Filosofia e Ensino
Filosofia e Ensino
Filosofia e Ensino
SUGESTÕES DE TEMAS
1. TÓPICOS DE FILOSOFIA
2. A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA FILOSOFIA;
3. SITUANDO A FILOSOFIA NAS DIVERSAS ÉPOCAS;
4. AS CONCEPÇÕES E OS MÉTODOS DA FILOSOFIA;
5. OBJETOS DE ESTUDO – OS GRANDES TEMAS;
6. OS RAMOS DA FILOSOFIA.
7. ÉTICA E FILOSOFIA
8. A ÉTICA NA FILOSOFIA ANTIGA;
9. A ÉTICA CRISTÃ: A FILOSOFIA MEDIEVAL;
10. A ÉTICA NA FILOSOFIA MODERNA;
11. ÉTICA CONTEMPORÂNEA.
12. HISTÓRIA DA FILOSOFIA
13. HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA;
14. FILOSOFIA MEDIEVAL;
15. FILOSOFIA MODERNA;
16. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA.
17. TÓPICOS ESPECIAIS EM TEOLOGIA
18. DIREITO CANÔNICO;
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19. NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO;
20. O DIREITO CANÔNICO;
21. A EVOLUÇÃO DO CÓDIGO CANÔNICO;
22. O CÓDIGO DE 1917;
23. O CONCÍLIO VATICANO II E O CÓDIGO DE 1983;
24. ECUMENISMO / PLURALISMO RELIGIOSO;
25. CONCEITOS E DEFINIÇÕES;
26. CONCÍLIOS ECUMÊNICOS;
27. O ECUMENISMO NO CONCÍLIO VATICANO II;
28. AS IGREJAS E O MOVIMENTO ECUMÊNICO;
29. O ECUMENISMO COMO FENÔMENO SOCIAL;
30. O ECUMENISMO NA AMÉRICA LATINA;
31. OS DESAFIOS ATUAIS;
32. TEOLOGIA ECUMÊNICA;
33. ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA;
34. TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO.
35. RELIGIÕES NO BRASIL
36. RELIGIÕES NO BRASIL: A CHEGADA DE DIFERENTES RELIGIOSIDADES;
37. RELIGIÕES AFROBRASILEIRAS;
38. O ESPIRITISMO;
39. O JUDAÍSMO;
40. O ISLAMISMO;
41. O CATOLICISMO HOJE;
42. O PROTESTANTISMO HOJE;
43. EVANGÉLICOS E A POLÍTICA.
44. RELIGIÕES MUNDIAIS
45. RELIGIÃO;
46. O QUE É E PORQUE ESTUDAR RELIGIÃO;
47. VÁRIOS OLHARES PARA A RELIGIÃO: DA SOCIOLOGIA À TEOLOGIA,
DO PSICOLÓGICO AO ANTROPOLÓGICO;
48. RELIGIÃO NO MUNDO ANTIGO;
49. O CRISTIANISMO NA ANTIGUIDADE;
50. CULTURAS PAGÃS – A PLURALIDADE DESDE O TEMPO ANTIGO;
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51. RELIGIÕES COM BERÇO NO ORIENTE EXTREMO;
52. BUDISMO;
53. HINDUÍSMO;
54. TAOÍSMO;
55. XINTOÍSMO;
56. CONFUCIONISMO;
57. RELIGIÕES COM BERÇO NO ORIENTE MÉDIO;
58. A REGIÃO;
59. O JUDAÍSMO;
60. O CRISTIANISMO;
61. O ISLAMISMO;
62. RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS;
63. OUTRAS RELIGIÕES;
64. MEDIUNISMO E ANIMISMO;
65. ZOROASTRISMO;
66. HIERARQUIA ECLESIÁSTICA;
67. O MUNDO É PLURAL.
68. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
69. DA ESCOLA À AULA;
70. ESCOLA COMO LÓCUS DA PRÁXIS PEDAGÓGICA;
71. A AULA – ESPAÇO DE CONHECIMENTO, LUGAR DE CULTURA;
72. COMEÇO DE CONVERSA – A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR;
73. SABERES NECESSÁRIOS PARA A PRÁTICA DOCENTE;
74. O PROFESSOR ENQUANTO SUJEITO DO CONHECIMENTO;
75. AS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR NO SÉCULO XXI;
76. CONCEPÇÕES TEÓRICO-EPISTEMOLÓGICAS: UMA BREVE REVISÃO;
77. OS PARÂMETROS E AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES NACIONAIS
(PCN E OCN);
78. OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN) PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL;
79. AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES NACIONAIS (OCN) PARA O ENSINO
MÉDIO;
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80. INTERDISCIPLINARIDADE E OS PROJETOS DE TRABALHO; O
CURRÍCULO;
81. A INTERDISCIPLINARIDADE;
82. A PEDAGOGIA DE PROJETOS;
83. A PEDAGOGIA DE PROJETOS – FOCO NO ENSINO MÉDIO;
84. A AULA EXPOSITIVA;
85. A AULA EXPOSITIVA TRADICIONAL;
86. A AULA EXPOSITIVA DIALÓGICA;
87. O ESTUDO DIRIGIDO;
88. OBJETIVOS DO ESTUDO DIRIGIDO;
89. COMO PREPARAR O ESTUDO DIRIGIDO;
90. APLICAÇÃO DO ESTUDO DIRIGIDO;
91. O SEMINÁRIO;
92. ETIMOLOGIA DO SEMINÁRIO;
93. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SEMINÁRIO.
94. DIDÁTICA I E II
95. DIDÁTICA;
96. DEFINIÇÕES E CONCEITOS;
97. OS PILARES NECESSÁRIOS À FORMAÇÃO PEDAGÓGICA;
98. DIFERENÇAS ENTRE DIDÁTICA E METODOLOGIA;
99. A TRAJETÓRIA DA DIDÁTICA;
100. A DIDÁTICA DE COMENIUS;
101. ROUSSEAU, PESTALOZZI E A CRIANÇA;
102. HERBART E A EDUCAÇÃO PELA INSTRUÇÃO;
103. A DIDÁTICA NA E PÓS PRIMEIRA REPÚBLICA;
104. A PEDAGOGIA TRADICIONAL;
105. A PEDAGOGIA LIBERTÁRIA;
106. A PEDAGOGIA NOVA;
107. A DIDÁTICA E AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS;
108. TENDÊNCIAS LIBERAIS;
109. TENDÊNCIAS PROGRESSISTAS;
110. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PÓS-LDB;
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111. REQUISITOS BÁSICOS DO PROFESSOR PARA A TAREFA
DOCENTE;
112. OBJETIVOS PRIMORDIAIS PARA O TRABALHO DOCENTE;
113. PLANEJAMENTO DO TRABALHO DOCENTE;
114. ONTEÚDOS CENTRAIS DA DIDÁTICA;
115. OBJETIVOS DE ENSINO;
116. CONTEÚDOS ESCOLARES;
117. METODOLOGIA DE ENSINO.
118. TÓPICOS DE FILOSOFIA
119. A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA FILOSOFIA;
120. SITUANDO A FILOSOFIA NAS DIVERSAS ÉPOCAS;
121. AS CONCEPÇÕES E OS MÉTODOS DA FILOSOFIA;
122. OBJETOS DE ESTUDO – OS GRANDES TEMAS;
123. OS RAMOS DA FILOSOFIA.
124. ÉTICA E FILOSOFIA
125. A ÉTICA NA FILOSOFIA ANTIGA;
126. A ÉTICA CRISTÃ: A FILOSOFIA MEDIEVAL;
127. A ÉTICA NA FILOSOFIA MODERNA;
128. ÉTICA CONTEMPORÂNEA.
129. HISTÓRIA DA FILOSOFIA
130. HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA;
131. FILOSOFIA MEDIEVAL;
132. FILOSOFIA MODERNA;
133. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA.
134. SOCIOLOGIA BRASILEIRA
135. AS ORIGENS DA SOCIOLOGIA;
136. A SOCIOLOGIA NO BRASIL;
137. ALGUNS TEMAS DE SOCIOLOGIA.
138. HISTÓRIA DA SOCIOLOGIA
139. A CONSTRUÇÃO DA SOCIOLOGIA;
140. OS RAMOS DA SOCIOLOGIA;
141. SOCIÓLOGOS CLÁSSICOS E SUAS TEORIAS;
142. O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO A PARTIR DO SÉCULO XX;
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143. A SOCIOLOGIA NA ERA DA COMUNICAÇÃO E DA INFORMAÇÃO.
144. TEMAS EMERGENTES EM CIÊNCIAS POLÍTICAS
145. PARTIDOS POLÍTICOS;
146. MOVIMENTOS SOCIAIS;
147. CIBERDEMOCRACIA NO SÉCULO XXI;
148. TEORIA DOS JOGOS;
149. OS DIREITOS HUMANOS;
150. ARTE ENGAJADA;
151. POLÍTICAS PÚBLICAS;
152. IDEOLOGIA POLÍTICA;
153. ECONOMIA POLÍTICA.
154. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
155. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS;
156. TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;
157. AS DECLARAÇÕES UNIVERSAIS DOS DIREITOS E OS TRATADOS
INTERNACIONAIS;
158. AS DIMENSÕES/GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;
159. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
(PNEDH);
160. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-POLÍTICA E JUSTIFICATIVAS
AO PLANO;
161. AS DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS;
162. OBJETIVOS GERAIS DA PNEDH;
163. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS
HUMANOS;
164. NA EDUCAÇÃO BÁSICA;
165. NA EDUCAÇÃO SUPERIOR;
166. NA EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL;
167. METODOLOGIAS DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
168. ÉTICA, CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA E CIDADANIA - EIXOS
TEMÁTICOS PARA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA;
169. ÉTICA;
170. CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA;
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171. CIDADANIA;
172. OS DIREITOS DAS MINORIAS ÉTNICAS E RACIAIS;
173. POLÍTICAS DE RECONHECIMENTO/AÇÕES AFIRMATIVAS;
174. POLÍTICA DE RECONHECIMENTO;
175. EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL RECONHECIDA COMO POLÍTICA
PÚBLICA;
176. AÇÕES AFIRMATIVAS E A SEPPIR.
177. BASES SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DOS DESCENDENTES
AFRICANOS E POVOS INDÍGENAS
178. ENTENDENDO A ANTROPOLOGIA;
179. CONCEITOS E RAMIFICAÇÕES;
180. DOS PRIMÓRDIOS DA ANTROPOLOGIA AO SÉCULO XIX;
181. FORMAÇÃO DO SUJEITO BRASILEIRO – AS NOSSAS RAÍZES;
182. A NOSSA FORMAÇÃO ÉTNICO-RACIAL;
183. MIGRAÇÕES - FOCO NO BRASIL;
184. MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E A XENOFOBIA;
185. IMIGRANTES;
186. MIGRANTES BRASILEIROS;
187. ETNIA, RAÇA E MULTICULTURALISMO;
188. CLASSIFICAÇÃO DE COR E RAÇA DO IBGE;
189. ETNIA E RAÇA;
190. MULTICULTURALISMO: DEFINIÇÕES E SURGIMENTO;
191. CURRÍCULO, ETNIA E DIVERSIDADE CULTURAL;
192. QUILOMBOLAS;
193. AS COMUNIDADES QUILOMBOLAS;
194. COMO IDENTIFICAR UMA PESSOA DE ORIGEM QUILOMBOLA;
195. IDENTIFICANDO A TERRA E LOCALIZANDO COMUNIDADES
QUILOMBOLAS;
196. AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS MUNICÍPIOS PARA
CADASTRAR FAMÍLIAS QUILOMBOLAS;
197. O PROGRAMA BRASIL QUILOMBOLA (PBQ);
198. POPULAÇÕES INDÍGENAS;
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199. A REALIDADE, OS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL
E AS TERRAS INDÍGENAS (TIS);
200. PROTEÇÃO SOCIAL – DIREITO DOS POVOS INDÍGENAS;
201. O CADASTRAMENTO DAS FAMÍLIAS INDÍGENAS;
202. REVISITANDO A HISTÓRIA DAS RELIGIÕES AFRICANAS;
203. A RELIGIÃO NA ÁFRICA;
204. AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS.
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245. CRÍTICA DE ALGUNS LUGARES COMUNS AO SE PENSAR A
FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
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265. O SIGNIFICADO DO ENSINO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL (1930-
1950)
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287. PRÁTICA E APRENDIZAGEM DA INVESTIGAÇÃO SOCIOLÓGICA
NO ESTUDO ETNOGRÁFICO DUMA ESCOLA BÁSICA
299.
REFLEXÕES SOBRE A EDIÇÃO E RECEPÇÃO DE CASA GRANDE E
SENZALA DE GILBERTO FREYRE
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306. RETRATOS DO BRASIL: um estudo dos editores, das editoras e das
coleções brasilianas, nas décadas de 1930, 40 e 50
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ARTIGOS PARA LEITURA, ANÁLISE E UTILIZAÇÃO COMO FONTE
OU REFERÊNCIA
Educação e Pesquisa
ISSN 1517-9702 versãoimpressa
Educ. Pesqui. v.34 n.1 São Paulo jan./abr. 2008
doi: 10.1590/S1517-97022008000100009
ARTIGOS
RESUMO
Segundo os autores, existem quatro conceitos que corroboram para entender esse
fazer filosófico, quais sejam: conceito, plano de imanência, personagem conceitual e
problema. Tem-se como hipótese que tais conceitos podem contribuir para se
pensar o ensino de filosofia na contemporaneidade de modo diferenciado do qual
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vem sendo tratado. Foi dada especial atenção a um desses conceitos: plano de
imanência, engendrado na última obra conjunta desses autores, O que é a filosofia?
(1997). Buscou-se, na obra desses autores, a caracterização de imanência e,
consecutivamente, de plano de imanência para entender como se pode pensar o
ensino de filosofia de forma diferenciada e de modo tal a distanciá-lo de uma
adequação conceitual a um transcendente ou a um transcendental, a qual, no
entender dos autores trabalhados, levaria o conceito de ensino a um dogmatismo
conceitual. A proposta deste artigo é buscar uma saída para o problema, pensando
o ensino de filosofia a partir da imanência mesma na qual este se produz.
Considerações iniciais
Para Deleuze e Guattari (1997), fazer filosofia é criar conceitos. Talvez essa seja a
frase mais repetida de suas obras. No entanto, vale ressaltar que criar conceitos não
é uma atitude que é encontrada somente neles, mas como eles mesmos afirmam,
toda a filosofia tem essa função. A diferença que trazem esses autores é o lugar de
partida para que os conceitos sejam criados. Para eles, a criação de conceitos não
poderia estar fundada em um lugar de transcendência, mas sim se dar em uma
imanência, melhor dizendo, em um plano traçado pelo filósofo na imanência. Desse
modo, o conceito não seria algo que vem de fora da imanência ou que poderia ser
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aplicado à imanência, mas que pertence a ela. Assim, uma vez criado o conceito no
plano de imanência, o conceito e o plano, no qual ele foi criado, não se separariam.
Não se teria nenhuma hierarquia entre eles nem mesmo poder-se-ia separar um do
outro.
A partir o exposto, poder-se-ia chegar à conclusão de que ser filósofo é ser criador,
e filosofar é criar, traçar planos e criar conceitos? A resposta a essa pergunta seria
um tanto quanto paradoxal, já que seria sim e não. Como poderá ser notado a
seguir, o filósofo precisa traçar planos para criar conceitos. Não se pode fazer
filosofia sem essas prerrogativas, porém a tarefa do filósofo não se limita a isso.
Existem outras dimensões que o filosofar requisita no ato de criação e como ato de
criação. Esse outro aspecto, ao qual se dá destaque, é a criação do personagem
conceitual.
Personagens conceituais
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Nesse ponto da discussão, faz-se necessário interpelar Deleuze e Guattari com a
seguinte questão: por que o personagem conceitual cria conceitos? Qual a
necessidade dessa criação de conceitos? Seria essa uma destinação? Poder-se-ia
buscar em uma frase de Deleuze (1992) uma possível resposta a isso: "É filósofo
quem se torna filósofo, isto é, quem se interessa por essas criações muito especiais
na ordem dos conceitos" (p. 39). No entanto, para que seja possível compreender o
fragmento acima, é preciso retornar ao que eles entendem por amigo. O filósofo,
como já foi dito, é o amigo do conceito, aquele que deseja o conceito e que aspira
ao conceito.
Vale lembrar, também, que o amigo não é alguém que está fora do plano, mas que
está intrínseco ao plano. A aspiração, ou o desejo de criação, não é um dado que
vem de fora do plano de imanência, mas é imanente ao plano. Assim, o criador de
conceitos tem de ser íntimo do plano para poder expressá-lo, para querer expressá-
lo e, assim, para ser problematizado pela imanência e, como resposta às
problematizações, criar conceitos.
Recortar
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É largamente sabido que, para se pesquisar, é necessário fazer recortes. Recortar a
realidade e problematizá-la para poder entender quais são os problemas que podem
ser tirados dessa realidade para se ter um tema de pesquisa, um campo de
pesquisa para se olhar e, assim, pensar. Por isso, há a necessidade de fazer os
devidos recortes e traçar planos que dêem condições aos objetivos almejados.
Muitas vezes, os recortes funcionam de modo tal a servir como 'lentes' para se olhar
a realidade. Funcionam como imagens que se usa como um decalque aplicável à
realidade para que, assim, o campo de pesquisa se torne visível. Dito de outro
modo, buscam-se na literatura os campos de pesquisa, os modos de recortar e, a
partir das leituras, cria-se uma imagem daquilo que se deve enxergar na realidade.
Juntamente com essa imagem criada, são trazidos os conceitos que nomearão
aquilo que a imagem decalcada tornará possível de se enxergar.
Tal modo de olhar apresenta problemas, isso porque se se aplicar uma imagem ou
conceitos já estabelecidos anteriormente à realidade, não se poderá ter acesso à
imanência, uma vez que a imagem e os conceitos não apenas estão, mas também
foram produzidos fora da imanência. Pensado assim, ter-se-ia duas dimensões: uma
é o lugar onde o olhar focaliza aquilo que se quer enxergar; e a outra, o modo de
olhar que determina o foco.
Dessa forma, a imanência não pode ser entendida como uma instância que contém
objetos ou como um lugar onde os objetos estejam, bem como tampouco pode ser
considerada como algo sobre o qual a consciência de um sujeito se detém para
formular seus conhecimentos. A imanência não está nem além nem aquém do
sujeito ou do objeto nem mesmo na relação que se pode estabelecer entre esses
dois termos. Assim, conforme afirma Deleuze (2006):
A imanência não se remete a Alguma coisa como unidade superior a todas as coisas
nem a um Sujeito como ato que opera a síntese das coisas: é quando a imanência é
imanência apenas a si que se pode falar de um plano de imanência. (s/p)
A imanência só pode ser entendida como algo que é nela mesma. Assim, esta seria
a totalidade do que existe. No entanto, se a totalidade for concebida como a soma
de todas as coisas existentes, não se pode dizer que seja imanência nem mesmo a
totalidade de todas as coisas poderá ser considerada imanência. Para se entender o
conceito de imanência, teria de se suprimir todo plano de dualidade — céu-terra,
imanente-transcendente — assim como interromper o modo de entendimento que
age como uma consciência subjetiva a qual pensa um objeto que está fora dela. Isso
porque não haveria uma separação entre o sujeito e o objeto nem mesmo entre a
imanência e seus habitantes (Deleuze, 2006).
Seguindo essa proposição, seria preciso entender a imanência como um caos, pois
não se teria mais um sujeito ou uma inteligência superior que desse consistência à
matéria primeira que a imanência. Desse modo, a imanência é a própria dimensão
caótica: o caos e suas velocidades. Para Deleuze e Guattari (1997):
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O que caracteriza o caos, com efeito, é menos a ausência de determinações do que
a velocidade infinita com a qual elas se esboçam e se apagam: não é um movimento
de uma a outra mas, ao contrário, a impossibilidade de uma relação entre duas
determinações, já que uma não aparece sem que a outra já tenha desaparecido, e
que uma aparece como evanescente quando a outra desaparece como esboço. O
caos não é um estado inerte e estacionário, não é uma mistura ao acaso. O caos
caotiza, e desfaz no infinito toda consciência. (p. 59)
O plano de imanência
O problema que pode ser colocado a Deleuze e Guattari (1997) é: como pode o
caos ser o lugar de produção conceitual se sua própria característica é ser caótico e
inominável? Esse questionamento encontra ressonância na problematização por
eles feita em Mil Platôs, onde se lê: "mas como poderemos ainda identificar e
nomear as coisas, se elas perderam os estratos que as qualificavam e passaram
para uma desterritorialização absoluta?" (p. 87). Para esses autores, o caos não é
uma ausência total de determinações, mas a pura imanência com suas velocidades,
que desterritorializam a todo o momento suas configurações. Desse modo, O que
caracteriza o caos, com efeito, é menos a ausência de determinações que a
velocidade infinita com a qual elas se esboçam e se apagam: não é um movimento
de uma a outra, mas, ao contrário, a impossibilidade de uma relação entre duas
determinações, já que uma não aparece sem que a outra já tenha desaparecido, e
que uma não aparece como evanescente quando a outra desaparece como esboço.
(p. 59)
Assim, para se pensar a imanência, seria necessário criar planos que funcionassem
como desacelerações do caos, que funcionassem como esboços que se configuram
momentaneamente. Por isso, é necessário cortar o caos para que se crie
consistência e, assim, possa ser pensado.
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Desse modo, o plano de imanência é um recorte que se faz no caos, ou seja, na
imanência fugidia. Vale lembrar aqui que Deleuze e Guattari estão se contrapondo
ao modo platônico de entendimento ontológico: os dois mundos de Platão. Segundo
Deleuze (1975), para Platão, o mundo material não poderia ser pensado justamente
por essa característica fugidia. A única coisa pensável seria o mundo das idéias pelo
fato de ser imutável.
