Alienação Parental - Artigo
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ANO 62 – AGOSTO DE 2014 – Nº 442
Fundador
Professor Angelito Asmus Aiquel
Diretor Executivo
Elton José Donato
Coordenador Editorial
Cristiano Basaglia
Conselho Editorial
Ada Pellegrini Grinover – Alexandre Pasqualini – Alexandre Wunderlich
Anderson Vichinkeski Teixeira – Antonio Janyr Dall’Agnol Jr.
Araken de Assis – Arruda Alvim – Carlos Alberto Molinaro
Cezar Roberto Bitencourt – Daniel Francisco Mitidiero – Daniel Ustárroz
Darci Guimarães Ribeiro – Eduardo Arruda Alvim – Eduardo de Oliveira Leite
Eduardo Talamini – Ênio Santarelli Zuliani – Fátima Nancy Andrighi
Fredie Didier Júnior – Guilherme Rizzo Amaral – Humberto Theodoro Júnior
Ingo Wolfgang Sarlet – Jefferson Carús Guedes
João José Leal – José Carlos Barbosa Moreira – José Maria Rosa Tesheiner
José Roberto Ferreira Gouvêa – José Rogério Cruz e Tucci – Juarez Freitas
Lúcio Delfino – Luis Guilherme Aidar Bondioli
Luís Gustavo Andrade Madeira – Luiz Edson Fachin – Luiz Guilherme Marinoni
Luiz Manoel Gomes Júnior – Luiz Rodrigues Wambier – Márcio Louzada Carpena
Mariângela Guerreiro Milhoranza – Paulo Luiz Netto Lôbo
Rolf Madaleno – Salo de Carvalho – Sergio Cruz Arenhart
Sérgio Gilberto Porto – Teresa Arruda Alvim Wambier – William Santos Ferreira
Jurisprudência
Civil, Processual Civil e Comercial
Acórdãos na Íntegra
1. Supremo Tribunal Federal........................................................... 125
2. Superior Tribunal de Justiça........................................................ 133
3. Tribunal Regional Federal da 1ª Região...................................... 149
4. Tribunal Regional Federal da 4ª Região...................................... 157
Ementário de Jurisprudência
1. Ementário de Jurisprudência Civil, Processual Civil e Comercial.....167
Ementário de Jurisprudência
1. Ementário de Jurisprudência Penal e Processual Penal......................221
Doutrina Cível
O Mestre Fernando Rubin sentiu a necessidade de discorrer a respeito
de um fundamental princípio do sistema adjetivo, do qual muito tratamos
e que constantemente é utilizado ao se ponderar a respeito do iter procedi-
mental de cognição e também de execução. Entender a aplicação do princípio
dispositivo é fundamental para se compreender a lógica do processo contem-
porâneo, que não pode deixar de ser coisa das partes para se transformar em
exclusivo objeto de interesse e atuação do Estado-juiz.
A Mestranda Mariana Menna Barreto Azambuja assevera que, dentre
todos os direitos fundamentais elencados na Constituição Federal, certamen-
te o direito da personalidade, mesmo com sua recente existência no ordena-
mento jurídico brasileiro e suas constantes divergências conceituais, merece
o devido destaque. Isso porque é este direito que fará com que tenhamos pro-
tegido o nosso núcleo pessoal, dentre eles: nossa honra, nosso nome, nossa
imagem e, por fim, nossa privacidade. Da mesma forma, a análise das formas
de violação e reparação destes direitos, através dos danos materiais e morais,
se faz imperiosa dentre os operadores do direito, tendo por base o crescimen-
to das possibilidades de invasão no âmbito privado dos cidadãos, seja atra-
vés dos meios de comunicação ou até mesmo do uso pessoal da tecnologia.
A Advogada Alice da Rocha Silveiro faz um breve exame das transfor-
mações ocorridas na sociedade, a partir da Constituição Federal de 1988, que
trouxe mudanças no campo das relações familiares, estabelecendo a igualda-
de entre homens e mulheres, e a consagração dos princípios da dignidade da
pessoa humana, afetividade, solidariedade e, especialmente, o princípio do
melhor interesse da criança. A partir daí a criança passou a ser reconhecida
como sujeito de Direito que merece especial proteção do Estado. Tendo em
vista essa realidade, foi efetivada, em 2010, a Lei nº 12.318, que cuida da pro-
teção das crianças em face de maus-tratos, pressões psicológicas, entre outros
aspectos que as prejudiquem. Ainda, simultaneamente a esta realidade atual,
a preferência legal passou a recair pelo compartilhamento da guarda dos fi-
lhos. Assim, o escopo deste trabalho abrange aspectos jurídicos e psicológi-
cos da Síndrome da Alienação Parental (SAP), com foco nas consequências
geradas nas crianças e nas medidas a serem tomadas quando identificada a
prática da SAP por um dos genitores, analisando qual o melhor tipo de guar-
da diante desta situação.
A Professora Liane Tabarelli Zavascki elabora um estudo sobre o Có-
digo Civil de 2002, e afirma que na sua estrutura por princípios, cláusulas
gerais e conceitos indeterminados, revela a intenção legislativa de se preten-
der um sistema aberto. Tem como objetivo refletir sobre as contribuições da
interpretação civil-constitucional para que essa tessitura aberta do sistema
não comprometa a segurança jurídica do ordenamento.
Doutrina Penal
Os Editores
Doutrina
Cível
ve
a C íí v l
el
PALAVRAS-CHAVE: Processo civil; princípio dispositivo;
fase de conhecimento; fase de execução.
execução; Conclusão.
r ii n
INTRODUÇÃO
tr
1 RUBIN, Fernando. A preclusão na dinâmica do processo civil. 2. ed. São Paulo: Atlas,
mar. 2014. 363 p.
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para dar a cada um o que é seu de direito, depois de ser devidamente provo-
cado pela adequada via processual.
O sistema processual assim montado presta-se para que o Magistra-
do haja dentro da lei, não ultrapassando dos seus propósitos, vulnerando a
imparcialidade que dele a sociedade espera; impedindo que inicie processo e,
principalmente, altere a causa de pedido e/ou pedido do feito que ele mesmo
terá que julgar futuramente.
Representa, pelo que foi até aqui exposto, o princípio dispositivo, um
dos alicerces do sistema processual, determinando uma adequada limitação
ao poder de atuação do Magistrado. Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, na
sua tese de doutorado, bem atentou para esse detalhe, referindo que tanto no
direito brasileiro como na maioria dos ordenamentos processuais, o maior
limite formal para a atividade do órgão judicial é o constituído pelo princípio
dispositivo, sendo esse papel desempenhado pela preclusão no concernente
aos atos da parte4.
Em linhas propedêuticas, cabe ainda registrar que o princípio disposi-
tivo se aproxima de alguns outros importantes e históricos institutos proces
suais, embora com eles não se confunda propriamente. Embora haja um as-
pecto subjetivo que integra também o princípio do juiz natural, este relaciona-se
especificamente à garantia de preexistência do órgão jurisdicional ao fato (le-
vado ao conhecimento do juízo pela parte interessada) e o respeito absoluto
às regras objetivas de determinação de competência5. Por sua vez, o princípio
da identidade física do juízo aponta que o Magistrado que desenvolveu a instru-
ção deve proferir julgamento final, em razão da sua vinculação mais próxima
às questões fáticas controvertidas discutidas ao longo do procedimento. Ain-
da, o princípio da indeclinabilidade, ou da inafastabilidade da jurisdição, tem a
peculiaridade de se referir à circunstância de o órgão jurisdicional, uma vez
provocado, não poder recusar-se de julgar ou delegar a função de dirimir o
litígio nos termos postos pela parte.
Por fim, temos o princípio da demanda, constantemente confundido com
o princípio dispositivo – o que, de certa forma, se justifica, já que não há como
compreender a dimensão de um sem conhecer o outro. O princípio da de-
4 ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto. Do formalismo no processo civil. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2003. p. 207 e 222.
5 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 13.
11
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II – P
RINCÍPIO DISPOSITIVO NO PROCEDIMENTO DE
CONHECIMENTO
6 AMENDEIRA JR., Sidnei. Manual de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, v. 1,
2012. p. 87.
7 CORDEIRO, Thaís Matallo. Os princípios processuais no código de processo civil projetado:
alteração principiológica significativa? Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/
dePeso/16,MI187837,6104Os+principios+processuais+no+Codigo+de+Processo+Civil+
projetado>. Acesso em: 5 abr. 2014.
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11 CARVALHO, Milton Paulo de. Do pedido no processo civil. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris, 1992. p. 121/129.
12 MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de processo civil comentado. 3. ed.
São Paulo: RT, 2011. p. 490.
14
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13 DAMASKA, Mirjan R. The faces of justice and state authority – A comparative approach to
the legal process. New Haven and London: Yale University Press, 1986. p. 3/6.
14 CAPPELLETTI, Mauro. Problemas de reforma do processo civil nas sociedades
contemporâneas. In: MARINONI, Luiz Guilherme (coord.). O processo civil contemporâneo.
Curitiba: Juruá, 1994. p. 14; BARBOSA MOREIRA, J. C. La igualdad de las partes en
el proceso civil. In: Temas de direito processual. Quarta Série. São Paulo: Saraiva, 1989.
p. 67/81.
15 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. O novo regime do agravo. 2. ed. São Paulo: RT, 1996.
p. 313/314.
16 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Poderes instrutórios do juiz. 3. ed. São Paulo: RT, 2001.
p. 157.
17 HABSCHEID, Walther J. As bases do direito processual civil. Trad. Arruda Alvin. Revista
de Processo, n. 11-12 (1978): 117/145. Especialmente p. 144; SATTA, Salvatore. Diritto
processuale civile. 2. ed. Padova: CEDAM, 1950. p. 119.
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afirmação dos fatos em que se funda o pedido, no que o juiz depende inteira-
mente das partes – iudex secundum allegata partium indicare debet18.
Sucedeu-se, prossigamos, uma superação da concepção tradicional da
posição do juiz no processo civil, que até então se limitava à investigação
do direito; época em que competia às partes determinar o objeto do proces-
so (Dispositionsmaxime), ministrar os fundamentos de fato da sentença, por
meio de afirmações e provas (Verhandlungsmaxime), e até mesmo responder
pelo chamado impulso processual19. O princípio dispositivo passou, então, a ser
compreendido sobre dois diversos enfoques: de um lado, o direito exclusivo
da parte de propor o processo e requerer a tutela jurisdicional em busca dos
próprios interesses; e, de outro, a regra da iniciativa das partes na instrução
da causa – esta última acepção, sim, passando a sofrer alterações substanciais
de concepção, à medida que o formato publicístico do processo fez emergir
as influências oficiosas decorrentes da aplicação do princípio inquisitório20.
Pode-se, então, dizer que estamos tratando de hipótese em que o Es-
tado-juiz, segundo o contemporâneo enfoque dado ao princípio dispositivo
em sentido impróprio ou processual, passa a ter a oportunidade de produzir,
mesmo ex officio, meios de prova (atuações judiciais com as quais as fontes se in-
corporam definitivamente ao processo); a partir da colaboração das partes, as
quais, segundo o princípio dispositivo em sentido próprio ou material, têm a
exclusiva autonomia para aportar ao feito os fatos e as fontes de prova (elemen-
tos com os quais se conta antes do processo)21. Parece, pois, lógico se afirmar
– dada a sutil, mas existente diferença entre meios e fontes de prova – que para
a realização de determinada diligência instrutória de ofício, o julgador deve
levar em conta tão somente dados obtidos no processo22, âmbito próprio no
qual os meios de prova estão inseridos23.
18 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. 11. ed. São Paulo: RT,
v. 2, 1987. p. 78/79.
19 BAUR, Fritz. Transformações do processo civil em nosso tempo. Trad. J. C. Barbosa
Moreira. Revista Brasileira de Direito Processual, n. 7 (1976): 57/68.
20 LIEBMAN, Enrico Tullio. Fondamento del principio dispositivo. Rivista di Diritto
Processuale, n. 15 (1960): 551/565.
21 MELENDO, Santiago Sentís. La prueba es libertad. Revista dos Tribunais, n. 462 (1974):
11/21; FORNACIARI, Mario Alberto. Actividad esclarecedora del juez en el código
procesal civil y comercial de la nación (deber o facultad). Revista de Processo, n. 46 (1987):
90/102.
22 RIBEIRO, Darci Guimarães. Tendências modernas da prova. Ajuris, n. 65 (1995): 324/349.
Especialmente p. 330.
23 MARELLI, Fabio. La trattazione della causa nel regime delle preclusioni. Padova: CEDAM,
1996. p. 62/63.
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24 ALVES, Jones Figueiredo. Do poder ex officio no processo civil. Recife: TJPE, 1989. p. 12/17.
25 BAUR, Fritz. Transformações do processo civil em nosso tempo. Trad. J. C. Barbosa
Moreira. Revista Brasileira de Direito Processual, n. 7 (1976): 57/68.
26 LIEBMAN, Enrico Tulio. Fondamento del principio dispositivo. Rivista di Diritto
Processuale, n. 15 (1960): 551/565.
27 ARAGÃO, E. D. Moniz. Preclusão (processo civil). In: OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro
de (coord.). Estudos em homenagem ao Professor Galeno Lacerda. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris, 1989. p. 151/152.
28 DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 4. ed. São Paulo: RT, 1994.
p. 54, 129, 155, 164, 175, 233, 234, 249, 250, 287 e 288.
17
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29 ASSIS, Araken de. Manual de execução. 13. ed. São Paulo: RT, 2010. p. 112/117.
30 SCARPINELLA BUENO, Cassio. Curso sistematizado de direito processual civil. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, v. 3, 2009. p. 20/21.
31 DONIZETTI, Elpídio. Processo de execução. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 261/262.
18
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são). Mesmo que haja para o título executivo judicial a lógica do sincretismo
processual, já que não mais existentes processos autônomos de conhecimen-
to e de execução (após as reformas processuais executivas, principalmente a
partir da já mencionada Lei nº 11.232/200532), entendemos que permanece
sólido o Verbete nº 150 do Supremo Tribunal Federal, a explicitar que “pres-
creve a execução no mesmo prazo da prescrição da ação”.
Assim, transitada em julgado a demanda judicial e não cumprido o
comando pelo réu no prazo de quinze dias da sua intimação na origem, con-
forme prescreve o art. 475-J, caput, do CPC, inicia o prazo para o exequente
dar impulso à fase de satisfação do crédito, sob pena de reconhecimento da
prescrição intercorrente. Tanto é verdadeira a assertiva que o art. 475-L, VI,
prevê que a impugnação ao cumprimento de sentença, oposta pelo executa-
do, trate de tema prescricional, desde que esta causa extintiva da obrigação
seja superveniente à sentença (transitada em julgado)33. Ora, se o executado
pode se defender alegando a prescrição, por certo não é aquela relativa à
pretensão cognitiva, coberta pelo manto da coisa julgada material; só pode se
tratar da “prescrição intercorrente” decorrente da inércia do credor na pro-
moção do cumprimento da sentença.
Dúvida relevante a respeito da prescrição intercorrente cinge-se ao
marco inicial para a sua contagem. Entendemos que o prazo para eventual
decretação da prescrição em fase executiva inicia-se justamente após o não
cumprimento do julgado pelo réu; e não do arquivamento do processo, que
se dá seis meses após o não cumprimento de julgado pelo demandado, con-
forme previsão do art. 475-J, § 5º, do CPC. Aliás, o art. 617 aponta que é a
propositura da execução o ato responsável pela interrupção da prescrição,
sendo que tal ato, s.m.j., pode ser realizado justamente no primeiro dia útil
que se seguir ao fim do prazo de quinze dias, dado ao sucumbente, para cum-
primento voluntário da condenação constante do título executivo34.
Guilherme Rizzo Amaral traz exemplo ilustrativo que bem contempla
o imbróglio:
CONCLUSÃO
21
Responsabilidade Civil por Violação
dos Direitos da Personalidade
M ariana M enna B arreto A zambuja
Mestranda em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (PUCRS), Especialista em Direito Civil pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS), Graduada pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Professora no Curso de
Especialização em Direito Civil da Universidade Ritter dos Reis (Uniritter).
INTRODUÇÃO
I – OS DIREITOS DA PERSONALIDADE
5 “Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade”. “STJ. Súmula nº 227 – 08.09.1999 – DJ 20.10.1999. Pessoa jurídica – Dano
moral. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
6 Sobre o tema discorre Fábio de Andrade: “Observe-se, porém, que o Código Civil, ao
disciplinar o tema, no parágrafo único do art. 12, não somente reconhece aos sucessores
elencados neste dispositivo o direito à indenização, como também concede a eles o direito
de exigir que cesse a ameaça ou lesão. Além disso, prevê, no parágrafo único do art. 20,
em relação à divulgação de escritos, transmissão da palavra ou a publicação, exposição
ou a utilização de imagens de uma pessoa falecida que serão partes legítimas para obter
esta proteção ao cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. Sobressai, portanto, que,
em relação a estes casos, a redação não é idêntica ao parágrafo único do art. 12, estando
excluída do elenco de pessoas legitimadas a pleitear a tutela do falecido os colaterais até
o quarto grau” (ANDRADE, Fábio Siebeneichler de. Considerações sobre a tutela dos
direitos de personalidade no Código Civil de 2002. In: SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). O
novo Código Civil e a Constituição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006. p. 109-110).
7 RIBEIRO, Ney Rodrigo Lima. Direito à proteção de pessoas falecidas. Enfoque luso-
-brasileiro. In: MIRANDA, Jorge; RODRIGUES JUNIOR, Otavio Luiz; FRUET, Gustavo
Bonato (Org.). Direitos da personalidade. São Paulo: Atlas, 2012. p. 448 p.
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I.2.2.1 Honra
A honra vem disposta no art. 20 do Código Civil, juntamente com o di-
reito de imagem. Porém, diante das particularidades, entende-se necessária a
separação dos temas para um maior entendimento.
Inclusive, dentro do próprio conceito de honra, existe uma divisão
doutrinária e jurisprudencial, podendo ser ela subjetiva ou objetiva. Nesse
sentido o ensinamento de Rodrigo Bornholdt14:
A honra subjetiva será o sentimento, ou juízo, que o indivíduo faz de si
mesmo, o qual será, contudo, avaliado pelo juiz, conforme se apresente o
contexto. [...] Já a honra objetiva será representada pela reputação, fama,
respeito, consideração, que todos devem ao indivíduo.
I.2.2.2 Imagem
Conforme Andréa Barroso Silva, a origem do direito à imagem deu-
-se antes mesmo do advento da fotografia em 1839, já que foi por meio do
reconhecimento de um individualismo, após a Revolução Francesa, que os
ordenamentos jurídicos passaram a reconhecer o direito à imagem17.
