser observado, tanto o texto escrito quanto imagens, gráficos, mapas e
atividades, pois estes também apresentam informações e conteúdos a serem considerados, ao nos possibilitar
observar nas obras as concepções teórico-metodológicas com base na apropriação dos conteúdos de história e
cultura africana e afro-brasileira pela disciplina de Sociologia. Palavras-chave: Currículo Escolar. Sociologia.
Livro Didático. Educação das Relações Étnico-Raciais. [

Tamires Guimarães do Nascimento (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP). Em primeira pessoa:
narrativas de estudantes negras sobre sua permanência na Universidade Federal de São Paulo – Baixada
Santista. Este trabalho busca realizar nova análise das entrevistas coletadas durante a produção do trabalho de
conclusão de curso “Permanecer e concluir: desafios e estratégias da(o)s estudantes negra(o)s na UNIFESP-BS”.
Nesta etapa, a análise das entrevistas visa compreender as narrativas de estudantes negras a fim de dar
visibilidade para sua trajetória; seu cotidiano da vida pessoal; acadêmico, em que se expressa à relação da
estudante com a universidade e os aspectos da permanência material; estar e permanecer na universidade, com
vistas a compreender a percepção da estudante sobre a permanência simbólica. Pensar o curso da permanência
de si mesma na universidade é composto por um conjunto de componentes. Diversos são os desafios que estão
colocados para a população preta, pobre e periférica no momento de acessar a universidade, especialmente as
mulheres negras, pois historicamente estiveram alijadas de diversos espaços da sociedade. Socialmente as
mulheres negras foram destinadas a ocupar espaços subalternizados. Na dimensão educacional, em sua maioria
eram encontradas somente em cargos de limpeza, cozinha, entre outras funções heranças da escravidão. Nesse
sentido, para as mulheres negras acessar a universidade pública significa dar um novo sentido para sua
existência. Além do acesso, faz necessário pensar a permanência em um espaço que habita o racismo, machismo
e o sexismo e a ausência de políticas de permanência que contemplem as especificidades da estudante negra. Por
meio das entrevistas, as estudantes negras puderam vocalizar sua condição e colocar em evidência suas
trajetórias; cotidianos da vida pessoal; contextos acadêmicos, em que se expressam a relação das estudantes com
a universidade e os aspectos da permanência material; percepções quanto a estar e permanecer na universidade,
com atenção especial para os aspectos da permanência simbólica. As narrativas destas estudantes dão vida às
estratégias de permanência que revelam os desafios que enfrentam para a permanência simbólica, que se refere à
representatividade nos diversos espaços da universidade onde a estudante negra possa se sentir pertencente e
reconhecida nela. Tais estratégias são formas de dar respostas à ausência de políticas afirmativas. Palavra-
Chave: Mulheres Negras; Universidade Pública; Ações Afirmativas; Permanência estudantil.

Tânia Pedrina Portella Nascimento (USP). Reflexões sobre participação e educação: atuação política e
epistemológica na perspectiva de gênero e raça. Esta comunicação contém apontamentos acerca das reflexões
teóricas provocadas no desenvolvimento da pesquisa para a tese de doutoramento, situada no campo das
pesquisas em educação e relações raciais, e da participação no Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE),
junto a turmas de graduação, na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. A exposição tem como
objetivo apresentar resultados parciais da pesquisa em andamento sobre a atuação negra nas Conferências
Nacionais e nos Planos de Educação em confluência com a experiência de opção metodológica e teórica
observada na disciplina Relações de Gênero e Educação durante a participação no PAE, no primeiro semestre de
2018. O estudo referido neste trabalho trata da agenda racial nos processos participativos, com recorte específico
nas conferências realizadas entre os anos 2005 e 2014. Nos anos 2000, foram realizadas várias Conferências
Nacionais, entre elas a de Educação e as de Promoção da Igualdade Racial, tais eventos visavam a participação
popular para a elaboração de planos orientadores de políticas públicas. Na revisão de literatura percebe-se que as
conferências e os planos foram pouco estudados e que houve uma multiplicidade de segmentos sociais
disputando espaço e influência nos processos. Com recorte no grupo da agenda racial, partimos da hipótese de
que apesar dos avanços verificados para a agenda racial nos processos participativos, a profusão de segmentos e
demandas no âmbito das conferências e dos planos potencializaram os conflitos das tensas relações raciais,
favorecendo dessa forma a invisibilidade das questões raciais na orientação de políticas públicas, mas ainda
assim, a participação negra qualificou positivamente tanto a formulação de orientações e planos, quanto a
participação popular. Por meio da metodologia de análises documentais dos textos base e relatórios finais das
conferências, bem como boletins e documentos de instituições governamentais e da sociedade civil durante o
processo preparatório e de participação nas conferências, os resultados parciais iniciam o atendimento de alguns
objetivos da pesquisa, como o de ampliar o conhecimento sobre as Conferências e seus participantes. Os
resultados corroboram o discurso dos movimentos sociais sobre a intensa participação e articulação das
mulheres negras e também aponta a invisibilidade desse protagonismo na atuação política. Esse resultado parcial
conflui para a experiência no PAE quando dialoga com a invisibilidade do protagonismo da mulher negra como
produtora de conhecimento científico e agente política. A Comunicação apresentada tem origem em pesquisa de
doutorado financiada pela CAPES.

Társis Salmom da Silva Lopes (Autor) Secretaria de Estado de Educação do Pará; Jacqueline Cunha da Serra
Freire (Coautor) Universidade Federal do Pará (UFPA). Educação Pública, Clima Organizacional e
Qualidade de Vida de Professores: estudo de caso em escolas da Rede Estadual de Ensino no Pará. A
educação como bem público é elemento estruturante para a garantia do direito humano à educação. Em tempos
de complexas relações no mundo do trabalho e baixos indicadores educacionais da rede pública estadual de
ensino no estado, o presente estudo objetivou analisar o clima organizacional em duas escolas públicas do estado
do Pará: E. E. E. F. Celina Del Tetto, situada no município de Ananindeua e E. E. E. F. e M. João Batista de
Moura Carvalho, situada no distrito de Benfica, município de Benevides, e suas implicações na Qualidade de
Vida no Trabalho (QVT) de docentes das respectivas instituições. O pressuposto do estudo é que a melhoria da
educação pública também deve ser perpassada por uma política de gestão de pessoas que valorize o clima
organizacional como vetor de QVT, na perspectiva de que relações humanas saudáveis potencializarão trabalhos
integrados e interdisciplinares, propiciarão práticas educativas mais dialógicas e potencializarão competências
técnicas, entre outros elementos. Referenciado teórico e metodologicamente em autores do campo temático
objeto de estudo, concorda-se com a abordagem conceitual de Luz (2003) clima organizacional “é a qualidade
ou propriedade do ambiente organizacional, que é percebida ou experimentada pelos membros da organização e
influencia o seu comportamento”. Concorda-se ainda com Conte (2003, p. 33) que argumenta a Qualidade de
Vida no Trabalho como “um programa que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao
desenvolver suas atividades produtivas na organização, tendo como ideia básica o fato de que as pessoas são
mais produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho”. Metodologicamente
trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem quali-quantitativa, mediante análise documental, aplicação
de questionários e entrevistas, aliado a um processo de triangulação dos dados. O estudo revelou que as relações
de trabalho mediadas por um clima organizacional satisfatório proporciona uma QVT que repercute na
convivência humana saudável, no processo educativo mais amplo envolvendo desde o planejamento pedagógico
ao ensino-aprendizagem no cotidiano da sala de aula, assim como no clima relacional entre estudantes e
professores, entre outros fatores. A análise dos dados possibilitou a proposição de ações para melhorar o clima
organizacional e assim aumentar o nível de satisfação e qualidade de vida dos profissionais da educação das
escolas pesquisadas.

