Artigo - Luiz Sérgio Fernandes de Souza
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Classificação Qualis/Capes: B1
Editores
Fábio Paixão
Walter Diab
Conselho Editorial
Álvaro Villaça Azevedo – Araken de Assis
Arnaldo Rizzardo – Arnoldo Wald – Bruno Campos Silva – Clayton Maranhão
Clito Fornaciari Júnior – Daniel Mitidiero – Ênio Santarelli Zuliani – Flávio Tartuce
Fredie Didier Junior – Giselda M. F. Novaes Hironaka – Hermes Zaneti Junior
Humberto Theodoro Júnior – Ives Gandra da Silva Martins – João Baptista Villela
José Maria Rosa Tesheiner – José Roberto F. Gouvêa – José Rogério Cruz e Tucci
Luiz Guilherme Marinoni – Mário Luiz Delgado – Pablo Stolze Gagliano
Rodolfo Pamplona Filho – Rolf Madaleno – Sérgio Cruz Arenhart
Sérgio Gilberto Porto – Sílvio de Salvo Venosa – Voltaire Marensi
A responsabilidade quanto aos conceitos emitidos nos artigos publicados é de seus autores.
As íntegras dos acórdãos aqui publicadas correspondem aos seus originais, obtidos junto ao
órgão competente do respectivo Tribunal.
A editoração eletrônica foi realizada pela LexMagister, para uma tiragem de 5.000 exemplares.
ISSN 1807-0930
CDU 347(05)
CDU 347.9(05)
LexMagister
Diretor Executivo: Fábio Paixão
Jurisprudência
1. Superior Tribunal de Justiça – Responsabilidade Civil. Danos Morais.
Falha na Prestação de Serviços Hospitalares. Demora para Autorização
de Cirurgia de Urgência. Óbito da Paciente. Hospital e Plano de Saúde
Pertencentes à Mesma Rede. Responsabilidade Solidária
Rel. Min. Raul Araújo........................................................................................... 119
2. Superior Tribunal de Justiça – Compra e Venda. Ascendente a
Descendente por Interposta Pessoa. Simulação. Nulidade do
Negócio Jurídico. Decadência. Inexistência. Ato Nulo Insuscetível de
Convalidação pelo Decurso do Tempo
Rel. Min. Raul Araújo........................................................................................... 124
3. Superior Tribunal de Justiça – Propriedade Intelectual. Direitos Autorais.
Fotografia. Uso Não Autorizado. Ausência de Indicação da Autoria. Danos
Morais Configurados
Relª Minª Nancy Andrighi..................................................................................... 132
4. Tribunal de Justiça de Minas Gerais – Seguro Obrigatório. DPVAT.
Acidente com Trator Agrícola no Exercício de Atividade Laboral.
Possibilidade de Indenização. Entendimento do STJ. Acidentes
Automobilísticos Envolvendo Trator, Veículo Automotor Terrestre, São
Passíveis de Indenização pelo Seguro DPVAT, Inexistindo Exclusão de
Cobertura
Rel. Des. Otávio Portes........................................................................................... 139
5. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro – Responsabilidade Civil do
Município. CR/88, Art. 37, § 6º. Queda de Menor em Coletor de Águas
Pluviais, Cuja Grade se Encontrava Quebrada. Autora, Quando do
Evento, Contava com 10 Anos de Idade e Havia Dado Início à Travessia da
Via Sozinha. Irrelevância
Rel. Des. Jessé Torres.............................................................................................. 143
6. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul – Alienação Fiduciária. Veículo.
Penhora. Realização do Leilão do Bem. A Restrição Fiduciária Não
Impede a Venda do Bem, Considerando que o Fruto de Eventual
Alienação Servirá Primeiramente à Quitação do Contrato Bancário
Rel. Des. Carlos Cini Marchionatti......................................................................... 147
7. Tribunal de Justiça de Santa Catarina – Pensão por Morte. Ex-Servidor
Público. Veredicto de Procedência. Insurgência do IPREV. Simulação.
Inocorrência. Diferença de Idade entre os Cônjuges que, de Per Se, Não
Sugere Vício Marital
Rel. Des. Luiz Fernando Boller.............................................................................. 149
8. Tribunal de Justiça de São Paulo – Penhora. Remoção do Veículo.
Admissibilidade. Art. 840, II, § 1º, do CPC. Vigora a Regra de que os Bens
Móveis Penhorados Ficarão em Poder do Depositário Judicial e, na Falta
Deste, Ficarão em Poder do Exequente
Rel. Des. Jacob Valente............................................................................................ 157
9. Divergência Jurisprudencial............................................................................... 160
10. Ementário............................................................................................................ 161
11. Julgados da OAB – CF/TED.............................................................................. 187
1 A propósito, v. NEVES, António Castanheira. Metodologia jurídica: problemas fundamentais. Coimbra: Coimbra
Editora, 1993. p. 49-54.