I.2.2.3 Privacidade
A matéria da privacidade vem disposta no art. 21 do Código Civil, ar-
tigo esse muito criticado pela doutrina civilista. Nesse artigo está descrito
que a vida privada da pessoa natural é inviolável e que o Magistrado deve
adotar as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário
ao preceito.
I.2.2.4 Nome
Consoante analisa Arthur Maximus Monteiro, antes de definir a fun-
ção do nome (identificar e distinguir pessoas), deve-se referir seu conceito,
isto é, um sinal gráfico ou fonético atribuído a um determinado sujeito22.
No Código Civil português, por exemplo, existe o art. 70, que faz men-
ção à cláusula geral de personalidade, merecendo aqui sua transcrição:
Art. 70. Tutela geral da personalidade
A lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de
ofensa à sua personalidade física ou moral.
A mesma autora entende, por sua vez, que o art. 12 do Código Civil foi
concebido para ser a cláusula geral de tutela aos direitos da personalidade,
servindo para proteger, de forma mais ampla, os referidos direitos em qual-
quer situação jurídica32.
II – A RESPONSABILIDADE CIVIL
33 “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
34 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 8. ed. 3. reimpr. São Paulo:
Atlas, 2009. p. 3-4.
35 FACCHINI NETO, Eugênio. Da responsabilidade no novo Código. In: SARLET, Ingo
Wolfgang (Org.). O novo Código Civil e a Constituição. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2006. p. 183.
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O segundo, por sua vez, tem uma pretensão futura. Busca a não repe-
tição do ato ilícito pelo causador, que, diante da indenização com fins dis
suasórios, deverá evitar a conduta reprovada.
Na mesma senda, o mesmo autor refere:
Distingue-se esta da anterior por não ter em vista uma conduta passada,
mas por buscar, ao contrário, dissuadir condutas futuras. Ou seja, pelo me-
canismo da responsabilização civil, busca-se sinalizar a todos os cidadãos
sobre quais condutas a evitar, por serem reprováveis do ponto de vista
ético-jurídico. É óbvio que também as funções reparatória e punitiva adim-
plem uma função dissuasória, individual e geral.36
A reparação, por sua vez, tem suas razões explicadas por Maria Alice
Hofmeister37:
Por que se deve reparar um dano causado a outrem? A razão é bem sim-
ples e encontra sua explicação na própria natureza humana. O homem vive
em sociedade e exercita a sua liberdade. Todavia, há que coadunar seus
atos e seus comportamentos com as práticas por outrem. Esta questão da
coexistência humana, põe-se desde o início dos séculos ao direito, não só
em sua forma atual, como nas expressões jurídicas primitivas que o ho-
mem conheceu e vivenciou.
circulo do direito privado.” (BEVILAQUA, Clovis. Theoria geral no direito civil. Atual. por
Achilles Bevilaqua. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Paulo de Azevedo Ltda., 1949. p. 350)
39 Em entrevista concedida ao programa Justiça Gaúcha em 29.09.2009.
40 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil.
Responsabilidade civil. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, v. III, 2010. p. 92.
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Fica claro que é da natureza do dano moral ser imaterial, ou seja, é im-
possível sua materialização ou substituição. Toma-se como exemplo o tema
41 CAYALI, Yussef Said. Dano moral. 3. ed. rev. ampl. e atual. conforme o Código Civil de
2002. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 22-23.
42 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 8. ed. 3. reimpr. São Paulo:
Atlas, 2009. p. 81.
40
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Doutrina Civil
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deste trabalho. É evidente que não existe como tornar material um dano à
honra ou ao nome.
Retornar ao status quo é um dos objetivos da responsabilidade civil.
Entretanto, quando se trata de dano à personalidade, como, por exemplo,
uma fotografia divulgada indevidamente, não existe meio possível de fazer
com que essa imagem se apague para sempre da mente de todos que a viram.
O instituto do dano moral não serve para retornar ao status quo, mas
sim para dar à vítima do dano uma satisfação, com a qual se procura com-
pensar – ou consolar – pelo sofrimento causado.
O art. 186 do Código Civil brasileiro, dispositivo referente aos atos ilí-
citos, faz menção expressa ao dano moral: “Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a ou-
trem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Deste modo, a agressão moral é expressamente reconhecida pelo Direi-
to brasileiro, inclusive de modo in re ipsa, isto é, que desnecessita de compro-
vação efetiva do dano para ser considerado indenizável, bastando a demons-
tração da ocorrência do fato.
No caso supracitado, cita-se um exemplo comum na rotina do Poder
Judiciário: o cadastro indevido nos órgãos de restrição de crédito. Com o ca-
dastro indevido, a violação ao direito nome fica evidente e o dano moral é
pacificamente43 considerado in re ipsa.
ser examinadas sem grandes apelos retóricos, o que, infelizmente, tem sido comum.
Tomando-se como base a jurisprudência e a dogmática da Alemanha, fonte de inspiração
do desenvolvimento da doutrina dos direitos da personalidade, é correto dizer que a
dignidade humana é inviolável e que a todos os poderes estatais impõe sua proteção (1,
I e 1, I 2, GG).” (MIRANDA, Jorge; RODRIGUES JUNIOR, Otavio Luiz; FRUET, Gustavo
Bonato. Principais problemas dos direitos da personalidade e estado-da-arte da matéria
no direito comparado. In: MIRANDA, Jorge; RODRIGUES JUNIOR, Otavio Luiz; FRUET,
Gustavo Bonato (Org.). Direitos da personalidade. São Paulo: Atlas, 2012. p. 20)
47 LACERDA, Dennis Otte. Direitos de personalidade na contemporaneidade: a repactuação
semântica. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2010. p. 91.
43
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Fica claro, pela decisão do STJ, que, quando se trata de exposição vo-
luntária, não há de se falar em dano à imagem ou à privacidade, vez que tal
privacidade encontra seus limites na forma com que o titular do direito a
utiliza.
Por fim, no que diz respeito ao direito ao nome, segue decisão do STJ:
Civil. Dano moral. Utilização indevida do nome da recorrente em um sis-
tema de fraudes da qual não participou. Indenização devida. Recurso pro-
vido. 1. A jurisprudência desta Corte é farta de precedentes que negam
indenização por dano moral nas hipóteses em que o fato alegado pela parte
representa, segundo as regras de experiência, um mero dissabor inerente à
vida em sociedade. 2. Os limites entre o mero dissabor e o dano moral in-
denizável deve ser apurado mediante regras de experiência, pelo julgador.
3. A vinculação do nome da recorrente em um sistema de fraudes praticado na
Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves, sem a sua ciência, não pode
ser considerado um dissabor cotidiano. Trata-se de uma situação inusitada
e claramente passível de causar abalo psíquico. 4. É natural que uma pessoa
inocente que tenha seu nome vinculado a investigações administrativas, sendo
inclusive convocada a prestar esclarecimentos, sofra com a insegurança a
respeito do resultado da investigação. Até a confirmação de sua inocência,
um cidadão comum teria sido colhido por significativa aflição e angústia,
causadas pelo medo de ser responsabilizado por algo que não fez. Dian-
te de tal quadro, a existência de dano moral subjetivo é inegável. 5. Há
precedentes no âmbito desta Corte que reconhecem a existência de dano
moral in re ipsa para hipóteses de inscrição do nome de um consumidor em
cadastros de inadimplentes, ou em hipóteses de protesto indevido, ou seja,
em hipóteses de violação de direitos da personalidade. Tendo em vista, é razoá
vel estender a mesma interpretação a todas as violações dessa natureza,
considerando que a ofensa a qualquer direito de personalidade provoque
um dano moral in re ipsa. 6. Recurso especial provido para restabelecimen-
to da sentença. (REsp 955031/MG, 2007/0119157-0, 3ª T., Relª Min. Nancy
Andrighi (1118), DJ 20.03.2012 – grifos nossos)
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Parecer Jurídico
realidade, foi efetivada, em 2010, a Lei nº 12.318, que cuida da prote-
ção das crianças em face de maus-tratos, pressões psicológicas, entre
outros aspectos que as prejudiquem. Ainda, simultaneamente a esta
realidade atual, a preferência legal passou a recair pelo compartilha-
mento da guarda dos filhos. Assim, o escopo deste trabalho abrange
aspectos jurídicos e psicológicos da síndrome da alienação parental
(SAP), com foco nas consequências geradas nas crianças e nas medi-
das a serem tomadas quando identificada a prática da SAP por um
dos genitores, analisando qual o melhor tipo de guarda diante desta
situação.
PALAVRAS-CHAVE: Superior interesse da criança; síndrome da
alienação parental; divórcios judiciais; guarda compartilhada; con-
sequências psicológicas.
ABSTRACT: This paper gives a brief examination of the changes that
are occurring in society, from the Federal Constitution of 1988 which
brought changes in the field of family relationships, establishing
equality between men and women, and the consecration of the
principles of human dignity, affection, solidarity and, especially, the
principle of the best interests of the child. Thenceforward, children
are recognized as a subject of civil rights that deserves special
protection of the State. Given this reality, it was enacted in 2010 the
Law nº 12.318 which handled the protection of children in face of
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INTRODUÇÃO
5 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Direito de família. Rio de Janeiro:
Forense, v. 5, 2004. p. 29.
6 Id., p. 30.
7 BRUNO, Denise Duarte. A importância da equipe multidisciplinar na investigação da
alienação parental. I Congresso de Alienação Parental, Porto Alegre, 27 abr. 2012. 14pm.
8 RODRIGUES, Lia Palazzo. Algumas considerações sobre o direito de família no novo
Código Civil e seus reflexos no regime supletivo de bens. In: WELTER, Belmiro Pedro;
MADALENO, Rolf Hanssen (Coord.). Direitos fundamentais do direito de família. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2004. p. 190.
9 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011. p. 439.
10 CORRÊA, Marise Soares. A história e o discurso da lei: o discurso antecede a história.
Revista de Estudos Criminais, Porto Alegre: Fonte do Direito, v. 18, p. 237-243, 2005.
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11 Entretanto, por mais que se fale numa igualdade absoluta entre os membros de uma
família, a plena igualdade entre seus membros não se faz presente, conservando-se rasgos
do antigo modelo patriarcal (ESTROUGO, Mônica Guazzelli. O princípio da igualdade
aplicado à família. In: WELTER, Belmiro Pedro; MADALENO, Rolf Hanssen (Coord.).
Direitos fundamentais do direito de família. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004. p. 329).
12 Com o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana e assegurando prioridade
absoluta à infância e adolescência, não há mais como separar o Direito de Família do
Direito da Criança e do Adolescente (AZAMBUJA, Maria Regina Fay de. A criança
no novo direito de família. In: WELTER, Belmiro Pedro; MADALENO, Rolf Hanssen
(Coord.). Direitos fundamentais do direito de família. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2004. p. 288).
13 “Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e
ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
14 AZAMBUJA, Maria Regina Fay de. A criança, o adolescente: aspectos históricos, p. 3/5.
Disponível em: <http:www.mp.rs.gov.br/infancia/doutrina/id615.htm>. Acesso em:
16 abr. 2012.
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seus filhos. Primeiro, em razão dos dispositivos de lei (art. 1.63222 e art. 1.57923
do CCB), e, segundo, em termos afetivos, pois a presença de ambos os pais na
formação dos filhos é indispensável24.
A síndrome da alienação parental (SAP)25 também é chamada de im-
plantação de falsas memórias, e surge maiormente quando, na ruptura da
vida conjugal, nasce um desejo de vingança por parte de um dos genitores
para com o outro26, que desencadeia em um processo de destruição, desmora-
lização e descrédito do ex-parceiro, sendo, para isso, utilizada a criança como
mera ferramenta27-28. Isso se dá de diversas formas, que podem ser conscien-
tes ou inconscientes29.
Segundo o Advogado cearense Marcos Duarte, cardeal característica
desse comportamento é a lavagem cerebral no menor para que atinja uma
hostilidade em relação ao pai ou a mãe. O menor se transforma no defensor
abnegado de um dos genitores, repetindo as mesmas palavras aprendidas do
próprio discurso do alienador contra o “inimigo”. O filho passa a acreditar
que foi abandonado e passa a compartilhar ódios e ressentimentos com o
alienador30.
22 Art. 1.632 do CCB: “A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não
alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de
terem em sua companhia os segundos”.
Art. 1.579 do CCB: “O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação
aos filhos”.
23 “Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos.”
24 SOUZA, Raquel Pacheco Ribeiro de. A tirania do guardião. In: Síndrome da alienação
parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Organizado pela
Associação de Pais e Mães Separados. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 9.
25 Tribunal de Justiça de São Paulo, AI 0060567-22.2008.8.26.0000, 8ª CDP., Rel. Des. Caetano
Lagrasta, J. 17.06.2009, DJe 25.06.2009. Outro número: 6018404000.
26 Esse genitor pode ser tanto o guardião, como o não guardião. Pode ser ainda a família
ampliada (BRUNO, Denise Duarte. A importância da equipe multidisciplinar na
investigação da alienação parental. I Congresso de Alienação Parental, Porto Alegre, 27 abr.
2012. 14pm.
27 FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZZARO, Graciela. Alienação parental: comentários à Lei
nº 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 17.
28 Também nesta linha: BRUNO, Denise Duarte. A importância da equipe multidisciplinar
na investigação da alienação parental. I Congresso de Alienação Parental, Porto Alegre, 27
abr. 2012. 14pm.
29 SIMÃO, Rosana Barbosa Ciprino. Soluções judiciais contra a perniciosa prática da
alienação parental. In: Síndrome da alienação parental e a tirania do guardião: aspectos
psicológicos, sociais e jurídicos. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 14.
30 DUARTE, Marcos. Alienação parental: restituição internacional de crianças e abuso do
direito de guarda. 1. ed. Fortaleza: Leis & Letras, 2010. p. 114.
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31 SOUZA, Raquel Pacheco Ribeiro de. A tirania do guardião. In: Síndrome da alienação
parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Organizado pela
Associação de Pais e Mães Separados. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 8.
32 SIMÃO, Rosana Barbosa Ciprino. Soluções judiciais contra a perniciosa prática da alienação
parental. In: Síndrome da alienação parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos,
sociais e jurídicos. Organizado pela Associação de Pais e Mães Separados. Porto Alegre:
Equilíbrio, 2008. p. 14.
33 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011. p. 463.
34 TJRS, AI 70043405950, 7ª Câmara Cível, Rel. Des. André Luiz Planella Villarinho,
J. 14.12.2011; TJRS, AI 70042944835, 8ª Câmara Cível, Rel. Des. Luiz Felipe Brasil Santos,
J. 14.07.2011.
35 FREITAS, Douglas Phillips. Alienação parental: comentários à Lei nº 12.318/2010. Rio de
Janeiro: Forense, 2010. p. 19.
36 FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZZARO, Graciela. Alienação parental: comentários à Lei
nº 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 17.
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não só a sua participação, mas também que o juiz se capacite para poder
distinguir o sentimento de ódio exacerbado que leva ao desejo de vingança
a ponto de programar o filho para reproduzir falsas denúncias com o intuito
de afastá-lo do genitor38. Outrossim, quanto mais demorada a identificação
do que realmente aconteceu, menos chances há de ser detectada a falsidade
das denúncias39.
Caracterizada a prática de alienação parental ou conduta que dificulte
a convivência paterno-filial, sem prejuízo da responsabilidade civil40 ou cri-
minal do alienador, pode o juiz:
I – declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II – ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III – estipular multa ao alienador;
IV – determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V – determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua
inversão;
VI – determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII – declarar a suspensão da autoridade parental. (Art. 6º da Lei nº 12.318)
38 DIAS, Maria Berenice. Síndrome da alienação parental: O que é isso?. In: Síndrome da
alienação parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Organizado
pela Associação de Pais e Mães Separados. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 13.
39 DUARTE, Marcos. Alienação parental: restituição internacional de crianças e abuso do
direito de guarda. 1. ed. Fortaleza: Leis & Letras, 2010. p. 115.
40 Em relação à responsabilidade, o CCB/2002, a partir do art. 926 prescreve o dever de
reparar o prejuízo quem por ato ilícito causar dano a outrem; o art. 186 reporta-se à ilicitude
decorrente da ação ou omissão voluntária de quem, por negligência ou imprudência,
causar dano material ou moral a outrem.
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esboço do DSM-V ainda não a tenha contemplado, hoje existe vasto material
científico objeto de inúmeras publicações sobre o tema44. O fato é que, cha-
mando-a de síndrome ou não, a alienação parental é um fenômeno grave que
precisa ser enfrentado com extrema cautela pelos profissionais envolvidos
nos casos em que ela está presente.
44 Realizou-se nos dias 2 e 3 de outubro de 2010, nos EUA, o Canadian Symposium for
Parental Alienation Syndrome, que consiste numa conferência anual acerca da Parental
Alienation Disorder and it’s hopeful inclusionin the DSM-5. Este evento projeta-se como
um grande marco na história da saúde mental, pois a associação americana de psiquiatria
considerou incluir a alienação parental na DSM, não como síndrome, mas como parental
alienação disorder (PAD), ou seja, como um distúrbio do foro psiquiátrico (CAMADIAN
Symposium for Parental Alienation Syndrome. American Psychiatric Association
Considers Parental Alienation for the DSM-5. Disponível em: <http://cspas.ca/press_
release_aug_2010.shtml>. Acesso em: 24 abr. 2012).
45 LÔBO, Paulo. Famílias. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 169.
46 FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZZARO, Graciela. Alienação parental: comentários à Lei
nº 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 84.
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47 Tribunal de Justiça Rio Grande do Sul, Apelação Cível nº 70005760673, 7ª Câmara Cível,
Rel. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, J. 12.03.2003.
48 Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Apelação Cível nº 1.0000.00.328063-3/000, Rel. Des.
Lamberto Sant’Anna, Data do acórdão: 11.09.2003, Data da publicação: 24.10.2003.
49 GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda compartilhada: um novo modelo de responsabilidade
parental. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 125.
50 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011. p. 446.
51 FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZZARO, Graciela. Alienação parental: comentários à Lei
nº 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 86.
52 Art. 1.584, § 3º, do CC: “Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos
de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe
interdisciplinar”.
53 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011. p. 442.
54 Art. 1.584 do CCB/2002.
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de 2,7% (2004) para 5,5% (2010), mas permanece a hegemonia das mulheres
na guarda dos filhos menores em 87,3% (2010). Em relação à guarda paterna,
houve um índice de 5,6% em 201055 (frisando-se que na maior parte dos casos
em que a guarda é deferida aos pais é em razão de algo grave pesar sobre a
mãe, ou nos casos em que a criança já estava morando com o pai56)57.
