HVDC 4
HVDC 4
HVDC 4
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA
Maio de 2107
Itajubá
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Paulo Márcio da Silveira (Orientador)
Prof. Dr. José Carlos de Oliveira
Prof. Dr. Maurício Campos Passaro
Itajubá
2017
v
Dedicatória
Agradecimentos
Agradeço aos meus familiares, especialmente os meus pais José Alberto Mensch e
Marli Eidt Mensch, que se dedicaram para que todos os filhos pudessem estudar e ao meu
esposo Allan Giovanni de Carvalho, pelo constante incentivo e apoio.
Ao Professor Dr. Paulo Márcio da Silveira, por me orientar e por estabelecer todas as
condições que propiciaram o desenvolvimento e conclusão deste trabalho.
Resumo
Abstract
The validation of electrical system models using a real time digital simulator (RTDS)
is very important to obtain a test environment for protective relays, as well as for control and
automation devices. In terms of electromagnetic transients, the model should be very similar
to the actual conditions in which the protective equipment will be subjected when installed in
the field. The fidelity of this environment to be created in the laboratory depends on a large
data set of the power system to be implemented, and the correct use of the elements contained
in the RSCAD library. In the case of ITAIPU, for example, prior to the development of the
research presented in this dissertation, all tests of protection devices of the 50 Hz sector took
into account that the transmission system in HVDC (High Voltage Direct Current) was simply
a constant impedance load. Thus, the main objective of this work was to implement a new
model of the ITAIPU transmission system in the RTDS, considering a better detailing of the
50 Hz sector with the monopolar representation of the HVDC. Through a comparative
analysis of the simulation results between this new model and those previously used it was
concluded that the differences between them are not as relevant. However, the choice of a
more simplified or a more detailed model should be made considering the compromise
between the transient phenomena that one wishes to represent, and the hardware and software
limitations imposed by the RTDS.
Lista de Figuras
Figura 2.3 – Componentes de um sistema em CCAT com configuração bipolar [15] ............ 11
Figura 2.6 – Tensões de fase da fonte e tensão nos terminais da ponte [15]........................... 13
Figura 2.8 – Formas de onda com o efeito da sobreposição durante uma comutação [15] ..... 16
Figura 3.5 – Níveis hierárquicos do sistema de controle do CCAT de ITAIPU [16] .............. 27
Figura 3.10 – Configuração de carga máxima do ensaio de modelo das linhas de 500 kV ..... 35
Figura 4.26 – Fluxo de potência utilizado para a validação do novo modelo ......................... 59
Figura 4.27 – Validação: falta trifásica no retificador com resistência de 0,25 Ω................... 60
Figura 4.29 – Validação: falta monofásica no retificador com resistência de 0,25 Ω ............. 61
Figura 4.31 – Validação: falta trifásica no inversor com resistência de 0,25 Ω ...................... 62
Figura 4.33 – Validação: falta monofásica no inversor com resistência de 0,25 Ω ................. 63
Figura 4.38 – Corrente na linha LT-01 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase A ................... 67
Figura 4.39 – Corrente na linha LT-01 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase B ................... 67
Figura 4.40 – Corrente na linha LT-01 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase C ................... 68
Figura 4.41 – Corrente na linha LT-02 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase A ................... 68
Figura 4.42 – Corrente na linha LT-02 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase B ................... 69
Figura 4.43 – Corrente na linha LT-02 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase C ................... 69
Figura 4.44 – Corrente na linha LT-03 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase A ................... 70
Figura 4.45 – Corrente na linha LT-03 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase B ................... 70
Figura 4.46 – Corrente na linha LT-03 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase C ................... 71
Figura 5.2 – Corrente da fase A da LT-11 – C.C. AN em IPU, R de 0,05 Ω, POW de 0º........ 76
Figura 5.3 – IDjL11A do caso 1 nos modelos Carga RL, Carga Dinâmica e CCAT............... 77
Figura 5.9 – Potência ativa em ITAIPU – C.C. ABC, 0,05 Ohms, 90º, 33% de LT-03 ........... 80
Sumário
Dedicatória ............................................................................................................................ v
Agradecimentos .................................................................................................................... vi
Abstract ................................................................................................................................ ix
Lista de Figuras...................................................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1 Considerações iniciais ...................................................................................................... 1
1.2 Relevância do tema .......................................................................................................... 2
1.3 Estado da arte ................................................................................................................... 3
1.4 Objetivos e estrutura da dissertação .................................................................................. 5
2. A TRANSMISSÃO EM CCAT........................................................................................... 7
2.1 Considerações iniciais ...................................................................................................... 7
2.2 Dados históricos ............................................................................................................... 7
2.3 Características da transmissão em CCAT .......................................................................... 8
2.4 Teoria do conversor CSC baseado em tiristores .............................................................. 10
2.4.1 Análise desprezando-se a impedância da fonte (Lc = 0 e µ = 0º) .............................. 13
2.4.2 Análise incluindo-se o processo de comutação (Lc ≠ 0 e µ ≠ 0º) ............................... 15
2.5 Controle de um sistema de transmissão em CCAT .......................................................... 19
2.6 Considerações finais ....................................................................................................... 22
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 85
6.1 Considerações finais ....................................................................................................... 85
6.2 Recomendações para trabalhos futuros ........................................................................... 86
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 92
1
1. INTRODUÇÃO
Desde sua implantação até o início deste projeto de pesquisa em 2014, a equipe
técnica do LASSE já havia realizado muitos ensaios de modelo em IEDs da ITAIPU e por
isso foi desenvolvendo uma metodologia própria de execução dos serviços, baseada em
etapas. Uma destas etapas é a definição do modelo que representará o sistema de potência
para a realização de determinado ensaio. Esta definição está atrelada não somente à
disponibilidade dos dados para a representação dos componentes do sistema de potência, mas
também às limitações impostas pelo RTDS, como por exemplo, o número de nós e a
capacidade de processamento do simulador. Por causa destas restrições é necessário analisar
como o sistema de potência será representado de modo a garantir um ensaio de modelo em
laboratório similar às condições reais às quais o IED estará submetido quando estiver
instalado em campo.
