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Anais ENEBD 2011-With-Numbers PDF

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Anais Eletrônicos do XXXIV Encontro Nacional de

Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e


Gestão da Informação.

9
Notas:

1. Todos os trabalhos aprovados na modalidade oral, mesmo os que não


apresentados foram publicados neste Anais.
2. Os trabalhos não sofreram alguma modificação ortográfica e gramatical
por parte da Comissão Científica do Evento.
3. As alterações realizadas nos artigos foram apenas quanto à adequação
ao modelo gráfico, visando a padronização.
4. Os conteúdos dos artigos aqui publicados são de inteira
responsabilidade dos seus autores.

Editores

1. Tatiana Brandão Fernandes, Universidade Federal do Amazonas, Brasil


2. Célia Regina Simonetti Barbalho, Universidade Federal do Amazonas
3. Raimundo Martins Lima, Universidade Federal do Amazonas
4. Vanusa Jardim Borges Silva, Universidade Federal do Amazonas
5. Suely Oliveira Moraes Marquez
6. Mirleno Lívio Monteiro de Jesus, Universidade Federal do Amazonas
7. Thais Oliveira Trindade, Universidade Federal do Amazonas
8. Gleice Carlos Nogueira Rodrigues, Universidade Federal do Amazonas

Editores de seção

1. Tatiana Brandão Fernandes, Universidade Federal do Amazonas


2. Célia Regina Simonetti Barbalho, Universidade Federal do Amazonas
3. Raimundo Martins Lima, Universidade Federal do Amazonas
4. Kátia Viana Cavalcante, Universidade Federal do Amazonas
5. Vanusa Jardim Borges Silva, Universidade Federal do Amazonas
6. Suely Oliveira Moraes Marquez, Universidade Federal do Amazonas
7. Mirleno Lívio Monteiro de Jesus, Universidade Federal do Amazonas
8. Thais Oliveira Trindade, Universidade Federal do Amazonas

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GT1 Os Desafios da Inclusão Informacional no Século XXI
Ementa: Análise dos instrumentos informacionais no campo da
Biblioteconomia; Expansão das ferramentas informacionais; Realidade da
inclusão informacional nos países subdesenvolvidos; Comparativos;
Adequação de unidades de informação e suas praticas; Técnicas
existentes.

GT2 Perspectivas da Atuação do Profissional da Informação


Ementa: O papel do profissional da informação ante aos novos suportes;
Tipologias de bibliotecas. Atuar no mercado, como e por quê?

GT3 Diversidade dos Campos de Atuação


Ementa: Análise documentária. Geração e Organização de instrumentos de
recuperação da informação. Dimensão política, administrativa,
educacional e social. Mercado.

GT4 Temática Livre


Ementa: Assuntos não contemplados nos demais GT`s podem ser incluídos
neste GT uma vez que tenham relação com o tema geral do evento.

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SUMÁRIO

GT1 OS DESAFIOS DA INCLUSÃO INFORMACIONAL NO


SÉCULO XXI – ARTIGOS

O papel pedagógico do profissional bibliotecário com foco na


Competência Informacional
Gilson Rodrigues Horta

O desenvolvimento da competência informacional a partir dos Meios


Culturais De Informação: um destaque para a literatura de cordel
Ana Daniele Silva Maciel

Repositório Institucional da UFMA como ferramenta para


preservação e memória no acervo do Programa Institucional de
Bolsas para Iniciação Científica - PIBIC
Rabelo do Carmo

GT2 PERSPECTIVAS DA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA


INFORMAÇÃO – ARTIGOS

A atuação do profissional da informação na construção de espaços


de memória: a criação do Centro de Memória do TRE-AM
Phamela Lima Torres

O papel do bibliotecário na implementação de repositórios


institucionais
Eliane Apolinário Vieira, Talita Caroline Botelho Aleones
da Silva

Novo perfil do bibliotecário e do usuário em unidades de informação


Jadson Santos Mendes

A autonomia da biblioteca escolar e a atuação do bibliotecário


Lidianne Lourenço

12
Perspectivas da atuação do profissional da informação: o lúdico
como fonte de disseminação da informação para Portadores de
Necessidades Educacionais Especiais (PNEE’S)
Jorge Luiz Silva Monteiro

A gestão do conhecimento em bibliotecas universitárias: discutindo


um processo
Denizete Lima de Mesquita, Franceli Mariano De Moura,
Francisca Das Chagas Viana

A importância do discurso da Ética na Biblioteconomia: Bastos Tigre


um exemplo de ética profissional
Debora Vilar Melo

O bibliotecário consultor: perfil profissional


Erik André de Nazaré Pires, Enila Nobre Nascimento
Calandrini Fernandes

GT3 DIVERSIDADE DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO – ARTIGOS

Portal da Amazônia: a atuação de bibliotecários no controle de


conteúdos acadêmicos em web sites
Rodrigo Oliveira de Paiva

Os caminhos da responsabilidade social da Ciência da Informação


Esdras Renan Farias Dantas, Joana Coeli Ribeiro Garcia

O perfil do profissional da informação em um novo campo de


atuação: o gerenciamento eletrônico de documentos da
TECNODOCS em Teresina – PI
Danielle de Lima Silva, Denizete Lima de Mesquita,
Bruna Raquel Alencar

O gestor e o processo de tomada de decisão: evitando heurísticas e


vieses cognitivos
Pietro Otávio Santiago Silva, José Aniceto de Lima

13
Gestão da Qualidade Total (GQT) NA Gestão da Informação (GI): A
aplicação das práticas dos 5S pela busca por qualidade contínua
nas atividades dos profissionais da informação.
Aurélio Fernando Ferreira, Clodoaldo Francisco dos Santos

GT4 TEMÁTICA LIVRE – ARTIGOS

Sistemas e redes de informação na Amazônia: uma discussão à luz


do direito a informação
Rodrigo Oliveira de Paiva

Frbrizando a obra Macunaíma: uma análise da família de obras


Vinicius de Souza Tolentino,Gabriela Almendra, Jessica
Nogueira Gomes, Luis Guilherme Gomes de Macena

Ética na atividade profissional do bibliotecário: uma pausa para


reflexão
Lucas Veras de Andrade, Weslayne Nunes de Sales

Quando a biblioteca se comunica: espaço e ambientação


Márcia Regina Pereira Sapia, Fernando Bittencourt dos
Santos, Aurineide Alves Braga

Biblioteca Universitária: um enfoque organizacional


Leurismar Pereira; Aline de Sousa ;Kamila de Andrade; Ivone
Bonfim

Do paleolítico ao mundo globalizado dos ipads: o desenvolvimento


dos suportes informacionais no transcurso histórico da humanidade
Rodrigo Oliveira de Paiva, Aline Nobre Nascimento,
Samantha Andrade Araujo, Suelem Gadelha Pother

Gestão da Qualidade Total: conceitos e aplicabilidade


organizacional
Pietro Otávio Santiago Silva, José Aniceto de Lima

Produção científica: conceitos, iniciativas e fatores complicadores


Aurélio Fernando Ferreira, Valéria Bastos da Silva

14
A Catalogação no âmbito das cinco leis da biblioteconomia
Márcia Regina Pereira Sapia, Henrique Cesar Ramos
Farias

O perfil do bibliotecário empreendedor nas bibliotecas universitárias


Danielle de lima silva, Marcelo cunha de Andrade, Rafael
Pereira Freitas

Evolução dos suportes informacionais: passado, presente e futuro


das revistas científicas
Elane Ribeiro Ribeiro

Novas práticas de acesso a informação, cultura e educação: um


estudo de caso com a Biblioteca Parque Manguinhos, a primeira
biblioteca parque do país.
Alex dos Reis Saraiva, Felipi Corrêa de Assis

A leitura como tratamento: diversas aplicações da biblioterapia


Geyse Maria Costa

15
APRESENTAÇÃO

Os acadêmicos de Biblioteconomia da Universidade Federal


do Amazonas, preocupados com o bem-estar social, o
desenvolvimento da produção científica e a valorização do
profissional da informação, além de perceberem que nos últimos
anos vem ocorrendo diversas transformações nas políticas
informacionais, na implantação de novas tecnologias de informação
e de comunicação, que tornam as práticas profissionais cada vez
mais desafiadoras, entenderam ser necessário discutir as
mudanças e seus impactos no mercado.

Preocupados em como tais profissionais podem atuar de


maneira eficaz e conquistar espaço no mercado de trabalho e na
busca por novos campos de atuação, o XXXIV ENEBD realizaram
na cidade de Manaus-AM, em julho de 2011, com o intuito de
aplicar o foco das discussões sobre tais questões.

Com a participação média de 230 pessoas entre acadêmicos


e profissionais de todo o Brasil, pautaram-se diversas discussões e
socializações.

Encontra-se neste, na intenção de tornar público o acesso, os


trabalhos apresentados durante o evento, subdivididos conforme os
eixos temáticos estabelecidos.

Comissão Organizadora do Evento.

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XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

A (IN)EXISTÊNCIA DE BIBLIOTECAS ESCOLARES EM


TERESINA – PI: desafios do poder público municipal para o
cumprimento da Lei 12.244 de 24 de maio de 20101

DAYANE BRUNA, Ferreira*


DANIELLE, de Lima Silva**
DENIZETE, Lima de Mesquita***

RESUMO

Enfoca a realidade das bibliotecas das escolas da rede pública municipal de


Teresina – PI. Aborda a Lei 12.244 de 24 de maio de 2010 que dispõe sobre a
universalização de bibliotecas em instituições de ensino e as ações e metas do
poder público municipal de Teresina para o cumprimento da referida lei. Utiliza a
metodologia qualitativa com a técnica da entrevista para a coleta de dados junto ao
Secretário Municipal de Educação e Cultura de Teresina – PI (SEMEC-THE).
Analisa a literatura selecionada para o embasamento teórico e confronta com os
dados coletados. Conclui-se que as escolas públicas do Município de Teresina - PI
não possuem bibliotecas escolares; no quadro de funcionários da SEMEC não
possui nenhum bibliotecário; o cumprimento da Lei ainda que em longo prazo é um
grande desafio para o Município; O poder público apresentou planos e metas para o
cumprimento da Lei, porém com algumas restrições.

Palavras-Chave: Biblioteca escolar; Lei 12.244 de 24 de maio de 2010;


SEMEC-TERESINA.

INTRODUÇÃO

Almeja-se com esta pesquisa apresentar a realidade das bibliotecas


das escolas da rede pública municipal de Teresina – PI e verificar qual a
visão das autoridades competentes em relação à Lei 12.244 de 24 de maio
de 2010 que dispõe sobre a universalização de bibliotecas em instituições de
ensino. Para a execução da pesquisa utilizou-se o embasamento em
teóricos e técnicas de coleta de dados (entrevista) e na conjectura de que é
necessário que o poder público municipal tome providencias para o
cumprimento da referida Lei, tendo em vista que esta possui um prazo para
o seu cumprimento.
O princípio da pesquisa partiu de inquietações das pesquisadoras em
relação à falta de profissionais bibliotecários atuando nas bibliotecas das
escolas públicas do Município de Teresina – PI. A necessidade de
aprovação da legislação sobre a universalização de bibliotecas escolas nas
instituições de ensino e conquentemente de profissionais bibliotecários.
1
Comunicação Oral GT N° 01 – Educação para Promover Informacional: um grande desafio
para os bibliotecários.
*UESPI. Graduanda. dayane_bruna28@hotmail.com
**UESPI. Graduanda. danyellylima2007@gmail.com
***FAPEPI. Graduada. denilima@hotmail.com

Anais do XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
25 a 30 de julho de 2011 – Manaus/AM

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XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

No transcorrer de estudos sobre a temática, foram sendo levantados


vários questionamentos sobre a realidade das bibliotecas das escolas da
rede pública municipal de ensino da capital piauiense. Dentre os
questionamentos levantados destacam-se: qual a realidade das bibliotecas
das escolas da Rede Pública Municipal de ensino de Teresina-PI? Quem
são os profissionais responsáveis pela gestão dessas bibliotecas? Qual a
visão das autoridades competentes em relação a Lei de universalização de
bibliotecas nas instituições de ensino? Quais as ações e/ou projetos da
Secretaria Municipal e Educação e Cultura – SEMEC de Teresina – PI para
o cumprimento da Lei 12.244 de 24 de maio de 2010?
Para a realização da pesquisa utilizou-se o embasamento na literatura
de teóricos que tratam sobre o assunto para uma melhor compreensão do
tema abordado, em seguida partiu-se para a entrevista com o Secretário
Municipal de Educação e Cultura da Prefeitura Municipal de Teresina - PI, no
intento de descobrir qual a visão deste sobre a realidade das bibliotecas das
escolas ligadas a SEMEC-THE e quais as providencias que estão sendo
tomadas em relação a universalização de bibliotecas nas escolas. O estudo
realizado é de caráter bibliográfico documental com abordagem qualitativa.
Aspira-se no transcorrer da pesquisa explicitar qual é a realidade das
bibliotecas das escolas da rede pública municipal de Teresina – PI,
enfocando os recursos humanos que atuam neste ambiente, e como as
autoridades competentes pretendem sanar os problemas advindos da falta
de profissionais qualificados nas bibliotecas.
Considera-se relevante o estudo, tendo em vista que este é um dos
campos de atuação do profissional bibliotecário e que não está sendo
ocupado em virtude de não haver o cargo no quadro de funcionários da
SEMEC. Outro fator que merece ser destacado é a importância da biblioteca
escolar como recurso para o processo de ensino-aprendizagem,
especialmente no que concerne ao desenvolvimento da prática de leitura e
aquisição do senso critico por meio do acesso das diversas fontes de
informação disponíveis nas bibliotecas escolares.
Ainda que enfocando a realidade das escolas públicas de Teresina –
PI, a pesquisa visa contribuir para a discussão a cerca do cumprimento da
Lei de universalização de bibliotecas nas escolas em outros municípios e
unidades de federação.
Buscou-se dividir a pesquisa em tópicos, obedecendo a uma
sequência lógica para melhor compreensão. Inicialmente apresenta-se o
contexto histórico-conceitual das bibliotecas escolares. Em seguida explana-
se sobre os programas, projetos e legislação sobre as bibliotecas escolares.
Na sequência abordam-se as escolas da SEMEC e a realidade das
bibliotecas que estas disponibilizam para seus alunos. Posteriormente
descrevem-se as informações coletadas na entrevista realizada com o
Secretário Municipal de Educação de Teresina – PI. Finda-se o trabalho com
as considerações acerca dos pontos levantados ao longo da pesquisa, as
descobertas e o confronto da literatura com os dados coletados durante a
entrevista.

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25 a 30 de julho de 2011 – Manaus/AM

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XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

1 A BIBLIOTECA ESCOLAR

Desde a antiguidade as bibliotecas foram criadas com o intuito de


serem guardiães do conhecimento, enfim, símbolos de poder, prestígio e
riqueza. Atualmente, esse modelo de instituição tem passado por algumas
transformações e provocado uma visão mais abrangente a respeito de seu
papel como organização social e promotora no desenvolvimento educacional
e cultural do cidadão. Ainda nesse contexto, observa-se que as bibliotecas
estão dispostas em diferentes categorias de acordo com as faixas etárias e
os tipos de usuários. Sendo assim, Faria (1986, p. 13) sugere que “a
biblioteca deve deixar de ser segmento secundário das instituições, para
fazer valer o processo de interação entre a já tão falada trilogia: biblioteca,
livro e usuário”.
Apesar dos avanços na educação brasileira especialmente no setor
público, ainda são poucas as escolas que utilizam as bibliotecas como
recurso de ensino-aprendizagem. Um dos principais fatores que levam a
esta não usabilidade refere-se o fato de não haver um envolvimento dos
docentes com a equipe responsável pela biblioteca. A falta de interativiadade
impede o desenvolvimento de projetos e ações de fomentos à leitura ou a
qualquer atividade socio-educacional.
Quando os alunos não tem acesso a outros conhecimentos, passam a
sentir dificuldade no desenvolvimento do senso crítico e questionador, onde
o aluno passa a ter como parâmetro apenas o conteúdo do livro didático e o
discurso do professor.

Sem biblioteca escolar, sem leitura crítica, abrem-se, mais


ainda os caminhos para a pressão e para a in justiça social,
à medida que se fecham aqueles que poderíam conduzir os
alunos desde cedo ao exercício do espírito crítico,
contestador e criativo (Silva, W. 1999, p. 48)

Segundo o autor o contato com os recursos informacionais


disponíveis na biblioteca escolar favorece o desenvolvimento da
curiosiadade, do questionamento que são itens mister nas transformação da
informações em conhecimento. Conforme o Manifesto preparado pela IFLA e
aprovado pela UNESCO na sua Conferência geral de novembro de 1999,
com tradução sob autoria da Professora Doutora Neusa Dias de Macedo,
expõe com clareza a missão e o objetivo da biblioteca escolar diante do
contexto educativo.

A biblioteca escolar oferece livros, recursos e serviços como


apoio à aprendizagem. Possibilita a todos os membros da
comunidade escolar tornarem se pensadores críticos e
efetivos usuários dos vários tipos de suportes
documentários e meios de comunicação [...]. Os serviços
das bibliotecas escolares devem ser oferecidos de modo
geral a todos os membros da comunidade escolar, a
despeito de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

e status profissional e social. Serviços específicos devem


ser disponibilizados também a pessoas especiais, não aptas
ao uso dos materiais comuns na bikblioteca [...].
(MACEDO,1999, p.1).

As características, bem como, a sua real função como instituição está


bem descrita no Manisfesto citado acima, a biblioteca abrange valores
significativos que somados aos esforços estudantis e administrativos,
proporciona a formação intelectual dos seus usuários. Ainda se tratando do
Manifesto destaca-se também os objetivos, dentre eles merecem destaques
os citados abaixo:

[...] Desenvolver e sustentar nas crianças o hábito e o prazer


da leitura e da aprendizagem, bem como o uso dos recursos
da biblioteca ao longo da vida; tornar oportunas as vivências
para a produção e uso da informação/conhecimento, para a
compreensão, imaginação e entretenimento; organizar
atividades que encorajem a tomada de consciência cultural
e social, bem como de sensibilidade; trabalhar em conjunto
com estudantes, professores, administradores e pais, para o
alcance final da missão e objetivos da escola, proclamando
o conceito da liberdade intelectual e do acesso a informação
como pontos fundamentais à informação de cidadania
consciente e exercício da democracia. [...]. (MACEDO,1999,
p.2).

Diante dessa afirmação, observa-se que a biblioteca como geradora


de informação e disseminadora de conhecimento, possui uma longa e árdua
missão com seu papel instituicional, outro fato relevante é que o processo de
gerenciamento de uma biblioteca não poderá ser feito por qualquer
profissional, e sim, por um profissional capacitado (Bibliotecário) que
compreenda o verdadeiro sentido de funcionamento da biblioteca e que
através das atividades consiga fazer a extensão entre a comunidade e o
gosto pela leitura. Certamente, as melhores instituições de ensino são
aquelas alicerçadas em propostas éticas, possibilitando ao educando estar
no topo da vida, corpo construtor e participante de uma sociedade.

3 PROGRAMAS, PROJETOS E LEGISLAÇÃO SOBRE BIBLIOTECAS


ESCOLARES NO BRASIL: projeto mobilizador e a Lei 12.244 de 24 de
maio de 2010

Um estudo realizado pelo Sistema CFB/CRBs em 2007, resultou em


um projeto que visa a melhoria do ensino na rede pública brasileira. O
projeto é direcionado para a população em geral, tendo em vista que esta
será a maior beneficiada e para a classe bibliotecária, que possui as
competências e habilidades necessárias à prestação dos serviços para a
comunidade escolar.
O principal intuito do Projeto é apresentar a importância da Biblioteca
escolar para o processo de ensino-aprendizagem, bem como a de

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

profissionais com formação especifica (bibliotecários) para o processo de


dinamização destes espaços, tendo em vista que só o espaço físico
adequado e um acervo atualizado não são suficientes para caracterizá-lo
como “biblioteca escolar”.
Em relação aos profissionais que ocupam a funções de
“bibliotecários”, são na grande maioria professores com problemas de saúde
e/ou em processo de aposentadoria que são encaminhos para a biblioteca
para cumprir carga horária, o que torna a biblioteca escolar um ambiente
considerado mais um anexo da sala de aula e não um centro de pesquisa e
aprendizagem como deve ser.
Ainda é comum encontrar em algumas bibliotecas de escolas,
profissionais que sabem orientar os alunos em suas pesquisas e não
permitem o contato direto dos alunos com as obras, alegando que estes irão
danificá-las e/ou que irão desordenar os livros das estantes. Sabe-se,
porém, que um dos principais motivos para o não acesso dos alunos as
estantes diz respeito ao fato de não querer ter trabalho em recolocar os itens
nos seus respectivos lugares, pois estes geralmente não possuem nenhum
tipo de tratamento técnico (classificação, catalogação, etiquetas, etc.).

[...] os encarregados não têm o conhecimento suficiente


para orientar os alunos na pesquisa, eles apenas
disponibilizam os materiais; mas, quando chega a hora dos
alunos pesquisarem, não sabem orientar os estudantes a
estruturar os novos conhecimentos. Neste caso, se faz
necessário estar presente nas escolas, o bibliotecário, pois
ele certamente amenizaria os problemas de pesquisa
bibliográfica dos alunos e dos demais usuários da biblioteca
escolar. (PEREIRA, 2004, p.1).

O Governo Federal, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento


da Educação (FNDE), lançou o Programa Nacional de Bibliotecas Escolares
(PNBE) que tem como meta instigar a prática de leitura entre os alunos do
ensino básico das redes federais, estaduais e municipais de ensino das
escolas públicas brasileiras.
Para tal disponibiliza para as escolas públicas acervos bibliográficos
formados com obras de referência, didáticas e paradidáticas.
Segundo PNBE (2008, p.1) para alcançar as metas propostas nos
anos de 2006 e 2007 foram investidos mais de R$ 100.000,00 (cem milhões
de reais) em obras e materiais que foram distribuídos para as escolas
públicas brasileiras.
Desde 2007 quando foi criando, o PNBE vêm buscando adequar-se
às necessidades educacionais da comunidade de estudantes do ensino
básico. Os recursos utilizados pelo programa são advindos do Orçamento
Geral da União e da arrecadação do salário-educação, e a execução é feita
através de parcerias do FNDE com a Secretaria de Educação Básica do
Ministério da Educação (SEBME), e com o apoio das secretarias municipais
e estaduais de educação.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Em relação ao PNBE, verifica-se que este tem como meta o estimulo


do hábito de leitura entre os alunos, porém as atribuições da BE vão além da
formação de leitores, é um ambiente que deverá promover o acesso à
informação e o desenvolvimento do senso crítico e da formação da
cidadania.

O PNBE está pautado para estimular o hábito da leitura do


aluno, melhorando a aprendizagem, contudo, a missão da
biblioteca escolar não envolve tão somente a questão da
leitura como já exposto. Cabe a ela atuar no tríplice papel
que lhe é atribuído: leitura, pesquisa e cultura de modo a
favorecer a criação de competências informacionais nos
educandos. (CFB/CRBs, 2008, p. 15).

Vale ressaltar que um dos principais problemas enfrentados em


relação às bibliotecas das escolas, diz respeito ao fato de estas não
desempenharem sua missão de disseminação de informações para os
estudantes. O que deveria ser um centro dinâmico de ensino-aprendizagem,
em alguns casos são meros depósitos de livros, pessoas e objetos, assim
como afirmam Paiva e Berenblum apud CFB/CRBs (2008, p. 1, grifo do
autor) em um relatório elaborado para a SEB sobre o PNBE:

Pensar a biblioteca escolar com características físicas que


transcendam a idéia de uma sala com estantes de livros
não foi o denominador comum nas escolas visitadas. Pelo
contrário, muitas bibliotecas se confundiam com
depósitos de livros amontoados sem nenhum critério
nem organização e, muitas vezes, se encontraram os
livros empacotados em suas embalagens originais.
Outras se reduziam à “armariotecas”, os livros se
encontravam guardados em armários trancados a chave,
não estando disponíveis para consulta de alunos ou
professores.

Em relação às políticas públicas de fomento à leitura, o Instituto Pró


Leitura (IPL), efetivou no ano de 2008 a segunda edição da pesquisa
Retratos da Leitura no Brasil.
O principal objetivo da pesquisa era fazer um levantamento do
comportamento dos leitores e onde estes tinham acesso às obras. Dentre as
informações coletadas, constatou-se que em alguns estados a BE possui
grande contribuição para o acesso às informações, sendo que em alguns
estados é mais utilizada que as Bibliotecas Públicas (BP), como é o caso
dos estados do Rio de Janeiro, Pará, Espírito Santo, Paraná, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Santa Catarina. (CUNHA, 2008).
Assim, evidencia-se a necessidade do fortalecimento das bibliotecas
escolares existentes e a implantação de novas bibliotecas para que os
alunos e a comunidade escolar possa usufruir dos recursos informacionais
disponíveis.

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Outro grande avanço em relação ao fortalecimento das bibliotecas


escolares, foi a aprovação da Lei que trata sobre a universalização de
bibliotecas nas instituições de ensino básico no país.
A lei sobre a universalização de bibliotecas nas instituições de ensino
do país é de autoria do Senador Cristovão Buarque (PDT-SP), e foi
sancionada pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) no dia 25 de maio
de 2010 (Lei 12.244 de 24 de maio de 2010).
De acordo com a referida lei, as instituições de ensino têm um prazo
de 10 anos, a partir da data de sua assinatura, para implantar bibliotecas nas
escolas de ensino básico do país.
Cabe agora as autoridade competentes (Conselhos Federal e
Regional de Biblioteconomia, Associações de bibliotecários) e toda a classe
bibliotecária fiscalizar as instituições de ensino e as Secretarias municipais e
estaduais de educação para possam cumprir com a determinação da Lei.

4 AS ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE TERESINA

A cidadania é umas das chaves para proliferação da democracia e a


descentralização de escolas públicas no município de Teresina é uma das
atividades executadas para o progresso desse objetivo. Na rede municipal
de Teresina se apresenta da seguinte forma no gráfico:

Rede municipal de ensino de Teresina

alunos da educação municipal


escolas da Educação Fundamental
escolas da Educação Infantil

0
20000 40000
60000
80000
100000

Fonte: SEMEC

Ao analisar o gráfico, observa- se o quanto é inferior a existência de


escolas públicas municipais quanto à quantidade de alunos matriculados nas
mesmas e consequentemente o número de bibliotecas escolares nessas
instituições.
De acordo com Raganathan (2009), a segunda lei tratará a todos
como iguais e oferecerá a cada um o seu livro. Obedecerá
escrupulosamente ao princípio da igualdade de oportunidades em relação
aos livros, ao ensino e ao entretenimento.

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As bibliotecas terão que ser expandidas para atender a demanda e


serem trabalhadas juntamente com o quadro pedagógico de cada instituição,
aderindo o desenvolvimento de ensino interdisciplinar e preenchendo
lacunas quanto a responsabilidades social para a comunidade nela inserida.
A importância da equipe responsável pela biblioteca escolar no município
requer trabalho minucioso, pois a gestão da mesma terá de cumprir de forma
metódica as atividades e leis no âmbito educacional da rede municipal de
educação em Teresina.
A tabela a seguir representa o quadro de profissionais na que
compõem a rede educacional teresinense:

Profissionais efetivos 4777


Professores 3023
Pedagogos 235
Diretores 296
Administradores 1223
Fonte: SEMEC

De acordo com a tabela, nota-se a inexistência do profissional


bibliotecário que o compete o papel fundamental para o desenvolvimento
das mesmas, responsável pela seleção do material a ser disposto no acervo,
processamento técnico e enfim a disponibilização da informação. Mas para
as devidas concretizações precisarão ser executada as leis que regulamenta
a ausência da biblioteca nas escolas municipais e o profissional bibliotecário
no âmbito trabalhista nessas localidades.
O objetivo de uma biblioteca escolar na rede pública é alimentar a
literatura educacional, a abrangência da cultura e a efetivação dos direitos
do cidadão. Com isso, as ciências reterão progresso quanto ao
desenvolvimento tecnológico e ativando os preceitos da cidadania.
A continuação do ensino e pesquisa necessita-se de bibliotecas
devidamente regularizadas para atender o usuário.

A biblioteca escolar propicia informação e idéias que são


fundamentais para o sucesso de seu funcionamento na
sociedade atual, cada vez mais baseada na informação e
conhecimento. A biblioteca escolar habilita aos alunos para
a aprendizagem ao longo da vida e desenvolve sua
imaginação, preparando-os para viverem como cidadãos
responsáveis. (MACEDO,2005, p. 1)

A competência de o desenvolvimento educacional progredir cabe aos


responsáveis da rede educacional e cobranças dos cidadãos que tem por
direitos fazer petições sobre essa política social. Adicionado a isto,
execuções de projetos que tem por objetivo viabilizar o bom rendimento da
educação. Quanto ao quadro de profissionais existentes na rede
educacional, terá que ser elaborado de forma multidisciplinar e
interdisciplinar a execução de atividades relacionada à biblioteca escolar,

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

para a continuação dos serviços da mesma sem quebras de objetivos para a


não inferência na educação dos alunos.

5 O PODER PÚBLICO TERESINENSE E A LEI DE UNIVERSALIZAÇÃO


DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Adotou-se a metodologia qualitativa para a realização da pesquisa,


pois esta preocupa-se em identificar dados qualitativos. Com base na
fundamentação teórica sobre os assuntos tratados na temática abordada,
partiu-se para a elaboração e aplicação dos instrumentos de coleta de
dados. Optou-se por utilizar a entrevista, tendo em vista que este
instrumento possibilita ao pesquisador coletar informações mais complexas
que os questionários.
A entrevista foi realizada no mês de marco de 2011 na Secretaria
Municipal de Educação de Cultura de Teresina (SEMEC – Teresina). O
entrevistado foi o atual Secretario de Educação Profª Dr. R. R. que
respondeu prontamente às perguntas elaboradas.
Os dados coletados na entrevista foram confrontados com a literatura
utilizada para o embasamento teórico e análise de documentos elaborados
pela SEMEC.
A entrevista aplicada era formada de 06 (seis) perguntas
semiestruturadas, as quais foram desmembradas de acordo com a
necessidade de aclarar as ideias expostas pelo entrevistado em relação as
informações prestadas.
Na primeira indagação, buscou-se identificar se existe algum
profissional bibliotecário no quadro de funcionários da Secretaria Municipal
de Educação (SEMEC) de Teresina.

Ainda não tem um bibliotecário formado porque em Teresina


também acho que nunca houve o concurso para
bibliotecário não me lembro se ouve.
O curso também quando foi instituído aqui, autorizado faz
muito pouco tempo. As várias instituições tinham pessoas
que eram professores que faziam a catalogação, que faziam
um treinamento. Muitas vezes era o MEC que chamava para
assistir o curso em Brasília e quando chegava aqui
multiplicava.

Na pergunta seguinte, teve-se como objetivo descobrir quais são os


profissionais que estão atuando nas bibliotecas das escolas de
responsabilidade da SEMEC. Neste questionamento, sentiu-se a
necessidade de saber a opinião do entrevistado sobre as competências dos
atuais profissionais que são responsáveis pelas bibliotecas das escolas.

Quem está trabalhando nas bibliotecas daqui de Teresina


são professores que estão em processo de aposentadoria, e
alguns professores que estão com problemas, que não
podem está em sala de aula. Eles vão para as bibliotecas

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para ajudar os alunos com as pesquisas e tem também


outras pessoas que não são professores mas que são
funcionários do quadro de pessoal técnico de nível médio.

Já na pergunta seguinte, buscou-se identificar qual a opinião do


Secretario de Educação em relação à contribuição do bibliotecário no
processo de ensino aprendizagem e desenvolvimento pedagógico.

A contribuição é fazer a biblioteca funcionar como ela deve e


não um deposito de livro. [...] Uma biblioteca construção,
que desenvolva atividades, promova eventos, exposições,
palestras. Eu defendo que dentro da biblioteca deve haver
um bibliotecário e um pedagogo porque uma pessoa chega
para fazer uma pesquisa e não sabe o que vai fazer não. O
bibliotecário sabe pegar o livro e dar para ele, mas não
sabe orientar o que ele vai fazer, por isso que tem que ter
o bibliotecário e o pedagogo. Tem que ser um professor .

Em seguida, procurou-se saber se o Secretario Municipal de


Educação, conhecia a Lei 12.244 de 24 de maio de 2010, que dispõe sobre
a universalização de bibliotecas nas escolas do ensino básico do País.

Sabemos sim, inclusive foi discutida no ano passado onde


articulamos algumas ideias e estamos começando a tomar
as providencias. Pois a gente tem que colocar no orçamento
do ano seguinte,e a colocamos a proposta de concurso para
bibliotecário, este está previsto para 2012 [...].

Na quinta pergunta, teve-se como objetivo descobrir quais as ações


desenvolvidas pela SEMEC - Teresina para o cumprimento da Lei de
universalização de bibliotecas nas escolas.

O que estamos fazendo agora é justamente isso, os


engenheiros fizeram um levantamento nas escolas para
criar um espaço de refeitório que não tinha em muitas
escolas, de biblioteca e laboratório e as salas de repouso,
tendo estes espaços. Nos queremos uma biblioteca que
tenha propostas, que tenha evento, que tenha exposições.
Não é só para guardar livros.
Já começamos a comprar alguns livros e equipamentos para
as escolas que tem bibliotecas e para as que não têm,
estamos fazendo um levantamento poder mandar incluir na
lista de pesquisadores.

A última pergunta, buscou investigar quais os planejamentos e/ou


projetos que a SEMEC possui para o cumprimento da Lei a curto e médio
prazo.

A primeira coisa que a gente ta fazendo é comprando


acervo de paradidáticos, literatura infantil, atlas brasileiro,

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educação infantil. As bases de dados para a pesquisa para


os professores que vão poder acessar vídeos, fazer
pesquisa. Agora esse acervo é que está sendo organizado
na biblioteca e nas escolas que não tem vão ter que botar
em uma sala, tipo sala de leitura até a gente ter um espaço
compreendido como biblioteca, porque como são 302
escolas, é muito complicado.
E para a catalogação desse material que está chegando vai
ser feito por bibliotecários que serão contratados através de
concurso, do concurso que está previsto para 2012.

As informações coletadas por meio da entrevista possibilitaram-nos


chegar a algumas considerações a respeito da realidade das bibliotecas no
sistema educacional da Rede pública de ensino de Teresina – PI. Apesar de
buscar amenizar os problemas existentes, ainda é estridulosa a situação em
que se encontram o que são denominadas por professores, diretores, alunos
e comunidade como “Biblioteca Escolar”. Muitos destes espaços não
passam de mero deposito de objetos sem utilidade para a escola, assim
como admite o Secretario de Educação no decorrer da entrevista.
Mesmo buscando elucidar todo o emaranhado de problemas em
relação ao tema abordado, nota-se que os gestores da educação ainda
possuem uma visão arcaica do profissional bibliotecário. O vêem como um
profissional tecnicista, inábil ao desenvolvimento de atividades didáticas
/pedagógicas.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo sobre a realidade das bibliotecas escolares é um tema


bastante abordado, porém necessário. Apesar de ser um assunto bastante
discutido, ainda é pouco valorizando tanto nas instituições públicas quanto
nas particulares.
A abordagem aqui estudada buscou identificar das autoridades
competentes - qual a realidade das bibliotecas das escolas municipais de
Teresina – PI; e como o poder público teresinense está reagindo para o
comprimento da Lei que dispõe sobre a universalização de bibliotecas nas
instituições de educação básica no município.
A literatura utilizada para o embasamento teórico nos possibilitou uma
análise detalhada do papel da biblioteca escolar no contexto educacional,
bem como da importância da Lei para o processo de ensino-aprendizagem,
pois só por meio de uma legislação é que as instituições de ensino básico
preocupar-se-ão com as bibliotecas escolares.
Enfocando a realidade pesquisada, foi possível fazer um confronto
das informações coletadas na entrevista com a literatura corrente.
Possibilitando-nos chegar algumas considerações sobre a realidade das
bibliotecas das escolas da rede pública de ensino.
Apesar de buscar se adaptar às exigências, a Secretaria Municipal de
Educação e Cultura – SEMEC, ainda passa por algumas dificuldades em
relação à implantação de bibliotecas escolares, especialmente no que se

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refere à mão de obra qualificada (bibliotecário) para o desenvolvimento


pleno do processo pedagógico.
Na atual conjectura em que se encontram as bibliotecas do município
de Teresina – PI é mais conveniente designá-las como bibliotecas nas
escolas e não bibliotecas escolares tendo em vista que estas não possuem
um profissional bibliotecário atuando, o que a torna um recurso sem
utilização no processo educacional.

AGRADECIMENTOS

À DEUS por ter nos concedido paciência e perseverante.

REFERÊNCIAS

CONSELHO FEDERAL E BIBLIOTECONOMIA; CONSELHOS REGIONAIS


DE BIBLIOTECONOMIA. Projeto mobilizador: Manifesto
daUNESCO/IFLASchool Library. Informativo CRB-5, v. 14, n. 4, out./dez.
1999, p. 3-4. Disponível em:
www.unesco.org/webworld/public_domain/school_ manifesto.

INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Seminário Nacional Retratos da Leitura no


Brasil. Brasília: IPL, 2008

MANIFESTO IFLA/UNESCO PARA BIBLIOTECA ESCOLAR. Traduzido por


Neusa Dias de Macedo. Disponível em:
<http://www,ifla.org/VII/s11/pubs/portuguese-brasil.pdf>. Acesso em: 14 abr.
2011.

PAIVA, Jane; BERENBLUM, Andréa. Programa Nacional de Biblioteca da


Escola (PNBE) – uma avaliação diagnóstica. Disponível em: <http://
www.anped.org.br/reunioes/30ra/trabalhos/GT13-3093--Int.pdf>. Acesso em:
7 maio 2008.

PEREIRA, Suzy dos Santos. Biblioteca escolar e a orientação à pesquisa


bibliográfica: a situação da rede pública de ensino. SEMINÁRIO
BIBLIOTECA ESCOLAR ESPAÇO DE AÇÃO PEDAGÓGICA, 3. 2004, Belo
Horizonte. Anais... Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar da Escola de
Ciência da Informação da UFMG: Associação dos bibliotecários de Minas
Gerais, 2005. p.55-74. Disponível em:
<http://gebe.eci.ufmg.br/downloads/303.pdf>. Acesso em 10 mar. 2011.

PLANO NACIONAL DO LIVRO E DA LEITURA. Disponível em:


http://www.vivaleitura.com.br/pnll2/principios.asp. Acesso em 30 mar. 2008.

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

PROGRAMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS NA ESCOLA. Disponível em:


www.vivaleitura.com.br/pnll2/mapa_show.asp?proj=448 - 22k. Acesso em 30
mar. 2008.

PROJETO MOBILIZADOR: biblioteca escolar construção de uma rede de


informação para o ensino público. Disponível em:
<ttp://www.crb8.org.br/UserFiles/File/Sistema%20CFB_CRB%20Projeto%20
Mobilizador.pdf>. Acesso em: 06 mar. 2011.

SEMEC. Diagnósticos e cenários: cultura. Disponível em:


<http://www.teresina.pi.gov.br/portalpmt/SEMPLAN/doc/20080924-160-589-
D.pdf >. Acesso em: 13 mar. 2011html. Acesso em: 28. mar. 2008.

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A INCLUSÃO INFORMACIONAL E PRÁTICAS LEITORAS:


suportes e tecnologias no ato de ler

ROSANA Pereira Marinho*


NAIANE MIRLEY Araújo Pereira**
MARIA CLEIDE Rodrigues Bernardino***

Resumo:

Esse trabalho visa mostrar a carência das práticas leitoras no Brasil e a falta
de incentivo em relação aos suportes e as possibilidades de acesso para as
pessoas de classe baixa. Focalizando os novos suportes e as novas
tecnologias utilizadas no séc. XXI, requerendo a sua inclusão nos novos
métodos e práticas leitoras usadas para impulsionar o hábito pela leitura.
Refletindo sobre a evolução dos suportes utilizados desde o momento que
se sentiu a necessidade de registrar o que se estava falando até os dias
atuais, mostrando como mudou as concepções de leitura no decorrer do
tempo, que ela não é mais considerada somente como uma decodificação
de signos. Enfatizando a leitura e as novas tecnologias nas bibliotecas
públicas, como uma solução para a escassez da leitura nas classes menos
favorecidas.

Palavras-Chave: Leitura; Práticas Leitoras; Inclusão Informacional.

Introdução

Uma pesquisa realizada no ano de 2005 pela consultoria americana


NOP World, de Nova York, que definiu o ranking de leitura nos países,
apontou o Brasil em 27° lugar com 5,2 horas semanais de leitura, incluindo
veículos como jornais e revistas.
Em 2000 numa avaliação semelhante, ficou em último lugar entre 31
países, sendo que foram avaliados, ao todo, 250 mil alunos, de 15 anos,
independentemente da série em que estavam matriculados. A amostragem
total brasileira foi de 4.452 estudantes da rede pública e da privada.

______________________________

1 Comunicação na modalidade oral apresentado ao GT 01 – Educação para Promover a


Competência Informacional: um grande desafio para os bibliotecários.
*Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri. Graduanda.
pereiramarinho.rosana@gmail.com
** Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri. Graduanda. naianemirley@yahoo.com
*** Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri. Orientadora. cleiderb@ufc.br

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O Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA, realizou


pesquisa em 2003, em que o Brasil ficou em 37º lugar em leitura, abaixo de
países como a Tunísia e a Venezuela. Na última pesquisa do Instituto Pró-
Livro, Retratos do Brasil 2, que teve seus dados divulgados em março de
2008, que aponta o Brasil em 49º lugar, entre 59 países, no indicador leitura.
Estes resultados trazem indicativos importantes, que em primeira
instância poderá ajudar a escola a traçar um perfil do aluno leitor e
estabelecer estratégias de estímulo às práticas leitoras, uma vez que revela
uma mudança no comportamento dos leitores, em seus gostos e
preferências, a cerca da leitura.
Pesquisas como essas confirmam a aversão dos brasileiros quanto à
leitura e nos tornam conhecidos internacionalmente como um país de não
leitores. O alto preço dos livros é considerado como um dos fatores que
desencoraja a leitura no nosso país. Zilberman (apud MARUCCI, 2007, p.
7), afirma que,

As causas do fracasso talvez não estejam nos próprios projetos, e


sim em circunstâncias bem mais amplas, incontornáveis por quem
propõe aquelas iniciativas: um modelo econômico que se apóia na
concentração de renda, extremando a polarização da estrutura de
classes da sociedade brasileira e deixando grande parte da
população sem condições de sobreviver, nem de comprar livros.

Entretanto, engana-se quem pensa que este é um problema recente,


muito pelo contrário, é mais antigo e pode ser oriundo dos vários anos da
presença da escravidão em nosso país, que levaram os governantes a não
se preocuparem com a educação. Um exemplo disso é a escola primária
que só se tornou universal na década de 90, enquanto o rádio já estava
presente desde a década de 30.
No ano de 1990, eram produzidos cerca de 144 milhões de livros,
divididos pelo número de habitantes do Brasil, naquele momento seria
produzido em torno de 1,6 livros per capita. Em 1998, com 160 milhões de
brasileiros, esse dado mudou para 2,4 livros per capita que já é um avanço
notável, que pode ser atribuído à estabilização econômica do Brasil em
1995, e esse número continuou nos anos de 1996 a 1998.
Já no ano de 2000, com 165 milhões habitantes o consumo de livros
continuou crescendo paulatinamente, e eram produzimos cerca de 2,5 livros
per capita. Esses dados parecem animadores, mas apenas 0,7 desses livros
produzidos não são didáticos, estes na maioria são distribuídos
gratuitamente nas escolas pelo Governo Federal, mas o livro obtido pelos
cidadãos é um mercado que não se desenvolve.
Precisamos entender que a leitura expande nossa visão de mundo e
nos ajuda a interpretar tudo aquilo que nos cerca. A falta dela incapacita o
homem para interagir nos acontecimentos do mundo, de desenvolver seu
senso crítico. A escassez da leitura se torna ainda mais grave com o
surgimento das tecnologias que acabam distanciando as pessoas do hábito
de ler.

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A leitura é modificada a partir do suporte onde se encontra por isso se


torna necessário um conhecimento da trajetória dos suportes da escrita.

Evolução dos Suportes da Escrita

Durante muitos anos o homem viveu na oralidade, até o momento em


que sentiu a necessidade de registrar o que falava. A escrita faz parte da
nossa sociedade de tal forma que podemos dizer que se divide em dois
grandes períodos, antes e depois da escrita (HIGOUNET, 2003, p. 10),
descoberta que revolucionou a história da humanidade, pois era uma forma
de disciplinar e organizar o pensamento humano e fazê-lo atravessar o
tempo e o espaço.
Porém, toda escrita necessita de um suporte concreto, de um material
onde ela seja estruturada. Sobre isto Higounet (2003, p. 15) explicita que:

Do ponto de vista material, toda escrita é traçada sobre um


suporte ou, como se diz, sobre um registro “material subjetivo”,
com auxílio de um instrumento manejado mais ou menos
habilmente por um gravador ou por um escriba, seja fazendo
incisões, com um estilete, seja com um produto colorante.

A pedra foi o primeiro formato em que o ser humano efetuou um


registro, as pinturas rupestres foram os primeiros registros gráficos. Os
assírios, sumérios e babilônios usavam placas de argila e gravavam os
conhecimentos em inscrições cuneiformes. Outros materiais de grande
resistência foram utilizados, como a ardósia, o mármore, o osso, o vidro, o
ferro, o bronze, tijolos e cacos de cerâmica.
Surgiram então os suportes de materiais menos resistentes e
perecíveis, utilizado para formas mais livres e cursivas da escrita. Esse
material era proveniente dos vegetais, como cascas de árvores, folhas de
palmeira, tela, seda, madeira e entre outros.
O papiro, nativo dos vegetais, foi o principal representante,
considerado um avanço significativo. Originário da África, o papiro era
produzido através de uma planta oriunda das margens do Nilo, a
arandinária. A matéria-prima era o caule desse junco, reduzido a tiras ou
lâminas, unidas, batidas, lixadas e polidas, resultando numa folha fina e
flexível, porém, frágil.
Posteriormente, o papiro foi substituído pelo pergaminho. Sua
fabricação era a partir de couro de animais, como o carneiro, bode, veado
novo ou de outros mamíferos. A pele era curtida, lavada, depilada e
estendida para polimento posterior com pedra-pome, era tratada de forma a
servir como suporte de inscrições a tinta.
Seu advento é atribuído à lenda dos habitantes de Pérgamo, na Ásia
Menor, devido ao nome Pergamenun, do qual deriva a palavra Pergaminho.
De material resistente e liso, era o suporte bastante usado na Idade Média,

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que o conservou durante cinco séculos, com material exclusivo para livros e
atas importantes, e quase o único para leis.
Mas, a evolução dos suportes não para por aqui. O papel, inventado
pelos chineses, por meados do século IX, utilizavam os trapos como
matéria-prima. A princípio provinham do cânhamo, do algodão, do linho, da
seda, etc., depois bambu, amoreira, juta, cana, talos de trigo e arroz foram
introduzidos na sua fabricação. Seu principal defeito era a sua fragilidade, a
falta de flexibilidade e seu preço alto.
Na Europa do século XIX houve a procura sempre crescente do
papel, passando a ser utilizado no seu processo de fabricação, as fibras
vegetais ricas em celuloses, hoje em dia, a celulose é a principal substância
usada como matéria-prima, distribuídas em larga escala, diminuindo o seu
custo.
De acordo com Higounet (2003, p. 17):

O papiro, o pergaminho e o papel são os registros materiais


subjetivos da escrita mais comuns desde o princípio de nossa era.
O papiro foi utilizado sobretudo na Antiguidade, o pergaminho na
Idade Média, o papel, de origem chinesa, foi introduzido no
Ocidente através do mundo árabe, a partir do século XI.

No século XXI existem vários novos modelos de suportes para a


leitura. Os e-books, livros eletrônicos, são uma nova maneira de se publicar
livros, neles você pode armazenar diversas páginas do conhecimento
humano em um pequeno espaço interativo.

Uma Outra Revolução da Leitura

Ao longo de sua história, a leitura esteve associada à oralidade como


manifestação artística, como espetáculo. O mundo da oratória e do
desempenho oral é um pouco diferente da leitura como a conhecemos hoje,
em seus objetivos, por exemplo, na leitura oral o leitor incorporava o texto,
numa performance para uma platéia que assistia passivamente. Neste
sentido, a leitura oralizada tinha um caráter performático.
De acordo com Chartier (2003, p. 34), a história da leitura registra
duas mudanças essencialmente primordiais: uma, a física, própria dos
gestos de leitura, da passagem da leitura predominantemente oral para a
visual, silenciosa:

A longa história da leitura nos fornece elementos essenciais. Sua


cronologia se organiza a partir da identificação de duas mutações
fundamentais. A primeira enfatiza a transformação da modalidade
física, corporal, do ato de leitura. Ela insiste sobre a importância
decisiva da passagem de uma leitura necessariamente oralizada,
indispensável ao leitor para a compreensão do sentido, a uma
leitura silenciosa e visual.

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Essa primeira mudança imprime regras aos gestos de leitura, exige o


uso da visão e da concentração, cria espaços em que prevalescem a
tranquilidade e o silêncio. Segundo Chartier (2002, p. 24) “a leitura silenciosa
permitiu um relacionamento com a escrita que era potencialmente mais livre,
mais íntimo, mais reservado” e era esse caráter reservado que atribuia à
leitura status também de ato solitário, e que durante muito tempo nos
relacionava diretamente com a igreja .
A segunda mudança que sofreu a leitura foi a importância dada a
escrita, a cultura letrada e intelectualizada, através da “industrialização da
produção do livro” (ABREU, 2002, p. 24), a chamada “era da impressão”. O
surgimento da imprensa aumentou o número de livros e de leitores e a
natureza da leitura desprendeu-se um pouco de seu caráter religioso,
conforme nos conta Battles (2003, p. 86):
O número de livros cresceu dramaticamente do século XV ao
século XVII, engendrando um misto de excitação e de ansiedade
que não estava, de maneira alguma, restrito ao Vaticano. A
fascinação humanista com a Antiguidade, que antes era apenas
uma fantasia subversiva de acadêmicos, transformou-se num
instrumento efetivo de autoridade.

A grande revolução da leitura se deu concomitantemente ao


surgimento da imprensa, entretanto, o livro, tal como hoje o conhecemos,
não surgiu nesse momento, ele emergiu da cultura impressa, mantendo,
porém as mesmas características e estrutura do livro manuscrito.
Com a invenção de Gutenberg, assistimos ao que podemos chamar
de a primeira revolução da informação, visto que a igreja que monopolizava
o texto escrito, através dos monges copistas, foi perdendo terreno e a
facilidade quanto à edição de livros ajudava a difundir a leitura, antes restrita
a poucos.
Essas revoluções da leitura são múltiplas (CHARTIER, 2002, p. 23) e
ligadas à invenção e a transformação da imprensa. A primeira,
[...] consiste no longo processo que leva um número crescente de
leitores a passar e uma prática de leitura necessariamente oral, na
qual ler em voz alta era indispensável para a compreensão do
significado, para uma leitura visual, puramente silenciosa.
(CHARTIER, 2002, p. 23).

De acordo com Belo (2002, p. 79), durante muito tempo a história do


livro ficou associada à história das origens da tipografia, negligenciando a
própria história da leitura e da escrita, que data de tempos anteriores ao
texto impresso. A xilografia, técnica que consistia na gravura em madeira de
caracteres para impressão através de fruição, até hoje utilizada pelos
xilógrafos para fazer capas de literatura de cordéis e xilogravuras em geral.
Aquela que foi considera a segunda revolução da leitura surgiu
durante a era da impressão, porém antes da industrialização da produção do
livro, propriamente dita.

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Tal revolução [...] apoiou-se em diferentes circunstâncias:


crescimento na produção do livro, que triplicou ou quadruplicou
entre o início do século e os anos 80, a multiplicação e
transformação dos jornais, o triunfo dos livros de pequeno formato
e a proliferação de instituições (sociedades de leitura, clubes do
livro, bibliotecas de empréstimos), que tornaram possível ler livros
e periódicos sem ter que comprá-los. (CHARTIER, 2002, p. 24).

Entretanto, todas essas revoluções ocorreram sem marcar grandes


mudanças na tecnologia de impressão, o que só ocorreu realmente, tendo
em vista que mudou diretamente os gestos e hábitos dos leitores, foi a era
tecnológica, através dos livros digitais, que além de interferir sensivelmente
na história da leitura e dos leitores, interferiu também na produção do livro.
De acordo com Chartier (2002, p. 28),

Tal mudança no suporte físico da escrita força o leitor a ter novas


atitudes e aprender novas práticas intelectuais. A passagem dos
textos do livro impresso para a tela do computador é uma
mudança tão grande quanto a passagem do rolo para o códex
durante os primeiros séculos da Era cistã.

Diferentemente do material escrito, este suporte não se pode tocar e


nem o sentir. O leitor nem precisa passar as folhas do que esteja lendo, isso
é feito com apenas um click do mouse. Chartier (2002, p. 30) nos diz que “as
estratégias de publicação sempre moldaram as práticas de leitura”, à medida
que “criaram novos gêneros e textos” como também novas formas de
publicação.
Essa é considerada a terceira revolução da leitura, tendo em vista que
o leitor passa também a ser considerado autor, pois interage diretamente
sobre o texto lido, re-escreve-o. Essa nova tecnologia institui uma nova
relação com os textos e com os leitores e também coloca a indústria editorial
em um outro contexto de reorganização de sua produção e se inscreve na
sociedade.

Ao tornar a produção, transmissão e leitura de um dado texto


simultâneas, e ao atribuir a um único indivíduo as tarefas, até aqui
distintas, de escrever, publicar e distribuir, a apresentação
eletrônica dos textos anula as antigas distinções entre papéis
intelectuais e funções sociais. (CHARTIER, 2002, p. 27)

Todas essas revoluções de um modo geral repercutiram e


influenciaram o leitor, interferiram diretamente em suas práticas leitoras e
instauraram novos modelos não apenas de leitura e escrita, mas também de
publicação.
Hoje a interação entre o leitor e o texto não se dá apenas no âmbito
cognitivo, como exige toda e qualquer leitura, mas pode ocorrer literalmente
através dos muitos links e janelas que o texto eletrônico pode proporcionar.
Ao definirmos leitura, é possível visualizamos três níveis de leitura
definida por Martins (1991) como sensorial, o emocional e o racional. Como

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a leitura é processo dinâmico e circunstanciado, os três níveis se inter-


relacionam, praticamente tornando – se, simultâneos, entretanto, um ou
outro nível é privilegiado.

A leitura sensorial trabalha com os sentidos, a emocional lida com os


sentimentos, já a racional é um processo onde o leitor se desdobra sobre o
texto. A leitura racional acrescenta à sensorial e à emocional, estabelecendo
uma ponte entre o leitor e o saber. A leitura amplia as fronteiras do
conhecimento, e as nossas exigências, necessidades, interesses também
crescem pelo intermédio do diálogo mantido com o texto.
Ela se impôs através da sua forma escrita, primeiro por que é por seu
intermédio que o ato de ler foi pensado e, posteriormente porque na
literatura se encontram elementos com sentidos emoções e pensamentos. E
sua apreciação natural será uma consequência do intercâmbio de
experiências adquiridas ao longo da vida, desmistificando a escrita e o livro,
levando-nos a compreendê-los e apreciá-los.

A Leitura e as Tecnologias nas Bibliotecas Públicas

Com o advento das novas tecnologias, o acesso aos livros


digitalizados ou e-books facilita o encontro do texto com o leitor, permitem
inserções e alterações, sobretudo, permitem à re-escritura e a interação
efetiva da leitura, texto e leitor.
Esse texto digitalizado, de acordo com Chartier (2002, p. 29), “em sua
representação eletrônica, dissociado da materialidade e da localização
convencionais, pode (em teoria) alcançar qualquer leitor em qualquer lugar”.
Reiteramos que em teoria, apenas em teoria, poderia alcançar qualquer
leitor, se estivéssemos preparados para a era eletrônica, se nossas escolas
e bibliotecas, sobretudo, as bibliotecas públicas, tivessem o aparato
necessário para possibilitar ao leitor a operacionalização dessas ferramentas
e conseqüentemente a disseminação do conhecimento universal contido
nessas novas inscrições da cultura escrita.
As classes sociais mais baixas sempre são desprivilegiadas em todos
os sentidos, e em relação ao ingresso na leitura não é diferente. Yunes
(1990 apud MARUCCI, p. 8) assegura que,

A crise da leitura não se origina unicamente nos problemas


relacionados com os métodos educativos, produção de livros
infantis e circulação, e sim é fruto de uma crise geral de uma
sociedade discriminatória que não fornece igualdade de
oportunidade e acesso à cultura e da situação de dependência em
que se encontram os países latino-americanos. Logo, esta crise
não é mais que um dos efeitos de um problema social de aspecto
mais amplo.

A situação das bibliotecas públicas de um modo geral, em termos de


equipamento é péssima, o acervo na maioria das vezes é desatualizado e os

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funcionários despreparados, sem contar que pouquíssimas contam com


bibliotecários, a frente de suas atividades e serviços. Essas bibliotecas
dificilmente atendem as necessidades da comunidade, o que dificulta ainda
mais a democratização da leitura.
Sabe-se que no Brasil quando se trata de bibliotecas públicas, esta
para uso da classe menos privilegiada, há uma animosidade por parte do
Estado. Cunha nos mostra que,
No caso específico do Brasil, com diversidades de identidades
culturais, variadas demandas de informação, e a constrangedora
realidade dos excluídos do acesso a informação, identificar as
funções da biblioteca pública, deve significar não o simples
atrelamento a categorizações. É fundamental que se conheça a
ecologia social em que se insere a biblioteca pública [...] (CUNHA,
2003, p. 3)

O que nos deixa confiantes para afirmarmos que precisamos de


incentivos quanto a leitura, criação e modernização de bibliotecas, que
afetará consideravelmente as classes menos privilegiadas, contribuindo para
a instauração de uma cultura letrada no nosso país, e para o que Chartier
(1999) chama de “comunidade de leitores”.
Investir nas bibliotecas, transformando-as em espaços mais
interativos e dinâmicos, modernizando-as com computadores ligados à
Internet e espaços multimídia, em conjunto com os programas de incentivo a
leitura, possibilitarão uma real democratização do livro e da leitura.
Não podemos nos esquecer que todo esse aparato tecnológico
necessita de pessoal compete para o seu manejo, portanto, exige um
profissional bibliotecário devidamente habilitado para manusear e manipular
essas ferramentas, de forma a promover a disseminação do saber.

Considerações Finais

Vivemos em uma sociedade grafocêntrica, e que hoje com a


modernidade dos textos e da leitura exige além das habilidades de
compreensão, memória e cognição, habilidades no manejo das tecnologias.
Em nosso país a democratização da leitura está condicionada à
própria democratização política da nossa sociedade. Isto tudo demanda uma
forte transformação na estrutura social e econômica por melhores condições
de vida e de trabalho, que será representada e repercutirá em melhores
salários, moradia e consequentemente acesso a informação e
conhecimento.
Neste caso podemos observar claramente dois lados no que diz
respeito à leitura, aqueles que têm acesso ao conhecimento e aqueles que
nunca foram introduzidas nesse meio, os iletrados. A era tecnológica ao
mesmo tempo em que promoveu uma nova revolução na leitura, criou
também uma ruptura, que para um ainda em desenvolvimento é muito mais
que isso, é uma barreira.

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A interatividade que as tecnologias trazem, provoca uma maior


atração nos jovens leitores, entretanto, a maioria da população não tem
acesso a um computador e ou a bibliotecas, que por sua vez, raramente
oferecem esse tipo de serviço. Uma solução pra esse problema seria um
maior investimento quanto a implantação e modernização das bibliotecas
públicas e treinamento de seus funcionários.
A forte atração pela tecnologia pode ser uma aliada à luta para a
democratização do livro e da leitura, uma vez que não importa o formato do
livro, a fruição que a leitura proporciona ao leitor é a mesma.
A era informacional não precisa ser vista como uma inimiga dos livros,
mas como uma aliada deles e da leitura. As bibliotecas para poderem
atender melhor necessitam modernizar-se, contribuindo para facilitar o
acesso aos serviços eletrônicos, utilizando-se de processos mais dinâmicos
para estimular a leitura e também servindo para a inclusão digital
independente da condição social.

Agradecimentos

Agradecemos a Professora Maria Cleide Rodrigues pela sua disponibilidade


em nos orientar.

Referências

BATTLES, Matthew. A Conturbada História das Bibliotecas. São Paulo:


Planeta do Brasil, 2003.

BELO, André. História, Livro e Leitura. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

CHARTIER, Roger. As Revoluções da Leitura no Ocidente. In: ABREU,


Márcia. (Org.) Leitura, História e História da Leitura. São Paulo: Mercado
de Letras, 2002.

______. A Ordem dos Livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa


entre os séculos XIV e XVIII. Brasília: Editora Universitária de Brasília, 1999.

______. Formas e Sentido. Cultura Escrita: entre distinção e apropriação.


São Paulo: Mercado de Letras, 2003.

CUNHA, Vanda Angélica da. A biblioteca pública no cenário da sociedade da


informação. Biblios. Ano 4, n. 15, Abr./Jun., 2003. Disponível em:
http://www.bibliosperu.com/articulos/15/2003_014.pdf Acesso em 23. Mar.
2011.

HIGOUNET, Charles. História Concisa da Escrita. São Paulo: Parábola


Editorial, 2003.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 13. ed. São Paulo: Brasiliense,
1994.

MARUCCI, Fábia dos Santos. Os Sentidos da Falta de Leitura no Brasil.


Anais do 16 COLE – Congresso de Leitura, Campinas, 10 a 13. Julho de
2007. Disponível em:
http://www.alb.com.br/anais16/sem05pdf/sm05ss06_02.pdf Acesso em 23.
Mar. 2011.

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O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA INFORMACIONAL


A PARTIR DOS MEIOS CULTURAIS DE INFORMAÇÃO: um
destaque para a literatura de cordel 1

Ana Daniele Silva Maciel*

Resumo:
A ciência da informação emergiu em meio à existência de diversas
necessidades informacionais na sociedade, reconhecendo a informação
como um dos objetos do processo de comunicação, e um insumo com
potencial para a geração do conhecimento intelectual e cultural. Há uma
diversidade de fontes de informação, porque os atos humanos criam novos
documentos, e estes, novas formas de comunicação. Na sociedade
contemporânea, também denominada sociedade da informação, é cada vez
mais necessário conhecer e utilizar todos os tipos de fontes de informação.
Sendo assim observa-se a necessidade de conhecer e avaliar as fontes de
informação, além de tratá-las, organizá-las e disseminá-las, a fim de se
construir um fluxo informacional conciso e correspondente com as
necessidades dos seres humanos. Nesse contexto, observamos a literatura
de cordel como um tipo de fonte comum no nordeste brasileiro, que faz uso
de versos e rimas para disseminar informações nesta região, trata-se de um
meio cultural de disseminação do conhecimento. Verificou-se a necessidade
de discutir o desenvolvimento da competência informacional com o uso dos
meios culturais de disseminação informacional, para valorizar os
mecanismos culturais de disseminação de informação, visto que, eles não
são tão comuns quanto os meios tradicionais. É necessário, portanto,
possibilitar um maior esclarecimento a respeito do tema para os
profissionais que lidam diretamente com a mediação da informação na
sociedade. Os profissionais da informação são aqueles que têm habilidade
e formação para o gerenciamento informacional, devem ter conhecimentos
específicos sobre as fontes, bem como o gerenciamento dos fluxos
informacionais. É um dever do profissional da informação facilitar o acesso
à informação e possibilitar o seu uso, tendo em vista garantir o
desenvolvimento do conhecimento na sociedade.

Palavras-chave: Informação; Cultura; Competência Informacional.

1
Comunicação Oral apresentada ao GT 01 - Educação para Promover a Competência
Informacional: um grande desafio para os bibliotecários.
*Universidade Federal do Ceará.

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INTRODUÇÃO

O homem é um ser social, isto é percebido principalmente a partir de


sua necessidade de comunicação, de trocar informações. A criação dos
meios de linguagem, a fala e a escrita, foram o primeiro passo para a
transmissão dos saberes. Com o passar do tempo novos conhecimentos
foram adquiridos e outros métodos de disseminação foram criados.
A informação se trata de um bem com valor intangível na sociedade
atual, a sua valorização é fruto de sua característica principal: informar, “dar
forma”, isto quer dizer que a informação tem o poder de provocar
modificações naquele que tem acesso a ela. A informação é o caminho para
o conhecimento, pois, através do seu acesso o indivíduo assimila e
interpreta um novo saber, reestruturando suas idéias, criando assim, um
novo aprendizado, um novo conhecimento. A informação tem o poder de
modificar o indivíduo, contudo, isto somente é possível através da sua
disseminação, ocorrida a partir do processo de comunicação. Sabe-se que a
informação pode estar disponível através de inúmeras fontes diferentes, da
mesma forma que a sua transmissão provoca um ciclo informacional,
denominado fluxo de informação. As fontes de informação são os objetos
nos quais a informação pode estar inserida, um exemplo disto é o cordel
nordestino.
A literatura de cordel, modelo literário comum nos estados do
nordeste brasileiro, se tornou conhecida em todo o Brasil como um marco da
cultura nacional. Trata-se do retrato do cotidiano do sertanejo contado em
versos e rimas. O cordel corresponde a uma fonte de informação que cria
seus próprios processos e fluxos informacionais. Isto, porque muitas
histórias são inspiradas na vida real, nas plantações, missas, passeios,
paisagens, outras são baseadas em contos de autores conhecidos:
Shakespeare, Miguel de Servantes, etc. Algumas histórias já são tão
conhecidas e tradicionais que, segundo Silva (2007, p. 14) os folhetos de
cordel são instrumentos que nos remetem a um contexto histórico muito
antigo, representando há décadas atrás, um dos meios de comunicação
mais utilizados no interior do nordeste brasileiro, servindo como instrumento
de educação e informação.
Nesse contexto, queremos destacar a importância da competência
informacional para a disseminação informacional, especialmente a partir do
uso dos meios culturais de informação, dando ênfase ao cordel nordestino. A
competência informacional, diz respeito a um conjunto de habilidades que
vão desde à localização da informação, até o “saber fazer uso” dos recursos
informacionais, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento
intelectual e profissional. É de suma importância destacar o valor do trabalho
do profissional da informação, visto que é este profissional quem está
capacitado a mediar o conhecimento na sociedade, garantindo assim, a
evolução do conhecimento.

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A INFORMAÇÃO

O homem é um ser social, e como tal desenvolveu-se a partir do


convívio em comunidades. No período pré-histórico quando a humanidade
ainda não possuía o domínio da fala, notou-se a necessidade de criar formas
de linguagem nas quais fosse possível transmitir as informações desejadas.
A linguagem é o que permite ao homem entrar em contato com o seu
semelhante. É por meio da linguagem que o homem dissemina as
informações que são essenciais para o convívio em sociedade. A linguagem
é o que transforma o homem em um ser social, pois é o que permite ao
homem comunicar-se. O homem caracteriza-se por sua essência
comunicativa. O domínio da linguagem oral e escrita torna-se ainda mais
indispensável para a garantia da transmissão da informação. A escrita diz
respeito à primeira tecnologia de informação, criada a partir da necessidade
humana de transmitir seus conhecimentos. Ao longo do desenvolvimento da
humanidade percebeu-se que alguns conhecimentos eram essenciais para a
sobrevivência do homem, notou-se que algumas informações eram tão
importantes para a sobrevivência da espécie que necessitavam ser
transmitidas, em suma, o desenvolvimento do homem foi propiciado por esta
transição de conhecimentos.
Durante um longo período a informação foi um privilégio para poucos,
na era medieval, por exemplo, somente os monges da igreja católica
mantinham o acesso e controle da informação, no entanto, o
compartilhamento informacional sempre foi um sonho presente em todas as
eras da evolução do saber.
No decorrer dos tempos foram criadas diversas formas de
disseminação da informação; e ela esteve presente, como objeto de
pesquisa, para muitos estudiosos: Otlet, La Fontaine, Bush, D’Alembert,
Diderot, entre outros. Após a segunda guerra mundial, a informação tornou-
se o objeto principal em diversos estudos. A explosão informacional dos
anos 1950 foi a grande causadora do surgimento de novas pesquisas e
teorias com respeito ao armazenamento e recuperação da informação.

A informação sintoniza o mundo, pois referencia o homem ao seu


passado histórico, às suas cognições prévias e ao seu espaço de
convivência, colocando-o em um ponto do presente, com uma
memória do passado e uma perspectiva de futuro; o indivíduo do
conhecimento se localiza no presente contínuo que é o espaço de
apropriação da informação (BARRETO, 2007. p. 23).

Atualmente vivemos a chamada Era da Informação, onde, por meio


da internet, os dados são disseminados em linguagem natural, e muitos
milhares e até milhões de pessoas podem acessá-los remotamente, de onde
estiver. A informação conquistou o seu espaço tornando-se um dos
principais mecanismos para a assimilação do conhecimento. A informação
transforma o homem, a partir do momento em que ela lhe confere algum
significado no qual se inicie o processo de reflexão, ou seja, as estruturas

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são modificadas quando o individuo alcança um estado de assimilação de


novos conhecimentos, através da informação.

A informação é o que comporta um elemento de sentido. É um


significado transmitido a um ser consciente por meio de uma
mensagem inscrita em um suporte espacial-temporal: impresso,
sinal elétrico, onda sonora etc. Inscrição feita graças a um sistema
de signos (a linguagem), signo esse que é um elemento da
linguagem que associa um significante a um significado: signo
alfabético, palavra, sinal de pontuação (LE COADIC, 2004. p. 4).

A informação se trata da matéria que objetiva gerar conhecimento,


seja ele científico ou senso comum, é o caminho para a consciência; e está
contida em todos os segmentos da sociedade. Costuma-se dizer que “tudo é
informação” porque em tudo há a possibilidade de transmissão, da
comunicação e difusão de algum dado informacional.
Para Sparano (2003, p. 27) as crenças, a intencionalidade, o desejo,
as razões, causas e condições de emissão são fatores que estabelecem
novas relações entre a linguagem e o significado. Nesse contexto, o
significado diz respeito àquilo que confere sentido ao dado informacional.
Diante deste crescimento vertical da importância e valorização da
informação na sociedade, viu-se a necessidade da criação de novos estudos
e teorias que garantissem a continuidade da evolução do saber. A
informação é a matéria-prima para a geração de novos aprendizados, é um
elemento essencial no desenvolvimento da humanidade; e, é o objeto
principal nos estudos da ciência da informação. O Geórgia Institute of
Technology apud Souza (2007, p. 77) conceitua ciência da informação
como:

a disciplina que investiga as propriedades e o comportamento da


informação, as forças que regem o fluxo informacional e os meios
de processamento da informação para a otimização do acesso e
uso. Está relacionada com um corpo de conhecimento que
abrange a origem, coleta, organização, armazenamento,
recuperação e interpretação, transmissão, transformação e
utilização da informação.

O homem é um ser social, político e cultural, vive em uma sociedade


na qual o desenvolvimento científico é algo primordial para a organização
humana, notadamente a informação corresponde àquilo que traz sentido a
vida social, política e cultural do homem. A informação depende de muitos
fatores para que possa ser transmitida, isto, de certa forma, a torna ainda
mais essencial na sociedade que se configura atualmente.

COMPETÊNCIA INFORMACIONAL

As constantes revoluções sociais sempre possibilitam a geração de


novos saberes. A evolução cientifica representa uma nova oportunidade
para a geração de novas discussões nas diversas áreas do conhecimento..

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Competência corresponde especialmente a um “saber fazer”,


integrando um conjunto de atitudes essenciais para a transmissão do
conhecimento. De acordo com Montmollin apud Santos (2010, p. 49) a
“competência é o conjunto de saberes, práticas, comportamentos,
procedimentos e tipos de raciocínio, que se pode acessar um novo
aprendizado”. Nessa perspectiva, o termo competência informacional, do
inglês information literacy, passou a ser debatido com mais amplitude a partir
da década de 1970, no período em que a informação ganhou ainda mais
importância e, ampliou-se o surgimento de novos estudos a seu respeito, ou
seja, no limiar da sociedade da informação.
Lins (2007, p. 22) afirma que o termo information literacy surgiu
oficialmente em 1974, quando o bibliotecário norte-americano Paul
Zurkowiski sugeriu em um documento a National Commission on Libraries
and Information Science (NCLIS) as metas a serem atingidas na década
seguinte em information literacy.

Para ser competente em informação, uma pessoa deve ser capaz


de reconhecer quando a informação é necessária e deve ter a
habilidade de localizar, avaliar e usar efetivamente a informação
[…] Resumindo, as pessoas competentes em informação são
aquelas que aprenderam a aprender. Elas sabem como aprender,
pois sabem como o conhecimento é organizado, como encontrar a
informação e como usá-la de modo que outras pessoas aprendam
a partir dela. (ALA2 apud SANTOS, 2010. p. 56).

A competência informacional é comumente atribuída às habilidades e


técnicas para o uso de ferramentas de informação, isto se aplica ao domínio
da informação para o trabalho e resolução de problemas. Além disto,
acredita-se que a competência em informação está ligada ao uso dos
recursos informacionais para o desenvolvimento intelectual, cultural e
profissional do homem. A expressão competência informacional surgiu
essencialmente a partir da percepção dos profissionais da informação no
que concerne à necessidade de adquirir novas capacitações, entre elas:
conhecer e interagir com todos os tipos de fontes de informação. Ortoll apud
Santos (2010, p. 58) afirma que:

a competência informacional é constituída por um conjunto de


conhecimentos, habilidades e atitudes que capacitam e permitem
os indivíduos interagir de forma efetiva com a informação, seja
para resolução de problemas, para tomar decisões ou para o
aprendizado ao longo da vida.

Lins citando ALA (2007, p. 28-29) mostra que as habilidades


essenciais para competência informacional são:

1 Determinar a extensão da informação necessária;


2 Acessar a informação necessária efetivamente e eficientemente;

2
American Library Association.

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3 Avaliar criticamente a informação e suas fontes e incorporar a


informação selecionada aos seus conhecimentos básicos;
4 Usar a informação efetivamente com um propósito específico;
5 Conhecer os aspectos econômicos, legais e sociais que cercam
o uso da informação, acessar e usá-la eticamente.

Os profissionais da informação são aqueles capacitados para lidar


com a informação, em qualquer registro ou suporte, este é o profissional
encarregado por mediar o conhecimento na sociedade. O verdadeiro
profissional da informação é aquele que possui habilidades e competências
específicas à área de ciência da informação. É aquele que sabe usufruir de
sua competência informacional para desenvolver-se e propiciar o
desenvolvimento social. Araripe apud JAMBEIRO & SILVA (2004) afirma
que:

O profissional da informação (...) deve ser detentor de


conhecimento para compreender e/ou utilizar: as teorias da
informação e da comunicação; as bases teóricas da
biblioteconomia; os aspectos legais e éticos da profissão; as
teorias de organização dos registros do conhecimento; o valor e a
importância política, social, econômica e cultural da informação; o
trabalho pautado na interdisciplinaridade; os diferentes tipos de
linguagem e de comunicação; (...) a informação como vantagem
competitiva; a evolução tecnológica; administração e gestão de
recursos e unidades de informação; e o ambiente sócio-político e
econômico que se apresenta em seu país e sua posição na
estrutura mundial.

No quadro abaixo, observamos algumas competências do profissional


da informação:

SABER SABER FAZER SABER FAZER


ACONTECER
Conhecer as fontes Utilizar as fontes de Direcionar as fontes ao
maneira adequada seu respectivo público-
alvo
Aprender a aprender Aplicar o conhecimento Aplicar habilidade
Educação continuada Saber agregar valor a Alcançar metas e
informação, criar objetivos, transformar
produtos e serviços. habilidades em
resultados
Quadro 1 – Competências do bibliotecário (Elaboração da autora).

A ciência da informação necessita de profissionais que possibilitem a


geração de novos conhecimentos e práticas, que inseridos no contexto
social, econômico, político e cultural propiciem o crescimento individual e
coletivo. Conhecer as fontes de informaçao é o primeiro passo para cumprir
o papel de mediador da informação na sociedade, saber utilizá-las e
direcioná-las ao público certo também faz parte das estratégias
desenvolvimento e mediação do saber. O papel do bibliotecário deve ser

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formar pessoas críticas e com consciência dos seus deveres e direitos na


sociedade, para tanto deve-se viabilizar o acesso às informações.
Em termos gerais, os bibliotecários têm o poder de provocar
interações informacionais; ressaltado que a informação é um para o
conhecimento, e o conhecimento está a um passo da cultura.

CULTURA INFORMACIONAL & INFORMAÇÃO CULTURAL

A transmissão do conhecimento é parte do instinto comunicativo do


homem, e corresponde com sua formação cultural. Entende-se por cultura o
emaranhado de tradições e crenças intrínsecas às manifestações artísticas e
intelectuais, além das características humanas, as raízes sociais
aperfeiçoadas e preservadas através da comunicação e convívio dos
indivíduos em sociedade. Eco (1991) afirma que a cultura é toda intervenção
humana sobre o dado natural, modificado de modo a poder ser inserido
numa relação social. De acordo com Lévi-Strauss apud Woitowicz (2002)
toda cultura deve ser considerada como um conjunto de sistemas simbólicos
que buscam exprimir certos aspectos da realidade física e da realidade
social.
A constituição do homem como sujeito social consolidou-se a partir do
seu desenvolvimento cultural. A cultura diz respeito a uma teia de
significados, criada pelo próprio ser humano, está relacionada ao contexto
de formação histórico-social da humanidade. Para Thompson (1995, p. 170)
a cultura corresponde a um processo de desenvolvimento e enobrecimento
das faculdades humanas, processo facilitado pela assimilação de trabalhos
acadêmicos e artísticos, ligado ao caráter progressista da era moderna. A
cultura tem o poder de proporcionar significados, ela modela o homem, no
seu convívio em sociedade. E o homem como um ser cultural, é dotado da
capacidade de pensar e planejar suas ações de acordo com o modelo
cultural adotado na sua cidade, estado ou nação. Para Woitowicz (2002, p.
12):
a cultura envolve uma diversidade de situações da vida social,
que se articulam e assumem significados variados em meio as
transformações e contatos cotidianos. E, nesse momento, os
elementos que no passado representavam referenciais sólidos
para se tentar compreender a cultura – etnia, raça, nacionalidade,
etc. – assumem papéis variados no mundo globalizado e
globalizador.

A principal função da cultura é oferecer à humanidade a condição de


apropriação, oferecer uma contribuição suplementar a compreensão das
idéias e saberes, concretizando-se como estrutura essencial ao crescimento
do homem como um ser social. Cuche apud Woitowicz (2002) demonstra
que a cultura diz respeito a um processo permanente de construção,
desconstrução e reconstrução, onde todas as culturas, devido ao fato dos
contatos culturais, são culturas mistas, feitas de continuidades e

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descontinuidades. A cultura é como a informação, pois modifica o homem,


desempenhando um importante papel na construção da sociedade como um
todo; as interações sócio-cuturais geram um intercâmbio de informações.
Nesse contexto, Saldanha (2007) assegura que:

a informação deve ser apreendida, inicialmente, junto da noção


mais ampla de cultura. A informação, pois, designa o modo de
relações e o produto deste, isto é, os artefatos criados pelas trocas
simbólicas, como livros, músicas, peças teatrais e esculturas. A
informação é um fenômeno aéreo disperso nos jogos de
linguagem dos textos diversos produzidos pelo homem.

Na ciência da informação, a apropriação cultural confere um


importante passo para as comunidades que transformam a informação no
cotidiano. A informação, após ser assimilada e convertida em conhecimento,
é aquilo que confere significado as regras culturais. Nesse sentido, os
indivíduos são produtores e usuários da informação. A partir do intercâmbio
cultural eles podem realizar diferentes interpretações, reconstruindo a sua
própria visão do mundo. O olhar do mundo passa a ser aproximado,
enxergar o global e local, é possível por meio da cultura e da informação. A
cultura, em nível social, se incorpora peculiarmente em interfaces de
transformação dos seres humanos. A cultura é tradição, e é intrínseca aos
processos de transmissão do conhecimento. É por meio da cultura que o
homem se faz homem, no sentido da transformação intelectual.
A cultura se faz presente no cotidiano de todas as comunidades
humanas, e por muitas vezes necessita de uma mediação especificamente
direcionada, nesse sentido a informação se incorpora à cultura tendo em
vista a transmissão do conhecimento.
É necessário compreender os recursos midiáticos da cultura, como
um insumo base para a geração do conhecimento. Dentro desta perspectiva,
selecionamos a literatura de cordel, um dos principais elementos da cultura
popular nordestina. O cordel é um objeto da cultura de massa e popular; diz
respeito a um meio folclórico de disseminação de informações, conduzindo-
se por meio de processos e fluxos de informação ao seu público de leitores,
tendo em vista provocar reações sociais.

O CORDEL E “SUAS INFORMAÇÕES”

A cultura engloba idéias, fatos e sentimentos de pertença popular, mais


que isto ela oferece uma inúmera quantidade de constructos simbólicos,
midiáticos e folclóricos. A cultura infere significado na vida em sociedade de
todas as comunidades e nações. A cultura é folclore e tradição. Nesse
contexto é importante destacar que “o folclore é como que a biografia da
alma de uma região, apresentando, como num caleidoscópio gigante,
cousas3 que refletem, no seu primitivismo, as sutilezas, versatilidade e
espírito sensível de toda uma comunidade” (BENEVIDES, 1980. p. 9).

3
Coisas - em gíria popular do nordeste brasileiro. Grifo nosso.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Um dos símbolos da cultura nordestina é a literatura de cordel, ou


literatura de folhetos como era chamada até meados da década de 1970. Os
folhetos representam um verdadeiro exemplo da identidade nordestina, e
dizem respeito a uma rica amostra da cultura folclórica brasileira; herdada a
partir das influências européias no país. Repleta de significados, a
popularidade dos folhetos está na sua simplicidade tanto para a confecção
quanto para a sua venda. A distribuição dos cordéis era principalmente
realizada através das feiras produzidas semanalmente no interior nordestino,
o nome “cordel” é um resultado da forma na qual os folhetos eram expostos,
presos em barbantes. A Academia Brasileira de Literatura de Cordel (2010)
contextualiza a sua história da seguinte maneira:

oriunda de Portugal, a literatura de cordel chegou no balaio e no


coração dos nossos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais
precisamente em Salvador. Dali se irradiou para os demais estados
do Nordeste. A pergunta que mais inquieta e intriga os nossos
pesquisadores é "Por que exatamente no nordeste?". A resposta
não está distante do raciocínio livre, nem dos domínios da razão.
Como é sabido, a primeira capital da nação foi Salvador, ponto de
convergência natural de todas as culturas, permanecendo assim até
1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.

Ora composto por histórias tradicionais, ora abordando os temas de


interesse popular: a política, o cotidiano, os folhetos se espalharam por todo
o Brasil integrando-se a estrutura cultural, formalizada e transmitida de
geração a geração. É a partir desta concepção que Carneiro apud Benjamin
(2004) assevera que:

através do folclore o povo se faz presente na sociedade, se afirma


no âmbito da superestrutura ideológica e nela encontra sua
tribuna, [pois] se o povo utiliza formas antigas para se exprimir,
não faz apenas porque tiveram importância no passado, mas
porque tem importância para o seu futuro.

Nesta literatura de folhetos, desenvolve-se um ciclo cultural de


informações onde o poeta dissemina a sua opinião sobre determinados
assuntos ao seu público, que por sua vez assimilará e interpretará de acordo
com suas experiências. Os folhetos de cordel representam um marco do que
foi e do que ainda vive na cultura nordestina, trata-se daquilo que durante
anos foi o único meio de comunicação daquela região, aproximando real e
imaginário, unindo poeta e leitor. Campos apud Beltrão (2001, p. 153)
afirma, sobre os folhetos de cordel:
neles estão registradas as impressões do povo a respeito de
acontecimentos sucedidos no município, no estado, em todo país.
É a maneira de ver e analisar fatos sociais, políticos, religiosos da
gente rude do interior nordestino, fotografada nas páginas dos
folhetos denunciando costumes, atitudes, preferências e
julgamentos

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Os folhetos de cordel há muito tempo são temas de pesquisa, a seguir


Luyten (1981), demonstra a sua opinião a cerca desta fonte de informação:
a literatura de cordel tem sido considerada sistematicamente,
porta-voz ideal dos anseios populares. É preciso aceitar isso como
um fato, pois de outra maneira não se explicaria a grande
aceitação dessa forma de comunicação nem sua difusão por
quase todo o território nacional e, muito menos as enormes
tiragens dos seus folhetos. (...) Como processo de comunicação
extremamente dependente da aceitação popular, a literatura de
cordel ia se adaptando as necessidades de seus consumidores. E
essas iam se modificando à medida que havia precisão de certo
tipo de informação. (...) Podemos dizer que a literatura de cordel
não é mais o jornal do povo nos moldes anteriores à década de
50. Ela se tornou nacional e internacionalmente conhecida nos
meios eruditos. Não podemos prever que rumos tomará a
literatura popular impressa dessa década de 80. Sabemos que ela
não morrerá.

A criação de processos e fluxos informacionais em âmbito cultural


está ligada a sua estrutura cognoscente, “às percepções proporcionadas a
partir da leitura e contato com seu formato tradicional, a rima, o ritmo, o
metro, a ilustração da capa, a opinião do autor e a maneira particular de
abordagem e interpretação do fato” (Amorim, 2003. p. 48). Nesse contexto, a
literatura folclórica do nordeste brasileiro trabalha com a linguagem escrita
través dos versos e rimas, é um exemplo da troca de informações entre os
homens; tem a função de comunicar às massas. Consagrada pela
dinamização de processos e fluxos informacionais são caracterizados pela
interação informacional e cultural.
É de suma importância ao profissional da informação conhecer e
interagir com este tipo de fonte, tendo em vista a garantia da sua utilização,
bem como o desenvolvimento cultural e intelectual da humanidade.
O olhar daquele que é competente informacional percebe a
importância desta fonte de informação que representa um marco da cultura
popular, um mecanismo de disseminação de conhecimentos e difusão do
saber.
O cordel é um instrumento de dinamização informacional e cultural, e,
para não ser esquecido necessita do olhar crítico do profissional da
informação, tendo em vista que este é um meio de transmissão de
informações que atinge um grande público. O profissional que atua como
mediador deste tipo de informação, além de possibilitar a geração de
conhecimentos, proporciona a geração de cultura.

CONCLUSÕES

Atualmente vivemos na sociedade da informação, onde o


conhecimento é o bem mais valioso que o individuo pode adquirir. A
informação é, pois, um dos meios no qual se pode ter acesso ao
conhecimento.

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Chama-se competente informacional, o profissional capacitado a


trabalhar com informação. A competência em informação diz respeito ao
saber fazer uso da informação, corresponde ao saber reconhecer as
necessidades, identificar as fontes, e principalmente, aliar a informação para
o desenvolvimento de novos conhecimentos. O profissional capacitado para
disseminar as informações na sociedade é o profissional da informação, que
tem o dever de conhecer e fazer uso dos recursos informacionais, com
vistas a garantir o desenvolvimento intelectual e cultural na sociedade.
O cordel é um recurso informacional que foi muito utilizado para fins
de disseminação de informação no nordeste brasileiro, corresponde a um
meio cultural de informação e conhecimento. Conhecer este tipo de fonte é
importante para garantir a continuidade de sua utilização, pois há no cordel a
possibilidade de aprender, de aplicar o conhecimento e desenvolver-se
político-socialmente, de desenvolver-se intelectualmente através da cultura,
para o exercício da cidadania.

REFERÊNCIAS

ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL. História do


cordel. Disponível em: http://www.ablc.com.br/historia/hist_cordel.htm.
Acesso em: 10 ago 2010.

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O PAPEL PEDAGÓGICO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO COM


FOCO NA COMPETÊNCIA INFORMACIONAL 1

Gilson Rodrigues Horta*

Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar e discutir alguns aspectos e
perspectivas presentes na prática de atuação do profissional bibliotecário frente ao
cenário atual e dinâmico que o envolve. Discute-se aqui, os sentidos que norteiam a
necessidade de promoção da competência informacional, dando mais ênfase ao
caráter pedagógico que concerne o profissional bibliotecário e sua contribuição para
a construção coletiva do conhecimento social e cultural da sociedade dentro da
concepção da competência informacional. Tem o intuito também, de oferecer ao
leitor, a partir da auto-reflexão, um panorama geral sobre a importância da
contribuição do profissional bibliotecário para o processo de educação e formação
informacional de seus usuários.

Palavras-Chave: Bibliotecário; Competência Informacional; Prática profissional.

INTRODUÇÃO

O bibliotecário desenvolve um trabalho de fundamental importância para a


sociedade, visando a preservação documental, o direito à memória e a consolidação
de uma identidade coletiva, que abrange os processos de controle, recuperação e
disseminação da informação, o que resulta de fato, em transformações socio-
culturais relacionadas à sociedade e a sua formação.
Sabemos que a construção do conhecimento humano ocorre principalmente
sob duas maneiras; de forma individual ou coletiva. Esse conhecimento ou
conhecimentos, são construídos através de experiências e situações com as quais
nos deparamos ao longo da vida. Desde a infância fazemos interação com o mundo
e aprendemos a entendê-lo, aprendemos com nossa família, amigos e a escola,
construindo-se assim, um conhecimento individual, em contrapartida,
desenvolvemos também um conhecimento coletivo, que constitui uma memória

1
Comunicação oral apresentada ao GT 1: Educação para Promover a Competência Informacional:
um grande desafio para os bibliotecários.
* Universidade Federal de Minas Gerais. Graduando em Biblioteconomia pela Escola de Ciência da
Informação. E-mail: gilsonmax@hotmail.com

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social. Dentro dessa concepção, entendemos que, no ambiente


educacional, o bibliotecário também contribui e de certo modo, e exerce grande
influência na formação e história da sociedade.
De acordo com (HATSCHBACH; OLINTO, 2008), no final da década de 80 o
comitê presidencial da International Federation of Library Associations and
Institutions IFLA reconhece a importância da Competência em Informação, criada no
início da década de 70, e concerne no fato de que, “para ser ‘competente em
informação’, a pessoa deve ser capaz de reconhecer quando a informação é
necessária e ter a habilidade de localizar, avaliar e usar efetivamente esta
informação... e usar a informação de forma que os outros também possam aprender
com ela” (ALA, 1989 apud SILVA et. al., 2008), também citado por SILVA et. al.
(2008), defendendo que a competência informacional está na essência do
aprendizado ao longo da vida, e torna as pessoas capazes de buscar, avaliar, usar e
produzir informação de forma efetiva para atingir metas pessoais, sociais,
ocupacionais e educacionais ao longo da vida.
Reforçando essa idéia, Hatschbach e Olinto (2008) consideram que “a
Competência em Informação tem vários enfoques, recebe aportes de várias áreas,
permitindo o trabalho dentro de uma perspectiva interdisciplinar, abordando
questões como as novas formas de acessar, utilizar, analisar e avaliar a informação,
atendendo às exigências atuais do mundo acadêmico e profissional, para construir
novos conhecimentos e servir de instrumento para o uso da informação como fator
de inclusão social”.

O MOVIMENTO DA COMPETÊNCIA INFORMACIONAL

De acordo com Campello (2003), o movimento da competência informacional


(information literacy), surgiu nos Estados Unidos na década de 70 impulsionado pela
necessidade de mobilização da classe bibliotecária em prol da ampliação de seu
papel dentro das instituições educacionais, vista posteriormente, no plano das
proposições e das práticas institucionais como um avanço de uma política
profissional que a partir de uma filosofia pedagógica buscou articular a função de
educar, oferecendo novas possibilidades e desafios relacionados à formação, à
identidade e à valorização dos profissionais que atuam na área. Campello (2003),

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bem como, Melo e Araújo (2007), reforçam que o termo information


literacy surgiu a partir do termo information skills, apresentado por Paul Zurkowski
em 1974, e que na época era presidente da Information Industry Association. O
termo foi proposto por Paul Zurkowski para a US National Commission on Libraries
and Information Science (Comissão Nacional dos EUA sobre Bibliotecas e Ciência
da Informação).

Na década de 70, a educação superior nos EUA, adotou a competência


informacional como um requerimento para a graduação... Até os dias atuais,
são oferecidos cursos individuais (tutoriais on-line e outros) em torno da
competência informacional com e sem atribuição de créditos. As
universidades incorporaram esta competência ao currículo, inclusive
direcionando disciplinas e trabalhos de extensão com base nas bibliotecas.
Vale salientar que a tecnologia da informação é um recurso sempre presente
nestas práticas. (MELO; ARAÚJO, 2007, p. 189)

O movimento da competencia informacional tinha como objetivo, a priori, uma


maior valorização profissional, fundamentando-se através da educação do usuário,
tendo em vista as novas exigências da sociedade de informação naquela época. A
partir deste entendimento, podemos considerar que os significados e objetivos que
originaram o movimento, se relacionam com a sociedade e tem seu discurso
fundamentado com foco no usuário através da construção de uma responsabilidade
social.
Quanto a concepção de competência informacional no Brasil:

o termo está em fase de construção. Foi mencionado pela primeira vez por
Caregnato (2000, p. 50), que o traduziu como “alfabetização informacional”
em um texto em que propunha a expansão do conceito de educação de
usuários e ressaltava a necessidade de que as bibliotecas universitárias se
preparassem para oferecer novas possibilidades de desenvolver nos alunos
habilidades informacionais necessárias para interagir no ambiente digital.
(CAMPELLO, 2003, p. 28)

Ainda, conforme apresentado por Campello (2003), o ambiente da


competência informacional compreende a sociedade da informação, a tecnologia da
informação, as teorias educacionais e o profissional bibliotecário.

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COMPETÊNCIA INFORMACIONAL E NECESSIDADES DE INFORMAÇÃO

Miranda (2006), relaciona a competência informacional com a necessidade de


informação no ponto de vista teórico e prático. Trabalha a necessidade de
informação com sua perspectiva focada no estudo de usuários como instrumento
para a realização do diagnóstico de suas necessidades informacionais. Tanto as
necessidades informacionais quanto a competência informacional para a autora,
compreendem fatores cognitivos, psicológicos e sociais; onde as necessidades
envolvem características (cognitivo, emocional e situacional), que concernem na
percepção de um problema informacional e pela estratégia para resolvê-los; já a
competência é resultante de (conhecimentos, habilidades e atitudes), que está
ligada ao processo de aprendizado, relacionada ao pensamento e a ação prática.
Logo, a construção do conhecimento depende de fatores cognitivos intrínsecos e
extrínsecos ao indivíduo, resultantes de experiências e percepções por ele vividos
em interação com o mundo. Essa teoria pode ser mais bem representada a partir do
gráfico elaborado por Miranda (2006):

Fonte: Miranda (2006, p.111)

Como podemos observar, a autora estabelece uma relação entre as


necessidades de informação e as competências informacionais com os fatores
cognitivos, psicológicos e sociais que as envolvem e que caracterizam os usuários e
o profissional da informação. De modo que, essa relação é explicitada por meio de
tricotomias que representam os fatores ‘cognitivos’ ou dúvidas dos usuários em
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relação ao ‘saber’ do profissional da informação; os fatores


‘emocionais’ relativos à incerteza, nível de stress e dificuldades existentes quanto à
capacidade de percepção do usuário para dar sentido aos problemas ou tarefas
propostas em sua pesquisa, relacionados com o ‘saber-agir’, que resulta no
conhecimento e na ação do profissional e concretiza-se como um fator
comportamental; e por fim, os fatores ‘situacionais’ que são caracterizados pelas
diversas situações ou adversidades com as quais os usuários se deparam no
processo de pesquisa em configuração com o ‘saber-fazer’ que corresponde de fato,
em uma ação que transforma o conhecimento em prática e que são construídos ao
longo da vida; habilidades e atitudes que permitem capacitar usuários nos processos
de pesquisa que envolve a busca da informação, avaliação sobre sua relevância, e
uso.

A COMPETÊNCIA INFORMACIONAL NO COMPARTILHAMENTO DA


INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO

O compartilhamento da informação e do conhecimento ocorrem sob diversas


formas dentro das bibliotecas e envolvem diversos fatores e contextos de atuação,
onde o bibliotecario desempenha um papel muito importante no processo de
compartilhamento, pois ele é o elemento chave na transferencia de determinada
informação ou do conhecimento. Cabe a ele, a percepção e acompanhamento da
real ou reais necessidades que conduzem seus usuários à biblioteca.
Os fatores ou ações que concernem o processo compartilhamento só ocorrem
devido aos ineresses e interferências humanas dentro de um determinado ambiente.
A informação e a comunicação são dois impulsores no compartilhamento da
informação, que logo passa a ser conhecimento, de modo que, a transferência de
informação ocorre por meio de troca de mensagens e que resulta no processo
comunicativo. Essa teoria é baseada nos sistemas de informação, que fazem de
certo modo, a comunicação de informações servindo-se como um canal ‘emissor’ e
‘receptor’ de mensagens. Emissor no sentido de que o usuário pode recuperar as
informações registradas através da comunicação com o sistema por meio da
linguagem artificial, e receptor, tendo em vista que ele acumula as informações nele
armazenadas. A comunicação face-a-face com o usuário e a construção de

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estratégias de busca realizadas em equipe, resultam num processo


de evolução gradual e contínuo na capacitação do usuário ao ambiente
informacional – entende-se aqui, a construção coletiva do conhecimento.
Para Ipe (2003) apud Alcara et al. (2009), existem quatro fatores que
influenciam no processo de compartilhamento da informação e do conhecimento: a
natureza do conhecimento na organização, que envolve os conhecimentos tácitos e
explicitos; motivação para compartilhar, onde o processo de troca de informações
depende da vontade dos indivíduos e dos fatores internos e externos a eles;
oportunidades para compartilhar, que depende das possibilidades (canais) formais e
informais de estruturação e aprendizado dos individuos dentro de um determinado
contexto; e por fim, a cultura do ambiente de trabalho, que é resultado do meio
organizacional.
Por outro lado, no contexto virtual ou da web, Blattmann e Silva (2007)
apontam que a evolução das ferramentas no ambiente da web proporcionam a
criação de espaços cada vez mais interativos, nos quais os usuários podem
interagir, modificar conteúdos e criar novos ambientes hipertextuais com a utilização
dos recursos oferecidos pela internet e da web 2.0 possibilitando o compartilhamento
de idéias.