Tatiane Cristina Araújo de Oliveira Lima (Sefras - Serviços Franciscanos de Solidariedade). O Jongo e o
Feminismo – arte, identidade e resistência com cara de mulher. Considerado Patrimônio Imaterial Brasileiro
em 2005, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), integrando a presença da dança
circular coletiva, a percussão de tambores e elementos mágicos como a fogueira, cantigas e ancestralidade, o
Jongo surge em meados do século XIX no contexto da realidade escravocrata brasileira, nas lavouras de café e
cana-de-açúcar na região sudeste do Brasil, especificamente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Existe e
resiste, enquanto manifestação artística afro-brasileira, carregando na sua história uma ligação com o surgimento
dos quilombos. Compreendendo a importância do Jongo na realidade brasileira, esse projeto de pesquisa visa
investigar, sob a perspectiva marxista feminista interseccional, como o Jongo se manifesta enquanto forma de
resistência e identidade da mulher negra. O método marxista feminista interseccional permitirá a análise desse
objeto de pesquisa, considerando a arte como categoria fundante do ser social, assim como o trabalho – ambos
necessários para satisfazerem as necessidades humanas – sejam elas materiais para a subsistência, sejam elas da
dimensão do sensível, considerando a subjetividade e complexidade do ser social. Assim, as manifestações
artísticas podem ser compreendidas, enquanto possibilidade da arte como práxis humana, propiciadora de
posicionamentos críticos em relação à alienação frente à dominação burguesa patriarcal, como também formas
de luta e organização política. Nesse sentido, esse projeto reconhece as opressões de gênero, raça e classe sendo
estruturantes do modo de produção capitalista, pautada em uma organização política e econômica, que tem como
base a divisão de classe, submetendo a classe dominada à exploração e opressão, bem como, considerando o
sexismo imputado a partir do patriarcado enquanto sistema de dominação. A abordagem utilizada será a
abordagem qualitativa, considerando a importância da compreensão dos significados e simbologias atribuídos
pelos sujeitos de pesquisa ao referido tema, tendo como caminho metodológico estudos bibliográficos e pesquisa
de campo em duas comunidades jongueiras do Estado de São Paulo. Considerando a forte presença de mulheres
no Jongo, bem como, simbolismos femininos, como o elemento coreográfico da umbigada, serão realizadas a
observação participante e entrevistas, que por meio das narrativas das histórias de vida, permitirão a análise da
compreensão ou não do Jongo por parte das participantes das comunidades jongueiras, do Jongo enquanto
manifestação artística de luta política, resistência e identidade da mulher negra, considerando o desenvolvimento
sócio-histórico e confrontando a realidade posta com as hipóteses levantadas nesse projeto. PALAVRAS-
CHAVES: Jongo; Mulher ;Resistência; Identidade

Tatiane da Conceição Carneiro (UFRRJ); Juliana do nascimento Avelino. Professoras Doutoras Negras
Atuantes nos Cursos de Pós Graduação em Educação e em Relações Raciais.: Um olhar sobre o racismo
Institucional. O objetivo desse estudo, é destacar a trajetória e a relevância que as mulheres negras têm trazido
para o campo das pesquisas. Dessa maneira nossa proposta é investigar , perfil de Professoras negras que
possuem doutorado e que são docentes inseridas nos cursos de pós graduação em educação e em Relações
Raciais nas universidades públicas do Rio de Janeiro. O conceito de raça e um conceito que necessita ainda ser
muito discutido, Por esse motivo, faz-se importante entender um pouco como surgiu o conceito de raça .
Segundo (Pena, 2005) Do ponto de vista das ciências biológicas, o conceito de raça humana inexiste, em outras
palavras podemos dizer que os grupos raciais não são de natureza biológica e sim um conceito socialmente
construído. Ao observarmos os dados referentes ao ensino superior perceberemos que as desigualdades
existentes entre negros e brancos são ainda mais assustadoras, (35,6%) da população em idade entre 18 a 24
anos matriculam-se no ensino superior. Infelizmente os dados nos mostram que o percentual de negros não
passou de ínfimos (4,9%), já entre os brancos esse número tem um aumento bastante expressivo, onde (37,3%)
da população branca estão matriculados. Ainda analisando os dados do (IBGE, 2004). As mulheres negras têm
os baixos salários, seus rendimentos chegam a apenas 32% do rendimento mensal de um homem branco, essas
mulheres vêm seguidas dos homens negros que logo acima delas são os indivíduos que apresentam os mais
baixos rendimentos. Ainda hoje existe o mito que a população negra está inserida nas subcamadas sociais,
porque não se esforça o suficiente para ascender socialmente, explicitando Lélia Gonzáles: cume que é? Então
os negros que vivem à margem da sociedade por falta de moradia, trabalho, e alimentação não são esforçados?
Um exemplo claro disso e que nosso imaginário social não nos permite pensar em uma mulher negra como uma
rainha, ... na verdade acredito que ao afirmar isso eu esteja de veras enganada, nossa imaginação permite sim
que uma mulher negra possa virar rainha, mais existem dias específicos para que isso possa acontecer.... acabado
esses dias isso não é mais possível.

Terezinha de Jesus Machado Maher (UNICAMP). Uma janela para o “Ensino Crítico de Língua
Portuguesa” no Brasil indígena. Advogar incisivamente a favor de um “ensino crítico de línguas” tornou-se
prática comum, já há algumas décadas, entre aqueles interessados em propor projetos educacionais voltados para
as minorias etnolinguísticas. No entanto, subsídios para que esse argumento possa ser mais do que um mero
jargão, são, do meu ponto de vista, escassos. No mais das vezes, pelo que tenho podido acompanhar, as
propostas de um ensino dessa natureza que vão para além de um mero exercício de retórica tendem, por outro
lado, a se resumir à promoção, junto ao alunado em situação socialmente vulnerável, de uma conscientização
dos mecanismos utilizados pelos que detém o poder em diferentes esferas para mantê-los em situação de
subalternidade. Propostas concretas para o enfrentamento e eventual reversão dessa situação são muito mais
raramente contempladas na literatura especializada. Como forma de tentar contribuir, ainda que minimamente,
para que possamos pensar em possibilidades de atuação mais propositivas quando o que se deseja é promover o
ensino de língua portuguesa de uma perspectiva crítica, objetivo, nesta comunicação, apresentar e discutir o
processo de elaboração de uma unidade temática de um material didático desenvolvida por professores indígenas
do Estado do Acre, Brasil. Esse material, denominado “Aprendendo Português nas Escolas da Floresta I”, foi
elaborado durante um dos cursos de formação para o magistério indígena promovidos pela organização não
governamental e laica “Comissão Pró-Índio do Acre” (CPI-Ac). Participaram desse curso professores de 07
diferentes povos indígenas acreanos: Kaxinawá/Huni Kuin, Yawanawá, Jaminawa, Shawandawa, Katukina,
Aheninka e Manchineri. A unidade do material didático em questão aqui focalizada versa sobre as dificuldades
enfrentadas por membros desses povos quando vão aos centros urbanos para tirar seus documentos de
identidade. Os dados discutidos nesta exposição, frutos de uma pesquisa de base etnográfica, serão analisados à
luz de contribuições teóricas advindas dos campos da Sociolinguística Interacional (RIBEIRO e GARCEZ,
2002) e dos Estudos sobre Colonialidade (MALDONADO-TORRES, 2007) e Interculturalidade Crítica
(WALSH, 2006). Estratégias interacionais envolvendo o uso de convenções pragmáticas conflitantes serão foco
específico de exame.

