Integração de Bancos de Baterias em Redes Elétricas Isoladas
Integração de Bancos de Baterias em Redes Elétricas Isoladas
Integração de Bancos de Baterias em Redes Elétricas Isoladas
Tese de Mestrado
Presidente
Orientador:
Arguente
Com este intuito, procedeu-se à implementação, com o auxílio do software PSSE (Power
System Simulation for Engineering) e do Matlab/Simulink, de uma rede com base no modelo de
rede elétrica da ilha do Porto Santo ao nível dos componentes que a caracterizam. Inicialmente
fez-se uma análise do funcionamento atual da rede elétrica, registando-se as suas
funcionalidades e modo de operação.
Palavras Chave:
Rede de energia elétrica; armazenamento de energia; banco de baterias; conversor eletrónico
de potência bidirecional.
iii
Abstract
In this project, the effect of the integration of a battery system in the power grid of the
island of Porto Santo was analyzed at the software simulation level. Being an isolated power
grid, the goal of the integration of the system is to back up the power generation during peak
demmand periods and use low demand periods to recharge, improving therefore the efficiency
of power generation in the island.
With this purpose, using the software PSSE (Power System Simulation for Engineering)
and Matlab/Simulink the model of a power grid was developed with the maximum similarity
possible to the grid of the island of Porto Santo, in terms of its components characteristics. The
project started with the annalyzis of the grid as it is now with the registration of the components
capabilities and operation mode.
In adition to the development of the power grid model, a suitable power convetion and
battery system model was also developed and tested using Matlab/Simulink, in terms of power
supply and response time needed, but also considering it’s implementation viability in terms of
existing components and economic viability. Using the obtained results, the created model was
the basis for the development of a similar model in PSSE for vector and time domain analysis.
The grid’s operation was also observed and registred in diversified load and generation
conditions, without and with battery system in operation, having accounted for the viability of
implementation of the system in terms of electrical performance, mitigating the need for a
second generator group at the thermal power plant.
Keywords:
Electric power grid; energy storing; battery system; bidirectional switched electronic power
converter.
iv
Agradecimentos
Gostaria de deixar um especial agradecimento ao meu orientador, o Professor Dionísio
Barros, que sempre apresentou uma grande disponibilidade para apoiar este trabalho, pelas
horas dispendidas, pelas sugestões e pelo seu vasto conhecimento em geral, que nunca hesitou
em colocar à disposição.
Um agradecimento muito especial à minha família, que sempre me apoiou nos bons e
maus momentos, e por muito se terem sacrificado para me ajudar a cumprir esta enorme etapa
da minha vida.
Muito obrigado à minha namorada, Sofia Nóbrega, por estar ao meu lado e me apoiar
sempre. Sem esse apoio nunca chegaria aqui.
Finalmente, um muito obrigado aos meus colegas e amigos que fui conhecendo ao longo
desta etapa e que de alguma maneira contribuíram na minha vida, quer com sugestões ou com
momentos bem passados.
v
Lista de Acrónimos
AC – Alternating Current (corrente alternada)
EV – Electric Vehicle
PI – proporcional – integral
PT – Posto de transformação
SE – Subestação
SI – Sistema Internacional
vi
Lista de Símbolos
A – área
D – factor de amortecimento
E – força eletromotriz
f – frequência
fc – factor de carga
f0 – factor de vazio
H – constante de inércia
hc – utilização da ponta
i – corrente elétrica
I – inércia
ID – corrente de escuridão
Io – corrente de saturação
K – constante de Boltzman
M – momento angular
P – potência ativa
Pa – potência aceleradora
Pe – potência elétrica
Pm – potência mecânica
q – carga do eletrão
Q – potência reativa
vii
R - resistência
S – potência aparente
t – tempo
T – torque
T – período
U – tensão DC
V – tensão
v – velocidade
W – energia
Wc – energia Cinética
X – indutância
η – rendimento
ξ – factor de amortecimento
ρ – densidade do ar
ω – frequência angular
viii
Índice
Resumo......................................................................................................................................... iii
Palavras Chave: ............................................................................................................................ iii
Abstract ........................................................................................................................................ iv
Keywords: ..................................................................................................................................... iv
Agradecimentos ............................................................................................................................ v
Lista de Acrónimos ....................................................................................................................... vi
Lista de Símbolos ..........................................................................................................................vii
Capítulo 1 – Introdução ................................................................................................................. 1
1.1. Motivação...................................................................................................................... 1
1.2. Objetivos ....................................................................................................................... 1
1.3. Organização e conteúdos .............................................................................................. 1
1.4. Contribuições originais .................................................................................................. 2