ASPECTOS PEDAGÓGICOS

Nos aspectos pedagógicos que norteiam a competência informacional, torna-


se crucial o envolvimento mútuo do profissional da informação em consonância com
o usuário e o ambiente no qual estão inseridos para se garantir eficiência no
processo.
Mota (2006), ressalta que, “no manifesto da UNESCO/IFLA sobre a biblioteca
escolar, também é dito que quando, os bibliotecários e os docentes cooperam entre
si, os alunos conseguem alcançar níveis mais altos de conhecimento, leitura,
aprendizagem, solução de problemas e competências no que diz respeito a
utilização de tecnologias da informação e da comunicação”. (MOTA, 2006, p. 6)
Dudziak (2005), aborda a competência informacional no âmbito do ambiente
escolar e universitário como espaço de práticas pedagógicas no desenvolvimento de
programas que enfatizem a competência em informação voltados para a educação

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de estudantes. Dudziak defende a idéia de que “no universo


complexo e contraditório da educação, o papel da Escola traduz-se em um pensar,
agir e avaliar a ação educativa em termos de projetos e momentos, a partir de dois
eixos principais: sua intrínseca missão educacional e seu compromisso social”. A
educação de estudantes dentro da concepção da competência informacional é vista
pela autora como uma questão complexa, que demanda de forma sistemática o
planejamento, implantação, acompanhamento e avaliação do ambiente
organizacional ao se elaborar projetos pedagógicos.

No domínio do senso comum, a competência é compreendida como um saber


ou fazer qualquer coisa bem. Observa-se que a competência, mais que uma
soma de atributos, é um processo que se renova constantemente e implica na
mobilização adequada de conteúdos interligados, quais sejam,
conhecimentos, habilidades e atitudes. Neste sentido, o sistema educacional
deve contribuir para a mobilização dos saberes, visando a construção das
competências individuais. (DUDZIAK, 2005, p. 1)

A autora ainda enumera algumas práticas importantes, recomendadas por


autores e entidades internacionais que desenvolvem programas e projetos voltados
à educação para a competência em informação, nos quais envolvem
respectivamente; o bibliotecário deve atuar como dono da causa; o aluno deve estar
no centro do processo; o bibliotecário como agente educacional; deve-se haver a
cooperação entre docentes e bibliotecários; a cultura do livre acesso à informação
deve ser enfatizada; inserção no projeto pedagógico; a definição clara de objetivos e
metas; o planejamento; a transdisciplinaridade e o currículo integrado como marcos
para a competência informacional; a incorporação de diferentes espaços de
aprendizagem; a contrução das práticas no decorrer do processo; e por fim, a
avaliação constante e o controle do processo.
O profissional bibliotecário desenvolve um trabalho de fundamental
importância para a sociedade, visando a preservação documental, o direito à
memória e a consolidação de uma identidade coletiva, que abrange os processos de
controle, recuperação e disseminação da informação, o que resulta de fato, em
transformações socio-culturais relacionadas aos indivíduos e a sua formação.
Reforçando o acima exposto, Côrrea et al (2002, p.36), citado por Raquel
Pacheco defende que:

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O bibliotecário desempenha [...] funções educativas, contudo diferentes


das que um educador escolar desempenha em sala de aula. Sua função
educativa concentra-se no sentido de auxiliar a comunidade escolar na
utilização correta das fontes de informação, dando um embasamento para
que o educando saiba usufruir esses conhecimentos [...]. Ele ensina a
socialização, através do compartilhamento de informações, de utilização de
materiais e ambientes coletivos, preparando assim o educando no
desenvolvimento social e cultural. Já o educador/professor deve ultrapassar a
transmissão da informação e o uso de materiais informativos trabalhando
conhecimentos contextualizando, estabelecendo ligações com aspectos
gerais da vida em sociedade, contribuindo para a formação de cidadãos com
capacidade crítica e transformadora. (CORRÊA et. al. apud PACHECO, 2007,
p.92)

Cabe à comunidade bibliotecária a responsabilidade de compreender e dar


ciência aos seus usuários internos (funcionários que compõem a equipe da
biblioteca) e aos usuários externos (que fazem uso dos serviços oferecidos).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com relação à competência informacional, podemos considerar que o


bibliotecário do contexto social atual, deve promover um trabalho em prol do bem
coletivo da sociedade, de modo que sua atuação profissional precisa ir além das
dependências do seu acervo, provocando necessidades de informação em seus
usuários através da auto-reflexão, estimulando assim, a construção de novos
conhecimentos.
Decorre do entendimento e no resultado de análise desta pesquisa, permitir
aos leitores, uma síntese das informações importantes para melhor noção do
movimento da competência informacional no âmbito da biblioteca e uma maior visão
dos rumos a serem traçados no futuro voltado para a capacitação dos usuários.
Constata-se que essa pesquisa é de fundamental importância para a área e que
contribuí de maneira positiva para a comunidade bibliotecária no desenvolvimento
de sua competência informacional.
A preservação do saber humano se dá através da memória e cabe ao
bibliotecário, como seu guardião e mediador, preservar e permitir o acesso desse
patrimônio da humanidade que são os registros do conhecimento, independente do
seu meio ou forma, sendo de sua inteira responsabilidade a educação e
conscientização da sociedade sobre sua importância.

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Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

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REPOSITÓRIO INSTITUCIONAL DA UFMA COMO


FERRAMENTA PARA PRESERVAÇÃO E MEMÓRIA NO
ACERVO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS
PARA INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC1

JULIANA RABELO, do Carmo*

Resumo:
Fundamenta o processo de organização do arquivo do Programa
Institucional de Bolsas para Iniciação Científica com a finalidade de abranger
os proveitos oferecidos pelas tecnologias da informação para fomentar a
disponibilização dos documentos científicos produzidos, com a utilização do
Repositório Institucional. Empregou a observação participante para coleta de
dados. Aborda o documento como suporte de representação da informação.
Enfoca que as informações contidas nos documentos são processadas com
um intuito. Expõe a necessidade de disponibilizar o documento e a sua
praticidade em formato digital. Mostra os significados, objetivos e funções do
arquivo. Ressalta a importância da organização, armazenamento e
conservação dos documentos nos arquivos. Caracteriza o acervo, analisa a
sua composição e descreve o processo de organização arquivo do PIBIC.
Define memória institucional com base em alguns autores. Ressalta a
importância da preservação do patrimônio documental da Instituição. Elucida
os Repositórios Institucionais como meio de divulgação da produção
científica. Conclui indicando o Repositório Institucional da UFMA como uma
ferramenta eficaz para disponibilização dos arquivos referentes à produção
científica do PIBIC.

Palavras-Chave: Arquivos; Memória Institucional; Repositórios


Institucionais.

Introdução

A desordem no estruturalismo do ambiente onde a informação está


armazenada afeta diretamente na qualidade da prestação dos serviços, seja
no setor administrativo, educativo ou social, prejudicando até mesmo a
credibilidade da informação para seus usuários.
O que se observa na contemporaneidade é o aumento da produção
de documentos, popularmente conhecido como “explosão documental” em

1
Comunicação Oral apresentada ao GT N°1 – Educação para promover a Competência
Informacional: um grande desafio para os bibliotecários.
*Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Estudante do curso de Biblioteconomia.
juliana.rabello@yahoo.com.br

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que a variedade de suportes onde a informação pode estar materializada,


promoveu mudanças na sua forma de divulgação e acessibilidade.
Com o desenvolvimento das tecnologias que possuem a finalidade de
promover a melhor forma de acesso ao documento, destaca-se a
disponibilização em rede, onde a internet atua como um meio que alcança
grande parte da população que a utiliza para suprir as suas necessidades
informacionais.
Dentre as motivações e objetivos da organização do arquivo do PIBIC
estão: acumulação de papéis decorrente da grande produção documental,
necessidade de armazenamento sistemático dos documentos
administrativos de forma que facilite a consulta e localização de maneira
rápida à administração do PIBIC, evidenciando a ordem como um elemento
indispensável dentro das instituições.
Logo, este estudo expõe questões sobre o documento como forma de
registro, os arquivos como fonte de informação, a caracterização do arquivo
do Programa de Iniciação Científica – PIBIC/UFMA e o seu processo de
organização, além de ressaltar a memória institucional e os repositórios
institucionais.

Materiais e Métodos

O desenvolvimento do processo de organização do acervo do PIBIC,


está sendo realizado desde maio de 2010, por duas bolsistas estudantes do
curso de Filosofia e Biblioteconomia, e propõe a organização total do
arquivo, a digitalização dos documentos, para assim contribuir para a
redução dos documentos impressos, existentes em grande quantidade,
visando a sua conservação, além da proposta de disponibilizar a produção
científica no repositório institucional da UFMA.
A observação participante foi a técnica utilizada para a coleta de
dados. Serva e Júnior (1995) define este método como:

Situação de pesquisa onde observador e observado encontram-se


face a face, e onde o processo de coleta de dados se dá no
próprio ambiente natural de vida dos observados, que passam a
ser vistos não mais como objetos de pesquisa, mas como sujeitos
que interagem em dado projeto de estudos.

Foram achados e avaliados os modos de conservação, as condições


de armazenamento, os critérios para descarte e arquivamento dos principais
documentos produzidos por este departamento (PIBIC) ligado à Pró Reitoria
de Pesquisa e Pós Graduação – PPPG/UFMA. As causas e resultados
analisados no início do processo de organização estão representados na
Tabela 1.

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CAUSAS RESULTADOS
Utilização do espaço físico de Armazenamento de documentos de
maneira incorreta forma desordenada
Falta de padronização e
Dificuldade no manuseio no
sinalização nas estantes e
arquivo
armários do arquivo
Documentos contidos em Riscos de degradação dos
ambiente quente e abafado documentos
Acúmulo de documentos e
Ausência de políticas de
dificuldade na busca de
arquivamento
informações no acervo
Tabela 1 – Análise dos arquivos do PIBIC – UFMA em maio de 2010

Resultados e Discussão

Os resultados serão expostos primeiramente com a apresentação de


uma abordagem sobre o Documento como Unidade de Registro para
explicar as funções do documento, indicando as diferenças entre os suportes
analógicos (ou impressos) e digital e as suas contribuições para a
preservação dos originais.
Elucida assim, as funções dos arquivos com base em alguns autores
para nortear a caracterização do arquivo e esclarecer sobre a execução do
processo de organização do PIBIC. Explana-se também a Memória
Institucional como uma outra função dos arquivos: o resgate, preservação do
patrimônio documental e história da instituição.
Finaliza com uma abordagem sobre Repositórios Institucionais como
um recurso para disponibilização dos arquivos referentes à produção
científica do Programa Institucional de Bolsas para Iniciação Científica.

DOCUMENTO COMO UNIDADE DE REGISTRO

Com a invenção da escrita, a informação passou a ser registrada em


suportes como o pergaminho – que era feito com a pele de animais -, e com
o decorrer do tempo e utilização de novos métodos, o papel foi desenvolvido
na China. Essa invenção foi aperfeiçoada e é utilizada em grande frequência
nas escolas, universidades, escritórios, jornais e em todos os ambientes que
ocorrem o registro e a disseminação da informação.
O documento antes de tudo é uma sustentação que possui a função
probatória quando utilizado em suporte material, ao fazer negociações,

emissão de contas, cartas oficiais, entre outros, precisam apresentar


recursos de autenticidade, Starbird e Vilhauer (1997, p.65) complementam

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com a assertiva: “Os ‘originais’ usualmente têm


características de autenticidade e podem ter elementos de prova, como
carimbos e assinaturas”.
Baldan, Cavalcanti e Valle (2002) comentam que, o documento é algo
que é usado há muito tempo, assim o documento sempre estará presente
em nossas vidas e em nosso local de trabalho principalmente.
Os esclarecimentos contidos nos documentos são utilizados para
tomar conhecimento de algo, elucidar uma decisão em uma dada situação,
formar a consciência do cidadão, promover crescimento intelectual, devendo
ser processado com uma finalidade.

Documento Analógico x Documento Digital

A representação da informação pode ser feita através de dados,


imagens, símbolos, entre outros para originar a mensagem, e
conseqüentemente, o meio de transmissão da informação. O documento por
sua vez é a materialização destas informações que possibilitam as
expressões do homem e fixação do pensamento através das representações
dos conteúdos, servindo a determinado propósito e propiciando a aquisição
do conhecimento.
O intuito real dos acervos é de disponibilizar toda informação que está
em sua guarda para os seus usuários, porém o manuseio constante dos
documentos contribui para a sua degradação, além dos riscos de perdas,
efeitos do ambiente (como temperatura, umidade, entre outros) ou rasuras.
Uma forma de preservar os documentos originais e ao mesmo tempo
torná-los disponíveis consiste no armazenamento do documento em formato
digital, onde o original permanece estável e duradouro, sem restringir a
execução das buscas, para assim suprir as necessidades. Sant’Anna (2001)
afirma que, “é responsabilidade dos arquivos adotar medidas preventivas e
corretivas objetivando minimizar ação do tempo sobre o suporte físico da
informação, assegurando sua disponibilidade”.
Para isso, a digitalização de documentos atua como uma ferramenta
para essa migração de formatos, e é visto como um método de preservação
e diminuição dos riscos já citados, que podem ocasionar a alteração ou
perda do significado dos documentos, principalmente nos arquivos, além de
promover a redução do volume documental nas instituições e a geração da
acessibilidade, resguardando o documento original.
Dessa forma, sobrevém a questão do armazenamento dos
documentos que nos remete aos seguintes questionamentos: os
documentos analógicos tem realmente o seu lugar e importância
reconhecidos nos arquivos? Tais documentos são tratados e armazenados
com a real relevância de entidade que determina o nível de conhecimento e
produção dos indivíduos? É desenvolvida a conscientização de que estes
documentos indicam a memória documental da Universidade? Estas
informações produzidas que possuem contribuições importantíssimas têm
sido utilizadas para promover a sociabilidade e garantir a transferência,
agilidade e acesso de seu conteúdo para o seu público?

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Estas questões revelam os desafios que estão agregados ao


documento em sua funcionalidade e seus diferentes suportes, uma vez que
a produção documental só possui significado, se houver acesso,
principalmente no contexto dos arquivos.

ARQUIVOS: Fontes de Informação

Quanto se trata de arquivo, a primeira imagem que pode ser originada


é um depósito onde se guarda papéis antigos, já sem funcionalidade ou que
serve somente para ocupar espaço. Na etimologia, a palavra arquivo tem
origem no latim archivu, e do grego arkheîon que significa de maneira bem
sintética “lugar ou edifício onde se guardam documentos [...]”. (Dicionário
Priberam da Língua Portuguesa, 2011).
Porém, ao estudar o conceito por outros aspectos, Sólon Buck (apud
PAES, 2004) expõe arquivo como “conjunto de documentos oficialmente
produzido e recebido por uma organização, empresa ou firma, no decorrer
de suas atividades, por si e seus sucessores para efeitos futuros”.
Considera-se arquivo um conjunto de documentos administrativos que
descreve e comprova a existência de fatos ou acontecimentos, servindo
primeiramente à administração como veículo de disseminação da
informação, sendo esse o objetivo maior: disponibilizar os arquivos para
possibilitar a utilização diária ou para pesquisa científica, dependendo da
natureza do assunto.
A função principal dos arquivos é de organizar, guardar, conservar os
documentos, que serão utilizados com freqüência ou não, pois quando as
atividades administrativas cessam, os arquivos cumprem a sua função
histórica, ao retratar a memória da instituição.
Quando ocorre a degradação dos documentos, conseqüentemente a
função histórica e existencial dos fins administrativos torna-se inutilizável.
Isso é produto das condições em que são armazenados os documentos,
sendo necessários cuidados técnicos em sua organização, para que o
arquivo não perca seu conteúdo.
Na realidade das organizações onde não são empregados cuidados
na organização e armazenamento de documentos os resultados são
refletidos diretamente na busca de informações. Terra (2001) ilustra com a
declaração:
“É comum que os funcionários percam até cinco dias para recuperar
um documento por não existir um critério de guarda.”
Nesse sentido, a função da Organização dos Arquivos de um acervo
tem o intuito de descobrir a sua problemática, quais os cuidados estão sendo
aplicados quanto às suas instalações, bem como a análise dos seus pontos
fortes e fracos para assim, desenvolver um planejamento que venha resultar
em soluções para suprir as necessidades de preservação e conservação do
documento e, por fim, a elaboração de uma política de arquivamento.

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A CARACTERIZAÇÃO DO ARQUIVO DO PIBIC - UFMA E O PROCESSO


DE ORGANIZAÇÃO

O Programa Institucional de Bolsas para Iniciação Científica – PIBIC


possui um acervo arquivístico próprio ligado aos projetos e pesquisas
realizadas no programa, e estão situados em uma sala especialmente
dedicada ao PIBIC, por se tratar de documentos textuais que foram
produzidos e recebidos, revelando as atividades a que estão ligados, sendo
esta a razão que indica com precisão a qualidade de documento de arquivo.
O acervo é constituído de documentos produzidos entre 1987 à 2004,
é essencialmente formado, na maior parte, de projetos de bolsistas nas
áreas de Ciências Biológicas, Exatas e Tecnologia, Humanas, Sociais e
Saúde, de valor informativo, pois indicam como foram elaborados,
encaminhados, avaliados, e finalmente, executados. Possui também
documentos administrativos como ofícios, memorandos, declarações,
monitoramentos, entre outros, que expõem as particularidades que não
foram expostas nos projetos.
Constituem os pontos fortes do arquivo o espaço físico do local
destinado aos documentos, fácil acesso, iluminação razoável,
disponibilidade de móveis para guardar os documentos, tais como estantes,
armários e arquivos de gavetas. Porém carece de climatização, arejamento
e ventilação no local, fatores estes que tem tornado o ambiente quente e
abafado, e que contribui bastante para degradação quando aliado à falta de
políticas para armazenamento de documentos no arquivo, o que se reflete
nos resultados da falta de planejamento, no acúmulo de forma desordenada
e na dificuldade para localização de informações decorrente da falta de
sinalização.
O decurso da organização do Acervo PIBIC emprega utilmente as
atividades de preparação de documentos que baseia-se na remoção de
objetos como clipes, grampos que podem interferir no processo de
digitalização, assim como páginas dobradas que influenciam na captura do
conteúdo do documento. Em seguida, o documento é salvo no formato PDF
- que bloqueia possíveis alterações nos documento -, em pastas que
correspondem ao orientador (a) e bolsistas, classificando por ano (período
da bolsa) que geralmente possui duração de 1 (um) ano, podendo ser
renovada ou não.
O processo de seleção dos principais documentos contidos na pasta e
remoção dos documentos que não possuem relevância, é realizado logo em
seguida e encaminhados ao descarte os documentos, por se tratar de
informações que se referem à autenticidade do autor.
Documentos administrativos em fase intermediária e permanente
ocupam um lugar específico dentro da sala e ainda não foram analisados,
devido a necessidade de procedimentos específicos como elaboração da
tabela de temporalidade e a lista de eliminação dos documentos, que devem
ser planejadas de acordo com a administração superior. Dessa forma, têm

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sido priorizado, os projetos existentes no arquivo por se tratar de maior


quantidade.
A mensuração da quantidade de documentos textuais que subsiste no
Acervo do PIBIC ainda não foi calculada, devido à complexidade da
precariedade na organização e conservação em que o acervo foi
encontrado, o que dificultou a facilidade ao acesso das informações e
carecendo de medidas para cuidados com a preservação dos documentos
originais, recuperação das informações relevantes.
O processo de organização do arquivo no PIBIC ainda está em
andamento, após as atividades de organização como: ordenamento e
sinalização através de etiquetas dos documentos administrativos correntes e
digitalização dos projetos e documentos intermediários e permanentes,
serão realizadas a indexação, classificação e catalogação dos livros
referentes existentes no acervo.
Propõe-se também, a elaboração de um Manual de Organização e
Manutenção do Arquivo quando as atividades findarem, para assim, ao
seguir uma política de armazenamento com o direcionamento da
coordenação, para que a desordem e falta de cuidados em relação aos
documentos não venha a ocorrer novamente.
Estes documentos posteriormente, irão fomentar a memória
institucional, através da digitalização, que alimentará um banco de dados
específico para exame e acessibilidade ao acervo à administração do PIBIC,
o que possibilitará registrar a organização da estrutura, e principalmente, a
preservação do patrimônio documental da Instituição.

MEMÓRIA INSTITUCIONAL

O arquivo institucional do PIBIC além de fomentar as contribuições de


um determinado campo de pesquisa, também comporta em suas instalações
uma questão essencial à própria instituição em que está ligado: a memória,
o que torna o arquivo um patrimônio documental que indica a veracidade dos
acontecimentos e registros.
A palavra memória deriva do latim memoria, que significa “faculdade
pela qual o espírito conserva idéias ou imagens, ou as readquire sem grande
esforço; lembrança [...] ” (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2011).
Sendo assim, quando a palavra memória é aplicada à qualquer contexto,
nos remete fortemente à relação entre a constituição do passado que serviu
como base e o que existe hoje, isso se aplica no caso das culturas, das
biografias, entre outros. Londolini (1990, p. 157) expõe essa questão ao
apregoar que:

Desde a mais alta Antigüidade, o homem demonstrou a


necessidade de conservar sua própria ‘memória’ inicialmente sob
a forma oral, depois sob a forma de graffiti e desenhos e, enfim,
graças a um sistema codificado [...] . A memória assim registrada
e conservada constituiu e constitui ainda a base de toda atividade

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humana: a existência de um grupo social seria impossível sem o


registro da memória, ou seja, sem os arquivos.

O autor aponta que a história humana é conhecida através dos


registros que indicam fatos, acontecimentos ou experiências de determinado
momento. Um exemplo bem conhecido são os desenhos feitos nas paredes
das cavernas, que retratavam hábitos, costumes e situações vivenciadas na
Antiguidade. Tais acontecimentos serviram de substrato para a formação de
culturas, e evidenciado a veridicidade da sua existência.

Os arquivos constituem a memória de uma organização qualquer


que seja a sociedade, uma coletividade, uma empresa ou uma
instituição, com vistas a harmonizar seu funcionamento e gerar
seu futuro. Eles existem porque há necessidade de uma memória
registrada. (ROBERT, 1990, p. 137)

Dessa forma, é apresentada a assertiva que qualquer registro


encontrado dentro de um acervo possui valor significativo para a memória,
ressaltando a importância da seleção e organização dos documentos de
maneira sistemática, pois indicam vestígios norteadores como fontes de
informação.
Os documentos são também um suporte da memória, e somente eles
possuem a capacidade de indicar as informações sobre o decurso da
instituição de forma segura, por esse motivo, o modo de armazenamento,
organização, manipulação e tratamento devem ocupar um espaço relevante
dentro da Instituição.
“[...] Os arquivos são práticas de identidade, memória viva, processo
cultural indispensável ao funcionamento no presente e no futuro.” (MATHIEU
e CARDIN, 1990, p.114)
Os documentos produzidos por uma instituição são fonte de
conhecimento indispensáveis para nortear a compreensão do passado, pois
refletem claramente a sua identidade, as origens das funções, normas e
diretrizes, como se desenvolveram os processos para a sua consolidação e
seu valor informativo para futuro, servindo para a constituição da imagem e
dos significados que a organização possui, elucidando assim a necessidade
de preservação do patrimônio institucional.

REPOSITÓRIO INSTITUCIONAL

Além da digitalização dos documentos administrativos – que serão


utilizados somente pela administração do PIBIC -, uma outra iniciativa é a
disponibilização da produção científica composta por relatórios finais de
pesquisas das Ciências Agrárias, Biológicas, Exatas e Tecnologia,
Humanas, Sociais e Saúde desenvolvidas pelo Programa de Bolsas para
Iniciação Científica, apresentados a partir de 2010 que estarão disponíveis
para consulta pela comunidade acadêmica no Repositório Institucional da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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A comunicação científica é um meio de divulgar os resultados obtidos


das pesquisas realizadas por acadêmicos e professores de diversas áreas
do conhecimento, o que reflete diretamente no nível de produtividade da
instituição de origem. Com a expansão e as vantagens de utilização e
divulgação de dados através da rede, a internet se tornou um importante
veículo para publicação científica.
Os Repositórios Institucionais empregam utilmente a política do Open
Acess (Acesso Aberto) que tem por objetivo fomentar a publicação eletrônica
e acesso à produção acadêmica, e permitindo à difusão do texto completo,
caracterizando assim, os Repositórios Institucionais nas Universidades como
um dos condutores para o Acesso Aberto.
Lynch (2003) descreve repositório institucional como:
“Um conjunto de serviços que a universidade oferece aos membros
de sua comunidade para a gestão e disseminação de materiais digitais
criados pela universidade e membros de sua comunidade.”
Dessa forma, fundamentam-se os objetivos dos RI e sua abrangência
ao possibilitar o armazenamento, divulgação, acesso e a reunião de toda a
produção da universidade sem restrições de formatos. Leite e Costa (2005,
p.8) destacam essa questão ao afirmar que:

Os repositórios institucionais (RI) possuem uma diversidade de


tipologia de conteúdos e formatos que podem ser armazenados
nos RI, tais como: artigos científicos, livros eletrônicos, capítulos
de livros, preprints, postprints, relatórios técnicos, textos para
discussão, teses, dissertações, trabalhos apresentados em
conferências, palestras, material de ensino (slides,
transparências, texto resumo, resenhas, trabalhos apresentados,
entre outros), arquivos multimídia etc.

Segundo Crow (2002, p.16), “[...] repositório institucional é um arquivo


digital de produtos intelectuais criados por professores de uma instituição,
por uma comunidade de pesquisadores e estudantes.”
No contexto do Programa Institucional de Bolsas para Iniciação
Científica – PIBIC, os resultados finais das pesquisas nas Ciências Agrárias,
Biológicas, Exatas, Humanas, Saúde e Sociais, entregues a partir de julho
de 2011 em cd no formato PDF, estarão disponíveis no Repositório
Institucional da UFMA, de acordo com a autorização dos orientadores das
pesquisas.
Como em uma biblioteca, e praticamente com os mesmos objetivos,
os repositórios institucionais propõem o acesso livre às coleções e
pesquisas que possuem relevância nas universidades, para também
preservar de maneira eficaz e servir como um meio de divulgação do seu
patrimônio científico, uma vez que a pesquisa, financiada pelo Estado, é um
dos alicerces da Universidade.

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Conclusões

A informação é o instrumento que dá impulso e colabora para o


desenvolvimento intelectual, social e econômico, torna os indivíduos
independente, promovendo assim, o bem das pessoas.
As condições em que os documentos foram encontrados no acervo do
PIBIC despertou o interesse da coordenação do Programa para uma
questão que carece de soluções imediatas nos arquivos, mas que
permaneciam sem nenhuma relevância e sem cuidados específicos. Aponta-
se soluções para as seguintes dificuldades encontradas:
a) Riscos de degradação dos documentos, ocorrência que prejudica a
sua função probatória: cuidados técnicos em relação ao manuseio,
instalações, climatização e utilização de materiais adequados e que
visam a preservação do documento, como o plástico que não danifica
o papel.
b) Dificuldade no manuseio do arquivo e armazenamento de documento
de forma desordenada, que torna as buscas complexas: uso de
etiquetas descritivas nas pastas e sinalizações no arquivo.

Os benefícios de uma política de arquivo – ainda inexistente em


muitas instituições -, bem como a sua adoção, implementação e
consolidação, são uma forma de conservar os seus documentos de modo
correto e, principalmente, seguro na organização do conhecimento nas
instituições.
O desgaste e a perda de documentos são fatores que devem ser
evitados, quando o intuito de armazenar de maneira segura é almejado para
garantir a permanência da constituição da memória institucional, utilizando
para isso, a digitalização dos documentos administrativos.
Os meios de comunicação social utilizados atualmente estão se
adaptando às formas de produção da informação. Com o advento dos
computadores e da internet, destaca-se a importância dos formatos de
transmissão da informação, utilizando para isso, o uso de novas
terminologias para designar as novas configurações de armazenamento,
processamento, produção e distribuição em rede, visando contribuir para a
aquisição do conhecimento.
Convém ainda lembrar que além do gerenciamento documental e
informacional eficiente e eficaz, os subsídios se ampliam ao colaborar para a
disseminação da informação com a disponibilização das pesquisas
realizadas pelo programa, que fornecerão importantes contribuições para a
comunidade acadêmica através do Repositório Institucional da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA).
Portanto, para tornar a produção científica produzida disponível,
através do Repositório Institucional é necessário, primeiramente, a
elaboração de planos para implementação e investimento em treinamentos

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para os administradores, ou responsáveis pelo arquivo para manter o


processo de disseminação da informação através do acesso livre.

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A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NA


CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS DE MEMÓRIA: a criação do
Centro de Memória do TRE-AM1

PHAMELA, Torres 

RESUMO

Aborda a criação do Centro de Memória do TRE-AM, tomando por base a


atuação do profissional da informação responsável pela Seção de Biblioteca,
Arquivo e Editoração da instituição. Discorre acerca da atual tendência de
preservação da memória institucional e a prática memorialista, sobretudo
nas instituições do poder público brasileiro, dando destaque ao Poder
Judiciário. Descreve os procedimentos adotados na constituição do Centro
de Memória e de seu acervo, bem como os procedimentos utilizados no
tratamento e divulgação desses registros e as principais medidas adotadas
para tal. Por fim, analisa o papel dos espaços de memória na construção e
divulgação da história institucional, bem como a importância do profissional
da informação na criação e gestão dos mesmos.

Palavras-Chave: Memória institucional; profissional da informação; Centro


de memória TRE-AM.

INTRODUÇÃO

A informação histórica é hoje um dos elementos mais em evidência


nas grandes instituições públicas e privadas do país. Cada vez mais, esses
órgãos preocupam-se em registrar sua trajetória no tempo e nas localidades
onde atuam, escrevendo permanentemente a história institucional,
enfatizando as suas ações e os efeitos produzidos pelas mesmas na
sociedade.
Os espaços de memória, atualmente muito requisitados pelas
diversas instituições sociais, refletem uma demanda crescente pela

1
Comunicação oral apresentado ao GT2 – Perspectivas da Atuação do Profissional da
Informação.

Universidade Federal do Amazonas. Graduanda do curso de Biblioteconomia.
phamela_am@hotmail.com.

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construção de uma identidade institucional, motivada pelo desejo de


afirmação de suas próprias origens, levando a público o conhecimento de
sua importância, função e atuação social.
Essa crescente prática memorialista vem sendo observada,
sobretudo nas instituições do poder público, onde tem sido freqüente a
criação de memoriais, centros de memória e museus, abrindo um maior
espaço de atuação aos profissionais da informação, que passam a ter em
foco uma vertente diferenciada para suas práticas de pesquisa: a informação
histórica e a memória institucional.
O Poder Judiciário brasileiro enquadra-se no perfil das instituições
públicas que nos últimos anos têm recorrido à prática memorialista como
forma de construção e preservação da história institucional, conforme nos
indica Manini (2007):

No poder Judiciário, foco do presente trabalho, a preservação da


memória e o resgate da documentação histórica se tornaram uma
preocupação recorrente nas últimas décadas do século XX.
Profissionais das áreas de História, Arquivologia, Biblioteconomia,
Museologia e Ciência da Informação desenvolvem diversos
trabalhos de resgate da memória histórica nos tribunais. Esses
trabalhos têm resultados em ações voltadas à recuperação, a
conservação e principalmente, à divulgação e ao acesso às
informações relativas à memória da Justiça brasileira, inclusive na
Internet. (MANINI, 2007, p. 2.)

Legitimando o contexto exposto acima, o Tribunal Regional Eleitoral


do Amazonas, através de sua Seção de Biblioteca, Arquivo e Editoração,
vem desenvolvendo desde 2000 o projeto de implantação do Centro de
Memória do TRE/AM, que tem como objetivo principal, a divulgação da
história da Justiça Eleitoral no Amazonas, captando, tratando e
disponibilizando ao público todas as informações e materiais histórico-
institucionais, relativos ao Tribunal e suas ações, divulgando à sociedade
amazonense sua trajetória e a importância de sua atuação para o processo
eleitoral no Estado.
O projeto baseia-se na utilização de duas grandes vertentes. A
primeira delas é o aprimoramento da comunicação com o público externo,
através de atividades como a elaboração e divulgação de material de
referência sobre a Justiça Eleitoral, atendimento aos pesquisadores e
visitantes, criação de um portal na Internet e a realização de uma exposição
permanente e outra itinerante, compostas por documentos textuais e
museológicos. A segunda vertente visa desenvolver a responsabilidade
social através da realização de atividades educacionais com alunos das
redes pública e particular de ensino, promovendo a cidadania e contribuindo
para a formação dos futuros eleitores.
Desde a sua implantação, no ano de 1932, o Tribunal vem
construindo sua trajetória no Estado, o que leva a crer que o mesmo deveria

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possuir grande quantidade de documentos e materiais históricos para


composição do futuro acervo de seu Centro de Memória. No entanto, desde
a sua criação, muitos desses materiais foram negligenciados, devido à falta
de um setor responsável pela guarda dos mesmos, o que atualmente é feito
pela Seção de Biblioteca, Arquivo e Editoração, criada muito tempo após a
implantação do Tribunal, no ano de 1998.
A partir desta data, a Seção de Biblioteca passou a desenvolver um
trabalho de coleta e recuperação dos materiais documentais e históricos
produzidos pelo Tribunal e relativos ao mesmo, mediante a pesquisas
internas e externas, coordenadas pela bibliotecária da instituição. Após dois
anos de pesquisa, foi decretada a Portaria n.173/2000 criando uma
Comissão para Criação e Implantação do Centro de Memória do TRE/AM.
A partir da divulgação desse documento passaram a ser
desenvolvidos trabalhos contínuos de captação e tratamento dos registros, o
que vem sendo feito até os dias atuais. Os resultados deste trabalho
começam a serem estruturados de forma mais concreta pela Seção, a fim de
executar a implantação do Centro de Memória.
O projeto encontra-se em fase de implantação, uma vez que sua
criação já foi aprovada pelo Tribunal, através de portaria própria, possuindo
como gerente do mesmo a bibliotecária da instituição, e como presidente a
Desembargadora do Tribunal.
Desta forma, a presente pesquisa objetiva conhecer qual o papel do
profissional da informação, com ênfase na atuação da bibliotecária da
instituição, na criação de espaços destinados à preservação da memória
institucional, tomando por base a análise da criação do Centro de Memória
do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas.
Partindo do argumento defendido por Fontanelli (2005), segundo o
qual o centro de memória deve ser visto como um serviço de informação
pretende-se compreender a real necessidade da presença do profissional da
informação na criação deste tipo de espaço, uma vez que, enquanto serviço
de informação, o centro de memória passa a necessitar da experiência
desse profissional, cuja formação está direcionada para a promoção deste
tipo de serviço.
Para tanto, pretende-se identificar os procedimentos utilizados pela
Seção de Biblioteca, Arquivo e Editoração, na captação, tratamento e
manutenção dos registros materiais e históricos relativos ao Tribunal, desde
a criação da mesma, até os dias atuais, passando pela criação da Comissão
para Criação e Implantação do Centro de Memória, até a aprovação final do
projeto.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa se apresenta como um estudo de caso. Segundo Gil


(2002), o estudo de caso é um estudo profundo e exaustivo de um ou

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poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado


conhecimento.
Essa modalidade de pesquisa é amplamente utilizada nas ciências
sociais e seus resultados são apresentados em aberto, ou seja, na condição
de hipóteses, não de conclusões.
No estudo de caso podem ser representados os diversos pontos de
vista acerca de um determinado caso, permitindo que sejam respondidas
questões do tipo “como?” e “por que?” aconteceu determinada situação,
permitindo que a mesma seja analisada sob diferentes perspectivas.
Para compreender a atuação do profissional da informação na
construção dos espaços de memória faz-se necessário conhecer como
iniciou-se a formação do Centro de Memória. Por este motivo, a parte inicial
da pesquisa executará uma descrição minuciosa acerca do processo de
criação do mesmo, desde a formação inicial do acervo, passando pela
criação da comissão para a implantação, até os dias atuais, onde o projeto
encontra-se em fase de implantação. Também serão descritas todas as
atividades desempenhadas pela Seção de Biblioteca, Arquivo e Editoração
do Tribunal, visando a captação, tratamento e divulgação dos registros
relativos à memória da instituição.
Em um segundo momento, a pesquisa apresentará algumas reflexões
sobre o papel social dos espaços dedicados à preservação da memória
institucional, destacando-se a atuação dos profissionais da informação
nesses espaços. Para tal, o centro da análise será a atuação da bibliotecária
da instituição, através da Seção de Biblioteca, visando compreender a
importância do papel desse profissional na formação deste tipo de espaço
institucional.
A pesquisa adota uma abordagem qualitativa dos fatos, buscando
descrevê-los através do método dialético, que penetra o mundo dos
fenômenos buscando entender as mudanças que os mesmos provocam na
natureza e na sociedade. De acordo com Lima (2010),
Se as ciências naturais e exatas estudam o mundo físico, as
ciências sociais focam o comportamento humano, por isso
legitimam os seus resultados por meio de abordagens qualitativas.
A pesquisa qualitativa preocupa-se com a compreensão, a
interpretação do fato ou fenômeno, considerando o significado que
os indivíduos dão às suas práticas. (LIMA, 2010).

O método de procedimento utilizado é o monográfico ou estudo de


caso. Este método “permite o estudo de fenômenos em profundidade, dentro
do seu contexto, especialmente processos sociais e procedimentos
organizacionais” adequando-se portanto, ao estudo em questão.
Durante a pesquisa foram utilizadas as seguintes técnicas: pesquisa
bibliográfica ou levantamento documental, entrevista oral não estruturada

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com a bibliotecária, observação in loco e coleta de dados junto a instituições


que possuem espaços destinados à preservação da memória institucional.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Logo após a criação da Seção de Biblioteca, Arquivo e Editoração do


TRE/AM, mediante a constatação da falta de cuidado com o patrimônio
histórico institucional do Tribunal, a mesma passou a desenvolver algumas
atividades coordenadas pela bibliotecária responsável pela Seção, visando a
captação de registros relativos à história da instituição.
Para tal finalidade, uma das primeiras medidas tomadas foi a
utilização da técnica de história oral, através da realização de entrevista com
duas antigas servidoras do Tribunal já aposentadas. As entrevistas foram
gravadas em fitas de vídeo VHS, atualmente convertidas para a tecnologia
de DVD, onde as ex-servidoras Sulamita Balbi e Maria Basília contam como
era o trabalho na instituição, bem como o cenário político e social da época,
nos respectivos anos de 1932 e 1959.
No ano seguinte, foi iniciada a produção editorial do Tribunal, através
da publicação da Revista de Jurisprudência do TRE/AM, Ementário,
Informativos, Cartilhas, Boletins e Relatório das Eleições, todos coordenados
pela Seção de Biblioteca. A partir daí, um pequeno acervo começou a ser
formado, já visando a criação futura de um espaço destinado à preservação
e divulgação da história institucional.
Outra medida para composição do acervo histórico da instituição foi a
criação de um acervo fotográfico em constante construção, iniciado com a
implantação da Seção de Biblioteca, onde constam centenas de registros
dos eventos realizados pelo Tribunal, Eleições nas cidades do interior do
Estado e capital, das antigas sedes onde funcionavam os cartórios eleitorais
e a construção do prédio anexo ao mesmo, onde atualmente funciona a
Biblioteca e os cartórios, além de uma galeria de fotos dos ex-presidentes do
TRE/AM, disponibilizada na página da Biblioteca, no site do Tribunal.
Além destes registros, outras medidas adotadas pela Seção de
Biblioteca tornaram possível a composição do acervo histórico do Tribunal.
Dentre elas destacam-se a criação da Tabela de Temporalidade de
Documentos e o Código de Classificação de Documentos, ambos no ano de
2005, e a Instrução Normativa n. 04/2009, regulamentadora dos
procedimentos para organização e descarte de documentos, evitando a
possível eliminação de documentos importantes para a preservação da
memória institucional.
De acordo com a redação oficial do Projeto de Implantação do Centro
de Memória, o acervo do mesmo deverá ser composto de todos os materiais
descritos acima, além de outros, que estejam inseridos no período que vai
de 1932 a 1937 quando a instituição foi extinta após o Golpe Militar, e de

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1945 aos dias atuais, conhecidos como primeira e segunda fase do Tribunal,
respectivamente. O projeto especifica que,

O acervo deverá ser formado pelos seguintes conjuntos


documentais: acervo arquivístico pertencente ao arquivo
permanente do TRE-AM [...], os arquivos privados de ex-
servidores, ex-membros da corte, membros da corte e familiares
que decidiram doá-los ao Centro; o acervo de depoimentos orais;
o acervo contendo material de referência sobre a história do TRE-
AM e das eleições no Amazonas; uma exposição permanente,
composta de móveis, equipamentos e, finalmente, um Portal sobre
a Memória do Tribunal na Internet/ Intranet. (TRE-AM, 2010, p.
04).

Após a formação de um acervo inicial, que atualmente encontra-se


em constante crescimento, foram também tomadas as devidas medidas
administrativas necessárias à criação do Centro de Memória, iniciadas com
a aprovação da Comissão de Criação em 2000.
As atividades de formação do acervo histórico e captação de registros
continuaram sendo feitas pela Seção de Biblioteca até os dias atuais. No
entanto, somente em 2010 se intensificaram, tendo sido realizadas diversas
visitas técnicas a outros memoriais e centros de memória da cidade, além da
realização de pesquisas junto à órgãos como o Arquivo Público Estadual.
Durante este período, todos os registros materiais e bibliográficos vêm
sendo tratados através da classificação, catalogação e indexação e registro
na base de dados da Biblioteca, através do software ALEPH. Os registros
também estão sendo disponibilizados por meio da página da Biblioteca, no
site do Tribunal via Intranet e Internet, bem como no próprio espaço físico da
Biblioteca e Arquivo, onde se encontram alguns dos materiais captados.
Ainda no ano de 2010, as atividades para implantação do Centro de
Memória adquiriram maior visibilidade tanto dentro do Tribunal como fora
dele, a partir da realização de uma exposição intitulada “Evolução do
Sistema Eleitoral no Amazonas”, realizada durante a Audiência Pública das
Eleições 2010 no dia 31 de agosto, no Tribunal de Justiça do Estado.
Durante a exposição, foram exibidos diversos materiais históricos, que
retratam a memória do Tribunal, como fotografias, documentos e títulos
eleitorais antigos, exemplares de todos os modelos de urnas utilizadas nas
votações, inclusive a urna de lona, o modelo mais antigo, mobiliário de
época e equipamentos utilizados pelo mesmo em seus anos iniciais, além da
exposição de um conjunto de banners retratando trajetória da instituição no
Estado.
Após a essa primeira exposição, várias outras foram realizadas em
locais de grande acesso da população como no Centro de Convivência da
Família do bairro Cidade Nova, no prédio da Secretaria de Fazenda do
Estado e no próprio prédio anexo do Tribunal.

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Atualmente, o projeto de implantação do Centro de Memória encontra-se em


pleno andamento, tendo inclusive a Seção de Biblioteca, recebido parte do
mobiliário que comporá o espaço físico do Centro. Já está sendo definido
também o do layout do Centro de Memória, que ficará localizado ao lado da
Biblioteca da instituição.
As próximas medidas a serem tomadas consistem na estruturação
física do layout, e a acomodação do acervo nesse espaço, utilizando-se
mobiliário próprio já fabricado e entregue na instituição. Também estão
sendo elaborados materiais publicitários como folders e banners para a
divulgação das atividades do Centro, além da criação de um Portal na
Internet e Intranet para divulgação da memória do Tribunal, ora em fase de
planejamento pela equipe técnica do projeto.
No desenvolvimento desta pesquisa foi observado que a criação do
Centro de Memória do TRE/AM reflete uma crescente demanda na busca
pela identidade das instituições públicas no Brasil, especialmente no que diz
respeito ao Poder Judiciário brasileiro. A criação desse espaço, coordenada
por uma Seção de Biblioteca, Arquivo e Editoração reflete a necessidade da
presença de um profissional da informação neste tipo de empreitada, uma
vez que foi imprescindível a utilização das técnicas de pesquisa e tratamento
utilizadas pela bibliotecária e equipe para a composição do acervo e
construção da estrutura do futuro Centro de Memória, já visado desde a
implantação da Seção.
O processo de criação do Centro de Memória do TRE-AM analisado
nesta pesquisa demonstra estar sendo corretamente executado pela equipe
responsável, todavia, tornam-se necessárias algumas considerações acerca
do papel deste setor dentro de uma instituição pública, bem como da
atuação do profissional da informação no gerenciamento do mesmo, após a
sua implantação.
Para tal, analisemos a colocação de Manini (2007), segundo o qual,

Um projeto de memória institucional, um centro de memória ou um


memorial eficaz precisam ter vida e dinamismo social. Para que
sua missão possa ser plenamente executada, não podem se
converter em espaço estanque de coleção de resquícios ou
fragmentos de memória, mas devem facilitar a criação de entornos
criativos e interativos de participação social e comunitária.
(MANINI 2007, p. 06).

Sendo assim, o papel do Centro de Memória é, sobretudo a produção


de novas descobertas através das informações disponíveis em suas
dependências. Para isso, é fundamental a correta postura e atuação do
profissional da informação, responsável pelo seu gerenciamento. O mesmo
deve ter a consciência da importância da divulgação da memória
institucional acima de tudo, sobrepondo-se até mesmo a captação e o
tratamento dos materiais.

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Sem dúvidas, pesquisar e coletar registros da história da instituição é de


fundamental importância, afinal, sem eles, nada poderá ser divulgado. Da
mesma forma, tratar estes materiais através das técnicas corretas é
essencial, pois sem isso, ao longo dos anos o mesmo estará perdido. No
entanto, levar a público esses registros deve constituir-se na principal
missão do Centro de Memória, afinal, o sentido de se preservar algo é para
que outros venham a conhecê-lo.
Segundo o projeto elaborado pela Comissão de Criação do Centro de
Memória, o Tribunal entende que a reconstrução da memória da instituição é
uma das formas de divulgar sua história e apresentá-la à sociedade,
demonstrando ainda que preliminarmente a intenção de dinamizar a função
desse espaço:

[...] o que se pretende com o projeto é criar um espaço dedicado à


re-elaboração e produção de sua memória, tendo como principal
finalidade este acervo, pois são fontes inestimáveis para a
compreensão da Justiça Eleitoral, e com isso, fornecer subsídios
para a pesquisa da história política local e nacional, da sociedade
em geral e do próprio TRE-AM. (TRE-AM, 2010, p.06).

No centro de memória, o papel do profissional da informação não se


limita somente à escolha das técnicas de pesquisa e coleta de dados, ou ao
tratamento técnico do acervo formado. Sua principal missão é fazer a
história da instituição ser conhecida pela sociedade e dialogar com a
mesma, fazendo-a conhecer a importância da sua trajetória e atuação,
atraindo o público e despertando o interesse das pessoas, para que o Centro
de Memória não venha a tornar-se um mero galpão armazenador de
antiguidades que não interessam a ninguém.
Tomando por base a visão de Fontenelli (2005), o centro de memória
deve contribuir para a construção de novos conhecimentos acerca da
instituição e da própria sociedade, e por isso, atua como um serviço de
informação, uma vez que disponibiliza um determinado acervo, através de
serviços e produtos voltados a um público específico.
O espaço destinado à preservação e divulgação da memória das
instituições deve antes de tudo, ser ativo e dinâmico, desenvolver atividades
para divulgar a informação, evitando a inércia observada em muitos desses
espaços, independente de sua natureza. Através de seu acervo, deverá
constituir produtos e serviços, e para isso, é indispensável a figura do
profissional da informação:

Antes de tratar especificamente do modo de organizar um centro


de memória e dos produtos e serviços que ele oferece, é
importante lembrar que, tanto quanto as demais instituições-
memória, ele também deve ser considerado como um serviço de
informação. Toda a massa documental nele preservada só terá
importância se for utilizada pela comunidade interna, bem como
por pesquisadores externos. Os profissionais do centro de
memória se vêem, assim, obrigados a conhecer as demandas de

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seus usuários, os procedimentos para o tratamento dos


documentos e da informação neles contida, como também sua
disponibilização de forma clara e eficaz. (FONTANELLI, 2005,
p.88).

A presença de um bibliotecário, arquivista ou museólogo é enxergada


com bons olhos nos espaços dedicados à preservação da memória, e deve
ser priorizada por suas instituições mantenedoras. A constituição de uma
equipe composta por um representante de cada área seria a medida ideal
para a organização dos trabalhos, uma vez que cada um deles, ainda que
trabalhando de maneiras diferentes, terá o mesmo objeto de trabalho, a
informação. Neste caso, o profissional da informação será o mediador entre
o conhecimento contido nos materiais constituintes do acervo e os usuários
em busca do mesmo.

CONCLUSÕES

A atuação do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas teve início no


Estado no ano de 1932, após instituído o Decreto n.º 21.076, de 24 de
fevereiro do mesmo ano, que instituiu o Código Eleitoral Brasileiro e criou os
Tribunais Regionais Eleitorais. Todavia, somente sessenta e seis anos
depois, em 1998, foi criada no TRE-AM uma Seção de Biblioteca, Arquivo e
Editoração, responsável pela guarda permanente dos documentos
produzidos pela instituição e preservação da memória institucional.
Durante o período anterior à criação deste setor, muito do patrimônio
histórico pertencente à instituição foi perdido, devido a má conservação que
ocasionou a deteriorização e até mesmo o próprio descarte desses
materiais, situação agravada no ano de 1937 com a nova Constituição
promulgada pelo então presidente da República Getúlio Vargas, segundo a
qual era decretada a extinção da Justiça Eleitoral no Brasil, uma vez que não
foram incluídos, entre os Órgãos do Poder Judiciário, os juizes e Tribunais
Eleitorais. Somente oito anos depois, em 28 de maio de 1945, através do
Decreto-Lei nº 7.586, é que foi restabelecida a Justiça Eleitoral em todo o
território nacional.
Preservar a memória institucional é uma preocupação crescente nas
instituições brasileiras, seguindo uma tendência memorialista muito
observada atualmente no país, e que se justifica pela necessidade de
construção de uma identidade perante a sociedade em que estas atuam.
Dentro desse contexto, as instituições públicas do Poder Judiciário brasileiro
têm se destacado na procura pela construção de uma identidade histórico-
institucional, com enfoque na atuação dos setores responsáveis pela guarda
do patrimônio informacional e histórico das mesmas.
Seguindo essa tendência, os espaços destinados à preservação da
memória estão cada vez mais em evidência nesses organismos,
desempenhando o papel de guardiões da história institucional.

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25 a 30 de julho de 2011 – Manaus/AM

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Os centros de memória, museus, memoriais e unidades afins têm a


função não somente de preservar a memória, mas acima de tudo, de
dialogar com a sociedade, demonstrando a importância da atuação de sua
instituição para o desenvolvimento daquela coletividade.
Para isso, faz-se necessária a presença de um profissional
especializado e capacitado capaz de desenvolver atividades que ajudem a
preservar os registros da história da instituição e ao mesmo tempo, levem de
forma dinâmica esses conhecimentos ao público geral, mantendo-a sempre
presente no cotidiano da sociedade à qual serve.
Diante do exposto, a criação do centro de Memória do TRE-AM virá
contribuir de forma extremamente significativa para a divulgação da trajetória
do Tribunal e da própria Justiça Eleitoral no estado. Através da atuação de
um profissional bibliotecário, à frente da Seção de Biblioteca, vem tornando-
se possível a criação de um espaço de memória, ora em fase de
implantação, que possibilitará de forma mais eficaz a organização da
memória e a escrita da história institucional, respondendo aos crescentes
anseios da população em conhecer melhor as instituições responsáveis pela
prestação de serviços à sociedade.

AGRADECIMENTOS

Agradeço à bibliotecária Marilza Moreira e à Seção de Biblioteca,


Arquivo e Editoração do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas pelos
materiais disponibilizados e esclarecimentos prestados para a elaboração
desta pesquisa.

REFERÊNCIAS

AMAZONAS. Tribunal Regional Eleitoral. Instrução Normativa n. 04/2009.


Regulamenta, no âmbito da Secretaria do Tribunal Regional Eleitoral do
Amazonas, os procedimentos para organização e descarte de documentos a
serem adotados pelas Unidades Administrativas, objetivando a manutenção
de um arquivo institucional organizado, para melhor acesso aos
documentos. Manaus, 06 jul. 2009.

AMAZONAS. Tribunal Regional Eleitoral. Projeto de Implantação do


Centro de Memória do TRE-AM. Manaus, 06 out. 2010.

AMAZONAS. Tribunal Regional Eleitoral. Portaria n.173/2000: Comissão


para criação e implantação do Centro de Memória do TRE-AM. Manaus, 24
mar. 2000.

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

FONTANELLI, Silvana Aparecida. Centro de Memória e Ciência da


Informação: uma interação necessária. São Paulo: Universidade de São
Paulo, 2005. Disponível em:
<http://rabci.org/rabci/sites/default/files/Fontanelli-Memoria.pdf>. Acesso em:
10 mar. 2011.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São paulo: Atlas, 2002.

HISTÓRICO DO TRE AMAZONAS. Disponível em: < http://ramweb.tre-


am.jus.br/newintranet/unidades/secjud/cjd/biblioteca/historico_tre.asp>.
Acesso em: 21 fev. 2011.

LIMA, Raimundo Martins de. Métodos e Técnicas de Pesquisa em


Biblioteconomia. 2010. 10 slides, color.

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do


trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto,
relatório, publicações e trabalhos científicos. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MANINI, Miriam Paula; MARQUES, Otacílio Guedes. Informação histórica:


recuperação da memória do Poder Judiciário brasileiro. In: Encontro
Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação. Salvador, 2007.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.


Memória e História. Natal, 2007.

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Memorial do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte: a busca
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instituição. Cadernos do CEON, ano 22, n. 31.

PONTE, João Pedro. O Estudo de Caso na Investigação em Educação


Matemática.
Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/docs-pt/1994
Quadrante(Estudo%20caso).doc>. Acesso em 05 mar. 2011.

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A AUTONOMIA DA BIBLIOTECA ESCOLAR E A ATUAÇÃO


DO BIBLIOTECÁRIO1

FEITOSA, Luiz Tadeu*


LIMA, Aline de Sousa **
LOURENÇO, Lidianne de Mesquita***
SILVA, Rosângela de Sousa****

Resumo:
Para ser vista e aceita pela comunidade educacional a biblioteca escolar tem
que cada vez mais conquistar seu espaço e buscar sua autonomia perante a
escola através do bibliotecário que deve possuir um perfil adequado e atuar
como mediador do conhecimento para que a mesma seja mais do que
apenas um lugar onde se emprestam livros. O propósito é apresentar o
papel do bibliotecário atuante na biblioteca escolar, pois ele deve possuir
habilidades necessárias para desenvolver ações pedagógicas e
socioculturais. Nessa intenção conceituaremos autonomia e biblioteca
escolar, mostraremos as funções pedagógicas da biblioteca escolar e
descreveremos o perfil e qual a atuação que o bibliotecário deve ter na
mesma para que se torne o profissional adequado para tornar a biblioteca o
centro principal de auxilio na educação informacional dos alunos.

Palavras-Chave: Biblioteca escolar; Bibliotecário escolar; Perfil do


bibliotecário.

1. Introdução

Este trabalho tem como foco a discussão referente autonomia da


biblioteca escolar e a atuação do bibliotecário na mesma. Para fazê-lo,
consideramos necessário apresentar, em termos sintéticos, uma visão sobre
a biblioteca escolar no atual contexto educacional e a atuação do
bibliotecário como facilitador na busca da informação nas escolas e como
dinamizador do ambiente biblioteca para melhor utilização de seus usuários.

Carvalho (1981) define a biblioteca escolar como o:


1
Comunicação Oral para apresentação no GT 02 - Perspectivas da Atuação do Profissional
da Informação.
* Universidade Federal do Ceará. Orientador do artigo. tadeufeitosa@superig.com.
**Universidade Federal do Ceará. Graduanda em Biblioteconomia.
aline8julho@yahoo.com.br
***Universidade Federal do Ceará. Graduanda em Biblioteconomia.
lidiannelourenco@yahoo.com.br.
****Universidade Federal do Ceará. Graduanda em Biblioteconomia.
rosa_ufc@yahoo.com.br

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[...] principal centro de aprendizagem da escola, sob atuação


conjunta de professores e bibliotecários, capaz de propiciar o
desenvolvimento das potencialidades do educando, prevendo
suas necessidades intelectuais e sociais e oferecendo-lhe meio de
satisfazê-las através de suas próprias indagações e pesquisas.

A biblioteca escolar deve ser projetada por ela mesma, dentro do


contexto em que faz parte, como um meio necessário para o
desenvolvimento global de seus usuários. Contudo, o cotidiano escolar gera
certa acomodação e a falta de autonomia reforça o não sucesso de sua
ação/missão.

A biblioteca escolar, como todas as bibliotecas, precisa assumir a


postura de “caminhar com as próprias pernas”, isso não significando dizer,
que ela não precise de parcerias, ou seja, a interação da mesma com
diretores, coordenadores e alunos, pelo contrário, é unindo forças que a
mesma irá paulatinamente conquistando sua autonomia nas escolas e indo
além de sua estrutura física, com localização de fácil acesso, um acervo
direcionado a seus usuários, espaço suficiente para a quantidade de alunos
da escola, onde os mesmos possuam lugar adequado e silencioso para
realizar suas pesquisas e estudos. A biblioteca tem que funcionar como
organismo vivo dentro da escola, com usuários que gostem de freqüentá-la e
que sirva para eles também como um lugar de lazer e incentivo a leitura,
onde segundo Silva ([2007?]),

É necessário que as escolas tenham seus próprios acervos


organizados e disponíveis ao usuário, mas, muito além do que
isso, que desenvolvam atividades e possibilitem a integração entre
a criança e a informação. Só dessa maneira a biblioteca deixará
de ser um lugar desconhecido dos alunos e de toda a comunidade
escolar.

É consenso dos educadores citarem que o desempenho escolar flui


melhor quando a escola tem uma biblioteca dinâmica que participa
ativamente da vida escolar dos alunos e juntamente com o corpo
administrativo, coordenadores e professores, deve participar do
planejamento da escola, ou melhor, ser incluída nas atividades do mesmo
servindo de mais um instrumento de estudo para seus alunos, pois a mesma
é a porta de entrada para o conhecimento, fornecendo condições básicas
para o aprendizado contínuo, a autonomia das decisões e para o
desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos sociais (MANIFESTO
DA UNESCO, 1976, p.158-163).

Através da biblioteca os alunos buscam informações que juntamente


com suas experiências irão moldar seu conhecimento, e para isso se faz
necessário que os mesmos aprendam a utilizar a biblioteca para seu
benefício, a partir daí estarão aptos a possuir o aprendizado contínuo
oferecido pela mesma, tendo a capacidade de fazer escolhas e a descobrir o

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mundo da leitura e seus próprios gostos como leitores que


os farão viajarem por várias culturas e construir a partir disso a sua própria.

Contudo para haver bibliotecas dinâmicas faz-se necessário que o


bibliotecário atue como mediador do conhecimento e para isso precisará agir
como educador, estar sempre atualizado e possuir conhecimento necessário
de seu acervo estando preparado para recuperar e ensinar seus usuários a
buscarem as informações necessárias para ajudá-los em todos os tipos de
suportes, tendo consciência da sua função no contexto educacional,
comprometido com o processo ensino-aprendizagem, interagindo ativamente
com toda comunidade escolar, promovendo eventos, desenvolvendo a
consciência crítica e alimentando a criatividade, ou seja, tendo a coragem e
a ousadia necessárias na construção da autonomia.

Dessa forma, refletindo-se acerca da importância da autonomia das


bibliotecas escolares no atual contexto educacional, instauram-se as
seguintes questões: Como a biblioteca escolar vem exercendo sua
autonomia no atual contexto educacional e qual a importância do
bibliotecário na conquista da mesma?

2. Conceitos de Autonomia e Biblioteca Escolar

Ao analisar os diferentes significados de autonomia e biblioteca escolar


podemos verificar as inúmeras definições existentes, dependendo do
momento e contexto em que cada uma se insere. Ao consultarmos o
dicionário da língua portuguesa Aurélio (2004, p.155), obtivemos os
seguintes conceitos de autonomia: 1. Faculdade de se governar por si
mesmo. 2. Direito ou faculdade que tem uma nação de se reger por leis
próprias. Conceitos que vão ao encontro do coceito de Bobbio (2000 apud
Martins 2002),
(...) o princípio inspirador do pensamento democrático
sempre foi a liberdade entendida como autonomia, isto é,
como uma sociedade é capaz de dar leis a si própria,
promovendo a perfeita identificação entre quem dá e quem
recebe uma regra de conduta, eliminando, dessa forma, a
tradicional distinção entre governados e governantes, sobre
a qual se fundou todo o pensamento político moderno

E para Garcia (2007, p. 48) “autonomia é um termo derivado do Grego


‘autos’ (próprio) ‘nomos’ (lei, regra). Entre várias acepções, significa
autogoverno, autodeterminação da pessoa em tomar decisões que afetem
sua vida, sua saúde, sua integridade psico-física, bem como suas relações
sociais”.

E os conceitos referentes a biblioteca escolar 1. Coleção pública ou


privada de livros e documentos congêneses, para estudo e consulta. 2.
Edifício ou recinto onde ela se instala. (Aurélio, 2004, p.175). E segundo

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Antunes (2002, p.16) A biblioteca escolar é aquela “situada


em escolas ou estruturada para atuar integralmente com estas, apóia o
trabalho de alunos e professores, podendo também ser aberta à comunidade
onde a escola está situada”

Em um contexto mais genérico, biblioteca é sinônimo de lugar


prazeroso, por outro lado é sinônimo de biblioteca medievais, com seus
cadeados, nem sempre visíveis, mas que nos afastam da fonte do saber e
do conhecimento. A biblioteca escolar, inserida num contexto social que tem
uma dinâmica de mudanças, continua ainda com práticas obsoletas, como
apenas o controle técnico de entrada e saída de materiais não se
preocupando com seus usuários, o que ainda resiste às exigências de um
novo cenário, globalizado e interativo que surge com informações em
diversos meios que necessitam ser moldadas e processadas com a ajuda da
tecnologia que se faz presente em nosso cotidiano.

Sendo essas informações organizadas para que se possa recuperá-


las a medida das necessidades dos usuários da biblioteca, devendo,
portanto assumir sua dimensão educativa, deixando de ser um espaço de
punição, onde Silva (1993, p. 138) coloca que:

a imagem da biblioteca (quando esta existe, é claro) como um


local onde os alunos cumprem castigos. Não são poucos os
professores deste país que, para livrarem-se de alunos
indisciplinados, transformam o espaço da biblioteca em um
instrumento de correção.

E de aprisionamento do conhecimento, quando o responsável pela


biblioteca não conhece as informações contidas em seu acervo, servindo só
de guardião do livros, protegendo-os dos alunos. A biblioteca tem que
funcionar ativamente de forma qualitativa observando e realizando pesquisa
de usuários para saber suas reais necessidades para que possa prestar um
serviço de qualidade aos mesmos, acolhendo e inovando suas atividades
cotidianas, fazendo rodas de leitura, visitas guiadas a biblioteca,
promovendo concursos relacionados à leitura, despertando o interesse dos
alunos e reforçando seus hábitos de leitura.

De acordo com CAMPELLO (2002, p.11):

“A biblioteca é, sem dúvida, o espaço por excelência pra promover


experiências criativas do uso da informação. Ao reproduzir o
ambiente informacional da sociedade contemporânea, a biblioteca
pode através de seu programa, aproximar o aluno de uma
realidade que ele vai vivenciar no seu dia-a-dia.”

Dessa maneira, para que a biblioteca seja freqüentada e atraente, no


qual os usuários gostarão de utilizar no seu cotidiano escolar, tornando-a
participante do fazer educativo, deve ter a presença do bibliotecário atuando

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de maneira criativa e com total autonomia, desenvolvendo


ações que construam na comunidade escolar conhecimentos necessários
para prosperar dentro da sociedade, tais como mesas-redondas, palestras,
fazendo com que os alunos desenvolvam sua capacidade de discutir e dar
sua opinião sobre vários assuntos ligados a seu cotidiano preparando-o e
ajudando-o a construir valores importantes ao seu crescimento pessoal.

3. Biblioteca Escolar no Atual Contexto Educacional

As escolas no Brasil têm como uma das metas a transmissão de


informações a seus alunos com o intuito de que esta informação seja
transformada em conhecimento pelos mesmos, como forma de perpetuar a
cultura, desenvolverem a personalidade individual e estimular a sociabilidade
e o respeito entre os povos.

O espaço que melhor reúne e dissemina o conhecimento entre os


setores que compõem a escola é a biblioteca escolar, pois no atual contexto
educacional em que se voltam às atenções para melhores oportunidades
educacionais, busca-se cada vez mais a diversificação de procedimentos
pedagógicos que não só de o professor como autoridade máxima passar o
conteúdo aos alunos e aplicar provas, mas sim a utilização de recursos
capazes de prender a atenção e proporcionar interesse por parte dos alunos.
Mariconi (1982, p.51) cita que a biblioteca escolar é um dos mais
importantes desses recursos, comprometendo-se diretamente com o
processo de ensino aprendizagem ao funcionar como componente do
planejamento didático e como laboratório de aprendizagem, oferecendo
meios instrucionais diversificados.

Como recurso da educação e como instrumento do ensino, a biblioteca


constitui fator essencial para a obtenção das metas educacionais, ao
funcionar como elemento de apoio no desenvolvimento das atividades
curriculares, informativa, educativa, cultural e recreativa através da interação
com os professores, fazendo um planejamento com atividades a serem
realizadas na biblioteca que sirvam tanto de lazer como de forma de
aprendizado aos alunos. O Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil, afirma que as crianças que freqüentam instituições de Educação
Infantil devem ter:

acesso aos bens sócio-culturais disponíveis, ampliando o


desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à
comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à
estética”; além disso, devem prover “a socialização das crianças
por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas
práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma (BRASIL,
1998, p.13 apud Silva, [2007?]).

A biblioteca serve então como um meio de inclusão social na escola,


desenvolvendo atividades que proporcionem a interação aluno-aluno e

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aluno-professor-bibliotecário para que esses alunos


possam formar seus valores éticos, sociais chegando a serem cidadãos
ativos e participantes para construir uma sociedade consciente e com
opinião formada a respeito de vários assuntos.

4. A Função Pedagógica da Biblioteca Escolar

A biblioteca escolar deve ser um espaço aberto, de livre acesso e


desempenhar funções dentro da estrutura escolar como: participar do
planejamento pedagógico, dos programas culturais e técnicos escolares.
Contudo, ela desempenha um papel fundamental, pois é por meio da mesma
que as informações serão gerenciadas e passadas ao usuário com
aprimoramento, para que ele possa não só inteirar-se do assunto
pesquisado, com também vir a ser um meio pela qual o conhecimento é
passado.

De acordo com o Manifesto IFLA/UNESCO Para Biblioteca Escolar


(2000):
“A biblioteca escolar propicia informação e idéias fundamentais
para seu funcionamento bem sucedido na atual sociedade,
baseada na informação e no conhecimento. A BE habilita os
estudantes para a aprendizagem ao longo da vida e desenvolve a
imaginação, preparando-os para viver como cidadãos
responsáveis.”

Sendo assim, a partir do momento em que se disponibilizam fontes


informacionais, como: livros, revistas, enciclopédias, computadores e etc.,
criam-se meios para que o usuário possa interagir e fazer trabalhos
conjuntos o que assim será possível alcançar níveis mais elevados de
leitura, aprendizado e conhecimento.

Portanto a biblioteca escolar é um ambiente de inovação, capaz de


formar o indivíduo para aprender de forma permanente, além do mais,
desempenha um papel motivador especialmente pela facilidade de
demonstrar, na prática a maneira como as mudanças podem ocorrer.

Desse modo a biblioteca escolar desempenha algumas funções


educativas como:

 Formação do Leitor
No processo educacional, a transmissão de conhecimentos acontece
principalmente por meio da leitura e nesse processo a biblioteca surge como
um recurso para o seu desenvolvimento, pois, ela oferece suportes para as
diferentes disciplinas e áreas curriculares.

Servindo muito mais do que um mero centro de recursos, a biblioteca


funciona como estimuladora no que diz respeito ao processo de formação de
leitura de seus usuários, pois é um ambiente onde os mesmos

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experimentam não de forma imposta, mas espontânea, o


gosto pela leitura. Auxiliando-os a desenvolver a capacidade de estudo,
dando-lhe meios para ampliarem seus conhecimentos.

Desse modo, é possível privilegiar a leitura por meio da elaboração de


um planejamento que contemple atividades de dinamização como, por
exemplo: sarau literário, contação de história, exposições, apresentação
teatral, mural interativo, aliar a música com a leitura, etc., essas são formas
de aproximar o leitor com a biblioteca, proporcionando aos mesmos o
estímulo para uma formação permanente, pois uma vez interessados pela
leitura, não importando como ela se apresenta, o leitor passa a ter
autonomia e independentemente das ações motivadoras, ele sempre será
um leitor.

 Pesquisa Escolar
A pesquisa escolar é um eficiente recurso de ensino-aprendizagem e
deve ser usada por educadores no sentido de atender às necessidades
informacionais dos usuários.

A participação da biblioteca é fundamental no processo de pesquisa,


pois além de ser um auxílio didático, também promove a disseminação e o
enriquecimento das informações recebidas e transmitidas.

As muitas fases que envolvem uma pesquisa, ou seja: levantamento de


dados, análise e comparação desses dados e sua síntese, podem levar o
usuário a várias fontes de informação, ampliando seu horizonte de
conhecimento e desenvolvendo seu espírito crítico (ELLWEIN, 2006, P.79).

Contudo, para que a pesquisa seja feita de forma correta, se faz


necessário que a biblioteca tenha uma estrutura apropriada, um ambiente
confortável e agradável, com acervo variado e de qualidade e principalmente
disponha de um bom profissional bibliotecário, para que ele possa orientar e
localizar as fontes adequadas para a elaboração da pesquisa, pois se sabe
que a pesquisa escolar exige competência e renovação constante por parte
de todos os envolvidos, evitando assim que o ensino seja apenas cópia de
processo reprodutivo, mas que torne-se uma ação de busca, investigação,
onde o usuário sinta prazer e motivação ao realizá-la.

Outra forma de pesquisa escolar é por meio de computadores, ou seja,


com o uso da internet, pois a mesma permite acesso a milhares de
informações que estão armazenadas em sites e tornou-se fonte de pesquisa
para os diversos campos do conhecimento.

Portanto, a biblioteca escolar deve proporcionar aos usuários o acesso


às novas tecnologias, uma vez que as mesmas representam mais uma fonte
de pesquisa e informação (FURTADO, 2009). Para que a pesquisa na
internet seja positiva, faz-se necessário que a biblioteca possua uma

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listagem formada por sites especializados dos mais


variados assuntos destinados especialmente para seu público, facilitando
assim, a pesquisa.

Enfim, não importa qual o suporte é utilizado para a pesquisa escolar,


seja ela bibliográfica ou pela internet, o importante é preparar e ensinar o
usuário a ler, analisar, questionar e interpretar as informações que lhes são
fornecidas.

 Ação Cultural
A biblioteca escolar, além de exercer a função educativa, deve
promover atividades culturais que envolva a comunidade escolar, ou seja,
passando a oferecer cultura por meio de uma dinâmica de ações culturais
efetiva. Flusser (1983 apud Rosário Filho) sobre a ação cultural diz que:

“[ . . . ] ação cul t ural na bi bl i ot eca, é a t ran smi ssão d e


cul t ura com um a i nj eção pol í t i ca, para que o u suári o
receba a i nf orm ação de m anei ra at iv a, t endo a
po ssi bi l i dade de m odif i cá -l a [ . . .] é caract eri zad a p el a
con st ant e su perp o si ção da s rel açõ e s i nt erh um anas e
obj et iv as, sen do preci so à i nt erv enção d o age nt e
cul t ural para est ar sem pre di ant e do probl em a,
si nt et i zando, a ssi m , os doi s t erm os d a equ açã o
cul t ural : acerv o e cont ext o cul t ural ”.

Nas escolas as ações culturais podem ser feitam a partir das datas
comemorativa, onde é elucidada a cultura do país, promovendo eventos
correspondentes a cada data, ou também podem ser tidas como ações
culturais as feiras de ciências, gincanas e apresentações artísticas da
escola, onde nelas é de extrema importância que o bibliotecário participe e
divulgue nesses momentos a biblioteca e mostre sua importância como
instrumento na educação e disseminação cultural.

A biblioteca é um espaço que oferece também além dos materiais


bibliográficos e outros, atividades e espetáculos culturais, de maneira
dinâmica, ativa e lúdica, fazendo com que o usuário não só receba a ação
passivamente, mas também dê sua contribuição e participe ativamente
dessas atividades.

Partindo desse ponto, a biblioteca escolar deve ser dinâmica, trazendo


experiências culturais para dentro de seu espaço físico e utilizando-as,
estrategicamente, na disseminação do conhecimento. Por meio da ação
cultural, a mesma estará formando um acervo cultural, não somente com
materiais já existentes, mas também com materiais produzidos pelo próprio
usuário, descobrindo assim os artistas que fazem parte desse ambiente
educacional.

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No entanto, para que essas ações culturais sejam de


fato concretizadas, é preciso que o bibliotecário tenha postura, seja criativo e
dinâmico, passando a transformar a biblioteca em um espaço agradável e
dialógico, para que o usuário tenha liberdade de expressar suas idéias e
opiniões.

5. A Autonomia da Biblioteca Escolar e Atuação do Bibliotecário

A biblioteca escolar sendo um setor de maior importância em uma


instituição de ensino é um ambiente indispensável para o desenvolvimento
do processo ensino-aprendizagem. Não significando dizer que a mesma
tenha que ficar atrelada à tradicional idéia de se formar uma coleção e
passar a atender a comunidade apenas com empréstimo, devolução e
consulta local FURTADO (apud, MAYRINK, 1991).

Sendo assim, não basta que a biblioteca conquiste só o seu espaço


físico e que realize atividades técnicas como: catalogação, classificação e
indexação, são necessárias que ela vá além, no sentido de tomar suas
próprias decisões frente ao ambiente educacional, participando de todas as
reuniões escolares e contribuindo nas tomadas de decisões,
automaticamente ela estará conquistando sua autonomia.

Portanto, a biblioteca escolar bem adaptada ao ambiente escolar,


carregada de motivações e bem dinamizada, torna-se um local excelente e
muito freqüentado pelos usuários.

Mas o que ocorre é que na maioria das vezes as pessoas que


trabalham nas bibliotecas escolares não são pessoas qualificadas a tal
serviço, são na maioria das vezes professores ou técnicos administrativos
que não são mais aptos a exercer seus devidos trabalhos e são colocados
na biblioteca sem nenhum conhecimento sobre as técnicas
biblioteconômicas, necessidades de seus usuários e acabam por transformar
a mesma em um ambiente estagnado e onde em algumas instituições ainda
é sinônimo de sala de castigo,ou seja, para onde vão os alunos quando se
portam mal.

Colocamos então, que para a biblioteca seja bem gerenciada e


dinâmica, se faz necessário a participação do bibliotecário que é o ponto
chave para tornar esse espaço atrativo. É por meio da atuação desse
profissional que a biblioteca passa a ser reconhecida, pois o mesmo, além
de oferecer os serviços de ensino-aprendizagem, disponibilizando todos os
recursos que a biblioteca dispõe o bibliotecário também promove eventos,
fazendo com que toda a comunidade escolar participe.

Segundo Kieser, Fachin (apud, PINHEIRO, 1987) o bibliotecário ideal


para atuar em uma biblioteca escolar deve, antes de tudo, ser um leitor,

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

gostar de ler e interpretar, saber inovar, ter energia,


imaginação, ambição, criatividade, descompromisso com as convenções e
técnicas bibliotecárias, responsabilidade profissional, competência, coragem
e ter facilidade de escrever e se expressar.

E segundo a Classificação Brasileira de Ocupações esse profissional


deve além de várias outras atribuições, elaborar estudo de perfil de usuário,
participar de reuniões pedagógicas, promover eventos culturais, incentivar
atividades de fomento à leitura através de programas como contação de
histórias e premiações aos seus leitores assíduos, divulgar informações
através de meios de comunicação formais e informais, promover atividades
infanto-juvenis, etc. E também ter como competências: manter-se atualizado,
liderar equipes, trabalhar em equipe e em rede, demonstrar capacidade de
análise e síntese, conhecimento de outros idiomas, capacidade de
comunicação, capacidade de negociação, agir com ética, demonstrar senso
de organização, capacidade empreendedora, raciocínio lógico, capacidade
de concentração e demonstrar pró-atividade e criatividade.

E já Santos (apud, CASTRO) diz que o perfil esperado pelo


bibliotecário como profissional da informação deve abranger os seguintes
elementos:

“habilidades gerenciais, capacidade de comunicação efetiva,


habilidades no tratamento de pessoas e habilidades pedagógicas.
Como conhecimentos fundamentais, além da teoria da informação,
encontram-se as técnicas ligadas ao sistema de controle
bibliográfico, estudos de usuários e comunidades, elementos de
pedagogia. A complementação desse conjunto efetiva-se pelo
conhecimento de línguas estrangeiras, estatística, metodologia da
pesquisa e informática”

Para Litton (apud CORRÊA, 2002) as tarefas do Bibliotecário escolar,


são classificadas em três grandes categorias:

- Tarefas administrativas:

• planejar e executar do programa bibliotecário; selecionar e supervisionar o


pessoal de rotina necessário para o movimento do trabalho;
• integrar a biblioteca no programa educativo;
• programar o uso das obras por estudantes e professores;
• divulgar, junto à comunidade escolar, informações sobre seus serviços e
recursos bibliográficos.

- Tarefas educacionais:

• ter conhecimento das necessidades de leitura individuais dos estudantes e


de seus interesses;
• planejar com os professores diversas formas de integração do serviço

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bibliotecário com o programa docente da aula;


• procurar incluir ao serviço bibliotecário um caráter humano e se ocupar das
necessidades individuais dos alunos, no processo de aprendizagem;
• manter-se informado das novidades, métodos e materiais educativos;
• indicar aos professores materiais para seu continuo crescimento cultural e
para o enriquecimento geral do programa docente.

- Tarefas técnicas:
• estabelecer os procedimentos para seleção, aquisição, processamento,
preparação e empréstimo de materiais.
• manter uma documentação precisa do material bibliográfico e audiovisual
da biblioteca.
• descartar periodicamente os materiais da biblioteca que estão
deteriorados, desgastados e desatualizados.
• supervisionar a realização das tarefas de rotina que são necessárias para o
bom funcionamento da biblioteca. Ou seja, o bibliotecário escolar deve
conhecer as técnicas biblioteconômicas, ser um bom administrador e acima
de tudo ser também um educador, pois ele irá ensinar aos alunos como lidar
com as informações, como buscá-las, sendo responsável pela interação
informação-aluno, tendo a grande responsabilidade de fazer essa interação
de forma a introduzir o aluno a como utilizar o instrumento biblioteca para
incrementar seus estudos.

Além de todas essas características e tarefas o bibliotecário escolar


tem que acima de tudo gostar do que faz, ter entusiasmo, energia, ser
criativo, gostar de crianças, cativá-las, mostrá-las a importância e incentivá-
las a leitura, pois só uma profissional com essas características terá
capacidade de mudar essa visão estática e apática que ainda possuem
algumas bibliotecas escolares.

Conclusões

No atual contexto educacional, a biblioteca escolar nem sempre recebe a


atenção necessária. Em nossas observações empíricas percebemos que
mesmo sendo um dos mais preciosos, se não o mais precioso dos recursos
educacionais, a biblioteca escolar é, na maioria das vezes, excluída do
planejamento e do calendário que rege as instituições de ensino.

Se por um lado a biblioteca escolar chega até mesmo a ser alijada do


processo ensino-aprendizagem de algumas instituições de ensino, por outro,
não se pode negar, que a mesma nem sempre seja dinamizada como
deveria, em toda sua potencialização; deixando de contribuir
significativamente, para o desenvolvimento intelectual, humano e
educacional de seus usuários.

Na prática, as bibliotecas escolares, em sua maioria, têm sido


utilizadas inadequadamente, ainda sob uma visão conceitual ultrapassada.

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Assim sendo, é comum observá-las funcionando como


meros depósitos de livros. No que diz respeito à questão administrativa,
também é comum encontrar à frente dessas bibliotecas, pessoas que não
estão devidamente capacitadas para geri-las.

Sendo a escola, em seu cerne, um espaço de contínua aprendizagem;


muitas, no atual contexto educacional, sabem valorizar o potencial das
bibliotecas e as tornam aliadas no fazer pedagógico, trabalhando, além da
função pedagógica, a função social, mas sua grande maioria ainda não dá a
devida importância a uma das mais efetivas ferramentas para o auxílio nas
atividades educativas que é a utilização de uma biblioteca proativa.

E para isso é necessário que o bibliotecário escolar tenha o perfil


descrito ao longo do trabalho, lute para divulgar a biblioteca e mostrar os
benefícios que a mesma pode trazer, tornando-a um “centro dinâmico no
processo de ensino aprendizagem” que possua autonomia para tomar
decisões de melhoria para seus usuários e que junto com a comunidade
escolar seja utilizada em prol do aprendizado e formação social de seus
alunos e não apenas um “apêndice necessário” dentro da escola (Castro,
2003, p.70).

Enfim, o bibliotecário precisa ser ousado e ter total autonomia para


desenvolver atividades que promova a biblioteca, procurando sempre
conhecer e inovar em sua área de atuação, ou seja, o bibliotecário escolar é
aquele que reconhece sua profissão como importante e necessária para a
sociedade e se reconhece como um agente de transformação social.

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A GESTÃO DO CONHECIMENTO EM BIBLIOTECAS


UNIVERSITÁRIAS: discutindo um processo1

Denizete Lima de Mesquita *


Franceli Mariano de Moura**
Francisca das Chagas Viana ***

RESUMO
Trata da Gestão do conhecimento em Bibliotecas Universitárias. Destaca a
importância da GC em BUs como mecanismo de desenvolvimento,
elencando como suportes para o estudo a análise da conversão do
conhecimento que se configura em quatro modos: Socialização -
externalização – combinação – internalização. Objetiva analisar o processo
de gestão do conhecimento em bibliotecas universitárias a partir da visão de
três elementos considerados detentores de conhecimentos essenciais para a
efetivação do processo, a saber: bibliotecários - usuários – colaboradores e
conceituando os conhecimentos o tácito e o explicito. Descreve a pesquisa e
as bases teóricas necessárias para o desenvolvimento do estudo,
relacionando autores e teorias chave para a compreensão do tema. Sugere
momentos e práticas biblioteconômicas necessárias para que ocorra esse
tipo de gestão, porém alerta que deve ocorrer uma mudança de mentalidade
e de cultura organizacional para a efetivação desse modelo considerada
necessária para a concretude dos objetivos das bibliotecas universitárias
como pilares das Instituições de Ensino Superior.

PALAVRAS-CHAVE: Bibliotecas Universitárias – Gestão do conhecimento;


Conhecimento tácito; Conhecimento explicito..

INTRODUÇÃO

Propõe-se com esse trabalho uma análise do processo de Gestão do


Conhecimento (GC) em Bibliotecas Universitárias (BUs), utilizando para isso
as bases teóricas fundamentais e no pressuposto de que as bibliotecas das
universidades são um espaço propício para a construção do conhecimento.
Esse processo investigativo iniciou-se a partir de inquietações e
dúvidas das pesquisadoras em relação à GC. A necessidade de aprofundar
os conhecimentos sobre essa temática fortaleceu-se durante estudos para
concursos públicos na área de Biblioteconomia e após inserção das mesmas
no mercado de trabalho.

1
Comunicação Oral apresentada ao GT N° 02 – Perspectivas da atuação do profissional da
informação.
*FAPEPI. Graduada. denilima@hotmail.com;
**UESPI. Graduada.francelimm@hotmail.com;
***UESPI. Especialista.fcvianathe@hotmail.com.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Os seguintes questionamentos foram modelando-se no decorrer das


leituras e rotinas de trabalho. Cabe estudar GC em bibliotecas? Como
ocorreria? E quanto aos bibliotecários - estes por trabalharem
constantemente com a geração, armazenamento e uso da informação e por
consequência estarem inseridos no processo de construção do
conhecimento no meio acadêmico - é possível enquadrá-los como
gestores/intermediários do conhecimento?
Essas questões iniciais acabaram por enriquecer o processo
investigativo inicial que resultou na questão chave do trabalho. Seria a BU e
seus processos diários (administração de recursos humanos, serviço de
referência, pesquisas e educação de usuários) um espaço propício para a
investigação sobre o processo de GC?
Para a efetivação do estudo foi utilizada uma base teórica
fundamental para a compreensão do tema GC, seguindo de abordagens
sobre BUs e seus processos de organização e disponibilização de
informação para a geração do conhecimento. Trata-se de uma pesquisa de
caráter bibliográfico com uma abordagem descritiva das variáveis GC E BUs.
Pretende-se no decorrer da discussão identificar nas práticas
biblioteconômicas recursos visíveis para o processo de GC em BUs. Em
etapa seguinte demonstrar a necessidade de se trabalhar essa gestão
focalizando as etapas de conversão do conhecimento e nas bases principais
que são: conhecimento tácito e conhecimento explicito nesse tipo de
organização do conhecimento.
O presente estudo se faz relevante para a comunidade bibliotecária e
Unidades Informacionais (UI) devido ao reduzido número de publicações na
literatura da área e até mesmo pelo desconhecimento de muitos estudantes
e profissionais bibliotecários sobre a temática. Outro fato que merece
destaque diz respeito à necessidade de se visualizar a GC como campo
propício para a melhoria na administração de recursos humanos, estruturais
e informacionais das bibliotecas, e como um campo de trabalho promissor
para os profissionais da informação (bibliotecários).
Embora fixado em UI da categoria universitária, o estudo visa
contribuir para a ampliação da discussão em todos os tipos de bibliotecas, a
saber: Escolares, Especializadas, Públicas e Comunitárias.
O trabalho está estruturado em seções encadeadas de forma lógica
onde a primeira delas aborda a GC e sua diversidade de conceitos e
evolução histórica. Esse momento é essencial para a compreensão e
distribuição das demais temáticas que compõem o trabalho como um todo.
Na sequência descrevemos o contexto das BUs, conceitos, histórico e sua
inserção como órgão propício para a efetivação da GC. Na seção quatro
intitulada é possível visualizar como se dá a conversão do conhecimento e
um pouco da rotina das BUs, a valorização e o estudo sobre os 2 tipos de
conhecimento: tácito e explicito. Nesse momento busca-se demonstrar a
prática da GC, benefícios e dificuldades de implantação. Ainda dentro desse
estudo (subseção 4.1) faz-se uma abordagem breve do papel do
bibliotecário no processo de GC e algumas reflexões acerca da BU e os
desafios da gestão do século vigente. Finalizamos a pesquisa com as

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

considerações acerca das questões levantadas ao longo do trabalho, as


descobertas, o confronto com a literatura estudada e os resultados revelados
pós estudo.

2 GESTÃO DO CONHECIMENTO : configuração inicial e evolução


histórica

Iniciamos essa etapa da construção histórica da GC tomando como


base a administração nas organizações e sua evolução. É necessário a
compreensão de que o homem em diferentes momentos teve que
administrar infraestruturas, pessoas e processos. Para tanto configurou-se
as já conhecidas fases da administração. Do momento em que começou a
trabalhar a produção através do trabalho manual, passando pela evolução e
introdução das máquinas e o surgimento das fábricas até o momento em
que a informação e o conhecimento passaram a ser a cerne da produção
nas organizações, muitos processos foram modificados.
Em fase contemporânea as sociedades encontram-se em movimentos
contínuos de inovadoras formas de gestão, de explosão informacional e da
crescente valorização do capital intelectual, uma vez que é concreta a
permanência no mercado de empresas que optam por trabalhar sem
espaços físicos demarcados, fugindo a estruturas organizacionais rígidas e
gestão inflexível.
As organizações vêm passando por um processo acelerado de
adequações comandadas pelo mercado competitivo. Já não é concebível ter
ou trabalhar em uma empresa onde os processos e as pessoas são vistas
apenas como custos, sem qualificação de mão de obra. As organizações do
século XXI e séculos vindouros devem trabalhar com gestores do
conhecimento, com "trabalhadores do conhecimento".
Para Sveiby (1998, p. 33 apud ROSTIROLLA 2006, p.53) “a
economia da era do conhecimento oferece recursos ilimitados porque a
capacidade humana de gerar conhecimentos é infinita.” Na sua visão
gerenciar conhecimento é “[...] a arte de criar valor a partir dos ativos
intangíveis das organizações.”

1. Administrar da melhor forma os ativos intangíveis das


organizações cria a necessidade de gerenciar informações para
subsidiar a criação de conhecimentos e gerenciar ambientes
favoráveis à criação e compartilhamento dos seus bens
intangíveis, ou seja, o ativo ´conhecimento`, presente na mente
dos indivíduos de uma organização. (ROSTIROLLA 2006, p. 53).

Sabemos, porém que administrar o capital intelectual não é fácil


requer empenho de lideranças e de liderados no sentido que muitas pessoas
por estarem acostumadas ao trabalho no modelo de gestão tradicional
acabam estranhando a busca pelo diálogo advindo do topo da hierarquia
organizacional, por vezes essa abertura ainda tímida acaba gerando mais
conflitos nas relações de trabalho do que ajudando. O gestor, deve passar
também por uma espécie de auto avaliação de práticas e ser flexível

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

necessitando estar preparado para ouvir sugestões que às vezes


contradizem sua ideologia.
Von Krogh; Ichijo; Nonaka (2001 apud ROSTIROLLA 2006, p. 54)
entendem que “o conhecimento é inerente ao ser humano e que só é
possível gerenciar ambientes de conhecimento e não o conhecimento em
si”.
Esse paradigma de gestão como processo contínuo e complexo onde
as pessoas, o conhecimento e a experiência são motivos de estudo,
perpassou as empresas e adentrou espaços da academia e hoje
compreendemos ser esse processo adaptável a qualquer tipo de
organização, pois o capital intelectual está presente seja na prestação de
serviços seja na produção industrial.

Com esta compreensão, a gestão do conhecimento passou a


ganhar espaço tanto na academia como no meio organizacional,
ocasionando discussões sobre como gerenciar o conhecimento da
melhor forma possível, uma vez que vem sendo considerado o
principal ativo das organizações ( ROSTIROLLA 2006, p. 54).

Esse momento importante pela qual vem passando a administração


contemporânea teve reforços no século passado. Rostirolla (2006) relata que
as discussões sobre como gerenciar ou trabalhar o capital humano e
intelectual (conhecimento) nas organizações surgiram no final da década de
1980. Tendo buscado a área da administração principalmente, iniciar o
debate sobre a GC. O grande desafio das organizações segundo ela passa
a ser o de transformar o conhecimento individual em conhecimento
organizacional, inserindo-o em seus produtos e serviços.
Segundo (STRAUHS, 2003 apud ROSTIROLLA 2006, p. 54) "No final
da década de 1990, o tema GC apresentava duas abordagens. Uma era
relacionada ao gerenciamento de informações [...] e a outra relacionada à
gestão de pessoas [...]". Afirma que "estas duas abordagens subsidiaram a
GC no início do século XXI e onde surge a GC que é entendida atualmente
como um processo sistêmico, dependente de tecnologias, estratégias e
pessoas".

2.1 Gestão do Conhecimento: entendendo um conceito

Vários conceitos surgiram durante esse processo de reconhecimento


da GC. Dessa evolução representativamente temos os esforços de
estudiosos e gestores que vem empreendendo esse tipo de processo que
tem resultado em organizações que atualmente diferenciam-se por
manterem em suas estruturas o conhecimento que não pode ser pirateado
e/ou perdido com a rotatividade ou saída de colaboradores da empresa.

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Genericamente, a gestão do conhecimento envolve todos aqueles


processos associados à coleta, identificação, organização, acesso
e criação de conhecimento, objetivando a manutenção de
repositórios de conhecimento, seu compartilhamento e uso de
modo a facilitar o aprendizado e a inovação organizacional.
(DUDZIAK, VILLELA E GABRIEL 200-, p.4).

O tema GC tem nas suas entrelinhas variáveis menores, porém


importantes para a compreensão do todo, a saber: Dado, Informação e
Conhecimento. Silva (2004) faz um estudo teórico sobre a falta de consenso
quanto à diferenciação ou definição dessas variáveis.
Segundo Tuomi (1999 apud SILVA 2004, p. 144) "Dados são tratados
como simples fatos que tornam informação, se forem combinados em uma
estrutura compreensível; ao passo que informação torna-se conhecimento,
se for colocada em um contexto, podendo ser usada para fazer previsões".
Nonaka; Takeuchi (1997 apud SILVA 2004, p. 145) colocam que

Conhecimento é formado por informação que pode ser expressa,


verbalizada, e é relativamente estável ou estática, em completo
relacionamento com uma característica mais subjetiva e não
palpável, que está na mente das pessoas e é relativamente
instável ou dinâmica, e que envolve experiência, contexto,
interpretação e reflexão.

Para Davenport e Prusak (1998, p. 61 apud Castro 2005, p. 32)


“gestão do conhecimento é o conjunto de atividades relacionadas à geração,
codificação e transferência do conhecimento”.
Para este século o foco no conhecimento organizacional e o
aprimoramento de espaços e situações que propiciem a socialização desse
conhecimento é concretamente uma das causas para um grande número de
publicações na área de administração e afins. Também o profissional que
nos últimos anos vêm almejando vôos maiores precisa estar atualizado,
informado.
Para Simonetti (1996 apud ROSINI; PALMISANO 2008, p. 104)

No século XX, foi vivenciado um processo contínuo de brutal


aumento e de transformação no conhecimento disponível.
Atualmente, diz que o conhecimento dobra a cada cinco anos [...]
na prática, o aumento do conhecimento leva à necessidade das
pessoas serem o que pudemos chamar de "multi-especialistas
atualizados"; isto é, dominar profundamente mais de uma área de
conhecimento e manter atualizados esses conhecimentos.

Estamos falando de um período da história da humanidade marcado


pela necessidade de se compreender mais os processos das organizações
como parte do esforço intelectual do homem, onde as atividades
mecanizadas precisam dá lugar à reflexão, sabendo que o homem que
manobra máquinas ou atende a um público, pensa, sabe como fazer e às
vezes não é ouvido. Em muitas empresas eles são vistos como custo e não
como recurso.

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Estamos diante do paradigma do trabalho coletivo, da capacidade das


equipes, da qualidade dos processos realizados, é preciso um indivíduo
capacitado com todas as habilidades necessárias exigidas pelo mercado,
mas antes de tudo integrado a equipe da qual faz parte.
Silva (2004, p. 143) faz observação importante a respeito dessa
valorização do conhecimento nas organizações:

Mesmo antes da revolução industrial e do advento dos estudos da


administração, a forma de produção artesanal nas oficinas que
produziam sob encomenda já fazia intenso uso da aprendizagem
pela prática, por meio da transferência de conhecimentos entre
mestres e aprendizes.

Para as empresas que desenvolvem a GC as vantagens são


inúmeras como: aprendizagem organizacional, inovação, criatividade,
trabalho em equipe, o diálogo entre liderança e colaboradores acaba fluindo
melhor. O ambiente organizacional tende a melhorar as relações
interpessoais, missão e visão da empresa também podem ser mais bem
compreendidas por todos e a busca pela concretização dos objetivos passa
a ser meta de todos. Enfim a GC na empresa tende a ser um diferencial
dentro do mercado.
Reforçando essa etapa revelamos o pensamento de Rosini;
Palmisano (2008, p. 111) sobre a importância dos recursos humanos para as
empresas:
As pessoas e seus conhecimentos são a base, a coluna vertebral
de uma empresa. Sem profissionais motivados, treinados e
qualificados, a empresa perde seu propósito e sua eficiência [...]. O
enfoque do papel das pessoas na organização e sobre o valor do
seu conhecimento mudou, demandando novas tecnologias de
gestão. Nas organizações o conhecimento se encontra não apenas
nos documentos, bases de dados e sistemas de informação, mas
também nos processos de negócios, nas práticas dos grupos e na
experiência acumulada pelas pessoas [...].

Imprescindível também é lembrar que a GC trabalha intrinsecamente


dois tipos de conhecimento: o tácito e o explicito. O primeiro refere-se ao
conhecimento que está na cabeça das pessoas, faz parte do seu cotidiano,
mas que muitas vezes não é aproveitado está relacionado com sua
experiência. É do tipo que o sujeito fala, mas não se esgota em si mesmo,
porque entendemos ser esse tipo de conhecimento, intransferível no todo. O
segundo diz respeito ao conhecimento que mais facilmente pode ser
visualizado porque se transfigura em documentos, anotações, relatórios,
planilhas etc. É o resultado da elaboração e da aprendizagem
organizacional. Durante muito tempo esse tipo de conhecimento foi o mais
valorizado no mundo dos negócios e ainda o é em muitas empresas.
Nonaka; Takeuchi (1997 apud CASTRO 2005) descrevem o
conhecimento tácito como subjetivo, específico e difícil de ser articulado na
linguagem formal. É pessoal, incorporado à experiência individual e envolve
fatores intangíveis como: crenças pessoais, emoções e habilidades. O

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

conhecimento explícito é objetivo, pode ser articulado na linguagem formal,


transmitido, codificado e comunicado, utiliza palavras escritas e gráficos.
De acordo com Nonaka e Takeuchi (1997 apud A DUDZIAK, VILLELA
E GABRIEL 200-, p. 4) a criação de conhecimento nas organizações envolve
quatro padrões básicos descritos a seguir:
 Tácito a tácito - criação de conhecimento a partir da
observação, da prática, do compartilhamento de experiências. O fazer
junto.
 Tácito a explícito – criação de conhecimento pela
articulação do conhecimento tácito e sua transformação em
conhecimento explícito
 Explícito a explícito – criação de conhecimento pela
combinação de dados,
informações e conhecimentos sistematizados e articulados
formalmente
 Explícito a tácito – criação de conhecimento pela
comunicação de conhecimentos explícitos que, quando absorvidos e
processados pelos indivíduos são entendidos intuitivamente e
traduzidos em conhecimento tácito.
Todos os quatro padrões interagem dinamicamente em espiral do
conhecimento, que se refere ao processo importante de análise do trabalho
em questão.

