Como Escapar Da Armadilha Do Lento Crescimento PDF
Como Escapar Da Armadilha Do Lento Crescimento PDF
Como Escapar Da Armadilha Do Lento Crescimento PDF
ARMADILHA
Bernard Appy
Caio Carbone
Jairo Saddi
DO LENTO
Klenio Barbosa
Paulo Tafner
Pedro da Motta Veiga
CRESCIMENTO
Pedro Schneider
Marcelo Gazzano
Marcos Lisboa
Mario Mesquita
Sandra Polónia Rios
Sérgio Lazzarini
Anexos
Agenda segurança pública é a solução
Instituto Sou da Paz
Educação Já!
Movimento Todos Pela Educação
Em memória de Regis Bonelli
COMO ESCAPAR DA ARMADILHA DO LENTO CRESCIMENTO
Coordenação
Affonso Pastore
Autores
Alexandre Schwartsman
Ana Carla Abrão Costa
Bernard Appy
Caio Carbone
Jairo Saddi
Klenio Barbosa
Paulo Tafner
Pedro da Motta Veiga
Pedro Schneider
Marcelo Gazzano
Marcos Lisboa
Mario Mesquita
Sandra Polónia Rios
Sérgio Lazzarini
ÍNDICE
Biografias ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 8
O governo transgênero ----------------------------------------------------------------------------------------- 151
____________
BIOGRAFIAS
____________
Alexandre Schwartsman
Formou-se em administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e
em economia pela Universidade de São Paulo (USP). Cursou douto-
rado em economia na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Foi
economista-chefe do grupo Santander Brasil e diretor de Assuntos In-
ternacionais do Banco Central do Brasil durante o governo Lula. Em
sua carreira também constam passagens pelo Unibanco e pelo Banke-
rs’Association (BBA).
Bernard Appy
Formado em economia pela USP, atual diretor do Centro de Cidada-
nia Fiscal (C.CiF), um think tank independente que tem como objetivo
contribuir para a simplificação do sistema tributário brasileiro e para
o aprimoramento do modelo de gestão fiscal do país. Ocupou cargos
de direção no Ministério da Fazenda, tendo sido Secretário Executivo,
Secretário de Política Econômica e Secretário Extraordinário de Re-
formas Econômico-Fiscais. Foi sócio e diretor da LCA Consultores e
diretor da BM&FBOVESPA.
Caio Carbone
É economista da A.C.Pastore & Associados desde 2015, tendo trabalha-
do anteriormente com análise macroeconômica na mesa de operações
do Banco Santander. Concluiu a graduação e o mestrado em economia
na London School of Economics.
Jairo Saddi
Doutor em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo, pós-
-Doutorado pela Universidade de Oxford e bacharel em Direito pela
Faculdade de Direito da USP, Administrador de Empresas pela FGV-SP.
Advogado, árbitro e parecerista em São Paulo, é atualmente Professor
Klenio Barbosa
Graduado em Economia pela Universidade de São Paulo, mestrado pe-
la Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutorado em
Economia pela Toulouse School of Economics. Atualmente é professor
assistente do Insper, onde leciona as disciplinas de Teoria da Firma,
Finanças Corporativas e Economia Bancária. Tem experiência na área
de Economia, com ênfase em Regulação, Contratações Públicas, Eco-
nomia Bancária e Finanças Corporativas.
Marcelo Gazzano
É economista da A.C. Pastore & Associados desde 2011. Anteriormente
atuou como economista no Royal Bank of Scotland e na SulAmérica
Investimentos. Formado em economia pelo Ibmec-SP (atual Insper) e
com mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Marcos Lisboa
É Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia. Atuou como
diretor executivo e como vice-presidente do Itaú-Unibanco. Foi presi-
dente do Instituto de Resseguros do Brasil e atuou como secretário de
Política Econômica do Ministério da Fazenda. Foi professor assistente
de economia na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação
Getúlio Vargas e, anteriormente, como professor assistente de Econo-
mia no Departamento de Economia da Universidade de Stanford. Atu-
Mario Mesquita
É economista-chefe do Itaú Unibanco. Doutor em economia e mestrado
pela Universidade de Oxford e mestre em economia do setor público
pela Pontifica Universidade Católica (PUC-RJ). Foi sócio no Banco Bra-
sil Plural, diretor de Política Econômica no Banco Central do Brasil,
economista-chefe do ABN AMRO para Brasil e América Latina, diretor
de economia da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e atuou
também no FMI.
Sérgio Lazzarini
É PhD em administração pela Washington University e mestre em ad-
ministração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabili-
dade da USP (FEA-USP). Professor titular de organização e estratégia e
____________
1. Introdução
Quando em novembro de 2017 os associados do CDPP se reuniram
para discutir um conjunto de estudos voltados à formulação de políticas
econômicas a ser realizado ao longo de 2018, o Brasil já havia iniciado
a recuperação cíclica da profunda recessão que começou no primeiro
trimestre de 2014. Não havia mais dúvida de que o crescimento do PIB
em 2017 seria muito pequeno, mas ainda havia a esperança de que a
queda da taxa de juros combinada com o progresso na aprovação da
agenda de reformas do governo Temer, começando pela reforma da
previdência, poderia acelerar a recuperação cíclica em 2018. Com o
ano de 2018 chegando à sua parte final aquela esperança já se esvaiu,
e mesmo que atingíssemos um improvável crescimento de 2% em 2018,
chegaríamos ao final do ano, após 19 trimestres ou quase 5 anos após
o início da fase recessiva deste ciclo, a um PIB muito abaixo do pico
prévio (gráfico 1). Ainda que a última recessão não tenha sido a mais
longa e profunda da nossa história, nunca havíamos assistido um pe-
ríodo tão longo para que o PIB retornasse ao pico anterior.
Gráfico 1
O atual ciclo econômico em comparação a
todos os precedentes desde os anos oitenta
104
102
100
98
96
94
ÁREA DE SIMULAÇÃO
2018 = 1% a 2%
92
90
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Fonte: IBGE
elevadas (gráfico 2). Porém, a partir dos anos oitenta as taxas de cres-
cimento despencaram, flutuando em torno de valores muito baixos,
levando ao que Regis Bonelli (2014) denominou “armadilha do lento
crescimento”. As razões para tal queda estão tanto nos inúmeros er-
ros de diagnóstico quanto na elevada frequência de execuções mal-
feitas de política econômica, como as que levaram o país à crise da
dívida externa no início dos anos oitenta e à superinflação, que por
muitos anos foi combatida com planos heterodoxos sem qualquer fun-
damentação teórica, somente dominada em 1994, com o Plano Real.
Gráfico 2
Taxas anuais de crescimento do PIB e
médias móveis decenais
Em % ao ano
15.0
12.5
10.0
7.5
5.0
2.5
0.0
-2.5
-5.0
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2018
Entre 1950 e 1980 não somente o Brasil cresceu mais do que os Estados
Unidos, como superamos as taxas de crescimento da grande maioria
Gráfico 3
Rendas per-capita expressas em PPP – período 1980 a 2017
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Fonte: FMI
Gráfico 4
Taxas anuais de crescimento do PIB e
médias móveis decenais
Em % do PIB
-1
-2
-3
-4
-5
-6
-7
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
Gráfico 5
Taxas de investimento e exportações líquidas
Em % do PIB
Exportações Líquidas (preço 2000) (E) Exportações Líquidas (preço correntes) (E)
6 23
4 22
2 21
0 20
-2 19
-4 18
-6 17
-8 16
96 98 00 02 04 06 08 10 12 14 16
Gráfico 6
Formação bruta de capital fixo e importações
200 320
índice
índice
180 280
160 240
140 200
120 160
100 120
séries dessazonalizadas
80 80
96 98 00 02 04 06 08 10 12 14 16
Fonte: IBGE
1 A MENOS QUE ALGUÉM CONSEGUISSE PROVAR QUE AS CONSEQUÊNCIAS PRECEDEM AS CAUSAS, A PRECEDÊNCIA TEMPORAL DE UMA
VARIÁVEL SOBRE A OUTRA É O CRITÉRIO CORRETO PARA DEFINIR A DIREÇÃO DA CAUSALIDADE. O TESTE DE CAUSALIDADE DE GRANGER
FOI DELINEADO PARA ESTABELECER A PRECEDÊNCIA TEMPORAL, E MOSTRA QUE A CAUSALIDADE É UNILATERAL, INDO DA FBCF PARA AS
IMPORTAÇÕES.
Gráfico 7
Taxas de crescimento para níveis determinados de taxas de
investimento e de PTF
Taxa de investimento
PTF 0,0 PTF 0,5 PTF 1,0 PTF 1,5 PTF 2,0
35
30
25
20
15
10
PIB (%a.a)
0
1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.0 3.2 3.4 3.6
À exceção do período que vai entre 1950 e 1980 (quando nos be-
neficiamos da mudança “estrutural” exposta anteriormente) são raros
os anos nos quais a contribuição da PTF superou a marca de 1% ao ano
[Bonelli (2014)]. Um destes períodos é o que vai de 2003 a 2013, quando
o Brasil se beneficiou fortemente da confiança na execução da política
fiscal, levando à sustentabilidade da dívida pública; e, principalmente,
contou com o benefício do crescimento dos preços internacionais de
commodities. A conclusão neste ponto é que a menos que o país enve-
rede por políticas que elevem a produtividade total dos fatores, taxas
de crescimento do PIB em torno de 3% ao ano somente não esbarrarão
na limitação imposta pelos déficits nas contas correntes se nos bene-
2 ENTRE 2002 E 2005 O TOTAL DE “GASTOS TRIBUTÁRIOS” SE MANTEVE UM POUCO ABAIXO DE 1,5% DO PIB. PASSOU A CRESCER DAÍ EM
DIANTE, ESTABILIZANDO-SE EM TORNO DE UMA MEDIA DE 3% DO PIB ENTRE 2009 E 2013. A PARTIR DE 2014 PASSOU A FLUTUAR ACIMA DE
4% DO PIB TENDO, EM 2015, SUPERADO 4,5% DO PIB.
4 UMA DAS CONTROVÉRSIAS NOS ANOS DO “MILAGRE BRASILEIRO” FOI O AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDAS.
A DISCUSSÃO NAQUELES ANOS FOI EXTREMAMENTE POLITIZADA, MAS EXCELENTE ANÁLISE TEÓRICA E EMPÍRICA LANGONI (1973)
ESCLARECEU O PROBLEMA. O CRESCIMENTO ACELERADO DA INDÚSTRIA DEMANDAVA UMA QUANTIDADE DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA
QUE NÃO ERA ATENDIDA PELA OFERTA, DADOS OS INVESTIMENTOS INSUFICIENTES EM EDUCAÇÃO. COM ISSO OS SALÁRIOS DOS
TRABALHADORES QUALIFICADOS CRESCIAM MAIS ACELERADAMENTE DO QUE OS SALÁRIOS DOS NÃO QUALIFICADOS, SENDO UMA CAUSA
IMPORTANTE DO AUMENTO NA CONCENTRAÇÃO DE RENDAS.
5 POR ALGUM TEMPO AS AUTORIDADES BRASILEIRAS TIVERAM A INTUIÇÃO DE QUE ERA NECESSÁRIO FAZER ALGO PARA CAMINHAR NA DIREÇÃO
DAS EXPORTAÇÕES, MAS O CAMINHO ESCOLHIDO FOI ERRADO. CRIARAM-SE SUBSÍDIOS FISCAIS E CREDITÍCIOS ÀS EXPORTAÇÕES, EM FRONTAL
COLISÃO COM O GATT. A FORTE OPOSIÇÃO DOS EUA OBRIGOU O BRASIL A RECUAR NAQUELA TENTATIVA, MAS NUNCA RECUOU NO USO DE
ESTÍMULOS TRIBUTÁRIOS, DE ELEVAÇÃO DA PROTEÇÃO E DO CRÉDITO PARA ESTIMULAR A PRODUÇÃO DOMÉSTICA DE BENS SUBSTITUTOS DE
IMPORTAÇÃO.
6 ARAÚJO E SALERNO (2014); GOMES E PONTUAL RIBEIRO (2014); MESSA (2014); CAMPOS NETO ET AL (2014).
7 OUTRA FONTE DE ELEVAÇÃO DA PTF SÃO OS INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA, COMO É REVELADO POR UMA INVESTIGAÇÃO
CONDUZIDA PELA EQUIPE DO IPEA. VER SCHETTINI E AZZONI (2014). APESAR DA SUA IMPORTÂNCIA, TOMAMOS A DECISÃO DE NÃO
ABORDAR ESTE TEMA NO PRESENTE LIVRO PORQUE ELE JÁ FOI OBJETO DE UMA EXTENSA PESQUISA E DE RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICA
ECONÔMICA FEITAS PELO CDPP.
BIBLIOGRAFIA
ACEMOGLU, Daron; ROBINSON, James. (2012) “Why Nations Fail: The ori-
gins of power, prosperity and poverty”, Crown Publishing, Nova Iorque.
RODRIK, Dani. (2017) “Straight Talk on Trade: Ideas for a Sane World
Economy”.
____________
O CAMINHO PARA
O REEQUILÍBRIO FISCAL
Mario Mesquita
Pedro Schneider
____________
1 DE ACORDO COM DADOS DO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI), A DÍVIDA PÚBLICA DO BRASIL ENCERROU 2017 EM 83% DO
PIB, FRENTE A UMA MÉDIA DE 50% DO PIB PARA OS PAÍSES EMERGENTES. VALE NOTAR QUE A METODOLOGIA DO FMI (AO CONTRÁRIO DA
METODOLOGIA BRASILEIRA) INCLUI OS TÍTULOS PÚBLICOS LIVRES NA CARTEIRA DO BANCO CENTRAL NA DÍVIDA PÚBLICA, E PERMITE A
COMPARAÇÃO COM O NÍVEL DE DÍVIDA BRUTA DE OUTROS OS PAÍSES.
2 CÁLCULO DA INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE (IFI) ILUSTRA BEM A RIGIDEZ DO ORÇAMENTO PÚBLICO COM O CONCEITO DE
MARGEM FISCAL: HTTPS://WWW12.SENADO.LEG.BR/IFI/PDF/COPY_OF_RAF4_MARGEM_FISCAL.PDF
Figura 1
Sem reformas, teto de gastos é insustentável
100
80
59 63
Apesar disso, por mais forte que uma reforma da Previdência se-
ja, esta dificilmente reduzirá o crescimento real desse gasto a zero e,
portanto, não será uma medida única para o cumprimento do teto de
gastos e terá de ser complementada por outras medidas no gasto obri-
gatório, como descreveremos na parte final deste estudo. Isso ocorre,
porque, mesmo se uma regra fortíssima de idade mínima for adotada
e o crescimento do número de aposentados se aproximar de zero, ain-
da assim, os aumentos reais do salário mínimo, indexador de 70% dos
gastos previdenciários do setor privado, continuariam a pressionar as
contas públicas.
Por outro lado, deve-se reconhecer que o cumprimento total do teto
de gastos não é a única solução possível para atingir o reequilíbrio fiscal.
Ocorre que quanto maior o crescimento do gasto permitido ao governo,
mais lenta será a convergência para superavits primários e maior será
a necessidade de compensações, como o aumento de carga tributária.
4
6 MANOEL PIRES, 2014. E RODRIGO ORAIR, FERNANDO SIQUEIRA E SERGIO GOBETTI, 2016.
0% 1% 2% 3% 4%
0,0% (88% ; 2.1%) (92% ; 1.0%) (96% ; 0.0%) (100% ; -1.2%) (104% ; -2.3%)
AUMENTO IMPOSTO
0,5% (84% ; 2.6%) (88% ; 1.5%) (92% ; 0.5%) (96% ; -0.6%) (101% ; -1.8%)
1,0% (81% ; 3.1%) (85% ; 2.1%) (89% ; 1.0%) (93% ; -0.1%) (97% ; -1.3%)
1,5% (78% ; 3.6%) (82% ; 2.6%) (86% ; 1.5%) (90% ; 0.4%) (94% ; -0.8%)
2,0% (75% ; 4.1%) (78% ; 3.1%) (82% ; 2.0%) (87% ; 0.9%) (91% ; -0.3%)
0% 1% 2% 3% 4%
0,0% (77% ; 2.7%) (81% ; 1.7%) (84% ; 0.7%) (88% ; -0.4%) (92% ; -1.6%)
AUMENTO IMPOSTO
0,5% (74% ; 3.2%) (78% ; 2.2%) (81% ; 1.2%) (85% ; 0.1%) (89% ; -1.1%)
1,0% (71% ; 3.7%) (74% ; 2.7%) (78% ; 1.7%) (82% ; 0.6%) (86% ; -0.6%)
1,5% (67% ; 4.2%) (71% ; 3.2%) (75% ; 2.2%) (79% ; 1.1%) (83% ; 0.0%)
2,0% (64% ; 4.7%) (68% ; 3.7%) (72% ; 2.7%) (76% ; 1.6%) (80% ; 0.5%)
Figura 2
Brasil: idade de aposentadoria baixa, com reposição elevada
68 Noruega
67 Israel Portugal Itália
Polônia EUA
Espanha
66 México
Países Baixos
Bélgica Suécia Áustria
65 Reino Unido Finlandia
Suíça Argentina Dinamarca
64 Idade média: 63,4 anos OCDE EU
63 Estônia Hungria
62 Grécia Eslováquia
França
61 Coréia
África do Sul China
Taxa de reposição média: 54%
60 Rússia Turquia
Eslovênia Luxemburgo
59
58 Índia
57
56 Indonésia
55 Brasil
54
53
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Fonte: OECD
9 PARA FINS DE COMPARAÇÃO INTERNACIONAL, A BASE DE DADOS OBTIDA JUNTO AO BANCO MUNDIAL CONSIDERA COMO GASTO
PÚBLICO COM PREVIDÊNCIA, A PREVIDÊNCIA DO SETOR PRIVADO , DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS E PENSÕES SOCIAIS, COMO OS
BENEFÍCIOS DO BPC/LOAS , DO ABONO SALARIAL E DO BOLSA FAMÍLIA.
Figura 3
Brasil tem gastos elevados dado o perfil demográfico
Gastos com a previdência em % do PIB (2014)
18
16 Itália
Grécia
14 França
Áustria Portugal
12 Argentina
Eslovênia
Alemanha
Polônia
Japão
10 Brasil
Luxemburgo
8 Turquia Suécia
Eslováquia
6 Dinamarca
Israel Holanda
4 Colômbia China
Austrália
Chile
2 México Islândia
Coréia
0
5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45
Figura 4
Quantidade de beneficiários e dinâmica populacional
Em Milhões
60
50
40
30
20
0
2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030
Assim, dado que 70% dos benefícios são atrelados ao salário mínimo
e este (de acordo com a regra em vigor) é reajustado a cada ano pelas
taxas de crescimento e inflação, 70% desses gastos segue o crescimento
de beneficiários. Os 30% restantes, por sua vez, são reajustados somente
fiscal é um ajuste por meio de uma redução, ainda que gradual, do rit-
mo de crescimento dos gastos públicos. Mas, como visto, dado o peso
elevado do gasto com previdência no gasto público primário total e a
sua dinâmica futura, o sucesso dessa estratégia depende fundamen-
talmente de uma reforma da previdência.
No entanto, infelizmente, a necessidade da reforma vem sendo co-
locada em dúvida por uma discussão errônea sobre a existência ou não
de um déficit na previdência. O problema fundamental da previdência
é o seu gasto elevado e crescente, dada a atual estrutura demográfica
brasileira e não a existência (ou não) de um déficit nas suas contas.
Por mais que existam (excessivas) vinculações no orçamento público,
as quais carimbam receitas a despesas específicas, o único déficit que
importa (e que é inquestionável) é o do governo como um todo. Consi-
derar a previdência, ou qualquer outra conta primária do orçamento
público, separada das demais supõe erroneamente que, mantida a
trajetória atual insustentável nas contas públicas, haverá sobra de re-
cursos para as contas superavitárias e falta para as deficitárias. Esse
raciocínio gera incentivos errados para manipulações contábeis que
selecionem artificialmente as contas superavitárias e as deficitárias,
mas que, no final, são estratégias de soma zero, ou seja, que não alte-
ram o déficit primário total do governo.
No caso específico da versão mais propagada11, há três manipula-
ções no resultado da seguridade social (que inclui, além da previdência,
a saúde e a assistência social). Primeiro, devido ao fato de Constituição
definir a previdência dos servidores públicos em parágrafo diferente
de onde está definida a previdência dos trabalhadores do setor priva-
do, exclui-se a previdência dos servidores daquilo que se refere por
“seguridade social”. Ou seja, define-se que as aposentadorias pagas
para o setor público (as quais, como vimos, possuem um valor muitas
vezes maior que as do setor privado) são especiais e não devem ser
contabilizadas no resultado da seguridade social. Segundo, adiciona-se
o que seria arrecadado, caso não existissem renúncias tributárias na
previdência, aprovadas ao longo dos anos pelo Congresso Nacional.
Ora, por mais que se faça necessária uma revisão extensa sobre o cus-
to-benefício das renúncias tributárias, o fato é que elas foram demo-
craticamente aceitas pela sociedade por meio de seus representantes
eleitos, esses recursos não entram no caixa do governo, e, portanto, não
faz sentido que sejam contabilizados. Terceiro, adiciona-se os recursos
desvinculados pelo mecanismo constitucional da DRU (desvinculação
das receitas da União). A DRU estabeleceu ao longo dos anos que até
30% das receitas de contribuições sociais (a exceção da contribuição
previdenciária) poderiam ter uso livre pelo governo. Independente-
mente do seu mérito, o problema é que a DRU é uma lei constitucional.
Ainda assim, mesmo na contabilidade alternativa, já há déficit des-
de 2016 (ver Figura 5), reforçando que o desequilíbrio da previdência
é um fato que precisa ser encarado.
Figura 5
Seguridade Social deficitária mesmo em contabilidade alternativa
Em %
3,0
2,0
1 ,0
0,0
-1 ,0
-2,0
-3,0
-4,0
-5,0
2005 2008 2011 2014 2017
Figura 6
Transições e idade esperada de aposentadoria para homens
64
63
62
61
60
59
58
57
56
55
56 55 54 53 52 51 50 49 48 47 46 45 44 43 42 41 40
Idade em 2018
12 O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) É UM BENEFÍCIO SOCIAL NÃO CONTRIBUTIVO, PREVISTO NA LEI ORGÂNICA DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS), EM QUE É GARANTIDO O VALOR DE UM SALÁRIO MÍNIMO MENSAL PARA IDOSOS ACIMA DE 65 ANOS E
DEFICIENTES, CUJA RENDA PER-CAPITA FAMILIAR SEJA INFERIOR A UM QUARTO (1/4) DE SALÁRIO MÍNIMO.
DÉFICIT PREVIDENCIÁRIO
PROPOSTA ORIGINAL
EM % DA RCL
R$ BILHÕES R$ BILHÕES
% DO PIB
% DO PIB EM 2025 ACUMULADOS ACUMULADOS
EM 2025
EM 10 ANOS EM 10 ANOS
MEDIDAS
Total 1,20%
Diferença 0,20%
não há previsão legal para uma contribuição dos militares para o fi-
nanciamento de seus benefícios de inativos, apenas para a obtenção
de pensões por morte.
O fato é que essas regras mais benignas geram um déficit per-capi-
ta dos servidores militares (R$ 126 mil) cerca de 20 vezes maior que
o do setor privado (R$ 6 mil) e duas vezes superior ao dos servidores
civis (R$ 67 mil) (ver tabela 6). Somente como exemplo, se o déficit
per capita dos beneficiários militares fosse igual ao dos servidores
civis, haveria uma economia de cerca de R$ 18 bilhões por ano ou de
R$ 36 bilhões por ano se - no limite- fosse igual ao dos trabalhadores
do setor privado (magnitude próxima aos R$ 41 bilhões por ano se o
déficit per-capita dos servidores civis fosse igual ao do setor privado).
Um fator adicional que poderia ser atacado em uma reforma am-
pliada é a reavaliação das desonerações. O principal problema da pre-
vidência é um gasto crescente, por pressões demográficas, em meio
à regras generosas de concessão de benefícios, mas isso não significa
que não sejam necessárias mudanças no lado da receita. De acordo
com a Receita Federal, há cerca de R$ 150 bilhões (2,5% do PIB) em re-
núncias tributárias da seguridade social, sendo R$ 60 bilhões (1,0% do
PIB) referentes à contribuição previdenciária. Nessa última, os maiores
programas são o Simples (R$ 23 bilhões ou 0,4% do PIB) e a desoneração
da folha de pagamentos (R$ 15 bilhões ou 0,25% do PIB).
O Simples é uma reação à enorme complexidade tributária do país,
em que, diante das dificuldades política de aprovação de uma reforma
tributária ampla, criou-se um programa para simplificar a carga tribu-
tária de empresas menores, de modo a facilitar a sua formalização. Por
outro lado, constitui um incentivo fiscal, que pode estar prolongando
negócios ineficientes, afetando negativamente a produtividade do país
- visto que o mecanismo cria uma “punição” tributária para empresas
que crescem e ganham escala. Idealmente, uma reforma tributária
completa diminuiria o sentido de programas como o Simples.
14 FELIPE GARCIA, ADOLFO SACHSIDA E ALEXANDRE XAVIER YWATA DE CARVALHO, 2018
Figura 7A
Custo de transição para capitalização novos entrantes
Em % PIB
160
140
120
100
80
60
40
20
0
2016 2036 2060
Figura 7B
"Déficit" da Previdência*
Em % PIB
-2
-4
-6
-8
-10
-12
-14
2016 2036 2060
Figura 7C
Despesa com Previdência*
Em % PIB
10
13
12
11
10
7
2016 2036 2060
Figura 7D
Arrecadação com Previdência*
Em % PIB
0
2016 2036 2060
SE TETO
INSS IMPACTO
REDUZIDO IMPACTO RESULTADO PRIMÁRIO NO 1º ANO DÍVIDA
DE 6 SM
PARA
Figura 8
Cumprir teto de gastos exige ajuste de 5 p.p. do PIB
Em % PIB
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
1997 2010 2025
17 ALÉM DAS MEDIDAS CORRETIVAS SOBRE OS GASTOS PÚBLICOS, O DESCUMPRIMENTO DO TETO DE GASTOS TAMBÉM PROÍBE A
CONCESSÃO OU AMPLIAÇÃO DE INCENTIVOS TRIBUTÁRIOS NO LADO DAS RECEITAS.
venções. Vale notar que esses gatilhos atacam muitas das principais
fontes de pressão para o crescimento contínuo dos gastos públicos e
que poderiam inclusive ser propostas antes mesmo de serem aciona-
das como gatilhos.
O primeiro grupo de vedações tem por foco o funcionalismo pú-
blico, ao proibir reajustes e admissão de novos servidores, ressalvadas
reposições. A medida leva em consideração que o gasto com pessoal
é o segundo maior gasto primário do governo central, representando
cerca de 4,3% do PIB e 22% do gasto total. A medida justifica-se por uma
massa salarial que já é elevada na comparação internacional18, teve
crescimento médio anual real superior ao do setor privado nos últimos
anos, sendo de 1,5% entre 2013 e 2017 no primeiro e de 0,8% no segun-
do. Além disso, a medida também busca estabilizar a alta no número
de servidores ativos que ocorre desde 2003 e que também não foi al-
terada na crise, por conta da estabilidade no serviço público. Estudo
do Banco Mundial19 mostra que os servidores públicos brasileiros são
mais bem remunerados que em outros países, na comparação com o
setor privado, em uma política que distorce incentivos e é regressiva
em termos de distribuição de renda, ao alocar uma carga tributária
excessivamente concentrada no consumo no pagamento de salários
muito acima da média recebida pelo resto da população. Vale notar
que o governo aprovou em 2016 um cronograma de reajustes acima da
inflação para os servidores até 2019, o qual não poderá ser cancelado
pela emenda constitucional do teto de gastos. Assim, a estabilização
nominal dos salários médios do funcionalismo (e o cancelamento de
contratações líquidas) só poderá ocorrer a partir de 2020, mas, mes-
mo assim, contribuiria com cerca de 0,7 p.p. do PIB, ou de 14% de um
ajuste total de 5 p.p. do PIB para o cumprimento do teto. Se além da
24 PORTELA, A., G. ULYSSEA, R. PAES DE BARROS, D. COUTINHO, L. FINAMOR AND L. LIMA, 2016.
Não renovação dos subsídios do PSI e FIES Gatilho teto 6,1% 0,3%
BIBLIOGRAFIA
World Economic Outlook (WEO) Database – April 2018. Institute
Monetary Fund (IMF). http://www.imf.org/external/pubs/ft/
weo/2018/01/weodata/index.aspx
público.
https://exame.abril.com.br/economia/o-que-ciro-vai-fazer-com-a-previ-
dencia-segundo-seu-assessor/
____________
PREVIDÊNCIA
NO BRASIL:
O QUE FAZER?
Paulo Tafner
____________
1. Introdução
Os gastos previdenciários estão na raiz da crise fiscal brasileira. Não
são os únicos responsáveis, mas são certamente os mais importantes
e os mais expressivos. Há mais de duas décadas o resultado nominal
consolidado é negativo. Nos três últimos anos também o resultado
primário foi negativo, e nada há no horizonte que indique inflexão
desse comportamento. Como consequência, a dívida bruta apresenta
contínua e perigosa elevação, colocando em risco a solvência do setor
público. Como é abordado em outros capítulos, neste volume, o Brasil
vive uma crise fiscal que ainda está em estado latente, e que certamen-
te se materializará na ausência de uma consolidação fiscal que, para
que tenha sucesso exige a realização de uma reforma da previdência.
O objetivo deste capítulo é discutir em profundidade uma reforma que
supere o desequilíbrio da previdência.
Qual é atualmente esse desequilíbrio? O que nos mostram as proje-
ções? Para a União, o maior gasto previdenciário é com o Regime Geral
de Previdência Social (RGPS), com despesas que superaram os R$ 555
bilhões em 2017, com déficit de mais de R$ 182 bilhões, mas seu gasto
com o Regime Próprio (exclusivo para servidores públicos da União)
é extremamente elevado, tendo atingido mais de R$ 120 bilhões, com
um déficit de R$ 86,3 bilhões, em 2017. Para Estados o principal item
de seus orçamentos – superando gastos com educação, saúde e segu-
rança, por exemplo – é o pagamento de aposentadorias e pensões de
servidores e pensionistas. No ano de 2017, os gastos com aposentado-
rias e pensões de ex-servidores públicos estaduais atingiu a marca de
R$ 162,9 bilhões, com déficit de R$ 106 bilhões. Projeções de diversos
pesquisadores indicam que mantidas as atuais regras e o comporta-
mento demográfico projetado pelo IBGE, as despesas previdenciárias
poderão consumir mais de 18,5% do PIB nos próximos 30 anos. Trata-se
de algo inusitado que, se consumado, impedirão que o país retome o
crescimento econômico, comprometendo as próximas gerações.
2. Diagnóstico
2.1. ALGUNS DADOS BÁSICOS
Em 1988, ano de promulgação da atual Constituição Federal, o Bra-
sil tinha uma população de 141,3 milhões de indivíduos. Destes, apenas
9,2 milhões (6,5% do total) tinham 60 anos ou mais. Os que tinham 65
anos ou mais eram tão somente 5,9 milhões, ou 4,2% da população to-
tal. A esperança de vida ao nascer era de aproximadamente 63 anos.
Em média, cada mulher tinha 3,1 filhos e a mortalidade infantil era de
51,8 óbitos para cada 1000 nascidos vivos. A idade mediana de nossa
população era 21,3 anos. Éramos jovens, então, e havia 9,2 ativos para
sustentar cada inativo. O gasto previdenciário, como proporção do PIB
era algo próximo a 3,4% e a despesa do INSS era apenas 2,6% do PIB.
Naquele ano, o INSS apresentou resultado financeiro positivo equiva-
lente a 1,7% do PIB e pagou aproximadamente 9,6 milhões de benefí-
cios previdenciários mensais, número 5% maior do que o número de
indivíduos com 60 anos ou mais.
Decorridos 29 anos, a população estimada pelo IBGE em 2017 era
de 206,8 milhões de indivíduos. Desses, 26,99 milhões tinham 60 anos
ou mais (13,05% do total) e 18,49 milhões tinham 65 anos ou mais (8,94%
do total). A população idosa – tanto para o grupo de 60 anos ou mais,
quanto para o grupo de 65 anos ou mais – dobrou em termos relati-
vos. A esperança de vida ao nascer elevou-se para 76 anos; a taxa de
fecundidade caiu para menos de 2 filhos por mulher; a mortalidade in-
fantil estava em torno de 12,8 óbitos para 1000 nascidos – e em alguns
estados da federação esse número era inferior a uma dezena; a idade
mediana elevou-se em dez anos, atingindo 32,2 anos; e o número de
ativos para custear cada inativo havia caído à metade, sendo apenas
Gráfico 1
Receita, Despesa e Resultado Previdenciário
Em % do PIB
14
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
-6
1988 2001 2016
Gráfico 2
Gasto Previdenciário (% PIB) e participação da população de
65 anos ou mais no total da população
Em %.
20
18 Ucrânia
16 Itália
França
14
Grécia
12 Brasil Alemanha
10 Japão
8
Uzbequistão Turquia
6
4 Chile
Gráfico 3
Gasto com Pensões como proporção do PIB (diversos países)
Em % do PIB
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Portugal
Noruega
França
Dinamarca
Estados Unidos
Finlândia
Espanha
Egito
Brasil
Bélgica
Áustria
Tunísia
Polônia
Austrália
Grécia
Canadá
Holanda
México
Japão
Suécia
Colômbia
Suiça
Chile
Reino Unido
Nova Zelandia
Itália
Albânia
Republica Techa
Coréia do Sul
1 DADOS DE 2015 REVELAM QUE DOS 7,8 MILHÕES DE PENSIONISTAS 50% TÊM OUTRO RENDIMENTO. DESSE CONJUNTO, DOIS TERÇOS TÊM
A RENDA ADICIONAL PROVENIENTE DE APOSENTADORIA.
2 ESSE, NO ENTANTO, NÃO É O NÚMERO REAL DE CONTRIBUINTES, EM DECORRÊNCIA DA ELEVADA INFORMALIDADE NA ECONOMIA
BRASILEIRA. A PARTIR DE DADOS DO INSS, OBSERVA-SE QUE A RELAÇÃO CONTRIBUINTE/BENEFICIÁRIO ENCONTRA-SE RELATIVAMENTE
ESTÁVEL NO PATAMAR DE 2,2 CONTRIBUINTES PARA CADA INATIVO. EM 2015 ESSE NÚMERO FOI 2,15.