Capítulo 2 – Revisão do estado de arte......................................................................................... 3
2.1. Redes de energia elétrica ................................................................................................... 3
2.2. Centrais térmicas................................................................................................................ 6
2.3. Centrais de eneria renovável ............................................................................................. 9
2.4. Estabilidade em micro redes ............................................................................................ 14
2.5. Custos de produção de energia ........................................................................................ 17
2.6. Diagrama de cargas .......................................................................................................... 18
2.7. Baterias e outras tecnologias de armazenamento........................................................... 19
Baterias aplicáveis a potências elevadas: ........................................................................... 22
2.8. Topologias de compensação com conversor ................................................................... 24
2.9. Sistema de baterias comercial ......................................................................................... 26
Capítulo 3 – Modelo elétrico da rede do Porto Santo ................................................................ 27
3.1. Descrição dos parâmetros gerais da rede ........................................................................ 27
3.2. Descrição dos elementos constituintes da rede .............................................................. 31
3.2.1. Descrição de parâmetros da geração ........................................................................ 32
3.3. Esquema da rede para simulação .................................................................................... 39
3.4. Simulação vetorial do funcionamento da rede no PSSE .................................................. 40
3.4.1. Central Térmica ......................................................................................................... 41
3.4.2. Central eólica............................................................................................................. 41
3.4.3. Central Fotovoltaica .................................................................................................. 42
3.4.4. Subestações............................................................................................................... 43
3.4.5. Linhas de Transmissão e Cargas ................................................................................ 44
3.4.6. Resultados obtidos .................................................................................................... 44
ix
3.5. Simulação temporal do funcionamento da rede no Matlab............................................ 52
3.5.1. Central térmica .............................................................................................................. 52
3.5.2. Centrais eólicas ......................................................................................................... 56
3.5.3. Central fotovoltaica ................................................................................................... 58
3.5.4. Subestações............................................................................................................... 60
3.5.5. Linhas de Transmissão e Cargas ................................................................................ 60
3.5.6. Resultados obtidos .................................................................................................... 60
3.6. Comparação de resultados............................................................................................... 63
Capítulo 4 – Projeto do sistema de conversão de energia e banco de baterias ......................... 64
4.1. Conversor eletrónico de potência .................................................................................... 64
4.1.1. Malha interna de controlo de corrente ........................................................................ 66
4.1.2. Definição das tensões compostas ............................................................................. 67
4.1.3. Modelo da dinâmica do conversor – coordenadas abc ............................................ 68
4.1.4. Modelo dinâmico do conversor – Coordenadas αβ0 ................................................ 68
4.1.5. Controlo de corrente por modo de deslizamento .................................................... 69
4.1.6. Implementação do sistema de conversão de energia em Matlab/Simulink ............ 70
4.1.7. Resultados da simulação - sistema de conversão de energia ................................... 73
4.1.8. Sistema de conversão com regulação de tensão ...................................................... 77
4.1.9. Funcionamento como retificador para carregamento de baterias ........................... 81
4.2. Banco de Baterias ............................................................................................................. 81
4.2.1. Dimensionamento do banco de baterias .................................................................. 81
Capítulo 5 – Integração do banco de baterias na rede do Porto Santo ...................................... 86
5.1. Integração do sistema de baterias na rede em Matlab/Simulink .................................... 86
5.2. Simulação do sistema de baterias na REE em Matlab/Simulink ...................................... 88
5.3. Integração e simulação do sistema de baterias na rede em PSSE ................................... 92
5.3.1. Cenário: introdução do banco de baterias ................................................................ 93
5.3.2. Simulação dinâmica................................................................................................... 93