3 BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS : evolução histórica

As BUs assim como as demais organizações do conhecimento


devem estar preparadas para captar, armazenar e disponibilizar o
conhecimento. A compreensão desse conceito requer o estudo de
generalidades intrínsecas à sua essência. As BUs são parte de um todo
denominado biblioteca que tem sua origem na palavra biblion (livro) e théke
(caixa, depósito). Atualmente esse conceito vem sendo ampliando para
espaços sem paredes (bibliotecas virtuais, eletrônicas e digitais).
Para Rostirolla (2006, p. 27) “As bibliotecas são organizações sociais,
parte de uma estrutura organizacional maior, que prestam serviços de
informação para os indivíduos e a sociedade em que elas estão inseridas”.
Cunha (2000, p. 71 apud ROSTIROLLA 2006, p. 27) corrobora com essa
idéia ao afirmar que “[...] a biblioteca não é um ente isolado, estando,
portanto, inserida em um contexto maior.”
Tarapanoff, Araújo Júnior e Cormier (2000, apud ROSTIROLLA 2006,
p. 27) definem biblioteca como

[...] organizações sociais sem fins lucrativos, cuja característica


como unidade de negócio é a prestação de serviços, para os
indivíduos e a sociedade, de forma tangível (produtos impressos),
ou intangível (prestação de serviços personalizados, pessoais, e
hoje, cada vez mais, de forma virtual - em linha, pela Internet).

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As BUs assim como outras organizações com ou sem fins lucrativos


precisam adequar-se à novas situações proporcionadas pelo mercado de
trabalho, embora a sua concepção original esteja longe de ser comparada a
um organismo que prepara mão de obra. Como Instituições de Ensino
Superior (IES) elas tem importante função de contribuir para a produção
acadêmica, coletar, armazenar e distribuir informações necessárias para o
desenvolvimento de discentes, docentes e colaboradores da instituição onde
está inserida. São consideradas como um dos mais propícios espaços para
a aquisição e troca de conhecimentos e propulsoras da ciência e da
tecnologia.
Portanto a missão, a visão, enfim todas as diretrizes estabelecidas
devem ser vinculadas ao público e ao contexto na qual elas estão inseridas.
As BUs, sustentam o fato de estarem entre os pilares das universidade não
só porque disponibilizam para a comunidade acadêmica a consulta a
coleções de livros, periódicos etc. mas também porque contém em sua
memória a própria memória da organização.
Anzolin e Sermann (2006, p. 7 apud ROSTIROLLA 2006, p. 27), a BU
“É aquela que atua em instituições de ensino superior [...]. Tem por
finalidade dar suporte informacional, complementando as atividades
curriculares dos cursos, oferecendo recursos para facilitar a pesquisa
científica.” Para eles a BU tem a missão de prover informação para o ensino,
a pesquisa e a extensão, a partir da política, projeto pedagógico e programas
da universidade na qual está inserida.

A biblioteca universitária é entendida como organização do


conhecimento, por reunir, organizar e disponibilizar as principais
fontes de informação existentes, fundamentais na geração de
novos conhecimentos; por contar com profissionais especialistas
em promover o acesso e uso da informação; e, por agregar valor à
informação, facilitando a conversão de informações em
conhecimentos. (ROSTIROLLA 2006, p. 28).

4 GESTÃO DO CONHECIMENTO EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS

A ênfase do processo de elaboração/desenvolvimento do estudo


concentra-se nesse momento, pois a investigação sobre a GC em
bibliotecas e especificamente em Bus requer o destaque para a
compreensão inicial de como surgiu a idéia. Discutir esse tipo de gestão em
unidades informacionais é mais que necessário dado o caráter
interdisciplinar da GC e por considerarmos essencial inserir a universidade e
seus departamentos no roll das organizações do conhecimento.
Rostirolla (2006) descreve uma sequência histórica da GC em Bus
que consideramos importante para a compreensão do trabalho como um
todo. Segundo a autora os registros da literatura brasileira e internacional,
com a abordagem sobre o tema iniciou-se no ano de 2000. Entre 2000 e
2005, foram publicados artigos e trabalhos apresentados em eventos em
países como China, Estados Unidos, Brasil, Inglaterra, Cingapura, Argentina
e África do Sul. No período de 2002 a 2005 foram identificados cinco

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trabalhos entre teses e dissertações sobre GC em BUs durante eventos no


Brasil. A autora ressalta que em 1998, Martucci defendeu uma tese
intitulada: “O conhecimento prático do bibliotecário” e mesmo que o termo
´gestão do conhecimento`, não tenha sido exposto este poderia ser
considerado um trabalho precursor ao tema em BUs, integrado a partir de
2002 à literatura de Biblioteconomia e Ciência da Informação no Brasil.
Além dos fatos citados anteriormente que caracterizem a necessidade
de se implementar o modelo desse tipo de gestão vários benefícios podem
sustentar essa implantação.
Dudziak; Villela; Gabriel (200-, p. 7) enumeram as seguintes:
 Construção de uma base documentada que ampara os
processos decisórios
dentro da biblioteca;
 Melhoria da comunicação e interconectividade entre
todos os setores da
Biblioteca, de modo que as informações e o conhecimento possam
fluir, de
forma independente do desejo das pessoas, havendo também a
redução dos
obstáculos inerentes à separação geográfica;
 Disponibilização integrada de dados, informações e
conhecimentos
importantes ao ambiente e funcionamento internos, e ao core
business da
biblioteca (que é a busca constante pela satisfação de seus clientes);
 Racionalização de tarefas como conseqüência da
padronização de
procedimentos e conhecimento de normas;
 Maior eficiência dos setores, independentemente da
rotatividade de pessoas
e/ou a eventual falta de algum membro da equipe;
 Compartilhamento de experiências entre todos os
membros das equipes
bibliotecárias, onde conhecer o outro fortalece as relações
interpessoais,
fomenta e qualifica o diálogo, havendo a valorização do trabalho de
todos;
 Facilidade de compartilhamento de conhecimentos e
troca de experiências
entre as bibliotecas (benchmarking), o que leva a um maior
aprendizado.
As bibliotecas dispõem por natureza de relações de troca de
informação e conhecimento em toda sua instância, basta analisar a
comunicação diária ocorrida entre bibliotecários, clientes e colaboradores.
Isso porque o conhecimento tácito presente nas rotinas das bibliotecas
provêm de gestores de UI, estagiários de biblioteconomia, auxiliares e/ou
técnicos de bibliotecas. Por outro lado os usuários das bibliotecas das IES

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são: docentes, discentes, colaboradores e por vezes a comunidade local que


faz uso dos serviços e produtos da mesma, mesmo sem poderem compor o
serviço de empréstimo domiciliar.
Para análise da GC em BUs vamos estudar as relações de troca entre
os seguintes entes :

BIBLIOTECÁRIOS - USUÁRIOS – COLABORADORES

Podemos inferir que da relação Bibliotecários/usuários a elaboração


de um processo de GC pode ser visualizado no processo de referência,
através dele o interlocutor investiga o cliente que busca informação para
suprir determinada necessidade. Nem sempre o usuário consegue
determinar em parâmetros compreensíveis os dados para a correlação de
perguntas e respostas. Cabe ao Bibliotecário a captação de elementos que
possam contribuir para a formulação da questão de busca e por
consequência a resposta. Nesse ínterim vários elementos podem ser
perdidos no processo de comunicação, porém há que se determinar o
essencial para a recuperação da informação.
Da relação entre bibliotecários e estagiários pode haver uma relação
promissora para o desenvolvimento da GC, pois o primeiro já dispõe de
prática no interior da organização e o segundo embora galgando a prática é
conhecedor de teorias que podem contribuir fortemente para a aplicação de
métodos inovadores na biblioteca. Cabe ao Bibliotecário abrir espaços de
troca entre ambos e deixar que o diálogo resulte em socialização-
externalização – combinação – internalização, o chamado SECI.
Silva (2004, p. 145-146) descreve esses quatro modos de conversão
do formato tácito-explícito do conhecimento.
1 Socialização: conversão do conhecimento tácito de uma pessoa no
conhecimento tácito de outra pessoa. Ex: diálogo frequente e comunicação
“face a face”; compartilhamento de experiências e modelos mentais via
trabalho em equipe; valoriza-se o trabalho do tipo “mestre-aprendiz”.
2 Externalização: conversão de parte do conhecimento tácito do
indivíduo em algum tipo de conhecimento explicito. Ex: descrição de parte do
conhecimento tácito, por meio de planilhas, textos, imagens, figuras, regras
etc.;
3 Combinação : conversão de algum tipo de conhecimento explicito
gerado pelo indivíduo para agregá-lo ao conhecimento explicito da
organização. Ex: agrupamento dos registros do conhecimento;
4 Internalização: conversão de partes do conhecimento explicito da
organização em conhecimento tácito do indivíduo. Ex: leitura/visualização e
estudo individual de documentos de diferentes formatos (textos, imagens
etc.), reinterpretar vivências e práticas. Significa que o aprendizado pessoal
ocorre a partir de consulta dos registros do conhecimento.
A aplicação dessas práticas no interior da biblioteca requer mudanças
de mentalidade dos gestores das bibliotecas, pois desenvolver GC em
qualquer ambiente não é fácil. Captar as idéias dos funcionários e

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transformá-las em documentos, mapas, planilhas, relatórios requer mais que


boa vontade.
Outro ponto interessante nessa discussão recai sobre o
aproveitamento do conhecimento tácito presente entre aqueles funcionários
antigos da biblioteca. Com frequência nos deparamos com aquele sujeito
que mesmo não sendo da área de Biblioteconomia detém um conhecimento
sobre as rotinas e pessoas. Em geral eles fazem parte do setor de circulação
da biblioteca onde acontecem o empréstimo, devolução e reserva de
materiais informacionais. Mantém contato direto com os usuários e vez por
outra os ajudam em suas pesquisas, pois o setor de referência ainda é um
privilégio de poucas bibliotecas.
Enfim o processo de gerir o conhecimento em ciclos de conversão ou
em espiral requer também a elaboração de planejamento para tal.
Proporcionar o ambiente e o momento para que todos possam expor idéias,
situações problemas e soluções, carece de um líder, alguém que expondo
determinado problema confia a sua equipe a solução para tal. Na biblioteca
é conhecida necessidade de elaboração de planos de ação anual, de
desenvolvimento de coleções condizentes com as necessidades da
comunidade acadêmica com redução de tempo e de custos. Os problemas
são uma constante principalmente quando trabalha-se com poucos recursos
e têm-se planos inovadores de implementar atividades culturais dentro da
biblioteca, sem falar que as pesquisas e a implantação de novas tecnologias
é uma necessidade básica das UI na atualidade.
De que forma a troca de conhecimento pode contribuir para a
efetivação da GC nesses momentos?
Para White (2004 apud CASTRO 2005, p. 43) o conhecimento prático
da organização, seus recursos e usuários formam o modelo de biblioteca
know-how. Nela reside no conhecimento individual dos colaboradores da
biblioteca e é embutida nas práticas e cultura do seu funcionamento.

4.1 O bibliotecário, a biblioteca universitária e os desafios da gestão


contemporânea : reflexões necessárias

Neste contexto de novas oportunidades e desafios que se apresentam


para os bibliotecários, em especial no ambiente das BUs, destaca-se um
novo papel para o bibliotecário que nelas atua, ou seja, o de ‘gestor do
conhecimento’.

Os bibliotecários de bibliotecas universitárias precisam [...]


compreender as necessidades de informação e do conhecimento
dos usuários. Precisam estar em uma posição para identificar o
conhecimento interno e externo que lhes ajudaria a aumentar sua
eficiência. [...] precisam estender seus papéis, da gestão da
informação e enfatizar suas competências como gestores do
conhecimento. (MAPONYA, 2004, p. 12, apud ROSTIROLLA 2006
p. 29 tradução da autora).

Outro facilitador nesse ambiente de inovação está relacionado a

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aplicação de tecnologias da informação para a implementação da GC em


Bus. Esses sistemas colaboram fortemente para o processo de conversão
do conhecimento uma vez que as intranets, internet, os recursos
multimídias, as bases de dados, enfim um emaranhado de mecanismos
tecnologicos que proporcionam a troca de experiências, o registro do
conhecimento organizado nas bases de dados da organização. Da mesma
forma que o aparato tecnológico proporciona esse compartilhamento em
conversas informais (blogs, chats, comunidades virtuais) ou espaços físicos
delimitados, também trata e disponibiliza o conhecimento processado em
forma de relatórios, manuais etc.
O bibliotecário é um agente intermediário do conhecimento porque
emerge como um intermediar entre a informação e o usuário, ele não é o
detentor do conhecimento, por isso mesmo é aprendiz. Nessa nova
empreitada – de gerir o conhecimento – deve ser flexível, aberto ao diálogo,
conhecedor das tecnologias necessárias ao acesso, tratamento,
armazenamento e disponibilização da informação. Para as BUs cabe a
adequação de seus processos à gestão de pessoas e de administração de
rotinas com vistas a tomada de decisão e alcance dos objetivos institucionais
a saber: dar suporte a ensino, pesquisa e extensão. Tratar com coerência o
conhecimento produzido na IES, fortalecendo-o e gerando mais
conhecimento.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise a cerca dos questionamentos levantados, resultou na


ênfase de que a GC em BUs é uma proposta viável. Inicialmente a base
teórica configurou-se como o único achado para a justificativa para tal
proposta, no entanto, a reflexão sobre o cotidiano da BU com vistas a
implementação do processo de GC em Bus, acabou fortalecendo essa
visão.
A prática biblioteconômica sob o ponto de vista do pesquisador e da
literatura em estudo comporta elementos e procedimentos que contribuem
para a aplicação desse tipo de gestão organizacional, no entanto lembramos
que, esse tipo de trabalho requer muito do bibliotecário gestor e da relação
que ele mantém com seus colaboradores e usuários/clientes. Não basta ter
boa vontade se o planejamento de ações, o monitoramento e avaliação dos
resultados não for uma prática constante durante o estudo da GC na
biblioteca.
Atividades que fortalecem as trocas entre os entes citados
anteriormente são muito bem vindas, como por exemplo: reuniões,
encontros onde o bibliotecário possa expor os problemas da biblioteca e
despertar nos colaboradores o prazer e a necessidade de coletar as idéias
que acrescentarão na busca pela solução do problema. Contudo reforçamos
que a disponibilidade de espaços e de tempo para esse tipo de atividade é
um dos percalços que lideres e liderados dessas organizações têm que
enfrentar, pois, a carga de trabalho, os problemas e a própria cultura da
biblioteca não permitem esse tipo de evolução administrativa.

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Outro ponto essencial é o de estabelecer uma parceria na busca pela


solução de problemas utilizando o processo de GC está relacionado a
capturar opiniões, ideias, sugestões dos usuários da biblioteca. Os clientes
reais e potenciais são detentores de conhecimentos que podem ser valiosos
para a instituição e devem ter no espaço um ambiente propício para a
criatividade. A caixa de sugestões, a elaboração de um site bibliotecário para
coleta de sugestões, encontros e pesquisas para verificar a eficiência dos
serviços prestados com a planificação de dados e relatórios.
Enfim, as bibliotecas têm em seus procedimentos uma série de
documentos que se configuram como o resultado da conversão dos
conhecimentos, a saber: relatórios, manuais, listas de assuntos, tabelas,
códigos. Cabe, trabalhar a conversão e aproveitamento do conhecimento
tácito que se encontra na mente e na experiência de usuários e
colaboradores.

AGRADECIMENTOS

À Deus por nos ter concebido inquietas, inebriantemente apaixonadas


pelo ato de conhecer, desconhecendo.
À minha mãe pelo companheirismo da vida inteira
e às minhas parceiras de produção científica, também inquietas, Franceli
Mariano e Denizete Mesquita . (Francisca das Chagas Viana).
Às minhas amigas e parceiras Franceli Mariano e Francisca Viana
pela paciência e coragem em embarcar nesse caminho complexo que é a
produção científica.

REFERÊNCIAS

CASTRO, Gardênia de. Gestão do conhecimento em bibliotecas


universitárias : um instrumento de diagnóstico. 2005.161 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Federal de Santa
Catarina. 2005. Disponível em:
<http://www.cin.ufsc.br/pgcin/GardeniaCastro.pdf>. Acesso em : 12 dez.
2010.

DUDZIAK, Elisabeth Adriana ; VILLELA, Maria Cristina Olaio ; GABRIEL,


Maria Aparecida. Gestão do conhecimento em bibliotecas universitárias.
Disponível em :
<http://www.sibi.ufrj.br/snbu/snbu2002/oralpdf/91.a.pdf>. Acesso em: 26
jan. 2011.

ROSINI, Alessandro Marco; PALMISANO, Angelo. Administração de


sistemas de informação e a gestão do conhecimento. São Paulo:
Cengage Learning, 2008.

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

ROSTIROLLA, Gelci. Gestão do conhecimento no serviço de referência


em bibliotecas universitárias: uma análise com foco no processo de
referência. 2006. 175 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2006. Disponível
em : <http://www.cin.ufsc.br/pgcin/GelciRostirolla.pdf>. Acesso em :10 dez.
2010.

SILVA, Sérgio Luis da. Gestão do conhecimento : uma revisão crítica


orientada pela abordagem da criação do conhecimento. Ciência da
Informação, Brasília, v.33, n. 2, p. 143-151, maio/ago. 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ci/v33n2/a15v33n2.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2010.

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A IMPORTÂNCIA DO DISCURSSO DA ÉTICA NA


BIBLIOTECONOMIA: BASTOS TIGRE UM EXEMPLO DE
ÉTICA PROFISSIONAL.

MELO, Débora.*
Resumo:

Realiza um estudo crítico sobre o conceito de ética em sua origem. Trata


brevemente do olhar dos filósofos que trataram o tema em uma análise
histórica panorâmica da Antiguidade até o século XIX. Discute o concetio de
ética na Biblioteconomia. Analisa o comportamento do bibliotecário perante o
Código de Ética do profissional bibliotecário. O objetivo é demonstrar, a
partir da vida de Bastos Tigre, como um perfil biográfico de profissional
bibliotecário, as possibilidades de interpretação que temos da prática
profissional em relação com sua postura ética. O estudo conta com a análise
comparativa entre o conceito de ética, o Código de Ética profissional e os
modelos de atuação da vida de Bastos Tigre. Considera que o perfil do
bibliotecário pode responder pelo Código de Ética e ainda ampliar nosso
olhar sobre seus artigos. Traça apontamentos críticos sobre o estudo da
Ética para superar os desafios da profissão. Ressalta a importância da
consciência política, crítica e profissional do bibliotecário visando a
construção de um pensamento voltado para a identificação de um
profissional humanista.

Palavras-Chave: Bibliotecário; Ética; Bastos Tigre ; Código de Biblioteconomia Brasileiro.

Introdução

O presente estudo têm por objetivo estudar as perspectivas do campo


da ética biblioteconômica, e propõe analisá-la a partir da análise do contexto
da vida de Bastos Tigre no âmbito da Biblioteconomia. Seu horizonte tem
como foco incentivar o discurso da ética entre os bibliotecários.
A pesquisa abrange uma macro-área, a Filosofia, e uma de suas
micro-áreas, a ética, através do estudo da ética filosófica. A partir desta
relação, constrói-se aqui um paralelo com a ética biblioteconômica. É
apresentada a ética em três momentos: o que é ética, quais os principais
filósofos que se debruçaram sobre o tema, e os desafios do estudo da Ética
atual no campo biblioteconômico.

____________________________

¹ Comunicação Oral. Apresentado ao GT2 - Perspectivas da Atuação do Profissional da Informação.


*Instituição: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Discente de Bacharelado em
Biblioteconomia. Debora.vilar@yahoo.com.br

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Na ética biblioteconômica são observadas as seguintes correntes: o


estudo da ética no discurso da Biblioteconomia, a função do Código de
Ética, e os desafios do bibliotecário, a partir da necessidade de uma visão
crítica dos profissionais diante do Código de Ética.
A proposta da pesquisa é demonstrar como a ética se apresenta
enquanto conceito, e como se dá este conceito no contexto do discurso do
bibliotecário. Procura-se aqui indicar os potenciais do conceito, mostrando
como sua análise pode ajudar a superar nossas dificuldades. Por isto,
procura-se aqui responder questões como: por que, de um lado, o
bibliotecário é o profissional da informação, e, de outro, por que
encontramos na sociedade em geral uma ausência de informações sobre o
fazer deste profissional?; se o bibliotecário é profissional da informação, não
seria paradoxal perceber a ausência de visibilidade deste na sociedade
tratada como sociedade da informação? Na visão aqui apresenta, acredita-
se que os estudos sobre ética podem ajudar a transformar esta questão.
A respeito do Código de Ética, o objetivo é traçar um perfil-modelo
que o represente. Ainda que o ponto principal não esteja em determinar o
exemplar idel da Biblioteconomia, aponta-se aqui para uma tentativa de
encontrar, nos grandes “espíritos” de nosso campo, posturas e trajetórias
éticas vinculadas ao fazer biblioteconômico. Neste estudo, o perfil-modelo é
encontrado em Bastos Tigre, que em sua vida foi, em nosso olhar, um
exemplo ético de conduta profissional. Para isto, é traçado um paralelo entre
o que o Código de Ética pede e o “comportamento” bibliotecário de Bastos
Tigre.
A análise está baseada em uma pesquisa bio-bibliográfica,
observando assim vida e obra do indivíduo. A partir deste método, propõe-se
um breve histórico da vida de Bastos Tigre como poeta, teatrólogo,
engenheiro civil, publicitário, jornalista, compositor, humorista e bibliotecário,
e procura-se identificar manifestações éticas em sua atuação neste último
fazer. Bastos Tigre foi considerado o primeiro bibliotecário por concurso no
Brasil, recebeu várias homenagens, como da Academia Brasileira de Letras
e da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. A pesquisa bibliográfico conta
com a consulta a documentos autorais, como poemas do autor, além das
fontes críticas e biográficas. O estudo pretende demonstrar que o
bibliotecário pode, a partir de uma reflexão ética sobre sua formação e sua
atuação, modificar as formas de determinação social sobre sua prática. Mais
do que isto, o bibliotecário pode encontrar na própria Biblioteconomia,
profissionais que apresentam, para além de seu Código de Ética, posturas
históricas que conferem novos significados ao bibliotecário.
Chama-se aqui a atenção para a baixa frequência de estudos sobre ética na
literatura em Biblioteconomia e Ciência da Informação, onde se encontra o
discurso sobre o profissional da informação. Como apontamentos
conclusivos, atenta-se para uma visão particular sobre o Código de Ética
profissional do bibliotecário: antes de tratarmos o documento como um

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manual de comportamento, é preciso reconhecer que ele é um convinte ao


estudo ético do bibliotecário, um espaço para reflexão. Determina-se aqui
também o perfil de Bastos Tigre como exemplo de bibliotecário brasileiro que
confere diferentes sentidos a noção de ética do profissional da informação.

2. O que é Ética?

Segundo o Aurélio (2008, P. 383) ética é “o estudo do juízo de


apreciação que se refere à conduta humana suscetível de qualificação do
ponto de vista do bem e do mal”. O berço da ética encontra-se na Grécia. Os
filósofos pré-socráticos foram os primeiros a estudar sobre a conduta
humana. A ética Grega tinha como objeto resolver os problemas do homem,
logo, os problemas políticos. Os Sofistas acreditavam que não existia a
verdade, erro ou norma, acreditavam que tudo é transitório. Sócrates
afirmava que sempre se deve melhorar a conduta. Para seu discípulo,
Platão, o homem só existia para o Estado, a moral está na política, e
Aristóteles considerava que a felicidade, está no homem ser um bom
cidadão. (ASSUMPÇÃO, 1998, p. 19)
A ética é, em geral, reconhecida como o estudo que normaliza a
moral, esse estudo, por se tratar da conduta humana na sociedade, teve ser
dinâmico, atual e preferencialmente deve ser íntegro com o contexto social.
É muito comum também se encontrar como definição de ética como a
ciência da moral - a ética como parte da Filosofia que têm como objeto de
estudo a moral, ou que compreende a criação de normas para a moral.
Moral: Conjunto de regras de conduta ou hábitos julgados válidos quer
universalmente, quer para grupo ou pessoa determinada. Portanto, a Ética é
a teoria, ou conjunto de regras que rege a Moral, que é a prática, a ação da
Ética. (ASSUMPÇÃO, 1998)
Após a Antiguidade, a ética virou objeto de estudo não apenas dos
gregos, mas também de outros grupos se preocuparam com a conduta
humana como os cristãos, os estóicos e epicuristas, porém por se tratar de
uma área da Filosofia, a Ética continuou sendo dominada pelos filósofos.
Kant foi o primeiro grande filósofo a conferir uma maior expressão ao
conceito de ética, que na sua época tornou-se antropocêntrica. Esse
período, no século XVIII, é denominado Ética Moderna Racionalista. Trata-
se de uma época de grandes mudanças no mundo, demarcada por
contextos como o desenvolvimento do capitalismo, a revolução industrial e a
separação entre o Estado e Igreja. Kant criou um mandamento fundamental:
“Age de maneira que possas querer que o motivo que te levou a agir se
torne uma lei universal”. (ASSUMPÇÃO, 1998, P. 22)
A Ética contemporânea começa no século XIX marcada por
transformações mais profundas que a Ética Moderna Racionalista. Suas
principais preocupações são: o Existencialismo, o Pragmatismo, a
Psicanálise, o Marxismo, o Neopositivismo e a Filosofia Analítica. No
Existencialismo o valor está no homem concreto, sendo assim a
característica principal do Existencialismo é o indivíduo. O Pragmatismo,
cuja origem está nos Estados Unidos, acredita na identificação da verdade

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como útil. A Psicanálise cria uma nova conceituação da Ética, pois descobre
uma personalidade na qual o sujeito não tem consciência. No Marxismo,
cria-se uma visão de homem como ser produtor, transformador, criador,
social e histórico. O Neopositivismo e a Filosofia Analítica tentam libertar a
Ética da metafísica. (ASSUMPÇÃO, 1998, P. 23)
Percebe-se que a definição de ética se transformou ao longo dos
anos de acordo com o contexto social. No contexto atual a ética em vigor é
determinada pela apropriação do homem das tecnologias da informação e
da comunicação. Por isso fica cada vez mais difícil o estudo da ética visando
atitudes para o bem social. Trata-se de um grande desafio acabar com a
dominação humana, e acabar com o mito de que as tecnologias são o futuro,
e a solução para nossos problemas. Mas acreditar que isso um dia aconteça
é uma utopia que não mais haverá a dominação do homem pelo homem. O
ideal é usarmos a tecnologia para promover a importância da ética, e difundir
normas de conduta mais humanistas. Aliás, coincidência ou não esse tem
sido o maior desafio do bibliotecário, usar a tecnologia para seu benefício.

2.1 O que é Ética Biblioteconômica?

Através do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), usando da


atribuição, foi instituído o Código de Ética Profissional do Bibliotecário Lei nº
4.084, de 30 de junho de 1962 e o decreto nº 56.725 de 16 de agosto de
1965, resolução CFB nº 42 de 11 de janeiro de 2002. O Código de Ética
Profissional do Bibliotecário é um documento de caráter legislativo que
determina como deve ser a conduta do bibliotecário, seus direitos, proibições
e o bibliotecário que não cumpri-lo está sujeito a punições pelo CFB.
Francisco das C. De Souza, bibliotecário, e estudioso da ética na
Biblioteconomia e traz uma visão sobre a importância da ética da qual este
estudo pretende compartilhar. O autor expõe em seus trabalhos um Código
de ética tomado como documento atrasado (SOUZA, 2005, p. 160).
Pretende-se até aqui mostrar que o estudo da ética profissional deve ser
defendido e atualizado, assim como o olhar de Souza (2005, 2007).
Apesar do estudo da ética ser remoto e permanecer ao longo da
história como reflexão distinta ligada à conduta humana na sociedade,
percebe-se que há pouco interesse sobre o tema no Brasil, menos ainda
aquele ramo da ética voltado para a prática biblioteconômica. Em estudo
recente, Souza (2007) constrói uma pesquisa sobre o discurso de Ética
Biblioteconômica no Brasil, em congressos da área e em periódicos, e
conclui que o tema ainda é pouco explorado.
Os bibliotecários e estudantes de Biblioteconomia vivem hoje um
permanente processo revisão de seus deveres e de suas funções, diante
das transformações propiciadas pelas tecnologias, à procura de demonstrar
sua relevância para a sociedade. Porém, permitiu-se que durante anos fosse
se firmando um estereótipo do bibliotecário marcado pela inércia diante das
transformações do homem, pela ausência de reflexão crítica e de um
pensamento ético que determina sua condição enquanto indivíduo e

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profissional. Mas, como já mencionado, algumas inconsistências entre o


discurso da Biblioteconomia e as visões da sociedade sobre o bibliotecário
Como pode o bibliotecário ser o profissional da informação e na sociedade
da informação pouco se conhecer sobre o que faz o bibliotecário? E como
pode se desenvolver um estereótipo com informações preconceituosas e
deturpadas se formar e criar raízes tão profundas?
Como uma das hipóteses para esta condição, reconhecemos o
desinteresse pela ética profissional. Na crença popular de que a Filosofia
nada serve, e que de que nada adianta “cumprir” ou não um Código de
Ética, e, muito menos, construir uma visão crítica sobre a ética, termina-se
por determinada, na prática biblioteconômica, uma cisão entre vir a ser e
fazer. O resultado desta situação determina um bibliotecário sem postura
crítica, ampliando as incertezas sobre o futuro da profissão.
O Código de Ética Profissional do bachaeral em Biblioteconomia é de
caráter legislativo, portanto, o bibliotecário que não o cumpre está sujeito a
punição pelo CFB. A educação biblioteconômica, seguindo a demanda de
mercado das últimas décadas, tem financiado uma formação rápida, objetiva
e orientada para soluções técnicas da profissão. Esta a visão procurada
também por estudantes que buscam o curso de graduação à esperança de
conseguir um emprego imediato e seguro ao final do período de graduação.
Pouca reflexão filosófica e menos ainda reflexão ética são propiciadas nesta
rápida e fundamental fase de formação crítica do bibliotecário.
Segundo o Código de Ética, é obrigação do bibliotecário "realizar de
maneira digna a publicidade de sua atividade profissional..." , e não cabe ao
bibliotecário "fazer comentários desabonadores sobre a profissão de
bibliotecário...". (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO,
2002, p. 1) O perfil proposto pelo Código de Ética é de um bibliotecário
compromissado diretamente com sua profissão, um tipo de bibliotecário
“vocacionado”. Isto, não entanto, não é identificado na relação entre os
currículos e o mercado no contexto de formação e de atuação dos
bibliotecários.
Adentrar o debate sobre a ética, ampliar os espaços de análise dos
conceitos a ela interligados, como conduta e moral, pode determinar uma
reavaliação do papel que o próprio bibliotecário contemporânedo recupera
para si. Um caminho possível para esta retomada, que não desloca olhar da
formação e da atuação apenas para a abstração filosófica mas também para
a nossa prática, é analisar os elementos éticos lançados por bibliotecários
que fundaram e/ou refundaram a arte e a profissão da Biblioteconomia. A
partir deste método bio-bibliográfico, deixa-se de falar em esteriótipo,
imagem, visibilidade, e passa-se a tratar de perfis transformadores de uma
reflexão remota e atualmente imprescindível ao homem: a organização do
conhecimento para preservação e para o acesso aos saberes produzidos
pelo homem.

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3 Um bibliotecário, um perfil: Bastos Tigre em foco

Manoel Bastos Tigre que nasceu em 12 de março de 1882, em Boa


Vista Recife/PE, pais de: Delfino da Silva Tigre e Maria Leontina Bastos
Tigre. Tinha 13 irmãos, filho de um negociante bem sucedido estudou no
Colégio Diocesano de Olinda, Monsenhor Fabrício era o Reitor do Colégio
(exerceu grande influência na sua vida). Foi lá onde se descobriu a vocação
para poeta, e jornalista. No salão de honra do colégio em ponto de destaque
encontra-se uma fotografia em homenagem a Bastos Tigre. (TIGRE, 1982,
p. 7)
O Vigia era um jornal humorístico que Bastos Tigre criou no Colégio, o
jornal era sempre confiscado por possuir críticas aos professores e colegas
e ao Colégio como essas:

“O Seminário” é um velho já caduco


De uns trezentos outonos bem contados,
Já meio mentecapto e maluco,
Beiços moles e olhos encovados
Eu duvido que aqui em Pernambuco
E até mesmo nos outros vinte Estados
Haja um sujeito assim tão legendário,
Como o nosso vetusto Seminário... (TIGRE, 1896)

Bastos Tigre foi jornalista, poeta, compositor, humorista, publicitário,


teatrólogo, engenheiro e Bibliotecário por vocação. Exerceu todas as
profissões ao mesmo tempo, e foi destaque em todas. A primeira vez que foi
apresentado como poeta foi em 1901, com o poema: “Menino prodígio”, que
foi lido por Rui Barbosa no Senado Federal. Suas crônicas caracterizavam-
se pela leveza e humor. Aos 18 anos estreiou como jornalista no “Tagarela”
revista humorística em 1902, no Correio da Manhã. Em 1904, passou a
colaborar efetivo com a sessão diária “Pingos e Respingos” com o
pseudônimo: Cyrano & Cia. Em 1906 colação de grau de Engenheiro Civil,
passa 2 anos nos Estados Unidos e trabalha na General Electric, voltando
para o Brasil foi nomeado Engenheiro Geólogo do Ministério da Agricultura.
Em 1906, aos 24 anos estreiou sua primeira peça “O Maxixe” no Teatro
Carlos Gomes, ao total fez mais 12 peças. (ABI/FUNARTE, 1982, P. 20).
Casa-se em 1911 com Maria Izabel, filha do desembagador Cintra.
Tiveram como filhos: Sylvia, Selene, Helios, Heitor, e Stella. Bastos Tigre
proibia sua família falar de doenças, e mal da vida alheia, seu carácter
humorístico é marcante nos seus poemas e publicidade. Colaborou em
quase todos os jornais e revistas do Rio de Janeiro: O avança, A Lanterna,
O Filhote do Careta, Época, Gazeta de notícias, A noite, O globo, A notícia,
A rua, O malho, o jornal. Em 1914, o Marechal Hermes da Fonseca,
presidente da República, decretou estado de sítio no Rio de Janeiro e por
pertencer ao Correio da manhã, teve de refugiar-se em Teresópolis. Em
1917, fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT). Aos 70
anos recebeu o maior prêmio de Publicidade o Jubileu Publicitário, seus

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slogan mais conhecidos são: “Quem tem boca vai ao Roma”. Slogan criado
para o restaurante Roma, e “Se é Bayer, é bom.” Criado para a empresa
Bayer. Seu estilo de propaganda é com fundo literário que é mais para
lembrar que provar, mais chama a atenção que convencer. (ABI/FUNARTE,
1982, p. 17).
Bastos Tigre foi um dos iniciadores do rádio – teatro no Rio de
Janeiro, sua primeira atividade no rádio foi através do Mayrink Veiga, num
programa de broadcasting em 1926. Foi homenageado pela Academia
Brasileira de Letras duas vezes por seus poemas: “Meu bebê”, e “Penso
logo... eis isto.”. Bastos Tigre faleceu aos 75 anos, sua vida foi marcada por
muitas homenagens, e seus trabalhos deixaram um legado. (TIGRE, 1982,
p. 38).
Reconhece-se aqui que um dos campos mais beneficiados pelo
pensamento de Bastos Tigre foi a Biblioteconomia. Em 1915, ele foi
nomeado bibliotecário do Museu Histórico Nacional, foi o primeiro
bibliotecário por concurso do Brasil. Por decreto público no D.O de
27/3/1931 foi nomeado bibliotecário, Classe I, do então Ministério da
Educação e Saúde e, pela Portaria nº 161, de 19/4/1950, D.O de 22/4/1950,
diretor da Biblioteca Central da Universidade do Brasil. Através da
Resolução nº 5, de 11 de março de 1958. O decreto 884 foi, então, alterado
pelo decreto nº 84. 631, de 12 de abril de 1980, nos seguintes termos:
Decreto nº 84. 631 de 12 de abril de 1980 institui a “semana nacional do livro
e da biblioteca” e o “ dia do bibliotecário. O presidente da república, usando
da atribuição que lhe confere o artigo 81, item III , da Constituição

Art. 4º Fica instituído o dia do bibliotecário, a ser comemorado em


todo o território nacional a 12 de março, data do nascimento do
bibliotecário, escritor e poeta Manoel de Bastos Tigre. (TIGRE,
1982, p. 39)

Bastos Tigre é um exemplo ele foi 1 para 8 profissões, e influenciou


todas elas. Com criatividade e humor, soube lidar com as circunstâncias
adversas em sua vida, acreditava na liberdade de expressão, e lutava por
direitos humanos sem perder o respeito pelos outros. É um exemplo de
conduta humana, se preocupou em proporcionar direitos iguais para todos
na sociedade, teve consciência política, foi dinâmico, e não se acomodou
com as circunstâncias, praticamente sozinho mudou a Biblioteconomia.
Bastos Tigre valorizou a Ética Profissional, e nos ensinou através de sua
vida uma conduta humana, que só proporciona o bem estar entre os
indivíduos e por isso foi um exemplo de profissional que respeita a pessoa
humana. Seu legado consiste em que um profissional ético, só tem o que
acrescentar na sua área além de cumprir com seu papel social de forma
eficaz.

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3.1 Pensando a Ética Profissional do Bibliotecário a partir da vida de


Bastos Tigre.

Quanto a certeza de que Bastos Tigre era um bibliotecário por


vocação não há dúvidas. Ele cumpriu com eficiência e louvor, o papel do
bibliotecário. O bibliotecário remonta uma tradição de erutidos e de grandes
sábios que se dedicaram à profissão, como Manuel Cícero Peregrino da
Silva e Rubens Borba de Moraes. Em geral, este perfil-modelo de
bibliotecário é tratado como uma caracterização da antiga Biblioteconomia. A
possibilidade de formação deste tipo de profissional, tendo em vista a
especialização excessiva do conhecimento, estaria hoje impossibilitada. No
entanto, seria verdade esta impossibilidade? Pensando na idéia vocacional
que não é inata, ou seja, na certeza de uma formação que pode despertar
ou ainda construir um perfil-modelo devotado à Biblioteconomia, recorremos
à noção de ética que está manifestada em nossa legislação
biblioteconômica.
Segundo o Código de Ética do bibliotecário,
NA SEÇÃO I – DOS OBJETVOS
Art. 2º - os deveres do profissional de Biblioteconomia
compreendem, além do exercício de suas atividades:
a) dignificar, através dos seus atos, a profissão, tendo em vista
a elevação moral, ética e profissional da classe ;

d) contribuir, como cidadão e como profissional, para o incessante


desenvolvimento da sociedade e dos princípios legais que regem
o país. (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO
BIBLIOTECÁRIO, 2002, P. 1)

Através de sua conduta profissional, Bastos Tigre dignificou o bibliotecário,


como profissional devoto do conhecimento, de sua produção, salvaguarda e
disseminação, contribuindo assim para um perfil de bibliotecário, competente
e dinâmico. Em toda a sua carreira se preocupou em realizar seu papel
social e levar conhecimento para todos. Dirigiu a Biblioteca da Sociedade
Brasileira de autores teatrais sem renumeração. Bastos Tigre dedicou sua
carreira em formar leitores, fazia muitos poemas sobre o livro como: “É o
livro amigo mudo que, calado, nos diz tudo.”; “A leitura de um bom livro
afasta o tédio e estimula o pensamento.” (TIGRE, 1982, p. 40)
Art. 3º - Cumpre ao profissional de Biblioteconomia:
a) preservar o cunho liberal e humanista de sua profissão,
fundamentado na liberdade da investigação científica e na
dignidade da pessoa humana;
c) cooperar intelectual e materialmente para o progresso da
profissão, mediante o intercâmbio de informações com
associações de classe, escolas e órgãos de divulgação técnica e
científica;
e) realizar de maneira digna a publicidade de sua instituição.
(CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO, 2002,
P. 1)

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Como bibliotecário, Bastos Tigre, se preocupou não só em fomentar


positivamente a profissão, como contribuiu intelectualmente para área sua
principal preocupação: a organização do conhecimento. O Reitor Pedro
Calmom disse uma vez que Bastos Tigre: “Era considerado fanático pelo
livro, de confiança, perícia e dedicação.” (TIGRE, 1982, P. 37)
Em outro de seus poemas, Bastos Tigre diz: “Se uma hecatombe universal
destruisse a civilização, uma biblioteca que escapasse, bastaria para
reconstruí-la.” (TIGRE, 1982, P. 40)

Art. 7º - O Bibliotecário deve, em relação aos usuários e clientes,


obsevar as seguintes condutas:
c) orientar a técnica da pesquisa e a normalização do trabalho
intelectual de acordo com suas competências.

Bastos Tigre, influenciou a modernização da Biblioteca da


Universidade do Brasil e reorganizou as coleções da Biblioteca da
Associação Brasileira da Imprensa que hoje tem seu nome.
Art. 8 – O Bibliotecário deve, interessar-se pelo bem público e,
com tal finalidade, contribuir com seus conhecimentos, capacidade
e experiência para melhor servir a coletividade.

Bastos Tigre foi ainda o primeiro brasileiro filatelista a fazer uma


coleção temática: a agricultura. E propôs a inclusão no currículo primário da
disciplina filatelia, pois acreditava no seu poder educativo. (TIGRE, 1982, P.
62).
Apesar do estudo panorâmico da vida de Bastos Tigre, já podemos
concluir que ele foi um exemplo de comportamento passível de ser
compreendido a partir de uma reflexão ética, ou, uma vida capaz de permitir
reflexões sobre a ética bibliotecômica. Sua obra tem carácter social, ele se
preocupa em difundir o conhecimento e promover a leitura. Pelo paralelo
podemos perceber que ele não apenas é um “exemplo a ser seguido” como
uma “prova” de que é possível seguir o modelo de conduta ética, e que
existe bibliotecário vocacionado. A ética é um discurso, mas o discurso em si
é vazio. Porém mais importante que fazer com que os bibliotecários
cumprem o Código de Ética, é promovê-la, torna-la importante para a vida
profissional, a partir de experiências reais de vida dos seus profissionais.

4 Considerações finais

Para cumprir o Código de Ética, não é preciso “mistério”, basta


conscientização de que que é necessário mudar, visar uma relação dinâmica
com o fazer biblioteconômico. Falta ao bibliotecário atual a conscientização
política, e mais “estudo” em seu sentido clássico, filosófico - estudo não no
sentido de dominar a catalogação, classificação, indexação ou os sistemas
de informação, mas uma reflexão que reúne estes saberes e outros, que
dizem respeito à formação crítica do aluno e do profissional do campo.

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O presente trabalha, visou destacar o conceito de ética a partir de um


estudo biblioteconômico-biográfico. Bastos Tigre, soube “cumprir” um código
de ética relacionado ao fazer biblioteconômico muito antes da existência do
mesmo. A Filosofia, espaço de discussão sobre a idéia de ética, é
importante não só para uma reflexão conceitual de nossas disciplinas, mas
também para um auto-reflexão do bibliotecário.
Enquanto instituição representativa, o CFB é a entidade que luta
contra qualquer atividade ilícita, e atitudes que não dignifiquem a profissão.
E através de seu Código de Ética Profissional informa os deveres e
obrigações do bibliotecário. No entanto, cabe aqui algumas observações. Se
fossemos íntegros a partir de nossa auto-consciência biblioteconômica, será
que precisaríamos de um Código de Ética?
Concluindo, o objetivo do presente trabalho buscou conscientizar
estudantes e profissionais do campo biblioteconômico sobre a importãncia
do estudo da ética. Procurou-se aqui também destacar a vida de
bibliotecários como objetos de estudo de uma construção ética na
Biblioteconomia. Neste sentido, Bastos Tigre não tinha nenhum Código de
Ética a cumprir e nem por isso deixou de ser ético, soube promover a
profissão e cumpriu com seu papel social.

Agradecimentos
Agradeço ao Professor Gustavo Saldanha, que me acompanhou/apoiou em
todo processo, de elaboração desse trabalho, à UNIRIO e ao diretor Marcos
Miranda, a equipe de bibliotecários da FUNARTE e minha família que me
apoiou.

Referências

ABI FUNARTE, Centro de Documentação; Companhia de Cigarros Souza


Cruz, As vidas de Bastos Tigre. Rio de Janeiro: ABI/ FUNARTE, 1982.

ASSUMPÇÃO, Evaldo Alves D’. Comportar-se fazendo bioética para


quem se interessa pela ética. Petrópolis: Vozes, 1998.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires.


Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Editora Moderna, 1993.

CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA. Código de ética


profissional do bibliotecário – resolução CFB 042 – DOU 14.01.02.
Folder.

FREIRE, Isa Maria. Reflexões sobre uma ética da informação na


sociedade em rede. Ponto de acesso, Salvador, dez. 2010. Disponível em:
<http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revistaici>. Acesso em
janeiro/2011.

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SOUZA, Francisco das Chagas de. Conduta profissional, discurso ético e


ética do discurso na biblioteconomia. Inf. & Soc. João Pessoa, set./dez.
2007, v.17, n.3, p.27-38. Disponível em:
<http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies>. Acesso em jan.2011.

SOUZA, Francisco das Chagas de. Ética bibliotecária no contexto atual.


Perspectivas em Ciência da Informação. João Pessoa, jan./abr. 2007, v. 12,
n.1, p. 136-147. Disponível em:
http://www.eci.ufmg.br/pcionline/index.php/pci.
Acessado em jan./2011

TIGRE, Bastos; TIGRE, Christina Bastos. Bastos Tigre: poemas. 2005.

TIGRE, Manoel de Bastos. Conceitos e preceitos. Rio de Janeiro, 1946.

TIGRE, Sylvia Bastos. Bastos Tigre: notas biográficas. Brasília, 1982.

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NOVO PERFIL DO BIBLIOTECÁRIO E DO USUÁRIO EM


UNIDADES DE INFORMAÇÃO1

JADSON, Santos Mendes*


SUELEM, Gadelha Pother*

Resumo

O presente artigo apresenta como objetivo analisar o novo perfil do


bibliotecário e do usuário nas unidades de informação, dando ênfase a
educação continuada para o profissional da informação. Aborda as redes
sociais como forma de disseminar a informação. A metodologia utilizada foi
uma revisão de literatura na área da ciência da informação, consulta através
de livros, artigos de periódicos e meios eletrônicos. Faz um panorama atual
das tecnologias da informação e comunicação no Brasil.

Palavras-chave: Perfil do bibliotecário. Perfil usuário. Mídias Sociais.

1 Introdução

O presente artigo visa fazer uma análise das mudanças tecnológicas


e informacionais geradas pela transição de uma sociedade industrial para
uma tecnocientífica, também chamada de sociedade da era moderna. Sendo
fator determinante que modificasse o ambiente das atividades profissionais
dando ênfase naquelas que lideram diretamente com a produção (processo
que todo instante se torna ainda mais rápido), organização (no
desenvolvimento de técnicas que venham comprovar a veracidade do que
está sendo abordado e como essa informação pode útil ao público
destinado) e disseminação da informação (estuda meios que possam
transpor barreiras físicas e atuando em uma rede mundial de
computadores).

_______________________________________________
1
Trabalho cientifico de comunicação oral apresentado ao GT 2 – Perspectivas da Atuação do
Profissional da Informação
*
Universidade Federal do Pará (UFPA). Discentes de Biblioteconomia. E-mails:
jadson.mendes@icsa.ufpa.br; suelem_pother@hotmail.com

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Um cenário onde o bibliotecário várias identidades assim como seu


usuário cada vez mais exigente para com as instituições públicas e privadas
(meios que pode cogitar a instalação de uma biblioteca ou também chamada
unidade de informação) serviços que venham satisfazer suas reais
necessidades de maneira simples e rápida, cujo foco, é o profissional da
informação utilizando como instrumento de aproximação com seu público no
intuito de sempre alcançar melhor desempenho de seus serviços e produtos,
podendo ser estendido para estrutura da própria organização que se
encontra inserido incentivando o desenvolvimento do capital intelectual de
seus funcionários.
Assim como a Biblioteconomia está sempre se reformulando a partir
do momento em que novas oportunidades são oferecidas em áreas poucos
comuns, o seu profissional deve sempre obter uma qualificação condizente a
essa situação criada. Tendo opção em buscar na educação continuada
(participando em eventos do gênero como palestras, seminários, encontros,
congressos e outras atividades afins) e na implementação de alguma
especialidade que condiz com a realidade do mercado na consolidação de
sua carreira na forma de oferecer a instituição onde atua uma contribuição
no desenvolvimento da mesma.
Importante se fazer uma análise sobre essa nova situação que
desperta em outros profissionais opinião e comportamento ora a favor como
algo natural de um processo, ora contra vista ameaça gerando certa
resistência. As instituições deparam-se da necessidade de sempre no
investimento em infraestrutura no desenvolvimento de sistemas para uma
demanda de clientes cada vez maior, atitudes como essas que resultam na
cultura organizacional existente.
Destaca-se a função social do bibliotecário deixando de ser apenas
elo ou intermediário passando a ser mediador, se tornando em uma figura

ainda mais atuante na busca de novos usuários presentes nesse processo


tecnológico informacional e daqueles clientes em potencial por algum motivo
se encontra excluído dessa situação atual.

2 O perfil do bibliotecário no serviço de informação

Embora seja um tema já bastante discutido e abordado por inúmeros


trabalhos científicos na área da Ciência da Informação e, provavelmente
para muitos não será uma novidade. No entanto, pouco se tem visto na
prática e menos ainda chega ao conhecimento da sociedade à atuação do
bibliotecário nos serviços de informação.
Basta somente que torne público o uso de uma nova tecnologia no
mercado voltado à informação e comunicação para que seja questionada a
função do profissional bibliotecário, onde o mesmo recorre a esses textos

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para apenas justificar o seu papel desempenhado em uma


determinada organização. Mas pelo que se observa é a oportunidade
desperdiçada neste
mundo real e virtual em expor o propósito da Biblioteconomia e o que ela
tem a oferecer na atualidade informacional, visto que muitas profissões com

passar do tempo tornaram-se ultrapassadas e as obrigando a se adaptarem


em um cenário atual com influência na sua prática e seu ambiente de
trabalho, como destacada por Almeida Júnior (2004, p. 84):

“Quem propiciou essa sobrevida? foi o próprio bibliotecário que


alcançou, alterando seus objetivos, suas habilidades, sua relação
com seu público? será que essa sobrevida, essa nova
oportunidade de se fazer presente útil, foi dada pelo mesmo
segmento para qual sempre foi voltado o fazer do bibliotecário?
com certeza, apesar de não exclusivamente, é esse segmento que
possibilita, ainda, a existência da profissão bibliotecária”

Para Barbosa (1998) nota-se o surgimento de novas profissões


enquanto que as tradicionais estão em processo de reformulação (tanto na
formação do futuro profissional quanto nas oportunidades no mercado de
trabalho) motivado pela mudança do paradigma no campo de atuação
profissional dos profissionais da informação, mais precisamente, o papel do
bibliotecário que se encontra em centro de informação, seja na esfera de
instituições públicas e/ou privadas, também denominada por Almeida Júnior
(2004) de bibliotecas empresariais, ou nas instituições de ensino,
desempenhando suas atuais competências e habilidades como forma de
acompanhar aos novos recursos tecnológicos pertinentes à sua função
(onde a essência de sua profissão está exatamente em lidar diretamente
com as pessoas a partir do seu método de planejamento de unidade).
Porém, ainda continua associado a uma imagem estereotipada pela
coletividade como destaca Walter (2005, p. 6):

“É difícil encontrar nos textos atuais uma referência aos


bibliotecários e seu modo de atuar, que não seja crítica e que não
denigra, de algum modo, a forma como executa suas atividades,
seu apego a valores ‘antigos’, sua ‘fixação’ em normas e padrões,
sua desatenção com as tecnologias e todos esses
questionamentos que são comuns e em certo sentido
estereotipados”.

Teoricamente o bibliotecário é visto pela sociedade da era moderna


como aquele que desempenha suas atividades direcionadas a preservação
e/ou disseminação, não deixando de ser meia verdade, portanto, são
campos considerados no primeiro momento muito abrangentes propicio para
“oportunidades” e “riscos” para alguns, necessitando ao mesmo seja:

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

“uma mão de obra mais qualificada, um profissional que tenha


além da formação adequada, competência e habilidades exigidas
pelas tarefas a desempenhar e ajustadas ao tempo atual,
implicando em um redirecionamento da conduta do profissional,
perante os desafios do momento” (BORGES, 2004, p. 57).

De acordo com a realidade de cada instituição que rege sua política


acaba definindo uma dessas modalidades de caráter predominante e não
exclusivamente, como relata Barbosa (1998, p. 54) onde a oferta de
empregos em biblioteca estava se tornando escasso, e por sua vez, a
oportunidade em outros campos de trabalho com a informação está em
ascensão.

2.1 Atuação do bibliotecário

Uma das principais habilidades e competência do bibliotecário é saber


organizar e sistematizar documentos impressos, bem como, organizar
acervo virtual ou digital, objetivando ao leitor/usuário a rápida recuperação
da informação em um curto espaço de tempo, como o exemplo citado por
Baptista (2004, p. 227) onde a internet é um meio que gera maior
oportunidade de trabalho ao profissional da informação devido ao grande
número de informação que se encontra de maneira desorganizada. De certo
modo, o bibliotecário, sendo a pessoa preferencialmente indica para
desenvolver atividades de organizar e criar sistemas de recuperação de
informações confiáveis de maneira que poupe o tempo de quem à procura.
É necessária a presença do bibliotecário em equipes
multidisciplinares responsáveis na construção de páginas na internet, não
sendo sua obrigação em conhecer profundamente em técnicas específicas
na área de tecnologia. Mas sua habilidade de gerenciar a informação pode
de algum modo sugerir a forma mais indica de posicionar os serviços e
produtos informacionais de um site que facilite as necessidades do seu
usuário virtual.
A informação passa a possuir um valor agregado dentro de
organizações de maneira geral que envolve todos seus níveis (estratégico,
gerencial e operacional) dando ênfase as comunicações dos demais setores,
sejam eles interno e externo, assim como na criação de uma unidade de
informação (embora muitas das vezes visto como um ambiente que não gera
lucro fazendo com que os investimentos a esse setor sejam inviáveis) que
possa contribuir em seu desenvolvimento, através do fornecimento de
informações por meio de pesquisas direcionadas, em meio a um mercado
cada vez mais competitivo e mais exigente no aspecto da qualidade de seus
serviços levando no menor tempo possível como destaca Beal (2008, p.75):

“A informação é um elemento essencial para a criação,


implementação e avaliação de qualquer estratégia. Sem o acesso
a informação adequada a respeito das variáveis internas e do
ambiente onde a organização se insere, os responsáveis pela
elaboração da estratégia não tem como identificar os pontos fortes

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e fracos, as ameaças e oportunidades, os valores corporativos e


toda variedade de fatores que devem ser considerados na
identificação de alternativas e na tomada de decisões
estratégicas.”

Destaca o desenvolvimento do capital intelectual a partir dos fluxos


informacionais resultando na produção dos conhecimentos tácitos e
explícitos das pessoas que fazem parte de uma organização onde alguma
forma se obtém soluções para própria instituição, e por isso, a mesma está
cada vez mais investindo em processo de geração de informação através da
relação interpessoais como visa Bukowitz e Williams (2002, p. 211)
destacam que “as organizações baseadas no conhecimento entendem que
os empregados não são úteis apenas pelo que sabem, mas pelo que
continuam a aprender”.
Atualmente o bibliotecário poderá atuar em diversos segmentos do
mercado, incluindo: Farmácias, Escritórios de Advocacia, de Contabilidade,
Institutos de pesquisas, Hospitais, Instituições financeiras, Centros de
Documentação e até desempenhando cargos muito específicos como
aborda Barbosa (1998, p. 54) especialista em informação farmacológica,
analista sênior de rede local, especialista em informação em câncer, auditor
de informação em enfermagem, executivo de marketing para publicação
eletrônica e assim como outros cargos onde o bibliotecário que primeiros
momento não são lhe atribuídos. Assim como em seu ambiente natural de
trabalho modificado pelas inovações tecnológicas dos tipos de bibliotecas
consideradas: universitárias, especializadas, especial, e escolar.

3 Qualificação do bibliotecário através da educação continuada

De fato, o que continua sendo observado é a formação bibliotecária


tem o foco na prática profissional no ambiente de trabalho e que por sua vez
acaba incidindo no imaginário social como se refere Guimarães (2004) tendo
foco no aspecto técnico envolvendo estudos de análise e tratamento das
informações registradas em diferentes suportes. Mas existe outro ramo que
se preocupa na produção de materiais voltada para área que discuti o
panorama atual da categoria, é o que faz Ciência da informação, observando
o momento ideal para que seja divulgada essa produção.
Para Borges (2004, p. 64) “A preparação e a participação de
profissionais com perfis diferenciados são exigidas com o objetivo de obter a
preservação, coleta, tratamento, recuperação e disseminação de
informações”. Destacando o bibliotecário compondo grupo de profissões
convergentes, também chamados de “profissionais da informação irmãos”,
através da interdisciplinaridade possa de alguma forma contribuir na
elaboração de planos estratégicos em conjunto com a modalidade pertinente
a seleção, tratamento, disseminação, e principalmente, na divulgação
dessas informações acompanhadas pelo seu serviço e produtos ao seu
usuário, como aborda Almada de Ascencio (1997):

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Nenhum profissional da atualidade tem condições de reunir todas


as habilidades, conhecimentos e competências necessárias para
interagir e equacionar os problemas decorrentes dos fluxos de
informação e conhecimento. Para resolvê-los é necessária a
formação de equipes interdisciplinares em todos os níveis e
processos estratégicos, gerenciais e operacionais (ALMADA DE
ASCENCIO, 1997 apud BORGES, 2004, p. 64).

Hoje, o programa de educação continuada para o profissional da área


da informação é vista como uma forma de atender as exigências do mercado
ao desenvolver uma especialidade em determinado ramo, como caracteriza
Baptista (2002, p. 2) na criação de “um perfil mais generalista, aonde a
especialização vem depois”. Sendo reforçado por Barbosa (1998) declara
que mudança desde o processo de formação na elaboração de um currículo
que possa oferecer uma qualificação íntegra e diversificada.
Para isso é necessário que o bibliotecário atente para certos cuidados
na procura desenfreada na obtenção de alguma especialidade em diferentes
campos da ciência, pois poderá acarretar um efeito reverso denominado
“mania mercadológica” motivado pela proliferação de títulos profissionais na
preocupação de satisfazer as exigências mercadológicas (LEVITT, 1975
apud BARBOSA, 1998, p. 57), de algum modo acaba confundindo os
empregadores e a própria sociedade de estabelecer a verdadeira atuação do
bibliotecário.

4 Perfil do usuário

Para o funcionamento de uma biblioteca é necessário a presença de


usuários, pois sem eles a biblioteca não tem valor, mas, atualmente esse
usuário está se distanciando deste tradicional espaço biblioteca, devido a
vários fatores dentre os quais se destaca a internet.
A internet é um dos meios onde milhares de pessoas buscam
informação, pois, consagradamente ela é um mecanismo de comunicação
de alcance mundial, onde qualquer pessoa pode ter acesso. Além do mais
está disponível à comunidade científica os diversos bancos e bases de
dados para fins de auxiliá-lo nas pesquisas, com ajuda do profissional.
Com o desenvolvimento das Tecnologias da Informação (TI), os
acessos às informações tornaram-se mais restritos, pois os usuários não
conhecem as bases de dados e catálogos on-line, com isso há uma
mudança no perfil do usuário tornando-o mais exigente, como mostra
Guimarães (2004, p. 87-88):

“Alia-se a isso todo um conjunto de transformações vivenciado


pela sociedade, que passou a sofrer os impactos do
compartilhamento informativo de um mundo globalizado, dos
avanços tecnológicos para o acesso e a transmissão dessa
informação e, sob o ponto de vista humano, de um novo perfil do
usuário que, mais consciente de seus direitos e das

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potencialidades informativas dos distintos sistemas, passa a ter


mais clareza em relação a suas próprias necessidades.”

O bibliotecário diante dessa situação tenta definir o seu usuário de


acordo com os serviços de informação, e tenta se adequar a essa mudança.
Algumas bibliotecas evoluíram para bibliotecas digitais, onde informações
contidas nessa biblioteca só poderão ter acesso através de um computador,
e isso facilita para o usuário que não precisa se deslocar para uma biblioteca
física.
Hoje existem diversas bibliotecas digitais, das quais se pode acessar
da residência, mas muitas ainda são desconhecidas, talvez por falta ou mau
uso da divulgação e da política de marketing como pode ser observado no
relato de Baptista (2004, p. 229) onde “as páginas de bibliotecas disponíveis
na rede, no princípio, continham informações genéricas sobre os serviços.
Elas eram estáticas, com muito pouca interatividade em relação aos serviços
prestados ao usuário”.
Logo, quando se realiza uma pesquisa pela internet a primeira ação
que feita é exatamente procurar o assunto no Google e a partir do resultado
listado por ordem em que se apresenta a maior ocorrência ou a maior
procura do que se pesquisa aciona-se o site desejado, mas isso não é
considerado uma pesquisa de forma segura, pois na internet é encontrado
muito “lixo eletrônico”, que são informações que muitas das vezes não há
interesse no teor e/ou quando busca diversos sites por uma só palavra que
digitada.
Para uma pesquisa segura o usuário necessita conhecer as fontes de
informação de seu interesse, e, que estão disponíveis na internet. Mas
existem restrições, se for por assinaturas elas são pagas ou não, depende
da política de acesso da Instituição que está disponibilizando a fonte para
pesquisas.
Com o intuito de atender seus usuários na web, algumas bibliotecas a
exemplo da mais movimentada que utiliza esse meio de busca é a
universitária que segundo Barros (2005, p.72-73) recebe um público mais
exigente e um elevado nível intelectual que se faz necessário o uso
constante de recursos e tecnologias, haja vista, por desenvolver atividades
de fomento de pesquisa. Elas oferecem treinamento e cursos específicos,
com a finalidade de deixar os usuários aptos e capazes de elaborar sua
própria busca e utilizarem a biblioteca digital e os recursos que ela dispõe.
O treinamento oferecido ao usuário é para ele conhecer os campos de
busca e sentir a facilidade de interagir com as bases de dados, pois, existe
várias bases de dados onde a área mais utilizada é da Ciência da Saúde,
destacam-se a base Medline, Bireme e Lilac.

Com os serviços e bases de dados disponíveis facilita para o usuário


o acesso aos documentos e suas informações. “Os paradigmas de
desenvolvimento e prestações de serviços alteraram-se drasticamente como
uso fundamental das bases de dados, dos acessos remotos, de sistemas de

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comunicação e de informação que modificaram substancialmente a relação


usuário / acesso à informação.” (WALTER, 2005, p. 9-10).

4.1 Os elementos de mudanças do usuário atual

Sobre essas transformações constata-se que era muito comum em


tempos atrás o leitor se deslocar a uma biblioteca aparentando de certo
ponto como se a instituição estivesse lhe prestando um favor. Hoje, tem se
observado que a situação vivida é completamente inversa mostrando um
cliente cada vez mais esclarecido sobre o deseja em matéria de informação
exigindo do bibliotecário o desenvolvimento de atributos que possam lhe
suprir suas necessidades informacionais, e também buscando nessa
proximidade com seus usuários aprendizados valiosa. Portanto, esse
momento atual em que se vivenciam modificações estruturais e
metodológicas de trabalho biblioteconômico descrito por Marquetis (2005, p.
83) de que “Hoje, denominamos os usuários de cliente, os bibliotecários de
profissionais da informação e as bibliotecas de unidades de informação”.
Ainda não se pode afirmar, mas dá para descrever através dos
comportamentos observados em unidades de informação a acentuada
mudança do perfil do leitor/usuário, ocasionada pela massa de informações
disponibilizadas na grande rede mundial (WEB). Sendo comparando esse
acesso aos conteúdos como um passeio por uma feira (LINDROSS, 1997
apud BAPTISTA, 2004, P.228), segue abaixo alguns elementos sobre o
novo leitor:

 Usuário tornou-se dependente do computador


 Usuário evita deslocamento para as bibliotecas tradicionais sem uso
das tecnologias;
 Constantemente está plugado na rede, seja pelo celular ou outros
recursos tecnológicos;

 Exigente e desafiador;
 Curioso com os recursos tecnológicos e meios de comunicação;
 Sua opinião sobre o papel do bibliotecário;
 A forma de como se relaciona como esse profissional;
 A importância dada ao bibliotecário.

5 Redes sociais

Atualmente para se conectar com o mundo e saber notícias, basta dá


um “click” para saber o que acontece, mas para isso deve estar conectado

na internet, como proposta deste estudo, nas redes sociais. De acordo com
Garton, Haythornthwaite e Wellman “Quando uma rede de computadores

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conecta uma rede de pessoas e organizações, é uma rede


social.” (1997, p.1 apud RECUERO, 2009, p.15).
As redes sociais têm um destaque no século XX, essas redes estão
mudando a nova forma de comunicação, mobilização social através do
computador, que segundo Jardim (2010, p. 40) destaca o conjunto de
contatos que uma pessoa possui na internet com a preocupação de mantê-
los atualizados com base das ferramentas dessas mídias sociais integradas
às tecnologias, promovendo uma interação social a partir de palavras, fotos,
vídeos e áudios. Com intuito de encontrar a melhor forma de apresentar uma
determinada informação da pessoa interessada em compartilhar algo.
Vamos citar algumas redes sociais:
 Orkut – é um site social criado em 2004 por Orkut Buyukkokten. É
uma rede de relacionamentos entre seus membros e conhecer
pessoas. É a rede social no Brasil com maiores usuários, e até hoje é
bastante acessado.
 Fotolog – é um sistema que permite ao usuário publique suas fotos e
recebe comentários. Foi criado em 2002 por Scoot Heiferman e Adam
seifer. Possui um endereço com o nome do usuário, por exemplo,
WWW.fotolog.com/nome, com isso identifica o usuário aberto a
comentários de suas fotos.
 Facebook – criado por Mark Zuckerberg e foi lançado em 2004. O
facebook teve como idéia principal atender alunos que estavam
entrando na universidade, “o foco inicial do facebook era criar uma
rede de contatos em um momento crucial da vida de um jovem
universitário: o momento em que este sai da escola e vai para a
universidade, o que, nos Estados Unidos, quase sempre representa
uma mudança de cidade e um espectro novo de relações sociais. O
sistema, no entanto, era focado em escolas e colégios e, para entrar
nele, era preciso ser membro de algumas das instituições
reconhecidas.” ( RECUERO, 2009, p. 172). O facebook está
crescendo, ele é um site de redes sociais com perfis e comunidades,
mas é mais restrito que outras redes, pois só poderá ver o perfil de
uma pessoa se ela estiver em sua rede, possui também aplicativos
que o usuário poderá adicionar.
 Twitter – fundado por Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Williams em
2006. É uma rede social onde os usuários seguem e são seguidos,
onde respondam uma pergunta “O que você está fazendo?” e os
textos podem ser escritos até 140 caracteres, onde o usuário poderá
mandar mensagens privadas, ou públicas.

Essas são algumas redes sociais, onde usuários estão dispostos a


trocar informações a qualquer dia e qualquer hora em qualquer lugar, sendo
um ambiente propicio para uma biblioteca ou centro de informação em
ganhar destaca com seu respectivo publico, divulgando seus serviços e
produtos, assim como a forma ideal para reformular suas atividades tendo

um retorno quase de imediato do seu usuário na sua melhoria de sua função


em uma instituição. Com isso facilita a vida do usuário e faz com que ele

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converse com outras pessoas assuntos de seus interesses sem se deslocar.


Já que “cada indivíduo tem sua função e identidade cultural.” (TOMAÈL;
ALCARÁ; DI CHIARA, 2005, p. 93)
Portanto, uma rede social agrupa pessoas para trocar idéias e
informação de acordo com a necessidade, onde os recursos disponíveis
valorizem o contanto pessoal utilizado a tecnologia como uma importante
ferramenta para seu aprendizado. No entanto, para uma política de
Disseminação Seletiva da Informação (DSI) necessita-se de um estudo mais
aprofundado relacionado à compatibilidade dos sistemas de informação com
essa proliferação das mídias sociais como destaca Jardim (2010, p. 71)
propondo uma forma de solucionar esse problema:

“[...] o problema de múltiplos perfis. É necessário que o usuário


crie um perfil novo para cada Rede Social em que se cadastra.
Como foi mostrado no exemplo,, a Ontologia permite que o
usuário crie um perfil que pode ser utilizado em qualquer rede
social da escolha do usuário”.

6 Panorama atual das tecnologias da informação e comunicação no


Brasil

É inegável a importância dos recursos tecnológicos no processo de


comunicação em redes sociais e no próprio mercado, sendo o diferencial
entre as empresas nas tomadas de decisões nos negócios com de
informações precisas, onde se faz necessário a criação de uma unidade e
do profissional vinculado a ela chamado de profissional, tecnólogo, gestor e
até de arquiteto da informação, proveniente das inúmeras especialidades
que o bibliotecário pode possuir.
Porém, vale destacar que muito ainda precisa ser feito em termos de
infraestrutura nas próprias empresas, dos valores e a qualidade dos serviços
prestados pelo setor de telecomunicação para com a tecnologia da
informação em atender as necessidades de uma demanda cada vez mais
crescente e o próprio acesso da população como todo, e não apenas a
maioria, a esses serviços.
No Brasil, ainda se paga um preço elevado em adquirir uma internet,
e por sua vez, seu desempenho fica aquém em relação a outros países
(como Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Canadá e outros) como relata o
presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), Ronaldo
Sardenberg, ao periódico Information Week Brasil de janeiro de 2010,
“Nosso desempenho é inferior, inclusive, a países da região. Há um
consenso de que precisamos de uma atuação muito melhor do que tivemos
até agora”. Onde esse cenário é descrito com toda propriedade por Almeida
Júnior (1999, p. 3):

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“Sendo didático e simplista (embora esses dois termos não sejam,


sempre, automaticamente interligados), não apena técnica, para
que um candidato a ‘internauta’ possa freqüentar ‘sites’ e ‘home
pages’: o interessado deve possuir: a) um computador; b)um
‘modem’; c) uma linha telefônica (que, convenhamos, com a atual
estrutura da telefonia brasileira não é algo tão simples e fácil).
Além disso, é necessário o vínculo a um ‘provedor’, que troca do
acesso à grande rede, cobra uma módica mensalidade...As
exigências acabam por aqui? Ainda não: a conexão do micro com
a rede, via provedor, se faz através de um software e de
determinadas configurações. Um mínimo de convivência com
computadores e conhecimento básico da língua inglesa também
estão implícitos entre os itens que se requerem para a utilização
da internet”.

Outro ponto a ser analisado, é a situação que muitas empresas ainda


ficam apreensivas quando se trata da utilização das mídias em suas
atividades em contato com seus clientes. Alegando que alguma maneira
pode comprometer a segurança das informações que possuem grande valor
estratégico no mercado, entrando em conflito com a proposta feita por
Bukowitz e Willians (2002, p. 277) onde “cada vez mais as organizações
construirão conhecimento por meio dos seus relacionamentos com os
empregados, fornecedores, clientes, comunidades nas quais operam e
mesmo com seus concorrentes”. Por isso, alegando que estará
completamente vulnerável a uma eventual invasão de seu sistema com
técnicas sofisticadas de Hackers, fruto dessa disponibilidade, ou então que
interfira na produção da empresa por desvia atenção dos seus empregados
pela dispersão por essas ferramentas de comunicações.
Walter (2005) comenta o custo elevado que envolve sistemas e base
de dados (exceto algumas que são de acesso gratuito) cujo sua importância
em termos de pesquisa a informação é indiscutível. Mas o fator financeiro
poucos textos abordam, onde a autora também destaca duas perguntas que
devem ser feitas antes que comece o processo de informatização dos
serviços, “para que” e “porque fazer”, partindo desses princípios onde se
desenvolve treinamento da equipe do centro de informação, o público a
quem se destina e a projeção do serviço que visa oferecer.
Segundo a uma matéria publicada pelo periódico Information Week
Brasil, de maio de 2010, estimasse o aumento de 67 milhões de internautas
brasileiros do mesmo período para centenas de milhões de pessoas do país
conectados 24 horas por dia em 2020. No entanto, se pergunta como estará
o avanço no desenvolvimento da cidadania, em uma sociedade que
apresenta um nível elevado de analfabetos funcionais acompanhado por
outro tipo de analfabetismo voltado ao domínio das tecnologias fazendo com
o indivíduo esteja excluído ou sujeito à programas de capacitação na área
da informática que pouco acrescenta a sua qualificação profissional, como é
mostrado por Takahashi (2000, p. 38):

“De maneira geral, contudo, para adquirir conhecimento básico em


informática, os interessados precisam recorrer a cursos pagos
com resultados nem sempre satisfatório. Há cursos de toda

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espécie, e não é despropositado dizer que, no geral, a qualidade é


discutível. E também não há, no Brasil, qualquer teste de
avaliação e de certificação de conhecimento em informática que
permita ao interessado avaliar e comprovar suas habilidades e que
aumente suas oportunidades no mercado de trabalho”.

É necessário destacar a função social do bibliotecário diante do


cenário tecnológico em que se encontram seus usuários inseridos tanto
aquele que se encontra inserido ou não, no exercício de cidadania como
profissional e também como cidadão participando de atividades de inclusões
social e digital, com a expectativa de se alcançar a tão esperada
democratização da informação (seja na disseminação como também na
preocupação de se tornar acessível). Propósito mencionado por Almeida
Júnior (2004, p. 85) tendo para Biblioteconomia o fator da mediação como
diretriz, como norte, como objeto de transformação na sua ação social não
ideal, mas real.

7 Considerações finais

No primeiro momento, não foi objetivo desse artigo menosprezar o


significado da palavra “biblioteca” e muito pouco o termo designa o
profissional em que nela atua, mas sim, em fazer uma abordagem de como
a instituição e o seu responsável ganha destaque na grande produção
informacional gerada pelas novas tecnologias no mercado da comunicação e
informação. Em nenhum momento entra no mérito da discussão na mudança
de nomenclaturas de cargo e departamento, assunto este bastante debate
pelos profissionais, mas buscar enfatizar sobre as mudanças referentes às
novas oportunidades empregatícias em organizações não convencionais e
para um público cada vez mais seleto.
Assim como em muitas empresas utilizam o tempo de permanência
no mercado com objetivo de transferir aos seus produtos e serviços mais
confiabilidade, o mesmo pode ser feito com a palavra biblioteca em um
determinado site dando maior visibilidade em dispor ao seu usuário
denominado de virtual suas atividades informativas que facilite a navegação
do seu internauta. Tendo à disposição como uma ferramenta principal as
redes sociais para divulgação e o meio proporcione uma maior interatividade
como seu público na permuta de informações.
Onde essas mídias sociais como sendo meio de comunicação em
massa oferece uma valiosa fonte de informação a respeito da preferência,
hábitos e até mesmo criticas aos serviços oferecidos por uma organização,
tornando um método mais proveitoso em detectar de maneira mais rápida
comparada com serviços de atendimento ao consumidor (SAC) adotado por
muitas empresas.
Às vezes se faz necessário recorrer ao passado com motivo de tornar
em evidência sua importância, pelo contrário, sendo a forma de não cometer
os mesmos erros profissionais e pessoais que de algum modo contribuíram
(ou que ainda contribui) para o bibliotecário possuir um perfil mais
desfavorável comparado a outros profissionais da informação. A medida que

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possa ser extraída lições para o melhor desempenho


profissional para possa ver nas inovações tecnológicas oportunidades para
por em prática suas habilidades e competências, por meio de experiências
vividas pelas constantes mudanças no ambiente de trabalho e do próprio
usuário perante as novidades tecnológicas.

Referências

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APB, 1999. (Ensaios APB, 67).

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em biblioteconomia e ciência da informação. Ciência da informação, Brasília,
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ferramentas e técnicas que criam valor para a empresa. Porto Alegre:
Bookman, 2002.

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

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25 a 30 de julho de 2011 – Manaus/AM

137
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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
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25 a 30 de julho de 2011 – Manaus/AM

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

O BIBLIOTECÁRIO CONSULTOR: perfil profissional 1

ENILA, Nobre Nascimento Calandrini Fernandes*


ERIK, André de Nazaré Pires**

Resumo:
Mostra a aplicação dos serviços prestados no ramo da consultoria voltado
para a Biblioteconomia como um espaço de atuação para o bibliotecário. O
estudo tem por objetivo apresentar como a consultoria voltada para o
segmento informacional torna-se importante para o desenvolvimento do
profissional da informação com mais qualificação, o que acaba por exigir
mais capacitação para o mercado trabalho. Traz como problematização a
ideia de carência dos bibliotecários com vontade de trabalhar como
consultor. Nessa perspectiva, a metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica, pautada em conceitos de estudiosos sobre a temática em foco.
Evidencia como resultado a necessidade de desenvolvimento de
competências e habilidades multidisciplinares. Tais fatores precisam ser
dinamizados e aplicados na geração de serviços de consultoria
informacional com alto nível de eficiência, a fim de atender a demanda
existente na sociedade contemporânea na qual os bibliotecários estão
inseridos.

Palavras-chave: Profissional da Informação ; Biblioteconomia ; Consultoria.

1 Introdução

As tecnologias informacionais hoje existentes geram acessibilidade


informacional a qualquer pessoa que a busque. A informação principalmente
as oriunda da internet passaram a ser um bem de fácil disseminação e
acesso, com base nesse preceito, o bibliotecário entra no mercado como
mediador da informação, cujo objetivo do mesmo é de agregar valor a ela.
Segundo Cunha (2000, p. 1) “o bibliotecário é classificado como profissional
da informação”.
Na atual sociedade em que o bibliotecário atua e em qualquer campo,
a informação tem uma importância fundamental no desenvolvimento
cientifico e pessoal deste e fica evidente, com isso a necessidade de um
melhor preparo na qualificação profissional e intensa atualização, pois, para
ficar com um nicho de mercado bastante promissor ele deve se esforçar e
procurar sempre qualificação. Segundo Nogueira (2009, p. 6):
1
Comunicação oral apresentado ao GT2 - Perspectivas da Atuação do Profissional da
Informação.
*Universidade Federal do Pará. Graduada em Biblioteconomia. Estudante de Especialização
em Arquivologia. enilanobre@yahoo.com.br
**Universidade Federal do Pará. Graduando em Biblioteconomia. Estagiário da Biblioteca da
Procuradoria da República do Ministério Público Federal. eriknazare@hotmail.com.

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XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Na Sociedade do Conhecimento e das Novas Tecnologias da


Comunicação (TIC's) é fundamental que as pessoas sejam
multifacetadas para ter iniciativa de agir, pensar por conta própria,
ser criativo, ser líder e ter visão de futuro para inovar o ocupar seu
espaço no mercado.

O papel do bibliotecário perante essas tecnologias informacionais


apresentadas no mercado de trabalho é de suma importância para o
desenvolvimento e aperfeiçoamento da profissão, pois, as várias mudanças
sociais, tecnológicas e econômicas que estão se ampliando, “atualmente,
esse profissional deve estar sempre atualizado, tendo uma visão
multidisciplinar, o mercado necessita de bibliotecários multidisciplinares e
que gerem serviços de excelência” (MILANO; DAVOK, 2009, p. 253).
Para que a atuação do profissional fique mais evidente perante a
sociedade, surge novas possibilidades de atuação no mercado de trabalho,
e será abordado neste trabalho a aplicação da consultoria voltada para a
biblioteconomia, no qual esse segmento possui uma grande abrangência de
obtenção de informação e conhecimento com uma gama maior de
possibilidades de ascensão profissional.
Segundo o Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE/CE) (1996, p. 11) “[...] o consultor trabalha nesse segmento com a
abstração do conhecimento, com o intelecto, com a capacidade de análise
consciente do conjunto, indispensáveis ao desfecho da apreciação técnica”.
A busca de informações para satisfazer as necessidades de usuários,
faz-se constante e proficiente, sobretudo atuando na área de consultoria que
requer um domínio pleno das fontes de informações disponíveis e que sejam
confiáveis e disponibilizada oportunamente.
Traz como problematização a ideia de carência dos bibliotecários com
vontade de trabalhar como consultor e consequentemente sem o feeling
para ser um profissional empreendedor.
Objetiva apresentar como a consultoria voltada para o segmento
biblioteconômico torna-se importante para um desenvolvimento profissional
com plena qualificação e competência do bibliotecário, que assim poderá
atuar mais capacitado no mercado de trabalho.

2 Materiais e Métodos

Os materiais utilizados para a elaboração do artigo foram livros,


artigos de periódicos cientificos de Biblioteconomia, teses e dissertações no
formato online e sites com informações referentes a temática abordada.
Nessa perspectiva a metodologia adotada na elaboração do trabalho
resulta de uma pesquisa bibliográfica na qual foram utilizados como
subsídios teóricos os autores Le Coadic (1996), Baptista (2000), Baptista e
Muller (2005), Milano e Davok (2009) dentre outros pensadores que
abordam a temática da pesquisa.

140
XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

3 Consultoria aplicada na Biblioteconomia

Nas diferentes atribuições de um bibliotecário, uma delas está no


segmento de consultoria, pois, segundo Resolução nº 042/2002 do Conselho
Federal de Biblioteconomia (CFB) (2002) “quando consultor, é
responsabilidade do Bibliotecário apresentar métodos e técnicas compatíveis
com o trabalho oferecido, objetivando o controle da qualidade e a excelência
de prestação de serviços durante a após a execução dos trabalhos”. Esses
são os preceitos do Código de Ética do Bibliotecário.
A sociedade vigente requer profissionais dotados de novas
habilidades para atuarem no mercado de trabalho, principalmente tratando-
se no segmento digital, tendo em vista que “a economia mundial passa por
profundas transformações que estão provocando muitos questionamentos
sobre o futuro dos empregos tradicionais, das novas formas de trabalho e
dos profissionais” (PEREIRA; OLIVEIRA, 2004, p. 109).
Para Santos (2001, p. 44) essas novas habilidades consistem em:

a) saber contextualizar as demandas;


b) evidenciar as necessidades;
c) especificar as necessidades;
d) operacionalizar os conteúdos informacionais;
e) realizar análises de conteúdos;
f) utilizar as Tecnologias da Informação.

Nessas perspectivas de atuação profissional e as habilidades


necessárias para um maior provimento de atividades informacionais Kielgast
e Hubbard (1997 apud BAPTISTA, 2000, p. 93) dão ênfase às seguintes
tarefas:

a) identificação, seleção e listagem de bases de dados


confiáveis sobre determinada área do conhecimento;
b) elaboração de uma síntese, reunindo informações
pertinentes sobre determinada área do conhecimento, elaborando
resumos e padronizando (formato) essas informações;
c) análise e confecção de relatórios (pareceres) sobre essas
informações fornecendo um julgamento de relevância;
d) entrega dessas informações para o cliente tomar decisões.

Essas atividades fazem-se de suma importância para um alto grau de


confiabilidade por parte dos usuários/clientes que estão procurando serviços
informacionais com qualidade. Nessas perspectivas surge a atuação na
consultoria que é “um processo de aprendizagem mútua de consultor e
cliente, com base num ciclo constante de pesquisa e ação, isto é, ensaio,
erro e acerto” (GONÇALVES, 1991, p. 91). Em um outro conceito de
consultoria têm-se.

141
XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

[...] o fornecimento de determinada prestação de serviço, em geral


por profissional qualificado e conhecedor do tema. O serviço de
consultoria oferecido ao cliente acontece por meio de diagnósticos
e processos e tem o propósito de levantar as necessidades do
cliente, identificar soluções e recomendar ações. De posse dessas
informações, o consultor desenvolve, implanta e viabiliza o projeto
de acordo com a necessidade específica de cada cliente
(UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, 1998, p. 2).

Conforme Orlickas (2002, p. 25) consultoria “é o fornecimento de


determinada prestação de serviço, em geral por um profissional muito
qualificado e conhecedor do tema, provido de remuneração por hora ou
projeto, para um determinado cliente”, ou seja, fornecer qualidade na
prestação de serviços com o máximo de proficiência. O Instituto Brasileiro
dos Consultores de Organização (IBCO) (2010) define consultoria como:

O processo interativo entre um agente de mudanças (externo


e/ou interno) e seu cliente, que assume a responsabilidade de
auxiliar os executivos e colaboradores do respectivo cliente nas
tomadas de decisão, não tendo, entretanto, o controle direto da
situação que deseja ser mudada pelo mesmo.

Essas definições mostram o quanto esse segmento tem para agregar


valor na atuação profissional do bibliotecário de forma consistente e gerando
um alto grau de proficiência no decorrer da atuação profissional.
O profissional da informação precisa estar em bastante atualização e
conhecimento profundo nesse campo de atuação que é muito promissor e
com vastas áreas a serem trabalhadas com o objetivo de atender os
usuários de forma qualificada e com qualidade na prestação de serviços. “A
atividade de consultoria é uma atividade que tem como objetivo básico
responder ou atender às necessidades das empresas ou de pessoas físicas,
quando assim solicitada, por meio de aconselhamento ou proposição”
(MILANO; DAVOK, 2009, p. 254).
A criação de serviços voltados para a imensa demanda de usuários
(hoje muito exigentes) fica bastante evidente com a imensa oferta de
informações disponíveis na internet, e os bibliotecários neste contexto
devem estar atentos as necessidades destes usuários no que diz respeito a
intenso e eficaz direcionamento correto da informação desejada.
O produto ou serviço que um consultor oferece no mercado deverá
contemplar três componentes que de acordo com Oliveira (2007, p. 22) são
essencias para uma gestão com um alto grau de competência:

a) a especialidade que está oferecida, tais como planejamento


estratégico, estrutura organizacional, reengenharia, sistema de
informações gerenciais, engenharia simultânea, pesquisa de
mercado, etc.;
b) a competência e o nível de conhecimento do consultor no
assunto considerado;
c) a amplitude e estilo de atuação do consultor, tendo em vista
a melhor interação com a realidade da empresa-cliente.

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XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Le Coadic (1996, p. 108), evidencia bem um grupo profissional de alto


nível que pode atuar com consultoria de informação que são:
Empresários da informação - este grupo é constituído por
profissionais da informação que criam empresas de fabricação e
venda de produtos ou serviços de informação, o produto da
informação pode ser um banco de informações especializadas, um
programa de computador, publicações, índices, catálogos, etc.

Nessa perspectiva de trabalhar na liderança de empresas aonde


prestam os mais diversos tipos de consultoria voltados para a área da
biblioteconomia, tem-se uma abordagem da consultoria empresarial que
segundo Oliveira (2007. p. 4):
È um processo interativo de um agente de mudanças externo à
empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os
executivos e profissionais da referida empresa nas tomadas de
decisões, não tendo, entretanto, o controle direto da situação.

O bibliotecário pode se engajar nessa segmentação da consultoria


com um grande leque de abertura de negócios promissores tanto do ponto
de vista econômico, quanto profissional haja visto, que a consultoria oferece
vantagens de ascensão profissional e possibilidades de estar sempre na
vanguarda do conhecimento pois:

[...] Nosso tempo tem que ser aplicada em pesquisa sobre novas
tecnologias da área de Ciência da Informação, acompanhamento
da mídia sobre assuntos relacionados à implantação dessas
tecnologias e as tendências dos seus consumidores e a pesquisa
através de troca de ideias com outras pessoas (SILVA, 2005, p.
146).
Partindo da premissa, um profissional da informação precisa estar
atualizado em um mundo globalizado no qual vivemos, a consultoria abrange
várias formas para serem trabalhadas e uma delas é a consultoria
informatológica (knowledge counseling) “é um serviço que tem por objetivo
auxiliar usuários no processo de busca em fontes de informação essências
para suas atividades” (MAURA, 1993, p. 243). Esse tipo de trabalho está
muito ligado ao serviço de referência, mais que pode ser minuciosamente
aperfeiçoado para transforma-se em um serviço de consultoria com
qualidade.
Partindo nessa linha como consultor informacional, o bibliotecário
poderá atuar em quaisquer trabalhos desenvolvidos de forma tecnológica
ligado à sua formação acadêmica e cientifica (DAVOK; MILANO, 2009).
Esse crescimento da demanda informacional fica bem evidenciado
com a possibilidade de modos de recuperação da informação, pois, segundo
Maura (1993, p. 242):

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XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

O crescimento crescente da demanda por informações vem


motivando o surgimento de uma quantidade extraordinária de
repertórios informacionais, como também propiciando o
desenvolvimento de uma diversidade de tecnologias para facilitar
o tratamento da informação.

No Brasil existem empresas que atuam bibliotecários em serviços de


consultoria e acessorias, que estão estabelecidas no mercado nacional, com
os mais diversos serviços prestados aos usuários na área de
Biblioteconomia, com vistas a uma melhor visualização do mercado de
trabalho no segmento da consultoria, dentre as empresas pesquisadas,
estão oito que fazem parte das regiões Nordeste, Sul e Sudeste com os
seus respectivos endereços eletrônicos conforme está disposta no quadro 1.

Quadro 1: Algumas empresas com serviço de consultoria


EMPRESA ENDEREÇO ELETRÔNICO CIDADES
ACESSO – Acessoria http://www.acessonett.com.br
Documental Fortaleza
Biblion Consultoria http://www.biblionconsultoria.com.br São Paulo
CINFOR – Consultoria em
Informação http://www.cinfor.com.br Rio de Janeiro
CGI – Jr. – Consultoria
Júnior para gerência da http://www.eb.ufmg.br/egijr Belo Horizonte
informação
CONTROL – Informação e
http://www.control.com.br Porto Alegre
Documentação
DOCUMENTAR http://www.documentar.com.br Belo Horizonte
GELD – Consultoria
Informacional http://www.geldconsultoria.com.br Santa Catarina
Thesis - Organização e
Metodologia http://www.thesis.com.br São Paulo
Fonte: Milano e Davok (2009, p. 255-256)

Os sites acessados em julho de 2010 foram consultados e mostraram


como o mercado de consultoria informacional é bastante abrangente para o
profissional bibliotecário. Os serviços prestados por elas foram classificados
em categorias, que são as seguintes: disponibilizar informações em qualquer
suporte, gerenciar unidades, redes e sistemas de informação, tratar
tecnicamente recursos informacionais, desenvolver recursos informacionais,
disseminar informação, desenvolver estudos e pesquisas, realizar difusão
cultural e desenvolver ações voltadas para a prática biblioteconômica
(BRASIL, 2002).
Essas atividades estão ligadas diretamente a Biblioteconomia
mostrando assim que a profissão possui um leque imenso de atividades que
podem ser desenvolvidas com um alto de grau de qualidade e com o auxílio
das tecnologias da informação e comunicação. Para um adentramento com
mais qualidade nesse segmento, hoje, “o profissional da informação, é
aquele que está apto a enfrentar desafios, que tem dinamismo e ocupa a

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XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

função de consultor no tratamento da informação, tomando, desta forma,


conta do mercado de trabalho atualmente” (CRISPIM; JAGIELSKI, 2001, p.
148).
O mercado no ramo da consultoria exige algumas características
podendo ser explorados pelo profissional da informação com o objetivo de
atender as necessidades e exigências no qual o mercado de trabalho impõe,
existem três habilidades essenciais a serem praticadas para uma obtenção
de melhoramento nos serviços prestados no qual são as seguintes:
habilidades interpessoais, habilidades técnicas e habilidades de consultoria
(CASE T.; CASE S.; FRANCIATTO, 1997; PETER, 1991). Todas essas
qualidades são de suma importância para encarar a realidade do mercado
de trabalho.
Para que o bibliotecário possa exercer a consultoria de uma maneira
proficiente e com sucesso:
Deve primeiramente (é uma sugestão não uma regra) efetivar
depois do curso de graduação um curso de pós-graduação (lato e
stricto sensu), ter uma extensa lista de publicações (artigos, livros,
etc...), realizar palestras e conferências, ou seja, ele deverá expor
suas idéias, investir na vida profissional. (FERNANDES, 2010, p.
30).

No atual mercado de trabalho, existem vários tipos de consultoria, e


alguns podem ser aplicadas nos serviços prestados aos usuários, e algumas
desses modelos estão dispostas no quadro 2 a seguir:

Quadro 2: Alguns modelos de consultorias aplicáveis na Biblioteconomia com suas respectivas definições
TIPOS DE CONSULTORIA DEFINIÇÃO
Atividade que visa a investigação, identificação,
estudo e solução de problemas atinentes a
ORGANIZACIONAL estrutura, ao funcionamento e a administração de
empresas e entidades privadas ou estatais.

Profissional qualificado que atua em determinado


AUTÔNOMA projeto de forma independente, não vinculado a
uma estrutura organizacional.

Parceiros de empresas dd consultoria empresarial,


ASSOCIADA solicitados para realizar determinados projetos.
Profissional não integrante da empresa a qual
EXTERNA
presta serviços.
Profissional que se dedica a oferecer
EXCLUSIVA aconselhamento e a conduzir projetos especiais de
consultoria a determinada pessoa.
Funcionário da empresa que em geral,
INTERNA desempenha atividades técnicas. É um facilitador,
elabora diagnóstico, busca soluções para os
problemas, sugere e opina.
Fonte: Universidade Estadual Paulista, (1998, p. 4-5)

145
XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Esses são tipos de consultorias que podem ser aplicados à prática


biblioteconômica, pois, o campo de atuação profissional necessita do
desenvolvimento dessas habilidades para uma prestação de serviços com
qualidade aos usuários.
A aplicação consiste: na consultoria organizacional o bibliotecário
pode prestar serviços na área de documentação, solucionando problemas no
funcionamento de um arquivo, por exemplo; no modelo autônomo ele pode
atuar de forma independente, prestando serviços a instituições ou pessoas
na organização de um acervo fotográfico, por exemplo; na forma associada
ele poderá com outro profissional abrir uma empresa que por meio de
projeto poderá implantar, por exemplo, um sistema de gerenciamento de
processos workflow2, na externa ele pode prestar serviço a instituições ou
empresas no qual não possui exatamente um vínculo empregatício; dentro
da exclusiva ele pode trabalhar com pessoas organizando, por exemplo, seu
acervo pessoal histórico e; na interna ele pode dentro de sua empresa ou
instituição, buscar, por exemplo, soluções para uma melhor gestão
documental.

4 O profissional da informação como consultor e empreendedor

No atual mercado de trabalho faz-se necessário um melhor


desenvolvimento profissional e uma tendência para expor a criatividade,
conhecimento e atitude, características estas essenciais para estabilidade
financeira e profissional. Para isso os bibliotecários devem buscar
atualização e melhor aperfeiçoamento de suas habilidades com o intuito de
crescimento profissional de forma inovadora e capaz de atender o atual
modelo da sociedade da informação.
O empreendedorismo encontra-se nesse atual contexto de mercado
de trabalho, pois, nessa área há uma ampla gama de serviços
informacionais voltados para os mais diversos tipos de usuários. “[...] O
empreendedorismo não é ainda uma visão muito difundida no Brasil e na
área da Biblioteconomia, que tradicionalmente não tem fins lucrativos, está
sofrendo várias transformações [...]” (HONESKO, [20-]). E cabe aos
discentes e profissionais exercerem suas habilidades para geração de
negócios com mais atitude e mudar esse paradigma, pois, de acordo com
Dornelas (2001, p. 37) “o empreendedor é aquele que detecta uma
oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos
calculados”, agindo de forma ativa e eficiente na busca de uma negócio
promissor.
Seguindo nessa perspectiva de empreendedorismo Schumpeter
(1975 apud DORNELAS, 2001, p. 37), analisa que o “empreendedor é
aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos
produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela
exploração de novos recursos e materiais”. Partindo dessa premissa a

2
Tecnologia para administrar processos baseada em conceitos de papéis, regras e rotas
que permitem automatização de qualquer processo de negócio.

146
XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

necessidade do espírito de empreendedor faz-se no atual contexto social-


econômico no qual estamos inseridos, uma enorme possibilidade de criar
negócios promissores e ofertar serviços informacionais com confiabilidade e
com alto nível de eficácia.
Na visão de Dalpian, Fragoso e Rozados (2007, p. 100)

O empreendedorismo pode ser definido como a geração de


riquezas em diferentes níveis, inovando e transformando
conhecimento em produtos ou serviços em diferentes áreas,
catalisando, dando ênfase e aplicação e prática a algo que
já existe.

Pode-se atuar em diversos campos voltados para a Biblioteconomia,


no qual vai, além de bibliotecas, o que torna uma profissão com um mercado
de trabalho bastante promissor.
Com a modernidade presente de forma consistente no contexto da
sociedade contemporânea em que vivemos, surge o Moderno Profissional
da Informação (MPI) que exerce um papel de “[...] consultor de informações
que deve possuir habilidades interpessoais, gerenciais, técnicas, sociais,
educacionais e consciência para exercer sua profissão com eficiência e
eficácia [...]” (NOGUEIRA, 2009, p. 11).
O conhecimento nos mais diversos serviços do qual a Biblioteconomia
pode ofertar, faz com que o profissional da informação fique atento as
novidades que o mercado de trabalho propõe para a obtenção de uma
melhor qualificação profissional, haja vista que:
As mudanças provocadas pelas novas tecnologias mexeram na
forma tradicional de prestação de serviços de informação,
possibilitando a oferta de serviços diretamente aos interessados,
sem o envolvimento da instituição biblioteca, fortalecendo a
entrada no mercado de profissionais da informação com diversas
formações, e muitas vezes trabalhando como autônomo
(BAPTISTA; MUELLER, 2005, p. 37).

Para um amplo desenvolvimento por parte do profissional da


informação é preciso que o mesmo “[...] adote uma postura empreendedora
– ter coragem e iniciar transformações” (TAVARES, 2008, p. 24). Assim com
essa atitude tomada na qual em um primeiro momento por parte do discente
que adentra e gera expectativa de ter essa iniciativa empresarial para
montar seu próprio negócio informacional.
Dado o exposto para identificar a acessibilidade e facilidade da
implementação de uma empresa de consultoria informacional, torna-se
necessário primeiramente analisar a real necessidade para o usuário e o
valor que o mercado de trabalho possa investir nos serviços de consultoria
que possam ser ofertados:

[...] Um plano de Negócio pode ser entendido, então como um


conjunto de respostas que define os serviços que serão
oferecidos, o formato de empresa de consultoria mais adequado, o

147
XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

modelo de operação da empresa que viabilize a disponibilização


destes serviços e o conhecimento, as habilidades e atitudes que
os responsáveis pela empresa deverão a possuir e desenvolver
(SEBRAE/SP, 2005, p. 11).