Sublinha-se que, nos casos de alienação parental, como o juiz tem a
obrigação de assegurar proteção integral, de modo frequente reverte a guar-
da58 ou suspende as visitas59 e determina a realização de estudos sociais e psi-
cológicos60. Entretanto, destaca-se que só se deve alterar a guarda da criança
ou suspender as visitas quando provado que o menor está sendo criado em
um ambiente não favorável à sua formação moral, à sua de saúde, à sua se-
gurança, ao seu bem-estar ou à sua educação, ou quando representar perigo
para a sua integridade física e psicológica61-62.
Com efeito, garante o art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 12.318/2010
que será assegurado à criança ou ao adolescente e ao genitor garantia mí-
nima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco
de prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente,
atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz para acompa-
nhamento das visitas63.
71 Por isso faz-se importante que, na audiência de conciliação, o juiz informe aos pais o
significado deste tipo de guarda, a sua importância, a similitude de deveres e diretos
atribuídos aos genitores e as sansões pelo descumprimento de suas cláusulas, conforme o
art. 1.584, § 1º, do CC.
72 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011. p. 444.
73 Idem, p. 443.
74 No mesmo sentido entendem: PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil.
Direito de família. Rio de Janeiro: Forense, v. 5, 2004. p. 301; GRISARD FILHO, Waldyr.
Guarda compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental. 5. ed. rev. e atual.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 225.
75 TJDF, AI 20080020196247, Acórdão nº 364827, 2ª T.C., Rel. Des. Carlos Pires Soares Neto,
J. 10.06.2009, Diário de Justiça 22.07.2009; TJSP, AC 0337261-14.2009.8.26.0000, 5ª CDP.,
Rel. Des. Erickson Gavazza Marques, J. 11.11.2009, Diário de Justiça eletrônico 24.11.2009;
TJMG, AC 1.0024.08.197958-5/001, 8ª C.Cív., Rel. Des. Vieira de Brito, J. 14.04.2011, Diário
de Justiça eletrônico 22.06.2011; TJRS, AI 70014577217, 7ª C.Cív., Rel. Des. Luiz Felipe
Brasil Santos, J. 10.05.2006; TJRS, AI 70007822257, 7ª C.Cív., Relª Desª Maria Berenice Dias,
J. 31.03.2004; TJRS, AC 70007133382, 7ª C.Cív., Relª Desª Maria Berenice Dias, J. 29.10.2003;
TJRS, AC 70047024161, 8ª C.Cív., Rel. Des. Luiz Felipe Brasil Santos, J. 22.03.2012.
76 Neste sentido há vários doutrinadores: LÔBO, Paulo. Famílias. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2009. p. 177; ALVES, Leonardo Barreto Moreira Alves. A guarda compartilhada e a Lei
nº 11.698/2008. De Jure: Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Belo
Horizonte, n. 13, p. 236, jul./dez. 2009. Disponível em: <http://bdjur.stj.gov.br/xmlui/
bitstream/handle/2011/28056/guarda_compartilhada_lei_alves.pdf?squence=1>.
Acesso em: 5 abr. 2012; FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZZARO, Graciela. Alienação
parental: comentários à Lei nº 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 92-93 e p. 86;
DUARTE, Lenita Pacheco Lemos. Danos psíquicos da alienação parental no litígio familiar.
In: MADALENO, Rolf; MILHORANZA, Mariângela Guerreiro (Coord.). Atualidades do
direito de família e sucessões. Sapucaia do Sul: Nota Dez, 2008. p. 227.
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77 STJ, REsp 1251000/MG, 3ª Turma, Relª Min. Nancy Andrighi, J. 23.08.2011, DJe 31.08.2011.
78 Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/portal_stj/
publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103980>. Acesso em: 23 dez. 2011.
79 PODEVYN, François. Síndrome da alienação parental. <http://www.apase.org.br/94001-
sindrome.htm>. Acesso em: 19 mar. 2012.
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80 DUARTE, Lenita Pacheco Lemos. Danos psíquicos da alienação parental no litígio familiar.
In: MADALENO, Rolf; MILHORANZA, Mariângela Guerreiro (Coord.). Atualidades do
direito de família e sucessões. Sapucaia do Sul: Nota Dez, 2008. p. 222.
81 PODEVYN, François. Síndrome da alienação parental. Disponível em: <http://www.
apase.org.br/94001-sindrome.htm>. Acesso em: 5 out. 2011.
82 No mesmo sentido: TRINDADE, Jorge. Síndrome de alienação parental (SAP). In: DIAS,
Maria Berenice. Incesto e alienação parental: realidades que a Justiça insiste em não ver. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 104; SILVA, Evandro Luiz; RESENDE, Mário. A
exclusão de um terceiro. In: Síndrome da alienação parental e a tirania do guardião: aspectos
psicológicos, sociais e jurídicos. Organizado pela Associação de Pais e Mães Separados.
Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 31.
83 Id., p. 228.
84 SÁ, Eduardo. Alienação parental. Coimbra: Almedina, 2011. p. 16.
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85 MADALENO, Rolf Hanssen. A guarda compartilhada pela ótica dos direitos fundamentais.
In: WELTER, Belmiro Pedro; MADALENO, Rolf Hanssen (Coord.). Direitos fundamentais
do direito de família. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004. p. 350.
86 Gardner (1998) apud SOUZA, Raquel Pacheco Ribeiro de. Psicologia forense e psicologia
jurídica: síndrome de alienação parental e narcisismo. Disponível em: <http://www.
psicologiananet.com.br/psicologia-forense-e-psicologia-juridica-pesquisa-cientifica-com-
o-tema-sindrome-de-alienacao-parental-e-narcisismo/1953/>. Acesso em: 16 mar. 2012.
87 VERSIANI, Tátilla Gomes. A síndrome de alienação parental na reforma do Judiciário.
p. 6. Trabalho de Conclusão de Curso. Disponível em: <http://www.alienacaoparental.
com.br/>. Acesso em: 12 fev. 2012.
88 Podevery também elaborou um quadro de “Como identificar o estágio da enfermidade
em função dos critérios” (Id).
89 LOWENSTEIN, L. F. Parental Alienation Due to a Shared Psychotic Disorder. 2006.
Disponível em: <http://www.parental-alienation.info/publications/41-paralidueto
ashapsydisfoladeu.htm>. Acesso em: 5 fev. 2012.
90 No mesmo sentido: GUAZZELLI, Mônica. A falsa denúncia de abuso sexual. In: DIAS,
Maria Berenice. Incesto e alienação parental: realidades que a Justiça insiste em não ver.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 122.
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96 Id., p. 230.
97 VALENTE, Maria Luiza Campos da Silva. Síndrome da alienação parental: a perspectiva
do serviço social. In: Síndrome da alienação parental e a tirania do guardião: aspectos
psicológicos, sociais e jurídicos. Organizado pela Associação de Pais e Mães Separados.
Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 76.
98 SILVA, Evandro Luiz; RESENDE, Mário. A exclusão de um terceiro. In: Síndrome da alienação
parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Organizado pela
Associação de Pais e Mães Separados. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 28.
99 MOTTA, Maria Antonieta Pisano. A síndrome da alienação parental. In: Síndrome da
alienação parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Organizado
pela Associação de Pais e Mães Separados. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 38.
71
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100 KENNETH, H.; WALDRON, Ph.D.; DAVID, E.; JOANIS, J. D. Understanding and
Collaboratively Treating Parental Alienation Syndrome. American Journal of Family Law,
v. 10, p. 121-133, 1996. Disponível em: <http://www.fact.on.ca/Info/pas/waldron.htm>.
Acesso em: 23 jan. 2012.
101 Estes genitores sentem inclusive uma sensação de triunfo, misturada com alegria, pela
vitória sobre o derrotado genitor “alvo”, não parecendo se sentirem culpada em estarem
usando os filhos (MOTTA, Maria Antonieta Pisano. A síndrome da alienação parental.
In: Síndrome da alienação parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e
jurídicos. Organizado pela Associação de Pais e Mães Separados. Porto Alegre: Equilíbrio,
2008. p. 42).
102 Id., p. 47.
103 TRINDADE, Jorge. Manual de psicologia jurídica: para operadores do direito. 4. ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2004. p. 156.
104 PODEVYN, François. Síndrome de alienação parental. Disponível em: <http://www.
apase.org.br/94001-sindrome.htm>. Acesso em: 5 abr. 2012.
105 Da mesma forma o site “amorteinventada” trás uma lista de atitudes e comportamentos
do genitor alienador para facilitar a identificação da SAP (http://www.amorteinventada.
com.br).
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106 Neste sentido, a Dra. portuguesa Sandra Inês Ferreira Feitor afirma que se objetivarmos
atingir um sujeito, ou provocar uma reação emocional a um determinado objeto,
necessitaremos de um trabalho sistemático, contínuo e prolongado, no qual, isolamento,
medo, a remoção emocional de toda afeição positiva em relação a ele e distância física,
permitem a aquisição do modelo exclusivo que desejamos implantar (FEITOR, Sandra Inês
Ferreira. A síndrome de alienação parental e o seu tratamento à luz do direito de menores.
Dissertação de Mestrado. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/55032789/a-
73
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sindrome-de-alienacao-parental-e-o-seu-tratamento-a-luz-do-direito-de-menores>.
Acesso em: 18 abr. 2012).
107 CARNEIRO, Terezinha Féres. Alienação parental: uma leitura psicológica. In: Síndrome
da alienação parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos.
Organizado pela Associação de Pais e Mães Separados. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008.
p. 65.
108 FREITAS, Douglas Phillips. Alienação parental: comentários à Lei nº 12.318/2010. Rio de
Janeiro: Forense, 2010. p. 21.
109 Constata-se que as mães que “programam” a SAP em seu filho são superprotetoras, e a
exclusão que fazem do pai podem anteceder a própria separação e podem não só retroagir
ao início da vida das crianças, mas por vezes alcança a própria gravidez (MOTTA, Maria
Antonieta Pisano. A síndrome da alienação parental. In: Síndrome da alienação parental e a
tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Organizado pela Associação
de Pais e Mães Separados. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 40).
110 Id., p. 41.
111 MOTTA, Maria Antonieta Pisano. In: Síndrome da alienação parental e a tirania do guardião:
aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Organizado pela Associação de Pais e Mães
Separados. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 40.
112 Neste sentido: SILVA, Evandro Luiz; RESENDE, Mário. A exclusão de um terceiro.
In: Síndrome da alienação parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e
jurídicos. Organizado pela Associação de Pais e Mães Separados. Porto Alegre: Equilíbrio,
2008. p. 27; DUARTE, Lenita Pacheco Lemos. Danos psíquicos da alienação parental no
litígio familiar. In: MADALENO, Rolf; MILHORANZA, Mariângela Guerreiro (Coord.).
Atualidades do direito de família e sucessões. Sapucaia do Sul: Nota Dez, 2008. p. 228-229.
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Doutrina Civil
Agosto/2014
CONCLUSÃO
Apesar do grande avanço que tivemos em 2010, ao se ter uma lei esti-
pulando a alienação parental, apenas a lei, por si só, não é suficiente, precisan-
do-se o envolvimento de todos para que essa realidade possa ser finalmente
alterada. Medidas que deem publicidade ao tema, e medidas que preparem
as crianças, como idas a psicólogos e campanhas nas escolas, também podem
ser consideras boas alternativas.
Finalizando-se de uma forma positiva, sublinha-se que a síndrome
da alienação parental pode, sim, ser revertida. Porém, tendo em vista que o
discurso do alienador tem muito poder sobre a criança, é fundamental uma
intervenção judicial que garanta que o tratamento psicológico estipulado ju-
dicialmente seja de fato cumprido, o que normalmente não acontece. Sendo
assim, o Judiciário precisa passar a adotar uma postura mais firme para que,
no mínimo, exija-se o cumprimento da decisão proferida, a fim de garantir a
continuidade do tratamento e da perícia determinados.
De outro lado, o poder familiar no Brasil que é compartilhado precisa
ser melhor compreendido, deixando de ocupar o lugar frio que lhe reserva
um artigo de lei para passar a ser uma questão de atitude daqueles que re-
almente se esmeram pela felicidade dos filhos. Não há dúvidas que ambos
os genitores são fundamentais para o desenvolvimento psíquico dos filhos,
sendo por essa razão que se faz tão positiva para as crianças a guarda com-
113 DUARTE, Lenita Pacheco Lemos. Danos psíquicos da alienação parental no litígio
familiar. In: MADALENO; Rolf; MILHORANZA, Mariângela Guerreiro. Atualidades do
direito de família e sucessões. Sapucaia do Sul: Nota Dez, 2008. p. 229.
114 MOTTA, Maria Antonieta Pisano. A síndrome da alienação parental. In: Síndrome da
alienação parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Organizado
pela Associação de Pais e Mães Separados. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008. p. 47.
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REFERÊNCIAS
80
Cláusulas Gerais, Segurança Jurídica e
Interpretação Civil-Constitucional
L iane T abarelli Z avascki
Professora de Direito Civil na Faculdade de Direito da PUCRS,
Doutora em Direito pela mesma Instituição, Advogada.
INTRODUÇÃO
1 Princípio jurídico o qual preconiza que o ordenamento jurídico é completo como maneira
de assegurar o monopólio estatal de produção jurídica. Nega, pois, a existência de lacunas,
pois, se elas fossem admitidas, admitir-se-ia, também, introduzir um direito concorrente
ao estatal. Assim, o direito estatal é onipotente, regulando todos os casos do mundo da
vida que demandam pronunciamento da lei. Princípio considerado notável no positivismo
jurídico.
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14 BRANCO, Gerson Luiz Carlos. Função social dos contratos: interpretação à luz do Código
Civil. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 139-140, nota 112.
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19 GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método. Trad. Flávio Paulo Meurer. 3. ed. Petrópolis:
Vozes, 1997. p. 489.
20 SADEK, Maria Teresa (Org.). Uma introdução ao estudo da justiça. São Paulo: Sumaré,
1996. p. 22 citada por CASTRO E COSTA, Flávio Dino de. A função realizadora do Poder
Judiciário e as políticas públicas no Brasil. In: Interesse Público – IP, Porto Alegre, a. 6, n. 28,
p. 64-90, nov./dez. 2004. p. 81.
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21 A questão tinha o seguinte teor: “Na aplicação da lei, existe frequentemente uma tensão
entre contratos, que precisam ser observados, e os interesses de seguimentos sociais menos
privilegiados, que precisam ser atendidos. Considerando o conflito que surge nesses casos
entre esses dois objetivos, duas posições opostas têm sido defendidas [...] Com qual das
duas posições o(a) senhor(a) concorda mais?”.
22 PINHEIRO, Armando Castelar. O Judiciário e a economia na visão dos magistrados. São Paulo:
Idesp, 2001. p. 10 – referido por CASTRO E COSTA, Flávio Dino de. A função realizadora
do Poder Judiciário e as políticas públicas no Brasil. In: Interesse Público – IP, Porto Alegre,
a. 6, n. 28, p. 64-90, nov./dez. 2004. p. 81. Itálico no original.
23 Ibid., p. 82.
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adverte que, após o paradigma da lei que vigia sob a égide do Código Civil
de 1916, hoje se está diante do paradigma do juiz24.
Diante disso, no item a seguir, considerações serão tecidas acerca das
importantes contribuições da hermenêutica constitucional.
2 A HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
A palavra, o uso do vernáculo é e sempre foi instrumento de trabalho
do jurista. Seja ela escrita ou falada, aquele que opera o Direito sempre se de-
dicou a compreender, delimitar, apreender, enfim, interpretar o sentido que
as palavras podem adquirir em um texto. Interpretar é estabelecer o alcance
de uma proposição, revelar o seu sentido.
Não obstante as contribuições de Kelsen25 para a ciência do Direito, nos
dias atuais, o Direito é “contaminado” por inúmeros axiomas, proposições va-
lorativas, éticas, morais, entre outras, que, muitas vezes, representam o mo-
mento histórico e as prioridades de determinada sociedade. Ainda, partindo-se
do contributo de Kelsen que estabelece o sistema jurídico com uma estrutura
piramidal, onde a Lei das leis, isto é, a Constituição Federal, situa-se no topo
desse sistema, a interpretação constitucional adquire significativa importância.
Nesse sentido, interpretar a Constituição significa, em última instân-
cia, dar concretude aos direitos fundamentais ali insculpidos. O Texto Maior
prescreve os objetivos e fundamentos da República e todo o ordenamento
jurídico infraconstitucional deve ser interpretado de modo a prestigiar os co-
mandos constitucionais. Os direitos fundamentais ali prescritos devem ser
prioridade absoluta de realização por parte dos agentes de um Estado que se
intitula Democrático de Direito.
Interessante pontuar, nessa linha, a lição de Freitas, ao advertir que
“jurista é aquele que, acima de tudo, sabe eleger diretrizes supremas, notadamente
as que compõem a tábua de critérios interpretativos aptos a presidir todo e
qualquer trabalho de aplicação do Direito”26.
Por outro lado, impera salientar, nesse estudo, que, ao se almejar uma
interpretação concretizante dos preceitos e da axiologia constitucional pre-
sente, em particular, nos seus fundamentos, urge conhecer os vetores princi-
piológicos contidos nela. O Direito atual, acompanhando os ensinamentos de
Alexy27, cuida de uma rede de princípios e regras. Essa teia de mandamentos,
de densidades e hierarquias distintas, demanda intérpretes preparados para
otimizar-lhes os comandos e produzir a máxima eficácia possível.
Veja-se, por oportuno, as contribuições de Freitas acerca de preceitos
propostos em estudo de interpretação constitucional:
a) todo juiz, no sistema brasileiro, é, de certo modo, juiz constitucional e se afigura
irrenunciável preservar, ao máximo, a coexistência pacífica e harmoniosa entre
os controles difuso e concentrado de constitucionalidade;
b) a interpretação constitucional é processo tópico-sistemático, de maneira que
resulta impositivo, no exame dos casos, alcançar solução de equilíbrio
entre o formalismo e o pragmatismo, evitando-se soluções unilaterais e
rígidas;
c) ao hierarquizarmos prudencialmente os princípios, as normas e os valores cons-
titucionais, devemos fazer com que os princípios ocupem o lugar de destaque, ao
mesmo tempo situando-os na base e no ápice do sistema, vale dizer, fundamento
e cúpula do mesmo;
d) o intérprete constitucional deve ser o guardião, por excelência, de uma
visão proporcional dos elementos constitutivos da Carta Maior, não en-
tendida a proporcionalidade apenas como adequação meio-fim. Propor-
cionalidade significa, sobremodo, que estamos obrigados a sacrificar o
mínimo para preservar o máximo de direitos;
e) o intérprete constitucional precisa considerar, ampliativamente, o inafastável
poder-dever de prestar a tutela, de sorte a facilitar, ao máximo, o acesso legítimo
do jurisdicionado. Em outras palavras, trata-se de extrair os efeitos mais
fundos da adoção, entre nós, do intangível sistema de jurisdição única;
f) o intérprete constitucional deve guardar vínculo com a excelência ou otimização
máxima da efetividade do discurso normativo da Carta, no que esta possui de
eticamente superior, conferindo-lhe, assim, a devida coerência interna e a não
menos devida eficácia social;
27 Ver ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Trad. Virgílio Afonso da Silva.
São Paulo: Malheiros, 2008.