5.4. Comparação de resultados: rede com e sem sistema de baterias .................................. 96
5.5. Análise económica da viabilidade de implementação do sistema................................... 98
Capítulo 6 – Conclusões .............................................................................................................. 99
6.1. Conclusões do trabalho .................................................................................................... 99
6.2. Trabalhos Futuros........................................................................................................... 100
Referências ................................................................................................................................ 101
Anexo A – Ferramentas informáticas usadas ............................................................................ 104
Anexo B – Diagramas de cargas classificadas e diagramas de probabilidade de cargas .......... 106
Anexo C – Implementação no PSSE das características dinâmicas dos elementos da rede ..... 108
x
Anexo D – Características das linhas de transmissão ............................................................... 110
Anexo E – Transformada Va, Vb, Vc para Vd-Vq ....................................................................... 111
Anexo F – Percursos de corrente no Conversor DC/AC ............................................................ 112
Anexo G – Sistema de conversão implementado em Matlab/ Simulink................................... 115
Anexo H – Funções implementadas no sistema de conversão ................................................. 116
Anexo I – Ficheiro de constantes de simulação ........................................................................ 119
Anexo J – Sistema de conversão DC/AC com regulação de tensão .......................................... 120
Anexo K – Funções definidas para o sistema de conversão DC/AC com regulação de tensão . 121
Anexo L – Função de seleção de modo de operação do sistema de conversão ....................... 123
Anexo M – Rede do Porto Santo e Sistema de Baterias em Matlab/Simulink.......................... 124
Anexo N – Análise económica ................................................................................................... 125
N.1. Custos de operação e manutenção atuais................................................................. 125
N.2. Custo de instalação e operação do sistema de baterias ........................................... 125
N.3. Análise económica do projeto ................................................................................... 126
xi
xii
Capítulo 1 – Introdução
Neste capítulo são apresentadas as motivações que levaram à realização deste projeto,
bem como os objetivos determinados para o mesmo. Será ainda apresentada uma breve
descrição da organização e dos conteúdos do presente trabalho, bem como as contribuições
originais nele incluídas.
1.1. Motivação
Foi apresentada uma proposta de realização de um projeto em parceria com a Empresa
de Eletricidade da Madeira à Universidade da Madeira, com vista a obtenção de uma solução
para a integração de bancos de baterias na rede elétrica isolada da ilha do Porto Santo, com o
objetivo de diminuir a carga da central térmica existente nas horas de ponta e aproveitar a
produção excessiva de energia por parte das centrais baseadas em energias renováveis,
nomeadamente das centrais eólicas durante as horas de vazio para o recarregamento do
sistema por forma a aumentar o rendimento de produção energética na ilha do Porto Santo,
diminuíndo assim a longo prazo os seus custos de operação.
1.2. Objetivos
Os principais objetivos propostos para este trabalho são:
1
No segundo capítulo, “Revisão do estado de arte”, fez-se uma revisão do estado da arte,
onde são apresentados os diversos temas relacionados com este trabalho já abordados em
diversa bibliografia, nomeadamente no que diz respeito ao estudo da estabilidade de micro
redes isoladas, ao estudo de produção de energia a partir de centrais térmicas, bem como fontes
renováveis, nomeadamente energia solar fotovoltaica e eólica, custos inerentes aos diversos
tipos de produção, análise do comportamento dinâmico deste tipo de rede e diagramas de carga
típicos, bem como diferentes tecnologias que usam baterias e outras técnicas de
armazenamento de energia elétrica alternativas. São ainda abordadas diferentes topologias de
compensação com conversor eletrónico de potência e apresentados alguns exemplos de
sistemas comerciais de baterias, aplicados em redes de energia elétrica.
2
Capítulo 2 – Revisão do estado de arte
Neste capítulo descreve-se a revisão do estado de arte dos temas abordados neste
trabalho dando especial ênfase no estudo da estabilidade em micro redes, funcionamento de
centrais de produção de energia elétrica, quer térmicas quer renováveis, custos de produção de
energia, diagramas de carga, baterias e outras tecnologias de armazenamento, topologias de
compensação com conversor eletrónico de potência e ainda é apresentado um sistema
comercial já existente. Estes tópicos foram os escolhidos visto incluírem as principais bases
teóricas nas quais este trabalho assenta.
Atualmente, com a integração dos sistemas de energias renováveis, bem como com a
introdução do conceito de microprodução, esta transferência de energia deixou de ser
unidirecional (produtor - cliente), podendo existir casos em que o cliente é simultaneamente
produtor e consumidor ou casos em que são criadas empresas independentes, produtoras de
energia elétrica baseada em energias alternativas (eólica, solar, hídrica, entre outras) que
realizem parcerias com as empresas produtoras tradicionais (baseadas em combustíveis
fósseis). Dependentemente da realidade do local em questão, as empresas que realizam o
transporte e distribuição de energia elétrica podem ser empresas diferentes ou uma única
empresa.
