Cadernos Negros Slides
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De mim
parte um canto guerreiro
um vôo rasante talvez rumo
norte
caminho trilhado da cana-de-
açúcar
ao trigo crescido, pingado de
sangue
do corte do açoite. Suor
escorrido
da briga do dia
que os ventos do sul e o tempo
distante
não podem ocultar.
(Celi, ―Negritude‖)
Observa-se o desejo de influir, através da
palavra poética, na modificação da ordem
social. Os poemas são sobretudo engajados:
“Quando te envolver
Em minha negritude
Pegarás em armas
Armas-palavras
E sairás pelas ruas
Aos brados”
POEMAS SELECIONADOS
a mulher ainda desespera na conquista do espaço além da moda
à espera do primeiro beijo é tempo de mulher
úmido de sim é tempo de colher
e permissão de macho orgasmos reais de
a mulher no entanto conspira mulheridade
na sua ira secular de silêncio o casamento se cale
em sua ilha de nãos até que a liberdade o repare
e arremessos o macho relaxe
exercitando batalhões oníricos ao primeiro beijo
o relógio com suas obrigações e rugas e o fêmeo desejo
questiona eros intumesça a chama
homo e abra o céu ao meio.
hetero
o útero e seu mistério
sapato de salto
batom
rouge
e este inadiável instante etéreo
de saltar
para
dentro
de
si
Miriam Alves: “Mahin Amanhã”
(02) Aparece como uma figura multifacetada, que tende a acentuar tanto a
igualdade quanto a diferença entre ele e Zumbi.
(08) Herda uma condição adversa, mas tem consciência de que nasceu
para alterar a ordem encontrada.
(01) O título do poema contextualizado — Outra nega Fulô — conduz a uma leitura de
que a relação senhor/escrava persiste nos mesmos moldes escravistas dos séculos
passados.
(04) Os versos 13-14 e 17-18 apresentam, sob outra perspectiva, uma reconfiguração
do caráter bondoso do ―pai João‖ e da ―mãe preta‖, figuras presentes no imaginário
brasileiro.
(08) O poema dialoga explicitamente com a conhecida obra ―Essa negra Fulô‖, escrita
pelo poeta Jorge de Lima.
(32) O poema reitera o estereótipo depreciativo da ―Nega Fulô‖, que se deita com o
―sinhô‖.
(64) A mulher negra, no poema, aparece como um objeto sexual do seu ―sinhô‖.
“Em Maio” – Oswaldo de Camargo
(04) canta uma outra liberdade, sonhada e construída pelo cidadão negro.
(16) desloca-se para um contexto do qual ele será considerado como excluído.