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A melhor via que poderá eleger o juiz, nestes tempos de transição, para
atender este desafio de reconstruir e “constituir” o Direito no caso concre-
to, ou seja, de dizer se determinada conduta é ou não compatível com os
princípios constitucionais (= valores), é a interação com a sociedade civil.
Afinal, rigorosamente, numa democracia quem dita o Direito é a socieda-
de, reservando-se, agora, sob a égide do Direito “por princípios”, também
ao juiz, em especial, ao juiz constitucional, o papel de decodificador dos
valores (= princípios) que ela aceita em determinado momento e em deter-
minado local.30
41 FACHIN, Luiz Edson. Teoria crítica do direito civil: à luz do novo Código Civil brasileiro.
3. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2012. p. 206-207. Acrescenta o autor: “Infere-se que a regra
do Direito, em si mesma, se confronta com uma crise de racionalidade, uma incapacidade
crescente de dar conta da realidade. O Direito não é mais um redutor do real, e ele não
mais o contém. Justifica-se a insistência em centrar e colocar no palco da relação entre
Direito e a sociedade o problema de assimetria, a relação de interdependência, exatamente
para que fique claro o fato de que é o Direito que está na sociedade e não vice-versa.
Já não é o Direito que dá conta das relações sociais. Embora isso pareça uma flagrante
obviedade, em um sistema dominado por uma orientação monolítica e concentrada, o
reconhecimento dessa realidade se mostra relevante” (p. 247-248).
42 MARTINS-COSTA, Judith. A boa-fé no direito privado: sistema e tópica no processo
obrigacional. 1. ed. 2. tir. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. 292. Itálico no original.
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Logo, não se pode afirmar que a presença das cláusulas gerais sacrifi-
cam a segurança jurídica do ordenamento, eis que, embora reclamem uma
maior atuação do juiz-intérprete, os princípios constitucionais atuam no sen-
tido de limitar a interpretação e restringir a discricionariedade judicial.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Malheiros, 2008.
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Renovar, 2003.
101
Doutrina
Penal
Doutrina Penal
Direito Público pelo Complexo Jurídico Damásio de Jesus.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Vale ainda lembrar que, ao longo dos anos, a garantia da ordem públi-
ca foi associada com a magnitude da lesão em decisões de vários Tribunais
Regionais Federais, mas sempre merecendo destaque especial a manutenção
destas decisões pelo Superior Tribunal de Justiça, a exemplo dos Recursos
Especiais nºs 754.255/PR e 662.356/RS.
Desta feita, pode-se advogar a estreita relação da ordem pública com
a magnitude da lesão, especialmente em vista do reconhecimento constante
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Guilherme de Souza Nucci, por sua vez, parece ter seguido o mesmo
caminho acerca da utilidade da magnitude da lesão e, ao que tudo indica,
116
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Doutrina Penal
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da lesão. E claro, não há que se negar que tal orientação tem propriedade e
forte respaldo jurídico.
Destarte, se é certo que a magnitude da lesão de cautelar nada tem,
relembre-se que, ao que tudo indica, a sua inclusão na Lei dos Crimes Contra
o Sistema Financeiro Nacional correspondeu mais ao aspecto do resgate da
credibilidade social, conforme anteriormente já exposto.
Em todo caso, há necessidade de abertura de um parêntese para ressal-
tar que a garantia da ordem pública e, principalmente, a garantia da ordem
econômica também não são argumentos dos mais legítimos para a tutela do
processo nem mesmo genuinamente cautelares. Porém, mesmo assim em-
basam prisões, algumas até por situações menos relevantes que a tutela do
sistema financeiro.
Nesse passo, retomando a interpretação do art. 30 da Lei nº 7.492/1986,
anteriormente iniciada, se é certo que a redação do dispositivo é obscura e,
ainda que por meio de uma interpretação sistemática, é possível sustentar a
autonomia da magnitude da lesão como circunstância da preventiva, tam-
bém é certo que uma lei na seara criminal deve ser clara por si mesma, dada
a liberdade como bem jurídico.
Logo, se a lei claramente não prevê, não cabe ao intérprete, perigo-
samente, presumir que estatuiu. Isto significa dizer que uma circunstância
autônoma para a prisão preventiva sem nenhuma cautelaridade e de consti-
tucionalidade duvidosa tentou nascer, mas já nos primeiros respiros a infeliz
e deficiente redação do art. 30 da Lei nº 7.492/1986 começou a asfixiá-la.
Destarte, ao intérprete restaram dois caminhos: o primeiro, ignorar por
completo a autonomia da magnitude da lesão pautado principalmente na re-
dação do art. 30 da Lei nº 7.492/1986 e na ausência de cautelaridade; o segun-
do, conferir autonomia para a magnitude respaldado na busca dos fins da Lei
nº 7.492/1986, na necessidade de tutela coletiva, tudo aliado ao argumento
da existência da garantia da ordem econômica e da ordem pública.
Desta forma, em que pese a maioria dos Tribunais Regionais Federais,
o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal sustentarem a
imprescindibilidade de a magnitude da lesão estar acompanhada de alguma
das circunstâncias do periculum libertatis previstas no art. 312 do Código de
Processo Penal, o tema ainda proporciona críticas.
Conforme visto, é certo que a redação do art. 30 é deficiente, que a
aparente vontade do legislador foi o resgate ou a manutenção da credibilida-
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Doutrina Penal
Agosto/2014
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Valder Antonio Alves a Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Relª Min. Laurita
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______. Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Prisão Preventiva. Recurso em
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Roberto Moreira e outros. Rel. Des. Nelton dos Santos. Julgado em 24.06.2008
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www.trf4.jus.br. Acesso em: 5 out. 2010.
COSTA JÚNIOR, Paulo José da; QUEIJO, Maria Elizabeth; MACHADO, Charles
Marcildes. Crimes do colarinho branco: comentários à Lei nº 7.492/1986. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 2002.
123
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Doutrina Penal
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124
Jurisprudência
Cível
stf
S upremo T ribunal F ederal
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
VOTO
Relatório
1. Agravo nos autos principais contra decisão que não admitiu recurso ex-
traordinário, interposto com base na alínea a do inc. III do art. 102 da Cons-
tituição da República.
2. O Tribunal Regional Federal da 4º Região decidiu:
‘AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO – BEM DE FAMÍLIA –
IMPENHORABILIDADE – DOIS LOTES DE TERRENOS, EM CADA
QUAL EDIFICADA UMA CASA – EXECUTADO QUE RESIDE EM
UMA DELAS – AUSÊNCIA DE PROVA DE QUE AMBAS AS CASAS
SÃO INTERLIGADAS – 1. A Lei nº 8.009/1990, em seu art. 1º, põe a sal-
vo de penhora o imóvel residencial da família ou entidade considerada
como tal, para fins de satisfação de qualquer tipo de dívida, desde que
seja o único imóvel de propriedade do executado. 2. Não havendo pro-
va da alegação de que ambas as casas se interligam e formam um único
imóvel, deve ser mantida a decisão que determinou a penhora sobre
aquela na qual não reside o executado, mesmo diante da alegação de
que esta serve de residência a outras pessoas da sua família.’
3. A decisão agravada teve como fundamento para a inadmissibilidade do
recurso extraordinário a circunstância de que a contrariedade à Constitui-
ção, se tivesse ocorrido, seria indireta.
4. O Agravante argumenta que ‘há, sim, afronta direta aos dispositivos
constitucionais invocados, diversamente do que assevera a decisão que ne-
gou seguimento ao recurso extraordinário’.
No recurso extraordinário, alega que o Tribunal a quo teria contrariado os
arts. 1º, inc. III, e 6º da Constituição da República.
Apreciada a matéria trazida na espécie, decido.
5. O art. 544 do Código de Processo Civil, com as alterações da Lei
nº 12.322/2010, estabelece que o agravo contra decisão que não admite re-
curso extraordinário processa-se nos autos deste recurso, ou seja, sem a
necessidade da formação de instrumento.
Sendo este o caso, analisam-se, inicialmente, os argumentos expostos no
agravo, de cuja decisão se terá, então, se for o caso, exame do recurso ex-
traordinário.
6. Razão jurídica não assiste ao Agravante.
A Desembargadora Relatora do caso no Tribunal Regional Federal da
4ª Região observou:
128
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA
131
STJ
S uperior T ribunal de J ustiça
EMENTA
ACÓRDÃO
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
AUTUAÇÃO
Recorrente: K. B. da S.
Advogado: Tarcísio Geroleti da Silva
Recorrido: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Assunto: Direito civil – Família – Relações de parentesco
CERTIDÃO
RELATÓRIO
Sustenta que a guarda da menor deveria ter sido concedia à avó, pois
esta manifestou sua vontade de cuidar da neta, porquanto existe norma co-
gente quanto à absorção de menor pela família ampliada e que, apenas quan-
do ocorrer a ausência de um grupo familiar, houver manifesto desinteresse
deste, ou outra razão ponderável que fundamente a preterição, a absorção da
menor cujos pais foram destituídos do pátrio poder, deve ocorrer no seio da
família estendida.
Contrarrazões: O Ministério Público estadual, em contrarrazões, aponta
a inexistência de prequestionamento dos dispositivos tidos como violados,
incidência das Súmulas nºs 7/STJ, 126/STJ e 283/STF.
Às fls. 297/300, parecer do Ministério Público Federal, de lavra do Sub-
procurador-Geral da República, Washington Bolívar Júnior, pelo não provimen-
to do recurso especial, ante a existência dos óbices das Súmulas nºs 7 e 126/STJ.
É o relatório.
VOTO
Cinge-se a controvérsia em dizer se é possível, em hipótese de desti-
tuição do poder familiar, determinar a adoção de criança, mesmo existindo
membros da família expandida – in casu, avó – que manifestaram o desejo de
ter a guarda da infante.
Diante do triste contesto estampado nos autos, é possível evitar que a pe-
quena A. sofras as mesmas conseqüências da convivência nociva de sua
família original. (fls. 147/148)
O Capítulo III por sua vez, prevê o direito à convivência familiar e comu-
nitária. A garantia da convivência familiar se perfaz através de dois princí-
pios basilares: O da proteção integral e o da prioridade absoluta. A entidade
familiar dispõe de proteção constitucional, já que o art. 226 da Carta Magna
especifica proteção especial pelo Estado da família. Esta possui um concei-
to dilatado, abrangendo a união estável (art. 226, § 3º) e a comunidade for-
mada por qualquer dos pais e seus descendentes (art. 226, § 4º). A própria
Declaração Universal dos Direitos do Homem já dispunha em seu art. XVI,
3, que a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade. Finalmente,
a Lei nº 12.010/2009 elegeu a família natural como prioridade (art. 1º, § 2º),
entidade a qual a criança e o adolescente devem permanecer, ressalvada a
absoluta impossibilidade, devendo existir decisão judicial fundamentada.
Assim, nos procedimentos da infância e juventude, a preferência é sempre
de mantença do menor junto aos genitores biológicos. Na impossibilidade,
existe a colocação em acolhimento familiar ou institucional (§ 1º).
(ISHIDA, Válter Kenji in Estatuto da Criança e do Adolescente – Doutrina e
Jurisprudência. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 40/41)
20. Como dito antes, a Lei define o fator primário, que são os círculos
concêntricos construídos a partir da parentalidade do menor – chamada de
família natural – e que, apenas na ausência, impossibilidade ou falta de inte-
resse do antecedente, abre espaço para o posterior, numa linha que gradati-
vamente se afasta do seu centro, até desbordar desse núcleo familiar expan-
dido, para só então permitir o albergamento do menor em família substituta.
21. Nesse sentido, cita-se o posicionamento de Rolf Madaleno:
Para a apreciação do pedido de colocação em família substituta deverá ser
levado em linha de consideração o grau de parentesco e a relação de afini-
dade ou de afetividade do infante com os integrantes do núcleo familiar de
destino, a fim de evitar ou minorar as consequências provenientes da me-
dida. O parágrafo único do art. 25 do Estatuto da Criança e do Adolescente
já expressava igual preocupação com relação aos vínculos de afinidade e
de efetividade que podem ser considerados como sendo os elementos fun-
damentais e indispensáveis ao maior êxito de uma saudável vinculação
de filiação. Consequentemente, será preferível colocar a pessoa em desen-
volvimento sob os cuidados de um tio, quando igualmente presentes os
vínculos de afinidade e afetividade, ao invés de um estranho.
(MADALENO, Rolf in Curso de direito de família. Rio de Janeiro: Forense,
2011. p. 614)
EMENTA
VOTO VENCEDOR
Diante desse quadro, concluiu a juíza que, embora a avó materna esti-
vesse disposta a receber de volta a neta, essa não seria a solução mais apro-
priada.
145
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
VOTO
VOTO
147
trf 1ª r.
T ribunal R egional F ederal da 1ª R egião
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
VOTO
A meu ver, não merece reforma a sentença tendo em vista que reputo
corretos os fundamentos adotados pelo magistrado de base, porquanto di-
rimiram de forma pertinente a lide, conforme se depreende dos seguintes
trechos (fls. 127/129):
No caso em questão, o dano decorrente da inscrição indevida em cadastro
de inadimplente, é uma situação de dano moral in re ipsa, pois este pre-
sumidamente afeta a dignidade da pessoa humana, tanto em sua honra
subjetiva, como perante a sociedade.
Além disso, consiste o dano moral na violação a direitos personalíssimos,
inclusive os dos entes personificados, protegidos por nosso ordenamento
jurídico, no Código Civil, em seu art. 52, no mesmo caminho do Enunciado
nº 227 do STJ, qual seja: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. Portanto,
apesar de não serem passíveis de dor, sofrimento, tristeza ou angústia, não
menos verdade que se atribuem a eles uma honra de natureza objetiva, ou
seja, sua reputação frente à sociedade.
No caso dos presentes autos, cotejando os documentos a ele anexados, ve-
rifica-se ocorrência de conduta ilícita que acarretou a indevida inclusão da
empresa autora no rol dos maus pagadores junto à Serasa. A inclusão é in-
151
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
SUSTENTAÇÃO ORAL
CERTIDÃO
Certifico que a(o) egrégia(o) Sexta Turma, ao apreciar o processo em
epígrafe, em Sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, à unanimidade, negou provimento à Apelação, nos termos do
voto do Relator.
SUSTENTAÇÃO ORAL
CERTIDÃO
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
Sem custas.
VOTO
166
E mentário C ível
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER – FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTO – SOLIDARIEDADE
ENTRE ENTRES DA FEDERAÇÃO –
MEDIDA DE URGÊNCIA – ART. 273
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE
POSSE – COMODATO VERBAL –
NOTIFICAÇÃO PARA DESOCUPAÇÃO
167
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
– PERMANÊNCIA INJUSTA –
ESBULHO POSSESSÓRIO
ADOÇÃO – INEXISTÊNCIA DE
VÍNCULOS COM A FAMÍLIA
ESTENDIDA – PREVALÊNCIA
DO INTERESSE DO MENOR
– ESTABILIDADE NA SUA
CRIAÇÃO E FORMAÇÃO
33499 – “Civil. Processual civil. Família. Destituição do pátrio poder. Menor. Família
substituta. Caso peculiar. Migração da mãe para o sul do Brasil em busca de melhores
condições. Maus-tratos e situação de risco. Confirmação. Pretensão de atribuição da
guarda à avó materna. Inexistência de vínculo com a família estendida (avós, tios e
primos). Adoção concluída. Prevalência do interesse do menor. Estabilidade na cria-
ção e formação. Necessidade. Recurso especial desprovido. Na hipótese em que a
genitora deixa a casa dos pais e migra para o sul do país em busca de melhores con-
dições, optando por levar consigo filha menor, cumpre-lhe proteger a criança e dela
cuidar, garantindo-lhe sustento, guarda, companhia e educação em ambiente livre da
presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes (Constituição Federal
e Estatuto da Criança e Adolescente). Se não há controvérsia sobre o fato de a menor
ter sido vítima de negligência e de maus-tratos e encontrar-se em situação de risco,
destitui-se o pátrio poder. Estando a criança em situação de risco e não subsistindo
nenhum vínculo afetivo entre ela e a família de origem, prevalece o interesse da me-
nor, que deve ser inserida em família substituta, sobretudo quando há notícia de que
o processo de adoção já foi concluído. Recurso especial desprovido.” (STJ – REsp
1422929/SC – 3ª T. – Relª Min. Nancy Andrighi – Rel. p/o Ac. Min. João Otávio de
Noronha – J. 24.04.2014 – DJe 12.08.2014)
168
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
AGRAVO REGIMENTO NO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA –
INTERPOSIÇÃO EXCLUSIVAMENTE
POR VIA ELETRÔNICA – APLICAÇÃO
DO ART. 10, XVIII, C/C O ART. 23
DA RESOLUÇÃO Nº 14/2013 DO STJ
nº 14/2013 do STJ. À fl. 657 foi certificado, também, que a petição original corres-
pondente ao fac-símile protocolizado em 23.05.2014 não foi recebida nesta Corte”.
Nesse cenário, destacou o Relator que “a prática de atos processuais por intermé-
dio de sistema de transmissão de dados (fac-símile ou outro similar), possibilitada
pela Lei nº 9.800/1999, tem validade condicionada à juntada das peças originais em
até 5 (cinco) dias do término do prazo recursal. Outrossim, a Resolução nº 14/STJ,
publicada em 03.07.2013, que regulamenta o processo judicial eletrônico no Su-
perior Tribunal de Justiça, estabelece que as petições incidentais – como o agravo
regimental – referentes a diversas classes processuais, serão recebidas exclusiva-
mente de forma eletrônica, podendo a Secretaria Judiciária, unidade responsável
pelo recebimento de petições, recusar os documentos apresentados na forma física
(art. 10 c/c o art. 23 da Res. 14/2013 do STJ)”.