Thainá Siudá da Silva (Anhanguera). Mulher negra e exclusão no mercado de trabalho. O racismo se faz
presente em todas as esferas da sociedade. Na esfera econômica ele exclui negros do mercado de trabalho, os
joga na informalidade e em subempregos privando-os de suprir suas necessidades básicas para um
desenvolvimento pleno. Para as mulheres negras a situação é ainda pior, estas têm 50% de chances a mais de
ficar desempregadas que a média geral. Além disso, essas são a parcela que menos se aposentou devido o grande
índice de trabalho informal. Na cidade de São Paulo, por exemplo, 1/3 das mulheres já trabalharam como
domésticas. A presente pesquisa se propõem a entrevistar jovens negras em idade entre 17 a 24 anos, indicadas
pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) da Região Sul de Diadema, cidade com grande índice
de negras e mulheres em situação vulnerável. Através de entrevista individual e discussão em grupo, pretende-se
chegar a alguns dos motivos pelos quais mulheres negras são excluídas do mercado de trabalho, quais políticas
seriam necessárias para enfrentar essas questões e como essas mulheres enxergam o racismo existente no
mercado formal e informal, se é que isto acontece. Para os (as) profissionais da assistência cabe o compromisso
com o Código de Ética Profissional do Assistente Social, aprovado em 1993, no qual prevê pela primeira vez a
questão da não discriminação como um de seus princípios fundamentais. Sendo assim deve-se trazer o debate
étnico racial para além dos fundamentos históricos do serviço social e trazê-lo ao cotidiano da profissão. Nada
mais justo já que lidamos, principalmente, com a parcela da população que foi historicamente excluída de seus
direitos e hoje necessita de equiparação social, econômica e política. Embora o campo privado seja de difícil
alcance dos profissionais do serviço social, deve-se prezar para que haja compromisso social, políticas de
inclusão e combate ao racismo das instituições e empresas. É necessária a investigação das causas do racismo
que exclui mulheres negras desse direito, a partir disso cobrar as políticas necessárias no campo público e
privado, sensibilizar essas mulheres dos direitos já conquistados e os que ainda precisam ser alcançados.
Palavras chave: Mulher negra, mercado de trabalho, serviço social, racismo.

Thais Lasevicius (Universidade Paulista-UNIP). A construção das medidas de segurança e do conceito de


periculosidade no processo de produção e reprodução da criminalização da loucura: servindo
ideologicamente a quem? Dentro dos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), a sentença
inicial para esse encaminhamento jurídico-penal é a medida de segurança. Essa medida, também traz consigo o
conceito da periculosidade, embasado através dos Exames de Verificação para Cessação de Periculosidade
(EVCP), que de acordo com Rauter (2003), serve como um "exercício de futurologia" dos profissionais que o
realizam, partindo da análise crítica sobre a quem esses exames serviriam, e a qual propósito. O objetivo geral
do trabalho é conhecer e analisar criticamente como se constroem os conceitos de medida de segurança e de
periculosidade através dos EVCP. A pesquisa avaliará esses Exames, no Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico "Dr. Arnaldo Amado Ferreira", em Taubaté /SP. Nos dados coletados, verificará se há também a
incidência das variáveis de gênero, raça e classe na população vinculada à medida de segurança. Os Exames
avaliados contemplarão o período de 2016-2018, sendo o intervalo de análise. O acesso aos Exames será
afirmado com a inscrição e confirmação da Secretaria da Administração Penitenciária e do seu Comitê de Ética
em Pesquisa através do Formulação de Obtenção de Anuência para Realização de Pesquisa. A Criminologia
Crítica se apresentará aqui como lente para análise, uma vez que, segundo Malaguti (2011), a criminalidade e o
crime devem ser vistos a partir das seguintes perspectivas: 1) o deslocamento do autor para as condições
objetivas, funcionais e estruturais e 2) o deslocamento das causas para os mecanismos de construção social
(realidade social daquele sujeito) (MALAGUTI, 2011, p. 92). Ou seja, essa lente de análise perpassa o
desenvolvimento dos processos de construção social, da produção e reprodução das relações sociais e das
desigualdades, considerando que essa reflexão não deve ser feita a partir de condições inerentes ao próprio
sujeito ou ao crime, mas sim, às condições análogas e constituição do modelo de sociedade capitalista em que
vivemos, o que servirá, portanto, como referencial teórico, método de análise crítica e discussão dos resultados
da pesquisa. Palavras-chave: Medida de segurança; Periculosidade; Hospitais de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico; Manicômio Judiciário; Loucura. Referências bibliográficas: BATISTA, V. M. Introdução crítica à
criminologia brasileira. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2011. RAUTER, C. Criminologia e Subjetividade no
Brasil. Instituto Carioca de Criminologia: Coleção Pensamento Criminológico. Rio de Janeiro: Editora Revan,
2003.

Thayany Toledo Muniz (UNIFESP). Quando sou sujeita, quando sou objeto? A trajetória do corpo de
Mulher Negra. Quando sou sujeito, quando sou objeto? A trajetória do Corpo de Mulher Negra. Neste
projeto de pesquisa de mestrado procuramos investigar e compreender a trajetória do corpo de Mulher Negra e a
relevância da tomada de consciência da ocupação de um corpo com determinada cor e gênero. Considerando o
lugar que este corpo negro ocupava e ocupa na sociedade, considerando a percepção do quadro histórico social
da mulher negra brasileira. Corpo este construído através dos conceitos de ideologia racista e machista para
formação da imagem que compõe a imagem da Mulher Negra Brasileira. O sistema escravocrata foi concludente
para o legado das atuais conjunturas vividas pela população negra. Observando a dinâmica história do negro no
Brasil se faz necessárias narrativas que exponham as especificidades em relação à(s) (vivências da mulher negra.
Compreender que a construção histórica do corpo da mulher negra e a cristalização dos estigmas sobre este
corpo, diversas vezes violado; Marcadas pelo estigma da escravidão, à elas permanecem destinados os trabalhos
sem qualificação, trabalhos que dispensam inclusive a educação e a instrução, sobre elas pesa, além das
diferenças de gênero, também as de raça. O que observamos é que com papéis sociais “naturalmente” definidos
como adequados, os nexos explicativos da condição da mulher negra remetem, primeiramente à sua condição de
escrava. Sobre elas recaem tanto as representações em relação o uso de seu corpo enquanto objeto sexual como
aquelas que o vêm adequado ao trabalho doméstico. Quando pensamos o corpo da mulher negra, é preciso
dimensionar os significados e valores construídos diante daquele ser humano que teve todo sua subjetividade
devastada comprometendo sua identidade. Procurar entender qual espaço histórico e social que qual corpo
ocupa. Verificar e perceber a construção dos papéis sociais perpetua e a arte ainda não transpôs essa barreira,
arte imita. Apesar de ser a maior parte da população feminina do país (51,7%), as negras apareceram em menos
de dois a cada dez longas metragem entre os anos de 2002 e 2012. Além disso, atrizes pretas e pardas
representaram apenas 4,4% do elenco principal de filmes nacionais. Por este motivo considera-se que é
importante pensar a ressignificação da mulher negra. Partimos para pensar ressignificação no teatro. Sendo este
um dos espaços de amplas possibilidades e autoconhecimento. Espaço este que essa mulher potencializa seu eu,
seu protagonismo, sua voz ativa; resgatando a autonomia sobre a sua trajetória.

Thiago Lima dos Santos (UNIFESP). Coletivos Negros e Formação de Professores em São Paulo. Esta
pesquisa versa sobre educação e relações étnico-raciais, considerando a formação dos professores como um
importante dispositivo para a implementação da Lei Federal 10.639/03. Dentro do campo da formação dos
professores, é importante considerar a relação entre os programas oficiais de formação e os alternativos,
geralmente pensados, oferecidos e desenvolvidos por movimentos sociais, ONGs e militância. Até que ponto as
iniciativas dos movimentos sociais, no que se refere à formação de professores sobre relações raciais no Brasil
tem sido tanto ou mais eficazes do que os programas oficiais de formação sobre esta temática? Existem
organizações ou coletivos do Movimento Negro da cidade de São Paulo que oferecem formações específicas
para professores? De que forma acontece, são periódicas ou pontuais? Como se estruturam esses coletivos?
Quais as referências conceituais e ideológicas nas quais se compõem? Quais materiais didáticos utilizados nas
formações? Como as formações qualificam as ações pedagógicas no sentido do combate ao racismo na escola?
Até que ponto os professores que têm acesso a esse tipo de formação interferem mais em casos de discriminação
racial? Esta formação quando oferecida aos educadores e educadoras, proporciona o subsídio necessário para se
trabalhar os conteúdos relacionados à africanidade? Esta pesquisa tem como objetivo geral, mapear os
programas de formação de professores sobre relações raciais oferecidos pelos movimentos sociais na cidade de
São Paulo. Os objetivos específicos são, fazer um levantamento de diferentes iniciativas não oficiais sobre
formação de professores oferecida por organizações do Movimento Negro; analisar esses programas de
formação considerando: acesso, material utilizado, profissionais envolvidos, público aderente; a partir das
discussões, elaborar um material final que possa ser utilizado em outros programas de formação. Uma das
questões que justifica a realização dessa pesquisa é o fato de existir uma carência de formação continuada de
educadores nesse sentido. Mesmo existindo, se mostram insatisfatórias e/ou de baixa qualidade. Esta pesquisa
também se justifica pelo fato de existir mais iniciativas alternativas do que oficiais.