FONTE:
Os dados mostram com clareza que está ocorrendo uma queda ace-
lerada no número de ativos que será responsável pelo financiamento
do sistema3. O inverso da razão de dependência demográfica era 8,2
em 1980 e será apenas 1,65 em 2060. Mantida a taxa de reposição de
AC -118.422.777 -48.367.214
AP -71.662.944
RO 174.965.760
RR 309.032.221
FONTE:
FONTE:
VALORES DO PARANÁ ESTÃO AJUSTADOS TENDO EM VISTA QUE ESSE ESTADO,
AO CONTRÁRIO DA ORIENTAÇÃO DA STN, LANÇA A INSUFICIÊNCIA FINANCEIRA DO RPPS COMO OUTRAS RECEITAS
CORRENTES, REDUZINDO O DÉFICIT REAL DO RPPS. ALÉM DISSO, LANÇA A CONTRIBUIÇÃO PATRONAL E A INSUFICIÊNCIA
COMO RECEITAS INTRAORÇAMENTÁRIAS DA PREVIDÊNCIA SEM DEDUZIR COMO DESPESA INTRAORÇAMENTÁRIA DO
TESOURO ESTADUAL, INFLANDO SUA RECEITA GLOBAL E TAMBÉM SUA DESPESA GLOBAL.
PARTE DAS DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS DO DF 2017 FORAM
LANÇADAS COMO DESPESAS INTRAORÇAMENTÁRIAS, O QUE CORRIGIMOS PARA EVITAR DISTORÇÃO.
4 NESSA CONTA ESTÃO OS SERVIDORES CIVIS DA UNIÃO, TODOS OS SERVIDORES DE ESTADOS E SERVIDORES DAS CAPITAIS. DESSA
FORMA, ESTÃO EXCLUÍDAS AS FORÇAS ARMADAS E TODOS OS SERVIDORES DE MUNICÍPIOS QUE NÃO SÃO CAPITAIS (VER GRÁFICO 9).
5 ISSO REPRESENTA 2,24 PIBS, TRÊS VEZES SUPERIOR À DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL (75,9% DO PIB, EM 04/2018, SEGUNDO
RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO FISCAL, RAF Nº 11, JUNHO DE 2018. INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE).
Gráfico 4
Déficit atuarial 2018 a 2060 dos Regimes Próprios e Regime
Geral
Expressos em PIB.
1,20
0,70
0,21 0,12
Gráfico 5
Déficit atuarial 2018 a 2060 dos Regimes Próprios estaduais
Em R$ bilhões
2.100 18
15,5
16
1.800 14,5
14,1
13,0 14
12,3
1.500 11,4
11,3 11,3 12
10,6 10,4 10,4 10,9
1.200 9,3 9,3 9,8
10
7,9 7,9 7,7
900 7,2 8
6,2
4,9 6
600 3,7 3,5 3,6
4
2,4 2,7 2,6
300
2
0 0
DF
PB
PE
AL
MG
PI
GO
SP
AP
MS
CE
TO
MT
RO
AM
SE
ES
RN
SC
PA
AC
RJ
MA
BA
RR
RR
RS
6 NÃO HÁ DISPONIBILIDADE DE INFORMAÇÃO SOBRE PIB REGIONAL CONTEMPORÂNEO AOS DADOS DO DÉFICIT ATUARIAL DAS UFS.
UTILIZANDO, PORÉM AS INFORMAÇÕES DE 2015, A DÍVIDA PREVIDENCIÁRIA CONSOLIDADA EQUIVALE A 1,01 PIB. MAS HÁ CASOS EXTREMOS,
COMO RN, EM QUE SEU PASSIVO EQUIVALE A 4,54 PIBS LOCAIS, SEGUIDO POR PB, COM DÍVIDA DE 2,06 PIBS.
FONTE:
AC 4.439 4.848 4.472 4.480 4.545 4.707 -41 303 -234 -0,9% 6,2% -5,2%
AL 7.322 8.993 8.727 6.825 7.360 7.438 497 1.633 1.289 6,8% 18,2% 14,8%
AM 13.403 14.325 14.484 13.098 12.975 13.171 305 1.351 1.313 2,3% 9,4% 9,1%
AP 3.929 3.659 4.584 3.539 3.241 3.962 390 418 622 9,9% 11,4% 13,6%
BA 34.616 36.121 36.917 33.063 35.114 34.763 1.553 1.007 2.154 4,5% 2,8% 5,8%
CE 19.676 22.404 23.370 18.678 20.057 21.010 997 2.347 2.361 5,1% 10,5% 10,1%
DF 23.739 24.038 19.759 23.731 21.141 16.673 8 2.897 3.086 0,0% 12,0% 15,6%
ES 12.209 11.905 12.154 10.440 9.293 9.410 1.768 2.613 2.744 14,5% 21,9% 22,6%
GO 18.163 19.424 21.661 18.520 18.142 19.912 -358 1.283 1.750 -2,0% 6,6% 8,1%
MA 12.618 14.810 14.451 12.059 13.500 14.956 559 1.310 -505 4,4% 8,8% -3,5%
MG 59.405 68.402 69.996 57.974 57.341 62.460 1.431 11.061 7.535 2,4% 16,2% 10,8%
MS 12.284 10.104 10.135 10.599 9.228 10.604 1.685 876 -469 13,7% 8,7% -4,6%
MT 11.878 14.020 13.327 11.439 13.379 14.863 439 641 -1.535 3,7% 4,6% -11,5%
PA 19.459 20.357 21.314 17.677 17.022 19.246 1.782 3.335 2.068 9,2% 16,4% 9,7%
PB 8.508 9.264 9.264 7.790 8.043 7.979 717 1.221 1.285 8,4% 13,2% 13,9%
PE 23.913 25.357 26.511 22.540 23.179 25.364 1.373 2.178 1.147 5,7% 8,6% 4,3%
PI 7.059 8.445 8.529 6.353 7.488 8.027 706 956 502 10,0% 11,3% 5,9%
PR 38.896 42.434 44.324 33.482 38.957 42.586 5.414 3.477 1.738 13,9% 8,2% 3,9%
RJ 47.941 45.391 45.765 51.125 42.954 38.583 -3.184 2.437 7.182 -6,6% 5,4% 15,7%
RN 9.233 8.861 9.221 8.776 7.336 7.764 456 1.526 1.457 4,9% 17,2% 15,8%
RO 5.693 6.419 6.428 5.553 5.718 6.351 140 700 77 2,5% 10,9% 1,2%
RR 2.891 3.412 3.356 2.711 2.860 3.484 179 552 -128 6,2% 16,2% -3,8%
RS 39.471 44.451 45.973 35.830 35.483 37.051 3.641 8.968 8.923 9,2% 20,2% 19,4%
SC 20.761 21.783 21.357 17.589 18.162 19.300 3.173 3.621 2.057 15,3% 16,6% 9,6%
SE 6.368 6.760 6.957 5.788 5.830 6.163 581 929 794 9,1% 13,8% 11,4%
SP 188.059 185.305 198.392 173.524 169.539 179.572 14.535 15.766 18.820 7,7% 8,5% 9,5%
TO 6.887 7.566 8.210 6.232 7.037 7.796 654 529 414 9,5% 7,0% 5,0%
Total 658.818 688.859 709.639 619.416 614.923 643.194 39.402 73.936 66.445 6,0% 10,7% 9,4%
FONTE:
RECEITAS E DESPESAS EXCETO INTRAORÇAMENTÁRIAS.
VALORES EMPENHADOS.
Gráfico 6
Déficit atuarial (2017-2060) dos Regimes Próprios das Capitais
expresso em múltiplos de sua RCL e déficit financeiro do RPPS
em 2016
Em R$ bilhão
1.000 8
7,0 7,1
500 6,6 7
0 5,8
5,5 6
-500 5,1 5,2
4,7
4,5 4,6 4,6 4,7 5
-1.000
3,9
-1.500 3,4 3,5 4
-2.000
3
2,2 2,2
-2.500
1,7 1,7 1,8 1,9
1,5 1,6 2
-3.000 1,3
-3.500 1
0,1 0,2
-4.000 0
Boa Vista
Rio Branco
Fortaleza
Palmas
Rio de janeiro
Teresina
Maceió
Campo Grande
Macapá
Curitiba
São Paulo
Recife
João Pessoa
Vitória
Goiânia
Aracaju
Manaus
Natal
Belem
Cuiabá
São Luiz
Porto Velho
Belo Horizonte
Florianópolis
Porto Alegre
Salvador
7 UM DESSES EXEMPLOS É O TRABALHO FEITO POR DENISE GENTIL QUE ESTIMA QUE NOS ANOS 2040, MANTIDAS AS REGRAS ATUAIS,
NOSSO SISTEMA APRESENTARÁ SUPERÁVIT EXPRESSIVO. EM SEU MODELO, A ECONOMIA NÃO TERÁ INFORMALIDADE E O CRESCIMENTO DA
PRODUTIVIDADE SERÁ DE PELO MENOS 5% AO ANO.
9 NESSE ASPECTO, AS DIFERENÇAS ENTRE SERVIDORES PÚBLICOS E TRABALHADORES DA INICIATIVA PRIVADA SALTAM AOS OLHOS.
TEM SIDO FREQUENTE, PORÉM EQUIVOCADA, A PROPOSTA DE ESTABELECER IMEDIATAMENTE UM SISTEMA ÚNICO PARA TODOS OS
TRABALHADORES.
10 O AUMENTO DO VALOR DO BENEFÍCIO DEFINIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEZ COM QUE DOBRASSE O NÚMERO DE APOSENTADORIAS
RURAIS ENTRE 1991 E 1994. E APÓS ISSO, EM POUCOS ANOS, O VALOR REAL DO SM TAMBÉM DOBROU. ASSIM, EM POUCOS ANOS A DESPESA
COM APOSENTADORIAS RURAIS POR IDADE SE MULTIPLICOU POR 8.
11 SE APROVADA, NÃO HAVERIA MAIS A POSSIBILIDADE DE SE ESTABELECER POR LEI ALGO COMO O FATOR PREVIDENCIÁRIO. DA MESMA
FORMA, SE ALGUMA ATIVIDADE LABORAL FOSSE TECNOLOGICAMENTE MODIFICADA DE MODO A TORNÁ-LA MENOS INSEGURA OU MENOS
INSALUBRE, APENAS UMA EC PODERIA ALTERAR SEU TRATAMENTO PREVIDENCIÁRIO.
4.2. EQUIDADE
É de relativo domínio público que no Brasil a grande maioria
dos aposentados ganha salário mínimo ou algo pouco maior e alguns
poucos ganham aposentadorias de valor muito elevado. Não haveria
qualquer injustiça ou iniquidade se aqueles que recebem altos valores
de aposentadoria tivessem contribuído para isso, de modo que sua
aposentadoria fosse apenas o recebimento daquilo que ele poupou ao
longo da vida. Mas não é esse o caso. O fato é que todos recebem mais
do que contribuíram, mas como mostraremos, alguns recebem muito
Gráfico 7
Decomposição da despesa previdenciária do INSS, dos
Regimes Próprios de Estados e da União (Civis)
R$ 232,9 BI
R$ 45,2 BI
R$ 18,3 BI
24,8% 28,6% 45,9%
R$ 125,3 BI
R$ 12,4 BI R$ 23,1 BI
16,8% 14,6% 24,7%
Gráfico 8
Valor Médio de benefício, segundo esfera de poder, expresso
em múltiplos do benefício pago pelo INSS– Brasil: 2016
20,7
19,3
6,2
5,6
12 OS VALORES NOMINAIS SÃO: LEGISLATIVO: R$ 28,6 MIL; JUDICIÁRIO: R$ 26,5; EXECUTIVO MILITAR: R$ 8,6 MIL E EXECUTIVO CIVIL: R$ 7,7 MIL.
ESSES VALORES MÉDIOS SÃO PAGOS A POUCO MAIS DE UM MILHÃO DE BENEFICIÁRIOS (APOSENTADOS E PENSIONISTAS DA UNIÃO).
13 ESSE EXERCÍCIO REFERE-SE EXCLUSIVAMENTE AO FLUXO CORRENTE DE RECEITAS E DESPESAS. UM CÁLCULO MAIS APROPRIADO
DEVERIA USAR OS VALORES PRESENTES LÍQUIDOS DE CONTRIBUIÇÕES E BENEFÍCIOS.
14 COMO ESSE SISTEMA TRANSFERE O PASSIVO PARA AS GERAÇÕES FUTURAS, AQUELES QUE SERÃO AFETADOS NÃO TÊM VOTO E ALGUNS
SEQUER NASCERAM QUANDO O DEBATE POLÍTICO SOBRE MUDANÇAS É FEITO. ESSA É, TALVEZ, A PRINCIPAL RAZÃO PORQUE É MUITO
DIFÍCIL FAZER AQUILO QUE É OBVIO.
15 ESTA ERA TAMBÉM A CRENÇA DAS AUTORIDADES MONETÁRIAS NOS ANOS GLORIOSOS DA DOMINÂNCIA FISCAL E DA INDEXAÇÃO DE
PREÇOS E SALÁRIOS. NAQUELES ANOS O IMPOSTO INFLACIONÁRIO “RESOLVIA” O PROBLEMA DE FINANCIAMENTO DO DÉFICIT PÚBLICO, E
AS CONSEQUENCIAS SÃO CONHECIDAS.
16 PARA SERVIDORES PÚBLICOS É POSSÍVEL ELEVAR A ALÍQUOTA DE CONTRIBUIÇÃO E ESTABELECER ALÍQUOTA SUPLEMENTAR DE MODO
A ELEVAR A PARCELA DE CONTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES E COM ISSO REDUZIR OS DÉFICITS FINANCEIROS E ATUARIAIS. NO QUE SE
PROPÕE AQUI, ESSAS MEDIDAS ESTÃO CONTEMPLADAS.
18 ESTOU TRATANDO AQUI DE BENEFÍCIO PROGRAMADO E NÃO DE BENEFÍCIOS DE RISCO, COMO INVALIDEZ, MORTE OU LONGEVIDADE.
PARA ESSES, A COBERTURA DEVE SER FEITA POR SEGURO.
19 A ÚNICA EXCEÇÃO SERIA UM SISTEMA ESPECÍFICO PARA AS FORÇAS ARMADAS. HÁ RAZÕES PARA QUE AS FORÇAS ARMADAS TENHAM
UM TRATAMENTO DIFERENCIADO E POSSAM, EVENTUALMENTE, DISPOR DE UM SISTEMA ESPECÍFICO. ISSO, NO ENTANTO, NÃO SIGNIFICA
QUE DEVAM MANTER AS REGRAS E BENEFÍCIOS ATUAIS. É POSSÍVEL E DESEJÁVEL QUE SUAS REGRAS SE ASSEMELHEM AO QUE SE OBSERVA
NA MAIORIA DOS PAÍSES.
so para sua devida explicação. Por isso nos concentramos apenas nos
princípios mais fundamentais da proposta.
A reforma paramétrica proposta, além de impor a uniformização
de regras para praticamente todos os trabalhadores do setor privado
e também do setor público, permitindo a criação de um sistema úni-
co para todos, produzirá significativa redução da despesa anual com
previdência com impactos significativos no passivo atuarial. As esti-
mativas preliminares indicam que a redução de despesa em 10 anos
atingirá mais de R$ 1 trilhão e permitirá a redução de até 48% no pas-
sivo atuarial existente20.
20 DEVE-SE DESTACAR QUE A PROPOSTA APRESENTADA PELO ATUAL GOVERNO PREVIA UMA REDUÇÃO DE DESPESA, NO MESMO
HORIZONTE TEMPORAL DE R$ 800 BILHÕES. ISSO SIGNIFICA QUE A ATUAL PROPOSTA É PELO MENOS 25% MAIS POTENTE EM TERMOS DE
REDUÇÃO DA DESPESA.
21 NOTE QUE EM UM SISTEMA ATUARIALMENTE EQUILIBRADO, NÃO HÁ DÉFICIT (E NEM SUPERÁVIT) ATUARIAL. OU SEJA, AS
CONTRIBUIÇÕES FUTURAS COBREM AS DESPESAS FUTURAS
Gráfico 9
Déficit atuarial por Ente/Regime
-1
- 0,8
-2 - 1,4
-3
-4
-5 - 4,6
-6
-7
-8
- 7,9
-9
Feita essa consideração inicial, que tem por intuito alertar para o
fato de que qualquer proposição de novo sistema previdenciário para
o país deve explicitar a forma como será financiado o passivo atual-
mente existente, passamos agora a descrever o que é a proposta para
uma “Nova Previdência”.
23 ESSE NÚMERO É CERTAMENTE MAIOR, POIS NÃO INCLUI AS FORÇAS ARMADAS. SE ESSA DÍVIDA FOSSE CONTABILIZADA, ISSO FARIA
COM QUE A DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA FOSSE MULTIPLICADA POR QUASE 4.
24 A PARTIR DE ENTÃO, NÃO HAVERIA MAIS O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC-LOAS).
25 QUANTO A ISSO BASTA COMPARAR A INCIDÊNCIA DE POBREZA E EXTREMA POBREZA ENTRE CRIANÇAS E JOVENS DE UM LADO E
IDOSOS DE OUTRO, APÓS REALIZADAS AS TRANSFERÊNCIAS GOVERNAMENTAIS. INVESTIMOS DEMAIS EM IDOSOS E MUITO, MUITO POUCO
EM CRIANÇAS E JOVENS. E AINDA RECLAMAMOS QUE TEM MUITA CRIANÇA POBRE NO PAÍS.
26 A IDEIA DE FAZER DOIS SISTEMAS CONVIVEREM SENDO QUE UM DELES É PASSIVO NÃO TEM NADA DE NOVIDADE. O PLANO REAL, UM
EXEMPLO BEM SUCEDIDO DE ESTABILIZAÇÃO INFLACIONÁRIA, FEZ EXATAMENTE ISSO.
27 A PARTIR DE DADOS DA PNAD/IBGE É POSSÍVEL VERIFICAR QUE, EM MÉDIA, O VALOR DO TETO PREVIDENCIÁRIO CORRESPONDE
AO PERCENTIL 95 PARA O RENDIMENTO DAS MULHERES E AO PERCENTIL 92 PARA O RENDIMENTO DOS HOMENS, CONSIDERADO O
RENDIMENTO DO TRABALHO DE TODAS AS FONTES.
28 A ESSE RESPEITO, VER TEXTO DE FÁBIO GIAMBIAGI E OUTROS, RECENTEMENTE PUBLICADO.
29 UMA MANEIRA SERIA MANTER O VALOR NOMINAL CONSTANTE E DEIXAR QUE A INFLAÇÃO CORROA SEU VALOR. O PROBLEMA AQUI É
QUE INFLAÇÕES MUITO ELEVADAS PODEM DESEQUILIBRAR O SISTEMA. OUTRA ALTERNATIVA SERIA ESTABELECER UM ÍNDICE QUE FOSSE
APENAS UMA PARTE DA INFLAÇÃO. SE DESEJARMOS, POR EXEMPLO QUE, A CONVERGÊNCIA SE DÊ EM 20 ANOS, PODEMOS APLICAR UM
REDUTOR DE 2,5% AO ANO.
30 VER OCDE, 2017. PENSIONS AT A GLANCE. OECD AND G20 INDICATORS.
década seguinte seja de 4,1% ao ano, com média global de 4.0% (trata-se,
obviamente, apenas de um exercício com o objetivo de dimensionar as
magnitudes). O Piso foi fixado, em 2020, com o valor igual ao salário
mínimo, e a partir de então será corrigido pela inflação. O Benefício
universal será concedido aos 65 anos, sendo seu valor fixado em 70%
do salário mínimo no primeiro ano de vigência da reforma. A contri-
buição do empregado se dará até o limite do teto de contribuição para
cada situação específica; a contribuição do empregador continuará
sendo 20% sobre a folha; e a parcela de capitalização será composta
pela contribuição do empregado à razão de 8,5% sobre o excedente em
relação ao teto nocional e outros 8,5% do empregador, podendo adicio-
nalmente ter uma percentagem do FGTS paga pelo empregador, sem
qualquer acréscimo à contribuição total do empregador.
OS VALORES SIMULADOS DEPENDEM DA INFLAÇÃO. NO EXERCÍCIO FOI APRESENTADA UMA TRAJETÓRIA DE INFLAÇÃO, MAS PODERÁ SER
OUTRA, PORÉM SEM IMPACTO NOS RESULTADOS
31 NO EXERCÍCIO NÃO FOI CONTEMPLADA A TRAJETÓRIA DA PRODUTIVIDADE DA ECONOMIA. EXERCÍCIOS ESTÃO SENDO FEITOS
INCORPORANDO ESSE FATOR. A INCORPORAÇÃO DA PRODUTIVIDADE PROVOCARIA ACELERAÇÃO NO PROCESSO AQUI DESCRITO.
NESSE CASO FOI APLICADO UM PROCEDIMENTO PARA CONVERGIR A RAZÃO DE TETOS PARA 0,7 EM 20 ANOS PARA QUALQUER
PATAMAR DE INFLAÇÃO
32 OS NOVOS DADOS DEMOGRÁFICOS DIVULGADOS RECENTEMENTE PELO IBGE PRESSIONAM UM POUCO MAIS A TRAJETÓRIA DE
DESPESAS. MAS O PRINCIPAL EFEITO É A ANTECIPAÇÃO DO AUMENTO DA DESPESA, DE MODO QUE O FUNCIONAMENTO DO NOVO MODELO
PREVIDENCIÁRIO TERÁ MAIOR IMPACTO PROPORCIONAL NOS PRIMEIROS ANOS, DURANTE A DÉCADA DE 2030. MAS EXATAMENTE PORQUE
TERÁ POUCOS PARTICIPANTES NO INÍCIO, A PERDA DE ARRECADAÇÃO SERÁ MONETARIAMENTE DE POUCA MONTA.
33 PARA TRABALHADORES JOVENS QUE TENHAM ENTRADO NO MERCADO DE TRABALHO ANTES DESSA DATA A ADESÃO AO SISTEMA
SERÁ FACULTATIVA.
____________
O GOVERNO
TRANSGÊNERO1
Alexandre Schwartsman
____________
1 MEUS AGRADECIMENTOS À EQUIPE DO TESOURO NACIONAL, ENTÃO LIDERADA POR ANA PAULA VESCOVI, PELA ORIENTAÇÃO PARA
NAVEGAR OS CONJUNTOS DE DADOS AQUI DESCRITOS. NA IMPOSSIBILIDADE DE NOMEAR CADA UM DELES, EXPRESSO MINHA GRATIDÃO
EM PARTICULAR A FELIPE PALMEIRA BARDELLA, QUE ME ENSINOU MUITO MAIS DO QUE EU IMAGINAVA SER CAPAZ DE APRENDER.
AGRADEÇO TAMBÉM AOS COMENTARISTAS DO CDPP POR SUGESTÕES E CORREÇÕES, EM ESPECIAL A AFFONSO PASTORE. ISTO DITO, ERROS,
IMPRECISÕES E OMISSÕES SÃO DE MINHA COMPLETA E EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE.
1. Introdução
A opção do governo brasileiro tem sido, pelo menos desde o pri-
meiro mandato de FHC, por uma socialdemocracia, aqui entendida
como a ampliação de uma rede de proteção social já prevista na Cons-
tituição de 1988 (previdência e assistência sociais, o SUS entre outros)
refletindo talvez um anseio da própria sociedade. 30 anos depois da
constituição e quase um quarto de século depois de conquistada a es-
tabilidade de preços, porém, o que temos é um modelo híbrido, que
pode ser definido como uma socialdemocracia europeia presa no corpo
de uma economia emergente.
O resultado é um nível de gasto similar (quando não superior) ao
dos países da Europa mais engajados no modelo socialdemocrático,
porém com resultados pífios no sentido de produzir no país um nível
de bem-estar similar ao daquelas nações, em boa parte porque uma
parcela significativa do gasto, mesmo o dito gasto social, beneficia uma
parcela reduzida da sociedade: o funcionalismo público.
Apesar dos benefícios sociais, que, somando a seguridade (dos se-
tores público e privado) e a assistência, representarem 37% da despesa
total (e 46% da despesa primária), a distribuição do dispêndio favore-
ce um grupo relativamente pequeno de pessoas que em seu conjunto
concentra pouco menos da metade do gasto do governo. Este entendi-
mento, de que somos uma socialdemocracia presa no corpo de um país
emergente, é crucial, seja no que se refere ao diagnóstico da questão
fiscal no Brasil, seja por suas implicações de economia política, já que
mudanças no perfil do gasto afetam em princípio um grupo relativa-
mente pequeno, porém articulado, da população.
De fato, à luz dos dados que serão aqui apresentados não há como
ignorar como corporações conseguiram se apropriar do estado brasilei-
ro e refazê-lo à sua imagem e semelhança, ou, pelo menos, à imagem e
semelhança de suas demandas. É notável também a capacidade destes
grupos “venderem” à sociedade que a defesa de seus interesses equi-
2 UM BOM PONTO DE PARTIDA SERIA, SEM DÚVIDA, RECENTE MATÉRIA DO JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO APONTANDO QUE CERCA
DE UM QUARTO DA BANCADA DE CÂMARA DOS DEPUTADOS (132 EM 513) É COMPOSTA POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS. HTTPS://NOTICIAS.
UOL.COM.BR/ULTIMAS-NOTICIAS/AGENCIA-ESTADO/2018/07/22/LOBBY-DO-SERVIDOR-REUNE-A-MAIOR-BANCADA-DA-CAMARA.HTM
3 NÃO SE TRATA DE ENDOSSAR TAL OPÇÃO, MAS DE RECONHECER QUE O ATUAL ARRANJO NÃO CORRESPONDE A ELA.
4 AQUI EXCLUÍMOS PAÍSES MUITO PEQUENOS (TUVALU, KIRIBATI, NAURU, ETC.), CUJO GASTO TIPICAMENTE SUPERA O PIB. OS
DADOS PODEM SER ACHADOS NO WEO HTTP://WWW.IMF.ORG/EXTERNAL/PUBS/FT/WEO/2018/01/WEODATA/WEOSELCO.
Gráfico 1
Gasto público
100 Brasil
50
0 56 50 49 46 43 42 41 41 40 39 37 36 35 34 33 33 32 32 31 30 29 29 27 27 26 2 23 23 22 22 21 1919 18 17 14
ASPX?G=2001&SG=ALL+COUNTRIES
Gráfico 2
Gasto público
Em % PIB
Bangladesh
Guinea
Ethiopia
Uganda
Costa Rica
El Salvador
Burundi
Puerto Rico
Benin
Suriname
Paraguay
Honduras
Albania
Morocco
Romania
China
Botswana
Uruguay
Saudi Arabia
Guyana
Maldives
Moldova
EUA
Malta
Czech Republic
Argentina
BH
Dominica Alemanha
Portugal
Montenegro
Brasil
Kuwait
France
Finlândia
0 10 20 30 40 50 60
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2009, OGG, 2010 a 2017, DGG)
3. Os dados
São duas as fontes de dados aqui utilizadas, ambas estimadas pela
Secretaria do Tesouro Nacional (STN). A mais antiga é a série Operações
do Governo Geral (OGG)6, calculada entre 2006 e 2013, consolidando
dados do governo central, estados e municípios em bases anuais, dei-
xando de fora tanto as empresas estatais quanto o Banco Central (BC).
A outra série, mais recente, é o Demonstrativo de Operações do
5 NÃO ENTRAMOS AQUI NA DISCUSSÃO DO PERFIL DOS GASTOS DO INSS NO QUE SE REFERE À DISTRIBUIÇÃO DE RENDA. A ESTE
RESPEITO SUGIRO O TRABALHO DE PEDRO FERNANDO NERY, REFORMA DA PREVIDÊNCIA: UMA INTRODUÇÃO EM PERGUNTAS E
RESPOSTAS HTTPS://WWW12.SENADO.LEG.BR/PUBLICACOES/ESTUDOS-LEGISLATIVOS/TIPOS-DE-ESTUDOS/TEXTOS-PARA-DISCUSSAO/
TD219,
6 O ARQUIVO EM EXCEL COM OS DADOS PODE SER ENCONTRADO NO SEGUINTE ENDEREÇO: HTTPS://WWW.TESOURO.FAZENDA.GOV.
BR/DOCUMENTS/10180/246449/OPERA%C3%A7%C3%B5ES_DO_GG_2006+A+2012.XLS/FA22598E-D56F-4F33-A265-717EA418BB8C
REMUNERAÇÃO DE EMPREGADOS
Corresponde aos pagamentos feitos ao funcionalismo público e se
subdivide em dois grupos. Por um lado, os pagamentos em dinheiro ou
7 O ARQUIVO EM EXCEL COM OS DADOS PODE SER ENCONTRADO NO SEGUINTE ENDEREÇO: HTTPS://WWW.TESOURO.FAZENDA.GOV.
BR/-/ESTATISTICAS-DE-FINANCAS-PUBLICAS
8 HTTPS://WWW.TESOURO.FAZENDA.GOV.BR/DOCUMENTS/10180/476865/PFI_MANUAL_ESTATISTICAS_FISCAIS/945C2EC4-A584-4823-
9375-FFB22C070F78
9 CONTRIBUIÇÕES IMPUTADAS CORRESPONDEM À DIFERENÇA ENTRE OS BENEFÍCIOS SOCIAIS PAGOS PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
DIRETAMENTE AOS SEUS SERVIDORES (RPPS) E AS CONTRIBUIÇÕES RECEBIDAS. EM 2016, ÚLTIMO ANO PARA O QUAL TEMOS DADOS
DETALHADOS A RESPEITO, AS CONTRIBUIÇÕES EFETIVAS MONTARAM A R$ 112,6 BILHÕES (1,8% DO PIB), ENQUANTO AS IMPUTADAS
ATINGIRAM R$ 78,38 BILHÕES (1,3% DO PIB). A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL IMPUTADA É REGISTRADA TAMBÉM COMO RECEITA DO SETOR
PÚBLICO, DE MODO QUE SEU EFEITO SOBRE O RESULTADO FISCAL É NULO.
10 HÁ TAMBÉM BENEFÍCIOS DE NATUREZA NÃO PREVIDENCIÁRIA, COMO PLANOS DE SAÚDE, LICENÇA-MATERNIDADE, ETC.
JUROS
Renda de investimento devida a proprietários de certos ativos
financeiros (títulos de dívida, empréstimos, etc.). Pode ser paga a não
residentes, residentes (exceto outras unidades do governo) e outras
unidades do governo. Para o governo geral, quando se consolidam os
resultados das diferentes esferas, este último caso se anula.
SUBSÍDIOS
São transferências unilaterais (portanto sem contrapartida) de
recursos concedidos a produtores em razão do nível de atividade pro-
dutiva, quantidade ou valor de bens e serviços produzidos, vendidos
ou importados.
TRANSFERÊNCIAS E DOAÇÕES
São transferências (correntes ou de capital) de uma unidade de
governo às demais, ou governos estrangeiros, ou organizações inter-
nacionais. Como no caso do pagamento de juros, na consolidação das
contas públicas as transferências intragovernamentais se anulam e o
saldo desta conta é próximo a zero.
BENEFÍCIOS SOCIAIS
Transferências (em dinheiro ou espécie) para proteger a população
(ou certos segmentos) contra determinados riscos sociais. São subdivi-
didos em benefícios de seguridade social (aposentadorias, pensões, au-
xílio-doença, seguro desemprego, etc.); benefícios de assistência social,
que, em contraste com o anterior, não pressupõem vinculação a um
OUTRAS DESPESAS
São divididas em dois subgrupos: demais despesas patrimoniais,
incluindo pagamento de dividendos, aluguéis, etc., que representam
valores muito reduzidos, da ordem de dezenas de milhões por ano; e
outras despesas diversas, essencialmente transferências para indivídu-
os, instituições sem fins lucrativos, organizações não-governamentais,
fundações, etc., que não foram incluídas entre as demais transferên-
cias. Historicamente oscilam ao redor de 1,3% do PIB (cerca de R$ 90
bilhões/ano).
4. Resultados
Os principais resultados são mostrados nas tabelas abaixo. A pri-
meira mede as despesas como proporção do PIB. Como, porém, a que-
da do PIB em 2015 e 2016 tende a elevar o gasto medido desta forma,
apresentamos também as estimativas a preços constantes de 2017.
No caso, os dados anuais foram trazidos a preços de 2017 pelo de-
flator implícito do PIB, o que facilita o entendimento da variação relati-
vamente ao produto, como explorado na próxima seção. Em particular,
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
1. Remuneração de
empregados 11,5 11,7 12,0 12,4 12,0 11,9 11,8 12,1 12,3 12,9 13,0 13,3
Governo central 4,4 4,3 4,2 4,5 4,2 4,0 3,8 3,8 3,8 4,0 4,0 4,2
Governo estadual 4,0 4,3 4,5 4,3 4,3 4,3 4,3 4,6 4,6 4,9 4,8 4,9
Governo municipal 3,1 3,2 3,3 3,5 3,5 3,5 3,7 3,8 3,9 4,1 4,2 4,2
2. Uso de bens e
serviços 6,3 6,3 6,2 6,3 5,6 5,5 5,5 5,4 5,5 5,4 5,4 5,1
Governo central 1,8 1,9 1,6 1,7 1,2 1,1 1,1 1,1 1,1 1,2 1,2 1,1
Governo estadual 1,7 1,7 1,8 1,9 1,7 1,7 1,7 1,8 1,7 1,6 1,6 1,5
Governo municipal 2,7 2,8 2,8 2,8 2,7 2,7 2,7 2,5 2,7 2,6 2,6 2,5
3. Juros 6,4 5,5 5,6 5,1 7,5 8,1 7,3 7,3 7,9 12,4 10,5 8,8
4. Subsídios 0,3 0,4 0,2 0,1 0,2 0,4 0,5 0,5 0,5 0,4 0,5 0,4
Governo central 0,3 0,4 0,2 0,1 0,2 0,4 0,5 0,5 0,5 0,4 0,4 0,3
Governo estadual 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Governo municipal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
5. Transferências e
doações 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,1
6. Benefícios sociais 10,2 10,2 9,8 10,3 13,7 13,6 13,9 14,2 14,8 15,6 17,0 17,6
Governo central 8,0 8,0 7,6 8,1 11,4 11,3 11,6 11,8 12,2 12,8 13,9 14,5
Governo estadual 1,9 1,8 1,8 1,8 1,8 1,8 1,9 2,0 2,1 2,2 2,4 2,5
Governo municipal 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,6 0,6 0,6
7. Outras despesas 0,9 0,8 1,3 0,8 1,0 1,1 1,3 1,3 1,3 1,4 1,4 0,9
Governo central 0,1 0,0 0,5 0,1 0,2 0,3 0,4 0,4 0,5 0,3 0,3 0,2
Governo estadual 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,4 0,5 0,5 0,5 0,5 0,6 0,3
Governo municipal 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,4
8. Investimento em
ativos não financeiros 2,2 2,1 2,7 2,7 2,7 2,2 2,1 2,2 2,4 1,7 1,5 1,2
Governo central 0,7 0,8 0,9 1,0 0,8 0,6 0,5 0,6 0,7 0,4 0,4 0,4
Governo estadual 0,6 0,5 0,7 0,9 1,0 0,8 0,7 0,9 1,0 0,6 0,5 0,5
Governo municipal 0,8 0,8 1,0 0,8 0,9 0,8 0,9 0,6 0,7 0,7 0,6 0,3
DESPESA TOTAL 37,8 37,1 37,8 37,8 42,6 42,8 42,4 43,0 44,8 49,8 49,3 47,3
DESPESA PRIMÁRIA 31,5 31,6 32,2 32,7 35,1 34,7 35,1 35,7 36,9 37,4 38,9 38,5
Governo central 15,3 15,4 15,0 15,6 17,9 17,8 17,8 18,2 18,9 19,2 20,4 20,8
Governo estadual 8,8 8,7 9,3 9,4 9,4 9,1 9,2 9,7 9,9 9,8 9,9 9,7
Governo municipal 7,3 7,5 7,9 7,8 7,8 7,8 8,1 7,7 8,2 8,4 8,6 8,1
FONTE:
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
1. Remuneração de
empregados 612 662 713 733 763 784 795 843 858 871 844 872
Governo central 233 241 249 269 266 265 255 261 265 271 261 277
Governo estadual 213 240 267 256 276 286 292 319 323 327 312 322
Governo municipal 166 181 197 208 220 233 248 262 270 273 271 274
2. Uso de bens e
serviços 333 357 369 372 356 362 369 374 386 361 353 332
Governo estadual 92 95 108 111 111 112 116 123 120 107 103 96
Governo municipal 146 155 166 163 171 177 180 174 188 175 170 164
3. Juros 339 312 332 305 477 535 492 506 550 834 681 575
4. Subsídios 18 20 11 9 12 29 32 33 37 28 30 24
Governo central 18 20 10 8 11 28 31 33 36 28 28 22
Governo estadual 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1 1
Governo municipal 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5. Transferências e
doações 0 0 0 0 2 2 2 2 4 3 5 4
6. Benefícios sociais 544 576 578 611 869 897 940 986 1.033 1.049 1.102 1.154
Governo central 425 452 451 481 727 747 779 819 854 861 904 949
Governo estadual 101 102 104 105 116 122 130 136 143 149 157 165
Governo municipal 18 22 24 25 27 28 30 31 36 38 40 41
7. Outras despesas 47 44 76 48 62 75 86 88 92 94 93 62
Governo central 5 2 30 3 10 21 26 30 33 22 18 13
Governo estadual 28 26 29 27 29 30 31 31 32 36 40 21
Governo municipal 14 16 17 18 22 24 28 26 27 36 34 28
8. Investimento
em ativos não
financeiros 116 120 159 160 171 145 145 150 166 111 97 77
Governo central 38 45 54 60 49 39 35 43 47 28 26 25
Governo estadual 34 28 44 54 67 51 48 64 68 39 31 30
Governo municipal 45 47 61 45 56 55 62 43 50 44 40 22
DESPESA TOTAL 2.010 2.092 2.238 2.238 2.712 2.829 2.860 2.983 3.125 3.351 3.204 3.100
DESPESA PRIMÁRIA 1.671 1.780 1.906 1.933 2.235 2.293 2.368 2.476 2.575 2.517 2.524 2.525
Governo central 813 867 889 920 1.139 1.175 1.202 1.266 1.317 1.292 1.323 1.361
Governo estadual 469 491 552 554 600 601 617 674 688 658 645 635
Governo
municipal 390 422 466 459 495 518 549 537 571 567 556 528
FONTE:
Gráfico 3
Despesa total
Em % PIB
51
43
37
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2009, OGG, 2010 a 2017, DGG)
Gráfico 4
Despesa total
3.400
2.700
2.000
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2009, OGG, 2010 a 2017, DGG)
Gráfico 5
Despesa primária total
Em % PIB
40
35
30
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2009, OGG, 2010 a 2017, DGG)
Gráfico 6
Despesa primária total
2.600
2.100
1.600
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2009, OGG, 2010 a 2017, DGG)
11 NOTE-SE AQUI QUE SE TRATA DE DESPESA NOMINAL COM JUROS, ISTO É, NÃO LEVAMOS EM CONTA O EFEITO DA CORROSÃO
INFLACIONÁRIA DO ESTOQUE DA DÍVIDA, TÓPICO QUE EXPLORAREMOS ADIANTE.