Para Deleuze e Guattari, ao contrário, deve-se pensar justamente isso que, segundo
Platão, não poderia ser pensado. A estratégia criada pelos filósofos franceses é a
criação de um mapa que se traça sobre o caos para que seja possível se locomover
nele e, assim, poder pensá-lo. Desse modo, traçar um plano na imanência é recortar
a realidade caótica de tal modo que seja possível pensar. Por isso, esse recorte
funciona como um crivo. Segundo Prado Jr. (2000), 'Cortar' só pode significar captar
(definir) uma 'fatia', por assim dizer, de um caos que permanece livre (e infinitamente
livre) em todas as outras direções ou dimensões. Mas, além de 'corte' no caos, o
plano é também um 'crivo' - cortar é selecionar e fixar -, numa palavra, determinar,
conter o rio de Heráclito ou o oceanomundo. (p. 314-315).
Concorda-se com o modo como Prado Jr. entende o recorte no que diz respeito ao
captar uma fatia. No entanto, não se pode concordar que definir seja sinônimo de
captar. A discordância pode ser fundamentada a partir da crítica que Deleuze e
Guattari elaboram acerca do erro que a filosofia comete ao buscar definições.
Segundo eles, a definição 'mataria' o ato de criação conceitual. O conceito tem como
função expressar o plano de imanência e não defini-lo, isso porque, se se definir
algo, a mobilidade do conceito seria inibida em seu caráter expressivo e estar-se-ia
retomando aquilo que eles criticaram: que o conceito não tem como função dar
nome à realidade. Se a função do conceito, ou do plano, fosse a de definir, estaria
se retornando a antiga busca pelo caráter universal e necessário.
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e o plano precisam sempre ser repensados em seu movimento de diferenciação e
não podem ser definidos, mas apenas pensados2.
Desse modo, ao se traçar o plano, o caos estaria sendo delimitado, crivado. Ou seja,
para fazer uma referência à citação anterior, recortar é desacelerar as velocidades
do rio heracliteano sem jamais conseguir defini-lo.
Para Deleuze (2006), "dir-se-á que a pura imanência é UMA VIDA, nada mais. Ela
não é imanência à vida, mas o imanente que não é imanente a nada específico é ele
mesmo uma vida. Uma vida é a imanência da imanência, a imanência absoluta: ela
é potência e beatitude completas" (s/p). Assim como a vida é imanente à própria
Vida, a imanência é imanente a ela mesma, não pode ser separada, não pode ser
dividida. Ela é plenitude e não pode haver nada fora dela. Assim, a imanência é a
pura intensidade da vida. Para ele, [...] uma vida está por todos os lugares, por todos
os momentos que atravessam este ou aquele sujeito vivo e que medem tais objetos
vividos: vida imanente trazendo os acontecimentos ou singularidades que apenas se
atualizam nos sujeitos e nos objetos. Essa vida indefinida não tem, ela mesma,
momentos, por mais próximos que estejam uns dos outros, mas apenas
entretempos, entremomentos. (s/p).
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Pensar a imanência é pensar a vida. No entanto, para pensar a vida, é preciso
desacelerá-la, mapeá-la. Assim, a partir de Deleuze e Guattari, pode se entender
que o plano de imanência é o mapa do mundo. Mapa que dá condições de
locomoção para que o filósofo se singularize e que é o lugar no qual o filósofo
problematiza a realidade, fazendo com que ela se subjetive, se dobre, de
determinado modo. Segundo Cardoso Jr. (2006), [...] cada um está ao mesmo tempo
criando um modo de vida enquanto se constrói a imanência como plano próprio ao
pensar, porque o 'construtivismo' do pensamento é também um poderoso campo de
experimentação. (p. 34)
Desse modo, o plano de imanência é o lugar onde se cria um modo de vida, onde o
pensamento é atacado, é o não pensado que precisa ser experimentado para ser
pensado.
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transcendência seria detentora do modo de cortar o plano e os conceitos e, também,
a condição do corte. Pensando desse modo, a imagem do plano e dos conceitos já
estaria elaborada sem se relacionar com a imanência ou quando muito, a imanência
seria uma reprodução (adequação) da transcendência. Deleuze e Guattari (1997)
afirmam que essa confusão pode ser entendida da seguinte maneira: [...] em vez de
um plano de imanência, ele mesmo, construir esta matéria do Ser ou esta imagem
do pensamento, é a imanência que seria remetida a algo que seria como um 'dativo',
Matéria ou Espírito. É o que se torna evidente em Platão e seus sucessores. Em vez
de um plano de imanência construir o Uno-Todo, a imanência está 'no' Uno, de tal
modo que um outro Uno, desta vez transcendente, se superpõe àquele no qual a
imanência se estende ou ao qual ela se atribui [...]. (p. 62).
Desse modo, para Deleuze e Guattari (1997), o recorte não pode ser feito a partir de
um tema ou de uma questão que esteja fora da imanência nem poderia ser dado
antecipadamente, mas se deve fazer esse recorte na imanência, ou seja, deve-se
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traçar um plano na imanência caótica. O caos deve ser entendido, segundo esses
autores, não como com uma mera ausência de determinações, mas como um lugar
em que o pensamento vai se dobrar. Por ser o ainda não dobrado (a desdobra
absoluta), ele "caotiza, e desfaz no infinito toda consistência" (p. 59). Por isso, é
necessário criar um plano que dê consistência a esse caos para que ele possa ser
pensado.
Desse modo, pode-se dizer, juntamente com Zorabichvili (2005), que, para Deleuze
e Guattari, [...] a filosofia é, pois, propriamente filosófica enquanto pensamento da
experiência ou, o que vem a dar no mesmo, enquanto pensamento da imanência.
(s/p)
Por esse motivo, é necessário entender o ensino de filosofia como uma imanência,
ou seja, experimentar o ensino como uma imanência. Não pensar o ensino como
algo que seja imanente à educação, mas imanente a ele mesmo. Desse modo, o
ensino seria retirado de uma relação hierárquica e arbórea que fora colocada pela
educação como uma ciência que tem, em uma de suas áreas de investigação, o
ensino e o ensinar.
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O esquema hierárquico, denominado por Deleuze e Guattari (1997a) de arbóreo,
funciona como o decalque que foi enunciado anteriormente. A árvore é uma
estrutura pivotante que mantém a unidade e a centralidade daquilo que está
conectado a ela. Para eles, Toda lógica da árvore é uma lógica do decalque e da
reprodução. [...] Ela consiste em decalcar algo que se dá já feito, a partir de uma
estrutura que sobrecodifica ou de um eixo que suporta. A árvore articula e hierarquia
os decalques, os decalques são como folhas da árvore. (p. 21)
Deleuze e Guattari propõem como alternativa para a relação hierárquica, nos quais
os saberes se estabelecem: o rizoma. Uma planta rizomática, ao contrário da árvore,
tem um sistema radicular complexo, com tantas conexões que não se sabe em que
lugar começa e em que lugar termina o sistema radicular. Suas raízes se
entreconectam por bulbos e radículas. As plantas rizomáticas têm raízes e caules
tanto subterrâneos (escondidos, obscuros) quanto aéreos (que aparecem ao olhar).
Tudo (caules aéreos e subterrâneos, raízes aéreas e subterrâneas) está conectado
com tudo, formando, assim, um emaranhado de caminhos, de sentidos. Uma relação
não mais hierárquica, mas em rede. Assim, o funcionamento rizomático, em vez de
decalcar, cria um mapa. Isso porque, no rizoma, não há uma estrutura ou mesmo
hierarquia entre os elementos. Ele funciona com suas conexões múltiplas. Por esse
motivo, não há como estabelecer previamente as relações entre os elementos da
rede.
Conforme foi dito anteriormente, os problemas não podem ser exteriores ao plano de
imanência, ou seja, o problema é uma problematização do próprio plano de
imanência. Deleuze e Guattari (1997) auxiliam a recuperar a imanência da
problematização, mostrando que é preciso traçar um plano de imanência para
pensar nosso presente. Esse plano deve ser apresentado de modo a criar uma
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consistência problemática que dê suporte à criação de conceitos, uma vez que [...] o
plano de imanência não é um conceito pensado nem pensável, mas a imagem do
pensamento, a imagem que ele se dá do que significa pensar, fazer uso do
pensamento, se orientar no pensamento [...]. (p. 53).
Desse modo, é necessário, antes de tudo, pensar o ensino de filosofia como uma
imanência para que se possa mapeá-lo. Isso quer dizer que é preciso partir dos
problemas do ensino de filosofia, problematizar a própria imanência. Só então se
poderá penetrar em outros problemas que são concernentes ao ensino de filosofia.
REFERÊNCIAS
______. Espinosa e Nietzsche: elos onto-práticos para uma ética da imanência. In:
SEMINÁRIO DE FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA: Nietzsche e o pensamento
francês. WEBER, J. F.; NALLI, M. A. G. (Coord.). 1. Anais... Londrina: UEL, 2006a
[CD-ROM]; ISBN 85-98196-39-8. [ Links ]
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? 2 ed. Rio de Janeiro: Editora 34,
1997. [ Links ]
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______. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1997a.
(v. 4). [ Links ]
RESUMO
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Eu jamais penso exatamente o mesmo pela razão de que meus livros são, para
mim, experiências. Uma experiência é algo do qual a própria pessoa sai
transformada. Se eu devesse escrever um livro para comunicar o que já penso,
antes de haver começado a escrever, não teria jamais coragem de empreendê-lo.
(Foucault, 1994, p. 41)
Palavras iniciais
Fomos motivados a pensar. Quando nos deparamos com uma disciplina estranha ao
nosso modo de produzir pensamento, iniciamos uma problematização que resultou
no texto ora apresentado. Vale deixar claro que estranho, aqui, refere-se a algo que
não fazia parte de nosso rol de conhecimento filosófico. Este saber que chamamos
de estranho, ou estrangeiro, é o ensino de filosofia. Melhor dizendo, uma tentativa
de ensinar filosofia para estudantes de cursos que não pretendiam formar filósofos
ou professores de filosofia. Assim, o limite que se colocava ao ensino de filosofia era
o filosofar.
Este foi o problema que nos afetou de modo tal que nos fez sentir estrangeiros em
nosso próprio país: era como se falássemos nossa língua materna e não fôssemos
compreendidos. Problematizar esses afetos foi o que nos mobilizou, que nos
desestabilizou, enfim, que nos fez pensar o problema do ensino de filosofia, do "ser"
um filósofo/professor que problematiza seu processo de ensino.
Entendemos que este não seja um problema só nosso, mas de toda uma
comunidade de pensadores que se dedicam à compreensão do ensino de filosofia.
Esse tema vem sendo debatido amplamente pela comunidade filosófica na busca de
entender o problema e propor encaminhamentos para o ensino desse saber
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(Arantes, 1996). A ressonância desse estudo pode ser encontrada principalmente no
Fórum Sul de Ensino de Filosofia, já em sua sexta edição,1 cujo resultado implicou
uma coleção de livros sob o título Filosofia e ensino, publicada pela Editora unijuí.
No volume de 2004 (número 6), Pagni afirma que Falar sobre o ensino de Filosofia
não é uma tarefa tão simples, especialmente para aqueles que, como eu, por dever
de ofício e por interesse em refletir sobre a própria atividade docente, há pouco
tempo vêm pensando sobre o assunto (...). Com a recente reaproximação das
discussões em Filosofia da Educação, desenvolvidas no Brasil, de temas e do
pensamento filosófico, sobretudo do pensamento contemporâneo e da História da
Filosofia, o ensino dessa disciplina nos cursos superiores ganhou uma dimensão
mais filosófica que pedagógica, sendo também interrogado pelas mesmas questões
que afligem o ensino de Filosofia. (Pagni, 2004, p. 217-218)
Acreditamos que pensar essa problemática se justifique não apenas por se tratar de
um tema presente, conforme acentuou Pagni (2004), mas também pelo tratamento
que vamos dar a ela por meio da base teórica deleuzo-guattariana e pelo modo de
olhar o problema.
Para tanto, este artigo está dividido em três partes. A primeira delas tem a intenção
de apresentar o problema que encontramos na sala de aula e mostrar como ele nos
afetou. A segunda parte busca localizar nosso problema em um tipo de fazer
filosófico nomeado por Foucault (1984) de ontologia do presente. Na última parte,
visamos encontrar indicativos de caminhos na obra de Deleuze e Guattari para
pensar o ensino de filosofia como filosofia, não se limitando a um saber técnico, mas
se constituindo como um exercício do filosofar.
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As questões acerca do ensino – e especialmente do ensino de filosofia – surgiram
com base em nossa experiência educadora em cursos de graduação, tanto de
licenciaturas quanto de bacharelados, bem como da produção dos colegas de
profissão, materializada nas ementas das disciplinas e no sentido que elas traziam.
Nosso olhar foi marcado pela proposta de Pagni (2004), para quem "o professor
dessa disciplina [filosofia] deveria refletir acerca de sua própria formação e dos
limites de seu ofício" (p. 220).
Desde 2001, vimos trabalhando com o ensino de filosofia nos mais diversos campos
do saber: Introdução à Filosofia, para os cursos de Jornalismo, Desenho Industrial,
Licenciatura em Matemática, Pedagogia, Serviço Social e Análise de Sistemas;
Filosofia e Ética Profissional, para os cursos de Administração, Ciências Contábeis e
Informática; e Filosofia da Educação, para os cursos de Pedagogia e Licenciatura
em Matemática. Nos cursos de Bacharelado e de Licenciatura em Filosofia,
trabalhamos com as disciplinas de Ética e História da Filosofia.
No que concerne ao ensino de filosofia para os cursos que não visavam formar
filósofos, a dificuldade apareceu de modo mais veemente. Os alunos, logo de início
e de modo geral, não tinham o desejo de aprender os saberes ditos "filosóficos".
Alguns, por experiências não muito agradáveis com outros professores de filosofia;
outros, por mero descaso ou preconceito; outros, ainda, por influência dos primeiros.
O que se tornava unânime era a questão: "o que isso (a filosofia) tem a ver com o
curso que eu faço?". Dito de outro modo, qual a relação existente entre a filosofia e
os campos de saberes específicos para os quais cada um dos alunos estava sendo
formado?
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Essa foi a primeira questão que nos atacou, mas não foi a questão mais
contundente. Outra dificuldade encontrada se deu com relação ao conteúdo
apresentado nas ementas das disciplinas citadas. Todas elas nos direcionavam para
um tipo de curso em que os alunos deveriam saber, ao seu término, um "resumo" da
história do saber filosófico. Observamos aí um agravante: todas, com exceção da
Filosofia da Educação, se constituíam como disciplinas que não dialogavam com os
saberes que circulavam em outras disciplinas na formação dos alunos.
Ante o desprezo pela disciplina filosofia, que enxergávamos na maioria dos alunos, a
ementa que materializava a proposta do curso permanecia intocada, inexorável e
tecnicamente distante. Desse modo, o ponto de apoio para a resolução da questão
anterior, ao invés de solucioná-la, criou uma outra: como propor uma discussão que
fosse filosófica e mais próxima dos saberes para os quais os alunos estavam sendo
formados se a ementa do curso não possibilitava realizar tal intento?
A amplitude que a ementa alcançava era muito maior do que se poderia fazer em
tão pouco tempo para desenvolver os conteúdos necessários para se entender o
encadeamento das idéias filosófico-educacionais, fato que dificultava a assimilação
pelos alunos, que nunca, ou muito pouco, haviam tido acesso ao saber filosófico.
Pode ser que o problema esteja na ordem mais geral, na concepção mesma de
ensino de filosofia. Lugar onde se deveria pensar qual o objetivo de uma disciplina
estranha (no sentido que empregamos anteriormente) a determinado campo do
saber (no caso do ensino de filosofia para nãofilósofos) e se entender qual seria a
função do professor de filosofia (tanto para os cursos regulares de filosofia como
para os de não-filósofos). Que tipo de saber o professor deveria possuir e produzir?
Que tipo de subjetividade ele auxilia a produzir/formar enquanto filósofo/professor?
O problema, então, poderia ser colocado do seguinte modo: o que se espera do
filósofo quando o assunto é ensino de filosofia?
Em meio a esses problemas – que poderiam ser entendidos como estando na ordem
da empiricidade ou da técnica – fomos atacados por um problema que entendemos
ser filosófico: o que faz o filósofo quando seu ofício é o ensino de filosofia? Este
problema/experiência-de-pensamento mobiliza a contingência mesma do filósofo,
vergando-o a pensar o próprio presente que se apresenta como problema. Problema
que produziu, e produz em nós o desejo de pensar o que estamos fazendo de nós
mesmos como educadores-filósofos. Problema que está localizado na ordem do
acontecimento. Problema recorrente, insistente, na história do pensamento
filosófico/educacional, que pode ser sintetizado no modo como Pagni (2004, p. 227)
apresenta essa problemática: "(...) como os professores de filosofia poderiam
filosofar para que o aprendiz também fosse despertado para tal, diante de uma
situação em que a determinação da cultura só ampliou a deformação profissional
daqueles e apenas auxiliou a sufocar a disposição destes para aprender a pensar
criticamente o tempo presente?".
Vamos, na seção seguinte, buscar elementos que nos auxiliem a localizar nosso
problema dentro das duas tradições filosóficas descritas por Foucault (1984), a
analítica da verdade e a ontologia do presente.
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Para pensarmos criticamente o tempo presente, ao qual se refere Pagni (2004), e no
qual situamos nossa problemática, poderíamos buscar na literatura específica
respostas acerca do ensino de filosofia. Contudo, queremos nos distanciar do modo
"tradicional" do fazer filosófico e do saber filosófico/educacional. Queremos dar um
tratamento novo ao problema.
Novo aqui não deve ser entendido como novidade. Entendemos com Deleuze (1988,
p. 225) que "O que estabelece o novo não é precisamente o novo, pois o próprio do
novo, isto é, a diferença, é provocar no pensamento forças que não são as da
recognição, nem hoje, nem amanhã, potências de um modelo totalmente distinto,
numa terra incógnita nunca reconhecida, nem reconhecível".
Por isso, optamos por não mais pensar o que é o ensino ou o que é o ensino de
filosofia, mas por colocar a questão na ordem do acontecimento: o que faz o filósofo
quando seu ofício é ensinar filosofia? Isso porque, conforme acentua Deleuze, "A
filosofia está entulhada de discussões sobre o juízo das atribuições (o céu é azul) e
o juízo de existência (Deus é), suas reduções possíveis [o ensino de filosofia é ...] ou
sua irredutibilidade [o ensino de filosofia não pode ser reduzido a ...]. Mas trata-se
sempre do verbo ser" (1992, p. 59-60).
Não queremos, assim, buscar apenas elementos que concorram para explicar esses
problemas que surgem de nossa experiência docente com base em outras
experiências ou outras filosofias, mas buscar elementos conceituais que nos
possibilitem pensar conceitualmente o problema. Esse modo novo de diagnosticar
esses problemas encontramos nas obras de Foucault e Deleuze, especialmente na
proposta de uma ontologia do presente foucaultiana e na crítica deleuziana acerca
da imagem do pensamento.
Nas palavras de Kastrup (1999, p. 30-31), "O traço que os liga ao Kant da Crítica da
razão pura é a preocupação em discutir e estabelecer as condições do
conhecimento verdadeiro, por eles entendido como sinônimo de conhecimento
científico. Comte trabalha com base na idéia de que só a ciência produz
conhecimentos verdadeiros. Essa é, de resto, uma idéia kantiana (...)".
Trazendo esta discussão para o âmbito das relações entre a filosofia e a educação,
a busca por verdades educacionais e por modelos que pudessem assegurar o
verdadeiro ensino fez com que se criassem, nas pesquisas educacionais, inúmeros
manuais para servir de modelo àqueles que se propusessem a pensar a educação,
tendo como parâmetro os resultados esperados pela sociedade científico-filosófica
de modo geral, e os critérios ortodoxos aos quais as pesquisas são submetidas.
Segundo Bárcena (2005, p. 66), "a educação é entendida como um objeto de estudo
ou conhecimento cietífico-tecnológico, um tipo de discurso que faz abstração do oral,
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do particular, do local e do temporal, para encaminhar-se à escritura científica, ao
universal, ao geral e ao atemporal".
Esse modo de análise também foi utilizado para se pensar a educação que se
pautou durante largo tempo, ainda que com exceções, na busca de critérios
universais para encontrar aquilo que seria "verdadeiro" e "necessário" para produzir
um caráter "científico" no pensamento educacional. Exemplos disso encontramos na
seguinte passagem de Ghiraldelli Jr (2005, p. 10): "O tema da verdade é decisivo na
filosofia da educação pela simples razão de que a noção de verdade está embutida,
como pressuposto, em todo o universo do discurso educativo, pedagógico ou
metapedagógico"; ou ainda, na passagem de Mazzotti (2000, p. 187), na qual critica
o caráter universalizante da filosofia da educação em seu âmbito filosófico-racional
"(...) o caráter da argumentação filosófica é apresentar-se como universalidade.
Pode se dizer que a filosofia da educação só pode ser apresentada como tal caso se
aceite alguma filosofia racional, a qual historicamente se apresenta no longo debate
centrado no estabelecimento da universalidade".
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Deleuze criticou este modo de procedimento nomeado por ele, em Diferença e
repetição, de Imagem do pensamento. Para ele a imagem do pensamento são os
pressupostos encontrados tanto no senso comum quanto no pensamento filosófico.
Deleuze aponta que o pensamento fundado na imagem do pensamento é
problemático, uma vez que ela pode nos conduzir a pseudoproblemas.