Thiago Moura Lopes (Superintendência dos Serviços Penitenciários); Frida Dinareli (UNIJUÍ); Marianita Kutter
Ortaça (Autônoma). O Cárcere da liberdade. Este artigo pretende clarear fatores preocupantes no cumprimento
da pena versus a liberdade. As solicitações de pessoas presas para não sair da cadeia. E os que não verbalizam
mas tem uma alta taxa de reincidência, e na estatística geral há um acelerado crescimento em números de
homens e mulheres sendo encarcerados, o que vem a ser uma mensagem de não romper com o vínculo do
cárcere. Consideramos o título com duplo significado. Ele enquanto lugar que acolhe, significa e provê as
necessidades básicas do sujeito; o faz se reconhecer pertencente à um grupo, se institucionaliza com receio de
voltar a ser transparente à sociedade. Sente-se livre dos sofrimentos que lhe aprisionam fora do cárcere. Também
enquanto lugar que prende a consciência crítica do sujeito, abortando provisória ou permanentemente a reflexão
sobre a importância de sua obediência, à funcionalidade do sistema de exclusão e por isso o conforto na
alienação. Partiremos de uma análise da pessoa presa enquanto aluno na escola interna ao presídio, mas também
considerando o todo da instituição penitenciária, com a tarefa de educar estes cidadãos, para o reconhecimento
enquanto tal na sociedade e seu protagonismo na busca pela liberdade, ao menos no que diz respeito à libertação
do cárcere materializado. E clareando quem é a pessoa presa neste presídio especificamente, conclamo a sairmos
da bipolaridade do preconceito de preso, ora como anjo, ora como demônio, mas sim compreendermos a
complexidade desta pessoa neste tempo e espaço. Escutando os novos discursos verbalizados, das pessoas presas
na Penitenciária Estadual de São Luiz Gonzaga, de que não desejam sair do cárcere e também os discursos de
quem trabalha neste lugar, de que eles não querem responsabilidade com a vida, passei a analisar os dois lados
da grade para entender as razões de ambos fazerem tais discursos.

Tiago Lazzarin Ferreira (SEE-SP). Rap e jazz na sala de aula. Este trabalho tem o objetivo de propor uma
interpretação do significado de escola, com base na pesquisa de Doutorado intitulada Rap e jazz na escola
pública: um estudo sobre a formação cultural e o engajamento estético de jovens do ensino médio, realizada
entre os anos de 2013 e 2017. Nesta pesquisa, foram analisados os fenômenos do engajamento estético e da
formação cultural de estudantes da Escola Estadual Prof. Gualter da Silva, localizada no bairro do Moinho
Velho, região Centro Oeste de São Paulo. As análises foram amparadas por teorias dos filósofos Vilém Flusser e
Theodor Adorno. Contudo, a presente reflexão sobre o significado de escola será desenvolvida com base nas
proposições de Vilém Flusser constantes no ensaio intitulado Nossa Escola. Neste ensaio, o autor tece
considerações de caráter ontológico sobre a escola e as contrasta com mudanças estruturais econômicas e
políticas ocorridas a partir da Europa ao longo de processo civilizatório. Tais transformações ocasionam uma
escola que, no contexto da pós-história, enfrenta o dilema de se consolidar como aparelho a serviço do poder,
por um lado, e de se constituir como espaço para a politização das relações, o que se daria por meio e a partir da
arte, por outro. Portanto, este texto objetiva fazer dialogar a crítica de Flusser à escola com as proposições
conceituais de uma pesquisa realizada em uma unidade escolar periférica de São Paulo, em que as aulas de
sociologia do ensino médio pulsaram ao som do rap e do jazz. Assim, pretendemos reinterpretar as propostas
educativas realizadas em uma pesquisa de Doutorado, defendida na Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo. Portanto, o objetivo da pesquisa foi ressignificar as aulas de Sociologia com gestos que envolvessem
a escuta musical, debates, produções de textos, desenhos, poesias, letras de música com lastro em tradições
culturais de ancestralidade negra. Em outras palavras, foi proposta como ignição das aulas de sociologia a
abordagem do rap e do jazz como músicas que veiculam elementos dialógicos em suas linguagens, tais como a
improvisação, o chamado e resposta e o suingue. Palavras-chave: engajamento estético, escola pública, arte e
educação.

Tiaraju Pablo D'Andrea (UNIFESP); Renata Gonçalves (UNIFESP). Epistemologias Periféricas: gênero, raça,
classe e território. Este grupo de trabalho acolhe produções e debates que consideram as intersecções entre as
diferentes opressões e lutas, privilegiando análises que contemplem as epistemologias periféricas, em estreita
relação com o feminismo, a negritude e a classe trabalhadora. A partir das experiências de lutas dxs sujeitxs e do
processo de reflexão e aprendizagem gerado por estas, busca-se alargar a discussão sobre as referências teóricas
e as formas de construção do conhecimento nas Ciências Sociais, historicamente marcadas por uma visão de
mundo elitista e eurocêntrica. De modo especial, este grupo de trabalho privilegia a epistemologia presente na
experiência cotidiana (de existência e resistência dxs sujeitxs), de suas narrativas subjetivas, transformadas em
narrativas coletivas no próprio movimento da ação política. As cidades brasileiras expressam a distribuição
desigual de riqueza social, que provoca uma segregação entre territórios de pobreza e de riqueza, à qual
corresponde uma produção científica hegemônica e outra considerada periférica. Este grupo de trabalho pretende
colocar em diálogo a práxis decorrente das experiências dxs sujeitxs periféricxs (das cidades e da academia),
construídas em conjunto e na luta de movimentos sociais, que têm colocado no cenário político as questões
clássicas, como o conflito de classes, mas de forma interseccionada pelas experiências dos corpos dxs sujeitxs,
sobretudo aquelas marcadas pelos racismo, machismo, homofobia etc.