Gráfico 7
Despesa primária
Em % PIB
40
8,6 8,1
8,4
8,2
30 7,8 7,8 8,1 7,7
7,3 7,5 7,9 7,8
9,9 9,7
9,9 9,8
20 8,8 8,7 9,3 9,4 9,4 9,1 9,2 9,7
10
15,3 15,4 15,0 15,6 17,9 17,8 17,8 18,2 18,9 19,2 20,4 20,8
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2009, OGG, 2010 a 2017, DGG)
Gráfico 8
Despesa primária
3000
813 867 889 920 1.139 1.175 1.202 1.266 1.317 1.292 1.323 1.362
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2009, OGG, 2010 a 2017, DGG)
Gráfico 9
Despesa primária
Em % PIB
40 1,7
1,5 1,2
2,4
2,7 2,2 2,1 2,2
2,7 2,7
2,2 2,1
14,8 15,6 17,0 17,6
30 13,9
14,2
13,6
13,7
10,3
10,2 10,2 9,8
20
5,4 5,1
5,5 5,4
6,3 6,3 6,2 6,3 5,6 5,5 5,4
5,5
10
11,5 11,7 12,0 12,4 12,0 11,9 11,8 12,1 12,3 12,9 13,0 13,3
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2009, OGG, 2010 a 2017, DGG)
12 ENTRE 2006 E 2009 A EXPANSÃO DESTES GASTOS FOI MAIOR, R$ 121 BILHÕES, NESTE CASO MAIS EQUANIMEMENTE REPARTIDA ENTRE
GOVERNO CENTRAL (R$ 37 BILHÕES), ESTADOS (R$ 43 BILHÕES) E MUNICÍPIOS (R$ 41 BILHÕES).
Gráfico 10
Despesa primária
3000
166 111 97 77
150
145
145
171
171
2000 159
120 1102 1154
116 1033 1049
940 986
869 897
578 869
576
544
612 662 713 733 763 784 795 843 858 871 844 872
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2009, OGG, 2010 a 2017, DGG)
13 AQUI SE VÊ A VANTAGEM DE UTILIZAR O DEFLATOR IMPLÍCITO PARA AJUSTAR O EFEITO DA INFLAÇÃO SOBRE OS GASTOS. SE
USÁSSEMOS OUTRO DEFLATOR, TERÍAMOS QUE AJUSTAR A FÓRMULA PARA LEVAR EM CONTA EVENTUAIS DIFERENÇAS ENTRE ESTE ÍNDICE
E O DEFLATOR IMPLÍCITO.
* VALORES ARREDONDADOS
FONTE:
14 ESTAMOS AQUI DEDUZINDO R$ 110,2 BILHÕES NA CONTA DE BENEFÍCIOS SOCIAIS DO EMPREGADOR REFERENTE A SAQUES DO FGTS
(PRINCIPALMENTE) E PIS/PASEP (EM MENOR GRAU),
Gráfico 11
Administração, defesa, saúde e educação públicas e
seguridade social
Total de ocupados
11.600
11.000
10.400
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Gráfico 12
Benefícios do empregador/Gastos total com empregados
Em %
40
33,1
30,6 30,5 30,6 30,4 30,3 29,5 30,3 30,3 30,3 30,7
29,2 29,5 30
30
20
12,3
10,9 11,5
10,1 9,9 10,1 10
10
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
15 HOUVE, A BEM DA VERDADE, AUMENTO EXPRESSIVO DO TOTAL DE FUNCIONÁRIOS FEDERAIS (NO CASO ATIVOS, INATIVOS E
PENSIONISTAS), DE 1,095 MILHÃO EM 2002 (493 MIL ATIVOS, 382 MIL INATIVOS E 220 MIL PENSIONISTAS) PARA 1,235 MILHÃO EM 2010 (606
MIL ATIVOS, 376 MIL INATIVOS E 253 MIL PENSIONISTAS), ATINGINDO 1,312 MILHÃO EM 2017 (RESPECTIVAMENTE 655 MIL, 413 MIL E 245 MIL). A
RAZÃO, CONTUDO, ENTRE INATIVOS/PENSIONISTAS E FUNCIONÁRIOS NA ATIVA RECUOU DE 1,21 EM 2003 PARA 1,04 EM 2010 E 1,00 EM 2017.
HTTP://PAINEL.PEP.PLANEJAMENTO.GOV.BR/QVAJAXZFC/OPENDOC.HTM?DOCUMENT=PAINELPEP.QVW&HOST=QVS%4017-0112-B-IAS06
tado abaixo.
Feita esta importante ressalva, a tabela a seguir revela, por linha
de despesa, qual o crescimento anual médio (entre 2010 e 2017) do PIB
necessário para mantê-la estável no mesmo nível observado em 2010.
3. Juros 3,2
4. Subsídios 63,5
FONTE:
Gráfico 13
Despesas primárias do Governo Geral
Em % do PIB
OGG DGG
40
35
30
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2013, OGG, 2010 a 2017, DGG)
16 DEVO A EXPLICAÇÃO DAS DIFERENÇAS ENTRE AS SÉRIES À EQUIPE DO TESOURO NACIONAL, EM PARTICULAR A FELIPE PALMEIRA
BARDELLA. ERROS E IMPRECISÕES AQUI, TODAVIA, SE HOUVER, SÃO DE MINHA RESPONSABILIDADE.
Gráfico 14
Despesas primárias do Governo Geral
Em R$ const 2017
OGG DGG
2.600.000
2.100.000
1.600.000
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2006 a 2009, OGG, 2010 a 2017, DGG)
Gráfico 15
Principais diferenças (GG)
Em % PIB
5.0
4.0
3.0
3,6 3,6 3,7 3,8
2.0
1.0
0.0
- 0,6 - 0,6 - 0,8 - 1,3
-1.0
-2.0
2010 2011 2012 2013
Fonte: Autor a partir de dados da Secretaria do Tesouro Nacional (OGG e DGG) e IBGE
Gráfico 16
Principais diferenças (GF)
Em % PIB
5.0
4.0
3.0
3,5 3,5 3,6 3,6
2.0
1.0
0.0
- 0,6 - 0,6 - 0,7 - 1,2
-1.0
-2.0
2010 2011 2012 2013
Fonte: Autor a partir de dados da Secretaria do Tesouro Nacional (OGG e DGG) e IBGE
17 NO CASO DOS GOVERNOS MUNICIPAIS A DISCREPÂNCIA MÉDIA ATINGIU R$ 208 MILHÕES/ANO; NO QUE TANGE A GOVERNOS ESTADUAIS
FOI UMA ORDEM DE MAGNITUDE MAIOR, R$ 8,3 BILHÕES/ANO, MAS, MESMO NESTE CASO, EQUIVALENTES A 0,1% DO PIB EM MÉDIA.
18 ORAIR, R.O. E GOBETTI, S.W “RESULTADO PRIMÁRIO E CONTABILIDADE CRIATIVA: RECONSTRUINDO AS ESTATÍSTICAS FISCAIS ‘ACIMA DA
LINHA’ DO GOVERNO GERAL”, TEXTO PARA DISCUSSÃO 2288, IPEA, ABRIL DE 2017.
1. Remuneração de empregados 9,3 9,2 9,3 9,8 9,5 9,5 9,6 10,0 10,3 10,8
Governo central 2,4 2,4 2,4 2,6 2,5 2,4 2,3 2,4 2,6 2,8
Governo estadual 3,9 3,8 3,8 4,0 3,9 3,9 4,0 4,1 4,1 4,2
Governo municipal 3,0 3,0 3,1 3,2 3,1 3,2 3,3 3,5 3,6 3,8
2. Uso de bens e serviços 5,5 5,3 5,4 5,5 5,3 5,3 5,3 5,1 5,4 5,0
Governo central 1,0 1,0 0,9 1,0 1,0 1,0 0,9 0,9 1,0 0,9
Governo estadual 1,8 1,6 1,7 1,8 1,7 1,6 1,7 1,7 1,7 1,5
Governo municipal 2,7 2,7 2,8 2,7 2,6 2,7 2,7 2,5 2,7 2,6
3. Juros n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.
4. Subsídios 0,4 0,4 0,3 0,5 0,6 0,8 0,8 1,0 1,2 1,2
Governo central 0,4 0,4 0,3 0,5 0,6 0,8 0,8 1,0 1,2 1,2
Governo estadual 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Governo municipal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
5. Transferências e doações
6. Benefícios sociais 12,4 12,0 12,6 12,6 12,3 12,0 12,4 12,6 13,2 13,7
Governo central 10,2 9,8 10,4 10,4 10,1 9,9 10,2 10,4 10,7 11,1
Governo estadual 1,9 1,8 1,8 1,8 1,8 1,7 1,8 1,8 2,0 2,1
Governo municipal 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5
7. Outras despesas 1,8 1,9 1,9 1,5 1,4 1,8 1,5 1,5 1,5 1,6
Governo central 0,4 0,5 0,3 0,3 0,2 0,3 0,2 0,3 0,5 0,4
Governo estadual 0,9 0,9 1,1 0,7 0,7 0,8 0,7 0,5 0,6 0,6
Governo municipal 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,7 0,6 0,7 0,4 0,6
8. Investimento em ativos
não-financeiros 2,0 1,7 2,1 2,3 2,7 2,1 2,1 2,1 2,5 1,7
Governo central 0,4 0,4 0,4 0,6 0,8 0,6 0,5 0,6 0,7 0,4
Governo estadual 0,8 0,5 0,7 0,9 1,0 0,7 0,7 0,9 1,0 0,6
Governo municipal 0,8 0,8 1,0 0,8 0,9 0,8 0,9 0,6 0,8 0,7
DESPESA TOTAL n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.
DESPESA PRIMÁRIA 31,4 30,5 31,6 32,2 31,8 31,5 31,7 32,3 34,1 34,0
Governo central 14,8 14,5 14,7 15,4 15,2 15,0 14,9 15,6 16,7 16,8
Governo estadual 9,3 8,6 9,1 9,2 9,1 8,7 8,9 9,0 9,4 9,0
Governo municipal 7,3 7,4 7,8 7,6 7,5 7,8 7,9 7,7 8,0 8,2
FONTE:
1. Remuneração de empregados 2,2 2,5 2,7 2,6 2,5 2,4 2,2 2,1 2,0 2,1
Governo central 2,0 1,9 1,8 1,9 1,7 1,6 1,5 1,4 1,2 1,2
Governo estadual 0,1 0,5 0,7 0,3 0,4 0,4 0,3 0,5 0,5 0,7
Governo municipal 0,1 0,2 0,2 0,3 0,4 0,3 0,4 0,3 0,3 0,3
2. Uso de bens e serviços 0,8 1,0 0,8 0,8 0,3 0,2 0,2 0,3 0,1 0,4
Governo central 0,8 0,9 0,7 0,7 0,2 0,1 0,2 0,2 0,1 0,3
Governo estadual -0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,1 0,0 0,1 0,0 0,1
Governo municipal 0,0 0,1 0,0 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
3. Juros
4. Subsídios -0,1 0,0 -0,1 -0,4 -0,4 -0,4 -0,3 -0,5 -0,7 -0,8
Governo central -0,1 0,0 -0,1 -0,4 -0,4 -0,4 -0,3 -0,5 -0,7 -0,8
Governo estadual 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Governo municipal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
5. Transferências e doações 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0
6. Benefícios sociais -2,2 -1,8 -2,8 -2,3 1,4 1,6 1,5 1,6 1,6 1,9
Governo central -2,2 -1,8 -2,8 -2,3 1,3 1,4 1,4 1,4 1,5 1,7
Governo estadual 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1
Governo municipal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1
7. Outras despesas -0,9 -1,1 -0,6 -0,7 -0,4 -0,7 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2
Governo central -0,3 -0,5 0,2 -0,2 0,0 0,0 0,2 0,1 0,0 -0,1
Governo estadual -0,4 -0,4 -0,6 -0,2 -0,2 -0,4 -0,2 0,0 -0,1 -0,1
Governo municipal -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,3 -0,2 -0,3 0,0 -0,1
8. Investimento em ativos
não-financeiros 0,2 0,4 0,6 0,4 0,0 0,1 0,0 0,1 -0,1 0,0
Governo central 0,3 0,4 0,5 0,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Governo estadual -0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0
Governo municipal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -0,1 0,0
DESPESA TOTAL
DESPESA PRIMÁRIA 0,1 1,1 0,6 0,5 3,3 3,2 3,4 3,4 2,8 3,4
Governo central 0,5 0,9 0,3 0,2 2,7 2,8 2,9 2,6 2,2 2,4
Governo estadual -0,5 0,1 0,2 0,2 0,3 0,4 0,3 0,7 0,5 0,8
Governo municipal 0,0 0,1 0,1 0,2 0,3 0,0 0,2 0,0 0,2 0,2
Gráfico 17
Juro real e nominal sobre a dívida
Em % PIB
14,0
6,0
0,0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Fonte: Autor a partir de dados da Secretaria do Tesouro Nacional (DGG), BCB e IBGE
19 A MEDIDA DA DÍVIDA NO CASO É A DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL, CALCULADA PELO BC DE ACORDO COM A METODOLOGIA
UTILIZADA A PARTIR DE 2008. HTTP://WWW.BCB.GOV.BR/HTMS/INFECON/SERIEHISTDLSPBRUTA2008.ASP . CASO UTILIZÁSSEMOS A DÍVIDA
DE FINAL DE PERÍODO A ESTIMATIVA DA CORROSÃO INFLACIONÁRIA SERIA TIPICAMENTE MAIOR, PORQUE A DÍVIDA TEM TRAJETÓRIA
CRESCENTE, OU SEJA, O FINAL DE PERÍODO É SUPERIOR À MÉDIA.
Gráfico 18
Juro real e nominal sobre a dívida
Preço de 2017
900.000
400,000
0,0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Autor a partir de dados da Secretaria do Tesouro Nacional (DGG), BCB e IBGE
DESPESA OPERACIONAL –
R$ milhões de 2017 2.452 2.574 2.618 2.742 2.867 3.096 2.898 2.942
DESPESA PRIMÁRIA –
R$ milhões de 2017 2.235 2.293 2.368 2.476 2.575 2.517 2.524 2.525
JURO REAL – R$ milhões de 2018 217 281 250 266 292 579 374 417
DESPESA OPERACIONAL – % PIB 38,6 38,9 38,9 39,5 41,1 46,0 44,6 44,8
DESPESA PRIMÁRIA – % PIB 35,1 34,7 35,1 35,7 36,9 37,4 38,9 38,5
JURO REAL – % PIB 3,4 4,3 3,7 3,8 4,2 8,6 5,8 6,4
FONTE:
10. Conclusões
O gasto público no país, mesmo deixando de fora as empresas es-
tatais, atingiu quase 50% do PIB em 2015 e 2016, registrando modesta
queda para 47% do PIB em 2017. Estes valores se comparam a gastos
ao redor de 42% do PIB no início da década, conclusão que não se al-
tera muito caso consideremos apenas a parcela do gasto com juros
que supera a inflação: neste caso o gasto operacional se encontra na
casa de 45% do PIB, comparado a valores ao redor de 39% do PIB no
período 2010-2014.
Em particular, a despesa primária, próxima a 35% do PIB no começo
da década, tem se mantido acima de 38% do PIB em 2016 e 2017. Em
Gráfico 19
Benefícios sociais
% PIB
10
5
6,9 6,8 6,4 6,7 6,6 6,4 6,6 6,7 6,8 7,3 8,1 8,5
4
1 0,3 0,3 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,5 0,5 0,4
0,5 0,5 0,5 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,7 0,7 0,8 0,8
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Gráfico 20
Banefícios sociais
R$ bilhões de 2017
700
600
500
400
557
527
476 489
300 465
443
417 425
399
384 380
325
200
100
44 47 48 51 54
26 29 31 34 37 38 41
17 19 20 22 24 26 30 32 33 31 30 29
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
21 A ESTE RESPEITO VER O RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO FISCAL DA IFI (FEVEREIRO DE 2018) HTTP://WWW2.SENADO.LEG.BR/BDSF/
BITSTREAM/HANDLE/ID/538087/RAF13_FEV2018_PT03.PDF
22 HTTPS://EXAME.ABRIL.COM.BR/ECONOMIA/DYOGO-SERVIDORES-PUBLICOS-ESTAO-ENTRE-OS-4-MAIS-RICOS/
____________
LEI DE RESPONSABILIDADE
FISCAL: UMA JOVEM
QUE FICOU VELHA1
Ana Carla Abrão Costa
Jario Saddi
____________
1 AGRADECEMOS A GABRIELA LEAL, TATIANA ALEIXO, MARINA GONTIJO E MARCELO CEZARINI PELO TRABALHO DE PESQUISA E TRATAMENTO
DOS DADOS. OS COMENTÁRIOS DE AMAURY BIER E AFFONSO PASTORE CONTRIBUÍRAM PARA A VERSÃO FINAL. ERROS SÃO, NATURALMENTE,
DE NOSSA INTEIRA RESPONSABILIDADE.
1. Introdução
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), promulgada em 04 de maio
de 2000, na esteira da renegociação de dívidas de Estados e municí-
pios pela União, teve como motivação principal o aperfeiçoamento da
gestão fiscal do país nos três níveis da federação. A LRF buscou for-
talecer conceitos de planejamento público, a transparência nas ações
dos gestores públicos, além do equilíbrio das contas públicas por meio
do cumprimento de metas fiscais e obediência aos limites impostos.
Ao longo de seus capítulos, a LRF define diretrizes de execução fiscal
e delimita competências e responsabilidades dos agentes públicos.
O objetivo, portanto, era o de fomentar uma gestão fiscal responsá-
vel, garantindo o equilíbrio de longo prazo das contas públicas. Além
disso, evitar um novo colapso fiscal, em particular dos entes subnacio-
nais, era um objetivo adicional, traduzido na limitação e controle da
capacidade de endividamento de Estados e municípios e garantindo
que o comprometimento das receitas com despesas obrigatórias, nota-
damente as de pessoal, não consumisse a totalidade dos recursos pró-
prios. Os limites de gastos correntes deveriam garantir, além da sus-
tentabilidade fiscal, que houvesse recursos disponíveis para financiar
investimentos e o custeio da máquina e, consequentemente, a provisão
de serviços públicos com qualidade.
Mas a realidade evoluiu de forma distinta ao longo desses 18 anos.
Embora extremamente eficaz ao longo dos 10 primeiros anos de vigên-
cia, observa-se um crescente esvaziamento da LRF. Esse processo vem
contribuindo de forma relevante para os graves desequilíbrios fiscais
observados nos entes subnacionais. A flexibilização dos critérios de
endividamento e, de forma mais acentuada, a desatualização do con-
ceito original de gastos de pessoal vêm mascarando a real situação de
desequilíbrio fiscal dos entes federados. Isso vem sendo possível gra-
ças a interpretações específicas por parte dos Tribunais de conta no
que tange à despesa de pessoal e também com a exclusão de gastos
Gráfico 1
Crescimento real da RCL e das despesas de pessoal dos
Estados de 2011 a 2016
Em % de evolução considerando correção IPCA
+0,82%
+3,17%
120
110
2 A MÉDIA DE CRESCIMENTO DOS ESTADOS BRASILEIROS FOI DE 57% ENTRE 2006 E 2016
3 ART. 169 A DESPESA COM PESSOAL ATIVO E INATIVO DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS NÃO PODERÁ
EXCEDER OS LIMITES ESTABELECIDOS EM LEI COMPLEMENTAR. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
e de se tornarem inelegíveis.
Embora os limites da despesa total para cada nível da federação e
esfera de poder estejam claramente definidos e previstos, em matéria
punitiva, ainda há espaço para o descumprimento desses limites, espe-
cialmente quando enfrentado no âmbito do Poder Judiciário.
No campo judicial os problemas não são menores. Os magistrados
em geral aparentam ter preocupações com os limites estabelecidos
pela LRF, mas entendem que eles não podem ser impedimento para o
cumprimento de outras leis e direitos, princípios jurídicos maiores, em
especial os direitos dos servidores públicos. Nesse contexto, pode haver
certa flexibilização das punições e do cumprimento dos limites, contri-
buindo para o desequilíbrio fiscal, ainda que de forma fundamentada.
As principais justificativas para essas posições têm base na interpre-
tação do art. 19, §1o, IV, da LRF, que retira os valores provenientes de
decisões judiciais da verificação dos limites de despesas com pessoal,
ou mesmo em outros dispositivos de outros diplomas que garantem
direitos diversos, como a irredutibilidade dos vencimentos de servi-
dores públicos e a revisão geral anual, previstas no art. 37, XV e X da
Constituição, respectivamente. 4 5
O Judiciário reforça a LRF em algumas matérias, mas em outras
ele não a respeita. Além disso, constatamos alguns argumentos con-
traditórios. Um exemplo do STF é uma Medida Cautelar em controle
de constitucionalidade concentrado que impede que uma Lei Estadual
do estado de Roraima gere efeitos enquanto a questão não seja julgada
4 ART. 19, § 1O NA VERIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO DOS LIMITES DEFINIDOS NESTE ARTIGO, NÃO SERÃO COMPUTADAS AS DESPESAS: IV -
DECORRENTES DE DECISÃO JUDICIAL [...] (BRASIL, 2000).
5 ART. 37, XV - O SUBSÍDIO E OS VENCIMENTOS DOS OCUPANTES DE CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS SÃO IRREDUTÍVEIS, RESSALVADO
O DISPOSTO NOS INCISOS XI E XIV DESTE ARTIGO E NOS ARTS. 39, § 4º, 150, II, 153, III, E 153, § 2º, I; E X - A REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES
PÚBLICOS E O SUBSÍDIO DE QUE TRATA O § 4º DO ART. 39 SOMENTE PODERÃO SER FIXADOS OU ALTERADOS POR LEI ESPECÍFICA,
OBSERVADA A INICIATIVA PRIVATIVA EM CADA CASO, ASSEGURADA REVISÃO GERAL ANUAL, SEMPRE NA MESMA DATA E SEM DISTINÇÃO DE
ÍNDICES. (BRASIL, 1988).
7 AS 11 DECISÕES ESTÃO DISPONÍVEIS PARA CONSULTA NO SITE DO STF E ESTÃO LISTADAS NAS NOTAS FINAIS DO ARTIGO
Gráfico 2
Crescimento real das despesas de pessoal e da RCL
de 2011 a 2016
40
Crescimento Crescimen-
médio das to médio
despesas: 17% da RCL: 4%
20
-20
DF
PB
PE
MG
AL
PI
PR
GO
SP
MS
CE
AP
TO
MT
RO
AM
PA
SC
RN
ES
SE
RJ
MA
BA
AC
RR
RS
8 EM 2015 16,9 BILHÕES FORAM RESGATADOS DE DEPÓSITOS JUDICIAIS, ATRAVÉS DA LEI COMPLEMENTAR Nº151 DE 2015, O QUE CORROBOROU
PARA QUE OS ESTADOS CONSEGUISSEM EQUILIBRAR AS CONTAS NAQUELE ANO. MINAS GERAIS, POR EXEMPLO) RESGATOU R$ 4,9 BILHÕES E
O RIO DE JANEIRO R$ 6,9 BILHÕES (FONTE: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA E TRIBUNAIS DE JUSTIÇA ESTADUAIS )
Gráfico 3
Comprometimento da RCL por despesa de Pessoal e
Poder- 2016
Em % da RCL
Despesa de Pessoal
80
Limite de gastos
com despesas de
pessoal: 60%
60
40
20
DF
PB
PE
MG
AL
PI
GO
SP
CE
AP
MS
TO
MT
AM
RO
RN
SC
ES
SE
PA
RJ
BA
AC
MA
RR
RS
RR
Gráfico 4
Comprometimento da RCL por despesa de Pessoal
e Poder- 2016
Em % da RCL
80
Limite de despesas
para o Poder
Executivo: 49%
60
40
20
0
DF
PB
PE
MG
AL
PI
GO
SP
CE
AP
MS
TO
MT
AM
RO
RN
SC
ES
SE
PA
RJ
BA
AC
MA
RR
RS
RR
9 POR EXEMPLO, O ACÓRDÃO N2057/2016 QUE PERMITE A CELEBRAÇÃO DE CONTRATOS DE GESTÃO COM ORGANIZAÇÕES SOCIAIS POR ENTES
PÚBLICOS NA ÁREA DA SAÚDE, SOB ALGUMAS CONDIÇÕES, E NÃO CONSIDERA O LIMITE IMPOSTO PELA LRF. ESSA DECISÃO FOI TOMADA APÓS
VERIFICAR QUE ALGUNS ESTADOS JÁ NÃO CLASSIFICAVAM ESSES CONTRATOS NAS CONTAS DE GASTO COM PESSOAL.
Gráfico 5
Rubricas selecionadas de gastos de custeio
como % da RCL- 2016
Em % da RCL
25
20
15
10
0
DF
PB
PE
AL
MG
PI
SP
PR
GO
CE
AP
MS
TO
MT
AM
RO
SE
SC
ES
RN
PA
RJ
BA
MA
AC
RR
RS
Fonte: Tesuro Nacional e SICONFI
Custeio: Locação de MO + outtos serviços de terceiros (70%) + Auxiílios (proporção)
Gráfico 6
Comprometimento da RCL por despesa de Pessoal
Ajustada - 2017
Em % da RCL
100
Média: 74% Todos Estados estão
acima do limite: 60%
80
60
40
20
0
DF
PB
PE
MG
AL
PI
PR
GO
SP
MS
CE
AP
TO
MT
AM
RO
SE
RN
SC
ES
PA
RJ
BA
AC
MA
RS
RR
Gráfico 7
Simulação do comprometimento da receita corrente líquida
com despesa com pessoal nos próximos anos
Ultrapassam 100%
27 27
25
24
22
19
16 17
15
12
10
7
4 4 4 4 4 4
2
Gráfico 8
Gráfico 6: Comprometimento da RCL por despesa de
Pessoal Ajustada - 2017
Em % da RCL
120
Média: 85% Todos Estados estão
acima do limite: 60%
100
80
60
40
20
0
DF
PB
PE
MG
AL
PI
PR
GO
SP
MS
CE
AP
TO
MT
AM
RO
SE
RN
SC
ES
PA
RJ
BA
AC
MA
RS
RR
10 OS TRIBUNAIS SUPERIORES NO BRASIL, HABITUALMENTE, SE REFEREM AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) E SUPERIOR TRIBUNAL
DE JUSTIÇA (STJ).
11 AS PALAVRAS CHAVES BUSCADAS SÃO: “LEI PROX RESPONSABILIDADE PROX FISCAL” E “LEI PROX DE PROX RESPONSABILIDADE PROX
FISCAL”, ENCONTRAMOS UM TOTAL DE 184 DECISÕES. TODAS ELAS SÃO NO ÂMBITO DO STJ E STF , EM SUA GRANDE MAIORIA ACÓRDÃOS,
102 DO STJ E 78 DO STF. SOB AS SEGUNDAS PALAVRAS-CHAVE, DENTRO DO RECORTE PROPOSTO, FORAM COLETADOS 100 ACÓRDÃOS DO
STJ E 76 DO STF.
12 EXISTEM DOIS TIPOS DE DECISÃO NÃO PERTINENTES: AS NÃO RELACIONADAS, 14 DECISÕES (8%), E AS INCIDENTAIS, 21 DECISÕES (11%). JÁ
DECISÕES QUE CONTENHAM A LRF ENQUANTO ARGUMENTO, MAS QUE A QUESTÃO PRINCIPAL É DECIDIDA SEM MENÇÃO A ELA, SÃO AÇÕES
INCIDENTAIS. ESSAS ÚLTIMAS FORAM EXCLUÍDAS DA ANÁLISE.
Gráfico 9
Decisões fundamentadas em motivos formais por matéria
Em %
68,0
12,0
8,0
6,0
3,0
2,0
1,0
Fonte: ????
Gráfico 10
Matérias das decisões analisadas
Em %
23,0
17,0
4,0
3,0
1,0
4,0
48,0
Fonte: ????
13 BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 959010, 2017.
Gráfico 11
Quantidade de decisões por estado da federação
18
17
14
13
11 11
7
6
5 5
4 4 4
3 3
2 2 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1
UNIÃO
AC
AL
AM
AP
CE
ES
GO
MG
MS
PB
PE
PI
PR
RJ
RN
RO
RR
RS
SC
SE
SP
TO
DF
MT
BA
MA
PA
Fonte: ????
Gráfico 12
Sub-matérias dentro de “direitos dos servidores”
Aumento de vencimentos 1
Progressão funcional de servidores 1
Incorporação do quinto do Estado de Rondônia 1
Plano de carreira, cargo e salário 1
Exoneração de servidor público 1
Repasse de duodécimos 1
Limite de gasto com pessoal maior para Poder Legislativo local 1
Aplicação de índice comum 1
Aumento da jornada de trabalho sem retribuição remuneratória 1
Aumento de vencimentos no prazo vedado pela LRF (180 dias) 1
Aumento de vencimentos de inativos 1
Benefícios não especificados 1
Averbação de tempo de serviço para aposentadoria e adicionais 2
Gratificação de Condições Especiais de Trabalho - Judiciário (BA) 2
Gratificação de dedicação exclusiva de policiais civis 4
Gratificação especial de técnico de nível superior 7
Gratificação por escalas especiais 16
Vencimentos e décimo terceiro atrasados 29
Fonte: ?????
14 QUANDO TRAZEMOS A EXPRESSÃO “SERVIDORES”, TRATAMOS DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NO REGIME ADMINISTRATIVO, CUJA
ADMISSÃO É FEITA POR CONCURSO E QUE SE SUBMETEM A REGRAS BASEADAS EM NORMAS ADMINISTRATIVAS, NÃO NA CLT OU NO REGIME
DA TERCEIRIZAÇÃO.
15 O SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA EM CARGO COMISSIONADO POR PERÍODO SUPERIOR A 5 ANOS, INCORPORAVA A SEUS
VENCIMENTOS A TÍTULO DE VANTAGEM PESSOAL UM QUINTO POR ANO DA DIFERENÇA ENTRE O VENCIMENTO BÁSICO DO CARGO EFETIVO E
O VALOR DO CARGO COMISSIONADO, SENDO QUE O VALOR SERIA DEVIDO A PARTIR DA DISPENSA DA FUNÇÃO.
16 BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO DE MANDADO DE SEGURANÇA 30440, 2014.
17 BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 1432061, 2015.
18 Art. 19, § 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não SERÃO COMPUTADAS AS DESPESAS: IV - DECORRENTES
DE DECISÃO JUDICIAL [...] (BRASIL, 2000).
19 BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO INTERNO DA SUSPENSÃO DE SEGURANÇA 2854, 2016.
20 É PRECISO CONSIDERAR TAMBÉM QUE O MONTANTE VÁRIAS VEZES MAIOR DE AÇÕES NÃO ATINGE OS TRIBUNAIS SUPERIORES, SENDO
RESOLVIDOS NAS INSTÂNCIAS INFERIORES, MAS QUE SEGUEM SUA JURISPRUDÊNCIA.
Gráfico 13
Matérias das decisões analisadas
Em %
51,0
6,0
22,0
21,0
Fonte: ????
As decisões que levam em consideração o equilíbrio fiscal (22%) têm
fundamentação nesse argumento e são aquelas relativas à progressão
funcional, aos duodécimos, e a três decisões apenas nas sub-matérias de
Gráfico 14
Sub-matérias dentro de “cadastro de inadimplentes (SIAFI/CAUC)”
Cautelares 5
Ações sociais 6
Princípio da intranscendência 11
Fonte: ?????
