A Historia Do Turismo - Sergio e Carmen
A Historia Do Turismo - Sergio e Carmen
A Historia Do Turismo - Sergio e Carmen
RESUMO - O texto deste artigo foi produzido com o objetivo de, através de revisão
bibliográfica, identificar e compreender os principais aspectos dos processos sociais
históricos que culminaram na importância contemporânea da atividade turística. Por ser
um exercício de síntese, se privilegiou as informações relativas ao mundo ocidental, na
passagem do turismo ainda como uma atividade realizada especialmente por pequenos
grupos que podiam realizar deslocamentos espaciais até hoje, quando a viagem passa a
ser um desejado objeto de consumo e praticada pela grande maioria das pessoas. Para
isso, mudanças econômicas, sociais e tecnológicas tiveram que ocorrer e são abordadas
no contexto da história do turismo. Por exemplo, as formas de hospedagem e os meios
de deslocamento passaram por significativas transformações, com mudanças ligadas a
determinados momentos na história da humanidade, transformações que passaram a
permitir o deslocamento de imensa massa de turistas através do planeta.
ABSTRACT – The text of this article was produced with the goal, through literature
review, identify and understand the main aspects of the historical
processes that culminated in the importance of tourist activity in the present day. For
being an exercise in synthesis, privileged information relating to the Western world, in
the passage of the tourism as an activity performed especially by small groups
that could perform spatial displacements to the moment in which the journey becomes a
desired object of consumption and practiced by the vast majority of people.
To this, economic, social and technological changes have to occur and are addressed in
the context of the history of tourism. For example, the forms of hosting and
the offset passed through significant transformations, with changes linked
to certain moments in the history of mankind, transformations that allow today the
offset of immense mass of tourists through the planet.
1 INTRODUÇÃO
2 A HISTÓRIA DO TURISMO
Escreve Assunção (2012) que, para um império tão vasto como o de Roma era
necessária grande mobilidade, para controle ou proteção. Os deslocamentos eram
constantes em partes do continente europeu, asiático e africano, utilizando o Mar
Mediterrâneo. Os antigos romanos o chamavam de Mare Nostrun (“Mar Nosso” em
latim). Neste período da história, o litoral do Mediterrâneo também era muito
frequentado por pessoas em busca de repouso e fuga da trivialidade do dia a dia. Outras
“Essa curiosidade aliada a fortes interesses comerciais fez com que, anos mais
tarde, algumas nações europeias se lançassem ao mar rumo às riquezas do novo mundo”
(BURSZTYN, 2005, p. 8). Isso associado também a outros fatores importantes:
O mesmo autor comenta que os fatos ocorridos e contados por pessoas que se
aventuravam no Novo Mundo não tardaram a se espalhar por diversas partes do
continente europeu, servindo de inspiração para artistas e escritores, que retrataram isso
em suas obras, mesmo que em diversas vezes exageradas ou idealizadas.
[...] a educação dos filhos deveria ser coroada com uma viagem por todos os
lugares cultos e importantes da Europa. [...] Inicialmente, a denominada
grand tour clássica tinha uma duração média de três anos e seu itinerário
incluía uma demorada estada na França, especialmente em Paris, seguida de
visitas a Genova, Florença, Roma e Veneza. O retorno era feito através da
Alemanha e dos Países Baixos, via Suíça. Com as descobertas de novas
terras, os mais abastados passaram a incluir nas suas grand tours, viagem às
Américas, às Índias Orientais, ao Extremo Oriente, ao Brasil, mais
especificamente ao Rio de Janeiro e ao sul da África. (FRATUCCI, 2008, p.
33).
Informa Assunção (2012, p. 16) que, para os grand tours realizados dentro do
continente europeu, os viajantes davam preferência, sobretudo, à Itália. Esta escolha
tinha uma série de motivos como “[...] o clima mediterrâneo, as universidades
renomadas, as antiguidades dos romanos e do Renascimento e as ideias em voga. Estes
eram elementos que atraíam aqueles que valorizavam a cultura e aspiravam ao
conhecimento”. Ressalta que essas viagens eram práticas acessíveis apenas a um
pequeno grupo da camada social britânica e tinham várias finalidades, considerando que
essas experiências eram importantes para a formação do indivíduo, para os diversos
desafios ao longo da vida e no trabalho.
É unânime a ideia que a nova valorização do litoral foi um fator importante para
o surgimento do turismo. Assim, compreender como isto ocorreu se torna fundamental
pois, como informa Fratucci (2008), no princípio do século XVIII as praias causavam
repulsa na sociedade. Meio século mais tarde já eram bastante valorizadas e admiradas,
servindo também para os frequentadores e espectadores como mirantes de
contemplação. O autor também explica que não se sabe ao certo como passou a se
acreditar que os banhos de mar tinham propriedades de cura, mas no século XVIII se
Estados Unidos e Europa no século XIX. Dessa forma, se tornou possível as viagens
entre os dois lados do Atlântico setentrional de forma mais eficiente.