Valdeci Silva Mendes (Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT). Contribuições da história à
delimitação de objeto de pesquisa na e para educação: diálogos a partir de relações raciais, norteadoras
de questões à historiografia da enfermagem. O ensaio tem por objetivo apresentar as contribuições de
conceitos próprios e fundamentais do campo de conhecimento da história, na delimitação, bem como também,
no diálogo com outros conceitos que se relacionam com objeto de pesquisa, saberes e práticas de saúde
realizados por negros e negras nas primeiras instituições de saúde em Mato Grosso. As discussões, se vinculam
ainda à área de conhecimento, relações raciais, orientadora à formulações de questões a respeito da exclusão, do
esquecimento, da ocultação, do silenciamento e a subalternização de negros e negras na historiografia e na
profissionalização e ensino da enfermagem no Brasil. O contato com os conceitos: história, tempo, narrativa e
verdade, já vinham-se emergindo como uma necessidade a ser definida, dada a natureza do objeto de pesquisa e
seu caráter multidisciplinar e se oficializou na vinculação do pesquisador à disciplina Teoria e Metodologia da
História, ofertada no semestre de 2018/1 pelo Programa de Pós-graduação em História, na Universidade Federal
de Mato Grosso. As aulas expositivas e dialogadas, mediadas a cada encontro semanal, por um dos 14 discentes
matriculados na disciplina sob coordenação do professor, ocorreram entre março a julho de 2018. Dos 14 textos,
criteriosamente selecionados, abordados na disciplina, 4 foram compreendidos de maior relevância às
contribuições à pesquisa. Além disso proporcionou fundamentações teóricas, alinhando e corroborando na
escolha metodológica, instruindo o pesquisador enfermeiro à investigação no campo da história, à luz de teoria e
fundamentos da educação e das relacionadas as dinâmicas das relações raciais no país, há uma possível retórica
no passado, nos primeiros hospitais em Mato Grosso, espaços de saberes e práticas de saúde de hipóteses de
serem também realizados por negros e negras, cujos indícios se revelam na historiografia da saúde e doença e da
profissionalização e ensino da enfermagem, sem contudo serem reconhecidos e igualmente valorizados análogos
a outros personagens, precursores de origem racial branca, questões essas que se vinculam e estão alinhados as
ideias racialistas/eugenistas de um tempo histórico de relações de força de poder, com uso do saber que
marcaram profundamente diversas áreas de conhecimentos, inclusive foram ciências empregadas
sistematicamente na construção da imaginada nação brasileira, sendo a educação e a formação em saúde seus
principais instrumentos, alinhados com o silenciamento da história de negros e negras e suas contribuições a
saúde e a enfermagem.

Vanessa Dupheim Pinheiro (Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro). Aspectos do


Patrimônio Cultural Imaterial, da Memória Institucional e da Educação no Rio de Janeiro. Apresentação de
um trabalho em forma de comunicação sobre uma Instituição relacionada ao patrimônio cultural imaterial e a
história dos negros e afro-brasileiros de nossa cidade, chamada Conselho Municipal de Direito dos Negros
(COMDEDINE), importante instituição de memória destacada pela importância desta Instituição como
organização de consulta da sociedade do Rio de Janeiro com a esfera do Governo Municipal em defesa à causa
negra e aos direitos dos negros e afro-brasileiros. O COMDEDINE se apresenta como tema instigante de
pesquisa, de reflexão para nós pesquisadores por ser digno de menção positiva, pois além de possuir uma
trajetória longa, com práticas de combate ao racismo, ao acesso à cultura e educação não-racista ou
discriminatória, possui como missão “assegurar, coordenar projetos, campanhas e propostas de interesse da
população negra”. Este Conselho propõe também o resgate de tradições e costumes da cultura negra, tendo como
ações relacionadas à cultura e à educação, onde podemos citar algumas como por exemplo: o Troféu Cultura
Negra no Carnaval, Mulheres Negras em Ação, Dia Nacional da Consciência Negra e o Prêmio de Pesquisa
Escolar Concurso Conselheiro Bernardes Filho. O referencial teórico utilizado encontra-se em Florestan
Fernandes, Abdias Nascimento, Muniz Sodré, Mia Couto, Stuart Hall, Paul Gilroy diálogos, conceitos e teoria.
A importância do trabalho do COMDEDINE no exterior teve reconhecimento, ao ponto de em abril de 2012,
este Conselho ter recebido a visita da Assessora Senior de Articulação Intergovernamental da Secretária de
Estado dos Estados Unidos da América, Reta Jo Lewis e do Cônsul para assuntos políticos do Consulado dos
Estados Unidos da América, Kevis Wilson. Trabalhar no chão da Escola Pública com alunos adolescentes não é
tarefa fácil, contudo não menos prazerosa ao vê-los motivados a ler, pesquisar, pensar, refletir. A Instituição
COMDEDINE nos oferece a cada ano a oportunidade de participação e muitas pessoas já aceitaram o desafio.
Participar de um concurso promovido por uma Instituição envolvida com a cultura não-discriminatória, com a
educação e temática dos negros, só poderia acontecer por escolha, partilha e compromisso.

Vários estudos sociolinguísticos demonstram que o sotaque estrangeiro influencia a imagem de seu portador na
percepção de interlocutor em relação às características tão importantes como profissionalismo, inteligência,
desenvoltura, credibilidade e capacidade de empatia (Fuse et al., 2018; Huang, 2013; Levi-Ari & Keysar, 2010).
No presente trabalho, temos por objetivo compreender i) de que maneira o sotaque estrangeiro, sendo um
marcador social de diferença, atua em diferentes contextos de comunicação e ii) quais efeitos práticos,
emocionais e reflexivos ele provoca no seu portador. Para esse fim, adotamos a técnica autoetnográfica que
busca descrever e analisar sistematicamente (grafia) a vivência pessoal (auto) para entender a experiência
cultural (etno) (Ellis, Adams, Bochner, 2011), sendo especialmente produtiva nas situações de fronteiras
culturais e identitárias. Após duas semanas de registro sistemático das interações cotidianas marcadas pelo efeito
social do sotaque estrangeiro, constatamos que o sotaque i) se faz presente na maioria das situações
comunicativas cotidianas diárias; ii) produz efeitos imediatos, tanto discursivos, quanto práticos. Concluímos
que na interação cotidiana o sotaque denuncia a condição estrangeira do portador e por meio disso cria ou
reforça as fronteiras culturais, acionando os estereótipos e preconceitos e reconfigurando o jogo de poderes entre
os envolvidos.

Verônica Gomes Vassalo (Pontifícia Universidade Católica - PUC). Descolonização do Currículo - A questão
racial na formação do assistente social. O presente trabalho é fruto de indagações sobre a ausência da temática
racial na formação acadêmica do assistente social e busca a produção de pesquisas avançadas sobre a
importância da temática racial na Formação do assistente social, numa perspectiva de alforria dos nossos
currículos. Compreender o distanciamento entre classe e raça na formação acadêmica e suas consequências para
a prática profissional foram questionamentos determinantes para a construção deste estudo.Este estudo perpassa
atravessa questão social brasileira, originando-se na história do Brasil e na herança colonial/escravocrata, que
alicerça uma estrutura social baseada na racialização, materializando-se em todas as relações sociais, isto é, a
racialização torna-se um componente estrutural e estruturante das expressões da questão social brasileira. A
ausência da temática racial em nossa trajetória escolar e acadêmica é fruto histórico de um modelo colonial-
escravocrata que legitima um modelo educacional que adota tendências eurocêntricas como universais. Entender
os motivos desta ausência, e como tal ausência pode contribuir para a naturalização e legitimação do racismo é
um dos objetivos deste estudo. Discutir esta temática ainda pouco explorada no meio acadêmico, a partir da atual
situação de vulnerabilidade social da população negra usuária de políticas públicas, também constitui uma de
nossas intenções. O assistente social atua diretamente com a população em situação de vulnerabilidade social e
se faz necessário olhar para a cor da população e compreender tal estrutura social racializada. Este estudo
possibilitará reconhecer a existência do racismo neste cenário e compreender a questão racial como elemento
fundante e estruturante das relações sociais. O reconhecimento da importância da temática racial, consiste em
considerar as consequências deste período da nossa história e seus impactos nas expressões da questão social da
contemporaneidade. Desta forma, entendemos necessário incluir na formação acadêmica dos assistentes sociais a
reflexão e discussão sobre raça/ racismo e sua constituição histórica brasileira. Assim, a proposta de investigação
do presente estudo consiste em analisar a questão racial na formação acadêmica do Assistente Social e
compreender as influências da colonização sociedade brasileira e sua intersecção com a questão racial; analisar a
presença da questão racial nas diretrizes curriculares do curso de serviço social; compreender os motivos da
ausência da questão racial na formação acadêmica do assistente social e suas possíveis consequências para a
prática profissional, portanto, para a população negra atendida por este profissional.

