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Aula 8 - Hiperbilirrubinemia

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HIPERBILIRRUBINEMIA

Icterícia Neonatal e Fototerapia

Profª Fernanda Cavalcante Fontenele


Icterícia

 É causada por um nível elevado de bilirrubina


no sangue e é caracterizada pela coloração
amarelada da pele e mucosas.
(ARAÚJO; REIS, 2012)
Lembrando...

 A bilirrubina é derivada do catabolismo da


hemoglobina liberada das hemácias.
 Em média 80 dias no RN
Hiperbilirrubinemia
 Índice de bilirrubina elevado, acima da quantidade esperada nos
níveis sanguíneos;
 Bilirrubina indireta: não conjugada, forma livre, ligada a proteína
plasmática, não solúvel em água, capaz de atravessar a barreira
hematoencefálica
 Bilirrubina direta: conjugada a albumina solúvel em
água não atravessa membranas celulares
excretada pela bile e rins

Enzina Glicuronosil transferase


O que é?
 60% dos neonatos apresentam níveis
elevados de bilirrubina (>5mg%), processo
fisiológico de evolução benigna.
 Pode atravessar a barreira hemato-
encefálica e impregnar os núcleos da
base ocasionando distúrbios
neurológicos, retardo mental, convulsão
e até risco de morte (kernicterus).
 Caracteriza-se com coloração amarelada
na pele e mucosa do RN.
Icterícia Neonatal

 Inicia-se no segmento cefálico e progride no sentido crânio-caudal;

 Acomete 25-50% de todos os RN;

 Metade dos RN tem icterícia leve na 1ª semana de vida. Os


prematuros são mais acometidos;

 Pode ter muitas causas, mas na maioria das vezes é fisiológica,


cedendo nos primeiros dias após nascimento.
Principais Causas

Aumento da produção de bilirrubina:


 Doença hemolítica por incompatibilidade sanguínea materno-fetal;
Deficiência de enzimas eritrocitárias (glicose 6-fostato
desidrogenase); Defeitos estruturais dos eritrócitos e Policitemia.

Deficiência da conjugação da bilirrubina:


 Doença de Crigler-Najjar, hipotireoidismo congênito, Síndrome de
Down, prematuridade e hiperbilirrubinemia neonatal familiar
transitória. Redução da atividade da glicuronil-transferase
Principais Causas

Deficiência de excreção hepática da bilirrubina conjugada:


 Hepatite, infecções, nutrição parenteral prolongada, etc.

Reabsorção exagerada de bilirrubina (aumento da


circulação entero-hepática):
 Retardo da eliminação de mecônio, demora no início da
alimentação, íleo paralítico, obstrução intestinal, e aporte
calórico reduzido.
RN Normal RN Pletórico RN Ictérico

Como diferenciar?
Icterícia Fisiológica
 50% dos neonatos; aumento bilirrubina indireta;
 Início: após 24h de vida, com pico de 12mg% no
3º ou 4º dia de vida no RNT e 15mg% no 5º ou 6º
dia de vida no RNPT;
 Tratamento: RNT desnecessário, orientação aos
pais; RNPT avaliar clínica e iniciar fototerapia.
Transitório e autolimitado.
 Quadro clínico: sucção débil, hipoatividade,
anemia.
Icterícia do Leite Materno
Icterícia associada ao aleitamento materno
 Início: precoce, na 1ª semana de vida;
Icterícia do leite materno
 Início: tardio, após a 1ª semana de vida,
prolongando-se por 3 semanas.
 Causas associadas: Ingesta inadequada, aporte
calórico insuficiente, baixa frequência de mamadas e
inadequado ganho ponderal.
B-glicuronidase  Enzima do LM, aumenta absorção
intestinal: RN saudável, ativo,com ganho
de peso.
Doença Hemolítica do RN
ou Eritroblastose Fetal