Uma das principais formas de avaliação da energia elétrica produzida passa pela
determinação da potência instalada na rede. A potência é tida como a taxa temporal de troca
de energia. Desta forma, a sua unidade é o Watt (Joule por segundo). É prática comum indicar
que uma carga elétrica absorve potência ao invés de indicar que esta absorve energia a uma
dada taxa [2].
3
Numa carga puramente resistiva, a corrente na carga está em fase com a tensão, pelo
que é possível determinar a potência absorvida pela carga por:
𝑉2
𝑝𝑅 = 𝑉 × 𝐼𝑅 = = 𝐼𝑅2 𝑅; (2.1)
𝑅
onde pR corresponde à potência absorvida pela carga, V corresponde ao fasor da tensão e IR
corresponde ao fasor de corrente na carga [2].
Para uma carga puramente indutiva a corrente elétrica encontra-se em atraso de 90º,
logo, pela Lei de Ohm, a corrente na carga é dada por:
𝑉
𝐼𝐿 = ; (2.2)
𝑗𝑋𝐿
com IL a corresponder à corrente na carga e XL à sua reactância indutiva, dada por ωL, sendo ω
a frequência angular da rede. Assim, a potência absorvida no elemento indutor é dada por:
A unidade da potência ativa (potência absorvida pela parte resistiva da carga) é o watt
e a unidade da potência reativa (potência absorvida pela componente indutiva ou capacitiva da
carga) é o Volt Ampere Reativo (Var).
Desta forma, é possível distinguir potência ativa e reativa: para colocar, por exemplo um
motor elétrico em funcionamento, é necessária potência ativa, efetivamente transformada em
energia cinética ao longo do tempo. Mas para o seu funcionamento o motor requer também um
campo magnético e este, para ser gerado, necessita de uma corrente magnetizante ou reactiva,
que produz energia reactiva. Para produzir este tipo de energia não é necessária potência útil,
4
não existindo, portanto, consumo de energia primária além da necessária para cobrir as perdas
de circulação na rede eléctrica [2].
É muito importante introduzir ainda o conceito de factor de potência, dado pelo cos(δ-
β), ou seja pelo cosseno do desfasamento entre os sinais de tensão e corrente. No caso das
cargas puramente resistivas o factor de potência é unitário. No caso de cargas com componente
ativa e reativa o valor do factor de potência diminui com o aumento da potência reativa
existente, podendo ter um valor positivo ou negativo caso a carga tenha maioritariamente
características indutivas ou capacitivas, respetivamente [3].
Como é observável pela figura 2.2, a potência aparente de um sistema (S), dada
usualmente em MVA (Mega Volt Ampere) apenas será igual à potência ativa caso exista um
factor de potência unitário, ou seja, caso não haja circulação de potência reativa na rede.
Na figura 2.3 ilustram-se algumas das representações de elementos mais usuais através
de diagramas unifilares.
Para fins de representação é ainda muito usado o sistema de representação por unidade
(pu). Esta notação apresenta especial importância com a presença de transformadores de
potência num sistema de energia elétrica, pois esta resulta na existência de diversos níveis de
tensão ao longo dos barramentos da rede, dificultando, naturalmente, o processo de análise do
funcionamento da rede. A existência de diversos níveis de tensão impõe que todas as
5
impedâncias existentes sejam convertidas numa base de tensão comum. Com a introdução do
sistema por unidade são definidos os valores de base ou referência para as grandezas do sistema
de energia elétrica (como a tensão, potência, corrente, impedância e admitância) [4].
Pela figura 2.4 é possível observar que a queima de um combustível permite aquecer
um fluído (água) de forma a que este se torne em vapor de água e faça girar uma turbina,
acoplada a uma máquina elétrica com capacidade de produzir energia elétrica. O vapor de água
volta então para um condensador onde é arrefecido, continuando o seu percurso fechado.
𝑑2 𝜃
𝑇=𝐼× ; (2.8)
𝑑𝑡 2
que é a equação fundamental da dinâmica do movimento rotativo. O parâmetro I corresponde
à inércia do sistema em relação ao eixo de rotação, 𝜃 corresponde ao ângulo descrito no
movimento de rotação em relação ao eixo de referência e T ao movimento de torção, que é a
soma dos binários que atuam no no eixo de acoplamento entre turbina e gerador.