Victor Vicente Barreto (UNIFESP). A trajetória de Formiga nas páginas do jornal Folha de São Paulo:
entre glórias e silenciamentos, 1996-2017. Este projeto de pesquisa propõe-se a investigar as aparições da
jogadora de futebol feminino Miraildes Maciel Mota, mais conhecida como Formiga, em reportagens publicadas
pelo jornal Folha de São Paulo, entre os anos de 1996 e 2017. Nascida em Salvador, Bahia, onde começou a
atuar no futebol profissional em meados dos anos 1990, Formiga construiu uma longa carreira à serviço da
Seleção Brasileira de Futebol, consolidando importantes conquistas coletivas e recordes pessoais. Além de três
títulos nos Jogos Pan-americanos e duas medalhas de prata nos Jogos Olímpicos, detém ainda o recorde de
participações em Copas do Mundo de Futebol Feminino, com seis participações. Entretanto, sua relevância no
âmbito esportivo está longe de refletir-se na mídia especializada, onde recebeu pouco destaque no decorrer do
tempo. Ao longo de aproximadamente vinte e dois anos de carreira, menções à jogadora no periódico Folha de
São Paulo - aqui escolhido para análise por se tratar de um dos jornais impressos que ainda possuem expressiva
tiragem, evidenciando sua influência enquanto veículo de comunicação - só foram feitas em esparsas oitenta e
uma oportunidades. Em geral, essas menções não passam de anúncios de escalações e/ou gols feitos pelo
volante. Nas poucas, e consideravelmente mais recentes, matérias que destacam Formiga, o assunto gira em
torno de sua longevidade nos gramados e dos recordes que derivam dela. Porém, o fato mais preocupante está
nos longos períodos de silenciamento em que Formiga, apesar de seu destaque enquanto atleta, esteve ausente
das páginas do jornal: ao todo, são dez os anos em que nenhuma menção é feita à atleta, quase metade de seu
tempo de carreira. Silenciamento este inimaginável a qualquer jogador de futebol masculino de alto nível que
dispute as principais competições de sua modalidade esportiva. Dessa forma, torna-se imprescindível que o
seguinte trabalho disponha dos estudos de gênero, enquanto instrumentos de análise das fontes históricas. A
metodologia a ser utilizada durante o trabalho pretende analisar diretamente as fontes jornalísticas, dispostas no
acervo online do jornal Folha de São Paulo em formato digitalizado, com o intuito de compreender as maneiras
pelas quais as questões de gênero, raça e classe possam ter influenciado nos silenciamentos encontrados nas
páginas do jornal. Dentre outros referenciais teóricos, o principal nome utilizado será o de Ângela Davis, com
seu trabalho Mulheres, raça e classe (2016).

Vinícius Lima da Silva Maciel (Universidade de São Paulo - USP). Discricionariedade da burocracia do nível
de rua: obstetrizes negras no atendimento pelo SUS no município de São Paulo. Os estudos sobre
implementação de políticas públicas evidenciam o papel do burocrata de nível de rua como ator principal para
efetivação na prestação de serviços pelo Estado, como afirma Lipsky (1980), eles atuam como policymakers, ou
seja, fazem a política concretizando ou reformulando as leis no momento da aplicação. No Brasil diversos
autores analisam a discricionariedade dos burocratas de nível de rua como elemento fundamental para
implementação e até mesmo reformulação de uma determinada política pública, pois são eles que determinam o
acesso do público a direitos e benefícios governamentais e é por meio deles que a população consegue acessar a
administração pública. Vale ressaltar que esses atores da ponta, assim como qualquer outra pessoa, são
influenciados por seus valores e sentimentos pessoais, que por vezes, determinam as ações dos mesmos em
relação aos cidadãos. No contexto brasileiro, a construção identitária é pautada na raça fazendo com que as
relações passem pelo processo de categorização social, com marcadores de alteridade corporal, que
ocasionalmente tem grande peso na decisão do burocrata de nível de rua sobre o direito de acesso de uma
parcela da população às políticas públicas. Por este motivo, é possível identificar diferentes posicionamentos dos
burocratas de nível de rua para com a população negra e não negra. Segurança pública, educação e saúde são
exemplos que possuem vasta bibliografia que confirma o racismo institucional produzido pelos burocratas no
momento de aplicação das políticas. No campo da saúde, dentro do eixo da saúde reprodutiva, é possível
identificar disparidades em relação a aborto, doenças sexualmente transmissíveis, taxa de natalidade e
mortalidade, quando se analisa dados com quesito raça/cor. A população negra está mais suscetível a estes
problemas, especialmente a mortalidade materna, o Brasil possui dados alarmantes, cerca de 64.464 mulheres
em óbito por esta causa no ano de 2017, deste número 34.705 foram mulheres negras, ou seja, 55,6%. No quadro
profissional de saúde, em especial no que tange gestação, importantes burocratas de nível de rua são as
obstetrizes, que resumidamente tem como função, o acompanhamento das gestantes em todo período
gestacional. E a partir do trabalho dessas profissionais que se dar-se-á o escopo deste projeto que tem como
objetivo compreender a relação das obstetrizes negras com as gestantes negras, observando discricionariedades
positivas, que podem ocorrer por identificação racial e empatia, desta forma proporcionando equidade dentro das
políticas públicas de saúde.

Virginia Soledad Martinez Coenda (Universidad Nacional de Córdoba). Diálogo de saberes: das palavras às
ações. Análise de uma experiência de tecnologia social. Bariloche, Argentina. Introdução: A proposta de
Boaventura de Sousa Santos (2006, 2010) da “ecologia de saberes” constitui um princípio epistemológico
fundamental para superar, em primeiro lugar, a monocultura do conhecimento e do rigor e, posteriormente, todas
as demais formas de invisibilidade que a partir dela se construíram. No entanto, quando tentamos
operacionalizar metodologicamente este princípio, surge uma série de dificuldades e questões. Este trabalho
pretende aprofundar os problemas que nos são apresentados como pesquisadoras/es quando nos propomos fazer
dialogar o nosso conhecimento -historicamente hierarquizado- com outros de diferentes matrizes epistêmicas, a
partir da análise de uma experiência de desenvolvimento de uma tecnologia para moradias populares de madeira
que ocorreu na cidade de Bariloche (Argentina), entre 2013 e 2016. Metodologia O desenvolvimento dessa
tecnologia para moradias foi realizado entre pesquisadoras/es do campo científico-tecnológico e três
organizações da economia solidária, com base nos princípios da tecnologia social (Dagnino e Tait Lima, 2011).
A perspectiva metodológica que guiou a experiência foi a da pesquisa ação participativa que, surgida na década
de 1970 na América Latina, combina participação e ação para transformar a realidade em um sentido
democratizante (Rahman e Fals Borda, 1989). O estudo desta experiência foi feito a partir da análise de
conteúdos em notas de campo, registros fotográficos e conversas com diferentes membros das organizações
participantes. Resultados Baseadas/os na proposta de pesquisa-ação participativa, realizamos seis oficinas
produtivas onde participamos atores do setor científico e da economia solidária, com o objetivo de combinar
diferentes conhecimentos para o desenvolvimento de um sistema construtivo baseado no uso da madeira das
espécies locais de pinus. Como resultado dessas oficinas, um protótipo de moradia foi construído em novembro
de 2016 para verificar tecnologicamente seu funcionamento. Em termos epistemológicos, o resultado foi um
diálogo efetivo de conhecimento, mas com a persistência da hierarquia do conhecimento científico que só às
vezes conseguiu fugir da centralidade e abrir espaço para outras epistemes. Discussão Conseguimos identificar,
na experiência, a existência de condições facilitadoras e inibidoras do diálogo de saberes. Entre as primeiras,
destaca-se a co-presença dos atores participantes, a localização das oficinas em um espaço cotidiano das
organizações da economia solidária, a condição de ensaio das atividades e a aparição no cenário de objetos
tecnológicos. Entre as segundas, podemos achar a primazia do uso da palavra, a dificuldade de compreender o
envolvimento do corpo e os afetos na produção do conhecimento e a compreensão dos objetos apenas em sua
função instrumental.

