Cardiomiopatia Dilatada - Artigo PDF
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Introdução
1 – Toxinas: Alcoolismo
Quimioterápicos: Doxorrubicina, bleomicina
Agentes retro-virais: Zidovudina, Didanozine
Fenotiazinas
Monóxido de carbono
Chumbo, mercúrio, cobalto
Cocaína
Medicina Perioperatória
2 – Alterações metabólicas:
Déficits nutricionais: tiamina, carnitina, selênio
Endocrinopatias: hipotireoidismo, tireotoxicose,
acromegalia, Cushing, diabetes,
feocromocitoma
Distúrbios eletrolíticos: hipocalcemia, hipofosfatemia
Processos infecciosos:
Virais:coxsackie, citomegalovírus,
AIDS
Riquetsia, difteria, micobactérias,
Fungos
Parasitas: toxoplasmose, Chagas
Processos Não Infecciosos:
Dermatomiosite
Lupus Eritematoso Sistêmico
Esclerodermia
Miocardite de hipersensibilidade
Sarcoidose
Miocardiopatia peri-parto
Doenças Neuro-musculares:
Distrofia muscular de Duchenne
Distrofia miotônica
Ataxia de Friedreich
3 – Cardiomiopatias familiares
388
Alguns autores incluem a cardiopatia isquêmica na fisiopatogenia da CMD12. Nessa situação,
ela passa ser a causa mais freqüente de miocardiopatia dilatada.
O principal achado morfológico na CMD é a dilatação de ambos os ventrículos, e na maioria
das vezes, dos átrios também. Freqüentemente encontram-se trombos murais na parede do ventrículo
esquerdo ou no átrio esquerdo e, os anéis das válvulas AV são costumeiramente dilatados, com
insuficiência valvular severa.
Na avaliação destes pacientes predominam os sintomas de insuficiência cardíaca esquerda
com dispnéia progressiva e eventualmente ortopnéia e dispnéia paroxística noturna. Na evolução
da sua doença, em determinado momento, 95% deles apresentam sinais e sintomas de franca
insuficiência cardíaca global com ascite, hidrotórax, turgência jugular, etc,(11) o que torna o prognós-
tico bem mais sombrio.
Em até 35% dos pacientes, o sintoma inicial pode ser dor toráxica ao exercício, indistinguível
da dor anginosa, denotando provavelmente uma menor reserva coronariana.(13)
Em um percentual pequeno de pacientes (1,5 a 4%), geralmente portadores de ICC avança-
siva dessensibilização dos beta receptores cardíacos e seu desacoplamento dos demais processos
metabólicos trans-membrana do miócito, responsáveis pelo acoplamento da excitabilidade com a
contratilidade.A resposta miocárdica às intevenções farmacológicas que envolvem estes receptores
fica assim bastante prejudicada e doses maiores que as habituais podem ser necessárias.
Com relação ao tratamento, estes pacientes se submetem à re-educação de hábitos alimen-
tares, sociais e de atividades. A dieta deve ser pobre em sódio quando predominam os sintomas
congestivos e também a água deve ser restrita quando o sódio plasmático é inferior à 130 mEq/l. É
desaconselhado o uso de fumo e álcool. A atividade física moderada e orientada deve ser indicada
e suspensa nos períodos de descompensação.
Os diuréticos, que fazem parte importante do tratamento, podem ser evitados quando a
cardiomegalia é assintomática. Os vasodilatadores são as drogas de escolha para o tratamento
inicial quando a disfunção ventricular passa a ser sintomática, já existindo evidências bem docu-
mentadas dos efeitos benéficos de alguns deles, como o inibidor da enzima de conversão da
angiotensina, enalapril (Cooperative North Sandinavian Enalapril Survival Study-CONSENSUS20
e Studies of Left Ventricular Dysfunction-SOLVD(21)).
O uso de digoxina, isoladamente ou em associação com outras drogas (como os
vasodilatadores e os inodilatadores) se apoia em trabalhos que apontam efeitos benéficos em rela-
ção à fração de ejeção, à tolerância aos exercícios e à diminuição dos sintomas congestivos22. No
entanto, o trabalho produzido pelo Grupo de Investigação da digoxina na insuficiência cardíaca –
prospectivo, randomizado e duplo cego – não mostrou queda na mortalidade mas apenas uma
pequena diminuição(queda de 28%) nas internações para tratamento de descompensações cardí-
acas.23
O uso de outros inotrópicos orais, embora parecesse promissor, e houvessem bases teóricas
que o sustentasse, revelou-se improdutivo e, até mesmo certos estudos multicêntricos, prospectivos
e randomizados tiveram que ser abandonados pela mais alta incidência de morte súbita no grupo de
pacientes submetidos às drogas em estudo. Assim, amrinone, milrinone, enoximone, dobutamina,
390 xamoterol foram abandonados no tratamento a longo prazo da insuficiência cardíaca de qualquer
etiologia. Vesnarinone e pimobendan, que aumentam a contratilidade miocárdica por mecanismos
diferentes também foram tentados e também abandonados pelo risco aumentado de morte súbita
por prováveis ações pró-arritmogênicas.