22 BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 1285294, 2017. ESSE ENTENDIMENTO CUMULOU
NA SÚMULA 615 DO STJ. BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SÚMULA N. 615. NÃO PODE OCORRER OU PERMANECER A INSCRIÇÃO DO
MUNICÍPIO EM CADASTROS RESTRITIVOS FUNDADA EM IRREGULARIDADES NA GESTÃO ANTERIOR QUANDO, NA GESTÃO SUCESSORA, SÃO
TOMADAS AS PROVIDÊNCIAS CABÍVEIS À REPARAÇÃO DOS DANOS EVENTUALMENTE COMETIDOS.
23 A EXPRESSÃO “SUPERAR” MERECE REFORÇO NAS ASPAS, POIS O DISPOSITIVO QUE INSTITUI AS AÇÕES SOCIAIS TEM O CONDÃO
IMPORTANTÍSSIMO DE PERMITIR QUE O ENTE PÚBLICO CONSIGA RECEBER VERBAS FEDERAIS E OUTRAS FONTES DE RECURSOS PARA
MANTER POLÍTICAS PÚBLICAS ESSENCIAIS, APESAR DO DESCUMPRIMENTO DOS LIMITES DA LRF.
24 BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 1457430 (PAVIMENTAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS),
2015; BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO ESPECIAL 1372942 (PAVIMENTAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS), 2014; E BRASIL. SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 1547543 (CONSTRUÇÃO DA QUADRA POLIESPORTIVA), 2015.
25 ART. 6º SÃO DIREITOS SOCIAIS A EDUCAÇÃO, A SAÚDE, A ALIMENTAÇÃO, O TRABALHO, A MORADIA, O TRANSPORTE, O LAZER, A
SEGURANÇA, A PREVIDÊNCIA SOCIAL, A PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA, A ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS, NA FORMA DESTA
CONSTITUIÇÃO. (BRASIL, 1988).
26 BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 642667, 2015;
27 CHEGAM AO STF APENAS DOIS CASOS RELACIONADOS A AÇÕES SOCIAIS, O RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1005339 E O AGRAVO EM
AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA 2193. EM AMBOS OS CASOS, O STF AFASTA SEU ENTENDIMENTO POR FUNDAMENTOS FORMAIS, JÁ QUE ENTENDE
SE TRATAR DE MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL, FORA DE SUA COMPETÊNCIA, CONTUDO, DA MESMA FORMA QUE O STJ, ELE CONFIRMA
OS ENTENDIMENTOS DOS TRIBUNAIS ESTADUAIS. ESTES, POR SEU TURNO, DECIDEM CONFORME OS LIMITES DA LRF, PERMITINDO O
REPASSE DE VERBAS A ENTES INSCRITOS SOMENTE SE ELES SE ENQUADRAREM NO CONCEITO DE AÇÕES SOCIAIS. NO PRIMEIRO CASO AS
VERBAS SE ENQUADRAM NO CONCEITO, NO SEGUNDO, SÃO PARA A SANIDADE ANIMAL E COMBATE A ZOONOSES, NÃO SE ENQUADRANDO
EM SAÚDE ESTRITA, PORTANTO, SEM VERBAS LIBERADAS. BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO 1005339, 2017; E BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA 2193, 2015.
28 O MINISTÉRIO PÚBLICO E A DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAIS TAMBÉM ENTRAM NESSE CONJUNTO DE ENTES QUE PODE EXCEDER OS
LIMITES COM DESPESA DE PESSOAL DA LRF.
29 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REFERENDO NA MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO CÍVEL ORDINÁRIA 2661, 2015; E BRASIL. SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO CÍVEL ORDINÁRIA 1848, 2014.
30 NESSES EXATOS TERMOS, A EXPRESSÃO CONSTA NO SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO CÍVEL ORDINÁRIA 2803 (BRASIL.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 2017) E NO SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO CÍVEL ORDINÁRIA 2811 (BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, 2017).
31 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO CÍVEL ORDINÁRIA 2826, 2017.
Gráfico 15
Fundamentos de decisões dentro de “cadastros de
inadimplentes”
Em %
76,0
21,0
3,0
3.1.3. “CONCURSOS”
No caso dos concursos públicos, os principais acórdãos estão no
STJ; apenas 8% podem ser encontrados no STF, sendo uma decisão
monocrática apenas. Eles fazem parte da consolidação de um entendi-
mento jurisprudencial sobre admissão em concursos públicos, quando
essa matéria chega ao Judiciário, e é muito relevante para entender-
mos a aplicação da LRF em relação a despesas com pessoal. Apenas
5 decisões são fundamentadas por motivos formais (20%). Os motivos
dos Ministros para tanto são a súmula 7 do STJ e a incompetência do
STJ em discutir argumentos de constitucionalidade. As sub-matérias
de “concursos” estão apresentadas nos Gráficos 13 e 14.
Gráfico 16
Sub-matérias dentro de “cadastro de inadimplentes (SIAFI/CAUC)”
Fonte: ?????
Gráfico 17
Percentual das principais sub-matérias dentro de “concursos”
Em %
16,0
8,0
52,0
Gráfico 18
Fundamentos de decisões dentro de “concursos”
Em %
92,0
4,0
4,0
Fonte: ????
Gráfico 19
Fundamentos de decisões dentro das três princi-
pais matérias 32
Em %
61,8
3,1
35,1
32
32 : “DIREITOS DOS SERVIDORES”, “CADASTRO DE INADIMPLENTES DO GOVERNO FEDERAL (SIAFI/CAUC)” E “CONCURSOS”
33 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5449, 2016.
34 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 778117, 2015.
5. Conclusões
A Lei de Responsabilidade Fiscal funcionou muito bem por cerca
de 10 anos. Em boa parte, por dar instrumentos ao Tesouro Nacional
para controlar o endividamento dos Estados e municípios, maior causa
do colapso que foi uma das suas maiores motivações. De outra parte,
por definir limites de comprometimento de receita que geravam cons-
trangimento ao crescimento indiscriminado das despesas de pessoal.
Mas, na prática, as duas coisas caíram por terra em menos de 20 anos.
O limite de endividamento foi ignorado quando a Nova Matriz
Econômica resolveu voltar a sua face também para os entes subna-
cionais. Abusando da prerrogativa de criar exceções à regra, entre
2011 e 2014, Secretário do Tesouro e Ministro da Fazenda abriram os
cofres da Caixa, do Banco do Brasil e do BNDES – os dois primeiros
com aval do Tesouro – para Estados e municípios sem capacidade de
endividamento, sob a crença de que a receita futura gerada pelos gas-
tos adicionais tudo resolveria. Como todo o resto que foi feito sob essa
hipótese, a consequência foi o colapso que hoje vivemos em quase
todos os entes subnacionais.
REFERÊNCIAS
Afonso, José Roberto “Responsabiliade Fiscal no Brasil. Uma memó-
ria da Lei” FGV Projetos 2009
____________
ABERTURA COMERCIAL:
A REFORMA NECESSÁRIA
(MAS NÃO SUFICIENTE)
PARA A RETOMADA DO
CRESCIMENTO ECONÔMICO
Sandra Polónia Rios
Pedro da Motta Veiga
(CINDES)
____________
1. Introdução
Há anos o Brasil está preso à “armadilha do lento crescimento”.
Apesar de alguns episódios de crescimento mais acelerado, a taxa mé-
dia de crescimento entre 1890 e 2014 foi de apenas 2,4% ao ano. Desde
então o país enfrentou a maior recessão de sua história e desde 2017
luta para recuperar taxas modestas de crescimento.
Muitos são os fatores a contribuir para este pobre desempenho,
primordialmente relacionados às escolhas de políticas públicas. Uma
dessas escolhas, é a insistência na substituição de importações para
promover o desenvolvimento industrial. Além de ignorar a profunda
transformação mundial na organização internacional da produção, na
qual não cabe mais o desenvolvimento autárquico, as políticas adota-
das nos últimos anos têm produzido efeitos contrários aos pretendidos,
acelerando ainda mais a desindustrialização. As opções de política in-
dustrial, turbinadas no período 2011-2014, somaram-se à resiliência
do protecionismo comercial característico das políticas brasileiras, tor-
nando a economia ainda mais fechada e menos competitiva. A adoção
destas políticas desconsiderou seus custos macroeconômicos e seus
impactos negativos sobre a produtividade.
Este artigo pretende discutir os impactos sobre a produtividade
das escolhas de política industrial e comercial. O trabalho visa apre-
sentar uma agenda de política comercial que contribua para colocar o
país em uma trajetória de crescimento sustentado, e tem seis seções,
incluindo esta introdução. Na segunda seção é apresentada uma aná-
lise dos nexos entre lento crescimento; a produtividade estagnada; e
desindustrialização no Brasil. A terceira discute a resiliência do mito
da substituição de importações no Brasil, apontando as dificuldades do
país em atualizar suas estratégias diante das mudanças nos contextos
internacional e doméstico. A quarta apresenta de forma sucinta uma
comparação das políticas industrial e comercial do Brasil e outros países
em desenvolvimento – Coreia do Sul, Índia e México, indo da substitui-
1 A INVOCAÇÃO DE FATORES EXTERNOS PARA JUSTIFICAR AS DIFICULDADES DE MANUTENÇÃO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO NO BRASIL
FEZ SENTIDO EM ALGUNS PERÍODOS DO PASSADO, MAS NÃO ENCONTRA AMPARO NA HISTÓRIA RECENTE DO PAÍS.
co, que não foram suficientes para manter a convergência com países
desenvolvidos. A renda per capita brasileira medida em paridade de
poder de compra (PPC) permanece em torno de 25% dos níveis dos
EUA, percentual semelhante ao observado no início da década de 1990.
Está esgotado o modelo baseado de crescimento do consumo, que
levou ao rápido aumento da taxa de emprego através da combinação
de altos preços das commodities e políticas fiscais frouxas. Nesse perí-
odo, muitos jovens ingressaram no mercado de trabalho pela primeira
vez, mas a demografia agora não mais proporciona tal impulso, e, nem
os preços das commodities e os gastos do governo podem ser fontes
sustentáveis de crescimento. A retomada dos investimentos teria papel
relevante em um novo ciclo de crescimento, mas continuará limitada
pelos baixos níveis de poupança interna.
Por algum tempo poderemos crescer acima do potencial, mas esgo-
tada a recuperação cíclica a única fonte de crescimento será o aumento
da produtividade do trabalhador. Atualmente um trabalhador médio
no Brasil é apenas em torno de 17 por cento mais produtivo do que há
20 anos, enquanto o aumento de produtividade entre trabalhadores
médios em países de alta renda foi de 34 por cento (Banco Mundial,
2018). O crescimento da produtividade é um fator crítico para que o
Brasil recupere a trajetória de catching-up, interrompida nos anos 1980.
Nas palavras de Regis Bonelli (2016), que cunhou a expressão “ar-
madilha do lento crescimento”, “a crise do crescimento brasileiro é uma
crise de produtividade”. Embora haja um razoável consenso quanto ao
papel fundamental da produtividade para o crescimento econômico,
há divergências sobre as políticas mais adequadas para estimular ga-
nhos de produtividade.
O pano de fundo desta controvérsia repousa nos níveis de produ-
tividade na indústria que são substancialmente mais elevados do que
os observados na agricultura, e também nos serviços. Ocorre que a
produtividade no setor industrial está em queda desde 1997, enquanto
Gráfico 1
Evolução da produtividade setorial no Brasil: 1995-2014
Produtividade do trabalho setorial (R$ 2009)
50.000
45.000
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Fonte: Fonte: Contas Nacionais e PNAD. Elaboração: FGV/IBRE.
Elaboração Veloso (2017).
2 ESTA SEÇÃO BASEIA-SE EM GRANDE MEDIDA EM GUIMARÃES, MOTTA VEIGA E RIOS (2018).
3 NA DÉCADA DE 1970, O II PND AMPLIA ESSA AMBIÇÃO. AO PRETENDER NÃO APENAS ALCANÇAR A AUTOSSUFICIÊNCIA PRODUTIVA, MAS
TAMBÉM REDUZIR A DEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA DO PAÍS — PROMOVER, ALÉM DA SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS, A
SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO DE TECNOLOGIA.
4 OS INCENTIVOS CONCEDIDOS PELA POLÍTICA INDUSTRIAL COMPREENDEM REDUÇÕES OU ISENÇÕES DE TRIBUTOS E SUBSÍDIOS
QUE AFETAM A RECEITA TRIBUTÁRIA OU ACARRETAM DISPÊNDIO DE RECURSOS PÚBLICOS. A MAGNITUDE DO IMPACTO FISCAL
DESSES INCENTIVOS FOI SISTEMATICAMENTE IGNORADA QUANDO DA DEFINIÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA INDUSTRIAL —
FREQUENTEMENTE, ELES NÃO SÃO MESMO PERCEBIDOS PORQUE SÃO DEFERIDOS AO LONGO DO TEMPO OU ESTÃO IMPLÍCITOS NAS
CONDIÇÕES DOS FINANCIAMENTOS CONCEDIDOS PELOS BANCOS PÚBLICOS, NÃO SE REFLETINDO DE IMEDIATO NA CONTABILIDADE DO
SETOR PÚBLICO. NÃO OBSTANTE, O CUSTO FISCAL DOS INCENTIVOS CONCEDIDOS PELA POLÍTICA INDUSTRIAL PODE SER SIGNIFICATIVO.
VALE LEMBRAR QUE OS PERÍODOS EM QUE A POLÍTICA INDUSTRIAL FOI MAIS ATIVA — CORRESPONDENTES AO PLANO DE METAS NA
DÉCADA DE 1950, AO II PND NA SEGUNDA METADE DOS ANOS 1970 E AO PLANO BRASIL MAIOR NA DÉCADA ATUAL — FORAM SEGUIDOS DE
GRAVES CRISES ECONÔMICAS, NAS QUAIS O DESEQUILÍBRIO FISCAL PODE NÃO TER SIDO O FATOR DETERMINANTE, MAS FOI CERTAMENTE
COMPONENTE IMPORTANTE.
5 DURANTE UM LONGO PERÍODO, AS INICIATIVAS GOVERNAMENTAIS VOLTADAS PARA O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DO PAÍS
TIVERAM EXISTÊNCIA PARALELA À POLÍTICA INDUSTRIAL, SENDO FORMULADAS E IMPLEMENTADAS POR SEGMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA QUE TINHAM MAIS VÍNCULOS COM A COMUNIDADE ACADÊMICA DO QUE COM A INDÚSTRIA. DE RESTO, MESMO QUANDO
HOUVE ESFORÇOS PARA INTEGRAR A DIMENSÃO DA INOVAÇÃO ÀS POLÍTICAS INDUSTRIAIS, INCLUSIVE COM O DESENHO DE NOVOS
INSTRUMENTOS, A AUSÊNCIA DE CONCORRÊNCIA NO MERCADO DOMÉSTICO CONSTITUÍA UM DESINCENTIVO À INTEGRAÇÃO BUSCADA
PELA POLÍTICA INDUSTRIAL.
6 COM A DEMANDA INTERNA EM EXPANSÃO, NÃO HAVIA MOTIVO PARA QUE ESSAS EMPRESAS SE VOLTASSEM PARA O MERCADO
EXTERNO, ONDE A CONCORRÊNCIA, O NÍVEL DE EXIGÊNCIA E OS RISCOS ERAM MAIORES.
7 É INTERESSANTE OBSERVAR QUE, FRENTE AO CHOQUE DA EMERGÊNCIA DE UMA NOVA TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO SISTÊMICA, COMO
A INFORMÁTICA, A REAÇÃO DE POLÍTICA NO BRASIL, NOS ANOS 1980, TENHA SIDO DESENHAR UMA ESTRATÉGIA SETORIAL ESPECÍFICA EM
QUE À SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES SE JUNTAVA A REJEIÇÃO A INVESTIMENTOS EXTERNOS NO SETOR – O QUE NUNCA SE OBSERVARA
NA TRAJETÓRIA DA POLÍTICA INDUSTRIAL BRASILEIRA.
8 O ARGUMENTO DA INDÚSTRIA NASCENTE É UM DOS MAIS ANTIGOS E ACEITOS PELOS ECONOMISTAS PARA JUSTIFICAR A PROTEÇÃO
À INDÚSTRIA CONTRA A COMPETIÇÃO INTERNACIONAL. O CONCEITO, FORMULADO POR ALEXANDER HAMILTON E FRIEDRICH LIST NO
INÍCIO DO SÉCULO 19, FOI POSTERIORMENTE BURILADO POR JOHN STUART MILL E CHARLES FRANCIS BASTABLE, QUE ADICIONARAM
CONDICIONALIDADES PARA QUE A PROTEÇÃO A ESSAS INDÚSTRIAS GERE, DE FATO, AUMENTO DO BEM-ESTAR. ESSAS CONDICIONALIDADES
INCLUEM: A PRESENÇA DE EFEITOS DINÂMICOS DE APRENDIZAGEM EXTERNOS ÀS FIRMAS, QUE A PROTEÇÃO SEJA TEMPORÁRIA, QUE
A INDÚSTRIA AMADUREÇA E SEJA VIÁVEL SEM A PROTEÇÃO E QUE OS BENEFÍCIOS LÍQUIDOS ACUMULADOS PROVENIENTES DE TAL
PROTEÇÃO SEJAM SUPERIORES AOS SEUS CUSTOS. VER MELITZ (2005) PARA UMA DISCUSSÃO SOBRE COMO E QUANDO PROTEGER UMA
INDÚSTRIA NASCENTE. MELITZ, M. J. WHEN AND HOW SHOULD INFANT INDUSTRY BE PROTECTED?
10 OS AUTORES CONCLUEM TAMBÉM QUE AS POLÍTICAS COMERCIAIS E DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS QUE GERARAM
MELHORES RESULTADOS EM TERMOS DE AUMENTO DO BEM-ESTAR SÃO AQUELAS QUE DÃO ÊNFASE À MAIOR EXPOSIÇÃO AO COMÉRCIO
INTERNACIONAL (COMO A PROMOÇÃO DE EXPORTAÇÃO) QUANDO COMPARADAS A OUTRAS COM EFEITOS PROTECIONISTAS COMO TARIFAS
DE IMPORTAÇÃO OU REQUISITOS DE CONTEÚDO LOCAL.
Gráfico 2
Evolução da Produtividade de trabalho do Brasil, Coreia, Índia
e México: 1950-2017
80.000
60.000
40.000
20.000
0 2006
2002
2010
2014
1990
1994
1970
1974
1986
1998
1950
1954
1978
1966
1982
1958
1962
11 AS POLÍTICAS DE CATCHING UP ADOTADAS POR BRASIL, COREIA E MÉXICO PARECIAM ESTAR DANDO CERTO NAS TRÊS DÉCADAS QUE SE
SEGUIRAM A 1950. NO INÍCIO DOS ANOS 1980, MÉXICO E BRASIL PERDEM O TRILHO DA CONVERGÊNCIA E ENTRAM EM UM LONGO PERÍODO
DE SEMI-ESTAGNAÇÃO, ENQUANTO A COREIA DO SUL ACELERA O PASSO PARA TORNAR-SE UM PAÍS DESENVOLVIDO. NA ÍNDIA, OS
RESULTADOS NÃO SE FIZERAM NOTAR E O PAÍS PERMANECEU NA ESTAGNAÇÃO E NA POBREZA ATÉ A DÉCADA DE 1990, QUANDO COMEÇOU
A ABRIR SUA ECONOMIA.
4.2. ÍNDIA
A Índia é frequentemente mencionada como exemplo de país que
mantém políticas protecionistas, e ainda assim, tem experimentado
elevadas taxas de crescimento. No período 2000-2016 sua taxa média
anual de crescimento atingiu 7,5%, e em particular da manufatura cres-
ceu a 8,3% no período. Entretanto, a noção de que a Índia manteve-se
uma economia fechada durante esse período merece qualificação. O
grau de abertura do país – medido pela soma das importações de bens
e serviços em relação ao PIB – passou de 8,5% em 1990 para 20% em
2016, ou seja, um aumento de 11,5 pontos percentuais. No mesmo pe-
ríodo, o grau de abertura do Brasil passou de 7% para 12%, menos da
metade do observado na Índia.
A estratégia de desenvolvimento da Índia após sua independência
do Reino Unido foi calcada na substituição de importações, buscando
a autossuficiência, com forte intervenção do Estado e elevado grau
de regulação. A Índia era um dos países mais fechados da Ásia, com
tarifa máxima de 355% e média de 83% para produtos manufaturados
em 1990, quotas restritivas de importação, sistema de licenciamento
de importações complexo (cerca de 88% dos itens importados estavam
sujeitas a esse sistema), importações e exportações de certos produtos
sob monopólio do setor público, preferências para produtos nacionais
em compras governamentais, etc. (Ver Topalova (2004) e Singh (2017)).
Na segunda metade da década de 1980 o foco começou a mover-se
da substituição de importações para a promoção de exportações. Teve
início uma lenta transição em direção à liberalização de importações.
Ao final da década, enfrentando fortes desequilíbrios macroeconômi-
cos e grave crise no Balanço de Pagamentos, a Índia recorreu ao FMI
que condicionou a concessão do socorro a um conjunto de reformas
estruturais, incluindo a abertura comercial. O programa inicial de li-
beralização de importações foi adotado para o período 1992-1997 e le-
vou a mudanças significativas no regime de importações: redução no
13 ENTRETANTO, ERNST, (2016) ARGUMENTA QUE A ÍNDIA ENTROU NO ITA-1 COM O OBJETIVO DE FACILITAR O DESENVOLVIMENTO DE
SUA ENTÃO NASCENTE INDÚSTRIA DE SERVIÇOS DE TI, POR MEIO DA REDUÇÃO DOS CUSTOS DE IMPORTAÇÃO DESSES PRODUTOS E DA
ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS. O AUTOR AVALIA QUE, DE FATO, A PARTICIPAÇÃO DA ÍNDIA NO ITA-1, COM A CONSEQUENTE A
REDUÇÃO DOS CUSTOS DE IMPORTAÇÃO, FACILITOU O CRESCIMENTO DOS SERVIÇOS DE TI NO PAÍS. ESSES SERVIÇOS ESTÃO INTEGRADOS
A REDES MULTINACIONAIS DE INOVAÇÃO E PRODUÇÃO, MAS COM REDUZIDA CONEXÃO COM EMPRESAS LOCAIS. UM SISTEMA TRIBUTÁRIO
COMPLEXO, INFRAESTRUTURA INSUFICIENTE OU DE MÁ QUALIDADE, PROBLEMAS NO FORNECIMENTO DE ELETRICIDADE E REGULAÇÕES
MAL DEFINIDAS E, MUITAS VEZES, CONFLITANTES ENTRE SI GERAM DESVANTAGENS DE CUSTOS E DESENCORAJAM INVESTIMENTOS EM
FÁBRICAS E EQUIPAMENTOS, ABSORÇÃO DE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO.
14 ASEAN: BRUNEI, CAMBOJA, CINGAPURA, FILIPINAS, INDONÉSIA, LAOS, MALÁSIA, MIANMAR, TAILÂNDIA E VIETNAM, ALÉM DA ÍNDIA.
15 HÁ ATUALMENTE 17 ACORDOS EM NEGOCIAÇÃO PELA ÍNDIA, INCLUINDO UM ACORDO DE LIVRE-COMÉRCIO COM A UNIÃO EUROPEIA E
UMA AMPLIAÇÃO DO ACORDO COM O MERCOSUL.
4.3 MÉXICO
Bacha e Bonelli (2016) afirmam que Brasil e México se tornaram
“infelizes, cada um à sua maneira”. “Depois de um longo período de
prosperidade, ambos os países viram suas taxas de crescimento afundar
quase sincronicamente. Tiveram uma década perdida nos anos 1980 e
introduziram reformas liberalizantes nos anos 1990. A ascensão da China
fez suas fortunas diferirem na primeira década deste século, beneficiando
o Brasil e prejudicando o México. Mas depois da Grande Recessão ambos
estão tendo dificuldade para alcançar taxas decentes de crescimento”.
20%, para quase todos os setores. Este nível vigorava em 1994, quan-
do entrou em vigência o NAFTA. Naquele ano, a estrutura tarifária já
havia sido significativamente simplificada, quase todas as exigências
de licenciamento prévio de importações eliminadas e as restrições aos
investimentos estrangeiros diretos reduzidas a poucos setores (Ver Ve-
ga e De la Mora, 2003).
Na metade dos anos 1990 o desmantelamento da proteção tornou a
economia uma das mais abertas dentre os países em desenvolvimento.
Medido pela soma de exportações e importações o grau de abertura
passou de cerca de 20% no início dos anos 1980 para cerca de 30% em
1987. Em meados dos anos 1990 o México começou a se engajar em
acordos de livre comércio, inicialmente com um acordo bilateral com
o Chile, seguido pelo NAFTA em 1994, e em 1995 o grau de abertura
da já havia chegado a 50%.
Em 1994 o México ingressou na OCDE (1994) e negociou vários
acordos preferenciais de comércio buscando diversificar suas relações
econômicas, tornar-se menos dependente dos EUA vizinho do Norte e
reduzir os desvios de comércio que poderiam ser geradas com preferên-
cias tarifárias com Estados Unidos e Canadá. O país conta atualmente
com 12 acordos de livre-comércio envolvendo 46 países, nove acordos
de preferências tarifárias com países latino-americanos no âmbito da
ALADI e é membro do CPTPP (Comprehensive and Progressive Agree-
ment for Trans-Pacific Partnership), firmado em março de 201816. Além
de negociar acordos preferenciais de comércio, aprofundou a partir de
2004 a abertura comercial pela via unilateral, levando a tarifa média
de nação mais favorecida de 17% para o nível de 6% no início da década
de 2010. Nesse período também foram empreendidos investimentos
16 ACTPP É O ACORDO ASSINADO POR 11 PAÍSES QUE ESTAVAM NEGOCIANDO A TRANS-PACIFIC PARTNERSHIP (TPP), APÓS A RETIRADA
DOS ESTADOS UNIDOS DO ACORDO POR INICIATIVA DE DONALD TRUMP. VER HTTP://WWW.PROMEXICO.MX/ES/MX/TRATADOS-
COMERCIALES
em facilitação do comércio.17
Olhando para os resultados, os impactos da abertura nos últimos
trinta anos foram desiguais. As exportações se diversificaram, tornan-
do a economia menos dependente do petróleo18, e menos vulnerável a
oscilações nos preços de commodities. Mas os ganhos na diversificação
geográfica e composição das exportações foram menores, com os Es-
tados Unidos representando mais de 80% das exportações mexicanas.
Como apontam Bacha e Bonelli (2016), o México abriu sua econo-
mia e foi bem-sucedido em desenvolver um setor industrial no Norte
do País, integrado às cadeias produtivas norte-americanas e internacio-
nais. Todavia, a integração à economia internacional não foi acompa-
nhada por progressos na integração econômica interna. Os ganhos de
produtividade das empresas do Norte não se espalharam para o resto
da economia, aumentando a distância entre as empresas que operam
nos setores de produtos comercializáveis, no Norte, e os não comercia-
lizáveis, nas demais regiões.
Desde o início da década de 1980, o México (assim como o Bra-
sil), interrompeu a trajetória de catch-up com os países desenvolvidos:
em 2014 a renda per capita mexicana em PPP era de 33% da norte-
americana, enquanto a do Brasil equivalia a 27%. No início da década
de 1980 esses percentuais eram de 47% e 35%, respectivamente. A ex-
periência mexicana torna evidente que a abertura comercial é uma
condição necessária, mas não suficiente para que os países se tornem
desenvolvidos.
Kehoe e Meza (2011) buscam responder à pergunta: quais são as
17 MÉXICO E BRASIL TÊM ENTRE SI DOIS ACORDOS DE PREFERÊNCIAS COMERCIAIS FIXAS, NEGOCIADO NO ÂMBITO DA ALADI NA PRIMEIRA
METADE DA DÉCADA DE 2000: UM DELES É RESTRITO AO SETOR AUTOMOTIVO E PRETENDE ESTABELECER O LIVRE-COMÉRCIO ENTRE
OS DOIS PAÍSES NESTE SETOR. O OUTRO REDUZ AS TARIFAS PARA UM CONJUNTO LIMITADO DE PRODUTOS – CERCA DE 800 PRODUTOS
– COM DESCONTOS NAS TARIFAS DE IMPORTAÇÃO. ESTÃO EM ANDAMENTO NEGOCIAÇÕES PARA O APROFUNDAMENTO DESTE ACORDO,
ENVOLVENDO UMA AMPLIAÇÃO SIGNIFICATIVA DO NÚMERO DE PRODUTOS E DA AGENDA TEMÁTICA COBERTOS.
18 EM 1985, 57% DAS EXPORTAÇÕES MEXICANAS ERAM COMPOSTAS POR COMMODITIES MINERAIS (PETRÓLEO E MINERAIS); EM 2015, OS
PRODUTOS MANUFATURADOS RESPONDIAM POR 90% DAS EXPORTAÇÕES TOTAIS.
Gráfico 3
Evolução da Produtividade de trabalho do Brasil, Coreia, Índia
e México: 1950-2017
40
30
20
10
0
2000
2004
2008
2006
2009
2007
2002
2003
2005
2001
2010
2014
1998
2016
1999
1997
2012
2013
2015
2011
para todos os oito setores analisados com exceção dos químicos. Duas
características brasileiras merecem destaque: a) a maioria dos países
seleciona produtos específicos para dar maior proteção, resultando em
tarifas médias significativamente inferiores às tarifas máximas dentro
de um mesmo setor, enquanto a proteção no Brasil é menos seletiva;
b) o Brasil adota proteção para produtos intermediários e bens de ca-
pital, que têm especial impacto sobre a produtividade da inústria su-
periores às dos demais países. No quadro abaixo essa diferença pode
ser observada para os plásticos, produtos siderúrgicos, bens de capital
mecânicos e eletroeletrônicos.
50
40
30
20
10
0
1997 2006 2014
50
40
30
20
10
0
1997 2006 2014
50
40
30
20
10
0
1997 2006 2014
50
40
30
20
10
0
1997 2006 2014
50
40
30
20
10
0
1997 2006 2014
200
150
100
50
0
1997 2006 2014
Tarifas média e máxima, obras de ferro fundido, ferro ou aço (cap 73)
50
40
30
20
10
0
1997 2006 2014
50
40
30
20
10
0
1997 2006 2014
23 DIFERENÇAS NA METODOLOGIA EMPREGADA, NO GRAU DE AGREGAÇÃO DOS DADOS E NOS PERÍODOS ESTUDADOS EXPLICAM, EM
PARTE, AS DIFERENÇAS NOS RESULTADOS.
2030 no cenário-base.
Gráfico 7
Ganhos potenciais no poder de compra por decis de
distribuição de renda com abertura comercial
Em %
18
14
10
0
0-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-60 60-70 70-80 80-90 90-100
Decil de renda
Fonte: Arnold et al. (2018).
tarifária, parece razoável considerar que o novo teto deva ser mais
baixo do que o então previsto.
A redução das tarifas de importação sobre bens de capital e de
informática e telecomunicações deve viabilizar o fim do mecanismo
de ex-tarifários, que tem sido intensamente utilizado para reduzir os
custos de importação sobre bens não produzidos no país. Trata-se de
um mecanismo altamente discricionário e burocratizado, que gera
custos e distorções24.
Há um receio difundido entre muitos analistas e formuladores
de política quanto à perda de poder de barganha nas negociações co-
merciais que uma abertura unilateral produziria. De acordo com essa
visão, a elevada proteção à indústria brasileira seria uma moeda de
troca importante para atrair o interesse negociador de países com mer-
cados relevantes. A experiência do Brasil com negociação de acordos
comerciais desde a década de 1990 (com as negociações da ALCA, com
a União Europeia ou mesmo na OMC) não sugere que essa seja uma
estratégia bem sucedida. A rigor, o país não foi muito longe com essa
tática. Por outro lado, a maioria dos países que empreendeu liberaliza-
ções unilaterais e já pratica níveis de proteção reduzidos.
A implementação da reforma tarifária deveria ser acompanhada
por uma revisão autônoma das tarifas consolidadas pelo Brasil na OMC.
A expressiva distância entre as tarifas praticadas e as consolidadas na
OMC – para a grande maioria dos produtos industriais no nível de 35%
- gera incertezas sobre a estabilidade da política tarifária. A estrutura
original prevista na reforma do início dos anos 1990 era de 20%. Pres-
sões de setores industriais terminaram por levar produtos de diversos
24 O REGIME DE EX-TARIFÁRIOS PERMITE QUE O GOVERNO BRASILEIRO ABRA EXCEÇÕES NA TARIFA EXTERNA COMUM (TEC) DOS PAÍSES
DO MERCOSUL PARA REDUZIR TEMPORARIAMENTE O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO DE BENS DE CAPITAL E TELECOMUNICAÇÕES (BIT) E
BENS DE CAPITAL (BK) SEM PRODUÇÃO NACIONAL EQUIVALENTE. SE O IMPOSTO NÃO EXISTISSE, O DIFERENCIAL DE PREÇOS ENTRE
EQUIPAMENTOS IMPORTADOS E NACIONAIS SERIA MENOR, E A PRESSÃO COMPETITIVA DAS IMPORTAÇÕES ESTIMULARIA A EFICIÊNCIA DA
INDÚSTRIA DOMÉSTICA, TORNANDO, EVENTUALMENTE, O BINÔMIO QUALIDADE/PREÇO FAVORÁVEL AOS PRODUTORES LOCAIS.
25 NESSE ÚLTIMO PERÍODO, O TOTAL DE MEDIDAS APLICADAS PELO BRASIL FOI SUPERADO APENAS PELA ÍNDIA (RESPECTIVAMENTE, 138 E
190 MEDIDAS APLICADAS ENTRE 2010 E 2016).
26 HTTP://WWW.MDIC.GOV.BR/IMAGES/REPOSITORIO/SECEX/DECOM/RELAT%C3%B3RIOS_DECOM/RELAT%C3%B3RIO_2017_FINAL.PDF
27 HTTP://WWW.MDIC.GOV.BR/INDEX.PHP/COMERCIO-EXTERIOR/DEFESA-COMERCIAL/854-MEDIDAS-EM-VIGOR
28 HTTP://WWW.DOINGBUSINESS.ORG/~/MEDIA/WBG/DOINGBUSINESS/DOCUMENTS/PROFILES/COUNTRY/BRA.PDF,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bacha, E. e Bonelli, R. (2016) - Coincident growth colapses: Brazil and
Mexico since the early 1980s. Revista Novos Estudos Cebrap. Edição
105. Vol, 35. N.2. Julho de 2016. http://dx.doi.org/10.25091/S0101-
3300201600020009
papers/2008/wp08-23bk.pdf
____________
REFORMA DA TRIBUTAÇÃO
DE BENS E SERVIÇOS
Bernard Appy
do CCiF1
____________
1 O CENTRO DE CIDADANIA FISCAL CCIF É UM THINK-TANK INDEPENDENTE QUE DESENVOLVE PROPOSTAS DE APERFEIÇOAMENTO DO
SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO
1. Introdução
A agenda econômica do próximo governo tem dois desafios prin-
cipais. O primeiro é a necessidade de um profundo ajuste fiscal. Sem
mudanças que revertam a trajetória de crescimento da dívida pública,
o país caminha para uma grande desorganização da atividade econô-
mica. O segundo é aumentar a produtividade do país, que nas últimas
décadas vem crescendo em velocidade muito baixa. Ao elevar o po-
tencial de crescimento, no longo prazo o aumento da produtividade
contribui também para o ajuste das finanças públicas através de um
maior crescimento das receitas governamentais, mantendo estável a
carga tributária em proporção ao PIB.