Além da elaboração de um plano de negócios bem detalhado, é


necessário fazer uma minuciosa pesquisa de mercado na respectiva região
aonde se pretende atuar com a empresa, identificando possíveis usuários e
concorrentes nesse segmento para depois inserir dentro dos aspectos
jurídicos a iniciação de uma empresa de consultoria informacional que possa
suprir as necessidades do mercado de trabalho.
O bibliotecário atuando no ramo de consultoria informacional tem as
funções oriundas que o curso propõe durante os anos cursados na
universidade que tratam do tecnicismo do qual a graduação propõe para
seus discentes. Além disso, precisa difundir a sua importância em todos os
tipos de organizações, como em instituições de ensino e pesquisa e
empresas públicas e privadas. Cabe ao profissional da informação mostrar
que o seu trabalho é de suma importância para o desenvolvimento da
sociedade da informação.
Os profissionais que lidam com informação, também, podem atuar
com o intra-empreendedorismo (intrapreneuring), que “é um sistema
revolucionário para acelerar as inovações dentro de grandes empresas,
através do melhor uso das potencialidades existentes no empreendedorismo
[...]” (SILVA; ANDRADE; AYRES, 2010, p. 4).
Na visão de David (2004, apud CONTI; PINTO; DAVOK, 2009, p. 33),
os intraempreendedores:
[...] anseiam por liberdade dentro da organização, são orientados
para metas, comprometidos e automotivados, mas também
reagem às recompensas e ao reconhecimento da empresa. São
indivíduos que “põem a mão na massa” e fazem o que deve ser
feito. Gostam de riscos moderados, não tendem ser demitidos e
por isso vêem pouco risco pessoal. E, principalmente, fogem do
estado estável, detestam as rotinas, pois são criativos e
inovadores.
O conceito de intraempreendedorismo já permeia por duas décadas,
mas as empresas não arriscavam em dar oportunidades para os
profissionais mostrarem suas habilidades, conhecimentos, mas hoje essa
prática é bastante utilizada e valorizada nas organizações.
Para um bom recebimento do serviço de consultoria por parte do
cliente, alguns critérios existentes são importantes, como mostrado no
quadro 3 abaixo, pois determinam a qualidade do mesmo.

Quadro 3: Critérios exigidos para uma aplicação proficiente da consultoria


Critérios Conceito
Conhecimento e habilidades para
Competência realizar o serviço
Velocidade Tempo de espera, ou percebido.
Velocidade efetiva na realização dos

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trabalhos
Consistência Ausência de variabilidade nos processos
implementados
Empatia Atendimento personalizado e cortesia de
atuação
Capacidade de mudança e adaptação
Flexibilidade
“Jogo de cintura”
Tempo em que o serviço continuará útil
Durabilidade
para o cliente
Funcionalidade Resolução adequada do problema
identificado
Capacidade de oferecer e realizar o
Confiabilidade serviço pretendido com garantia,
segurança e exatidão
Facilidade de contato, negociação e
Acesso
realização dor serviços
Fornecer serviços com ótima relação
Custo
custo x benefício
Fonte: Oliveira (2001 apud FERNANDES, 2010, p. 29)

Os critérios expostos compõem uma série fatores importantes para a


constituição do serviço de consultoria ser de qualidade e com alto grau de
proficiência por parte do bibliotecário consultor, ter respaldo na atuação profissional
nesse segmento com aplicação de serviços com índice de now how (saber como)
para seus usuários/clientes.

5 Resultados e Discussão

A pesquisa traz como resultado a necessidade de desenvolvimento


de competências e habilidades multidisciplinares. Pois, consequentemente
tais fatores precisam ser dinamizados e aplicados na geração de serviços de
consultoria informacional com alto nível de eficiência, a fim de atender a
demanda existente na sociedade contemporânea na qual os bibliotecários
estão inseridos.

6 Conclusões

Diante do que foi mostrado no trabalho, percebe-se que a consultoria


ligada a Biblioteconomia oferece um mercado promissor e tem tendência de
crescimento abrangente, pois, há possibilidades de uma gama imensa de
serviços que pode ser ofertados aos mais diversos tipos de usuários.
O profissional da informação que está englobado na sociedade
contemporânea faz-se necessidade de uma atuação mais concisa para um
engajamento de maneira mais consistente no mercado de trabalho, ou seja,
a atuação deve ser com: conhecimento, habilidade, atitude, otimismo,
decisivo e sem medo de arriscar na elaboração de um bom negócio para as
unidades de informação existentes no atual contexto informacional.
Tendo em vista que um bom serviço de consultoria evita o aumento
de lacunas existentes nos serviços prestados pelos bibliotecários, pois,

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XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

quando os usuários/clientes buscam um serviço de um consultor estão


necessitando de auxílio na resolução de problemas do mais variados tipos.
Sendo assim, o consultor que atua no ramo de serviços informacionais é de
suma importância para o crescimento de qualquer unidade de informação do
qual o mesmo presta seus serviços, acarreta a tarefa de execução de
funções especificas por um determinado tempo, evitando custos fixos para
as contratantes do serviços de consultoria.
O profissional da informação que atua como consultor no ramo da
informação deve ter consciência que está incluído nas suas
responsabilidades, está a busca de informações confiáveis e disponibilizá-
las de forma oportuna para o seu usuário/cliente fazer o uso devido da
informação disposta.
O mercado atual exige um profissional multidisciplinar, com uma
grande variedade de proficiências, gerenciando serviços de informação,
como suporte tecnológico analisados e disseminados de forma eficaz e
competente de maneira efetiva para a sociedade da informação no qual
estamos inseridos.

7 Agradecimentos

Agradecemos a todos que direta ou indiretamente contribuíram de


forma fundamental para a elaboração desse trabalho acadêmico.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

O PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO NA IMPLEMENTAÇÃO DE


REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS 1
Eliane Apolinário Vieira*
Talita Caroline Botelho Aleones da Silva**

Resumo
Este artigo apresenta os resultados de um estudo de caso que visou analisar
o papel do bibliotecário na implementação do repositório institucional (RI) na
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC-MG). A
implementação do RI no CETEC-MG tornou-se necessária para organizar de
uma forma sistemática e eficaz a produção científica da instituição. Nesse
sentido, é preciso que o bibliotecário se adéqüe às novas ferramentas
informacionais que estão surgindo e utilize a tecnologia como uma grande
aliada. Para tal, muitas disciplinas referentes à tecnologia da informação
poderiam ser inseridas na grade curricular do curso de biblioteconomia no
Brasil, pois dessa forma, o bibliotecário seria mais autônomo para lidar com
o software e conseqüentemente grande parte do seu trabalho seria
otimizada. Por fim, é importante que o bibliotecário estimule a criação e
implementação de repositórios institucionais, e participe do movimento de
acesso aberto à informação.

Palavras-Chave: Bibliotecário; DSPACE; CETEC-MG

Introdução

De acordo com Mirault (2001), pode-se dizer que, antigamente, o


homem tinha um único lugar para guardar todo o conhecimento, ou seja, ele
poderia armazenar todo conhecimento, de todos os lugares em um só lugar:
na Biblioteca. Todavia, com o passar dos anos, o aumento do número de
informações e o número cada vez maior de documentos informacionais,
deixaram em evidência que não haveria mais condição de se armazenar
todas as informações em apenas um lugar.

1
Comunicação oral apresentada ao GT 2 – O papel do bibliotecário na implementação de
repositórios institucionais.
*Discente Biblioteconomia – Universidade Federal de Minas Gerais
** Discente Biblioteconomia – Universidade Federal de Minas Gerais

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Assim, surgiu a necessidade de se classificar, catalogar, indexar,


guardar e recuperar todo o conhecimento que estava sendo gerado para sua
posterior consulta. Com o advento das novas tecnologias da informação e da
comunicação (TICs), novas ferramentas surgiram e vários paradigmas estão
em processo de mudança, uma vez que estas tecnologias facilitam o acesso
à informação em meio digital por meio da Internet.
No que tange à informação científica, segundo Nunes (2010), esta
pode ser considerada a base de todo desenvolvimento científico e
tecnológico de uma nação. Todavia, conforme o referido autor, atualmente,
encontram-se dificuldades em relação ao acesso e à disseminação dessas
informações.
Nesse sentido, surgiram os Repositórios Institucionais (RI). Esses
podem ser definidos como ferramentas capazes de disseminar a informação
técnico-científica, assim como, permitir o armazenamento, a recuperação e a
disseminação de documentos acadêmicos, administrativos e científicos de
uma instituição de forma integrada (RODRIGUES et al, 2004).
A disponibilidade dos documentos a qualquer pessoa, assim como, a
preservação digital desses documentos é uma preocupação no mundo
contemporâneo. Conforme Sousa, Cruz e Braga (2008), isso pode ser
comprovado em organizações como universidades, centros de pesquisa,
institutos, bibliotecas, dentre outros, que já dispõem de seus próprios
repositórios digitais, revelando-se uma tendência mundial no meio cientifico,
com movimentos em favor do acesso livre à informação.
Ainda segundo os mesmos autores, a facilidade de acesso às
informações geradas institucionalmente, é um diferencial competitivo das
organizações no mundo globalizado. O gerenciamento das informações, no
entanto, deve ser de forma integrado e relacionado, visto que a gestão do
conhecimento é um processo executado de forma articulada com o objetivo
de apoiar a geração, a codificação, a disseminação e a apropriação do
conhecimento, com o objetivo de atingir a excelência organizacional e
institucional.
Este artigo está segregado em cinco seções (contando com esta
introdução). Na seção 2 e 3, destaca-se uma breve revisão da literatura
sobre acesso livre ao conhecimento e sobre o papel do bibliotecário na
implementação de repositórios institucionais, respectivamente. Em seguida,
na seção 4, ressalta-se o caso da Fundação Centro Tecnológico de Minas
Gerais (CETEC-MG). Por fim, na seção 5, as considerações finais são
destacadas, seguidas das referências bibliográficas.

2 Acesso livre ao conhecimento

Segundo Mueller (2006), os periódicos eletrônicos começaram a


aparecer na década de 1990, e com eles, outras iniciativas que também
utilizavam o meio eletrônico. Muitas dessas iniciativas deram origem a novas
formas de publicação eletrônica e acesso à pesquisa, inclusive os de acesso
aberto. Nesse sentido,

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O acesso aberto nesse contexto significa a disponibilização


livre pública na Internet, de forma a permitir a qualquer
usuário a leitura, download, cópia, distribuição, impressão,
busca ou criação de links para os textos completos dos
artigos, bem como capturá-los para indexação ou utilizá-los
para qualquer outro propósito legal. O pressuposto de apoio
ao acesso aberto requer que não haja barreiras financeiras,
legais ou técnicas, além daquelas próprias do acesso à
Internet. A única restrição à reprodução e distribuição e a
única função do copyright neste contexto devem ser o
controle dos autores sobre a integridade de sua obra e o
direito de serem adequadamente reconhecidos e citados
(BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE, 2001 apud Leite
2009, p. 15).

Björk (2005 apud Mueller 2006) classifica em quatro tipos os canais


mais importantes existentes hoje para o acesso aberto, são eles: (1)
periódicos científicos eletrônicos com avaliação prévia pelos pares; (2)
servidores de e-prints para áreas específicas – repositórios para assuntos
específicos; (3) RIs de universidades específicas; (4) auto-arquivamento em
páginas pessoais dos autores.
Considerando os canais supracitados, talvez a maior novidade no
momento seja os repositórios institucionais, que visam reunir os documentos
produzidos em uma instituição com o intuito de organizá-los, preservá-los e,
além disso, torná-los acessíveis a todos que tiverem interesse. É importante
destacar que a principal função do repositório é aumentar a visibilidade da
instituição, permitindo e estimulando o acesso à produção intelectual do
local.
Os repositórios institucionais inserem-se nos movimentos conhecidos
por Iniciativa dos Arquivos Abertos (Open Archives Initiative – OAI) e Acesso
Livre a Informação (Open Access). Segundo Café et al (2003), a
disseminação e adoção da Iniciativa dos Arquivos Abertos, permitiu que
novas ferramentas de divulgação do conhecimento científico, como os
repositórios, fossem construídos embasados em uma filosofia empregada na
OAI.
De acordo com Crow (2002), os repositórios institucionais possuem o
potencial de servir como indicadores tangíveis da qualidade de
universidades e centros de pesquisas. Além disso, conforme o referido autor,
os repositórios institucionais são responsáveis por: (i) prover um
componente crítico para a reforma do sistema de comunicação científica; (ii)
expandir o acesso à pesquisa; (iii) reafirmar o controle sobre o saber pela
academia; e (iv) reduzir o monopólio dos periódicos científicos. Dessa forma,
pode-se demonstrar a relevância científica, social e econômica das
atividades de pesquisa das instituições, aumentando sua visibilidade, seu
status e o seu valor público. Assim, a implantação e o uso efetivo das
funcionalidades de um repositório institucional podem resultar em benefícios
que são percebidos pelos pesquisadores, comunidade científica, entre
outros.

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3 O papel do bibliotecário

De acordo com a classificação brasileira de ocupações (CBO), o


bibliotecário (profissional da informação) tem como funções: (a) disponibilizar
informações para qualquer tipo de suporte; (b) gerenciar unidades como
bibliotecas, centros de documentação, centros de informação e correlatos,
além de redes e sistemas de informação; (c) tratar tecnicamente e
desenvolver recursos informacionais; (d) disseminar informações com o
objetivo de facilitar o acesso e geração do conhecimento; (e) desenvolver
estudos e pesquisas; (f) realizar a difusão cultural; (g) desenvolver ações
educativas; e (h) prestar serviços de assessoria e consultoria (CBO,2011).
Nesse sentido, Leite (2009, p.99) afirma que “bibliotecários tornam-se
imprescindíveis mediadores entre informação científica e seus leitores,
atendendo as expectativas de quem a produz e de que a utiliza”. Ainda
segundo o mesmo autor, em vários países a criação de RIs tem sido uma
iniciativa que surge nas bibliotecas das instituições de ensino e pesquisa.
Isso ocorre porque os processos envolvidos nas rotinas de um RI possuem
natureza muito próxima e semelhante aos trabalhos desenvolvidos em
ambientes digitais por bibliotecas e bibliotecários.
Além disso, Leite (2009) apresenta algumas vantagens que o
bibliotecário possui para implementar e manter um RI, quais sejam: (i)
bibliotecários, mais do que quaisquer outros profissionais, lidam com
organização da informação; (ii) bibliotecas detêm a ‘legitimidade’ para obter
e armazenar material institucional; (iii) bibliotecários possuem expertise para
elaboração de políticas de formação, desenvolvimento e gestão de coleções;
(iv) bibliotecários necessitam reconhecer que as tecnologias proporcionam
novos modos de atuação profissional; (v) a biblioteca é a instância
organizacional mais ligada às questões da comunicação científica e da
gestão da informação científica propriamente dita; (vi) bibliotecas conhecem
suas comunidades e sabem identificar e lidar com necessidades de
informação; e (vii) bibliotecas podem centralizar o armazenamento e
preservação da informação digital.
Além disso, Marcondes e Sayão (2002, p. 45) destacam que:

Os padrões de tecnologia da informação utilizados ou derivados da


Open Archives Initiative tem um impacto potencial muito grande
sobre os sistemas de informação em C&T, afetando
substancialmente a maneira como bibliotecas e centros de
documentação desempenham suas funções tradicionais como
seleção, aquisição, registro/tratamento técnico, indexação,
classificação e disseminação.

Nesse sentido, é preciso que o bibliotecário se adéqüe às novas


ferramentas informacionais que estão surgindo e utilize a tecnologia como
uma grande aliada. Para tal, é importante que o bibliotecário estimule a
criação e implementação de repositórios institucionais, e participe do
movimento de acesso aberto à informação.

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De acordo com Rodrigues (1998):

O conjunto de saberes e competências tecnológicas exigidas aos


profissionais de informação dependerão do tipo de função que
estes irão desempenhar. Se atendermos ao que se passa em
países como os EUA e a Grã-Bretanha, parece claro que os perfis
e funções do grupo profissional a que designamos como
bibliotecários e documentalistas estão a sofrer uma grande
diversificação. De acordo com recentes anúncios de emprego nos
EUA, para além de saberes e competências e saberes
“tradicionais” (que vão desde a classificação à gestão de sistemas
automatizados de bibliotecas) são exigidos um conjunto muito
variável de competências específicas.

Rodrigues (1998) apresenta uma lista de saberes e competências


tecnológicas (Quadro 1), que segundo ele serão exigidas aos bibliotecários
da era digital. O autor ressalta que pode está correndo o risco de apresentar
uma lista pouco amadurecida e insuficientemente exaustiva.

Quadro 1: Saberes e competências tecnológicas, que serão exigidas


aos bibliotecários da era digital
Conhecimento aprofundado da Conhecimento e capacidade de
Internet, dos seus serviços e trabalho com as diversas “normas”
potencialidades. emergentes - SGML, HTML,
Z39.50, etc.
Excelência na utilização das Conhecimento dos métodos,
diversas ferramentas de pesquisa técnicas e normas de digitalização
de informação na Internet. e/ou criação de documentos
multimídia e da sua
disponibilização para o público
(interfaces, design,etc.)
Capacidade para avaliar e Conhecimentos básicos sobre o
organizar recursos eletrônicos. funcionamento e gestão de redes e
sistemas operativos.
Capacidade para criar e gerir Capacidade para usar e avaliar
conteúdos na World Wide Web software e hardware diversos.
(HTML, etc).
Conhecimentos e capacidade para
criar e assegurar o funcionamento
de serviços de ajuda e referência
“online” e materiais de formação
para utilização remota.
Fonte: Adaptado Rodrigues (1998)

Leite (2009) ressalta que os bibliotecários não são suficientes para


criar repositórios institucionais adequadamente e a atuação conjunta de

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bons bibliotecários e analistas de sistemas é imprescindível. Os


bibliotecários devem dominar processos de gestão da informação, métodos
de identificação e a avaliação de necessidades de informação da
comunidade, assim como técnicas e instrumentos de organização da
informação em ambiente eletrônico e familiaridade com recursos
tecnológicos. Já os analistas de sistemas devem dominar os requisitos
tecnológicos necessários para a instalação, configuração e customização e
suporte da ferramenta, entre outros.

4 O caso da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC-


MG)

A Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC-MG) é uma


fundação de direito público, criada em março de 1972, como um centro de
pesquisa multidisciplinar, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento
tecnológico do Estado e do País. As atividades de pesquisa e
desenvolvimento, de prestação de serviços de referência e de difusão
tecnológica executadas abrangem tanto tecnologias avançadas, que
apontam para o futuro, quanto a melhoria de tecnologias tradicionais, de
aplicação ampla e imediata, em atendimento às micro, pequenas, médias e
grandes empresas (CETEC, 2011).
O CETEC-MG tem a missão de contribuir para a evolução
tecnológica, pela apropriação de conhecimento e pelo desenvolvimento e
antecipação de soluções inovadoras, ambientalmente compatíveis, em prol
das empresas mineiras e brasileiras (CETEC, 2011).
O Setor de Informação Tecnológica (STI) do CETEC-MG é a unidade
responsável pelo tratamento, organização e disseminação da informação na
instituição. Nesse sentido, a iniciativa de implementar o repositório
institucional partiu da bibliotecária do STI, quando o Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), em parceria Fundação de
Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (FUNCATE) publicou editais
oferecendo kits tecnológicos (servidor, pré-formatado e configurado com
UNIX/LINUX, Apache, MySQL, PHP, Eprints, Dspace e SEER) em 2009.
O primeiro passo após a leitura do edital foi elaborar um projeto e
encaminhar para o IBICT. O resultado foi divulgado em aproximadamente
três meses após o envio e a partir do momento que o CETEC-MG foi
contemplado com o kit tecnológico, a bibliotecária do STI, juntamente com
um analista de sistema da mesma instituição participou de um treinamento
no IBICT.
O treinamento foi realizado na cidade do Rio de Janeiro e vários
representantes das instituições contempladas participaram. Esse
treinamento foi basicamente teórico, ou seja, o objetivo era apresentar a
função do RI através do software DSPACE e aprofundar nas questões
referentes ao acesso aberto à produção intelectual de uma instituição.

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É importante destacar que o IBCT estipulou um prazo para que todas


as instituições que inserissem 100 documentos no repositório, mas devido
às dificuldades enfrentadas em praticamente todas as instituições,
principalmente em relação à customização do sistema, esse prazo foi
prorrogado.
Após a prorrogação desse prazo o IBICT realizou um novo
treinamento focado na questão mais prática, ou seja, abordando as
dificuldades encontradas pelas instituições com suas possíveis soluções.
Durante esse treinamento, o IBICT optou por reduzir o número de
documentos inseridos no repositório para 50 documentos e estipulou uma
nova data.
Pode-se dizer que o processo de implantação do repositório no
CETEC-MG alavancou depois desse segundo treinamento. A equipe técnica
responsável pelo repositório foi formada por uma bibliotecária e duas
bolsistas de iniciação científica, em parceria com a Gerência de Tecnologia
da Informação (GTI).

FIGURA 1 – Página Inicial do Repositório Institucional


Fonte: http://repositorio.cetec.mg.gov.br:8080/repositorio/

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XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Disponibilizado na web em 15 de outubro de 2010, o Repositório


Institucional do CETEC-MG é um conjunto de serviços oferecidos pelo STI
para a gestão e disseminação da produção técnico-científica da instituição.
O software utilizado para gerenciar a produção científica dos
pesquisadores da instituição é o DSPACE que foi desenvolvido para permitir
a criação de repositórios digitais com função de captura, de distribuição e de
preservação da produção intelectual, possibilitando sua adoção por outras
instituições em forma consorciada federada. O sistema, desde o seu início,
teve a característica de ser facilmente adaptado a diferentes instituições. Os
repositórios DSPACE permitem a gestão da produção científica em qualquer
tipo de material digital, dando-lhe maior visibilidade e garantindo a sua
acessibilidade ao longo do tempo (DSPACE, 2011).
Para a organização do repositório, foram criadas comunidades e sub-
comunidades, as quais organizam os seus conteúdos em coleções (local em
que os documentos são depositados). As comunidades representam as
áreas de atuação do CETEC-MG, quais sejam: Biotecnologia; Informação
Tecnológica; Metrologias e Ensaios; Tecnologia Ambiental; Tecnologia
Metalúrgica e de Materiais; e Tecnologia Mineral.
A implantação do RI no CETEC-MG busca dar visibilidade à produção
técnico-científica da instituição, além de organizar de forma sistemática a
produção intelectual produzida pelos pesquisadores da instituição.
É importante ressaltar que para o repositório institucional manter-se
em crescimento constante é preciso que este além de ser conhecido, ser
também reconhecido por todos os setores da instituição. Para tal, é
necessário que ocorra uma divulgação intensiva, além do controle do fluxo
de documentos da instituição.

5 Considerações finais

Este artigo apresentou os resultados de um estudo de caso que visou


analisar o papel do bibliotecário na implementação do repositório
institucional (RI) na Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC-
MG).
Observou-se que a criação de um RI não é uma tarefa simples, mas a
estrutura do software DSPACE, facilitou muito o processo. O bibliotecário foi
o grande responsável pela implementação do repositório. Além de criar, é
preciso manter o RI, e esta tarefa é desafiadora, uma vez que muitos
pesquisadores não atualizam o seu currículo Lattes, principal fonte de
consulta do repositório, pois contém as informações sobre as publicações do
pesquisador.
Verificou-se que não foi muito simples adequar o software
DSPACE,para a realidade da instituição, sendo que, os treinamentos
realizados pelo IBICT, foram extremamente importantes para que o
bibliotecário e o analista de sistemas entendessem as funcionalidades do
referido software.

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Constatou-se, que atualmente, os saberes e as competências


“tradicionais” dos bibliotecários, que vão desde a classificação à gestão de
sistemas automatizados de bibliotecas, ou seja, a tecnologia da informação
está cada vez mais presente na organização, disseminação e uso da
informação.
É importante ressaltar que o bibliotecário é muito dependente do
analista de sistema para resolver qualquer problema do software, por mais
simples que seja. No caso da instituição estudada nesse artigo, o analista de
sistema é responsável por vários serviços dentro da instituição, dessa forma
não é possível uma exclusividade para resolver as questões do repositório.
Por fim, acredita-se que muitas disciplinas referentes à tecnologia da
informação poderiam ser inseridas na grade curricular do curso de
biblioteconomia no Brasil, pois dessa forma, o bibliotecário seria mais
autônomo para lidar com o software e conseqüentemente grande parte do
seu trabalho seria otimizada.

Referências

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Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de
atuação.

PERSPECTIVAS DA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA


INFORMAÇÃO: o Lúdico como Fonte de Disseminação da Informação para
portadores de Necessidades Educacionais Especiais (PNEE’S) 1

Jorge Luiz da Silva Monteiro*


Karla Rubia Fonseca Cunha**
Roseneli Araújo de Lima***

Resumo: Busca refletir sobre algumas questões acerca do profissional da


informação. E investiga o problema da necessidade de aprofundamento no
estudo dos processos de disseminação da informação no contexto do lúdico.
Argumenta a inserção de crianças e jovens com necessidades educacionais
especiais, no que diz respeito a Síndrome de Down. Utiliza na discussão dois
conceitos básicos: modernidade e a utilização do lúdico como meio para a
formação dos PNEE’s. A pesquisa consiste em um levantamento bibliográfico
de caráter exploratório e de uma abordagem qualitativa, feita através de
consultas a fontes de diferentes formatos sobre o assunto em questão,
particularmente os desenvolvidos na área de Biblioteconomia, Ciência da
Informação, Tecnologia e Arte Educação, para a atuação dos novos
profissionais da informação. O estudo do tema proposto envolveu as seguintes
etapas: identificação de fontes de informação especializada (livros, periódicos e
Internet), impressa e eletrônica, em que são discutidas as teorias a respeito do
assunto abordado; leitura, interpretação e análise do conteúdo do material
pesquisado, para identificação dos aspectos discutidos no tema. Nas
considerações finais aponta que os bibliotecários brasileiros estão transitando
de um domínio pautado no paradigma do documento e assimilando o
paradigma da informação, o que é expresso, por exemplo, na busca de
inovação em produtos e serviços fundamentados em tecnologia digital, assim
como, a sua relação com a área social. Refletindo também acerca dos
profissionais da informação educadores e arte-educadores, de que é possível
integrar cidadãos portadores de necessidades educacionais especiais
(PNEE’s).

Palavras-Chave: Profissional da Informação; Leitura lúdica; Portadores de necessidades


educacionais especiais.

1
Trabalho científico de comunicação oral apresentado ao GT2 - Perspectivas da Atuação do
Profissional da Informação.

Universidade Federal do Pará, discentes do 3º e 8º semestre de Biblioteconomia.
jorgepapao@gmail.com; karla.rfc@hotmail.com; neli0206@hotmail.com

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1 INTRODUÇÃO

O artigo tem por finalidade apresentar através do lúdico como é possível


a realização da disseminação da informação para portadores de necessidades
educacionais especiais (PNEE’s), em especial aos portadores de Síndrome de
Down.
E o estudo foi feito por meio de variados canais de comunicação e
suportes, com o intuito de analisar o estimulo perceptivo e cognitivo de crianças
e jovens, para aguçar seus interesses na busca ao conhecimento e acesso à
informação.
A proposta se dá também pela integração da disciplina Disseminação
da Informação com as Artes Visuais, visando por meio destas a inclusão
sociocultural e informacional dos mesmos.
Este método de aprendizagem tem como objetivo, fornecer
fundamentação para estudos posteriores e mostrar que é possível disseminar a
informação para todos em nível de sociedade.
Sendo assim, os autores utilizados têm como objeto de estudo, o papel
do profissional da informação, assim como os educadores e arte-educadores,
que atuam no âmbito social e na formação da cidadania. E também por
pesquisarem o acesso à informação disseminada neste contexto de
transformação e inovação, por intermédio da leitura e de atividades lúdicas.
Assim sendo a evolução do bibliotecário desde o desenvolvimento dos
suportes de informação através do papiro até as inovações tecnológicas.Teve
de se adaptar ao crescimento de forma acentuada da Internet e com sua
implantação,logo, passamos a viver na era digital, onde todo tipo de informação
passa a ser disseminada amplamente, com grande velocidade e sem
fronteiras. A Sociedade da Informação de hoje tem como necessidade uma
crescente busca pela informação.
Por conta disto o desenvolvimento dos suportes da escrita e o
comportamento dos usuários também evoluiu concomitantemente. Com base
nisso, as unidades de informação e o comportamento dos bibliotecários devem
acompanhar estas mudanças se quiserem prestar um serviço de qualidade de
maneira que satisfaça o usuário.
Com a introdução das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
(NTIC) no ambiente das bibliotecas, as práticas bibliotecárias foram
significativamente impactadas no seu ambiente de trabalho, deparando-se com
novas possibilidades que essas tecnologias oferecem aos processos de
produção, armazenagem, tratamento e recuperação de documentos e
informações.
Tais mudanças nos serviços e nas coleções das bibliotecas passaram a
exigir novas aptidões desses profissionais, como por exemplo, a inserção da
arte educação em conjunto com o lúdico no campo de atuação do profissional
da informação. Mas, quais habilidades e competências o bibliotecário precisa
ter para lidar com essas transformações? É a esse questionamento que este
trabalho pretende responder.
Além do desempenho nas atividades e habilidades convencionais, o
bibliotecário precisará buscar uma constante avaliação de seu conhecimento e
formação. A atual situação do mercado de trabalho exige um profissional
moderno, capacitado e com habilidades suficientes para dar respostas às
exigências solicitadas.

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Para o desenvolvimento deste estudo delinearam-se os seguintes
objetivos:

Analisar a mudança do perfil, do Bibliotecário diante da evolução dos


processos informacionais, a fim de compreender como esse profissional tem se
colocado às novas demandas do mercado da informação, discutindo o papel do
bibliotecário moderno como agente mediador no acesso a informação;
Identificar como o profissional da informação atua perante as evoluções
tecnológicas no mercado informacional, adaptando-se a questão lúdica;
Verificar o papel do bibliotecário como mediador da informação na arte
da educação lúdica como agente de inclusão social dos PNEE’s , que utiliza os
meios tecnológicos adequados para que se possam transferir as informações
aos seus usuários.

1.1 Metodologia

A pesquisa consiste em um levantamento bibliográfico de caráter


exploratório, feita através de consulta a fontes de diferentes formatos sobre o
assunto em questão, particularmente os desenvolvidos na área de
Biblioteconomia, Ciência da Informação e Tecnologia sobre o perfil do
bibliotecário, bem como a inovação da arte educação neste contexto.
O levantamento do tema proposto envolveu as seguintes etapas:
identificação de fontes de informação especializada (livros, periódicos e
internet), impressa e eletrônica, em que são discutidas questões teóricas a
respeito do assunto em questão; leitura, interpretação e análise do conteúdo do
material pesquisado, para identificação dos aspectos abordados no tema.

2 O LÚDICO COMO FONTE DE DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Para entendermos o lúdico como fonte de disseminação da informação,


antes de tudo será feito um apanhado do que seja esta ludicidade.

Trindade (2004, p.03) faz um breve histórico do lúdico, Dizendo que:

Nos tempos em que precederam a Revolução Francesa, o lúdico era


contemplado somente no ócio, fora dele não existia lugar nem mesmo
para o próprio lazer, após essa Revolução, com a ascensão da
burguesia ao poder a consciência lúdica passou a ser uma
necessidade dos indivíduos. As cargas extensivas de horas de
trabalho não permitiam a sociedade desfrutar de possibilidades que
lhes fizessem esquecer o “mundo da produção”. A Revolução lutou
“por” e “pelos” direitos trabalhistas fazendo com que a sociedade
passasse a ter tempo para o lazer, para experimentar experiências
novas, sem o compromisso, visando apenas o prazer em realizar
atividades que lhes despertassem satisfação, o lazer, o lúdico.

O lúdico segundo Sá (2004), refere-se a uma dimensão humana que


evoca os sentimentos de liberdade e espontaneidade de ação. Abrange
atividades com jogos, brincadeiras e divertimento de maneira descontraída,
tornando-se livre de pressões e avaliações.
Negrine (2000 apud Sá, 2004) afirma que “a capacidade lúdica está
diretamente relacionada a sua pré-história de vida”.
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O autor parte do pressuposto de como cada indivíduo se sente inserido
na sociedade e suas experiências cotidianas. Sendo assim abordar-se a
questão da ludicidade como fator de qualidade de vida e lazer social dos
PNEE’s, bem como a disseminação da informação.
Disseminar a informação para gerar conhecimento com o auxílio do
lúdico se dá nesta pesquisa pelo trabalho de sensibilização dos profissionais da
informação, educadores e arte-educadores. Através da leitura oral de livros
infanto-juvenis ilustrados e por atividades recreativas com teatro de bonecos e
jogos educativos, com a intenção de estimular a percepção e a cognição; e por
meio de multimeios animados como vídeos de músicas e histórias infanto-
juvenis educativas, voltado para as áreas da linguagem, da saúde, meio
ambiente e sociocultural.

3 PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS


(PNEE’s)

O termo necessidades especiais tornou-se bastante conhecido em


âmbito acadêmico, escolar e até mesmo no senso comum, objetivando a
abrangência não só da expressão como também do sentido do que é ter
limitações físicas, motoras, sensoriais, cognitivas, lingüísticas ou ainda
síndromes variadas, altas habilidades, condutas desviantes etc., com o intuito
de diminuir a carga negativa que a terminologia “necessidades especiais” traz e
para os indivíduos em suas singularidades.
Por outro lado a expressão necessidades educacionais especiais trouxe
um leque maior de possibilidades e novos horizontes para a educação
especial, proporcionando da mesma forma a suavização da negatividade do
termo portadores de deficiências, bem como a ampliação dos serviços de
instituições especializadas para o atendimento de pessoas com limitações.
O uso de todos estes termos necessidades especiais, necessidades
educacionais especiais, portadores de deficiência, limitações etc. neste
trabalho não tem por objetivo em hipótese alguma menosprezar, mas sim
contribuir para a integração sociocultural e educacional destes indivíduos.
Este artigo no que tange os PNEE’s limita-se ao estudo das
necessidades dos portadores da Síndrome de Down, que é uma anomalia
genética, que ocorre ao acaso durante a divisão celular do embrião, com o
propósito de mostrar que estes são capazes participar, cada um com sua
singularidade, do desenvolvimento da linguagem, cognitivo e psicomotor, por
intermédio da iniciativa do lúdico na leitura, como meio de disseminação da
informação, proporcionando a eles o conhecimento.

4 O LÚDICO NA LEITURA PARA PORTADORES DE NECESSIDADES


ESPECIAIS (PNEE’S)

A disseminação da informação contribui como um serviço social no que


concerne o acesso ao conhecimento por parte da sociedade, partindo deste
pressuposto este estudo buscou enfatizar o lúdico como forma de disseminar a
informação para crianças e jovens portadores de necessidades educacionais
especiais (PNEE’s).
E ainda, a informação está presente em diversos suportes e meios de
comunicação que facilitam o acesso aos usuários, tornando a qualidade de

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vida da sociedade melhor por gerar novo conhecimento, porém as
necessidades de disseminar a informação são inúmeras, por este motivo, a
intencionalidade da metodologia adotada nesta pesquisa perpassa pela
atividade artístico-pedagógica como estímulo perceptivo e cognitivo, integrando
a leitura ao lúdico.
Na tentativa de ampliar o debate da leitura por intermédio da ludicidade
vivenciada por PNEE’s e perante as dificuldades de atenção e concentração
desses, surge assim, a proposta de integrar o lúdico na leitura com recursos
materiais interativos como livros infanto-juvenis ilustrados, multimeios
animados, teatro de bonecos, entre outras formas de estimular a criatividade e
a percepção destes, nas áreas da linguagem, da saúde, meio ambiente e
sociocultural, tornando-os assim, seres humanos informados e aptos a produzir
conhecimento.
Segundo Ferraz e Fusari (1993) a criança se exprime naturalmente,
tanto do ponto de vista verbal, como plástico ou corporal, e sempre motivada
pelo desejo da descoberta e por suas fantasias. “A expressão é, pois, a
mobilização para o exterior de manifestações interiorizadas e que formam um
repertório constituído de elementos cognitivos e afetivos.” (FERRAZ; FUSARI,
1993, p. 55).
Este trabalho com a criança e o jovem é importante porque a percepção
do mundo circundante está intimamente ligada com a sua posterior
representação.
As representações mentais, advindas desse mundo perceptivo,
reorganizam-se, recombinam-se em outras formas através do processo criador
que é sobretudo imaginativo.(...) entender que a atividade imaginativa é uma
atividade criadora por excelência pois resulta da reformulação de experiências
vivenciadas e da combinação de elementos do mundo real. A imaginação se
constitui, portanto, de novas imagens idéias e conceitos, que vinculam a
fantasia à realidade. (FERRAZ; FUSARI, 1993, p. 60).
A inserção da leitura lúdica incentiva o exercício das potencialidades
perceptivas, imaginativas ou fantasiosas, estimulando a sensibilidade criativa,
como por exemplo, a leitura oral simultânea ou método de impressão
neurológica (MIN), elaborado por Heckelman (1966), como afirma Alliende
(2005), entre os mediadores da informação e os indivíduos.
O método utilizado por esta técnica de auxílio para pessoas com
necessidades educacionais especiais, é a ação em que o mediador e a criança
ou o jovem lêem o livro juntos, tendo num primeiro momento a predominância
da voz do profissional para posteriormente a dos alunos depois de sentirem
segurança e fluência para acompanharem a leitura, e por fim conseguirem ler
sozinhos.
Esta metodologia em conjunto com as atividades recreativas lúdicas,
associadas ao teatro, jogos educativos e multimeios animados, faz com que se
estimule a percepção e a cognição das crianças e jovens com Síndrome de
Down, fazendo com que estes se sintam confiantes para aprender e apreender
a informação de maneira inteligente, dinâmica e criativa e, por conseguinte
gerar conhecimento.
A disseminação da informação segundo Carvalho (2006), parte de
quatro elementos fundamentais que são: as fontes de informação como
organização do conhecimento ou até mesmo a criação de um novo; a

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disseminação do conteúdo em suportes diversos; os meios de disseminação
pelos quais o conhecimento é repassado e o uso da própria informação.
Esta passagem remete a outro autor na questão de transformar a
informação em um conhecimento novo. Sendo assim, o contexto de nossa
pesquisa está fundamentado também na visão de Lefebvre (1983), em que
destacamos a relação entre o desconhecido e o conhecido, segundo qual, o
pensamento não é uma coisa, nem uma substância mais uma atividade (ação).
Nosso estudo se insere na problemática em que essas crianças e jovens
buscam conhecer o desconhecido por meio das fantasias e imaginações, ou
seja, o pensamento lúdico.
Ainda, Segundo Oliveira (2000) a disseminação da informação enquanto
conhecimento é o ato de levar a informação ao usuário por meio dos canais de
comunicação, que neste estudo, como já citado anteriormente, caracterizam-se
por livros infanto-juvenis ilustrados, multimeios animados, teatro de bonecos
entre outros meios e suportes disponíveis para o acesso à informação que dão
suporte a construção de um novo conhecimento diante das experiências
armazenadas de cada indivíduo na sociedade.
A forma de aprender, através do lúdico, estimula a criatividade e a
possibilidade de desenvolvimento na vida cotidiana, fazendo com as crianças e
jovens PNEE’s sejam vistos como pessoas capazes e com potencial de
produzir e interagir com a sociedade e principalmente ter acesso à informação,
e não como pessoas impossibilitadas de realizar atividades por causa de suas
limitações.

5 O BIBLIOTECÁRIO E O DESAFIO DA INCLUSÃO SOCIAL

No atual processo educacional, pode-se perceber que a abertura ao uso


das Tecnologias de Informação, principalmente do uso do computador, tem
sido uma constante em qualquer uma das modalidades de ensino.
O profissional da informação perante a modernidade esta
desenvolvendo um novo caráter, havendo uma maior atenção às técnicas
biblioteconômicas e documentais adquirindo atitudes gerenciais pró-ativas para
desenvolver atividades em espaços onde haja necessidade de informação para
tratamento e disseminação da mesma independentemente de seu suporte
físico.
Além do domínio dos saberes biblioteconômico e áreas afins, onde são
adquiridos conhecimentos para executar o planejamento e o gerenciamento de
sistemas informacionais, cuja preocupação esta voltada para a analise,
comunicação e uso da informação. Todavia para que isso ocorra o bibliotecário
tende a um intenso processo de educação continuada, valendo-se de
treinamento em recursos informacionais.
Há uma relação direta entre a atuação do profissional da informação e
as mudanças no mundo contemporâneo. Em artigo, Miranda (2002, p.71)
afirma que:

[...] o grande desafio do futuro será enfrentar o fato de que os


estoques de informação do porvir serão como arquipélagos,
distribuídos em milhares de pontos presumivelmente acessíveis, mas
requerendo para isso um esforço fantástico de intervenção
profissional para sua organização e uso mais adequados.

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Em virtude disso o bibliotecário por sua vez deverá estar sempre
atualizado com as novas demandas de tecnologia da informação, pois o
acesso a informação deve ser igual para todos que necessitem, estes avanços
tecnológicos faz com que sua profissão se valorize ainda mais perante a
sociedade em si. Para que seu trabalho seja executado de forma satisfatória
tanto para ele quanto para seus clientes é necessário que tal profissional se
adéqüe as diferentes necessidades de seus usuários.
Pois o tratamento a um portador de necessidades especiais com certeza
é diferenciado, não que essa diferença vai excluí-lo da sociedade mais sim,
inseri-lo, afinal o bibliotecário valendo-se de suas habilidades e competências
disponibilizará instrumentos e ferramentas para que este usuário especial
usufrua de qualquer informação que necessite.
De acordo com Benassuly (2008, p. 27) infere que:

A biblioteca inclusiva é aquela que se dispõe a enfrentar, no seu


cotidiano, o desafio de ajudar a minimizar as barreiras de pessoas
que, por algum distúrbio orgânico se tornam especiais, requerendo
recursos específicos para que possam aprender e exercer o seu
direito de, como cidadãos, ter acesso a informação.
A inclusão dos PNE’s nas bibliotecas, tem se propagado rapidamente
entre os bibliotecários. Entretanto, isto não quer dizer que o ‘usuário
especial’ é uma realidade nas bibliotecas. A inclusão dos mesmos
também é realizada através de políticas públicas, para que se
construa um sistema de serviços especializados, inserindo-os na
chamada sociedade da informação.

Por isso é necessário que os profissionais da informação, recebam


capacitação adequada para que possam desenvolver um excelente trabalho, e
para que a biblioteca se torne verdadeiramente inclusiva em todos os sentidos.
Segundo Benassuly (2008, p. 29) indaga que:

A biblioteca inclusiva, pode também ser vista sob outra ótica, isto é, a
ótica que potencializa as pessoas o acesso à informação,
possibilitando diversas formas de busca, onde os processos de
interatividade com os serviços de informação, baseados no uso das
TIC’s, permitem que as bibliotecas possam agregar maior valor aos
serviços oferecidos aos seus usuários, tornando-os em potenciais
usuários de informação que estão representadas no formato digital e
no acesso ‘on line’. Esse aspecto é altamente positivo e esta ligado
às ações inclusivas do acesso ao conhecimento, muito propagada na
sociedade da informação.

Portanto, entendemos que na proporção em que as bibliotecas criam


melhor infra-estrutura, principalmente de cunho tecnológico, para oferecer
novas formas de acesso a informação aos usuários, os clientes também devem
criar o hábito de tirar proveito do uso de novos serviços e produtos oferecidos.
É nesse sentido, que passamos a entender melhor o conceito de
biblioteca inclusiva no atual espaço da sociedade da informação, pois dessa
forma a biblioteca cumpre seu papel social de incluir pessoas na difícil tarefa de
busca e acesso a informação desejada.
Nesse contexto o Bibliotecário desempenha importante papel de
disseminador da informação principalmente quando atua como agente
intermediário na inclusão social de pessoas com necessidades especiais. Em
Anais do XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
25 a 30 de julho de 2011 – Manaus/AM

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virtude do sujeito com deficiência estar condicionado socialmente em seu
processo de desenvolvimento de forma dupla: pela realização social do defeito
(sentimento de inferioridade) que é um aspecto de condicionamento social, do
desenvolvimento e por orientação social da compensação, para a adaptação
das condições do meio, que está criado e formado para um tipo humano
normal.
A deficiência, portanto, deve ser encarada não como uma
impossibilidade, mas como uma força, onde o uso das tecnologias
desempenha um papel relevante. Muitos sujeitos com necessidades educativas
especiais, além de apresentarem suas limitações (discapacidades) sofrem da
Síndrome da Privação Social e seu meio não é favorável a uma aprendizagem
satisfatória seja por questões: sócio-econômicas, sócio-culturais, familiares
(emocionais) e/ou recursos (barreiras arquitetônicas). Neste viés as tecnologias
podem ser usadas como mediadoras para viabilizar o desenvolvimento
humano.

6 CONCLUSÃO

Atualmente o perfil do profissional da informação tomou novos rumos no


campo de atuação do mesmo, com isso exigindo uma maior habilidade para
lidar com pessoas de determinadas especificidades, pois elas se apresentam
na sociedade como minoria, e todos os ditos “normais”, independente de
qualquer coisa devem ter seus direitos à informação, cultura, lazer, educação,
saúde e espaço democrático diante à sociedade.
Através da arte e da disseminação da informação, podemos desenvolver
uma relação, uma comunicação com a dita minoria, e essa arte com suas
práticas inclusivas acaba possibilitando novos caminhos satisfatórios para
essas pessoas, bem como a “inquietação” da busca ao conhecimento e à
informação.
O grande potencial das pessoas com PNEE’S, tanto nas artes quanto
em qualquer outra atividade, merece o nosso olhar como profissionais da
informação, devido o fato de sermos capazes de unir a teoria e a prática
voltada para o ato de disseminar a informação de forma que possamos nos
envolver com o social e a formação da cidadania e não apenas com a técnica
para suprir ou amenizar as necessidades de acesso à informação em que
estas crianças e jovens, ainda hoje enfrentam, enfim que possamos ensinar e
aprender com a realidade de cada um.
Sendo assim, todos têm o direito a educação e a informação, e quando
se trata da minoria excluída da sociedade, temos o dever de apresentar novas
maneiras de conhecer e se inserir no meio sociocultural.
Através da arte e da disseminação da informação, podemos desenvolver
uma relação, uma comunicação com a dita minoria, a arte com suas práticas
inclusivas acaba possibilitando novos caminhos satisfatórios para essas
pessoas. Bem como a utilização das tecnologias assistivas nos ambientes de
centro de documentação facilitando o acesso e a inclusão dos portadores de
necessidades especiais.
Se evidencia nos dias atuais, uma maior atuação desse profissional nas
questões sociais, utilizando - se de novas ferramentas tecnológicas em prol das
necessidades de cada usuário, pois de acordo com a pesquisa feita, observa-

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se que o profissional bibliotecário tenha consciência de que os tempos são
outros.
E devem-se, pois, acompanhar essas mudanças, adequando-se ao dia-
a-dia sem deixar de pensar no usuário, que é a razão de ser de uma unidade
de informação.
O profissional bibliotecário,portando, precisa estar atento às mudanças
tecnológicas para poder tornar acessíveis os serviços tanto a um usuário leigo
tecnologicamente, como aquele que tem necessidades de um atendimento
especializado como, os portadores de necessidades especiais (PNEE’S).

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL (GQT) NA GESTÃO DA


INFORMAÇÃO (GI): A aplicação das práticas dos 5S pela
busca por qualidade contínua nas atividades dos
profissionais da informação. 1

Aurélio Fernando Ferreira*


Clodoaldo Francisco dos Santos**

Resumo: A gestão da informação, área multidisciplinar da Ciência da Informação, se


utiliza de conceitos e práticas para as atividades dos profissionais da informação, entre
estas a filosofia oriental dos 5S, comum da administração, que busca através de regras a
melhoria continua da qualidade nos processos e serviços. Este trabalho busca através de
uma revisão bibliográfica de caráter elucidativo, exploratório propor a utilização dessas
regras como subsídios para serem aplicados pelos profissionais da informação em suas
atividades. Tal visão tem o objetivo geral de definir conceitos da Gestão da Informação (GI),
diante de ações organizacionais e sociais bem como se utilizar através de conceitos dos 5s
para a melhoria contínua da qualidade através da interiorização de todos esses conceitos
para que se especificamente usados pelos profissionais da informação, gerem um
substancial ganho em suas atribuições. Como resultado desta aplicação pode-se além de
trazer um ganho substancial às empresas e sociedade, tais indicações podem também
reduzir e potencializar nesses profissionais um ganho positivo humano, com a adequação
de tempo e esforço em suas atividades.

Palavras-Chave: Gestão da qualidade total, Pilares da Gestão da Informação, 5S.

INTRODUÇÃO

A Gestão da Qualidade Total (do inglês "Total Quality Management


– TQM") consiste numa estratégia do campo da administração orientada a
criar consciência da qualidade em todos os processos organizacionais, esta
prática comum entre as empresas busca encontrar saídas visando o
aumento contínuo da qualidade nos processos e produtos oferecidos pelas
organizações. Atualmente outras áreas do conhecimento adotaram
conceitos da administração com ganhos substanciais em seus processos
como no caso da Gestão da Informação (GI), ciência social aplicada
responsável pelo processo do fluxo da informação como bem tangível e
quantificável nas empresas.
Para que os conceitos da administração sejam bem aceitos nos
processos de gestão da informação, esta deve fazer uma relação entre as
práticas dos profissionais de ambas as áreas a fim de extrair o melhor delas
e aplicar em seus processos. Tal exercício é complexo, pois a mínima
diferença inicial pode acarretar em desperdício de trabalho, ou seja, as más

1
Comunicação Oral apresentada ao GT3 Diversidade dos Campos de Atuação
*Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Graduando em Gestão da Informação.
E-mail. aurelio.fernando@hotmail.com.
**Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Graduando em Gestão da Informação.
E-mail. clodoaldo-santos@ig.com.br.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

interpretações e aplicações dos conceitos podem resultar negativamente no


resultado esperado. Contudo o processo de melhoria contínua dos 5S
introduzido nas práticas de gestão da informação pode vir a serem regras
bem vindas na busca pelo aumento da qualidade nos processos produzidos
pelos profissionais da informação.

1 AS REGRAS DOS 5S E OS PILARES DA GI


As regras dos 5S são em sua natureza propostas de internalização de
boas práticas, por isso a explicitação destas podem mostrar ao gestor da
informação onde e como aplicá-las, não como uma cartilha formal, mas
como propostas para melhoria de suas atividades. As práticas dos 5S são
regras que só funcionam com o entendimento de que a mudança de
comportamento pessoal e cultural ocorra de fato, para isso é interessante ao
gestor conhecer o chão onde pisa, para que consiga aplicar os 5S em
lugares precisos, obtendo assim uma maior eficiência e eficácia do resultado
final.
Como atividades principais, os gestores da informação coletam,
selecionam, processam, armazenam, distribuem e avaliam o uso das
informações. Isso se dá tanto em nível individual como em empresas
(públicas ou privadas), em suportes tradicionais ou em meio digital. Estes
profissionais são capacitados para lidar com a produção de todo tipo de
informação, na sua análise e disseminação para atingir o maior número de
pessoas de forma satisfatória. Dentro das organizações, organizam os fluxos
de informação, pesquisam e levantam dados estratégicos para negócios,
subsidiam inovações tecnológicas com novas informações e organizam as
informações em tele-centros e organizações não governamentais (SILVA,
2007).
Para exercer suas competências o gestor da informação se
fundamenta nos conceitos e práticas interdisciplinares da GI, ciência social
aplicada que se baseia em três pilares principais: (figura 1).
1. A Ciência da Informação (CI), área maior que investiga as propriedades e
o comportamento da informação, as forças que a regem, o fluxo
informacional e os meios de processamento da informação para a
otimização do seu acesso e uso;
2. Os processos de planejamento, organização, direção e controle de
pessoas e recursos advindos da administração (gestão) e;
3. As aplicações do conjunto de técnicas e conhecimentos que possibilitam
a criação de ferramentas da tecnologia da informação e comunicação
advindas da Informática;
Com base nos conceitos e ferramentas destes pilares o gestor da
informação faz sua interpretação e propõe práticas para a aplicação direta
em seus processos.

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Figura 1 – Os pilares da Gestão da Informação.


Fonte: Própria

No atual cenário de grandes quantidades de informação e novas


ferramentas de informação e comunicação, implica aos profissionais da
informação uma capacitação contínua e um grau de eficiência e eficácia
cada vez maiores em suas atribuições, pois, os processos de recuperação,
organização, tratamento e uso da informação são atividades cruciais para a
tomada de decisão.
Com a aplicação dos 5S, os profissionais da informação poderão
ganhar mais produtividade nas suas tarefas pela redução das perdas de
tempo e despesas econômicas, melhor aproveitamento das ferramentas da
tecnologia da informação para uso no trato com a informação obtendo
melhorias de qualidade nos serviços; menos problemas com a saúde,
diminuição significativa do stress e lesões por esforços repetitivos (LER2),
melhorando seu tempo e suas ações obtendo maior satisfação dos usuários
com os resultados finais.
Para isso o objetivo geral desta pesquisa é entender o modelo dos 5S
e diante de seus métodos relacioná-los com as práticas dos profissionais da
informação, e de como aumentar consideravelmente a qualidade dos seus
serviços com o uso destas práticas.
Como objetivo específico o trabalho pretende elucidar que tais ganhos
podem ser possíveis, pois entendemos que nestas atividades, humanas e
intelectuais, onde atitudes comportamentais e culturais influenciam no
resultado do trabalho, a filosofia oriental dos 5S da busca contínua pelo
aperfeiçoamento das práticas pela ordenação e disciplina nas tarefas, pode
servir de base orientadora para melhores desempenhos destes profissionais
em suas atividades.

2
Representa uma síndrome de dor nos membros superiores, com queixa de grande
incapacidade funcional, causada primariamente pelo próprio uso dos membros superiores
em tarefas que desenvolvem movimentos locais ou posturas forçadas comum aos
profissionais que trabalham com o computador.

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2 ENTENDENDO A FILOSOFIA DOS 5S LIGANDO SEUS CONCEITOS ÀS


PRÁTICAS DA GESTÃO DA INFORMAÇÃO
Há quem diga que a filosofia dos 5S nada mais é do que a
sistematização de boas práticas, tal explicação remete a principal essência
desta filosofia que é relacionada com os aspectos individuais e culturais de
cada indivíduo. De certa maneira o método dos 5S visa internalizar num
círculo, seja ele profissional ou comunitário, os anseios de que ao praticarem
estas regras haverá uma mudança qualitativa de suas ações através de uma
coordenação individual ou coletiva destas aplicações.
Segundo Marcello e Trevisam (2010, p. 6) O 5S foi à base da
implantação do Sistema de Qualidade Total nas empresas. Surgiu no Japão,
concebido por Kaoru Ishikawa3 entre a década de 50 e 60, logo após a
segunda guerra mundial, a partir da constatação de que as fábricas
japonesas eram muito sujas e desorganizadas.
A origem dos 5S remonta há muito tempo atrás, aos templos budistas
e xintoístas no oriente antigo, nos quais um discípulo de mestre-monge
passava por etapas-chave antes de se tornar definitivamente monge
(SEBRAE 2010).
Na primeira etapa, ao chegar ao templo, o discípulo era convidado a
descartar todos os sentimentos, pensamentos e bens materiais que não
teriam utilidade na nova vida que se iniciava. Dessa forma, por exemplo,
seus pertences pessoais inúteis e seus pensamentos impuros eram
deixados ao entrar. Esta filosofia explica que o desperdício de ter para si
algo que não lhe tem utilidade era considerado uma ofensa, ao oferecer o
recurso, o faz para uma finalidade justa. Para viver a nova vida, disciplina e
novos hábitos eram importantes.
Para uma boa convivência em um ambiente de recursos escassos, a
organização era fundamental. Por isso na segunda etapa o discípulo era
convidado a conhecer e praticar a disciplina dos horários e a identificação
dos locais e utensílios para que todos pudessem compartilhar e incorporar
hábitos que facilitassem a vida conjunta, praticando o respeito ao outro.
Vencidas essas etapas, o discípulo passava por um processo de
limpeza e purificação, que incluíam sua limpeza física e a prática de manter
limpos todos os espaços.
Na quarta etapa, os pensamentos e hábitos do discípulo entravam em
uma etapa de higienização, ou seja, ter uma prática educativa, profilática ou
psicoterápica aplicada para prevenir perturbações mentais. Por meio desta
prática e reflexão, ele era estimulado a manter pensamentos e atitudes pró-

3
Kaoru Ishikawa (1915-1989), nascido em Tóquio foi educado em uma família com extensa
tradição industrial, graduou-se em Química na Universidade de Tóquio em 1939. De 1939 a
1941 trabalhou no exército como técnico naval, então foi trabalhar na “Nissan Liquid Fuel
Company” até 1947. Exerceu também o ensino na área de Engenharia na mesma
Universidade em que se formou. Em 1949, Ishikawa entrou para a União Japonesa de
Cientistas e Engenheiros (JUSE), um grupo de pesquisa de controle de qualidade.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

ativas e positivas, que garantissem a saúde mental e corporal sua e do


grupo.
Na quinta e última etapa, o discípulo então se tornava monge e era
convidado a manter e melhorar sua prática dos aspectos anteriores. Para
tanto, uns apoiavam os outros em relações mestre-discípulo, a fim de
garantir a disciplina e a persistência para melhorar a maneira de sentir, agir
e ser.
Essas definições podem ser interpretadas aos processos e práticas
dos profissionais da gestão da informação que em sua definição mais
voltada para suas aplicações práticas, segundo Alves et al (1993 p. 52-53) é:
a implementação de um conjunto de medidas que
visam a racionalização e a eficácia no uso e
circulação de dados e informação e a aplicação das
teorias e técnicas da ciência da informação nos
4
sistemas de informação.

Sendo assim, diante da interpretação deste conceito, a GI é um


processo de bens tangíveis e quantificáveis onde as recomendações das
normas dos 5S parecem se encaixar como uma luva, na medida em que
poderemos relacionar estas normas com as práticas dos profissionais da
informação. Estas práticas podem e devem ser aperfeiçoadas, e o método
dos 5S responsável pela adequação e melhoria contínua, seguida como
hábito e sugerida pelo gestor da informação pode dar um salto na qualidade
das atribuições dos profissionais da informação.
O termo “5s” deriva de cinco palavras japonesas que se iniciam com a
consoante “S”, Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke, que em seus
significados e conceitos, incidem na criação de uma espiral sem fim onde a
metodologia de implantação dos 5S buscam continuamente pela qualidade
como resultado, figura 2.

4
Nesta obra de referência importa ainda destacar os seguintes verbetes por onde perpassa
a tensão conceitual inerente a um processo de viragem de paradigma: "Ciência da
Informação: Ciência que tem por objeto a recolha, tratamento e difusão da informação nos
seus aspectos teóricos e práticos" (Ibidem, p. 19); "Ciências Documentais: Ciências que têm
por objeto os documentos e a informação por eles veiculada com vista à sua gestão e
referência para efeitos de comunicação" (Ibidem, p. 20); "Informação: 1 - Qualquer elemento
capaz de ser expresso com o auxílio de um código. É correntemente empregado como
sinônimo de dado. 2 - Documento interno em que se dá conhecimento de um assunto ou
situação e/ou se submete a consideração superior sugestões para a sua resolução" (Ibidem,
p. 57).

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Figura 2: Espiral dos 5S


Fonte: própria

Veremos as definições e em que processos as etapas dos 5S se


relacionam às práticas da GI:
2.1 SEIRI (Sorting ou Senso de utilização): Esse senso é de utilidade,
ou seja, separar as coisas úteis das inúteis, dando um destino para aquelas
que, no momento e no ambiente atual, não são mais úteis. Vale à pena
esclarecer que inútil não significa que poderá ser jogado fora, e sim que no
momento não tem utilidade naquele local específico. Relacionam-se a
identificar materiais, equipamentos, ferramentas, utensílios, e também
informações e dados, necessários e desnecessários, ao desenvolvimento
das atividades.
Podemos relacionar e indicar o Seiri aos processos de Recuperação
da Informação (RI). Nesta prática o profissional da informação deve
conhecer onde e como buscar a informação, disponível em repositórios e
bases de dados, além de criar estratégias para uma busca precisa. Tais
medidas descartam repositórios e bases irrelevantes e desorganizadas
visando a otimização da busca, podemos relacionar também o senso de
utilização do Seiri às estratégias de buscas em mecanismos de RI, com isso
o profissional da informação pode obter um baixo nível de revocação, e um
grande índice de precisão em sua busca. Segundo Spink ;Saracevic, (1993,
p. 63). “Este é um processo de alta complexidade, pois envolvem numerosos
fatores e variáveis além de decisões de entrelaçamento dos subprocessos
inter-relacionados com a busca”.
O Seiri também pode ser relacionado às atividades de indexação, pois
segundo Terra et al (2005), uma taxonomia é um vocabulário controlado de
uma determinada área do conhecimento, e, acima de tudo, um instrumento
ou elemento de estrutura que permite alocar, recuperar e comunicar
informações dentro de um sistema sob uma premissa lógica. Com o senso
de utilização do Seiri o indexador pode se utilizar de instrumentos, como a
linguagem controlada, disponibilizada pelos tesauros, na prática de
indexação, descartando o uso da linguagem natural, garantindo com isso
maior chance de recuperação da informação.

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2.2 SEITON (Systematizing ou Senso de Organização): Enfoca a


necessidade de organização. A organização, neste sentido, refere-se à
disposição dos processos e ferramentas em uma ordem que permita o fluxo
do trabalho, eles devem ser organizados de maneira a permitir a facilidade
de uso.
Na GI o senso de organização é crucial para a prática das atividades
dos profissionais da informação, pois é o processo ou atividade que tem por
finalidade ordenar o conjunto de estruturas de informação (BARRETO, 2009)
seja na organização da informação em suporte tradicional ou em meio
digital, conceito reforçado por Brasher e Café (2008, p.5) quando dizem que:
“O objetivo do processo de organização da informação é possibilitar o
acesso ao conhecimento contido na informação”.
Para Dziekaniak (2010, p. 44) tradicionalmente a disponibilização da
informação ocorre através de representações denominadas de metadados
que é um processo que envolve a descrição física e de conteúdo dos objetos
informacionais.
O produto desse processo descritivo é a representação da
informação, entendida como um conjunto de elementos descritivos que
representam os atributos de um objeto informacional específico
(BRASCHER E CAFÉ 2008).
Neste cenário a prática do Seiton pode vir a aperfeiçoar a otimização
do processo de organização e representação da informação de maneira a
aperfeiçoar através dos metadados a informação precisa para sua pronta
representação e recuperação.
Outro processo que pode ser beneficiado pela internalização da
prática do Seiton é a classificação da informação, pois como argumenta
Pombo (2003, p.13) em campos dos profissionais da informação seja: [...]
“na Biblioteconomia como na Documentação as melhores soluções
pragmáticas são ainda, e necessariamente, aquelas que se propõem
resolver os problemas de eficiência prática em termos teóricos e
conceituais”.
Assim a prática do Seiton se adéqua e otimiza a condição da
Informação que segundo Barreto (2009 p. 4) [...] referencia o homem a seu
destino; desde antes de seu nascimento, com sua identidade genética, e
durante sua existência pela capacidade em relacionar suas memórias do
passado com uma perspectiva de futuro e assim estabelecer diretrizes para
realizar sua aventura individual no espaço e no tempo.
Portanto podemos interpretar as práticas de organização da
informação não só uma mera função processual, mas uma sistematização
de informações para tomada de decisão, ou seja, quanto mais organizadas e
disponibilizadas estejam as informações sobre algo, melhor será a tomada
de decisão para o agente do processo decisório, e a busca pela melhoria
contínua neste processo é no mínimo imprescindível.
O conceito de ordenação e organização indicadas pelas práticas do
Seiton, dizem respeito também as ferramentas utilizadas no trato da
informação, onde se destacam Tesauros, Taxonomias e Ontologias que são
ferramentas organizadoras da informação e do conhecimento utilizadas em

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diferentes aplicações e de múltiplas formas, onde sua estrutura permite


representar com fidelidade o universo ao qual a informação se insere.
2.3 SEISOU (Sweeping ou Senso de Limpeza): Senso de respeito
(limpeza) Esse senso é de respeito a tudo que está ao nosso redor -
Objetos, equipamentos, instalações e às pessoas, em relação à GI se
relaciona em manter dados e informações atualizados para garantir a correta
tomada de decisões.
Podemos entender o Seisou como um processo complementar ao
Seiri e ao Seiton pois sem a aplicação dos dois é quase impossível
implementar o Seisou pois só podemos ter o senso de limpeza depois que a
informação seja útil e esteja organizada para que seja analisada, neste
cenário podemos então relacionar o Seisou a todos os processos de que o
profissional da informação se utilize para obter dados ou informações, assim
poderíamos relacionar o Seisou às atividades em fontes de informação, pois
como relata Sugahara; Jannuzzi (2005) o uso de fontes de informação
internas e externas à empresa para a geração da inovação tecnológica é
fator determinante para a competitividade de qualquer economia e às
atividades em Bases de dados que segundo Caldeira (2009) é uma coleção
de dados formalmente definida, informatizada e partilhável, ou seja, é um
conjunto estruturado de informação.
Para um processo efetivo do Seisou não basta apenas que os
repositórios onde estejam a informação sejam organizados e a informação
esteja precisamente representada, isso é primordial, mas o profissional da
informação deve estar capacitado em reconhecer e operar de maneira
precisa e exaustiva sua estrutura de metadados.
Além disso com a grande quantidade de informação nas bases de
dados, estas devem estar organizadas para que os profissionais da
informação também possam se utilizar de seus atributos e de ferramentas
para precisão na sua busca, pois como explica Marcondes (2001, p. 67) “O
crescimento de disponibilização de informação sob as mais diferentes
formas, reforça ainda mais a importância da representação para suportar
atividades de descoberta e identificação de informações, avaliação e uso”.
Estas atividades são essenciais para que o conhecimento possa ser
acessado e se torne operacional.
2.4 SEIKETSU (Sanitizing ou Senso de Saúde): Neste senso a função
é melhorar a qualidade de vida das pessoas, por isso o profissional da
informação deve ficar atento a sua jornada de trabalho e ao acúmulo de
tarefas que podem trazer perdas na sua produtividade além de sérios
problemas de saúde. No Seiketsu são praticados todos os sensos
anteriores, na vida pessoal e no ambiente, para garantir uma melhor
qualidade de vida.
Os profissionais da informação, devido o avanço das novas
tecnologias da informação, têm a grande quantidade de seus serviços
realizados através de ferramentas e softwares no computador, para tanto
indicamos algumas práticas a serem tomadas para minimizar possíveis
lesões comuns às pessoas que trabalham em computadores. Vale salientar
que o computador não é o único culpado. O ambiente de trabalho, a cadeira,

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a mesa e a iluminação, são elementos que podem influenciar negativamente


o usuário do equipamento. Também outros problemas associados podem
vir, ainda, de aspectos psicossociais do ambiente de trabalho, como a
pressão nos prazos de entrega de tarefas e o relacionamento com
osclientes. Isto pode aumentar o nível de stress e causar dores localizadas
em alguma parte do corpo.
Segundo Mello (2009) algumas dicas podem ser utilizadas para
minimizar os problemas de quem trabalha por muitas horas no computador:
 Corrigir a postura ao sentar: Ao usar o computador procurar uma
cadeira confortável que mantenha as costas retas, apoiadas no
encosto da cadeira. Levantar os ombros e não adiantar as pernas de
forma que os pés fiquem à frente da linha dos joelhos.
 Manter os pés retos: Os pés devem ficar completamente no chão, ou
seja, não podem ficar inclinados, com somente os dedos tocando a
superfície. Caso a cadeira seja muito alta, usar um apoiador.
 Alinhar os pulsos com os cotovelos: Os cotovelos não devem ficar
abaixo da linha dos pulsos. Escolher cadeiras que tenham apoiadores
para os braços. Dessa maneira, dessa maneira consegue-se usar
todo o braço para manusear o teclado e o mouse. Os pulsos também
não podem ficar muito abaixo da linha dos dedos.
 Distância mínima do monitor: Manter o monitor em uma posição
frontal ao rosto, de forma que não tenha que levantar a cabeça ou
girá-la para ver a tela do monitor. Caso fique perto demais do monitor,
os olhos poderão ficar cansados e o usuário acabará forçando-os
para enxergar. Por isso, recomenda-se manter uma distância de pelo
menos 50 cm do monitor.
 Piscar o olho: Ao sentir sinais de ardência ou irritação nos olhos,
comece a piscar mais vezes, esta prática faz com que os olhos se
lubrifiquem diminuindo os sintomas.
 Manter o ambiente bem iluminado: A iluminação no ambiente que o
computador está localizado é fundamental. Utilizar preferencialmente
as luzes brancas. A luz não deve focalizar o rosto e muito menos a
tela do monitor (como acontece quando se usa o computador de
costas para uma janela onde entra luz do sol).
 Criar uma rotina de Trabalho: É importante também que o
profissional da informação que trabalhe de forma autônoma se policie,
faça seus horários e os cumpra como se estivesse trabalhando em
uma empresa, minimizando assim o excesso de trabalho e stress.
O profissional da informação deve seguir sua atividade evitando o
excesso de trabalho, Em 1969 registrou-se o primeiro caso de morte por
enfarto causado pelo excesso de trabalho, tratava-se do KAROSHI, palavra
utilizada no Japão, que segundo a literatura, é o único país do mundo onde
existe um termo para definir a morte por excesso de trabalho. O termo
KARO significa excesso de trabalho e SHI morte (GUIMARÃES, 2000, p.1).
Na literatura sócio-médica é descrita como um quadro clínico externo (ligado
ao estresse ocupacional) com morte súbita por patologia coronária
isquêmica ou cerebral vascular, portanto, KAROSHI é um acometimento

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fatal por esforço sendo considerada uma doença relacionada ao trabalho e


que frequentemente está associada a longos períodos de horas trabalhadas.
Portanto seguir o Seiketsu é respeitar os limites e adequar as atividades ao
ritmo de cada um, cuidando da saúde e por consequencia sendo mais
produtivo.
2.5 SHITSUKE (Self-Disciplining ou Senso de autodisciplina).
Autodisciplina significa autocontrole, nova atitude para ter e manter as
habilidades de fazer as coisas certas. Argumentar sobre o caminho
percorrido até o momento, os benefícios obtidos e a importância da
continuidade. Uma vez obtido o comprometimento de todos os envolvidos,
cumprirem rigorosamente as regrase reavaliar as práticas executadas. Um
novo horizonte surge para as organizações, com uma POLÍTICA DE
INFORMAÇÃO (PI) bem estruturada, os ganhos começam a serem vistos, o
que coopera para uma maior adesão de participantes, contudo, na PI
também deve estar claro que aqueles que não se enquadrarem as novas
normas da organização, podem sofrer penalizações. Todos os envolvidos
tem DIREITO A INFORMAÇÃO (DI), com as quais podem usufruir e
aprimorar práticas que considerem merecedoras de ajustes, conjuntos de
condições, leis, influência e interações de ordem física, química e biológica
que permitem, abrigam e regem a vida em todas as suas formas.
Este é o último S e o mais complexo de todos, neste momento os
empregados já devem executar as tarefas como hábitos, não podem, no
entanto, achar que já está tudo funcionando perfeitamente ou que não
precisam de mais nada para evoluir. Ao contrário, é a partir da autodisciplina
que se requer constante aperfeiçoamento, é onde se verifica que o que está
bom pode ficar ainda melhor (CASSEMIRO, 2002).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em âmbito contextual, Cassemiro (2002) define o 5S como:
 Um processo educacional individualizado;
 Um indicador de como anda do gerenciamento;
 O processo mais prático de se iniciar;
 A base para a Qualidade Total;
 A prática visual de se mostrar como anda a qualidade.
O 5S vem sendo utilizado como uma ferramenta para educar as
pessoas de uma forma prática, está intimamente ligada as atividades
desenvolvidas. É através do envolvimento de todos que se consegue
alcançar resultados, sendo assim as práticas do 5S são eminentemente de
caráter participativo, onde o tamanho da empresa e o grau de cumplicidade
dos funcionários para com o seu trabalho são variáveis consideráveis para a
implantação dos 5S. Para um bom aproveitamento é necessário que não
haja conflitos nos ambientes onde será implementado, lembramos ainda que
estas práticas deve ser incorporada individualmente, mas que precisam de
colaboração de equipes para se observar resultados, sua utilização trará
frutos duradouros para o homem no seu convívio dentro e fora do local de
trabalho, para a organização, para os clientes e para o meio-ambiente.

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O papel do GI neste contexto será de identificar as áreas por onde


começar e quais as pessoas formarão a comissão que ficará responsável
pelo monitoramento e pela implementação dos 5S, desta comissão devem
fazer partes pessoas compromissadas com a qualidade e que dominem esta
prática, pois serão estes que irão disseminar e orientar os demais. Deve-se
esclarecer aos colaboradores através de palestras, cartazes e outros meios
o que se pretende alcançar com a implantação dos 5S, deve-se cobrar
também comprometimento, pois de nada valerá se apenas alguns
participarem. É importante que sejam realizadas avaliações no final de cada
etapa e que sejam esclarecidas as falhas e as correções necessárias, para
que ao final do quinto S já tenha a consolidação das práticas.
Para as organizações que almejam alcançar a qualidade total, os 5S
devem ser o passo inicial de muitos que serão precisos para se manterem
eficientes e eficazes em seus processos.

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O GESTOR E O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO: evitando


1
heurísticas e vieses cognitivos
Pietro Otávio Santiago Silva (UFPe)
José Aniceto de Lima (UFPe)

Resumo:
As grandes mudanças no mercado competitivo têm alterado e exigido das
organizações novas estratégias de gerenciamento. Sob esse contexto, a
chave para o sucesso no processo de tomada de decisão é a informação.
Este artigo tem por objetivo apresentar através de uma Revisão de
Literatura, teorias, conceitos e praticas do processo de tomada de decisão,
em diferentes contextos organizacionais, focando a identificação de
heurísticas e vieses de julgamento do processo decisório. Os resultados
observados indicam que conseguindo identificar os problemas e apoiado em
um sistema de informação, o gestor terá maiores condições de desenvolver
soluções no seu processo de julgamento, e assim, refletir na melhor tomada
de decisão.

Palavras-Chave: Heurísticas. Tomada de Decisão; Gestão da Informação

Introdução

A sociedade pós-indústrial, é detentora de uma economia que assume


tendências globais, nesse contexto, a informação apresenta-se como capital
muito importante igualando-se aos recursos de produção. Atualmente
informação não é apenas um entre muitos recursos, ela é a chave para o
sucesso no processo de tomada de decisão. Segundo Borges (1995), a
Sociedade do Conhecimento destaca o papel da informação no contexto
organizacional como recurso essencial para o processo de tomada de
decisão que se apresenta não só em maior número, como de forma cada
vez mais rápida.
A partir deste ambiente de complexidade, é notória a necessidade de
mudança do perfil das empresas como também dos gestores que irão
viabilizar tais mudanças. Exigem-se das organizações mais flexibilidade e
capacidade de adaptação ao ambiente ao seu redor. Tratando do fenômeno
da internacionalização das empresas no ambiente competitivo globalizado
Queyras e Quaniam (2006) apontam que:

1
Trabalho no formato de comunicação ORAL, submetido ao GT3 Diversidade dos Campos
de Atuação

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Como conseqüência da abertura do espaço mundial e a extensão do


campo das tecnologias humanas ao espaço planetário, descortinaram a
fase da globalização, que tem modificado a interação entre as empresas
em nível mundial. Elas têm sido impelidas para integrar fenômenos
econômicos cada vez mais complexos. Simultaneamente, o
desenvolvimento tecnológico requer melhor apreensão da inovação e o
desenvolvimento de políticas eficazes com respeito a propriedade
industrial e intelectual.

A mudança exigida pelo cenário competitivo é gerada a partir da


capacitação dos seus recursos humanos, pois tecnologias de ponta sem a
presença de gestores, não irão surtir o efeito desejado (aumento da
lucratividade).
Através de uma revisão de literatura, o objetivo deste artigo é
apresentar teorias, conceitos e praticas do processo de tomada de decisão,
em diferentes contextos organizacionais, focando a identificação de
heurísticas e vieses de julgamento do processo decisório, que muitas vezes
influenciam os gestores a desviarem-se do julgamento racional para uma
realidade irracional levando-os ao erro.
Para isso entende-se a informação como estrutura fundamental para
a criação de competências e como geradora de conhecimento para o gestor
e para a empresa, proporcionando às organizações mudanças necessárias
na economia, no processo produtivo, e nas relações de trabalho, efetuando-
se no crescimento da organização das competências e na agilidade
decisórias

Dado, Informação, Conhecimento, Inteligência

A gestão empresarial deve esta constituída e fundamentada pela


informação, inteligência e conhecimento, para que assim, ela possa propor e
identificar estratégias competitivas no processo de julgamento da tomada de
decisão, conforme figura 1.
O termo 'dado' é definido por Miranda (1999,p.285) como “um
conjunto de registros qualitativos ou quantitativos conhecido que organizado,
agrupado, categorizado e padronizado adequadamente transforma-se em
informação”. Os dados apenas descrevem de forma primária (bruta) coisas,
objetos, programas, palavras, negociações, enfim, cenas ocorridas na
empresa que são arquivadas, classificadas, e armazenadas com a suposta
função de um dia serem recuperadas, o “dado” por si só, não chega a
interpretação de um determinado fato ou situação.
Quando um conjunto de dados transmite significados que podem ser
interpretados, temos uma informação. Wurman (1995,p.43) afirma que a
informação só pode ser aplicado à “aquilo que leva à compreensão [...] O
que constitui informação para uma determinada pessoa pode não passar de
dado para outra” .Da mesma forma Miranda(1999,p.285) conceitua
informação como sendo “dados organizados de modo significativo, sendo
subsídio útil à tomada de decisão”. Ou seja, aquilo que nos leva à
compreensão, resultado da associação de dados efetivamente trabalhados,

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comparados, classificados, onde esta associação nos leva


a um norte na interpretação da noção do objeto estudado servindo como
base para um cenário favorável ao processo de tomada de decisão.

Figura 1 - Recursos para Tomada de Decisão


Fonte: Brethenoux, 1996.

A função fundamental da informação é proporcionar a empresa


condições de geração de novos conhecimentos, criando possibilidades para
a mesma chegar a seus objetivos por meio da utilização qualitativa dos
recursos disponíveis. Neste âmbito se insere pessoas, processos,
ferramentas, suporte (tecnologias), produtos, serviços e os próprios recursos
informacionais que integram as diversas funções das várias unidades
organizacionais, lapidados de forma correta para transformarem-se em
conhecimento organizacional.

“Informação e conhecimento estão relacionados, mas não são


sinônimos. Também é necessário distinguir dois tipos de
conhecimento: os conhecimentos codificáveis – que, transformados
em informação, podem ser reproduzidos, estocados, transferidos,
adquiridos, comercializados etc – e os conhecimentos tácitos. Pra
este a transformação em sinais ou códigos é extremamente difícil já
que sua natureza está associada a processos de aprendizado,
totalmente dependentes de contextos e formas de interação
sociais específicas”. (LASTRES e ALBAGLI, 1999, p. 30).

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Segundo Miranda (1999), há três diferentes tipos de conhecimento: o


conhecimento explícito, o conhecimento tácito e o conhecimento estratégico.
O primeiro pode ser definido como um conjunto de informações arquivadas
em algum suporte (livro, documentos, vídeos, etc) e que tem como
característica um saber específico sobre um determinado tema. O segundo é
gerado pelo acumulo de experiência de um determinado indivíduo em
relação a uma determinada prática, sofrendo influências de preceitos,
emoções, crenças, sentimentos enfim o conhecimento tácito esta
intrinsecamente relacionado com o subjetivismo da mente humana, ou seja,
a personalidade de cada um. E o terceiro seria a união e transformação do
conhecimento tácito em explicito possibilitando ao indivíduo um novo cenário
em sua forma de agir para o desenvolvimento, gerenciamento ou solução de
uma determinada especialidade.
O reagrupamento de várias informações pelos analistas gera o
conhecimento útil para a tomada de decisão, o qual permitirá criar
inteligência, ao ser inserido em um contexto global (QUEYRAS; QUONIAM
2006, p. 81)
Em 1994 o governo francês publicou um documento com o titulo
Intelligence Économique et estrátégique des enterprises (1994) no qual
define inteligência para tomada de decisões como conjunto de ações
coordenadas de busca, tratamento, distribuição e proteção de informação útil
aos atores econômicos e obtida legalmente.
Para Tarapanoff (2006, p. 25):

sua finalidade consiste em fornecer aos responsáveis pela tomada de


decisões nas empresas ou o Estado, os conhecimentos necessários
para compreensão do seu meio ambiente. E poder assim, ajustar suas
estratégias individuais ou coletivas, a inteligência já trás em seu bojo, os
conceitos de inovação, informação e conhecimento.

Um dos vieses da Inteligência consiste em gerar conhecimento a


partir do reagrupamento das informações que foram coletadas, analisadas e
tratadas pelo profissional especializado, utilizando-a como estratégia
otimizadora do uso de informações para o embasamento da escolha de uma
decisão, ou seja, representa um esforço de todos os indivíduos da
organização na tentativa de desenvolver competências coletivas da rede de
processos de uso da informação, por meio dos quais os membros da
organização criam significados comuns, desenvolvem novas idéias, agregam
novas atividades ais já existente, descobrem novos conhecimentos e se
comprometem com certos cursos de ação.

Tomada de Decisão: heurísticas e vieses

Atualmente com o desenvolvimento da área de ciência e tecnologia e


conseqüentemente da complexidade dos produtos e serviços oferecidos por
no mercado atual tem-se exigido das organizações esforços cada vez
maiores na busca constante em adaptar-se a nova demanda de consumo

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deste mercado. Por isso há a necessidade de novos


modelos de Gestão empresarial, novas especializações e de um
aprendizado constante na tentativa de suprir as exigências de uma clientela
cada vez mais especializada e exigente.
Nesse sentido o contexto do julgamento, na tomada de decisão em
diferentes realidades organizacionais, apresenta-se de forma complexa. Isso
pode ser mais bem explicado ao compararmos organizações com neurônios,
ou seja, quando todos os neurônios estão interligados e funcionando de
maneira correta, o sistema nervoso decorrente da união dos neurônios
também estará funcionando a pleno vapor. Da mesma forma é a empresa,
se as partes que a constitui estão funcionando bem, conseqüentemente a
organização no todo também estará. Essa complexidade se dá por infinitos
fatores, entre estes podemos citar os fatores internos e externos apoiados
por grandes déficits informacionais e pela falta de gestores especializados
que ao se somar podem influenciar em um julgamento errôneo no processo
de tomada de decisão organizacional.
Percebe-se, então que o gestor muitas vezes planeja determinados
cenários para o futuro, no entanto, podem ocorrer situações ocasionadas por
fatores externos (concorrência, matéria prima, fatores culturais entre outros),
que podem exigir um maior dinamismo e flexibilidade do profissional.
Nesse âmbito os indivíduos tendem a se desviar do processo
decisório completamente racional, em situações individuais e competitivas.
Esses desvios se apresentam, pois é da natureza dos seres humanos se
desviarem de problemas complexos mesmo quando se apresenta caminhos
que os levam a efetivação da racionalidade.
As pessoas consideram que tal processo pode ser transformado em
algo prescritivo, ou seja, uma “receita de bolo”, que pode ser aplicada em
toda e qualquer situação, e em qualquer organização, então utilizam tal
estratégia tentando facilitar suas metas de trabalho para não proporcionar
um cansaço físico ou mental (pessoas poupam-se da exaustão da
complexidade). Contribui-se assim, para que os vieses de decisões
profundamente entranhados na mente das pessoas possam limitar a
habilidade do individuo de seguir caminhos novos, racionais e
contextualizados com a necessidade do momento.
Isso acontece porque as pessoas se utilizam de estratégias
simplificadoras ou regras práticas ao tomar decisões, ou seja, indivíduos em
seu subconsciente desenvolvem pensamentos irracionais e acham que são
capazes de simplificar algo complexo, para não se sacrificar, ganhar tempo e
obter bons resultados, no entanto, isso pode resultar em grandes perdas.
Tais regras e práticas são chamadas de heurísticas, sua utilização,
inicialmente, pode se apresentar úteis no julgamento de tomadas de
decisão, contudo, ao realizar um estudo mais profundo do assunto observa-
se que a utilização de heurísticas pode levar os gestores a sérios erros,
porque como no exemplo dos neurônios, suas partes não fazem a atividade
do todo. Muitas vezes na organização ocorre o mesmo, e quando há a
tentativa de simplificar o resultado, não há como gerar o mesmo resultado no
todo, corroborando para perdas.

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heurística são um conjunto de regras e métodos que conduzem à


descoberta, à invenção e à resolução de problemas [...] metodologia, ou
algoritmo usado para resolver problemas por métodos que, embora não
rigorosos refletem o conhecimento humano e permitem obter soluções.
(FERREIRA, 1999 p. 1040)

É imprescindível salientar que a tomada de decisão deve apoiar-se na


variedade dos contextos organizacionais, para que o gestor possa planejar
estratégias práticas para mudar e melhorar os processos decisórios de modo
que este indivíduo perceba o mundo real com toda sua confusão e
complexidade, considere todas as alternativas possíveis, consiga discerni as
alternativas supérfluas e as que irão norteá-lo a um padrão adequado da
realidade para que ele possa selecionar a melhor alternativa existente.
Para Bazerman (2004) pode se considerar que o processo de tomada
de decisão apresenta tais requisitos: ele é um processo racional, mas
também emocional, ou seja, racional porque é baseado em um conjunto de
premissas que determina como uma decisão deve ser tomada. E emocional,
pois mesmo estando capacitado, sempre o individuo terá algo emocional que
o remete a fatores irracionais.
Bazerman (2004) reitera ainda que, o processo de tomada de decisão
é também um processo social e relativo (afeta a vida das pessoas
subordinadas diretas ou indiretamente a tal organização, umas com maior
ênfase outras com menor), não é um processo prescritivo, mas contingencial
e se efetua em um processo de constante aprendizagem (nunca haverá uma
“receita pronta” para uma determinada decisão), pois o mundo esta em
constante transformação e cabe a cada pessoa capacitar-se e procurar
adaptação no contexto organizacional.
Tentando evitar alguns possíveis erros comuns no processo de
tomada de decisão segue um ensaio dos principais vieses cognitivos, onde
os mesmos ocorrem em situações no qual o individuo aplica a heurística de
maneira inadequada ao tomar uma decisão.
A maioria dos erros são sistemáticos e previsíveis, por isso,
argumenta-se então, que o indivíduo deve desenvolver o senso critico para
identificar tais vieses, obtendo como retorno a prática de aprender a evitá-
los.

Vieses Cognitivos no Processo Decisório Racional e Irracional

Bazerman (2004) diz que as previsões no contexto organizacional em


sua maioria são baseadas em cálculos matemáticos e estatísticos que
resulta nas probabilidades da ocorrência de varias situações e seus
respectivos resultados, principalmente financeiros. Tais processos guardam
alguma subjetividade, ou seja, os vieses daquele que elaborou a previsão,
que, em algum momento, impregnou o trabalho com a sua intuição. Desta
forma, verifica-se o surgimento dos vieses heurísticos.
Tal impregnação intuitiva apresenta-se quando são adotadas
heurísticas relacionadas à disponibilidade, e estas se enviesam

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cognitivamente porque as pessoas avaliam a freqüência, a


probabilidade ou as causas prováveis de eventos pelo grau com que
exemplos ou ocorrências desse evento estiverem rapidamente disponíveis
na memória. Como já foi analisado, ao lidar com o processo de tomada de
decisão sempre será estimando possibilidades ou probabilidades
(probabilidade de lucro, possibilidade de quitar dívidas), tende-se a estipular
bases iniciais (ancoras) que muitas vezes influenciam o processo de tomada
de decisão.
Todavia, não se defende a extinção dos vieses de ancoragem (ajustes
insuficientes da ancora, vieses de eventos conjuntivos e disjuntivos e
excesso de confiança), mas sim, que não os utilize de maneira equivocada,
achando que estes não devem ser analisados e criticados em determinados
contextos, em relação aos seus benefícios. Pois em determinados
problemas ancoras podem se apresentar como bases iniciais possibilitando
possíveis ajustes para a decisão final. Porém, pode ocasionar possíveis
julgamentos falsos se as informações forem aleatórias ou distorcidas e em
conseqüência causar erros gravíssimos.
Nesse sentido utilizar estratégias simplificadoras para tornar decisões
incertas em certas, em face de um mundo incerto não é uma boa estratégia,
há a necessidade do risco para se obter um novo cenário, ou seja, defende-
se a tomada de decisões sob a pressão dos fatores incertos (decisões
envolvendo fatores de risco), nesse contexto os fatores se referem à
inovação, e tudo que é novo é incerto, contudo, arriscar é preciso, este é o
primeiro passo.
O segundo passo é planejar o diferencial (estratégias
contextualizadas e singulares). E o terceiro seria ter a capacidade para
implantar e senso crítico para administrar, no entanto, o indivíduo que mais
se expõem ao risco para inovar tem maior probabilidade de obter maiores
lucros, porém, maiores chance de erros graves.
Exemplificando isso através de uma balança, inovação e risco teriam
pesos iguais. Todavia o lado da inovação na balança ficará mais forte (maior
peso) conseguindo enfraquecer o erro (menor peso) com um bom
planejamento. Portanto, propõem-se ao indivíduo que este analise o
contexto ao qual esta inserido, se informando e planejando para poder
avaliar a troca entre resultados e custos, julgando assim, se sua disposição
ao risco é lucrativo ou não.
Outra tendência dos gestores de processos de tomada de decisão
seria a de evitar riscos referentes a perdas, e por isso, na maioria das vezes
os indivíduos tendem a se arriscar mais para salvar uma perda maior
(grande probabilidade de não conseguir), do que se arriscar menos por
perdas menores, mas que tem certeza de salva (maior probabilidade de
conseguir). Já no cenário do ganho eles tendem a escolher ganhos menores
e certos do que se arriscar por ganhos maiores, mas incertos. Pessoas
atribuem mais valor à criação de certezas do que a um deslocamento de
valor equivalente no nível de incertezas. Não esquecendo que muitas vezes
o modo como um problema é estruturado ou apresentado pode mudar
drasticamente o ponto neutro percebido na questão.

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Por tudo isso, há uma tentativa de conscientização


do gestor da natureza probabilística da maioria das decisões. Probabilística,
porque mesmo quando o indivíduo detém um grande Know- how teórico e
prático, algo novo sempre o remete ao risco (pode dar certo, como pode dar
errado). Desta forma observa-se a importância crítica da estruturação da
informação. Neste sentido, os indivíduos tentam tomar decisões racionais,
mas há um grande peso na falta de informações importantes referentes à
solução do problema, os critérios relevantes, podendo até distorcer o
julgamento sobre o modo como a decisão é tomada em situações nas quais
tende-se a adotar uma determinada estrutura a ponto de excluir outras
perspectivas. Para tal, se o indivíduo conseguir perceber a importância de
tais informações estará mais apto a tomada de decisão sob a pressão da
natureza das incertezas e das decisões arriscadas no modelo de julgamento
que os desvia da racionalidade.
Conforme Bazerman (2004) os vieses motivacionais, o papel aditivo
da motivação, suas influências e contribuição no processo de julgamento da
tomada de decisão, se dão porque ao envolvermos o individuo com fatores
motivacionais o mesmo acredita ser o “máximo” (dono da verdade), no
entanto, externamente (mundo e pessoas ao seu redor) isso não ocorre,
resultando no aumento e favorecimento do julgamento errado. Argumenta-se
então, sobre a dificuldade em controlar as relações emocionais. No
entendimento mais complexo de como as emoções afetam sua capacidade
de julgamento, o gestor é capaz de fazer melhores escolhas, baseadas na
racionalidade.
Vê-se então, que muitos dos erros cometidos são resultados de
vieses motivacionais. Quando a motivação e a cognição colidem podem
resultar em alguns transtornos, porque ao tomar decisões influenciadas por
motivações temporárias de certa forma o individuo pode se complicar ou
excluir objetivos de longo prazo, distorcendo assim, o objetivo prioritário, de
quando o indivíduo age com maior reflexão.
Um bom exemplo é quando um alguém esta poupando certa
quantidade de dinheiro durante um bom período de tempo para comprar um
carro novo. Então em um determinado dia surge uma situação que o
indivíduo gasta um pouco mais de dinheiro para comprar um computador,
conseqüentemente essa compra irracional de adquirir o computador irá
proporcionalmente afetar seus planos para longo prazo, resultando num
tempo maior para captação de recursos.
Para tal o indivíduo deve adotar uma abordagem experimental do
gerenciamento, ou seja, o indivíduo deve tomar uma decisão e se achar
cabível implementá-la. Em relação a este contexto, cita-se o exemplo dos
leilões pela internet, onde a irracionalidade age fazendo com que as pessoas
não percebam que estão sendo induzidas a rivalidade, pois depois que elas
entram em uma disputa ambas as partes querem vencer, optando
irracionalmente a seguir uma escalada que a cada lance só aumenta a
dívida, mas as partes vão dando lances irracionais um cobrindo o outro e
muitas vezes não percebem que ultrapassaram o valor máximo do leilão,
resultando em uma perda exagerada de vencedores e perdedores, pois

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

ambas as partes pagam o ultimo lance, tanto perdedor


como “vencedor”. Enquanto que toda esta perda poderia não ter acontecido
se tivesse existido um julgamento racional onde ambas as partes não teria
optado pela iniciação do leilão, ou seja, da escalada irracional e optado por
uma outra estratégia.
Portanto, o gestor deve esta flexível para abandonar seu
comprometimento e mudar para outra decisão se o primeiro caminho não for
satisfatório, para não expor a organização a um maior risco. Sempre esta
reavaliando a racionalidade, os lucros e perdas de futuros
comprometimentos, aprendendo a identificar futuras e possíveis longas
perdas.
No processo de tomada de decisões outro ponto a ser considerado
são os Julgamentos racionais e justos. As Preocupações com justiça são
fundamentais para um completo entendimento da tomada de decisões
porque tais preocupações podem desempenhar um papel crítico na tomada
de decisões para que com isso o indivíduo possa aprende a entender e
antecipar os efeitos da justiça e assim otimizar sua decisão.(BAZERMAM,
2004).
Ao integrar essas preocupações a uma estrutura de julgamento as
pessoas baseiam-se em preceitos decorrentes de pensamentos
influenciados de certa forma, pela racionalidade para poder justificar
resultados que consideram justos ou justificáveis.
As preocupações com justiça afetam decisões e ignorar essas
preocupações na tomada de decisão podem por em risco seus próprios
resultados. Um tomador de decisões racional deve estar consciente da
influencia de uma divisão aparentemente justa (25:25), do contrario, uma
das partes pode muito bem recusar a oferta se percebida como injusta, tal
percepção justifica-se pela influência de fatores racionais.
Portanto, julgamentos justos fazem parte da vida dos Gestores e das
organizações, eles muitas vezes afetam as emoções e comportamentos,
contudo, a realidade objetiva os leva a percepção da injustiça de modo que
no contexto da tomada de decisão devem estar preocupados com a justiça
comparando-a com o contexto social para que assim, o indivíduo possa
interpretar de forma aprimorada o mundo ao qual faz parte.

Das Conclusões

Conclui-se, portanto, que as grandes mudanças no mercado


competitivo têm alterado e exigido das organizações novas estratégias de
gerenciamento e de capacitação dos funcionários, surgem situações cada
vez mais complexas que devem ser superadas pelo uso de informações
adequadas e por gestores que age com cautela observando os limites da
racionalidade, pois mesmo quando o indivíduo recebe conselhos racionais
seus vieses de decisões profundamente entranhados podem limitar sua
habilidade de seguir esses conselhos.
Nesse sentido defende-se que gestores estejam sempre tentando
identificar os possíveis vieses que podem influenciar seus julgamentos no

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processo de tomada de decisão antes mesmo de entrar no


processo de negociação. Pois conseguindo identificar tais vieses o indivíduo
terá maiores condições de desenvolver singularidades no seu processo de
julgamento, e assim, refletir em melhores tomada de decisão em sua área de
trabalho.
Tomar decisões mais racionais aumenta a possibilidade de se chegar
a um acordo quando é sensato fazê-lo e aumenta a qualidade de resultados
negociados. Deve-se então, montar estratégias, estudar e criar valores
observando minuciosamente cada conseqüência de cada cenário, pois
muitas vezes nas negociações é possível obter uma vasta variedade de
resultados, pois é a partir da analise crítica do leque de informações que
disponíveis que pode-se julgar qual é a melhor estratégia a se adotar, qual a
melhor decisão e com maior probabilidade de render um bom lucro.
Assim, informação é o recurso essencial para a tomada de decisão.
Aplicando-a adequadamente esta irá se apresentar na qualidade dos
produtos ou serviços, na agilidade das negociações e por fim na otimização
da lucratividade fator crucial para manutenção e existência de uma
organização.

Referências

BAZERMAN, Max H.. Processo Decisório. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus,


2004. 228 p.

BRETHENOUX, E.; DRESNER, K.; BLOCK, J. Data warehouse, data Ming


and business intelligence: the hype stops here. Stanford, Gartner Group.
October 28, 1996. (Strategic Analysis Report).

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dicionário da lingua portuguesa . 3. ed. -. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1999. 2128 p. ISBN 8520910106

LASTRES, H. M. M., ALBAGLI, S. (Org.). Informação e globalização na


era do conhecimento.Rio de Janeiro: Campus, 1999. 318p.

MIRANDA, R. C. da R. "O uso da informação na formulação de ações


estratégicas pelas empresas". Ciência da Informação, Brasília, v.28, n.3,
p.284-290, set./dez. 1999.

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QUEYRAS, Joachim; QUONIAM, Luc. Inteligência


Competitiva. In: TARAPANOFF, Kira (org.) Inteligência, informação e
conhecimento. Brasília: IBICT, UNESCO.p. 73-97.

TARAPANOFF, Kira. Inteligência, informação e conhecimento. Brasília:


IBICT, 2006. 453p

WURMAN, R. S. Ansiedade de informação: como transformar


informação em compreensão. 5. ed. São Paulo: Cultura Editores, 1995.
380p.