6
A última parcela da multiplicação em (2.8) identifica a aceleração angular e é expressa
em radianos por segundo ao quadrado. É importante ainda definir a energia cinética de um
corpo animado de movimento rotacional e o seu momento angular:
1
𝑊𝑐 = 𝐼 × 𝜔2 ; (2.9)
2
𝑑𝜃
𝜔= ; (2.10)
𝑑𝑡
𝑀 = 𝐼 × 𝜔. (2.11)
Em (2.9) é apresentada a definição de energia cinética (em joules) de um corpo em
movimento de rotação, com ω a corresponder à velocidade angular instantânea do mesmo
(expressa em rad/s), cuja definição é apresentada em (2.10). Em (2.11) é apresentada a definição
de momento angular (M) de um corpo em movimento rotacional (expresso em Ws2/rad). Tendo
em conta a sua dependência da velocidade angular (que numa máquina síncrona aproxima-se
muito da velocidade de sincronismo) é usualmente considerada constante.
e é expressa em MJ/MVA que é equivalente a segundos (s). Assim, a expressão (2.9) pode ser
reescrita como:
1
𝑆𝐻 = 𝑀 × 𝜔 = 𝑀𝜋𝑓. (2.13)
2
Para uma máquina síncrona a rodar em torno de um eixo a equação (2.8) pode ser
reescrita como:
𝑑2 𝜃
𝑃𝑎 = 𝑀 . (2.14)
𝑑𝑡 2
Em (2.14) Pa corresponde à potência aceleradora aplicada ao corpo em movimento
rotacional e M ao seu momento angular. No caso de um alternador síncrono (em que a potência
da máquina é igual à potência de base) tem-se a seguinte equação de oscilação (swing equation):
𝑆𝐻 𝑑 2 𝜃 𝑑𝜃
𝑃𝑎 = 𝑃𝑚 − 𝑃𝑒 = 2
+𝐷 . (2.15)
𝜋𝑓 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Por (2.15) verifica-se que a potência aceleradora (Pa) de uma máquina síncrona é
equivalente à diferença entre a potência mecânica fornecida pela turbina ao gerador e a
potência elétrica fornecida pelo mesmo e é dependente da constante de inércia, da frequência
da rede e do factor de amortecimento (D) da máquina. Esta potência pode ser expressa em
Megawatts se M for expresso em Megajoule por segundo por grau elétrico e a aceleração
angular em graus elétricos por segundo ao quadrado.
Como já foi referido, 𝜃 corresponde à posição angular do rotor (em ângulos elétricos).
Como 𝜃 varia continuamente no tempo é preferível medir a posição angular do rotor em relação
7
a um eixo de referência síncrono. Se δ for o ângulo elétrico do rotor em relação a um eixo de
referência síncrona e ω a velocidade de sincronismo, em graus elétricos por segundo, obtém-se:
𝜃 = ωt + δ. (2.16)
Se se derivar duas vezes (2.16) obtém-se:
𝑑2 𝜃 𝑑2 δ
= . (2.17)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 2
Verifica-se por (2.17) que a aceleração angular é igual à segunda derivada em ordem ao
tempo do ângulo elétrico do rotor, ou seja é possível reescrever (2.8) e (2.14) como:
𝑑2 δ
𝑇=𝐼× ; (2.18)
𝑑𝑡 2
𝑑2 δ
𝑃𝑎 = 𝑀 . (2.19)
𝑑𝑡 2
As equações (2.18) e (2.19) são as equações simplificadas do movimento de uma
máquina síncrona, visto desprezarem os efeitos das forças de atrito e as resistências dos
enrolamentos.
𝑉𝐸 𝑉2 1 1
𝑃𝑒 = 𝑠𝑒𝑛(δ) + ( − ) 𝑠𝑒𝑛(2δ). (2.20)
𝑋𝑑 2 𝑋𝑞 𝑋𝑑
Figura 2.5 – Modelo elétrico de uma máquina síncrona ligada a um barramento de uma rede elétrica.
Da figura 2.6 depreende-se que uma máquina síncrona pode entregar ou consumir
potência reativa da rede. Numa situação de sobre-excitação a corrente Ia está em atraso em
relação à tensão aos terminais da máquina Vt, logo o gerador fornece potência reativa ao
barramento, pois:
8
Figura 2.6 – Possíveis modos de excitação de uma máquina síncrona.
Além das centrais térmicas, existem diversos tipos de centrais baseadas em energias
renováveis, sendo os mais relevantes para o presente trabalho descritos na secção seguinte.