transmissão em 500 kV que interliga a SEMD à Subestação Villa Hayes, no qual o sistema em
CCAT foi representado por um transformador de três enrolamentos, com o secundário e o
terciário conectados a cargas dinâmicas, e com os filtros CA do retificador conectados à barra
de 500 kV. Com esta nova representação, dois ensaios do sistema de proteção da linha de
transmissão Villa Hayes foram feitos: um considerando o seccionamento de duas linhas de
transmissão do setor de 50 Hz de ITAIPU na SEMD com as outras duas conectadas
diretamente à SEFI, e o outro ensaio levando-se em conta o posterior seccionamento das
quatro linhas de transmissão na SEMD.
Em Santo [3] encontra-se o relato histórico dos estudos que foram realizados para a
validação do sistema de proteção e controle deste CCAT, baseados principalmente nas
4
simulações em tempo real. Segundo este artigo os primeiros testes foram executados em
fábrica, na Suécia, utilizando-se o controle real do CCAT integrado a um simulador analógico
em tempo real. Ainda há a afirmação em Santo [3] de que os resultados destes estudos
serviram como referência para a elaboração e validação de um modelo para a simulação off-
line do sistema em CCAT no programa EMTP/ATP, cujas características estão detalhadas em
Luz [4]. Este último artigo também expõe os resultados deste modelo off-line comparando-os
com simulações feitas através do esquema de testes apresentado em Santo [3], ou seja, com o
controle real integrado a um simulador analógico.
Com o advento da simulação digital em tempo real, o artigo de Santo [3] também
relata que alguns anos após os estudos de validação do controle do sistema em CCAT de
ITAIPU utilizando-se o simulador analógico, FURNAS adquiriu um simulador RTDS, com a
intenção de aprimorar as simulações do sistema em questão. Inicialmente o simulador RTDS
foi integrado ao cenário de testes com a finalidade de ser utilizado para melhor representar a
rede em CA conectada ao terminal inversor em Ibiúna. Desta maneira, as simulações foram
feitas mantendo-se o simulador analógico e a réplica do controle real.
Anos mais tarde, Luz [6] apresentou o modelo aprimorado do sistema em CCAT de
ITAIPU, com as lógicas de controle inseridas no programa PSCAD/EMTD, que é o antigo
software utilizado nas simulações com o RTDS. Assim como o antigo modelo off-line em
EMTP/ATP apresentado em Luz [4], este novo modelo do artigo [6] também foi validado
utilizando-se a réplica do controle real, que é parte integrante do Simulador de Sistemas
Elétricos de FURNAS. Este artigo apresenta muitos gráficos com o comportamento do
modelo na ocorrência de faltas.
Em Giesbrecht [7] a equipe da RTDS Inc detalha como o controle dos bipolos I e II da
Manitoba Hydro foi implementado no simulador RTDS, com os modelos escritos na
linguagem FORTRAN, testados no PSCAD/EMTDC e posteriormente convertidos em blocos
funcionais e integrados ao compilador deste simulador.
5
O projeto de pesquisa apresentado nesta dissertação foi feito com base neste modelo
desenvolvido por Betiati [8], que foi disponibilizado pela ITAIPU para ser usado como
referência na implementação do modelo no software atual do RTDS, denominado RSCAD.
Também foi utilizado como ponto de partida o modelo disponível no tutorial do RTDS, que
contém o exemplo de um sistema em CCAT genérico, cujo controle não se refere a nenhum
fabricante em específico [9]. Este exemplo foi construído utilizando-se os componentes
disponíveis na biblioteca do RSCAD e o trabalho desta dissertação seguiu esta mesma
característica.
RTDS oferece para os dias atuais, considerando-se suas limitações de hardware e software, e
mesmo assim apresentar um comportamento adequado quando comparado aos resultados
expostos em [4] ou [6]. Para se alcançar este objetivo geral este trabalho foi estruturado da
seguinte forma:
2. A TRANSMISSÃO EM CCAT
Embora no final do século XIX tenha ocorrido uma grande disputa entre os
proponentes dos sistemas CA e CC, que argumentavam sobre as vantagens e desvantagens de
cada sistema, o uso de corrente alternada acabou se tornando universal, prevalecendo na
geração, transmissão e distribuição de energia [12].