Outro fato importante ocorrido neste país foi que “[...] em 1824, funda-se nos
Estados Unidos, Atlantic City [FIGURAS 1 e 2], o primeiro centro turístico de férias e
praia das Américas, localizada no estado de Nova Jersey e ponto terminal da
Companhia Camden and Atlantic Railroad” (FRATUCCI, 2008, p. 35). As figuras a
seguir servem como ilustração do processo de modernização da infraestrutura turística.
Este inglês, ao que parece, começou suas atividades de uma forma bastante
curiosa. Missionário e agente de uma Associação Batista, para assegurar o
êxito de um congresso antialcoólico em Leicester, arrendou um trem para
transportar 570 pessoas em uma viagem de 22 milhas entre Leicester e
Loughborough. Embora não pretendesse nenhum benefício financeiro com
esta primeira experiência de viagem coletiva organizada, cedo percebeu seu
potencial econômico, pois em 1845 iniciou suas atividades em tempo integral
como organizador de excursões, preparando nesse ano, uma excursão de
Leicester ao porto de Liverpool, cuja novidade era um Handbook of the trip,
que constituiu [...] o primeiro itinerário descritivo de viagem de forma
profissional, especialmente para o uso dos turistas. (PIRES, 2002, p. 17-18).
Pires (2002) destaca também que este inglês organizou a primeira volta ao
mundo, formada por um conjunto de nove aventureiros e que esta viagem durou mais de
sete meses e foram publicadas as crônicas no jornal londrino Times. “Quando Thomas
Cook morreu, em 1892, a Agência de Viagens Cook and Son era a mais importante do
mundo. Sua importância, entretanto, está em ter descortinado um novo caminho, como
pioneiro que foi” (PIRES, 2002, p. 19-20). As contribuições de Thomas Cook
provocaram uma evolução no setor do turismo, repercutindo até nos dias atuais, já que
as agências de viagens estão entre os principais agentes do setor.
Entretanto, segundo Pires (2002), nesta mesma época em que surgiu a Agência
de Viagens Cook and Son, surgiu também nos Estados Unidos a American Express
Company, fundada por Henry Wells. Estas duas agências, juntamente com a portuguesa
Agência Abreu continuaram funcionando neste segmento turístico. Nas últimas décadas
do século XIX passou a se destacar um nome conhecido na história dos hotéis, César
Ritz. Sua carreira se iniciou em um importante hotel na Suíça, frequentado pela alta
classe aristocrática europeia. Primeiramente foi diretor e posteriormente proprietário de
hotéis. César Ritz se tornou mundialmente conhecido, pois provocou uma revolução no
ramo “[...] introduzindo serviços até então pouco comuns nos hotéis. A grande novidade
ficou por conta da instalação de quartos de banho em todos os apartamentos, com
banheiras de mármores e paredes cobertas de azulejos.” (PIRES, 2002, p. 22).
Por volta do final do século [XIX], Ritz chegou a dirigir uma dezena de
hotéis, simultaneamente, todos luxuosos e frequentados pela nata da elite
europeia e americana, tais como o Grande Hotel de Roma, em 1893, o Hotel
Ritz de Paris, em 1898, o hotel Carlton de Londres, em 1899. (PIRES, 2002,
p. 21).
Comenta Pires (2002) que essa revolução hoteleira provocada por César Ritz só
foi possível associada com a evolução do sistema de transporte no século XIX. A
ferrovia permitiu ao turista se locomover e chegar ao destino turístico desejado.
que um bairro de Lisboa, chamado de Monte Estoril, foi urbanizado no final do século
XIX especialmente para receber turistas em suas praias. Ao norte do país, na cidade do
Porto, uma estância foi construída na década de 1870, próxima a uma ferrovia. Neste
caso tudo era administrado pela comunidade, inclusive funções que são do poder
público como policiamento e serviço de cartório. Também no norte de Portugal foram
construídas as termas em Vidago na década de 1870. Também próximo, as Águas
Salgadas passaram a ser muito conhecidas e frequentadas por turistas europeus. “O
conjunto de Vidago e Pedras Salgadas é dos mais antigos e mais importantes do País.”
(BRITO, 2010, p. 19) Essa região de Portugal é famosa por suas águas termais.
O princípio do século XX foi um período em que ocorreram grandes
transformações relacionadas a viagens e turismo no Ocidente. Diversos foram os fatores
interligados que permitiram que essa sucessão de fatos ocorresse.
aviação, inclusive com rotas para o Brasil. Em 1926 foi fundada nos Estados Unidos a
Varney Airlines.
Amaral Junior (2008) salienta outros acontecimentos importantes na história do
turismo no início do século XX como a utilização do passaporte, adotado primeiramente
na Inglaterra, como forma de controle de fluxo de turistas internacionais, em 1915. No
ano de 1929 inicia no aeroporto de Amsterdã, capital holandesa, o comércio de
mercadorias livre de impostos, chamadas de Duty Free. Pouco tempo depois da
invenção e produção do automóvel, foi inventado nos Estados Unidos outro meio de
transporte coletivo, em 1921, o ônibus. Consequentemente sua utilização aumentou o
turismo utilizando as rodovias. Esses veículos e os serviços a eles relacionados foram
aprimorados também ao longo do tempo.