9
As turbinas eólicas de tipo 1 operam tipicamente muito perto da sua velocidade
nominal. A sua grande desvantagem reside no facto da máquina de indução usada consumir
grandes quantidades de potência reativa na excitação do seu núcleo e as elevadas correntes que
a máquina pode consumir no seu arranque aquando da não existência de um mecanismo de
arranque suave. Para minimizar estes efeitos normalmente são implementados mecanismos
que permitam a realização do arranque suave e bancos de condensadores de passos discretos
que fornecem a potência reativa necessária à máquina [8].
10
Uma pequena quantidade de corrente injectada no circuito de rotor pode efetuar um
grande controlo de potência no circuito do estator. Esta é a grande vantagem das turbinas DFIG.
Além da potência ativa que é entregue à rede pelo circuito do estator do gerador, a potência é
também entregue à rede através do inversor ligado à rede quando o gerador se movimenta
acima da velocidade síncrona. Quando o gerador se movimenta abaixo da velocidade síncrona,
a potência ativa flui para a rede, através de ambos os conversores. Estes dois modos de
operação, possibilitados pela natureza bidirecional dos conversores de quatro quadrantes,
permite uma gama de velocidades muito mais ampla, permitindo a operação tanto acima como
abaixo da velocidade síncrona (em certos casos velocidades até 50% inferiores à velocidade
síncrona). A maior vantagem da configuração DFIG, é que oferece os benefícios do controlo de
potência ativa e reativa em separado, tal como um gerador síncrono tradicional, sendo no
entanto capaz de operar de forma assíncrona. Este tipo de sistema é mais caro do que os
sistemas apresentados anteriormente [8].
11
variar a componente em quadratura (reativa) no conversor do lado da rede, mas apenas se este
conversor tiver uma potência nominal superior à potência nominal do gerador usado [8].
Outro tipo de centrais baseadas em energias renováveis muito usadas são as centrais
solares fotovoltaicas (PV -photovoltaic). Um gerador fotovoltaico é um dispositivo que converte
a energia proveniente de radiação solar em energia na forma de corrente elétrica. O
componente mais básico do sistema é a célula fotovoltaica.
Uma célula fotovoltaica consiste num dispositivo semicondutor (junção P-N) que se
comporta como uma fonte de corrente controlada por um fluxo de radiação solar. Esta reação
ocorre quando a radiação incidente na célula separa transportadores de cargas positivas e
negativas na presença de um campo elétrico, que existe permanentemente nas heterojunções.
Um semicondutor de silício contém uma junção p-n semelhante à de um díodo comum. No
entanto a célula solar contém uma elevada área de superfície, que quando não iluminada e
ligada a uma corrente de excitação tem características elétricas semelhantes às de um díodo
ideal, modelizado pela equação de Shockley, onde a corrente gerada é designada por corrente
de escuridão (ID),
𝑉𝐶 ×𝑞
−
𝐼𝐷 = 𝐼𝑂 (𝑒 𝑘𝑇𝑐𝐾 − 1). (2.23)
A corrente elétrica na célula que resulta da radiação solar é designada por foto corrente
(IL) e flui na direção oposta à corrente de escuridão. O seu valor mantém-se independentemente
da tensão aplicada, podendo ser portanto medida pela corrente de curto circuito. O seu valor
varia linearmente com a intensidade de radiação solar pois o aumento desta faz com que um
maior número de transportadores de carga sejam separados, como ilustrado na figura 2.11.
Assim, a corrente que efetivamente é gerada numa célula fotovoltaica (IC) é dada pela
diferença entre a corrente de escuridão e a fotocorrente. Se a convenção de sinais for invertida
a expressão que descreve a corrente produzida na célula é:
𝑉𝐶 ×𝑞
−
𝐼𝐶 = 𝐼𝐿 − 𝐼𝑂 (𝑒 𝑘𝑇𝑐𝐾 − 1). (2.24)
12
Assim é possível criar um modelo de uma célula fotovoltaica ideal, que corresponde ao
modelo apresentado na figura 2.12.
Múltiplas células podem ser ligadas em série e paralelo (para aumentar o valor de tensão
e corrente do módulo, respetivamente), sendo comercializadas como um módulo designado por
painel solar. Estes painéis podem ainda ser ligados em série e paralelo por forma a criar um array
de painéis solares [9].