Para Foucault, este tipo de fazer filosófico, essa atitude filosófica, seria decorrente
da segunda vertente que surge a partir do pensamento kantiano: a Ontologia do
Presente. Segundo Foucault, a ontologia do presente trata de "mostrar em que e
como o que fala enquanto pensador, enquanto sábio, enquanto filósofo faz parte, ele
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mesmo, desse processo e (mais que isso) como ele tem um certo papel a
desempenhar neste processo, onde ele então se encontra então ao mesmo tempo
como elemento e ator" (1984, p. 104).
Foucault (1984) afirma que esse modo de tratamento filosófico, esse método de
análise, foi desenvolvido paralelamente ao da analítica da verdade por outros
autores desde "Hegel à Escola de Frankfurt, passando por Nietzsche e Max Weber".
Foucault assume que seu próprio método de trabalho e o que fundamenta sua obra
é justamente a ontologia do presente, como ele mesmo afirma nas últimas palavras
de seu artigo: essa é "uma forma de reflexão na qual tentei trabalhar" (1984, p. 112).
Esse método filosófico já está presente na obra de Foucault desde os anos 1960.
Isso pode ser notado na resposta ao questionamento feito por P. Caruso sobre como
ele classificaria sua obra. Foucault afirma que É muito possível que meu trabalho
tenha algo a ver com filosofia: sobretudo porque à filosofia – pelo menos desde
Nietzsche – compete a tarefa do diagnosticar e não mais a de buscar dizer uma
verdade que seja válida para todos e para todos os tempos. Eu procuro justamente
diagnosticar: diagnosticar o presente. Eu procuro dizer aquilo que nós somos hoje e
o que é que agora significa aquilo que nós dizemos. Este escavar sob os próprios
pés caracteriza, desde Nietzsche, o moderno pensar e nesse sentido eu posso me
designar como filósofo. (Foucault, 1994, p. 606, v.1)
Parece-nos que o que Foucault quer entender é: "O que é precisamente este
presente ao qual pertenço?" (1984), dito de outro modo, que tipo de filosofa estou
fazendo e qual método estou utilizando para fazê-la? Esse modo de tratamento aos
problemas se funda como um método, não porque está vinculado a um método no
qual seu fundamento esteja na verdade sobre o que deve ser pensado e sobre o
como determinada coisa deve ser pensada, mas a um presente que se apresenta
como problema e que pede para ser pensado. Como um problema que pede uma
solução.
Este modo de tratamento aos problemas filosóficos pode ser encontrado também em
Nietzsche. Segundo Veiga-Neto (2003, p. 46), A ontologia do presente é uma
ontologia crítica de nós mesmos; ela desloca a questão (kantiana) para uma outra
questão, também já presente em Kant, porém enfatizada por Nietzsche (...). Essa
nova pergunta põe em relevo o sentido e o valor das coisas que acontecem conosco
no nosso presente, não mais perguntando sobre a verdade das coisas – até porque
a verdade para Nietzsche é histórica (...). Assim, a questão kantiana – que se
pretendia transcendental – subordina-se à questão nietzscheana – que é
contingente.
Para Nietzsche, seu presente é marcado por um modo de fazer filosofia que busca
"verdades objetivas" para se acreditar e tornar a vida mais fácil de ser vivida. Essa
crítica pode ser encontrada principalmente no parágrafo 24 de Além do bem e do
mal, onde se lê: O sancta simplicitas! Em que curiosa simplificação vive o homem!
Impossível se maravilhar o bastante, quando se abrem os olhos para esse prodígio!
Como tornamos tudo claro, livre, leve e simples à nossa volta!
Como soubemos dar a nossos sentimentos um passe livre para tudo que é
superficial, e a nosso pensamento um divino desejo de saltos caprichosos e
pseudoconclusões!.
A pergunta que devemos nos fazer nesse momento é: como podemos escapar da
analítica da verdade como método de fazer ciência e, particularmente em nosso
caso, de fazer filosofia ou filosofia da educação?
Olhar além do aparente. Talvez esta intenção, a insistência neste ponto, possa
problematizar o fechamento da discussão sobre formação de professores. Entrar na
lógica do sentido e não da formalidade na qual os discursos majoritários são
desenvolvidos e funcionam para produzir o conceito tradicional de sistema
educacional como único caminho de formação. Lógica fluida e imanente,
encarregada de dar sustentação à transmissão da cultura legítima como herança.
Para isso, temos que colocar o problema na ordem do acontecimento, fazer uma
ontologia do presente.
Não nos restringindo à ordem do dever ser reificado na estrutura de uma teleologia
educacional, que tem como fim a Verdade. Entrar na espessura da realidade.
(Gelamo & Lima, 2006)
Seguindo a esteira enunciada por Foucault, esse problema somente poderia ser
formulado da seguinte maneira: o que faz o filósofo quando seu ofício é ser
professor de filosofia? Vale notar que nosso problema não é qual deve ser o
conteúdo a ser ensinado?; o que é o professor de filosofia?; ou ainda, o que é o
ensino de filosofia? Essas questões nos levariam a pseudoproblemas e teríamos
que propor pseudoconclusões, acreditando produzir verdades sobre isso.
Na presente seção, partimos das seguintes hipóteses: (1) a de que o filósofo pode
filosofar no exercício da docência; (2) pensamos que o ofício do professor de
filosofia consista em filosofar, mas não se limite a isso; (3) ele deve produzir-se a si
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mesmo e criar condições para que o ensino se efetive como um processo de
subjetivação; (4) somente assim o ensino de filosofia pode se dar como um processo
filosófico e produzir pensamento para alcançar as premissas que o saber filosófico
impõe àqueles que querem fazer filosofia, ou seja, filosofar. Para responder a isso,
fundamentamo-nos em Deleuze e Guattari, especialmente na obra O que é a
filosofia? (1997).
Para Deleuze e Guattari (1997), "O plano [de imanência] é como um deserto que os
conceitos povoam sem partilhar. São os conceitos mesmos que são as únicas
regiões do plano, mas é o plano que é o único suporte do conceito" (p. 52). Por este
motivo, o filósofo-professor tem antes que traçar o mapa do plano para criar os
conceitos que o povoarão. É no plano de imanência que os conceitos serão
enrolados e desenrolados, este é o lugar em que os conceitos podem funcionar (p.
51).
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conceitos, ele implica uma espécie de experimentação tateante, e seu traçado
recorre a meios pouco confessáveis, pouco racionais e razoáveis.
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Foucault, "A subjetivação é a produção dos modos de existência ou estilos de vida"
(Deleuze, 1992, p. 142); e não de um sujeito individual.
Esses autores entendem que a produção de um modo de existência não pode ser
pensada como resultado da atividade cognitiva de um sujeito universal do cogito,
entendido como uma individualidade que representa o mundo e que o sujeita à
representação subjetiva de um indivíduo que tem primazia em relação a um objeto.
Essa maneira de entender o sujeito é relativa a um Eu, a um Você, a uma
subjetividade individual ou individualizante do conhecimento, na busca de uma
identificação do objeto conhecido como algo já dado, uma re-apresentação ao
sujeito de uma imagem e, conseqüentemente, de um conhecimento pretendido
como novo.
Este modo de tratamento ao problema permite entender o que está sendo produzido
pelo filósofo que se depara com o ofício do ensino de filosofia: entender que tipo de
subjetividade a educação filosófica possibilita que seja instaurada, e qual a
subjetividade que está efetivamente sendo instaurada pelas práticas sociais dos
educadores filósofos.
A questão que se nos coloca nesse momento é: como fazer funcionar o ensino de
filosofia no plano de imanência Educação e garantir o entendimento da produção de
subjetividade e a criação de conceitos?
Outras considerações
Pensamos que a ação em sala de aula do filósofo professor precise ser filosófica, no
sentido de não apenas falar sobre os conceitos existentes e como eles se
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relacionam, fazendo oposição ou reafirmando os conceitos dados pela tradição
filosófica. Este modo de proceder já era criticado por Deleuze em Conversações: "Se
ela mesma [a filosofia] nada cria, o que poderia fazer, senão falar sobre? Então
reflete sobre o eterno, ou sobre o histórico, mas já não consegue ela própria fazer o
movimento" (1992, p. 152).
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Desse modo, o ensino de filosofia poderia se dar como processo de subjetivação,
como um modo de singularização de saberes dos/nos estudantes. Pensamos,
assim, que o filósofo em seu ofício de professor de filosofia não possa fazer outra
coisa a não ser filosofar.
Notas
REFERÊNCIAS
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ARANTES, P. et al. A filosofia e seu ensino. Petrópolis: Vozes; São Paulo: EDUC,
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Cadernos CEDES
ISSN 0101-3262 versãoimpressa
Cad. CEDES v.24 n.64 Campinas set./dez. 2004
doi: 10.1590/S0101-32622004000300003
RESUMO
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Palavras-chave: Ensino. Ensino de filosofia. Ensino médio. Filosofia na escola
pública. Professores de filosofia.
Introdução
Temos percebido que a prática do ensino de filosofia tem ocupado novos espaços
nos meios educacionais nos últimos anos e, por isso mesmo, demanda
constantemente uma avaliação sistematizada. Desde seu retorno de forma mais
sistemática às faculdades e também ao ensino médio e fundamental, assistimos a
um processo crescente de presença dessa prática na educação brasileira. O Distrito
Federal, local onde vivenciamos essa experiência, também assistiu a este processo
e vê a cada dia crescer o número de escolas particulares que introduzem o ensino
de filosofia nas mais diversas séries, do ensino fundamental ao ensino médio. Na
rede pública temos visto também crescer o número de professores que iniciam
experiências de filosofia com crianças, sobretudo a partir do que propõe o Projeto
Filosofia na Escola, da Faculdade de Educação da UNB, e, também, a ampliação do
espaço no ensino médio da rede pública para o ensino de filosofia. É esta presença
no ensino médio das escolas públicas que tem recebido prioritariamente nossa
atenção.
Estamos no quinto ano em que a disciplina de filosofia é oferecida nas três séries do
ensino médio no Distrito Federal. Após a efetivação de uma reforma no nível médio
de ensino, que culminou com a ampliação da carga horária da disciplina de Filosofia,
a discussão sobre o sentido do que é feito com essa disciplina cresceu. Existe uma
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diversidade de experiências, sendo que a maioria não se apresenta com muitos
êxitos. Conforme pudemos constatar em pesquisas de mestrado, o que realmente
parece acontecer com o ensino de filosofia, ao menos no ensino médio em escolas
públicas, é uma homogeneidade de desorientação. Há uma ausência de rumo
provocada por vários fatores.
Este texto não pretende ser mais que isto: o alinhavar do encontro de dois olhares
de quem vivencia no seu dia-a-dia o ensino de filosofia nesta unidade da Federação
que atualmente oferece o ensino de filosofia com duas aulas semanais, nas três
séries, em todas as suas escolas de ensino médio da rede pública.
Para que estudar Filosofia? Qual a utilidade desta disciplina na formação de alunos
e alunas? Percebemos que ambos nos colocamos desde o início algumas questões:
Como se dá o encontro filosofia e escola? É possível pensar, por exemplo, a
educação de uma forma filosófica, crítica, transformadora, dentro da própria escola?
Qual pode ser o alcance da filosofia? Como pensar novas formas de presença da
filosofia?
Esse modelo de escola, parece-nos, nem tem se mostrado preparado para articular
saberes. Ele está muito mais interessado em transmitir conhecimentos e saberes
pouco especializados seguindo as imposições deste modelo de sociedade que só
considera que alguma coisa tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática,
visível e de utilidade imediata (Chaui, 1995, p. 13).
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Não é esta nossa perspectiva ao nos dedicarmos ao ensino e à pesquisa sobre o
ensino de filosofia. Acreditamos que devemos ampliar os horizontes do que se quer
com a escola e com a filosofia na escola, pela própria natureza de nossa atividade
docente com a filosofia. Como afirma Cerletti (1999, p. 149):
Como ensinar? O que ensinar? Ensinar filosofia supõe pôr em ação uma atividade
ou uma prática a partir de certas questões que não estão constituídas como um
campo fechado de saberes e, como essa atividade é também seu próprio objeto,
abordar os desafios do que e como torna-se uma tarefa complexa; mas, por sua vez,
constituem desafios filosóficos sugestivos que evitam, se estamos alertas, que
entremos em uma rotina asfixiante.
Perguntamo-nos sobre o sentido deste ensino de filosofia na escola pública para nós
e identificamos que podemos afirmar que sua presença pode significar, neste
contexto, um compromisso, uma postura política.
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Se tratarmos a problemática do ensino de filosofia exclusivamente no plano
pedagógico — o que acabam fazendo quase todos os cursos de licenciatura em
filosofia — perdemos o âmbito filosófico da questão e ela fica "manca".
Depois da mobilização inicial no início dos anos de 1980 para a implantação na rede
pública de ensino, ocorreu um esvaziamento da discussão e do intercâmbio em
torno da prática do ensino da disciplina. Muitos professores continuaram trabalhando
de modo isolado, com pouco espaço para o intercâmbio, ficando as experiências,
interessantes ou não, restritas ao professor em sua própria escola. Havia pouco
espaço para a problematização e a permuta com os demais professores sobre o que
estava sendo ensinado: dificuldades ou avanços na relação pedagógica, uso de
materiais, concepções de filosofia, metodologia utilizada, aquilo que ele priorizava e
outras dimensões que permeavam o dia-a-dia de uma sala de aula.
A ampliação da carga horária não foi realizada de forma gradual, ou seja, a cada
ano foi-se implantando a proposta em uma das "etapas" do ensino médio. No ano
2000 e 2001, todas as séries do ensino médio tiveram a disciplina de Filosofia. Isso
criou uma série de dificuldades, como, por exemplo, a de se conseguir profissionais
habilitados com graduação em filosofia. Para atender a demanda, professores
formados em outras áreas foram convocados para lecionar filosofia criando uma
caracterização de disciplina para a qual não se necessitava de profissional
licenciado para o ensino da disciplina, o que normalmente é exigido em outras
áreas.
Como este processo de ampliação ocorreu no ano 2000, junto com uma série de
outras mudanças, o sindicato dos professores local, por divergir no mérito e no
método dessa reforma, promoveu um movimento para exigir que o governo do
Distrito Federal revogasse um conjunto de reformas que este havia feito no ensino
médio naquele ano. Como entre essas reformas estava a ampliação da carga de
filosofia, tal fato resultou em uma grande confusão: formou-se facilmente na
"cabeça" de alguns professores, alunos e pais a idéia de que, se a reforma que o
governo implantou não era boa, não era boa também a ampliação da carga horária
da filosofia. Houve, ao menos em algumas escolas, uma certa resistência ao ensino
de filosofia.
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Apesar de existir na Secretaria de Educação um espaço de 102 horas semanais
para a coordenação, esse tempo é utilizado para o planejamento e o
desenvolvimento de atividades rotineiras do professor, na própria escola, sem a
promoção do necessário intercâmbio entre os professores, ou entre projetos
integrados de trabalhos. Ou seja, de fato, a coordenação não cumpre
satisfatoriamente sua função, caso se entenda por coordenação justamente a tarefa
de formar, planejar, desenvolver e avaliar estratégias coletivas de articulação do
trabalho pedagógico. Algum intercâmbio entre escolas ou cidades ocorre tão
esporadicamente que não repercute nas práticas docentes.
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Ao mapear um pouco a origem da formação dos que são graduados em filosofia,
percebemos que a grande maioria foi formada em instituições privadas. No caso dos
que foram formados no Distrito Federal, constatamos que apenas 19% dos
professores se graduaram pela Universidade de Brasília (UNB) e 81% se
graduaram, sobretudo, pela Universidade Católica de Brasília (UCB).
Outro aspecto que observamos foi relacionado ao uso de livro didático no ensino de
filosofia. Nesta pesquisa constatamos que 45,3% dos professores participantes
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responderam usar livro-texto no ensino da filosofia. Numa primeira abordagem,
levando em conta que a ampliação da carga horária da disciplina de Filosofia de um
para três anos se deu no ano 2000 e a coleta de dados desta pesquisa se deu, em
sua maior parte, no segundo semestre de 2001, ou seja, no segundo ano desta
reforma, pode-se afirmar que o índice de professores que informaram adotar livro-
texto é bastante expressivo. Na análise dos dados, encontramos uma nítida
tendência maior de uso de livro didático por parte dos professores que ainda estão
se formando ou são formados em outras áreas. Tendência inversa foi verificada no
caso dos que são formados ou estão em vias de se formar em filosofia.
Temos uma postura crítica quanto a esta busca por adotar livro didático para o
ensino da filosofia, pois, como adverte Sofiste (1996, p. 2): É comum entre nós,
professores de 2º grau, a ilusão da existência de um livro didático ideal. Através do
estudo comparativo de diversos livros, chegamos à conclusão de que não existe tal
"manual". Ressaltamos, a partir disso, a necessidade de o próprio professor formular
o seu "curso de filosofia". Para tanto, algumas observações se fazem necessárias:
os cursos de filosofia devem se adequar às realidades regionais, importa ao
professor manter-se sempre atualizado no que diz respeito a publicações em
filosofia, pois constata-se uma riqueza de bibliografias em filosofia referentes ao
ensino de filosofia e um constante surgimento de novidades.
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Observamos muitas vezes que é mais um dinamismo físico que um outro dinamismo
em termos de pensamento, de experiência do pensar.
Uma didática geral, uma "arte — método! — de ensinar tudo a todos" não pode dar
conta do ensinar filosofia, do aprender filosofia. Filosoficamente, o aprendizado da
filosofia está para além de qualquer método, que significa controle. No processo de
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ensino, a filosofia nos escapa... E, no entanto, penso que devemos nos dedicar a
essa aventura que é o ensino da filosofia. Sim, aventura, pois sabemos quando e de
onde saímos, mas não sabemos quando, aonde ou mesmo se chegaremos.
Como uma ajuda aos alunos para terem um argumento logicamente organizado e
fundamentado que os auxilie em qualquer área do conhecimento, ou mesmo em
como organizarem um trabalho acadêmico.
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Mesmo entendendo que não há neutralidade ideológica na ação docente, ou seja,
ela permeia nosso modo de ver e existir, pudemos perceber a adoção de
referenciais teóricos utilizados como sendo os únicos e/ou exclusivos em sala de
aula. Sendo que não há "a filosofia", mas sim "as filosofias", entendemos que uma
perspectiva aberta seria a adequada para uma formação filosófica. A própria
explicitação e justificação dos referenciais teóricos do docente, salientando a
existência de outros, pode ser uma contribuição interessante.
Acreditamos que, mais que justificar esta ou aquela concepção de cidadania, este
ou aquele código moral, mais interessante seria a filosofia possibilitar um espaço
para se colocar em questão toda e qualquer pretensão de apresentar como universal
qualquer proposição. Em grande parte do que vivencio em escolas, pouco a filosofia
contribui para se questionar as próprias regras de conduta estabelecidas nestas.
Sobretudo para este último sentido, parece que muitos professores estão em
sintonia com o que se espera da filosofia no Distrito Federal pelo expresso nos
textos das diretrizes curriculares da Secretaria de Educação do Distrito Federal
(2000, p. 242). Selecionamos o trecho que apresenta as atitudes e os valores a
serem trabalhados nos três anos:
Essas atitudes e valores têm como princípio os eixos ético, estético e político, a
serem trabalhados nas três series:
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• Reconhecer a importância da formação do individuo autônomo, critico e
responsável;
A partir destes eixos fica uma impressão de que o que a Secretaria de Educação
deseja com a filosofia no ensino médio seja, de certo modo, pouco filosófico e mais
um processo de doutrinamento ético. Quando enfatiza tanto o reconhecer, o
valorizar e optar os aspectos acima citados, parece haver toda uma visão de mundo,
de sociedade e de ser humano que coloca o papel da filosofia como aquela que
possibilitará chegar ao que é o bem e o que é o certo. Expressados por certa visão
de bem comum, de direitos humanos, de indivíduo autônomo, de desenvolvimento e
de reflexão ética, pouco sobra espaço para uma crítica a estas concepções.
Desafios e perspectivas
Não considero interessante apenas que a filosofia ocupe espaços. Dentro e fora das
escolas, importa, fundamentalmente, compreender o que ela faz nesses espaços, o
tipo de filosofia que se pratica (e ensina), sua relação com outras áreas do saber,
com a instituição escolar e as outras instituições da vida econômica, social e política
do país. Convém, especificamente, considerar a relação que professores e alunos
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envolvidos com a filosofia estabelecem entre si e com ela. Importa, antes de mais
nada, o tipo de pensamento que se afirma e se promove sob o nome de filosofia.
Acreditamos que os desafios para o ensino da filosofia no ensino médio nas escolas
públicas no DF ainda são hercúleos. A "uniformidade de desorientação" observada
exige muitas iniciativas que garantam maior socialização e troca de experiências
entre os docentes.
Tão importante quanto construir um espaço na sala de aula onde os alunos possam
compartilhar o pensamento também é fundamental que haja espaço para que os
professores possam intercambiar suas experiências, possam confrontar suas
concepções de filosofia e de ensino. Por isso, é lamentável constatar que
experiências significativas no ensino da filosofia fiquem restritas aos muros das
escolas. Ir transformando aulas monótonas em aulas participativas, significativas
para os alunos e para o professor, requer oportunizar instâncias para que o
professor não desista de lançar-se na construção da filosofia.
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Neste sentido, a retomada de congressos e encontros de filosofia vem possibilitando
espaços capazes de articular um trabalho mais consistente e de socializar pesquisas
desenvolvidas timidamente nessa área. Talvez este fosse o momento propício para
retomar e amadurecer questões antigas que reaparecem todas as vezes em que os
professores de filosofia se reúnem para pensar a filosofia e seu ensino, como: fórum
permanente de formação continuada; garantia de um espaço para o intercâmbio;
criação de associações de professores de filosofia em diferentes níveis etc.