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O PERFIL DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO EM UM NOVO CAMPO


DE ATUAÇÃO: o gerenciamento eletrônico de documentos da
1
TECNODOCS em Teresina – PI

BRUNA RAQUEL, Alencar *


DANIELLE, de Lima Silva**
DENIZETE, Lima de Mesquita***

Resumo:

Com o advento das novas tecnologias, houve uma modificação na forma de


trabalhar de muitos profissionais, incluindo os bibliotecários. Os
equipamentos e os programas desenvolvidos propiciaram a execução de
novas tarefas e/ou modificaram a forma como eram feitos outrora. Diante do
exposto, objetiva-se explanar sobre os campos de atuação dos profissionais
bibliotecários que atuam em ambientes tecnológicos, especialmente os que
trabalham no Gerenciamento Eletrônico de Documentos – GED e apresentar
o perfil, as competências e as habilidades exigidas pelo mercado de
trabalho. Para alcançar o objetivo pretendido, adotou-se a metodologia
qualitativa, com embasamento em teóricos que versam sobre a temática,
bem como a realização de uma entrevista com os bibliotecários que
trabalham com o GED em uma empresa na cidade de Teresina – PI. De
posse da literatura selecionada e das informações coletadas na entrevista,
pode-se dizer que: o campo de atuação do profissional bibliotecário em
ambientes tecnológicos é amplo e continua expandindo; a área de GED
ainda é pouco explorada pelos bibliotecários; o perfil exigido pelo mercado
de trabalho é de um profissional que seja flexível e criativo; que busque a
qualificação e atualização permanente. Assim, pode-se dizer que os
profissionais que trabalham e os que pretendem trabalhar em ambientes
tecnológicos, especialmente com o GED devem possuir interesse e
disponibilidade para acompanhar as evoluções tecnológicas.

Palavras-Chave: Perfil profissional; Bibliotecário emergente; Gerenciamento


Eletrônico de Documentos – GED.

INTRODUÇÃO

Diante da crescente demanda de informações da atualidade, é


imprescindível o uso das ferramentas tecnológicas para gerir todo este fluxo

1
Comunicação Oral apresentada ao GT N° 3 – Diversidade dos campos de atuação.
*UESPI. Graduanda. bruna_raquel_17@hotmail.com
**UESPI. Graduanda. danyellylima2007@gmail.com
***FAPEPI. Graduada. denilima@hotmail.com

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Informacional. Para tal, os profissionais que lidam diretamente com as


informações devem qualificar-se constantemente, tendo em vista que
hodiernamente surgem no mercado novas ferramentas e produtos que tem
como objetivo facilitar a captação, tratamento, organização e disseminação
das informações.
Atualmente verifica-se a diminuição das informações em formato
impresso, especialmente nas organizações governamentais e empresas de
grande porte. O fato de não encontrar volumosos processos, relatórios,
planilhas, etc. não significa que a quantidade de documentos produzidos
diminuiu, ao contrário, aumentou demasiadamente, no entanto o
armazenamento está sendo feito em formato digital.
Seja a informação impressa ou digitalizada, necessita ser
selecionada, tratada, organizada, e armazenada para que seja
posteriormente recuperada sempre que o usuário necessitar. Para gerenciar
todo esse processo que envolve o ciclo informacional, o bibliotecário é o
profissional mais indicado, tendo em vista que este possui a formação
especifica para tal fim.
Em face de novas ferramentas e recursos que serão
operacionalizados, é imprescindível que o bibliotecário desenvolva/adquira
ao longo de sua formação e atuação profissional, novas competências e
habilidades, para acompanhar as tendências e evoluções tecnológicas.
Nessa perspectiva, buscam-se identificar quais os perfis dos
profissionais bibliotecários que atuam em ambientes tecnológicos,
especificamente os que trabalham com o Gerenciamento Eletrônico de
Documentos – GED.
Inicialmente, buscou-se fazer um breve apanhado histórico dos
campos de atuação dos bibliotecários desde os tempos remotos aos dias
atuais. Em seguida, apresenta-se o novo perfil do bibliotecário da atualidade,
bem como sua função, competências e habilidades exigidas pelo mercado
emergente. Na seção seguinte, descreve-se o sistema de Gerenciamento
Eletrônico de Documentos – GED, suas contribuições, aplicabilidades e
vantagens para o processo de organização da informação.
Na quarta seção explana-se um pouco sobre o GED na TECNODCS,
empresa a qual serviu como estudo para a realização do trabalho. Enfatiza-
se o papel dos bibliotecários que trabalham na referida empresa com a
implantação do GED. E por fim, relatam-se os resultados obtidos com a
pesquisa.

1 BREVE RETROSPECTO DOS CAMPOS DE ATUAÇÃO DO


BIBLIOTECÁRIO: do impresso ao eletrônico

Inicialmente o mercado de trabalho para os bibliotecários restringia-se


às bibliotecas tradicionais (pública, universitária, escolar, especializada) e o
objeto de trabalho era a informação em formato impresso (livros, periódicos,
manuais, atlas, mapas, cartas, etc.).

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Com as revoluções tecnológicas, as informações começaram a ser


produzidas e armazenadas também em formato eletrônico (Disket, Cds,
DVDs, E-books, etc). Outra transformação que a tecnologia propiciou foi o
aumento desenfreado da quantidade de informações e documentos
produzidos tanto em formato impresso quanto em formato digital. Gerenciar
todo esse fluxo informacional passou a ser um grande desafio para o
Profissional da Informação (PI), pois este deixou de ser mero guardião de
livros e passou a ser disseminador do saber.
Para captar, tratar, organizar e disseminar as informações, os
bibliotecários passaram a utilizar os recursos tecnológicos como:
microcomputadores, impressoras, scanner, disquete, CD’s, DVD’s, etc, bem
como inúmeros programas elaborados para fins específicos.
Segundo Cianconi (1991, p.206):

O emprego da informática pelo bibliotecário não se restringe à


automação dos procedimentos administrativos da biblioteca, à
organização de bases de dados bibliográficos ou ao acesso a
bases de dados de terceiros, mas também ao projeto, estruturação
e disseminação de informações produzidas na instituição.

Atualmente tornou-se impossível para o um bibliotecário manter um


acervo atualizado, organizado e disponibilizá-lo para seus usuários sem
utilizar os recursos tecnológicos, pois a gama de documentos produzidos é
infinita e selecionar o que de fato é pertinente aos anseios informacionais de
seus usuários/clientes tornou-se um grande desafio.
Segundo Dutra; Carvalho (2006, p. 183): “O PI atua na coleta,
tratamento, recuperação e disseminação da informação e executa atividades
técnicas especializadas e administrativas relacionadas à rotina de unidades
informacionais”. Vale ressaltar que para adentrar e/ou manter-se nesse
novo mercado de trabalho é necessário que estes profissionais adquiram e
desenvolvam competências e habilidades para operacionalizar os recursos
tecnológicos disponíveis.
O surgimento das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)
possibilitaram aos profissionais bibliotecários ampliarem o campo de
atuação, assim como afirma Silva (2005, p.10, grifo nosso).

[...] centros de informação, empresas públicas e privadas,


indústrias, bibliotecas particulares ou publicas, desenvolvimento
de arquitetura de distribuição de informação na web, meios de
comunicação, empresa de multimídia, centros de documentação
audiovisual, serviços culturais, arquivos, museus, bancos,
editoras, hospitais, escritórios de advocacia, em atividades
acadêmicas e diversos outros ambientes em que tem
demonstrado eficácia no desenvolvimento do seu trabalho, [...].

Como pode-se verificar, o mercado de trabalho para os bibliotecários


é imenso, tendo em vista que é cada vez mais frequente o uso dos recursos
tecnológicos nas atividades do cotidiano.

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

A internet como ferramenta das novas tecnologias contribuiu para a


mudança no campo de atuação do profissional bibliotecário, pois a
organização 'física' de documentos e publicações cedeu espaço para o
mesmo trabalho no ciberespaço (bibliotecas virtuais, websites, blogs, etc).
Diante das transformações ocorridas, é condição sine qua non para
os bibliotecários adentrar e/ou permanecer no mercado de trabalho
globalizado, manter-se atualizado participando de congressos, seminários,
simpósios, palestras, treinamentos e cursos de capacitação e pós-
graduação.

O profissional bibliotecário deve estar preparado para lidar com


todos os suportes informacionais e dominar as tecnologias de
informação, que trouxeram transformações nos processos
interacionais entre os próprios bibliotecários em seus ambientes
de trabalho, envolvendo novas práticas profissionais em relação
às formas de gerenciamento da informação e dos serviços
prestados e na interação com os usuários. Com a utilização mais
intensiva das tecnologias de informação e comunicação, o
consequente aumento dos suportes eletrônicos da informação, a
criação das bibliotecas digitais e as novas formas de sociabilidade,
a imagem desses profissionais, aos poucos, apresenta os
primeiros sinais de rompimento de identificação com o bibliotecário
“tradicional”. (LIMA et al. 2010 p.10-11)

2 O PERFIL DO BILIOTECÁRIO EMERGENTE: função, competências e


habilidades.

O Bibliotecário emergente é aquele profissional desprendido das


atividades de cunho técnico e apto para atuar de forma crítica,
empreendedora (assumindo riscos) e eficaz na identificação e
processamento de demandas informacionais, no domínio das tecnologias
disponíveis, no gerenciamento de serviços e recursos informacionais.
Segundo Ferreira (1995) a expressão emergente deriva do verbo emergir, ou
seja, que vem a tona.
O surgimento das TI provocou mudanças significativas em todo o
mundo e principalmente na forma de trabalho na área informacional, elas
contribuem na dinamização das atividades e insere os conteúdos em novos
contextos interdisciplinares. Segundo Rodrigues e Sousa (1997, p.1 apud
DUTRA; CARVALHO, 2006, p.184), “as inovações tecnológicas podem ser a
excepcional oportunidade para a biblioteconomia alçar novos patamares”.
De acordo com essa nova realidade tecnológica em que os
profissionais da informação precisam estar a par é necessário que eles
sejam flexíveis para se adaptarem a essas transformações, de modo a
assegurar sua permanência no mercado atual.
Segundo Takahashi (2000, p.21 apud DUTRA; CARVALHO, 2006, p.
182), “Houve modificação estrutural no mercado de trabalho bem como no
perfil do emprego, novas especializações profissionais surgiram, outros
foram substituídas ou mesmo eliminadas”. Nesse sentido, vale ressaltar que

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

esses profissionais da informação correm grandes riscos de serem


substituídos ou até esquecidos senão buscarem alcançar o ritmo de
crescimento em que os serviços e produtos estão inseridos, e principalmente
no que rege a demanda organizacional.
No Brasil a função social da profissão está inserida na lei 4.084
sancionada no dia 30 de junho de 1962 que dispõe sobre a profissão de
Bibliotecário e regula seu exercício:

São atribuições dos Bacharéis em Biblioteconomia: a organização,


direção e execução dos serviços técnicos de repartições públicas
federais, estaduais, municipais e autarquias e empresas
particulares concernentes às matérias e atividades seguintes: o
ensino de Biblioteconomia; a fiscalização de estabelecimentos de
ensino de Biblioteconomia reconhecidos, equiparados ou em vias
de equiparação; administração e direção de bibliotecas; a
organização e direção dos serviços de documentação; a execução
dos serviços de classificação e catalogação de manuscritos de
livros raros e preciosos, de mapotecas, de publicações oficiais e
seriadas, de bibliografia e referência. (BRASIL, 1962, grifo nosso)

A matéria-prima de trabalho atual que garante a estes profissionais


novas perspectivas de atuação profissional chama-se informação. Le Coadic
(2004, p. 4) define informação como “um conhecimento inscrito (registrado)
em forma escrita (impressa ou digital), oral ou audiovisual, em um suporte”.
Todas as melhorias desenvolvidas no âmbito informacional proporcionadas
hoje com o uso das ferramentas tecnológicas possibilitaram a acessibilidade,
velocidade e disseminação com que essas informações são geradas e
absorvidas. As atribuições concedidas aos bacharéis em biblioteconomia
remetem a funções ainda consideradas de cunho técnico, onde os
profissionais encontram-se restritos a determinadas tarefas, percebe-se que
atualmente esse quadro tem sofrido grandes mutações e a tendência é se
desenvolver cada vez mais.
Já Mueller (1989, p. 65) em seus estudos, expandiu a função social
do Profissional da Informação (PI) para além do tradicional: “A identificação
das funções que temos assumido como profissionais, e dos caminhos
potenciais para o desenvolvimento da profissão, nos fornecem um panorama
da diversidade do campo profissional.”, ela adiciona a função da
preservação, da educação e do suporte ao estudo e à pesquisa, como
suplemento para o alcance de tal êxito.
Nesse aspecto, observa-se que esses novos espaços de atuação
exigem a mudança no comportamento e de novas atitudes desses
profissionais, o campo tecnológico (área pesquisada) ligado ao meio
organizacional permitiu a sociedade contar com uma variedade de serviços e
principalmente de profissionais preocupados com o novo ofício que une uma
melhor formação e função profissional, questionamentos estes que
começam a criar forças desde a fase acadêmica até a saída da universidade
para o mercado de trabalho. Tendo em vista, a adequação desse fenômeno

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

é necessário que esses profissionais que trabalham com informação


procurem atualizações e acréscimos de suas competências. Sendo assim,
Ferreira (2003, p.45 apud MAIMONE; TÁLAMO, 2003, p. 309, grifo nosso)
profere:
À medida que as organizações estão mudando o foco das
competências essenciais em resposta à globalização, tem-se
evidenciado que os profissionais da área da ciência da informação
(prioritariamente Bibliotecários) devam revisar o que fazem de
melhor e reafirmar o compromisso com a ampliação de suas
competências e o crescimento profissional, a fim de que possam
agregar valor aos serviços de informação que são a eles
designados e disponíveis a seus usuários.

A frase em ênfase aponta os desafios e os grandes riscos que estes


profissionais precisam enfrentar na sua formação, para competirem e se
enquadrarem no novo modelo exigido pelas organizações.
Desse modo, os autores Silva e Cunha (2002, p. 78 apud MAIMONE;
TÁLAMO, 2003, p. 310, grifo nosso) já presumiam essa necessidade de
preparação profissional e sinalizavam para o foco na educação:

Nesta conjuntura, em que a mudança tecnológica é a regra,


buscar condições para ancorar a preparação do profissional do
futuro requer uma estratégia diferenciada. Este profissional deverá
interagir com máquinas sofisticadas e inteligentes, será um agente
no processo de tomada de decisão. Além disso, o seu valor no
mercado será estimado com base no seu dinamismo, em sua
criatividade e em seu empreendedorismo. Todos esses fatores
evidenciam que só a educação será capaz de preparar as pessoas
para enfrentar os desafios dessa nova sociedade.

Nesses fins, convém relevar que diante do contexto dinâmico em


que os profissionais estão inseridos é de grande importância que os mesmos
incluam as novas competências e habilidades ao perfil tradicional. Nesse
ponto, Dutra e Carvalho (2006) avaliam competência como um conjunto de
conhecimentos obtidos no transcorrer da vida, sujeitos a ajustes conforme a
ocasião, possibilitando assim, a concretização de várias atividades. Em
compensação, habilidades podem ser empregadas para diferentes aptidões.
Complementando a visão dos autores Dutra e Carvalho (2006) a
respeito da dimensão e da complexidade das novas competências e
habilidades do profissional da informação, é reforçada quando Veras (2010,
p.10) expõe em seu artigo que:

Cabe ao bibliotecário, pela sua formação e conhecimentos


absorvidos na academia e na prática, a promoção da competência
em informação, atuando em diversos setores onde se faz
necessário organizar a informação e facilitar o seu acesso aos
consulentes.

A tabela abaixo evidencia o paralelo entre as competências do


profissional da informação listadas pela Classificação Brasileira de

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Ocupações (CBO) e as habilidades solicitadas pelo mercado de trabalho


emergente aplicadas ao panorama organizacional.

TABELA 1: PERFIL EMERGENTE


Competências do Profissional da Competências exigidas pelas
Informação pela Classificação Brasileira Organizações.
de Ocupações (CBO).
Manter-se atualizado Disposição para mudanças
Liderar equipes Liderança
Trabalhar em equipe e em rede Afetividade + sociabilidade
Demonstrar capacidade de análise e
Análise e síntese / ou avaliação
síntese
Demonstrar conhecimento de outros
Comunicação
idiomas
Demonstrar capacidade de comunicação e
Negociação
negociação
Agir com ética Ética ou liderança
Demonstrar senso de organização Organização e planejamento
Capacidade empreendedora Realização
Criatividade + outras capacidades
Demonstrar Raciocínio lógico
Cognitivas
Capacidade de concentração Atenção / priorização
Demonstrar Pro-atividade Antecipar ameaças
Demonstrar Criatividade Flexibilidade / criatividade
Fonte: Adaptado de Faria et. al. (2005, p.30).

Comentem o quadro, evitando terminar com citações

3 O SISTEMA DE GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS

Atualmente as informações estão sendo produzidas em grande escala


e consequentemente percebe-se o aumento de documentos arquivados em
papel, fato este que vem crescendo a cada dia dentro das grandes
organizações. Como possível solução para este problema gerado pela
enorme quantidade de documentos impressos diariamente, foi desenvolvido
um Sistema de Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED), que tem
como função gerenciar as informações através de meios eletrônicos.
Segundo Silva (2005, p. 173):

O GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos) é definido


como o reagrupamento de um conjunto de técnicas e de métodos
que tem por objetivo facilitar o arquivamento, o acesso, a consulta
e a difusão dos conhecimentos e das informações que ele contém.

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Através da aplicação do GED em uma instituição, todo documento


pode ser armazenado e gerenciado, sendo possível a recuperação da
informação por meio de índices de buscas como: o nome do cliente, CNPJ,
nº de processos, tipo de documentos e até por palavras contidas no
conteúdo dos documentos.
Por meio desse sistema é possível controlar toda a vida informacional
de uma empresa. De acordo com Silva (2005, p.175): “O GED visa gerenciar
o ciclo de vida das informações e dos conhecimentos desde sua criação até
seu arquivamento”. Nesse caso, os documentos são administrados
eletronicamente em todo seu processo, independente de estarem em mídias
analógicas ou digitais. Diante disso pode-se dizer que o GED é um sistema
que possui a capacidade de controlar toda informação gerada dentro de uma
organização.
O GED é o conjunto de tecnologias que atua na organização de
informações no meio digital. Segundo Haddad (2000 apud SOUSA, 2011, p.
22) as principais tecnologias relacionadas ao sistema são:

DOCUMENT MANAGEMENT: São soluções voltadas ao


gerenciamento do ciclo de criação e revisão dos documentos,
onde dados do tipo número da versão/revisão, data da criação,
autor, dentre outros, são mais relevantes. Ou seja, o tipo de
informação aqui é dinâmica, pois está em constante processo de
alteração.
DOCUMENT IMAGING: São produtos que armazenam imagem de
documentos em estruturas pré-definidas de índice [...] O foco dos
produtos de document imaging é o gerenciamento de documentos
estáticos, processando e arquivando documentos concluídos.
Deve-se compreender as diferenças entre sistemas tradicionais de
processamento de dados e sistemas de document imaging. Nos
sistemas de processamentos de dados, as informações são
transcritas de suas fontes originais para sistema via teclado. Nos
sistemas de document imaging, as informações são captadas via
scanner.
WORKFLOW: são softwares que automatizam e controlam os
processos de negócio de uma organização. Através de seus
fluxos, a tecnologia de worflow permite analisar, modelar,
implementar e revisar os processos de trabalho de um forma
simples e interativa, reduzindo tempos de execução de custos
totais.
COLD (COMPUTER OUTPUT TO LASER DISC) ou saída de
dados de computador para disco ótico: são ferramentas que visam
o gerenciamento de relatórios oriundos de sistemas
informatizados, permitindo a recuperação de dados por diversos
índices e apresentandos-os em diversas formas.
OCR (Optical Character Recognition) e ICR (Intelligent Character
Recognition): são ferramentas utilizadas para obter dados
processáveis por sistemas informatizados a partir de imagens.
Para a conversão de caracteres gerados de forma mecânica,
utilizando recursos de datilografia ou impressão, a ferramenta
OCR é a mais indicada. Para a conversão de
documentos/caracteres manuscrito utiliza-se o ICR.

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FTR (Full Text Retrieval): são ferramentas que possuem recursos


para recuperar documentos a partir de qualquer palavra ou índice
remissivo do conteúdo do texto. Nesse processo, os documentos
são digitalizados e submetidos a um processo para a extração de
seu conteúdo e criação de bases de índices.
EDM (Engineering Document Management) ou gerenciamento
eletrônico de documentos de engenharia: são ferramentas que
proporcionam a disponibilização digital dos desenhos em qualquer
parte da organização [...] agiliza os processos de revisão e edição
dos documentos tanto no formato vector como no formato raster.

A junção dessas tecnologias, ou a sua atuação separadamente,


promove a gestão de informações. Todas essas tecnologias possuem
funcionalidades como: captação, gerenciamento, armazenamento,
distribuição e preservação. Nessas funcionalidades cada tecnologia tem uma
função específica.
Através das tecnologias relacionadas ao GED é feito o processo de
digitalização, que inicialmente consiste na preparação do material a ser
digitalizado. Nesta etapa do processo é feita, se necessário, a restauração
do documento ou a retirada de grampos, clipes, adesivos ou qualquer outro
tipo de material que prejudique no scaneamento. Após essa fase o
documento poderá ser digitalizado, processado e, a indexação permitir a
recuperação das informações digitalizadas, através da aplicação do OCR e
ICR. Depois é feita a revisão das imagens, onde serão feitas as
especificações necessárias para que as imagens sejam arquivadas e
disponibilizadas nas organizações.

3.1 As contribuições do GED para a sociedade

Atualmente muitas empresas têm aderido a essa tecnologia para uma


melhor gestão informacional. Abaixo estão relacionados alguns benefícios
na utilização do GED:
 Melhor aproveitamento do espaço físico;
 Facilidade na localização de um documento;
 Armazenamento seguro;
 Economia de papel;
 Preservação da informação;
 Melhor qualidade no atendimento;
 Obtenção de vantagem competitiva;
 Agilidade nos processos;
 Velocidade na recuperação da informação;
 Economia de tempo.
O sistema GED além de inúmeras vantagens, também possui uma
vasta área de aplicações, como:
 Atendimentos a clientes de bancos e serviços utilitários;
 Bibliotecas digitais;
 Escritórios de Advocacia (processos jurídicos);
 Conversão de acervo histórico;

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 Conversão de bibliotecas físicas para digitais;


 Documentação de administração hospitalar;
 Disponibilização de documentos oficiais, etc.
Para a implantação do GED são necessários investimentos em
equipamentos e programas (softwares) especializados. Diante disso
podemos perceber que o sistema também possui algumas desvantagens.
Silva (2001, p. 24) comenta que:

Os equipamentos têm um custo alto em relação aos outros


sistemas de gerenciamento de documentos, e se o sistema for mal
planejado, ele poderá nunca chegar a funcionar de maneira
desejada. Existe ainda o problema da mudança constante das
tecnologias empregadas, que implica em se classificar, num
contexto atual, sistemas com cinco anos de existência absolutos.

As mudanças e os avanços na tecnologia estão colaborando de forma


significativa para a sociedade, que atualmente busca facilidade, agilidade,
tempo e exatidão na resolução de algum processo ou atendimento. O
gerenciamento Eletrônico de Documentos visa melhorar o controle
informacional e atuar de forma precisa, buscando fornecer um serviço de
qualidade nas instituições que o utiliza.

4 A TECNODOCS E O GED

A TENODOCS (Tecnologia em Gestão de Documentos) é uma


empresa especializada em Gerenciamento Eletrônico de Documentos
(GED). Está instalada desde maio de 2010 na cidade de Teresina-PI.
Destaca-se como pioneira na região por ter no quadro de pessoal,
profissionais com formação especifica como: Analista de sistema com
certificação (CDIA+); Programadores e Bibliotecários.
Apesar de relativamente nova, traz para o mercado teresinense
serviços de implantação de tecnologias para gestão de imagens e
documentos visando proporcionar aos clientes uma gama de vantagens tais
como:
 Redução de custos com armazenamento e acesso aos
documentos;
 Melhoria da qualidade dos serviços prestados ao cliente,
reduzindo o tempo de atendimento;
 Acesso rápido à informação;
 Eficácia no rastreamento dos documentos;
 Maior segurança da informação;
 Aumento da produtividade, especialmente, nos processos que
envolvem entrada manual de dados (digitação);
 Possibilidade para várias pessoas ou equipes usarem um mesmo
documento ao mesmo tempo;
 Diminuição significativa dos custos com a mão de obra envolvida
nos processos, dentre outras inúmeras vantagens que o
Gerenciamento Eletrônico propicia aos seus usuários.

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Para a implantação do GED, a TECNODOCS inicialmente faz uma


avaliação das condições dos documentos a serem digitalizados e explica
para os clientes como ocorrerá o processo. Na digitalização dos documentos
utilizam-se scanners de última geração e softwares especializados para
captura de textos e imagens para o armazenamento em forma digital.
O processo de digitalização na TECNODOCS, assim como na maioria
das grandes empresas que trabalham com o GED, ocorre em cinco (05)
etapas:
 Preparação dos documentos – consiste em remover objetos
(grampos, clips) que possam obstruir o fluxo da documentação no
scanner, desfazer dobras, restaurar documentos danificados,
identificar os documentos com legibilidade comprometida, e
colocar um separador entre os diferentes tipos de documentos;
 Captura da imagem – os documentos são passados pelos
scanners, os arquivos são gerados em formato eletrônico, nas
extensões PDF, JPG, DOC, PNG, TIFF, GIF;
 Controle de qualidade – as imagens são revisadas para
identificar possíveis falhas, antes de serem armazenadas, para
garantir a qualidade especificada;
 Indexação e identificação – trata-se de identificar a pasta e os
arquivos capturados, com atributos de pesquisa ou campos de
indexação, combinados com o cliente, que permite o acesso
posterior à imagem. Esse acesso pode ser realizado com recurso
de reconhecimento automático de caracteres (OCR) para
documentos digitados ou (ICR) no caso de documentos escritos à
mão.
 Armazenamento e disponibilização – as imagens são
armazenadas e disponibilizadas para pesquisa na rede de
computadores da empresa na internet.
Para que o GED seja implantado, a TECNODOCS disponibiliza
profissionais com conhecimentos e habilidades práticas nas melhores e mais
modernas tecnologias utilizadas para planejar e projetar um sistema de
digitalização e gerenciamento de documentos.
A pesquisa realizada é de caráter qualitativo e exploratório, tendo em
vista identificar qual o perfil dos profissionais da informação que atuam em
ambientes tecnológicos. Utiliza-se como instrumento para coleta de dados a
entrevista. Emprega-se a pesquisa bibliográfica de autores que versam
sobre a temática, bem como o estudo de caso do GED em uma empresa de
Teresina - PI.
Para identificar qual o papel/função dos bibliotecários no processo de
implantação do GED na TECNODOCS, realizou-se uma visita à empresa e
uma entrevista com os profissionais que lá trabalham. Inicialmente verificou-
se como ocorrem as atividades inerentes ao GED, os programas e
equipamentos utilizados, e a rotina de trabalho dos profissionais. Logo em
seguida realizou-se entrevista.
Para a coleta das informações elaborou-se uma entrevista
semiestruturada, formada por cinco (05) perguntas, a qual foi realizada no

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dia (11 de março de 2011). Para manter o sigilo da identidade dos


profissionais entrevistados, serão citadas apenas as iniciais.
Na primeira pergunta busca-se identificar quais as atividades que os
bibliotecários desenvolvem na empresa.

L. M. S. --- Desde a visita técnica na empresa do cliente para


avaliar as condições do material, o estado do documento
impresso, se está legível, a estimativa de quantos documentos
serão scaneados.

R. G. S. --- [...]. Elaborar um índice de busca de acordo com as


necessidades do cliente, preparar os documentos para sanear,
indexar, disponibilizar e manter relatórios atualizados para os
clientes, o administrativo e o centro.

Na segunda pergunta, procura-se saber se os profissionais receberam


algum treinamento, e/ou curso de capacitação para aprender a
operacionalizar os equipamentos e os softwares utilizados no processo de
implantação do GED.

L. M. S. --- Sim, houve uma equipe de Fortaleza que veio fazer o


treinamento que durou uma semana. [...] quando é adquirido um
novo programa ou equipamento é feito um treinamento para que
possamos entender o seu funcionamento. [...] inclusive estamos
adquirindo um novo programa e virá um pessoal de Goiânia para
dar o treinamento.

Neste questionamento, vale ressaltar que o treinamento foi realizado


apenas para um dos bibliotecários e que este repassou para o outro as
informações apreendidas no curso, atualmente ambos buscam atualizar-se,
e aprofundar seus conhecimentos sobre as tecnologias do mercado de GED.
Na pergunta seguinte, teve-se como objetivo descobrir se os
bibliotecários encontraram alguma dificuldade para trabalhar com o
Gerenciamento Eletrônico de Documentos.

L. M. S. --- Nenhuma, pois tivemos um compromisso e interesse


em aprender a manusear os equipamentos e operacionalizar os
programas necessários ao GED. O treinamento ajudou a conhecer
o funcionamento dos equipamentos e dos programas adquiridos.

R. G. S. --- Depende muito do profissional que quer trabalhar com


GED, pois requer um conhecimento teórico prévio do processo, de
informática, de alguns programas.

Na quarta indagação, procura-se saber se apenas a graduação


prepara os futuros profissionais para trabalhar em qualquer campo de
atuação, especialmente os que envolvem as novas tecnologias.

L. M. S. --- Em relação aos processos tradicionais de organizar,


classificar, indexar, catalogar, [...] sim, porem é necessário haver
uma formação continuada para que os bibliotecários possam
aplicar em seu ambiente de trabalho.

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Na quinta e última pergunta, busca-se “Qual a importância do


profissional bibliotecário no processo de Gerenciamento Eletrônico de
Documentos – GED”?

L. M. S. --- Essencial, pois nós bibliotecários sabemos como lidar e


tratar o documento. Nós participamos de todo o processo, desde a
visita na empresa do cliente para explicar como funciona o GED,
quais os benefícios e como é feito todo o procedimento [...].
Fazemos a avaliação dos documentos, preparamos para scanear,
fazemos o tratamento do documento, aplicamos os programas
para deixá-los legíveis e pesquisáveis, fazemos relatórios,
disponibilizamos para os clientes e ensinamos, treinamos o
pessoal da empresa para usar o GED.

Após visita in loco e análise das respostas dos bibliotecários da


TECNODOCS, constatamos que os profissionais que trabalham na referida
empresa, apesar de estarem no mercado há bem pouco tempo, possuem
uma visão ampla de todo o processo de implantação do GED. No tocante ao
perfil que estes apresentam, pode-se dizer que são profissionais que
buscam qualificação constante, são criativos, demonstram capacidade de
organização, comunicação e trabalho em equipe.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o passar dos anos a informação tornou-se cada vez mais
necessária para as empresas e organizações, e em consequência dos
grandes avanços tecnológicos a quantidade de informações cresceu
consideravelmente. Selecionar e disponibilizar toda essa gama de
informações tornou-se cada vez mais complexo.
Após as leituras e os estudos realizados, compreende-se que esse
processo requer profissionais que possuem qualificações e disposições para
gerir o fluxo informacional, necessário ao desenvolvimento das atividades
presentes nas instituições.
Diante do que foi verificado na literatura dos autores utilizados para
embasamento teórico e dos dados constatados com o estudo de caso, é
considerável e aplicável os novos rumos de mercado que o profissional da
informação precisa estabelecer, esse processo inicia-se com a saída das
técnicas tradicionais para o desafio de um novo perfil que junte as
habilidades, atualizações e ferramentas tecnológicas que surgiram com o
advento da globalização, entre outras competências. Nesse novo campo de
atuação do bibliotecário, é necessário que os profissionais modernos
precisem estar atento às mudanças que ocorrem na atualidade e procurar
adaptar-se. O trabalho do bibliotecário vai além do tecnicismo, pois é um
trabalho preciso, árduo e investigatório. O objeto de estudo e trabalho é a
informação, e o objetivo é dar a ela um tratamento especial, preocupando-se
com a acessibilidade, armazenamento, recuperação e disseminação.
Com relação aos profissionais que trabalham com o GED, estes
devem manter-se atualizados em relação aos programas e equipamentos

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utilizados no processo de gestão eletrônica de documentos. Sendo assim, o


ambiente tecnológico exige um profissional que possua as características
citadas pela CBO no perfil emergente.

AGRADECIMENTOS

Aos bibliotecários e ao Gestor da TECNODCS pela disponibilização


das informações prestadas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n°4084 de 30 de Junho de 1962. Dispõe sobre a profissão de


bibliotecário e regula seu exercício. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 jun. 1962. Disponível
em:<http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/128675/lei-4084-62>. Acesso em:
15 mar. 2011.em: 03 abr. 2011.

DUTRA , Tatiana N. Augusto; CARVALHO, Andréa Vasconcelos. O


profissional da informação e as habilidades exigidas pelo mercado de
trabalho emergente. Revista Eletronica de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, Florianópolis, n. 22, p. 178-194, 2º sem. 2006 . Disponível em:
<http://revista.ibict.br/pbcib/index.php/pbcib/ article/view/461>. Acesso em:
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FARIA, Sueli et al. Competências do profissional da informação: uma


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Informação, Brasília, v. 34, n. 2, p. 26-33, maio/ago. 2005. Disponível em:
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar:


o minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2000.

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da Informação. Brasília: Briquet de Lemos, 2004. p. 1-11.

LIMA, Cintia V. Afonso de S. et al. O uso de Gestão Eletrônica de


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universitárias. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS E SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS
DIGITAIS – BRASIL, 16, 9., 1998, Rio de Janeiro. . Anais eletrônicos...Rio
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<______________________________________>. Acesso em: 12 mar.
2011.

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VERAS, Lucas. Desmistificando a profissão e o profissional bacharel em


biblioteconomia: um estudo em Teresina – PI. In: SIMPÓSIO DE
PRODUÇÃO CIENTÍFICA E SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: os
desafios da pesquisa no Piauí. 10., 9., 2010, Teresina. Anais
eletrônicos...Teresina: UESPI, 2010. Disponível em:
<http://www.uespi.br/prop/XSIMPOSIO/producao%20T/CCSA.html>. Acesso
em: 17 mar. 2011.

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OS CAMINHOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL NA


CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO1

DANTAS, Esdras Renan Farias*


GARCIA, Joana Coeli Ribeiro**

Resumo
Analisa as dissertações do Programa de Pós-graduação em Ciência da
Informação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI-UFPB), acerca da
temática responsabilidade social (RS). Compara os conteúdos temáticos
encontrados nas dissertações que se assemelham a definições de RS
usados na área da Ciência da Informação (CI), da Gestão ou de ambas. Do
ponto de vista metodológico, categoriza os conceitos encontrados, fazendo
uso da análise de conteúdo. As definições comparadas entre si permitem
refutar ou aceitar a hipótese de que a CI como ciência social, origina seu
próprio conceito sobre RS ou se aproxima da RS, evoluindo e adquirindo
características da área da Gestão. Como resultados preliminares a RS da CI
está ligada à cultura e à função social das bibliotecas, corroborando uma RS
da CI voltada para a Biblioteconomia. Isso pode ser eventualmente
explicado, pela maioria da análise das dissertações do PPGCI terem se
dado nas produções entre os anos de 1980 e 1990, ano em que o PPGCI
atuava com área de concentração nas bibliotecas públicas.

Palavras-Chave: Responsabilidade Social da Ciência da Informação.


Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da UFPB.

Introdução

A Ciência da Informação se configura um campo do conhecimento


interdisciplinar e socialmente responsável, por meio de sua atuação ou pela
produção científica criada para atender as necessidades de informação e de
tecnologia da sociedade, portanto uma ciência social que se inter-relaciona
com outras áreas do conhecimento, preocupada em corresponder às
expectativas e necessidades de informação da sociedade.
Rever conceitos discutidos e analisados anteriormente é
imprescindível para este trabalho, porquanto aborda a importância que a
responsabilidade social (RS) exerce nas instituições brasileiras, tendo como
foco as de ensino superior, especificamente a Universidade Federal da

1
Comunicação Oral apresentada ao GT N° 03 - Diversidade do campo de atuação.
*
Universidade Federal da Paraíba. Graduando em Biblioteconomia. Bolsista de Iniciação
Científica do CNPq. renanfdantas@hotmail.com
**
Universidade Federal da Paraíba. Doutora em Ciência da Informação. nacoeli@gmail.com

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Paraíba no seu Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação


(PPGCI). Isso ocorre tendo em vista que suas linhas de pesquisa se inserem
no campo social por estar instalado numa região em que as disparidades
sociais a circundam.
Em conformidade com a justificativa para criação do programa no
Nordeste, o PPPGCI (2007, p.1) atuaria na formação de pesquisadores e
docentes preocupados “com as demandas culturais provenientes das
exclusões impostas pelas desigualdades econômicas e sociais, que
restringem o acesso ao livro, ao conhecimento e à cultura”. Sendo assim,
para início desta pesquisa atenta-se aos seus objetivos específicos
buscando-se identificar nas dissertações do Programa, os conteúdos
temáticos sobre RS, ou em outras palavras percebendo quais descritores se
relacionam com RS e ao que eles nos remetem.
Assim, o objetivo é identificar os descritores utilizados por autores e
seus orientadores no campo da Ciência da Informação, no âmbito da Pós-
Graduação da UFPB. Este, desenvolvido no primeiro plano do estudo com o
fim de confirmar as hipóteses de que a CI é o campo do conhecimento que
faz com que as relações entre o homem, a informação, o conhecimento e a
sociedade, assumam práticas sociais com características de RS (GARCIA,
2010). O plano dois visa conhecer os conteúdos temáticos das dissertações
desses pesquisadores, hierarquizando os termos relacionados com RS. Isto
facilitará a criação de uma visão evolutiva dos conceitos, com o intuito de
determinar se as pesquisas em CI realmente desenvolvem uma temática
própria, se absorveram os conceitos da gestão usados para RS ou se
evoluíram e adaptaram para um conceito próprio.
A necessidade de cada vez mais se teorizar a CI e os temas a ela
correlatos, em questão a RS, justificam o desenvolvimento deste estudo. A
justificativa para a pesquisa também está na necessidade de confirmar se as
conclusões dos estudos da área realmente tratam de RS, tendo em vista que
com o acompanhamento da produção científica da Pós-graduação em CI da
UFPB observa características de práticas sociais mediadoras e de
filantropia, que segundo Garcia (2010) não são suficientes para a
determinação de RS para a CI.

Ciência da Informação

Desde seu surgimento a CI busca a definição de informação, objeto


de estudo desta Ciência, constatando a dificuldade em padronizar a
definição de CI.

Para uma ciência como a ciência da informação (CI) é,


obviamente, importante como os termos fundamentais são
definidos e, em CI, como em outros campos, a questão de como
definir informação é muitas vezes levantada. [...] Uma tentativa de
rever o estatuto do conceito de informação em CI, com referência
também a tendências interdisciplinares. No discurso científico,

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

conceitos teóricos são elementos verdadeiros ou falsos ou não


vislumbres de algum elemento da realidade, ao contrário, são
construções destinadas a fazer um trabalho da melhor maneira
possível. Diferentes concepções de termos fundamentais, como
a informação é assim mais ou menos produtivas, dependendo das
teorias (e no final, as ações práticas) são esperados para apoiar.
(CAPURRO; HJØRLAND, 2003, p.1).

Robredo (2003, p. 1), utiliza a definição de informação entre outras,


do Harrod’s Librarian’s Glossary of Terms Used in Librarianship
Documentation and the Book Crafts and Reference Book que assinala ser
“um conjunto de dados organizado de forma compreensível registrado em
papel ou em outro meio e suscetível de ser comunicado”.

Essa diversidade de condições epistemológicas não deve ser


confundida, porém, com uma indefinição metodológica eclética ou
relativista. [...] Seja qual for a construção do objeto da Ciência da
Informação, ele deve dar conta do que as diferentes disciplinas,
atividades e atores sociais constroem, significam e reconhecem
como informação, numa época em que essa noção ocupa um
lugar preferencial em todas as atividades sociais, dado que
compõe tanto a definição contemporânea da riqueza quanto a
formulação das evidências culturais (GÓMEZ, 2000, p.1).

A Ciência da Informação segundo Garcia (2010) foi definida por


Taylor, a partir das Conferências do Georgia Tech (1961 e 1962),
apresentando-se como uma ciência que pesquisa as propriedades e o
comportamento da informação, as forças que regem seu fluxo e os meios de
processá-la para aperfeiçoar o acesso e o uso.
Partindo-se das idéias apresentadas acima inferidas a CI e ao seu
objeto de estudo, Silva (2006) considera o aspecto interdisciplinar desta
Ciência e define-a como uma Ciência Social que investiga os problemas
casos e temas relacionados com o fenômeno info-comunicacional
perceptível e cognoscível através da confirmação ou não das propriedades
inferidas à gênese da organização, fluxo e comportamento informacionais.

Responsabilidade Social

RS pode ser entendida de um modo bem amplo como toda ação que
promova algum benefício para a sociedade. Essa amplitude de RS é
corroborada por Ashley (2003, p.7), quando diz tratar-se de “toda e qualquer
ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da
sociedade”.
Ainda de acordo com Ashley (2001), RS Corporativa é a ação que lida
com as expectativas dos stakeholders atuais e futuros. Stakeholders para a
autora são os acionistas, funcionários e o público atingido pela empresa,
todos os envolvidos direta ou indiretamente à ela.

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XXXIV Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia,
Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Dispondo sobre Pós-graduação, se faz necessário revisar os


conceitos de RS Universitária, que para Calderón (2006), diz respeito aos
deveres e funções que a universidade tem para com a sociedade,
financiadora de seus projetos e funcionamento, referindo-se principalmente à
procura de soluções para os principais problemas sociais, visando uma
melhor distribuição de renda e criação de estruturas de ascensão social de
setores marginalizados no curso da história.
Partindo da idéia que a Ciência da Informação é uma Ciência Social,
uma vez que o seu objeto de estudo é a informação, que segundo Robredo
(2003, p. 91), “a nova visão do processo de comunicação” associa-se “ao
enfoque sociológico da transmissão da informação e da geração do
conhecimento” ajudando a situar o papel e as atividades associadas “a
Biblioteca, a documentação, os Arquivos, a armazenagem, a difusão e a
recuperação da Informação”. É pertinente trazer para campo o debate das
questões sociais insurgindo discussões a respeito de sua RS.
A RS do profissional da informação, especificamente do Bibliotecário,
dispõe sobre promover, a justiça social, dar apoio às ações culturais, adoção
de posições políticas assumindo e seguindo princípios e valores éticos, com
o objetivo de atender a necessidades informacionais, quer para uma simples
consulta, quer para dar validade às pesquisas que gerem novos
conhecimentos (DU MONT, 1991).
RS nos mais diversos campos do conhecimento e nas mais diversas
formas de apresentação é um assunto discutido e que almeja a preocupação
da sociedade que é financiadora do desenvolvimento de instituições,
empresas, e a posteriore dos indivíduos. Dessa forma há que se preocupar
com os valores éticos e morais, conforme colabora Garcia,

Ética e responsabilidade social são expressões utilizadas com


bastante freqüência pela mídia impressa e eletrônica. A
justificativa para o uso intenso encontra base na economia
globalizada, com preocupação decorrente de princípios éticos e
valores morais em instituições, empresas e sociedade, diante da
necessidade de se manter uma boa imagem perante o público, e
este esperar uma atuação em concordância com o perfil proposto
(GARCIA, 2007).

Procedimentos metodológicos

Para desenvolver o estudo, utilizamos dissertações do Programa de


Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba, referente ao
período de 1980 a 2009.
Para início do estudo coube identificar as dissertações com
descritores sobre RS ou que são correlatos ao tema observando o número
de 163 dissertações, das quais nos deteremos a cinco enumeradas no
Quadro 2, as que já foram identificados os conteúdos temáticos.

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Quadro 2 - Dissertações identificadas com descritores sobre Responsabilidade


Social
6 Expectativas Discentes quanto a uma Biblioteca Pública Infantil em João Pessoa
A Biblioteca Pública como Alternativa de Educação Não-Formal para Adultos
15
Analfabetos.
A Biblioteca como Instrumento de Ação Cultural (Um estudo de caso sobre a biblioteca
29
“Ernesto Simões Filho”, Cachoeira, BA
Território da Utopia/Área de Risco. Política Cultural: aventuras e desventuras da
37
experiência de Uberlândia (MG)
142 Identidades Afrodescendentes: acesso e democratização da informação na cibercultura
Fonte: PPGCI / UFPB

A numeração atribuída as dissertações é de cunho cronológico.


Decorre do sistema simples de apresentação e defesa, utilizado pelo
PPGCI/UFPB, na organização do seu acervo. Daqui em diante, trataremos
das dissertações identificando-as a partir de seus respectivos números.

Coleta de dados e análises preliminares

No decorrer da atividade de identificação das dissertações que


idealmente tratavam de RS ou assuntos correlatos, teve-se acesso a lista de
dissertações identificadas para desenvolver a leitura e identificar os
conteúdos temáticos. A escolha para leitura ocorreu de forma aleatória.
As cinco dissertações foram analisadas e retiradas delas, descritores
com ligação direta ou indireta com o tema RS, para que posteriormente
fossem identificados os conteúdos temáticos (definições) correlatos com a
RS. Os descritores identificados são enumerados no Quadro 3.

Quadro 3 - Descritores das dissertações analisadas


Dissertação 6 Dissertação 15 Dissertação 29
- Extensão da Biblioteca infantil - Ação Bibliotecária - Instituição Social
- Biblioteca Pública Infantil - Desenvolvimento
- Funções da Biblioteca Infantil Sócio/Cultural
- Biblioteca Pública e Ação
Cultural
- Instrumento de Ação Cultural
Dissertação 37 Dissertação 142
- Noções de Cultura e Política - Cultura e Informação
Cultural - Acesso e Democratização da
- Ação Católica (AC) - Informação
- Papel do Agente Cultural - Relações Socioculturais
- Política Cultural
- Teoria e Prática da Política
Cultural

Para a interpretação e análise dos conteúdos temáticos encontrados


nas dissertações até agora lidas, utilizou-se a categorização da análise de
conteúdo. Para Gomes (1994), duas funções podem ser destacadas para a
aplicação da análise de conteúdo. Uma refere-se a verificação de hipóteses.

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Ou seja, podemos comprovar ou refutar as idéias pré-concebidas antes do


trabalho de investigação da pesquisa. A outra função relaciona-se em ir além
do que está sendo comunicado, descobrindo o que querem dizer os
conteúdos manifestos.
Importante ressaltar que nenhuma das dissertações até agora
analisadas, como se pode observar no Quadro 3, possui o descritor RS, quer
da CI, quer da Gestão, quer das duas áreas.
As categorias de palavras e respectivas definições identificadas nas
dissertações apresentam-se no Quadro 4.

Quadro 4 - Conteúdos temáticos sobre RS nas dissertações do PPGCI-UFPB


Ação Cultural
 Processo em que o homem será capaz de transformar e evoluir no sentido da cultura humanizada, produtiva,
através do diálogo, da conscientização, da atividade educativa e da libertação.

Acesso e democratização da informação


 No cerne dessas questões, emerge a nossa suspeita de que é através do vínculo entre condições de acesso e
democratização da informação que o fenômeno “identidade afrodescendente” pode ganhar espaço na produção
científica da CI.
 As “necessidades de informação” – acesso e democratização da informação – não seriam algo que se desenvolve
no próprio indivíduo, mas geradas por fatores sociais e culturais.

Atividade do cientista da informação


 [...] Organizar a informação produzida por todos os grupos sociais e disseminar de modo a contribuir para as
transformações que a dinâmica social requer.

Biblioteca Centro Cultural


 Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se, e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada – sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.

Biblioteca Pública
 Instituição fundada para servir os mais educados e motivados para a cultura dentro da comunidade.
 ... Um veículo da equalização das oportunidades educacionais e de auxílio na assimilação dos imigrantes...
 Ela deve associar-se a outras instituições educativas, sociais e culturais, inclusive escolas, grupos de educação de
adultos, grupos de atividades recreativas e aqueles que se interessam pela promoção das artes. Deve estar atentar
ao surgimento de novas necessidades e interesses na comunidade, como por exemplo, o estabelecimento de grupos
de pessoas que tem necessidades de leituras especiais, de novos interesses no campo de lazer que deverão estar
representados nas coleções e atividades da Biblioteca.

Contribuição da Biblioteca pública na educação não-formal


 Objetiva satisfazer as exigências de uma sociedade mutável e dinâmica, pois é a instituição que acompanha o
homem no decorrer de sua vida. e sendo uma pessoa bem informada, poderá discutir a realidade e tornar-se
consciente, pois não existe um tempo determinado para que o homem possa receber sua educação.

Contribuição da CI para as questões sociais


 Pode contribuir para que se estabeleça uma reflexão sobre o contexto das relações sociais que atuam no
processamento/consumo de informações, elemento de produtividade e de poder na sociedade contemporânea.

Dever do Bibliotecário na Biblioteca Infantil


 Poderia auxiliar no treinamento de mães e de professores, por exemplo, em atividades de leitura e de contar
histórias para as crianças, fornecendo ainda, de forma circulante, material adequado. Dessa forma, poder-se-ia
enriquecer as atividades desenvolvidas nos programas de educação formal e informal.

Extensão Bibliotecária
 Entendida como o objetivo de levar para fora dos espaços físicos das Bibliotecas, informações, educação e lazer,
para toda a comunidade.

Extensão de Bibliotecas

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

 O serviço de Extensão das Bibliotecas públicas evolui com novas formas de ação, interligando-se com outras
instituições sociais, permitindo que se instaure o diálogo, a participação e a conscientização das populações
carentes, tendendo a Extensão, caminhar para a ação cultural, na visão de que ela começa a incorporar os passos
fundamentais dessa nova metodologia, que se resumem na prática do diálogo, da participação, da conscientização e
libertação.

Finalidade da Biblioteca Pública


 Beneficiar todos os membros da coletividade e, particularmente, os marginalizados econômica e culturalmente.

Função cultural da Biblioteca infantil


 “Uma delas, refere-se à captação, preservação e divulgação dos bens culturais da comunidade, incluindo
quaisquer formas de manifestação cultural, e não somente aquelas consideradas eruditas.

Função da Biblioteca Pública


 [...] Maior ênfase a educação. [...] Serve de apoio ou reforço à educação formal, a qual se caracteriza pela sua
obrigatoriedade a um programa pré-estabelecido, de acordo com diretrizes traçadas pelo sistema de ensino.

Importância do estudo etnicorracial para a CI


 Enxergar as inúmeras possibilidades de se trabalhar com questões relacionadas à informação, com as temáticas
etnicorraciais e cibercultura, articulando-as ao que a Ciência da Informação tem a oferecer aos estudos e às
pesquisas que abrangem essas temáticas na área.

Inclusão digital
 É um processo de apropriação e utilização das tecnologias de informação e comunicação, orientada como uma
das ferramentas ou instrumentos de inclusão social. [...] Como uma das ações para o alcance do propósito maio, que
é garantir qualidade de vida, ações para o alcance do propósito maior, que é garantir qualidade de vida, autonomia,
poder aquisitivo ou, em outras palavras, participação econômica, política, social, cultural e, portanto, cidadã daqueles
que se encontram marginalizados socialmente pala falta desses mesmos elementos dignos a cada ser humano.

Informação social
 Significaria a articulação de uma compreensão, a priori, de um mundo comum compartilhado, uma dimensão
existencial de nosso ser no mundo junto com os outros.

Objetivo da Biblioteca Infantil


 Ao oferecer jogos e atividades deve promover a aquisição de conhecimentos que tenham por base a leitura.

Objetivo das Bibliotecas Públicas


 O gosto pelos livros e o hábito de utilizar as Bibliotecas e seus recursos são adquiridos mais facilmente nos
primeiros anos de vida. A Biblioteca Pública tem, portanto, o especial dever de propiciar às crianças a oportunidade
de escolherem, individual e informalmente, os livros e outros materiais. Devem ser-lhes destinadas coleções
especiais e, se possível, áreas independentes. Assim a Biblioteca infantil pode chegar a ser, para elas, um lugar
alegre e estimulante, onde atividades de diferentes tipos serão fonte de inspiração cultural.

Importância do estudo etnicorracial para a CI


 Enxergar as inúmeras possibilidades de se trabalhar com questões relacionadas à informação, com as temáticas
etnicorraciais e cibercultura, articulando-as ao que a Ciência da Informação tem a oferecer aos estudos e às
pesquisas que abrangem essas temáticas na área.

Inclusão digital
 É um processo de apropriação e utilização das tecnologias de informação e comunicação, orientada como uma
das ferramentas ou instrumentos de inclusão social. [...] Como uma das ações para o alcance do propósito maio, que
é garantir qualidade de vida, ações para o alcance do propósito maior, que é garantir qualidade de vida, autonomia,
poder aquisitivo ou, em outras palavras, participação econômica, política, social, cultural e, portanto, cidadã daqueles
que se encontram marginalizados socialmente pala falta desses mesmos elementos dignos a cada ser humano.

Informação social
 Significaria a articulação de uma compreensão, a priori, de um mundo comum compartilhado, uma dimensão
existencial de nosso ser no mundo junto com os outros.

Objetivo da Biblioteca Infantil


 Ao oferecer jogos e atividades deve promover a aquisição de conhecimentos que tenham por base a leitura.

Objetivo das Bibliotecas Públicas

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 O gosto pelos livros e o hábito de utilizar as Bibliotecas e seus recursos são adquiridos mais facilmente nos
primeiros anos de vida. A Biblioteca Pública tem, portanto, o especial dever de propiciar às crianças a oportunidade
de escolherem, individual e informalmente, os livros e outros materiais. Devem ser-lhes destinadas coleções
especiais e, se possível, áreas independentes. Assim a Biblioteca infantil pode chegar a ser, para elas, um lugar
alegre e estimulante, onde atividades de diferentes tipos serão fonte de inspiração cultural.

Política Cultural
 Um instrumento que enquadraria as manifestações culturais no espaço organizativo institucional, impondo-lhes
fronteiras e regras do jogo político e política traçada.
 A intervenção de dos setores público e privado – principalmente do primeiro – no processo cultural, seja na
elaboração, produção, distribuição ou recepção dos bens.
 Tinha por diretriz básica, possibilitar, através de uma postura política mais aberta, uma ativa participação da
comunidade, garantindo a ela a oportunidade de discutir, opinar e decidir sobre as questões relativas às atividades
culturais do município.
 Empenhada na democratização, é o instrumento – não normativo – que celebra diferenças e permite \ expressão
dos vários matizes culturais, além de toda a gama de conflitos e enfrentamentos que deles decorrem.

Responsabilidade da Biblioteca como instituição educativa


 [...] Poderá ajudar a comunidade, procurando auxiliar o homem não de forma paternalista, mas de dar a palavra ao
homem para que possa participar mais efetivamente das atividades da Biblioteca e possa desenvolver também sua
capacidade criadora.

Responsabilidade Social das Bibliotecas


 Contribuem para o enriquecimento dos cidadãos, servindo aos indivíduos e seus grupos. Em termos de seus
interesses culturais, educacionais ou profissionais, enriquecendo assim a vida comunitária. [...] Funcionando como
parte integrante da própria sociedade.
Fonte: Dissertações do PPGCI/UFPB

A recuperação de informações (definições sobre RS ou


assemelhadas) retiradas dos textos completos das dissertações estão
listadas parcialmente no Quadro 4, tendo em vista um alto número de
conteúdo coletado.
Para a concretização do objetivo geral do projeto necessitou-se
coletar também as definições sobre RS na área da Gestão. Essa etapa foi
desenvolvida durante a recuperação das definições sobre RS na CI, e
também durante toda a leitura da literatura indicada no projeto. Alguns
descritores foram retirados do texto do projeto geral desta pesquisa e são
listados no quadro a seguir:

Quadro 5 - Definições sobre Responsabilidade Social na Gestão


 As empresas realizam ou realizavam doações às instituições necessitadas, recebendo delas um documento, para
no acerto de contas com o Imposto de Renda abater o valor em sua declaração anual. Interessante para ambas,
receptora e doadora, mas após esse ato, a responsabilidade social é lembrada somente ao aproximar-se a nova
declaração de rendimentos.

 Entendida de maneira holística, como consciência social para prover o desenvolvimento sustentável e eliminar a
discriminação em todos os seus aspectos.

 De maneira holística, com consciência social para prover o desenvolvimento e eliminar a discriminação em todos
os seus aspectos. A preocupação é tanto com os funcionários da empresa, quanto com seus usuários, e com os
fornecedores para que tenham envolvimento social e ambiental, finalmente, também com o bem estar das
populações. O conjunto das ações que garantirá o futuro.

 Mecanismos que podem ajudar no combate às desigualdades sociais, como transmissora de conhecimento,
exercitando suas funções segundo seus pilares de sustentação: ensino, pesquisa e extensão, formando uma tríplice
aliança, a partir da qual a universidade presta serviços de responsabilidade social à sociedade.

 a) assunção de atitudes éticas e moralmente corretas, afetando todos os públicos; b) promoção de valores e
comportamentos que respeitem os padrões universais de direitos humanos e cidadania com participação da

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sociedade; c) respeito ao meio ambiente e defesa de sua sustentabilidade no mundo inteiro; d) envolvimento das
organizações com as comunidades onde elas se inserem, objetivando a melhoria econômica e humana por meio de
ações isoladas ou em parcerias com governos.

 Inclusão social e digital, ao desenvolvimento da sociedade, ao meio ambiente e sua sustentabilidade, e ainda, à
preservação da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural.

 Sustenta-se em princípios e valores tais como – fraternidade, solidariedade, dignidade da pessoa, liberdade,
integridade, bem comum e equidade social, desenvolvimento sustentável, apreço à diversidade - que devem nortear
o fazer acadêmico, sem descuidar da competência, eficiência e êxito pessoal.

 Um novo contrato social para as universidades, sustentado em garantia da responsabilidade social das ciências,
capacitação da cidadania democrática, educação do estudante como agente do desenvolvimento, isto é,
envolvimento com os pilares do ensino, da pesquisa e da extensão. Porém, com meta para orientar as
transformações nas universidades, acreditando que a gestão interna deve suprimir as discriminações e suprimir os
privilégios, adotar política de proteção ao meio ambiente e ao mesmo tempo ser transparente nas questões que
envolvem política e economia.

Descritores como “ação cultural” e “política cultural” são visivelmente


observados em algumas dissertações inicialmente analisadas pela pesquisa,
assim como, observamos descritores essencialmente correlatos à cultura e
sua inserção no meio ambiente da Biblioteca.
Apesar de tais descritores aparecerem sempre em estudos da área, a
RS defendida em estudos recentes relativas aos profissionais da informação
tem relação com a falta de preocupação com setores culturais de cidades. A
retórica de que o profissional da informação deve ter uma RS centrada nos
princípios de levar a informação ao usuário por si só, está bem aquém do
preocupar-se no como fazer com que essa informação seja levada, e/ou,
como tornar informado um usuário através de ações culturais.
Dos conteúdos temáticos abordados no Quadro 4, “Responsabilidade
Social das Bibliotecas” é o que chama mais a atenção. Faz-se uma
descoberta importante neste estudo. Identifica-se através deste descritor que
antes de Wersig; Neveling (1975), chamarem a atenção para uma área de
atuação se define a partir da função social da comunicação de mensagens
entre emissor e receptor humanos, cabendo aos cientistas da informação
atuar como mediadores e facilitadores da comunicação desse conhecimento,
o autor A. K. Mukherjee (1966), já havia definido algo em relação a RS da
CI. Tal descritor fora recuperado na dissertação da Prof. Carmen Panet
(1982). Mukherjee (1966) define a RS das Bibliotecas como uma
contribuição para o enriquecimento dos cidadãos, servindo aos indivíduos e
seus grupos. Em termos de seus interesses culturais, educacionais ou
profissionais, enriquecendo assim a vida comunitária. [...] funcionando como
parte integrante da própria sociedade.
Para os autores Wersig; Neveling (1975) a área de atuação ora
citada, independente de espaços sociais e dos papéis que os cientistas da
informação desempenham nos sistemas, amplia a RS tanto dos profissionais
da informação, como dos cientistas enquanto produtores de conhecimento e,
facilitadores desse conhecimento para quem dele necessite.
Há uma visível relação entre as definições dos autores. No entanto, a
definição do Mukherjee está mais relacionada com a Biblioteca em si,
enquanto que a de Wersig e Neveling baseia-se na teoria da CI

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essencialmente em sua própria definição, tida por Silva (2006) como uma
ciência que deve se preocupar com o fluxo, o uso, organização e
comportamento informacionais.
Há que se separar a RS da Ciência da Informação que infere aos
profissionais da informação de um modo geral, e as das profissões da tríade
da CI. Por quanto, fazendo menção a responsabilidade particular de cada
área, seja da Biblioteconomia, da Arquivologia ou da Museologia, que
inferem suas responsabilidades sociais aos seus respectivos profissionais.
Lembrando que em conjunto maior, cabe a esses profissionais também
exercerem uma RS baseada nos processos teóricos da CI.
De acordo com a profa. Terezinha Elizabeth da Silva, na sua
dissertação de Mestrado em Biblioteconomia da UFPB, há uma
demonstração da RS surgida a partir dos assuntos correlatos a
Biblioteconomia dentro do que a autora chama de Política Cultural: “A
Banda Municipal e a Biblioteca Pública, [...] representavam as únicas
estruturas oficias para a cultura. [...] Grupos dos movimentos culturais
reivindicavam maior preocupação com a cultura local, negligenciada pelos
governos locais” (SILVA, 1992, p. 51).
Quanto aos conteúdos temáticos relacionados com o Papel Social do
Bibliotecário, evidenciam-se as já discutidas responsabilidades do
profissional como se pode perceber através de revisões da literatura
científica. Chamando atenção para o que traz a definição sobre “Papel do
Bibliotecário” no Quadro 4, defendendo que a posição do Bibliotecário deve
ser a partir da ação de assumir um papel de profissional pesquisador,
fazendo seu trabalho diário, resultar dados cientificamente colhidos que
possam fornecer subsídios sólidos para expansão do sistema bibliotecário.
Remete-se claramente a responsabilidade do profissional à responsabilidade
com a Ciência e com a sua própria área.
Apesar de apresentar os dados coletados a respeito das definições
sobre RS na gestão, identificados a partir da análise das produções
científicas atuais, a comparação entre as definições de RS desta área com
os conteúdos temáticos sobre RS encontrados nas dissertações do PPGCI-
UFPB, só será desenvolvida em outra etapa desta pesquisa.

Considerações Finais

Diante da comparação entre os dados dos referenciais teóricos com


as análises preliminares dos dados coletados, pode-se considerar que a RS
evidenciada nas dissertações do PPPGCI-UFPB está longe do que já vimos
acompanhando com as produções científicas respaldadas sobre o assunto.
Considera-se que as evidencias dos dados coletados corroboram uma
RS da CI voltada para a Biblioteconomia podendo ser explicadas,
eventualmente, pela maioria da análise das dissertações do PPGCI terem se
dado nas produções entre os anos de 1980 e 1990, ano em que o PPGCI
atuava com área de concentração nas bibliotecas públicas.

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Nestas produções, as teorias encontradas apontavam para o


exercício do profissional bibliotecário pautado em processos de ação/política
cultural, devendo atuar em meio ao ambiente das bibliotecas públicas. Para
o PPGCI (2010), a biblioteca pública funcionaria como um equipamento
social que por meio da criação do hábito de leitura, dentre outras funções,
concluiria em formação educativa. Contribuindo para jovens e crianças, as
bibliotecas públicas beneficiariam a sociedade com melhoria na educação
formal e informal destes atores sociais.
Com tudo, os resultados pré-liminares demonstram que a RS da CI
está ligada à cultura e à função social das bibliotecas.

Referências

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

PORTAL DA AMAZÔNIA: a atuação de bibliotecários


no controle de conteúdos acadêmicos em web sites 1

RODRIGO, Oliveira de Paiva*

Resumo: Trata da atuação de bibliotecários em Web sites. A pesquisa tem como


principal objetivo apresentar as funções desenvolvidas por estes profissionais no
Portal da Amazônia, que é um ambiente Web para a concentração e publicação de
conteúdo de cunho acadêmico, científico, cultural e artístico da região amazônica.
Como objetivos específicos buscam-se examinar o significado do bibliotecário para a
sociedade destacando quais as suas funções e locais de atuação. O percurso
metodológico adotado valeu-se do uso de uma abordagem teórico-exploratória, por
meio de um levantamento bibliográfico impresso e eletrônico, concernente a visitas
ao local onde é desenvolvido este Portal. Como subsídios teóricos são utilizados
fundamentos de diversos autores que apresentam trabalhos concentrados nesta
área de estudo. Como resultados e conclusões, a pesquisa demonstra que existe
uma expressiva relevância de se inovar no campo da Biblioteconomia, procurando
sempre novos lugares de atuação para o bibliotecário, visto que ele trabalha com a
informação, elemento hoje tão importante dentro da atual conjuntura social em que
se vive. Sendo assim demonstra-se como é possível modificar os paradigmas que
muitos profissionais ainda têm a respeito da Biblioteconomia.

Palavras-Chave: Web sites; Portal da Amazônia; Atuação de bibliotecários.

1
Comunicação Oral apresentada ao GT N° 03 – Diversidade dos Campos de Atuação.
*Universidade Federal do Pará. Graduando em Biblioteconomia. rodrigopaiva522@gmail.com.

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1 INTRODUÇÃO

O bibliotecário sempre teve uma caracterização de seu perfil no decorrer dos


anos como sendo uma pessoa mal-humorada, quieta de estereotipo feminino,
modelo esse formado a partir de detalhes humanistas e sociais emergidos de ações,
eventos e acontecimentos diversos no transcurso histórico da sociedade.
Com o advir do século XX mudanças começaram a surgir, perfis passaram a
serem criados por novos mercados de trabalho, fato este ocorrido também com o
profissional da informação, haja vista que a sua matéria-prima de trabalho, a
informação, se tornou um alvo de cobiça e de poder, questões estas alimentadas
pela emergência da tão famigerada “Sociedade da Informação”.
Na contemporaneidade é notório vermos bibliotecários que também atuam em
locais onde poucas pessoas desconhecem a importância de um profissional como
este, desta forma exemplos surgem com facilidade. Além das tradicionais bibliotecas
e arquivos, hoje podemos encontrar este profissional em ambientes onde a
informação seja um elemento de decisão e faça parte do alicerce social, econômico
e político das atividades de um órgão qualquer.
Para este estudo se destaca a atuação de bibliotecários em Web sites,
analisa-se como este profissional pode desempenhar tarefas à frente do mundo
virtual.
Para o desenvolvimento dessa pesquisa delinearam-se os seguintes
objetivos. Como objetivo geral o de analisar como um bibliotecário pode realizar
tarefas em um Web site. Como objetivos específicos os de examinar o significado do
bibliotecário para a sociedade destacando quais as suas funções e locais de
atuação e por fim analisar o Web site http://www.portaldaamazonia.org.br haja vista
que nele há a presença de bibliotecários desempenhando funções.
Esta pesquisa é de natureza exclusivamente teórica e para a sua produção foi
realizado um levantamento bibliográfico objetivando levantar informações
suficientemente relevantes para a fundamentação teórica do presente estudo e,
além disso, também foram feitas constantes visitas virtuais ao site Portal da
Amazônia.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utilizada para realização da pesquisa foi composta por um


conjunto de etapas e procedimentos, contando de modo inicial com uma pesquisa
descritiva documental e bibliográfica, de caráter impresso e eletrônico, e em seguida
com um estudo de caso do Web site Portal da Amazônia.
Os próximos capítulos têm por objetivos apresentarem uma revisão teórica no
que diz respeito aos conceitos de profissional bibliotecário, sua caracterização,
funções e campos de atuação, caracterizado por temas convergentes para
conseguinte apresentação e estudo do Portal da Amazônia.

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2.1 REVISÃO DE LITERATURA


A profissão de bibliotecário é reconhecida pela Lei 4.084 de 30 de Junho de
1962 como privativa dos graduados em Biblioteconomia, sendo enquadrada como
profissão liberal.
Bibliotecário é o profissional que atua na área da pesquisa, estudo, registro
bibliográfico, organização e transferência das informações de documentos
convencionais e não convencionais.
É responsável pelo processamento, gerenciamento e disseminação da
informação, independente do suporte em que está registrada (livros, revistas
científicas, discos, fitas cassete, filmes, CD-ROM, Vídeo, etc.) ou da Instituição que
demande. O objeto de trabalho da profissão é a informação, indispensável no mundo
moderno.
Hoje é possível delinear o perfil do bibliotecário a partir dos seguintes itens
enumerados para facilitar o estudo da formação deste profissional: Objetivos de
formação dos cursos de Biblioteconomia; Ramos de especialização; Mercado de
trabalho e possíveis tarefas desempenhadas.
Os principais objetivos de formação dos cursos de Biblioteconomia são formar
bibliotecários capazes de desenvolver uma prática voltada para a realidade histórico-
social onde atuam, face às necessidades de demanda, geração, processamento,
disseminação e utilização de documentos e informações no atual contexto da
sociedade brasileira e sua adequação a nível local e regional; Possibilitar ao aluno o
desenvolvimento de capacidade crítica, indispensável a uma atuação efetiva como
agente de mudança da realização social; Habilitar o aluno para exercícios de
atividades profissionais

relativas ao planejamento, administração, controle, avaliação e supervisão de


bibliotecas, centros de documentação e sistemas de informação.
Os principais ramos de especialização são a administração de bibliotecas;
Gerenciamento de sistemas automatizados; Organização de arquivos; Educação;
Elaboração de projetos; Museologia; Gestão da informação; Arquitetura e
engenharia da informação.
O mercado de trabalho para este profissional é atraente e é delineado da
seguinte forma: em instituições bancárias, públicas, privadas, comerciais e de
desenvolvimento; Cartórios, fóruns, centros de restauração de documentos, arquivos
e museus; Empresas de comunicação: jornais, emissoras de rádio e televisão;
Serviços de informação utilitária em aeroportos, rodoviárias, estação ferroviária e de
metrô; Editoras, gráficas, livrarias, videotecas, agências de publicidade; Bibliotecas
públicas, escolares, particulares, universitárias, especializadas, de comunidades e
especiais; Centros de análise de informação, bases de dados bibliográficos;
Institutos e centros de pesquisa; Docência superior.
As suas tarefas desempenhadas são, principalmente, as de planejar,
implantar, organizar bibliotecas e centros de documentação; processar tecnicamente
livros, revistas, multimeios (mapas, filmes, CDs, fotografias, etc.); elaborar pesquisas
bibliográficas consultando fontes de referência, acessando bases de dados
nacionais e internacionais; informas e auxiliar os usuários nas suas necessidades de
pesquisa; selecionar e providenciar a aquisição de material bibliográfico e outros
materiais como, por exemplo, o CD-ROM; atuar no serviço de restauração e

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encadernação de material bibliográfico; lecionar no curso superior


na área específica.
A educação dos bibliotecários no século XXI deverá priorizar a condição
humana, enfatizando princípios como o “conhecimento pertinente”, o aprender a ser,
a comunicar-se e a compreender outros indivíduos, os novos perfis profissionais
privilegiam a criatividade, a interatividade, a flexibilidade e o aprendizado contínuo
capazes de operacionalizar seu conhecimento de modo integrado às suas aptidões
e vivências culturais.
É necessário enfatizar que o bibliotecário é em sua essência um mediador,
um comunicador, alguém que põe em contato informações com pessoas, pessoas
com informações (SILVA; CUNHA, 2002).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Website Portal da Amazônia (http://portaldaamazonia.org.br) apresenta


como principal intuito o de reunir e disseminar informações de cunho cientifico,
tecnológico e ambiental sobre a Amazônia, pois visto que a informação é um
elemento estratégico para planejar e desenvolver a sociedade na
contemporaneidade, devendo deste modo ser produzida, organizada, armazenada,
disseminada e utilizada, para poder servir às demandas sociais sempre com o
objetivo da melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos.
O Portal é um projeto de caráter institucional da Universidade Federal do Pará
(UFPa), que se vale da utilização de tecnologias para mostrar a Amazônia em seu
modelo mais aproximado da realidade e com todos os tipos de informações já
recuperadas e armazenadas sobre esta temática, este fato é realizado sempre
buscando-se colher dados em todas as áreas do conhecimento, visto que falar em
Amazônia é querer também se falar em uma realidade fragmentada e ao mesmo
tempo multidisciplinar.
Segundo Barros e Paiva (2010, p 2), o conceito de Amazônia se apresenta da
seguinte forma:

Antes, atribuía-se uma forte carga semântica à floresta


amazônica, um dos principais bens da região. Era comum se
falar em “selva amazônica”, como algo perigoso e que
precisava ser destruído. Essa visão favoreceu uma intervenção
ideológica na ocupação desordenada da região. De outro lado,
havia também a visão romântica, dos defensores da floresta
intocável, podendo ser ilustrada na expressão “pulmão do
mundo”. E assim a Hileia dos naturalistas Alexander Von
Humboldt e Aimé Bonpland foi ganhando contornos variados e
chamando a atenção do mundo para a causa ambiental. Muito
se diz em relação aos benefícios econômicos que a
biodiversidade amazônica pode gerar. Dentre os mais comuns,
fala-se da descoberta de curas pelas plantas medicinais; dos
conhecimentos tradicionais imateriais; das preciosidades
minerais; do manancial de água contido no Bioma Amazônia,
da fauna e da flora; dos ativos de carbono e assim por diante.
Em quase todos esses exemplos se recorre logo ao preceito

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econômico, onde cada bem em sua forma bruta é logo


materializado e convertido em valor monetário, pouco se atribuindo
valores ambientais, culturais, éticos, etc. Ocorre que

esse modelo de desenvolvimento privilegia a riqueza da


minoria, enquanto a pobreza e a destruição ambiental só fazem
aumentar. Não que o aspecto econômico seja desnecessário,
ao contrário, ele cumpre seu papel na sociedade
contemporânea. O que se questiona é o encantamento e o
endeusamento da exploração pela exploração, sem levar em
conta aspectos da sustentabilidade.

Nesse sentido, o Portal torna-se um elemento relevante dentro do atual


contexto amazônico, para a pesquisa e buscas de informações, pois permite a
disponibilidade e uso eficiente dos seus conteúdos, além de possibilitar o acesso e o
compartilhamento dos recursos bibliográficos, técnicos e tecnológicos por ele
gerenciados.
Sendo deste modo a realidade do Portal da Amazônia as atividades que são
desenvolvidas no âmbito de seu espaço de trabalho devem seguir os seguintes
objetivos:
a) Valorizar e mostrar a Amazônia a partir da Amazônia;
b) Sistematizar e disponibilizar no Portal o conhecimento já existente
sobre a Amazônia;
c) Incentivar a pesquisa, produção e criação sobre temas amazônicos;
d) Mostrar a Amazônia em sua realidade aproximada: dimensão, riqueza,
etc.;
e) Localizar e facilitar o acesso à informação produzida sobre a
Amazônia.

As atividades que são desenvolvidas no Portal dividem-se atualmente em


programação do site, funções estas realizadas por estagiários do curso de Ciência
da computação da UFPa e também as de cadastro de informações e traduções de
conteúdos sobre o caráter amazônico em todas as suas esferas de pesquisas
virtuais, funções estas realizadas por 4 bibliotecários e um estagiário de
Biblioteconomia.
Anterior ao mês de janeiro de 2010 o site contava com poucas informações
então cadastradas, ele estava parado devido a problemas diversos.
Aos poucos as atividades de cadastro de informações foram sendo
retomadas, na visão de que os conteúdos somente iriam ser armazenados, haja
vista que ainda não era o suficiente para ele entrar no ar.
Antes dos documentos submetidos ao Portal da Amazônia serem publicados,
eles devem passar por instrumentos avaliativos desempenhados por membros
específicos do Portal. Essas atividades apresentam como objetivos principais
verificar as ocorrências de possíveis erros ou a ocorrência da presença de
conteúdos impróprios, além de possibilitar a visualização dos documentos
submetidos nos idiomas inglês e espanhol antes de irem para publicação, tendo
como objetivo principal a sua publicação no idioma português.

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O Portal é responsável por gerenciar e disponibilizar


conteúdos acadêmicos relevantes e de qualidade, além de possuir
conteúdos trilinguês com o intuito de globalizar o portal e, não apenas fechá-lo ao
contexto amazônico. Neste sentido, nota-se a importância da especificação e da
modelagem de um fluxo de atividades que melhor caracterize a manutenibilidade
destes ativos informacionais. A Figura 1 apresenta um fluxo de atividades
desenvolvidas neste Web site, usando as notações da UML – Unified Modeling
Language.

Figura 1- Fluxo de Atividades para o Controle de Documentos.


Fonte: Portal da Amazônia

As funções desempenhadas no Portal da Amazônia são realizadas por


membros que possuem a habilidade de efetuar uma dada atividade no Portal, como
publicar e traduzir conteúdos. Atualmente, o Portal da Amazônia conta com a
presença de 4 bibliotecários e de um estagiário de Biblioteconomia lotados na
Coordenadoria de Gestão de Produtos Informacionais (CGPI) da Biblioteca Central
(BC) da UFPa, que dividem as suas atividades dentre os 5 (cinco) tipos de funções
especificas:
 Colaborador: responsável pela submissão dos conteúdos no Portal da
Amazônia, com exceção de notícia e evento que são submetidos apenas se o
Colaborador também desempenhar o papel de Editor, Gerente de Conteúdo,
Tradutor ou Administrador;
 Editor: responsável por verificar as possíveis existências de problemas de
ortografia no documento submetido, além de possuir a autonomia de rejeitar
documentos inapropriados (com conteúdo de pornografia, violência, etc). O
Editor pode validar (aceitar), editar ou rejeitar um documento submetido;

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 Gerente de Conteúdo: responsável em verificar se o conteúdo do documento


disponibilizado para o Portal é inapropriado ou se o conteúdo possui assunto
relacionado à Amazônia. O Gerente de Conteúdo também verifica se o
conteúdo do documento que está sendo avaliado é duplicado, ou seja, verifica
se já existe algum documento similar cadastrado. O documento avaliado pelo
Gerente de Conteúdo pode ser aprovado, editado ou rejeitado. Outra função
do Gerente de Conteúdo é publicar os documentos no portal, isto é,
disponibilizar para o público o acesso ao conteúdo;
 Tradutores de Espanhol e Inglês: responsáveis em traduzir o documento
em seu respectivo idioma;
 Administrador: responsável pela gestão dos demais membros do Portal,
tendo a capacidade de adicionar ou remover possíveis permissões do
Colaborador, Editor, Gerente de Conteúdo ou Tradutor, além de poder excluir
usuários com a devida requisição.
Vale salientar que o conhecimento de idiomas é essencial tanto para os
bibliotecários como para o estagiário haja vista que eles realizam também as
funções de tradução. O desempenho de mais de uma função em paralelo também
ocorre devido um membro possuir habilidades e responsabilidades para mais de
uma atividade.
Para garantir que o conteúdo publicado não seja disponível em apenas uma
língua e que este não possuirá erros ou temas inadequados, os documentos no
Portal da Amazônia passam por várias atividades definidas no fluxo da Figura 1. As
atividades consistem em:
 Submissão: o processo de submissão é realizado pelo colaborador e é o
envio do documento para o Portal da Amazônia;
 Validação: essa atividade é realizada pelo Editor, momento em que o
documento pode ser validado, enviado para correção ou reprovado;
 Aprovação: esta atividade é feita pelo Gerente de Conteúdo após o
documento ser validado, no qual poderá ser aprovado, posto para correção
ou rejeitado;
 Tradução: Após os documentos serem aprovados, eles são postos à
tradução do seu conteúdo para o inglês e o espanhol. O documento não
passará para a próxima etapa até ser traduzido para os dois idiomas;
 Correção: esta atividade ocorrerá apenas se o Editor ou o Gerente de
Conteúdo solicitar a correção do documento. Os documentos que
são enviados para correção retornam para o autor do documento
(Colaborador) contendo o motivo da solicitação de correção. O documento
ficará retido nesta etapa até ser efetuada a correção. Depois da edição do
documento por parte do Colaborador, o documento será submetido para ser
reavaliado, reiniciando o fluxo a partir da etapa de validação;
 Publicação: após a disponibilização do documento em três idiomas (inglês,
espanhol e português), o Gerente de Conteúdo decide a data em que o
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documento será publicado e, no caso de evento ou notícia


com imagem, se o documento será publicado em destaque.
Uma notícia ou um evento em destaque é aquele que aparecerá destacado
na página inicial do portal, exibindo a sua imagem e título. Não existe um
critério específico para publicação de um evento ou notícia em destaque, essa
decisão é avaliada empiricamente pelo Gerente de Conteúdo.
As atividades de busca de conteúdo para o Portal atualmente é realizada por
um estagiário de Biblioteconomia que se vale também do conhecimento de mais de
um idioma para fazer parte da equipe de atuação deste Portal.
Nos últimos 15 meses ocorreu aproximadamente o cadastro de 634 itens no
Portal, como pode ser mostrado no gráfico 1 obtido através de dados dos
profissionais atuantes neste local:
400
350
300
250
200 Quantida
150 des

100
50
0
Eventos Notícias Artigos Culinária TCC Livro

Gráfico 1: Quantidade de itens cadastrados.


Fonte: Portal da Amazônia

 Eventos: 25 cadastros;
 Noticias: 100 cadastros;
 Artigos: 350 cadastros;
 Culinária: 42 cadastros;
 TCC: 96 cadastros;
 Livro: 21 cadastros;
 Capítulo de livros: 0 cadastros.

As principais fontes de informação pesquisadas foram de natureza virtual,


sendo as principais:
 SCIELO;
 Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD);
 Web Site: Amazônia.org
 IMAZON
 SEMA-PA
 NAEA-UFPA
 NUMA-UFPA
 Revista Acta Amazônia
 INPA

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Vale mencionar que o cadastro de conteúdo realizado para


alimentar o Portal segue um mesmo padrão de busca na web,
análise informacional, síntese de dados e conseguinte cadastro, pois existem
diversas matérias sobre a temática Amazônia na internet, mas se deve analisar de
forma minuciosa cada uma para poder ser utilizada principalmente, não as fontes
terciárias ou secundárias e sim as primárias. Um exemplo é a Biblioteca Digital de
Teses e Dissertações (BDTD) que apresenta aproximadamente 1000 registros sobre
o tema Amazônia, logo se torna relevante o estudo de cada uma e somente a
utilização dos mais importantes e completos trabalhos.

4 CONCLUSÕES

Com base nessa pesquisa, evidencia-se o quanto é relevante o estudo dos


novos perfis do bibliotecário, neste caso dando-se ênfase a atuação destes em web
sites.
As discussões emergentes das características do profissional da informação
contemporâneo servem para dar origem a reflexões pertinentes sobre seu perfil e a
relevância de realizarem-se trabalhos onde ele possa estar inserido e destacar-se,
dando neste sentido ênfase as suas atividades e competências. As funções do
bibliotecário são importantes em qualquer área onde se busca informação
organizada e de qualidade.
Considerando as discussões e os resultados alcançados, o direcionamento do
trabalho permite afirmar que surge a necessidade de atuação de bibliotecários no
ambiente Web, no gerenciamento eletrônico da informação e como arquitetos da
informação digital, percorrendo e trabalhando diretamente com o desenvolvimento
constante das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC’s)
evidenciando e conscientizando a sociedade papel deste profissional no ambiente
tradicional ou eletrônico, na orientação da recuperação da informação impressa ou
digital.

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A CATALOGAÇÃO NO ÂMBITO DAS CINCO LEIS DA


BIBLIOTECONOMIA
Márcia Regina Pereira Sápia*
Henrique Cesar Farias Ramos**

RESUMO:
A informação avançou as fronteiras geográficas e espaciais exigindo a
organização dos seus suportes para facilitação no seu acesso e
consequente uso. A preocupação com a organização dessa informação de
forma a atender os usuários em suas necessidades mais específicas deu
surgimento à Catalogação que veio firmar-se como algo maior e mais
significativo do que uma simples relação ou inventário. Sua execução resulta
nos Catálogos que são os instrumentos através dos quais essa organização
é comunicada, é possibilitada ao usuário. Nesse contexto, a Catalogação é
fundamental na prática biblioteconômica que se norteia pelas Cinco Leis da
Biblioteconomia, posto sua importância para que efetivamente os itens
disponibilizados em bibliotecas sejam para uso, quando então possa ser
facultado o encontro do usuário com o item de sua preferência e o encontro
desse item com o seu usuário, caminhando-se para poupar o tempo desse
usuário, o tempo do profissional bibliotecário e comunicar uma biblioteca
viva, atuante, participativa. O presente estudo faz uma revisão da literatura
objetivando demonstrar a importância da Catalogação no âmbito das Cinco
Leis da Biblioteconomia.

Palavras-Chave: Catalogação; Livro; Usuário.

INTRODUÇÃO

O conhecimento registrado desde quando os primeiros


acontecimentos passaram a ser desenhados nas paredes de cavernas,
traçando muitas vezes perfis e comportamentos dos seus habitantes,
noticiando fatos, mecanismos de sobrevivência, orientação para os que
viessem depois, contando glórias e descobrimentos, passaram a significar
com o transcorrer dos anos, décadas e, séculos um volume assombroso de
documentos nos seus mais diversos suportes. Tais documentos passaram a
necessitar não apenas do registro de suas existências, mas de um método,
de um meio para que se diferenciassem e se juntassem os semelhantes de
forma a facilitar o seu acesso, a sua recuperação, sob pena de se tornarem
informações perdidas, escondidas, esquecidas e, portanto dispensáveis,

1
Comunicação Oral GT N° 04 – Temática Livre.
*Universidade Federal de Rondônia (UNIR) - Graduanda em Biblioteconomia.
marcia.tarabai@gmail.com
** Universidade Federal de Rondônia (UNIR) - Graduando em Biblioteconomia.
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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
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posta a dificuldade em se acessá-las e o desconhecimento do seu assunto e


conteúdo.
Todo esse conhecimento então gerado, existente e acumulado
através dos séculos teriam se perdido não fosse a primária e instintiva
necessidade do homem de preservação e conservação da história de suas
experiências, vivências, façanhas, descobertas. Guardar essas informações
passou a significar uma composição de estoques iniciais para novas buscas
e experiências e por consequência num maior acúmulo de novas
informações.
A informação avançou, atravessou oceanos, invadiu territórios e saber
onde se encontra, como organizá-la e posteriormente acessá-la passou a
ser preocupação por parte daqueles envolvidos com o processo
informacional, que entendiam que regras precisavam ser implementadas de
forma a possibilitar o encontro do usuário com a informação.
Notadamente a simples relação de nomes de obras e autores não
divulga a não propala os conhecimentos registrados que se avolumam e se
dividem nas mais diversas áreas e especificidades deixando de atender à
demanda crescente de necessidades por parte dos usuários. Desse modo,
relacionar as obras suportes da informação constata-se que envolve
processo técnico e mão de obra especializada em separar os diferentes,
agrupar os semelhantes, identificar suas autorias, seus assuntos, seus
organizadores, seus divulgadores, seus locais de produção entre outros.
Mey (1995a, p.36), reforça esse entendimento de superação da
simples relação de nomes quando diz que a prática de Catalogação
compreende de forma genérica a leitura técnica do item, sua descrição, a
determinação dos seus pontos de acesso e sua forma e ainda a
determinação dos dados de sua localização, sucedendo-se o registro, o
preparo do item e dos catálogos.
Nesse contexto nosso estudo faz uma revisão da literatura de forma a
qualificar a importância da Catalogação e o que ela comunica considerando-
se a aplicação das Cinco Leis da Biblioteconomia, formuladas por
Ranganathan, na prática biblioteconômica. Para uma melhor compreensão
acrescentamos a informação de que mesmo considerando que os suportes
informacionais na atualidade transcendem ao “livro”, manteremos o uso do
vocábulo com exceção dos momentos em que a utilização do vocábulo
“item” seja mais plausível. Quanto à terminologia “leitor” faremos a
substituição por “usuário”. Em ambas as situações sem prejuízo dos textos
constantes das citações.

CATALOGAÇÃO

Buscamos na revisão da literatura a origem da palavra catálogo, sua


definição e em conseguinte a definição de catalogação.
Feitosa (1993, p.76) e Pereira (1976, p.305) nos auxiliam quando
explicitam que a palavra “catálogo” se origina de duas palavras gregas: katá

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(preposição com inúmeros significados, mas nesse caso significa “no que diz
respeito a”) + lógos (“palavra”, “verbo”, mas nesse caso significa “pessoa”).
Então, no grego clássico, katálogos era uma lista de pessoas (geralmente
homens inscritos para o serviço militar, ou seja, uma lista de recrutas ou uma
lista com os nomes dos cidadãos de uma cidade). Com o advento da
imprensa na Idade Média, Katálogos passou a designar também uma lista
com nomes de livros.
Em Mey e Silveira (2009, p.12) a palavra catálogo tem “origem no
grego: kata (de acordo com, sub, baixo ou parte) e o sufixo [...] logos (ordem,
razão). Assim, ‘catálogo’ pode significar ‘subjacente à razão’ ou ‘de acordo
com a razão’, correspondendo à palavra de origem latina ‘classificar’”. No
entanto as autoras informam que ao significado de logos existem inúmeras
concepções em diversos idiomas e dicionários com sentidos variados. Que
pode significar ‘palavra de Deus’ ou apenas ‘palavra’, ou ainda e também
“conhecimento, estudo, razão, lógica, ordenação, quando usado como
sufixo, como em terminologia, arquivologia, bibliologia, ecologia etc.”. Seria
assim o Catálogo, o resultado da ação humana técnica e preparada à qual
se atribui a denominação de Catalogação. Vejamos o que registram as
autoras:

Catálogo é um meio de comunicação, que veicula mensagens


sobre registros do conhecimento, de um ou vários acervos, reais
ou ciberespaciais, apresentando-as como sintaxe e semântica
próprias e reunindo os registros do conhecimento por
semelhanças, para os usuários desses acervos. O catálogo
explicita, por meio das mensagens, os atributos das entidades e
os relacionamentos entre elas (MEY; SILVEIRA, 2009, p.12).

Catalogação é] o estudo, preparação e organização de


mensagens, com base em registros do conhecimento, reais ou
ciberespaciais, existentes ou passíveis de inclusão em um ou
vários acervos, de forma permitir a interseção entre mensagens
contidas nestes registros do conhecimento e as mensagens
internas dos usuários (MEY; SILVEIRA, 2009, p.7).

Barbosa (1978 apud MEY, 1995a) acrescenta que “[...] catalogação,


isto é, o processo técnico do qual resulta o catálogo, é a linguagem de
descrição bibliográfica, que só poderá ser um bom instrumento de
comunicação à medida que for normalizado”.
A Catalogação deixou de ser somente uma lista de nomes para se
tornar um estudo, uma organização de mensagens codificadas, onde os
sinais e as pontuações ganharam força e significado, aproximando e
igualando as diferentes origens de documentos, através de uma linguagem
formal e técnica, sinalizada e padronizada. Mey e Silveira (2009, p.8) grafam
que o que diferencia a catalogação de um inventário, listagem de itens, é
que além de caracterizar os registros do conhecimento individualizando-os,

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tornando-os únicos entre os demais, também os reúne por suas


semelhanças
Mey (1995b), diz levantar uma afirmativa temerária, a de que “a
catalogação, [...], é a atividade mais importante dos bibliotecários”. Patrocina
sua afirmativa ao expor:

Hoje, quando os computadores possibilitam ao usuário uma busca


doméstica, ou mesmo externa ao espaço físico das bibliotecas, o
que nos resta, além da análise e representação dos itens? Seu
usuário pode estar a 2.000 km de distância e não falar
absolutamente nada com você, desconhecê-lo por completo. Mas
conhece seu trabalho e este se torna o único meio de
comunicação entre você e o usuário distante. O que são o serviço
de alerta, os levantamentos bibliográficos, os serviços de DSI
senão produtos dos registros bibliográficos, isto é, da análise e
representação dos itens, isto é, da catalogação? (MEY, 1995b)

A Catalogação quando da sua prática demonstra a importância dada


à comunicação que será realizada pelo Catálogo, porquanto esse é o
resultado do esforço empreendido para proporcionar o encontro dos
usuários com as fontes informacionais, por meio de uma busca facilitada
pelo estudo, preparo e organização de mensagens.

A CATALOGAÇÃO E AS CINCO LEIS DA BIBLIOTECONOMIA

Destacamos agora o entrelaçamento da Catalogação com as Cinco


Leis da Biblioteconomia formuladas por Ranganathan para entendermos a
importância daquela para que o conhecimento registrado tenha a
possibilidade de transformar-se em informação e, por conseguinte promover
a satisfação e o desenvolvimento do usuário, através da comunicação que
realiza.
Em Mey e Silveira (2009, p.2) no capítulo “sobre catalogação e
catálogo” encontramos palavras que corroboram com nosso pensamento de
que o conhecimento é transformador. Afirmam que “as bibliotecas são
espaços de liberdade, capazes – fato comprovado – de mudar a história da
humanidade”. Em seguida reproduzem as Cinco Leis da Biblioteconomia.

Os livros são para usar


A cada leitor o seu livro
A cada livro o seu leitor
Poupe o tempo do leitor
A biblioteca é um organismo em crescimento (RANGANATHAN,
2009 apud MEY; SILVEIRA, 2009, p.2).

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A Primeira Lei da biblioteconomia envolve todo o aparato que deve


existir de forma a facultar a disponibilização dos livros ou itens para serem
usados, o que implica em espaço, ventilação, iluminação, mobiliário, política
de empréstimo, horário de funcionamento da biblioteca, sua localização,
aquisição de obras e por fim e em especial o profissional envolvido nesse
processo.
Essa Primeira Lei parece uma lógica, Os livros são para usar”. A
lógica da afirmação nem sempre é lógica. O pensamento da preservação
pode em muitas vezes sobrepor o pensamento da utilização, do
conhecimento no hoje, como se o futuro fosse um momento estático a se
chegar, e então nem o hoje nem o amanhã acessa as informações, cabendo
ao “futuro” o privilégio de conhecer o que não foi ainda divulgado, acessado.
A catalogação como uma das partes do processo de disponibilização
das obras para acesso dos usuários implica em pessoal qualificado, cujo
conhecimento e prática são postos a prova a cada nova obra que chega a
suas mãos e, se assim não o fosse, incorrer-se-ia no risco de um trabalho
mecanizado, que esquece que aquele documento deve ser tratado como
único entre os seus iguais e que seu lugar não é “atrás dos bastidores” e sim
em local onde possa ser acessado, livre. Mey e Silveira (2009, p.4)
acrescentam que “nosso trabalho é, ou deve ser, acima de tudo intelectual,
criando mensagens sobre registros do conhecimento, visando a públicos
específicos e caracterizados”.
Nesse diapasão podemos compreender que a catalogação tem papel
imprescindível na aplicação da Primeira Lei “os livros são para usar”, haja
vista que a sua execução dentro das normas norteadoras e dentro de um
prazo mínimo facilita a disponibilização das obras para uso. Com certeza
alguém poderia dizer que mesmo sem catalogação os livros são para uso.
Não discordamos, quando os livros não são procurados em bibliotecas,
muito embora as livrarias também coloquem em catálogos os seus livros.
Entretanto, a disponibilização em bibliotecas, que é nosso local de estudo,
sem catalogação, não atenderia as demais leis da biblioteconomia, posto
que não é suficiente abarrotar as estantes de livros e demais itens suportes
da informação, é preciso que sejam tratados de forma que o usuário alcance
a obra do seu interesse. Os livros são para uso, mas ninguém quer usar
aquilo que não lhe interessa e muito menos passar horas buscando a obra
do seu interesse. Vejamos que as demais leis seguem de forma a esclarecer
e fortalecer a primeira, que por si já é esclarecedora e significativa, além de
agregar valor ao serviço de catalogação.
A Segunda Lei da biblioteconomia nos diz que “a cada leitor o seu
livro”. Admitindo-se que os livros são para uso, obviamente sabemos que as
pessoas não lerão todos os livros e nem todos os livros estarão acessíveis a
todas as pessoas, mas que cada um empreenderá esforço na busca do livro
ou item do seu interesse. Para isso é preciso lembrar que nem sempre foi
compreendido e respeitado o direito à educação e, por conseguinte o direito
à leitura e porque não dizer, o acesso a livros, a registros do conhecimento.