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vinculação vertical das decisões judiciais, o seu crepúsculo, ideia que remete
à claridade frouxa que persiste algum tempo depois de o sol se pôr.
Para tanto, trataremos da origem da doutrina e do seu desenvolvimento,
deixando de lado a polêmica existente em torno da palavra “fonte do direito”,
expressão que só utilizaremos, acrescida do adjetivo “formal”, em algumas
circunstâncias (para evitar ambiguidades), no sentido de reconhecer a produ-
ção jurídica que vincula o aplicador do direito na prestação jurisdicional. De
tal sorte, indagações acerca da existência de “fontes materiais” (fundamentos
de ordem filosófica, compreensão histórica e sociológica), ao lado das cha-
madas “fontes formais” (norma, costume, jurisdição e contrato), também
denominadas, respectivamente, “fontes mediatas” e “fontes imediatas”, não
serão objeto de análise, porquanto a classificação, proposta por muitos, não
interfere na proposição do presente estudo.
2 Ver textos reunidos de Bartolo em: SEGOLONI, Danilo (Org.). Bartolo da Sassoferrato: studi e documenti per il VI
centenario. Milano: Giuffrè, 1962.
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6 Considerações Finais
Identifica-se uma tendência de que a doutrina, fonte primacial do di-
reito em Roma, que viveu momentos áureos até o final do século XVIII, fique
cada vez mais circunscrita, entre nós brasileiros, ao ambiente universitário e
acadêmico, assim mesmo, num espaço que se vê paulatinamente reduzido,
chamando atenção o fato de muitas publicações serem feitas por meio de papers
ou de postagens na internet, o que explica, à luz também de outros fatores, a
crise do mercado editorial, particularmente na área jurídica.
Veja-se que até o primeiro quartel do século XX os alunos do curso
de direito ainda liam a doutrina produzida por juristas franceses e italianos.
Progressivamente, os autores nacionais foram ganhando espaço, com a pro-
dução de tratados, comentários, manuais e compêndios. Poucos liam na fonte,
passando a doutrina dos juristas brasileiros a ganhar prestígio, como se vê
no estudo feito por Recaséns Siches acerca do pensamento filosófico, social,
político e jurídico na América Latina (SICHES, 1946, p. 428-441). Com a
massificação crescente do ensino, que atingiu também as universidades a
partir do início da década de 1970, passou-se a publicar doutrina nacional de
segunda mão e, hoje, “resumos do resumo”.
Os juízes mais jovens são fruto dessa geração, podendo-se dizer que
muitos magistrados que ocupam os tribunais superiores não tiveram contato
com o estudo do latim. Sem a pretensão de rigor científico – que envolveria
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ABSTRACT: This article consists of a critical reflection, guided by historical and theoretical rationality
(normative/dogmatic and empirical), about the decline of jurists’ opinions in the horizon of normative
sciences, which took place in the transition from the 19th to the 20th century, as a result of modernizing
societies, a phenomenon that has been deepened in Brazil, on the basis of the legal formalism of European
tradition, with the establishment of the system of vertical binding of judicial decisions, outlined, in principle,
3 O número de ações demandadas no judiciário estadual paulista corresponde a 26% do total de processos em an-
damento em toda a justiça brasileira, incluindo Cortes federais e tribunais superiores, segundo o Relatório Justiça
em Números 2018, produzido pelo Conselho Nacional da Justiça (disponível em: <cnj.jus.br>. Acesso em: 22 jul.
2019). A propósito da afirmação feita no parágrafo que remete a esta nota, diga-se que, embora não se veja justificada
a extensão feita a todos os tribunais estaduais por um método rigorosamente indutivo, mais especificamente, por
uma autêntica generalização estatística, inexiste razão para supor que em outros tribunais estaduais a realidade seja
diferente daquela que se vê em São Paulo, à falta de uma variável (singularidade regional) relevante.
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in the Judiciary Reform (Constitutional Amendment no. 45/04), but with aspects better explained in the
Code of Civil Procedure of 2015. Nowadays, no judge or court can decide without taking into account
the guidance of the higher courts, since a rigid normative control mechanism has been established, all
in the name of stability, completeness, and coherence of the jurisdictional system. Thus, the positioning
of jurists tends to be practically limited to the university environment (here also with signs of disrepute)
and to the academic sphere.
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