A filosofia poderia possibilitar uma revisão crítica daquilo que a escola já construiu,
os procedimentos adotados, questionar aquilo que é colocado como verdade,
elaborar novas perguntas, suscitar problemas, procurar repensar a função social da
escola, seu sentido e seu papel na sociedade atual. Uma compreensão da filosofia
como algo que olhe para dentro da escola revelando o sentido daquilo que está se
fazendo seria muito bemRua: vinda ao mundo e a uma época em que se apresenta
quase tudo como já definido, montado, fechado.
Uma das iniciativas que podem influenciar o ensino da filosofia nas escolas públicas
no Distrito Federal é o recente processo de discussão da visibilidade da filosofia no
Programa de Avaliação Seriada (PAS) e no vestibular na UNB. Este já provocou
uma pequena mobilização de professores que pode ser ampliada e trazer outros
frutos. O direcionamento deste no sentido de não incluir provas de filosofia nesses
processos de seleção, mas sim de dar visibilidade ao que já é presente numa
perspectiva interdisciplinar de como são organizados esses processos de seleção
nos parece contribuir para, de um lado, valorizar e criar um consenso mínimo sobre
os programas de filosofia para o ensino médio e, de outro lado, não levar a um
engessamento do trabalho do professor de filosofia com um programa unificado para
todo o DF, como ocorre com outras disciplinas, cujos professores se sentem
pressionados a seguir o programa desses processos de seleção da UNB.
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Parece-nos que um sensato processo de diálogo neste sentido pode dar mais
visibilidade à filosofia no Distrito Federal.
Quanto à formação dos futuros professores que atuarão lecionando nas escolas de
ensino fundamental e médio, preocupa-nos uma tendência verificada na região do
Distrito Federal e em seu entorno e que atinge os cursos de filosofia. Trata-se da
redução da duração dos cursos para apenas três anos. Este processo de redução
da duração dos cursos de filosofia atinge também outras licenciaturas. Preocupa-nos
isso, pois pode configurar uma desqualificação dos cursos de licenciatura em
filosofia nas instituições privadas.
Quanto à duração de cursos de filosofia, parece que temos, no Brasil, cursos de três
anos, cursos de três anos e meio e cursos de quatro anos. A partir da Resolução
CNE/CP n. 2 de 19/2/2002, do Conselho Nacional de Educação, alguns cursos, por
motivações diversas de suas instituições mantenedoras, começaram a ser
reformulados, tendo sua duração reduzida para três anos. É verdade que a questão
da carga horária não é o único e, talvez, determinante fator que qualifica um curso.
Todavia, sendo que a mesma resolução prevê para os cursos uma carga horária
mínima de 2.800 horas, para integralizá-las em seis semestres deve-se,
minimamente, oferecer aulas em seis dias da semana na maioria dos semestres.
Considerando ainda que são essas instituições que concentram a maioria dos
estudantes que possuem jornada de trabalho diurno e freqüentam as aulas no
período noturno, parece que sobra muito pouco tempo para que alunos possam ler e
produzir os textos solicitados e necessários ao longo do curso.
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Por fim, o que podemos dizer é que estamos apenas começando. É necessário que
as instituições de ensino superior contribuam com a pesquisa sobre o ensino da
filosofia no ensino médio, como também deveria ser imperativo para a própria
Secretaria de Estado da Educação investir em pesquisas e atividades que
possibilitem uma presença da filosofia mais qualificada e produtiva. O caminho vai
se fazendo.
Notas
5. Os itens mais citados foram: prova (escrita, oral, objetiva, subjetiva, dissertativa,
discursiva, quantitativa etc.), trabalhos (escritos, apresentados oralmente,
extraclasse, individuais ou em grupo), debates, seminários, avaliação (escrita,
múltipla escolha, dissertativa, oral, com consulta etc.), participação e produção de
textos.
6. Sendo que quatro estão dentro do DF (UNB, UCB, FAC-GAMA e IESCO) e uma
faculdade na cidade de Valparaízo de Goiás, que faz divisa com o DF.
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REFERÊNCIAS
CERLETTI, A.A. O ensino filosófico e a reflexão sobre o presente. In: Kohan, W.O.;
Leal, B. (Org.). Filosofia para Crianças. Petrópolis: Vozes, 1999. [ Links ]
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WAKSMAN, V. Quem é o professor de filosofia? In: Kohan, W.O.; Leal, B. Filosofia
para crianças em debate. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 453-464. (Série Filosofia na
Escola, 4). [ Links ]
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RESUMO
Este texto foi escrito a partir de uma coleta de dados norteada por um questionário
da UNESCSO, destinado a mapear o ensino de filosofia em cada país, em especial,
na educação média, além de avaliar o impacto que o programa "Olimpíadas de
Filosofia", patrocinado por aquele órgão, exerce sobre esse ensino. Embora no
Brasil ainda não realizemos as "Olimpíadas", o levantamento destes dados, apesar
de trabalhoso e em muitos momentos dificultado por problemas estruturais e de
registro, deu-nos condições de, pela primeira vez nas últimas décadas, produzir um
mapa, o mais completo possível, sobre o ensino da filosofia no ensino médio no
Brasil.
Isso é o que nos anima a trazê-lo a público, na forma de artigo. Que o leitor não
espere encontrar aqui análises aprofundadas sobre a questão; longe disso, nossa
intenção é a de apresentar os dados coletados — certamente parciais e incompletos
— da forma mais clara possível, fazendo apenas alguns ensaios crítico-analíticos.
O texto que segue está organizado em três partes. A primeira trata das disciplinas
de filosofia nos espaços curriculares do ensino médio analisando, para tanto, o
contexto legal e as mudanças introduzidas pela Lei n. 9.394/96, bem como a
trajetória da discussão em torno do projeto de lei complementar que previa a
substituição do artigo 36 da LDB; em seguida apresenta um mapa detalhado do
funcionamento dos cursos de filosofia em cada região do Brasil; a filosofia nos
demais níveis de ensino (fundamental e superior); e, por fim, um balanço da atual
configuração do ensino de filosofia no ensino médio. A segunda parte trata dos
programas, métodos e materiais de apoio utilizados no ensino de filosofia no ensino
médio. A terceira parte passa em revista a formação dos professores de filosofia e o
exercício profissional.
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Depois das referências bibliográficas, como Apêndice ao artigo, apresentamos uma
lista das diversas associações regionais que estão voltadas para o apoio ao ensino
da filosofia, nos mais diversos aspectos.
Por cerca de três anos tramitou na Câmara e no Senado Federal um projeto de lei
complementar que substituía o citado artigo 36 da LDB, instituindo a obrigatoriedade
das disciplinas Filosofia e Sociologia nos currículos do ensino médio. Após
aprovação nestas duas instâncias do Poder Legislativo Federal, o projeto foi vetado
em outubro de 2001 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Os
argumentos que sustentaram o veto foram basicamente dois, já mencionados: a) a
inclusão das disciplinas de Filosofia e Sociologia implicaria incremento orçamentário
impossível de ser arcado pelos estados e municípios; b) não haveria suficientes
professores formados para fazer frente às novas exigências da obrigatoriedade da
disciplina.
Diante destas razões, tem-se argumentado que ambas são falaciosas: a) a inclusão
das novas disciplinas não implica necessariamente aumento orçamentário, uma vez
que o que está em jogo é um remanejamento da carga horária curricular e não seu
aumento; b) existe um número significativo de pessoas já formadas e a presença
disciplinar da filosofia na grade curricular tenderia a aumentar o interesse das
pessoas e das instituições por uma formação adequada.
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ensino disciplinar garantiria uma introdução verdadeiramente consistente e
sistemática dos jovens no âmbito da reflexão filosófica; ainda mais se levadas em
conta as próprias objeções daqueles que defendem um ensino transversal, a saber:
a precariedade da formação dos professores e as limitações financeiras dos
estados. Em uma escola ainda fortemente disciplinar, relegar a filosofia à
transversalidade tenderia não apenas a diluir a especificidade da filosofia em meio
aos estudos "que realmente contam no currículo" como também aprofundar a
situação de precariedade que se imputa aos professores de filosofia no país, na
medida em que poderia servir para reforçar a dispensa de contratação, por parte dos
estados, de profissionais especializados para a função.
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se a Lei n. 5.692, de agosto de 1971, que tenta, de forma ilegítima, substituir a
Filosofia e a Sociologia introduzindo, respectivamente, as disciplinas de Educação
Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil), também se percebe a
correlação de seu ensino com o avanço do processo democrático, tornando-se
imperativo restaurar um pensamento crítico em educação. Compreende-se que seja
assim, pois não há propriamente ofício filosófico (nem sociológico, mutatis mutandis)
sem sujeitos democráticos e não há como atuar no campo político e cultural,
consolidar a democracia, quando se perde o direito de pensar, a capacidade de
discernimento, o uso autônomo da razão. Quem pensa opõe resistência.
Mais à frente:
• Estados que adotam a disciplina, em toda a rede pública, com ao menos duas
horas semanais durante um ano/série: 13 (Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Goiás,
Maranhão, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e
Tocantins).
• Estados que adotam a disciplina de modo opcional na rede pública, com ao menos
duas horas semanais: 7 (Espírito Santo, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande
do Norte, Rio Grande do Sul e Minas Gerais). Nesses estados, a carga horária varia
muito. Em Pernambuco, por exemplo, algumas escolas que oferecem a disciplina o
fazem, geralmente, no primeiro ano, com duas horas semanais, ao passo que outras
oferecem a disciplina também no 2º ano.
Embora não seja possível descrever a situação de todos os estados, vale indicar
casos significativos, acompanhando as tendências regionais:
Centro-Oeste
Nordeste
Na Bahia, apesar de o ensino de filosofia ser opcional, a maioria das escolas oferece
a disciplina no 1º ano, com uma aula por semana. De 1996 a 1999, a filosofia era
ensinada em duas aulas por semana. Com a reforma de 1999, que diminuiu o
número de aulas diárias de cinco para quatro no período noturno, a filosofia passou
a ser oferecida com uma aula por semana. Em muitas escolas, o mesmo aconteceu
também no período diurno.
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Em Alagoas, a filosofia foi introduzida como disciplina obrigatória em duas séries do
ensino médio, mas aguarda regulamentação de carga horária e conteúdo
programático. Nos estados do Maranhão, Sergipe e Tocantins, a disciplina é
oferecida em ao menos um ano do ensino médio, sendo que, no Tocantins, ela é
oferecida em conjunto com sociologia, em uma única disciplina. Nos estados da
Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, a disciplina é opcional.
Norte
Sudeste
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No Rio de Janeiro, a Câmara de Ensino de 2º Grau aprovou, em 31 de janeiro de
1980, o Parecer n. 49/80 que incluía a filosofia na rede pública e privada do estado.
Na rede pública, segundo resolução estadual de 2000 (Resolução SEE n.
2.284/2000), a filosofia ocuparia duas horas semanais no 1º ano e uma hora
semanal no 2º ano dos cursos diurnos; e duas horas semanais nos 1º e 2º anos dos
cursos noturnos. Mas, de fato, a disciplina ocupa somente duas horas semanais no
1º ano em todos os turnos e a situação dos professores é precária, como em várias
partes do país, sendo vários deles formados em outras habilitações que não
filosofia, deslocados para ministrar a disciplina via "gratificação por lotação
prioritária" (GLP). Já o Colégio Pedro II,2 que atende a cerca de 15 mil estudantes
da cidade do Rio de Janeiro (nos níveis fundamental e médio), oferece a disciplina
com duas horas semanais nas 1º e 2º séries do ensino médio, além de disciplinas
filosóficas eletivas.
No Estado de São Paulo, a filosofia foi ensinada entre 1985 e 1996 como disciplina
opcional: a direção da escola deveria optar por duas disciplinas, entre filosofia,
psicologia e sociologia. Após 1997, com a LDB, a obrigatoriedade desta opção caiu,
posto que a Secretaria Estadual de Educação compreende que o trabalho
interdisciplinar e/ou transversal dá conta das prerrogativas da LDB. À semelhança
do quadro no nível federal, um projeto de lei aprovado na Assembléia Legislativa
que tornava filosofia e sociologia obrigatórias foi vetado pelo governador do estado
em 2002.
Sul
Nível superior
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Em nível de pós-graduação, existem programas consolidados de mestrado e
doutorado em filosofia, a maioria concentrada nas regiões Sul e Sudeste. Há
também programas de especialização em diversas universidades do país, alguns
deles específicos sobre o ensino de filosofia.7
Muitos deles, em meio aos obstáculos e às críticas, trazem relatos e análises por
vezes otimistas do alcance do ensino de filosofia em suas localidades. No caso dos
estados que não adotam a disciplina como parte do currículo, a indicação de
trabalho com temas filosóficos por meio de temas transversais não parece ter
gerado, até o presente momento, qualquer resultado significativo.
Assim, o trabalho com temas filosóficos, como a ética, por exemplo, acaba ficando
como prerrogativa de professores de outras áreas e disciplinas, na maioria das
vezes despreparados para trabalhar com filosofia. O resultado é que não se efetiva,
na prática, um ensino filosófico. No contexto da presença da filosofia no currículo, a
situação também é crítica. São raríssimos os concursos para a contratação de
professores de filosofia, o que revela a desvalorização, na prática, do ensino de
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filosofia diante das outras disciplinas, a despeito da legislação. Dentre aqueles que
estão no sistema, existe um enorme contingente de professores de filosofia sem
formação em filosofia. A remuneração dos professores da rede pública já é, de modo
geral, notadamente baixa, incompatível com a responsabilidade e o esforço exigidos
pela profissão. A pequena carga horária da filosofia, via de regra, apenas dois
tempos por semana, prejudica ainda mais o professor. Por fim, a filosofia no ensino
médio sofre, por tabela, a pressão exercida pelo exame de acesso ao ensino
superior, o vestibular, que coloca um peso muito grande nas matérias "tradicionais",
constrangendo os interesses e a atenção das escolas, dos professores e estudantes
e, muitas vezes, transformando a filosofia numa disciplina ornamental.
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Os PCNEM prevêem a filosofia como disciplina, no contexto da grande área
Ciências Humanas e suas Tecnologias, e o texto elaborado pelos autores
responsáveis pela área de filosofia é reputado como de boa qualidade.
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A partir de depoimentos de professores de vários estados, pode-se dizer que os
filósofos mais comumente trabalhados pelos professores em seus programas de
ensino são: Sócrates, Platão, Aristóteles, Descartes, Sartre, Kant e Marx. No ensino
fundamental e no ensino médio, em geral, não se faz referência a filósofos
brasileiros ou mesmo latino-americanos. No ensino superior, tampouco essa área é
muito explorada. Já houve centros de estudos de filosofia brasileira no Espírito
Santo, em Londrina, no Paraná e no Rio de Janeiro, mas que se encontram hoje
desativados. Alguns cursos superiores de filosofia incluem disciplinas de Filosofia no
Brasil e/ou Filosofia Latino-americana; nesses casos, predominam Vicente Ferreira
da Silva, João Cruz Costa, Sylvio Romero, Miguel Reale e a linha de "filosofia da
libertação", a partir dos trabalhos de Enrique Dussel. Mas, apesar deste trabalho
desenvolvido nas academias, na educação básica os professores restringem-se aos
filósofos europeus.
4) Por critérios cronológicos: aqui o referencial passa a ser a história, sendo que
predominam as filosofias antiga e moderna.
Muitos professores costumam seguir um livro didático, sendo que os mais freqüentes
são: Filosofando, de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, e
Convite à filosofia, de Marilena Chaui. Nesses casos, é o próprio manual que pauta
o trabalho em sala de aula, definindo inclusive o programa do professor. De forma
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bastante geral, os programas de filosofia tendem a ser organizados por meio de
temas filosóficos. No entanto, como não há uma determinação legal, podemos
encontrar, também, programas organizados em torno de conteúdos de história da
filosofia e em torno de problemas filosóficos. Mesmo no caso dos programas
organizados por temas, a diversidade é muito grande. Uma estrutura mais complexa
daquilo que de fato acaba sendo o ensino de filosofia poderia ser exemplificada com
conjuntos de temas predominantemente utilizados em escolas do estado de São
Paulo, a partir de um trabalho feito pela Secretaria Estadual de Educação na década
de 1980, quando da reintrodução opcional da disciplina nos currículos:
Em termos gerais, podemos afirmar que o ensino de filosofia feito no Brasil ainda é
bastante tradicional, muito embora tenha avançado com relação a um ensino
descontextualizado da história da filosofia, voltando-se mais para temas e problemas
filosóficos. Pode-se citar como "novidade metodológica" sobretudo a inclusão, desde
1985, de princípios e técnicas do programa de "Filosofia para Crianças" de Matthew
Lipman, que se estende até a educação média. Concordemos ou não com seus
fundamentos e práticas, é inegável que sua introdução contribui para uma
perspectiva mais ativa no ensino da filosofia. Hoje, vemos professores que, mesmo
no ensino superior, procuram utilizar uma metodologia mais dialógica, participativa e
cooperativa.
É possível verificar que esses professores de filosofia buscam um ensino mais ativo
nos diversos níveis, que não fique circunscrito à análise e explicação de textos, até
recentemente predominante, por influência da escola francesa. Em geral a
metodologia de Lipman é aplicada nas escolas sob supervisão do Centro Brasileiro
de Filosofia para Crianças (CBFC) ou de seus afiliados. Os professores são
treinados pelos monitores para utilização do programa, que prevê a leitura das
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novelas filosóficas, o diálogo investigativo, na sala de aula, a partir das situações
postas pelo texto e a busca de soluções que privilegiem o desenvolvimento do
raciocínio (cf. Kohan, 2000, passim).
Numa perspectiva mais analítica, podemos afirmar que o aspecto mais positivo que
encontramos nas metodologias hoje utilizadas no Brasil para o ensino da filosofia na
educação média é a abertura. Na medida em que não existem programas
obrigatórios, também não há manuais ou técnicas obrigatórias. Sendo assim, o
professor de filosofia pode usar criativamente seus conhecimentos e suas
capacidades. Mais que vantagem ou desvantagem, importa perceber os esforços
dos professores de filosofia em torno de determinadas práticas e métodos sob a luz
das condições de ensino, dos desafios e objetivos que se constroem em torno do
ensino de filosofia.
Aspectos dessa abertura de que falamos, tal como ela se dá no contexto atual,
também configuram inconvenientes. O pequeno número de instâncias de formação
continuada, a ausência de suportes didáticos mais bem definidos e a eventual
formação deficiente, somadas à ausência de instâncias que estimulem um trabalho
crítico-reflexivo sobre a prática, tudo isso conspira para obstaculizar um trabalho
efetivamente filosófico dos professores junto dos estudantes. Quanto aos suportes
didáticos, a maioria dos manuais voltados para o ensino de filosofia no nível médio é
inadequada. Mesmo textos de boa qualidade, como o de Marilena de Souza Chaui,
talvez o mais prestigiado entre todos os existentes no país, é considerado muito
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"pesado" pelos professores (tem 440 páginas e um estilo bastante "acadêmico") e
pressupõe uma concepção excessivamente clássica da filosofia e de seu ensino.
Com relação aos PCNEM, talvez o maior inconveniente seja o fato de que sua
adoção, por força das conjunções políticas e institucionais locais, muitas vezes dê-
se de modos mais ou menos constrangedores, apesar de o documento configurar
simples parâmetros, isto é, uma proposta "alternativa" para o ensino. Tanto nos
PCNEM como em propostas mais divulgadas para o ensino da filosofia no nível
fundamental, existem diversos pontos polêmicos que, por vezes, são apresentados
menos como pontos a serem discutidos que como princípios a serem seguidos, em
prejuízo do necessário processo reflexivo que deve marcar toda e qualquer iniciativa
no âmbito do ensino de filosofia.
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formação é a pós-graduação, sendo que as instituições em geral solicitam do
docente, minimamente, o título de mestre e, preferencialmente, o título de doutor.
No caso das escolas da rede privada, não se exige concurso para ingresso, mas em
geral é feito um processo de seleção de professores, por meio de entrevistas, e se
exige, com exceções, a licenciatura em filosofia. Na rede pública de ensino, a
efetivação no cargo depende de concurso público, para o qual é requerida a
licenciatura na área. No caso do estado de São Paulo, o último concurso para
professores de filosofia aconteceu em meados da década de 1990; em 2003
aconteceu um grande concurso para professores na rede estadual, mas não foram
oferecidas vagas para filosofia, posto que ela não existe oficialmente como disciplina
obrigatória. No Rio de Janeiro, o estado vem realizando regularmente concursos. Os
últimos foram em 1993, 1998 e 2001. Na Bahia, houve um concurso no ano de 2000,
com poucas vagas abertas para filosofia. Na cidade de Ilhéus, por exemplo, não
abriram vagas, sendo que 40% dos professores que ensinam filosofia na região não
são formados na disciplina. Em todo o estado, as vagas não chegaram a 30. No
Distrito Federal, houve concurso em 2000 e em 2001 com, respectivamente, 100 e
20 vagas abertas para filosofia. Em 2001, a Secretaria de Educação de Minas
Gerais realizou concurso para professores, abrindo 45 vagas para a filosofia. Um
dos últimos concursos públicos para professores do ensino médio do Estado do Rio
de Janeiro (2001), incluindo todas as áreas, teve 60 mil inscritos, dos quais apenas 2
mil foram aprovados. Nas secretarias de alguns estados, são inúmeras as
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dificuldades para obter dados mais precisos sobre concursos, situação dos
professores na rede, número de vagas etc.
Notas
1. Doravante nos referiremos a essa lei apenas por meio da sigla LDB.
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do Ministério da Educação e é composto por nove unidades, distribuídas em cinco
estabelecimentos localizados em diferentes bairros da cidade do Rio de Janeiro.