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Direito esse que não vê sexo, raça, credo religioso, idade, poder
aquisitivo, posição social.
A uma criança um livro infantil, a um estudante de história o livro
referente ao período e região do seu interesse. Esses são pequenos
exemplos de que no caminho da “educação é para todos”, existem “livros
para todos”.
No entanto, os livros e demais itens poderiam simplesmente estar em
estantes e os usuários fazendo busca volume a volume da obra do seu
interesse, não fosse o processamento de catalogação atrelado à
classificação e indexação, que estuda, prepara e organiza essas obras
identificando e particularizando cada uma, reunindo as semelhantes de
forma a facilitar que cada usuário encontre o seu livro, e com isso sinta-se
respeitado e valorizado. Porque esse é um objetivo intrínseco da
Catalogação, comunicar ao usuário a sua importância.
A Terceira Lei “a cada livro o seu leitor”. Ranganathan (2009) registra
que as bibliotecas utilizam o “sistema do livre acesso” para atender a essa
Terceira Lei, além de outros instrumentos como o arranjo das estantes
(arranjo classificado, estantes de novas aquisições, rearrumação, vitrinas,
acessibilidade), catálogo (entradas de séries, entrada analíticas de assuntos,
pessoal da catalogação), serviço de referência (agentes promotores do
produto, contato com os leitores/usuários, pesquisa domiciliar),
departamentos populares, publicidade (utilidade, publicidade geral,
bibliotecas isoladas), serviço de extensão (leitura para analfabetos, tradução
de manuscritos, círculos de leitura, centro intelectual, palestras na biblioteca,
exposição na biblioteca, hora do conto, festivais e feiras), seleção de livros
(seleção ao acaso).
Destacamos entre os itens acima, as “estantes de novas aquisições” e
o item “catálogo”. A estante de novas aquisições pode funcionar como um
atrativo do usuário para o livro, já que este estará em local de destaque,
chamando a atenção para sua chegada e disponibilização e, segundo
Ranganathan (2009, p.193), apoiado em teorias da psicologia, “a novidade
sempre prende mais a atenção”. Nesse caminho, acreditamos que seria
interessante que os livros que pouco saem das estantes tradicionais
recebessem nova chamada e fossem expostos entre as novas aquisições,
como a receber uma nova oportunidade de encontrar o seu usuário, quem
sabe receber ainda uma revisão da sua entrada no catálogo.
Assim entendemos a catalogação como instrumento capaz de
promover esse encontro do usuário com o livro. Ranganathan (2009, p.194),
registra que o arranjo dos livros nas estantes não é suficiente para se
conseguir para cada livro o seu usuário. Que a ajuda pode vir do catálogo, já
que o usuário pode ficar impressionado sobre a utilidade de um livro ao ver a
sua entrada no catálogo superando a impressão inicial que teve ao somente
apreciar a aparência do volume na estante. Continua Ranganathan (2009,
p.195) a informar que a “entrada de séries” feita pelo serviço de catalogação
pode atrair mais que a simples entrada por nome do autor ou do título.
Afirma que “entradas de séries será de grande ajuda para garantir para cada

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livro seu leitor”. A perspicácia do profissional que atua no serviço de


catalogação pode então ser de fundamental importância para que o livro seja
encontrado por seu usuário, porquanto é durante no desenvolvimento da sua
atividade que se está construindo a comunicação pretendida pelo catálogo.
Chegamos à Quarta Lei “poupe o tempo do leitor”. De início constata-
se que observadas as leis anteriores o caminho para poupar o tempo do
usuário deixa de ser desconhecido. No entanto, de acordo com
Ranganathan (2009, p.211) esse caminho encontra-se envolto numa
nova situação que surge à proporção que os requisitos daquelas três
primeiras leis sejam atendidos e, que esta Quarta Lei introduz o elemento
tempo e concentra sua atenção inteiramente no aspecto temporal do
problema.
Interessante destacar que Mey e Silveira (2009, p.6-7) explicitam o
caminho de uma obra desde sua aquisição até o momento em que ela seja
divulgada e disponibilizada ao usuário, mas ressaltam que nem todo o
movimento é realizado da mesma forma pelas bibliotecas, o que por vezes
provoca duplicidade de trabalho e destacam para o caso a aplicação da
Quarta Lei na versão: poupe o tempo da equipe.
Em Ranganathan (2009), nesta lei, vamos encontrar o caminho
percorrido pelo usuário desde sua entrada na biblioteca até o momento em
que sai. São vários processos. A economia de tempo ou o seu melhor uso é
aspiração comum às pessoas, e não poderia deixar de ser considerado ou
tratado com menor importância por parte dos profissionais envolvidos no
serviço bibliotecário. O espaço temporal e físico a que se refere essa Quarta
lei versa sobre o que acontece com o usuário no interior de uma biblioteca,
relativamente ao tempo que decorre desde sua chegada até a satisfação do
seu desejo, que deverá ser no menor e melhor tempo possível. Abstraindo-
se do tempo e das tecnologias surgidas após a formulação dessa Lei, muito
mais imperioso se constata a necessidade de se poupar o tempo do usuário.
Num mundo onde a informação tornou-se urgente, não paira dúvidas que
esta Lei deve ser aplicada com certo rigor. Para isso as bibliotecas devem se
ajustar desde sua estrutura física como a distribuição e alocação das
estantes, posição das etiquetas, placas indicando e orientando a colocação
e distribuição das obras, detalhes que comunicam o interesse em facilitar ao
usuário a encontrar o seu livro e, por conseguinte ter poupado o seu tempo
de busca e encurtado o seu caminho até o objeto do seu interesse.
Dentre as providências a serem tomadas para a aplicação dessa Lei
está a atenção e acuidade quando da catalogação das obras momento em
que o profissional poderá proceder a remissivas analíticas na entrada da
obra de forma a facultar ao usuário o encontro com o assunto do seu
interesse num espaço de tempo diminuto, considerando que um estudo
sobre um tema específico pode estar num único capítulo de uma obra, o que
levaria o usuário a olhar obra por obra, volume a volume para encontrá-lo
não fosse o serviço de catalogação. Ranganathan (2009, p. 222) assevera
que “as entradas de catalogação analítica somente poderão ser feitas se a

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biblioteca contar com pessoal técnico adequado com elevadas qualificações


acadêmicas e completo treinamento profissional”.
Para melhor ocorrência dessa Lei podemos dar ênfase à cooperação
entre bibliotecas que por certo leva ao seu objetivo: poupar o tempo.

As bibliotecas são entidades que precisam cooperar entre si e


trabalhar integradamente em várias atividades. Quanto maior a
integração, maiores se tornam os acervos, mais rapidamente se
faz a representação bibliográfica e menores resultam os custos.

Hoje, com as tecnologias disponíveis, é impossível pensar em


bibliotecas não integradas a redes. Mesmo as bibliotecas que não
possuem nenhum tipo de aparato, dele se podem beneficiar,
através de convênios e intercâmbios. (MEY; SILVEIRA, 2009, p.
8).

A Quinta Lei e última: “A biblioteca é um organismo em crescimento”.


Quando falamos de organismo vivo pela mente passa a ideia de algo que
respira, se alimenta e cresce e estendendo um pouco mais, esse organismo
também morre.
Ranganatham (2009, p.241), afirma que esta lei “enuncia o princípio
fundamental que deve presidir ao planejamento e organização das
bibliotecas”. Mais adiante acrescenta que “um organismo em crescimento
absorve matéria nova, elimina matéria antiga, muda de tamanho e assume
novas aparências e formas”. Nesse sentido entendemos que a necessidade
do usuário também é crescente, renovada, atualizada, assim como o
incremento na quantidade de usuários e frequência dos mesmos em busca
de informação. Por conseguinte cresce também a necessidade de
contratação de novos profissionais para aquele espaço. Isso significa que o
espaço físico deve ser planejado e adequado ao movimento crescente, sob
pena de não atender a demanda ou ainda afastá-la. Esse crescimento
envolve acréscimo de novas obras, o que implica em adequação também de
móveis, sistemas informatizados, pontos de acesso para pesquisa de
acervo, catálogos em linha, política de descarte e tudo o mais que faz da
biblioteca um organismo em movimento, em crescimento. Assim, a
Catalogação cresce e se especializa junto com essa biblioteca ou para a
biblioteca, adequando-se aos novos suportes e sistemas. Respira e se
justifica haja vista que um maior volume de obras, opções de suporte e
acesso exige do processamento de catalogação mais acuidade e trato do
conhecimento registrado. Nesse sentido Mey e Silveira (2009, p.5)
relacionam algumas qualidades que consideram indispensáveis ao trabalho
do catalogador:

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[...] muita leitura, com prazer e entendimento: deve ler, no mínimo,


trinta livros por ano. O catalogador precisa ter o hábito e gostar de
ler;
. conhecimentos gerais atualizados: o catalogador não pode
manter-se afastado do mundo em que vive:
. preocupação em superar a prática irreflexiva e automática de seu
trabalho;
. conhecimento dos seus usuários, reais e potenciais;
. abertura quanto às tecnologias e, ao mesmo tempo, preocupação
com a descoberta do novo, ou do desconhecido, por si próprio e
por seus usuários.

Essa Lei, como a fechar um círculo, repercute nas outras Leis


formuladas por Ranganathan posto que o espaço e sua adequação, o
volume de obras, os mecanismos de consulta e acesso, o pessoal
contratado e a vida em movimento da biblioteca influencia diretamente no
usuário que vive a palpitação desse “coração informacional”. Uma biblioteca
onde o movimento do conhecimento não acontece, caminha para o coma,
numa quase morte, o que contraria toda a energia encontrada nas cinco leis
da biblioteconomia.

CONSIDERAÇÕES

Uma biblioteca viva, em crescimento, em movimento, é aquela que


entendeu que os livros são para usar. Que cada leitor tem um livro que o
agradará. Que cada livro tem um leitor o aguardando e que todo esse
movimento pode acontecer de forma simples, fácil, responsável,
comprometida respeitando-se o usuário na medida em que respeita o seu
tempo. Nesse processo, não paira dúvidas que o serviço técnico do
processamento de catalogação tem importância inconteste nas atividades
biblioteconômicas para que essas leis possam ser aplicadas e finalmente
que “os livros sejam para todos”.
Quando no início destacamos as definições oferecidas para
Catalogação e Catálogo, buscamos demonstrar a ação e o seu resultado.
Considerando que a Catalogação implica em estudo, preparo e organização
de mensagens por certo a significância dessas ações, a sua importância
repercutirá no seu resultado que é o Catálogo. Logo, é factível que as ações
executadas durante o processo de catalogação objetivam alcançar uma
comunicação, senão entre a biblioteca e o usuário, mas da biblioteca para o
usuário.
As Cinco Leis da Biblioteconomia como norteadoras básicas da
intenção e razão da existência de livros e demais itens suportes da
informação não se realizam somente por essa razão. Exigem ação do
profissional bibliotecário, dentre as quais está a Catalogação que na sua
consecução possibilita a apresentação do livro ao usuário, do usuário ao
livro e nesse caminho, comunica um local, um espaço físico que faculta esse

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encontro, essa aproximação, e que passa a propiciar por fim a comunicação


entre o usuário e o livro, entre o usuário e a informação e o seu encontro
com o conhecimento.
Discorrer sobre biblioteca organizada que tem o usuário por objetivo,
é reconhecer que a informação por si não faz acontecer o conhecimento,
mas que o seu estudo, seu preparo, sua organização faculta o acesso por
parte daquele que poderá converter em conhecimento, provocando sua
transformação individual e, por conseguinte do meio onde está inserido.

REFERÊNCIAS

BAPTISTA, Dulce Maria. A Catalogação como atividade profissional


especializada e objeto de ensino universitário. Disponível em:
< http://revista.ibict.br/pbcib/index.php/pbcib/article/view/520 > Acesso em: 23
nov 2010.

FEITOSA, Darlyson. Elementos de Grego. Brasília: FTBB, 1993.

MEY, Eliane Serrão Alves; SILVEIRA, Naira Christofoletti. Catalogação no


Plural. Brasília-DF: Briquet de Lemos, 2009

MEY, Eliane Serrão Alves. Considerações (preguiçosas) sobre a prática de


catalogação. Revista de Biblioteconomia. Brasília, v. 19, n. 2, p. 127-136,
jul./dez. 1995b. Disponível em
< http://www.tempusactas.unb.br/index.php/RBB/article/viewFile/619/617 >.
Acesso em: 25 nov. 2010.

MEY, Eliane Serrão Alves. Introdução à catalogação. Brasília-DF: Briquet


de Lemos, 1995a

PEREIRA, Isidro. Dicionário Grego-Português e Português-Grego. 5.ed.


Porto [Portugal]: Apostolado da Imprensa, 1976. p.305

RANGANATHAN, S. R. As Cinco Leis da Biblioteconomia. Brasília:


Briquet de Lemos, 2009

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A LEITURA COMO TRATAMENTO: diversas aplicações da


biblioterapia1

Geyse Maria Almeida*

O artigo aborda a biblioterapia como possibilidade de terapia por meio da leitura.


Sugere práticas de leitura que proporcionem interpretação de textos e comentários
adicionais a eles. Pode ser utilizada em tratamentos de pessoas acometidas por
doenças físicas e mentais, é aplicável na educação, na saúde e reabilitação de
indivíduos. Investiga a atuação do bibliotecário como biblioterapeuta, tendo em vista
que ainda são poucos os estudiosos da biblioterapia no Brasil. A carência de
informações sobre a prática, ainda é grande, porém as literaturas mostram eficiência
desta aplicação desde muito tempo. A leitura como tratamento: diversas aplicações
da biblioterapia será apresentada no XXXIV Encontro Nacionais de Estudantes de
Biblioteconomia e Documentação, na Universidade Federal do Amazonas na
modalidade de comunicação oral.

Palavras - chave: Biblioterapia, Leitura, Aplicações da Biblioterapia, Reabilitação


social

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por intuito oferecer um referencial teórico da


biblioterapia aos estudantes de biblioteconomia e profissionais da área que tenham
o desejo de trabalhar com a função terapêutica da leitura. Para tanto, apresenta-se
de forma didática, contemplando os objetivos e os conceitos da biblioterapia, o
método biblioterapêutico, e as aplicações da biblioterapia.
Sabe-se que ainda são poucos os estudos no Brasil sobre a biblioterapia, mas
reconhece-se que esta é uma prática muito antiga.

1
Comunicação Oral apresentada a GT 4 - Temática livre
*Graduanda em Biblioteconomia. Universidade Federal do Amazonas. Geyse.ac@hotmail.com

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Vamos fazer algumas reflexões a respeito do que a literatura contempla sobre o


assunto, salientando os benefícios proporcionados aos submetidos à prática da
biblioterapia.

1. BIBLIOTERAPIA

A biblioterapia é um método que se utiliza da leitura e outras atividades lúdicas


como coadjuvante no tratamento de pessoas acometidas por alguma doença física
ou mental. É aplicada como educação e reabilitação em indivíduos em diversas
faixas etárias.
A Biblioterapia existe desde a Antiguidade. Seu uso, no início, se realizava
através da leitura de histórias que entretinham qualquer tipo de pessoa, procurando
ocupar o tempo ocioso, até que um dia esse uso foi identificado como instrumento
terapêutico, passando, a ser empregado em diversos lugares, até os dias atuais.
A partir do século XX as práticas biblioterapêuticas começaram a ser
desenvolvidas, inicialmente nos EUA, a partir dos profissionais das bibliotecas
hospitalares, começando a despertar o interesse e a curiosidade dos profissionais
da área.
Segundo Oaknin (1996, p. 11) a palavra biblioterapia é composta por dois termos
de origem, que significam livro e terapia, sendo assim a biblioterapia é terapia por
meio de livros. Porém essa definição que a principio parece ser simples, implica
vários assuntos bastante complexos.
Alguns estudiosos já apresentaram seu parecer a respeito desse estudo. Orsini
(1982) descreve que a biblioterapia é uma técnica que pode ser utilizada para fins de
diagnóstico, tratamento e prevenção de moléstias e de problemas pessoais.
Distribuiu os objetivos como sendo de nível intelectual, nível social, nível
emocional e nível comportamental. Assim, a biblioterapia auxilia o individuo no
autoconhecimento, avigora quais os modelos sociais esperáveis, adéqua o
desenvolvimento emocional pelas experiências de substituição do personagem e
auxilia na mudança de comportamento.

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Para Pintos (1999, p. 45) a biblioterapia, como qualquer outra técnica


logoterapêutica, pode ser implantada com qualquer população, da infantil à terceira
idade, alcançando bons resultados. Comprovadamente os livros podem ser usados
tanto para fins biblioterapêuticos como para os fins bibliodiagnóstico.
Caldin (2001, p. 5) relata que a biblioterapia é definida como leitura dirigida e
discussão em grupo que favorece a interação entre as pessoas, levando-as a
expressarem seus sentimentos: os receios, as angústias, medos e os anseios.
Dessa forma, o ser humano poderá compartilhar de seus sentimentos uns com os
outros, afim de que ambos vejam que seus problemas podem ser solucionados.

2. MÉTODO BIBLIOTERAPÊUTICO

O método biblioterapêutico versa em uma dinamização e ativação existencial


por meio da dinamização e ativação da linguagem. As palavras não são imparciais.
A linguagem metafórica dirige o homem para além de si mesmo; ele se torna
outro, livre no pensamento e na ação. A linguagem em movimento, a conversa, é o
alicerce da biblioterapia. A variedade de interpretação deixa os comentários muito
mais diversificados levando-os a outro mundo, onde podem ser quem quiserem.
Entre os companheiros do diálogo há o texto, que funciona como objeto intercessor.
No diálogo biblioterapêutico é o texto que abre espaço para os comentários e
interpretações que indicam uma opção de pensamento e de comportamento. Assim,
as diversas interpretações permitem a criação de novos sentidos.
Independentemente da técnica a ser aplicada.
Caldin (2001) utilizando a abordagem psicanalítica de Freud, aponta quatro
fases a serem vivenciadas durante a aplicação da biblioterapia.
A primeira é a fase da assimilação do paciente com o personagem, é como se
permitisse à pessoa assimilar algo do que está ocorrendo.
Na segunda fase, enfatiza-se a projeção em que o indivíduo transfere para o
outro (pode ser pessoa ou objeto) as idéias e sentimentos que podem ser familiares
a ele.

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Na terceira fase, está à catarse, há o envolvimento emocional do leitor na


história, levando- o à descarga de idéias e emoções, que se libertam do inconsciente
para o consciente. Essa técnica foi desenvolvida por Freud na terapia psicanalítica.
Na quarta e última fase, deve ocorrer o insight. O paciente, neste instante,
parte para a discussão construtiva de seus sentimentos e de suas idéias. O
conteúdo do que foi lido, ouvido, visto, ou apresentado é elaborado por ele de modo
a favorecer uma mudança de comportamento.

3. DIVERSAS APLICAÇÕES DA BIBLIOTERAPIA

A Biblioterapia tem sido utilizada em prisões, hospitais, asilos, e até em


tratamento de problemas psicológicos em pessoas de diversas faixas etárias,
deficientes físicos, doentes crônicos e dependentes químicos.
Eva Seitz (2005) realizou estudos com pacientes internados em clinica
médica. O foco central foi verificar o nível de aceitação da leitura como atividade de
lazer por pacientes internados em clínica médica. O estudo aponta para o importante
papel da leitura enquanto atividade de lazer para pacientes hospitalizados,
humanizando o processo de hospitalização.
O projeto de Tatiana Rossi (2005), ao executar um trabalho de biblioterapia
para idosos da Sociedade Espírita Obreiros da Vida Eterna (SEOVE). Objetivou-se
promover o alívio de tensões, aumentar a auto-estima, confraternizar o grupo e
diminuir o stress das idosas internas.
Aplicou-se uma encenação com bonecos de mão, vídeo de uma
apresentação de sapateado e ao som de músicas de marchinha, conversou-se
sobre diversos assuntos. Os resultados alcançados foram positivos, pois teve-se
grande receptividade e atenção desprendida pelas internas, recebeu-se carinho e
apreço das mesmas e a alegria estava expressa em cada sorriso. Aqui conclui-se
que a biblioterapia é de grande importância para a sociedade, em especial para
idosos internos.
Têm-se, na Paraíba, o estudo de Pereira (1996), que desenvolveu um
trabalho precursor no Brasil, com a biblioterapia para deficientes visuais em João
Pessoa. Preocupada com a preparação educacional e a especialização profissional
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do deficiente visual que auxiliariam sua integração na sociedade, propôs a


implantação de um programa de biblioterapia para portadores de deficiência visual
em bibliotecas públicas.
Caldin (2001) avaliou o projeto Literatura infantil e Medicina pediátrica: uma
aproximação de integração humana, desenvolvido pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul e cinco sub-projetos vinculados ao projeto-matriz Por
uma Política de Incentivo à Leitura, da Universidade de Joinville.
Estes projetos, desenvolvidos por formandos e coordenados por professoras
do Curso de Letras das universidades citadas, desenvolveram trabalho de terapia
por meio da leitura na pediatria de hospitais de Porto Alegre e de Joinville.
Verificou que as histórias contadas às crianças diminuíam seu estado de
incapacidade e proporcionaram alívio temporário das dores e dos medos advindos
da doença e do ambiente hospitalar. O resgate do sonho, do imaginário e do lúdico
forneceu um suporte emocional às crianças enfermas.
Os registros dos leitores de histórias legitimaram a eficácia da biblioterapia
em cultivar a literatura infantil como integradora no processo de cura que abrange o
corpo e a mente.
Teixeira (2004) apresenta em sua monografia as atividades desenvolvidas no
projeto de extensão “Histórias na creche” promovido pelo núcleo da Hora do conto
da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Foi realizado na creche comunitária Amigo Germano de Porto Alegre
– RS.
Relata a verificação da contação de historias como biblioterapia no campo
cognitivo das crianças com necessidades financeiras, afetivas e especiais mantidas
pela creche, o objetivo foi resgatar a afetividade perdida no dia a dia dessas
crianças, visando o equilíbrio emocional.
Alves (1982) averiguou o papel da biblioterapia em prisões, verificou que é
necessário a reeducação do presidiário e ter o acesso a leitura como meio de ter
informação e consequentemente ao conhecimento, diminuindo o estresse por não
ter liberdade.
Em todos os trabalhos mencionados registrou-se que a biblioterapia pode
estimular o intelecto dos pacientes, mas principalmente o seu emocional.
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4. PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO

De acordo com alguns relatos, a biblioterapia é comentada há milênios, sendo


que desde o ano de 1800, encontram-se relatos primeiramente pelos médicos e se
expandindo entre psicólogos e bibliotecários, sempre crescendo até o momento.
O profissional de biblioteconomia vem cada vez mais ganhando espaços, e
uma das áreas que o bibliotecário pode está inserido é com pratica da biblioterapia.
Porém as dificuldades ainda são grandes.

Na área de Biblioteconomia e mais especificamente na área de


biblioterapia, podemos verificar através do levantamento de dados que a
mesma vem enfrentando grandes obstáculos na especialização do
profissional da informação que deseja desenvolver esta atividade, pois a
formação oferecida pelos cursos de graduação não atende plenamente a
capacitação necessária para que o bibliotecário torne-se um biblioterapeuta.
(NUNES, Lucilene, 2004.)

As equipes devem ser compostas, conforme as especificidades, por


assistentes sociais, bibliotecários, educadores, enfermeiros, médicos, psicólogos,
entre outros profissionais.
É fundamental a colaboração de profissional da área da saúde quando a
biblioterapia é realizada em hospitais, casas de repouso e asilos; de profissional da
educação quando é executada em creches, escolas e orfanatos; e de assistente
social quando é aplicada em prisões e centros comunitários.
A função do bibliotecário é, entre outras, escolher juntamente com a equipe
multidisciplinar a melhor leitura para o paciente, a fim de obter o resultado esperado,
mostrar para o mesmo que através da leitura muitas coisas podem melhorar, pois
qual é o profissional que mais se importa com o habito da leitura e suas
conseqüências senão o profissional de biblioteconomia?
Tal parceria realça a importância de um trabalho interdisciplinar, cujo objetivo
é transformar a leitura em um exercício de fruição estética saudável.

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Segundo Pereira (1996, p.36), a partir de 1904 a biblioterapia passa a ser


considerada como ramo da biblioteconomia. Os bibliotecários a assumiram como
atividade de entretenimento e ocupacional, antes utilizada somente como atividade
terapêutica por médicos americanos no tratamento de seus pacientes.

5. CONCLUSÃO

Diante deste contexto, considera-se a biblioterapia um método coadjuvante da


cura pelo diálogo ativado pelo uso de diferentes tipos de materiais informacionais,
que podem auxiliar tanto no tratamento quanto na prevenção dos males do físico e
da mente.
Portanto, destaca-se a importância da seleção certa dos materiais utilizados,
e atento para a necessidade de se constituir equipes multidisciplinares, cujos
saberes e fazeres sejam dirigidos ao processo de tratamento.
Depende de nós, profissionais de biblioteconomia defender este espaço.
Sabe-se que existem diversas áreas para atuação, todavia o papel do bibliotecário
ainda é pequeno, este artigo tem o intuito de mostrar essa área fascinante que é a
biblioterapia, e instigar todos os envolvidos em biblioteconomia, seja estudantes ou
profissionais a praticar esse método que não é mais uma novidade!
Quantas coisas podem ser feitas, além de classificar, catalogar, disseminar,
organizar, gerenciar, educar. A visão do profissional de biblioteconomia e ciência da
informação deve ir além, afinal de contas é o único profissional que lida diretamente
com a informação, a ele ficou incumbido o papel de transmitir a ferramenta para o
conhecimento.
Deve ser feito uma reflexão sobre essa imensa capacidade de podermos
atuar nas mais diferentes áreas.

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REFERÊNCIAS

ALVES, Maria Helena Hess. A aplicação da Biblioterapia no processo de


reintegração social. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 15,
p. 54-62, 1982.

CALDIN, C. F. A leitura como função terapêutica: biblioterapia. Encontros de


Bibliotecários. Revista de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Florianópolis, n.
12, dez. 2001.
Disponível em: <http://www.encontros bibli.ufsc.br/Edicao_12/caldin.pdf>.
Acesso em: 04/12/2010.

NUNES, Lucilene. Biblioterapia: formação e atuação do bibliotecário, Faculdade de


Filosofia e Ciências – Campus de Marília. São Paulo, SP. 2004

OAKNIN, Marc-Alain. Biblioterapia. São Paulo: Loyola, 1996. p.11

ORSINI, Maria Stella. O uso da literatura para fins terapêuticos: biblioterapia.


Comunicações e Artes, n. 11, p. 145-149. 1982.

PEREIRA, Marília Mesquita Guedes. Biblioterapia: proposta de um programa de


leitura para portadores de deficiência visual em bibliotecas públicas. João Pessoa:
Ed. Universitária, 1996, p. 36.

PINTOS, Claúdio Garcia. A Logoterapia em contos: o livro como recurso


terapêutico. Tradução Thereza Cristina F. Stummer. São Paulo, SP.: Paulus,1999,
p. 45.

Rossi, Tatiana. Aplicação da biblioterapia em idosos da sociedade espírita


obreiros da vida eterna. 2007.
Disponível em: www.acbsc.org.br/revista/index.php/racb/article/view/505/650>
Acesso em 23/12/2010.

SEITZ, Eva M. Biblioterapia: uma experiência com pacientes internados Em clinica


médica. 2005.
Disponível em:
<http://www.fae.unicamp.br/revista/index.php/etd/article/view/1838/pdf_6>.
Acesso em: 28/03/2010.

TEIXEIRA, Patrícia Redel Nunes. O papel da contação de histórias como


biblioterapia: a experiência do projeto “Histórias na Creche” do núcleo da Hora do
conto - FABRICO/UFRG na creche da Instituição Amigo Germano, em Porto Alegre
– RS. Porto Alegre: UFRGS/FABRICO/DCI, 2004.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: um enfoque organizacional 1

ALINE de Sousa2
KAMILA de Andrade 3
LEURISMAR Pereira4
IVONE Bonfim5

Resumo:

O fluxo de informação cresce a cada dia na sociedade e as unidades de


informação precisam buscar meios de organizar e amparar toda essa
demanda. Devido então ao fluxo informacional procuramos mostrar a
importância do enfoque organizacional na Biblioteca Ednildo Gomes de
Soárez da Faculdade Sete de Setembro. Bem como as mudanças que
conduzem para obter resultados significativos tanto para o profissional
quanto para a satisfação do serviço. O objetivo deste trabalho é conhecer a
gestão e as estratégias empregadas na organização da informação,
buscando dá ênfase ao seu crescimento. Reflexão sobre as características
na prática da visão organizacional em uma unidade de informação. Enfatiza
a importância da organização ao adotar algumas ferramentas da
administração como a Gestão Estratégica, e as mudanças externas e
internas. Desta forma, a biblioteca prima na melhoria do atendimento de seu
consumidor final, o usuário da biblioteca, satisfazendo assim as suas
necessidades.

Palavra-chave: Organização. Biblioteca. Qualidade.

1
Comunicação Oral apresentada ao GT 4 – Temática livre
2
Universidade Federal do Ceará. Estudante de biblioteconomia, cursando o 8º semestre do
período 2011.1. E-mail: aline8julho@yahoo.com.br.
3
Universidade Federal do Ceará. Estudante de biblioteconomia, cursando o 8º semestre do
período 2011.1. E-mail: kamyllandrade@live.com
4
Universidade Federal do Ceará. Estudante de biblioteconomia, cursando o 8º semestre do
período 2011.1. E-mail: leuzinhanke@yahoo.com.br.
5
Orientadora do artigo. Universidade Federal do Ceará. Professora do Departamento de
Ciência da Informação. E-mail: ivone.andradeufc@ufc.br.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Introdução

A informação atualmente passa a ocupar um lugar de destaque


na sociedade, com isso torna-se a cada dia mais difícil o gerenciamento das
bibliotecas, devido ao avanço tecnológico, e em conseqüência o aumento de
informação. Devido a essas transformações a bibliotecas têm incorporado
mudanças no seu ambiente para atrair cada vez mais usuários. As
mudanças envolvem os processos de guarda, e organização da informação,
incorporando até mesmo ferramentas gerenciais e administrativas, para uma
maior qualidade no atendimento aos usuários.
Temos observado que as bibliotecas, devido ao acúmulo de
informações, têm procurado organizar seu acervo de forma estratégica
adotando as técnicas da administração, com objetivo de melhorar o
gerenciamento e a qualidade de serviço e programas oferecidos pela
mesma. Visando organizar, comandar, coordenar e controlar as ações que
envolvem o desenvolvimento do acervo já existente e o que pretende
adquirir, e as informações disponíveis na Internet.
Com base nesse propósito, apresentaremos a visão
organizacional da Biblioteca Diplomata Ednildo Gomes de Soárez,
Faculdade 7 de Setembro (FA7), localizada na avenida Alm. Maximiniano da
Fonseca, 1395 - Engenheiro Luciano Cavalcante - Fortaleza/CE.
Considerada uma organização, por envolver uma relação de sócio-
econômico com a instituição, pois ocorre à interação, adaptação recíproca
que vai ao encontro da necessidade à sociedade acadêmica. Fazendo parte
de um sistema, no qual é considerado aberto por está flexível às mudanças
e também por exercer atividades coordenadas, para alcançar o objetivo
comum.
A biblioteca é um dos instrumentos essenciais ao processo
ensino/aprendizagem dentro da Faculdade, pois procura satisfazer seus
usuários, considerados hoje clientes, através da qualidade do atendimento,
nas prestações dos serviços, como também na atualização do acervo,
disseminando a informação antecipadamente tanto para o corpo docente
como para o discente, mas principalmente faz parte da capacitação e
formação destes futuros profissionais.
A referida biblioteca adota o Sistema Decimal Dewey (CDD) para
a classificação de seu acervo, suas obras são catalogadas segundo as
Normas do Código Anglo-Americano (AACR2) sendo uma biblioteca
informatizada onde o software até o momento atende todas as expectativas
tanta para biblioteca como para os usuários que estão muito satisfeitos.
Diante da importância organizacional da Biblioteca Diplomata
Ednildo Gomes de Soárez, nos parece oportuno apresentar a biblioteca no
sistema universitário, visando conhecer melhor o papel da biblioteca
universitária e sua função junto aos usuários a comunidade acadêmica. Com
isso teremos uma visão melhor da estrutura organizacional e do enfoque
sistêmico da biblioteca da Faculdade 7 de Setembro.

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Materiais e Métodos

A metodologia de um trabalho de pesquisa é um processo onde


se constitui por etapas e técnicas para se chegar ao determinado objetivo.
Segundo Cervo; Bervian e Silva (2007, p. 30) o método se caracteriza “como
o conjunto das diversas etapas ou passos que devem ser seguidos para a
realização da pesquisa e que configuram as técnicas”. O método é então um
instrumento técnico que não se inventa, que pretende estudar através das
investigações realiza a pesquisa.
A pesquisa é a busca de algo para descobrir respostas e chegar
assim a determinadas conclusões. De acordo com Cervo; Bervian e Silva
(2007, p. 57) a pesquisa “é uma atividade voltada para a investigação de
problemas teóricos ou práticos por meio do emprego de processos
científico”. Neste contexto a pesquisa busca ampliar o nosso conhecimento.
O trabalho foi desenvolvido basicamente através de duas
pesquisas, uma de cunho exploratório, tendo como objetivo ter uma visão
geral do assunto abordado e uma maior aproximação do objeto de estudo,
proporcionando um melhor detalhamento do objeto. Gil (1999, p.43) define a
pesquisa exploratória “como principal finalidade desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e idéias, tendo em vista, a formulação de problema mais
precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”. E a segunda
de cunho bibliográfico na área da biblioteca universitária, através do
levantamento de artigos, livros e outros, buscando conhecer melhor o
ambiente para embasar o nosso referencial. A pesquisa bibliográfica
“procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em
artigos, livros, dissertações e teses. Pode ser realizada independentemente
ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental”. (CERVO; BERVIAN;
SILVA, 2007, p. 60).
O método que norteou as nossas análises foi o observacional, pois
é um método que a partir de alguns sentidos físicos, tem como
conseqüência interpretar a realidade e compreendê-la. Como afirma Cervo;
Bervian e Silva (2007, p.31) a observação proporciona obter do objeto um
conhecimento claro e preciso, “sem a observação, o estudo da realidade e
de suas leis seria reduzido à simples conjectura e adivinhação”. Foi através
dessas observações que efetuamos algumas explicações sobre o enfoque
organizacional dentro da biblioteca universitária. Os dados foram coletados
na Biblioteca da Faculdade 7 de Setembro, através de visitas e
conversações com a bibliotecária, conforme orientações das pesquisas com
enfoque organizacional.

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Resultados e Discussão

A Biblioteca no Ambiente Universitário

A biblioteca no sistema universitário surgiu ainda na Idade Média,


com a transição do Humanismo para o Renascimento, devido o aumento na
produção de documentos, pois os estudantes queriam uma maneira de
acessar num único local os documentos que estava sendo produzido. Surgi
então à biblioteca universitária. Neste período já existia a preocupação de
organizar os documentos existentes, para melhor facilitar o
compartilhamento do conhecimento.
Com o desenvolvimento das gráficas e a popularização do livro no
século XX, o mesmo passar a ser utilizado junto com os outros meios de
informação para transmitir as pessoas à produção intelectual da
humanidade. Diante desses aparatos a biblioteca que era considerada o
“depósito do livro”, atinge um status de um “espaço do saber”, pois houve
um avanço cultural da sociedade, e uma valorização pelo conhecimento.
Houve então um amadurecimento no ponto de vista social da biblioteca, o
grande desafio atual, que segundo Carvalho (2004, p.81):

[...] as bibliotecas, independentemente de sua tipologia, tiveram


que promover mudanças e acompanhar as transformações
vivenciadas no final do século XX e início do XXI, que assiste,
aceleradamente, a passagem da Sociedade Industrial para a
Sociedade da Informação.

Devido o aumento da informação, as bibliotecas universitárias


passaram a se preocupar mais com a organização da informação, para
melhor lhe dar com os modos de acesso e disseminação.
Com as transformações ocorridas na sociedade, no aspecto
social, cultural e educacional, a biblioteca passa a ser considerada uma
organização, interagindo cada vez mais com os aspectos da sociedade.
Atualmente, a biblioteca ou centro de informação abrange
diversas áreas do conhecimento dentro da universidade, pois as tecnologias
permitiram um maior acesso a informação através da Internet. A biblioteca
assim passa a se preocupar com a gestão organizacional que torna um
desafio instigante para os bibliotecários, mudando até mesmo o âmbito
profissional.
A biblioteca hoje está desenvolvendo novos aspectos, no que diz
respeito ao social, pois trabalha junto com a comunidade acadêmica,
tratando e disseminando as informações independentemente do suporte
físico, agregando até mesmo ferramentas tecnológicas. Hoje temos a
implantação das novas tecnologias, como o computador, Cds, os pen-drive,
a forma de recuperar a informação, um software para fazer com que o
usuário tenha uma busca mais rápida. Com isso a biblioteca exerce um

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papel importante na comunidade acadêmica, que tem como função:


preservar, mediar e facilitar o acesso à informação de forma organizada em
qualquer suporte, tendo assim como objetivo atender a comunidade
acadêmica.
A organização do acervo destinado aos universitários exige
termos técnicos, para a busca da informação na área específica. Isso
atualmente é um grande desafio para as bibliotecas universitárias.

A Biblioteca Diplomata Ednildo Gomes de Soárez

A biblioteca da Faculdade 7 de Setembro foi denominada


Diplomata Ednildo Gomes de Soárez, devido a justa homenagem ao grande
homem que amava os livros. Fundada juntamente com a criação da FA7 em
outubro de 2000.
Ednildo nasceu em 16 de março de 1946. Foi o primeiro aluno do
Colégio 7 de Setembro. Ingressou na Escola Naval, mas optou, depois, pelo
Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores. Em ambos os
cursos, foi o 1º aluno. Foi classificado em 1º lugar na Escola Naval, porém,
em vez de Oficial de Marinha preferiu prestar exame para o Instituto Rio
branco (Itamaraty) que forma diplomatas. Este exame era provavelmente o
mais difícil do país. Recebeu, do então Presidente Arthur da Costa e Silva a
Medalha de Ouro, juntamente com o Ministro das Relações Exteriores -
Magalhães Pinto, por haver concluído o curso do Instituto Rio Branco em 1º
lugar.
A biblioteca da Faculdade 7 de Setembro, é um órgão
subordinado à Diretoria Geral/Diretoria Acadêmica. Dirigida por uma
bibliotecária, designada pelo Diretor Acadêmico. Funciona de segunda a
sexta feira, de 7:30 às 22:00 horas e, aos sábados, das 8:00 às 16:00 horas.
O acervo da biblioteca disponibiliza livros, periódicos, monografias, DVDs,
VHS etc., nas áreas de Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas,
Engenharias, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Letras e Artes
entre outras.

Missão e Objetivos da Biblioteca Diplomata Ednildo Gomes de Soárez

Na sociedade podem ser percebidas várias organizações com


finalidades diferentes. Por vezes, há organizações que se encontra dentro
de outras organizações, por isso a sociedade é considerada uma sociedade
de organizações. Segundo Chiavenato (2004) uma organização se forma a
partir da união de duas ou mais pessoas, sendo considerada uma unidade
social projetada para alcançar os objetivos estabelecidos. Portanto, a
biblioteca é uma organização formada por seres vivos e apresenta missão e
objetivos a serem atingidos.

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A Biblioteca tem como missão, oferecer suporte informacional e


documental à comunidade nas atividades de aprendizagem, ensino, e
pesquisa contribuindo para sua formação pessoal e científica. Destaca a
qualidade de serviços, que torna a biblioteca um veículo ágil o bastante para
divulgar o nome da Faculdade, visando manter os alunos e conquistar
novos, ou seja, torna a FA7 a primeira opção para todos aqueles que visam
prestar vestibular e buscam excelência em uma Instituição de Ensino.
A Biblioteca da FA7 tem como objetivos atender às necessidades
do público interno (alunos, coordenadores e professores) envolvido com o
ensino e a pesquisa na FA7, nos cursos de graduação, pós-graduação, e
extensão. Preservado, organizando e disponibilizando os acervos para os
usuários.
A Biblioteca FA7 visa alcançar a excelência oferecendo
atendimento e serviços com qualidade; orientando e executando os serviços
prestados; implementando novos serviços e divulgando os serviços
implantados.
Os serviços disponibilizados são:

 Empréstimo

O cadastro dos usuários é feito automaticamente, no momento da


matrícula, a cada semestre. O empréstimo do acervo será efetuado para
alunos, os quais podem fazer empréstimos de até três itens com prazo de
sete dias úteis; para funcionários, até dois com prazo de oito dias e para
professores até seis itens com prazo de quinze dias úteis. Para identificação
durante o empréstimo os alunos usam a carteira da FA7 ou na ausência
desta, qualquer documento de identificação com foto. Os professores e
funcionários utilizam o crachá da empresa.

 Reservas

Se a obra solicitada não estiver disponível no acervo o usuário


poderá fazer a reservada. A obra ficará à sua disposição pelo prazo de 2
(dois) dias e a reserva só será concedida ao próprio solicitante.

 Renovação

Caso o usuário queira renovar o empréstimo, este poderá fazer


na biblioteca ou via internet. A renovação será feita nas datas fixadas para
devolução e renovada por igual período, caso não tenha alguém na fila da
espera da reserva.

 Comutação Bibliográfica

O serviço de comutação bibliográfica é oferecido pela Biblioteca


através do COMUT, sendo possível obter cópia de documentos de obras das
principais bibliotecas brasileiras e na British Library.

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 Normalização de trabalhos acadêmicos

A biblioteca oferece aos alunos orientações na elaboração dos


trabalhos acadêmicos, conforme a ABNT - Normas da Associação Brasileira
de Normas Técnicas e Manuais para elaboração de monografias e projetos
elaborados pela Fa7.

 Consulta on-line

A Biblioteca Diplomata Ednildo Gomes de Soárez adota o Sistema


de Automação de Bibliotecas (AUTOBIB), onde todo o acervo encontra-se
informatizado e disponível no site da faculdade. O usuário pode realizar a
consulta do acervo por autor, título, assunto, editora etc., além de pesquisas
cruzadas, possibilitando a emissão de relatórios de crítica e com
formatações especiais. Para a consulta são disponibilizados 7 micros no
espaço da biblioteca.

Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional de uma empresa deve ser planejada


com a devida atenção sendo respeitados os objetivos impostos pela
organização. Para Oliveira (2002, p. 90) essa estrutura é composta por
responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das unidades
pertencentes à empresa. A estrutura organizacional é representada pelo
organograma, que é “a representação gráfica de determinados aspectos da
estrutura organizacional” (OLIVEIRA, 2002, p. 120).
Uma estrutura organizacional é um elemento que direcionará os
comandos de uma empresa ou de uma biblioteca, pois a partir dela serão
estabelecidos funções para estabelecer uma ordem nas atividades de uma
organização. De acordo com a definição de Lacombe (2003, p.117) são
destacados quatro princípios para montar uma estrutura organizacional que
são: estabilidade do pessoal, cadeia escalar, unidade de comando e unidade
de direção.
Os princípios citados anteriormente eles seguem uma hierarquia
e uma relação onde cada um deles é interligado aos objetivos comuns de
uma empresa ou de uma biblioteca, mas para o desenvolvimento das
atividades de cada uma é necessário que cada unidade tenha uma pessoa
responsável pelo grupo, ou seja, um líder, pois a unidade precisa de
instrução e orientação para executar as atividades.
O objetivo da estrutural organizacional para uma empresa ou uma
biblioteca é fragmentar as atividades por meio das funções que cada pessoa
ou grupo executará dentro de uma organização e as principais funções

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“exercidas nas empresas são a produção, comercialização, finanças e


administração”. (LACOMBE, 2003, p.118).
As funções são criadas para a integração das atividades que
serão desempenhadas nas organizações seja em uma empresa ou uma
biblioteca, assim os serviços serão bem elaborados para melhor atender os
clientes de maneira eficiente e eficaz, e para existir uma ordem social e
econômica.
Na estrutura organizacional existe dois tipos de estruturas em que
uma é simples e a outra é uma estrutura em linha com assessoria e
autoridade funcional, segundo Lacombe a estrutura em linha simples é
“aquela que só tem relações de linha.” (p.125, 2003).
Ou seja, ela é dirigida por uma pessoa que tem decisão única,
coordena as atividades sozinhas, tornando complexo o trabalho e as
atividades soltas não tendo nenhum controle. E a segunda é o oposto da
primeira, porque as tarefas são divididas para cada grupo ou setor e com
isso tornam as funções dinâmicas, integradas com as ideias e objetivos
comuns para uma decisão uniforme.
Como toda organização a biblioteca é considerada um sistema
aberto, pois esta flexível às mudanças. É caracterizado então como um
organismo orgânico capaz de interagir e se adaptar com as mudanças
causadas pelos elementos do meio interno e externo. Os sistemas abertos
apresentam alguns componentes básicos como objetivos, entrada ou
importação, transformação ou conversão, saída ou exportação, padrões de
qualidade, controle de avaliação ou retroalimentação (feedback).
A Biblioteca da Fa7 faz parte de uma estrutura organizacional,
pois preparar pedido de aquisição de material bibliográfico, bem como de
todo e qualquer material indispensável à Biblioteca, justificando sua
necessidade, sugerindo a modalidade de compra, montante a ser gasto e
nome de fornecedores especializados, encaminhando-os à Diretoria
Acadêmica para a respectiva autorização da compra.
Com isso, apresentaremos logo a seguir o organograma da
Biblioteca da Fa7:

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DIREÇÃO

ADMINISTRAÇÃO SECRETARIA

COORDENAÇÃO CONTABILIDA CENTRO DE RECUSOS DIRETORIA DA


DOS DE TREINAMENTO HUMANOS BIBLIOTECA
CURSOS E INTEGRADO
FINANCEIRO

SERVIÇO DE TRATAMETO
DA INFORMAÇÃO

ATENDIMENTO AO
USUÁRIO

SETOR DE MONOGRAFIAS

OBRAS RARAS

A Biblioteca Fa7 Num Enfoque Sistêmico

A biblioteca é uma organização que está agregada ao sistema


da Faculdade, tendo missão e objetivos comuns à instituição, ou seja, a
relação de cada um caminha paralela para que sejam alcançados os
resultados do sistema com sucesso.
A entrada desse sistema é a aquisição de materiais (livros,
periódicos etc.) que são adquiridos por meio de compra ou permuta. A
transformação é a realização do processo técnico dos materiais adquiridos,
efetuando o registro, a catalogação, indexação e disponibilizando as obras
no acervo para os usuários. A saída se caracteriza quando os produtos
estão à disposição do consumidor final, neste caso são os empréstimos ou
renovações dos itens pelos usuários. Os padrões de qualidade são as metas
traçadas para garantir a qualidade, neste caso a qualidade no serviço, onde
a biblioteca adota a Gestão Estratégica e os 5 S’s. O feedback é o retorno
informacional que a organização recebe do meio, a biblioteca dispõe do
serviço fale conosco, que por via internet os usuários podem fazer críticas,
sugestões, elogios e tirar dúvidas, mas caso desejar, o usuário pode ir
pessoalmente a biblioteca.
De acordo com D’ascenção (2007, p.50) define o sistema como
“um conjunto organizado e complexo, uma reunião ou combinação de coisas
ou partes, interrelacionadas e interdependentes, que formam uma unidade,
visando à realização de um objetivo ou um conjunto de objetivos”.

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Diante da definição podemos confirmar que uma biblioteca é um


sistema que buscar integrar a sua estrutura organizacional para atender
tanto a instituição como para aqueles que estão ligados ao seu serviço. Para
desenvolver esse processo é necessário que a biblioteca adote a ferramenta
do 5S que tem o objetivo de articular as atividades de uma maneira eficiente
e eficaz dos serviços promovido pela biblioteca.
Segundo Umeda (1997, p.1) a ferramenta 5S é conceituada da
seguinte maneira:
O 5S representa os cincos esses (5S’s) iniciais das palavras em
japonês que são: Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke. Trata-
se de uma atividade voluntária praticada pelos empregados nos
seus postos de trabalho. E no Brasil é representado normalmente
pelos cincos sensos com as seguintes denominações: primeiro S –
Senso de utilização (SEIRI), segundo S – Senso de ordenação
(SEITON), terceiro S – Senso de limpeza (SEISO), quarto S –
Senso de saúde (SEIKETSU) e quinto S – Senso de autodisciplina
(SHITSUKE).

A importância do 5S na biblioteca está no propósito de envolver


as partes que são os colaboradores juntamente com o todo que a instituição,
a Faculdade 7 de Setembro, a qual a biblioteca estar inserida. O 5S veio
propor crescimento sociocultural para aqueles que colaboram na melhoria do
serviço, para qualidade do atendimento e para qualidade de vida no
trabalho, assim, as atividades são desempenhadas com produtividade de
uma forma eficiente e eficaz.

Descrição dos fatores que condicionam mudanças do ambiente interno


e externo

Assim como as pessoas, a organização está em constante


mudança, exigindo da mesma a adaptação a essas mudanças. Com o
passar do tempo, naturalmente, a organização sofrerá o processo entrópico,
o seu desgaste, cabe a está gerar a entropia negativa, onde a organização
fará sua reciclagem de conceitos, idéias, procedimentos e técnicas para
continuar no mercado. Portanto, faz-se necessário a organização está apta
às mudanças, Chiavenato (2004, p. 298) define mudança organizacional
como:
A transição de uma situação para outra diferente, ou a passagem
de um estado para outro diferente. Mudança implica ruptura,
interrupção, variação, transformação, perturbação. O mundo atual
caracteriza-se por um ambiente dinâmico em constante mudança,
e exige das organizações uma elevada capacidade de adaptação
como condição básica de sobrevivência. Adaptação, renovação e
revitalização.

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De acordo com a bibliotecária que gerencia a biblioteca, todos


buscam encarar as mudanças ocorridas na organização de forma amigável,
não encontrando assim grandes dificuldades para superar os obstáculos.
Obviamente que surgi problemas, mas esses são, na medida do possível,
resolvidos.
As mudanças que podemos destacar foi o ocorrido durante o ano
de 2008, precisamente no mês de outubro, entre elas foi assumir o cargo de
chefia, a segunda dar prioridade em atualizar o sistema da versão antiga
para nova em que é permitido fazer atualização via internet e um das
reclamações, pois o sistema antigo não fornecia uma recuperação eficaz.
Neste intervalo foi muito curto para essas mudanças tão veloz, porque a
bibliotecária tem a responsabilidade de organizar as bibliografias para cada
semestre ou para um novo curso que a instituição queira adotar, para que
ocorra a visita do MEC e a provavelmente autorização do curso; podemos
incluir a terceira mudança e essencial é o recurso de atualizar as
bibliografias não somente a cada semestre, mas se necessário durante o
semestre tanto pelo aluno como para o professor, pois o curso de direito tem
essa exigência. No inicio deste ano de 2009.1 foi realizado uma enquête dos
alunos (estudos dos usuários) da faculdade para obter informação ou para
identificar o andamento da biblioteca tanto para parte física como nos
recursos humanos e quais seriam os pontos mais relevantes que teriam
condição de ser concretizado, então o resultado foram surpreendente, mas
de todas estas são as que tiveram maior preocupação e através delas as
outras foram caminhando.
Sugestões ou reclamações mais solicitadas durante a enquête:
 Os usuários tinham muita dificuldade de manusear o acervo;
 Perdiam tempo procurando nos periódicos o assunto de algum
determinado trabalho e não encontravam;

A partir destas foram se ajustando com a implantação do sistema


dos 5 S, seguindo aquele senso que enfatiza a melhoria nos produtos e
serviços. Um processo que surgiu foi o treinamento dos profissionais que
ocorre sempre que necessário. As vantagens mencionadas para os usuários
foi que estes passaram a receber orientação dos funcionários capacitados
para serem informados sobre o manuseio do acervo, como também móveis
foram adaptados para usuários deficientes. O sistema Autobib, em sua nova
versão, armazena resumos ou analítica dos periódicos e, portanto a
recuperação da informação é ágil e objetiva, esse processo foi repetido no
semestre seguinte 2009.2, passando a fazer parte do calendário anual a
enquête para que nova mudança aconteça. É interessante como a mudança
interfere no todo da organização de uma biblioteca e o quanto é importante
estar atento com as inovações tecnológicas, social e cultural; conforme
Almeida (2005) “a mudança reflete o dinamismo da biblioteca e sua abertura
a novas tecnologias, a novos públicos e a novas funções, que dependerão
de suas relações dentro e fora da instituição”.

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Com isso exemplificamos os fatores que condicionam os fatores


do ambiente interno e externo:
 Ambiente interno

- disponibilidade de pessoal para o atendimento ao público;

- oferta de serviços variada e atualizada (as bibliografias são atualizadas


semestrais);

- apoio e interesse da administração (quando se tem uma urgência para a


biblioteca e para o usuário é atendido com prioridade);

- disponibilidade de recursos materiais;

- espaço físico suficiente. (este espaço ainda atende a demanda, embora o


andar superior da biblioteca venha ser ocupado por um número maior de
gabines).

 Ambiente externo

- satisfação do público com a Biblioteca como um todo;

- demanda significativa dos alunos de graduação.

- meios de comunicação;

- alta demanda da Biblioteca;

- bases de dados disponíveis.

Conclusões

Com o desenvolvimento do conhecimento científico e o avanço


das tecnologias, o perfil dos usuários se modificou. Os usuários encontram-
se mais exigentes nos serviços e produtos, pois necessitam de um espaço
dinâmico, com ambiente favorável, plano de indexação e recuperação da
informação voltada ao perfil dos usuários e até disponibilidade de variedade
de estratégias de busca da informação. A sociedade exige atualmente, que
as bibliotecas ofereçam um espaço organizado, a fim de promover o melhor
acesso à informação.
A partir deste panorama, foi realizada a visita à Biblioteca da FA7
para investigar melhor as exigências da sociedade e o processo de

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organização. Foi percebível na prática a visão organizacional em uma


unidade de informação.
Com a realização da pesquisa foi possível verificar que a
organização adota algumas ferramentas da administração, entre as quais
podemos citar a Gestão Estratégica e os 5 S, onde apesar das dificuldades
mencionadas, a organização prima na melhoria no atendimento de seu
consumidor final, o usuário da biblioteca.
A biblioteca da FA7 faz parte de um sistema organizacional onde
às ferramentas administrativas são utilizadas adequadamente nas atividades
da biblioteca. Uma delas foi com a implantação do 5S que mostrou
resultados significativos, porque na biblioteca existem recursos humanos,
financeiros e materiais para promover e oferecer serviços de qualidade.

Referências

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serviços de informação. 2. ed. Brasília, DF: Briquet de Lemos Livros, 2005.

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BATTLES, Matthew. A conturbada história das bibliotecas. São Paulo:


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espaço das bibliotecas universitárias. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.

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Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v.2, n.2, p. 47-62, dez.
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Janeiro: Campus, 2004. 610 p.

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2007. 222 p.

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OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas de informações


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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

DO PALEOLÍTICO AO MUNDO GLOBALIZADO DOS IPADS: o


desenvolvimento dos suportes informacionais no transcurso histórico
da humanidade1

ALINE, Nobre Nascimento*


RODRIGO, Oliveira de Paiva**
SAMANTHA, Andrade Araujo***
SUELEM, Gadelha Pother****

Resumo: Mostra a evolução dos suportes de armazenamento da


informação, a partir da aparição dos primeiros símbolos de escrita nas
cavernas até as tecnologias atuais, identificando os materiais utilizados para
se registrar o conhecimento humano. A pesquisa tem como principal
objetivo apresentar a importância desta temática para a realidade dos
suportes informacionais, dando-se ênfase aos mais diversos exemplos de
recursos, como os papiros, pergaminhos, livros e entre outros mencionados
no escopo deste trabalho. O percurso metodológico adotado valeu-se do uso
de uma abordagem teórica por meio de um levantamento bibliográfico
impresso e eletrônico. Como subsídios teóricos são utilizadas diversas idéias
de autores que apresentam trabalhos concentrados nesta área de estudo,
tais como, Robredo, Cunha, Monte e Lopes. Como conclusões mostra-se a
relevância deste instrumento para o armazenamento do conhecimento
humano, observa-se que o mais importante dentre todos os suportes
estudados não é a importância histórica, mas sim o seu objetivo, que é o de
facilitar o acesso à informação para todos, porque neles está gravado o que
é produzido mentalmente ou materialmente pela sociedade, para enfim ser
analisado e utilizado por todos para as mais diversas finalidades.

Palavras-Chave: Suportes Informacionais; Desenvolvimento dos Suportes


Informacionais; História da humanidade.

________________________
1
Comunicação Oral apresentada ao GT N° 4 – Temática livre.
*Universidade Federal do Pará. Graduandos em Biblioteconomia. aline-l-@hotmail.com,
rodrigopaiva522@gmail.com,samanthaaraujo2000@yahoo.com.br,
suelem_pother@hotmail.com,

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1 INTRODUÇÃO

A informação sempre acompanhou o desenvolvimento da história


humana, e neste sentido se faz necessário o uso de suportes para deixar
gravado o que é produzido através do conhecimento das sociedades.
Compreende-se a importância desses suportes no armazenamento,
conservação e disseminação das informações produzidas durante o
transcurso histórico do homem. A escolha do tema surge de um interesse
em estudar o desenvolvimento dos suportes informacionais desde os
primórdios da sociedade até a situação futura deles.
Para a produção deste artigo foram utilizadas diversas opiniões e
conceitos de autores da área da informação e ciências afins, com a
finalidade de obter dados relevantes na fundamentação teórica deste
trabalho.
Os objetivos deste artigo são os de identificar os principais suportes
informacionas produzidos no decorrer da história humana, analisá-los do
ponto de vista conceitual e técnico, citar as suas funções na atualidade e
colocar a importância deles para o futuro do armazenamento informacional.

1.1 MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utilizada para a realização da pesquisa foi composta


por um conjunto de etapas e procedimentos, contando basicamente com
uma pesquisa descritiva documental e bibliográfica, de caráter impresso e
eletrônico dando origem a uma revisão de literatura para compor o presente
estudo.
A revisão de literatura visa reconhecer e dar crédito à criação
intelectual de outros autores é uma questão de ética acadêmica, através
dela abri-se um espaço para evidenciar que seu campo de conhecimento já
está estabelecido, mas pode e deve receber novas pesquisas; ou ainda,
emprestar ao texto uma voz de autoridade intelectual. Através da revisão de
literatura, reporta-se e avalia-se o conhecimento produzido em pesquisas
prévias, destacando-se conceitos, procedimentos, resultados, discussões e
conclusões relevantes para seu trabalho.

1.2 REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo tem por objetivo apresentar uma revisão teórica no que
diz respeito aos conceitos de informação, suportes informacionais, a história
dos suportes do período Paleolítico através das paredes das cavernas até o

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mundo contemporâneo, caracterizados por temas convergentes para


apresentação de discussões.

1.2.1 A informação

A informação é formada por um conjunto de dados que, por sua vez,


são fragmentos do conhecimento humano. Existe em qualquer lugar,
independente do tempo e das circunstâncias em que surge.
A informação possui várias definições. Ela depende do processo que
a produz, por isso é difícil definir esta palavra quando é utilizada de forma
isolada, somente adquire expressão ao ser adjetivada (informação jurídica,
informação política, informação médica, etc.).
Lopes (1998, p. 22) diz que:

O termo “informação” é repetido de modo exaustivo pelos meios


de comunicação de massa assim como por pensadores de
diversas áreas. Não é difícil notar algumas imprecisões e
empréstimos na utilização desta palavra sem qualquer controle de
pertinência. O substantivo informação é de natureza abstrata e
para lhe dar um sentido preciso, deve-se segui-lo de um adjetivo.
O senso comum dá a este termo um sentido mágico, fazendo
referência a um mundo futuro onde a produção e a leitura das
informações serão assumidas por máquinas misteriosas. As
expressões “Sociedade da informação”, “era da informação” e
“mundo da informação” são hoje, de uso corrente. Mas, é raro se
encontrar uma definição satisfatória para esta palavra isolada;
como nos casos do amor e do ódio, é preciso anexar-lhe algum
qualificativo para revelar a sua natureza concreta.

Existem diferentes formas para ocorrer o fluxo informacional, dentre


elas temos a comunicação, representando um meio circulatório de dados
contendo conhecimento, que quando unidos adquirem um valor. Assim a
comunicação representa para a informação o mesmo que uma rodovia para
carros, por exemplo, quanto mais bem tratada e organizada no sentido de
infra-estrutura é uma rodovia mais facilmente ocorrerá o fluxo de veículos.
Seguindo esta linha de pensamento quanto mais clara e objetiva for a
comunicação mais facilmente ocorrerá o fluxo de informações.
Mais importante do que qualquer suporte é a informação
disseminada entre indivíduos. Nesta situação quando ela é transmitida
oralmente podemos captar partes dela não encontradas na forma impressa.
Por exemplo, a história de um povo pode ser transmitida em muitos casos
somente através de relatos sustentados por uma rede de dados passados
de geração para geração até ser escutada e entendida por indivíduos não
pertencentes a esse povo que possam ter curiosidade na cultura deles.

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Muitas civilizações já desapareceram sem deixar nenhum relato de suas


histórias por meio de símbolos. Notamos que não existe nenhum modo de
armazenagem do conhecimento, produto de base da informação, mais eficaz
do que a memória humana, por que independentemente da pessoa ela
sempre irá armazenar fatos vivenciados ou não durante toda sua vida.
Araújo apud Breglia e Rodrigues (1995, p. 73) diz que:

A comunicação da informação representa não somente a


circulação de mensagens que contêm conhecimento com
determinado valor para a produção de bens e serviços, mas
também a objetivação das idéias de racionalização e eficiência
dominantes na sociedade moderna.

1.2.2 Suportes informacionais

Os suportes informacionais são os materiais onde as informações


estão registradas. Eles podem armazenar dados, documentos, filmes,
histórias, imagens, etc. Com o advento da informática verificamos o aumento
do uso de computadores para a conservação informacional, nesta situação é
atribuído o termo “mídia’’ para o local onde é armazenada a informação.
O homem utiliza os suportes informacionais há muito tempo
demonstrando junto com a evolução desses suportes o desenvolvimento da
sociedade.
O cotidiano do homem sempre foi gravado de diversos modos. No
inicio, os indivíduos utilizavam as paredes das cavernas para deixar
marcados o pensar e as imagens representativas dos fatos corriqueiros e em
muitos casos sem sentido que ocorriam no seu dia-a-dia. Até hoje os
desenhos rupestres representam uma incógnita para pesquisadores de
arqueologia e de áreas afins que necessitam desvendar o significado dos
símbolos gravados nas rochas.
No momento em que surge a escrita, são desenvolvidas novas
formas para armazenar o conhecimento gerado no âmbito da sociedade
antiga, temos o uso de pergaminhos e papiros, substituídos posteriormente
pelo uso do papel.
Nos séculos XIX e XX ocorre um desenvolvimento com relação aos
suportes utilizados, surgem a fotografia, o registro sonoro e o filme
audiovisual. Na contemporaneidade notamos o avanço dos suportes
informatizados, substituindo gradualmente os tradicionais (papel e filme).
Na atualidade muitos lugares utilizam os sistemas computadorizados
para conservar a memória documental, ela encontra-se registrada
eletronicamente em suportes ainda frágeis, não livres da exclusão de
conteúdos importantes por problemas técnicos, sendo esta uma
característica negativa dos suportes eletrônicos.

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1.2.3 Passado e presente dos suportes informacionais

O homem utilizou por muito tempo uma fala constituída por um código
de sons guturais capazes de representar pensamentos, essa foi uma
situação ocorrida até o momento em que ele desenvolveu a capacidade do
uso de materiais encontrados ao seu redor para representar os momentos
vividos. Rabiscos na areia e ranchuras nas pedras ampliaram o modo de
relacionar as coisas e melhoraram a qualidade de disseminar informações
que somente os sons produzidos pelos homens pré-históricos não seriam
capazes de fazer.
Com o passar do tempo o homem necessitava melhorar os modos de
armazenamento do seu conhecimento. Após o período Paleolítico, uma
grande quantidade de materiais foi empregada como suporte. A evolução
deles está estritamente ligada com a evolução da escrita.
O primeiro suporte informacional, provavelmente, foi a pedra,
utilizada na Pré-história e amplamente difundida pelos egípcios. Os
hieróglifos eram o tipo de comunicação de símbolos utilizados por eles. Já
na Babilônia, escrevia-se sobre tabletes de argila, a escrita cuneiforme era
empregada nesse caso. No oriente os suportes utilizados eram diferentes
dos ocidentais.
Roth (1983, p. 13) diz que:

No Oriente, os materiais empregados como suporte para a escrita


eram bastante diferentes. Os bataks, nativos da Sumatra,
emendavam fatias de bambu a golpes de martelo, construindo
uma esteira contínua, sobre a qual escreviam. Para facilitar a
armazenagem, as esteiras eram sanfonas e costuradas com cipó,
resultando num livro parecido com os atuais. Na Índia e no Ceilão
os nativos cortavam tiras de folhas de palmeira, com o mesmo
comprimento e largura, e as atavam com couro. Em seguida, com
ajuda de um instrumento de ponta dura escreviam sobre a
superfície da folha, gravando sulcos posteriormente preenchidos
com uma pasta negra que tornava os caracteres legíveis. Livros
sagrados foram escritos com este método em regiões remotas do
continente indiano, como Sião e Burna, que preservam a
técnica até recentemente.

Merecem destaque dois suportes muito difundidos no passado por


suas importâncias históricas: o pergaminho e o papiro.

1.2.3.1 O pergaminho
O material do reino animal mais importante empregado como suporte
foi o Pergaminho. Ele surgiu posteriormente ao surgimento da escrita,
produzido com peles de animais. O seu período de uso foi superior ao do

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Papiro. Sendo empregado como suporte de escrita da Antiguidade à Idade


média. Era um material de preço elevado e a pele de animal mais utilizada
para a fabricação do pergaminho era a do carneiro.

1.2.3.2 O papiro

Com o desenvolvimento da escrita houve uma preocupação na


criação de suportes resistentes, dentre eles surge o papiro. Esse, sem a
menor dúvida, é o mais importante de todos os produtos vegetais utilizados
como suporte. Os descobridores deste produto foram os egípcios. Ele era
produzido a partir da planta Cyperus papiros.

1.2.3.3 O papel

Os chineses foram os inventores do papel. No século XIII alguns dele


foram raptados por árabes com a finalidade de descobrirem o segredo de
fabricação deste produto, mostrando deste modo a curiosidade e interesse
neste novo modelo de suporte.
Os chineses utilizavam principalmente a casca da aroeira e trapos de
linho para a produção do papel.
O processo de desenvolvimento dele acompanhou a evolução da
sociedade e aos poucos novas ferramentas foram sendo usadas: o processo
de branqueamento, o uso da celulose como matéria-prima, etc.
Ainda hoje o papel é o principal suporte usado para armazenar
informações. Livros e periódicos são feitos diariamente em todo o mundo a
partir dele. Apesar do rápido desenvolvimento dos suportes informáticos, ele

ainda apresenta durabilidade e legitimidade. Ele possui uma função


importante no armazenamento de informações, por exemplo, a história é
escrita distante do foco histórico, em cinco ou dez anos, as pessoas verão
que existe uma lacuna na historiografia. Isso ocorrerá como conseqüência
das informações geradas em computador perdidas por falta de um
tratamento adequado, fato este que acontece mais raramente com o papel.
Especulações são constantemente criadas sobre o futuro deste
suporte que resiste no período da informação digital, mesmo existindo dentro
de um mundo preenchido pela obsolescência da mídia tecnológica.

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Hoje, o papel é uma necessidade indiscutível no nosso dia-a-dia.


No momento de sua invenção, na China, representou um autêntico
milagre, objeto de profunda reverência por suas características
estéticas, sua utilidade na comunicação e como repositório de
informação. Sua definição é simples: é uma película de fibras de
celulose emaranhadas e agregadas. Para sua obtenção, os
filamentos de um vegetal são inicialmente submetidos a uma
separação mecânica, suspensos em água, para então se
emaranharem sobre a superfície de um molde poroso. Depois é
necessário prensá-los e secá-los. (ROTH, 1983, p. 19).

1.2.3.4 O livro

O livro personificou a função de preservar o conhecimento. Ele


passou por vários períodos desde o seu surgimento. Não se têm certeza
sobre a sua origem, mas sua história sempre acompanhou fatos
importantes, como por exemplo, na Idade média, quando somente os
fidalgos e clero podiam ter acesso a esse suporte.
É evidente que as informações oriundas do passado somente
chegaram à atualidade através desses suportes duráveis, que mantiveram
intactos o conhecimento neles contidos, um dos exemplos mais importantes
desta situação é o da Bíblia que por si só contém gravado a memória e
cultura religiosa de grande parte da população mundial.
Muito se têm discutido sobre o futuro dele devido ao avanço rápido
das informações através de novos meios informacionais, dentre eles
destacamos a internet. Já é possível ter acesso a livros virtuais, os E-books,
crescem e se popularizam na sociedade contemporânea. Não se pode viajar
de ônibus lendo uma história no computador, para isso existe o livro. Deste
modo vemos novamente o retorno de frases do tipo: “A televisão vai acabar
com o cinema”, o mesmo vale para o livro em papel e o livro em CD-ROM.

1.2.3.5 O filme

O filme é um suporte que tem a propriedade de gravar as imagens


que passam através de uma câmera. Ele é constituído de uma base plástica.
O filme pode ser encontrado de duas formas: o fotográfico e o
cinematográfico.
A utilização dos filmes é empregada na obtenção de imagens
positivas e negativas e chega as áreas da microfilmagem, a de fotografias e
produções cinematográficas.

1.2.3.6 Dispositivos de armazenamento magnético

Esses tipos de suportes apresentam um revestimento material com


sensibilidade magnética, o material mais utilizado para as suas produções é

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o óxido de ferro. Os suportes de armazenamento magnético mais difundidos


são: as fitas magnéticas, disquetes e discos rígidos. O uso das fitas
magnéticas é empregado para o armazenamento de dados não utilizados
com freqüência, esses dados são gravados seqüencialmente, tornando
dessa forma o acesso mais lento. Elas podem ser bobinas, cassetes, rolos,
etc. Servem para captar imagens, vídeo e sons. As fitas têm a desvantagem
relacionada com a conservação, devido à umidade, temperatura e
desmagnetização representarem problemas constantes para a perda de
dados. Já o disquete é também conhecido como disco flexível, ele é
normalmente de plástico, apresenta a forma chata e redonda, protegida por
uma capa de plástico ou vinil. Sua capacidade informacional variou bastante,
hoje o mais usual apresenta 1,44 MB de capacidade. Por fim, o disco rígido
é também conhecido como HD (Hard Disc) ou Winchester, ele é formado por
uma pilha de pratos de metal, giram em um único eixo como uma pilha de
disquetes.

1.2.3.7 Dispositivos de armazenamento óptico

Os dispositivos de armazenamento óptico têm como diferencial o uso


do raio lazer para a leitura ou gravação de dados em CD. Inicialmente a
função dos CDs era a de gravar música, porém não demorou para que os
seus criadores percebessem o uso deles para o armazenamento de dados.
Neste caso ocorre uma distinção: Os CDs com a função de gravar música
são conhecidos como CD-DA ou Compact Disc. Já os destinados a
gravação de dados são chamados de CD-Ram, ou Compact Disc Read.
Sua grande capacidade e baixo custo tornaram possíveis as mais
variadas utilidades desses suportes.
Durante muito tempo, os CDs foram mídias somente para leitura.
Podia-se comprar um programa produzido e armazenado em CD, mas, se
por algum motivo, precisasse copiá-lo, teria que usar disquetes ou algum
outro dispositivo. Atualmente, porém, vê-se um grande uso das gravadoras
de CD, que possibilitam a gravação de vários arquivos ampliando desta
forma, o comércio da pirataria. Surgem, então, os CD-R (CD gravável) e os
CD-RW (CD regravável).
Apesar de a indústria afirmar sobre a durabilidade dos CDs, ainda
existe uma desinformação completa por parte deles. Por exemplo, quando
dizem que a durabilidade do produto é indeterminada, sem saber o quanto
essa mídia irar durar, talvez séculos, anos, ou em alguns casos, apenas
meses.

1.2.4 Perspectivas futuras

O desenvolvimento dos suportes informacionais está ligado


diretamente com a história da sociedade, as informações evoluíram e o

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homem também. O que esperar do futuro desses suportes? É difícil criar


afirmações para o futuro, mas como já observamos hoje, iremos viver em
uma realidade que contará com uma diversidade e quantidade cada vez
maior de informações. Ocorrerá uma distinção e desvinculação total entre
informação e suporte.
O papel dos suportes informacionais sempre foi o de armazenar a
memória do conhecimento humano, porém não sabemos os tipos de
informações que as gerações vindouras irão querer receber. A produção do
conhecimento é conduzida pelo mercado, e que a informação só vai ter
utilidade se for para todos, porém o seu uso só será para quem puder pagar.
Atualmente, vivemos em uma sociedade com sede de informação em
que o meio informacional nos deixa perdidos e preocupados com as
inúmeras soluções de gerir a informação documental.
Novos mecanismos que surgem na atualidade acabam ganhando
cada vez mais espaço na qualidade da preservação dos suportes
informacionais e as tendências levarão eles a serem utilizados com
frequência no futuro. Dentre eles temos a digitalização documental. A
digitalização é um processo que torna uma fotografia eletrônica de um
documento em papel e a armazena digitalmente num sistema
computacional. Esse processo ocorre através de um scanner, após isso ele
é indexado, comprimido e armazenado em dispositivos de armazenamento
óptico. Muitas vezes esses documentos digitais são gerenciados por novas
tecnologias e a mais usual é o GED (Gerenciamento Eletrônico de
Documentos), ele possui como objetivo gerenciar o ciclo de vida das
informações desde sua criação até o seu arquivamento.
Pena e Silva (2008, v. 1, p. 93) relatam que:

Foi através do Sistema de Gestão Eletrônica de Documentos que


muitas das organizações do World Trade Center conseguiram
retomar as suas atividades, após a completa destruição física das
suas instalações, em 11 de Setembro de 2001. É neste sentido,
levando em linha de conta a produção da informação documental,
analógica e digital, que as organizações produzem, e as
dificuldades associadas à sua gestão, recuperação, digitalização,
segurança e otimização, que surgiu em meados da década de 80,
o Sistema de Gestão Eletrônica de Documentos (GED).

Quando se trata dos suportes tradicionais, as suas temporalizações


são contadas em décadas, séculos e milênios, enquanto alguns suportes
eletrônicos têm duração de até duas décadas, ou em alguns casos meses.
Apesar disso o acesso a informação torna-se cada vez mais fácil, porém é
necessário destacar a fragilidade dos suportes, associada à obsolescência
tecnológica.

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Das tábuas de argila ao IPad foram várias as mudanças de


paradigma na área, mas é a partir do final do século 20, com a
consolidação da Internet e a crescente velocidade na atualização
das tecnologias da comunicação, que a sociedade sofre as mais
profundas modificações, passando a conviver com documentos
digitais em estoques eletrônicos. Segundo índices internacionais
até 2015 a maioria dos documentos que importam para a pesquisa
e o ensino, em todas as áreas, serão em formato digital. Até a
bíblia da Ciência da Informação, o “Annual Review of Information
Science” teve sua versão impressa cancelada esse ano, devido a
queda na demanda e a alta dos custos. Consolida-se então a
principal mudança no paradigma que norteou a humanidade por
séculos, do paradigma do acervo físico passa-se para paradigma
da informação (LIMA, 2010, p. 1).

A era digital veio provocar uma revolução na forma como as


pessoas interagem com a informação, como
se comunicam e como disseminam essa informação. O usuário
hoje gera e dissemina a informação, em redes sociais como o
orkut, o facebook e principalmente o twitter. E essas ferramentas
se tornaram tão importantes na disseminação da informação que a
Library of Congress comprou os “tweets”, os quais serão
arquivados digitalmente pela LC. São 50 milhões de ”tweets” todos
os dias e se vocês enviaram algum tweet hoje parabéns os seus
140 caracteres já fazem parte do acervo da LC (LIMA, 2010, p. 2).

Pode-se esperar que a informação independente do suporte em que


ela esteja armazenada no futuro continue com a essência de seu principal
objetivo, o de levar conhecimento aos seus usuários, para que eles possam
usufruir de toda a informação produzida no transcurso do âmbito social, e
que por meio disso o acesso as informações tornem a sociedade mais justa,
pois informação, em um modo geral, é cultura, educação, saúde, etc.

2 CONCLUSÕES

Tentou-se por meio deste trabalho discorrer sobre o desenvolvimento


dos suportes informacionais durante a história da humanidade, levando-se
em conta os fatores que influenciaram na criação desses suportes suas
ligações com a informação e com o ser humano.
Foi utilizado um extenso referencial bibliográfico, objetivando colher
opiniões necessárias e relevantes para a fundamentação teórica do presente
estudo.
Observou-se a importância da informação como instrumento de
contato e de transporte para o conhecimento entre indivíduos. A função dos
suportes ligados à informação com o intuito de levar conhecimento a quem
necessita, sempre foi assim desde os primórdios e continuará sendo assim
por um longo período de tempo.

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Observou-se o transcurso histórico dos suportes informacionais,


desde o período Pré-histórico quando o homem utilizava como forma de
expressão as paredes das cavernas para colocar as suas experiências
diárias. Passando pelos grandes materiais empregados como suporte: o
pergaminho e o papel, destacando o uso material tanto animal como vegetal
respectivamente para o armazenamento informacional. O surgimento do
papel e suas evoluções junto com a sociedade, sua contribuição na
produção do livro impresso. Destacou-se também o uso do filme,
dispositivos de armazenamento magnético (filme magnético, disquetes e
disco rígido), e os dispositivos de armazenamento óptico (CDs).
Os novos mecanismos que estão assumindo espaço no mercado
informacional também foram mencionados durante o desenvolvimento deste
trabalho.
Sabe-se que atualmente esses suportes estão em processo de
evolução constante, devido a rápida “explosão” tecnológica detentora dos
mais novos materiais e meios organizadores da informação, substituindo
gradualmente os tradicionais, como o papel.
Atualmente percebemos o desenvolvimento de novas técnicas de
gestão informacional que tendem a ocupar cada vez mais espaço nas
grandes e pequenas organizações. Seus investimentos são altos e facilitam
o tratamento documental. Elas terão grande espaço no futuro e servirão de
sustentáculo para os novos suportes que ainda serão criados.
Conclui-se, então, este trabalho dizendo que o mais importante
dentre todos os suportes estudados não é a importância histórica, mas sim o
seu objetivo, que é o de facilitar o acesso à informação para todos, porque
neles está gravado o que é produzido mentalmente ou materialmente pela
sociedade, para enfim ser analisado e utilizado por todos para as mais
diversas finalidades.

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ÉTICA NA ATIVIDADE PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO:


1
uma pausa para reflexão

Lucas Veras de Andrade*


Weslayne Nunes de Sales**

Resumo: A ética profissional muitas vezes tem sido deixada de lado, e as atenções
voltam-se apenas para o trabalho tecnicista e o domínio de conceitos, o que acarreta
na formação de profissionais pouco comprometidos com aspectos sociais de sua
profissão. Esse trabalho pretende fazer um relato de algumas práticas eticamente
duvidosas, que podem ser observadas em alguns profissionais bibliotecários e
estagiários de biblioteconomia no município de Teresina - PI, em seguida buscar em
fontes bibliográficas embasamento para uma reflexão sobre os hábitos aqui
relatados. Para isso utilizaremos textos de Sá (2001), Aranalde (2005), Vázquez
(2007) entre outros. Afim de que possamos contribuir para um comportamento mais
plausível da categoria.

Palavras-Chave: Comportamento; Ética; Ética Profissional.

1 INTRODUÇÃO

Acreditamos que para ser um profissional completo, não basta dominar


técnicas e conceitos, é necessário que se some a estes aspectos a ética, pois ela
define uma parte fundamental na vida profissional, o tratamento que damos as
coisas e as pessoas que estão envolvidas direta ou indiretamente com nosso
trabalho. O uso da mesma, ainda reflete muito sobre nós mesmos enquanto seres
sociais e possuidores de responsabilidades com o próximo.
Entendemos como ética os princípios, valores e motivações que orientam a
sociedade. Nesta perspectiva, inquietos com o comportamento de alguns
bibliotecários e estudantes de biblioteconomia, fomos levados a pesquisar sobre a
conduta ética dos mesmos, a fim de contribuir para uma conduta mais adequada da
categoria, assim como para nosso enriquecimento, pois não nos colocamos aqui
como paradigmas éticos, mas como aprendizes.
A reflexão proposta visa questionar atitudes inadequadas da profissão
bibliotecária tendo como foco a conduta de bibliotecários e estagiários de
biblioteconomia no município de Teresina – PI. A pesquisa ainda objetiva tecer
algumas reflexões sobre ética, ética profissional bem como aspectos do código de
ética do profissional bibliotecário para analisarmos a conduta nas atividades dos
profissionais observados. Faremos ainda um paralelo com as pesquisas
bibliográficas e o conhecimento empírico construído ao longo das observações para

1
Comunicação Oral apresentada ao GT N° 4 – Temática Livre.
*Universidade Estadual do Piauí - UESPI. Graduando 7° Período. E-mail:
lukkandrade18@hotmail.com.
**Universidade Estadual do Piauí - UESPI. Graduanda 7° Período. E-mail: weslaynes@yahoo.com.br.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

que possamos assim concluir o trabalho, apontando possíveis


causas dessas condutas e finalmente sugerir mudanças.
Nesse sentido, o estudo foi dividido em três momentos: um primeiro onde
fizemos um levantamento de referências através de buscas em bancos de dados
como Scielo e sites que continham teses e dissertações que fundamentassem e
dessem condições de explanar o assunto aqui debatido, onde nos utilizamos de
teóricos como:Sá (2001), Aranalde (2005), Vázquez (2007) entre outros.
Em um segundo momento, fizemos observações comportamentais de
bibliotecários e estagiários de biblioteconomia em seus respectivos ambientes de
atuação, sem que eles tivessem sido comunicados, para que isso não influenciasse
no seu comportamento habitual.
No terceiro, construímos um paralelo com as pesquisas bibliográficas e o
conhecimento empírico da segunda fase, para que pudéssemos assim concluir o
trabalho, apontando possíveis causas dessas condutas e finalmente sugerir
mudanças.
A seguir, demonstraremos um breve histórico do conceito de ética bem como
no longo do estudo o significado da aquisição de uma postura ética, evidenciando a
importância da mesma, estabelecendo relações entre os conceitos levantados no
estudo e os prejuízos que condutas aqui denominadas como duvidosas podem
trazer para a categoria de profissionais bibliotecários.

2 ÉTICA: CONCEITO E FUNDAMENTOS

Refletir sobre ética nos remete ao período em que o ser humano iniciou o seu
convívio em sociedade e a partir dessa prática, passou a instituir normas de
comportamento. Dessa experiência de convívio em sociedade põe-se em evidência
a ética, cujos valores persistem e/ou modifcam-se nos dias atuais.
Etimologicamente a palavra ética vem do grego ethos, que significa “ caráter,
modo de ser” tendo relação com o latim morale com o mesmo sentido. A
terminologia “ética” tem sido usualmente muito utilizada cotidianamente pelos
indivíduos, na atividade profissional e em outros meios como a mídia. Mas afinal, o
que é a ética?
Existem várias concepções de ética. Segundo Tugendhat (1996), “na língua
na qual a palavra ética é originária, ela refletia o que os seres humanos querem e
fazem de suas vidas”. Para os gregos somente uma vida virtuosa daria condições de
bem estar, dessa forma, ética se configura como um conjunto de ações hábeis
capazes de desenvolver o bem viver.
Na visão de Vázquez (2007), “ética é a teoria ou a ciência do comportamento
moral dos homens em sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma especifica de
comportamento humano”. O autor expressa o caráter científico da ética, isto é,
chama atenção para uma abordagem científica para os problemas morais que
segundo esta mesma abordagem se ocupa de um objeto próprio: a realidade
humana que chamamos de moral, formada por um tipo próprio de fatos ou atos
humanos.

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Para Sá (2001, p.16), a ética é entendida sob duas circunstâncias:

1° como ciência que estuda a conduta humana dos seres humanos,


analisando os meios que devem ser utilizados para referida conduta
se reverta sempre a favor do homem [...], e 2° como ciência que
busca os modelos de conduta conveniente, objetiva dos seres vivos.

O autor refere-se à ética como sendo uma ciência que tenta compreender o
comportamento humano, analisando como se dá determinadas condutas. Faz-se
necessário distinguir ética de moral, ambas muito confundidas. Martins (1994),
afirma que ética “reflete sobre os princípios da vida moral, a moral estabelece as
regras do que é considerado boa conduta.
Dessa forma, entendemos que a primeira relata os princípios, valores e
motivações que orientam a sociedade, enquanto que a segunda discute valores
culturalmente estabelecidos como costumes e hábitos, ou seja, a prática real dos
indivíduos.
Vemos com isso, que a conduta humana vem se construindo ao longo da
história, onde os indivíduos discernem entre o certo e o errado. E para que
possamos compreender o que a ética representa atualmente é necessário que
evidenciemos um breve histórico.
Dessa forma, no decorrer da história a reflexão sobre ética dividiu-se sobre
quatro períodos: ética grega tendo como principais representantes: Sócrates, Platão
Aristóteles como já mencionamos anteriormente que de modo geral, afirmavam que
o comportamento do ser humano devia orientar-se a partir do equilíbrio; ética cristã
que tinha como foco os ensinamentos religiosos; ética moderna possuindo como um
dos principais representantes Kant e por fim a ética contemporânea como afirma
Sánchez Vásquez (1975 apud GUMARÃES, 2005).
Sócrates nasceu por volta de 470 a.C. em Atenas, e Váquez (1997, p.231)
resume bem seu pensamento quando afirma que “o homem age retamente quando
conhece o bem, e conhecendo-o, não pode deixá-lo de praticá-lo; por outro lado,
aspirando ao bem sente-se dono de si mesmo e, por seguinte, é feliz.
Platão também nasceu em Atenas por volta de 427 a.C, foi discípulo e
admirador de Sócrates. Para Platão só se pode se conhecer e compreender a
realidade através da razão, ressaltamos ainda que para ele o bem deveria moldar
toda a conduta humana entendendo que a vontade do homem deveria estar sempre
direcionada para o bem.
Aristóteles nasceu na cidade de Estagira na Macedônia por volta de 384 a.C,
refletiu de como o homem poderia viver uma vida boa, afirmando que a felicidade
era o fim de todo homem e sua realização se daria a partir do exercício contínuo da
razão humana. Afirmando ainda que a felicidade só era possível a partir de três
aspectos: virtude, sabedoria e prazer.
As reflexões de Aristóteles são apresentadas em obras como: a grande ética,
ética a eudemo entre outras. Suas obras servem de referência para a filosofia e
sendo as mais discutidas na antiguidade
No período da idade média a conduta bem como os valores estabelecidos
eram moldados sob a ótica religiosa, contrariamente aos séculos seguintes onde se
engrandecia o poder da razão fortalecidos com movimentos como o iluminismo por
exemplo.
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No século XX, centra-se o foco no existencialismo, na livre opção de escolha,


entretanto, a moral parte de uma existência concreta, portanto pode ser mudada e
imprescindível.Martins ( 1994, p.3) diz:

Na atualidade, o conceito de uma moral universal é sobreposto por


morais particulares, no que tange os grupos minoritários da
sociedade, e isso resulta na noção de que não existe um fundamento
ético para a vida moral.

A afirmação do autor respalda o surgimento de várias tendências como as do


russo Nikolay Alesandrovich onde foca a liberdade individual; Jean Paul Sartre que
reflete sobre a ética e os processos econômicos entre outras, como afirma (SÁ,
2001, p.43).
Vimos que muitos foram os filósofos que se propuseram a estudar a ética
bem como muitas foram às correntes que procuram entender a conduta humana
principalmente a partir do bem. Martins (1994, p.3) diz que esses estudiosos:

Cada um de seu modo muito especifico, mostram que a razão, ao


fazer julgamentos de qualquer natureza, e, em especial aos
relativos ao comportamento moral, será influenciada pelo
desejo, pelos instintos, pela ideologia. (grifo nosso).

Nessa perspectiva, os valores existem nos atos dos seres humanos como é
possível se observar nas atitudes e comportamentos dos indivíduos a partir de suas
relações nos grupos sociais de forma livre e consciente como afirma Brondani
(2000).
Assim, a ética é entendida através de um longo processo histórico, e dessa
forma, analisar a conduta humana é uma condição para que possamos entender a
evolução da ética segundo (SÁ, 2001, p.47).
Para nós o assunto ética ficará restrito a ética profissional, levando em conta
o código de ética do Bacharel em Biblioteconomia, o desenvolvimento dar-se nos
tópicos seguintes.

3 ÉTICA PROFISSIONAL

A palavra profissão é oriunda do latim professione, e assim como a palavra


ética possui vários conceitos. Segundo o dicionário Aurélio (2001, p.560), afirma que
seria “atividade ou ocupação especializada, da qual se podem tirar os meios de
subsistência; ofício.
Ainda conceituando profissão Sá (2001) diz ser nos dias de hoje o exercício
constante de um ofício. No campo profissional a postura ética deve ser desenvolvida
a partir de valores e princípios, pois as profissões bem como seus profissionais no
desenvolvimento de suas atividades lhes são atribuídas funções sociais, estas por
sua vez exigem dos profissionais posturas pré- estabelecidas. E sendo a ética a
problematização da moral, moral esta que estabelece o que o individuo deve ser,
concebe-se através da atividade profissional o preceito de conduta e códigos morais
referentes ao perfil do agir profissional (GUIMARÃES, 2000, p.65).
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O código moral de uma profissão demonstra um conjunto de regras que


devem ser seguidas e respeitadas no desenvolvimento da atividade profissional.
Segundo Martins (1994, p.4), ser ético profissionalmente tem a mesma organização
de qualquer conduta moral, aspectos como normativos que discursam sobre as
regras da ação e factuais que refletem sobre a realização do ato sempre devem ser
levados em consideração.
Cada código profissional de conduta orienta a ação do exercício profissional e
depende da particularidade de cada atividade desempenhada. Desta maneira, os
profissionais ao se comprometerem com esse conjunto de normas estabelecidas no
código de ética proporcionam o desenvolvimento e melhoramento do grupo
profissional no qual estão incluídos como afirma Guimarães (2000).
O código de conduta em uma profissão se torna imprescindível no tocante da
ética, pois ele permite a reflexão sobre as regras, comportamentos assim como
traçar o perfil profissional embasado em tal código de conduta.

3.1 ÉTICA DO BACHAREL EM BIBLIOTECONOMIA E PRINCÍPIOS


NORTEADORES DO SEU CÓDIGO DE ÉTICA

Ao individualizarmos o profissional bibliotecário de um conjunto de profissões


em se tratando do principio ético, buscamos uma identidade profissional, que a partir
da mesma se busca estabelecer princípios que devem servir como norteadores do
exercício da profissão. A limitação a cerca do comportamento destes profissionais
ganha força na afirmação de Souza (2007), onde ele pondera sobre as nuances
teóricas que apontam a específicidade da deontologia no contexto da ética.
Segundo o autor quando se busca instituir diretrizes para o exercício de um
grupo profissional acabamos por diferenciá-lo, atribuindo-lhe uma identidade. O que
o autor denomina como deontologia, no estudo entendemos como deveres que no
caso do estudo será enfocado como os deveres que os profissionais aqui
evidenciados deverão ter no exercício da profissão.
No fazer bibliotecário, sua deontologia possui por nomenclatura Código de
Ética Profissional do Bibliotecário que objetiva fixar normas de conduta para os
profissionais em Biblioteconomia quando no desempenho da profissão.
O mesmo é enunciado segundo Gomes, Bottentuit e Oliveira (2009), na
resolução CFB n. 42/2002, sendo complementado, no que tange às orientações
quanto ao processo ético, pelas resoluções CFB n. 399/93 e n. 40/2001. O código de
ética lista direitos, ações restritivas bem como ações de caráter de punição. O intuito
das mesmas é estabelecer normas que orientem as práticas dos profissionais em
questão.
Em seu art. 2°, indica como dever a edificação moral, ética e profissional de
sua categoria, práticas essas que são construídas a partir de uma eficaz atividade
profissional. Ainda indica como deveres: observar os ditames da ciência e da
técnica, servindo ao Poder Público, à Iniciativa Privada à Sociedade em geral;
respeitar leis e normas estabelecidas para o exercício da profissão; respeitar as
atividades de seus colegas e de outros profissionais; e por fim colaborar
eficientemente com a pátria, o poder público e a cultura.

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Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Como podemos perceber o artigo a cima orienta à prática do profissional de


Biblioteconomia ao bem comum, ou seja, uma prática em proveito da sociedade de
modo geral.
No que tange a relação com os colegas, segundo seu art. 4° e 5º do código é
ressaltado que a relação deve ser “pautada nos princípios de consideração, apreço
e solidariedade, em consonância com os postulados da classe”. Em relação a sua
categoria profissional, sempre que convocado deve participar das suas entidades de
classe, no caso do município de Teresina só contamos com à Associação de
Bibliotecários do Piauí – ABEPI.
É obrigação de o bibliotecário conhecer e reconhecer a legislação que rege a
profissão bem como suas alterações, acatando-o e principalmente ajudar em seu
aprimoramento.
Segundo Gomes, Bottentuit e Oliveira (2009, p.155), o código evidencia como
direito do profissional em biblioteconomia denunciar ao Conselho Regional quanto a
falhas e irregularidades nas normas e regulamentos da instituição na qual trabalha e
que atinjam, de algum modo, a dignidade profissional e o bom exercício da
Biblioteconomia.
Ainda segundo as autoras Também é um direito do bibliotecário avaliar as
vantagens da ciência e das técnicas modernas no favorecimento da eficiência de
seus serviços aos usuários, em benefício da categoria e do País, podendo formular
avaliações críticas e/ou propostas às autoridades, de modo a assegurar a qualidade
do desempenho profissional.
O Código de Ética impede a prática de profissionais bibliotecários, onde nelas
observe-se ações que exponha a dignidade e o nome da profissão, como também
ações que contribuam para a nomeação de pessoas não habilitadas e sem registro
profissional.
O código ainda prevê o impedimento ao exercício da profissão quando o
bibliotecário estiver impedido por vias legais como, por exemplo, por decisão
administrativa(.GOMES, BOTTENTUIT E OLIVEIRA, 2009, p. 156).
Como podemos observar várias são as obrigações, deveres e punições e em
nosso estudo apenas fizemos um breve comentário do código de ética do
profissional bibliotecário com o intuito de demonstrar os princípios de conduta
demarcado pelo código de ética da profissão aqui discutida.
Em linhas gerais, as diretrizes do código de ética assinalam uma ligação entre
os interesses delimitados aos profissionais bibliotecários e os desejos da sociedade,
desejos esses que pautam-se no bem estar de modo geral.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O código de Ética dos profissionais bibliotecários estabelece uma espécie de


manual de boa conduta, onde os profissionais são orientados sobre com realizar
com ética sua profissão.
No nosso convívio com profissionais e estudantes de biblioteconomia
observamos algumas ações desabonadoras e que nos causaram inquietações, pois
é notório os casos em que a responsabilidade social desse profissional é deixada de
lado para que tão somente suas necessidades pessoais sejam atendidas.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Existe discussões sobre o nome que nosso código carrega, a


saber, código de Ética dos profissionais bibliotecários, alguns
autores, entre eles Aranalde (2005) acreditam que o nome mais apropriado seria
código de conduta profissional, pois esse assim caracteriza-se. Nas palavras do
próprio autor:

Torna-se plausível o argumento de que, mesmo sendo um código


elaborado com coerência e boas intenções, ele sempre será um
código de conduta. É um código de conduta
que prescreve como agir, sujeitando os infratores a penalidades
previstas em lei no caso de transgressão às prescrições
estabelecidas. Dessa forma, a denominação ‘Código de Ética’ não
parece adequada, pois a ética pressupõe elementos que uma
codificação não pode comportar (ARANALDE, 2005, p. 358-359.)

Embora concordemos com a visão do autor, não nos ataremos a essa


discussão e sim a problemas comportamentais que vem sendo verificado, fazendo
uso do código de ética que dispomos, ainda que esse seja no fundo um código de
conduta. Apesar dos impasses achamos que tal paralelo é possível, pois embora a
ética não possa prevê e/ou estabelecer ações para as mais variadas situações, o
nosso código fornece princípios, que embora insuficientes, representam uma parte
importante na formação de um ser ético, e se seguindo tem-se mais liberdade para
falar de ética e para discutir sobre sua nomenclatura.
Nota-se que durante o período de formação acadêmica pouca atenção é
dada a conduta dos bibliotecários, somos a todo o momento bombardeados com
textos que nos falam da importância da disseminação rápida e eficiente da
informação, mas raramente somos orientados ou induzidos a pesquisar a maneira
mais correta e igualitária de fazê-lo.
Percebe-se que alguns profissionais da área, assim como estudantes, por
diversas vezes usam informações que possui para distribuí-las de maneira que eles
próprios possam tirar proveito da situação, também é comum que informações sejam
negadas a fim de que os que a possuem diminuam a concorrência para a obtenção
de gozos que tal informação possa trazer. Não raros encontramos entre os
estudantes de biblioteconomia os que se negam a prestarem informações aos
colegas sobre vagas de estagio, para que possam concorrer mais livremente ao
beneficio.
Em seu estudo sobre ética Aranalde (2005) afirma que a cultura digital exige
uma capacidade de transformação, somos obrigados a começar de novo a cada
momento, isso causa instabilidade no nosso modo de agir, essa que é essencial
para a formação de caráter. Para o autor a não gera apreensão e ansiedade em
relação ao próprio ser, assim, ainda segundo sua visão:

Num ambiente social de ansiedade e incerteza, as pessoas tendem a


desenvolver mecanismos de defesa e proteção que podem acabar
levando à adoção de máximas para ação que desconsiderem
qualquer outra coisa que não o próprio indivíduo e a realização de
seus desejos imediatos. (ARANALDE, 2005, p.6-7.)

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Isso torna explicável atitude anteriormente relata a respeito dos estudantes de


biblioteconomia, mas não podemos tornar essa prática aceitável, tão pouco
plausível, o que evidencia que o ensino, se é que se pode ensinar, ou ao menos
discussões sobre conduta bibliotecária devem ser inseridas com mais freqüência
entre a categoria.
O código faz menção a algumas praticas que são proibidas ao profissional
bibliotecário, no desempenho de suas funções entre elas cita-se em seu art°12, a
proibição de “fazer comentários difamatórios sobre a profissão e suas entidades”, no
entanto essa prática é corriqueira nos ambientes observados. Insatisfeitos com suas
condições de trabalho, o salário ou mesmo a própria profissão, é comum verificar
queixas e comentários difamatórios a respeito da profissão.
O desprendimento com a causa social da profissão de bibliotecário é
significante, não pregamos aqui que esta seja uma profissão altruísta, mas um
profissional que não tem responsabilidades sociais é contrario as práticas da
profissão e mais uma vez fere o código que diz ser “A conduta do bibliotecário em
relação aos colegas deve ser pautada nos princípios de consideração, apreço e
solidariedade, em consonância com os postulados da Classe”

5 CONCLUSÕES

Somos conscientes que existe uma diferença entre comportamento ético e


código de conduta profissional, no estudo observamos o comportamento das
pessoas a partir de um código de conduta, sem que se deixe de lado a ética, pois
entendemos que são assuntos que se complementam.
Evidenciamos que ações desabonadoras são comuns entre os profissionais
e acadêmicos de biblioteconomia que foram observados durante a realização do
estudo, o mais grave é que as falhas são cometidas sem que eles as encarem como
erros, demonstrando que a má conduta tornou-se no decorrer do tempo algo natural.
Entretanto, o presente estudo foi desenvolvido com um pequeno conjunto de
profissionais o que nos impede de fazer generalizações.
Acreditamos na evolução humana e partimos do princípio de que tudo se
transforma, logo apostamos que se uma atenção maior for dada ao ensino da ética
no período acadêmico, muito da situação atual poderia ser modificada, contribuindo
assim, para a formação de profissionais comprometidos com aspectos sociais bem
como as diretrizes que regem o código de conduta da profissão.
Nessa perspectiva discordamos parcialmente de Aranalde (2005), quando
ele afirma que “nenhuma teoria ética oferece garantias de que as pessoas pensarão
nos seus semelhantes e conviverão em paz e harmonia”.
Embora saibamos que caráter de uma pessoa não começa a ser formado na
universidade, que quando chegamos nessa etapa, já trazemos conosco o
discernimento do “certo” e do “errado”, e de acordo com a educação que recebemos
fazemos a escolha do nosso caminho. Entendemos que teorias e o ensino de ética
nos centros formadores permitem uma reflexão, um racionalismo que permitirá se
buscar e consequentemente avaliar ações mais adequadas em determinadas
ocasiões e por fim juízos éticos.
Portanto, discordamos de quem acredite que teorias sobre ética, ensino da
ética ou de uma conduta profissional são ineficazes. Sugerimos como aspectos que
possam permitir mudanças nas situações observadas: em primeiro lugar como já
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mencionado anteriormente, o ensino nos cursos de graduação bem como incentivar


e cobrar de forma eficaz os acadêmicos à adotarem uma postura profissional desde
a fase de estudantes, para que possamos dessa forma solidificar uma categoria
profissional que adote uma postura harmônica com seu código de conduta.