A atual estrutura tributária é um dos principais determinantes do
baixo nível e do fraco crescimento da produtividade no Brasil. Os pro-
blemas do sistema tributário brasileiro não se esgotam em seu efeito
negativo sobre a eficiência econômica. Há, também, distorções distri-
butivas injustificáveis. Porém, para contribuir para o ajuste fiscal e pa-
ra a retomada do crescimento o mais urgente é corrigir as disfunções
que prejudicam a produtividade e que resultam, principalmente, do
modelo brasileiro de tributação de bens e serviços.
Há várias formas pelas quais os tributos sobre bens e serviços
afetam negativamente a produtividade no Brasil. Em primeiro lugar, a
complexidade do nosso sistema – que foge completamente do padrão
internacional – resulta em altíssimo custo de conformidade tributá-
ria (custo burocrático de pagar impostos), além de dar margem a um
elevado grau de litígio entre as empresas e o fisco. Segundo, devido à
multiplicidade de tributos; de benefícios fiscais; de regimes especiais;
e de alíquotas, o modelo brasileiro de tributação de bens e serviços
leva a economia a se organizar de forma extremamente ineficiente –
setorialmente, geograficamente e em termos de estrutura e porte das
empresas – reduzindo a produtividade. Terceiro, o investimento é pre-
judicado não apenas pela insegurança jurídica que resulta da comple-
2 ÀS VEZES A TRIBUTAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA SE DÁ NA SAÍDA DA DISTRIBUIDORA E NÃO NA INDÚSTRIA. EMBORA A
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA “PARA TRÁS” (RELATIVA A ETAPAS ANTERIORES DA CADEIA) SEJA BASTANTE UTILIZADA EM OUTROS PAÍSES, A
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA “PARA A FRENTE”, COMO A DO ICMS, É UTILIZADA EM POUCOS PAÍSES, ESPECIALMENTE NA AMÉRICA LATINA.
2.2. LITIGIOSIDADE
Outro problema é a excessiva litigiosidade sobre matérias tribu-
tárias no Brasil. Estima-se que o valor do montante em litígio entre as
empresas e os fiscos das três esferas de governo alcance cerca de R$
4 trilhões, quando consideradas: as matérias em discussão nas instân-
cias administrativas; os valores cobrados no âmbito da dívida ativa; e
as matérias em discussão no Judiciário não incluídas na dívida ativa.4
Mesmo considerando que parte relevante do montante inscrito em dí-
vida ativa corresponde a “créditos podres” que nunca serão recupera-
dos (algo entre R$ 1,5 trilhão e R$ 2 trilhões), ainda assim o montante
de litígio tributário ativo é extremamente elevado (entre R$ 2 trilhões
e R$ 2,5 trilhões).5 Tal grau de litigiosidade tem várias consequências
negativas. Uma é o elevado custo do próprio litígio, tanto para as em-
presas quanto para o fisco, que envolve não apenas as despesas com
advogados, mas também o desvio do foco da alta administração das
empresas para o contencioso tributário, dado seu impacto potencial so-
bre o negócio. Outra consequência é a criação de grande insegurança
jurídica, que amplia sobremaneira o risco dos investimentos, e acaba
funcionando como uma verdadeira barreira à entrada de empresas
estrangeiras que não sabem operar no Brasil.
A complexidade dos tributos sobre bens e serviços é um dos mo-
tivos do elevado contencioso tributário, mas não é o único. Outro é a
excessiva constitucionalização de princípios tributários, que, além de
4 COMO O RECURSO AO JUDICIÁRIO APÓS A DERROTA DOS CONTRIBUINTES NAS ESFERAS ADMINISTRATIVAS EXIGE A APRESENTAÇÃO
DE GARANTIAS, É MUITO COMUM QUE OS CONTRIBUINTES QUE PERDEM NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS DEIXEM QUE A COBRANÇA
SEJA INCLUÍDA NA DÍVIDA ATIVA E QUE QUESTIONEM JUDICIALMENTE O MÉRITO DAS QUESTÕES JUNTO COM A DISCUSSÃO DOS VALORES
COBRADOS.
5 TAIS VALORES SUPERESTIMAM O ÔNUS POTENCIAL PARA AS EMPRESAS OU PARA O FISCO. EM PARTE, PORQUE É MUITO COMUM, NAS
AÇÕES EM QUE OS CONTRIBUINTES TÊM MAIOR PROBABILIDADE DE VITÓRIA, QUE O VALOR EM LITÍGIO JÁ NÃO TENHA SIDO RECOLHIDO.
EM PARTE, PORQUE ESTÃO INCHADOS POR MULTAS E JUROS QUE USUALMENTE SÃO REDUZIDOS ATRAVÉS DE PROGRAMAS DE
REFINANCIAMENTO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS OU EM CASO DE VITÓRIA DO FISCO EM MATÉRIAS QUE ENVOLVEM VALORES ELEVADOS E
MUITOS CONTRIBUINTES. AINDA ASSIM, O RISCO PARA AS EMPRESAS É EXPRESSIVO. LOPES (2017) APUROU QUE, NO FINAL DE 2014, O VALOR
DO CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO COM PERDA CONSIDERADA POSSÍVEL OU PROVÁVEL REGISTRADO NO BALANÇO DAS TRINTA MAIORES
EMPRESAS NÃO-FINANCEIRAS DE CAPITAL ABERTO DO PAÍS CORRESPONDIA A 32% DO VALOR DE MERCADO DESSAS EMPRESAS.
6 A RIGOR, A TRIBUTAÇÃO DO VALOR ADICIONADO NÃO É EQUIVALENTE À TRIBUTAÇÃO DO CONSUMO, MAS SIM A UMA TRIBUTAÇÃO DA
RENDA DO TRABALHO E DO CAPITAL. O QUE FAZ COM QUE A TRIBUTAÇÃO DO VALOR ADICIONADO SEJA EQUIVALENTE À TRIBUTAÇÃO DO
CONSUMO É A DESONERAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E DOS INVESTIMENTOS E A INCIDÊNCIA SOBRE AS IMPORTAÇÕES (ESSES PONTOS SÃO
RETOMADOS NO TEXTO).
7 A ÚNICA EXCEÇÃO SÃO OS EUA, QUE TRIBUTAM O CONSUMO ATRAVÉS DE UM IMPOSTO INCIDENTE APENAS NA VENDA FINAL AO
CONSUMIDOR (SALES TAX). MAS HÁ UM GRANDE CONSENSO DE QUE O IVA É UMA FORMA MAIS EFICIENTE DE TRIBUTAR O CONSUMO.
8 O REGIME DE CRÉDITO FISCAL É UTILIZADO POR PRATICAMENTE TODOS OS PAÍSES QUE POSSUEM UM IVA. PARA UMA DESCRIÇÃO DE
OUTROS MODELOS DE TRIBUTAÇÃO DO VALOR ADICIONADO, VER VARSANO (2014).
9 ESTA CADEIA PODERIA SER, POR EXEMPLO, A PRODUÇÃO DE ALIMENTO IN NATURA, O PROCESSAMENTO INDUSTRIAL DO ALIMENTO
E VENDA DO ALIMENTO PROCESSADO AO CONSUMIDOR FINAL, EM UM SUPERMERCADO. OBVIAMENTE AS CADEIAS PRODUTIVAS SÃO
MUITO MAIS COMPLEXAS, E, EM CADA ETAPA, HÁ MUITO MAIS QUE APENAS UM FORNECEDOR (A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS NÃO ADQUIRE
SÓ PRODUTOS AGROPECUÁRIOS, MAS TAMBÉM UTILIZA ELETRICIDADE, EMBALAGENS, CONSERVANTES ETC.). MAS O EXEMPLO AJUDA A
ENTENDER ALGUMAS DAS CARACTERÍSTICAS MAIS IMPORTANTES DO IVA.
Tributação total 40
10 NO EXEMPLO APRESENTADO, O VALOR ADICIONADO É DE 100 NA PRIMEIRA ETAPA, 100 NA SEGUNDA E 200 NA ÚLTIMA ETAPA. DE FATO,
NO REGIME DE CRÉDITO FISCAL, O VALOR DO IMPOSTO RECOLHIDO EM CADA ETAPA SÓ É PROPORCIONAL AO VALOR ADICIONADO SE A
ALÍQUOTA DO IMPOSTO FOR UNIFORME. SE HOUVER ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS, O IMPOSTO TOTAL RECOLHIDO EM TODAS AS ETAPAS
SERÁ EQUIVALENTE À APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA INCIDENTE NA ÚLTIMA ETAPA SOBRE A SOMA DO VALOR ADICIONADO EM TODAS AS
ETAPAS.
11 HÁ OUTRAS FORMAS DE IMPLEMENTAR O PRINCÍPIO DE DESTINO, COMO, POR EXEMPLO, A COBRANÇA DO IMPOSTO NA JURISDIÇÃO DE
ORIGEM E SUA TRANSFERÊNCIA PARA A JURISDIÇÃO DE DE STINO. ESTE MODELO JÁ VEM SENDO UTILIZADO PARA ALGUMAS OPERAÇÕES
ENTRE MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA, HAVENDO A INTENÇÃO DE ESTENDER SEU USO PARA MAIS OPERAÇÕES (ATRAVÉS DE UM
MECANISMO CONHECIDO COMO “ONE STOP SHOP”).
12 COMO TODOS OS BENS OU SERVIÇOS PRODUZIDOS OU IMPORTADOS POR UM DETERMINADO PAÍS TÊM TRÊS DESTINAÇÕES POSSÍVEIS
– EXPORTAÇÃO, CONSUMO OU AUMENTO DA CAPACIDADE PRODUTIVA (OU SEJA, INVESTIMENTO) –, COM A TRIBUTAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES
DE MODO EQUIVALENTE À PRODUÇÃO DOMÉSTICA E COM A DESONERAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E DOS INVESTIMENTOS, O IVA INCIDE
APENAS SOBRE O CONSUMO.
13 A EXCLUSÃO DE DETERMINADOS BENS OU SERVIÇOS DA BASE DO IVA RESULTA EM CUMULATIVIDADE, NA MEDIDA EM QUE O IMPOSTO
INCIDENTE SOBRE OS INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO OU COMERCIALIZAÇÃO DO BEM OU SERVIÇO NÃO É RECUPERADO. SE ISTO
OCORRER PARA ALGUM BEM OU SERVIÇO UTILIZADO COMO INSUMO NA CADEIA DE PRODUÇÃO OU COMERCIALIZAÇÃO HAVERÁ UMA
INCIDÊNCIA DE IMPOSTO NÃO RECUPERÁVEL, RESULTANDO EM INCIDÊNCIA CUMULATIVA.
14 AS EXPORTAÇÕES SÃO TRIBUTADAS À ALÍQUOTA ZERO, O QUE SIGNIFICA DIZER QUE OS EXPORTADORES TÊM DIREITO A RECUPERAR O
CRÉDITO RELATIVO AO IMPOSTO INCIDENTE SOBRE OS INSUMOS UTILIZADOS OU MERCADORIAS EXPORTADAS. NA LITERATURA ECONÔMICA
(E NESTE TEXTO) COSTUMA-SE DIFERENCIAR “ALÍQUOTA ZERO” DE “ISENÇÃO”. ALÍQUOTA ZERO REFERE-SE À SITUAÇÃO EM QUE O CRÉDITO É
RECUPERADO. JÁ NA ISENÇÃO NÃO HÁ A RECUPERAÇÃO DOS CRÉDITOS RELATIVOS AO IMPOSTO INCIDENTE NAS ETAPAS ANTERIORES.
15 A MAIORIA DOS IVAS CRIADOS NAS ÚLTIMAS DÉCADAS POSSUI APENAS UMA ALÍQUOTA POSITIVA (CONTEMPLANDO, NO ENTANTO,
ALGUMAS ISENÇÕES E CASOS DE INCIDÊNCIA À ALÍQUOTA ZERO). MESMO OS IVAS MAIS ANTIGOS, COMO OS DE VÁRIOS PAÍSES DA UNIÃO
EUROPEIA, ATUALMENTE POSSUEM NO MÁXIMO TRÊS ALÍQUOTAS POSITIVAS.
Indústria
Comércio
Serviços
Agropecuária
Construção Civil
OBS. PADRÃO MAIS COMUM PARA UMA EMPRESA REPRESENTATIVA DE CADA SETOR.
16 EMPRESAS DO REGIME DE LUCRO PRESUMIDO (CUJO LIMITE DE FATURAMENTO É DE R$ 78 MILHÕES) ESTÃO SUJEITAS AO REGIME
CUMULATIVO DO PIS/COFINS, INDEPENDENTEMENTE DO SETOR. PARA FINS DA ANÁLISE FEITA A SEGUIR, A DISTINÇÃO RELEVANTE É ENTRE O
PIS/COFINS NÃO-CUMULATIVO E O PIS/COFINS CUMULATIVO, E NÃO ENTRE O PIS E A COFINS.
17 O PROBLEMA SURGIU PORQUE HÁ UMA DECISÃO DO STF ESTABELECENDO QUE SOFTWARES “DE PRATELEIRA”, QUE ANTIGAMENTE ERAM
COMERCIALIZADOS EM MEIO FÍSICO (COMO CDS), ESTÃO SUJEITOS AO ICMS E NÃO AO ISS. COMO ATUALMENTE ESSES SOFTWARES SÃO VENDIDOS
ATRAVÉS DA INTERNET, OS MUNICÍPIOS ENTENDEM QUE ESTÃO SUJEITOS À COBRANÇA DE ISS. AS EMPRESAS DO SETOR NÃO APENAS ESTÃO
SENDO COBRADAS POR DOIS FISCOS (ESTADUAL E MUNICIPAL), COMO EM MUITOS CASOS ESTÃO SENDO OBRIGADAS A EMITIR DUAS NOTAS
FISCAIS (UMA DE MERCADORIA E OUTRA DE SERVIÇOS) PARA A MESMA OPERAÇÃO, PARA NÃO SEREM AUTUADAS.
18 NO CASO DO ISS, AS EMPRESAS NÃO RECUPERAM CRÉDITOS RELATIVOS ÀS ETAPAS ANTERIORES NEM TRANSFEREM CRÉDITOS PARA AS
ETAPAS SUBSEQUENTES. NO CASO DAS EMPRESAS SUJEITAS AO REGIME DE PIS/COFINS CUMULATIVO, NÃO HÁ RECUPERAÇÃO DO CRÉDITO
RELATIVO ÀS ETAPAS ANTERIORES, MAS EM ALGUNS CASOS HÁ A TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS PARA EMPRESAS DO REGIME NÃO-CUMULATIVO
EM ETAPAS POSTERIORES, O QUE GERA DISTORÇÕES ADICIONAIS, COMO EXPLICADO ADIANTE.
Tributação total 40 49
Tributação total 40 35
19 EM SÃO PAULO, A ALÍQUOTA DE ICMS INCIDENTE SOBRE UMA ESTRUTURA METÁLICA É DE 12%, QUE, SOMADA À ALÍQUOTA DO PIS/COFINS
NÃO-CUMULATIVO (9,25%), RESULTA EM UMA ALÍQUOTA CONJUNTA DE 21,25%.
20 NA LEGISLAÇÃO DO ICMS ESSES BENS E SERVIÇOS RELACIONADOS ÀS ATIVIDADES AUXILIARES DO PROCESSO PRODUTIVO SÃO CHAMADOS
DE “BENS DE USO E CONSUMO”. DE FATO, A LEI COMPLEMENTAR 87/96, QUE REGULA O ICMS, PREVÊ A UTILIZAÇÃO DOS CRÉDITOS RELATIVOS
AOS BENS DE USO E CONSUMO, MAS A ENTRADA EM VIGOR DESTE DISPOSITIVO VEM SENDO SUCESSIVAMENTE POSTERGADA POR CONTA DE
SEU IMPACTO SOBRE AS RECEITAS ESTADUAIS.
21 EM CERTA MEDIDA, A RESTRIÇÃO AO APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS NO ÂMBITO DO PIS/COFINS COMPENSA AS DISTORÇÕES RESULTANTES
DO REGIME DE “BASE CONTRA BASE” DESTES TRIBUTOS, POIS MUITOS DOS SERVIÇOS PARA OS QUAIS HÁ VEDAÇÃO À UTILIZAÇÃO DE CRÉDITOS
SÃO TRIBUTADOS PELO REGIME CUMULATIVO (À ALÍQUOTA DE 3,65%) E GERARIAM CRÉDITO DE 9,25%. TRATA-SE DE UMA SITUAÇÃO ESDRÚXULA,
NA QUAL UM DEFEITO DO MODELO (A RESTRIÇÃO AO APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS) COMPENSA PARCIALMENTE OUTRO DEFEITO DO
MODELO (O REGIME DE “BASE CONTRA BASE”).
22 ESTÁ SE CONSOLIDANDO NO JUDICIÁRIO UMA JURISPRUDÊNCIA CONTRÁRIA À UNIÃO (OU SEJA, FAVORÁVEL A UM CONCEITO MAIS AMPLO
DE INSUMO), O QUE, ALÉM DE RESULTAR EM ELEVADO RISCO DE PERDA DE ARRECADAÇÃO, AUMENTA A POSSIBILIDADE DE DISTORÇÕES
RESULTANTES DO REGIME DE “BASE CONTRA BASE”, COMO DESCRITO NA NOTA ANTERIOR. A SOLUÇÃO DESTE PROBLEMA É UMA DAS PRINCIPAIS
RAZÕES PARA A PROPOSTA DE REFORMA DO PIS/COFINS APRESENTADA PELO MINISTÉRIO DA FAZENDA, QUE PREVÊ A SUBSTITUIÇÃO DO
REGIME DE “BASE CONTRA BASE” PELO REGIME DE CRÉDITO FISCAL (RECUPERAÇÃO DO CRÉDITO EQUIVALENTE AO TRIBUTO PAGO NA ETAPA
ANTERIOR) E A AMPLIAÇÃO DAS POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO DE CRÉDITOS NO ÂMBITO DO PIS/COFINS.
23 ALGUNS SERVIÇOS UTILIZADOS EM ATIVIDADES DE AMPLIAÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA NÃO DÃO DIREITO A CRÉDITO. PARA
EDIFICAÇÕES UTILIZADAS NA ATIVIDADE PRINCIPAL DA EMPRESA O PRAZO DE RECUPERAÇÃO DOS CRÉDITOS É DE 24 MESES E PARA OUTRAS
EDIFICAÇÕES (E OUTROS BENS NÃO CONSTANTES DA LISTA) O CRÉDITO É PERMITIDO AO LONGO DO PRAZO DE DEPRECIAÇÃO DO ATIVO,
QUE PODE SER BASTANTE LONGO.
por parte do fisco, as quais podem levar anos até serem concedidas.24
É bastante comum que os saldos credores só sejam ressarcidos com
descontos (definidos em leilão ou por outra forma), ou que sejam
exigidas condições para seu ressarcimento, como, por exemplo, a
realização de investimentos. Gera-se, assim, uma situação de grande
insegurança jurídica para as empresas, que acumulam grandes volumes
de saldos credores, cuja recuperação é incerta. O que é certo é que a
recuperação dos saldos credores, se ocorrer, terá um custo decorrente
do atraso em seu ressarcimento (sem correção) ou da necessidade da
concessão de descontos para seu recebimento.
24 AO INVÉS DO RESSARCIMENTO EM DINHEIRO, O PADRÃO MAIS COMUM É QUE O FISCO AUTORIZE A TRANSFERÊNCIA DOS SALDOS
CREDORES A TERCEIROS QUE OS UTILIZAM PARA ABATER DÉBITOS DO IMPOSTO.
25 A REGRA GERAL É QUE, EM UMA OPERAÇÃO INTERESTADUAL HÁ A COBRANÇA DE ICMS NO ESTADO DE ORIGEM À ALÍQUOTA DE 12%,
CABENDO AO ESTADO DE DESTINO A DIFERENÇA ENTRE A ALÍQUOTA INTERNA (DE 17% OU 18%, NA MAIOR PARTE DOS CASOS) E A ALÍQUOTA
INTERESTADUAL. NAS OPERAÇÕES ORIGINÁRIAS NOS ESTADOS DO SUL E SUDESTE (EXCETO ESPÍRITO SANTO) DESTINADA AOS ESTADOS DO
NORTE, NORDESTE E CENTRO-OESTE (E AO ESPÍRITO SANTO), A ALÍQUOTA INTERESTADUAL É REDUZIDA A 7%.
Valor da operação: 100 Valor da operação: 150 Valor da operação: 100 Valor da operação: 150
Alíquota ICMS: 12% Alíquota ICMS: 18% Alíquota ICMS: 12% Alíquota ICMS: 18%
Crédito presumido: 8
rio, teve uma receita de 4 que não obteria se não tivesse concedido o
benefício. Quem perdeu receita foi o Estado A que arrecadaria 12 na
situação sem benefício, e, por conta da migração da indústria para o
Estado C, passou a não arrecadar nada. Tal situação não ocorreria se o
ICMS fosse cobrado no destino, pois neste caso o imposto pertenceria
integralmente ao Estado B (onde está localizado o consumidor final)
independentemente de onde fosse realizada a produção. Isto ocorre
porque o imposto cobrado no destino é um imposto que incide sobre
o consumo, enquanto que o imposto cobrado no estado de origem in-
cide sobre a produção.
Embora a concessão de benefícios seja vista pelos estados como
parte de sua política de desenvolvimento, na prática é uma política
extremamente ineficiente, por dois motivos. Primeiro por que os esta-
dos usualmente concedem benefícios para atrair empresas que, por
vocação, se instalariam em outros estados. Isto leva a uma distribui-
ção geográfica ineficiente da estrutura produtiva do país.26 Segundo,
porque a concessão de benefícios se generalizou, sendo praticada tan-
to por estados menos desenvolvidos quanto por estados mais desen-
volvidos, resultando em uma perda relevante de arrecadação para o
conjunto dos estados.
Devido aos efeitos deletérios da concessão dos benefícios fiscais
no âmbito do ICMS, a Constituição Federal previu que tais benefícios
só poderiam ser concedidos na forma prevista em lei complementar
que, por sua vez, estabelecia como requisito a aprovação unânime dos
26 A TÍTULO DE EXEMPLO, O ESTADO DE SÃO PAULO CONCEDE BENEFÍCIOS PARA FRIGORÍFICOS, OS QUAIS, PROVAVELMENTE, NA AUSÊNCIA
DE BENEFÍCIOS SE INSTALARIAM PRÓXIMOS AOS LOCAIS ONDE SÃO CRIADOS OS ANIMAIS, EM PARTICULAR NA REGIÃO CENTRO-OESTE.
EM CONTRAPARTIDA, O ESTADO DE GOIÁS CONCEDE BENEFÍCIOS PARA ATRAIR MONTADORAS DE AUTOMÓVEIS, QUE, POR VOCAÇÃO,
PROVAVELMENTE SE INSTALARIAM EM SÃO PAULO. NO CASO DOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS PARA A INSTALAÇÃO DE CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO,
EM MUITOS CASOS O EFEITO DO BENEFÍCIO É REDUZIR A CARGA TRIBUTÁRIA PARA QUE UM CAMINHÃO SAIA DO ESTADO A, VÁ AO ESTADO
B E RETORNE AO ESTADO A.
27 TAIS REQUISITOS CONSTAM DA LEI COMPLEMENTAR 24/1975. O CONFAZ (CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA FAZENDÁRIA) É UM ÓRGÃO
COLEGIADO QUE REÚNE OS 27 SECRETÁRIOS DE FAZENDA DOS ESTADOS.
28 A LEI COMPLEMENTAR 160/2017 REDUZIU O QUÓRUM DO CONFAZ PARA A APROVAÇÃO DE UM CONVÊNIO DE CONVALIDAÇÃO DOS
BENEFÍCIOS FISCAIS, O QUE FOI FEITO ATRAVÉS DO CONVÊNIO ICMS 190/2017.
29 VALE NOTAR QUE A POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS IGUAIS AOS EXISTENTES TEM LÓGICA, POIS NA AUSÊNCIA DESSE
DISPOSITIVO CRIAR-SE-IA UMA BARREIRA À ENTRADA DE NOVOS CONCORRENTES, NA MEDIDA EM QUE AS EMPRESAS JÁ INSTALADAS TERIAM OS
BENEFÍCIOS E AS NOVAS EMPRESAS NÃO. DE FATO, A LEI COMPLEMENTAR 160 FOI ALÉM, AO POSSIBILITAR QUE ESTADOS CONCEDAM BENEFÍCIOS
IGUAIS AOS CONCEDIDOS POR OUTROS ESTADOS DA MESMA REGIÃO – PROCESSO QUE VEM SENDO CHAMADO DE “COLA” DOS BENEFÍCIOS.
30 COMO NÃO HÁ COMO DISTINGUIR OS SALDOS CREDORES ORIGINADOS DE OPERAÇÕES INTERESTADUAIS DAQUELES ORIGINADOS
DE OPERAÇÕES INTERNAS, A RESISTÊNCIA JUSTIFICADA DOS ESTADOS A DEVOLVER AOS EXPORTADORES O IMPOSTO ARRECADADO POR
OUTROS ESTADOS ACABA SENDO UTILIZADO PARA JUSTIFICAR TAMBÉM A NÃO-DEVOLUÇÃO DO IMPOSTO ARRECADADO INTERNAMENTE.
31 O VALOR ESTIMADO DA RENÚNCIA DE TRIBUTOS FEDERAIS RELACIONADOS A BENEFÍCIOS PARA A ZFM EM 2017 FOI DE R$ 25,6 BILHÕES
(CAINDO PARA R$ 24,2 BILHÕES EM 2018). O NÚMERO DE EMPREGOS DIRETOS NA ZFM EM MAIO DE 2017 FOI DE 84 MIL. ISTO REPRESENTA UM
CUSTO ANUAL POR EMPREGO DIRETO GERADO DE CERCA DE R$ 300 MIL. CERTAMENTE É POSSÍVEL FAZER UMA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO
PARA A REGIÃO COM MENOR CUSTO SOCIAL.
32 O CUSTO DOS BENEFÍCIOS DA LEI DE INFORMÁTICA PARA 2018 ESTÁ ESTIMADO EM R$ 5,7 BILHÕES.
33 É VERDADE QUE OS BENEFÍCIOS DA LEI DE INFORMÁTICA SERVEM TAMBÉM COMO UMA CONTRAPARTIDA AOS BENEFÍCIOS DA ZONA
FRANCA DE MANAUS, UMA VEZ QUE, NA AUSÊNCIA DESTES BENEFÍCIOS, OS FABRICANTES DE BENS DE INFORMÁTICA LOCALIZADOS EM OUTRAS
REGIÕES DO PAÍS NÃO SERIAM COMPETITIVOS RELATIVAMENTE AOS INSTALADOS NA ZFM.
34 MESMO OS EFEITOS SOBRE O SETOR DE BENS DE INFORMÁTICA SÃO, NO MÍNIMO, QUESTIONÁVEIS. LUZIO E GREENSTEIN (1995), POR
EXEMPLO, INDICAM QUE MESMO COM OS BENEFÍCIOS, O SETOR DE BENS DE INFORMÁTICA BRASILEIRO APRESENTAVA UMA DEFASAGEM DE
PELO MENOS TRÊS ANOS EM RELAÇÃO À FRONTEIRA TECNOLÓGICA.
35 UM EXEMPLO DE REGIME ESPECIAL “CORRETIVO” É A ADOÇÃO DE ALÍQUOTA ZERO NA AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO
IMOBILIZADO, VISANDO EVITAR O ACÚMULO DE CRÉDITOS DE PIS/COFINS EM PROJETOS DE LONGA MATURAÇÃO. ESTE REGIME NÃO É, NO
ENTANTO, APLICADO DE FORMA GENERALIZADA, MAS APENAS PARA ALGUNS SETORES COMO INFRAESTRUTURA (REGIME ESPECIAL DE
INCENTIVOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA INFRAESTRUTURA – REIDI). OUTRO EXEMPLO É A PERMISSÃO DE DIFERIMENTO DA COBRANÇA
DE ICMS INCIDENTE SOBRE INSUMOS ADQUIRIDOS POR EMPRESAS QUE REALIZAM OPERAÇÕES INTERESTADUAIS COM MERCADORIAS COM
CONTEÚDO DE IMPORTAÇÃO SUPERIOR A 40% (QUE, PELA RESOLUÇÃO Nº 13/2012 DO SENADO, ESTÃO SUJEITAS A ALÍQUOTA INTERESTADUAL
DE 4%), DE FORMA A EVITAR O ACÚMULO DE CRÉDITOS. NESTE CASO, O PADRÃO MAIS COMUM É A CONCESSÃO DO REGIME ESPECIAL CASO
A CASO PARA AS EMPRESAS DEMANDANTES.
36 AS ALÍQUOTAS DO ICMS E O ENQUADRAMENTO DAS MERCADORIAS E SERVIÇOS ENTRE AS VÁRIAS ALÍQUOTAS DEPENDEM DE LEI. JÁ
A REDUÇÃO DE BASE DE CÁLCULO DEPENDE APENAS DE DECRETO DO GOVERNADOR, O QUE FAZ COM QUE, NA PRÁTICA, A ALÍQUOTAS
EFETIVA PARA UMA AMPLA GAMA DE PRODUTOS E SERVIÇOS SEJA DEFINIDA POR ATO DO GOVERNADOR, ATRAVÉS DA REDUÇÃO DA BASE
DE CÁLCULO DO IMPOSTO.
37 ADICIONALMENTE, EM MUITOS CASOS NÃO HÁ INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS SOBRE OS BENEFÍCIOS FISCAIS CONCEDIDOS ÀS EMPRESAS.
BOA PARTE DOS INCENTIVOS DA GUERRA FISCAL DO ICMS, POR EXEMPLO, É CONCEDIDA ATRAVÉS DE CONTRATOS CELEBRADOS ENTRE AS
EMPRESAS E O FISCO ESTADUAL. O CONVÊNIO ICMS 190/17 (QUE REGULA A CONVALIDAÇÃO DOS BENEFÍCIOS) ESTABELECE QUE OS FISCOS
ESTADUAIS DEVERÃO INFORMAR OS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS PARA CADA EMPRESA. ESTA INFORMAÇÃO NÃO ESTARÁ, NO ENTANTO,
DISPONÍVEL PARA O PÚBLICO, SENDO SEU ACESSO RESTRITO AOS FISCOS.
38 PELA PROPOSTA, QUE O MINISTÉRIO DA FAZENDA CHAMA DE REGIME DE “TRIBUTO CONTRA TRIBUTO”, O VALOR DAS CONTRIBUIÇÕES
PARA O PIS E DA COFINS INCIDENTES SOBRE AS VENDAS SERIA DISCRIMINADO NOS DOCUMENTOS FISCAIS E GERARIA CRÉDITO PARA A ETAPA
SUBSEQUENTE EM VALOR EQUIVALENTE. ELIMINAR-SE-IA, ASSIM, A DISTORÇÃO DO REGIME ATUAL DE “BASE CONTRA BASE”, QUE PERMITE QUE
INSUMOS TRIBUTADOS PELO REGIME CUMULATIVO À ALÍQUOTA DE 3,65% GEREM CRÉDITO DE 9,25% PARA O ADQUIRENTE.
39 O MODELO PROPOSTO É USUALMENTE CONHECIDO COMO “CRÉDITO FINANCEIRO”, EM CONTRAPOSIÇÃO AO REGIME DE “CRÉDITO FÍSICO”
ATUALMENTE VIGENTE, PELO QUAL APENAS INSUMOS INCORPORADOS FISICAMENTE AO PRODUTO DÃO DIREITO A CRÉDITO.
40 A PROPOSTA PREVIA UMA MUDANÇA EM DOIS TEMPOS. INICIALMENTE AS MUDANÇAS SERIAM IMPLEMENTADAS APENAS PARA O PIS
(CUJA ALÍQUOTA CORRESPONDE A POUCO MAIS DE 20% DA ALÍQUOTA DA COFINS), ESTENDENDO-SE A MUDANÇA DEPOIS PARA A COFINS,
CALIBRANDO-SE A ALÍQUOTA DE MODO A NÃO ELEVAR OU REDUZIR A CARGA TRIBUTÁRIA. NO FINAL DO PROCESSO OS DOIS TRIBUTOS SERIAM
UNIFICADOS EM UMA ÚNICA CONTRIBUIÇÃO.
do ICMS para 4%, ao longo de oito anos. Tal Projeto de Resolução – que
foi retomado como parte de uma proposta governamental de reforma
do ICMS em 2015, mas nunca foi votado – tornaria o ICMS mais pró-
ximo do modelo do IVA, ao reduzir a tributação no estado de origem
e elevar a tributação no estado de destino.41 Finalmente, ao longo
das últimas décadas também foram discutidas várias propostas para
harmonizar os regimes especiais e as obrigações assessórias do ICMS
entre os estados, bem como para viabilizar o ressarcimento de saldos
credores de ICMS para os exportadores.
Todas essas mudanças melhorariam os tributos sobre bens e ser-
viços e aproximariam suas características daquelas de um bom IVA,
mas seriam claramente insuficientes para corrigir a maioria das dis-
torções existentes. Por um lado, parte importante dos problemas atuais
decorre da fragmentação da base de incidência entre vários tributos,
que não pode ser corrigida através de aprimoramentos nos tributos
existentes. Também é muito difícil revogar caso a caso benefícios fis-
cais – ou mesmo regimes especiais e alíquotas diferenciadas –, dada
a resistência dos setores ou empresas afetados. Assim, tendência é
que mesmo com melhoras, os tributos continuassem com tratamen-
tos diferenciados.42Em algumas situações, a correção dos problemas
existentes pode gerar novas distorções. Este é o caso principalmente
da redução da alíquota interestadual do ICMS, que geraria o risco de
acúmulo de saldos credores por parte de empresas que adquirem in-
sumos internamente e têm grande volume de vendas interestaduais.
41 A PROPOSTA DE REFORMA DO ICMS DE 2015 CONTEMPLAVA MAIS DUAS MEDIDAS: A) A CONVALIDAÇÃO DOS BENEFÍCIOS FISCAIS ATRAVÉS
DE UM CONVÊNIO DO CONFAZ; E B) A CRIAÇÃO DE UM FUNDO DE COMPENSAÇÃO DE PERDAS PARA OS ESTADOS PREJUDICADOS PELA
REDUÇÃO DAS ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS E DE UM FUNDO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL, NOS TERMOS DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº
683/15, QUE NUNCA FOI VOTADA E PERDEU SUA VIGÊNCIA. DAS TRÊS MUDANÇAS PROPOSTAS, APENAS A CONVALIDAÇÃO DOS BENEFÍCIOS
FOI APROVADA EM 2017, ATRAVÉS DA LEI COMPLEMENTAR Nº 160.
42 UM BOM EXEMPLO É A PROPOSTA DE REFORMA DO PIS/COFINS. EMBORA O TEXTO LEGAL DA PROPOSTA NUNCA TENHA SIDO DIVULGADO,
SABE-SE, PELAS APRESENTAÇÕES FEITAS PELA RECEITA FEDERAL, QUE VÁRIOS DOS BENEFÍCIOS E REGIMES ESPECIAIS DO SISTEMA ATUAL
SERIAM MANTIDOS (EM ALGUNS CASOS COM AJUSTES) E QUE APENAS ALGUNS DOS BENEFÍCIOS EXISTENTES SERIAM REVOGADOS.