No caso concreto, “a decisão que obstou o processamento dos embargos de diver-
gência, de acordo com a certidão de fl. 647, foi considerada publicada em 15.05.2014
e o agravo regimental contra ela manejado foi protocolizado de forma incomple-
ta, via fac-símile, em 23.05.2014 (fl. 652). Conforme certificado à fl. 650, a petição
de agravo regimental, apresentada de forma física, foi recusada em 27.05.2014
pela Secretaria Judiciária deste Tribunal com amparo no art. 23 da Resolução
nº 14/2013 do STJ. Desse modo, se a Resolução nº 14/2013 disciplina a forma de
peticionar a esta Corte, é certo que a petição original do agravo regimental deveria
ter sido encaminhada à Secretaria do Tribunal na forma da supracitada Resolu-
ção”.
Ou seja, o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que o agravo regimental,
cabível contra as decisões monocráticas dos Ministros, deve necessariamente ser
apresentado pela via eletrônica, conforme determina a Resolução nº 14/2013. Por
não seguir o procedimento preconizado nesta norma, o recurso não foi conhecido.
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
GRATUITA – DEFERIMENTO
– EFEITOS EX NUNC
– JURISPRUDÊNCIA
CONSOLIDADA DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
CONSUMIDOR – COBRANÇA
INDEVIDA – NÃO CONFIGURAÇÃO
DE DANOS MORAIS – EPISÓDIO
PRÓPRIO DA VIDA COTIDIANA
CONSUMIDOR – CONTRATO DE
TRANSPORTE AÉREO – ATRASO
SUPERIOR A 37 HORAS – DANO
MORAL CARACTERIZADO –
INDENIZAÇÃO FIXADA EM
R$ 10.000,00 PARA CADA AUTOR
CONTRATO DE INVESTIMENTO
– DIREITO DE AJUIZAMENTO DA
AÇÃO CONTRA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA PARA POSTULAÇÃO
DE DIFERENÇAS NAS APLICAÇÕES
33508 – “Agravo regimental em agravo (art. 544 do CPC). Ação revisional de contrato
de mútuo. Pedido de tutela antecipada deferido em parte, apenas no tocante ao depó-
sito de valores que entende devidos, com a declaração de que inviável o afastamento
da mora, pois as teses levantadas não se fundam na aparência do bom direito, visto
que têm sido invariavelmente rechaçadas pelas Cortes Superiores. Impossibilidade
de exame dos requisitos autorizadores, mormente porque o simples ajuizamento de
ação revisional não constitui, por si só, fundamento suficiente para descaracterizar
a mora. Aplicação da Súmula nº 7/STJ. Decisão monocrática que negou provimento
ao agravo em recurso especial. Irresignação da mutuária. 1. Nos termos da jurispru-
dência do Superior Tribunal de Justiça, o simples ajuizamento de ação para discutir
a legalidade de cláusulas contratuais não constitui, por si só, fundamento suficiente
para descaracterizar a mora, mormente quando o valor ofertado mostrar-se inveros-
símil frente ao valor devido objeto do contrato e as teses arguidas não se fundam na
aparência do bom direito. 2. Considerando que os requisitos autorizadores da conces-
são de tutela antecipada, previstos no art. 273 do CPC, bem como de medida liminar,
traduzem-se matéria fática, devidamente aferida pelo juiz natural, é defeso a esta
Corte Superior o reexame dos aludidos pressupostos, em face do óbice contido na Sú-
mula nº 7 do STJ. 3. Agravo regimental desprovido.” (STJ – AgRg-AREsp 464.485/MS
– 4ª T. – Rel. Min. Marco Buzzi – J. 24.06.2014 – DJe 01.08.2014)
CONTRATO DE MÚTUO –
JUROS MORATÓRIOS – TAXA
MÉDIA DE MERCADO
33509 – “Agravo regimental no recurso especial. Bancário. Ação revisional. Juros re-
muneratórios. Ausência de indicação da taxa. Média do mercado. Agravo regimental
desprovido. 1. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que na impossibilida-
de de se aferir a taxa de juros acordada, seja pela própria falta de pactuação ou pela
ausência de juntada do contrato aos autos, os juros remuneratórios são devidos à taxa
média de mercado para operações da mesma espécie, divulgada pelo Banco Central
do Brasil (AgRg-Ag 1.085.542/RS, 3ª Turma, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
DJe 21.09.2011; AgRg-Ag 1.020.140/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
DJe 09.11.2009) 2. Agravo regimental a que se nega provimento.” (STJ – AgRg-REsp
1279826/SP – 4ª T. – Rel. Min. Raul Araújo – J. 24.06.2014 – DJe 01.08. 2014)
175
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
CONTRATO DE TRANSPORTE
AÉREO – EXTRAVIO DE BAGAGEM –
DANO IN RE IPSA – INDENIZAÇÃO
FIXADA EM R$ 5.000,00
33512 – “Apelação cível. Ação de indenização por danos morais. Prática de ato ilíci-
to. Realização de saques indevidos da conta bancária do apelado por ação ou omis-
são do banco apelante. Banco recorrente não realizou qualquer procedimento interno
para apurar o ato ilícito. Apelado colacionou aos autos o inquérito policial onde a
autoridade responsável indiciou o funcionário do Banco Ubiraci da Costa, afirmando
que não restou dúvidas a partir das imagens que os saques foram efetivados pelo
indiciado. Se espera das instituições financeiras é o cuidado necessário para verifi-
cação da autenticidade dos documentos que lhe são apresentados, em face do risco
que é inerente à sua atividade. Alegação do recorrente. Quantum indenizatório fixado
pelo Magistrado singular no valor de R$ 30.000,00 revela-se excessivo e despropor-
cional. Impõe a minoração de tal montante. Reduzo a quantia do dano moral para
R$ 20.000,00 em relação ao termo inicial da incidência dos juros de mora, pugna ape-
lante para que seja considerada a data da decisão judicial que arbitrou o quantum
indenizatório. Possibilidade. Não há como se considerar em mora o devedor, se ele
não tinha como satisfazer obrigação pecuniária não fixada por sentença, arbitramento
ou acordo entre as partes. Recurso conhecido e parcialmente provido, à unanimida-
de.” (TJPA – Proc. 201330320289 – 136398 – Órgão Julgador 4ª C.Cív.Isol. – Relª Elena
Farag – J. 14.07.2014 – Publicado em 04.08.2014)
177
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
33513 – “Habeas corpus. Direito de família. Prova pericial. Exame toxicológico. Direito
de visita. Inadequação da via eleita. Ordem denegada. 1. A determinação de que o
paciente se submeta a exame toxicológico para que seja viável a decisão acerca da
visitação das filhas menores não caracteriza constrangimento da sua liberdade de ir
e vir, tão pouco, ilegalidade ou abuso de poder passível de exame em habeas corpus.
2. Ordem denegada.” (STJ – HC 269.499/PR – 4ª T. – Relª Min. Maria Isabel Gallotti –
J. 24.06.2014 – DJe 01.08.2014)
Nota:
Neste interessante precedente do Superior Tribunal de Justiça, houve a impetração
de habeas corpus, com o objetivo de sustar a determinação judicial, proferida pelo
juízo de família, para a realização de exame pericial toxicológico, o qual pela ins-
tância ordinária foi tido como relevante para a definição do direito de visita.
Como destacado pela doutrina, a visitação almeja fortalecer os vínculos afetivos,
mediante a convivência dos parentes: “A visitação não é somente um direito as-
segurado ao pai ou à mãe, é direito do próprio filho de com eles conviver, o que
reforça os vínculos paterno e materno-filial. Talvez o melhor seria o uso da expres-
são direito de convivência, pois é isso que deve ser preservado mesmo quando pai
e filho não vivem sob o mesmo teto” (DIAS, Maria Berenice. Direito das famílias.
8. ed. São Paulo: RT, 2011. p. 450). Entretanto, quando o interesse das pessoas é
colocado em xeque, surge a necessidade de se recorrer às visitas supervisionadas
ou a ambientes terapêuticos. Daí a relevância da prova produzida nos processos
em que se discute o tema.
Na origem, fora proposta ação de reconhecimento e dissolução de união estável
cumulada com pedido de regulamentação de visitas. Apreciando agravo de ins-
trumento, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná havia considerado presentes
indícios de que o genitor era usuário de drogas, de sorte que, antes de reconhecer
o direito e os limites da visitação, a Corte concluiu pela necessidade de submeter
o pai ao exame toxicológico.
O acórdão foi assim ementado: “AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE RE-
CONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C PEDIDO DE
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – PRECLUSÃO – INOCORRÊNCIA – DIREITO IN-
DIVIDUAL INDISPONÍVEL – INDÍCIOS DE QUE O GENITOR SEJA USUÁRIO
DE DROGAS, QUE IMPÕEM A NECESSIDADE DE PROVA PERICIAL, AINDA
QUE ANTERIORMENTE INDEFERIDA – INÍCIO DE PROVA – PRESERVAÇÃO
DO MELHOR INTERESSE DAS MENORES, BEM COMO DE SUAS INTEGRI-
DADES FÍSICA E MENTAL – VISITAÇÃO NA CASA PATERNA, FINAIS DE
SEMANA ALTERNADOS, SEM PERNOITE – CUSTAS DA PERÍCIA A SEREM
ARCADAS PELO AGRAVANTE, COM POSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO
QUANDO DA SENTENÇA – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO”.
178
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
depende da verificação pelo magistrado dos requisitos elencados no art. 273 do CPC.
Essas exigências deverão comparecer nos autos de modo a comportar uma certeza, ou
até provável certeza, de que há o direito que se propõe buscar, ou que há necessidade
de garantir os efeitos práticos da tutela principal, isto é, existindo prova inequívoca,
se convença da verossimilhança das alegações e haja fundado receio de dano irrepa-
rável ou de difícil reparação. Falta a agravante o requisito da prova inequívoca do
alegado, haja vista que suas alegações ao pleitear sua exclusão da sociedade empre-
sária são no sentido de que haveria má gestão das demais administradoras e a quebra
do affectio sociatatis, além da consequente difícil situação financeira da empresa, que
teria gerado considerável perda da competitividade mercadológica, entretanto, não
houve juntada de prova inequívoca. Em sentido contrário, as agravadas aduziram
que a empresa possui mais de quarenta e cinco anos de existência no mercado, com
reconhecimento perante a sociedade paraense, sendo que parou de atender a clientela
em 2013 e encontra-se hoje apenas quitando com as obrigações trabalhistas, a fim de
encerrar as atividades da empresa de forma digna. a real situação dos fatos deverá ser
melhor analisada pelo Juízo a quo, durante a instrução processual, com a devida di-
lação probatória. não há também perigo resultante da demora, isto porque a própria
empresa encerrou suas atividades, como informado e está simplesmente quitando
todas as obrigações. Ora, ainda que se considerasse que a agravada estaria fora a par-
tir de agora da sociedade, esta ainda permaneceria por dois anos responsável pelas
dívidas e obrigações da sociedade, conforme reza o art. 1.003 do Código Civil, o que
deixa de caracterizar a urgência. Recurso conhecido e improvido. Decisão unânime.”
(TJPA – Proc. 201330176848 – 136625 – Órgão Julgador 1ª C.Cív.Isol. – Rel. Gleide
Pereira de Moura – J. 07.08.2014 – Publ. 11.08.2014)
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
– EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO –
CABIMENTO DE APELAÇÃO –
INTERPOSIÇÃO ERRÔNEA DE
AGRAVO – AUSÊNCIA DE DÚVIDA
OBJETIVA – NÃO APLICAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE
EXONERAÇÃO DE PENSÃO
ALIMENTÍCIA – INTERPRETAÇÃO
DO ART. 1.635 DO CÓDIGO CIVIL
– MAIORIDADE DOS FILHOS E
ATIVIDADE LABORATIVA
HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO
– EXTINÇÃO DO PROCESSO
COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO
– CABIMENTO DE APELAÇÃO
– INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO
– ERRO GROSSEIRO
que homologou acordo e extinguiu o processo com base no art. 269, III, do Código de
Processo Civil, contra a qual seria cabível o recurso de apelação. A decisão proferida
na origem foi proferida justamente em cumprimento aos comandos expendidos na
legislação apontada na medida em que não conheceu do agravo de instrumento por
se tratar de hipótese em que cabível, apenas, o recurso de apelação. 3. A 4ª Turma do
STJ assentou o entendimento no sentido de que o § 2º do art. 557 do CPC há de ser
interpretado em consonância com o seu caput, que expressamente autoriza o Relator
a negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudi-
cado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo
Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior. 4. Agravo regimen-
tal a que se nega provimento.” (STJ – AgRg-AREsp 336.349/SP – 4ª T. – Rel. Min. Luis
Felipe Salomão – J. 05.08.2014 – DJe 12.08.2014)
LIMINAR EM MANDADO DE
SEGURANÇA – CONCURSO
PÚBLICO – RESTRIÇÃO EDITALÍCIA
– TATUAGEM – ILEGALIDADE
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
– IMPOSSIBILIDADE DE
REDISCUSSÃO DA CONDENAÇÃO
– INTERPRETAÇÃO DO
ART. 475-G, CPC
RECUPERAÇÃO JUDICIAL –
PLANO – HOMOLOGAÇÃO –
IMPOSSIBILIDADE DE DEVOLUÇÃO
186
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
33527 – “Processual civil. Decisão agravada não atacada. Súmula nº 182/STJ. Análise
de mérito em sede de juízo de admissibilidade. Possibilidade. Súmula nº 123/STJ.
Agravo não conhecido. 1. Verificado que a agravante limita-se a reiterar o argumen-
tos do recurso especial e, portanto, deixa de infirmar os fundamentos da decisão
agravada, não se conhece do agravo regimental, devido ao óbice imposto pela Súmu-
la nº 182/STJ, aplicado, mutatis mutandis, ao caso sob exame, conforme entendimento
desta Corte. 2. Não ocorre invasão de competência do STJ no caso em que o Tribunal
a quo faz análise prévia da existência de violação da legislação federal no momento
do exame de admissibilidade do recurso especial, pois tal procedimento está ampa-
rado pela Súmula nº 123 do STJ, sendo a afronta a lei federal requisito constitucional
para a interposição do mencionado recurso. Agravo regimental não conhecido.” (STJ
– AgRg-AREsp 520.754/PE – 2ª T. – Rel. Min. Humberto Martins – J. 05.08.2014 –
DJe 13.08.2014)
RECURSO ESPECIAL –
INTERPOSIÇÃO POR ADVOGADO
SEM PROCURAÇÃO NOS AUTOS –
INCIDÊNCIA DA SÚMULA
Nº 115/STJ – NÃO CONHECIMENTO
REGULAÇÃO DE VISITAS
DOS AVÓS – RELEVÂNCIA
DO ESTUDO PSICOSSOCIAL
– PROTEÇÃO DO MENOR
REPETIÇÃO DE INDÉBITO –
DEVOLUÇÃO DE TAXA DE SOBRE-
ESTADIA DE CONTÊINERES
191
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
(DEMURRAGE) – PRAZO
PRESCRICIONAL QUINQUENAL
RESCISÃO CONTRATUAL –
PROMESSA DE COMPRA E
VENDA DE BEM IMÓVEL –
INADIMPLEMENTO CONTRATUAL –
DANO MORAL EXCEPCIONALMENTE
CARACTERIZADO
RESPONSABILIDADE CIVIL –
CONTRATAÇÃO MALICIOSA
DE EMPRÉSTIMO – DOLO
DO EMPREGADOR – DANO
MORAL CARACTERIZADO
RESPONSABILIDADE CIVIL
DOS SERVIDORES – REMOÇÃO
DE PERFIS FALSOS EM SITES
DE RELACIONAMENTO –
DEVER DE FORNECIMENTO
DO ENDEREÇO DE IP
RESPONSABILIDADE CIVIL
– ESTATUTO DO IDOSO –
NEGATIVA DE ATENDIMENTO POR
CAIXA PREFERENCIAL – DANO
MORAL CARACTERIZADO
33536 – “Apelação cível. Ação de indenização por dano moral. Negado atendimento
a parte autora para o caixa preferencial. Comprovação que o apelado possui mais de
60 anos. Permaneceu na fila por mais de 06 (seis) horas. Lei Estadual nº 7.255. Con-
denação a importância de R$ 30.000,00 a título de danos morais. Valor atribuído na
sentença superior ao pedido na inicial impossibilidade. Julgador não pode ultrapas-
sar o valor indicado pelo autor em evidente julgamento extra petita. Dano moral deve
ser minorado para valor sugerido na inicial, qual seja R$ 8.175,00. Recurso conhe-
cido e parcialmente provido tão somente para minorar o quantum indenizatório de
R$ 30.000,00 para R$ 8.175,00, à unanimidade.” (TJPA – Proc. 201330307857 – 136357
– Órgão Julgador 4ª C.Cív.Isol. – Relª Elena Farag – J. 28.07.2014 – Publ. 01.08.2014)
RESPONSABILIDADE CIVIL –
MORTE DO FILHO – PRESUNÇÃO
DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DO
PAI – PENSIONAMENTO DEVIDO
RESPONSABILIDADE CIVIL –
TRANSEUNTE ATINGIDO POR
PROJÉTIL DISPARADO COM ARMA
DE FOGO DURANTE TENTATIVA DE
ROUBO DE MALOTES DE DINHEIRO
– DEVER DE INDENIZAR DA CASA
BANCÁRIA CARACTERIZADO
PELO RISCO DE SUA ATIVIDADE
33538 – “Recurso especial. Ação de indenização por danos materiais, morais e es-
téticos promovida por transeunte em face de instituição financeira e de empresa de
segurança, atingido por projétil disparado com arma de fogo, no momento em que
ocorreu tentativa de roubo de malotes de dinheiro retirados em frente à agência ban-
cária, na consecução de operação típica. instâncias ordinárias, que, ao final, reconhe-
ceram a responsabilidade solidária dos demandados. Insurgências, em separado, da
instituição financeira e da empresa de segurança. Hipótese em que se pretende a
condenação solidária de instituição financeira e de empresa de segurança pelos danos
morais, estéticos e materiais impostos ao demandante que foi atingido por projétil de
arma de fogo (resultando, ao final, na amputação de sua perna na parte inferior ao
joelho), por ocasião da tentativa de roubo justamente no momento em que a casa ban-
cária, no desempenho de suas operações cotidianas, retirou ostensivamente malotes
de dinheiro, pela porta da frente da agência bancária, em horário e local de grande
circulação de pessoas. Em primeira instância, a ação restou julgada procedente em
face de instituição financeira, e, extinta, sem julgamento de mérito, em relação à em-
presa de segurança. Em sede de recurso de apelação, reforma parcial da sentença,
para reintegrar à lide a empresa de segurança, condenando-a em solidariedade com a
casa bancária pelos danos suportados pelo demandante. 1. A partir do suporte fático
delineado pelas instâncias ordinárias, sobressai evidenciado que a instituição finan-
195
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
ceira, na consecução de operação própria de sua atividade – levada a efeito, por sua
conta e risco, na via pública –, foi alvo de empreitada criminosa, com repercussão na
esfera de direito de terceiros. Constata-se, portanto, que houve a retirada ostensiva
de malotes de dinheiro (mediante a atuação de empresa de segurança contratada
ante iniciativa da instituição financeira), cuja operação foi realizada através da porta
da frente da agência bancária, em horário e local de grande circulação de pessoas,
procedimento adotado pela Caixa Econômica Federal para viabilizar ação intrínseca
ao seu empreendimento, inegavelmente. 1.1 A conduta ilícita perpetrada em face da
instituição financeira (ainda que ocorrida na via pública), deu-se justamente por oca-
sião e em razão da realização de atividade bancária típica por ela desempenhada, in-
serindo-se, nessa extensão, nos riscos esperados do empreendimento desenvolvido,
mantida incólume a relação de causalidade. 1.2 O simples fato de a tentativa de roubo
ter ocorrido na via pública não tem o condão, por si só, de afastar a responsabilida-
de da instituição financeira ante danos infligidos a terceiro transeunte (consumidor
por equiparação), justamente em razão da operação de carga e descarga de dinheiro
em malotes ter sido desenvolvida naquele local. Ao assim proceder, os métodos e
mecanismos de segurança empregados pela casa bancária deveriam ser mais eficien-
tes, rigorosos e producentes, porquanto expõem, em circunstâncias tais, um número
substancialmente maior e impreciso de pessoas aos riscos próprios da atividade que
desenvolve, o que robustece sua responsabilidade pelos danos narrados na exordial.