REFERÊNCIAS

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO. Disponível em:


http://www.concepcaoconcursos.com.br/Images/upload/File/CRP-
03/Bibliotecrio/Codigo%20Etica%20Bibliotecrio.pdf. Acesso em: 23 mar.2011.

MARTINS, M. H. P. A ética em questão. Palavra-Chave, São Paulo, n.8, p.3-4,


1994.

SÁ, A. L. de. Ética profissional. São Paulo: Atlas, 2001.


SOUZA, F. das C.de. Ética bibliotecária no contexto atual. Perspectiva em Ciência
da Informação, Belo Horizonte, v. 12,n.1, p.136-147, jan./abr.,2007.

TARGINO, M. das G. Ética profissional e o bibliotecário. In:____ (Org.).Olhares e


fragmentos: cotidiano na Biblioteconomia e Ciência da Informação. Teresina:
EDUFPI, 2006.

TUGENDHAT, E. Lições sobre ética. Petrópolis: Vozes, 1996.


VÁZQUEZ, A. S. O objeto da ética. In: Ética. 29 ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2007. p.15-34.

ARANALDE, M. M. A questão ética na atuação do profissional bibliotecário. Em


Questão, Porto Alegre, v.11, n.2, p. 337-368, jul./dez. 2005. Disponível em:
seer.ufrgs.br/EmQuestao/article/view/124. Acesso em: 04 mar. 2011.

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EVOLUÇÃO DOS SUPORTES INFORMACIONAIS: passado,


presente e futuro das revistas científicas1
Elane Ribeiro Silva*

RESUMO

A premissa central deste artigo é que as revistas científicas são


publicaçõesperiódicas elementares nas bibliotecas universitárias. Elas
servem a função de promover o progresso da ciência subsidiando a
realização de novas pesquisas em diversas áreas do campo científico. As
revistas científicas são estruturadas por vários artigos de acordo com
determinadas especialidades temáticas que, após serem submetidos à
avaliação e revisão pelos pares, são certificados que seu conteúdo está de
acordo com um determinado padrão de qualidade para publicação. Nesta
direção, o presente trabalho se propõe a analisar as principais
características de veículo de comunicação ao longo do tempo, bem como as
mudanças ocorridas na história desse material de informação.
Palavras-chave: Revistas científicas; Comunicação científica; Pesquisas.

1 INTRODUÇÃO

O objetivo do presente trabalho é analisar as principais características


das revistas científicas. Além disso, faz-se uma abordagem histórica sobre
esse veículo de comunicação bastante disseminado nos dias atuais,
contemplando, também, as perspectivas para o futuro. Com isso, busca-se
entender um pouco sobre esse material de informação importante para a
disseminação dos resultados das pesquisas para a comunidade acadêmica
e para os profissionais da informação. Para a realização deste trabalho foi
realizado o levantamento bibliográfico para a identificação de livros, artigos
de periódicos, sites e textos de eventos técnico-científicos. Dessa maneira,
tem-se um trabalho de natureza teórica a partir do qual se espera resultar
em uma contribuição para estudantes dos cursos de Biblioteconomia. Logo,
a seguir, tem-se uma discussão sobre a comunicação científica, as origens
das revistas científicas, seu estágio no presente, onde coexistem versões
impressão e digitais, bem como as perspectivas para o futuro, especialmente
quanto à avaliação dos artigos enviados para publicação.

1
Comunicação em Oral apresentada ao GT 04 – Temática Livre.
*Universidade Federal do Pará (UFPA). Aluna do 5º semestre de Biblioteconomia.
Anysilva20@yahoo.com.br

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2 O COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

A comunicação científica pode proporcionar um canal formal de


informação e disseminação da produção técnico-científica por meio das
publicações de artigos originais, os quais resultam de várias pesquisas e,
com isto, contribuem para o avanço do conhecimento. Porém, a
comunicação científica tem possui um aspecto que é essencial para esse
processo, tão próprio quanto o é a pesquisa, pois é por meio da divulgação
que os resultados podem ser mostrados a públicos específicos. Por isso as
revistas científicas são tão amplamente recorridas pelos pesquisadores
(MIRANDA; PEREIRA, 1996). Alguns dos fatores que contribuem para essa
procura são a rapidez na divulgados dos resultados e os custos mais baratos
para os autores se comparados aos do livro. Porém, na comunicação
cientifica em uma determinada área do conhecimento, têm-se diferentes
formas utilizadas pelos cientistas.

Para Stumpf (1996, não paginado) o papel do periódico científico:

Desde que começaram a ser publicadas, no século XVII, as


revistas científicas passaram a desempenhar importante papel no
processo de comunicação da ciência. Surgiram como uma
evolução do sistema particular e privado de comunicação que era
feito por meio de cartas entre os investigadores e das atas
oumemórias das reuniões científicas.

No advento da rede mundial, que se chama Internet, as formas de


comunicação vêm se alterando, modificando e ampliando com melhor
eficiência, rapidez, amplitude, rompendo barreiras temporais, financeiras e
geográficas, tanto nos canais formais quanto informais de comunicação.
Quanto a estes canais, eles podem ser:

a) Canais formais: são aqueles que viabilizam a comunicação de


caráter duradouro, ficando disponível por um longo tempo para um público
amplo. Ex: revistas científicas, livros e relatórios e artigos de periódicos;

b) Canais informais: são as formas efêmeras de comunicação por


ficarem à disposição de um público limitado e pouco tempo. Ex: Conversas e
encontros científicos, cartas, os relatórios de pesquisa em andamento,
relatórios de governo, comunicação oral, telefonemas entre outros.

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Para Grogan (1992) citado por Campello, Cendón e Kremer (2000), os


documentos ou fontes de informações podem ser de três categorias
diferentes:

a) Documentos ou fontes primárias: são aqueles que discutem ideias


novas, novas interpretações sobre acontecimentos importantes ou novos
registros com a interferência direto do autor. São fontes que apresentam a
dificuldade de acesso porque estão dispersas e praticamente fora do
sistema de controle bibliográfico;

b) Documentos ou fontes secundárias: são documentos organizados de


acordo com um arranjo definido, podendo ser arranjo alfabético, cronológico
ou sistemático que contêm informações filtradas, organizadas e retiradas
das fontes primárias. São exemplos os dicionários e as enciclopédias;

c) Documentos ou fontes terciárias: não apresentam conhecimento,


são na verdade guias, direcionadores, sinalizadores para a localização de
informação contida nas fontes primárias e secundárias. Os catálogos,
diretórios, bibliografias são exemplos dessa categoria.

Conclui-se que com os avanços tecnológicos a comunicação e


informação são conceitos estabelecidos como canais formais e informais,
nos quais os documentos primários ou secundários estão sendo
questionados e revisados por alguns autores.

3 ORIGEM DAS REVISTAS CIENTÍFICAS

Desde que começaram a ser publicadas as revistas cientifica passaram


a ter um importante papel no processo de sua comunicação, notadamente
na Ciência. Surgiram com uma evolução do sistema privado de comunicação
entre cientistas (colégios invisíveis) que era feito por meio de cartas e pelo
uso das atas ou memórias das reuniões cientificas.

Tais cartas são consideradas o primeiro meio dos cientistas para


transmissão de suas idéias. Elas eram enviadas pelos homens de ciência
aos seus pares para poderem relatar as descobertas mais recentes e elas
circulavam entre pequenos grupos de interessados, que as examinavam e
discutiam entre si criticamente. Logo, a divulgação estava direcionada
apenas aos seus autores, que nunca as enviavam para aqueles que podiam
refutar suas teorias ou rejeitar os seus experimentos. Por serem totalmente
pessoais, lentas para a divulgação das idéias e limitadas a determinadas
pessoas, essas “dissertações epistolares” não se constituíram no método
ideal para uma comunicação do fato científico e teórico. As atas ou
memórias passaram a ser outro tipo de disseminação das descobertas que

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eram relatadas durante várias reuniões nas ditas sociedades científicas, e


depois eram impressas de forma resumida, servindo como de fonte de
consulta e referência aos membros dessas sociedades. As formas anteriores
de divulgação influenciaram no surgimento das revistas, e com o tempo,
assumiram o papel de principais divulgadores das investigações.
Consequentemente houve uma definição do papel entre os canais de
divulgação da ciência: a correspondência, que assumiu apenas um caráter
de comunicação pessoal entre os cientistas; as atas, que são conhecidas
como memórias ou anais, que passaram a se constituir através de um
documento de registro dos trabalhos apresentados em reuniões científicas e
profissionais; e as revistas científicas como a forma que na atualidade
prevalece como meio de comunicação privilegiado na Ciência. A história das
revistas científicas começa em 1665, com dois meses de diferença do início
de publicação entre uma e outra. Quando o periódico Francês Journal des
Sçavants começou a ser publicado, em Paris, semanalmente, a partir de 6
de janeiro daquele ano, este constituiu-se na primeira revista a divulgar as
informações regulares sobre a Ciência, disseminando relatos de
experimentos e observações em Física, Química, Anatomia e Meteorológica.
Dava ênfase, porém à apresentação de livros que estavam sendo publicados
sobre os ramos da Ciência, o que se dava por iniciativa do editor, Dennis
Sallo, que resumia todos os livros que lia e supria alguns os interesses de
alguns cientistas. Incluía nessa publicação as decisões legais e teológicas
em suas seções; com isso, depois de ter o seu terceiro número em 30 de
março do mesmo ano, a revista teve a publicação suspensa por determinado
tempo pelas autoridades francesas, por publicar materiais ofensivo à
inquisição. Ela voltou a ser novamente publicada em 1666, e até 1792. Entre
impressões e interrupções, 111 volumes foram editadas. Com a revolução
francesa, sua publicação foi novamente suspensa sendo só retomada em
1816, continuando até os dias de hoje.

Para a Stumpf (1996, não paginado) a história das


revistas começa:

As primeiras duas revistas surgiram no ano de 1665, com dois


meses de diferença de início de publicação entre uma e outra. O
periódico francês Journal des Sçavants começou a ser publicado
em Paris, semanalmente,a partir de 6 de janeiro daquele ano, e foi
o primeiro a prover informações regulares sobre a ciência,
disseminando relatos de experimentos e observações em física,
química, anatomia e meteorologia. Dava ênfase,
porémapresentação de livros que estavam sendo publicados sobre
um dos ramos da ciência, porque seu editor, Dennis de Sallo,
resumia todos oslivros que lia e supunha que o que interessava a
ele poderia interessar a outras pessoas. Incluía também decisões
legais e teológicas em suas seções, bem como apresentava o
necrológico de cientistas famosos. Depois dodécimo terceiro

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número, em 30 de março do mesmo ano, a revista teve sua


publicação suspensa temporariamente pelas autoridades
francesas, por publicar material ofensivo à Inquisição. Volta a ser
publicada em 1666, e até 1792, entre impressões e interrupções,
111 volumes foram editados. Com a Revolução Francesa, sua
publicação foi novamente suspensa, sendo reativada em 1816 e
continuando até os dias de hoje.

Já o inglês Philosophical Transactions Of the Royal Society of London


começou com uma iniciativa pessoal de Henry Oldenburg, tendo obtido uma
cópia do Journal dês Sçavans para os membros da Royal Society discutirem
os conteúdos e a probabilidade de publicar um trabalho similar e, assim,
publicar os resultados de várias pesquisas científicas. Concluíram que era
necessário algo mais científico einteressante, excluindo a seção legal e
teológica, dando mais ênfase aos relatos de experimentação realizados
pelos cientistas. O Journal dês Sçavants e o Philosophical transactions
contribuíram commodelos distintos e diferentes para a literatura científica,
influenciando os primeiros desenvolvimentos das revistas dedicadas a
ciência geral, sem nenhum comprometimento nas áreas especificas. O
segundo se tornou um modelo para as publicações das sociedades
científicas, que apareceram em grande número na Europa durante o século
XVIII.

4 AS REVISTAS CIENTÍFICAS HOJE E SUAS PRINCIPAIS


CARACTERÍSTICAS

O processo de mudança para um novo veículo de revistas como


instrumento de comunicação da ciência só foi concluído no século passado,
quando as revistas adquiriram mais credibilidade e reconhecimento para
substituir os livros. Os artigos daquela época foram considerados como
formas provisórias de comunicação, sendo que o livro prosseguia como
forma preferida para o registro definitivo da Ciência.
O declínio do livro como meio mais importante e completo para a
publicação da pesquisa original foi devido a dois tipos de pressão. A primeira
por causa da demora e pela prioridade das descobertas, bem como o custo
da sua produção. Já a segunda, em consequência da extensão desses
trabalhos que dificultavam a impressão. Daí a necessidade em legitimar a
contribuição de vários autores em umapublicação regular e seriada, de
menor custo e de produção editorial e gráfica mais ágil, o que foi apenas um
passo para que no XIX as revistas adquirísseis suas características atuais.
Já no século XIX, as produções dessas revistas cresceram
significativamente em função do número de pesquisadores e das pesquisas.
Os avanços técnicos da impressão e da fabricação do papel com a polpa de
madeira foram estratégicos para a sua expansão. Mas, sem dúvida, a

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introdução das revistas de resumo, em 1830, como a Pharmazeutishes


Zentralblatt, mostrou as possibilidades de recuperação desses artigos de
revistas científicas, o que propiciou benefícios, facilitando o acesso e o
monitoramento da produção científica global.
No século XX, o crescimento permaneceu em alta, sobretudo pelo fato
das revistas serem publicadas por editores comerciais e pela proliferação
das universidades e dos institutos de pesquisa. Na segunda metade do
século, as publicações seriadas tiveram o seu crescimento exponencial. De
acordo com Ziman (1979), o formato das revistas tem permanecido quase
inalterado durante três séculos. A prática da impressão é desenvolvida ao
ser justificada pela necessidade de ser obtida uma divulgação mais ampla,
uma vez que a sua distribuição e as assinaturas dos primeiros periódicos
eram em número reduzido.
Quando o mesmo trabalho é publicado em várias revistas, isso quer
dizer que o autor ampliava o número de leitores de seu próprio artigo. O que
faz com que os periódicos não sejam produzidos somente com trabalhos
inéditos, como é exigido hoje, mas incluem as reimpressões e até mesmo as
traduções. Se referindo à língua, as revistas publicavam os artigos no
vernáculo do lugar de origem, mas o latim era aceito, especialmente nas
publicações dos países nórdicos, onde as línguas nativas eram conhecidas
na Europa.
A tendência hoje é publicar em uma língua conhecida para um grande
público, sendo que o principal idioma é o inglês. Neste idioma são
publicadas as revistas que pretendem ter divulgação internacional, mesmo
que sejam produzidas em países menos desenvolvidas e com uma língua
nacional menos conhecida. Até recentemente o formato das revistas
permaneceram inalterado, todavia, nas últimas décadas, com uso e com o
avanço das tecnologias esse panorama começou a mudar. Na década de
60, o uso de microforma em substituição ao papel surgiu para baratear os
custos e diminuir o espaço de armazenamento. Este método hoje só é
utilizado para a obtenção de volumes de antigos que servem à pesquisa em
fontes retrospectivas.
Com a chegada dos computadores por volta dos anos de 1970,
acontecem os avanços na editoração eletrônica, o que permite a melhoria, a
qualidade e a maior rapidez da editoração desse tipo de publicação. As
primeiras tentativas de informatização do processo editorial se deram nos
Estados Unidos e na Inglaterra.
O projeto Birmingham and Loughborough Eletronic Network
Development (BLEND) foi desenvolvido por volta da década de 1980 pelas
universidades (BOMFÁ; CASTRO, 2004). O projeto foi financiado pela British
Library, o qual se constitui numa alternativa de substituição total da
publicação impressa pela armazenagem eletrônica dos artigos, bem como o
acesso aos mesmos.
O projeto inglês não obteve muito sucesso, pois na mesma época
começou aparecer uma possibilidade de obter o texto de forma on-line,
indexado em bases de dados bibliográficas. O uso dos disquetes e mais

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modernamente dos discos compactos (CD-ROM) não chegaram a mudar o


formato dos periódicos primários. A grande mudança ocorre na década de
1990, quando as redes de telecomunicação viabilizam a transmissão
eletrônica da informação. Como as revistas mais tradicionais estão se
adaptando a este novo formato, muitos padrões, procedimentos e
possibilidades ainda não estão definidos ou, ainda, são questionados quanto
a sua validade.
Quanto aos leitores, com seus próprios computadores acoplados a um
Modem e mediados por provedores públicos ou privados via utilização das
linhas telefônicas, estes atualmente podem acessar rapidamente os home
pages das revistas que querem consultar, podendo visualizar listas de
nomes de autores, relações de artigos, resumos e, principalmente, acessar o
texto integral de acordo com as suas necessidades. Ainda assim, embora
alguns sites ofereçam esse serviço gratuitamente, a exemplo do Projeto
SciElo (www.scielo.br), as perspectivas apontam para um acesso vetado
àqueles que não realizarem uma assinatura pessoa física ou institucional.
Com as novas revistas disponíveis em redes, as etapas de sua elaboração
podem ser agilizadas, inclusive do ponto de vista da submissão, da
avaliação e da publicação (registro dos artigos, pré-avaliação pelo editor ou
comissão editorial, avaliação pelos consultores, reformulações e formatação
segundo os padrões da revista, revisão lingüística, impressão e distribuição).
Sobre as particularidades das revistas científicas, estas podem possuir
conteúdos variados além das seções dedicadas aos artigos. Um deles é
conhecido como letters (“cartas” de comunicação e que não podem ser
confundidas com as cartas ao editor). Há, também, os artigos de revisão da
literatura. Sobre esta, entende-se que ela se dá em função do acúmulo de
artigos diferentes sobre um determinado tópico em particular, permitindo
situar o pesquisador quanto ao desenvolvimento do pensamento científico
sobre temas específicos. Eles aparecem, por exemplo, na revista Nature
Reviews e Trends in, as quais convidam experts pare escrever sobre suas
especializações e submeterem os artigos de revisão para serem publicados.
Periódicos como o Current Opinion são menos rigorosos quanto à revisão de
cada artigo. Assim, as revisões de literatura fornecem informação sobre o
tópico como referências para pesquisas originais

Para a Stumpf (1996, não paginado), o formato das revistas nas


últimas décadas foi:

Na década de 60, o uso das microformas em substituição à cópia


em papel surgiu como opção para a obtenção da revista,
barateando o custo das assinaturas e da remessa, além de
diminuir o espaço de armazenamento. A alternativa não foi muito
bem aceita, nem por assinantes particulares, nem pelos usuários
das bibliotecas, sendo hoje utilizadas apenas como uma forma de
obtenção de volumes antigos. O uso do computador teve mais
sucesso.

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Sobre os formatos das revistas científicas que existem atualmente


tem-se uma co-existência de publicações científicas impressas e digitais.
Sobre esta última, destaca-se a importância da Biblioteca Eletrônica Scielo,
que reúne importantes títulos de periódicos em diferentes áreas (saúde,
ciência da informação, educação e outras). Além disso, abrange uma vasta
coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros, com acesso
também para a produção latino-americana.
No campo da Ciência da Informação merece ser destacada a revista
digital DATAGAMAZERO, a qual reúne textos divulgando resultados de
pesquisas do interesse da Biblioteconomia e de áreas afins. Nela percebe-
se uma nova escrita e leitura viabilizada pela interface da Web. Nesta
mesma direção, não se pode deixar de citar o Portal dos Periódicos da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
uma fonte importante de acesso a conteúdos de revistas científicas para
professores, pesquisadores e funcionários das universidades federais,
faculdades particulares e institutos de pesquisa, que permite o contato com
a literatura internacional em diferentes domínios do conhecimento
científico. O Portal de Periódicos da Capes permite o acesso a textos
completos de artigos de mais de 15.475 revistas internacionais e nacionais,
bem como a 126 bases de dados com resumos de documentos em várias
áreas.

5 PERSPECTIVAS FUTURAS PARA AS REVISTAS CIENTÍFICAS

Alguns cientistas entendem que a advento das revistas científicas pós-


redes não assegura a preservação da informação, perguntando-se onde
estarão os textos que produzem daqui a 5 ou 100 anos? Se a preservação é
de interesse das Bibliotecas nacionais? Quem organizará esses arquivos em
formato digital? As respostas ainda são incertas. O problema é bem mais
amplo e envolve, entre outras coisas, a obsolescência da tecnologia, pois os
equipamentos e programas que geram ou lêem esses documentos podem
não estar acessíveis no futuro.
Além da comunidade científica, inquieta saber também se os usuários
estão ou estarão bem equipados para acessar as revistas científicas nesse
novo formato? De acordo com Rhalil (1995), há a falta de equipamentos e de
conhecimentos para acessar a rede, o que consiste num dos vários
problemas das revistas digitais/eletrônicas, especialmente para os países
em desenvolvimento. Contudo ainda é cedo para predizer qual será o futuro
das revistas científicas no advento tecnológico, haja vista a versão impressa
continua a ser a forma privilegiada para publicação e divulgação das
pesquisas. Também não há como assegurar se esta fase da publicação
científica em ambiente Web será definitiva ou não. Só resta saber se esse
novo formato será definitivo ou continua a conviver a publicação em papel.
Mas, o que se mostra patente, é as revistas científicas em forma impresso e

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digital continuarão a partilhar conjuntamente a responsabilidade de viabilizar


a comunicação científica por um período indeterminado.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não só as revistas em versão eletrônica/digital possuem aspectos


negativos como aqueles relacionados às incertezas de sua preservação.
Alguns problemas são apresentados também para as publicações
impressas, como a falta de autores, de avaliadores rigorosos, a insuficiência
de recursos financeiros para publicação, o que por vezes resulta na
interrupção da revista. Por outro lado, as versões eletrônicas ou digitais
parecem apontar para alguns facilitadores, como a maior rapidez no fluxo
editorial em relação e na distribuição quase que instantânea. Assim, a
escolha por uma dessas alternativas de publicação parece estar associada
ao perfil dos pesquisadores, muito embora seja indiscutível que a publicação
em revistas científicas acessadas via Web oferecem maior visibilidade para
os resultados das pesquisas, o que é fundamental na perspectiva da
comunicação entre pares.

REFERÊNCIAS

BOMFÁ, Claúdia Regina Ziliotto; CASTRO, João Ernesto E.


Desenvolvimento de revistas científicas em mídia digital - o caso da Revista
Produção Online. Ciência da Informação, Brasília, v.33, n.2, maio/Ago.
2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
19652004000200004.>. Acesso em: 06 nov.2009.

CAMPELLO, Bernadete Santo; CENDÓN, Beatriz Valadares; KREMER,


Jeannette Marguerite (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e
profissionais. Belo Horizonte: UFMG, 2000.

MIRANDA, Dely Bezerra de; PEREIRA, Maria de Nazaré Freitas. O Período


Científico como veículo de Comunicação: uma revisão de literatura. Ciência
da informação, Brasília, v. 25, n. 3, p. 375-382, set./dez. 1996. Disponível
em: <http://dici.ibict.br/archive/00000174/01/Ci%5B1%5D.Inf-2004-503.pdf>.
Acesso em: 06 out.2009.

RHALIL, Mounir A. Usage of Eletronic Journals: advantages and


disavantages. Havana, 1995. Trabalho apresentado no INFO 95, Havana.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

STUMPF, Ida Regina Chitto. Passado e futuro das revistas Científicas.


Ciência da Informação, Brasília, v.25, n.3, 1996. Disponível em:
<http://www.google.com.br/search?q=passado+e+futuro+das+revistas+cienti
ficas&ie =utf-8&oe=utf-8&aq=t&rls=org.mozilla:pt-BR:official&client=firefox-
a>. Acesso em: 06
nov.2009.

ZIMAN, J.M. Conhecimento Público. São Paulo: EDUSP; Belo Horizonte:


Itatiaia, 1979.

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FRBRIZANDO A OBRA MACUNAÍMA: uma análise da família


de obras1

Vinicius de Souza Tolentino*


Gabriela Almendra**
Jessica Nogueira Gomes***
Luis Guilherme Gomes de Macena****

Resumo
Apresenta o modelo conceitual denominado Requisitos Funcionais para
Registros Bibliográficos (FRBR), proposto pela International Federation of
Library Associations and Institutions (IFLA). Analisa as entidades do grupo 1,
através dos conceitos presentes na obra Macunaíma, um herói sem nenhum
caráter. Examina a família de obras e discute os relacionamentos existentes
no romance e na sua adaptação para filme, simulando o resultado num
catálogo relacional. Finaliza explicitando a importância do profissional da
informação, em especial o profissional catalogador, em entender e dominar
os conceitos que vem trazendo um novo rumo para área de catalogação.

Palavras-chave: Catalogação; FRBR; Família de obras.

Introdução

A catalogação, com o passar dos anos, ganha mais força e espaço


para alcançar a melhor representação da informação. Esse processo de
evolução tem contribuído especialmente com a universalização de catálogos
para um melhor intercâmbio de informações entre as bibliotecas,
economizando o tempo da instituição e, principalmente, do bibliotecário.
Entretanto, outro fator que pode colaborar com a instituição é o
profissional da informação. Desta maneira, cabe ao mesmo ter
conhecimento dos suportes da informação para atender a demanda dos
usuários.
Sabendo desta importância, esse trabalho realiza um exercício para a
compreensão do modelo conceitual elaborado pela International Federation

1
Comunicação oral apresentada ao GT 04 – Temática livre.
* Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Graduação em Biblioteconomia. Moni-
tor no Projeto de Ensino Representação Descritiva: novos parâmetros, novos conteúdos.
viniciustollentino@yahoo.com.
** Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Graduando em Biblioteconomia. Bol-
sista no Projeto de Extensão Universidade Cidadã: inclusão digital e geração de
conteúdos. gabrielaalmendra@gmail.com.
*** Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Graduação em Biblioteconomia. Bol-
sista no Projeto de Extensão Universidade Cidadã: inclusão digital e geração de
conteúdos. jessica.nogueirag@gmail.com.
**** Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Graduação em Biblioteconomia.
Bolsista no Projeto de Iniciação Científica Repositório Institucional ARCA da FIOCRUZ.
guilhermelg2004@gmail.com.

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of Library Associations and Institutions (IFLA), o qual busca


diretrizes para a catalogação, visando a elaboração de um código
internacional.
Como consequência dessa padronização, as bibliotecas podem
encontrar facilidade na recuperação do suporte e, principalmente, na
recuperação da informação desejada pelo usuário. Por este motivo, a IFLA
tem como objetivo criar um código internacional, tendo como um dos
primeiros passos o modelo conceitual dos Requisitos Funcionais para
Registros Bibliográficos (FRBR). Desta maneira, é essencial que as
bibliotecas percebam a necessidade dos sistemas terem interoperabilidade e
realizarem a relação entre todos os atributos propostos pelo modelo FRBR.
Percebendo a importância da recuperação da informação em um
catálogo relacional, a fim de atender a necessidade do usuário, este trabalho
tem como propósito exemplificar a obra Macunaíma: um herói sem nenhum
caráter, de Mário de Andrade, dentro dos FRBR. Pelo fato dos FRBR
abrangerem um vasto campo conceitual, este trabalho se restringirá aos
relacionamentos da entidade do grupo 1.
As obras selecionadas para exemplificar as relações dos FRBR foram
retiradas da base de dados bibliográfica da Universidade de São Paulo, na
qual utilizou-se: a 1ª edição do livro de 1928, a 31ª edição do livro de 2000,
o filme, baseado nesse mesmo livro, em formato Video Home System (VHS)
de 1969 e, por fim, o filme em Digital Video Disc (DVD) produzido por volta
de 2006.
A produção deste trabalho surgiu como consequência do trabalho final
da disciplina Representação Descritiva V, do curso de Biblioteconomia da
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Nesse trabalho foi
exposto os principais assuntos vistos durante todas as disciplinas da área de
Representação Descritiva, ministradas ao longo do curso. Em relação à
escolha da obra Macunaíma: um herói sem nenhum caráter, esta se deve
pelo fato da mesma caracterizar as propostas do movimento modernista,
sendo marcante para a cultura brasileira.
No primeiro momento, o estudo apresentará os princípios, conceitos e
métodos dos FRBR a fim de realizar um levantamento bibliográfico para
construir um referencial teórico. Em seguida, será exposta a biografia de
Mário de Andrade, sua obra Macunaíma: um herói sem nenhum caráter e o
filme Macunaíma para obter maior conhecimento sobre ambas e aplicá-la ao
modelo FRBR, com o intuito de interligar a parte teórica com a prática. Por
fim, o quadro da família de obras será analisado.

Os conceitos propostos dos FRBR

O estudo para o desenvolvimento da criação dos FRBR deu-se a


partir do objetivo de reestruturar os registros bibliográficos, de maneira a
refletir a forma como ocorre a busca pela informação, tendo em vista a
diversidade de usuários, materiais, suportes físicos e formatos. Para tornar
esse objetivo uma realidade, foi necessário a reunião do grupo de estudos
da Seção de catalogação e da Seção de Classificação e Indexação da IFLA,

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além da colaboração de consultores e voluntários de


diversas nacionalidades. Levantamentos foram feitos e no final de oito anos
foi apresentado, em 1998, um relatório com toda a pesquisa.
A apresentação do relatório final em 1998 oferece a compreensão de
que os

FRBR são um modelo conceitual do tipo entidade-


relacionamento (E-R) porque representam e descrevem
simplificadamente o universo bibliográfico em nível teórico,
servindo como base para implementação de sistemas ou
bases de dados bibliográficas (SILVEIRA, 2007, p. 58).

Sua proposta é
primeiro, fornecer uma estrutura claramente definida e
estruturada para relacionar dados registrados em registros
bibliográficos às necessidades dos usuários destes
registros. O segundo objetivo é recomendar um nível básico
de funcionalidade para registros criados pelas agências
bibliográficas nacionais (IFLA, 1998, p. 7, tradução nossa).

Esse modelo entidade-relacionamento é constituído por três


elementos cruciais. São eles: as entidades, os atributos e os
relacionamentos.
Entidade pode ser entendida como “algo que possui um caráter
unitário e auto-contido; algo que tem existência independente ou separada;
uma abstração, conceito ideal, objeto de pensamento ou transcendental”
(IFLA, 2009, p. 10).
De acordo com Moreno e Márdero Arellano (2005, p. 26) “entidade é
aqui entendida como uma ‘coisa’ ou um ‘objeto’ no mundo real que pode ser
identificada de forma unívoca em relação a todos os outros objetos. Uma
entidade pode ser concreta ou abstrata”. Os conceitos dos atributos e dos
relacionamentos serão apresentados na parte da discussão, pois dessa
maneira juntamente com os exemplos elencados no levantamento
bibliográfico reunir-se-á teoria e prática.
Os FRBR são compostos por dez entidades que se dividem em três
grupos. São eles:

GRUPO 1 - as entidades que representam os produtos de trabalho


intelectual ou artístico: obra, expressão, manifestação e item. Esse grupo
será aprofundado adiante, visto que o presente artigo tem por objetivo
exemplificar os relacionamentos de conteúdo inerentes as entidades desse
grupo, logo o grupo 2 e 3 será tratado sucintamente.
GRUPO 2 - as entidades que representam os responsáveis pelo conteúdo,
produção, disseminação e guarda das entidades do primeiro grupo: pessoa
e entidade coletiva2.

2
Segundo Mey e Silveira (2009, p. 21) empregou-se “‘entidade coletiva’ por ser tradução

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GRUPO 3 - as entidades que representam os assuntos de


uma obra: conceito, objeto, evento e lugar.

A seguir, as quatro entidades pertencentes do grupo 1 dos FRBR.

FIGURA 1: Entidades do Grupo 1.


Fonte: Tillett (2003, p. 2).

A obra é a primeira entidade apresentada nos FRBR e tem por


definição ser abstrata e reconhecida através das realizações individuais ou
expressões da obra que só existem na comunhão de conteúdo entre e
dentre as diversas expressões da obra (IFLA, 1998, p. 17). Segundo Moreno
(2005, p. 27) “obra é uma entidade abstrata, uma criação intelectual ou
artística distinta”. Os FRBR chamam de “obra” o que as pessoas
denominam “livro” no sentido de “quem o criou”, significando o mais alto
nível de abstração, o conteúdo conceitual subjacente a todas as versões
linguísticas, a história contada no livro, às idéias na cabeça de uma pessoa
para o livro (TILLETT, 2003, p. 3).

Quando a modificação de uma obra implica num esforço


intelectual ou artístico essa obra para os FRBR é
considerada uma nova obra. Assim como paráfrases,
reescritos, adaptações para crianças, paródias, variações
musicais sobre um tema e as transcrições livres de uma
composição musical são consideradas novas obras (IFLA,
1998, p. 18, tradução nossa).

A expressão para IFLA (1998, p. 19, tradução nossa)

Trata-se de uma realização intelectual ou artística de uma


obra sob a forma de notação alfa-numérico, musical ou
coreográfica, som, imagem, objeto, movimento, etc, ou
qualquer combinação de tais formas. Uma expressão é a
forma intelectual ou artística específica que assume uma
obra a cada vez em que é realizada.

consagrada de corporate body. Consideramos, porém, que sinônimos, como instituição,


organização ou mesmo estabelecimento ou organismo eliminariam a dúvida e a confusão
entre ‘entidade’ dos FRBR e a ‘entidade coletiva’”.

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De acordo com Moreno e Márdero Arellano (2005, p.


27) “a entidade expressão de uma obra é a realização intelectual ou artística
específica que assume uma obra ao ser realizada, excluindo-se aí aspectos
da alteração da forma física.”
Por serem abstratas, há dificuldades em determinar com exatidão
obra e expressão, assim como definir o que será considerado nova obra e
nova expressão. Para Silveira (2007) o limite entre expressão e obra está no
esforço intelectual originário, ou seja, quando uma idéia original, ou algo
novo e diferente é acrescentado à obra. A figura a seguir mostra esse limite.

FIGURA 2: Relationships in the Organization of Knowledge.


Fonte: Tillett (2003, p. 4).

Ao identificar uma obra listada, o consulente verá todas as obras,


expressões e manifestações relacionadas com a busca. No início da seta
vermelha encontram-se as obras originais, que se relacionam com as
expressões e manifestações partilhando dos mesmos conteúdos intelectuais
ou artísticos percebidos através do mesmo modo de expressão. O ponto de
corte é a separação da mesma obra transformando-se em nova obra, na
qual se encontra o relacionamento descritivo que envolve obras originais.
A expressão de uma obra é materializada por meio de outra entidade,
a manifestação, que se refere à materialização da expressão de uma obra,
ou seja, a qual tipo de meio físico ela se insere. Esta entidade compreende
materiais que incluem manuscritos, livros, periódicos, mapas, filmes, CD-
ROMs etc. A manifestação representa todos os objetos físicos que carregam
as mesmas características, no que diz respeito tanto ao conteúdo intelectual
e quanto a forma física. A terceira entidade, manifestação, “pode incorporar,
uma coleção de obras, uma obra individual, ou uma parte de uma obra. As
manifestações podem aparecer em uma ou mais unidades físicas” (IFLA,
2009, p. 11).
A quarta e última entidade do grupo 1 é o item, um “exemplar

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específico de uma manifestação” (IFLA, 2009, p. 11).


Podem ser considerados exemplos de item: um livro autografado, com
marca d’água, carimbos, assinaturas, ex-libris, ex-dono, como também uma
página da internet impressa ou o documento em formato pdf arquivado num
computador. O item é físico, mesmo que seja digital, porque é a
exemplificação da manifestação. Há casos que um item pode ser composto
por mais de um objeto físico, como por exemplo, uma obra publicada em
dois volumes, ou em três DVD.
Dentre as entidades do grupo 1, apenas as duas últimas refletem a
forma física, uma vez que são concretos, diferente das duas primeiras que
apresentam conteúdo intelectual ou artístico.

Personalidade e sua obra

De acordo com o levantamento bibliográfico efetuado para a


explicação dos conceitos dos FRBR, a seguir apresentar-se-á um pouco da
vida de Mário de Andrade, assim como informações sobre uma de suas
obras mais conhecidas - Macunaíma, um herói sem nenhum caráter - e do
filme baseado nesse mesmo livro.

Mário de Andrade

Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945), conhecido por Mário de


Andrade, nasceu em São Paulo, capital (NICOLA, 2002). Foi membro ativo
da Semana de Arte Moderna de 1922, um movimento artístico, político e
social, representando “a confluência das várias tendências de renovação
que vinham ocorrendo na arte e na cultura brasileira antes de 1922 e cujo
objetivo era combater a arte tradicional” (CEREJA; MAGALHÃES, 2003, p.
386).
Mário de Andrade foi um radicalista no que diz respeito ao uso de uma
linguagem tipicamente brasileira, mais próxima do povo, informal e distante
dos padrões normalistas (NICOLA, 2002). Devido a sua grande importância
para a construção de uma identidade brasileira, escolhemos essa figura,
cuja obra Macunaíma é um clássico da nossa literatura.

Macunaíma, o herói sem nenhum caráter

Talvez seja a obra mais conhecida e comentada de Mário de Andrade.


Ela conta a história do “choque do índio amazônico [...] com a tradição e a
cultura europeia na cidade de São Paulo” (NICOLA, 2002, p. 301). Trata-se
de uma coletânea de mitos e lendas do folclore brasileiro.
Como o próprio título indica, a obra retrata um protagonista anti-herói,
desmitificando o índio como herói romântico – outra característica marcante
do estilo do autor: a ruptura com a tradição. Ademais, um ponto a ser
salientado é a incorporação do léxico africano e indígena à obra,
representando, assim, a formação da língua portuguesa no Brasil.

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Macunaíma, o filme

Com direção, produção e roteiro de Joaquim Pedro de Andrade, o


filme Macunaíma foi inspirado no romance de Mário de Andrade, sobre o
qual falamos a respeito no item anterior. Como parte de seu elenco, grandes
nomes da dramaturgia contracenaram: Grande Otelo, interpretando o próprio
Macunaíma, Paulo José, Dina Sfat, entre outros. Segundo Silva Neto (2002,
p. 485), o filme “[...] acabou se tornando um cult do Cinema Brasileiro e do
Cinema Novo”.
Na próxima seção, apresentaremos as relações entre o filme e os
livros, a partir das entidades do grupo 1 do quadro de famílias dos FRBR.

Discussão

Os atributos ligados às características físicas que compõem uma


expressão, manifestação e que identificam um item

são categorizados de acordo com as entidades, incluindo os


mais diferentes tipos de materiais e suas características.
Abrange desde registros sonoros tendo como atributos
modalidade de captação, meio físico, extensão do suporte,
velocidade de execução (no caso de uma manifestação), até
objetos cartográficos, por exemplo, que possuem, na
expressão, como atributos: escala, projeção, técnica de
apresentação, entre outros. Um recurso eletrônico de
acesso remoto, por exemplo, apresenta como atributos as
características do arquivo, forma de acesso, endereço de
acesso, e assim por diante (MORENO; MÁRDERO
ARELLANO, 2005, p. 33-34).

Por meio deles podemos estabelecer distinções entre uma obra e


outra, entre uma obra e sua expressão e/ou manifestação. Nos
relacionamentos de conteúdo os atributos das entidades dos grupo 1 podem
ser classificados como obras equivalente, derivada e descritiva. Segundo
Tillett (2001, p. 19-20 apud Moreno, 2006, p. 59) as

relações de equivalência [são] aquelas existentes entre


cópias exatas da mesma manifestação de uma obra ou
entre um item original e suas reproduções, desde que o
conteúdo intelectual e a autoria sejam preservados;
relações derivadas [são] aquelas existentes entre uma obra
bibliográfica e uma modificação baseada nesta obra;
relações descritivas [são] aquelas existentes entre uma
entidade bibliográfica e a parte componente desta entidade.

Para este trabalho, foram escolhidas duas obras: Macunaíma


romance e Macunaíma filme. Como a obra é abstrata, recorreu-se a quatro

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documentos (manifestações), o primeiro se refere à


primeira publicação do livro Macunaíma, datada de 1929. No quadro da
família de obras, esta manifestação referir-se à obra original, como
visualizado no quadro a seguir:

Macunaíma: Macunaíma
um herói sem (VHS) – filme
nenhum de 1969
caráter

Macunaíma: um
Macunaíma (DVD) –
herói sem nenhum
versão restaurada do
caráter – 31. ed.
filme de 1969

FIGURA 3: Relationships in the Organization of Knowledge.


Fonte: Adaptação de Tillett (2003, p. 4).

O segundo trata-se de uma nova expressão, pois quando um texto é


revisto ou modificado sofrendo pequenas mudanças, como correções de
ortografia e pontuação, pode ser considerado variação dentro de uma
mesma expressão (IFLA, 1998). Sendo o atributo edição ligado à
manifestação, a 31ª edição caracteriza-se como uma nova expressão por
sofrer modificação da 1ª edição. Uma vez que surge uma nova expressão a
manifestação também será outra.
O terceiro corresponde a uma nova obra, pois sua criação teve um
significativo esforço intelectual e artístico para adaptar o romance a um filme.
O quarto apresenta uma nova expressão do filme por apresentar
versão restaurada e acrescida de extras como o curta inédito: Brasília:
contradições de uma cidade nova, o making of da restauração digital e uma
seleção de doze cenas censuradas no ano de sua produção pelo regime
militar. Com esses acréscimos o atributo extensão da expressão aumentou
em minutos. No atributo manifestação temos o suporte físico e data de
distribuição como elementos mais significativos. No terceiro documento aqui
analisado o filme está no suporte VHS com a data de distribuição por volta

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do ano de 1980 enquanto que no quarto o DVD é o meio


físico e a data de distribuição por volta de 2006.
No quadro família de obras os três últimos itens compreendem obras
derivadas, por estarem no conjunto de novas expressões “que se movem ao
longo do continuum numa linha mágica” (TILLET, 2003, p. 4) transformando-
se em novas obras não obstante relacionadas à mesma obra original.
O romance e o filme distinguem-se em nova obra pelo atributo
manifestação, no qual o suporte físico torna-se evidente para a
diferenciação. Contudo a definição de responsabilidade é o atributo da
manifestação mais característico para a transformação em uma nova obra.
O filme é uma obra derivada do romance, que seria a obra original.
Com a discussão acima, podemos chegar ao seguinte esquema.

O1 – Romance Macunaíma, o herói sem nenhum caráter


E1 – Plano de 19073
M1 – 1.ed. ; São Paulo
I1- Biblioteca do Inst. Estudos Brasileiros
E2 – Acordo ortográfico de 19914
M1 – 31.ed. ; Coleção dos autores modernos da literatura
brasileira ; volume 1 ; Andrade, Mário de 1893-1945 ; Belo Horizonte
I1 – Biblioteca da Escola Engenharia de São Carlos

O2 – Filme Macunaíma
E1 – 103 min.
M1 – VHS; Data de distribuição [198-] ; Andrade,
Joaquim Pedro de, 1932-1988, diretor
I1 – Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes
E2 – 105 min.
M1 – DVD; Data de distribuição [200-] ; Andrade,
Joaquim Pedro de, 1932-1988, diretor
I1 – Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes

Analisando as relações da obra Macunaíma (romance) e de sua obra


derivada (Macunaíma, filme), pode-se observar que um catálogo construído
com relacionamentos mais claros entre as entidades possibilitaria melhor
recuperação da informação e navegação pelo catálogo, ampliando as
opções de escolha do usuário.

3
De acordo com Lima Sobrinho a Academia Brasileira de Letras (ABL) iniciou em 1907 um
processo de simplificar suas publicações com a iniciativa de Medeiros e Albuquerque. Em
1911, um trabalho de uniformização do uso ortográfico da língua em publicações oficiais e
educacionais foi instaurado em Portugal, porém essa reforma não chegou ao Brasil. Com
isso a ABL tentando unificar as ortografias brasileira e portuguesa, no ano de 1943,
realizou uma reunião em Lisboa com o objetivo de planejar uma padronização dos
vocábulos. Da Convenção de 1943 é que se firmou o Acordo de 1945 entre a Academia de
Ciências de Lisboa e a ABL.
4
Assinado em Lisboa no dia 16 de dezembro de 1990. Aprovado para ratificação pela Reso-
lução da Assembleia da República n.º 26, em 23 de agosto de 1991.

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Considerações finais

A apresentação dos conceitos dos FRBR definem as entidades e os


atributos propondo um relacionamento de diversas formas, o que contribui
para um melhor resultado na busca dos usuários em catálogos. A aplicação
na obra Macunaíma: um herói sem nenhum caráter, permitiu o entendimento
dos conceitos entidades e atributos e seus relacionamentos na família de
obras que virão a ser resultados de buscas em um catálogo relacional.
No decorrer do trabalho, a aplicação do filme Macunaíma rendeu
discussões, pois nos conceitos dos FRBR os atributos inerentes à
identificação de obras cinematográficas não apresentavam com clareza a
que entidade pertenceriam. A pesquisa em bibliografias que tratam desse
material foi utilizada e percebeu-se que no Brasil a literatura que aborda
exatamente materiais especiais no modelo dos FRBR ainda é incipiente.
As questões relativas aos FRBR ainda devem ser repensadas. Muitos
são os pontos positivos, porém outros geram discussões. Por isso o modelo
FRBR vem sofrendo revisões e atualizações desde sua apresentação em
1998. Uma de suas contribuições foi o despertar do profissional da
catalogação e cabe a ele fazer parte delas ou prostrar-se à margem. Espera-
se que as dificuldades encontradas e o estudo sobre materiais especiais
passem a ser objeto de pesquisadores e bibliotecários catalogadores que
trabalham com esses materiais bibliográficos.
Findando, o presente trabalho elencou apenas as entidades do Grupo
1, por entender que a explanação das demais entidades e da tarefa do
usuários demandaria a confecção de um novo trabalho, segundo os FRBR,
uma nova obra.

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Paulo: [Oficinas graficas de E. Cupolo], 1928.

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Janeiro: Globo Vídeo, 198- . 1 videocassete (103 min), VHS, NTSC, color.

______. Direção: Joaquim Pedro de Andrade. Produção: K. M. Eckstein.


Adaptação e roteiro: Joaquim Pedro de Andrade. Brasil: Filmes do Serro;
Grupo Filmes; Condor Filmes-Difilm; Condor Filmes, 1969. Rio de Janeiro:
Videofilmes, 200- . 1 DVD (105 min), NTSC, color.

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Acesso em: 10 mar. 2011.

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GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL: conceitos e aplicabilidade


organizacional1

Pietro Otávio Santiago Silva*


José Aniceto de Lima**

RESUMO:
A globalização transformou a competitividade nas organizações, antes a
concorrência se resumia na quantidade de estabelecimentos comerciais ou
de serviços do mesmo ramo de mercado em uma determinada área. Da
demanda simples de oferta de um produto, passou-se a, uma exigência
superior do mercado às reais necessidades dos consumidores. Nesse
sentido entende-se que a adoção dos conceitos que norteiam a filosofia da
Qualidade Total apresenta-se como um diferencial estratégico para a
sobrevivência de uma organização. Por meio de uma revisão de literatura o
artigo relaciona os primeiros conceitos da qualidade total e sua evolução,
sob a ótica da gestão da informação. O Objetivo é apresentar ferramentas
do Sistema de Qualidade Total para gestores organizacionais, no intuito de
corroborar para solução da necessidade de aprimoramento das técnicas de
gerenciamento de suas organizações. Os resultados obtidos identificaram a
necessidade das unidades de informação se posicionar como organizações
que necessitam da implantação dos processos gerenciais sob a luz dos
princípios da Gestão da Qualidade Total. Permitindo assim, o aprimoramento
dos processos e das técnicas de forma gradual e contínua, visando a
excelência nos resultados em todas as áreas de atuação da organização.

Palavras-Chave: Qualidade Total; Gestão da Informação; Qualidade;


Organizações.

Introdução

Nas ultimas décadas a sociedade tem passado por inúmeras


transformações, principalmente nas áreas tecnológicas, políticas,
econômicas, científicas e culturais. Tudo isso tem exigido um
posicionamento dinâmico das organizações frente às situações adversas
resultantes destas mutações sociais.
Nesse contexto o fenômeno da globalização transformou a
concorrência, fez crescer exponencialmente o número empresas no mesmo
seguimento de mercado, antes a concorrência se resumia na quantidade de
estabelecimentos comerciais ou de serviços semelhantes em uma

1
Trabalho submetido para apresentação no formato ORAL, GT 4 - Temática Livre.
*Acadêmico de Biblioteconomia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);
** Acadêmico de Gestão da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);

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determinada área, que na maioria das vezes não ultrapassava um bairro ou


quarteirão. Atualmente os concorrentes estão em toda parte, na internet, no
bairro ou até mesmo do outro lado do mundo.
Esse “boom” concorrencial é resultado das facilidades oriundas da
velocidade dos transportes, aliado, ao fluxo contínuo das informações por
meio da internet.

Estas transformações estão ocorrendo em escala mundial em um


processo jamais visto de globalização dos mercados, de formação
de blocos econômicos regionais, com uma rapidez de inovações
tecnológicas que tudo somado, compõem um cenário
extremamente desafiante para a competitividade das empresas.
(COLTRO, 1996, p.1)

Esse contexto permitiu que fossem traçados novos rumos e novas


estratégias para administração, visando o suprimento das necessidades dos
clientes como resposta ao problema organizacional ocasionado pela
expansão da concorrência. Vários fatores como; competitividade,
capacitação dos funcionários, inovação gradual/continua e a qualidade,
foram desenvolvidos para fomentação de um diferencial estratégico que
possibilitasse a sobrevivência de uma organização no mundo globalizado.
O objetivo desse artigo é destacar, dentre esses fatores de fomento
empresarial, a Gestão da Qualidade Total, relacionar seus conceitos através
da revisão de literatura, e exemplificar a funcionalidade dos conceitos no
âmbito das unidades de informação.
Entendendo que a GQT pode ser um insumo facilitador da
sobrevivência das organizações no atual cenário competitivo. Adquirida por
meio de uma política organizacional que proporciona o surgimento de uma
cultura que valoriza as pessoas (funcionários). E observando-as como
clientes internos de suas próprias organizações com seus potenciais, sendo
valorizadas principalmente quando capacitadas e treinadas de forma
adequada.

Colocar a qualidade como valor intrínseco é a melhor forma de


sobrevivência. Ela aponta para a preferência do consumidor, o que
aumenta a produtividade, levando a uma maior competitividade e
assegurando a sobrevivência das empresas. (RUTHES,2010 p.1)

Gestão da Qualidade Total

As primeiras noções de qualidade surgem ainda durante o


feudalismo, no processo de troca das mercadorias entre os pares, que ao
realizarem o escambo já se preocupavam com a qualidade do produto que
utilizavam, agregando a eles graus diferentes de valores. Esse momento da
história é identificado por Longo (1996, p. 6) como; “era da inspeção”.
A preocupação com a qualidade de bens e serviços não é recente. Os
consumidores sempre tiveram o cuidado de inspecionar os bens e serviços

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que recebiam em uma relação de troca. Essa preocupação caracterizou a


chamada era da inspeção, que se voltava para o produto acabado, não
produzindo assim qualidade, apenas encontrando produtos defeituosos na
razão direta da intensidade da inspeção.
Em seu texto sobre a “A Evolução e história da gestão da qualidade”,
Longo (1996) traça uma linha do tempo com as “ERAS” e acontecimentos na
sociedade, que influenciaram a forma de pensar a qualidade, aliado as
demandas do mercado que transformaram a Gestão da Qualidade como
fator determinante na sobrevivência das organizações, como se pode
acompanhar no quadro abaixo.

Figura 1 - Evolução do conceito de Qualidade


Fonte: Imagens extraídas através do Google imagens

Com o objetivo de planejar e implantar um sistema de GQT eficiente


dentro das organizações Garvin (1992) propôs quatro etapas evolutivas
(caracterizadas pela influência do contexto de desenvolvimento social e
tecnológico vivenciada por cada uma delas) para se obter a GQT com
eficiência, que são elas: Inspeção, Controle Estratégico da Qualidade,
.
Garantia de Qualidade, Gestão Estratégia da Qualidade.
A Inspeção dá sua contribuição no processo de desenvolvimento da
GQT, pois se apóia em um sistema de medidas, utilizando-se de gabaritos e
outros acessórios, e de um padrão de referência (controle de atributos e
variáveis). Contudo, se deve controlar a qualidade, e não somente verificá-la
após o processo realizado.
Ao se observa a necessidade de tal variável surge o conceito de
Controle Estatístico da Qualidade, usando o método de tolerância de um
lote, ou seja, se avaliava a qualidade de um produto por meio do percentual
de defeitos de um lote do produto, portanto, não obtendo uma avaliação
satisfatória e precisa, pois em um lote poderia não existir, ou existir poucos
defeitos e por conseqüência não teria como garantir a existência da mesma
proporção nos outros lotes.
Dando continuação a evolução da GQT surge o conceito da Garantia
da Qualidade, com o objetivo de continuar tentando prevenir problemas e

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defeitos, mas as formas e as técnicas utilizadas foram muito além dos


métodos estatísticos.
Na Garantia da Qualidade observa-se quatro aspectos principais:
qualidade dos custos da qualidade, controle total da qualidade, engenharia
da confiabilidade e zero defeito, ou seja, uma inicial tentativa de se obter a
qualidade por meio de modelos de política e culturas qualitativas nas partes
e no todo.
Para Garvin (1992) no contexto atual da Gestão Estratégica da
Qualidade, organizações que almejam a verdadeira eficácia da GQT
observam que o controle precisa iniciar pelo projeto do produto e só cessar
quando o produto estiver chegando às mãos de um cliente que sane sua
necessidade e que fique satisfeito.
Na Gestão da Qualidade o trabalho é de todos e tal pensamento
deve contagiar todas as etapas do processo, dando origem a uma política
organizacional que proporcione uma sinergia entre os setores e funcionários
da empresa.
Ruthes (2010, p.1) define Gestão da Qualidade Total como “uma
estratégia de administração orientada a criar consciência da qualidade em
todos os processos organizacionais.” Sendo completado por Longo (1996,
p.9) quando diz que:
A Gestão da Qualidade Total (GQT) é uma opção para a reorientação
gerencial das organizações. Tem como pontos básicos: foco no cliente;
trabalho em equipe permeando toda a organização; decisões baseadas em
fatos e dados; e a busca constante da solução de problemas e da diminuição
de erros.
Para Coltro (1996, p.4) [...] a Gestão pela Qualidade Total é a
concretização [...] de todos os recursos organizacionais, bem como no
relacionamento entre as pessoas envolvidas na empresa. Acrescenta ainda
que as ações desenvolvidas devam ser através da consolidação de técnicas
e idéias voltadas para o aumento da competitividade da empresa focando
sempre a melhoria dos processos e conseqüentemente dos produtos.
A Gestão pela Qualidade total é um sistema permanente e de longo
prazo voltado para o alcance da satisfação do cliente através de um
processo de melhoria contínua dos produtos e serviços gerados pela
empresa. Sendo que de caráter geral, uma gestão pela qualidade total que
efetivamente tenha controle sobre a qualidade, tem como necessidade a
participação de todos os membros da empresa, incluindo gerentes,
supervisores, trabalhadores e seus executivos, na busca do objetivo de
melhoria continua. (MEARS, 1993 p. 12)
A maioria dos autores traz gestão da qualidade como uma junção de
processos e posicionamentos dos envolvidos na melhoria contínua e no
aperfeiçoamento dos produtos/serviços oferecidos pelas organizações.
Segundo Garvin (1992), “para que um produto tenha qualidade total é
necessário que a qualidade esteja em todas as etapas de sua produção e já
que tais etapas são efetuadas por pessoas, elas necessitam permanecer
capacitadas para exercer sua função da melhor forma possível”.

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Implantando um Sistema de GQT com Eficiência

O conceito de qualidade total é cíclico e dinâmico. Em princípio


quando se fala em qualidade nos negócios de uma organização fala-se em
uma filosofia de gestão na qual se busca a excelência nos resultados em
todas as áreas de atuação da organização permitindo a cada funcionário
pensar no aprimoramento contínuo da qualidade do negócio como meio
possibilitador da adequação dos produtos e serviços às exigências dos
clientes.
No atual contexto de competitividade sobrevive à organização que
apresentar melhores produtos ou serviços. Aquela que inicialmente
proporciona melhores condições de trabalho para seus funcionários, aquela
que observa a informação como veículo de diminuição de incertezas,
obtendo conseqüentemente melhores decisões e, finalmente, aquela
empresa que valoriza os clientes que ver neles o caminho para a
sobrevivência. E por isso investem e apostam em sua fidelidade, por meio
de bons atendimentos, de negociações motivadoras, diversificação da oferta
de produtos etc.
Segundo Grifo (1994, p. 7) a qualidade é vista pelo cliente como a
adequação ao uso, ou seja, fruto de um ciclo de relacionamento que
contemple as estações: do processo organizacional interno da qualidade (tal
processo como responsabilidade de todos da empresa); do custo (um valor
que o cliente possa pagar); do atendimento (estratégias de atendimento
cumpridas em tempo hábil); da moral (contribuição para o desenvolvimento e
manutenção de uma relação de respeito entre as partes); da segurança (o
cliente deve está sempre em uma situação de conforto e segurança).
O processo de implantação e manutenção da GQT deve ser praticado
por todos os indivíduos que constitui a organização, desde o administrador
sênior até os funcionários da linha de produção. Sendo o processo cíclico,
deve nascer na alta gestão e contagiar a todos na organização, obedecendo
a um plano básico e fundamental: que um departamento é cliente e
fornecedor interno do outro, o mesmo deve acontecer com os funcionários e,
portanto, se em um destes departamentos ou funcionário a função
(atividade) não for realizada com perfeição conseqüentemente o produto ou
serviço final apresentará falhas.
Tal processo pode ser mais bem entendido por meio da
demonstração que segue: o departamento de P&D examina as
necessidades transformando em modelos ou projetos, que possam ser
efetuados em tempo hábil pelo departamento operacional. Da mesma forma
os setores administrativos devem planejar e gerenciar coordenadamente
para que o departamento técnico possa efetuar suas práticas de forma
inteiramente satisfatória. Deste modo as dimensões da qualidade são
efetuadas com sincronia por todos os funcionários da empresa garantindo
assim que tal método reflita de forma positiva no produto final e na
satisfação do cliente.

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Nesse sentido, para que isso aconteça de forma sincronizada e cíclica


é preciso mudanças de procedimentos, quebras de paradigma perseverança
e alto esforço, pois a busca pela qualidade total requer das empresas
investimentos e comprometimento dos funcionários da linha de produção até
a alta gerência, mais precisamente deve surgi na alta gerência contagiando
os subordinados do setor gerencial e posteriormente o setor da linha de
produção, ou seja, esse sistema de gestão deve ser implantado pela alta
gerência, por administradores comprometidos em facilitar e amenizar as
dificuldades surgidas no decorrer da implantação.
Fica claro, portanto, que implantar o sistema de GQT onde este
modelo é visto pela alta gerência apenas como um modismo organizacional,
ou motivada por um pensamento de que “se o meu concorrente implantou,
eu também devo implantar”, não dará certo. Os resultados serão
catastróficos, se este for o verdadeiro objetivo da administração é melhor
nem se quer cogitar a possibilidade de implantação do sistema na empresa.
Contudo, se há um ambiente onde a alta gerencia está verdadeiramente
comprometida com a implantação; se ela ver neste novo modelo uma forma
de valorizar seus funcionários e adquirir o respeito e satisfação dos clientes;
se há como envolver a todos mostrando os benefícios que a qualidade
poderá proporcionar a médio e longo prazo a empresa e conseqüentemente
a todos que a constituem, então ela deve criar seu sistema de GQT tendo
grande chances de ter sucesso em seu novo modelo gerencial.
Em suma, só a alta gerencia detém poderes e recursos para
implantação de uma política e de um sistema que irá propor a mudança e a
formação de uma cultura que contemple os princípios da GQT. Da união dos
processos, das atividades da organização e principalmente a obtenção de
um novo modo de pensar de agir dos funcionários que os levem a observar
e valorizar cada atividade praticada, podendo por meio de tal observação
criar uma nova forma otimizada de praticá-la e talvez proporcionalmente
desenvolver os modelos de inovação gradual e contínuo tão almejado pelas
empresas.
O pensamento de inovação gradual e contínua representa o foco da
teoria da GQT isso significa a obtenção de pequenos e novos resultados nas
partes que ao serem unidas na soma do todo representam um novo estágio
da qualidade, contudo essa parece ser a “pedra no sapato” de muitos
administradores e principalmente administradores brasileiros, pois a cultura
brasileira só valoriza o agora, o hoje. Quando investem em algo na empresa
querem que o resultado apareça o mais breve possível, e infelizmente deixa-
se de por em prática planejamentos e projetos adequados a realidade da
empresa que podem trazer maiores resultados a médio e longo prazo.
Nesse contexto Tolovi Junior (1994) contribui alertando que uma
empresa que queira ter um sistema de GQT de sucesso deve ter como
subsídio norteador um planejamento adequado, pois, à medida que o
sistema vai sendo desenvolvido, as exigências por níveis superiores de
qualidades vão surgindo e, para não correr o risco de perder tudo ou
retroceder nos níveis de qualidade, o melhor caminho é ter um bom

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planejamento, contextualizado com a realidade da empresa, que possa ser


consultado a qualquer momento, sua contribuição será de fundamental
importância no que diz respeito ao cronograma de execução, a avaliação
dos resultados obtidos (se o caminho trilhado está certo, se está trazendo
resultados adequados e satisfatório ou se há a necessidade de correção e
de criação de uma novo caminho) como também servido como base
norteadora do processo de atualização do sistema.
Sem um planejamento adequando e sem o apoio da alta gerência a
tendência é que esse descaso reflita no nível médio, ou seja, os gestores de
nível médio sentem-se impossibilitados de por em prática a filosofia do
sistema de GQT, o clima de desinteresse contagia a gerencia de nível médio
e persiste o pensamento de que “ se os administradores sênior que devem
ser os maiores interessados, por serem os que mais irão lucra não estão
comprometidos e preocupado, então para que um gestor de nível médio ou
muitas vezes apenas um gerente de departamento irá se preocupar”.
Já no ambiente de uma empresa que tem a alta gerência
comprometida e um plano de implantação com metas bem definidas a
gerência de nível médio apresenta-se como base de sustentação para
implantação e manutenção da nova filosofia, ou seja, é este nível que irá
proporcionar o diálogo entre a alta gerencia e os funcionários do nível
técnico e de produção, são os gestores de nível médio os responsáveis pelo
planejamento e estruturação da nova didática educacional, esta ultima vista
como base geradora de conhecimento.

[...] a alta administração desenvolve as teorias e diretrizes, a área


de gerenciamento absorve as idéias subjetivas adaptando-as e
transformando-as em métodos práticos e concretos, como por
exemplo, o desenvolvimento de manuais, de novos procedimentos
operacionais proporcionando assim, que os setores de base
(atividade fim, linha de montagem) possam receber instruções e
capacitações no intuito de promover a especialização do
funcionário. (GARVIN, 1992)

É por meio deste novo cenário educacional que os gestores têm


maiores possibilidades de identificar os indivíduos com as melhores
performances. Escolhendo em conjuntos com os grupos de trabalhos as
melhores lideranças, de identificar as pessoas que tem maiores aptidões
para uma das tarefas fundamental deste modelo que é a de repassar,
multiplicar o conhecimento adquirido dando condições. Para que a espiral
do conhecimento e da qualidade esteja sempre se atualizando em um
movimento de manutenção crescente. Isto é, a padronização das atividades
muitas vezes pode bitolar o funcionário a exercer a mesma função sempre
da mesma forma, “ele acha que essa forma de praticá-la é a mais eficiente
que existe”, porém, muitas vezes não é, e para que ele desperte deste “seu
mundinho” é necessário retirá-lo da função cotidiana e apoiá-lo a participar
de outras realidades, de capacitações para se atualizar, isso pode acontecer
até mesmo por meio de intercâmbio entre outras empresas que já tem o

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sistema de GQT em um estágio mais elevado. Quando isso acontece o


funcionário sente-se estimulado e renovado, tem maiores chances e
propriedade para interrogar seu próprio estado psicológico e como
conseqüência ajustar as técnicas já existentes trazendo a realidade da
empresa novas técnicas, que após ser avaliada pelos gestores de nível
médios podem ser incorporadas a metodologia das atividades da empresa.
Ainda com relação à motivação dos funcionários Tolovi Junior (1994)
defende que para o funcionário o “reconhecimento dos resultados obtidos
continua sendo a forma mais eficaz de motivá-lo”, mas para dar manutenção
a esta motivação para que ela seja contínua e crescente é preciso que o
individuo, sinta-se beneficiado também pela inovação na qualidade. Para
isso que tal, premiar as equipes ou até mesmo repassar financeiramente os
resultados dos lucros para os funcionários que se destacarem? Servindo
assim, como estímulos para os outros funcionários e equipes, pois como o
modelo de GQT é gradual e continuou, necessita do comprometimento de
todos. A empresa deve dar condições para o engajamento de todos os
funcionários, como também, para que todos se beneficiem subjetivamente,
por meio do reconhecimento e objetivamente por meio da divisão dos
resultados dos lucros.
Nesse sentido a espiral do conhecimento contribui para manutenção
da qualidade porque ao se capacitar os funcionários, possibilitam-se a eles,
maiores chances de internalizar novos conhecimentos advindos talvez, de
um contexto externo, que serão posteriormente externalizados na sua
prática do dia-a-dia, ou seja, o indivíduo aprende algo nas capacitações ou
até mesmo nas observações de acontecimentos em ambientes externos a
empresa, faz uma ligação com a sua função do dia-a-dia e subjetivamente
desenvolve um pensamento de que tal ideia pode contribuir para a
otimização da sua função, ou para o surgimento de uma nova técnica,
assim, se todos os funcionários tiverem este mesmo interesse (tentar
descobrir novas estratégias de trabalho) estes e a empresa em geral estará
atingido um alto patamar de eficiência por estar unindo as melhorias de cada
departamento, de cada função e de cada indivíduo, essa união de pequenos
esforços e de pequenas descobertas representa muito quando organizado e
estruturado em um todo consistente e coeso, sendo atualizado gradualmente
todas às vezes se inova e que se atinge novos estágios de qualidade, isto é,
melhoramento contínuo visando sempre alcançar níveis mais alto de
qualidade.

Certificações da Qualidade

Com a necessidade de aprimoramento da qualidade exigido pelo


mercado globalizado atual, surge nas organizações dos países
desenvolvidos diretrizes e procedimento que dão embasamento a
implantação da ISSO 9000, Concebido para ser um modelo de
implementação de qualidade o standard ISSO 9000 é uma evolução das
normas de segurança das instalações nucleares e a fiabilidade dos

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equipamentos militares. Desenvolvido a partir de 1980, teve sua primeira


versão publicada em 1987.
Definida como um sistema de gestão que presa pela melhoria
contínua da qualidade dos produtos, dos serviços e do funcionamento da
empresa como um todo. Definições estas, originadas da filosofia da
Qualidade Total japonesa, que nos seus primórdios entendia a qualidade
por: atendimento a requisitos e especificações.
Segundo Grifo (1994, p. 61) tal conceito evoluiu, tornando-se muito
mais amplo e profundo, passando a estar em todo o funcionamento da
empresa. A partir desta filosofia, percebe-se, o surgimento de dois principais
processos de melhorias que pode ser classificado e definido como: Kaizen,
sendo o termo japonês cujo significado principal é melhoria.
O Kaizem representa um esforço contínuo (daí melhoria contínua),
comprometendo e envolvendo todos os departamentos e as funções de
todos os níveis da organização. No Japão o termo Kaizen é uma filosofia
que norteia os princípios da vida. Fala-se em Kaizen em termos de meio
ambiente, sistema educacional, sistema rodoviário, relações externas etc.
Tais princípios também são norteadores da política de comportamento dos
funcionários dentro da organização, sendo, portanto, comum que através
desta filosofia da busca constante por melhorias, que funcionários de uma
organização estejam constantemente se interrogando em busca de
melhorias para os processos, para as máquinas, para as tarefas e
conseqüentemente para os produtos e / ou serviços.
Já no ocidente observa-se que o foco da abordagem evidência
melhorias por meio de etapas, que na sua maioria obtidas através de nova
tecnologia (kairyo). Neste modelo o investimento é obtido e justificado por
meio de cálculos de retorno do investimento, ou seja, se investe muito em
tecnologia, mobiliza-se grande quantidade de esforços dos funcionários e a
pequeno prazo se obtém um retorno de crescimento e inovação satisfatório,
porém a médio e longo prazo este sistema tende a retroceder, ou seja, ao
invés de estar em crescimento contínuo à empresa passa por momentos de
regreção, voltando a estágios já superados, correndo risco de obter um
enorme prejuízo ou até mesmo de falência se não for feita uma nova e
enorme mobilização de capital e recursos humanos para se lançar uma
grande inovação, que venha a levantar a moral da empresa.
Existe um método geral de modelo gerencial em Qualidade Total. Ele
foi conhecido inicialmente quando Deming (um dos mais importantes
teóricos da área) o levou ao Japão em 1950 como o ciclo Deming. Hoje é
conhecido como Ciclo PDCA, sigla correspondente às iniciais P de plan
(planejar); D de do (fazer, executar); C de check (conferir) e A de action
(ação corretiva).

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Figura 2 - Ciclo de Deming ou PDCA.


Fonte: Google

Todo serviço de informação requer também a existência de um


processo administrativo com a sua dinâmica: planejamento, organização,
liderança e avaliação. Essas quatro dimensões igualmente devem estar
presentes na definição de programas de qualidade para os serviços de
informação, constituindo um ciclo de fases distintas e continuadas, repetindo
sempre a mesma dinâmica no sentido de produzir níveis cada vez mais
elevados de excelência na prestação de serviços aos usuários.
Esse ciclo do Dr. Deming pode ser aplicado mais especificamente
num serviço de informação conforme a figura 3.

Figura 3 - Ciclo de Deming aplicado aos serviços de informação.


Fonte: Google

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Gestão da Qualidade Total nas Unidades de Informação

Segundo Valls (2006, p. 2) “as primeiras ocorrências sobre a


aplicação de normas de garantia da qualidade em Serviços de Informação
abordam a BS 5750, norma inglesa precursora da série de normas ISO
9000.
Rocha e Gomes (2006) definem alguns requisitos à serem
observados no projeto de implantação do GQT;

A decisão sobre a implantação da gestão da qualidade deverá


estar expressa formalmente na política da organização, como
meta da sua alta administração, cujo envolvimento pessoal e a
criação de valores claros e visíveis poderão integrar-se às suas
responsabilidades. (ROCHA;GOMES, 2006, p. 2)

Valls (2006, p. 5) complementa esse preâmbulo com as “Quatro


regras fundamentais da Qualidade aplicadas aos Serviços de Informação”,
que são:

a) A qualidade é o primeiro passo, uma vez que somente essa


forma de gestão produz benefícios a longo prazo;
b) O mercado deve “entrar” nos Serviços de Informação,
principalmente sob o aspecto do atendimento aos clientes;
c) O ambiente interno do Serviço de Informação deve orientar-se
interna e externamente pelas necessidades dos clientes;
d) Aspectos relacionados à qualidade devem ser mensuráveis.

Segundo Coelho e Costa (2000) em termos organizacionais a gestão


da qualidade total em sistemas de informações decorre de três vias
fundamentais; hardware; software e informação. No entanto, de uma forma
genérica, a GQT em Unidades de informação incorre em dois conceitos
essenciais: disponibilidade e fiabilidade. Apesar de intimamente ligados,
estes conceitos, contudo, apresentam significados dispares, isto é, enquanto
que a disponibilidade é a proporção do tempo em que um sistema opera de
forma satisfatória, a fiabilidade diz respeito à probabilidade de um sistema
não falhar durante um longo período de tempo
Dadas as indicações básicas para o fomento de uma cultura
organizacional alicerçada pelos conceitos administrativos da GQT descritas
na introdução deste artigo, ver-se-á alguns apontamentos de modelos de
implantação da GQT em unidades de informação.
Valls (2006, p. 4), adota quatro recomendações dadas por Carl
Johannsen em 1994, num estudo realizado por ele para a aplicabilidade da
ISSO 9000 em Unidades de Informação. Conforme Tabela 1.

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Tabela 1 - Recomendações de Carl Johannsen (1994)


I - A análise dos requisitos a partir da realidade dos processos implantados. As
alterações nas atividades devem ser realizadas respeitando sua natureza e não
somente visando atender aos requisitos da norma;

II - É crucial que a seleção e utilização dos instrumentos utilizados no Sistema da


Qualidade sejam baseados na análise e entendimento das necessidades dos clientes.
É preciso evitar que a implementação traga burocracia e comprometa os padrões de
qualidade já conquistados;

III - É importante ter em mente que o Sistema da Qualidade implantado deve estar
alinhado à cultura da Organização e que a interface com os colaboradores deve ser
feita de maneira cuidadosa, para que eles colaborem com as mudanças pretendidas;

IV - A norma ISO 9001 não deve ser vista somente como um guia para a conquista de
padrões de qualidade. A implantação da Gestão da Qualidade é um processo
complexo, que envolve muitas etapas, principalmente as referentes a cultura da
qualidade e o entendimento de seus princípios e filosofia, para que os objetivos
sejam efetivamente cumpridos.

Em consonância com Valls (2006) e Johannsen (1994), Belluzo e


Macedo (1993), também adere a quatro passos para a implementação da
GQT nas Unidades de informação;
1º) Identificar processos/atividades compreende a identificação de
todos os processos/atividades presentes ou existentes na organização, o
seu estudo e a definição da maneira melhor e mais correta de executá-los.
2º) Treinar os recursos humanos, para a conscientização de todas as
pessoas envolvidas em relação à nova filosofia operacional, de forma a
assegurar a cada uma a realização de suas atividades de maneira mais
correta e eficaz.
3º) Controlar o desenvolvimento dos processos/atividades, mediante
a medição do trabalho executado, para verificar o alcance das metas
estabelecidas na etapa inicial do planejamento. Um dos principais
instrumentos para tanto é o controle estatístico do Processo (CEP), pois
permite controlar as características críticas do processamento das atividades
executadas em uma organização e verificar, continuadamente, se as metas
e objetivos estabelecidos estão sendo cumpridos.
4º) Ações corretivas voltadas para os processos/atividades, como
resultado da avaliação realizada. Assim, se as medições indicaram que o
processo está cumprindo as metas e objetivos, a execução das atividades
continuará, mantendo-se o controle.(BELLUZO;MACEDO 1993, p. 3),

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Considerações Finais

Conforme exposto no decorrer deste trabalho, o contexto competitivo


vivenciado pelas organizações exige destas empresas e em especial as
prestadoras de serviços cada vez mais flexibilidade, qualidade e inovação.
Pensando assim observa-se a GQT como o diferencial estratégico para o
desenvolvimento e consolidação de uma empresa em determinado ramo de
negócio. De acordo com tais argumentos entende-se que tendo um sistema
de GQT eficiente e o comprometimento de todos os funcionários a empresa
obtém maiores possibilidades de se manter em um cenário de crescimento
sustentado pela inovação contínua.
Conclui-se, portanto, que a implantação e o gerenciamento da
qualidade total consiste em um processo complexo e interminável (um ciclo)
que necessita de inovação contínua e de um contexto adequado para se
desenvolver, tanto na atuação do âmbito individual quanto do âmbito
organizacional geral. Como no ambiente competitivo as preferências dos
clientes mudam constantemente, os estágios atingidos da qualidade ficam
obsoletos em pequenos períodos de tempo. Cabe então, a cada organização
o papel de está sempre formando estratégias de adaptação e inovação para
garantir assim sua sobrevivência durante muitos anos.

Referências

BELLUZZO, Reginal Celia Baptista; MACEDO, Neusa Dias de. A gestão da


qualidade em serviços de informação:: contribuição para uma base teorica.
Ciência da Informação, Brasilia, v. 2, n. 22, p.124-132, 1993.
Quadrimestral.

COLTRO, Alex. A gestão da Qualidade Total e suas influencias na


competitividade empresarial. Cadernos de Pesquisa em Administração, São
Paulo, v.1 , n. 2, 1996. Disponível em:< http://www.ead.fea.usp.br/cad-
pesq/arquivos/C02-art04.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2010.

GARVIN, David A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e


competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992. 357p.

GRIFO, Equipe. Iniciando os conceitos da qualidade total. 4 ed. São Paulo:


Editora Pioneira, 1994.

LONGO, Rose Mary Juliano. Gestão da Qualidade: Evolução Histórica,


Conceitos Básicos e Aplicação na Educação. In: SEMINÁRIO SOBRE
GESTÃO DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO: EM BUSCA DA EXCELÊNCIA,
1995, São Paulo. Texto para discussão n. 397. Brasília, 1996. Disponível

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em:<http://www.dcce.ibilce.unesp.br/~adriana/ceq/Material%20complementa
r/historia.pdf>. Acesso em 25 nov. 2010.

MEARS, P. How to stop talking about, and Begin progress toward total
quality management. In: Business Horizons. V. 36. Greenwich, 1993, p. 66-
68.

ROCHA, Eliana da Conceição; GOMES, Suely Henrique de A.. Gestão da


qualidade em unidades da informação. Ciência da Informação, Brasília, v.
2, n. 22, p.142-152, 1993. Quadrimestral. Disponível em:
<http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/1187/830>. Acesso em: 26
nov. 2010.

RUTHES, Jefter. Gestão da Qualidade Total. In: WIKPEDIA a enciclopédia


livre. Disponível
em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_da_qualidade_total>.
Acesso em: 25 nov. 2010.

TOLOVI JUNIOR, José. POR QUE OS PROGRAMAS DE QUALIDADE


FALHAM? São Paulo: Era Executiva, 1994. 34 v.

VALLS, Valéria Martins. A gestão da qualidade em serviços de informação


com base na ISO 9000. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, Campinas, v. 3, n. 2, p.64-83, 2006. Semestral.

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NOVAS PRÁTICAS DE ACESSO A INFORMAÇÃO, CULTURA


E EDUCAÇÃO: um estudo de caso com a Biblioteca Parque
Manguinhos, a primeira biblioteca parque do país. 1
Alex dos Reis Saraiva*
Felipi Correa de Assis**

Resumo

Aborda o papel das bibliotecas como transformadoras sociais. Apresenta um


estudo de caso com a Biblioteca Parque Manguinhos, pioneira no Brasil,
localizada no Complexo de Manguinhos, um bairro formado por 16
comunidades localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro que
infelizmente foi esquecido durante anos pelos governantes. Alocada em
uma área de 2.3 mil metros quadrados e com um acervo de 25 mil itens
abordando praticamente todos os campos do conhecimento e 650 filmes, a
Biblioteca Parque Manguinhos é inspirada nas bibliotecas parque de Medelín
e Bogotá. Bem mais que uma biblioteca no conceito tradicional, trata-se de
um espaço cultural e de convivência, que oferece à comunidade serviços
como, brinquedoteca, seção de periódicos, sala multiuso para reuniões da
comunidade, um setor específico em braille voltado a leitores especiais,
biblioteca digital, DVDteca, internet comunitária e rede wi-fi, sempre voltada
à atualização frente às tecnologias da informação, além de servir como palco
de inúmeras atividades de cunho cultural e educacional com atividades de
incentivo a leitura, contação de estórias, peças teatrais, etc. com o propósito
de inserir a comunidade na chamada “sociedade da informação”, formando
cidadãos conscientes, a fim de construir uma sociedade mais justa e
igualitária. Tratando-se de um espaço cultural, a biblioteca põe em prática a
ética e o papel social do bibliotecário: o acesso à informação, educação e
cultura para a comunidade em geral, enfatizando que a biblioteca além de
funcionar como um espaço de leitura e pesquisa, também pode também ser
um centro de cultura e lazer.
Palavras – chave: Bibliotecas parque; Centros culturais; Sociedade da informação; Ética do
bibliotecário.

1
Comunicação oral apresentado ao GT nº 4 – Temática livre.
*Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Graduando em Biblioteconomia –
Email: alex_unirio@yahoo.com.br
**Universidade Estácio de Sá – Graduando em Psicologia – Email: felipicorrea@yahoo.com.br

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1. INTRODUÇÃO

A escassez de centros culturais e de convivência em áreas menos


favorecidas é um problema que infelizmente ainda assola nossa sociedade.
Na maioria das vezes a ausência do pulso governamental nessas regiões é
responsável pelos altos índices de criminalidade, pelas grandes diferenças
sociais e econômicas, da evasão escolar, etc.
Localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, Manguinhos
durante anos sofreu tal descaso por parte do governo, porém tal panorama
tem mudado de uma forma substancial nos últimos meses. Subdivido em 12
localidades internas, com uma população de mais de 50.000 habitantes
(IBGE, 2001), o Complexo de Manguinhos, compõe, juntamente com o
Complexo da Maré e o Complexo do Alemão uma extensa região de
moradias populares ao longo da principal artéria de circulação da cidade –
Avenida Brasil. Segundo dados do IBGE e cálculos realizados pelo convênio
IPP/IUPERJ/IPEA e FJP-MG, Manguinhos está qualificado entre as cinco
piores localidades do Rio de Janeiro no Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH).
A ocupação residencial desta região, iniciada há mais de 100 anos, é
marcada por inicial loteamento de uma área mais abrangente denominada
Engenho da Pedra, que englobava Manguinhos, Olaria, Bonsucesso e
Ramos, atrelado ao desenvolvimento da ferrovia da Cia. Leopoldina Railway,
a partir de 1880 (OLIVEIRA, 2003) O século XX, principalmente após a
década de 1940, e aos aterros das zonas de manguezal realizados pela
Empresa de Melhoramentos da Baixada Fluminense, passa a testemunhar o
crescimento acelerado da ocupação da região. Acentuação agora marcada
não só pela Estrada de Ferro como pela inauguração da Avenida Brasil.
Passemos, então, a breve descrição de cada localidade:
• Parque Osvaldo Cruz / Morro do Amorim: ocupação inicial
datada do início do século XX. Apresentaram, ao longo do período, três

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formas diferenciadas de ocupação, referentes a três momentos específicos:


como subúrbio carioca; como resultado de assentamentos de funcionários
do Instituto Osvaldo Cruz, atual Fundação Osvaldo Cruz; e mais
recentemente, observa-se uma ocupação típica do que se reconhece como
favela.
• Parque Carlos Chagas / Varginha: ocupação iniciada em 1940.
Guarda relação com o projeto de conjunto Parkway Faria-Timbó, proposto
pela Comissão do Plano da Cidade, na gestão do prefeito Henrique
Dodsworth (1937-1945) o qual não implementado em sua totalidade. (Reis,
1943:95).
• Parque João Goulart, Vila Turismo, Centro de Habitação
Provisória II – CHP II, Vila União: Essas quatro localidades foram ocupadas
no início da década de 50 e suas origens são bastante controversas. Parque
João Goulart e CPH II tem características de provisoriedade, e estão
relacionados à política dos Parques Proletários Provisórios, criados no final
da década de 40 como política federal para as favelas do então Distrito
Federal, a cidade do Rio de Janeiro. A Vila Turismo criou-se entorno de um
conjunto habitacional construído para ex-combatentes da II Guerra Mundial e
a Vila União tem o processo de ocupação iniciado pela iniciativa dos próprios
moradores. Ao longo das décadas de 60 e 70 essas localidades receberam
moradores removidos de diversos locais da cidade pelo poder público essas
localidades receberam moradores removidos pelo poder público, de
diferentes favelas da cidade, das zonas sul e norte (Praia do Pinto,
Catacumba, Rocinha, Esqueleto e Cachoeirinha) dentro do Programa de
Remoções de Favelas, iniciado pelo governador do Estado da Guanabara
Carlos Lacerda (1961-1965) e levado adiante, nos governos subseqüentes
até o final da década de 1970.
• Conjunto Habitacional Nelson Mandela, Conjunto Samora
Machel e Mandela de Pedra: Após as enchentes de fevereiro de 1988, que
deixaram. Desabrigadas centenas de famílias, e por reforma da adutora da
CEDAE (Companhia). (Estadual de águas e Esgotos) que remanejou

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famílias na região de Maguinhos; Foram construídos os


Conjuntos Habitacionais Nelson Mandela (1990) e Samburá Maciel (1991),
resultado de acordo entre o governo do estado e prefeitura, com. Verba
proveniente do BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e).
Desenvolvimento – Banco Mundial). A localidade Mandela de Pedra é
resultado da ocupação de parte do terreno pertencente à Embratel (Empresa
Brasileira de Telecomunicações), em 1995.
• SAMORA II/EMBRATEL, NOVA MANDELA, VITÓRIA DE
MANGUINHOS/CONAB: Localidade de mais recente ocupação, entre 2002
e 2005, respectivamente. Caracterizam-se pela ocupação coletivamente
organizada por moradores da Mandela de Pedra, em terrenos abandonados
de propriedade das empresas Embratel e CONAB (Companhia Nacional de
Abastecimento).
Nesse contexto, foi implantada no bairro de Manguinhos a primeira
biblioteca-parque do país, a Biblioteca Parque do país, iniciativa do Governo
Federal em parceria com o Governo Estadual. Localizada em uma área
assolada por diferenças sociais e com altos índices de violência, A
biblioteca-parque ocupa uma área de 2,3 mil m² do antigo Depósito de
Suprimento do Exército (1º DSUP) e atende a 16 comunidades da região,
cuja população soma, aproximadamente, 100 mil habitantes, e está
localizada juntamente com os apartamentos do PAC – Programa de
Aceleração do Crescimento, projeto do Governo Federal. Possui um acervo
de cerca de 25 mil itens que abrangem todos os campos do conhecimento,
periódicos e 650 filmes. Inspirada nas bibliotecas-parque de Bogotá e
Medelín na Colômbia, a mesma trata-se na verdade de um espaço multiuso
e de convivência, pois oferece a comunidade inúmeros serviços sempre
voltados para inclusão não somente sócio-cultural, como também e
educacional e digital, mantendo-se sempre atualizada frente às tecnologias
da informação. Tratando-se de um espaço cultural, a ética do bibliotecário é
posta em prática com a promoção e acesso a informação, educação e
cultura para a comunidade em geral, enfatizando que além de ser um centro
de estudo e pesquisa, a biblioteca pode desempenhar o papel de um espaço

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de cultura, entretenimento e lazer. O objeto deste trabalho é fazer uma


descrição dos serviços da biblioteca Parque Manguinhos e expor seu papel
como transformadora sócio-cultural, dando oportunidade a moradores de
áreas menos favorecidas, a serem incluídos na chamada “sociedade da
informação” (SARAIVA, 2006).

2. A BIBLIOTECA COMO CENTRO DE INFORMAÇÃO E CULTURA

O principal problema nos estudos das bibliotecas-parque está


diretamente relacionada à carência de bibliografias e materiais de pesquisa
sobre o assunto, pois se tratando de um novo tipo de biblioteca, somente
agora textos e publicações estão sendo editados e direcionados para o
público. Pelo fato da Biblioteca Parque Manguinhos ser localizada dentro de
uma comunidade, é de suma importância uma reflexão sobre o conceito de
comunidade. Considerando-se comunidade como um grupo de indivíduos,
que partilham um lugar comum, onde as relações são determinantes
(MACHADO, 2009, p. 32) percebe-se que ações voltadas para a
comunidade devem ser norteadas pelas características do grupo a ser
atendido. Para tanto, deve-se atentar para questões como situação sócio-
econômica, educacional, entre outras, que são peculiares a cada grupo
pessoal. Pode-se entender também comunidade por “redes sociais de
pessoas (webs of people) que reconhecem o outro como pessoal e tem uma
voz moral”. (ETZIONI, 1995, p. ix apud MATTELART, 2002, p. 98). Cabe
destacar a afirmação de Mattelart (2002, p. 98) que:

Somente uma sociedade responsável (responsive society) feita de


vínculos interpessoais construídos em torno de valores comuns
pode inverter a tendência. “Muitos direitos, muitas
responsabilidades”. As sociedades comunitárias contribuem para a
restauração das virtudes cívicas em uma sociedade na qual a
noção de direito ganhou preeminência sobre a responsabilidade
individual. Isso é verdade para a comunidade familiar, para a
comunidade escolar, para a comunidade da vizinhança, para a
comunidade local, regional, nacional e, para, além disso, para a
comunidade do gênero humano.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Servindo com um excepcional instrumento de acesso a educação e


cultura a Biblioteca Parque Manguinhos tem atingido altos níveis de
aceitabilidade da população que vê na iniciativa da implantação em local
estratégico, a chance de tornarem-se cidadãos conscientes, formadores de
opiniões. Para Silva, Souza e Moraes (p.2), a função cultural da biblioteca
tem por objetivo “formar o cidadão crítico da cultura, estimulando sua
criatividade, reflexão, expressão e senso estético". Um dos fatores que
explicita a preocupação com o bem estar e satisfação da comunidade
atendida é seu horário de funcionamento. A Biblioteca funciona de terça a
domingo de dez da manhã às oito da noite, inclusive feriados, fazendo com
que os moradores possam ter flexibilidade no horário de visitar a Biblioteca,
visto que muitos estudam, trabalham, cuidam da casa, etc.
Nesse contexto, o profissional bibliotecário precisa adquirir a nuance
de animador cultural, dada à comunidade, é preciso ter habilidades humanas
(ou desenvolvê-las), tudo isso para ir ao encontro do que realmente
necessita a comunidade na qual ele está inserido. O grande sucesso na área
de ação cultural Biblioteca Parque Manguinhos deve-se à política
investimento nos funcionários que sempre estão sendo atualizados
profissionalmente Através de cursos, workshops e afins promovidos pela
Biblioteca com o intuito de melhor atender o público vigente, iniciativa não
comum no Brasil, país desprovido de políticas públicas efetivas (MUNHOZ,
2010).

3. METODOLOGIA DOS SERVIÇOS DA BIBLIOTECA

As bibliotecas enquanto centros de informação têm que fazer o


possível para desempenhar o papel de disseminação informacional de
maneira satisfatória para a sociedade. A Biblioteca Parque Manguinhos
possui inúmeros serviços voltados para a comunidade, com o intuito de fazer
com que os moradores encontrem em suas dependências um espaço de
convívio sadio e possam entender que a função da biblioteca está muito

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
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além da simples pesquisa bibliográfica, podendo também desempenhar o


papel de um espaço multiuso, onde diversas atividades culturais possam ser
desempenhadas.

3.1 Descrição dos serviços e atividades

Abaixo podemos citar alguns serviços da Biblioteca oferecidos para a


comunidade:

 CONSULTA E EMPRÉSTIMO – o serviço de empréstimo de livros e


DVD’s na Biblioteca dar-se mediante cadastro realizado pelo usuário. Os
únicos pré-requisitos para tal são a apresentação de um documento com
foto e um comprovante de residência. Não há limite de idade para o
cadastro, que é realizado na hora, no setor de referência da Biblioteca,
inclusive com a impressão de um cartão com a foto do usuário que também
é tirada na hora. Uma vez cadastrado, o leitor poderá alugar duas obras por
vez, entre livros e DVD’s. Para livros o prazo de empréstimo é de quinze
dias enquanto para DVD’s é de três dias, com a opção de renovação no
prazo de locação de ambos.

 ACERVO – A Biblioteca Parque Manguinhos possui um acervo com


cerca de 25 mil itens abrangendo praticamente todas as áreas do
conhecimento. No primeiro andar localizam-se a seção de periódicos
formada basicamente por revistas com periodicidade semanal, quinzenal e
mensal e jornais variados diários. Há ainda no primeiro pavimento uma parte
específica só voltada para a área de música e as obras das classes 700 até
900. No segundo andar está localizada a sala de leitura e também as obras
das classes 000 até 600 e também as de referência além computadores com
acesso a Internet e um terminal de consulta que pode ser acessado a base
de dados Alexandria a fim de localizar o material desejado. O
processamento técnico das obras é realizado por uma bibliotecária e um

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auxiliar de biblioteca, aluno do curso de Biblioteconomia em uma sala


específica para tal atividade. A tarefa de seleção e aquisição é realizada
também por ambos em parceria com a Superintendência da Leitura e do
Conhecimento do Estado do Rio de Janeiro.

 SALAS DE ESTUDO – Equipadas com laptops com conectados a


Internet, essas salas servem para que os usuários desfrutem de um
ambiente silencioso e adequado para que possam realizar suas pesquisas.

 DVDTECA – este espaço localizado no primeiro andar é destinado


como o próprio nome já diz ao acervo de DVD’s e possui cerca de 650 títulos
entre filmes (suspense, épico, comédia, ação etc.), shows, minisséries,
documentários, entre outros. O diferencial está no fato da existência de cinco
televisores de tela plana os quais o usuário opta por alugar os títulos ou
simplesmente assistir no local. Sugestões dos usuários são anotadas no
processo de aquisição dos DVD’s.

 SALA MEU BAIRRO – espaço localizado no segundo andar da


Biblioteca que serve para serem ministrados mini-cursos, palestras, reuniões
da comunidade, da associação dos moradores, dos condôminos do PAC e
afins.

 INCENTIVO A LEITURA – A Biblioteca se esforça para que o hábito


da leitura seja notório na comunidade, com grande foco nas crianças, pois
se acredita que a formação de cidadãos conscientes e íntegros acontece na
idade infantil e nada melhor do que trabalhar em face do incentivo a leitura a
fim de melhorar o panorama atual da sociedade. Várias atividades de acesso
ao livro e a leitura são desempenhadas na Biblioteca, atividades de contação
de estórias, exposição de obras específicas em datas cívicas (Dia do Livro,
Dia Consciência Negra, Dia da árvore, etc), premiação para crianças caso
consigam bater a cota de leitura de determinados livros, etc. Funcionários

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são treinados e qualificados periodicamente com cursos de contadores de


estória realizados até fora da cidade do Rio de Janeiro. O grande problema
a ser superado para conquistar os brasileiros para a leitura é justamente o
acesso ao livro, desde que é notório que o cidadão excluído socialmente
encontra-se impossibilitado de adquirir, com recursos próprios, a informação
que a leitura lhe fornece. “O livro, portador e mantenedor das narrativas em
nossa cultura tem, assim, o dom de unir as pessoas e de nos comunicar sua
vitalidade, pouco importando nossa origem, formação ou experiência
profissional”. (PROGRAMA...,p.18). A biblioteca por sua vez pode se
constituir em um espaço privilegiado para a intervenção social
desenvolvimento de mediação de leitura. Um espaço para a criação de um
novo projeto de sociedade, na busca de identidade de grupos
marginalizados pelo e do sistema dominante. Nesse sentido, a biblioteca tem
tudo para estar na vanguarda da luta contra a exclusão social se
conseguirmos aliar o acesso a tecnologias da informação, o texto escrito e a
comunicação a uma orientação voltada para o educativo, o organizativo e o
produtivo.

 AULAS DE MÚSICA – Aulas de Música (como flauta, por exemplo)


são ministradas no espaço da Biblioteca com professores qualificados e
gabaritados para exercer tal função.

 ATIVIDADES CÍVICAS – São atividades realizadas no espaço interno


e externo da Biblioteca que geral acontecem em datas cívicas ou
comemorativas. Costumam ter alta aceitabilidade pela comunidade em geral.
Um exemplo disso foram as duas últimas atividades; uma com duração de
três dias abordou sobre dia da consciência negra. Os funcionários da
Biblioteca todos se vestiram e trabalharam a rigor, com túnicas que
lembravam a cultura africana, houve exposição de livros que lembravam a
consciência negra, e o evento terminou com um desfile de moda com
modelos garimpados na própria comunidade. Outro evento marcante deu-se

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no mês de dezembro e consistiu na distribuição de presentes para as


crianças da comunidade, com direito a comes e bebes para cerca de 150
crianças. Algo marcante foi uma campanha realizada na Biblioteca na qual a
criança escrevia carta ao “Papai Noel” pedindo um determinado presente e
cada funcionário “adotava” uma criança, e no dia do evento sem a criança
saber, ela era agraciada por um presente do funcionário.

 ACERVO BRAILLE – No caminho para a inserção da pessoa


portadora de necessidades especiais no mundo da informação, um
importante setor da Biblioteca Parque Manguinhos destaca-se. É o acervo
Braille voltado especialmente para deficientes visuais e também com grande
aceitação do público, visto que atualmente, bibliotecas localizadas em
comunidades ainda pecam no que diz respeito a atender as demandas do
público portador de necessidades especiais.

 REVISTA SETOR X - A revista Setor X é o fio condutor do programa


de implementação de um núcleo editorial em na comunidade de
Manguinhos. Trata-se de uma revista feita pela comunidade para a
comunidade, com artigos e reflexões sobre atualidades, divulgação
empregos, concursos, etc. Tudo feito por funcionários da Biblioteca e
moradores da região com supervisão de profissionais capacitados para tal.

 OFICINA DE ALFABETIZAÇÃO DIGITAL – Tal oficina tem como


propósito à inclusão digital da comunidade na era da tecnologia da
informação através de cursos de informática para adultos e adolescentes.

 OFICINA DE CAPOEIRA – Aulas de capoeira ministradas por


profissional capacitado, voltadas para crianças e adolescente da
comunidade.

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Com certeza são inúmeras as atividades realizadas pela Biblioteca


Parque Manguinhos, com isso, somente algumas foram descritas acima.
Como é considerada um espaço multidisciplinar,e de aprendizagem, a
Biblioteca acaba por cumprir a missão da biblioteca pública e escolar,
contemplando acervos, serviços e atividades para todas as faixas etárias,
num ambiente aberto e propício à troca de informação, à discussão e à auto-
instrução. (MACHADO, 2005).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Iniciativas de ação cultural como as realizadas na Biblioteca Parque


Manguinhos são de suma importância para a comunidade em geral.
Infelizmente no Brasil, por parte das bibliotecas em geral, tais atividades
muitas vezes não fazem parte do cronograma, não atendendo na maioria
das vezes a demanda sócio-cultural da população. A Biblioteca descrita
neste trabalho com certeza desempenha um papel primordial na inclusão da
comunidade de Manguinhos na sociedade informacional. O profissional
bibliotecário enquanto agente cultural se torna elemento imprescindível para
manutenção dessas atividades, expandindo seu contexto tradicional - a
biblioteca. São inúmeras as possibilidades de ações, restando ao
bibliotecário utilizar-se de elementos diversos para diminuir a lacuna
estabelecida entre os usuários e os livros.
Nesse sentido, é preciso estar atento para identificar quais
informações são importantes para o cidadão comum, o trabalhador, o
desempregado, a dona-de-casa, as crianças e jovens que não freqüentam a
escola, os idoso, as pessoas com necessidades especiais [...] (MACHADO,
2008, p.149)
Em relação a bibliotecas-parque, verificou-se escassez em relação ao
material bibliográfico que trate do assunto, o que demonstra a necessidade
de investigação pelo tema. Porém conclui-se que as tais centros de
informação são um espaço diferenciado, constituindo-se uns tipos novos,

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peculiares de serviço de informação que deve ser muito valorizado por


profissionais da Biblioteconomia e Ciência da Informação. É importante
também a ampliação de debates acerca da temática, bem como divulgação
de experiências e estudos de cunho teórico para o desenvolvimento deste
tipo de unidade de informação.