Outra classe de drogas que vem sendo utilizada na tentativa de diminuir a velocidade de
evolução da CMD é a dos betabloqueadores.24 por diminuir o impacto da estimulação excessiva
exercida pelo sistema nervoso simpático sobre o coração deprimido pela doença, e pela observa-
ção clínica de pacientes com infarto agudo do miocárdio e insuficiência cardíaca (redução significa-
tiva da mortalidade). O metoprolol tem sido o mais bem estudado mas outros dois, o carvedilol e o
bucindolol, também tem sido tentado. Os efeitos destas drogas se expressam em melhoria dos
sintomas, aumento na capacidade ao exercício e melhora na fração de ejeção, além de tendência
favorável para aumento da sobrevida. Relativamente aos bloqueadores dos canais de cálcio, os de
primeira geração (verapamil, nifedipina e diltiazem) causam deterioração clínica e hemodinâmica,
sendo portanto contra-indicados. A amlodipina no entanto, tem se mostrado capaz de melhorar a
tolerância ao exercício e reduzir em 45% a mortalidade em pacientes com ICC classe IV. Estes
Em pediatria
Em obstetrícia
Em cirurgia cardíaca: Cirurgia da válvula mitral
Ventriculectomia parcial
Transplante cardíaco
Desfibriladores
Ressincronizadores
pensação cardiovascular, tais crianças não toleram elevações súbitas de débito cardíaco. Assim, cho-
ro ou agitação por jejum prolongado, medo, frio, dor, separação dos pais, etc. são muito mal tolera-
dos e podem desencadear choque cardiogênico e até parada cardíaca, mesmo antes do procedimen-
to se realizar. A escolha dos agentes para a realização da sedação deve levar em consideração a
necessidade de manutenção da volemia, bem como interferir o mínimo possível com a contratilidade
miocárdica e a freqüência cardíaca. Extremo cuidado deve ser dedicado à monitorização da
adequacidade da ventilação, pois hipóxia e/ou hipercarbia, deprimem ainda mais as propriedades das
fibras cardíacas e com facilidade, contribuem para a falência cardiovascular aguda. Qualquer medica-
Medicina Perioperatória
ção pré-anestésica, se for prescrita, deve ser administrada sob a supervisão direta de um anestesiologista.
Para os procedimentos intracavitários, de extensão maior ou mais prolongados, a técnica de anestesia
geral costuma ser preferida. Como todos os agentes inalatórios halogenados são depressores da
contratilidade miocárdica, além de produzirem queda no retorno venoso e vasodilatação periférica,
sua utilização deve ser a mais cuidadosa possível. As técnicas de anestesia intravenosa total tem sido
preferidas, com agentes rapidamente eliminados, como o remifentanil e o propofol, este último em
concentrações sangüíneas suficientes para obter e manter a inconsciência(2-4 ug/ml). A suplementação
com um agente inalatório (iso ou sevoflurano em baixas concentrações), é uma outra opção. A admi-
nistração de anticolinérgico deve preceder a indução da anestesia, na tentativa de evitar qualquer
queda da freqüência cardíaca ou perda do ritmo sinusal. A ventilação pulmonar controlada ou assistida
deve interferir o mínimo possível com o retorno venoso e o esvasiamento do ventrículo direito durante
a sístole, sendo realizada com volumes correntes menores (5-8 ml/kg) e freqüência mais altas capazes
de manter discreta hiperventilação (ETC02 23-25 mmHg). Tão importante quanto uma indução suave
é a produção de um despertar lento, evitando-se a depressão ventilatória e a hipóxia, mas também o
choro e a agitação. Assim, especial cuidado deve ser dirigido para a analgesia, preferencialmente
realizada com anestésicos locais depositados nos bordos da incisão, em nervos periféricos ou troncos
nervosos e até mesmo sobre o neuro-eixo.
A monitorização trans-operatória deve seguir as recomendações da ASA e, se for necessária
a reposição mais vigorosa de volume, porque a cirurgia é prolongada ou causadora de grandes
perdas, ou deslocamentos de líquidos entre espaços, é imperiosa a monitoração, pelo menos da
pressão de enchimento das cavidades direitas. Os cuidados relativos à manutenção da temperatura
corporal devem também, ser enfatizados. Estes pacientes, idealmente, devem ser anestesiados, e
se recuperar da anestesia e cirurgia, no melhor estado cardiovascular possível, sendo recomendá-
vel a utilização peri-operatória de um inotrópico, como a dobutamina, isoladamente ou em associ-
ação com amrinona29.
A cardiomiopatia dilatada em Obstetrícia: A cardiomiopatia peri-parto é uma
392 cardiomiopatia congestiva rara de causa ainda não bem esclarecida e que pode ter como conseqü-
ência, risco iminente de morte para a mãe e o recem nascido. Os critérios para o seu diagnóstico
incluem: (1) Desenvolvimento de insuficiência cardíaca no último mês da gravidez ou dentro dos
cinco meses que suscedem o parto; (2) Ausência de uma causa determinável para a insuficiência
cardíaca; (3) Ausência de cardiopatia demonstrável antes do último mês da gravidez; (4) Demons-
tração ecocardiográfica de disfunção sistólica do ventrículo esquerdo.(30,31) O diagnóstico deve
afastar outras patologias capazes de acometer a grávida ou puérpera, e produzir quadros de
descompensação cardiovascular, como a hipertensão acelerada da pré-eclâmpsia, a disfunção
ventricular diastólica, certas infecções sistêmicas, o tromboembolismo pulmonar ou mesmo o esta-
do de alto débito cardíaco próprio da gravidez.
Com a inclusão do quarto critério diagnóstico visto acima (demonstração ecocardiográfica
de disfunção sistólica ventricular esquerda), a incidência desta patologia não deve ser superior a 1:
15.000 nascimentos vivos.32) Existe, na verdade, nítida variação geográfica e temporal, face à inclu-
são neste diagnóstico, nos diversos trabalhos, de várias situações clínicas em que predominam os
sinais de insuficiência cardíaca congestiva mas não as alterações ecocardiográficas citadas. Assim,
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