Por este motivo, diversos autores [12,14,15] apresentam a transmissão em CCAT entre
a ilha de Gotland e o continente sueco como a primeira aplicação comercial deste tipo de
tecnologia. Kundur [15] afirma que “este sistema usava válvulas a arco de mercúrio e fornecia
20 MW através de um elo subaquático de 90 km”.
Do início da década de 1950 até o meio da década de 1970 pode-se dizer que o sistema
em CCAT estava baseado no uso de válvulas a arco de mercúrio. Após isto as válvulas a
tiristor dominaram este tipo de transmissão e, de 1990 pra frente, novos dispositivos de
comutação tornaram-se viáveis, como as válvulas GTOs e IGBTs [14].
O outro tipo de conversor é denominado VSC (Voltage Source Converter) e atua como
uma fonte de tensão constante no lado CC, com o controle da corrente CC sendo feito por
dispositivos de chaveamentos auto-comutados, como os GTOs (Gate Turn-Off Thyristors) e
IGBTs (Insulated Gate Bipolar Transistors).
Os sistemas em CCAT também podem ser classificados quanto ao tipo de elo utilizado
10
para a transmissão da energia. Na Figura 2.2 o elo monopolar apresenta apenas um condutor,
cuja polaridade normalmente é negativa e o retorno é feito através da terra ou do mar e, em
situações específicas, através de um cabo metálico. A configuração bipolar utiliza dois
condutores, um para o positivo e outro para o negativo e sob condições normais de operação
não há corrente circulando pela terra. A última configuração é o elo homopolar, na qual dois
ou mais condutores apresentam a mesma polaridade e o retorno é feito pela terra [12,14,15].
Quando não há um elo que conecta o retificador e o inversor, pois estes estão
instalados numa mesma subestação, tem-se um sistema em CCAT operando na configuração
back-to-back, utilizada principalmente para a conexão de dois sistemas CA assíncronos.
A Figura 2.3 apresenta uma planta como esta mencionada com um sistema em CCAT
transmitindo energia através de um elo com configuração bipolar. Como componente
principal na conversão CA-CC e CC-CA, o conversor, composto pelo transformador em série
com a ponte de válvulas, é o responsável pela geração dos harmônicos indesejáveis no sistema
e pelo alto consumo de potência reativa. Para minimizar estes problemas são instalados filtros
shunt nos lados CA e CC do sistema de transmissão e reatores de alisamento nos terminais das
11
Como o foco deste trabalho é o sistema em CCAT que transmite a energia de ITAIPU,
a análise da origem das equações fundamentais da conversão CA-CC será feita considerando-
se as características do conversor CSC. Sood [14] e Kundur [15] iniciam esta análise
assumindo-se que:
alisamento Ld é infinita;
As válvulas são chaves ideais e por isso possuem resistência zero quando estão
conduzindo e infinita quando não conduzem.
Sabendo-se que Em é o valor de pico das tensões linha-neutro (ea, eb, ec), as tensões de
linha da fonte podem ser escritas como:
Figura 2.6 – Tensões de fase da fonte e tensão nos terminais da ponte [15]
3 0 3√3
𝑉𝑑0 = π ∫−60° √3𝐸𝑚 cos(𝜔𝑡 + 30°)𝑑𝜃 = 𝐸𝑚 (2.2)
π
14
Tobouti [11] e Kundur [15] denominam esta tensão Vd0 como “tensão ideal sem carga”
e informam que ela é normalmente representada pela nomenclatura “Udi0”. Em termos de
tensão de linha RMS (Equação 2.3), a tensão ideal sem carga pode ser representada pela
Equação 2.4.
3√2
𝑉𝑑0 = 𝐸𝐿𝐿 (2.4)
π
3 𝛼 3√3 𝛼
𝑉𝑑 = π ∫−(60°−𝛼) √3𝐸𝑚 cos(𝜃 + 30°)𝑑𝜃 = 𝐸𝑚 ∫𝛼−60°
cos(𝜃 + 30°)𝑑𝜃 (2.5)
π
Assumindo-se também que a indutância em série com a fonte é nula, ou seja, que não
há sobreposição das válvulas (µ = 0º), a forma de onda das correntes alternadas não é afetada
pela variação de α. Apenas ocorre um deslocamento de fase quando há uma mudança do
ângulo de disparo. Como a potência ativa é diretamente proporcional à cos α e a potência
reativa à sen α, o conversor sempre extrairá potência reativa do sistema CA, seja atuando
como retificador ou como inversor [15].
15
Com relação à tensão, o processo de comutação causa uma queda da saída Vd, que
imediatamente após o disparo passa a ser (ea + eb)/2, em vez de eb. Na Figura 2.8 a redução da
tensão Vd devido ao processo de comutação é representada pela subtração da área Aµ (Equação
2.7) da área A0 uma vez a cada 60º (π/3 rad) [15].
16
Figura 2.8 – Formas de onda com o efeito da sobreposição durante uma comutação [15]
𝑉𝑑0
𝑉𝑑 = 𝑉𝑑0 cos 𝛼 − (cos 𝛼 − cos 𝛿) (2.8)
2
Para facilitar a análise dos circuitos de retificação e inversão, Kundur [15] apresenta a
tensão Vd (Equação 2.9) em função da corrente Id e insere o conceito da resistência de
comutação equivalente Rc (Equação 2.10), que não consome potência em virtude de não ser
uma resistência real.
3 3
𝑅𝑐 = π 𝜔𝐿𝐶 = π 𝑋𝐶 (2.10)
17
A análise do equacionamento para o inversor será feita com auxílio da Figura 2.10.