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REFERÊNCIAS
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de filosofia. Ijuí: Editora da UNIJUÍ, 2002. [ Links ]
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2000. [ Links ]
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GONTIJO, P.E. Os professores de filosofia no ensino médio regular das escolas
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NETO, H.N. (Org.). O ensino da filosofia no segundo grau. São Paulo/Rio de
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PIEPER, J. Que é filosofar? Que é acadêmico? São Paulo: EPU, 1981. [ Links ]
PIOVESAN, A.; EIDT, C.; GARCIA, C.B.; HEUSER, E.M.D.; FRAGA, P.D. (Org.).
Filosofia e ensino em debate. Ijuí: Editora da UNIJUÍ , 2002. [ Links ]
APÊNDICE
Associações de apoio ao ensino da filosofia
Embora não exista nenhuma associação em nível nacional que promova e
aperfeiçoe o ensino da filosofia, há muitas associações e grupos locais e/ou
regionais que procuram fazê-lo. Ademais, a partir do I Congresso Brasileiro de
Professores de Filosofia (Piracicaba, SP, outubro de 2000), foram organizadas três
edições dos Fóruns Sul e Centro-Oeste de Ensino de Filosofia, e uma edição do
Fórum Sudeste de Ensino de Filosofia.‡ As principais associações, instituições e
grupos em torno do ensino de filosofia hoje atuantes são:
Apoio ao Ensino de Filosofia: projeto de extensão da Universidade Estadual de
Londrina, Paraná, ativo desde 1997. Propõe diversas ações tendentes a subsidiar a
prática da filosofia com crianças e jovens em escolas públicas na cidade de
Londrina, Paraná.
Associação de Professores de Filosofia do Alto Tietê (APROFAT): com sede em
Suzano/SP, existe desde 2002 e reúne professores de filosofia das cidades de
Suzano, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e adjacências.
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Objetiva aproximar os professores de filosofia daquela região para dar a conhecer e
trazer o debate em torno daquilo que estão trabalhando em sala de aula para, por
meio do intercâmbio, aprimorar o trabalho de cada um.
Associação de Professores de Filosofia do Distrito Federal e Entorno (APROFILOS):
existe desde 2000, formada por professores de filosofia do ensino médio que
organizam atividades visando a aprimorar sua própria prática.
Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (CBFC): fundado em 1985, o Centro
trabalha a partir das idéias e projetos de Matthew Lipman. O Centro tem sua sede na
cidade de São Paulo e possui representantes regionais em Belo Horizonte (MG),
Campinas (SP), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Ilhéus (BA), Petrópolis (RJ) Piranguinho
(MG), Recife (SP) e Ribeirão Preto (SP).
Já formou mais de 13 mil professores, para o trabalho em sala de aula com o
programa de "Filosofia para Crianças". O programa é desenvolvido sistematicamente
em cerca de mil escolas, seja por meio de projetos do Centro, seja por meio de
professores por ele formados, envolvendo, aproximadamente, 300 mil alunos. Além
das cidades já mencionadas, o "Filosofia para Crianças" está presente em capitais
brasileiras como Florianópolis, Porto Alegre, São Luís, Fortaleza, Vitória, Brasília,
Goiânia, Manaus e Vitória, além de outras cidades do interior de outros estados
como Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Santa
Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo. E-mail: cbfc@cbfc.org.br;
home page: http://www.cbfc.org.br/
Centro de Estudos em Filosofia Americana (CEFA) e Portal Brasileiro de Filosofia e
Filosofia da Educação (www.filosofia.pro.br): iniciativas que divulgam a filosofia e o
debate em torno de seu ensino através da Internet.
Centro de Filosofia — Educação para o Pensar: entidade civil, voltada para a
qualidade do ensino e da aprendizagem de crianças e jovens. Fundado em 1988,
formou cerca de 2 mil professores e abrange uma rede de 37 escolas, atingindo
mais de 15 mil alunos. O Centro de Filosofia desenvolve parcerias com colégios da
rede particular e pública e tem representações por intermédio de 16 Núcleos de
Filosofia Educação para o Pensar (NUFEP), em vários estados (Bahia, Ceará,
Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São
Paulo). Publica o Jornal da Filosofia Fundamental — Corujinha, a Revista Brasileira
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de Filosofia no Ensino Fundamental — PhiloS, e livros de filosofia com crianças e
jovens em parceria com a Editora Sophos. E-mail: centro@centro-filos.org.br; home
page: http://www.centro-filos.org.br/
Filosofia na Escola (UNB): área que inclui projeto de extensão permanente, cursos
de graduação e pós-graduação e pesquisa de campo. Teve seu início no final do
ano de 1997 e vem sendo desenvolvido na Faculdade de Educação/UNB, contando
com a participação de professores de diversas escolas do DF. Tem por objetivo
principal criar espaços para promover a prática filosófica com crianças, adolescentes
e jovens, na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio em escolas
da rede pública do Distrito Federal. Conta com várias pesquisas em andamento, e
uma base de dados sobre ensino de filosofia na Internet (disponível em:
<http://164.41.75.30/guia/>).
Fórum Sul dos Cursos de Filosofia: trata-se de uma associação dos cursos de
filosofia da Região Sul do Brasil. O principal objetivo da associação não se restringe
à luta pela filosofia no ensino médio, mas em promover discussões em torno do
ensino de filosofia, inclusive no ensino médio. O Fórum foi informalmente criado em
1999 e atualmente existe uma comissão que está organizando um estatuto para
oficializá-lo.
Grupo de Estudos e Pesquisas Filosofia para Crianças (GEPFC): ligado ao
Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da UNESP, campus
Araraquara. Propõe atividades de ensino, pesquisa e extensão sobre a prática
filosófica com crianças e jovens.
Grupo de Porto Alegre (GERF): entre outros eventos que realizou ou dos quais
participou estão o Encontro Estadual de Professores, em 1994, e as reuniões anuais
da SBPC de 2000 e 2001.
Grupo de Estudos sobre Ensino de Filosofia (GESEF): criado em 1995 na
Universidade Metodista de Piracicaba. Realiza anualmente encontros de
professores de filosofia de Piracicaba e região. Publicou em 1997 o livro Ética e
cidadania: caminhos da filosofia (Campinas, SP: Papirus), voltado para o ensino da
filosofia em nível médio, a partir dos estudos feitos nos encontros regionais de
professores de filosofia; o livro está hoje em sua 11ª edição. Em 2000 o GESEF
organizou o Congresso Brasileiro de Professores de Filosofia e em 2002 o I
Simpósio sobre Ensino de Filosofia da Região Sudeste. GESEF sedia uma lista de
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discussão na Internet sobre ensino de filosofia, a Rede Latino-Americana de Ensino
de Filosofia, surgida a partir do Congresso Internacional de Filosofia com Crianças e
Jovens, organizado pelo Projeto Filosofia na Escola, da UNB, em 1999 na cidade de
Brasília. E-mail: madanelo@unimep.br; home page: http://www.unimep.br/~gesef
Instituto Superior de Estudos e Pesquisas em Filosofia e Ciências (ISEF): criado em
2002 no Distrito Federal. Instituição que fomenta os estudos e a pesquisa em
filosofia e ciências, com publicações, encontros, lista de discussão e grupos de
estudo, publica duas revistas: Debates do ISEF e Seleta de Filosofia e Ciências.
Home page: http://www.isef.cjb.net.
Núcleo de Estudos sobre o Ensino de Filosofia (NEFI): centro de estudos,
pesquisas, publicações, debates e extensão da Universidade Federal do Piauí,
vinculado ao Departamento de Filosofia do Centro de Ciências Humanas e Letras,
direcionado às questões gerais relativas ao ensino de filosofia em todos os seus
níveis. E-mail: nefiufpi@ieg.com.br; home page:
http://www.nefiufpi.hpg.ig.com.br/index.htm.
Núcleo de Estudos sobre o Ensino de Filosofia/ UFPR (NESEF): núcleo centrado na
pesquisa e extensão, promove cursos de capacitação e encontros quinzenais para
troca de experiências. Desenvolve um projeto de curso de Especialização sobre
Ensino de Filosofia, voltado para professores das redes municipal e estadual.
Núcleo de Educação para o Pensar (NUEP): com sede em Passo Fundo, foi fundado
em janeiro de 2000 e tem por principal finalidade assessorar as escolas que
desejam implantar filosofia desde a educação infantil até o ensino médio. Entre as
principais ações destacam-se: cursos de capacitação de professores que pretendam
conhecer e trabalhar com o projeto educação para o pensar, elaboração de
subsídios teóricos e didáticos para o trabalho nas escolas e assessoria às escolas
que estão desenvolvendo o projeto. Atualmente participam mais de 130 escolas da
região. O núcleo possui uma articulação entre essas escolas promovendo atividades
que envolvam alunos e professores. Home page: http://nuep.org.br
Projeto Pensar (CEFET-GO): voltado para a filosofia no ensino médio no CEFET-
GO. E-mail: jll@cefetgo.br; home page: http://br.geocities.com/ppensar/
PROPHIL: núcleo de pesquisa, ensino e extensão ligado ao Departamento de
Filosofia da Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá. Compõe uma linha
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do mestrado em educação da mesma universidade, na qual foram produzidas, até o
momento, várias dissertações de mestrado.
Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos (SEAF): com sede no Rio de Janeiro.
A SEAF já teve expressão nacional e desempenhou importante papel nos debates
pela volta da filosofia ao ensino médio, no final dos anos de 1970 e início dos anos
de 1980. Depois do retorno opcional, naquela época, sua atuação enfraqueceu-se
significativamente, mas vem sendo retomada nos últimos anos. Em 2001 e 2002
promoveu encontros estaduais de professores de filosofia.
Tempo Social
versão impressa ISSN 0103-2070
Tempo soc. v.15 n.1 São Paulo abr. 2003
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doi: 10.1590/S0103-20702003000100001
RESUMO
Nesse texto pretendo apresentar um breve resumo das questões centrais referentes
ao ensino de sociologia na escola média brasileira: a intermitência desse ensino, a
fragmentação das pesquisas, as dificuldades na consolidação de conteúdos
mínimos e de material didático. A partir de uma bibliografia recente e da própria
experiência como professor de Metodologia do Ensino de Ciências Sociais,
relaciono, por um lado, essas dificuldades ao distanciamento e à hierarquização
existentes entre os cientistas sociais como intelectuais acadêmicos e cientistas
sociais como professores do ensino médio e, por outro, ao divórcio e ao
desequilíbrio existentes entre a formação do bacharel e a do licenciado no modelo
efetivado com a criação das faculdades de Filosofia, Ciências e Letras desde a
década de 1930.
ABSTRACT
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Outra característica comum nessa tradição tem sido o tom pessoal com que se
conduzem os debates e a pesquisa sobre o tema. Também não é possível separar
sujeito e objeto porque são sempre professores envolvidos com o ensino de
sociologia, não se caracterizando essa pesquisa apenas como um trabalho de
coleta, análise e interpretação de dados. Por outro lado, às vezes a situação chega a
tal ponto que a necessidade de intervenção aparece como a causa motora principal
para tantos abandonarem suas atividades reconhecidas como mais acadêmicas e
lançarem-se em tal tarefa, mesmo sabendo, como alertava Florestan Fernandes
àquela altura, que tratava de um objeto que "não é daqueles que possa atrair muito
a atenção dos congressistas" (Fernandes, 1955).
Pelo breve levantamento que fiz, pude também perceber que esses debates têm
sido intermitentes, como a acompanhar a mesma intermitência da presença da
disciplina sociologia no nível médio brasileiro, ao que inicialmente chamei de
tradição bissexta, o que produz, sempre que alguém se debruça sobre o assunto,
um trabalho bastante fragmentário. Pois bem, todas essas características compõem
o presente texto: intervenção, tom pessoal, revisão do currículo e objetivos da
educação básica, denúncia da ausência de interesse da comunidade acadêmica,
bibliografia esparsa, heterogeneidade de opiniões sobre a obrigatoriedade da
disciplina, fragmentaridade das pesquisas em termos de dados e da capacidade de
interpretação dos mesmos.
Este texto faz parte dessa tradição, embora acumule dois defeitos básicos: não
conto com a competência do professor Florestan Fernandes que, como diz Ileizi
Silva (Silva et al., 2002), "fez-nos falta" na atual campanha pelo retorno da sociologia
ao nível médio; conto com uma produção sobre o tema muito dispersa e muito
extensa, repetitiva às vezes, e quase sempre incompleta, pois nem se pode
pretender juntar as partes a fim de formar um todo. Por exemplo, ao encontrar-me
com outros pesquisadores no XII Congresso Nacional de Sociólogos (Curitiba, 1 a 4
de abril de 2002), procurei recolher suas contribuições sobre o tema, tendo em vista
a atualidade de suas pesquisas. Essas pesquisas levaram-me a outras pesquisas e
de repente eu mesmo já estava envolvido numa pesquisa que repetia as outras ao
tentar incluí-las. Talvez o que reste são algumas conclusões ou alinhavo de
hipóteses dessas tantas pesquisas e uma extensa, rica e irregular bibliografia, quase
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uma bibliografia de bibliografias, dado que se multiplicam e diversificam
internamente.
Em dezembro de 1996 é promulgada a nova LDB (Lei 9394/96) que no artigo 36,
parágrafo 1º, inciso III, estabelece que: "ao final do ensino médio o educando
demonstre: domínio de conhecimentos de filosofia e sociologia necessários ao
exercício da cidadania". Isso deu novo ânimo aos profissionais e às entidades da
área, logo surpreendidos, porém, pela publicação em 1998 das Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Médio (DCNEM, Parecer CNE/CEB nº 15/98), e
regulamentadas pela Resolução CNE/CEB3/98, artigo 10, parágrafo 2, alínea b, a
qual interpretava a referida passagem da LDB da seguinte forma: "As propostas
pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento interdisciplinar e
contextualizado para conhecimentos de filosofia e sociologia necessários ao
exercício da cidadania" (Moraes, 1999). Paralelamente, no entanto, o próprio
governo federal trazia a público os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o
ensino médio, incluindo o PCN de sociologia como parte da "Área de Conhecimento
Ciências Humanas e suas Tecnologias" (PCN Nível Médio, 1999). Ainda em 1999, a
SEESP enviou para as escolas o documento "Novos rumos da Escola de Ensino
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Médio - Desafios e Possibilidades" (Apeoesp, 1999), reduzindo drasticamente a
grade curricular do ensino médio, dificultando a diversificação ou a inclusão de
disciplinas no currículo. Em 2000, o Conselho Estadual de Educação (CEE-SP)
aprova a Indicação nº 9/00 que visa à implantação das DCNEM no estado de São
Paulo, reafirmando o "caráter interdisciplinar e contextualizado" que se deveria dar
aos conteúdos de sociologia.
Esse rápido resumo visa a localizar as marches e démarches por que tem passado o
ensino de sociologia, em especial no estado de São Paulo. Mas esse movimento,
definido sobretudo no campo legal ou na superfície das políticas educacionais,
pouco diz em termos mais profundos das experiências desse ensino, ou dos debates
a seu favor ou contra. Tentarei, na seqüência, retomar alguns dos aspectos mais
presentes nesses debates.
As palavras de Florestan Fernandes - "o objeto não é daqueles que possa atrair a
atenção dos congressistas" (1955) - parece corroborar a hipótese levantada por Ileizi
Silva quando afirma que a partir de 1960 "os intelectuais distanciaram-se pouco a
pouco dos debates sobre o ensino das ciências sociais em geral, e, em particular, no
campo escolar" (Silva et al., 2002). Realmente, de acordo com os dados
preliminares que subsidiam a comunicação apresentada no XII Congresso Nacional
de Sociólogos (em abril de 2002), a maior parte dos artigos publicados em revistas
especializadas em ciências sociais, ou mesmo em educação, tratando do tema
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"ensino de sociologia", ocorreu entre 1930 e 1960. A autora interpreta esses dados a
partir das relações estabelecidas entre a institucionalização das ciências sociais e o
campo escolar (educação básica), pois enquanto os cientistas sociais do período
entre 1930 e 1960 viam "a importância da sua institucionalização nas escolas, como
fator de consolidação dessas ciências no país", para os cientistas sociais posteriores
às décadas de 1930 a 1960, "a expansão e a consolidação dessas ciências, no
Brasil, não possui vínculos com a institucionalização no campo escolar"
(idem,ibidem)3 . Essa hipótese vincula-se aos trabalhos de Bourdieu sobre a
hierarquia estabelecida entre os campos escolar e acadêmico-científico, de modo
que aquele aparece como inferior e este como superior. Aliás, Bourdieu, em
entrevista a Menga Ludke, ampliava sua crítica aos sociólogos que abandonaram o
objeto "educação" para os pedagogos, abrindo até mão dessa especialidade -
sociologia da educação - para os educadores (Ludke, 1991). De fato, se a sociologia
da educação constitui um referencial fundamental na formação de professores no
antigo curso normal, dando um caráter de modernidade e eficiência, como "ciência
da educação", para a pedagogia em nível médio ou superior (cf. Meucci, 2002),
garantindo mercado de trabalho para egressos das ciências sociais, com o tempo,
tanto esse mercado foi-se restringindo a egressos da pedagogia (cf. Resolução MEC
nº 399/89) como foi desaparecendo como linha de pesquisa ou disciplina dos cursos
de ciências sociais4 .
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Ainda durante o XII Congresso Nacional de Sociólogos (2002), um debate sobre as
resoluções do congresso e alterações de estatutos acabou gerando um
constrangimento entre "só bacharéis" e "só licenciados", pois segundo os estatutos
de sindicatos e da federação, "só licenciados" não são sociólogos, mas "só
bacharéis" podem ser professores de sociologia (Lei nº 6.888/80 e Decreto nº
89.531/84), embora a legislação educacional não garanta esse direito. A principal
justificativa apresentada pelos "sociólogos" é que o licenciado em ciências sociais
"não sabe/não pode fazer pesquisa"5.
Tem sido constante nos debates sobre o ensino de sociologia a busca de definição
de programas para a disciplina. A maioria dos textos parte da constatação da "falta
de programas e material didático" e acaba fazendo alguma proposta para solucionar
esse problema (cf. Penteado, 1988; Dossiê Ceupes/CACS, 1985).
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(2000), em sua pesquisa intitulada Institucionalização da sociologia no Brasil: os
primeiros manuais e cursos, e, particularmente, na comunicação apresentada no XII
Congresso Nacional de Sociólogos, "O significado do ensino de sociologia no Brasil
(1930-1950)" (Meucci, 2002), faz uma análise de manuais didáticos, mostrando as
relações existentes entre "conteúdos programáticos" e "objetivos de ensino de
sociologia" com o "contexto autoritário da época". Mas também, se havia essa
tendência de adequar-se a um contexto "mais geral", havia um contexto específico,
da escola, ao qual o ensino de sociologia deveria se adequar, como aponta a autora:
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crítica e progressista em relação à realidade brasileira, à educação básica e ao
próprio ensino que haviam recebido dos primeiros professores (cf. Fernandes,
1986). Essa tendência consolidou-se nas décadas seguintes e fortaleceu-se como
resistência (1964-1982) ou mesmo alternativa (1982-1986) aos governos militares,
de modo que, chegando em 1986, o caráter crítico-progressista havia se identificado
com uma corrente do pensamento sociológico (Dossiê Ceupes/CACS, 1985).
A campanha pela volta da sociologia ao nível médio, iniciada após 1998, novamente
põe em contato os profissionais da área, bem como ressurge o clamor por
programas e materiais didáticos. Propostas de programas temos produzido desde
pelos menos 1986, umas mais extensas, outras mais enxutas (cf. Dossiê
Ceupes/CACS, 1985; Cenp, 1986 e 1992; PCN, 1999); livros didáticos também,
chegando a mais de uma dezena os livros passíveis de utilização, entre
enciclopédicos, temáticos ou de história da sociologia (cf. Tomazi, 2000; Lakatos,
1982; Meksenas, 1988; Galliano, 1981; Costa, 1987; Oliveira, 2001; Vila Nova,
1995). Pelo que percebo de minha experiência como professor de Metodologia do
Ensino de Ciências Sociais, como participante desses encontros com professores de
nível superior (formadores de professores) ou de nível médio (de escolas da rede
pública) e ainda do contato que tenho com outros professores de Metodologia do
Ensino de outras disciplinas (química, física, língua portuguesa etc.) na Faculdade
de Educação da USP e, sobretudo, das pesquisas de história da educação,
particularmente a história das disciplinas escolares, chego à conclusão que tal como
tem ocorrido com outras disciplinas, "conteúdos programáticos e materiais didáticos"
só podem consolidar-se de modo legítimo e eficiente com o concurso de duas
iniciativas urgentes:
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É sabido que na criação da Universidade de São Paulo e de seu "núcleo integrador"
(Silva, 1999), a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), não se tinha como
propósito central a formação de professores (cf. Antunha, 1984; Fétizon, 1984).
Entendida como a única saída para superar a "derrota militar de 32", a universidade
consubstanciava a "ciência" e a "perseverança" para os paulistas voltarem "à
hegemonia que durante anos desfrutáramos no seio da Federação" (cf. Antunha,
1984; Cardoso, 1999). A FFCL, reunindo "cadeiras gerais", "eliminadas dos
diferentes institutos" (Faculdade de Direito, Faculdade de Odontologia, Faculdade de
Medicina, Escola Politécnica etc.), "deveria oferecer os cursos básicos para todos os
alunos da Universidade" (Antunha, 1984); por outro lado, seria "uma instituição
dedicada aos altos estudos em quaisquer ramos da filosofia, ciências e letras"
(Idem,ibidem).
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licenciatura somam 360 horas (300 horas de disciplinas teóricas + 60 horas de
estágio) e correspondem a estudos de políticas educacionais, didática, psicologia da
educação e uma disciplina que, segundo o espírito que a concebeu, deveria
contemplar estudos históricos, filosóficos, sociológicos e psicológicos da educação,
o que não acontece, devido à especialização dos professores responsáveis.