43 POR OUTRO LADO, A REDUÇÃO DO CUSTO POLÍTICO DA REFORMA “DESIDRATADA” DO PIS/COFINS, TORNA A MUDANÇA MAIS FACTÍVEL,
PODENDO SER INCLUSIVE CONSIDERADA COMO UM PRIMEIRO PASSO DE UMA REFORMA MAIS AMPLA.
44 O NOME IBS - IMPOSTO SOBRE BENS E SERVIÇOS - ACOMPANHA A TENDÊNCIA MUNDIAL, POIS A MAIORIA DOS IMPOSTOS DO TIPO IVA
CRIADOS NOS ÚLTIMOS ANOS TEM SIDO DENOMINADA DE GOODS AND SERVICES TAX (GST).
A) CARACTERÍSTICAS DO IBS
As características propostas para o IBS são exatamente aquelas
previstas na literatura para um IVA bem desenhado. A primeira delas
é a incidência não-cumulativa, pelo método de crédito fiscal, sobre
uma base ampla de bens e serviços, incluindo operações de cessão
e transferência de direitos. A proposta é que todas operações econô-
micas onerosas – com tangíveis e intangíveis – sejam tributadas. Num
contexto em que as formas de produção estão mudando rapidamente
e que as fronteiras entre bens, serviços e direitos se tornam cada vez
menos difusas, é importante que a tributação alcance todas as formas
de atividade econômica, independentemente de sua classificação. A
segunda característica do IBS é a garantia de crédito amplo, alcan-
çando todos os bens e serviços adquiridos pelos contribuintes
no exercício de sua atividade econômica. As únicas restrições ao apro-
veitamento de créditos dizem respeito a bens e serviços adquiridos
para consumo pessoal dos administradores das empresas ou de seus
empregados, uma vez que o regime de crédito não pode ser usado pa-
ra burlar a tributação do consumo.45 Outras características do IBS são
a desoneração completa das exportações, tributadas com alíquota
zero, e a criação de um regime eficiente de ressarcimento tempes-
tivo de saldos credores eventualmente acumulados pelos exporta-
45 ESTA É UMA QUESTÃO ENFRENTADA POR TODOS OS PAÍSES QUE POSSUEM IVAS E QUE USUALMENTE REQUER UMA DEFINIÇÃO CLARA
PARA BENS E SERVIÇOS QUE PODEM SER NECESSÁRIOS PARA A ATIVIDADE DA EMPRESA, MAS QUE TAMBÉM PODEM SER UTILIZADOS PARA
CONSUMO PESSOAL, COMO AUTOMÓVEIS DE PASSEIO OU DESPESAS EM RESTAURANTES. EM TODO CASO, TRATA-SE DE UMA QUESTÃO DE
SEGUNDA ORDEM QUANDO COMPARADA ÀS RESTRIÇÕES ATUALMENTE EXISTENTES PARA O APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS NO BRASIL.
46 O TIPO DE FRAUDE MAIS COMUM É A CRIAÇÃO DE EMPRESAS DE FACHADA QUE EMITEM UM GRANDE VOLUME DE NOTAS FISCAIS E
ENCERRAM SUAS ATIVIDADES EM SEGUIDA SEM RECOLHER O IMPOSTO DEVIDO. COM O SISTEMA DE NOTA FISCAL ELETRÔNICA É FÁCIL
IDENTIFICAR SE HÁ, NA CADEIA DE FORNECIMENTO DOS CONTRIBUINTES, UM VOLUME ANORMALMENTE ELEVADO DE CRÉDITOS ORIGINADOS
E NÃO PAGOS, O QUE PODE SER UM INDÍCIO DE FRAUDE.
47 A INCIDÊNCIA “POR DENTRO” TEM SIDO OBJETO DE RELEVANTES DISPUTAS JUDICIAIS, MERECENDO DESTAQUE A RECENTE DECISÃO DO
STF DETERMINANDO QUE O ICMS NÃO DEVE INTEGRAR A BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. O CUSTO FISCAL DESTA AÇÃO PODE SER
EXTREMAMENTE ELEVADO (PODENDO ULTRAPASSAR R$ 200 BILHÕES, SEGUNDO ESTIMATIVAS DO MINISTÉRIO DA FAZENDA), A DEPENDER
DA DECISÃO DO STF SOBRE O PEDIDO DE MODULAÇÃO APRESENTADO PELA UNIÃO E AINDA NÃO APRECIADO. VALE NOTAR QUE O IBS
NÃO INTEGRARÁ SUA PRÓPRIA BASE DE CÁLCULO, MAS QUE TRIBUTOS MONOFÁSICOS DE NATUREZA EXTRAFISCAL – COMO O IMPOSTO DE
IMPORTAÇÃO E O IMPOSTO SELETIVO – INTEGRARÃO A BASE DE CÁLCULO DO IBS, MEDIDA NECESSÁRIA PARA EVITAR DISTORÇÕES (COMO A
IMPORTAÇÃO FEITA POR UM NÃO CONTRIBUINTE DO IBS).
48 PELA PROPOSTA DO CCIF, NÃO SERIA NECESSÁRIO ALTERAR AS ALÍQUOTAS PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO, MAS APENAS APLICAR UM REDUTOR
SOBRE AS ALÍQUOTAS NA EMISSÃO DOS DOCUMENTOS FISCAIS. ASSIM, NO PRIMEIRO ANO DA TRANSIÇÃO A ALÍQUOTA APLICÁVEL SERIA 7/8
DA PREVISTA NA LEGISLAÇÃO, NO SEGUNDO ANO SERIA 6/8, E ASSIM SUCESSIVAMENTE.
Gráfico 1
Transição na introdução do IBS
Alícota (em %)
20
15
10
Anos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
49 ESTUDO FEITO PELA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DA SUÉCIA (QUE SEGUE O PADRÃO EUROPEU DE TRÊS ALÍQUOTAS POSITIVAS) ESTIMA
QUE O CUSTO DE CONFORMIDADE NO PAGAMENTO DO IVA SERIA REDUZIDO EM 30% COM A ADOÇÃO DE UMA ALÍQUOTA ÚNICA PARA
TODOS BENS E SERVIÇOS.
com o cadastro único dos programas sociais.50 Além de ser uma for-
ma muito mais eficiente e barata de melhorar a distribuição de renda
que a desoneração da cesta básica, a isenção personalizada ainda cria
um incentivo para que as famílias de baixa renda exijam documentos
fiscais em suas compras.
Já para compensar a perda da capacidade dos estados em conceder
benefícios, o CCiF propõe que a União aloque recursos para a política
de desenvolvimento regional, sem detalhar, no entanto, o montante a
ser alocado nem a forma de aplicação dos recursos, os quais devem
ser objeto de negociação política. Em princípio, o montante de recursos
aportado pela União deveria ser crescente com a redução das alíquotas
do ICMS. Idealmente tais recursos deveriam ser alocados em formas
eficientes de promover o desenvolvimento regional, como investimen-
tos em infraestrutura, qualificação de trabalhadores e exploração de
vocações regionais.51
D) AUTONOMIA FEDERATIVA
A proposta do CCiF prevê que a União, os Estados e os municípios
terão autonomia na fixação de sua parcela da alíquota do imposto. Ou
seja, a alíquota seria uniforme para todos os bens e serviços dentro
de cada unidade federada, mas poderá variar entre estados e entre
municípios.52 Para os contribuintes, a alíquota a ser aplicada a cada
operação será a soma das alíquotas federal, estadual e municipal. Nas
50 O MODELO DE ISENÇÃO PERSONALIZADA TOMA COMO BASE A PROPOSTA DESENVOLVIDA EM SILVA (2018). OBVIAMENTE, O MODELO
PRESSUPÕE LIMITES AOS VALORES A SEREM RESSARCIDOS, ASSIM COMO UMA CALIBRAGEM EM FUNÇÃO DA RENDA DAS FAMÍLIAS.
51 UMA QUESTÃO QUE MERECE ATENÇÃO ESPECIAL É A CRIAÇÃO DE MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO PARA O ESTADO DO AMAZONAS,
EM SUBSTITUIÇÃO À ZONA FRANCA DE MANAUS. NESTE CASO, É PROVÁVEL QUE O MELHOR DESENHO SEJA A SUBSTITUIÇÃO DO ATUAL MODELO
PELA DESTINAÇÃO DE RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS PARA UMA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL. AINDA QUE O CUSTO FISCAL DESSA
POLÍTICA SEJA ELEVADO, CERTAMENTE SERÁ MUITO INFERIOR AO CUSTO ATUAL DA ZFM.
52 NA PRÁTICA, ISTO EXIGIRÁ UMA TABELA COM A ALÍQUOTA DE CADA UM DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS BRASILEIROS. TAIS ALÍQUOTAS
DEVERÃO SER FIXADAS COM ANTECEDÊNCIA (DEVENDO A RESPECTIVA LEI SER PUBLICADA ATÉ O FINAL DE SETEMBRO DO ANO ANTERIOR A
SUA ENTRADA EM VIGÊNCIA) E SER OBJETO DE AMPLA DIVULGAÇÃO, INCLUSIVE SEU REGISTRO EM SISTEMA ELETRÔNICO.
53 OUTRO RISCO DA MUDANÇA É A POSSIBILIDADE DE GUERRA FISCAL NO CONSUMO ENTRE OS ENTES FEDERADOS. ESTA POSSIBILIDADE,
NO ENTANTO, É LIMITADA PELO FATO DE QUE A ALÍQUOTA TEM DE SER UNIFORME PARA TODOS OS BENS E SERVIÇOS. ADICIONALMENTE, A
GUERRA FISCAL NO CONSUMO É MUITO MENOS DISTORCIVA QUE A GUERRA FISCAL NA PRODUÇÃO QUE CARACTERIZA O MODELO ATUAL
(UMA BOA REFERÊNCIA É O DIFERENCIAL DA ALÍQUOTA DO SALES TAX NOS EUA, QUE VAI DE ZERO A MAIS DE 9%, QUANDO CONSIDERADAS
AS ALÍQUOTAS ESTADUAL E LOCAL).
54 O ART. 60, § 4º, I DA CONSTITUIÇÃO VEDA A APROVAÇÃO DE EMENDA CONSTITUCIONAL TENDENTE A ABOLIR A FORMA FEDERATIVA DE ESTADO.
O MODELO FEDERATIVO PRESSUPÕE QUE OS ENTES FEDERADOS TERÃO AUTONOMIA NA GESTÃO DE SUAS RECEITAS E DE SUAS DESPESAS.
ELIMINAR OU RESTRINGIR DRASTICAMENTE A POSSIBILIDADE DE GESTÃO DAS RECEITAS PODE SER ENTENDIDO COMO INCONSTITUCIONAL.
55 O CÁLCULO DA PARCELA DO IBS PERTENCENTE A CADA ESTADO E A CADA MUNICÍPIO SERÁ FEITO COM BASE NO SALDO DO IMPOSTO
APURADO PELOS ESTABELECIMENTOS LOCALIZADOS NO ESTADO OU NO MUNICÍPIO, AJUSTADO COM BASE NAS TRANSAÇÕES INTERESTADUAIS
OU INTERMUNICIPAIS. A TÍTULO DE EXEMPLO, O IMPOSTO PERTENCENTE AO ESTADO A SERÁ APURADO A CADA PERÍODO SOMANDO-SE O
SALDO DE DÉBITOS E CRÉDITOS E CRÉDITOS DOS ESTABELECIMENTOS LOCALIZADOS NO ESTADO A, SUBTRAINDO-SE A PARCELA ESTADUAL
DO IMPOSTO INCIDENTE NAS VENDAS DO ESTADO A PARA OUTROS ESTADOS E SOMANDO-SE A PARCELA ESTADUAL DO IMPOSTO INCIDENTE
NAS VENDAS DE OUTROS ESTADOS PARA O ESTADO A. COM ESTE MODELO, QUE SÓ É VIÁVEL POR CONTA DO AVANÇO NO USO DAS NOTAS
FISCAIS ELETRÔNICAS NO PAÍS, A DISTRIBUIÇÃO DA RECEITA PASSA A SER FEITA COM BASE NO PRINCÍPIO DO DESTINO.
56 A HIPÓTESE CONSIDERADA FOI A DE UM AUMENTO NA TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB POTENCIAL DE 0,5% AO ANO, DURANTE 20 ANOS.
Gráfico 2
Evolução da receita de um estado ‘perdedor’
108%
106%
104%
102%
100%
98%
96%
94%
92%
90%
88%
d0 d5 d10 d15 d20 d25 d30 d35 d40 d45 d50
Total 25,0%
NOTA: ESTIMATIVAS REALIZADAS COM BASE NA RECEITA DOS TRIBUTOS SUBSTITUÍDOS PELO IBS EM 2015 E NOS CRITÉRIOS DE
57 AS ALÍQUOTAS DE REFERÊNCIA DO IBS (OU SEJA, AQUELAS QUE REPÕEM A RECEITA DOS TRIBUTOS QUE SERÃO SUBSTITUÍDOS PELO
NOVO IMPOSTO) PARA A UNIÃO, OS ESTADOS E OS MUNICÍPIOS SÓ SERÃO CONHECIDAS DURANTE A TRANSIÇÃO. O VALOR DE 25% PARA A
ALÍQUOTA DE REFERÊNCIA TOTAL DO IMPOSTO É UMA ESTIMATIVA PRELIMINAR ELABORADA COM BASE NA RECEITA DOS TRIBUTOS ATUAIS E NA
RELAÇÃO ENTRE A RECEITA DO IVA E O CONSUMO EM PAÍSES SEMELHANTES AO BRASIL QUE POSSUEM IVAS COM POUCAS EXCEÇÕES (ÁFRICA
DO SUL E CHILE). VALE NOTAR QUE A ALÍQUOTA DE 25% INCIDE “POR FORA”, OU SEJA, SOBRE O PREÇO SEM IMPOSTO, O QUE CORRESPONDE
A UMA ALÍQUOTA “POR DENTRO” DE 20%.
H) OUTRAS QUESTÕES
Algumas outras questões relacionadas à proposta de reforma de-
senvolvida pelo CCiF merecem ser comentadas. A primeira diz respei-
to ao tratamento a ser dispensado às empresas do SIMPLES Nacional.
Pela proposta, essas empresas poderão escolher entre duas opções: i)
manter o regime atual, caso em que seria vedada a apropriação e a
58 ESTE EXEMPLO PRESSUPÕE QUE AS DESPESAS COM EDUCAÇÃO E SAÚDE ESTEJAM NO LIMITE INFERIOR PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO. SE
ESTIVEREM ACIMA DESTE LIMITE, ENTÃO APENAS A DESTINAÇÃO AOS MUNICÍPIOS SERÁ MANDATÓRIA.
59 O MESMO PRINCÍPIO SE APLICARIA ÀS ALÍQUOTAS SINGULARES VINCULADAS À EDUCAÇÃO E À SAÚDE, AS QUAIS TAMBÉM NÃO PODERIAM
SER FIXADAS ABAIXO DE UM PISO QUE CORRESPONDE À DESTINAÇÃO ATUAL DO ICMS A ESSAS FINALIDADES. NESTE CASO, NO ENTANTO, A
PROPOSTA É QUE O PISO SE APLIQUE À SOMA DAS ALÍQUOTAS SINGULARES VINCULADAS À EDUCAÇÃO E À SAÚDE, DANDO ALGUMA MARGEM
PARA QUE OS ESTADOS E MUNICÍPIOS REALOQUEM RECURSOS ENTRE ESTAS DUAS FINALIDADES.
60 NESTE CASO, A TRIBUTAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO DO SIMPLES SUBSTITUIRIA APENAS A CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PARA A PREVIDÊNCIA
E OS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO DA EMPRESA (IRPJ E CSLL).
61 É VERDADE QUE A MEDIDA TERIA UM IMPACTO SOBRE O NÍVEL DA DÍVIDA PÚBLICA, QUE NÃO SERIA MAIS QUE O RECONHECIMENTO
DE PASSIVOS JÁ EXISTENTES.
4. Comentários finais
Este texto teve como objetivo detalhar os problemas do modelo
brasileiro de tributação de bens e serviços, bem como apresentar uma
proposta de reforma voltada a eliminar estes problemas.
As disfuncionalidades do sistema brasileiro se tornam mais claras
quando se comparam suas características com as de um bom imposto
sobre o valor adicionado (IVA), que estão bem estabelecidas na literatura
e na prática internacional: a) incidência sobre uma base ampla de bens
e serviços; b) não-cumulatividade plena, garantindo-se a recuperação
do imposto incidente sobre todos os bens e serviços adquiridos pelos
contribuintes no exercício de sua atividade empresarial; c) desonera-
ção completa das exportações e dos investimentos e ressarcimento
tempestivo de saldos credores acumulados; d) tributação no destino; e)
ausência de benefícios fiscais; e f) o mínimo de alíquotas (idealmente
apenas uma) e regimes especiais de tributação.
Os tributos brasileiros sobre bens e serviços não possuem nenhu-
ma dessas características. Em vez de uma base ampla de bens e ser-
viços, a base de incidência é fragmentada entre cinco tributos: ICMS,
ISS, IPI, PIS/Cofins cumulativo e PIS/Cofins não-cumulativo. Em vez
da não-cumulatividade plena, o Brasil possui vários tributos cumula-
tivos, e mesmo os tributos não-cumulativos são falhos, inviabilizando
a recuperação de parte relevante dos créditos. Em vez de um sistema
eficiente de ressarcimento de créditos, há enormes dificuldades para
que exportadores e outros contribuintes recuperem saldos credores
acumulados. Em vez da tributação no destino, o ICMS é cobrado do-
minantemente no estado de origem, criando um ambiente propício à
guerra fiscal entre os estados. Em vez de uma legislação uniforme, os
tributos brasileiros caracterizam-se por uma profusão de benefícios
fiscais, regimes especiais e alíquotas diferenciadas.
Quando tomadas em conjunto, as consequências dessas disfunções
são muito negativas. Primeiro, há um aumento do custo dos bens de
progressivamente elevada.
Pela proposta, a alíquota do IBS será formada pela soma de três
alíquotas: uma federal, uma estadual e uma municipal. Ao longo da
transição, as alíquotas federal, estadual e municipal serão fixadas de
forma a repor a perda da receita decorrente da redução das alíquotas
dos tributos atuais, mantendo a carga tributária constante. No entan-
to, em respeito à autonomia federativa, a proposta prevê que a União,
os estados e os municípios terão autonomia para modificar, por lei,
sua parcela da alíquota do imposto. Como o IBS é um imposto sobre o
consumo, a elevação ou redução da alíquota afetaria diretamente os
preços ao consumidor no respectivo ente da federação.
Ainda que constituído por uma parcela federal, uma estadual e
uma municipal, para os contribuintes o IBS será apenas um imposto,
tendo legislação uniforme e sendo recolhido de forma unificada. A
arrecadação do IBS será destinada a uma conta centralizadora, sendo
posteriormente distribuída entre os entes federados. A gestão do IBS
– inclusive da conta centralizadora – será feita por um Comitê Gestor
formado por representantes das três esferas de governo, reforçando o
caráter federativo do imposto.
Nas transações interestaduais e intermunicipais vigorará o princí-
pio do destino, ou seja, o imposto pertencerá ao estado e ao município
de destino da operação. Como a transição para o destino afeta a distri-
buição de receita entre os estados e os municípios, a proposta prevê
uma transição bastante longa na distribuição federativa da receita, de
cinquenta anos, de forma a suavizar o impacto da mudança sobre as fi-
nanças estaduais e municipais. Vale notar que este modelo só é possível
porque a arrecadação do IBS é feita de forma centralizada, e por conta
do estágio avançado na utilização da nota fiscal eletrônica no Brasil.
Enfim, a proposta do CCiF prevê a substituição do atual regime
constitucional de vinculação e partilha da receita dos tributos incorpo-
rados pelo IBS por um sistema no qual cada destinação converte-se em
BIBLIOGRAFIA
Abuhab, M. Devo, não nego, pago quando receber!: uma proposta
de simplificação tributária que pode ser uma revolução. São Paulo: Al-
faiatar, 2017.
____________
1 AGRADECEMOS O APOIO E COMENTÁRIOS DE PARTICIPANTES DO CDPP (CENTRO DE DEBATES DE POLÍTICAS PÚBLICAS) E A ASSISTÊNCIA
DE PESQUISA DE CAMILA VENEO. EVENTUAIS ERROS E OMISSÕES REMANESCENTES SÃO DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DOS AUTORES.
1. Introdução
Diversos estudos que avaliaram mudanças na propriedade de em-
presas estatais sugerem que o controle privado é normalmente associa-
do a um efeito positivo e significativo sobre o desempenho financeiro
e operacional das empresas privatizadas (MEGGINSON, 2016). Ainda
assim, várias estatais permaneceram em muitos países – algumas refor-
madas, com melhores práticas de governança, outras preservando os
usuais canais de intervenção discricionária dos governos (BREMMER,
2010; MUSACCHIO e LAZZARINI, 2014). A despeito desses canais de
ineficiência, uma justificativa para a manutenção de algumas empresas
é que elas podem executar atividades de interesse público, não total-
mente alinhadas com os objetivos de lucro dos investidores privados.
A execução de políticas públicas, porém, não necessariamente pres-
supõe o envolvimento de empresas de controle do Estado; podem ser
feitos diversos tipos de arranjos contratuais ou arranjos regulatórios
para se garantir a sua provisão por empresas privadas (COASE, 1976).
Por exemplo, na execução de políticas de saúde ou habitacionais pa-
ra baixa renda, diversas organizações privadas podem competir para
prover esses serviços, sendo os custos de operação subsidiados por
transferências governamentais e com padrões de entrega de serviços
pré-estabelecidos em contratos ou regulados (SHLEIFER, 1998). Assim,
o exercício recomendado é avaliar, para cada atividade de cunho social
focalizada pela empresa pública, cenários alternativos envolvendo o
que aconteceria se essa atividade fosse gerida no âmbito privado. Quais
os arranjos privados que poderiam ser estabelecidos e quais as suas
vantagens? Há risco de menor ênfase em objetivos sociais relevantes?
Como esses riscos poderiam ser dirimidos por meio de mecanismos
contratuais ou de regulação?
Este artigo avalia essas questões no contexto do papel dos bancos
estatais no Brasil, com foco na atuação da Caixa Econômica Federal
(CEF). De um lado, as evidências empíricas confirmam diversas fontes
Gráfico 1
Participação do Crédito e Arrendamento
Mercantil na Receita dos Cinco Maiores Bancos
Em %
80
70
60
50
40
10
14
16
12
13
15
14
16
17
12
13
15
11
10
11
z/
z/
z/
z/
z/
z/
z/
n/
n/
n/
n/
n/
n/
n/
n/
de
de
de
de
de
de
de
ju
ju
ju
ju
ju
ju
ju
ju
Gráfico 2
Margem Líquida dos Cinco Maiores Bancos
Em %
25
20
15
10
0
10
14
16
12
13
15
10
14
16
17
12
13
15
11
11
z/
z/
z/
z/
z/
z/
z/
n/
n/
n/
n/
n/
n/
n/
n/
de
de
de
de
de
de
de
ju
ju
ju
ju
ju
ju
ju
ju
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA A PARTIR DE DADOS DO BANCO CENTRAL DO BRASIL.
Gráfico 3
Participação das Principais Fontes na Receita Operacional da CEF no Exercício 2017
Em %
0 20 40 60 80 100
Total 580,86
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA A PARTIR DOS DADOS DOS BALANÇOS PATRIMONIAIS DA CEF
2 O VALOR DO SUBSÍDIO TAMBÉM DE ALTERAVA DE ACORDO COM A REGIÕES ONDE ESTAVA LOCALIZADO O IMÓVEL. IMÓVEIS DE UM
MESMO VALOR EM REGIÕES MAIS SUBDESENVOLVIDAS RECEBIAM SUBSÍDIOS MAIORES (ALVAYAY E SCHWARTZ, 1997).
4 A POLÍTICA HABITACIONAL CHILENA PASSOU DIVERSAS ALTERAÇÕES AO LONGO DO TEMPO. APESAR DE OS PROGRAMAS TEREM
RECEBIDO NOVOS NOMES, SEUS DESENHOS NÃO FORAM ESTRUTURALMENTE ALTERADOS. EM SUMA, OS PROGRAMAS CONTINUARAM
DIRECIONADOS ÀS FAIXAS DE RENDA MAIS BAIXAS, HAVENDO UMA DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES ENTRE O ESTADO E O SETOR
PRIVADO. VALE DESTACAR QUE OS PROGRAMAS MAIS IMPORTANTES ATUALMENTE SÃO O SUBSIDIO HABITACIONAL D.S. 40 E O FONDO
SOLIDARIO DE VIVIENDA. O PRIMEIRO FOI CRIADO EM 2004 E É COMPOSTO PELOS ANTIGOS PROGRAMAS DE SUBSIDIO GENERAL
UNIFICADO E VIVIENDA BÁSICAS, FUNCIONANDO DA MESMA FORMA QUE O PROGRAMA DE SUBSIDIO GENERAL UNIFICADO ANTERIOR. O
SEGUNDO, POR SUA VEZ, ATENDE AOS GRUPOS COM RENDA MAIS BAIXA (SIMIAN, 2016).
5 NÃO SE PRETENDE, AQUI, DISCUTIR O DESENHO DE POLÍTICAS HABITACIONAIS DE FORMA GERAL. O DESENHO DOS MONTANTES E
CRITÉRIOS PARA OS SUBSÍDIOS DEVE SER FOCO DE ANÁLISE MAIS ESPECÍFICA E DETALHADA.
6 O FGTS FOI CRIADO PELA LEI Nº 5.107, DE 13 DE SETEMBRO DE 1966, E ATUALMENTE É REGIDO PELA LEI 8.036, DE 11 DE MAIO DE 1990.
Tabela 6 – Decomposição dos títulos e valores mobiliários investidos pelo FGTS (em
bilhões de reais a valores de dezembro de 2017)
FIDC
ANO LTN NTN CRI RB HAB LCI CVS DEBÊNTURES TOTAL
2013 12,96 90,12 8,17 39,24 0,58 6,11 - 2,77 8,85 168,80
2014 9,04 85,33 8,14 38,56 0,68 5,82 - 2,28 6,12 155,98
2016 3,30 88,36 12,12 27,60 0,31 2,83 0,86 1,42 3,74 140,54
DE INVESTIMENTO, FIDC: FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS, FII: FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO, LCI: LETRA DE
CRÉDITO IMOBILIÁRIO, CVS: CRÉDITOS SECURITIZADOS.
7 DISCUTIR POSSÍVEIS DESENHOS ALTERNATIVOS AO FGTS FOGE AO ESCOPO DO PRESENTE ESTUDO. PARA UMA DISCUSSÃO NESSA LINHA,
CONSULTE PAES DE BARROS E PORTELA (2018).
8 A EXPERIÊNCIA ITALIANA NO USO DE SCORE AUCTION NA SELEÇÃO DE FORNECEDORES DE SERVIÇOS PÚBLICOS TEVE BASTANTE
SUCESSO. VER DECAROLIS, SPAGNOLO E PACINI (2016).
9 A MANUTENÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE (LEI 8.036, DE 11 DE MAIO DE 1990) SOBRE COMO OS RECURSOS DO FGTS DEVE SER APLICADO
NÃO CONSTITUI UM OBSTÁCULO A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DESCENTRALIZADO OU COMPARTILHADO DE GESTÃO DOS RECURSOS DO
FGTS. POR MEIO DE LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR, PODE-SE ESTABELECER LIMITES MÍNIMOS DE APLICAÇÃO DOS RECURSOS DO FGTS EM
LETRAS FINANCEIRAS IMOBILIÁRIAS (LFI), OU FUNDOS SIMILARES, QUANDO O FGTS É ADMINISTRADO POR AGENTES PRIVADOS. ISSO GARANTIRÁ
QUE UM MONTANTE MÍNIMO DOS RECURSOS DO FGTS SEJA APLICADO CONFORME ESTABELECIDO PELA LEGISLAÇÃO QUE REGE O FGTS.
Valor dos benefícios pagos (em bilhões de reais a valores de dez de 2017)
SERVIÇOS DE GOVERNO
gestão do programa.
Para que esse sistema de delegação funcione bem, são necessários
diversos cuidados contratuais e regulatórios. O leilão reverso, no qual a
empresa que cobrar a menor taxa para realizar o pagamento dos bene-
fícios é a empresa selecionada, é um sistema transparente de seleção e
mais indicado para essa transferência de delegação. Porém, como indi-
cado pela experiência internacional de vouchers, é preciso realizar um
monitoramento dos serviços prestados pós-leilão, uma vez que as insti-
tuições selecionadas podem ter incentivos a cobrar taxas adicionais de
serviço e negligenciar aspectos de qualidade. Por exemplo, o contrato
de delegação entre o governo e a empresa privada selecionada deve
especificar o dia do mês em que o governo irá transferir os recursos
para a empresa, quando a empresa tornará disponível os recursos aos
beneficiários em suas respectivas contas bancárias, e multas significa-
tivas definidas em contrato a serem cobradas da empresa selecionada
caso o pagamento não seja realizado na data definida em contrato.
Adicionalmente, como forma de garantir serviços de qualidade,
poderiam ser firmados contratos de curta ou média duração, cuja
renovação seria feita também com base em indicadores passados de
desempenho. Por exemplo, no mecanismo de scoring auction, fornece-
dores submetem ofertas em todas as dimensões do bem (preço e outros
atributos não monetários) e estes são avaliados usando uma regra de
pontuação. Esse tipo de mecanismo teve sucesso na elevação da qua-
lidade da prestação de serviços públicos na Itália (Iossa e Rey, 2014)
e na prestação de serviços para uma grande empresa provedora de
água e energia no mesmo país (Decarolis, Spagnolo e Paccini, 2016).
Todos esses procedimentos podem ser desenhados e executados de
forma conjunta entre o Ministério responsável pelo programa social
em foco e o Ministério do Planejamento.
Gráfico 4
Percentual do total de municípios de cada decil – em ordem
crescente segundo participação desses municípios no PIB nacional
– onde cada banco possui ao menos uma agência
Em %
70
60
50
40
30
20
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Grupos
Gráfico 5
Probabilidade de a CEF possuir ao menos uma
agência em municípios categorizados
segundo o número de bancos presentes
99,79 100
Probabilidade de ter uma Casa Lotérica (em %)
100
80,53
80
60
40
18,48
20
1,67
0
1 2 3 4 5
10 NOTE QUE, PERMITINDO-SE QUE AS CASAS LOTÉRICAS, QUE SÃO CORRESPONDENTES EXCLUSIVOS DA CEF, ATUEM COMO
CORRESPONDENTES BANCÁRIOS DE OUTRAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, SERÃO CONCEDIDAS A ELAS AS MESMAS CONDIÇÕES DE
OPERAÇÃO DADAS AOS DEMAIS CORRESPONDENTES BANCÁRIOS – QUE, PELA REGULAÇÃO BANCÁRIA BRASILEIRA VIGENTE (RESOLUÇÃO
Nº 3.954/2011 DO BANCO CENTRAL DO BRASIL), PODEM SER CONVENIADOS A MAIS DE UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. PERMITIR QUE AS
CASAS LOTÉRICAS SEJAM CORRESPONDENTES BANCÁRIOS DE UMA OUTRA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NÃO VIOLA A LEGISLAÇÃO VIGENTE
QUE ATRIBUI À CEF O PAPEL DE MONOPOLISTA DOS JOGOS DE AZAR NO PAÍS POIS AS CASAS LOTÉRICAS SÃO RESPONSÁVEIS APENAS PELA
COMERCIALIZAÇÃO DAS LOTERIAS DA CEF, COLETANDO AS APOSTAS DO PÚBLICO E REPASSANDO-AS À CEF.
Gráfico 6
Probabilidade de existir ao menos uma casa
lotérica em municípios categorizados segundo
o número de agências bancárias presentes
97,30 100
Probabilidade de ter uma Casa Lotérica (em %)
100
87,58
76,52 77,82
80
71,43
60
40
20
0
1 2 3 4 5
11 O ARGUMENTO USUAL DO BANCO CENTRAL EM DEFESA DESSE TIPO DE POLÍTICA É QUE TAIS TIPOS DE EXIGÊNCIAS GARANTEM UMA
MAIOR ESTABILIDADE FINANCEIRA, UMA VEZ QUE OS BANCOS NACIONAIS COM SAÚDE FINANCEIRA PRECÁRIA SERÃO SANEADOS AO SEREM
ADQUIRIDOS POR UM BANCO ESTRANGEIRO SAUDÁVEL.
7. Conclusão
A execução de políticas públicas não demanda, necessariamente,
a presença de empresas de controle público. De fato, a discussão apre-
sentada neste artigo sugere que várias das atividades sociais da CEF
poderiam ser supridas por atores privados, com possíveis ganhos de
eficiência, desde que sejam estabelecidos mecanismos de monitora-
mento e regulação dessas atividades. O Quadro 1 resume as principais
alternativas discutidas nas seções anteriores. Todas elas apresentam
benefícios e potenciais riscos, que devem ser cuidadosamente obser-
vados e dirimidos por meio de mecanismos contratuais e regulatórios.
Um ponto importante é definir quem seria responsável pela execu-
ção dessas mudanças de gestão e controle. Não recomendamos que as
funções sociais da CEF sejam simplesmente repassadas a outra empre-
sa pública, como o Banco do Brasil, pois isso seria simplesmente uma
troca de funções dentro do próprio âmbito estatal, sem os benefícios
da maior eficiência trazida por uma maior competição e transparência
nos serviços e pagamentos envolvidos. O mais recomendado é definir,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACCION INTERNATIONAL, A Comparison of Housing Finance Pro-
grams for Low Income People in Peru Case Study Submitted to Cities
Alliance, 2007.
BAILEY, W.; HUANG, W.; YANG, Z. Bank loans with Chinese char-
acteristics: some evidence on inside debt in a state-controlled banking
system. Journal of Financial and Quantitative Analysis, v. 46, n. 6, pp.
1795-1830, 2011.
BREMMER, I. The end of the free market: who wins the war be-
tween states and corporations? New York, Portfolio/Penguin, 2010.
Gestora Uma solução Eliminação dos No caso da opção Pode-se iniciar com
de fundos simples é permitir canais de influência totalmente a possibilidade
sociais que os beneficiários política afetando decentralizada, de aplicação em
(como apliquem recursos as decisões de os beneficiários Tesouro Direto e
FGTS) do FGTS em títulos alocação do FGTS podem ter menor realizar estudos-
públicos através e outros fundos. capacidade piloto com gestão
do Tesouro Direto. Maior eficiência de selecionar decentralizada,
Ainda outra alocativa: os fundos e monitorar o avaliando também
possibilidade é são remunerados a desempenho o impacto de
implantar gestão taxas de mercado, das instituições políticas de
decentralizada ao seu custo de financeiras educação financeira.
das aplicações oportunidade. gerenciando suas Além disso, será
(os beneficiários aplicações. necessário aprovar
escolhem a nova legislação
instituição financeira desvinculando os
para aplicar os seus recursos do FGTS
próprios recursos). para fins específicos.