(cos 𝛽+cos 𝛾)
𝑉𝑑𝑖 = 𝑉𝑑0i (2.16)
2
2𝑅𝑐𝑖 𝐼𝑑
𝛽 = cos −1 (cos 𝛾 − ) (2.18)
𝑉𝑑0𝑖
19
através dos ângulos α e γ ou através das tensões ideais sem cargas Vd0r e Vd0i. Da equação 2.4
conclui-se que Vd0r e Vd0i são funções das tensões dos sistemas CA e o seu controle é feito
através de mudanças de tapes dos transformadores conversores. O controle do disparo
normalmente é usado para ações rápidas e o controle dos tapes, que é mais lento, tem a função
de restabelecer certas grandezas, como α no retificador e Vd0i no inversor, para patamares
considerados normais em regime estacionário [12].
retificador passa a atuar na reta AB com o controle CIA (Constant Ignition Angle). A
característica estática Vd/Id prevê uma diferença em torno de 0,1 pu entre as ordens de
corrente do retificador e do inversor, denominada Imargem, cuja função é priorizar o retificador
no controle de corrente sob condições normais de operação.
Numa operação ideal, por exemplo, com geração simétrica de disparos e a fonte
perfeitamente senoidal, a corrente no lado CA será composta pela fundamental somada aos
harmônicos de ordem ímpar segundo a fórmula n = pK±1, onde p corresponde ao número de
pulsos da ponte conversora e 𝐾 ∈ 𝑍+ . No lado CC, o sinal de tensão conterá os harmônicos
característicos de acordo com n = pK [11,15,17].
No caso do sistema em CCAT de ITAIPU, a Figura 3.4 mostra que a ponte de tiristores
de 12 pulsos que compõe cada um dos 8 conversores é formada pela conexão de 3
quadriválvulas tiristorizadas. Estas quadriválvulas são compostas por 4 válvulas montadas
uma sobre a outra, cada uma com 8 módulos de 12 tiristores, totalizando 1152 tiristores por
ponte de 12 pulsos (3x4x8x12).
Para se evitar estes efeitos, tanto na Subestação de Foz do Iguaçu quanto na de Ibiúna
existem filtros de 3ª, 5ª, 11ª e 13ª ordens no lado CA e de 2ª, 6ª e 12ª ordens no lado CC, além
27
O tamanho destes filtros foi definido de acordo com a energia reativa que eles
deveriam fornecer para o sistema de potência. Neste sentido, como o consumo de potência
reativa é função da potência ativa que está sendo transferida através do elo, o sistema em
CCAT, no seu nível hierárquico denominado “Controle da Estação”, possui ações de conexão
e desconexão de componentes, cujo objetivo final é manter o controle da tensão CA do
sistema. Em Ibiúna, por exemplo, filtros e bancos de capacitores são conectados ao
barramento quando o sistema está em carga alta e, adicionalmente, o controle fino da tensão
CA é feito através de 4 compensadores síncronos de 300 MVAr. Em Foz do Iguaçu, o balanço
de reativos tem a contribuição significativa dos geradores de ITAIPU, que foram projetados
com um fator de potência de 0,85 pu, e o número de filtros conectados ao barramento CA da
retificadora está vinculado à quantidade de geradores em operação [16].
Para fins didáticos supõe-se que o sistema de potência seja o setor de 50 Hz da Usina
Hidrelétrica de Itaipu. Além dos componentes de geração, transmissão e a carga que
representa o SIN, este modelo contém os instrumentos de medição que fornecem os sinais
secundários para um IED, que hipoteticamente compõe o sistema de proteção das linhas de
transmissão que interligam a ITAIPU à SEMD. As lógicas para a aplicação de faltas,
manobras de disjuntores e qualquer outra malha de controle também podem ser inseridas no
modelo através do uso dos componentes da biblioteca. Para a simulação em tempo real este
modelo do RSCAD utiliza o RTDS que, além dos cartões de processamento, possui cartões de
saídas analógicas que reproduzem os sinais dos instrumentos de medição em baixo nível, ou
seja, ± 10 mV. Estes sinais analógicos de saída são então transformados e/ou amplificados
para níveis compatíveis com a realidade das subestações, como por exemplo, 115 V para os
transformadores de potencial e 5 A para os transformadores de corrente, e enviadas para o
IED que será testado. Cada alteração do modelo executada durante a simulação com o RTDS,
como aplicação de faltas, abertura de linhas, energização, rejeição de carga, entre outras, será
reproduzida para o IED através de variações nos sinais de corrente e tensão provenientes dos
amplificadores. Se determinado teste compreender, por exemplo, a aplicação de uma falta
interna à linha protegida, o IED atuará enviando um sinal de trip para uma entrada digital do
RTDS que, em tempo real e em malha fechada, abrirá os disjuntores dos terminais da linha do
modelo simulado. A confirmação desta abertura é feita pelo IED através da alteração dos
sinais de corrente e tensão que estão sendo medidos no modelo e enviados para ele por meio
dos amplificadores. E é desta forma que os eventos/variações do sistema de potência
30
modelados no RSCAD são detectados pelo IED durante os testes com o RTDS. Por isso,
costuma-se afirmar que, em termos de transitórios eletromagnéticos, o ensaio de modelo
através do RTDS emula as condições de campo num ambiente de laboratório.