Os sistemas fotovoltaicos produzem uma potência elétrica DC, que deve ser ajustada
para máxima eficiência de geração através de um algoritmo MPPT (Maximum Power Point
Tracker) e convertida para uma potência AC através de um inversor. Estas duas funções são
realizadas por uma unidade de conversão eletrónica de potência. Um exemplo de um sistema
de geração fotovoltaico, sem armazenamento de energia, é apresentado na figura 2.13 [9].
Figura 2.13 – Modelo de uma central fotovoltaica ligada a uma rede de energia elétrica.
13
A introdução de centrais renováveis em redes elétricas de todo o mundo permitiu criar
uma descentralização da geração de energia elétrica dando origem à produção distribuída e à
microgeração, ajudando a diminuir a dependência dos combustíveis fósseis e a reduzir emisões
poluentes para a atmosfera. Trouxeram no entanto novos desafios ao nível do despacho de
potência da rede e de manutenção da estabilidade da rede elétrica, devido à sua natureza
imprevisível.
14
A dinâmica de um Sistema Elétrico pode ser basicamente caracterizada por:
• à medida que a potência transmitida pela ligação síncrona aumenta, um limite máximo
é atingido, a partir do qual o sistema deixa de permanecer em sincronismo;
• o sistema comporta-se como um sistema oscilante entre a energia cinética
armazenada na máquina primária e a energia elétrica transferida pela ligação síncrona, em que
a potência elétrica transferida é proporcional a sen(δ) ou a δ (para pequenos δ), em que δ é o
ângulo de carga dos alternadores;
• como a potência transferida é proporcional a sen(δ), a equação que determina a
dinâmica do sistema é não linear para perturbações que originem grandes variações no ângulo
δ. Teremos assim sistemas estáveis até determinadas amplitudes de perturbações e instáveis
para perturbações de maior amplitude [5].
𝑑2 𝛿
𝑀 = 𝑃𝑚 − (𝑃𝑒 + 𝛥𝑃) = −𝛥𝑃; (2.25)
𝑑𝑡 2
supondo um estado anterior de equilíbrio em que Pm=Pe. Supondo:
𝑑
𝑝= . (2.26)
𝑑𝑡
Verifica-se que a estabilidade do sistema para pequenas perturbações é determinada
pela equação característica:
15
𝑑𝑃𝑒
𝑀𝑝2 + 𝛥𝑃 = 0 = 𝑀𝑝2 + . (2.27)
𝑑𝛿0
As raízes de (2.27) são:
𝑑𝑃𝑒
√ 𝑑𝛿0
𝑝=± − . (2.28)
𝑀
𝑑𝑃𝑒
Assim, enquanto for positivo as raízes são números imaginários puros, pelo que o
𝑑𝛿0
sistema é oscilatório em torno de δ0, sendo que a resistência da linha e reatância das bobinas
amortecedoras do alternador originam oscilações amortecidas, sendo o sistema estável para
𝑑𝑃𝑒
pequenos acréscimos de potência. Caso a seja negativo as raízes de (2.27) são reais, uma
𝑑𝛿0
positiva e uma negativa, mas de igual amplitude. O ângulo de carga nesta situação cresce
𝑑𝑃𝑒
indefinidamente, perdendo-se o sincronismo. O sistema torna-se instável. O termo é
𝑑𝛿0
designado assim por coeficiente de sincronização [5].
Em termos de ângulo rotórico, o sistema será instável caso δ0 seja superior a 90⁰,
supondo que os módulos de E e V da máquina se mantêm constantes.
Os problemas de estabilidade estacionária ocorrem com mais frequência em redes que
cobrem zonas de grande densidade de carga [5].
Figura 2.17 – Variação temporal do valor do ângulo rotórico para um sistema estável e instável.
16
2.5. Custos de produção de energia
Os custos de produção de energia elétrica são muito variáveis, dependendo de central
para central e mesmo dentro do mesmo tipo de centrais depende de parâmetros tão variados
como custos de combustíveis (no caso das centrais térmicas), custos de revisão e manutenção
de equipamentos ou mesmo impostos pagos ao estado devido à legislação em vigor (como por
exemplo, pelas emissões de gases nocivos à atmosfera).
O despacho económico ou clássico tem vindo a sofrer evoluções desde a sua introdução
(por volta de 1920) tendo sido usado no controlo em tempo real para alocar a carga do sistema
pelas unidades de produção, usando-se técnicas como a Classical Equal Increment, que tem em
conta as perdas na rede ou as Loss Formulas que tratam a rede por meio de modelos
aproximados [11].