Vitoria Nascimento Silva (Unifesp). #ÉBOATO #ÉVERDADE: O uso do Tweeter pela Polícia Militar
durante os protestos de junho de 2013. A violência policial no dia 13 de junho na cidade de São Paulo foi o que
impulsionou uma adesão massiva aos protestos contra o aumento da tarifa em todo o Brasil. Diversos registro
feitos nesse dia, imagens e vídeos que mostravam a violência e abuso da força por policiais espalharam-se
rapidamente nas redes sociais, e a palavra repressão policial ganhou destaque nos noticiários, concorrendo com
as palavras vândalo e baderneiro usadas para descrever os manifestantes. Essa mudança de discurso fez com que
a corporação militar se posicionasse diante das acusações que circulavam na mídia e na internet. Da mesma
maneira que os manifestantes utilizaram as redes sociais para organizar os atos contra o aumento da tarifa em
São Paulo, denunciando através dos seus perfis o despreparo da policia Militar em relação às manifestações
públicas, a Polícia Militar apoderou-se dessas mesmas redes sociais para defender-se dos ataques das grandes
emissoras e amenizar a desaprovação da opinião pública em relação a PM. A hipótese é a de que a virada na
cobertura da mídia do apoio a ação violenta à acusação da violência, associado ao crescimento do protesto, levou
a Policia Militar a combinar o uso da força nas ruas com o uso das redes sociais para constituir a própria
narrativa dos protestos. Este projeto visa documentar e analisar como a Polícia Militar de São Paulo o utilizou do
Twitter como ferramenta para produção de conteúdo combinando estratégia de persuasão com o uso da força em
junho de 2013. A escolha da rede social Twitter deve-se a uma questão técnica, no sentido em que possui um
API (Application Programming Interface) aberta, que possibilita o uso de programas e aplicativos de raspagem e
coleta de dados, ademais permite uma busca personalizada através de temas que interessam a pesquisa. Para um
analise semântica, optamos por trabalhar com um recorte de mensagens que circularam a partir do dia 01 de
junho de 2013 restringindo a analise até o dia 31 de junho de 2013, período em ocorreram os protestos contra
aumento da tarifa no Brasil. Foram coletados cerca de 121 tweet’s nos perfis oficiais na Policia Militar de São
Paulo, utilizando a ferramenta de pesquisa avançada que a própria rede social disponibiliza quando conectados
ao site - twitter.com. Para tanto, a nossa pesquisa focará em entender como a polícia utilizou dessa combinação -
rede e rua, para organizar o seu repertorio de protestos tendo como base um discurso defendido nas publicações
dos Twitter que almejavam o apoio da opinião pública. Afim de reverter a imagem de violência que marcou o
dia 13 de junho, e a que caracterizou negativamente frente à população.

Wellington Marques da Silva (Conselho Regional de Psicologia). O ensino da cultura afro-brasileira:


subjetividade, identidade e autoestima das crianças negras. Devido à dificuldade, ainda persistente, para o
ensino sobre a história e cultura afro-brasileira e africana, ficando restrita apenas em livros didáticos e atividades
realizadas no dia 20 de novembro, dia da consciência negra. No Projeto Político Pedagógico das escolas, em
muitos casos, não existem propostas para trabalhar essa temática de forma transversal e interdisciplinar, ficando
a critério de alguns professores sua aplicação. Almeida e Sanchez (2017) apontam que, apesar dos incentivos e
investimentos não existe interesse real para por parte de toda a equipe pedagógica para uma efetiva
implementação do ensino da cultura africana e afro-brasileira. Além dessas, outras dificuldades estão ancoradas
num racismo institucional, assim como mostra Araujo (2018), estão presentes nas escolas, e que constitui o
pensar de professores, gestores escolares e alunos, tornando penoso a iniciativa de professores para o ensino da
cultura afro-brasileira e africana, tornando seu trabalho invisibilizados. A promulgação da Lei 10.639/03, que
altera a LDB (Lei de Diretrizes e Base), teve como premissa a valorização da cultura negra, fortalecimento da
identidade, e a luta antirracista nos currículos escolares, dessa forma nos perguntamos: de que maneira o ensino
da história e cultura afro-brasileira e africana pode contribuir para o fortalecimento da identidade, subjetividade
e autoestima das crianças negras? Para responder a essa pergunta este projeto de mestrado tem como finalidade
apresentar a proposta de pesquisa terá como objetivo analisar as possíveis contribuições do ensino da cultura
afro-brasileira e africana no processo de fortalecimento da subjetividade, identidade e autoestima das crianças
negras nas escolas de período integral de Santos. A pesquisa tem um enfoque qualitativo e exploratório, por
intermédio da análise de desenhos, contos e entrevistas nas escolas municipais públicas de período integral. Os
sujeitos da pesquisa serão escolhidos aleatoriamente entre os alunos, os pais responsáveis, professores e
educadores sociais. Desta forma, espera-se contribuir para o apontamento da importância desse ensino para o
processo contínuo de construção da identidade das crianças negras nas escolas e encorajamento e fortalecimento
dessa prática por parte da equipe escolar.

Wesley Nascimento Santos (Universidade Federal de São Carlos - UFScar), Diléia Aparecida Martins Briega
(UFSCar). A construção da identidade política do aluno negro surdo na universidade pública. O presente
trabalho tem como tema central a construção da identidade política do aluno negro surdo na universidade
pública. Já por um lado há a comunidade surda e por outros a comunidade negra que independe de ser surdo ou
não. O intuito é questionar e verificar de que maneira esse aluno negro surdo está se constituído dentro do meio
acadêmico e quais políticas têm sido pensadas para contemplar esse aluno enquanto negro e surdo, pois temos
uma dupla identidade. A negritude e a surdez acontecem na vida desse estudante separadamente, mas tanto uma
como a outra carregam estereótipos e características culturais. A respeito da surdez, Perlin (1998)destaca a
existência de uma identidade surda, em concordância a Hall (2003) que aponta a negritude enquanto experiência
vivenciada por pessoas cujos corpos são negros compartilham experiências de enfrentamento ao colonizador
branco. Com isso, o estudante negro-surdo se situa na universidade sofrendo um processo de adaptação não
somente ao contexto acadêmico, mas também aos padrões estéticos e comunicacionais. Esses corpos que
possuem essa dupla identidade e cabe estudar para melhor compreender como se situam dentro da universidade
pública já que ambas identidades são marginalizadas pela sociedade.

William dos Santos (Instituto Social Santa Lúcia). Homem Negro e as Ruas: (Des)construindo saberes sob a
ótica da masculinidade dentro do serviço de abordagem de rua. Grande parte da virilidade do homem negro
se resume às suas capacidades físicas e talentos sexuais, em um flagrante processo de animalização, em que é
reduzida sua “capacidade de controle sobre si e sobre o social”. Em ambos os casos nos tornarmos um “homem”
construído a partir do olhar e ações da branquitude. Nessa dinâmica ao ter reduzida suas opções de exercício
masculino e, portanto, seu status social, estimula-se que sejam sobrevalorizadas formas mais rudes e rígidas de
masculinidade, enfatizando seus atributos mais distintivos em relação às mulheres, não à toa homens negros são
retratados como hiper masculinos e superviris. Segundo o sociólogo Deivison Nkosi Faustino[4]: “O homem
negro deve ser “macho ao quadrado” em todas as situações exigidas, e só a partir desses atributos será
reconhecido… a própria afirmação do subalterno não prescinde dos atributos oferecidos pelo opressor, a
ausência ou a deficiência de algum elemento relacionado ao corpo terá consequências catastróficas para a
identidade deste homem”. O homem negro está o tempo todo na base da opressão por estar a todo momento
tentando equipara-se ao outro (Lélia Gonçalves). São nessas relações que passamos a notar as nuances que a rua
apresenta. E quando falamos dos atravessamentos no atendimento, falamos de população em situação de rua,
invariavelmente precisamos fazer o recorte de Gênero, raça e classe. Discussões estas que necessitam ser
ampliadas e realizadas em vários âmbitos para possibilitar intervenções que fortaleçam as subjetividades desses
sujeitos. É necessário que haja reflexão dos conceitos que estão por postos neste modelo de sociedade
normatizadora que desumaniza e coisifica a população mais vulnerável, a final, somente um grupo detém os
privilégios nesta classe dominante, colonizadora e opressora que se auto-intitula “Humana”: Neste modelo de
sucesso o humano é Homem, Hétero, Cis, Branco, Burguês. E nas políticas públicas, muitas vezes são essas
pessoas que decidem a vida de muitos outros. A presente pesquisa visa discutir através da intersecção raça,
gênero e classe os determinantes acerca da compreensão das masculinidades negras desta população vulnerável
que chegam na rua como única possibilidade de existir, mas expressam nela também com suas características
únicas os valores internalizados desta sociedade heteronormativa, machista, misógina e patriarcal.