O simulador RTDS foi desenvolvido através de uma arquitetura modular que permite a
adição de cartões numa estrutura denominada rack. Basicamente esta estrutura contém os
cartões de processamento, que no caso do simulador do LASSE são do tipo GPC, e um cartão
para a interface entre o RTDS e a estação de trabalho, denominado GTWIF. Cada cartão GPC
inclui dois processadores IBM Power PC 750GX [23].
Normalmente o RTDS opera com um cartão GTWIF e no mínimo dois cartões GPC,
ou seja, disponibilizando quatro processadores. Um deles é sempre utilizado para a solução da
rede do sistema de potência, através de algoritmos baseados na análise nodal, de acordo com
os conceitos introduzidos por H.W Dommel em [24]. Um único rack com um cartão GTWIF
pode simular sistemas de potência com até 66 nós monofásicos, numa contagem específica
para o RTDS que, por exemplo, exclui as lógicas de controle, os instrumentos de medição e as
faltas aplicadas nos barramentos. Além disso, é necessário ao menos um processador para os
componentes do sistema de potência e outro para os do sistema de controle, totalizando três
processadores como requisito mínimo, obtidos através da conexão de dois GPCs num rack
RTDS.
Desde sua inauguração em 2008 até 2015, o LASSE já havia executado uma série de
ensaios para a avaliação do desempenho de IEDs relacionados à proteção dos sistemas de
transmissão da energia produzida pela ITAIPU. Os modelos desenvolvidos em cada serviço
prestado continham aproximações e simplificações em virtude das limitações do RTDS, como
quantidade de nós disponível e capacidade de processamento, e dos prazos de execução que,
em alguns casos, impossibilitavam o detalhamento maior de características específicas do
sistema de potência. Como as respostas do modelo sempre foram validadas pela equipe de
especialistas da ITAIPU, tais considerações não invalidam os resultados dos ensaios já
realizados, mas, por outro lado, introduzem a possibilidade do desenvolvimento de pesquisas
para o aprimoramento dos modelos existentes e refinamento dos estudos relacionados aos
sistemas de proteção de ITAIPU.
32
3.4.1 Carga RL
𝑉 2
𝑃𝑘 = 𝑃0 ( 𝑉𝑘) (3.1)
0
𝑉 2
𝑄𝑘 = 𝑄0 ( 𝑉𝑘) (3.2)
0
Figura 3.10 – Configuração de carga máxima do ensaio de modelo das linhas de 500 kV
Por sua credibilidade, o modelo do ATPDraw descrito por Betiati [8] foi utilizado
como referência para a nova representação do sistema em CCAT de ITAIPU no software
RSCAD, contemplando características do controle disponíveis nas MODELS e incluindo um
maior detalhamento do sistema conectado à barra retificadora, como demostrado na Figura
4.2. Este diagrama poderia, por exemplo, ser utilizado num ensaio de modelo envolvendo o
sistema de proteção das linhas de transmissão de 500 kV, 50 Hz.
Sistema de controle que calcula o ângulo de disparo dos tiristores conforme será
detalhado neste capítulo.
A Figura 4.7 ilustra o diagrama do RSCAD com a lógica para a determinação do valor
da ordem de corrente. A chave MODO é usada para selecionar o controle por corrente
constante (Iset) ou por potência constante (Pset). O congelamento da tensão pelo período de 2
segundos não foi implementado, mas apenas a sua limitação no nível de 0,7 pu em série com
o filtro passa-baixa que possui a constante de tempo de 500 ms. Existem também outros sinais
adicionais na malha de controle para a definição da ordem de corrente que não foram
considerados por não serem representativos para a abordagem deste trabalho.
43
Antes de ser enviado ao controle do polo, o sinal de saída da Figura 4.7 passa por uma
malha, denominado VDCOL, que tem a função de limitar o valor da ordem de corrente
quando são detectadas condições de baixos níveis de tensão, oriundos de algum distúrbio na
rede CA ou CC. Esta limitação do VDCOL é necessária porque nestas condições os
conversores passam a consumir mais reativos e, por outro lado, os filtros CA e capacitores
diminuem a capacidade de fornecimento desta potência reativa, tendo em vista que ela é
diretamente proporcional ao quadrado da tensão.
Num sistema em CCAT como o que transmite a energia de ITAIPU, que possui uma
baixa potência de curto-circuito no inversor, o VDCOL se torna um elemento fundamental
para limitar a ordem de corrente do polo em função da queda na tensão CC, evitando-se assim
um colapso na tensão CA [11,13].
Este nível hierárquico tem a função de calcular o ângulo de disparo que levará o
sistema em CCAT para o ponto de operação definido pelo controle do bipolo. Este cálculo é
obtido a partir do erro entre a corrente contínua proveniente da malha MEDIÇÃO e a ordem
de corrente definida na malha VDCOL.
45
O controle do polo é composto pela malha CCA (Current Control Amplifier) e, como
exposto no capítulo 2 deste trabalho, em condições normais de operação o retificador atuará
no controle da corrente e o inversor manterá o ângulo de extinção num valor mínimo. As
malhas CCA do retificador e do inversor apresentam diferenças significativas e por isso serão
apresentadas em itens separados.
A representação da malha RAML no RSCAD foi feita através do uso de uma grande
quantidade de componentes de controle da biblioteca, conforme demonstrado na Figura 4.12.