Esse resumo crítico tem por objetivo registrar para o debate essa situação
insatisfatória em que se encontra a formação de professores na principal
universidade do país, que, se não conseguiu apresentar uma solução para o
problema, tem servido de modelo desde os anos de 1930. Isso não quer dizer que
ao longo desses quase setenta anos não se tenham feito tentativas de mudanças 10 .
Mas as experiências implantadas nunca foram avaliadas porque constituíam
mudanças apenas, não experiências11 ; e as outras mudanças propostas ou não
foram efetivadas ou foram de uma timidez desmoralizante ou acomodatícia 12 .
A nova LDB (Lei nº 9.394/96) tem ensejado também uma reforma no ensino
superior. No que se refere às "Diretrizes Curriculares para Cursos de Graduação em
Ciências Sociais", encontramos no "item 2. Competências e Habilidades B)
Específicas para a licenciatura", o seguinte: "domínio dos conteúdos básicos que
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são objeto de ensino e aprendizagem no ensino fundamental e médio; domínio dos
métodos e técnicas pedagógicos que permitem a transposição do conhecimento
para os diferentes níveis de ensino". No item 4, "Conteúdos Curriculares", último
parágrafo, temos: "No caso da licenciatura, deverão ser incluídos os conteúdos
definidos para a educação básica, as didáticas próprias de cada conteúdo e as
pesquisas que as embasam". No item 5, "Estruturação do Curso", encontramos: "O
curso de licenciatura deverá ser orientado também pelas Diretrizes para a Formação
Inicial de Professores da Educação Básica em cursos de nível superior" (Pareceres
CNE/CES 492/2001 e CNE/CP 9/2001, 27/2001, 1/2002).
Essa longa citação visa apenas a ressaltar que na atual legislação e diretrizes
curriculares há uma explícita referência aos conteúdos de formação do licenciado e
uma recorrente alusão a conteúdos da educação básica a serem incluídos no curso.
Está certo que quando o documento diz "o curso de licenciatura deverá ser orientado
também pelas Diretrizes Curriculares para a Formação Inicial de Professor de
Educação Básica em cursos de nível superior", não se pode esquecer que essas
diretrizes foram concebidas segundo a idéia de superação entre licenciatura e
bacharelado15 e a proposta de criação de Institutos Superiores de Educação (ISE),
responsáveis pela formação inicial dos educadores fora das universidades
(Pareceres CNE/CES 492/2001 e CNE/CP 9/2001, 27/2001, 1/2002)16 .
Não caberia aqui apresentar uma exaustiva análise do documento. Apenas algumas
considerações me serviriam para apresentar uma alternativa na seqüência.
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Primeiramente, naquilo que o documento pode ser aceito como interessante e quase
unânime, ele revela-se como "carta de intenções" - é a parte referente aos
princípios: valorização da licenciatura e do magistério, da democratização do ensino,
da aproximação da universidade das escolas da rede pública etc.; no que se refere à
operacionalização, o documento fica entre a timidez e a ambigüidade - ou uma
"trivial" nova disciplina, sem se definir a unidade responsável, podendo ser o instituto
de origem do aluno, qualquer outra unidade da USP ou mesmo a Faculdade de
Educação que ofereça uma disciplina optativa pela qual o aluno está obrigado a
optar; ou uma definição de disciplina na unidade, ligada ao ensino, de caráter
instrumental, confundindo-se muitas vezes com a própria metodologia do ensino
(Projeto de Formação de Professores na USP, 2001).
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3. Conhecimentos metodológicos e epistemológicos sobre o ensino: conjunto de
disciplinas de integração entre (1) e (2) que tratam de conteúdos, didáticas e
pesquisas sobre o ensino de ciências sociais para a educação básica.
-se que os "conteúdos definidos para a educação básica" não podem ser
pensados separadamente de uma "epistemologia" própria das ciências que dão
origem às disciplinas escolares; que essa epistemologia, embora fundamente, não
se confunde com a metodologia do ensino da disciplina escolar; que as pesquisas
sobre o ensino das disciplinas escolares devem fazer parte de programas de pós-
graduação interunidades20 .
Considerações finais
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professores dos cursos superiores de ciências sociais.
Referências Bibliográficas
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CHACON, Wamireh. (1977), História das idéias sociológicas no Brasil. São Paulo,
Edusp/Grijalbo. [ Links ]
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São Paulo, Ática. [ Links ]
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LUDKE, Menga. (1991), "Entrevista com Pierre Bourdieu". Teoria e Educação, 3: 3-
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SEESP. [ Links ]
SILVA, Ileizi et al. (2002), "O ensino de ciências sociais: mapeamento do debate em
periódicos das ciências sociais e da educação de 1940-2001". Anais do XII
Congresso Nacional de Sociólogos. Curitiba, 1 a 4 de abril. Resumo (texto integral
mimeo.). [ Links ]
2. Segundo Chacon, Paulo Egídio de Oliveira Carvalho "deu pelo menos dois iniciais
cursos livres de sociologia em São Paulo, nos anos de 1897 e 1900" (1977); e
Sotelo (1975) fala da "surpreendentemente tardia" criação da primeira cátedra de
sociologia no Brasil, em 1923. Esses autores referem-se ao ensino de sociologia nos
cursos de direito.
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estando esse processo condenado ao acaso ou ao sabor das circunstâncias
(Fernandes, 1986). Como professor de Metodologia do Ensino de Ciências Sociais,
tenho percebido que, se não é mais casual, esse processo tem sido orientado por
preocupações de caráter majoritariamente militante ou engajado.
4. Entre as teses (18) e as dissertações (24) defendidas entre 1945 e 1996 nas
ciências sociais da USP, com alguma referência à educação, nenhuma trata do tema
"ensino de sociologia", e nem todas podem ser compreendidas no campo da
sociologia da educação (Plural, 1997). Nas últimas décadas, poucos professores
têm lecionado essa disciplina no Depto. de Sociologia da USP. Mesmo a Faculdade
de Educação dessa universidade há algum tempo já passou a contratar os seus
professores de sociologia da educação, prescindindo daqueles vindos do
Departamento de Sociologia.
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Professores, 1985; Fórum de Licenciatura, 1990, 1991, 1992; em 1997, uma
proposta de mudança foi barrada no Conselho de Graduação. Outras propostas têm
sido apresentadas, como o Projeto de Formação de Professores da USP (cf. USP,
2002); ver também Fétizon (1984) e Azanha (1987).
13. Observando a justificativa da elaboração dos PCN da escola básica, fica claro o
diagnóstico do governo quanto à deficiência de formação dos professores (cf. PCN
do ensino fundamental, 1998; PCN do ensino médio, 1999).
14. A própria disciplina Metodologia do Ensino era chamada Prática de Ensino até
1998.
15. Em maio de 2000, o MEC divulgou para debates uma "Proposta de diretrizes
para a formação inicial de professores da educação básica em nível superior", na
qual a tônica é a separação total entre licenciatura e bacharelado, o que já tinha sido
proposto em documento preliminar de outra comissão em 1999 (GT: Subsídios para
a elaboração de diretrizes curriculares para cursos de formação de professores,
1999). Mas nesse documento de 2000 não se chega a propor a separação de fato,
fica-se nas críticas à formação desequilibrada entre pesquisador e professor.
16. A criação dos ISE causou muita polêmica porque tirava dos cursos de pedagogia
o direito de formar professores do ensino fundamental, instituindo o Curso Normal
Superior. Depois o governo voltou parcialmente atrás, mas o curso de magistério de
nível médio foi condenado à extinção (Resolução CNE/CP 1/1999 e Decreto nº
3.276/99).
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18. Dois fatos determinaram a criação da comissão, um prosaico e outro burocrático.
De um lado, descobriu-se que entre as profissões que constam do manual de
vestibular e da homepage da universidade não figura a de "professor"; de outro, a
fim de proceder a avaliação do curso e seu recredenciamento pelo CEE, era
necessário apresentar um "projeto pedagógico" com metas, objetivos etc. (Portaria
Interna Pro-G nº 8; Circular Pró-G/A/53/2001 da Pró-Reitoria de Graduação da
USP). Interessante que isso questiona a obrigação de a USP se sujeitar ao "Provão"
dado que ela não está sujeita ao CNE. Segundo informação recente, parece que a
USP inscreveu em seu Estatuto que "se submete aos ditames do CNE" (à época de
aprovação do estatuto, Conselho Federal de Educação).
19. Observe-se que se tenta propor também uma alteração da composição curricular
na própria Feusp, porque se entende que não se pode continuar com uma "grade
curricular" dos anos de 1950, que não cumpre mais nem o papel de "verniz
pedagógico".
20. O que já vem acontecendo na própria USP, por exemplo, na área de Ensino de
Ciências, e já constitui linha de pesquisa reconhecida pelas agências de fomento à
pesquisa.
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Tempo Social
versão impressa ISSN 0103-2070
doi: 10.1590/S0103-20702008000100001
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Ana Maria F. Almeida;
Heloísa Helena T. de Souza Martins
Essa é a questão que mobiliza os artigos reunidos neste Dossiê. O estudo dos
percursos sociais dos filhos de imigrantes nos Estados Unidos realizado por
Alejandro Portes e William Haller documenta exemplarmente essas lutas ao
mobilizar a noção de "assimilação segmentada" para mostrar que os efeitos da ação
escolar sobre os indivíduos só podem ser bem compreendidos quando examinados
à luz da ação, anterior mas também concomitante, que o grupo social exerce sobre
eles com mediação das famílias.
Os três artigos seguintes examinam essa questão com relação a grupos sociais
específicos. No primeiro deles, Graziela Perosa focaliza as relações estreitas que
unem famílias dos grupos médios e as escolas que escolhem para suas filhas,
revelando o efeito dessas relações em termos de construção de possibilidades de
profissionalização feminina na década de 1960. Operacionalizando a noção de
"educação total", esse texto problematiza o significado da existência de um setor
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privado forte no interior do sistema de ensino brasileiro, mostrando como isso
permitia às famílias encontrarem, num "mercado escolar", a modalidade de
escolarização que mais serve aos seus interesses. Trata-se de uma situação que
perdura e talvez tenha se acentuado hoje.
Kimi Tomizaki, por sua vez, a partir do seu estudo sobre os processos de
transmissão intergeracional entre metalúrgicos de uma grande montadora, discute
as transformações no sentido atribuído às qualificações à medida que a expansão
da escolarização se acentua, num contexto de estreitamento das oportunidades de
trabalho, desvalorizando credenciais e impondo à própria escola, assim como às
famílias, o confronto com o desacordo entre a promessa materializada no diploma e
a realidade do mercado de trabalho.
Não poderíamos tratar desta questão sem um mergulho mais preciso na instituição
escolar e em suas contradições tão bem captadas pelo artigo de Jean-Jacques Paul
e Maria Lígia Barbosa, que estuda a contribuição dos professores para a redução
das desigualdades sociais. Tendo como referência uma pesquisa comparativa
realizada em Belo Horizonte (Brasil), Buenos Aires (Argentina), Santiago (Chile) e
Leon-Guanahato (México), os autores discutem como o trabalho docente pode
exercer papel significativo na melhoria da qualidade de ensino de alunos de
diferentes origens sociais. A análise estatística dos dados revela a existência do que
denominam "perversidade do efeito docente", ou seja, os professores nesses quatro
países aparecem como fatores decisivos das trajetórias de seus alunos e acabam
por reforçar as desigualdades sociais existentes.
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Depois do mergulho na escola, uma imersão nas famílias é o que nos propõe o
artigo escrito por Monique de Saint Martin, Mariana Heredia e Daniella Rocha. Nele,
as autoras retomam a questão da correspondência entre condições de vida e
construção das percepções subjetivas sobre o mundo, incluindo aí as percepções
sobre o lugar a ser ocupado nesse mundo pelas novas gerações que presidem os
investimentos no futuro dos filhos. As autoras apontam, particularmente, a
produtividade de se levar em conta o trabalho cotidiano desenvolvido coletivamente
pelas famílias para construir sentidos precisos ao abundante e às vezes contraditório
fluxo de experiências a que são expostas, usualmente pensadas de uma maneira
totalizante como "experiências de classe".
Apresentamos ao final uma entrevista com Christian Baudelot e Roger Establet, dois
autores que mostram de maneira exemplar como a sociologia da educação ganha
energia e sentido ao ser tomada como um capítulo dos estudos sobre as classes
sociais e os processos de dominação. Indagando sobre as condições de produção
da empresa intelectual compartilhada a que se dedicam desde os anos de 1960,
procuramos explicitar a configuração particular que torna possível tal tratamento das
questões educacionais. O relato desses dois sociólogos nos permite perceber o
contexto escolar e político dos anos de 1960, período em que realizam os seus
estudos superiores, a militância política contra a guerra na Argélia e a compreensão
da sociologia como um campo de reflexão sobre os acontecimentos que marcavam
a sociedade francesa e a vida universitária. É interessante perceber, ainda, o
processo de aprendizagem nas aulas de dois dos maiores intelectuais franceses,
Bourdieu e Althusser, que tiveram importante papel na sua formação, com a ênfase
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no trabalho de pesquisa como condição para fazer e ensinar sociologia e no
estabelecimento de uma ética intelectual.
Esperamos que esses breves comentários sobre os textos que compõem este
Dossiê sobre a educação e a construção das desigualdades despertem o interesse
dos leitores e que as reflexões aqui expostas motivem novas pesquisas.
Referências Bibliográficas
ARIÈS, Philippe. (1973), L'enfant et la vie familiale sous l'ancien régime. Paris,
Seuil. [ Links ]
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Tempo Social
versão impressa ISSN 0103-2070
Tempo soc. v.20 n.1 São Paulo 2008
doi: 10.1590/S0103-20702008000100011
ARTIGOS
RESUMO
Este trabalho procura discutir as relações entre crítica literária e ciências sociais em
alguns dos principais ensaios de Antonio Candido. Por meio da análise de "Dialética
da malandragem" (1970) e "De Cortiço a cortiço" (1993), pretende-se identificar e
demonstrar a procedência e a inspiração de certos modelos sociológicos
subjacentes a esses ensaios, buscando por essa via articulá-los, respectivamente,
com preocupações derivadas da produção sociológica do próprio autor e com certos
núcleos temáticos desenvolvidos pela chamada Escola Paulista de Sociologia. Na
parte final, sugiro a possibilidade de apreender parte substantiva da produção crítica
de Antonio Candido a partir de um diálogo estreito e criativo com questões
relacionadas com o temário do pensamento social brasileiro, remetendo a uma dupla
inserção de tradições disciplinares, responsáveis pela composição de um projeto
autoral cujas principais coordenadas articulam ensaísmo social e crítica literária,
ciências sociais e análise estética.
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Palavras-chave: Antonio Candido; História intelectual; Crítica literária; Escola
Paulista de Sociologia.
ABSTRACT
This text discusses the relationships between literary criticism and the social
sciences informing some of Antonio Candido's best known essays. Based on an
analysis of 'Dialectic of malandroism' (1970) and 'From slum to slum' (1993), the
article identifies and discusses the influence of particular sociological models on
these essays, linking these models to concerns found in the author's own sociological
work and to various themes developed by the São Paulo School of Sociology. In the
final part, I suggest that much of Antonio Candido's critical output can be understood
as an intimate and creative dialogue with questions related to central themes of
Brazilian social thought, founded on his involvement in two distinct disciplinary
traditions – an authorial project whose scope combined social essayism and literary
criticism, social sciences and aesthetic analysis.
Keywords: Antonio Candido; Intellectual history; Literary criticism; São Paulo School
of Sociology.
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principais achados e juízos analíticos de sua reflexão, e, de outro, a fecundidade de
suas propostas no quadro mais geral das vertentes modernas de análise literária de
cunho sociológico. Mais recentemente, alguns trabalhos abordaram a intrincada
relação entre as áreas das ciências sociais e dos estudos literários nas principais
obras do autor, salientando proximidades e aspectos comunicantes entre elas 2.
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preocupada em "levar em conta a dimensão da sociedade sem fazer crítica
sociológica, mostrando efetivamente (não apenas postulando teoricamente) a
sublimação dos dados sociais e psicológicos em estrutura estética" (Jackson, 2002,
p. 129).
De acordo com Corrêa, Candido estabelece uma clivagem radical entre o "núcleo
familiar onde imperava o patriarca e uma massa anônima totalmente entregue ao
reino da natureza, sem qualquer norma cultural a regê-la" (Idem, p. 24). Nessa
perspectiva, os habitantes do Brasil colonial "que não viviam dentro ou em volta da
casa-grande" estariam por sua vez diante da "inexistência de qualquer tipo de norma
de comportamento [...]" (Idem, p. 25)9. Embora o interesse principal da autora seja
questionar o modelo ideológico predominante na produção teórica sobre o tema, no
intuito de "sugerir a existência de um panorama mais rico", vou me centrar na
sugestão indicada por Corrêa a respeito da suposta ausência de instituições e
mecanismos administrativos estatais que assegurem a ordem social, com o
propósito de confrontá-la com os princípios regentes encontrados na "dialética da
ordem e desordem". Retornemos, agora, ao nosso ponto de partida.
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na ausência de valores e normas de convívio inflexíveis, favorecendo a alternância e
a equivalência entre ordem estabelecida e desordem transgressiva.
Embora o foco analítico do estudo "The Brazilian family" esteja voltado para a
abordagem de estrato social diverso de "Dialética da malandragem", não me parece
despropositado perceber nesse referencial sociológico a matriz que articula o
conjunto de considerações de ordem contextual do ensaio. Observamos há pouco
que o núcleo periférico da família patriarcal, formado por uniões irregulares e filhos
ilegítimos, acabava por contribuir "na formação da grande massa dos degradados
socialmente, os vagabundos e elementos desordeiros, que constituíram grandes
porções de nossa população no século XIX" (Candido, 1974, p. 12). Da mesma
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forma que o núcleo central da família patriarcal era convulsionado por uma "profunda
corrente de irregularidade na qual os desejos e sentimentos procuravam compensar
os obstáculos aos quais estavam submetidos pelo sistema impessoal de casamento"
(Candido, 1993b, p. 13), Candido infere, a respeito do casamento no romance entre
Leonardo e Luisinha, que, dada "a estrutura daquela sociedade, se Luisinha pode vir
a ser uma esposa fiel e caseira, o mais provável é que Leonardo siga a norma dos
maridos e, descendo alegremente do hemisfério da ordem, refaça a descida pelos
círculos da desordem, onde o espera aquela Vidinha ou outra equivalente, para
juntos formarem um casal complementar, que se desfará em favor de novos
arranjos, segundo o costume da família brasileira tradicional" (Idem, p. 41).
Conforme Vinicius Dantas informa (cf. Candido, 2002), a versão acabada do ensaio
"De Cortiço a cortiço", publicada finalmente em 1993, resulta da junção de duas
versões parciais publicadas inicialmente em meados dos anos de 1970 10. Para
discutir os principais argumentos de natureza sociológica do estudo, comecemos
reproduzindo, esquematicamente, o elemento responsável pela construção do
argumento do ensaio: o pequeno ditado humorístico popular – transcrito pelo autor
logo no início do texto –, corrente na cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX,
que apregoava o seguinte: "Para Português, Negro e Burro, três pês: pão para
comer, pano para vestir, pau para trabalhar". Segundo Candido, o teor
discriminatório contido nesse dito popular proporcionaria uma via de acesso ao
"universo das relações humanas d'O cortiço" (Candido, 1993c, p. 129), centrado na
descrição do cotidiano vivido por moradores pobres de um cortiço fluminense do
final do século XIX, período de transição do sistema baseado na utilização do
trabalho escravo para o trabalho assalariado.
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No segundo artigo, "Cor e estrutura social em mudança", Fernandes examina as
implicações do legado da escravidão na constituição da posição social e profissional
do negro no período republicano. Segundo ele, tais implicações
O tipo de gente que o [dito] enunciava sentia-se confirmada por ele na sua própria
superioridade. Essa gente era cônscia de ser branca, brasileira, livre, três categorias
bem relativas, que por isso mesmo precisavam ser afirmadas com ênfase, para
abafar dúvidas num país onde as posições eram tão recentes quanto a própria
nacionalidade, onde a brancura era o que ainda é (uma convenção escorada na
cooptação dos "homens bons"), onde a liberdade era uma forma disfarçada de
dependência. Daí a grosseria agressiva da formulação, feita para não deixar
dúvidas: eu, brasileiro nato, livre, branco, não posso me confundir com o homem de
trabalho bruto, que é escravo e de outra cor [...] (Idem, p. 132).
Ainda que assimilados de modo particular, pode-se detectar uma estreita relação
das considerações de Candido com os resultados obtidos pela pesquisa coordenada
por Florestan Fernandes e Roger Bastide. É o caso, por exemplo, do empenho das
elites ilustradas na manutenção de suas prerrogativas de classe, potencialmente em
risco nesse momento, recorrendo ao preconceito de cor e à discriminação social
como componentes decisivos na manutenção da desigualdade social entre as
camadas constitutivas da estrutura social de São Paulo. O trecho a seguir, extraído
de uma das versões preliminares já mencionadas da versão final do ensaio de
Candido, torna essa suposta fonte de inspiração mais evidente:
Vemos, então, que uma leitura orientada pelos traços culturais e sociais
incorporados à estrutura literária mostra que, neste romance, o Branco é por
excelência, não o que tem cor branca, mas o que pertence ou vai pertencer à
camada dominante. Sobretudo o Português. E ainda: que o Negro não é o de cor
preta, mas todos os que pertencem às camadas sociais cujos membros são, no
limite, tratados como escravos, isto é, aqueles sobre os quais recai o trabalho
produtivo. É a massa brasileira do Cortiço, feita de brancos, negros, mulatos,
caboclos, cafusos. Os portugueses que, em vez de tenderem à classe dominante,
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tendem à classe dominada, se equiparam essencialmente ao Negro, como
Jerônimo. Portanto, Negro = Trabalhador. A classificação étnica inicial se refaz, é
redefinida segundo critérios sociais e econômicos (Candido, 2002, p. 66; grifos
nossos).