2. A ratio decidendi dos precedentes desta Corte de Justiça está justamente no fato de
que, no interior das agências, em que há o desenvolvimento, em grande parte, das
atividades bancárias, as quais naturalmente envolvem a concentração de elevadas
somas em dinheiro, o roubo ali praticado insere-se, indene de dúvidas, no risco do
empreendimento desenvolvido pela instituição financeira. Destaca-se: não é exclu-
sivamente o local, mas também a atividade desempenhada que caracterizam os po-
tenciais riscos. 2.1 Não obstante, caso a atividade bancária venha a ser desenvolvida
fora dos limites físicos da agência, também com a movimentação de expressivos va-
lores monetários, a conduta ilícita, ainda que ocorrida na via pública, compreende-se
igualmente no risco do empreendimento, devendo a instituição financeira, por isso,
responsabilizar-se objetivamente ante danos daí advindos, suportados por clientes
ou terceiros. 3. Na hipótese em foco, inexiste dúvida de que o banco demandado, ao
operacionalizar sua atividade bancária (retirada e transporte de expressiva quantia
em dinheiro em plena via pública, pela porta da frente da agência em local e horário
de grande circulação de pessoas), criou riscos a terceiros, devendo, portanto, reparar,
de modo pleno, os danos daí advindos. 4. Em relação à empresa de segurança, com
mais razão, estas condutas criminosas afiguram-se com alto grau de previsibilidade,
sendo inerente à atividade empresarial desempenhada pela recorrente que tem por
objeto propiciar, nos termos contratados, proteção e segurança à atividade bancá-
ria, e, por consequência, aos clientes e a terceiros. 5. Sobre a condenação por danos
morais, não se vislumbra excesso no montante delineado pela Corte local, apto a
autorizar a excepcional intervenção deste Superior Tribunal de Justiça, afigurando-
196
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Civil
Agosto/2014
-se inviável superar o óbice elencado na Súmula nº 7/STJ. 6. Recursos Especiais im-
providos.” (STJ – REsp 1098236/RJ – 4ª T. – Rel. Min. Marco Buzzi – J. 24.06.2014 –
DJe 05.08.2014)
SENTENÇA ESTRANGEIRA –
CONDENAÇÃO PELO JUÍZO
ARBITRAL – RESOLUÇÃO Nº 9/STJ
– HOMOLOGAÇÃO DEFERIDA
USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA
– ART. 1.238, CC – REQUISITOS
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
VOTO
dante a fim de que este nomeie substituto’ sendo que ‘durante os 10 (dez)
dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde
que necessário para lhe evitar prejuízo’.
2. No caso dos autos, nas petições de renúncia dos patronos contratados
pelo paciente, embora haja a informação de que os outorgantes do man-
dato teriam sido cientificados do fato, não consta as suas assinaturas, ou
qualquer outro dado que comprove que realmente foram informados de
que seus patronos não iriam prosseguir no exercício da defesa técnica.
3. Ademais, mesmo diante da ausência de nomeação de outro profissio-
nal da advocacia pelo paciente, constata-se que os causídicos renunciantes
não continuaram a representá-lo pelos 10 (dez) dias seguintes à renúncia,
o que certamente lhe acarretou prejuízos, já que não teve a oportunidade
de recorrer do acórdão proferido no julgamento da apelação, sobrevindo o
trânsito em julgado da condenação sem que pudesse exercer a sua defesa
com a amplitude que lhe é garantida pela Constituição Federal.
4. Ordem concedida para anular a certidão de trânsito em julgado da con-
denação, determinando-se a intimação do paciente para constituir novo
advogado, se desejar, bem como a expedição de contramandado de prisão
ou alvará de soltura em seu favor, caso a ordem de segregação já tenha sido
cumprida e se por outro motivo não estiver preso.” (e-STJ fl. 126).
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
AUTUAÇÃO
PEDIDO DE EXTENSÃO
CERTIDÃO
203
stJ
S uperior T ribunal de J ustiça
EMENTA
uma vez que teria se mudado para fora do país há cerca de 3 (três) anos,
sem a prévia comunicação ao Juízo.
3. O advogado contratado pela acusada para patrociná-la foi
devidamente cientificado da prolação do édito repressivo por meio de
publicação no Diário de Justiça, nos termos do art. 370, § 1º, do Código
de Processo Penal, revelando-se descabida a pretensão de realização de
diligências para que fosse pessoalmente intimado, pois a notificação dos
profissionais da advocacia é feita por meio da imprensa oficial, e não
por mandado.
4. O só fato de o patrono contratado pela acusada não haver
apelado do édito repressivo não caracteriza cerceamento de defesa pois,
como é cediço, os recursos caracterizam-se pela voluntariedade, não
havendo como se impor a sua interposição pela parte.
5. Recurso improvido.
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
VOTO
O Exmo. Sr. Ministro Jorge Mussi (Relator): Por meio deste recurso or-
dinário constitucional pretende-se, em síntese, a intimação dos defensores da
recorrente acerca da sentença condenatória.
O Código de Processo Penal trata da intimação da sentença no art. 392:
Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I – ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II – ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se
livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;
207
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Penal
Agosto/2014
[...]
(HC 93120, 2ª T., Rel. Min. Joaquim Barbosa, J. 08.04.2008, DJe-117 Divulg.
26.06.2008, Public. 27.06.2008, Ement. v. 02325-03, p. 00604)
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
AUTUAÇÃO
CERTIDÃO
214
TRF 2ª R.
T ribunal R egional F ederal da 2ª R egião
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
VOTO
219
E mentário P enal
Crime ambiental
30965 – “Apelação. Crime ambiental. Art. 34, inciso II, da Lei nº 9.605/1998. Pes-
ca com petrechos não permitidos. Norma penal em branco. Ausência de especifi-
cação quanto aos petrechos, na denúncia. O tipo penal do art. 34, inciso II, da Lei
nº 9.605/1998, é norma penal em branco, necessitando de diploma legal esclarecendo
quais são os petrechos não permitidos. Ausência de especificação acerca dos petre-
chos usados, na denúncia, que impossibilita a análise sobre a rede apreendida com os
acusados. Denúncia inepta. Apelação da defesa provida, para absolver os réus.” (TJRS
– ACr 70059017764 – 4ª C.Crim. – Rel. Des. Gaspar Marques Batista – J. 24.07.2014)
Crime contra a
dignidade sexual
30967 – “Apelação criminal. Crime contra a ordem tributária. Art. 1º, Lei
nº 8.137/1990. Supressão de tributos mediante omissão de informações à autori-
dade fazendária. Inépcia da denúncia não configurada. Presentes os requisitos do
art. 41 do Código Penal. Nulidade da citação. Inocorrência. Cerceamento de defesa
não verificado. Materialidade e autoria demonstradas. Dolo genérico presente. Do-
simetria. Reforma de ofício. Pena de multa. Critério trifásico. Recursos desprovidos.
1. A acusação imputa aos réus a conduta de suprimir ou reduzir tributo, ou contri-
buição social e qualquer acessório, mediante a omissão de informação às autoridades
fazendárias, nos termos do art. 1º, I, da Lei nº 8.137/1990. 2. Segundo a acusação, nos
222
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Penal
Agosto/2014
Crime de descaminho
Crime de desrespeito
a superior
30970 – “Apelação. Crime de desrespeito a superior. Art. 160 do Código Penal Mili-
tar. Provimento ao recurso do Ministério Público Militar, com a reforma da senten-
ça absolutória. De ofício, declaração da extinção da punibilidade pela prescrição da
pretensão punitiva. Hipótese em que a prova é firme e suficientemente harmônica no
sentido de que o acusado desrespeitou o seu superior hierárquico, valendo-se, para
tanto, não só de palavras ofensivas, como também de gestos desafiadores. O objeto da
tutela penal do delito previsto no art. 160 do Código Penal Militar é a disciplina e a au-
toridade militar, que sempre restam afetadas negativamente em casos como o ora sub
examine. Reforma da sentença que se faz impositiva, com a consequente condenação
do Acusado pela prática do crime de desrespeito a superior. Mandatória é a declara-
ção, de ofício, da extinção da punibilidade do acusado pela ocorrência da prescrição
da pretensão punitiva, considerada a pena concretamente arbitrada. Unânime. Cor-
reição parcial nº 41-17.2014.7.12.0012/AM.” (STM – Ap 126-42.2010.7.12.0012/AM
– Rel. Min. Luis Carlos Gomes Mattos – DJe 14.08.2014)
Crime de extorsão
30971 – “Recurso ordinário em habeas corpus. Arts. 158, § 3º, 129, § 1º, inciso II, e
288, todos do Código Penal. Alegação de ausência dos requisitos da prisão preven-
225
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Penal
Agosto/2014
Crime de falsificação de
documento público
Nota:
O crime está previsto no art. 297 do CP, cuja redação é a seguinte:
“Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documen-
to público verdadeiro:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de en-
tidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de
sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado
a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de
segurado obrigatório;
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento
que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa
da que deveria ter sido escrita;
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as
obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da
que deveria ter constado.
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º,
nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato
de trabalho ou de prestação de serviços.”
O Mestre Damásio Evangelista de Jesus comenta:
“Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º,
nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato
de trabalho ou de prestação de serviços.”
Os documentos a que se refere o mencionado § 3º são os seguintes: a) folha de
pagamento ou documento de informações destinado a fazer prova perante a Pre-
vidência Social (I); b) a CTPS do empregado ou documento concebido com o pro-
pósito de produzir efeito perante a Previdência Social (II); c) documento contábil
ou qualquer outro relacionado com obrigações da empresa junto à Previdência
Social (III).
Não obstante a inserção das novas figuras penais, algumas estranhamente conten-
do documento particular como objeto material, o crime previsto no § 4º não deixa
de ser modalidade de “falsificação de documento público” (nomen juris do delito
do art. 297), 2 descrito como infração contra a fé pública (Título X do CP), inserida
entre os crimes de “falsidade documental” (Capítulo III).
A alteração sofrida com a inclusão dada pela Lei nº 9.983/2000 não tem o con-
dão de inserir no rol de comportamentos típicos a omissão de anotação de novo
contrato de trabalho. Pune a conduta do empregador que, mantendo contrato de
trabalho e o registro na CTPS, altera-o falsamente (§ 3º e incisos), ou que, no ato
227
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Penal
Agosto/2014
Crime de responsabilidade
de prefeito municipal
Estatuto da Criança
e do Adolescente
sociedade, pois o uso de drogas afeta a saúde pública e traz como corolário o estímulo
ao tráfico e a circulação de substâncias entorpecentes, reclamando a prevenção geral.
Recurso provido.” (TJRS – AC 70060522828 – 7ª C.Cív. – Rel. Des. Sérgio Fernando de
Vasconcellos Chaves – J. 30.07.2014)
Estelionato
30977 – “Habeas corpus. Art. 313-A c/c os arts. 29 e 30 e art. 171, § 3º, na forma do
art. 69, todos do Código Penal. Inserção de dados falsos em sistemas informatizados
ou bancos de dados da Administração Pública. Denúncia contra ré que não detém
cargo público. Impossibilidade. Habeas corpus concedido. 1. Restringindo-se a condu-
ta imputada à paciente no fato de que ela, mediante o fornecimento de seus dados
pessoais a servidora do INSS, passou a obter, fraudulentamente, benefício previden-
ciário indevido, resta clara a prática do delito de estelionato (art. 171, § 3º, do Códi-
go Penal). Ainda que a coautora, servidora do INSS, tenha procedido à inserção de
dados falsos em sistema de informações (art. 313-A do Código Penal), a conduta da
paciente, beneficiária do referido benefício, se restringe à obtenção indevida de van-
tagem ilícita mediante fraude. Nessa hipótese, ainda que se admita sua participação
para a consumação do crime contra a Administração Pública, ele não passa de crime-
-meio para a execução do estelionato, não sendo, por isso, punível. 2. Considerando
que o pedido de extinção da punibilidade – fundamentado na aplicação analógica
da Lei nº 11.941/2009, que ‘altera a legislação tributária federal relativa ao parcela-
mento ordinário de débitos tributários’, aos casos de débito previdenciário – não foi
submetido à análise da Corte de origem, evidencia-se a impossibilidade de conhecer
o pleito, sob pena de vedada supressão de instância. 3. Habeas corpus parcialmente
conhecido e, no mais, parcialmente concedido a fim de, reconhecendo a atipicidade
da conduta imputada à paciente, trancar a ação penal pela suposta prática do crime
tipificado no art. 313-A do Código Penal.” (STJ – HC 147.248 – (2009/0178774-4) –
5ª T. – Relª Min. Laurita Vaz – DJe 07.08.2014)
Execução penal
30979 – “Agravo regimental em habeas corpus. Execução penal. Falta grave. Indefe-
rimento de pedido liminar. Não cabimento do recurso. Decisão agravada mantida
por seus próprios fundamentos. 1. Este Superior Tribunal possui entendimento con-
solidado no sentido de que não é cabível a interposição de agravo regimental contra
decisão de Relator que, fundamentadamente, defere ou indefere pedido de liminar
em habeas corpus. 2. Agravo regimental não conhecido.” (STJ – AgRg-HC 276.677 –
(2013/0294929-5) – 6ª T. – Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz – DJe 04.08.2014)
Inquirição de testemunhas
era destinada não somente ao interrogatório dos réus mas também à oitiva das teste-
munhas, não havendo razão legal para cindir o ato procedimental uno, em obséquio
à regra da concentração dos atos processuais trazida pela Lei nº 11.719/2008. 5. A
causa de diminuição de pena relativa ao art. 16 do Código Penal (arrependimento
posterior) somente tem aplicação se houver a integral reparação do dano ou a resti-
tuição da coisa antes do recebimento da denúncia, variando o índice de redução da
pena em função da maior ou menor celeridade no ressarcimento do prejuízo à vítima.
6. Recurso especial improvido.” (STJ – REsp 1.302.566 – (2012/0019480-4) – 6ª T. – Relª
Min. Maria Thereza de Assis Moura – DJe 04.08.2014)
Pena
30981 – “Agravo regimental. Recurso especial. Direito penal. Art. 65, III, d, do CP.
Confissão qualificada. Reconhecimento da atenuante quando de qualquer modo ser-
viu de base para a condenação. Reforma do acórdão a quo. Matéria constitucional.
STF. 1. Este Superior Tribunal considera que a confissão qualificada, isto é, aquela
na qual o agente acrescenta teses defensivas discriminantes ou exculpantes, propicia
– quando de qualquer modo serviu de base à condenação – a aplicação da atenuan-
te prevista na alínea d do inciso III do art. 65 do Código Penal. 2. A superveniente
confirmação de decisum singular de relator pelo órgão colegiado supera eventual vio-
lação do art. 557 do Código de Processo Civil (arts. 3º do CPP e 34, XVIII, do RISTJ).