Ainda na década de 1920 “[...] o continente americano também participou com
destinos consagrados pelos viajantes que incluíam: Miami Beach (Estados Unidos),
Acapulco (México), Bariloche (Argentina) e Punta Del Este (Uruguai)”
(BRINGHENTI, 2007, p. 32).
Na Segunda Guerra Mundial a Europa praticamente foi destruída e precisava se
reerguer. Assim, “[...] os países europeus buscaram novas formas de financiar as suas
reconstruções e o turismo ganhou lugar de destaque como estratégia de
desenvolvimento rápido e estimulador de entrada de moedas estrangeiras”
(FRATUCCI, 2008, p. 39). Com o auxílio financeiro dos Estados Unidos, os países da
Europa Ocidental tiveram seus territórios reconstruídos. Nas décadas que se sucederam
houve uma grande expansão industrial e econômica. Juntamente com a estabilidade
sociopolítica, o momento era muito favorável também para a recuperação da atividade
do turismo.
Segundo informações de Trigo (1998), as tecnologias utilizadas na Segunda
Guerra foram utilizadas posteriormente nos transportes aéreos e marítimos comerciais.
Essas inovações tiveram grandes impactos no setor turístico.
Na década de 1970 são fabricados aviões do modelo Jumbo 747, da Boing, que
tinham capacidade de transportar 400 indivíduos a uma velocidade próxima de 1000
quilômetros por hora, com autonomia de voo de 15 horas sem necessidade de fazer
escalas (AMARAL JUNIOR, 2008). A partir desta década o turismo passa para uma
nova fase.
[...] hoje não há tempo totalmente livre e sim livre de obrigações específicas
do tempo de trabalho. Não há tempo livre e, sim, tempo a ser consumido,
preenchido de forma eficaz e produtiva. Atualmente as pessoas viajam, não
porque têm tempo livre e sim porque viajar é necessário, pois permite o
acesso à cultura, à informação, à atualização, ao lazer, além de significar
status. (OLIVEIRA, 2006, p. 21).
Assim, conclui-se, com Oliveira (2006) que o turismo passou a ser uma prática,
além de desejada, quase obrigatória para significativos segmentos da sociedade,
tornando-se um item de consumo e de prestígio social, principalmente as viagens
3 CONCLUSÃO
Praticar o turismo, além de ser uma forma de lazer, pode ser adquirir cultura
(erudita e popular) e conhecimento com as viagens e experiências. Significa continuar
conectado com os acontecimentos e fatos. Na era das imagens e da internet, pode-se
enviar fotografias digitais dos destinos visitados em tempo real nas redes sociais através
de diversos aparelhos eletrônicos como telefone celulares, tablets e notebooks, entre
outros, ao mesmo tempo em que é possível visualizar o que os amigos, colegas e
conhecidos postaram. Pode-se dizer que o turismo se tornou quase obrigatório.
A revisão bibliográfica esclareceu que o turismo passou por uma longa evolução
ao longo do tempo, desde os deslocamentos realizados por pequenos grupos de pessoas
utilizando simples meios de transportes até a diversidade e rapidez do mundo vigente.
Os atrativos turísticos valorizados também mudaram e continuam mudando. Uma
prática possível apenas a uma camada elitizada em boa parte do curso da história passou
a ser acessível a um número muito maior de pessoas no cenário mundial, principalmente
neste século XXI, e em contínua expansão.
O turismo passou a ser um dos mais importantes setores econômicos na
sociedade contemporânea e a principal atividade econômica de vários países. Após a
pesquisa, compreendeu-se que, para isso, mudanças sociais foram necessárias, como,
por exemplo: o desenvolvimento de rotas marítimas e terrestres, ainda na Grécia Antiga
e no Império Romano; as peregrinações desde o início do Cristianismo; a recepção dos
viajantes nos mosteiros, tabernas e, depois, pousadas; o avanço técnico exigido e que
permitiu as Grandes Navegações; a literatura de viagens; os grand tours; o retorno do
hábito social das termas; a difusão da ideia que o banho de mar tinha poderes curativos;
a Revolução Industrial e o enriquecimento da burguesia; as diligências, as ferrovias e o
avanço na engenharia náutica; a criação das agências de viagens; a mudança na
concepção dos hotéis; a organização de territórios especificamente para o turismo; a
expansão da rede de comunicação; a invenção do automóvel; o transporte aéreo e seu
4 REFERÊNCIAS
JOHNSON, N. Tourist visit Atlantic City and its beach. 2002. 1 fotografia, black and
white. Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-E_y2LHq6-g4/UDOqiu08b5I/
AAAAAAAAK8s/evfUcs6-I34/s1600/Bathers,%2BAtlantic%2BCity,%2BNew%2B
Jersey,%2B1905-1920.jpg>. Acesso em: 15/02/2014.