Mesmo apresentando uma resposta fiel à Figura 4.11, como forma de aprimoramento do
modelo do setor de 50 Hz de ITAIPU, sugere-se o estudo futuro da possibilidade de
simplificação da lógica RAML no RSCAD, além da inclusão dos sinais referentes às faltas
assimétricas.
47
Conforme demostrado nas Equações 4.2, 4.3 e 4.4, o cálculo da variável ALF_MAX
exclui o ramo proporcional e, por isso, em regime permanente, a saída da malha CCA será a
Equação 4.5, que relaciona o ângulo máximo de disparo (αmáximo) com o ângulo mínimo de
extinção (γmínimo).
𝛼𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 = 𝜋 − 𝛽 (4.4)
Para que um pulso de disparo possa ser gerado na sub-rotina GPD, as condições
apresentadas na Figura 4.19 precisam ser satisfeita.
Toda vez que o sinal DIFV da Figura 4.20 for maior ou igual à zero um pulso PC será
emitido, significando que a condição de erro foi habilitada. Em condições normais de
operação, com a diferença entre ALFAAtual e ALFAAnterior sendo praticamente nula, a taxa de
crescimento da rampa e o nível básico tem valores tais que a defasagem entre os disparos
sucessivos dos pulsos PC se mantém num valor constante de 30º elétricos (característica de
um sistema de 12 pulsos). Isto significa que no retificador o tempo entre cada pulso PC será
de aproximadamente 1,67 ms (pois o sistema CA opera em 50 Hz) e no inversor será de
aproximadamente 1,39 ms (frequência de 60 Hz), caracterizando a denominação de controle
por pulsos equidistantes. Quando, porém, ocorre uma perturbação na rede, alterando o sinal
ALFA, a variável DALFA será diferente de zero e a frequência do sinal PC será alterada.
Observa-se, portanto, que no sistema de controle equidistante o disparo das válvulas não está
vinculado ao cruzamento por zero da tensão de comutação, mas sim ao disparo anterior.
54
O sinal PC, que é função do erro de corrente e determina a condição de erro da Figura
4.19, somente liberará o pulso de disparo PD se a condição de tensão mínima for verificada,
ou seja, se a tensão através da válvula for maior do que um nível mínimo. No inversor, além
da condição de tensão mínima, também é necessário verificar a condição de ângulo mínimo.
Durante faltas trifásicas a terra, como a condição de tensão mínima bloqueia a atuação
da condição de erro, o sistema de controle verifica se a condição de emergência pode ser
liberada. Na Figura 4.20 o pulso de emergência é denominado EMG_TRIGG e é liberado
quando DIFV for maior do que a constante EMG_CONST.
em Sood [14], que executa um cálculo preditivo da área abaixo da curva de tensão da válvula
que deixará de conduzir, comparando-a com uma área mínima de referência que garantirá a
operação num γminimo de 17º. Se num determinado momento o valor estimado desta área for
menor do que a referência, na Figura 4.19 o pulso PD do inversor será ativado pela condição
de ângulo máximo, mesmo sem que a malha CCA tenha enviado o seu próprio sinal de
disparo referente à condição de erro.
Conhecido também como “Elo Travado por Fase”, o PLL do RSCAD é um circuito de
controle em malha fechada, composto por um detector de fase, um filtro e um VCO, conforme
esquematizado na Figura 4.23. O erro Err entre o ângulo Phi previsto e o ângulo atual das
tensões alternadas alimenta um controlador proporcional-integral, cujas variáveis Kp e Ts
podem ser ajustados no próprio componente PLL. Estas variáveis foram mantidas em 5 e
0,01, respectivamente, que são os valores utilizados no exemplo de CCAT do RSCAD em [9].
57
A saída W deste filtro é a frequência angular detectada para a tensão de fase do sistema, em
rad/s. O bloco seguinte é um VCO que gera phi, ou seja, uma rampa com amplitude de 0 à 2π,
com frequência definida por W. Este sinal phi é a referência utilizada pelo Firing Pulse
Generator para a sincronização dos pulsos de disparo.
O FLAST é um inteiro que identifica o último bit na palavra do pulso de disparo que
foi para ON no último passo de tempo. Se nenhum bit mudou para ON, então a palavra
FLAST conterá um zero. Se houver um bit indo para 1 no último passo de tempo a variável
FRAC conterá a fração do passo de tempo no qual tal bit estava com o valor 1. Por exemplo,
se o bit 4 da variável FP ficou no nível 1 durante 2/3 do último passo de tempo, então a
variável FLAST conterá o inteiro 4, que representa a válvula 4. A variável FRAC conterá o
valor de 2/3, ou seja, 0,66667, e este será o valor da tensão Vr inserida em série com a
resistência ON no primeiro passo de tempo no qual a válvula 4 passa a conduzir. Nos passos
de tempo subsequentes esta tensão será nula [22]. Portanto, o disparo das válvulas é feito
considerando-se as três saídas do Firing Pulse Generator, ou seja, FP, FLAST e FRAC.
59
O fluxo de potência utilizado nesta etapa de validação está apresentado na Figura 4.26.