 Diferenças antigênicas entre o sangue fetal e o materno


 66% - Isoimunização pelo sistema ABO
 33% - Isoimunização Rh
Isoimunização ABO
 Produção de Ac IgGs que aderem as hemácias causando
hemólise.
 A elevação dos níveis de bilirrubinas é mais lenta e na
maioria das vezes, a fototerapia é suficiente para tratar.
 Benigna, manifesta-se por icterícia e anemia, início
precoce ou tardio.
Incompatibilidade ABO
 Quando o tipo de sangue do feto é diferente do tipo de sangue da
mãe.
 Os principais tipos de sangue são os A, B e O. A incompatibilidade
ABO entre a mãe e o feto pode ocorrer se:
 Mãe é O e o feto é B, A ou AB. (mais comum - representa quase
100% dos casos)
 Mãe é A e o feto é B ou AB (extremamente raro)
 Mãe é B e o feto é A ou AB (extremamente raro)
 Nestes casos, a mãe produz anticorpos contra o tipo de sangue do
feto que é incompatível. Esses anticorpos cruzam a placenta e
chegam à corrente sanguínea do feto onde começam a destruir os
glóbulos sanguíneos do feto.
Incompatibilidade ABO
 A incompatibilidade ABO é a causa mais frequente de
doença hemofílica (resulta da passagem de glóbulos vermelhos
fetais através da placenta para a circulação sanguínea materna,
com antigénios diferentes dos maternos.

 Isto provoca uma reação imunológica da mãe contra os glóbulos


vermelhos fetais), no entanto habitualmente não provoca anemia
grave no recém-nascido, mas apenas ligeira anemia/icterícia.

 A monitorização da incompatibilidade ABO não é necessária na


gravidez.
Doença Hemolítica Perinatal:
Incompatibilidade Materno-Fetal

Isoimunização Rh
 (Rhesus) ou Fator D – 85% das pessoas possuem nas
hemácias um antígeno chamado fator Rh. Estas pessoas
são Rh+ (positivas). 15% das pessoas não possuem nas
hemácias o fator Rh e são Rh- (negativas).
Rhogam

• Imunoglobulina anti-Rh (RhoGam), que pode ser usado no


terceiro trimestre da gestação ou logo após o parto, em geral
até 72 horas, conforme orientação do médico obstetra.
• O Rhogam é conhecido como vacina anti-Rh. Contudo, vacinas
induzem o organismo a produzir anticorpos contra um
determinado antígeno (que em geral é parte ou todo um
microrganismo).
• A imunoglobulina já é o anticorpo pronto, ou seja, a pessoa já
recebe a proteção pronta e essa proteção dura um período de
tempo menor que a proteção induzida pelas vacinas, nesse
caso em geral até 12 semanas.
Doença Hemolítica Perinatal:
Incompatibilidade Materno-Fetal

Isoimunização Rh
 Forma leve: icterícia discreta, nas primeiras 24h, benigna,
anemia leve ou ausente.
 Forma moderada: icterícia precoce evolução rápida,
anemia significativa, hepatoesplenomegalia, edema leve,
RN estado geral regular.
 Forma grave: icterícia com rápida progressão em poucas
horas de vida, anemia grave, hepatoesplenomegalia
severa, edema generalizado (Hidropsia), compromete o
estado geral do RN. Complicações hemorrágicas e
insuficiência cardíaca.
Doença Hemolítica Perinatal:
Incompatibilidade Materno-Fetal

Isoimunização Rh
 Exposição materna: transfusão sanguínea,
hemorragia feto-materna, amniocentese ou
aborto.
 Mãe Rh (-) e o RN Rh (+): deverá receber até
72 horas após o parto a imunoglobulina anti-
Rh (Rhogam) para preveni-la de ser
sensibilizada e proteger seu próximo filho.
 Gestante RH (-) com 28 semanas de
gestação pode receber.
Zonas de Kramer

Zona I = Cabeça e pescoço


Zona II = Tronco até umbigo
Zona III = Hipogástrio e coxas
Zona IV = Joelhos até tornozelos
e cotovelos até punhos
Zona V = Mãos e pés, inclusive
palmas e plantas
Valores da Bilirrubina Total
RNPT
 1 dia: 1 à 8 mg/dl;
 2 dias: 6 à 12 mg/dl;
 3 - 5 dias: 10 à 14 mg/dl
RNT
 1 dia: 2 à 6 mg/dl;
 2 dias: 6 à 10 mg/dl;
 3 - 5 dias: 4 à 8 mg/dl
Tratamento

 Fototerapia
 Exsanguineotransfusão

 Objetivo: evitar a encefalopatia bilirrubínica


Fototerapia: o que é?

