Metodologia de Treinamento Aplicada Ao Basquetebol
Metodologia de Treinamento Aplicada Ao Basquetebol
Metodologia de Treinamento Aplicada Ao Basquetebol
RESUMO:
O estudo buscou examinar as alterações funcionais representadas pelos indicadores de
velocidade e força, em um médiociclo (Oliveira, 1998) do período pré-competitivo,
organizado a partir dos fundamentos do modelo de cargas seletivas proposto por Gomes
(2002) e utilizado na equipe campeã brasileira de futebol profissional da divisão principal e
adaptado na presente investigação para as condições e necessidades do basquetebol. As
coletas (exercícios de controle) foram realizadas em dois momentos distintos do médiociclo
de treinamento. No início (T1) e ao final (T2) do médiociclo, o qual teve a duração de cinco
(5) semanas (microciclos) de treinamento com predominância seletiva das cargas dirigidas ao
aperfeiçoamento da resistência especial e da força, com um aumento gradativo do volume de
realização dos exercícios de alta intensidade metabólica e de caráter especializado (cargas de
velocidade e tarefas técnicas e táticas). Foram realizados os seguintes exercícios de controle:
salto vertical- squat jump (SV), salto vertical contramovimento (SVCM), salto horizontal
(SHP), salto horizontal triplo consecutivo lado direito (STCD), salto horizontal triplo
consecutivo lado esquerdo (STCE) e corrida cíclica-acíclica – teste T- de 40metros (C40).
Participaram do estudo, nove (09) atletas do sexo feminino, integrantes de uma equipe adulta
de basquetebol com idade variando entre 18,4 – 32,3 anos (média =24,6 anos) participantes
do campeonato paulista da divisão principal (A1). Os resultados demonstraram alteração
positiva e estatisticamente significante de todas as variáveis utilizadas (C40, SV, SVCM,
SHP, STCD, SCTE) do início da preparação para o final do primeiro médiociclo de
treinamento (T1-T2). A análise dos dados do presente estudo demonstrou a eficácia da
organização do conteúdo de treinamento no médiociclo em questão, para este grupo avaliado,
estruturado sob os conceitos do modelo de cargas seletivas.
1 - INTRODUÇÃO:
2 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2.1 - Caracterização da amostra:
2.2.1. Salto Horizontal Parado (SHP): Atleta em pé, pés ligeiramente afastados e
paralelos, ponta dos pés atrás da linha. A atleta realizou um movimento de balanceio dos
braços como movimento preparatório, semiflexionando os joelhos. O salto foi realizado
lançando os braços para frente, estendendo o quadril, joelhos e tornozelos. A atleta
realizou 3 tentativas, sendo considerada como controle a melhor tentativa.
2.2.2- Salto horizontal triplo consecutivo lado esquerdo (STCE): Atleta posicionada
em afastamento antero-posterior, joelhos levemente flexionados, atrás da linha de saída.
Como preparação para o salto, a atleta realizou uma transferência de peso para a perna
detrás, e em seguida, iniciou o exercício. O movimento dos braços foi livre e auxiliou na
execução do movimento. Após o primeiro impulso, a atleta tocou o solo pela primeira vez,
onde foi considerado o primeiro salto, realizou-se então a repulsão com uma passagem
brusca e rápida do amortecimento para a superação (transição rápida excêntrica –
concêntrica). A atleta foi orientada no sentido de realizar os saltos continuamente sem
paralizações, buscando a máxima projeção horizontal. A distância de salto foi medida a
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partir da ponta do pé da frente (posição inicial) até o calcanhar mais próximo da linha de
saída ao finalizar o terceiro salto. A atleta realizou 3 tentativas com a perna esquerda,
sendo considerada como controle a melhor marca das 3 tentativas.
2.2.3 Salto horizontal triplo consecutivo lado direito (STCD): Atleta posicionada em
afastamento antero-posterior, joelhos levemente flexionados, atrás da linha de saída. Como
preparação para o salto, a atleta realizou uma transferência de peso para a perna detrás, e
em seguida, iniciou o exercício. O movimento dos braços foi livre e auxiliou na execução
do movimento. Após o primeiro impulso, a atleta tocou o solo pela primeira vez, onde foi
considerado o primeiro salto, realizou-se então a repulsão com uma passagem brusca e
rápida do amortecimento para a superação (transição rápida excêntrica –concêntrica). A
atleta foi orientada no sentido de realizar os saltos continuamente sem paralizações,
buscando a máxima projeção horizontal. A distância de salto foi medida a partir da ponta
do pé da frente (posição inicial) até o calcanhar mais próximo da linha de saída ao finalizar
o terceiro salto. A atleta realizou 3 tentativas com a perna direita, sendo considerada como
controle a melhor marca das 3 tentativas.
metros até uma outra linha também demarcada com um cone; ao pisar nessa linha, a atleta
retornou na direção anterior, porém se dirigiu até o outro extremo do T, percorreu, então,
desta maneira, mais 10 metros (5 metros até o cone do centro, mais 5 metros até o cone do
lado esquerdo); ao pisar na linha (da esquerda), a atleta retornou até o cone do centro,
percorreu uma distância de 5 metros e, então, se dirigiu até a linha de saída-chegada,
totalizando 40 metros com 4 paradas bruscas, seguidas de rápidas e explosivas mudanças
de direção. Foram realizadas 3 tentativas com intervalos de 2 a 3 minutos, sendo
considerada como controle a melhor tentativa.