____________
ANEXO 1:
EDUCAÇÃO JÁ!
Índice
1. Introdução
0.1. Introdução e objetivo do documento ---------------------------------------------- p.3
0.2. O papel da Educação como direito fundamental
e como pilar de desenvolvimento do País ---------------------------------------------- p.4
0.3. Janela de oportunidade para a educação
frente ao atual momento do País --------------------------------------------------------------- p. 7
1. Introdução
2
4 UM BOM RESUMO DESTA LITERATURA PODE SER ENCONTRADO NO LIVRO “A IGNORÂNCIA CUSTA UM MUNDO: O VALOR DA EDUCAÇÃO
NO DESENVOLVIMENTO DO BRASIL”, DE GUSTAVO IOSCHPE (2004).
5 OS TRABALHOS DE MAIOR RELEVÂNCIA DESTE DEBATE SÃO OS DO ECONOMISTA ERIC HANUSHEK, DA UNIVERSIDADE DE STANFORD.
SUA PESQUISA É DEBATIDA PELOS MAIS INFLUENTES ESTUDIOSOS SOBRE OS DETERMINANTES DO DESENVOLVIMENTO DE PAÍSES, SENDO
RECONHECIDOS POR ECONOMISTAS COMO DARON ACEMOGLU (INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE MASSACHUSETTS - MIT) E DANI RODRIK
(UNIVERSIDADE DE HARVARD).
6 “THE KNOWLEDGE CAPITAL OF NATIONS: EDUCATION AND THE ECONOMICS OF GROWTH”, ERIC HANUSHEK E LUDGER WOESSMANN. 2015.
7 EQUIVALENTE A 1 DESVIO-PADRÃO NOS RESULTADOS DO PISA (PROGRAMME FOR INTERNATIONAL STUDENT ASSESSMENT).
8 POR EXEMPLO: “AI AS THE NEXT GPT: A POLITICAL-ECONOMY PERSPECTIVE”, MANUEL TRAJTENBERG. 2018. E <HTTPS://EXAME.ABRIL.COM.
BR/TECNOLOGIA/O-BRASIL-ESTA-PRONTO-PARA-A-INDUSTRIA-4-0/>.
9 ESSE TEMA VEM SENDO TRATADO HÁ DÉCADAS POR PESQUISADORES DE DIVERSAS ÁREAS, INCLUINDO GANHADORES DE PRÊMIOS NOBEL
COMO GARY BECKER E JAMES HECKMAN.
11 DOCUMENTO QUE DEFINE O CONJUNTO DE APRENDIZAGENS ESSENCIAIS QUE TODOS OS ALUNOS DEVEM DESENVOLVER AO LONGO DAS
ETAPAS E MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA. EM DEZEMBRO DE 2017, O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO HOMOLOGOU A BASE
NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) PARA AS ETAPAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 9º ANO).
17 OS DADOS DOS TRÊS PONTOS DESTACADOS TÊM COMO FONTE O CENSO ESCOLAR 2017 – INEP/MEC.
18 OS DADOS DO CENSO ESCOLAR INDICAM O NÚMERO DE “FUNÇÕES DOCENTES” NO PAÍS. SEGUNDO O MEC, “A DEFINIÇÃO DE FUNÇÃO
DOCENTE ADMITE QUE UM MESMO PROFESSOR POSSA SER CONTADO MAIS DE UMA VEZ NO EXERCÍCIO DE SUAS ATRIBUIÇÕES COMO REGENTE
DE CLASSE, NA MEDIDA EM QUE A PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA FOCALIZE CORTES OU ESTRATOS ESPECÍFICOS, TAIS COMO TURMAS,
ETAPAS E MODALIDADES DE ENSINO, DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA DA ESCOLA (FEDERAL, ESTADUAL, MUNICIPAL OU PRIVADA), UNIDADE
DA FEDERAÇÃO, ETC.” DISPONÍVEL EM <HTTP://PORTAL.MEC.GOV.BR/DMDOCUMENTS/ESTUDOPROFESSOR.PDF>.
médio.
20 PARA CALCULAR A TAXA DE CONCLUSÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS, CONSIDERAMOS OS JOVENS COM 12 ANOS COMPLETOS
EM 31 DE MARÇO DE 2015. PARA A TAXA DE CONCLUSÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS, JOVENS COM 16 ANOS COMPLETOS EM 31 DE
MARÇO DE 2015. PARA A TAXA DE CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO, JOVENS COM 19 ANOS COMPLETOS EM 31 DE MARÇO DE 2015.
21 “SELEÇÃO VELADA EM ESCOLAS PÚBLICAS: PRÁTICAS, PROCESSOS E PRINCÍPIOS GERADORES”. ANTÔNIO AUGUSTO GOMES BATISTA; VANDA
MENDES RIBEIRO; MAURÍCIO ÉRNICA. 2015
22 “EFEITO DE ESCOLAS E MUNICÍPIOS NA QUALIDADE DO ENSINO FUNDAMENTAL”, JOSÉ FRANCISCO SOARES E MARIA TERESA GONZAGA
ALVES. 2013.
24 RESULTADO DE UMA POLÍTICA DE REGIME DE COLABORAÇÃO ENTRE ESTADO E MUNICÍPIOS INÉDITA NO PAÍS, O ESTADO DO CEARÁ, EM
10 ANOS, ELEVOU SEU IDEB NOS ANOS INICIAIS DA 18ª POSIÇÃO EM 2005 PARA A 5ª EM 2015. O ESTADO TEM O 23º PIB PER CAPITA DO PAÍS.
25 RESULTADO DA INTRODUÇÃO DE UM NOVO MODELO DE ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL, A REDE ESTADUAL DE PERNAMBUCO ELEVOU EM
10 ANOS SEU IDEB NO ENSINO MÉDIO DA 18ª POSIÇÃO EM 2005 PARA A 1ª EM 2015. O ESTADO TEM O 19º PIB PER CAPITA DO PAÍS.
26 RESULTADO DE UMA AMPLA REFORMA EDUCACIONAL NO INÍCIO DOS ANOS 2000, O ESTADO, QUE OCUPAVA AS ÚLTIMAS POSIÇÕES NAS
TRÊS ETAPAS AVALIADAS, ESTÁ HOJE ENTRE OS 10 MELHORES EM TODOS OS NÍVEIS. O ESTADO TEM O 18º PIB PER CAPITA DO PAÍS.
27 DESTACA-SE AQUI A EXPERIÊNCIA DA REGIÃO DA CHAPADA DIAMANTINA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL QUE, FRUTO
DE UM TRABALHO DE ARTICULAÇÃO REGIONAL, EM 10 ANOS O IDEB AUMENTOU CONSIDERAVELMENTE. O ESTADO DA BAHIA TEM O 21º PIB
PER CAPITA DO PAÍS. VER MAIS EM “COOPERAÇÃO INTERMUNICIPAL: EXPERIÊNCIAS DE ARRANJOS DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
NO BRASIL”. FERNANDO LUIZ ABRUCIO. 2017.
O DESAFIO TÉCNICO
Política educacional é política pública. E como toda política pública,
seu sucesso, seja do ponto de vista de sua eficiência, eficácia ou efeti-
vidade, está altamente relacionada (ainda que não exclusivamente) à
qualidade técnica do seu desenho e de sua implementação. Na educa-
ção brasileira, assim como na grande maioria das políticas públicas de
outros setores, são inúmeros os obstáculos. Não obstante, entendemos
que três aspectos principais são capazes de caracterizar o que está no
cerne do desafio técnico na educação básica:
28 “STREET-LEVEL BUREAUCRACY: DILEMMAS OF THE INDIVIDUAL IN PUBLIC SERVICES”. DAVID LIPSKY. 1980; “BUILDING STATE CAPABILITY:
EVIDENCE, ANALYSIS, ACTION”. MATT ANDREWS, LANT PRITCHETT AND MICHAEL WOOLCOCK. 2017.
O DESAFIO POLÍTICO
Mapeados os principais pontos que dão conta de explicar os desa-
fios técnicos por trás da situação atual da educação brasileira, passamos
agora para o que aqui consideraremos o desafio política da educação:
o baixo incentivo dos governantes para atuarem politicamente
pela educação e efetivamente buscarem melhorias na aprendi-
zagem dos alunos.
30 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO FOI PROMULGADO EM 2014 E TEM VIGÊNCIA ATÉ 2024. ELE ELENCA UM CONJUNTO DE 20 METAS (TANTO
DE RESULTADOS “FIM” QUANTO DE “MEIOS” PARA OS ATINGIR) E MAIS DE 250 ESTRATÉGIAS ASSOCIADAS A CADA UMA DELAS.
A O N D E Q U E R E M O S C H E G A R ?
AS METAS DO MOVIMENTO TODOS PELA EDUCAÇÃO 33
32 METAS 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8 E 9.
33 ALÉM DAS QUATRO METAS APRESENTADAS NO QUADRO, O MOVIMENTO TODOS PELA EDUCAÇÃO POSSUI UMA QUINTA META, QUE
É: “ATÉ 2010, MANTENDO-SE ATÉ 2022, O INVESTIMENTO PÚBLICO EM EDUCAÇÃO BÁSICA OBRIGATÓRIA DEVERÁ SER DE 5% OU MAIS DO
PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB).” COMO ESSA META NÃO DIZ RESPEITO ESPECIFICAMENTE AOS RESULTADOS EDUCACIONAIS E ESTÁ
SENDO CUMPRIDA PELO PAÍS, ESSE DOCUMENTO NÃO A REFERÊNCIA COMO UMA META DA ESTRATÉGIA APRESENTADA.
Ainda que o prazo definido para tais metas (2022) esteja se aproxi-
mando e que estejamos consideravelmente distantes de efetivamente
alcançá-las, entendemos que elas são marcos importantes que expres-
sam adequadamente a ambição por trás da proposta a seguir.
Importante destacar que as metas também estão correlacionadas
com o que foi proposto na “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sus-
tentável”, elaborada pela Organização das Nações Unidas em 2015, que
apresenta um conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) a serem alcançados pelos países signatários. As metas do ODS
4 – Educação de Qualidade – visam “assegurar a educação inclusiva,
equitativa e de qualidade, além de promover oportunidades de apren-
dizagem ao longo da vida para todas e todos” 34, objetivo comum ao que
propõe este documento.
cionais, e por isso são contemplados aqui com importante ênfase. Nesse
mesmo sentido, entendemos que as experiências de sucesso que de-
monstram resultados mensuráveis, sejam nacionais ou internacionais,
assim como a opinião de professores e estudantes devem ser objeto de
significativa consideração e inspiração para a construção de propostas.
35 “PROFESSORES DO BRASIL: IMPASSES E DESAFIOS”. BERNARDETE GATTI E ELBA BARRETO. 2009.
36 “EDUCAÇÃO BASEADA EM EVIDÊNCIAS: COMO SABER O QUE FUNCIONA EM EDUCAÇÃO”. MICHELINE CHRISTOPHE, GREGORY ELACQUA,
MATIAS MARTINEZ E JOÃO BATISTA ARAÚJO E OLIVEIRA. 2015. CITADO A PARTIR DAQUI COMO OLIVEIRA ET AL. 2015.
37 A ETAPA DO ENSINO MÉDIO ESTÁ EM FASE FINAL DE CONSTRUÇÃO E NORTEARÁ O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA
DIVERSIFICAÇÃO CURRICULAR RECENTEMENTE INTRODUZIDA PELA CHAMADA “REFORMA DO ENSINO MÉDIO”.
38 MESMO QUE FALTEM PESQUISAS RECENTES QUE AVALIEM A QUALIDADE DA OFERTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL, ESTUDO DO MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO CONDUZIDO PELA FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS EM 2010 EM SEIS CAPITAIS BRASILEIRAS MOSTROU UM CENÁRIO DESAFIADOR
QUE POUCO TEM SE ALTERADO NOS ÚLTIMOS ANOS. A INVESTIGAÇÃO, QUE BUSCOU AFERIR A QUALIDADE DE CRECHES E DE PRÉ-ESCOLAS A
PARTIR DA ANÁLISE DE DIVERSOS CRITÉRIOS DE OFERTA, DEMONSTROU QUE 50% DAS CRECHES E 30% DAS PRÉ-ESCOLAS AVALIADAS ESTAVAM
À ÉPOCA COM NÍVEL DE SERVIÇO CONSIDERADO INADEQUADO. DISPONÍVEL EM:
<HTTP://WWW.FCC.ORG.BR/PESQUISA/EIXOSTEMATICOS/EDUCACAOINFANTIL/DOQUETRATA.HTML>.
39 “NA EDUCAÇÃO INFANTIL, AS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS COMPREENDEM TANTO COMPORTAMENTOS, HABILIDADES E CONHECIMENTOS
QUANTO VIVÊNCIAS QUE PROMOVEM APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NOS DIVERSOS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS, SEMPRE TOMANDO
AS INTERAÇÕES E A BRINCADEIRA COMO EIXOS ESTRUTURANTES.”. FONTE: MEC, BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR.
40 PESQUISA IBOPE COM 2.160 PROFESSORES, REPRESENTATIVA EM TERRITÓRIO NACIONAL. REALIZADA EM 2018 COM APOIO DO MOVIMENTO
TODOS PELA EDUCAÇÃO E FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. REFERENCIADA NESTE DOCUMENTO COMO: “PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES BRASILEIROS”.
PESQUISA IBOPE, TODOS PELA EDUCAÇÃO E FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. 2018. AINDA NÃO DIVULGADA.
41 “HOW THE WORLD’S MOST IMPROVED SCHOOL SYSTEMS KEEP GETTING BETTER”. MCKINSEY&COMPANY. 2010.
• À luz da BNCC Educação Infantil, promover melhorias na qualidade do atendimento das creches e
pré-escolas, por meio da redefinição de parâmetros nacionais de atendimento, da indução à adoção
desses parâmetros, da oferta de materiais orientadores e de programas de formação continuada aos
profissionais que atuam nessa etapa.
(ii) Programas de formação continuada visando o aprimoramento da prática pedagógica à luz dos
novos currículos e dos materiais;
(iv) Materiais e programas de reforço e recuperação bem estruturados e políticas efetivas de correção
de fluxo.
• Adaptar políticas de natureza pedagógica à BNCC, como o Programa Nacional do Livro Didático,
as políticas de disponibilização de recursos digitais, as avaliações externas (ANA, Prova Brasil/SAEB,
avaliações estaduais etc) e os programas de educação de jovens e adultos.
PROFESSORES
Entre os vários fatores necessários para uma educação de qualida-
de, as pesquisas já mostram com muita clareza a centralidade do papel
do professor. Apenas com professores bem preparados, engajados e com
boas condições de trabalho é que sistemas educacionais conseguem
oferecer educação de qualidade a seus alunos42. Mais especificamente,
as evidências da literatura demonstram que muito mais do que o que
o professor traz (por exemplo, características pessoais e diplomas), o
42 “HOW THE WORLD’S BEST-PERFORMING SCHOOL SYSTEMS COME OUT ON TOP”. MCKINSEY&COMPANY. 2007.
43 “MEASURE FOR MEASURE: THE RELATIONSHIP BETWEEN MEASURES OF INSTRUCTIONAL PRACTICE IN MIDDLE SCHOOL LANGUAGE,
‐
ARTS AND TEACHERS’ VALUE ADDED SCORES”. GROSSMAN ET AL., 2013
44 “GREAT TEACHERS. HOW TO RAISE STUDENT LEARNING IN LATIN AMERICA AND THE CARIBEAN”. BARBARA BRUNS E JAVIER LUQUE. 2015.
ATRATIVIDADE DA CARREIRA
Em primeiro lugar, nota-se que os desafios do País começam na
atratividade da carreira docente. São poucos os que desejam se tornar
professor (em 2015, apenas 2,4% dos jovens de 15 anos45) e grande
parte dos que efetivamente optam por ingressar nos cursos de Peda-
46 INEP/MEC. CÁLCULO: TODOS PELA EDUCAÇÃO. ESSA FOI A NOTA MÍNIMA PARA EMISSÃO DE CERTIFICADO, QUE FOI VÁLIDA ATÉ 2016.
47 PESQUISA “ENSINO MÉDIO: O QUE QUEREM OS JOVENS?” E ANUÁRIO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA. TODOS PELA EDUCAÇÃO. 2017.
48 EM 2015, POR EXEMPLO, O RENDIMENTO MÉDIO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA ERA DE 52,5% DO RENDIMENTO MÉDIO DOS
DEMAIS PROFISSIONAIS COM ESCOLARIDADE EQUIVALENTE. IBGE/PNAD, 2015.
49 “PESQUISA PROFISSÃO DOCENTE”. PESQUISA IBOPE, TODOS PELA EDUCAÇÃO E FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. 2018.
FORMAÇÃO INICIAL
Nos casos dos cursos de formação inicial no Brasil, tanto para a
Pedagogia quanto para as licenciaturas de áreas específicas, diversas
pesquisas já retratam que em grande medida eles não estão voltados
para a qualificação do professor tendo em vista os desafios da prática
em sala de aula, dando muita ênfase a por que ensinar e pouca impor-
tância a o que e como ensinar50. Muitos cursos, seja nas universidades
públicas ou nas particulares (que representam 67,2% dos concluintes
de graduação na área de educação51), dentre outros aspectos, pouco
articulam a teoria com o contexto de atuação do professor; e não dão
a devida importância para os estágios supervisionados, que poderiam
se configurar como excelente oportunidade de preparo para o início
da docência.
INGRESSO E ESTÁGIO
Outro desafio das políticas docentes está na seleção e ingresso de
novos docentes aos sistemas públicos de ensino. Em muitas redes de
ensino as provas objetivas que compõem os concursos de ingresso não
aferem conhecimentos relevantes para o exercício da docência e os pro-
cessos de seleção raramente exigem a demonstração de competências
profissionais mínimas relacionadas à prática em sala de aula (poucas
redes incluem, por exemplo, uma prova ou avaliação da didática do
professor como parte do concurso). Já para os aprovados, o estágio pro-
batório não é utilizado de forma efetiva, como um importante período
de formação e apoio aos docentes novatos. Enquanto os mecanismos de
50 “FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL: ESTUDO DE CURRÍCULOS DAS LICENCIATURAS EM PEDAGOGIA, LÍNGUA
PORTUGUESA, MATEMÁTICA E CIÊNCIAS BIOLÓGICAS”. BERNARDETE GATTI E MARINA NUNES. 2009. “FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL:
CARACTERÍSTICAS E PROBLEMAS”. BERNARDETE GATTI. 2010. “FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA (RE)
VISÃO RADICAL”. GUIOMAR NAMO DE MELLO. 2000.
52 “VISIBLE LEARNING: A SYNTHESIS OF OVER 800 META-ANALYSES RELATING TO ACHIEVEMENT”. JOHN HATTIE. 2008.
54 “PESQUISA PROFISSÃO DOCENTE”. PESQUISA IBOPE, TODOS PELA EDUCAÇÃO E FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. 2018.
55 “RECONHECIMENTO SOCIAL E AS POLÍTICAS DE CARREIRA DOCENTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA”. BERNARDETE GATTI. 2012.
57 “FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA BASEADA EM EVIDÊNCIAS”. FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS. 2017.
58 “PESQUISA PROFISSÃO DOCENTE”. PESQUISA IBOPE, TODOS PELA EDUCAÇÃO E FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. 2018.
59 “PROFESSORES EXCELENTES. COMO MELHORAR A APRENDIZAGEM DOS ESTUDANTES NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE”. BARBARA
BRUNS E JAVIER LUQUE, 2015.
61 “QUEM QUER SER PROFESSOR? ATRATIVIDADE, SELEÇÃO E FORMAÇÃO DO DOCENTE NO BRASIL”. PAULA LOUZANO ET AL. 2010.
62 “PROFESSIONAL CAPITAL: TRANSFORMING TEACHING IN EVERY SCHOOL”. ANDY HARGREAVES E MICHAEL FULLAN. 2012.
63 “PROFISSÃO PROFESSOR NA AMÉRICA LATINA: POR QUE A DOCÊNCIA PERDEU PRESTÍGIO E COMO RECUPERÁ-LO”. DIANA HINCAPIE,
EMILIANA VEGAS, GREGORY ELACQUA E MARIANA ALFONSO. 2018.
• Estruturar políticas para que mais jovens com alto desempenho escolar no ensino médio optem
pela carreira docente, como por exemplo a partir da oferta de incentivos para os que optam por
cursar Pedagogia / licenciaturas.
• Promover medidas para elevar a atratividade da carreira, com foco na elevação do salário inicial (de
modo a ser competitiva quando comparada a outras carreiras).
• Ampliar, por meio do fomento a pesquisas aplicadas, o conhecimento instalado nos cursos de
formação de professores sobre didáticas específicas e sobre os conhecimentos e competências
profissionais que todo professor deve ter, buscando maior articulação entre a teoria e a prática de
ensino.
• Introduzir nos planos de carreira critérios de progressão e incentivos em prol da melhoria efetiva da
prática pedagógica.
• Tendo o 1/3 de hora-atividade já previsto em lei como momento principal das ações de formação,
reestruturar os programas de formação continuada no sentido de: (i) contemplar o conhecimento
pedagógico do conteúdo a ser trabalhado e os desafios específicos do professor em sala de aula, (ii)
promover métodos ativos de aprendizagem, (iii) estimular o trabalho colaborativo entre pares e (iv)
conferir duração suficiente para efetivamente consolidar mudanças na prática pedagógica.
GESTÃO ESCOLAR
Outro elemento essencial para a aprendizagem dos alunos que
precisa estar no foco das políticas educacionais, é a qualidade da ges-
64 “O CLIMA ESCOLAR E A CONVIVÊNCIA RESPEITOSA NAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS.” TELMA VINHA ET AL. 2015.
68 ADEMAIS, É FUNDAMENTAL QUE ESFORÇOS DE FORMAÇÃO DE DIRETORES ESCOLARES, EM ESPECIAL NO ÂMBITO DOS ANOS
FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E NO ENSINO MÉDIO, INCORPOREM ELEMENTOS VOLTADOS PARA A COMPREENSÃO DO PERFIL DO
ADOLESCENTE/JOVEM QUE HOJE ESTÁ NA ESCOLA, DE MODO A EFETIVAMENTE CRIAR UM AMBIENTE EM QUE O PROTAGONISMO JUVENIL É
VALORIZADO PELA DIREÇÃO ESCOLAR E QUE POSSA SER CANALIZADO EM PROL DA MELHORIA DA APRENDIZAGEM.
70 “PESQUISA PROFISSÃO DOCENTE”. PESQUISA IBOPE, TODOS PELA EDUCAÇÃO E FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. 2018. AINDA NÃO DIVULGADA.
• Aprimorar os mecanismos utilizados para alocação e formação profissional prévia dos diretores e
coordenadores pedagógicos nas escolas, incentivando aqueles que já mostraram bom desempenho
no cargo a assumirem a gestão das escolas mais complexas e desafiadoras.
• Oferecer ferramentas para auxiliar o trabalho das equipes gestoras, tais como sistemas
informatizados que facilitem tarefas burocrático-administrativas, de gestão da frequência escolar e
da aprendizagem dos alunos.
Fortalecer os mecanismos de supervisão escolar já presentes em muitas das redes de ensino com
vistas a prover o apoio pedagógico e de gestão necessário para o bom funcionamento da escola e
para promover melhor articulação entre as escolas e os órgãos centrais.
ENSINO MÉDIO
No ensino médio, para além do déficit de aprendizagem herdado
das etapas anteriores, o desafio relaciona-se, primordialmente, a um
problema de arquitetura curricular, baixo incentivo ao protagonismo
juvenil e pouca conexão com os interesses diversos da juventude. So-
ma-se a isso um cenário em que aproximadamente um de cada quatro
alunos dessa etapa estuda em período noturno76, algo problemático para
uma fase da vida escolar que exige imenso esforço para a conclusão da
educação básica, para o planejamento/preparo para o pós-ensino médio
(seja no sentido de dar continuidade aos estudos e/ou de ingressar no
mundo do trabalho) e para o desenvolvimento integral de maneira mais
ampla. Ainda nesse contexto, vale frisar a importância da educação
profissional durante essa etapa, dimensão em que o Brasil ainda está
77 EM 2017, O NÚMERO DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO CURSANDO EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE ERA DE 665 MIL (CENSO
ESCOLAR), REPRESENTANDO APENAS 9,5% DO TOTAL DE MATRÍCULAS NO ENSINO MÉDIO. NA SUÍÇA, POR EXEMPLO, EM MÉDIA 60% DOS
JOVENS DO ENSINO MÉDIO OPTAM PELA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. NA ALEMANHA, 54% DA FORÇA DE TRABALHO DO PAÍS VEM DO
ENSINO PROFISSIONALIZANTE.
78 DESTACA-SE, AQUI, O PL 6840 DE AUTORIA DO DEPUTADO REGINALDO LOPES (PT-MG), QUE JÁ TRAZIA À TONA O DEBATE SOBRE O
ENSINO MÉDIO NO BRASIL.
• Garantir sólida estrutura de recuperação escolar na transição do 5º para o 6º ano, de modo que as
defasagens escolares trazidas da etapa anterior sejam enfrentadas logo no início do segundo ciclo
do fundamental.
• Promover melhor articulação dos anos finais do fundamental ao novo modelo de ensino médio.
• Dar continuidade ao processo de definições acerca da nova estrutura do ensino médio, garantindo
no governo federal estrutura de apoio aos Estados para a implementação das mudanças:
82 “O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO: RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA E ESTUDOS QUALITATIVOS”. FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. 2015.
“AVALIAÇÃO ECONÔMICA: PROGRAMA ESCOLA INTEGRADA - SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE BELO HORIZONTE”. FUNDAÇÃO
ITAÚ SOCIAL. 2015.
dos docentes.
Nesse sentido, a experiência empreendida há alguns anos no ensino
médio do Estado de Pernambuco (Estado hoje com o melhor Ideb nesta
etapa junto com São Paulo, ao mesmo tempo em que figura como 19º PIB
per capita no País) merece particular atenção, uma vez que o conjunto
das escolas de tempo integral vem demonstrando resultados promis-
sores e, consequentemente, sendo creditado como um dos principais
fatores de promoção da melhoria do Ideb83. O modelo, além de ampliar
consideravelmente a carga horária das disciplinas de matemática e
língua portuguesa, parte de duas grandes premissas - o protagonismo
juvenil e o projeto de vida dos jovens - e conta com aulas diversifica-
das e de temas eletivos nas horas não dedicadas ao currículo clássico.
Tal modelo já inspirou diversos Estados a seguirem trajeto similar nos
últimos anos e também vem sendo estimulado pelo governo federal a
partir da criação da Política de Fomento à Implementação de Escolas
de Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI)84. Em alguns Estados, in-
clusive, a proposta já vem sendo adaptada para o ensino fundamental.
Observados os riscos de ampliação de desigualdades dependendo
da forma de implementação da política85 (assim como deve ser feito
em qualquer política pública), tais experiências podem inspirar avan-
ços na mesma direção em outras redes de ensino, tanto para o ensino
fundamental quanto para o ensino médio. Ademais, a ampliação da
carga horária e a adoção de escolas de tempo integral também abre
83 “ANÁLISE DOS MODELOS DE ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL DE PERNAMBUCO”. INSTITUTO NATURA. 2017.
85 “POLÍTICAS PARA O ENSINO MÉDIO: O CASO DE QUATRO ESTADOS”. ANTÔNIO AUGUSTO GOMES BATISTA ET AL. 2016. “ENSINO MÉDIO
NA REDE ESTADUAL DE PERNAMBUCO: EDUCAÇÃO INTEGRAL E PACTO DE GESTÃO POR RESULTADOS”. RUY MELLO NETO ET AL. 2016.
“PERNAMBUCO, UMA REFERÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO INTEGRAL NO ENSINO MÉDIO”. CENTRO DE REFERÊNCIAS EM EDUCAÇÃO INTEGRAL.
2016.
• Fazer da extensão da jornada um elemento viabilizador de uma nova proposta de escola que seja
capaz de tornar a experiência escolar mais atrativa para os estudantes (em linha com o abordado
na Diretriz 4).
86 “QUALITY AND EQUITY IN BRAZILIAN BASIC EDUCATION: FACTS AND POSSIBILITIES”, FRANCISCO SOARES. 2003. “SCHOOL RESOURCES
AND STUDENT PERFORMANCE”. ERIC HANUSHEK. 1996. “DETERMINANTES DO DESEMPENHO EDUCACIONAL NO BRASIL”. RICARDO PAES DE
BARROS. 2001.
89 PESQUISA “ENSINO MÉDIO: O QUE QUEREM OS JOVENS”. TODOS PELA EDUCAÇÃO. 2017.
90 “PROGRAMANDO A ARQUITETURA ESCOLAR: A RELAÇÃO ENTRE AMBIENTE DE APRENDIZAGEM, COMPORTAMENTO HUMANO E
PEDAGOGIA”. DORIS KOWALTOWSKI. 2016.
91 PESQUISA “ENSINO MÉDIO: O QUE QUEREM OS JOVENS”. TODOS PELA EDUCAÇÃO. 2017. PESQUISA “NOSSA ESCOLA EM (RE)
CONSTRUÇÃO”. INSTITUTO INSPIRARE. 2017.
92 PESQUISA “O QUE PENSAM OS PROFESSORES SOBRE A TECNOLOGIA EM SALA DE AULA”. TODOS PELA EDUCAÇÃO. 2017.
• Tornar o ambiente escolar um local inclusivo do ponto de vista da acessibilidade de pessoas com
deficiência, agradável e propício para a colaboração dos profissionais e para a aprendizagem dos
alunos conforme as especificidades de cada etapa de atendimento (salas de aula e de professores
adequadas, sala de leitura/bibliotecas, conexão à internet, equipamentos tecnológicos, laboratórios,
quadra esportiva etc.)
• Aprimorar os processos de manutenção, operação e reforma das escolas de modo a os tornar mais
eficientes e menos onerosos do ponto de vista financeiro, considerando inclusive, uma atuação em
regime de colaboração, via a adoção de Arranjos de Desenvolvimento da Educação ou Consórcios,
buscando o ganho de eficiência e efetividade nos investimentos.
Governança federativa
A seção 2.1 deste documento (“Brasil: um País grande, federativo
e desigual”) contextualizou como algumas características do País im-
põem desafios significativos para a gestão da educação básica. Uma
delas é a particularidade de nosso sistema federativo, em que temos
mais de 5 mil entes autônomos e com grandes responsabilidades na
provisão de serviços públicos, independentemente de suas possibili-
dades e capacidades para tal.
Diante desta realidade, estabeleceu-se no Brasil que a educação é
nacional, para que as desigualdades presentes no território sejam le-
vadas em conta no desenho das políticas públicas. A partir daí, defini-
ram-se regras que dividiram as competências entre os entes federativos
pela oferta da educação. Especificamente para a educação básica, cabe,
segundo a Constituição Federal, aos Estados e Municípios a adminis-
tração direta das redes de ensino94, sendo: educação infantil ofertada
prioritariamente pelos Municípios, ensino médio ofertado prioritaria-
mente pelos Estados e ensino fundamental com oferta compartilhada.
À União cabe a coordenação da educação nacional, que se dá por meio
de função supletiva e redistributiva (com assistência técnica e finan-
ceira), de função normativa (mediante normas gerais para a educação
nacional) e de função de planejamento e avaliação (através do sistema
nacional de avaliação e dos planos de educação). Além disso, criou-se
na educação o conceito de Regime de Colaboração, segundo o qual
os entes federativos devem colaborar entre si na oferta da educação.
Porém, frente à realidade brasileira, tal governança e regras esta-
94 ESTADOS E MUNICÍPIOS POSSUEM, JUNTOS, 99% DAS MATRÍCULAS DA REDE PÚBLICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
95 POR EXEMPLO: COMITÊ DE ARTICULAÇÃO FEDERATIVA, COMISSÃO INTERGOVERNAMENTAL DO FUNDEB, GRUPO DE TRABALHO
PERMANENTE DO TRANSPORTE ESCOLAR, INSTÂNCIA PERMANENTE DE NEGOCIAÇÃO FEDERATIVA, FÓRUM PERMANENTE DE
ACOMPANHAMENTO DO PISO SALARIAL, COMISSÃO INTERINSTITUCIONAL PARA IMPLEMENTAÇÃO DO CUSTO ALUNO QUALIDADE INICIAL
(CAQI) E O CUSTO ALUNO –QUALIDADE (CAQ), COMITÊ PERMANENTE DE AVALIAÇÃO DE CUSTOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA DO MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO, CONSELHO DELIBERATIVO DO FNDE E GRUPO DE TRABALHO INTERFEDERATIVO, PARA PROPOR NOVO ÍNDICE DE REAJUSTE
PARA O PISO SALARIAL.
97 “REGIME DE COLABORAÇÃO NO CEARÁ: FUNCIONAMENTO, CAUSAS DO SUCESSO E ALTERNATIVAS DE DISSEMINAÇÃO DO MODELO”,
FERNANDO ABRUCIO ET AL. 2017.
98 É PRECISO RECONHECER QUE A ATUAL ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DA BNCC QUE VEM SENDO COORDENADA PELO MEC É UM
BOM AVANÇO NO SENTIDO DE PROMOVER MAIOR COLABORAÇÃO ENTRE OS ESTADO E SEUS MUNICÍPIOS.
99 O ARTIGO 13 DA LEI DO PNE, DE 2014, DETERMINOU A CRIAÇÃO DE UM SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO, A SER ESTABELECIDO POR
LEI ESPECÍFICA, ATÉ JUNHO DE 2016.
100 DENTRE ELES, DOCUMENTOS LANÇADOS PELO PRÓPRIO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, COLOCADOS EM CONSULTA PÚBLICA, E
PROJETOS DE LEI COMPLEMENTAR, CULMINANDO COM O PROJETO QUE ESTÁ SENDO DISCUTIDO ATUALMENTE NO CONGRESSO NACIONAL
(ATUALMENTE, ESTÁ EM TRAMITAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL, UM SUBSTITUTIVO AO PLP Nº 413, DE 2014, QUE TRATA DO TEMA).
101 DESTACA-SE A CRIAÇÃO DO MOVIMENTO COLABORA EDUCAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR COM O OBJETIVO DE
FOMENTAR E FORTALECER AÇÕES EDUCACIONAIS COOPERATIVAS ENTRE OS ENTES E O NEAFRE/FGV (NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS
EM FEDERALISMO E REGULAÇÃO EDUCACIONAL), QUE OBJETIVA REALIZAR DE ANÁLISES CRÍTICAS SOBRE TEMAS RELEVANTES DE
REGULAÇÃO, FEDERALISMO E EDUCAÇÃO.
• Atribuir a cada Estado, além da provisão direta que lhe é incumbida, função de coordenação da
educação ofertada pelas redes municipais e apontar elementos que devem ser prioritariamente
providos em âmbito estadual em parceria com Municípios (ex: currículo, materiais pedagógicos,
concursos, avaliações externas e programas de formação continuada).
• Definir que cada UF deve planejar e definir de forma pactuada entre o Estado e seus Municípios a
responsabilidade da oferta do ensino fundamental, assim como os critérios para a autonomia dos
sistemas de ensino municipais.