 Terapêutica que utiliza a energia


luminosa (convencional, halógena
ou fibra ótica) na transformação da
bilirrubina em produtos hidrossolúveis.
 Fotoisomerização: eliminação da bilirrubina
através do mecônio.
 Fotooxidação: eliminação da bilirrubina
através da urina.
Eficácia da Fototerapia

 Concentração da bilirrubina.
 Superfície corporal exposta a luz.
 Distância entre a fonte luminosa e o RN
(fototerapia convencional: 30cm, lâmpadas
halógenas: 50cm).
 Radiância
Eficácia da Fototerapia

 Tipos de luz: luz branca (fluorescente): espéctro:


380 a 770 nm; luz azul (halógena): mais eficaz
(produz náusea, tontura e vômito nos profissionais;
luz verde: tão eficaz quanto a azul, porém seu
mecanismo de ação ainda está desconhecido.
 Tipo de icterícia.
Como surgiu?

 A enfermeira inglesa J. Ward, foi


a pioneira no método em 1956, ao
verificar que as crianças perdiam
o tom amarelado da pele quando
dormiam próximas da janela ou
tomavam sol no jardim do
Rockford General Hospital, em
Essex, Inglaterra.
1 - Convencional

3 - Biliberço

2 - Bilispot

4 - Bilitron 5 - Bilitronbed
6 – Bilitron Sky
Tipos de Fototerapia

 Convencional: 6 à 7 lâmpadas brancas de 20W.


Radiância: 11 a 20 uw/cm²/nm.
 Bilispot: halógena, radiância de 25-35uw/cm2/nm.
Radiância: 18 a 26 uw/cm²/nm.
Tipos de Fototerapia
 Biliblanket: colchão de fibra ótica luminosa, com
radiância de 35-60uw/cm2/nm. Eficácia pequena, por
manter pouca superfície exposta.
 Biliberço: 7 lâmpadas brancas e azuis,colchão de
silicone, 22uw/cm2/nm.
Radiância: 17 a 22 uw/cm²/nm
Tipos de Fototerapia

 Bilitron: colchão de fibra ótica luminosa, com


radiância de 35-60uw/cm2/nm. Eficácia pequena,
por manter pouca superfície exposta.
 Bilibed: 7 lâmpadas brancas e azuis,colchão de
silicone, 22uw/cm2/nm.
Tipos de Fototerapia

 Bilitron Sky: 15 Super-LEDs de alta radiância do espectro


azul com refletor;
 Maior espectro, para bebês termo ou atermo.
Efeitos Colaterais

 Alteração do equilíbrio hídrico;


 Erupção cutânea;
 Hipertermia ou hiportermia;
 Queimaduras;
 Lesão da retina;
 Bronzeamento.
Tecnologias modernas

 Radiômetro: Aparelho utilizado para medir a


radiância dos aparelhos de fototerapia.
 Bilichek: 7 lâmpadas brancas e azuis, colchão de
silicone, 22uw/cm2/nm.
Cuidados de Enfermagem

 Lavar as mãos;
 Realizar o toque carinhoso;
 Despir o RN;
 Proteger os olhos com cobertura radiopaca;
 Renovar protetor ocular a cada 24h, estimulando visão;
 Mensurar diariamente o peso do RN;
 Realizar mudança de decúbito;
Cuidados de Enfermagem

 Verificar sinais vitais do RN;


 Observar sinais de desidratação;
 Estimular aleitamento materno;
 Verificar tipagem sanguínea do RN e da mãe;
 Acompanhar resultados de exames laboratoriais
 Mensurar a radiância das lâmpadas;
 Observar alterações cutâneas;
Cuidados de Enfermagem
 Realizar balanço hídrico;
 Não utilizar cremes ou pomadas nos RNs;
 Incentivar a visita dos pais, orientando-os;
 Controlar distância das lâmpadas;
 Promover higiene e conforto;
 Realizar registros no prontuário;
 Solicitar manutenção do
equipamento.
Diagnósticos de Enfermagem

 Risco de comportamento desorganizado do bebê.


 Hipotermia;
 Risco de infecção;
 Risco de integridade da pele prejudicada;
 Integridade tissular prejudicada;
 Risco de desequilíbrio na temperatura do corpo;
 Risco de vínculo pais/filhos prejudicado.
Obrigada!

fernanda_meac@hotmail.com

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