REFERÊNCIAS

MACHADO, Elisa Campos. Identidade cultural de heliópolis: biblioteca


comunitária. Informação e Sociedade: estudos, João Pessoa, v. 15, n. 2,
p.113-125, jul./dez.2005

MATTELART, Armand. História da Sociedade da Informação. São Paulo,


Loyola, 2002.

MUNHOZ, Deise Parula; RAMOS, Clériston Ribeiro; MUNHOZ, Andreia


Parula. O bibliotecário enquanto agente cultural: promovendo aleitura por
meio de ações culturais. Biblos, Rio Grande, v. 1, n. 1, p.9-16, 2010.

ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Bibliotecas Públicas e


Alternativas. Londrina: Ed. UEL, 1997.

SUAIDEN, Emir. Biblioteca pública e informação a comunidade. São


Paulo: Global. 1995.

CHAUÍ, Marilena de Souza. Cidadania Cultural: o direito a Cultura. São


Paulo: Fundação Perceu Albano, 2006.

FLUSSER, Victor. A biblioteca como instrumento de ação cultural. Revista


da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 2, n. 12,
p.145-169, 1983.

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O PERFIL DO BIBLIOTECÁRIO EMPREENDEDOR NAS


BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS 1

DANIELLE, de Lima Silva *


MARCELO, de Andrade**
RAFAEL, Pereira Freitas***

Resumo:

Empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza objetivos,


disposto a assumir riscos. O estudo objetiva apresentar o perfil do
bibliotecário empreendedor nas bibliotecas universitárias, bem como
caracterizar suas diversas atuações nesse ambiente. O embasamento
teórico metodológico ocorre por meio de pesquisa bibliográfica de autores
que versam a temática abordada. Portanto, vale ressaltar que o bibliotecário
tradicional ligado aos métodos, técnicas e ferramentas aplicadas desde suas
primeiras práticas passa a dar lugar ao bibliotecário empreendedor, um
profissional dinâmico que alia a tecnologia da informação para inovar e
disseminar o conhecimento. Nessa linha, compreende-se que são
necessárias mudanças nos perfis desses profissionais que precisam de uma
visão multidisciplinar, que reúna novas competências e habilidades para
competirem no mercado de trabalho.

Palavras-Chave: Empreendedorismo; Perfil profissional; Bibliotecário


empreendedor.

INTRODUÇÃO

As transformações vivenciadas no mundo contemporâneo,


principalmente nas organizações oriundas do desenvolvimento tecnológico
foram o grande estopim das mudanças, transformações e inovações da
sociedade fazendo com que as empresas vislumbrassem vantagens
competitivas no acelerado mundo dos negócios. Nesse contexto, nasce a
figura do empreendedor, profissional capaz de promover o desenvolvimento
e o crescimento das empresas, qualidade fundamental para a sobrevivência
do empreendimento.
As universidades e faculdades são instituições produtoras e
disseminadoras de conhecimento, em especial se tem a biblioteca que

1
Comunicação Oral apresentada ao GT N° 4 – Temática Livre.
*UESPI. Graduanda. danyellylima2007@gmail.com
**UESPI. Graduando. barcellus_mca@hotmail.com
***UESPI. Graduado. rafaklombra@hotmail.com

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possui um papel importante na difusão da informação, proporcionando a


qualidade e excelência do ensino superior. Diante desse fato, o profissional
da informação inserido nesse ambiente de grande fluxo de conhecimento,
necessita desenvolver em seu âmbito de trabalho o espírito empreendedor.
Esse novo olhar sobre empreendedorismo voltado as unidades de
informação em especial a biblioteca universitária, traz consigo uma reflexão
sobre o novo profissional bibliotecário que o mercado de trabalho necessita,
saber operacionalizar de forma exata o conhecimento técnico que é
ensinado nas instituições de ensino superior não é mais o bastante, surgi
assim, um perfil profissional para esse novo universo,
Segundo Souza (2005) um indivíduo empreendedor é um líder com
competências excepcionais para tratar a complexidade das atividades
cotidianas, advindas da necessidade de atender a altos níveis de qualidade
que as universidades e faculdades exigem; canalizando as atividades
cotidianas em direção ao sucesso estratégico da empresa; aceita e promove
dentro do enfoque de responsabilidade social, a ética e os princípios morais
e ecológicos para todos os membros da empresa, como um fator de
competitividade galgando assim, o sucesso.
O objetivo desse trabalho é mostrar o perfil do bibliotecário
empreendedor, bem como a importância do empreendedorismo dentro das
bibliotecas universitárias e o quanto é essencial para o desenvolvimento do
conhecimento e disseminação da informação.
Inicialmente, busca-se fazer um pequeno levantamento da origem do
empreendedorismo, ressaltando seus conceitos e sua usabilidade nos dias
atuais. Em seguida, apresenta-se a sua importância para o sucesso nas
organizações. Na seção seguinte, descreve-se o paralelo do novo perfil do
bibliotecário da atualidade (empreendedor) versus o bibliotecário tradicional
(tecnicista), bem como competências (expostas pela CBO) e habilidades
exigidas pelo mercado de trabalho. Na última seção apresenta o
empreendedorismo dentro da biblioteca universitária, e por fim, relatam-se
os resultados obtidos com a pesquisa.

1 EMPREENDEDORISMO: origem e conceito.

O conceito de empreendedorismo foi utilizado pela primeira vez na


década de cinquenta pelo economista Joseph Schumpeter, para caracterizar
o tipo de pessoa com capacidade de inovar, arriscar e capaz de assumir
riscos. O também economista Richard Cantillon no século XVII, estabeleceu
uma diferença importantíssima para os conceitos administrativos e
econômicos que foi diferenciar o empreendedor (aquele que assume riscos),
do capitalista (aquele que fornecia o capital), naquela época os
empreendedores foram por muitas vezes confundidos com administradores,
equívoco que até hoje muitas pessoas cometem. Com as mudanças
históricas o empreendedor ganhou novos conceitos, na verdade, são
definições sob outros ângulos de visão sobre o mesmo tema.

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Uma das primeiras definições da palavra empreendedor, foi


elaborada no início do século XIX pelo economista francês
J. B. Say, como aquele que transfere recursos econômicos
de um setor de produtividade mais baixa para um setor de
produtividade mais elevada e de maior rendimento.
(BRITTO; WEVER, 2003, p. 17)

No Brasil, a entrada do empreendedorismo se deu a partir da década


de 90, após abertura econômica que culminou na modernização das
empresas para uma posterior concorrência com o mercado estrangeiro. O
empreendedorismo tem obtido uma difusão considerável no Brasil nos
últimos anos, e hoje ser um empreendedor é quase um imperativo, pois é
importante lembrar que por trás de novas idéias que vem revolucionando a
sociedade, há sempre um visionário, que com seu talento, somado à análise,
planejamento e capacidade de implementação, é responsável por
empreendimentos de sucesso (BENSADON, 2001).
Mas, somente no ano 2000, o empreendedorismo obteve uma
ascensão no Brasil com a volta de investimentos estrangeiros e com a
exportação em alta, a geração de empregos superou as 40 milhões de
vagas. O país abria às portas para inovação, chegando a hora dos
empreendedores mostrarem sua cara e suas habilidades, habilidades essas
que são decisivas na esfera competitiva em que o mundo dos negócios
encontra-se inserido, deixando de lado modelos arcaicos e rotineiros para
dar (grifo nosso) lugar a modelos inovadores de mercado, onde há total
interação do prestador de serviço ou fabricante de produtos com o cliente
proporcionando cada vez mais a fidelização de sua clientela, características
que são essenciais no ambiente biblioteconômico e que o mercado de
trabalho necessita.

2 A IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO PARA O SUCESSO NAS


ORGANIZAÇÕES

O profissional empreendedor cada vez mais está em evidencia na


sociedade, e com isso, passa por mudanças vislumbrando novos horizontes.
Há tempos quando se falava em profissional empreendedor associava-se
logo a uma pessoa com o seu próprio negócio, mas atualmente esse
conceito está sendo reformulado, as empresas cada dia estão a procura de
mão-de-obra empreendedora um profissional inovador, que assume riscos
calculados, pró-ativo e com uma visão sistêmica, surgindo assim os
intrapreneurs (empreendedores internos) ou intraempreendedores como são
mais conhecidos. Os “bons tarefeiros” como são denominados os
funcionários fechados a mudanças cada vez mais estão sendo substituídos
por profissionais que a partir de uma idéia, e recebendo a liberdade,
incentivo e recursos da empresa onde trabalha, dedica-se entusiasticamente
em transformá-la em um produto de sucesso (MARTINELLI, 2003).
A biblioteca mesmo sendo uma organização sem fins lucrativos tem a
necessidade de empreender, principalmente por ter sido um dos setores que

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mais sofreu transformações com o avanço das novas tecnologias, o


bibliotecário empreendedor tem que acompanhar as mudanças nas
tecnologias e reformular suas habilidades para o usuário que cada vez mais
exige um serviço de qualidade.

A biblioteca possui papel decisivo no ensino superior, por se


constituir em um dos principais recursos de que a universidade
dispõe para atingir suas finalidades. Tendo em vista que o
profissional da informação desenvolve suas atividades em
ambientes que exigem mudanças em seus papéis tradicionais,
algumas atenções são exigidas. Acredita-se na necessidade de
aperfeiçoar suas habilidades e transformá-lo em um profissional
empreendedor e inovador, preparando-o para este novo e recente
paradigma que o manterá competitivo no futuro (HONOESKO,
[20-]).

O bibliotecário munido dessas habilidades faz com que a biblioteca


se torne um setor importante dentro da organização, quebrando o
estereotipo que a biblioteca nada mais é do que um depósito de livros,
transformando-a no ambiente de interação e disseminação de conhecimento
onde o cliente sinta prazer de fazer uso de seus serviços.
O empreendedorismo ainda é um conhecimento pouco difundido na
Biblioteconomia por se tratar de uma esfera sem a obtenção de lucros, os
fluxogramas das instituições de ensino superior que ofertam o curso dão
lugar a disciplinas técnicas ao invés de humanísticas.
O mercado de trabalho especificamente na área de tecnologia da
informação e da biblioteconomia está carente de profissionais com espírito
empreendedor.

Os bibliotecários trabalham em instituições que se modificam, e


para acompanhar essas mudanças eles devem se atualizar,
aperfeiçoar suas habilidades e se transformar em profissionais
empreendedores e inovadores, preparando-se para o atual e
futuro modelo da sociedade. (NOGUEIRA, 2009).

As universidades como instituições de grande fluxo de conhecimento


e informação atualizada, necessita de um profissional com educação
continuada, comunicativo, compreensivo, criativo, interativo, flexível, crítico,
experiente, solidário, com atitude e iniciativa, inteligente, empreendedor,
dinâmico, ou seja, o profissional da informação necessita ser multifacetados
para adquirir competência informacional para operacionalizar seus
conhecimentos de modo integrado em prol dos objetivos da empresa e de
seu usuário.

3 O PERFIL DO BILIOTECÁRIO EMPREENDEDOR X O PERFIL DO


BIBLIOTECÁRIO TRADICIONAL

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O Bibliotecário empreendedor é o profissional desprendido das


atividades de cunho técnico e apto para atuar de forma crítica,
empreendedora (assumindo riscos) e eficaz na identificação e
processamento de demandas informacionais, no domínio das tecnologias
disponíveis, no gerenciamento de serviços e recursos informacionais.
Já o Bibliotecário tradicional remete ao profissional ainda ligado
totalmente as técnicas (classificação, catalogação, indexação), preocupado
em apenas fazer o básico, sem disposição para inovar e acrescentar no seu
ambiente de trabalho algo dinâmico, novo, ou seja, empreendedor.
De acordo com a nova realidade exigida pelas empresas, instituições,
os profissionais da informação precisam estar ciente do seu novo papel, é
necessário que eles sejam flexíveis para se adaptarem a essas
transformações, de modo a assegurar sua permanência no mercado atual.
O elemento de trabalho atual que garante a esses profissionais novas
perspectivas de atuação profissional chama-se informação. Le Coadic (2004,
p. 4) define informação como “um conhecimento inscrito (registrado) em
forma escrita (impressa ou digital), oral ou audiovisual, em um suporte”.
Já Mueller (1989, p. 65) em seus estudos, expandiu a função social
do profissional da informação para além do tradicional:

A identificação das funções que temos assumido como


profissionais, e dos caminhos potenciais para o desenvolvimento
da profissão, nos fornecem um panorama da diversidade do
campo profissional, ela adiciona a função da preservação, da
educação e do suporte ao estudo e à pesquisa, como suplemento
para o alcance de tal êxito.

Nesse aspecto, observa-se que possuir característica


empreendedora exige a mudança no comportamento e de novas atitudes
dos profissionais. Tendo em vista, a adequação desse fenômeno
empreendedor, é necessário que esses profissionais procurem atualizações
e acréscimos de suas competências. Dessa forma, Ferreira (2003, p.45 apud
MAIMONE; TÁLAMO, 2003, p. 309) profere:

À medida que as organizações estão mudando o foco das


competências essenciais em resposta à globalização, tem-se
evidenciado que os profissionais da área da ciência da informação
(prioritariamente Bibliotecários) devam revisar o que fazem de
melhor e reafirmar o compromisso com a ampliação de suas
competências e o crescimento profissional, a fim de que possam
agregar valor aos serviços de informação que são a eles
designados e disponíveis a seus usuários. (Grifo nosso)

As palavras em destaque mostram os desafios e os grandes riscos


que esses profissionais precisam enfrentar para competirem e se
enquadrarem no novo modelo exigido pelas organizações.

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Nessa conjuntura, convém ressaltar que diante do contexto dinâmico


em que os profissionais estão inseridos é de grande importância que os
mesmos incluam as novas competências e habilidades ao perfil tradicional.
O quadro abaixo apresenta o paralelo entre as competências do
profissional da informação listadas pela Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO) e as habilidades requeridas pelo mercado de trabalho
atual, empregada ao cenário organizacional.

TABELA 1: COMPETÊNCIAS/HABILIDADES

Competências do Profissional da Competências exigidas pelas


Informação pela Classificação Brasileira Organizações.
de Ocupações (CBO).
Manter-se atualizado Disposição para mudanças
Liderar equipes Liderança
Trabalhar em equipe e em rede Afetividade + sociabilidade
Demonstrar capacidade de análise e
Análise e síntese / ou avaliação
síntese
Demonstrar conhecimento de outros
Comunicação
idiomas
Demonstrar capacidade de comunicação e
Negociação
negociação
Agir com ética Ética ou liderança
Demonstrar senso de organização Organização e planejamento
Capacidade empreendedora Realização
Criatividade + outras capacidades
Demonstrar Raciocínio lógico
Cognitivas
Capacidade de concentração Atenção / priorização
Demonstrar Pro-atividade Antecipar ameaças
Demonstrar Criatividade Flexibilidade / criatividade
Fonte: Adaptado de Faria et. al. (2005, p.30, grifo nosso).

Uma das características requeridas pela CBO aos profissionais da


informação é a capacidade empreendedora, ou seja, de investir, arriscar, de
vir à tona, enfim, profissional disposto a executar e expandir suas atividades
sempre na busca do êxito.

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4 O BIBLOTECÁRIO EMPRENDEDOR DENTRO DA BIBLIOTECA


UNIVERSITÁRIA

Comenta- se muito hoje em dia sobre empreendedorismo, seja qual


for à área de atuação, voltado para qual for o profissional, o mesmo tem que
desenvolver essas qualidades, ou seja, ter dentro de si o espírito inovador.
Criatividade é outro termo que está diretamente ligado ao
empreendedorismo, já que as principais características desse profissional
relatam sobre um individuo que se envolve com práticas antes não pensadas
ou mesmo não avaliadas como sendo algo interessante que traga retorno a
curto e médio prazo. Acerca disso, Honesko (2002, p. 3) diz que

[...] o desenvolvimento dos empreendedores parte do princípio de


que os seres humanos são dotados de uma necessidade de criar
algo que jamais existiu, ou melhorar o que não funciona bem,
podendo tais criações tornarem-se ou não lucrativas. Isso significa
fazer coisas novas ou desenvolver maneiras novas e diferentes de
fazer as coisas. A atividade de empreender é representada
principalmente pela identificação e aproveitamento constante de
novas oportunidades. É através de uma idéia que se visualiza uma
oportunidade. E as oportunidades decorrem das mudanças.

As constantes mudanças no cenário econômico, administrativo e o


aumento da competitividade nos negócios comprovam que cada vez mais se
sobressaem os que têm algo de novo a apresentar dentro de uma
determinada instituição. Tudo isso levou a uma constante corrida para a
capacitação do profissional, estando esse atrás de novas ferramentas para
desenvolver seu trabalho da melhor forma possível aumentando
consequentemente sua produtividade no setor e garantindo sua
permanência sobrevivência no mercado de trabalho. Nas bibliotecas não foi
diferente, é de extrema importância a gestão empreendedora para as
bibliotecas, pois acreditam que os profissionais da informação devam se
atualizar e inovar para não se tornarem somente guardiões de livros, e sim
verdadeiros disseminadores da informação.
Nota-se que as primeiras definições para esse novo termo levavam
mais para o contexto do campo econômico - administrativo, onde em um
mundo cada vez mais globalizado e capitalista os profissionais eram
avaliados segundo seu rendimento financeiro fazendo com que houvesse
uma dissociação interna dos funcionários para sobressair-se dentre os
demais. Isso instiga a capacidade de criar, aumentando a criatividade que
como vimos antes, caminha lado a lado com o empreendedorismo.
Trazendo para o lado da biblioteconomia o profissional bibliotecário
munido desse espírito deve superar desafios e quebrar paradigmas, mostrar
o quanto é importante, a biblioteca dentro de qualquer instituição seja
pública ou privada. A diversidade dos serviços oferecidos pela biblioteca e
seus inúmeros tipos de usuários deixa o profissional livre, para desenvolver

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

trabalhos cada vez mais direcionados, para cada tipo de cliente de acordo
com o perfil previamente identificado.
Valentim (1998, p. 112), afirma que

[...] nestes últimos anos verifica-se um crescimento na atuação do


profissional bibliotecário, como consultor, assessor, autônomo, ou
mesmo terceirizado. No entanto, sabe-se que é uma minoria.
Neste mercado livre é necessário um profissional bibliotecário
mais empreendedor, mais ousado. Para o terceiro milênio o
profissional da informação deverá ser mais observador,
empreendedor, atuante, flexível, dinâmico, ousado, integrador,
proativo e principalmente mais voltado para o futuro. A formação,
portanto, deve estar voltada para a obtenção de um profissional
que atenda essas características.

Com o advento das novas tecnologias o leque de ferramentas ao


alcance do gestor de um centro de informação aumentou
consideravelmente. O profissional da informação não pode privar-se dessas
ferramentas, deve-se está sempre atento e atualizado ao que há de novo e o
que pode ser usado ao seu favor, ou seja, ao atendimento do usuário junto
às necessidades impostas por estes.
Os serviços prestados pelas bibliotecas universitárias aos seus
usuários tendem a ser mais complexo e os desafios são maiores, haja vista
a dimensão do papel desempenhado por ela dentro de uma instituição de
ensino superior, as mesmas prestam serviços a um público mais consciente
dos seus direitos e mais exigentes na qualidade dos serviços oferecidos.
Para isto a biblioteca tem que está preparada para identificar e avaliar seus
usuários reais e potenciais, ao mesmo tempo em que devem suprir os
anseios de quem os procura. O profissional empreendedor tem papel
importantíssimo nesse processo, já que as habilidades biblioteconômicas
associada às estratégias empreendedoras implicarão em uma melhoria dos
produtos e serviços informacionais.

A gestão empreendedora com ênfase na inovação e criatividade,


se adotada pelas bibliotecas, provavelmente proporcionará a
possibilidade da abertura de novos caminhos e oportunidades
para que os gestores tenham uma ampla visão dos objetivos
corporativos e compreensão do propósito das atividades e dos
serviços que a biblioteca oferece, tornando-os diferenciados e
relevantes. A efetivação de mudanças nesse sentido sinaliza a
possibilidade de prover os usuários com o que lhes falta,
antecipando dessa forma suas necessidades e superando suas
expectativas (HONESKO 2002, p. 2).

O estudo do usuário é mais um mecanismo desenvolvido dentro das


bibliotecas universitárias com o objetivo de identificar as necessidades de
informação bem como avaliar os vários tipos de usuários e suas respectivas
deficiências, seja física, motora, auditiva ou visual, ou até mesmo financeira.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Determinar os recursos necessários e administrá-los de forma


abrangente dentro desse contexto, é ser empreendedor. Concomitantemente
com essas ações, coloca-se em pauta a implantação de outros tipos de
materiais especiais, denominados não-livros: CD’s, DVD’s, filmes, discos,
fitas cassetes, diapositivos, revistas especializadas, periódicos e as novas
tecnologias como: assinaturas de periódicos on-line, softwares, blogs e
outros. Dá suportes adequados para a utilização desses materiais é
fundamental.
Observa-se que estão em evidencia atualmente o fenômeno das
chamadas redes sociais, endereços eletrônicos onde usuários interagem
entre si trocando informações discutindo temas afins, alimentando cada vez
mais os canais de relacionamentos como: Orkut, Facebook, Twitter, Blogs e
outros. O bibliotecário empreendedor atento as novas tecnologias de
informação assumindo a consciência do papel inovador dentro da instituição,
deve fazer uso dessas ferramentas e trazer para dentro da biblioteca
usufruindo as vantagens e benefícios para disseminar conhecimento,
atraindo assim, novos usuários.
As bibliotecas universitárias podem usar as redes sociais como forma
de manter informados os usuários sobre o que acontece e o que irá
acontecer na biblioteca, desde regulamentos, novidades, convites para
eventos, alterações no acervo e até cursos oferecidos. Criar portais
interativos através dessas redes, disponibilizando um serviço para manter
amigos, familiares e colegas de trabalho conectados. Deixar para trás a
imagem de uma biblioteca fechada, inalterada, consolidada pelo silêncio e
gerenciada pelos moldes arcaicos e partir para o ser empreendedor.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dessa realidade tão significante, verificou-se que mudanças
são necessárias na postura de cada profissional, no caso do bibliotecário é
admirável que desenvolva/adquira ao longo de sua formação e atuação
profissional novas competências e habilidades, para poder acompanhar as
tendências e evoluções tecnológicas.
De acordo com essa nova realidade em que os profissionais da
informação precisam estar cientes é necessário que eles sejam flexíveis
para se adaptarem a essas transformações, de modo a assegurar sua
permanência no mercado atual.
A partir das informações levantadas para a realização do estudo,
compreende-se que esse processo requer profissionais que possuem
qualificações e disposições para gerir o grande fluxo informacional,
necessário ao desenvolvimento das atividades presentes nas instituições.
Por fim, entende-se que essa temática é de grande importância para
a classe bibliotecária, pois o mercado de trabalho está em contínua e franca
modificação e expansão devido a fatores do sistema de mercado advindos
da globalização da economia e das tecnologias de informação e
comunicação e o bibliotecário precisa estar preparado para ser competitivo
nesse novo contexto.

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AGRADECIMENTOS

Aos colegas de estudo pela disponibilização das informações


prestadas e a nós mesmos pela garra e coragem de encarar essa produção
sem contar com uma estrutura adequada.

REFERÊNCIAS

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planejamento organizacional do empreendedor contemporâneo. Dissertação
de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis: 2001.

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Acesso em: 20 mar. 2011.

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Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação
Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

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2009. planejamento organizacional do empreendedor contemporâneo.
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DEL MERCOSUR, 2, Chile, out. 1998. Anais eletrônicos ... Santiago, 1998.
p. 109-114. Disponível em: <http://utem.cl/deptogestinfo/21.doc>. Acesso
em: 04 abr. 2011.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

PRODUÇÃO CIENTÍFICA: Conceitos, iniciativas e fatores


complicadores1.
Aurélio Fernando Ferreira*
Valéria Bastos da Silva**

Resumo

A produção científica pode ser conceituada como o resultado do processo de criação


do conhecimento através da pesquisa, explicitado e registrado em um suporte, é
através desta produção que o conhecimento de dentro da universidade chega até a
sociedade e organizações visando seus desenvolvimentos. Este trabalho, através de
análise bibliográfica e pesquisa com alunos de Universidades Federais, busca
conceituar e mostrar as iniciativas nacionais para o crescimento da produção
científica, bem como visualizar possíveis fatores complicadores desta produção.
Como resultados o trabalho mostra, através da análise de alunos de Instituições
Federais, quais os principais fatores complicadores dando subsídios para os
gestores empreenderem possíveis mudanças neste quadro, o trabalho se justifica
pela importância que a produção científica tem como veículo para a melhoria da
qualidade de vida dos habitantes de um país através do desenvolvimento da ciência.
Palavras-chave : Produção científica; Fatores complicadores da produção científica.

“A informação científica é o insumo básico para o


desenvolvimento científico e tecnológico de um país”.
Hélio Kuramoto.

1 Introdução

A ideia da elaboração deste artigo partiu da curiosidade de entender o


processo de produção científica nas Universidades Federais. Durante levantamento
bibliográfico, para surpresa, nada se achou sobre o conceito de produção científica,
mas sim sobre seu processo, como: números, rankings e incentivo por parte do
governo brasileiro para o aumento, principalmente qualitativo, de informações para
elaboração de pesquisas em variados campos do conhecimento. O artigo trás
através de análise qualitativa das informações um panorama da produção científica
e de fatores complicadores no processo. Através da análise das informações foi
proposto um conceito para produção científica por parte dos autores para que os
leitores se ambientassem da pesquisa proposta, aliás entender o processo de
pesquisa é muito importante, pois esta é uma atividade que de alguma forma e em
algum momento vai ser uma prática do aluno que individualmente se utilizará dela
para a confecção de trabalhos acadêmicos e fatalmente irá ter que se deparar com
alguns fatores complicadores desta produção, sejam eles metodológicos, pessoais
ou de capacitação com as novas tecnologias de informação.

1
Comunicação Oral apresentada ao GT4 - Temática Livre.
*Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Graduando em Gestão da Informação.
E-mail. aurelio.fernando@hotmail.com.
**Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Graduanda em Biblioteconomia.
E-mail. bastos_val@yahoo.com

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A produção científica é onde a sociedade e organizações podem retirar


conhecimentos para a melhoria de suas práticas e processos, o que pode justificar a
elaboração deste trabalho, justificado também pela possibilidade dos gestores de
instituições acadêmicas, entenderem através das respostas dos alunos
pesquisados, pontos que podem ser trabalhados para um aumento quantitativo e
melhoria qualitativa das produções científicas dos discentes, alavancando a criação
do conhecimento através da pesquisa.
2 Objetivo
Geral: Conceituar e mostrar as iniciativas criadas para dar subsídios à produção
científica no Brasil. Os métodos de pesquisa e as normatizações para a criação do
conhecimento através desta produção, além de descrever através da análise dos
alunos de Universidades Federais, os fatores que podem vir a serem complicadores
para a criação deste conhecimento.
Específico: Propor, a partir da análise dos resultados deste trabalho, pontos onde
devem ser iniciados processos para a minimização de fatores complicadores da
produção científica, tentando criar um pensamento crítico que desperte de maneira
mais eficiente a criação do conhecimento através da pesquisa para os discentes.
3 Produção científica: Conceitos e incentivos
Analisado separadamente Produção é o ato ou efeito de criar, gerar, elaborar
e realizar. E ciência é o conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou
produzidos, historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade
que permitem sua transmissão, estruturados com métodos, teorias e linguagens
próprias, que visam compreender e, orientar a natureza e as atividades humanas.
(DICIONÁRIO AURÉLIO, 1996).
Com base nestes conceitos propomos o conceito de Produção Científica,
então, como a explicitação da informação como resultado dos processos realizados
através da geração do conhecimento adquiridos no decurso de uma pesquisa
registrado em um suporte, isto é, a produção científica é a consequência das etapas
da criação do conhecimento através do empirismo sintetizadas e registradas num
trabalho acadêmico.
A produção científica é a base para o desenvolvimento e a superação de
dependência entre países e entre regiões de um mesmo país; é o veículo para a
melhoria da qualidade de vida dos habitantes de um país; é a forma de se fazer
presente, no presente e futuro. Neste contexto é inegável o papel da ciência na vida
das pessoas, das instituições e dos países. Assim pode-se afirmar que alguma
produção científica está ligada à maioria, quase totalidade das coisas, dos anais,
dos lugares com que as pessoas se envolvem no cotidiano. (NASCIMENTO, FILHO,
SILVA, MORAES, BERNARDO E BORGES, 2009).
Produzir cientificamente é uma capacidade intelectual do homem que se
afirma pela sua habilidade de analisar criteriosamente a grande quantidade de
informações, sobre os variados campos do conhecimento. (BUFREM e PRATES,
2005), tal processo se transforma na atividade vital de sua consciência, com o intuito
de representar objetos e entendê-los, essa capacidade é o que distingue o homem
dos outros seres (MARX, 1998).
Conscientemente através de suas interpretações o homem molda a
informação realizando e produzindo conhecimento através de sua análise crítica e
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suas impressões sobre os fenômenos que o cerca, apoiado no resultado de suas


pesquisas e em grandes pensadores e conhecedores da área.
Pesquisar é uma prática pessoal, onde o conhecimento é criado através da
assimilação amadurecida na experiência empírica. Portanto difícil de ser ensinada,
assim como a conversão dos dados em informações, pois na pesquisa, como os
dados precisam adicionar significados para assim se transformar em informação,
essa seria inerente ao pesquisador que apoiado nesse processo cria pra si o
conhecimento (SENRA 2000). Assim com o conhecimento formado é de sua
capacidade intelectual repassá-lo à sociedade na forma de uma produção científica.
Essa capacidade de produzir cientificamente é criada nas universidades,
instituições onde o conhecimento forma e direciona a criação do pensamento crítico
a nível superior, através de pesquisa e prática do cultivo do saber humano. É o
principal local onde o pesquisador pratica e é estimulado através de atividades de
extensão e pesquisa registradas, tendo como principal finalidade o crescimento
social, organizacional e desenvolvimento humano.
As universidades brasileiras têm tido tradicionalmente resultados que,
qualitativa e quantitativamente, indicam atuações de alto nível, comparativamente
aos padrões internacionais, tanto em formação de pessoal quanto em produção
científica (MOREIRA, 2001).
Esse resultado é consequência do esforço de professores e alunos em
procurar as lacunas onde o conhecimento ainda não foi explorado trazendo à tona
questões relevantes para o crescimento científico.
Para estarem em iguais condições sobre o conhecimento produzido hoje no
mundo as universidades, contam com o acesso às principais revistas acadêmicas
mundiais através de algumas iniciativas, uma delas e talvez mais importante seja o
Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), criado em 2000, e que reúne e disponibiliza às instituições de
ensino e pesquisa no Brasil a produção científica internacional.
A base CAPES iniciou suas atividades em 1990 com um acervo de 1.419
periódicos contando hoje, em 2011, com um acervo, de cerca, de 15 mil títulos, 126
bases de dados referenciais, seis bases de patentes, livros, normas técnicas,
enciclopédias e obras de referência, estatísticas e conteúdo audiovisual, contando
com produções científicas em textos completos, que podem ser disponibilizados aos
pesquisadores (WWW.PERIODICOS.CAPES.GOV.BR, 2011).
Tal esforço tem um custo anual de 50 milhões de dólares e é fruto de
exaustivas negociações com os editores privados das principais revistas acadêmicas
no mundo e o governo brasileiro, que tem como objetivo fortalecer a pós-graduação
no país. Através desta iniciativa os resultados das produções científicas realizadas,
neste momento, estão acessíveis a pesquisadores em tempo real.
Além dessa iniciativa o Instituto Brasileiro em Ciência e Tecnologia (IBICT),
(WWW.IBICT.BR, 2011), têm favorecido a publicação de revistas acadêmicas
brasileiras, estimulando o acesso ao conhecimento. Em 2010 o IBICT implantou e
está disseminando o Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER) e o
(INSEER), uma incubadora de revistas para dar suporte àquelas instituições e
grupos que já possuem publicações impressas, mas que não possuem as condições
institucionais para realização da migração para o novo sistema. O que se está
conseguindo com isso é a ampliação do acesso para toda a população dos países
falantes da língua portuguesa da produção científica nacional e internacional. Hoje,

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já são 777 revistas em Acesso Aberto no país e esta ação precisa ser fortalecida,
estimulada e ampliada (PRETTO, 2010).
Os pesquisadores ainda podem contar com bases brasileiras como a SCIELO
(WWW.SCIELO.ORG) produto da cooperação entre a Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) (WWW.FAPESP.BR, 2011), Centro
Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME)
(WWW.BIREME.BR, 2011), instituições nacionais e internacionais relacionadas com
a comunicação científica e editores científicos. Um projeto piloto, envolvendo 10
periódicos brasileiros de diferentes áreas do conhecimento, foi desenvolvido com
êxito entre Março de 1997 e Maio de 1998, com o desenvolvimento e a avaliação de
uma metodologia adequada para a publicação eletrônica na Internet. Desde Junho
de 1998 o projeto opera regularmente, incorporando novos títulos de periódicos e
expandindo sua operação para outros países. A partir de 2002, o Projeto conta com
o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq
(WWW.CNPQ.BR, 2011).
O site do Ministério da Educação e Cultura (MEC) (HTTP://portal.mec.gov.br)
divulgou em 2008 o ranking que aponta que o Brasil responde por 2,02% do total da
produção científica mundial com 19.428 artigos publicados, ficando na 15ª colocação
no ranking no mundo, superando países como a Suíça (1,89%) e a Suécia (1,81%) e
aproximando-se da Holanda (2,55%) e da Rússia (2,66%). Os números foram
divulgados pelo ministro da Educação, e pelo presidente da CAPES.
A pesquisa também revela que o Brasil se destaca entre os países Latino-
americanos. Em segundo lugar no continente vem o México, na 28ª posição mundial,
com 7.469 artigos publicados no mesmo período, o que corresponde a 0,78% da
produção no mundo. Quando combinados os fatores território, população e
economia2, o Brasil figura entre os quatro primeiros produtores científicos do mundo,
junto com a Rússia, os Estados Unidos e a China. Quando o quesito é qualidade,
medida pela porcentagem de citações, em primeiro fica a Dinamarca, seguida pela
Suíça e o Brasil figura em 25º na lista, com (57,6%) em citações no período de 2006
a 2007 na frente de países como a Rússia e a China (TANCREDI, 2008).
A área que mais se destaca da produção científica brasileira no mundo é a
Agricultura com 4.139 artigos produzidos, configurando (4%) da produção mundial,
dentro do país o primeiro lugar fica com a Medicina com 3.745 artigos publicados.
Entre os artigos brasileiros mais citados no mundo no período de 2003 a 2007 (71%)
são da área de neurociência, enquanto que os artigos da Agricultura são pouco
citados, devido ao nosso clima tropical que pouco interessa aos países com outro
clima.
Quando o tema da pesquisa é produção científica, o Brasil está em segundo
lugar no número de registros de trabalhos. Em pesquisa bibliométrica na Base de
dados ISI Web of Knowledge, disponível na base CAPES, entre os 6.483
documentos encontrados, em primeiro lugar fica os Estados Unidos com 107
publicações, seguido do Brasil com 44, na frente da Inglaterra, França, Espanha e
Alemanha, o que mostra que o tema é muito pesquisado no Brasil. Os 50 primeiros
países, nesta pesquisa, estão destacados na figura abaixo.

2
Países com mais de 4 milhões de quilômetros quadrados, mais de 100 milhões de habitantes, e com
o PIB (Produto Interno Bruto) maior do que 400 milhões de dólares.

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Número de Registros

País / Território

Figura 1 – Produção científica (Busca por assunto)


Fonte: Base de dados ISI Web of Knowledge

Todas as iniciativas e incentivos à produção científica, mostradas neste


capítulo mostram um alto custo e grandes investimentos. Estes investimentos se
justificam, pois é através da produção científica que o conhecimento produzido no
interior da universidade é difundido e democratizado. Levando até a sociedade,
alternativas para a solução de seus problemas e para o seu desenvolvimento
integrado e sustentável. É a produção científica, ainda, um instrumento para prestar
contas à sociedade, mostrando os resultados, a pertinência e a relevância das ações
acadêmicas. É, também, o espelho do desempenho docente e discente, nas
atividades indissociáveis de ensino, pesquisa e extensão. (UEFS, 2010).
Apesar de todos os aspectos citados neste capítulo, existem fatores que
podem vir a serem complicadores da produção científica, algumas delas estão
destacadas no próximo capítulo.

5 Fatores complicadores da produção científica


O avanço das tecnologias da informação e comunicação propicia aos
usuários da internet uma grande quantidade de informações a um clique. Esse
avanço torna a informação está vez mais acessível e usável, o que torna possível a
qualquer usuário vasculhar a internet atrás de informações, sejam elas em forma de
texto, música, imagem, entre outras. Mas devido também a grande quantidade de
informações essa busca tem se tornado cada vez mais demorada e pouco precisa,
muitas vezes estas informações são descartadas pela falta de atualização ou de
credibilidade do que é encontrado. Estes caminhos podem ser ampliados ou
estreitados de acordo com o domínio de línguas, velocidade de acesso e
capacitação do usuário (TEIXEIRA 2010). Esse fenômeno também ocorre em bases
de dados de periódicos que apesar de serem importantes instrumentos de busca de
informações para o uso em produções científicas, devem estar organizadas, o que
exige de seus usuários uma capacitação para seu uso. Essa organização e
disponibilização têm um preço, e não é barato, o que torna o seu acesso restrito
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como no caso da base de periódicos CAPES, vista no capítulo anterior, que tem seu
acesso restrito às Universidades Federais e exige do usuário também uma
capacitação para sua utilização.
Mas apesar de seu custo e do incentivo por parte do governo a CAPES é de
longe explorada como deveria. Uma explicação para o pouco acesso à pesquisa
pode estar na forma como ela foi desenvolvida, através de bases intermediadas por
grandes conjuntos de bases de dados de diferentes tendências de editoras
multinacionais numa mesma interface, mas conservando a sua personalidade
organizacional. Tal configuração prejudica a difusão de conteúdo, problemas de
acessibilidade e disseminação de informações que não suprem a demanda dos
usuários, indicando a falta de instrumentos técnicos e lógicos para apontar um
funcionamento mais integrado, completo e interoperável. (MARTINEZ, FERREIRA,
GALINDO, ASSIS, TERRÍVEL e SILVA, 2009). Tais fatores podem ser
complicadores para a construção do conhecimento científico, pois impedem o
acesso de informações imprescindíveis ao pesquisador.
O problema de acesso e produção científica também pode estar dentro da
universidade, na sala de aula, Segundo Simões (2002, p.31) existem dois problemas
que podem levar ao estresse no momento da produção científica, o primeiro é um
quase total desconhecimento da forma que o texto deve apresentar, isto é, pouco se
sabe sobre a normatização e metodologias para sua confecção.
Quanto à normatização, quem regula as normas para a apresentação de
produções científicas é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
(WWW.ABNT.ORG.BR), responsável pela normalização técnica nacional, além de
representar também outras normas internacionais no Brasil: SO (International
Organization for Standardization), IEC (International Eletrotechnical Comission); e
das entidades de normalização regional COPANT (Comissão Panamericana de
Normas Técnicas) e a AMN (Associação Mercosul de Normalização).
Apesar da rigidez, o uso da normatização é indispensável, pois confere a
sociedade científica reconhecer e analisar uniformemente produções científicas de
diversas áreas do conhecimento, garantido a objetividade da produção.
O uso da ABNT têm importância fundamental na segurança, viabilidade e a
realização de várias atividades, estabelecendo especificações técnicas para os
setores industriais, orientação aos consumidores, padrões para os serviços
prestados, características aos produtos comercializados, ou seja, contribuindo para
a melhor qualidade dos bens e para a segurança de vidas e do meio ambiente
(ABNT, 1998). Segundo a ABNT a normatização tem objetivos sintetizados abaixo
nas tabelas:

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OBJETIVOS DA NORMATIZAÇÃO
SIMPLIFICAÇÃO Reduzir a crescente variedade de procedimentos e tipos de produtos;
COMUNICAÇÃO Proporcionar meios mais eficientes para a troca de informação entre o
fabricante e o cliente, melhorando a confiabilidade
das relações comerciais e de serviços;
ECONOMIA Visar a economia global, tanto do lado do produtor quanto do consumidor;
SEGURANÇA Proteger a vida humana e garantir saúde é considerada um dos
principais objetivos da normalização;
PROTEÇÃO AO Trazer à comunidade a possibilidade de aferir a qualidade dos produtos;
CONSUMIDOR
ELIMINAÇÃO DAS A normalização evita a existência de regulamentos conflitantes sobre
BARREIRAS produtos e serviços em diferentes países, facilitando assim o intercâmbio
COMERCIAIS comercial.
Tabela 1 – Objetivos da Normatização
Fonte: ABNT (www.abnt.org.br)

Os benefícios da normalização podem ser divididos em qualitativos e


quantitativos, destacados na tabela abaixo:

BENEFÍCIOS DA NORMATIZAÇÃO
QUALITATIVOS QUANTITATIVOS
Utilização adequada de recursos materiais, Reduz o consumo e o desperdício;
equipamentos e mão de obra;

Uniformização do trabalho através da disciplina Especifica matérias-primas;


das atividades e produção;
Melhora o nível técnico da mão-de-obra e Equipamentos e componentes padronizados;
facilita o treinamento;
Registra o conhecimento tecnológico; Variedades de produtos reduzidas;
Venda ou contratação de tecnologia facilitada. Fornece procedimentos para cálculos e
projetos;
Aumenta a produtividade;
Qualidade de produtos e serviços Melhorados;
Controla produtos e processos.
Tabela 2 – Benefícios da Normatização
Fonte: ABNT (www.abnt.org.br)

Quando o assunto é a Metodologia para pesquisa visando a Produção


Científica, no contexto de disciplina em cursos de graduação e pós-graduação,
normalmente não é bem aceita pelos alunos (DEMO, 1998), pois a mesma exige o
estudo das normas regulamentadoras, regras estruturais e detalhes técnicos que na
maioria das vezes não são bem vistos por aqueles que necessitam estudar e
realizam as suas tarefas de modo mais relaxado, escrevendo o que pensam sem
tantas regras e exigências metodológicas.
Mas vale salientar que o objetivo maior da Metodologia da Produção
Científica é fazer com que se exercite a capacidade de pensar e conhecer
distintamente, voltadas para análises de ambientes, dados, informações e situações
diversas.
Para que isso aconteça de forma adequada, se faz necessário que o
pesquisador exercite o hábito da leitura e da interpretação de textos e dados criando
uma visão crítica daquilo que está sendo pesquisado e o coloque em condições de
ser estudado de forma correta ao longo do período histórico em que se encontre.
Mas isso só é possível se o trabalho de pesquisa for bem orientado, ditado dentro de
regras claras de condicionamento e assim a Metodologia da Pesquisa e da
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Produção Científica assume um importante papel que nos dá os métodos


adequados para que se consiga atingir esse objetivo, dependente de "um conjunto
de procedimentos intelectuais e técnicos" (Gil, 1999).
Esse exercício visa incentivar a criação do conhecimento, pois outro problema
enfrentado pelo pesquisador é a falta de orientação de professores, De acordo com
Silva (2010) “A falta de orientação correta do professor, é uma entre as principais
causas do copiar e colar”, que acaba por configurar o plágio. Segundo ainda a
autora, não é suficiente que o docente diga apenas para que os discentes
pesquisem sobre um determinado assunto. Por isso, que o professor como um
gestor do conhecimento deve estar interado nas mudanças tecnológicas, para poder
orientar seu aluno interagindo e motivando-os na busca do conhecimento intelectual.
Essa interação é muitas vezes perturbada por problemas de relacionamento entre as
partes, questões como falta de tempo, timidez e falta de abertura entre o aluno e o
professor, também são fatores que podem vir a serem complicadores para a
produção científica
Alguns fatores citados neste capítulo como complicadores da produção
científica, remetem mais a disciplina do pesquisador em ler, entender regras e criar
um regime a ser seguido, e habitualmente recuperado ao se iniciar um novo
processo de pesquisa. Também existem fatores como falta de abertura e
relacionamento entre professor e aluno que complicam a produção científica, entre
outros. No capítulo 7, na parte de resultados, serão apresentados aspectos que na
visão de alunos de graduação podem vir a serem mais complicadores na hora da
elaboração da produção científica, confirmando e dando subsídios para uma tomada
de decisão que vise, por parte dos gestores, a minimização dos fatores
complicadores da Produção científica.

6 Metodologia
Este trabalho consistiu em fazer inicialmente um levantamento bibliográfico
sobre os conceitos de produção científica e seu contexto atual. Os instrumentos
oferecidos através das tecnologias da informação e comunicação, mostrando toda a
iniciativa para o incremento da construção do conhecimento nas universidades e os
fatores complicadores da produção conforme a literatura.
Em seguida, foi enviado um questionário com perguntas subjetivas, sobre
fatores complicadores da produção científica encontrados na literatura e sintetizados
no questionário, visando entender diante da interpretação dos dados, quais para
alunos seriam mais complicadores. Os alunos pesquisados fazem parte do curso de
Biblioteconomia das universidades Federais do, Maranhão (UFMA), Ceará e Ceará
Campus Cariri (UFC e UFC-CARIRI), Pará (UFPA), Paraíba (UFPB) e Pernambuco
(UFPE) e do curso de Gestão da informação da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). Ao todo foram enviados 300 questionários, metade para os
alunos do curso de Biblioteconomia e a outra metade para os alunos do curso de
Gestão da Informação da universidade Federal de Pernambuco. Detalhados na
tabela 1.

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Espaço Amostral da Pesquisa


Quantidade
Alunos Curso Instituição
Pesquisados
30 Biblioteconomia Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
12 // Universidade Federal do Ceará (UFC)
7 // Universidade Federal do Ceará (Campus Cariri) (UFC- Cariri)
12 // Universidade Federal do Pará (UFPA)
17 // Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
72 // Universidade Federal de Pernambuco
150 Gestão da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Informação
Total 300 2 Cursos 7 Universidades Participantes
Alunos
Tabela 3 – Espaço amostral da Pesquisa
Fonte: Elaboração Própria

O Cronograma de pesquisa transcorreu durante os meses de Dezembro de


2010 à Abril de 2011. Iniciando pela coleta de material Bibliográfico, envio dos
questionários via online, pela ferramenta Google Docs (http://docs.google.com),
recebimento dos dados dos questionários, redação do texto e respostas dos
participantes, como descrito na tabela 2.
CRONOGRAMA DA PESQUISA
Tarefa / Mês Dez/2010 Jan/2011 Fev/2011 Mar/2011 Abr/2011
Levantamento Bibliográfico
Envio do Questionário
Recebimento das
respostas
Redação do Texto
Envio para o evento

Tabela 4 – Cronograma da Pesquisa


Fonte: Elaboração Própria

7 Resultados

A partir de fatores complicadores da produção científica, encontrados na


literatura, foi confeccionado um questionário, em anexo, posteriormente enviado aos
alunos para assim poder ser analisado, entre os fatores na visão dos pesquisados,
quais os mais complicadores. A primeira pergunta, de múltipla escolha, visou dar
aos alunos a possibilidade de escolher entre as alternativas a que o mesmo se
familiarize, podendo dar uma dimensão ao final da análise de qual o maior, bem
como o menor fator que contribui negativamente para a produção científica.
Obs.: Devido a múltipla escolha da pergunta os resultados podem ultrapassar a
soma de (100%).

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Figura 2 – Resultado da primeira pergunta do questionário.


Fonte: Elaboração própria

Os resultados da análise da figura 2, apontou a falta de conhecimento de


como elaborar e produzir cientificamente como o principal complicador (61%),
seguido da falta de incentivo financeiro para participações de eventos, em especial
em locais mais distantes (54%). A falta de incentivo e orientação por parte dos
professores e a timidez e/ou nervosismo para apresentação da produção tiveram a
mesma porcentagem de votos (41%) e por último a rigidez da normatização da
ABNT ficou com apenas (2%) dos votos. Também colocamos em discussão o fator
do pouco conhecimento por parte dos docentes do fim levado aos trabalhos
científicos após a submissão em eventos, revistas entre outros, bem como da pouca
importância desta produção para a sociedade, que ficou com (7%) dos votos. Tais
resultados podem apontar diretrizes para a minimização destas complicações. As
quatro perguntas mais votadas, remetem a problemas institucionais, que podem ser
abordados dentro das universidades com medidas de incentivo à pesquisa,
adequações com as práticas de ensino e maior abertura entre os professores e
alunos. Apenas o problema de timidez / nervosismo nas apresentações, pode vir a
ser minimizado com o aumento de práticas de seminários nas disciplinas ou através
de eventos internos que condicionem os alunos a desenvolver uma auto-confiança
na hora da interação com o público. A baixa votação indica que a rigidez da ABNT
não atrapalha a produção científica, muito devido ao fato de alguns eventos
enviarem modelos de formatação antes da submissão de trabalhos, e devido
também a abordagem de metodologias de trabalho científico na grade de disciplinas
dos cursos abordados na pesquisa. Quanto a pergunta da pouca importância da

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pesquisa para alguns, remete a gestão da informação dos eventos, que não deixam
a disponibilização de anais e da recuperação da informação nos repositórios.
A segunda pergunta visou perceber entre os usuários pesquisados, sua
participação em produções científicas.

Figura 3 – Resultado da segunda pergunta do questionário.


Fonte: Elaboração própria

O resultado da segunda pergunta, figura 3, mostra que a maioria dos


pesquisados (71%), já produziu ou participou de alguma produção científica. Tal
resultado certifica a participação dos alunos na pesquisa, na medida em que
demonstra que a maioria pode ter ao longo de suas pesquisas encontrado com
alguns dos fatores complicadores citados no questionário.

Figura 4 – Resultado da terceira pergunta do questionário.


Fonte: Elaboração própria

O resultado da pergunta 3, figura 4, mostra que apesar da maioria ter feito


parte ou produzido trabalhos acadêmicos no resultado da pergunta anterior, (54%)
acham que seu curso não o deixa suficiente preparado para produzi-los, o que pode
indicar aos gestores possíveis causas como: problema na grade curricular, o que
pode vir a ser complementado através de disciplinas eletivas ou mini cursos, ou
ainda uma falha na condução da aula de metodologia, ou ainda falta de interesse
dos alunos.
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8 Considerações finais

O trabalho mostra que hoje a produção científica no Brasil vive um momento


privilegiado, muito tem sido feito por parte do governo brasileiro para incentivar a
criação do conhecimento através da pesquisa, haja vista os grandes investimentos
em bases de dados de periódicos, bem como medidas de inclusão de revistas
brasileiras neste cenário, como abordados no capítulo 3.
A produção científica é um processo que exige prática, conhecimento e
capacitação, além da busca pessoal de entender os processos de pesquisa como
uma chance de conhecer melhor a área de atuação, bem como ter satisfação em
contribuir para o engrandecimento científico, tanto próprio como do curso e da
instituição, por isso produzir cientificamente através da pesquisa é talvez a mais
importante tarefa do aluno dentro da academia e de seu reconhecimento para a
sociedade.

Referências

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<http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 21 dez. 2010.

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<http://regional.bvsalud.org/php/index.php>. Acesso em: 15 jan. 2010.

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mensuração da informação. Ciência da Informação. Brasília, v. 34, n. 2, p. 9-25,
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CNPQ, Conselho nacional de desenvolvimento científico e tecnológico. Disponível


em: <http://www.cnpq.br/cnpq/relatorio.htm>. Acesso em: 07 jan. 2010.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1998. (Col.
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KURAMOTO, Helio. Informação científica: proposta de um novo modelo para o
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MARTINEZ, M. L.; FERREIRA, Sueli Mara Soares Pinto; GALINDO, Marcos; ASSIS,
Leonardo da Silva; TERRÍVEL, Daniel; SILVA, S.V.N. Estudo de usabilidade do
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portal de periódicos da CAPES : análise do perfil do usuário discente da UFPE.. In:


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NASCIMENTO, João Paulo de Brito; FILHO, Geraldo Alemandro Leite; SILVA, Isabel
Cristina da. MORAES; MORAES, Aline Freire de Oliveira; BERNARDO, Denise
Carneiro dos Reis; BORGES, Guilherme de Freitas. Governança Corporativa em
Foco: Uma Análise na Produção Científica dos Anais e Periódicos da Universidade
de São Paulo. São Paulo 2009.
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PRETTO, Nelson. Faltam meios de divulgar a produção acadêmica no brasil.


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SENRA, Nelson Castro. O ensino da prática de pesquisa, vivência e consciência.
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TANCREDI, Letícia . Ministério da Educação. Cresce a produção científica no brasil.


Disponível em: <http://portal.mec.gov.bR>. Acesso em: 21 jan. 2011. Brasília.
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em: <http://www.uefs.br/portal/artigos>. Acesso em: 18 fev. 2010.
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Anexos

Questionário de Pesquisa sobre fatores complicadores da produção científica entre


discentes.
Texto de Apoio: A produção científica é o principal veículo onde os conhecimentos
de dentro da universidade podem contribuir com avanços para a sociedade ou para
as organizações, apesar disso são poucos os que participam de eventos e
pesquisas. Este questionário tem como objetivo analisar entre os alunos as
principais causas complicadoras da produção científica procurando dar subsídios e
apontar melhoras dessa participação.
Aurélio Fernando Ferreira - Gestão da Informação (UFPE);
Valéria Bastos da Silva - Biblioteconomia (UFMA).

01) Na sua visão quais são os fatores que contribuem negativamente para a
elaboração e produção científica?

(podem ser marcadas múltiplas escolhas)


Falta de incentivo e orientação por parte dos professores;
Falta de conhecimento de como elaborar e produzir trabalhos acadêmicos;
Falta de incentivo financeiro das universidades em eventos fora do estado;
Rigidez da normatização da ABNT;
Timidez (nervosismo) em apresentar trabalhos;
Acho que a produção acadêmica não contribui em nada para a sociedade e
que os trabalhos produzidos ficam esquecidos em bases de dados;

02) Você já produziu ou participou da produção de alguma pesquisa que gerou


algum trabalho científico?

SIM
NÃO

03) Você acha que seu curso lhe deixa suficientemente preparado para produzir
trabalhos acadêmicos?

SIM
NÃO

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QUANDO A BIBLIOTECA COMUNICA: espaço e


ambientação1

MÁRCIA, Regina Pereira Sapia*


FERNANDO, Bittencourt dos Santos**
AURINEIDE, Alves Braga***

Resumo:
As bibliotecas entre públicas e privadas podem se apresentar como escolares,
comunitárias, universitárias e especializadas, e assim necessitam adequar sua
estrutura ao espaço físico que lhes são destinados e à sua metodologia de trabalho
que envolve a política de atendimento ao usuário. Suas atividades podem se
desenvolver em três grandes áreas: área de acervos, área dos funcionários e área
destinada aos usuários. O presente estudo volta-se para a área destinada aos
usuários, com análise do que envolve sua ambientação quanto à iluminação, ruídos,
cores, temperatura e ventilação. Estende a análise à comunicação que se
estabelece entre a biblioteca e seus usuários em decorrência da adequação do seu
espaço e ambiente. Motiva e justifica o presente estudo a necessidade de se
conhecer o que envolve esse preparo dos esses espaços de estudo e pesquisa e a
comunicação estabelecida com o usuário de bibliotecas. O estudo caracteriza-se por
uma revisão de literatura, com caráter exploratório em informações obtidas através
de levantamento bibliográfico que tem como fontes: artigos científicos, livros,
legislações e revistas especializadas em ambientação de espaços,

Palavras-Chave: Espaço; Ambientação; Usuário.

Introdução

“A informação analisada como instrumento que possibilita ao indivíduo o


conhecimento necessário à sua transformação, ao seu crescimento, à amplitude em
opções de construção de trajetória de vida é um direito a ser exercido pelo cidadão”
(SAPIA, 2010). A sua disponibilização deve acontecer em todos os espaços aos
quais seja possível o acesso do ser humano, assim, a natureza por si é uma fonte de
informação. Entretanto quando se pensa a informação como produto de um trabalho
aparece a figura do profissional da informação. Segundo Le Coadic (1996, p. 106)
“por profissionais da informação entendemos as pessoas [...] que adquirem
informação registrada em diferentes suportes, organizam, descrevem, indexam,
armazenam, recuperam e distribuem essa informação em sua forma original ou

1
Comunicação oral – GT Nº 4 – Temática Livre
*
Universidade Federal de Rondônia - Graduanda em Biblioteconomia. marcia.tarabai@gmail.com
**
Universidade Federal de Rondônia – Professor Mestre – fernandoubatuba@hotmail.com
***
Universidade Federal de Rondônia – Professora Especialista – aurineideb@yahoo.com.br
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como produtos elaborados a partir dela”. Esse profissional é assim


responsável por todo esse processo que alcança um ponto máximo
quando através do seu trabalho propicia o aprendizado e o conhecimento por parte
do indivíduo, doravante chamado de usuário.
O profissional da informação tem vários campos de atuação, locais onde a
informação possa ser buscada, recuperada, selecionada, armazenada, e
disseminada. Dentre os locais de trabalho desse profissional estão as bibliotecas. As
bibliotecas entre públicas e privadas podem se apresentar como escolares,
comunitárias, universitárias e especializadas, e nessa premissa adequar sua
estrutura ao espaço físico que lhes são destinados e ainda à sua metodologia de
trabalho que envolve em especial a política de atendimento ao usuário.
Nos espaços das bibliotecas encontram-se em atividades os seus
funcionários dentre os quais estão os profissionais da informação, os auxiliares
técnicos e administrativos e os seus administradores nas suas respectivas funções
conforme a designação dada pela instituição, e ainda e em especial os seus
usuários. Todos, no alcance do seu objetivo, frequentam o mesmo espaço e nessa
condição cada qual o sente de uma forma diferente, com expectativas próprias e
intrínsecas, que certamente podem ser favorecidas pela ambientação do local que
propicia uma melhor visão e sensação de agradabilidade e de conforto que são
próprios de ambientes estudados e bem preparados para receber seu trabalhador,
seu usuário.
Especificamente, desperta a atenção as condições das dimensões internas de
uma biblioteca universitária no tocante à sua adequação de espaço, quando se
busca olhar com mais acuidade as condições humanas dos seus recursos de
ambiente, considerando-se tratar de um espaço específico, no qual se busca a
informação que se encontra disponibilizada e se realizam pesquisas e estudos, o
que desperta ainda o interesse pela comunicação que esse espaço produz, alimenta
e propicia.
Com essas considerações, pretende esse estudo discorrer sobre o preparo do
espaço físico no tocante à importância de sua ambientação, detalhando-se no que
for pertinente, as condições de iluminação, ruídos e climatização do ambiente como
fatores que implicam em agradar, atrair e seduzir o usuário, assim como iniciar um
estudo sobre a forma como tem acontecido a comunicação desse espaço e sua
própria divulgação.

Ambientação do Espaço: o que envolve

São muitas as razões que podem justificar o comportamento do usuário de


bibliotecas, tanto na sua constância de frequência como no seu distanciamento.
Podem ser relacionadas algumas condições para essas ocorrências, considerando
que uns permanecem, outros se afastam e outros ainda desconhecem os serviços
disponibilizados pelas bibliotecas. Dentre as razões consideramos para estudo a
ambientação dos espaços de leituras e estudo dessas bibliotecas no tocante à
temperatura, iluminação, ruídos, cores, acessibilidade, conforto. Todo preparo de um
ambiente de biblioteca resulta por estabelecer sua comunicação com o usuário,
implicando na demonstração de sua importância no processo informacional.

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A informação pensada como produto de um trabalho tem na


sua construção e produção a participação ativa do profissional da
informação atuante e necessário, porque não dizer imprescindível, quando o que se
busca obter é a informação certa, para uma necessidade existente ou ainda latente.
Dentre os espaços onde este profissional pode atuar estão as bibliotecas.
Organizações vistas como grandes depositários de livros e documentos alcançou na
sua trajetória patamar de suntuosidade e importância que na contemporaneidade
muitos ignoram ou ainda se admiram por não compreender a importância de locais
onde se acumulam obras literárias, obras de referência, livros didáticos, trabalhos
acadêmicos, entre outros.
Não duvidamos que a disponibilização de tantos conteúdos e assuntos na
Internet, a sua facilidade de acesso, a comodidade de não precisar se deslocar
fisicamente para a obtenção de informação em muito contribui para essa visão
limitada quanto à importância dos espaços destinados às bibliotecas. Esse
desconhecimento, infelizmente pode alcançar inclusive os profissionais envolvidos
num projeto de construção, adequação ou reforma de um prédio destinado a receber
as instalações de uma biblioteca, momento em que o profissional da informação
deverá também exercer seu papel no esclarecimento e auxílio para a elaboração dos
projetos, tratando de ser conhecedor do seu campo de atuação.
Para ampliar essa visão de espaço ou buscando uma definição, em Barbalho
(2000) encontramos que

o espaço pode ser considerado como um texto que produz significações e


caracteriza-se como objeto de comunicação, uma vez que é portador de
uma infinidade de significações que proporciona seu uso e inter-relaciona o
destinador e o destinatário.

Essa fala ampara a importância que exerce o preparo e adequação de um


espaço para o fim a que se destina. Não se trata apenas do espaço, mas o que esse
espaço comunica e como esse espaço se liga ao seu usuário. Como exerce poder
atrativo e convidativo para o seu uso.
Estando o presente estudo voltado para o espaço destinado às bibliotecas e
os espaços que essas bibliotecas preparam e disponibilizam aos seus usuários
continuamos com Barbalho (2000) quando assevera:

Para persuadir o olhar do usuário de modo a obter sua adesão e,


conseguintemente, sua disposição em utilizá-la, a biblioteca se enuncia,
inclusive, pelo modo como ocupa o espaço se manifestando através da
localização estratégica de seu edifício, da sua arquitetura exterior que busca
transmitir ao público a importância das atividades que ocorrem em seu seio,
bem como através da concepção, desenho e funcionalidade da arquitetura
de seu interior, sua ambientação e sua sinalização (BARBALHO, 2000).

Fica assentada assim a importância que exerce a condição espacial como um


atrativo do ser humano para a busca e uso de um espaço, e nesse caso o espaço
das bibliotecas.
Quando então adentramos o espaço interno da biblioteca algumas vertentes e
fatores podem ser considerados e analisados como possíveis conquistadores de
usuários, não superando por certo a importância e qualidade do acervo que a
instituição detém e disponibiliza, sejam por meio físico ou eletrônico, o que não é o
foco desse estudo.

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Formação do profissional da informação: desafios, perspectivas e campos de atuação.

Firmando o objetivo de estudar e analisar as condições


físicas que determinam a frequência do usuário, falamos da
ambiência interior dos prédios das bibliotecas, da preocupação com sua arquitetura,
da sua disponibilização de sinalizações e indicações, da iluminação adequada para
o trabalho dos seus profissionais, para o conforto dos seus usuários, para a
conservação do seu acervo. Falamos da climatização, imprescindível ao ser humano
para seu conforto e ao acervo para sua conservação e preservação. Falamos dos
ruídos que podem implicar no estudo e concentração dos usuários, justificando sua
frequência ou sua evasão. Para reforçar a questão da importância do espaço
trazemos a citação de Carvalho (1995 apud AMBONI, 2004):

• O local deve ter o tamanho e qualidades suficientes para abrigar o acervo


e fornecer o espaço necessário ao seu uso por alunos, professores e seu
próprio pessoal.
• As instalações devem ser atrativas e projetadas para promover o uso da
biblioteca de forma eficiente e eficaz.
• Espaço adequado para o pessoal da biblioteca deve estar disponível.
• A biblioteca bem equipada para encorajar o máximo uso por alunos,
professores e colaboradores.

Quando discorre a respeito da dimensão das instalações físicas Amboni


(2004) registra:
O layout das bibliotecas contempla os fatores de ambiência, iluminação,
temperatura, cores, ruídos e climatização. Esses componentes determinam
aparência, conforto, facilidade de fluxo para pessoas e materiais,
maximização das áreas disponíveis e o planejamento de ampliações,
economia nas instalações e nos espaços destinados ao desenvolvimento
técnico, controle de qualidade e facilidades para eventuais mudanças sem
parar a produção, a prestação de serviços e a administração. (AMBONI,
2004)

Segundo Wehrplotz, Candido e Bono (1999), “espaço para funcionários;


espaço para acervo; espaço para usuário” são as três grandes áreas de atividades
de uma biblioteca, quando então se conclui que são nessas áreas que podem ser
analisados os fatores mencionados por Amboni, na citação anterior.
Ressaltamos que falar em espaço nesse estudo implica numa chamada para
o preparo e adequação desse espaço, qual seja, mesmo quando se adentra a
questão física e dimensional está se voltando para a análise e verificação dos
fatores destacados: iluminação, temperatura, cores, ruídos, climatização.
A previsão do espaço físico em três grandes áreas não significa, no entanto
dizer que devam permanecer como células únicas. Qual seja: o espaço para os
funcionários cabe de acordo com a estrutura administrativa e organizacional ser
dividido e/ou subdividido conforme a necessidade. Lembrando ainda nesse caso a
posição dos funcionários que atuam no contato direto com os usuários, sejam os
recepcionistas, os profissionais do serviço de referência ou o pessoal do balcão de
empréstimos e devolução de livros.
O espaço para o acervo ou área de armazenamento pode, de forma a facilitar
a localização das obras buscadas ser organizado de acordo com seu suporte físico,
se livros, periódicos, folhetos, mapas, discos, materiais especiais etc. Destacando
que deve ser respeitado ainda o item 8.7.3 da NBR 9050:2004 quando essa
determina que “A distância entre estantes de livros deve ser de no mínimo 0,90 m de
largura, [...]. Nos corredores entre as estantes, a cada 15 m, deve haver um espaço

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que permita a manobra da cadeira de rodas. Recomenda-se a


rotação de 180°, conforme 4.3”.
Com mais acuidade o presente estudo se volta para o espaço destinado aos
usuários, em especial quando se pensa nas bibliotecas deste século que tem “como
centro o aluno, a aprendizagem, e não mais o ensino” (POWELL, 2002, p.110 apud
SANTOS & ANDRADE, 2008). Santos e Andrade registram ainda que Powell
“recomenda a criação de vários espaços, incluindo o chamado social space, que
seria um espaço onde se poderia comer e beber, conversar com amigos”.
Considerando a implementação desse social space, e tratando de ser um
espaço de conversação livre por certo não haverá preocupação com ruídos e
odores, nesse caso a atenção estará voltada para a divisória colocada entre os
ambientes tendo-se a compreensão de que mesmo a visibilidade do que acontece
naquele espaço pode repercutir na concentração e estudo daqueles que estiverem
na área destinada a leituras. A dimensão física desse espaço anunciado não cabe
ser tão significativa, considerando não ser o objetivo primeiro da biblioteca, mas
precisa estar devidamente adequada para o fim a que se destina, caso contrário
será um espaço vazio e então desnecessário.
Às salas de leitura em grupo devidamente isoladas da sala principal de leitura
individualizada, aplicam-se as mesmas condições de cuidados com a iluminação,
temperatura, recepção e produção de ruídos com consequente exteriorização dos
mesmos, mobiliário adequado, cores que deverão ser estudadas de forma a
propiciar um ambiente sereno e estimulante ao mesmo tempo. Deverá o conjunto
inspirar a sensação agradável de conforto e apoio ao estudo e pesquisa. Não se
deve confundir a busca pela agradabilidade com a condição de fazer o usuário
sentir-se em casa. O ambiente é de estudo, aquisição de conhecimento.

[...], uma biblioteca não é uma casa, um palácio, um templo, um teatro.


Através de vários elementos que evoca e nela se confrontam, ela se
pronuncia como um lugar de conhecimento, de conservação, de pesquisa,
propício para auxiliar na mudança de estados de ignorância (BARBALHO,
2000).

O mobiliário e sua disposição deverão observar critérios de “qualidade (da


matéria prima e do acabamento), funcionalidade (adequada ao uso), estética,
flexibilidade e modularidade (que possam ser juntados ou separados), ergonomia,
praticidade de manutenção e durabilidade” (COSTA, [s.d.]). Toda orientação deve
ser observada de acordo com a dimensão espacial, as características e
peculiaridades do público alvo, sem deixar, porém de propiciar a flexibilização e
mobilidade necessária para futuras alterações no contexto da biblioteca.
Essa qualificação e especificação sugere-se que sejam observadas para
todas as áreas, o que significa sua aplicação aos espaços destinados aos
funcionários. Ressalta-se aqui que o estudo não estará focado no acervo e sim no
componente humano e seu bem estar dentro do espaço da biblioteca, em especial o
usuário, razão porque não falamos do mobiliário destinado aos acervos.
A produção de ruídos num espaço onde circula o ser humano não deixa de
acontecer mesmo que em níveis mínimos, que para uns pode ser imperceptível, mas
para outros significa uma grande interferência. Então desde a construção ou reforma
do prédio deverá o responsável arquitetônico cuidar de buscar e implementar o uso
de materiais que possibilitem um controle na acústica, o que implica pisos, paredes,
divisórias e cobertura adequados. Almeida (2009, p.121) quando fala sobre o piso
diz que “considera-se ideal aquele que, além de bonito e silencioso, não exala

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nenhum poluente nocivo, não favorece a infestação de insetos, é


impermeável e resistente à água, à prova de fogo ou auto-
extinguível e requer fácil manutenção”.
Também para efeito de disfarce ou controle de ruídos Cruz, Inoue e Contin
(2000), citando Mason apud Figueiredo (1983) afirmam que:

deveria ser incluído na prática bibliotecária, programar no sistema de


ventilação um fundo ambiental de sons suaves para disfarçar ruídos de
movimento, zumbidos provenientes das instalações e das conversões
baixas, coisas que ocorrem numa biblioteca.

A iluminação é aspecto de fundamental importância numa biblioteca tanto


pela interferência que exerce sobre o acervo quanto pelo conforto que deve
proporcionar aos funcionários e usuários. Em conformidade com Almeida (2009,
pp.123 e 124) em normal são utilizadas como fontes a luz natural e a luz produzida
por lâmpadas fluorescentes, mas devendo ser aquela evitada nas áreas de trabalho,
de armazenamento de acervos e de leituras, em razão do nível muito elevado de
radiação ultravioleta, que é extremamente prejudicial a materiais de bibliotecas.
Assevera ainda que a luz ambiental muitas vezes é utilizada para efeitos estéticos e
psicológicos, uso este que representa uma séria ameaça durabilidade dos materiais.
Nesse quesito iluminação implicando conforto do usuário de biblioteca, há que
se considerar o conforto para leituras o que para tanto não pode a iluminação ser
marcada por sombras, meia luz. O conforto será proporcionado na medida em que o
usuário possa realizar suas leituras, desenvolver suas pesquisas e estudos. “A
iluminação [...] é controlada por três fatores: distribuição das lâmpadas, intensidade
de fontes de luz e distribuição espectral ou de cor das luzes” (ALMEIDA, 2009
p.124). Isso denota a importância que deve ser dada à iluminação enquanto preparo
de espaço e ambiente.
O cuidado com a temperatura e o sistema de ventilação são fatores que
indicam a forma de atenção dispensada ao conforto do usuário. Sem adentrar na
atenção que deve ser dada a área de armazenamento de acervos nas suas mais
diversas especificidades, voltamos nossa preocupação com as temperaturas
proporcionadas nos espaços de leituras. De maneira uniforme deverá estar o
ambiente climatizado favorecendo a concentração e a permanência do usuário.
Entretanto, climatização não significa temperaturas extremamente frias nos locais
onde a temperatura do ambiente externo seja muito elevada, muito menos quente
nos locais onde o ambiente externo seja de característica contrária. Nesse quesito
temperatura e ventilação talvez resida a diferença de conforto de um para outro
usuário, porque as características pessoais exigem para uns uma temperatura mais
baixa e para outros mais alta. Assim a sugestão seria de um meio termo entre 19°e
23° de acordo com Costa ([s.d.]). No entanto, carecemos de mais estudos a respeito
posto que a temperatura que circula nos espaços de leituras pode afetar os locais de
armazenamento de acervos.

O controle das questões referentes à temperatura e umidade pode ser feito


através dos seguintes equipamentos:
. aparelho de ar condicionado, para manter a temperatura sob domínio;
. higrômetro para medir a umidade relativa do ar;
. termo-higrômetro, para medir a temperatura e a umidade e
. desumidificador, para retirar a umidade do ambiente. (COSTA, [s.d.])

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São estes fatores de ambientação interna que podem


sinalizar e fazer a significação da comunicação entre a biblioteca e
o usuário. Barbalho assegura:

Com efeito, o espaço-biblioteca deixa pistas que marcam sua


intencionalidade de informar, comover e fazer agir o usuário que seleciona,
organiza e dota as mensagens de sentido através da movimentação de seu
corpo no ambiente e seus trajetos são resultados da interação que ele
assume ao deslocar-se no espaço demarcado pelas geografias do serviço
público de informação. (BARBALHO, 2000)

Nessa proposta de buscar compreender a influência que a ambientação do


espaço interno das bibliotecas exerce na frequência ou afastamento do usuário e por
fim realiza sua comunicação, continuamos com Barbalho.

Efetuar estudos sobre o significado do espaço construído para bibliotecas


implica primeiramente observar que ela só pode ser apreendida se
relacionada a um lugar diferente, ou seja, ela está colocada para ser
assumida como espaço de informação e de conhecimento, independente
das variáveis que possa apresentar – pública, especializada, escolar,
universitária, nacional etc. –, de modo a mostrar-se como significante que,
ao ser articulado com o seu significado, estabelece uma relação de uso que
lhe é próprio. De certo modo, analisar o espaço-biblioteca é entender os
sentidos despertados no usuário e colocá-lo como um lugar de enunciação
cuja intencionalidade das marcas intertextuais que produz são orientações
construídas para o uso do ambiente. (BARBALHO, 2000)

Considerações Finais

A ambientação de um espaço é um convite para que de um modo geral as


pessoas frequentem aquele espaço, porquanto é um convite à sua frequência e
permanência.
Tratando de ser esse espaço o espaço destinado aos usuários de biblioteca
onde a pesquisa, a leitura, a busca por informação e conhecimento acontecem, a
atenção aos quesitos que inspiram conforto e agradabilidade não podem ser
subestimados ou mesmo desconsiderados quando da elaboração do projeto
arquitetônico de construção ou de um projeto de reforma do prédio, de forma que
seja incorporado e encampado por todos os envolvidos a compreensão de que não
se trata de uma construção qualquer, mas de um espaço que deve ser adequado e
preparado para o fim a que se destina.
Nessa compreensão deve o profissional da informação que conhecedor da
importância do espaço onde atua ser participativo com orientações e discussões
sobre a implementação das condições necessárias e adequadas para as três
grandes áreas que implicam no ambiente interno da biblioteca, com destaque e
ênfase ao espaço destinado aos usuários.
O espaço adequadamente preparado, que oferece conforto de iluminação,
climatização, ruídos, cores implica na comunicação que a biblioteca enquanto
organismo vivo, pulsante, estabelece com seu usuário, como a convidá-lo a adentrar
seu espaço, a fazer uso, a permanecer e a estar presente, através de leituras,
pesquisas, na busca por informações, conhecimentos. Um espaço onde o usuário
sinta-se prestigiado e respeitado e onde possa ser superada ou mesmo esquecida
aquela ideia de outrora de que a biblioteca é um depósito de livros.
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A ambientação comunica um espaço, o espaço comunica


uma intenção, e essa intenção deve ser entendida pelo usuário de
biblioteca como um convite ao espaço, não simplesmente onde está a informação,
mas um espaço de informação e conhecimento.

Referências

ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de. Planejamento de bibliotecas e serviços de


informação. 2 ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2009.

AMBONI, Narcisa de Fátima. Qualidade em serviços: uma proposta para avaliação


de serviços das bibliotecas universitárias federais brasileiras. In: XIII SEMINÁRIO
NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 2004. Revista Informação e
Universidade, Rio de Janeiro, v. 1, n. 0, jul./dez., 2009. Disponível em:
<http://www.siglinux.nce.ufrj.br/~gtbib/site/2009/07/avaliacao-biblioteca/>. Acesso
em: 01 abr. 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:2004:


Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de
Janeiro, 2004.

BARBALHO, Célia Regina Simonetti. Leituras espaciais: o sentido semiótico do


edifício da biblioteca. In: XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA
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COSTA, Klytia de Souza Brasil Dias da. Organização de bibliotecas: espaço físico.
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CRUZ, M. I. A.; INOUE, C. R.; CONTIN, R. C. C. Biblioteca do Lageado: partido


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Microsoft Word. Porto Velho: Editora SENAC Rondônia, 2007.

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F. S. de Filgueiras Gomes. Brasília: Briquet de Lemos, 1996, 119 p.

SANTOS, Ana Rosa dos; ANDRADE, Marcos Vinícius Mendonça. Padrões espaciais
em bibliotecas universitárias no contexto da sociedade do conhecimento: revendo
para adequar. In: XV SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS

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SISTEMAS E REDES DE INFORMAÇÃO NA AMAZÔNIA: uma


discussão à luz do direito a informação 1

RODRIGO, Oliveira de Paiva*

Resumo: Trata da sistematização informacional na Amazônia sob a ótica do


direito à informação. O presente trabalho apresenta como objetivo o estudo
dos sistemas de informação na Amazônia e suas contribuições para a
democratização do conhecimento nesta região. O processo metodológico
adotado foi realizado por meio de um levantamento bibliográfico sobre a
temática abordada objetivando fundamentar as bases teóricas do texto.
Aborda sobre a realidade do contexto amazônico. Mostra o significado de
um sistema de informação. Elenca exemplos de sistemas de informação
nesta região. Discute sobre a relação entre a sistematização informacional e
o direito à informação. Finaliza com as conclusões obtidas a partir do estudo
da democratização do conhecimento e suas relevâncias para a efetividade
do direito à informação tal como inserido no ordenamento jurídico nacional.

Palavras-Chave: Sistemas e Redes de informação; Região amazônica;


Direito à informação.

1
Comunicação Oral apresentada ao GT N° 4 – Temática livre.
*Universidade Federal do Pará. Graduando em Biblioteconomia.
rodrigopaiva522@gmail.com.

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1 INTRODUÇÃO

No atual contexto globalizado podemos notar o grande e acelerado


avanço do fluxo de informações para as mais diversas finalidades, tais
como, o desenvolvimento econômico, social e até mesmo o de caráter
ambiental disseminados por vários meios distintos.
O caráter de relevância que esse item possui faz com que este
assuma um papel de destaque, atualmente vivemos na “Sociedade da
Informação”, a informação vale muito e hoje quem a possui acaba também
por possuir o poder em suas mãos, o poder de mudar a realidade.
A necessidade de informação é característica do mundo atual,
servindo de suporte às decisões, acelerando a difusão do conhecimento e
contribuindo para o desenvolvimento nacional.
O processo da sistematização de informações então surge como um
fator decisivo para disseminar o conhecimento a quem necessita.
No que tange às perspectivas teóricas para o desenvolvimento do
presente trabalho são utilizados como argumentos científicos os dos teóricos
Barros (2009) e Condurú (2003), que auxiliam na compreensão das idéias
ligadas a Amazônia e sistemas de informação. Entretanto, outras opiniões
também foram utilizadas para fundamentar o presente estudo.
O presente trabalho apresenta como objetivo o estudo dos sistemas
de informação na Amazônia e suas contribuições para a democratização do
conhecimento nesta região.
De modo específico busca-se abordar a realidade do contexto
amazônico, mostrar o significado de um sistema de informação, elencar
exemplos de sistemas de informação nesta região e discutir sobre a relação
entre a sistematização informacional e o direito à informação.
Esta pesquisa é de natureza exclusivamente teórica e para a sua
produção foi realizado um levantamento bibliográfico objetivando levantar
informações suficientemente relevantes para a fundamentação do presente
estudo.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utilizada para a realização da pesquisa foi composta


por um conjunto de etapas e procedimentos, contando basicamente com
uma pesquisa descritiva documental e bibliográfica, de caráter impresso e
eletrônico dando origem a uma revisão de literatura para compor o presente
estudo.

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2.1 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura visa reconhecer e dar crédito à criação


intelectual de outros autores é uma questão de ética acadêmica, através
dela abri-se um espaço para evidenciar que seu campo de conhecimento já
está estabelecido, mas pode e deve receber novas pesquisas; ou ainda,
emprestar ao texto uma voz de autoridade intelectual. Através da revisão de
literatura, reporta-se e avalia-se o conhecimento produzido em pesquisas
prévias, destacando-se conceitos, procedimentos, resultados, discussões e
conclusões relevantes para seu trabalho.
Este capítulo tem por objetivo apresentar uma revisão teórica no que
diz respeito aos conceitos Amazônia, sistemas de informação, o histórico da
sistematização informacional na região amazônica, caracterizados por temas
convergentes para apresentação de discussões relacionadas ao direito à
informação.

2.1.2 A Amazônia

A região amazônica é uma área localizada na América do sul com um


território de mais de 60% pertencente ao Brasil, possui ricos recursos
naturais, Buarque (1995) diz que a Amazônia é o maior banco genético do
planeta, contendo provavelmente 30% do estoque genético do mundo, a
maior fábrica mundial de produtos, farmacêuticos, bioquímicos e mesmo
agronômicos. Ela é a maior fonte para o conhecimento dos sistemas vivos e
para sua recombinação dos genes neles contidos, base da engenharia
genética. Em suma, a Amazônia é uma das fontes básicas do planeta, para
o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, chave do poder
contemporâneo.
Essas características se tornam relevantes para termos conhecimento
a respeito dos questionamentos emergentes do direito à informação sobre a
Amazônia, haja vista que grande parte desse potencial ainda é
desconhecido da maior parte da sociedade.
Segundo Barros e Paiva (2010, p 2), o conceito de Amazônia se
apresenta da seguinte forma:

Antes, atribuía-se uma forte carga semântica à floresta amazônica,


um dos principais bens da região. Era comum se falar em “selva
amazônica”, como algo perigoso e que precisava ser destruído.
Essa visão favoreceu uma intervenção ideológica na ocupação
desordenada da região. De outro lado, havia também a visão

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romântica, dos defensores da floresta intocável, podendo ser


ilustrada na expressão “pulmão do mundo”. E assim a Hileia dos
naturalistas Alexander Von Humboldt e Aimé Bonpland foi
ganhando contornos variados e chamando a atenção do mundo
para a causa ambiental. Muito se diz em relação aos benefícios
econômicos que a biodiversidade amazônica pode gerar. Dentre
os mais comuns, fala-se da descoberta de curas pelas plantas
medicinais; dos conhecimentos tradicionais imateriais; das
preciosidades minerais; do manancial de água contido no Bioma
Amazônia, da fauna e da flora; dos ativos de carbono e assim por
diante. Em quase todos esses exemplos se recorre logo ao
preceito econômico, onde cada bem em sua forma bruta é logo
materializado e convertido em valor monetário, pouco se
atribuindo valores ambientais, culturais, éticos, etc. Ocorre que
esse modelo de desenvolvimento privilegia a riqueza da minoria,
enquanto a pobreza e a destruição ambiental só fazem aumentar.
Não que o aspecto econômico seja desnecessário, ao contrário,
ele cumpre seu papel na sociedade contemporânea. O que se
questiona é o encantamento e o endeusamento da exploração
pela exploração, sem levar em conta aspectos da
sustentabilidade.

2.1.3 A sistematização de informações na Amazônia

A importância da sistematização de informações pode ser evidenciada


como elemento essencial da sociedade contemporânea, podendo ser vista
como relevante instrumento na tomada de decisões, ponto de aceleramento
e disseminação informacional, sendo neste caso fator decisivo no
desenvolvimento de nações.
Conceituar sistema de informação se torna uma tarefa árdua, pois são
verificadas diversas definições na literatura especializada, mas para este
trabalho será usada a de Pinheiro (1995, p.2), que conceitua sistema de
informação como sendo um:

processo que envolve profissionais, tecnologia (computadores e


telecomunicações), técnicas e recursos, com o objetivo comum de
coletar, selecionar, processar, recuperar, disseminar e
intercambiar informações, em uma ou mais áreas do
conhecimento ou missão/problema, para atender às necessidades
e demandas de informações de uma determinada comunidade.

Independentemente da terminologia utilizada - rede ou sistema aqui


considerado sinônimos - é latente a importância prática dessas tecnologias,
pois permitem que o conhecimento gerado seja reunido, organizado e
disseminado de forma mais ampla.

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Na Amazônia já foram implantados diversos projetos informacionais,


sempre objetivando o desenvolvimento regional, quase sempre as suas
principais metas eram a de poder deixar a sociedade mais informada a cerca
da realidade do contexto amazônico. Porém ao passarmos por diversas
tentativas nota-se na atualidade que muitos desses esforços pouco
chegaram a um resultando com grandes efeitos, sobretudo ainda não
chegamos a uma efetividade do direito à informação, a democratização
informacional ainda pouco foi explorada como sendo um recurso relevante
para as mudanças dentro da Amazônia, a maior parte das informações
geradas ainda é pouco acessível, existe uma restrição que faz com que nos
tornemos desinformados, comprometendo deste modo as nossas vidas e até
a própria soberania nacional.
Um dos grandes desafios dos sistemas de informação existentes na
Amazônia é o de possibilitar o acesso eletrônico livre e democrático as
informações.
A população civil deve ser estimulada a participar ativamente em
programas relacionados a treinamentos de acesso as redes e sistemas de
informação para poder enfim identificar aquilo que necessita.
Diversas redes e sistemas de informação já foram criados na
Amazônia, atualmente destacam-se a Rede de Informação Ambiental-RIAM,
Rede de educação ambiental do estado do Pará, Sistema de Proteção da
Amazônia-SIPAM, etc. Os pioneiros neste setor foram a Amazônia
Bibliografia, Rede de Bibliotecas da Amazônia-REBAM, Sistema de
Informação da Amazônia-SIAMAZ, INFORMAM e Portal da Amazônia, esses
quatro últimos aqui citados foram de essencial importância para a
democratização informacional na Amazônia, exemplos que serão estudados
mais detalhadamente nos próximos capítulos.

2.1.4 Amazônia bibliografia

A primeira tentativa de integração foi com Rodolpho Schuller,


etnógrafo, que ocupou as funções de bibliotecário no Museu Paraense
Emilio Goeldi- MPEG e foi incumbido de reunir elementos para uma
bibliografia amazônica; mas o trabalho não chegou a ser divulgado. Teria
1897 títulos referentes não somente à Amazônia, mas às Américas.
Posteriormente, o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação- IBBD
hoje IBCT- Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia,
publicou uma bibliografia incluindo os trabalhos de Shuller, intitulada
Amazônia Bibliografia.

2.1.5 Rede de Bibliotecas da Amazônia

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REBAM - Rede de Bibliotecas da Amazônia teve origem em 1973,


sendo uma rede mantida pelo Sistema Nacional de Informação.
Esta rede de informações, inicialmente, foi estruturada pelos órgãos
da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia-SUDAM,
Universidade Federal do Pará-UFPA, MPEG, Banco da Amazônia-BASA,
Instituto de Desenvolvimento do Estado do Pará-IDESP e IPEAN e
possuíam como principal objetivo o de construir um meio catalizador de
informações emanadas pelas instituições mantenedoras da REBAM.
Alguns anos depois outras instituições também adentraram no projeto,
tivemos a presença de mais 11 órgãos dos estados do Pará, Amazonas,
Maranhão e Mato Grosso. Dentre os serviços e produtos gerenciados por
elas, destacam-se: o Catalogo coletivo, um Sistema de Informações para a
Amazônia - SIAMAZ, comunicação e aperfeiçoamento da Biblioteca da
SUDAM, órgão até então responsável pelo projeto.

2.1.6 Informam

O Sistema de Informação Científica e Tecnológica da Amazônia


surgiu em 1982, inicialmente sob a coordenação do MPEG, possuindo como
principal meta o cumprimento da garantia de acesso a produção e
disseminação das informações sobre a Amazônia.
Azevedo (198-?) comenta que esse sistema foi criado com o propósito
de reunir, organizar, armazenar e divulgar as informações científicas e
tecnológicas sobre a Amazônia, utilizando um sistema de informação
referencial, dotado de recursos de processamento automatizado, que
propiciem aos órgãos governamentais, às empresas públicas e privadas e a
comunidade, acesso a essas informações.

2.1.7 Sistema de Informação da Amazônia

O Sistema de Informação da Amazônia (SIAMAZ) foi desenvolvido


com o intuito de servir como instrumento de apoio para os países da
Amazônia, que então faziam parte do Tratado de Cooperação Amazônica
(TCA), Bolívia, Brasil, Colômbia Equador, Guiana, Peru, Suriname e
Venezuela.
Dentre as principais metas do SIAMAZ, destacam-se:
 Contribuir ao desenvolvimento harmônico da região pan-amazônica
através da informação cientifica tecnológica e cultural;
 Facilitar o livre e sistêmico fluxo de informações entre os países
amazônicos, utilizando as modernas tecnologias de informação;

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 Preservar a memória histórica e mítica dos povos das nações pan-


amazônicas na diversidade de suas formas culturais além de
resguardar o conhecimento relacionado os seus modos de vida e de
seus problemas atuais. (BELLESI, 1992)

2.1.8 Portal da Amazônia

O sitio Portal da Amazônia http://portaldaamazonia.org.br apresenta


como principal intuito o de reunir e disseminar informações de cunho
cientifico, tecnológico e ambiental sobre a Amazônia, pois visto que a
informação é um elemento estratégico para planejar e desenvolver a
sociedade na contemporaneidade, devendo deste modo ser produzida,
organizada, armazenada, disseminada e utilizada, para poder servir às
demandas sociais sempre com o objetivo da melhoria da qualidade de vida
de todos os cidadãos.
O Portal é um projeto de caráter institucional da Universidade Federal
do Pará (UFPa), que se vale da utilização de tecnologias para mostrar a
Amazônia em seu modelo mais aproximado da realidade e com todos os
tipos de informações já recuperadas e armazenadas sobre a temática
Amazônia, este fato é realizado sempre buscando colher dados em todas as
áreas do conhecimento, visto que falar em Amazônia é querer também se
falar em uma realidade fragmentada e ao mesmo tempo multidisciplinar.
Nesse sentido, o Portal torna-se um elemento relevante dentro do
atual contexto amazônico, para a pesquisa e buscas de informações, pois
permite a disponibilidade e uso eficiente dos seus conteúdos, além de
possibilitar o acesso e o compartilhamento dos recursos bibliográficos,
técnicos e tecnológicos por ele gerenciados.
Sendo deste modo a realidade do Portal da Amazônia as atividades
que são desenvolvidas no âmbito de seu espaço de trabalho devem seguir
os seguintes objetivos:
a) Valorizar e mostrar a Amazônia a partir da Amazônia;
b) Sistematizar e disponibilizar no Portal o conhecimento já existente
sobre a Amazônia;
c) Incentivar a pesquisa, produção e criação sobre temas amazônicos;
d) Mostrar a Amazônia em sua realidade aproximada: dimensão,
riqueza, etc.;
e) Localizar e facilitar o acesso à informação produzida sobre a
Amazônia.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo Barros (2009, p. 65):

O direito à informação – tal como inserido no ordenamento jurídico


-, padece de efetividade. Em diversos órgãos estatais, a proporção
de informações, que nunca se tornaram públicas, é enorme. Da
fração de documentos publicados, a maioria se destina a um
reduzido número de técnicos e especialistas. Raramente as
instituições apresentam ou divulgam seus documentos de forma
didática para alcançar o grande público. Muitas vezes, há uma
montanha de documentos e estatísticas oficiais que ficam longe do
alcance da opinião pública, nos quais os próprios profissionais
dainformação têm dificuldade de colocar as mãos. Por esses
motivos, para que as informações sejam plenamente acessadas,
elas precisam estar organizadas, tratadas tecnicamente e depois
disseminadas por um profissional habilitado. Ora, a in- formação
em seu estado bruto, armazenada ou guardada, é só latente. Ela
fica à espera de alguém que a use. E quando usada, o cidadão-
usuário deve ser capaz de entender seu conteúdo e seu
significado, visando atingir um fim útil. Aquele que detém o
domínio sobre os estoques institucionais de informação, também
determina a sua administração e distribuição e conseqüentemente
o domínio sobre o conhecimento gerado na sociedade e seu
potencial de desenvolvimento.

Possibilitar a facilitação do acesso e consequente uso de informações


é uma ação que garante o pleno exercício da cidadania, pois toda a
sociedade civil precisa visualizar os dados que regem as suas vidas, tais
como, seus deveres e seus direitos.
O desenvolvimento de uma sociedade que pouco valoriza a
popularização do conhecimento cria uma realidade onde se vive sem se dar
importância para o senso critico com relação as ações governamentais.
A desinformação gerada pela falta de acesso as informações públicas
molda o atual perfil de cidadão analfabeto social, já que este não utiliza um
de seus principais direitos que é o de ter acesso aos documentos que fazem
funcionar o seu país.
Barros (2009, p. 64) relata que:

Sem dúvida, das sete constituições brasileiras, a de 1988 foi a que


mais enfatizou o direito à informação, assegurando desde logo, no
capítulo referente aos direitos fundamentais, o livre acesso à
informação aos cidadãos (artigo 5º, inciso XIV). No mesmo artigo
(inciso XXXIII) ratificou tal garantia, afirmando que todos têm
direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, a serem prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade dos agentes públicos.

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Podemos verificar a pouca importância concedida pelos órgãos


públicos para este artigo, não respeitam-se uma das bases da democracia
humana, não podemos viver em uma nação que se diz democrática e liberal
e não divulga de forma consciente e plena as informações geradas no
âmbito da administração pública. Neste contexto esquece-se que quanto
maior for a democratização informacional maior será a relação de afinidade
entre a população e o Estado.
A burocracia existente nos serviços de salvaguarda informacional, tal
como, arquivos, gera uma sensação de inércia e de falta de respeito
mesclado com o ar de mistério que cerca o interior das salas de órgãos
estatais. Não se alcança o que devia ser de todos. Indagações surgem sem
se poder chegar as respostas de forma objetiva e clara.
Na contemporaneidade o advento de tecnologias possibilita uma
maior disseminação informacional por meio de canais hoje muito utilizados
pela população, como por exemplo, a internet, hoje popularizada e de fácil
manuseio consegue levar a vários indivíduos em diferentes locais ao mesmo
tempo um conhecimento que antes era usado por poucos.
Com relação a acessibilidade informacional de forma mais ampla
sabemos que esta situação esta envolta por uma solução mais acima da
consciência da maior parte da população. Processos de democratização da
informação aparecem constantemente, mas encontram obstáculos de forma
constante com as limitações impulsionadas pelo Estado frente a relevância
dada para a economia, política e sociedade civil cerceadas por conteúdos
informacionais do poder público. Esta situação é um reflexo da falta de
efetividade das normas constitucionais.
Pode-se verificar a grande relevância que os sistemas de informação
apresentam perante a constante explosão informacional evidenciada na
atualidade, logo essa sistematização surge como sendo um notório elemento
para a efetividade do direito à informação, a democratização de informações
sobre e na Amazônia evolui a passos lentos, mas sempre rumo a um
objetivo em comum que é o de facilitar o acesso ao conhecimento gerado no
âmbito da sociedade para que todos os cidadãos possam ter seus direitos
cumpridos, pois só uma população bem informada é capaz de mudar a
realidade, já que informação é “poder”, ela é um elemento estratégico e
capaz de transformar diversos contextos.
Na Amazônia diversas espécies vegetais são patenteadas por
multinacionais. Exemplo disso foi quando o óleo do urucum foi patenteado
na França. Figurando a situação, não é de interesse de uma multinacional
que suas atividades de patentear o óleo de urucum venha ao conhecimento
do público. Mas deveria ser do interesse dos amazônidas saber que não
podem utilizar livremente seu produto dentro de sua própria região.
Mais grave que isso é a Amazônia estar sendo dizimada a cada
segundo diante de uma sociedade ignorante da realidade e
consequentemente, desinteressada, inerte.

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Chega-se então a algumas indagações: para quem produzimos


informação? Os sistemas de informação estão contribuindo para diminuir a
desinformação do povo da região?
Acredite-se que não! Não obstante os esforços de sistematizar a
informação, não se chegou a democratizar a informação. O acesso as
informações é restrito às instituições, representadas por seus especialistas,
pesquisadores, professores, etc. Informações sobre saúde, alimentação,
poluição, questões que são fundamentais para a vida e soberania da região
não chegam ao cidadão comum, ao grande público, à massa. A
democratização será dada no momento em que o receptor participe e na
medida em que avançamos nesse processo, diminuiremos a relação de
poder de outros países.

4 CONCLUSÕES

O estudo termina demonstrando como foram e ainda são relevantes


os esforços realizados na Amazônia no intuito de se interligar as
informações nesta região, infelizmente essa situação, muito se limita as
instituições as quais ocorre à sistematização desses dados, atendendo a um
número restrito de usuários.
Os projetos de informação desenvolvidos na Amazônia têm em suas
metas o crescimento da região objetivando uma sociedade mais informada.
Não obstante os esforços, pelos estudos realizados as próprias observações
demonstram que ainda não se chegou a alcançar a democratização da
informação, o acesso as informações pela maioria da sociedade ainda é
restrito e essa grande maioria é pouco informada, esse é o “monstro da
desinformação”, comprometendo vidas e a própria soberania brasileira.
Conclui-se então ressaltando que os sistemas e redes de informação
são importantes ferramentas de democratização e acesso à informação e
que possuem como papel elementar a preservação da memória histórica e
mítica dos povos da Amazônia na diversidade de suas formas culturais, além
de resguardar o conhecimento relacionado aos seus modos de vida e de
seus problemas.

Referências

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Documentação na Amazônia. Belém: UFPA/ARNI, 1989 (Série Cooperação
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