É pouco provável que Candido não tenha tomado conhecimento dos principais
diagnósticos e resultados alcançados pelo conjunto de pesquisas realizadas pela
chamada Escola Paulista de Sociologia acerca das relações raciais no país, uma
vez que nesse período ele continuava vinculado ao corpo docente da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo como professor de sociologia, e,
principalmente, considerando-se seu íntimo relacionamento afetivo e intelectual com
o principal mentor e coordenador das pesquisas, o sociólogo Florestan Fernandes:
"Fomos companheiros de trabalho, dia a dia, durante uns quinze anos; e temos uma
intimidade sem reservas [...]", o que possibilitou, dessa forma, atestar o surgimento
"da cadeia de preocupações e raciocínios que levaram Florestan às suas posições
pessoais" (Candido, 2001, p. 14)13.
[...] outro dado que mereceria ser mais problematizado entre os selecionados pelo
professor Candido é o elemento racial, ou melhor, da cor das pessoas descritas.
Assim o Mestre faz a seguinte afirmativa não de todo precisa em relação ao texto do
romance: "Em termos de cor o grupo pobre é mais complexo, porque formado por
brancos, mestiços e negros, enquanto no sobrado só há brancos. Ou, por outro lado,
nem todos os brancos estão no sobrado, mas nele só há brancos" (Idem, p. 229;
grifos nossos).
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Nessa direção, Sant'Anna adverte que, ao contrário do que Candido afirma,
podemos encontrar de fato três empregados domésticos negros alojados no
sobrado: Valentim, Leonor e Isaura. Em decorrência, a inoperância do ditado
humorístico selecionado por Candido, que não abarca todas as relações sociais
possíveis descritas no interior do romance. Por fim, o autor conclui, a partir
novamente de um trecho destacado do ensaio de Candido, que
[...] não há, é verdade, o elemento racial, o negro, que a frase coligida pelo Mestre
tem, mas segundo se depreende de sua afirmação o negro é mais aspectual que
estrutural, pois "Negro não é o da cor preta, mas todos os que pertencem às
camadas sociais cujos membros são, no limite, tratados como escravos, isto é,
aqueles sobre os quais recai o trabalho produtivo" (Idem, p. 231).
***
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Candido pode ser incluída "na linhagem do pensamento antropológico no Brasil
como alguém que fez antropologia sem querer" (Peirano, 1991, p. 25), prefiro
encará-la, em grande parte, como marcadamente sintonizada com o repertório de
preocupações temáticas típicas das ciências sociais. Embora a ambigüidade
profissional que enredara o início da trajetória intelectual e acadêmica de Candido 14
– cindida entre a crítica literária e a pesquisa na área de sociologia – estivesse
virtualmente dissipada nesse momento, quando já se encontrava firmada sua
identidade profissional como principal mentor e responsável pela área de Teoria
Literária e Literatura Comparada na FFCL-USP15, os ensaios abordados neste artigo
remetem a uma dupla inserção de tradições disciplinares, a qual pode ser discernida
nos conteúdos temáticos privilegiados por Candido, alinhados ao campo de
investigações tradicionais da reflexão sociológica no Brasil16. A despeito da enfática
preocupação com a análise dos desafios formais das obras literárias, Candido
aborda os principais romances da literatura brasileira pela discussão de questões de
ordem sociológica, relativas, entre outras, à constituição da ordem pública, da
abrangência dos laços familiares, da formação da estrutura de classes e
consolidação do Estadonação. Preocupando-se em deslindar como "a realidade do
mundo e do ser se torna, na narrativa ficcional, componente de uma estrutura
literária, permitindo que esta seja estudada em si mesma, como algo autônomo"
(Candido, 1993a, p. 9), o autor, em seus principais ensaios, realiza uma reflexão
profunda sobre tal "realidade do mundo", baseada numa síntese particular que
assimila e explora, de modo criativo, autores, tradições e esquemas analíticos
sociológicos de diversas procedências na composição de um projeto autoral cujas
principais coordenadas articulam ensaísmo social e crítica literária, ciências sociais e
análise estética.
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mecanismos de coerção e controle de origem estatal atuantes no interior da camada
formada por "gente livre e modesta". Essa existência precária favorecia o predomínio
de "formas espontâneas de sociabilidade", nas quais a ordem familiar e as formas
tolerantes de sociabilidade imperavam sobre os ditames reguladores do poder
público, "numa vasta acomodação geral que dissolve os extremos", em que "uns
poucos livres trabalhavam e os outros flauteavam ao Deus dará, colhendo as sobras
do parasitismo, dos expedientes, das munificências, da sorte ou do roubo miúdo"
(Candido, 1993b, p. 44).
Em "De Cortiço a cortiço", por sua vez, Candido examina a peculiaridade das
relações e do preconceito racial no país. Embora esteja novamente abordando a
trajetória de grupos sociais desfavorecidos, deparamonos com a influência de um
contexto histórico-social diverso: as relações de solidariedade e auxílio mútuos,
possíveis num estágio embrionário da progressiva consolidação do Estado nacional
na primeira metade do século XIX, cedem espaço – numa etapa avançada do
processo de acumulação capitalista, assalariamento, remodelação do espaço
público e declínio do núcleo familiar – ao conflito acirrado de classes envolvendo
grupos étnicos afro-brasileiros, mestiços, imigrantes desfavorecidos e brancos
pobres oriundos da "massa amorfa de instáveis sociais" (Candido, 1988, p. 120) 18.
Em lugar da reversibilidade entre a "ordem e desordem", encontra-se o princípio
estrutural da "dialética do espontâneo e dirigido" regendo o processo de
remodelação do espaço físico interno do cortiço e, por extensão, o ritmo do avanço
do capitalismo no país, deslocando com isso a resolução das tensões sociais para o
âmbito da esfera estatal. Nessa fase, em que se destacam o "mundo do trabalho, do
lucro, da competição, da exploração econômica visível", os grupos minoritários,
submetidos à exploração econômica e tolhidos pelo preconceito racial, enfrentam os
reveses de um processo em que "brancos, negros e mulatos eram igualmente
dominados e explorados por esse bicho-papão dos jacobinos, o português ganhador
de dinheiro, que manobrava tanto cordéis de ascensão social e econômica nas
cidades" (Candido, 1993c, p. 138)19.
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Rodrigo Martins Ramassote é mestre em Antropologia Social pelo Departamento de
Antropologia Social do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da
Unicamp. Atualmente, exerce o cargo de antropólogo na III Superintendência
Regional do Iphan, localizada no Maranhão. E-mail: ramassote@hotmail.com.
5 A escassez de estudos sobre essa dimensão crucial pode ser creditada a três
fatores: a) declarações de Candido que minimizam a relevância da coexistência
dessas áreas disciplinares em seu trabalho. Para que se possa evidenciar os termos
em que Candido coloca a questão, basta a seguinte afirmação: "Aliás, eu não me
considero sociólogo. Assim como o professor de matemática não é necessariamente
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matemático, fui professor de sociologia, dei conta do recado, mas nunca me
considerei sociólogo" (Jackson, 2002, p. 125). Ver também Pontes (2001); b)
ausência de indicações explícitas dos modelos teóricos e debates de fundo no corpo
do texto. Nos ensaios de Candido prevalece como ideal de escrita, na sua
expressão sobre a obra de Bastide, a urbanidade crítica, isto é, um formato
expositivo que procura "disfarçar ao máximo a erudição, dissolvendo na tonalidade
ensaística o peso da informação e a abstração dos princípios teóricos" (Candido,
1997, p. 14); c) uma convicção arraigada da recepção crítica da obra do autor –
crescente nos últimos trinta anos – que pressupõe não haver distinções, ou matizes,
entre o projeto autoral de Candido e o do discípulo Schwarz, como se o primeiro
tivesse também participado do célebre "Seminário Marx". Conviria averiguar se há
de fato na obra de Candido uma reflexão abrangente sobre o "desenvolvimento
desigual e combinado do capitalismo" (Schwarz, 1979, p. 109).
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urbanização, industrialização, proletarização, imigração e aculturação" (Candido,
1974, p. 15).
9 Em entrevista a Jackson, Candido admite que "Mariza Corrêa diz com razão que
eu trato da sociedade brasileira como se não houvesse Estado, só família [...]. Mas o
Estado era forte e eu exagero demais a importância da família. Chego a dizer que o
Brasil pode ser dividido em família e não-família" (Jackson, 2002, p. 166).
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2000, p. 124); b) a segunda, cujo principal representante é Gilberto Freyre, reinante
a partir da década de 1930, ressalta o caráter integrador e positivo da miscigenação,
"e os impactos resultantes e o lugar que tradicionalmente vem sendo atribuído à
raça negra" (Idem, p. 124); c) a terceira, decorrente do ciclo de pesquisas da Unesco
realizadas na década de 1950, ainda sob o impacto do holocausto, teria o propósito
de promover um conjunto integrado de atividades intelectuais dispostas a "combater
a ideologia racista que serviu de suporte para a montagem e operação da máquina
infernal nazista" (Idem, p. 124). Entre 1951 e 1952, o Brasil é eleito área de
investigação privilegiada para o exame das relações raciais em razão da convicção
de que era um modelo de convivência harmoniosa e aceitação das diferenças
raciais, com o objetivo "de oferecer ao mundo lições de civilização à brasileira em
matéria de cooperação entre raças" (Idem, p. 116). Entre as regiões selecionadas
como locus empírico estavam Bahia (a cargo de Thales de Azevedo e Charles
Wagley), Pernambuco (René Ribeiro), Rio de Janeiro (Luis Costa Pinto) e São Paulo
(Florestan Fernandes e Roger Bastide). Sobre da vertente paulista, ver Schwarcz
(1996; 1999).
13 Esse aspecto pode ser corroborado, em larga medida, pela leitura do conjunto de
depoimentos realizados por Candido sobre Florestan Fernandes, reunidos em
Florestan Fernandes (2001). Ali ele reitera alguns dos principais achados
explicativos resultantes desse ciclo de pesquisas, verificando a influência marcante
dessa temática para o desenvolvimento da obra do sociólogo paulista. Além disso,
em "A Faculdade no centenário da abolição" (1995), ao evidenciar a contribuição da
Faculdade de Filosofia da USP para a transformação nos estudos sociais sobre a
sociedade brasileira, Candido ressalta a importância da pesquisa sobre as relações
raciais aí efetuada para o desvendamento dos mecanismos de opressão e
manutenção das desigualdades sociais, obstáculos para a construção de uma
democracia plena no país.
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15 Para uma análise detalhada do arcabouço institucional da área – depois, em
1991, departamento – de Teoria Literária e Literatura Comparada no período
compreendido entre 1961 e 1978, com destaque para o regimento disciplinar, a
estrutura curricular, as características do quadro docente, o conteúdo das disciplinas
oferecidas, as áreas e as linhas temáticas de pesquisa e os mecanismos envolvidos
na construção da identidade profissional de seus membros componentes, ver
Ramassote (2006).
16 Com razão Jackson afirma que "sua opção posterior pela crítica literária não pode
ser compreendida sem que se considerem as perspectivas teóricas adquiridas nas
ciências sociais" (Jackson, 2006, p. 265).
18 Essa categoria social inquieta o autor desde o início de sua trajetória intelectual.
Em O método crítico de Sílvio Romero, no capítulo dedicado ao exame da obra do
crítico sergipano em seu contexto social, há a seguinte referência ao trabalho de
Caio Prado Júnior, pioneiro e principal teórico do assunto – debatido em especial no
clássico Formação do Brasil contemporâneo(1942): "A este respeito, é indispensável
consultar o estudo que Caio Prado Júnior consagra ao problema, esclarecendo-o e
interpretando-o de maneira profunda", sobretudo o capítulo "Organização social",
"onde está a melhor análise e interpretação que conhecemos do problema"
(Candido, 1988, p. 121). Não obstante a menção elogiosa, o tratamento de Candido
a esse segmento social difere do tratamento do historiador marxista: enquanto este
estava preocupado com o desenvolvimento e a superação do complexo
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socioeconômico do sistema colonial português para a implantação plena do
capitalismo no Brasil, A. Candido, a meu ver, preocupava-se com o impacto desse
avanço nos segmentos dominados. Essa "rotação de perspectiva" permite a Candido
não incorrer nos mesmos deslizes e problemas que acometem a análise de Caio
Prado no capítulo citado, no qual se podem encontrar considerações no mínimo
questionáveis sobre a influência do legado sociocultural de origem ameríndia e
africana no processo de formação do país, o que curiosamente não suscitou, salvo
engano, nenhum comentário da recepção crítica da obra de Caio Prado Júnior.
Tempo Social
versão ISSN 0103-2070
doi: 10.1590/S0103-20702000000200010
RESUMO
ABSTRACT
Durante quase todo o séc. XX a física foi considerada a mais poderosa das ciências.
No final deste mesmo século a biologia assume esse caráter. Os recentes avanços
da genética molecular no conhecimento da composição, estrutura e funcionamento
dos organismos vivos impõem instigantes questões. A firme crença na correlação
entre características e genes correspondentes e na capacidade da biotecnologia nos
leva a pensar que estamos vivenciando o início de uma revolução que sinaliza que a
humanidade não mais necessitará se sujeitar aos fatores de caráter aleatório que
marcaram a história. Existe agora a possibilidade de transformar e controlar de
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acordo com desígnios bem definidos a natureza em seu núcleo elementar. As
fronteiras entre a ficção e a realidade científica parecem cada vez mais tênues.
Nesse intenso debate que começa a se projetar na vida cotidiana, para fora das
academias, dos gabinetes políticos e das sedes das grandes corporações, momento
quando Dolly não mais representa uma atriz de mamas grandes de Hollywood e
quando a terapia genética e a alimentação com vegetais geneticamente modificados
já são realidade , cabe perguntar pelos fundamentos lógicos que delimitam os alvos
teóricos/práticos, as hipóteses e os resultados das modernas pesquisas genéticas;
cabe perguntar sobre os valores éticos e culturais que orientam tais pesquisas e,
sobretudo, os impactos objetivos pela difusão da biotecnologia. Embora estas
questões permaneçam obscuras, tamanha é a força com a qual a genética
molecular se assume no imaginário coletivo que as ciências sociais recebem o
convite quase um ultimato para participarem de uma aventura intelectual baseada
em premissas biológicas. Mas antes de entrar nestas questões é preciso inserir
alguns conceitos básicos.
Recombinação genética
A firmeza da propositura dos biólogos de que o "nosso destino está nos nossos
genes" (Watson apud Ho, 1997, p. 33) leva a crer que em poucas décadas seremos
capazes de "alterar a natureza biológica da espécie humana em qualquer direção
desejada ou deixá-la seguir seu curso. Em ambos os casos, a evolução genética
deverá tornar-se consciente e volitiva, introduzindo uma nova era na história da vida"
(Wilson, 1999, p. 261). Ao comentar sobre o Projeto Genoma Humano Bob
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Waterston, coordenador do quinto maior centro de seqüenciamento genético do
mundo, afirmou que "o resultado final será que entenderemos o papel dos genes
muito mais claramente e seremos capazes de manipular a maneira como
influenciam a natureza humana, a condição humana" 8. O sociólogo Achim Seiler
afirma que "as novas técnicas poderiam provocar mudanças nas estruturas social e
econômica, mudanças estas que poderiam ser mais profundas e ir mais longe do
que qualquer transformação precedente causada pela tecnologia" (Seiler, 1998, p.
50). O antropólogo Paul Rabinow supõe que "a genética deverá remodelar a
sociedade e a vida com uma força infinitamente maior do que a revolução na física
jamais teve, porque será implantada em todo o tecido social por práticas médicas e
uma série de outros discursos" (Rabinow, 1991, p. 85). O historiador Paul Kennedy
avalia que "como a máquina a vapor e a eletricidade, a biotecnologia parece
introduzir uma nova era e mudar muito o modo de vida das pessoas. (...) Dada a
necessidade de aumentar a produção de alimentos, e a existência de forças
poderosas que adotam a nova tecnologia, é improvável que o movimento biotécnico
seja sustado" (Kennedy, 1993, p. 85).
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As ciências naturais parecem avançar com mais certeza do que nunca no sentido do
desvendamento objetivo do mundo. Os teóricos da moderna biolologia têm
expectativas bastante elevadas. Supondo-se que as esperanças de decompor
completamente uma célula humana, rastreando os processos e modelando
precisamente o sistema total das moléculas, sejam realizadas; e que se obtenha o
mesmo sucesso no que se refere aos tecidos e órgãos, então "o cenário estará
armado para o ataque final aos sistemas ainda mais complexos da mente e do
comportamento. Eles são, afinal, produtos dos mesmos tipos de moléculas, tecidos
e órgãos" (Wilson, 1999, p. 90).
"A cultura é criada pela mente coletiva, e cada mente por sua vez é o produto do
cérebro humano geneticamente estruturado. Gene e cultura estão, portanto,
inseparavelmente ligados. Mas a ligação é flexível, em um grau ainda na maior parte
não medido. A ligação também é tortuosa: os genes prescrevem regras
epigenéticas, que são as vias e regularidades neurais no desenvolvimento cognitivo
pelas quais a mente individual se constitui. A mente cresce do nascimento à morte
absorvendo partes da cultura existente disponíveis para ela, com seleções guiadas
por regras epigenéticas herdadas pelo cérebro individual.
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no ambiente através de adaptações finamente sintonizadas, inventadas e
transmitidas sem uma prescrição genética precisa correspondente" (Wilson, 1999, p.
121-122).
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A pesquisa das regras epigenéticas
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os elementos naturais da cultura sejam os componentes hierarquicamente dispostos
da memória semântica, codificados por circuitos neurais distintos que aguardam
identificação" (Wilson, 1999, p. 129).
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que ocorre na maioria das categorias comportamentais e poder entender se estas
regras são "funções rígidas e especializadas do cérebro e, assim, semelhantes ao
instinto animal ou se são algoritmos racionais mais generalizados que funcionam
através de uma ampla faixa de categorias comportamentais. (...) A correspondência
observada entre teoria e fato baseia-se, na maior parte, na correlação estatística"
(Wilson, 1999, p. 165). Além disso, a tarefa da genética comportamental é
tecnicamente muito difícil no nível de identificação e localização de genes e regras
epigenéticas relevantes, sendo que apenas um pequeno número foi registrado
(Wilson, 1999, p. 147)14. No entanto, "é precisamente neste domínio, na fronteira
entre a biologia e as ciências sociais que se pode esperar alguns dos mais
importantes progressos no estudo do comportamento humano" (Wilson, 1999, p.
148).
A máxima que ora é apresentada revela que "a cultura e, portanto, as qualidades
singulares da espécie humana só farão sentido total quando vinculadas em
explicação causal às ciências naturais. A biologia em particular é a mais próxima e,
portanto, relevante das disciplinas científicas" (Wilson, 1999, p. 258). A "biologia é
fundamental para entender o modo pelo qual criamos instituições e convenções,
fundamental!" (Wilson, 1998, p. 6). Enfim, a essência da sociedade estaria na
compreensão de como o cérebro funciona, existindo apenas uma classe de
explicação através de uma rede interligada de causas e efeitos que atravessa as
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escalas de espaço, de tempo e de complexidade. Desse modo a verdade objetiva é
possível e não existe o que se pode chamar de "explicações apropriadas às
disciplinas individuais".
"O que está em questão não é saber se os seres humanos são ou não organismos
biológicos com características intrínsecas. (...) Tão pouco está em questão o fato de
que, onde quer que os encontremos, os homens apresentam aspectos comuns em
seu funcionamento mental. (...) A questão é a de saber para que nos servem estes
fatos indiscutíveis quando estamos explicando rituais, analisando ecossis-temas,
interpretando seqüências fósseis ou comparando idiomas"(Geertz, 1988, p. 10).
"A fim de nos convencer do fato de que a melhor compreensão do cérebro é tão
importante quanto considera, Wilson teria de nos persuadir de que tal compreensão
demonstraria os limites da malea-bilidade cultural ele teria de nos mostrar, por
exemplo que um certo experimento social que estamos tentando empreender
provavelmente se acha condenado ao fracasso.Tenho dificuldade em imaginar um
argumento que comece com premissas biológicas e chegue a esse tipo de
conclusão uma conclusão relevante para a deliberação política. Não achei este
argumento no livro de Wilson. O mais perto que ele chega é uma demonstração de
que certas universais culturais são suscetíveis de explicação biológica. Mas nós
desenvolvemos as ciências sociais e as humanidades não tanto para explicar
universais culturais, mas sim para explorar as alternativas culturais. Desenvolvemos
as artes não só para reiterar os antigos arquétipos e mitos, mas para construir novos
mundos para nós mesmos e povoá-los com nossos descendentes. (...) Podemos
nos devotar ao projeto iluminista de uma vida digna para todos os habitantes do
planeta, uma vida como cidadãos livres de uma comunidade cooperativa, e sermos
totalmente ignorantes de como os computadores, cérebros e todo o resto funciona"
(Rorty, 1998, p. 8).
Até dez anos atrás o argumento de Rorty faria sentido pois as pesquisas em
genética molecular caminhavam muito lentamente e os resultados pareciam muito
incertos. Aliás o seu argumento é o mesmo que Alan Ryan utilizou em 1970 para
demonstrar que não era necessário postular qualquer conhecimento sobre os
mecanismos fisiológicos para descobrir os vários "programas" inscritos no
comportamento humano (cf. Ryan, 1977, p. 149).