• Criar instâncias permanentes de pactuação entre os entes, atribuindo a elas definições sobre a
política educacional de cada UF e/ou da União:
• Criar ou fortalecer, em cada UF, instâncias bipartites que devem, dentre outras, pactuar as
definições de atuação dos Estados e seus Municípios na oferta educacional, estabelecer parâmetros
estaduais da qualidade da oferta da educação (em linha com parâmetros nacionais) e estimular o
regime de colaboração entre os entes.
• Criar mecanismos de incentivo à implantação de práticas colaborativas entre entes, dentre elas
o regime de colaboração entre Estado e seus municípios para apoio técnico efetivo e a maior
institucionalidade à possibilidade de constituição de Arranjos de Desenvolvimento da Educação
(ADE) entre Municípios.
102 FONTE: PESQUISA PROFISSÃO DOCENTE. IBOPE, TODOS PELA EDUCAÇÃO E FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. 2018.
103 AO MESMO TEMPO QUE OUTRAS ESTRUTURAS DO ESTADO BRASILEIRO POSSUEM ELEVADA QUALIDADE TÉCNICA, COMO O BANCO
CENTRAL DO BRASIL, O BNDES, A RECEITA FEDERAL E O MINISTÉRIO E SECRETARIAS DA FAZENDA.
105 “BUILDING STATE CAPABILITY: EVIDENCE, ANALYSIS, ACTION”. MATT ANDREWS. 2017.
106 “LEARNING TO IMPROVE: HOW AMERICA’S SCHOOLS CAN GET BETTER AT GETTING BETTER”. ANTHONY BRYK. 2015.
107 “PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES BRASILEIROS”. PESQUISA IBOPE, TODOS PELA EDUCAÇÃO E FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL. 2018. AINDA
NÃO DIVULGADA.
• Utilizar novas tecnologias para desburocratizar processos e tornar a gestão educacional mais
eficiente e transparente.
• Criar mecanismos de incentivo a adoção do regime de colaboração entre sistemas de ensino para
aumentar o compartilhamento de boas práticas de gestão administrativa e financeira.
108 APESAR DE TECNICAMENTE HAVER DIFERENÇA ENTRE OS TERMOS ‘INVESTIMENTO’ E ‘GASTO’ EM EDUCAÇÃO, NESTA SEÇÃO
UTILIZAMOS AMBOS COMO SINÔNIMOS.
109 ESTE VALOR NÃO INCLUI OS GASTOS COM EDUCAÇÃO INFANTIL, PARA FACILITAR A COMPARAÇÃO INTERNACIONAL. OS DADOS DO
INEP/MEC DE 2014 APONTAM QUE O BRASIL GASTOU, NESTE MESMO ANO, 6,0% DO SEU PIB COM EDUCAÇÃO, POIS ENVOLVE OS GASTOS
COM A EDUCAÇÃO INFANTIL.
110 ARGENTINA – 4,9%; CHILE – 4,0%; COLÔMBIA – 4,2%; MÉXICO – 4,6%. DOS PAÍSES DO CHAMADO BRICS COM DADOS DISPONÍVEIS,
OBSERVA-SE: RÚSSIA – 2,8%; ÍNDIA – 3,3%; ÁFRICA DO SUL – 5,2%. “EDUCATION AT GLANCE 2017”. OCDE.
111 A MEDIDA DE “GASTOS EM EDUCAÇÃO COMO PERCENTUAL DO PIB” PODE SER MAIOR EM PAÍSES ONDE A PIRÂMIDE ETÁRIA AINDA
APRESENTA MAIOR PRESENÇA DE CRIANÇAS E JOVENS NO TOTAL DA POPULAÇÃO. JÁ NA MEDIDA “GASTOS EM EDUCAÇÃO POR ALUNO
COMO PERCENTUAL DO PIB PER CAPITA” ESSA DIFERENÇA NA PIRÂMIDE ETÁRIA É LEVADA EM CONTA.
Brasil
COMO ESCAPAR DA ARMADILHA DO LENTO CRESCIMENTO
112 “TAXAS DE MATRÍCULAS E GASTOS EM EDUCAÇÃO NO BRASIL”. PAULO ROGERIO RODRIGUES MADURO JUNIOR. 2007.
113
FONTE: EDUCATION AT A GLANCE 2016/OCDE
113 TABELA CONSTA NO ANUÁRIO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 2017, DO TODOS PELA EDUCAÇÃO.
114
FONTE: VEGAS E COFFIN, 2015.
Portanto, uma primeira conclusão é que, por mais que o Brasil in-
114 “WHEN EDUCATION EXPENDITURE MATTERS: AN EMPIRICAL ANALYSIS OF RECENT INTERNATIONAL DATA”. EMILIANA VEGAS E CHELSEA
COFFIN. 2015.
vista uma parcela relevante de sua renda em educação, esse valor ainda
é baixo em comparação com os sistemas educacionais mais avançados.
Dessa forma, se o País realmente almeja oferecer para todas as crian-
ças e jovens oportunidades educacionais em patamares semelhantes
às das nações mais desenvolvidas, precisará, no decorrer dos próximos
anos, elevar o valor do investimento por estudante na educação básica.
Neste esforço, não se pode ignorar, é claro, o grave cenário fiscal
em que o Brasil se encontra. Entretanto, vale ressaltar que o aumento
do gasto por aluno da educação básica pode ser facilitado pela volta
do crescimento real do PIB e por fatores demográficos que vêm gra-
dualmente reduzindo o número de alunos matriculados nas escolas
públicas do País, conforme já apresentado. Adicionalmente, tal eleva-
ção também pode (e deve) ser empreendida pelo governo federal, com
uma rediscussão de seus investimentos em educação. Ainda que Esta-
dos e Municípios sejam os entes diretamente responsáveis pela oferta
da educação básica e que destinem no mínimo 25% de suas receitas
correntes líquidas para educação (conforme regra presente na Consti-
tuição Federal), a União ainda possui um papel supletivo importante
para o financiamento da educação básica.
No entanto, apesar de o ensino superior já contar com um investi-
mento por aluno consideravelmente mais alto que a educação básica
(como mostrado acima), é ele que vem ganhando espaço no orçamento
federal, conforme indica a tabela e o gráfico abaixo. Durante o período
de 2008 a 2017, década de expansão expressiva dos investimentos fede-
rais em educação, os gastos com ensino superior e educação profissional
tiveram variação real média de 10,1% ao ano, enquanto os gastos com
educação básica aumentaram à taxa de 6,9% ao ano. Chama ainda mais
atenção o fato de que nos últimos anos o orçamento do Governo Fede-
ral com educação tem caído sensivelmente, atingindo principalmente
a educação básica. A perda real acumulada entre 2014 e 2017 é de R$
13,0 bilhões (10%) e, nesse cenário, os gastos com educação básica
116
FONTE: BANCO MUNDIAL
A figura mostra também que, para cada faixa de gastos por aluno,
há grande dispersão nos resultados educacionais entre Municípios.
Por mais que se tenha sempre que levar em conta os contextos de
cada localidade (por exemplo o custo de vida), isso indica que há ine-
ficiências consideráveis na aplicação dos recursos em diversas redes
116 “UM AJUSTE JUSTO - ANÁLISE DA EFICIÊNCIA E EQUIDADE DO GASTO PÚBLICO NO BRASIL”. BANCO MUNDIAL. 2017.
de ensino no Brasil.
Em relação à distribuição dos recursos, percebe-se, inclusive pelo
gráfico anterior, que ela ainda é bastante desigual entre os entes fede-
rativos no País. Atualmente ainda há uma diferença de mais de 500%
entre o maior e o menor valor de investimento anual por aluno entre
os Municípios brasileiros117. Além disso, os investimentos em educação
estão positivamente relacionados com o contexto socioeconômico das
redes de ensino, significando que as redes com maiores desafios edu-
cacionais também são as que dispõem de menos recursos. O gráfico a
seguir ilustra essa situação.
117 OS MUNICÍPIOS SÃO PINTO BANDEIRA-RS (GASTO POR ALUNO DE R$19.511) E TURIAÇU-MA (GASTO POR ALUNO DE R$2.937). OS DADOS
SÃO DO ESTUDO TÉCNICO Nº 24/2017, DA CONSULTORIA DE ORÇAMENTO E FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
(CONOF/CD).
118 O GRÁFICO CONSIDERA APENAS OS MUNICÍPIOS COM INVESTIMENTOS DE ATÉ R$10 MIL POR ALUNO-ANO.
119 OS RECURSOS DO SALÁRIO-EDUCAÇÃO SÃO REPARTIDOS EM COTAS, DA SEGUINTE FORMA: 10% DA ARRECADAÇÃO LÍQUIDA FICAM
COM O FNDE, QUE OS APLICA EM PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA. OS OUTROS 90% SÃO REPARTIDOS DA SEGUINTE
FORMA: 1/3 TAMBÉM É DESTINADO AO FNDE E 2/3 SÃO DISTRIBUÍDOS PARA ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS NA PROPORÇÃO DO
NÚMERO DE MATRÍCULAS PARA O FINANCIAMENTO DE PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES VOLTADOS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA.
• Ampliar o investimento por aluno na educação básica, criando condições mínimas para todas as
redes assegurarem os parâmetros estabelecidos de qualidade da política educacional.
• Garantir que em uma futura Reforma Tributária estejam presentes mecanismos de indução de
melhorias nos resultados educacionais.
120 “REGIME DE COLABORAÇÃO NO CEARÁ: FUNCIONAMENTO, CAUSAS DO SUCESSO E ALTERNATIVAS DE DISSEMINAÇÃO DO MODELO”.
FERNANDO ABRUCIO ET.AL. 2017. “O RATEIO DE ICMS POR DESEMPENHO DE MUNICÍPIOS NO CEARÁ E SEU IMPACTO EM INDICADORES DO
SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO”. JÚLIA BARBOSA BRANDÃO. 2014.
122 A PARTIR DE 2017 É QUE AS ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO TAMBÉM PASSARAM A FAZER AS AVALIAÇÕES DO SAEB DE FORMA CENSITÁRIA
(TODAS QUE TINHAM PELO MENOS DEZ ESTUDANTES MATRICULADOS EM TURMAS REGULARES).
123 UMA REESTRUTURAÇÃO DA AVALIAÇÃO NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO ESTÁ SENDO DISCUTIDA PELO INEP. NESSA REESTRUTURAÇÃO,
EM CONSONÂNCIA COM O QUE PROPÕE A BNCC. FOI ANUNCIADO PELO MEC QUE A AVALIAÇÃO PASSARÁ A SER APLICADA AOS ALUNOS DO
2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL, QUE EM MÉDIA POSSUEM 8 ANOS DE IDADE.
124 AS METAS POR UNIDADE ESCOLAR SE REFEREM APENAS AO ENSINO FUNDAMENTAL. O ANO DE 2021 FOI ESTABELECIDO COMO PRAZO
PARA O CUMPRIMENTO DE AVANÇOS QUE POSICIONARIAM O PAÍS EM PATAMAR SIMILAR AO DA MÉDIA DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS.
125 “ELECTORAL IMPACTS OF UNCOVERING PUBLIC SCHOOL QUALITY: EVIDENCE FROM BRAZILIAN MUNICIPALITIES”. SERGIO FIRPO, RENAN
PIERI, ANDRÉ PORTELA SOUZA. 2017.
• Aprimorar o Ideb com a introdução de uma nova categoria em que o indicador passe a ser
contextualizado segundo o nível socioeconômico das escolas e redes de ensino.
126 “EDUCAÇÃO BASEADA EM EVIDÊNCIAS: COMO SABER O QUE FUNCIONA EM EDUCAÇÃO”. MICHELINE CHRISTOPHE, GREGORY
ELACQUA, MATIAS MARTINEZ E JOÃO BATISTA ARAÚJO E OLIVEIRA. 2015.
127 QUANTO A ISSO, JÁ HÁ ALGUMAS EXPERIÊNCIAS DE DESTAQUE NO BRASIL. UM EXEMPLO É A TECNOLOGIA EDUQMAIS, SOLUÇÃO
QUE UTILIZA SMS PARA ENGAJAR FAMÍLIAS NA EDUCAÇÃO. ELA FOI IMPLEMENTADA PELA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE
SÃO PAULO EM 286 ESCOLAS PÚBLICAS E UMA AVALIAÇÃO DE IMPACTO RECENTE MOSTROU QUE ALUNOS CUJOS PAIS RECEBERAM A
COMUNICAÇÃO VIA SMS APRESENTARAM MELHOR DESEMPENHO ACADÊMICO E MAIOR TAXA DE APROVAÇÃO AO FINAL DO ANO LETIVO.
“EFFECT OF SMS-MESSAGING ON STUDENT ATTENDANCE IN BRAZIL”. ERIC BETTINGER, GUILHERME LICHAND E RICARDO MADEIRA. 2016.
129 IBGE - SÍNTESE DE INDICADORES SOCIAIS 2017. O PATAMAR USADO PARA CALCULAR A LINHA DA POBREZA É O DE US$ 5,5 DÓLARES
POR DIA.
130
FONTE: HECKMAN, J. (2006)
130 “SKILL FORMATION AND THE ECONOMICS OF INVESTING IN DISADVANTAGED CHILDREN”. JAMES HECKMAN. 2006. ADAPTADO PELO
NÚCLEO CIÊNCIA PELA INFÂNCIA (NCIP).
131 SOBRE O MARCO LEGAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA, VER ANÁLISE EM: HTTPS://WWW.FMCSV.ORG.BR/PT-BR/IMPACTO/MARCO-LEGAL/
132 NESSE SENTIDO, A GRANDE EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL DEVE SER COMEMORADA, UMA VEZ QUE CRECHES E PRÉ-ESCOLAS
PODEM PROPICIAR UMA SÉRIE DE OPORTUNIDADES DE ATENDIMENTO À INFÂNCIA DE FORMA INTEGRAL. NO ENTANTO, NO QUE DIZ
RESPEITO AOS PRIMEIROS ANOS DESSA ETAPA, AINDA HÁ GRANDES DESAFIOS RELACIONADOS À EXPANSÃO DA OFERTA EM CRECHE (0 A 3
ANOS), ESPECIALMENTE NAS GRANDES CIDADES E PARA AS CLASSES SOCIAIS MENOS FAVORECIDAS (QUE NÃO TÊM SIDO ALVO PRIORITÁRIO
DO PROCESSO DE EXPANSÃO DAS VAGAS ) E, PRINCIPALMENTE, À QUALIDADE DO SERVIÇO OFERECIDO, TANTO NAS CRECHES QUANTO NAS
PRÉ-ESCOLAS (CONFORME ABORDADO NO PRIMEIRO EIXO DA ESTRATÉGIA).
133 MINISTÉRIO DA SAÚDE - DATASUS/SINASC (SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS VIVOS). 2016.
134 O ESTUDO “POLÍTICAS PÚBLICAS PARA REDUÇÃO DO ABANDONO E EVASÃO ESCOLAR DE JOVENS”, COORDENADO POR RICARDO
PAES DE BARROS EM 2017, EXPLORA A FUNDO TAL PROBLEMA E IDENTIFICA QUE, A DESPEITO DE INÚMERAS AÇÕES QUE FORAM
DESENCADEADAS PELAS REDES DE ENSINO BRASILEIRAS PARA INCIDIR SOBRE ELE, O CENÁRIO DO ABANDONO E EVASÃO NO ENSINO
MÉDIO AINDA É CRÍTICO. DISPONÍVEL EM: <HTTP://GESTA.ORG.BR/WP-CONTENT/UPLOADS/2017/09/POL%C3%ADTICAS-P%C3%BABLICAS-
PARA-A-REDU%C3%A7%C3%A3O-DO-ABANDONO-E-EVAS%C3%A3O-ESCOLAR-DE-JOVENS.PDF>.
• Criar políticas de aproximação das famílias à vida escolar das crianças e jovens, principalmente em
regiões de alta vulnerabilidade social.
• Reorganizar os programas de combate à evasão dos jovens nas redes de ensino, reconhecendo a
necessidade de se desencadear um conjunto de políticas intersetoriais que envolvem, entre outros
aspectos, educação, saúde, assistência social, cultura, esporte, trabalho e apoio financeiro.
4) ALFABETIZAÇÃO
Aprimorar a política nacional de alfabetização na idade certa,
tendo a indução do regime de colaboração entre Estados e Mu-
nicípios como premissas da atuação federal, com destaque para:
• Em articulação com as ações de apoio à implementação da
BNCC, aprimorar a política nacional de alfabetização, tendo
como princípio norteador o fortalecimento do regime de
colaboração entre Estados e Municípios para:
ênfase para:
danças:
tados educacionais.
1. CONCLUSÃO
Conforme apresentado ao longo desse documento, a necessida-
de de se avançar com uma estratégia sistêmica para a educação
básica brasileira surge como resposta ao cenário atual do setor.
Nossas crianças e jovens, por mais que de modo geral estejam indo para
a escola, não estão aprendendo o quanto deveriam. Temos um desafio
enorme, que só será superado com uma estratégia robusta, que parta
de uma visão holística e realize mudanças estruturantes informadas
pelas pesquisas, conhecimento teórico acumulado e experiências de
sucesso nacionais e internacionais.
É nesse sentido que este documento objetivou apresentar uma
proposta de estratégia para a educação básica, de modo a servir
de referência para que os próximos governantes possam aproveitar a
curta janela de oportunidade que os primeiros meses de gestão ofere-
cerão para a introdução de uma agenda de transformações ambiciosas.
Ressalta-se, por fim, que a força da estratégia delineada está
não só no conteúdo individual de cada proposta apresentada,
mas sim na articulação entre elas. Posto de outra forma, se isolada-
mente muitas das diretrizes e prioridades não representam tamanha
novidade para quem acompanha e participa do debate educacional
brasileiro, é na conexão e na coerência entre as partes que está,
precisamente, aquilo que entendemos ser inovador. Afinal, como
argumentado, só assim acreditamos ser possível reverter um cenário
tão desafiador na educação e avançarmos rumo a um futuro melhor
para o Brasil e para todos os brasileiros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, Miriam et al. Juventudes na Escola, Sentidos e Bus-
ca: Por que frequentam? 1ª Ed. Brasília: Flacso - Brasil, OEI, MEC, 2015.
Disponível em: <http://flacso.org.br/files/2015/11/LIVROWEB_Ju-
ventudes-na-escola-sentidos-e-buscas.pdf>.
datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060702>.
____________
ANEXO 2:
AGENDA SEGURANÇA
PÚBLICA É SOLUÇÃO
Instituto Sou da Paz
____________
1 FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (FBSP), 11º ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (2017). DISPONÍVEL EM HTTPS://
BIT.LY/2A9YMCE.
2 MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA, LEVANTAMENTO NACIONAL DE INFORMAÇÕES PENITENCIÁRIAS (INFOPEN), 2017.
DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.LY/2E0EBNA.
3 SECRETARIA ESPECIAL DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA (SAE-PR), RELATÓRIO DE CONJUNTURA Nº 4:
CUSTOS ECONÔMICOS DA CRIMINALIDADE NO BRASIL, JUNHO DE 2018. DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.LY/2LGRUCT.
eixos programáticos:
1. Sistema eficiente para gerir a segurança pública;
2. Estruturas estatais coercitivas e regulatórias para enfrentar
o crime organizado;
3. Efetividade e eficiência do trabalho policial;
4. Reestruturação do sistema prisional;
5. Programas de prevenção da violência;
6. Reorientação da política de drogas;
7. Regulação e o controle das armas de fogo.
PRIORIDADE 1:
Redução e prevenção dos crimes violentos
O Brasil registrou o maior número de homicídios de sua história
em 2016: 61.283 mortes violentas intencionais5. Em paralelo, houve
4.223 mortes decorrentes de intervenção policial neste ano, e uma
taxa de vitimização policial equivalente a 106,53 mortes por 100 mil
4 INTEGRARAM O PAINEL DE LEITURA CRÍTICA DA PRESENTE AGENDA: ARTHUR TRINDADE MARANHÃO COSTA, EX-SECRETÁRIO DE
SEGURANÇA PÚBLICA E PAZ SOCIAL DO DISTRITO FEDERAL E PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA; FÁBIO RAMAZZINI BECHARA,
PROMOTOR DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO E GLOBAL FELLOW DO WOODROW WILSON INTERNATIONAL
CENTER FOR SCHOLARS; FERNANDO VELOSO, EX-CHEFE DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E CONSULTOR EM SEGURANÇA
PÚBLICA; JOSÉ VICENTE DA SILVA FILHO, CORONEL REFORMADO DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, EX-SECRETÁRIO
NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA, E PESQUISADOR DO INSTITUTO FERNAND BRAUDEL; LUDMILA RIBEIRO, PROFESSORA ADJUNTA,
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA, CENTRO DE ESTUDOS DE CRIMINALIDADE E SEGURANÇA
PÚBLICA (CRISP); MILTON SELIGMAN, PROFESSOR DO INSPER E GLOBAL FELLOW DO WOODROW WILSON INTERNATIONAL CENTER FOR
SCHOLARS; RENATO CAMPOS PINTO DE VITTO, ASSESSOR DA PRESIDÊNCIA DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, EX-DIRETOR-GERAL DO
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO, CONSELHEIRO DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA.
5 ID. 1.
6 ID. 1.
7 ID. 1.
8 ID. 1.
9 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, RETRATO DA SOCIEDADE BRASILEIRA, JANEIRO DE 2018. DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.
LY/2LV9HQA.
10 ID. 2.
11 CENTRO DE ESTUDOS DE CRIMINALIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA (CRISP), FLUXO E TEMPO DO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL: UMA
ANÁLISE DOS CASOS DE HOMICÍDIOS DOLOSOS ARQUIVADOS EM BOLO HORIZONTE (2003-2013), 2017. DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.
LY/2JMQFEZ.
12 INSTITUTO SOU DA PAZ, ONDE MORA A IMPUNIDADE? PORQUE O BRASIL PRECISA DE UM INDICADOR NACIONAL DE ESCLARECIMENTO
DE HOMICÍDIOS, NOVEMBRO DE 2017. DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.LY/2BHXVTY.
13 SAE-PR. IDIBEM, P.32.
PRIORIDADE 2:
Enfraquecimento das estruturas do crime organizado
O fenômeno do “crime organizado” não tem tipificação penal no
Brasil14, mas é comumente compreendido como abrangendo delitos
cometidos por organizações criminosas que possuem: (i) sofisticação
na prática dos crimes (como o nível de planejamento e extensão da ca-
deia criminosa); (ii) estrutura organizacional - com divisão de funções,
lideranças e continuidade (organização permanece ao longo do tempo
para a prática de diversos crimes); (iii) membresia e reconhecimento
dos participantes como pertencentes à organização e (iv) capacidade
de impor regras pelo medo e intimidação sem necessariamente recor-
rer à força.
Apesar de não ser novo, o crime organizado é um fenômeno em
franco crescimento no Brasil. O perigo de sua expansão e a gravidade
de seus danos o tornam uma das prioridades para a agenda de segu-
rança pública do país. Os prejuízos econômicos do crime organizado
decorrem de diferentes atividades criminais como roubos de carga,
extorsão e tráfico de drogas, passando por monopólio de mercados. Já
os físicos são fruto da violência direta empregada, envolvendo desde
castigos até homicídios, tanto de grupos rivais como de agentes públi-
cos. O nível de violência física também implica em danos psicológicos
associados ao sentimento de medo e à intimidação em diferentes comu-
nidades e públicos que acabam se submetendo às regras impostas por
tais grupos. Essa subserviência acarreta um sentimento de impotência
e descrença sobre a capacidade do poder público de garantir segurança.
Além disso, o crime organizado no Brasil se infiltra no sistema
14 A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ESTÁ CARATERIZADA NA LEI 12.850/2013 QUE CONSIDERA EM SEU ART. 1º, § 1º, A “ASSOCIAÇÃO DE 4 (QUATRO)
OU MAIS PESSOAS ESTRUTURALMENTE ORDENADA E CARACTERIZADA PELA DIVISÃO DE TAREFAS, AINDA QUE INFORMALMENTE, COM
OBJETIVO DE OBTER, DIRETA OU INDIRETAMENTE, VANTAGEM DE QUALQUER NATUREZA, MEDIANTE A PRÁTICA DE INFRAÇÕES PENAIS
CUJAS PENAS MÁXIMAS SEJAM SUPERIORES A 4 (QUATRO) ANOS, OU QUE SEJAM DE CARÁTER TRANSNACIONAL”. PREVÊ-SE, PARA ESTE
CRIME, PENA DE TRÊS A OITO ANOS DE PRISÃO.
15 PARA MAIORES DETALHES VER, POR EXEMPLO, “OS CUSTOS DO CRIME E DA VIOLÊNCIA: NOVAS EVIDÊNCIAS E CONSTATAÇÕES NA
AMÉRICA LATINA E CARIBE”, BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID), NOVEMBRO DE 2016. DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.
LY/2UHSYPQ. PARA MAIORES DETALHES VER, POR EXEMPLO, “SILVEIRA, V. J. (2007). A REALIDADE DOS PRESÍDIOS NA VISÃO DA PASTORAL
CARCERÁRIA. ESTUDOS AVANÇADOS, 21(61), 209” E “FURUKAWA, N. (2008). O PCC E A GESTÃO DOS PRESÍDIOS EM SÃO PAULO. NOVOS
ESTUDOS-CEBRAP, (80), 21-41”.
16 MENA, FERNANDA. “ASSASSINATOS EM SÉRIE DE POLÍTICOS INDICAM UMA ‘COLOMBIZAÇÃO’ NO PAÍS”. FOLHA DE SÃO PAULO, 15 DE
MARÇO DE 2018. DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.LY/2LH20D2.
17 CARAZZAI, E. COSTA, F. “GOVERNO DO RIO GRANDE DO NORTE CONFIRMA 26 MORTES EM REBELIÃO”. FOLHA DE SÃO PAULO. DISPONÍVEL
EM HTTPS://BIT.LY/2LKQOEQ.
18 GRANDIM, F. COELHO, C. MARTINS, M. SATRIANO, N. “FRANQUIA DO CRIME: 2 MILHÕES DE PESSOAS NO RJ ESTÃO EM ÁREAS SOB
INFLUÊNCIA DE MILÍCIAS”. G1 RIO. 14 DE MARÇO DE 2018. DISPONÍVEL EM HTTPS://GLO.BO/2DPPKSL.
19 THE INTERCEPT, TÁ TUDO DOMINADO. DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.LY/2Q6NL8R.
Eixos Programáticos
1. Sistema eficiente para gerir a segurança pública
A responsabilidade pela segurança pública é compartilhada por
diferentes instituições no país. Isso é o que chamamos de Governança
em Segurança Pública. Para essa Governança gerar resultados con-
cretos, ela precisa ser coordenada e articulada em torno do objetivo
previsto em nossa Constituição: a segurança é condição basilar para o
exercício da cidadania (Art 5º) e é direito social universal de todos os
brasileiros (Art. 6º).
As instituições públicas responsáveis pela justiça criminal e
segurança e aquelas responsáveis por garantir os direitos previstos em
nossa legislação trabalham muito, mas com coordenação e articulação
limitadas, sem convergência de metas e processos. Nessa brecha, o cri-
me organizado ocupa os espaços e os territórios em que a atuação do
20 GODOY, MARCELO. “EM 4 ANOS, FACÇÃO CRESCEU 6 VEZES DE TAMANHO FORA DE SP”. O ESTADO DE S. PAULO, 03 DE JUNHO DE 2018.
DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.LY/2LHEVKB.
21 ID. 20.
PROPOSTAS
• Tornar permanente o Ministério da Segurança Pública
(MSP) e garantir a sua capacidade de coordenar uma política nacional
de segurança pública nas áreas de prevenção da violência, gestão das
polícias, inteligência criminal, política de drogas, controle de armas e
fiscalização da segurança privada.
PROPOSTAS
• Criar um Conselho Nacional de Inteligência sobre crime
organizado, nos moldes do Conselho de Controle de Atividades Finan-
ceiras (COAF), capaz de articular os diversos órgãos de inteligência
estaduais e federais com foco no crime organizado interestadual e
transnacional. O Conselho deve inclusive apoiar na reprodução e coor-
denação de conselhos de inteligência nos estados, utilizando os Centros
Integrados de Comando e Controle para combate ao crime organizado.
PROPOSTAS
• Incentivar os Estados a aprimorarem o desempenho das
forças policiais, especialmente as atividades de prevenção, inves-
tigação e de perícia, com foco prioritário na proteção da vida.
- Fomentar o estabelecimento de sistemas de metas estaduais
voltados à redução de mortes violentas, incluindo letalidade e viti-
mização policial, associado a linhas de financiamento para ações de
segurança pública e mecanismos para evitar a manipulação dos da-
dos e desestimular o uso de indicadores operacionais (como prisão de
pequenos traficantes e de pessoas procuradas por crimes sem grave
ameaça a pessoa).
- Estabelecer linhas de financiamento que priorizem a forma-
ção policial orientada à proteção da vida e o esclarecimento de crimes
de homicídio, incluindo a redução de recursos federais para Estados
22 ÍNDICE DE CONFIANÇA NA JUSTIÇA DO BRASIL - ICJBRASIL; RELATÓRIO ICJBRASIL (FGC DIREITO-SP), 1° SEMESTRE DE 2017. DISPONÍVEL
EM HTTPS://BIT.LY/2UIDFGT.
instituição policial.
- Oferecer apólice de seguro de vida e acidentes incapacitan-
tes para policiais civis e militares vinculada ao risco e à exposição à
violência para vitimização em serviço ou em decorrência da função,
além de instituir programas estaduais de cuidado biopsicossocial aos
profissionais da segurança pública e sistema prisional.
- Garantir, além de planos de carreira em todas as instituições
policiais estaduais, equipamentos de proteção individual em número
suficiente e de boa qualidade a todos os profissionais da segurança
pública.
- Impedir a abertura de concursos públicos para carreiras po-
liciais com a limitação de vagas para mulheres.
23 ID. 2.
PROPOSTAS
• Fortalecer a gestão do sistema prisional para enfrenta-
mento do crime organizado e da corrupção nos presídios
- Implementar previsão disposta no Art. 40 da Lei 10792/2003
que determina a disposição nos estabelecimentos penitenciários, es-
pecialmente os que implementam o Regime Disciplinar Diferenciado,
dentre outros equipamentos de segurança, de bloqueadores de teleco-
municação para telefones celulares, radiotransmissores e outros meios.
- Propor e apoiar a aprovação de legislação que (i) regule a ins-
talação e utilização de telefones públicos monitorados dentro de presí-
dios, para uso dos internos (ii) indique a obrigatoriedade de scanners
e equipamentos de raio-X na entrada de presídios em todo território
nacional evitando a entrada de armas e drogas.
- Revisão dos critérios da aplicação do Regime Disciplinar Di-
ferenciado (RDD) com foco nas lideranças do crime organizado.
- Realizar auditorias nas unidades prisionais, de forma a locali-
zar casos de corrupção e instaurar os respectivos procedimentos para
desligamento dos profissionais relacionados aos casos, além de mapear
exatamente se houve fugas, quem fugiu e quem foi recapturado.
- Criação de Portal Nacional da Transparência com despesas
desagregadas em cada unidade federativa e implementação de meca-
nismos de controle social do cumprimento de contratos sensíveis como
o de alimentação.
24 INSTITUTO IGARAPÉ, A AMÉRICA LATINA PODE REDUZIR OS HOMICÍDIOS EM 50% EM 10 ANOS, AGOSTO DE 2017. DISPONÍVEL EM HTTPS://
BIT.LY/2JLWWVZ.
PROPOSTAS
• Por meio do Sistema Único de Segurança Pública, articu-
lar a União, estados e municípios para o fomento e implementa-
ção de políticas de prevenção focalizadas.
- Influenciar a agenda dos diferentes ministérios, em especial o
da Educação, o da Saúde, o do Desenvolvimento Social, o das Cidades, o
do Planejamento, o do Esporte e Cultura, para adotarem a perspectiva
de prevenção focalizada em suas ações.
- Estabelecer como contrapartida para transferência dos fundos
federais para a segurança pública para estados e municípios a estru-
turação e implementação de programas de prevenção focalizada nos
populações e territórios mais afetados pela violência.
- Por meio do Instituto Nacional de Estudos sobre Segurança
Pública (INESP), apoiar o desenvolvimento, implementação, monitora-
mento e avaliação de iniciativas de prevenção da violência intersetoriais
e a disseminação de práticas de comprovado impacto na prevenção e
redução da violência.
25 INSTITUTO DE PESQUISA E ECONOMIA APLICADA (IPEA) E FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (FBSP), ATLAS DA VIOLÊNCIA
2018, JUNHO DE 2018. DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.LY/2M1A7NG.
27 VER, POR EXEMPLO, “GREENWALD, G. (2009). DRUG DECRIMINALIZATION IN PORTUGAL: LESSONS FOR CREATING FAIR AND SUCCESSFUL
DRUG POLICIES”.
28 VER, POR EXEMPLO, “CHATWIN, C. (2016). MIXED MESSAGES FROM EUROPE ON DRUG POLICY REFORM: THE CASES OF SWEDEN AND THE
NETHERLANDS. JOURNAL OF DRUG POLICY ANALYSIS, 11(1)”.
29 VER, POR EXEMPLO, “OGRODNIK, M., KOPP, P., BONGAERTS, X., & TECCO, J. M. (2015). AN ECONOMIC ANALYSIS OF DIFFERENT CANNABIS
DECRIMINALIZATION SCENARIOS. PSYCHIATR DANUB, 27(SUPPL 1), S309-14” E “SZNITMAN, S. R., KOLOBOV, T., TER BOGT, T., KUNTSCHE, E.,
WALSH, S. D., & HAREL-FISCH, Y. (2015). INVESTIGATING CANNABIS USE NORMALIZATION BY DISTINGUISHING BETWEEN EXPERIMENTAL AND
REGULAR USE: A MULTILEVEL STUDY IN 31 COUNTRIES. JOURNAL OF STUDIES ON ALCOHOL AND DRUGS, 76(2), 181-189”.
30 PANORAMA DAS APREENSÕES DE DROGAS NO RIO DE JANEIRO (2010-2016); INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA (ISP); 2016. DISPONÍVEL
EM HTTPS://BIT.LY/2LFI43Q.
31 ID. 30.
32 INSTITUTO SOU DA PAZ, APREENSÕES DE DROGAS NO ESTADO DE SÃO PAULO, 2018. DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.LY/2LETJ3X.
33 ID. 2.
PROPOSTAS
• Aprofundar e modernizar a Política Nacional de Controle de
Armas de Fogo e Munições, apoiada em evidência científicas.
- Manter a proibição do porte de armas.
- Aprimorar o processo de registro periódico de armas de fogo
por meio de informação direcionada aos donos de armas com registro
prestes a vencer e facilitando as formas disponíveis para registro.
- Prover mecanismos rápidos e eficientes de consulta para ras-
treamento de armas no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas
(SIGMA) e Sistema Nacional de Armas (SINARM) aos órgãos investiga-
36 INSTITUTO SOU DA PAZ, DE ONDE VÊM AS ARMAS DO CRIME APREENDIDAS NO SUDESTE? ANÁLISE DO PERFIL DAS ARMAS DE FOGO
APREENDIDAS EM 2014, OUTUBRO DE 2008. DISPONÍVEL EM HTTPS://BIT.LY/2MBKIRG.
37 ID. 1.