3 - DESENHO EXPERIMENTAL
Médiociclo de treinamento
Total de dias 6 7 6 6 6
de
treinamento
Número de 12 11 9 10 9
sessões
Jogos oficiais 1 1 1 1 1
Semana 1 2 3 4 5 6
Testes de x x
controle
Controle de x x x x x x
carga
velocidade x x x x x
força x x x x x X
Resistência x x
aeróbia
Resistência x x x x x X
especial
Flexibilidade x x x x x X
Exercícios de x x x x X x
recuperação
Exercícios x x x x x X
profiláticos /
posturais
Exercícios x x x x x x
técnicos-
táticos
8
500
400
Resistência especial
300 Flexibilidade
Força
200 Velocidade
Técnico-tático
100
4. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS
Para a análise descritiva dos dados, foram empregados os valores mínimos, máximos,
bem como a mediana e os percentis 25 e 75, apresentados sob a forma de Box plot.
Utilizou-se do teste de ordenação sinalizada de pares combinados de Wilcoxon, a fim
de determinar o nível de significância das diferenças entre os escores das atletas de T1 para
T2. O grau de significância empregado foi de p<0.05.
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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
10.8
10.4
10.0
Segundos
9.6
9.2
8.8
Min-Max
25%-75%
8.4
T1 T2 Mediana
32
28
Centímetros
24
20
Min-Max
25%-75%
16
T1 T2 Mediana
34
32
30
Centímetros
28
26
24
22
20 Min-Max
25%-75%
18
T1 T2 Mediana
2.15
2.05
1.95
Metros
1.85
1.75
1.65
Min-Max
25%-75%
1.55
T1 T2 Mediana
6.2
5.8
Metros
5.4
5.0
4.6
Min-Max
25%-75%
4.2
T1 T2 Mediana
5.8
5.4
Metros
5.0
4.6
4.2
Min-Max
25%-75%
3.8
STCE STCE2 Mediana
A força rápida, avaliada a partir dos exercícios de controle STCD e STCE, demonstra a
mesma dinâmica de evolução verificada para C40, SVCM, SVSJ e SHP, ou seja, esta
importante manifestação de força, entendida por Kuznetsov (1981) como o tipo de força
revelado durante a superação de resistências que não alcançam as magnitudes limites e não
ocorrem com a máxima aceleração, foi avaliada e utilizada como indicador, a partir de saltos
triplos ou sêxtuplos alternados ou consecutivos, em diversos estudos nos desportos coletivos,
em especial no basquetebol, (Moreira, 2003; Moreira, de Souza e Oliveira, 2002; Oliveira,
1998; Moreira e Gomes, 1997). A força rápida, no presente estudo, apresentou melhora
significante decorrente da utilização do modelos de cargas seletivas na equipe feminina de
basquetebol estudada, tanto para STCD quanto para STCE. Esta tendência similar de
incremento tanto para o lado direito, quanto para o lado esquerdo, é extremamente importante,
pois, por exemplo, nos estudos de Moreira (2002) verifica-se que a resposta de adaptação da
força rápida, quando medida através de exercícios de controle de saltos consecutivos para as
duas pernas de forma diferenciada, pode apresentar ocorrências diversas, justificadas pela
distinta solicitação entre a perna de apoio e a perna contrária. É possível admitir que tais
ocorrências possivelmente seraão mais acentuadas durante as etapas cujo conteúdo
predominante esteja relacionado às cargas de competição, o que levaria a uma utilização de
maior magnitude de trabalhos unilaterais e específicos relacionados à força rápida e
fundamentalmente, a mecânica específica dos movimentos de competição.
6- CONCLUSÃO
• Tendência similar foi apresentada para a força explosiva vertical com e sem a
utilização do contramovimento, força horizontal, força rápida e velocidade de
deslocamento, observada através do incremento significante do rendimento para todas
as variáveis estudadas, variáveis estas consideradas fundamentais para a capacidade
especial de trabalho das atletas, devido as exigências específicas do basquetebol,
relacionadas aos esforços rápidos, explosivos, com mudanças constantes e variadas de
direção e de intensidade das tarefas, determinadas pela natureza acíclica e de regime
alternado do jogo de basquetebol.
• O modelo estudado parece atender eficientemente as necessidades do desporto
coletivo, no caso o basquetebol, no que tange as particularidades do calendário e do
tempo destinado para a solução das tarefas de treinamento e de competição.
• Faz-se necessária a realização de um maior número de pesquisas relacionadas à
utilização do sistema de cargas seletivas no basquetebol, assim como a adoção de
diferentes variantes de estruturação a partir do sistema.
• Fazem-se necessárias outras investigações, não somente relacionadas, a estruturas
intermediárias, no caso o médiociclo pré competitivo de treinamento, mas
fundamentalmente, aquelas que permitem observar a dinâmica de alteração ao longo
de um macrociclo de preparação, ou ainda, as associadas aos ciclos de longo prazo.
• Pode-se considerar os achados do presente estudo, o qual observou as alterações
funcionais decorrentes das cargas utilizadas no médiociclo, organizadas através do
sistema de cargas seletivas, da grande utilidade para a abertura de um novo caminho
metodológico no tocante a organização do treinamento no basquetebol, visto que, o
presente estudo, parece ser a primeira investigação conhecida da utilização do sistema
de cargas seletivas no basquetebol adulto.
7 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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