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pensarmos como experimento social a eugenia e a discriminação genética? Que tal
pensarmos nos impactos da indústria de biotecnologia nas formas de agricultura
tradicional e, conseqüentemente, nas formas de coesão social? Que significado terá
uma alternativa cultural onde seja possível patentear formas de vida? (O
conhecimento genético transformou-se em valiosa mercadoria, acarretando uma
acirrada disputa que envolve questões cruciais como o patenteamento de
seqüências genéticas16, inclusive em seres humanos.) Talvez não seja necessário
caçar as regras epigenéticas que ligam os genes à cultura, talvez não seja
necessário buscar um critério de verdade objetiva sobre o comportamento humano a
partir do conhecimento de como o cérebro funciona em seus detalhes. Mas
certamente podemos partir de premissas biológicas para concluir que um modelo de
desenvolvimento científico pautado pelo determinismo genético implica um certo tipo
de tecnologia, que tem o potencial de reconfigurar todos os padrões de sociabilidade
e instituições sociais em uma alternativa cultural de complexa avaliação.
Considerações Finais
A importância do contato entre as ciências é evidente. Não obstante, pelo lado das
ciências sociais, não basta apenas estudar a "science in the making" avaliando que
o conhecimento científico é apenas mais uma forma de interpretar a realidade, tão
válida quanto qualquer outra. Pelo lado da biologia é presunçoso o esquema
fundacional e hierarquizante das ciências, que dissolve e subordina a identidade das
ciências sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RYAN, Alan. (1977) Filosofia das ciências sociais. Rio de Janeiro, Francisco Alves.
[ Links ]
1
Coordenador do Projeto Genoma Câncer no Brasil (Notícias Fapesp, 1999).
2
A Monsanto é uma das maiores corporações de biotecnologia do mundo.
3
Os OGM (organismos geneticamente modificados) ou transgênicos portadores do
Bacillus Thuringiensis não somente resistem às pragas, como também matam-nas, e
isto gera uma economia muito grande com pesticidas. A produção mundial de
transgênicos aumenta rapidamente ao mesmo tempo que a polêmica em torno dos
eventuais riscos para a saúde e para a biodiversidade. Somente nos EUA os
agricultores cultivam cerca de 40 milhões de hectares com milho, batata e algodão
geneticamente modificados, sendo que 50% da produção de milho provém de
sementes geneticamente alteradas (cf. O Estado de S. Paulo, 2000d).
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4
A biotecnologia médica atrai 20 vezes mais investimento de capital do que a
biotecnologia agrícola (cf. Kennedy, 1993, p. 81).
5
A empresa norte-americana Monsanto decifrou completamente a composição
genética do arroz (cf. O Estado de S. Paulo, 2000a).
6
Ver matéria sob título: "Cientistas usam técnica genética para criar animais
gigantescos experimentos secretos estão sendo conduzidos com gado, porcos,
peixes e até lagostas". Segundo tal matéria geneticistas teriam descoberto como
bloquear os genes que limitam o crescimento natural dos animais. "Em testes
secretos, eles usaram a técnica para produzir versões gigantescas de galinhas,
ovelhas e porcos e estão experimentando em bois e vacas" (O Estado de S. Paulo,
2000b).
7
O Projeto Genoma Humano (consórcio internacional financiado por fundos públicos
que reúne centros universitários de pesquisa de cerca de 20 países, liderados pelos
Estados Unidos), concluiu o ma-peamento de 97% do código genético humano em
26 de junho de 2000. *"Monoculturas da mente". Em inglês no original. (N.E.)
8
Somente no ano de 1999 o centro de pesquisas da Washington Uni-versity recebeu
cerca de US$ 38 milhões do governo norte-americano (cf. Notícias Fapesp, 1999).
9
Em 1980 a Suprema Corte dos EUA reconheceu que organismos vivos eram
descobertas passíveis de serem patenteadas. Em 14 de abril de 1988 o jornal Folha
de S. Paulo noticiou que pela primeira vez na história um organismo vivo havia sido
patenteado. Tratava-se de um rato modificado para desenvolver câncer e possibilitar
estudos do processo da doença. A carta patente havia sido dada à empresa Du
Pont. Em 18 de junho de 1999 o jornal O Estado de S. Paulo divulga o seguinte:
"EUA negam a cientista registro de patente de animais alterados geneticamente,"
com uso de partes de DNA humano. O Departamento de Patentes afirmou que
conceder o registro de pessoas seria uma violação da 13 a Emenda da constituição,
que aboliu a escravidão. Se isto não basta para dar a real dimensão da polêmica
dos novos tempos, ve-ja-se a questão da clo-nagem humana.
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10
A primeira corpora-ção de biotecnologia Ge-nentech Inc. foi fundada pelo geneti-
cista molecular Paul Berg. Este foi um dos cientistas que assinaram a Declaração de
Asilo-mar (Califórnia) moratória nos experimentos genéticos em 1976 (Ho, 1997, p.
15). A empresa Genetech Inc. Está sendo processada pe-la Universidade da
Califórnia por apropriação indébita de uma amostra de DNA (cf. O Estado de S.
Paulo, 30/07/1999).
11
Jeremy Rifkin fala em "sistema de castas genético" (Rifkin, 1998, p. 163). Estes
temores são fundamentados dos por notícias como: "Biotecnologia: EUA tentam
evitar `discriminação genética' Resultados de exames têm causado um número
crescente de demissões no país." Tal matéria relata o primeiro caso de
discriminação genética ocorrida nos EUA, quando trabalhadora descobriu que, por
falha genética, estaria susceptível a paradas respiratórias. Foi demitida da
seguradora onde trabalhava por ser considerada "um risco" (cf. O Estado de S.
Paulo, 2000c).
12
O jornal Financial Times afirma que a principal preocupação com o uso dos
Organismos Geneticamente Modificados é a possibilidade de efeitos ambientais
negativos e identifica a necessidade de um "corpo internacional com poderosos
recursos científicos para avaliar os impactos ambi-entais das tecnologias genéticas"
(apud Brasil PNUMA, 1998).
13
Apesar da ressalva o próprio autor cita e-xemplos que mostram que a genética
com-portamental está pes-quisando todos os perfis de comportamento e baseia-se
em deter-minismo gené-tico linear e no reducionis-mo. Se considerarmos que uma
mutação genética pode causar uma "deficiência da enzima monoaminaxidase,
necessária para decompor os neuro-transmissores que regulam a reação de luta ou
fuga" e que o acúmulo desses neu-rotransmissores pode fazer o cérebro
permanecer permanentemente excitado, preparado para reagir com violência a
baixos níveis de tensão, poderá ter sido localizado o "gene deficiente" que afeta a
personalidade, produzindo comportamentos agressivos. Essa mutação genética foi
detectada em apenas uma família holandesa e está localizada no cromos-somo X. O
que dizer do "gene da busca de novidade", que altera a resposta do cérebro ao
neurotransmissor do-pamina? As moléculas e o receptor de proteína que ele ajuda a
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prescrever têm um comprimento mole-cular maior do que as formas sem mutação
esse ge-ne. Foram detectadas mutações desse tipo em diferente grupos étnicos de
Israel, onde pessoas dotadas do gene, submetidas a testes comuns, revelam-se
mais impulsivas, tendentes à curiosidade e volúveis" (Wilson, 1999, p. 148).
14
Exemplos de ligação entre genes e cultura examinados por Wilson: propriedade
alu-cinatória dos sonhos, o medo paralisador das serpentes, preferências
elementares no sentido do paladar, detalhes da ligação mãe-bebê, expressões
faciais básicas, a reificação dos conceitos, a personali-zação de objetos inanimados
e a tendência a dividir continuamente objetos e processos variáveis em duas classes
distintas.
15
Sabe-se que existe uma proteína chamada NR2B que ajuda as células do cérebro
a comunicarem-se entre si e é apontada como a chave para a memória e o
aprendizado. Esta proteína está presente em altos níveis no início da vida, quando
os animais estão a-prendendo sobre o mundo. "Os cientistas acreditam que altos
níveis dessa proteína facilitam que os cérebros mais jovens façam conexões entre
as células nervosas usadas para representar memórias de eventos e objetos." A
experiência com ratos alterados geneticamente já foi realizada e publicada na
Revista Nature de setembro de 1999. A expectativa é que a longo prazo seja
possível criar algum tipo de terapia genética para aumentar os níveis da proteína
NR2B no cérebro humano (cf. O Estado de S. Paulo, 1999).
16
A questão das patentes genéticas deve ser o assunto principal da pauta das
relações internacionais nos próximos anos. Para uma análise da posição do Brasil
neste debate sobre patentes genéticas cf. texto de Laymert Garcia dos Santos
(1998).
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Tempo Social
versão ISSN 0103-2070
doi: 10.1590/S0103-20702010000100001
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RESUMO
ABSTRACT
Focused on the work of Florestan Fernandes, this article deals with the relations
between the constitution of academic sociology in Brazil, the formation of modern
capitalist society and the modernist movement. The proposed articulation allows us
to reveal how the lines of sociological reflection - its proposals and dilemmas - can be
understood in the light of the impasses faced by Brazilian society.
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Buarque de Holanda -, que enfrentaram, malgrado a diversidade que os caracteriza,
o tema da construção da nossa modernidade nos termos da linguagem modernista 1.
Com eles, o modernismo deixa de ser o estilo avançado da literatura e das artes,
chegando ao ensaio; o movimento das vanguardas, que na origem foi
acentuadamente nacional, ofereceu condições propícias à conformação das nossas
peculiaridades; por fim, pôde-se construir uma imagem do país em chave positiva, o
que não significou ipso facto perspectiva necessariamente otimista sobre o futuro da
nação, mas que se singularizava ao rejeitar as visões baseadas na ideia de
incompletude da nossa história, tendo como ponto de referência experiências
forâneas. O ensaísmo crítico de corte modernista negou a norma culta portuguesa
como forma adequada de expressão intelectual, inscrevendo dicções incomuns no
passado, ao mesmo tempo em que construiu retratos do Brasil que marcaram a
cultura brasileira em toda a sua trajetória ulterior. Os ensaístas dos anos de 1930
lançaram as bases da reflexão moderna das ciências sociais brasileiras, legitimando
o estilo de reflexão e de narrativa dessas disciplinas.
[...] um eixo catalisador: um eixo em torno do qual girou de certo modo a cultura
brasileira catalisando elementos dispersos para dispô-los numa configuração nova
[...]. Em grande parte porque gerou um movimento de unificação cultural projetando
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na escala da nação fatos que antes ocorriam na escala das regiões (Candido, 2000,
pp. 181-182).
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cenário diferenciado de realização das vocações científicas e compartilhava do clima
característico da sociabilidade acadêmica.
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espírito". Entre dinheiro e intelecto ocorreram certas analogias no plano formal,
como revelara Simmel, caracterizadas pelo impulso permanente de atualização:
O que leva à abstração e à análise não provém das coisas em si mesmas. Sua
origem é social: é ocasionada pelo tamanho e pela estrutura do grupo no qual o
conhecimento tem que ser participado [...]. Podemos concluir que uma sociedade
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democrática é mais adequada para descobrir as correlações abstratas entre as
coisas do que uma sociedade aristocrática (Mannheim, 1963. p. 265).
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realidade política de franca distensão e aberta à participação e ao dissenso. A
sociologia brasileira floresceu nesse solo de promessas franqueadas.
O projeto científico construído por Florestan pressupunha, como se viu, uma agenda
de pesquisa derivada das concepções de rigor do conhecimento, cuja aplicação
seria intrínseca à própria natureza da ciência. Os especialistas teriam condições de
mobilizar os resultados das pesquisas para alterar sistemas de relações, por meio
de novas descobertas forjadas no embate com as questões sociais. No campo da
sociologia, o especialista seria a figura do profissional da corporação científica, um
observador dos fenômenos sociais, capaz de formular regras de explicação e de
propor medidas de correção. O problema fundamental da sociologia no Brasil
residia, de acordo com as suas concepções, na necessidade de refinar os métodos
intrínsecos ao caráter aplicado da ciência de modo a readequá-los ao tratamento de
sociedades mais heterogêneas e menos orgânicas, como a brasileira. Sua rejeição
às formas aderentes do saber, ao movimento social dominante, não significava, pois,
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desaprovação às iniciativas de intervenção. Contrariamente, nutria grande apreço
pelas contribuições da Escola Sociológica de Chicago: "Dadas as analogias entre
Chicago e São Paulo e os nossos propósitos de expandir aqui a investigação
sociológica, a tentativa de converter São Paulo em um laboratório (ou em um campo
especial de trabalho concentrado dos sociólogos) atraía o melhor da minha
imaginação" (Fernandes, 1980, p. 170). A instituição universitária moderna seria o
locus de legitimação do desenvolvimento de propostas de intervenção social, o foro
privilegiado de padrões de trabalho necessários à construção da sociologia científica
no país. A compreensão da sociologia, segundo tal registro, dirigiu os interesses de
pesquisa de Florestan Fernandes, que combinou trabalhos eminentemente de teoria
e métodos - mesmo as suas teses no campo da etnologia foram, em substância,
alentados exercícios teóricos10 - a outros voltados ao tratamento da civilização
industrial e da formação da sociedade de classes, isto é, da moderna sociedade
burguesa em um contexto permeado por orientações valorativas oriundas do
passado escravista.
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acompanhar as suas categorias, a heteronomia presente na "situação de castas"
impediu aos negros assimilar as potencialidades oferecidas pela "situação de
classes". Resulta desse processo, o "desajustamento estrutural", a "desorganização
social", típicas da condição dos descendentes de africanos, relegados a viver um
estado de marginalidade social, verdadeiros proscritos das conquistas civilizadas. O
preconceito e outras expressões de discriminação exerceram a função "de manter a
distância social" e de reproduzir o "isolamento sociocultural", tendo em vista a
preservação das "estruturas sociais arcaicas". O ritmo intenso da história em São
Paulo produziu forte descompasso entre a ordem social (mais sincronizada com as
transformações da estrutura econômica) e a ordem racial (de ajustamento mais lento
às mudanças), permanecendo como uma espécie de "resíduo do antigo regime",
cuja eliminação futura adviria dos "efeitos indiretos da normalização progressiva do
estilo democrático de vida e da ordem social correspondente".
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processo de feitura de cerca de três anos, período no qual Florestan lecionou na
Universidade de Toronto. O autor, de saída, explicou o modo como percebe o seu
empreendimento:
É preciso que o leitor entenda que não projetava fazer obra de "Sociologia
acadêmica". Ao contrário, pretendia, na linguagem mais simples possível, resumir as
principais linhas da evolução do capitalismo e da sociedade de classes no Brasil.
Trata-se de um ensaio livre, que não poderia escrever se não fosse sociólogo. Mas
que põe em primeiro plano as frustrações e as esperanças de um socialista militante
(Idem, pp. 9-10).
Centrada na dinâmica social dos agentes, a reflexão procura entender "a formação
do chamado 'Brasil moderno', floração cultural da silenciosa revolução
socioeconômica, em que aquela revolução política iria desdobrarse, lentamente, ao
longo do tempo" (Idem, p. 71). Em suma, a análise procura recuperar a gênese
dessa identidade problemática, que está no coração da história brasileira, cuja
combinação de elementos díspares responde pela nossa particularidade.
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parcial e superficialmente ajustadas aos padrões capitalistas de vida econômica
(Idem, p. 149).
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Na terceira parte - "Revolução burguesa e capitalismo dependente" - é discutida a
gênese da forma de acumulação capitalista dependente e a especificidade de sua
realização. Florestan reitera a particularidade da estrutura de classes, do mundo
burguês e da burguesia no Brasil. Incapaz de autonomizar-se da oligarquia e de
realizar as tarefas típicas da sua congênere europeia, como a criação da nação, e
de se tornar o agente fundamental das transformações, a burguesia brasileira
vivenciou o dilema histórico da sua situação de classe. Amalgamara-se a forças
sociais retrógradas e não implementou a liberal-democracia; o Estado foi a espinha
dorsal das mudanças, pois a classe burguesa não deslancha o processo de
industrialização. Por tudo isso,
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Fernandes reorientou suas apostas, aderindo à política partidária, tentando
contornar um dos pilares das suas análises sociológicas que revelavam os efeitos
imprevistos e inusitados da ação humana no mundo, distância que, de acordo com
sua obra, se aprofundava em sociedades como a brasileira. Possivelmente resida
exatamente aí sua principal contribuição para uma nova concepção sobre a
formação da sociedade moderna no Brasil.
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1. Explorei em outro texto a relação entre os ensaios de 1930 e o modernismo (cf.
Arruda, 2006). Para uma análise diferenciada sobre as relações entre a obra de
Gilberto Freyre e o modernismo, ver Araújo, 2005.
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8. "Eu seria, como figura humana, aquilo que os historiadores, os antropólogos e os
sociólogos chamam de personalidade desenraizada. Eu sou um desenraizado"
(Fernandes, 1978, p. 30).
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VELLOSO, Arthur. Versiani. O estudo da filosofia. (S. l.), Jupter, 1968, 113 pp. a
WEIL, Simone. Aulas de Filosofia. Campinas. São Paulo. Papirus, 1991. a-b-c
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REFERENCIAS 7
DELEUZE, G.; PARNET, C. Diálogos. Trad. de Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo:
Escuta, 1998.
REFERENCIAS 8
CHAUI, M. A existência ética – Senso moral e consciência moral, cap. 4. In: Convite
à Filosofia. Ática, 2000, pág. 334-338.
HELLER, A. Agnes Heller entrevistada por Francisco Ortega. Rio de Janeiro: UERJ,
2002.
MARINOFF, L. Mais Platão, menos Prozac.. 2.a edição. Rio de Janeiro: Record,
2001.
MARQUES, R. Grupo placebo: psiquiatria nao é exceção. Bioética 8(1): 43-50, 2000.
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NIETZSCHE, F. Genealogia da Moral. Tradução de Paulo César de Souza. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998. Núcleo Interinstitucional de Bioética da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em:
<http://www.bioetica.ufrgs.br>. Acesso em: 26 abril 2004.
VALLS, Álvaro I.M. O que é Ética. In Coleção Primeiros Passos. São Paulo:
Brasiliense, 1994.
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LEAL, M. C; SABROZA, P. C; RODRIGUEZ, R. H; BUSS, P. M. (orgs.) 1992a.
Saúde, ambiente e desenvolvimento - uma análise interdisciplinar. Editora Hucitec-
Abrasco, São Paulo-Rio de Janeiro, 295pp.
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Lembre-se que os artigos que devem ser consultados são artigos científicos,
publicados em revistas científicas. Sendo assim, as consultas em revistas de ampla
circulação (compradas em bancas) não são permitidas, mesmo se ela estiver
relatando resultados de estudos publicados como artigos científicos sobre aquele
assunto. Revistas como: Veja, Isto é, Época, etc., são meios de comunicação
jornalísticos e não científicos.
Os artigos científicos são publicados em revistas que circulam apenas no
meio acadêmico (Instituições de Ensino Superior). Essas revistas são denominadas
periódicos. Cada periódico têm sua circulação própria, isto é, alguns são publicados
impressos mensalmente, outros trimestralmente e assim por diante. Alguns
periódicos também podem ser encontrados facilmente na internet e os artigos neles
contidos estão disponíveis para consulta e/ou download.
Os principais sites de buscas por artigos são, entre outros:
SciELO: www.scielo.org
Periódicos Capes: www.periodicos.capes.gov.br
Bireme: www.bireme.br
PubMed: www.pubmed.com.br
A seguir, temos um exemplo de busca por artigos no site do SciELO.
Lembrando que em todos os sites, embora eles sejam diferentes, o método de
busca não difere muito. Deve-se ter em mente o assunto e as palavras-chave que o
levarão à procura pelos artigos. Bons estudos!
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Ao optar pela pesquisa por artigos, no campo método (indicado abaixo),
escolha se a busca será feita por palavra-chave, por palavras próximas à forma que
você escreveu, pelo site Google Acadêmico ou por relevância das palavras.
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Em seguida, deve-se escolher onde será feita a procura e quais as palavras-
chave deverão ser procuradas, de acordo com assunto do seu TCC (não utilizar “e”,
“ou”, “de”, “a”, pois ele procurará por estas palavras também). Clicar em pesquisar.
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Lembre-se de que as palavras-chave dirigirão a pesquisa, portanto, escolha-
as com atenção. Várias podem ser testadas. Quanto mais próximas ao tema
escolhido, mais refinada será sua busca. Por exemplo, se o tema escolhido for
relacionado à degradação ambiental na cidade de Ipatinga, as palavras-chave
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poderiam ser: degradação; ambiental; Ipatinga. Ou algo mais detalhado. Se nada
aparecer, tente outras palavras.
Isso feito, uma nova página aparecerá, com os resultados da pesquisa para
aquelas palavras que você forneceu. Observe o número de referências às palavras
fornecidas e o número de páginas em que elas se encontram (indicado abaixo).
A seguir, estará a lista com os títulos dos artigos encontrados, onde constam:
nome dos autores (Sobrenome, nome), título, nome do periódico, ano de publicação,
volume, número, páginas e número de indexação. Logo abaixo, têm-se as opções
de visualização do resumo do artigo em português/inglês e do artigo na íntegra, em
português. Avalie os títulos e leia o resumo primeiro, para ver se vale à pena ler todo
o artigo.
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Ao abrir o resumo, tem-se o nome dos autores bem evidente, no início da
página (indicado abaixo). No final, tem-se, ainda, a opção de obter o arquivo do
artigo em PDF, que é um tipo de arquivo compactado e, por isso, mais leve, Caso
queria, você pode fazer download e salvá-lo em seu computador.
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Busca por periódicos
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É preciso ressaltar que você deve apenas consultar as bases de dados e os
artigos, sendo proibida a cópia de trechos, sem a devida indicação do nome do
autor do texto original (ver na apostila tipos de citação) e/ou o texto na íntegra.
Tais atitudes podem ser facilmente verificadas por nossos professores, que
farão a correção do artigo.
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