Yacine Guellati (UNB); Marina Carvalho Paz (Coautor). “Quem atira já teve medo de tomar um tiro”:
juventude e violência na Ceilândia. O trabalho proposto integra o projeto de pesquisa Sociabilidades juvenis
na periferia do Distrito Federal: um estudo comparado sobre a relação entre jovens e policiais no Jardim Roriz
(Planaltina) e no Sol Nascente (Ceilândia). Essa pesquisa tem por objetivo principal, compreender as
sociabilidades juvenis em dois territórios da periferia do Distrito Federal, por meio da imersão em campo em
escolas públicas das respectivas regiões. Quanto às metodologias, foram realizadas oficinas em sala de aula e
grupos focais com alunos/as e entrevistas com professores/as e membros da direção das escolas selecionadas. A
seguinte proposta de trabalho apresenta os resultados parciais encontrados em Ceilândia, onde a imersão foi
realizada em dois Centros Educacionais que atendem alunos/as dos anos finais do Ensino Fundamental e do
Ensino Médio. O mundo da escola foi entendido como um lócus privilegiado para análise, possibilitando
vislumbrar os principais movimentos, circuitos e dinâmicas relacionadas aos jovens da localidade. Para além da
formalidade da educação, o espaço escolar se apresenta como lugar de convivência, de socialização e, por vezes,
de emergência de conflitos. Em um contexto de violências físicas, psicológicas e simbólicas, estas escolas
podem se apresentar como espaços de segurança ou como (re)produtoras de violências diversas. Em alguma
medida, a fronteira entre a escola e o mundo exterior é porosa, por vezes, fazendo com que, conflitos que se
iniciem na escola, ultrapassem os limites da instituição, e também permitindo que os conflitos externos
reverberem no ambiente escolar. Em uma tentativa de explorar o emaranhado de relações e instituições que
permeiam a vida destes/as jovens, propomos a apresentação de alguns resultados encontrados. Em uma primeira
parte, abordaremos as sociabilidades juvenis a partir das percepções dos/as jovens da localidade; em seguida,
exploraremos o mundo da escola do ponto de vista da comunidade escolar (alunos/as, professores/as e direção).
Por fim, considerando a dinâmica da violência e as articulações do Estado para a manutenção da “ordem
pública”, discorreremos sobre a relação entre estes jovens e policiais em Ceilândia e, em especial, no Setor
Habitacional Sol Nascente.

Zilma Soares Correia (Universidad de la Empresa). Leitura e identidades étnico-raciais: Um estudo do


acervo do Programa Nacional do Livro Didático. Ainda é frequente nos depararmos com uma realidade
marcada por ações implícitas e explícitas de racismo e discriminação aos afrodescendentes. Ao longo do século
XX, com árduas lutas do Movimento Negro, em prol de uma sociedade igualitária, consideráveis avanços foram
alcançados, dentre eles, mudanças em políticas educacionais, como a Lei 10639/03, que estabelece a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afrobrasileira” no currículo escolar. Dentro desse contexto, o
presente artigo teve como objetivo abordar as relações entre a literatura infanto-juvenil e as relações étnico-
raciais. O corpo teórico deste trabalho está referenciado, sobretudo, pelos argumentos de Gomes (2011) e Alberti
e Pereira (2007), para abordamos os processos históricos e políticos; no eixo que se refere à Educação
Intercultural, dialogamos com Candau (2012); nos remetemos aos escritos de Fairclough (2001) e Moita Lopes
(2002), para ambos os autores, as identidades são construídas por meio de práticas discursivas, dentre elas estão
as práticas de leitura e trazemos educação antirracista com Cavalleiro (2001). Trata-se de uma pesquisa de
natureza qualitativa, na qual o trabalho de investigação articulou-se em: pesquisa bibliográfica; pesquisa
documental e análise do acervo de títulos distribuídos às escolas públicas pelo Ministério da Educação, por meio
do Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização na Idade Certa. O material estudado foi o
direcionado às turmas de 1º ano do Ensino Fundamental no ano de 2017. Verificamos se as obras que o
compõem podem incidir para a construção de identidades étnico-raciais das crianças afrodescendentes e como
esses livros atendem à Lei 10639/03. Dentre as todas as obras analisadas, constatamos que as questões étnico-
raciais são pouco contempladas e oferecem minimamente subsídios para uma abordagem intercultural. Ainda há
pouca representatividade do negro enquanto protagonista. Este artigo trata-se de uma síntese de uma dissertação
de mestrado em andamento. Palavras–chave: educação antirracista; educação étnico-racial; identidade; literatura
infanto-juvenil
Zuleika Stefânia Sabino Roque (Secretaria de Educação-SP). Saberes Tradicionais e Neurociência: A
Capoeira, o Envelhecimento e a Cognição. A Capoeira é uma prática que transita entre saberes acadêmicos e
tradicionais. A produção da diferença, a hierarquia, o racismo está presente em nossa sociedade e mudanças de
paradigmas só serão possíveis a partir da adoção de novas epistemologias e/ou arriscando-se traçar formas de
construir conhecimento científico que sejam compartilhadas e que levem em conta diferentes sujeitos,
colocando-os como detentores de um saber. A capoeira é aqui apresentada como uma chave de leitura para a
compreensão da aprendizagem motora, como é uma prática cultural e esportiva exige um amplo repertório motor
e para adquiri-lo o capoeirista precisa fazer a aquisição de habilidades que surgem em virtude das interações
entre fatores ambientais e biológicos. Busca-se perceber como a capoeira pode contribuir para a qualidade de
vida e cultura cognitiva no envelhecimento dos indivíduos? A pesquisa visa aproximar as Ciências Humanas da
área de Saúde e Biológicas, verificando de que forma a prática da Capoeira impacta no envelhecimento. A
Capoeira é um processo educacional não formal que possibilita experiências envolvendo “saberes populares” e
os “saberes científicos”. No entanto, os desafios e o debate sobre o que constitui conhecimento válido, de quem
para quem e sobre quem, continuam. A Neurociência em sua busca pela compreensão de como o fluxo de sinais
elétricos através de circuitos neurais origina a mente e nos dá pistas sobre o como pensamos, agimos,
percebemos, aprendemos e lembramos, tem elucidado não só sobre a comunicação entre neurônios mas como
essa comunicação é modificada a partir da experiência. Se, a constatação de que a atividade física altera nossa
constituição cerebral já é de nosso conhecimento há um certo tempo e inclusive constituiu objeto de estudos de
diferentes pesquisadores, influenciando inclusive na qualidade de vida e condições de envelhecimento da
população; a capoeira, é uma atividade física que não existe sem a música e que além desse elemento exige de
seu praticante o domínio de uma série de conhecimentos que integram corpo, mente e espírito. Para fins de
delimitação do foco da pesquisa, buscar se a analisar a cognição, a emoção e a psicomotricidade a partir da
Capoeira. Integrando-se saberes tradicionais aos saberes acadêmicos, ao definir como sujeitos de pesquisa os
Mestres de Capoeira que como detentores dos saberes tradicionais, jogando luz às suas trajetórias de vida e ao
mesmo tempo, verificando, através de obtenção de dados comparativos, de que forma a cognição, emoção e
psicomotricidade desse grupo apresenta-se frente a idosos não praticantes dessa mesma modalidade.

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