3. A violação de princípios, dispositivos ou preceitos constitucionais revela-se quaes-
tio afeta à competência do Supremo Tribunal Federal, provocado pela via do extraor-
dinário; motivo pelo qual não se pode conhecer do recurso especial nesse aspecto, em
função do disposto no art. 105, III, da Constituição Federal. 4. O agravo regimental
não merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são incapazes de
infirmar o entendimento assentado na decisão agravada. 5. Agravo regimental im-
provido.” (STJ – AgRg-REsp 1.446.058 – (2014/0077364-2) – 6ª T. – Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior – DJe 04.08.2014)
Receptação
Art. 312 do Código de Processo Penal. Garantia da ordem pública. Reiteração de-
litiva. Motivação idônea. Necessidade de manutenção da prisão preventiva. I – A
prisão cautelar, a teor do art. 5º, inciso LVII, da Constituição da República, é medi-
da excepcional de privação de liberdade, cuja adoção somente é possível quando as
circunstâncias do caso concreto, devidamente fundamentadas no art. 312 do Código
de Processo Penal, demonstrarem sua imprescindibilidade. II – Demonstrados os re-
quisitos necessários para a decretação da prisão processual, de rigor sua manuten-
ção, porquanto a necessidade de garantia da ordem pública encontra-se devidamen-
te fundamentada na periculosidade do recorrente para o meio social, evidenciada
pela reiteração delitiva, haja vista o seu envolvimento em outros crimes patrimoniais
(e-STJ, fl. 28), tendo praticado o delito quando em gozo do benefício da liberdade
provisória, demonstrando fazer da prática de delitos contra o patrimônio o seu meio
de vida. Precedentes. III – Recurso em habeas corpus improvido.” (STJ – Rec-HC 48.339
– (2014/0129482-7) – 5ª T. – Relª Min. Regina Helena Costa – DJe 15.08.2014)
Tráfico de drogas
matéria nesta Corte, vedada a supressão de instância. Ordem não conhecida.” (STJ –
HC 287.945 – (2014/0023490-5) – 6ª T. – Relª Min. Marilza Maynard – DJe 07.08.2014)
Tráfico e associação
das nos termos do voto.” (STJ – REsp 1.370.108 – (2011/0134701-1) – 6ª T. – Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior – DJe 05.08.2014)
Tráfico internacional
Violência contra
militar de serviço
30988 – “Habeas corpus. Violência contra militar de serviço (CPM, art. 158). Tranca-
mento de ação penal. Ausência de justa causa. Improcedência. Salvo conduto. Ine-
xistência de ordem de prisão. Só se tranca a ação penal quando, da narrativa do fato,
se percebe que ele é penalmente atípico ou não existe qualquer elemento indiciário
demonstrativo de autoria, de modo a ser dispensada a instrução criminal. O habeas
corpus não comporta exame aprofundado de prova, sob pena de julgamento antecipa-
do da lide, subtraindo do primeiro grau de jurisdição o conhecimento da demanda,
regularmente instaurada. Informações prestadas pela autoridade judiciária esclare-
cendo que nenhuma ordem de prisão foi expedida contra o paciente. Ordem denega-
da. Decisão por maioria.” (STM – HC 75-61.2014.7.00.0000 – Rel. Min. Lúcio Mário de
Barros Góes – DJe 07.08.2014)
238
Revista Jurídica 442
Jurisprudência Penal
Agosto/2014
239
Í ndice A lfabético e R emissivo C ível e P enal
Doutrina Autor
241
Revista Jurídica 442
Índice Cível e Penal
Agosto/2014
correta – Lei nº 9.605/1998 – Lei nº 8.176/1991 (TRF 2ª R.) Agravo regimento no Superior Tribunal de Justiça – Inter-
........................................................................................................ 215 posição exclusivamente por via eletrônica – aplicação do
art. 10, XVIII, c/c o art. 23 da Resolução nº 14/2013 do STJ
Peculato
• Agravo regimental nos embargos de divergência em recur-
• Pedido de extensão em Habeas corpus – Peculato (art. 312 do so especial. Interposição do recurso via fax. Falta de juntada
Código Penal) – Renúncia dos advogados responsáveis pela do original. Recusa de petição física. Resolução nº 14/2013
defesa do paciente – Ausência de comprovação de que o acu- do STJ................................................................................ 33500, 169
sado foi devidamente cientificado do fato – Falta de intimação
para constituir novo defensor – Trânsito em julgado da condena- Agravo retido – Apreciação como preliminar de apelação –
ção – Prejuízo comprovado – Constrangimento ilegal existente – Legalidade
Identidade de situações processuais – Extensão deferida (STJ)
........................................................................................................ 199 • Processual civil. Agravo regimental no agravo em recurso es-
pecial. Apreciação de todas as questões relevantes da lide pelo
Tráfico internacional de pessoa Tribunal de origem. Ausência de afronta ao art. 535 do CPC.
Agravo retido. Apreciação como preliminar. Art. 523 do CPC.
• Recurso ordinário em habeas corpus – Quadrilha e tráfico in-
Decisão mantida................................................................. 33501, 170
ternacional de pessoa para fim de exploração sexual (arts. 288
e 231, § 3º, do Código Penal) – Sentença condenatória – In- Assistência judiciária gratuita – Deferimento – Efeitos ex
timação – Não localização no endereço fornecido nos autos nunc – Jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de
– Edital – Notícia de mudança para o exterior sem a prévia co-
Justiça
municação do juízo – Édito repressivo publicado na imprensa
oficial – suficiência – Inteligência dos arts. 392, inciso II, e 370, • Embargos de declaração recebidos como agravo regimental
§ 1º, do Código de Processo Penal – Constrangimento ilegal no recurso especial. Omissão, contradição, erro material ou
não caracterizado – Desprovimento do reclamo (STJ).................. 205 obscuridade. Inexistência. Processual civil. Gratuidade de jus-
tiça. Efeitos da concessão. Ex nunc................................... 33502, 171
• Agravo de instrumento. Ação de obrigação de fazer. Fornecimen- Convenção de Montreal – Dano moral caracterizado
to de medicamento. Solidariedade entre os entes da federação. • Apelação cível. Transporte. Transporte de pessoas. Ação de
Preliminares rejeitadas. Presentes os requisitos autorizadores indenização por dano moral. Pouso de emergência. Atraso de
da medida de urgência. Art. 273 do CPC........................... 33497, 167 voo. Convenção de Montreal. Força maior. Dano moral.... 33504, 172
Ação de reintegração de posse – Comodato verbal – noti- Consumidor – Cobrança indevida – Não configuração de da-
ficação para desocupação – Permanência injusta – Esbulho nos morais – Episódio próprio da vida cotidiana
possessório • Apelação cível. Ação de indenização por danos morais. Res-
• Ação de reintegração de posse. Imóvel de propriedade da auto- ponsabilidade civil. Não configuração de abalo a honra ou a
ra cedido ao réu (irmão da autora) a título de comodato verbal. moral. Problema resolvido após o fechamento do caixa do
Notificação para desocupação do bem. Permanência injusta estabelecimento. Constatação do equívoco ao cobrar valor
do réu na posse do imóvel após expirar-se o prazo para deso- duas vezes. Caracterização de mero aborrecimento. Episódio
cupação, a caracterizar o esbulho possessório. Requisitos do próprio da vida cotidiana. Decisão reformada. Recurso conheci-
art. 927 do CPC e art. 1.210 do CC preenchidos autorizando a do e provido, à unanimidade.............................................. 33505, 172
reintegração da autora na posse do imóvel. Sentença mantida.
Recurso negado................................................................. 33498, 168 Consumidor – Contrato de transporte aéreo – Atraso su-
perior a 37 horas – Dano moral caracterizado – Indenização
Adoção – Inexistência de vínculos com a família estendida fixada em R$ 10.000,00 para cada autor
– Prevalência do interesse do menor – Estabilidade na sua • Apelação cível e recurso adesivo. Contrato de transporte aé-
criação e formação reo. Companhias parceiras. Ilegitimidade passiva. Relação
• Civil. Processual civil. Família. Destituição do pátrio poder. Me- de consumo. Atraso de 37 horas até atingirem os autores
nor. Família substituta. Caso peculiar. Migração da mãe para o destino final...................................................................... 33506, 173
o sul do Brasil em busca de melhores condições. Maus-tratos
Contrato de investimento – Direito de ajuizamento da ação
e situação de risco. Confirmação. Pretensão de atribuição da
contra instituição financeira para postulação de diferenças
guarda à avó materna. Inexistência de vínculo com a família es-
nas aplicações
tendida (avós, tios e primos). Adoção concluída. Prevalência do
interesse do menor. Estabilidade na criação e formação. Neces- • Processual civil. Agravo regimental. Recurso especial funda-
sidade................................................................................. 33499, 168 mentado, apenas, na alínea c do permissivo constitucional.
242
Revista Jurídica 442
Índice Cível e Penal
Agosto/2014
Ação ordinária proposta por corretora de valores mobiliá- categorias A/B. Veículo conduzido que exigia habilitação na
rios. Importâncias pertencentes a clientes. Direito de ajuizar categoria D. Irrelevância. Irregularidade que, isoladamente,
ação contra a instituição financeira para postular diferenças representa apenas infração administrativa. Circunstância não
nas aplicações. Contrato de investimento celebrado entre a determinante para a ocorrência do acidente. Condições adver-
corretora e o banco réu. Dissídio comprovado. Indicação de sas da pista e meteorológicas que foram determinantes para
dispositivo legal. Não incidência dos Enunciados nº 284 da o sinistro. Inexistência de nexo causal entre a inabilitação e
Súmula do STF e nº 7 da Súmula do STJ. Art. 557, § 1º-A, do o acidente. Ausência de agravamento do risco pelo condutor.
CPC corretamente aplicado................................................ 33507, 174 Sentença mantida. Recurso desprovido..............................33511, 177
Contrato de mútuo – Ação revisional – Tutela antecipada Danos morais – Saques indevidos de conta bancária – Res-
parcialmente deferida para autorizar depósito judicial do ponsabilidade civil caracterizada – Indenização fixada em
incontroverso – Mora caracterizada R$ 20.000,00
• Agravo regimental em agravo (art. 544 do CPC). Ação revisional • Apelação cível. Ação de indenização por danos morais. Prática
de contrato de mútuo. Pedido de tutela antecipada deferido em de ato ilícito. Realização de saques indevidos da conta bancá-
parte, apenas no tocante ao depósito de valores que entende ria do apelado por ação ou omissão do banco apelante. Banco
devidos, com a declaração de que inviável o afastamento da recorrente não realizou qualquer procedimento interno para
mora, pois as teses levantadas não se fundam na aparência apurar o ato ilícito. Apelado colacionou aos autos o inquérito
do bom direito, visto que têm sido invariavelmente rechaçadas policial onde a autoridade responsável indiciou o funcionário do
pelas Cortes Superiores. Impossibilidade de exame dos requisi- Banco Ubiraci da Costa, afirmando que não restou dúvidas a
tos autorizadores, mormente porque o simples ajuizamento de partir das imagens que os saques foram efetivados pelo indi-
ação revisional não constitui, por si só, fundamento suficiente ciado. Se espera das instituições financeiras é o cuidado ne-
para descaracterizar a mora............................................... 33508, 175 cessário para verificação da autenticidade dos documentos que
lhe são apresentados, em face do risco que é inerente à sua
Contrato de mútuo – Juros moratórios – Taxa média de mer-
atividade. Alegação do recorrente...................................... 33512, 177
cado
• Agravo regimental no recurso especial. Bancário. Ação revisio- Direito de visita – Exame toxicológico – Habeas corpus –
nal. Juros remuneratórios. Ausência de indicação da taxa. Mé- Ordem denegada
dia do mercado. Agravo regimental desprovido. 1. A jurisprudên-
• Habeas corpus. Direito de família. Prova pericial. Exame toxi-
cia do STJ firmou-se no sentido de que na impossibilidade de se
aferir a taxa de juros acordada, seja pela própria falta de pactua- cológico. Direito de visita. Inadequação da via eleita. Ordem
ção ou pela ausência de juntada do contrato aos autos, os juros denegada. 1. A determinação de que o paciente se submeta a
remuneratórios são devidos à taxa média de mercado para ope- exame toxicológico para que seja viável a decisão acerca da
rações da mesma espécie, divulgada pelo Banco Central do Bra- visitação das filhas menores não caracteriza constrangimento
sil (AgRg-Ag 1.085.542/RS, 3ª Turma, Rel. Min. Paulo de Tarso da sua liberdade de ir e vir, tão pouco, ilegalidade ou abuso
Sanseverino, DJe 21.09.2011; AgRg-Ag 1.020.140/RS, 4ª Tur- de poder passível de exame em habeas corpus. 2. Ordem de-
ma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 09.11.2009) 2. Agravo negada................................................................................ 33513, 178
regimental a que se nega provimento................................ 33509, 175
Direito societário – Pedido de exclusão do quadro societário
Contrato de transporte aéreo – Extravio de bagagem – Dano – Antecipação de tutela – Exegese do art. 273, CPC – Não
in re ipsa – Indenização fixada em R$ 5.000,00 caracterização da urgência – Tutela indeferida
• Apelação cível. Contrato de transporte aéreo internacional. Ex- • Processual civil. Agravo de instrumento. Indeferimento de
travio temporário de bagagem. Danos materiais. Danos morais. tutela antecipada para que a agravada fosse excluída do
Dano in re ipsa. Valor da indenização. A questão do extravio quadro societário de empresa. É cediço que a concessão da
(embora temporário) da bagagem do autor não é controvertida, antecipação dos efeitos da tutela, como medida excepcional
cumprindo serem examinados os desdobramentos do fato na que é, depende da verificação pelo magistrado dos requisitos
esfera do direito à reparação. Esta Câmara tem entendimen- elencados no art. 273 do CPC............................................ 33514, 179
to consolidado no sentido de que os extravios de bagagem,
mesmo aqueles temporários, dão causa ao dano moral puro Exceção de pré-executividade – Extinção da execução –
e, destarte, merecem ser indenizados. No caso concreto, Cabimento de apelação – interposição errônea de agravo –
tratou-se de viagem de férias para Europa, tendo o apelado Ausência de dúvida objetiva – Não aplicação do princípio da
restado desprovido de seus pertences durante todo o período fungibilidade
da viagem, pois a mala foi devolvida um mês após o extravio.
Danos materiais.................................................................. 33510, 176 • Processual civil. Embargos de divergência. Exceção de pré-exe-
cutividade. Extinção da execução. Interposição de agravo de
Danos causados em acidente de veículo – Negativa de pa- instrumento. Princípio da fungibilidade recursal. Ausência de dú-
gamento da indenização por agravamento do risco pelo se- vida objetiva. Inaplicabilidade. Aplicação da Súmula nº 168/STJ.
gurado – Inexistência de nexo entre inabilitação e acidente Agravo regimental desprovido............................................ 33515, 180
– Indenização devida
Exoneração de pensão alimentícia – Interpretação do
• Civil e consumidor. Ação de cobrança de seguro por danos cau-
art. 1.635 do Código Civil – Maioridade dos filhos e atividade
sados em acidente de veículo. Veículo segurado envolvido em
laborativa
acidente automobilístico. Perda total do automóvel. Negativa de
pagamento da indenização securitária em virtude do agrava- • Exoneração de pensão alimentícia. Tutela antecipada visando
mento do risco por parte do segurado. Veículo conduzido sem à exoneração da obrigação alimentar devida aos filhos maiores.
carteira de habilitação específica. Condutor habilitado para as Admissibilidade. Embora a aquisição da maioridade civil, por si
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Índice Cível e Penal
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só, não constitua causa para a exoneração liminar do encargo, Processo civil – Citação de pessoa jurídica teoria da aparên-
convenha-se, os réus, aos 25 e 23 anos de idade, já não mais cia – Validade do ato
necessitam do encargo (já que comprovadamente exercem ati-
• Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.
vidade laborativa, o primeiro, funcionário do IBGE e o segundo,
Agravo em recurso especial. Ação de indenização por danos
sócio de empresa). Presentes os requisitos do art. 273 do CPC.
morais. Validade da citação. Endereço. Súmula nº 7/STJ. 1. O
Decisão reformada. Recurso provido................................. 33516, 181
Tribunal de origem, com fundamento no conjunto fático-proba-
tório dos autos, concluiu que a citação foi efetivada na sede
Homologação de acordo – Extinção do processo com reso- da empresa, em endereço que corresponde ao mencionado
lução de mérito – cabimento de apelação – Interposição de no contrato social. O acolhimento das razões de recurso, na
agravo – Erro grosseiro forma pretendida, demandaria o reexame de matéria fática, ve-
• Agravo regimental no agravo em recurso especial. Agravo dado pela Súmula nº 7 do STJ. 2. Agravo regimental a que se
de instrumento. Recurso incabível. Decisão de extinção do nega provimento................................................................. 33523, 184
processo com julgamento de mérito. Recurso manifestamen-
te incabível. Aplicação de multa pelo Relator. Possibilidade. Processo civil – Exceção de suspeição de perito – Assistên-
Recurso não provido........................................................... 33517, 181 cia simples admitida – Interpretação do art. 139, CPC
Liquidação de sentença – Impossibilidade de rediscussão da Prova pericial – Indeferimento – Revisão em sede de recurso
condenação – Interpretação do art. 475-G, CPC especial – Inviabilidade – Súmula nº 7/STJ
• Agravo regimental no recurso especial. Liquidação de sentença. • Agravo regimental em agravo em recurso especial. Ação de
Sentença liquidanda que determinou o pagamento de indeniza- cobrança. Controvérsia quanto à comprovação de entrega de
ção pela “perda de renda e eventuais despesas” decorrentes de mercadorias. Perícia. Indeferimento de produção de prova. Cer-
rescisão imotivada de contrato. Laudo pericial que interpretou ceamento de defesa. Não ocorrência. Revisão dos fatos e pro-
corretamente a sentença. Decisão que negou seguimento a re- vas dos autos. Súmula nº 7/STJ. Violação ao art. 535 do CPC.
curso especial. Insurgência da executada.......................... 33519, 182 Não ocorrência................................................................... 33525, 186
• Direito processual civil. Documentos essenciais à propositura da • Agravo de instrumento. Tutela antecipada. Homologado plano de
ação. Juntada posterior. Impossibilidade. Extinção do processo recuperação judicial. Impossibilidade de devolução de valores.
sem resolução de mérito. 1. É admitida a juntada de documentos Arts. 7º e 9º da Lei nº 11.101/2005. 1. Tendo sido homologado
novos após a petição inicial e a contestação desde que: (i) não se por sentença o plano de recuperação é impossível a concessão
trate de documento indispensável à propositura da ação; (ii) não da antecipação de tutela para devolução de valores, pois devem
haja má-fé na ocultação do documento; (iii) seja ouvida a parte os credores se habilitarem na recuperação judicial, na forma
contrária (art. 398 do CPC). Precedentes.......................... 33520, 183 dos arts. 7º e 9º da Lei nº 11.101/2005. 2. Agravo conhecido e
provido para cassar a decisão recorrida............................. 33526, 187
Plano de saúde – Estatuto do idoso – Reajustes em função
Recurso especial – Análise de mérito em sede de juízo de ad-
da mudança de faixa etária – Abusividade – Repetição do in-
missibilidade – Súmula nº 123/STJ – Legalidade
débito
• Processual civil. Decisão agravada não atacada. Súmula
• Ação de revisão contratual com repetição de indébito. Plano de
nº 182/STJ. Análise de mérito em sede de juízo de admissibi-
saúde. Cláusulas prevendo reajustes em função da mudança
lidade. Possibilidade. Súmula nº 123/STJ. Agravo não conhe-
de faixa etária. Abusividade nos percentuais. Ausência de equi-
cido..................................................................................... 33527, 187
dade contratual. Não comprovação de uso correspondente à
contraprestação exigida. Vedação de discriminação do idoso Recurso especial – Ausência de comprovação da assistência
pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade. judiciária gratuita – Deserção
Disposições nulas de pleno direito (art. 51, IV, do CDC, e art. 15,
§ 3º, do Estatuto do Idoso)................................................. 33521, 184 • Processual civil. Embargos de declaração no agravo de ins-
trumento. Recebimento como agravo regimental. Deserção.