Localização: 0% da linha;
POW: 52,5º;
500
[kV]
375
250
125
-125
-250
-375
-500
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: v :BARRA A1 TENSION UR
RSCAD-HVDC.cf g: v :S1) IPU50A
600
[kV]
380
160
-60
-280
-500
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: v :BARRA A1 TENSION US
RSCAD-HVDC.cf g: v :S1) IPU50B
500
[kV]
375
250
125
-125
-250
-375
-500
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: v :BARRA A1 TENSION UT
RSCAD-HVDC.cf g: v :S1) IPU50C
4
[kA]
2
-2
-4
-6
-8
-10
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L1-CORRIENTE IR
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL1A
Figura 4.38 – Corrente na linha LT-01 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase A
20
[kA]
15
10
-5
-10
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L1-CORRIENTE IS
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL1B
Figura 4.39 – Corrente na linha LT-01 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase B
68
4000
[A]
2000
-2000
-4000
-6000
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L1-CORRIENTE IT
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL1C
Figura 4.40 – Corrente na linha LT-01 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase C
5,0
[kA]
2,5
0,0
-2,5
-5,0
-7,5
-10,0
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L2-CORRIENTE IR
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL2A
Figura 4.41 – Corrente na linha LT-02 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase A
69
20
[kA]
15
10
-5
-10
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L2-CORRIENTE IS
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL2B
Figura 4.42 – Corrente na linha LT-02 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase B
5000
[A]
3000
1000
-1000
-3000
-5000
-7000
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L2-CORRIENTE IT
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL2C
Figura 4.43 – Corrente na linha LT-02 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase C
70
5000
[A]
3000
1000
-1000
-3000
-5000
-7000
-9000
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L3-CORRIENTE IR
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL3A
Figura 4.44 – Corrente na linha LT-03 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase A
25
[kA]
20
15
10
-5
-10
-15
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L3-CORRIENTE IS
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL3B
Figura 4.45 – Corrente na linha LT-03 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase B
71
5000
[A]
3750
2500
1250
-1250
-2500
-3750
-5000
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L3-CORRIENTE IT
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL3C
Figura 4.46 – Corrente na linha LT-03 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase C
12,5
[kA]
9,0
5,5
2,0
-1,5
-5,0
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L4-CORRIENTE IR
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL4A
Figura 4.47 – Corrente na linha LT-04 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase A
72
16
[kA]
12
-4
-8
-12
-16
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L4-CORRIENTE IS
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL4B
Figura 4.48 – Corrente na linha LT-04 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase B
16
[kA]
12
-4
-8
0,30 0,34 0,38 0,42 0,46 0,50
Oscilograf ia.CFG: c:L4-CORRIENTE IT
RSCAD-HVDC.cf g: c:IL4C
Figura 4.49 – Corrente na linha LT-04 que interliga a ITAIPU à SMD – Fase C
73
A etapa do trabalho apresentada neste Capítulo foi a que demandou o maior tempo de
pesquisa e esforços para que fosse desenvolvida. A ferramenta MODELS do ATPDraw
precisou ser estudada para que as linhas de códigos presentes nela fossem traduzidas em
blocos de controle para o software RSCAD. Foi possível utilizar esta metodologia tanto para o
controle do bipolo quanto do polo. Porém, no caso do controle do conversor, inserido na
MODELS FIRING, a tentativa de convertê-la em diagrama de blocos se mostrou inadequada,
pois o consumo excessivo de processamento do RTDS não permitiu que a simulação do
modelo ocorresse de forma estável. Por isso, a alternativa encontrada foi o estudo
aprofundado do componente “Firing Pulse Generator” do RSCAD, com o intuito de
compatibilizá-lo com o desempenho que a MODELS FIRING demostrava no ATPDraw.
A seguir será feita uma avaliação deste novo modelo apresentado neste Capítulo com
relação aos outros dois já utilizados nos ensaios com o RTDS e citados no Capítulo 3, com a
finalidade de se verificar a necessidade ou não do uso de uma representação mais detalhada.
74
Este Capítulo detalha a execução dos testes comparativos entre os três modelos
desenvolvidos no RSCAD para a representação do sistema em CCAT que transmite a energia
de ITAIPU. A análise foca tanto na comparação entre as respostas de cada modelo quanto na
utilização do simulador RTDS.
De acordo com a Figura 5.1, as três opções de modelo são descritas como:
Uma das principais constatações da análise comparativa entre os três modelos foi o
diferente nível de sinais harmônicos de mais alta frequência (660 a 840 Hz) presentes em cada
um deles durante a permanência da falta. No primeiro caso, não haverá qualquer contribuição
de corrente vinda lado do sistema de CC, uma vez que ele está representado apenas pelo
modelo RL, não havendo também transitórios de falta dado o modelo simplificado. Quando,
porém, os modelos ficam mais apurados, com a inserção de cargas dinâmicas,
76
3000
[A]
2000
1000
-1000
-2000
-3000
0,35 0,39 0,43 0,47 0,51 [s] 0,55
Caso_1_RL_VbarIdj.cf g: c:IDjL11A
Caso_1_DIN_VbarIdj.cf g: c:IDjL11A
Caso_1_HVDC_VbarIdj.cf g: c:IDjL11A
Esta é uma característica geral observada em muitos casos analisados que pode ser
melhor visualizada na Figura 5.3, na qual as correntes IDjL11A de cada um dos três modelos
estão deslocadas verticalmente, apenas para fins comparativos. Claramente o modelo CCAT
apresenta uma quantidade maior de harmônicos e um amortecimento mais lento durante a
falta. Observa-se, entretanto, que momentos antes da falta, quando o sistema ainda estava em
regime permanente, os três modelos se comportavam de forma similar e, por isso, as
diferenças harmônicas se restringem aos transitórios aplicados no sistema.