Assistência judiciária gratuita. Ausência de comprovação. De-
Plano de saúde – Recusa indevida de fornecimento de prótese
cisão mantida. 1. A ausência de comprovação do recolhimento
necessária ao sucesso do tratamento médico – Dano moral
das custas ou do deferimento do benefício da justiça gratuita
caracterizado
no ato da interposição do recurso especial implica sua deser-
• Recurso especial. Plano de saúde. Negativa de cobertura integral. ção. Aplicável, por analogia, a Súmula nº 187/STJ. 2. Embar-
Prótese necessária ao sucesso do tratamento médico. Danos gos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual
morais. Cabimento. Matéria pacificada.............................. 33522, 184 se nega provimento............................................................ 33528, 187
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Recurso especial – Interposição por advogado sem procu- causado ao autor. Valor. Fixação dentro do Princípio da Razoa-
ração nos autos – Incidência da Súmula nº 115/STJ – Não bilidade. Apelação do autor................................................ 33534, 193
conhecimento
Responsabilidade civil dos servidores – Remoção de perfis
• Processual civil. Agravo regimental em recurso especial de falsos em sites de relacionamento – Dever de fornecimento
apelação em embargos do devedor em execução fiscal. Au-
do endereço de IP
sência de procuração do advogado subscritor do recurso. Não
conhecimento. Súmula nº 115/STJ. 1. “Na instância especial é • Agravo de instrumento. Obrigação de remover perfis falsos
inexistente recurso interposto por advogado sem procuração de sites de relacionamentos. Agravada que não informou as
nos autos” (Súmula nº 115/STJ.......................................... 33529, 190 URLs das páginas, mas apenas os nomes que lhes foram
atribuídos. Impossibilidade de cumprimento da obrigação.
Recurso especial – Revisão do dano moral fixado – Excepcio- Necessidade de saber o endereço virtual específico para sua
nalidade – Incidência da Súmula nº 7/STJ
perfeita identificação. Obrigação de fornecer os endereços IP
dos criadores dos perfis mantida. Dever de armazenamento
• Agravo regimental no agravo em recurso especial. Responsa- de tais dados já reconhecido pelo eg. STJ. Multa cominató-
bilidade civil. Cartão de crédito. Inscrição indevida em cadastro ria adequada para a hipótese, que não comporta redução.
de inadimplentes. Dano moral. Reexame do suporte fático- Recurso parcialmente provido............................................ 33535, 193
-probatório dos autos. Súmula nº 7/STJ. 1. Nos termos da ju-
risprudência consolidada nesta Corte, a revisão de indenização Responsabilidade civil – Estatuto do idoso – Negativa de
por danos morais só é possível em recurso especial quando o atendimento por caixa preferencial – Dano moral caracte-
valor fixado nas instâncias locais for exorbitante ou ínfimo, de rizado
modo a afrontar os princípios da razoabilidade e da proporcio-
nalidade. Ausentes tais hipóteses, incide a Súmula nº 7/STJ, a • Apelação cível. Ação de indenização por dano moral. Negado
impedir o conhecimento do recurso. 2. Agravo regimental não atendimento a parte autora para o caixa preferencial. Compro-
provido, com aplicação de multa........................................ 33530, 191 vação que o apelado possui mais de 60 anos. Permaneceu na
fila por mais de 06 (seis) horas. Lei Estadual nº 7.255. Con-
denação a importância de R$ 30.000,00 a título de danos mo-
Regulação de visitas dos avós – Relevância do estudo psicos-
rais. Valor atribuído na sentença superior ao pedido na inicial
social – Proteção do menor
impossibilidade. Julgador não pode ultrapassar o valor indicado
• Recurso especial. Família. Menor. Regulamentação de visitas. pelo autor em evidente julgamento extra petita. Dano moral
Acompanhamento por psicóloga particular. Matéria preclusa. Sú- deve ser minorado para valor sugerido na inicial, qual seja
mula nº 283/STJ. Realização de estudo psicossocial. Proteção R$ 8.175,00. Recurso conhecido e parcialmente provido tão so-
da menor. Direito à convivência familiar. Recurso desprovido. mente para minorar o quantum indenizatório de R$ 30.000,00
1. A Corte local entendeu estar a questão do acompanhamento para R$ 8.175,00, à unanimidade...................................... 33536, 194
das visitas por psicóloga particular preclusa, sendo o recurso
intempestivo no ponto. Contra esse fundamento não se insurgiu Responsabilidade civil – Morte do filho – Presunção de de-
a recorrente, o que atrai a incidência da Súmula nº 283/STJ pendência econômica do pai – Pensionamento devido
............................................................................................ 33531, 191
• Agravo regimental. Agravo em recurso especial. Ação de inde-
nização. Queda de composição ferroviária. Vítima fatal. Alega-
Repetição – Devolução de taxa de sobre-estadia
de indébito
ção de culpa exclusiva da vítima. Reexame de prova. Súmula
de contêineres (demurrage) – Prazo prescricional quinquenal nº 7/STJ. Dano material. Presunção de dependência econômica
• Direito comercial. Recurso especial. Prescrição. Sobre-estadia dos filhos menores. Desnecessidade de prova do exercício de
de contêineres (demurrage). Revogação do art. 449 do Código atividade laborativa. Família de baixa renda. Súmula nº 83/STJ.
Comercial. Taxa prevista no contrato. Obrigação líquida. Pra- Danos morais. Valor razoável............................................. 33537, 194
zo prescricional quinquenal. Art. 206, § 5º, I, do Código Civil
............................................................................................ 33532, 192 Responsabilidade civil – Transeunte atingido por projétil
disparado com arma de fogo durante tentativa de roubo de
Rescisão contratual – Promessa de compra e venda de bem malotes de dinheiro – Dever de indenizar da casa bancária
imóvel – Inadimplemento contratual – Dano moral excepcio- caracterizado pelo risco de sua atividade
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de dinheiro, pela porta da frente da agência bancária, em horá- Crime contra a ordem tributária
rio e local de grande circulação de pessoas. Em primeira ins- • Apelação criminal. Crime contra a ordem tributária. Art. 1º, Lei
tância, a ação restou julgada procedente em face de instituição nº 8.137/1990. Supressão de tributos mediante omissão de
financeira, e, extinta, sem julgamento de mérito, em relação à informações à autoridade fazendária. Inépcia da denúncia não
empresa de segurança. Em sede de recurso de apelação, refor- configurada. Presentes os requisitos do art. 41 do Código Penal.
ma parcial da sentença, para reintegrar à lide a empresa de se- Nulidade da citação. Inocorrência. Cerceamento de defesa não
gurança, condenando-a em solidariedade com a casa bancária verificado. Materialidade e autoria demonstradas. Dolo genérico
pelos danos suportados pelo demandante......................... 33538, 195 presente. Dosimetria. Reforma de ofício. Pena de multa. Critério
trifásico. Recursos desprovidos.......................................... 30967, 222
Sentença estrangeira – Condenação pelo juízo arbitral –
Resolução nº 9/STJ – Homologação deferida Crime contra o patrimônio
• Sentença estrangeira contestada. Descumprimento de contrato. • Recurso em habeas corpus. Crime contra o patrimônio. Furto
Condenação pelo juízo arbitral. Nulidade do contrato. Inexistên- qualificado. Alegação de constrangimento ilegal. Pleito pela re-
cia. Discussão sobre o mérito do decisum. Impossibilidade. Fal- vogação da prisão preventiva. Impossibilidade. Circunstâncias
ta de notificação no procedimento arbitral. Não comprovação. autorizadoras presentes. Reiteração delitiva. Pedido para subs-
Requisitos preenchidos. Pedido deferido........................... 33539, 197 tituir a prisão cautelar por medida diversa. Inadequação/insu-
ficiência. Precedentes......................................................... 30968, 224
Usucapião extraordinária – Art. 1.238, CC – Requisitos
• Reconhecimento de usucapião extraordinária. Requisitos. Crime de descaminho
Art. 1.238 do CCB. Reforma. Reexame de provas. Análise • Agravo regimental no recurso especial. Penal e processo penal.
obstada pela Súmula nº 7/STJ. Agravo não provido. 1. Em se Ofensa ao art. 334 do CP. Ocorrência. Descaminho. Insignifi-
tratando de aquisição originária por usucapião extraordinária, cância. Parâmetro. Mínimo legal para a execução fiscal. Art. 20
que, para sua configuração, exige um tempo mais prolongado da Lei nº 10.522/2002. Reiteração delitiva. Soma dos débitos
da posse (no CC, de 1916, 20 anos; no CC, de 2002, 15 anos), consolidados nos últimos cinco anos. § 4º da norma. Agravo
em comparação com as demais modalidades de usucapião, a interno a que se nega provimento...................................... 30969, 224
ela dispensam-se as exigências de justo título e de posse de
boa-fé. 2. A reforma do aresto quanto à comprovação dos re- Crime de desrespeito a superior
quisitos para o reconhecimento da usucapião extraordinária, • Apelação. Crime de desrespeito a superior. Art. 160 do Código
demandaria, necessariamente, o revolvimento do complexo Penal Militar. Provimento ao recurso do Ministério Público Militar,
fático-probatório dos autos, o que encontra óbice na Súmula com a reforma da sentença absolutória. De ofício, declaração da
nº 7/STJ. 3. Agravo regimental não provido....................... 33540, 197 extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva.
Hipótese em que a prova é firme e suficientemente harmônica
no sentido de que o acusado desrespeitou o seu superior hie-
Penal e Processual Penal
rárquico, valendo-se, para tanto, não só de palavras ofensivas,
como também de gestos desafiadores............................... 30970, 225
Assunto
Crime de extorsão
Crime ambiental
• Recurso ordinário em habeas corpus. Arts. 158, § 3º, 129,
• Agravo regimental em recurso especial. Penal. Crime ambien- § 1º, inciso II, e 288, todos do Código Penal. Alegação de
tal. Princípios do desenvolvimento sustentável e da prevenção. ausência dos requisitos da prisão preventiva. Segregação
Poluição mediante lançamento de dejetos provenientes de cautelar sobejamente fundamentada na necessidade de ga-
suinocultura diretamente no solo em desconformidade com rantia da ordem pública e na periculosidade concreta dos recor-
leis ambientais. Art. 54, § 2º, V, da Lei nº 9.605/1998. Crime rentes. Recurso desprovido................................................ 30971, 225
formal. Potencialidade lesiva de causar danos à saúde humana
evidenciada. Crime configurado. Agravo regimental provido. Crime de falsificação de documento público
Recurso especial improvido............................................... 30964, 221 • Pagamento de salário extrafolha. Fraude trabalhista. Crime de
• Apelação. Crime ambiental. Art. 34, inciso II, da Lei falsificação de documento público. Presume-se a veracidade
nº 9.605/1998. Pesca com petrechos não permitidos. Norma da alegação do demandante no que se refere ao pagamento
penal em branco. Ausência de especificação quanto aos pe- de salário não condizente com o valor registrado em CTPS
trechos, na denúncia. O tipo penal do art. 34, inciso II, da Lei (pagamento de salário extrafolha), quando o empregador
nº 9.605/1998, é norma penal em branco, necessitando de demandado, embora afirme ter pago salário conforme este
diploma legal esclarecendo quais são os petrechos não permi- documento, não comprova as suas alegações (art. 818 da
tidos. Ausência de especificação acerca dos petrechos usados, CLT c/c art. 333, II, do CPC), deixando, injustificadamente, de
na denúncia, que impossibilita a análise sobre a rede apreen- juntar aos autos os recibos de pagamento de salário do perío-
dida com os acusados. Denúncia inepta. Apelação da defesa do contratual (art. 464 da CLT............................................ 30972, 226
provida, para absolver os réus........................................... 30965, 222
Crime de quadrilha e tráfico
Crime contra a dignidade sexual • Recurso ordinário em habeas corpus. Quadrilha e tráfico inter-
• Agravo regimental no recurso especial. Crime contra a dignida- nacional de pessoa para fim de exploração sexual (arts. 288
de sexual. Estupro após a edição da Lei nº 12.015/2009. Tipo e 231, § 3º, do Código Penal). Sentença condenatória. Inti-
misto alternativo. Conduta praticada contra a mesma vítima e mação. Não localização no endereço fornecido nos autos.
no mesmo contexto fático. Reconhecimento de crime único. Edital. Notícia de mudança para o exterior sem a prévia co-
Possibilidade....................................................................... 30966, 222 municação do juízo. Édito repressivo publicado na imprensa
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oficial. Suficiência. Inteligência dos arts. 392, inciso II, e 370, Porte ilegal de arma de fogo
§ 1º, do Código de Processo Penal. Constrangimento ilegal não
• Recurso especial. Direito penal e processual penal. Homi-
caracterizado. Desprovimento do reclamo......................... 30973, 228
cídio qualificado. Porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei
Crime de responsabilidade de prefeito municipal nº 10.826/2003). Condenação pelo Tribunal do Júri, reconheci-
do o concurso material. Princípio da consunção aplicado pelo
• Habeas corpus. Crime de responsabilidade de prefeito muni-
Tribunal de origem. Impossibilidade. Ofensa ao princípio da so-
cipal, dispensa indevida e fraude à licitação. Prisão preventi-
berania dos veredictos. Recurso provido........................... 30983, 234
va. Garantia da instrução criminal. Ameaças a testemunhas.
Elemento que não persiste. Declaração de testemunha dando Receptação
conta da ausência de ameaças. Ausência de notícia sobre inti-
midação. Garantia da ordem pública.................................. 30974, 228 • Recurso ordinário em habeas corpus. Processual penal. Re-
• Recurso ordinário em habeas corpus. Crimes de responsa- ceptação, uso de documento falso e adulteração de sinal iden-
bilidade de prefeito (art. 1º, incisos V e VII, do Decreto-Lei nº tificador de veículo. Prisão preventiva. Art. 312 do Código de
201/1967). Bis in idem. Condenação anterior. Inexistência de Processo Penal. Garantia da ordem pública. Reiteração deliti-
identidade entre os feitos. Crimes que ocorreram em épocas di- va. Motivação idônea. Necessidade de manutenção da prisão
versas e envolveram corréus distintos. Impossibilidade de verifi- preventiva........................................................................... 30984, 234
cação da ocorrência da continuidade delitiva. Matéria a ser apre-
ciada pelo magistrado de origem ou pelo Juízo da Execução. Tráfico de drogas
Constrangimento ilegal não evidenciado............................ 30975, 229 • Habeas corpus substitutivo de recurso próprio. Descabimento.
Estatuto da Criança e do Adolescente Tráfico de drogas. Prisão preventiva. Quantidade e diversida-
de de entorpecentes apreendidos. Doze porções de maconha,
• ECA. Ato infracional. Posse de substância entorpecente. Tipi- dezoito de cocaína e seis de crack, totalizando mais de cinco
cidade e inconstitucionalidade dos crimes de perigo. Inocor- quilos de entorpecentes. Fundamentação idônea. Excesso de
rência. Cabimento da representação.................................. 30976, 230 prazo. Tema não enfrentado pelo Tribunal a quo. Supressão de
Estelionato instância. Habeas corpus não conhecido........................... 30985, 235
• Habeas corpus. Art. 313-A c/c os arts. 29 e 30 e art. 171, § 3º, Tráfico e associação
na forma do art. 69, todos do Código Penal. Inserção de dados
falsos em sistemas informatizados ou bancos de dados da Ad- • REC. Recurso especial. Penal e processual penal. Tráfico e asso-
ministração Pública. Denúncia contra ré que não detém cargo ciação. Condenação. Fundamento em provas policiais e judiciais.
público. Impossibilidade. Habeas corpus concedido.......... 30977, 231 Nulidade. Inexistência. Negativa de autoria. Aferição. Inviabili-
dade. Reexame de matéria fático-probatória..................... 30986, 236
Execução penal
Tráfico internacional
• Agravo regimental no habeas corpus. Execução penal. Livra-
mento condicional deferido. Cassação pelo Tribunal Estadual. • Agravo regimental no recurso especial. Penal. Tráfico inter-
Determinação de exame criminológico. Fundamentação ade- nacional. Quantidade e natureza da droga. Preponderância.
quada. Recurso improvido.................................................. 30978, 231 Vetores utilizados para a fixação da pena-base e escolha do
• Agravo regimental em habeas corpus. Execução penal. Falta redutor do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006. Possibilidade.
grave. Indeferimento de pedido liminar. Não cabimento do recur- Bis in idem. Inocorrência.................................................... 30987, 238
so. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos.
1. Este Superior Tribunal possui entendimento consolidado no Violência contra militar de serviço
sentido de que não é cabível a interposição de agravo regi-
mental contra decisão de Relator que, fundamentadamente, • Habeas corpus. Violência contra militar de serviço (CPM,
defere ou indefere pedido de liminar em habeas corpus. 2. Agra- art. 158). Trancamento de ação penal. Ausência de justa causa.
vo regimental não conhecido.............................................. 30979, 232 Improcedência. Salvo conduto. Inexistência de ordem de prisão.
Só se tranca a ação penal quando, da narrativa do fato, se perce-
Inquirição de testemunhas be que ele é penalmente atípico ou não existe qualquer elemen-
• Recurso especial. Processo penal. Inquirição de testemu- to indiciário demonstrativo de autoria, de modo a ser dispensa-
nhas. Inversão. Nulidade relativa. Superveniência da Lei da a instrução criminal. O habeas corpus não comporta exame
nº 11.719/2008. Nova citação. Descabimento. Interrogatório por car- aprofundado de prova, sob pena de julgamento antecipado da
ta precatória. Indeferimento. Concentração dos atos processuais. lide, subtraindo do primeiro grau de jurisdição o conhecimento
Arrependimento posterior. Reparação integral do dano...... 30980, 232 da demanda, regularmente instaurada. Informações prestadas
pela autoridade judiciária esclarecendo que nenhuma ordem
Pena de prisão foi expedida contra o paciente. Ordem denegada.
• Agravo regimental. Recurso especial. Direito penal. Art. 65, Decisão por maioria............................................................ 30988, 238
III, d, do CP. Confissão qualificada. Reconhecimento da ate-
nuante quando de qualquer modo serviu de base para a con- Violação de direito autoral
denação. Reforma do acórdão a quo. Matéria constitucional • Habeas corpus. Processual penal. Agravo regimental. Violação
............................................................................................ 30981, 233 de direito autoral. Venda de CDs e DVDs “piratas”. Pleito de ab-
• Recurso especial. Penal. Dissenso pretoriano. Similitude fática. solvição por ausência de materialidade. Via eleita inadequada.
Ausência. Divergência não configurada. Dosimetria. Atenuan- Reexame de provas. 1. O habeas corpus não é o meio adequa-
te. Menoridade. Concurso. Duas agravantes. Diminuição da do para postular a absolvição, porque esta não prescinde do re-
pena. Segunda fase. Obrigatoriedade. Inexistência. Verificação. exame de matéria de prova, o que é vedado nesta via. 2. Agravo
Caso concreto. Necessidade.............................................. 30982, 233 regimental improvido.......................................................... 30989, 239
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