77
Figura 5.3 – IDjL11A do caso 1 nos modelos Carga RL, Carga Dinâmica e CCAT
Exemplo disso pode ser observado na Figura 5.6, que compara as correntes IDjL11A e
IDjR11A, respectivamente local e remota da fase A da linha LT-11, quando se aplica uma
falta AN à 0% da linha LT-11, com resistência de 0,05 Ω. As correntes IDjL11A dos três
modelos são praticamente iguais, mas claramente percebe-se diferenças em termos de
quantidade de harmônicos entre as correntes IDjR11A de cada modelo.
3000
[A]
2000
1000
-1000
-2000
-3000
0,35 0,39 0,43 0,47 0,51 [s] 0,55
Caso_97_RL_VbarIdj.cf g: c:IDjL11B
Caso_97_DIN_VbarIdj.cf g: c:IDjL11B
Caso_97_HVDC_VbarIdj.cf g: c:IDjL11B
4000
[A]
2500
1000
-500
-2000
-3500
-5000
0,35 0,39 0,43 0,47 0,51 [s] 0,55
Caso_97_RL_VbarIdj.cf g: c:IDjL11C
Caso_97_DIN_VbarIdj.cf g: c:IDjL11C
Caso_97_HVDC_VbarIdj.cf g: c:IDjL11C
Outro ponto de análise comparativa foi a potência ativa gerada pelo setor de 50 Hz de
ITAIPU. No modelo CCAT é possível observar o efeito do VDCOL na recuperação mais lenta
da potência ativa, ou seja, após o término da falta em 0,48 segundos, o VDCOL detecta que o
nível de tensão voltou a subir e assume a constante de tempo de subida com um valor maior,
conforme apresentado na Figura 4.8. Desta forma, a ordem de corrente levará um tempo
maior para voltar ao patamar que reflete a transmissão de potência demandada,
caracterizando-se a recuperação gradual do sistema. Isto está bem ilustrado na Figura 5.9, que
contém a potência ativa em ITAIPU para o caso 78 que corresponde a aplicação de uma falta
ABC à 33 % da linha LT-03 (vide Figura 4.2), com resistência de falta de 0,05 Ohms e POW
de 90º.
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
-1000
0,35 0,45 0,55 0,65 0,75 [s] 0,85
Caso_78_RL_Potências.cf g: ?:PIPU
Caso_78_DIN_Potências.cf g: ?:PIPU
Caso_78_HVDC_Potências.cf g: ?:PIPU
Figura 5.9 – Potência ativa em ITAIPU – C.C. ABC, 0,05 Ohms, 90º, 33% de LT-03
Nos modelos Carga RL e Carga Dinâmica foram alocados 3 processadores (GPC 1B,
GPC 2A e GPC 2B) para os componentes do sistema de controle, enquanto no modelo
CCAT houve a adição do processador GPC 3A, totalizando 4 processadores;
O segundo ponto a ser avaliado é a quantidade de nós que cada modelo utiliza. A
simulação do sistema de potência no RTDS, que nos três modelos foi feita no cartão GPC 1A,
está limitada a uma rede de até 66 nós monofásicos em cada rack. O modelo Carga RL
utilizou 45 nós, o modelo Carga Dinâmica foi elaborado com 52 nós e o modelo CCAT com
83
55 nós. Mesmo estando próximo ao limite do número de nós, o modelo CCAT pode ser
reorganizado para comportar o detalhamento de outras partes do sistema, como o sistema
ANDE, por exemplo, que está conectado à SEMD. Algumas sugestões para se fazer este tipo
de reorganização são:
Deste total de 55 nós, 24 nós correspondem à abertura das linhas de transmissão IPU-
SEMD e SEMD-SEFI para a aplicação de faltas. Pode-se reduzir 12 nós criando-se 2
modelos similares em que se tenha a abertura das linhas IPU-SEMD num deles e no
outro a abertura das linhas SEMD-SEFI;
segundos a mais do que nos outros dois modelos. Para a execução da lista de faltas do Anexo
A, por exemplo, o modelo CCAT demorou aproximadamente 50 minutos a mais do que os
outros dois modelos para finalizar os 144 casos.
Neste Capítulo foi apresentada uma análise comparativa dos três modelos existentes
no LASSE para a representação do CCAT nos testes que envolvem o setor de 50 Hz,
considerando-se tanto o desempenho dos modelos em termos de transitórios eletromagnéticos,
quanto a capacidade física disponível na plataforma de simulação atual. A lista com os 144
casos foi definida com base na experiência da equipe do LASSE, ou seja, estes casos estão
condizentes com o que é normalmente solicitado num ensaio real para a validação, por
exemplo, de um sistema de proteção das linhas de transmissão de 500 kV da ITAIPU.
85
6. CONCLUSÕES
O modelo de Carga RL é o que mais se distancia da resposta esperada e por isso não
deverá ser utilizado em trabalhos futuros que envolvam o setor de 50 Hz. Mesmo assim, não
se descartam os resultados dos ensaios de modelo já realizados, conforme citados no item 3.3,
pois, de acordo com os experientes engenheiros de proteção, as diferenças observadas podem
ser consideradas irrelevantes. Apenas sugere-se que os próximos serviços sejam feitos
utilizando-se um modelo mais refinado.
BIBLIOGRAFIA
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