17
Para conhecer a rede elétrica em questão, podendo determinar as suas características
em termos de estabilidade e de necessidades de produção (que implicam custos) é imperativo
realizar uma análise da perspetiva do seu diagrama de carga, como se apresenta na secção
seguinte.
Como apresentado na figura 2.19, a área do diagrama de cargas define a energia (em
Megawatt hora) que é consumida. São também salientados as alturas de vazio ou cava, ou seja
períodos de menor carga da rede, bem como os períodos de ponta, em que a carga atinge os
seus valores mais elevados. Conhecida a energia elétrica consumida na rede, é possível calcular
a potência média (em Megawatts) através de:
𝑊 1 𝑇
𝑃𝑚é𝑑𝑖𝑎 = = ∫ 𝑃(𝑡)𝑑𝑡. (2.29)
𝑇 𝑇 0
18
A utilização da ponta define então como o número de horas de um dia que uma central
estaria em operação à potência máxima verificada no diagrama para produzir a mesma energia
verificada no diagrama de cargas. Num diagrama de cargas plano a utilização de ponta seria igual
a 24 horas [13].
Figura 2.20 –a) Diagrama de cargas classificadas em função do tempo; b) Diagrama de probabilidade de carga [13].
Assim, com o diagrama de probabilidade de carga é possível realizar uma análise, por
exemplo da percentagem de tempo que a carga na rede ultrapassa um dado nível.
A energia elétrica pode ser armazenada sob diversas formas de energia, nomeadamente
sob a forma de energia eletroquímica, como nas baterias convencionais, sob a forma de energia
elétrica como nos supercondensadores ou bobinas supercondutoras, sob a forma de energia
potencial, como no armazenamento hidroelétrico ou de ar comprimido, sob a forma de energia
química (hidrogénio) ou de energia cinética como em volantes de inércia [16].
Uma bateria inclui uma ou várias células eletroquímicas, que consistem num eletrólito
líquido, num elétrodo positivo e num elétrodo negativo. As baterias eletroquímicas produzem
19
energia elétrica através de uma reação química provocada na presença do eletrólito, de modo
a que se libertem iões. O fluxo ordenado de iões dá origem a uma corrente elétrica. Esta reação
é ilustrada na figura 2.21, para a carga e descarga de uma bateria eletroquímica convencional,
no caso uma bateria de hidretos metálicos de níquel [16].
As baterias eletroquímicas têm uma vida útil finita devido à ocorrência de fenómenos
químicos ou físicos não desejados devido à deterioração dos materiais a partir dos quais são
produzidas. Esta deterioração é normalmente irreversível e afeta o desempenho elétrico da
célula. Alguns dos factores que influenciam a vida útil de uma bateria são o tempo e os ciclos de
utilização da célula, mudanças químicas, efeitos de temperatura, pressão, percentagem de
descarga, nível e taxa de carregamento ou perda de eletrólito [17].
A resistência interna de uma bateria tende a aumentar ao longo do seu tempo de vida,
quer esta seja usada ou não, atingindo eventualmente um ponto em que as perdas resistivas
são incomportáveis. Usualmente considera-se que o período de vida útil da bateria termina
quando esta apenas é capaz de atingir entre 70% e 80% da sua capacidade. Os efeitos da
passagem de tempo são ainda mais pronunciados para temperaturas mais elevadas, como
ilustrado na figura 2.22 [17].
Segundo a Lei de Arrhenius, que descreve como a taxa a que uma dada reação química
se processa, esta duplica aproximadamente a cada 10ºC de aumento de temperatura, fazendo
a deterioração dos químicos ativos presentes na reação aumentar. Esta lei é dada por:
𝐸𝐴
𝑘 = 𝐴 × 𝑒 𝑅𝑇 (2.33)
20
onde k corresponde à taxa a que se dá a reação química, A a um factor de frequência de colisões
entre moléculas (constante para pequenas variações de temperatura), EA representa a energia
mínima para que a reação ocorra, R a constante universal dos gases e T à temperatura (em
kelvin).
Um outro factor que influencia a vida útil de uma bateria eletroquímica é a percentagem
de descarga ou profudidade de descarga (DOD- depth of discharge). A uma dada temperatura,
a quantidade de químicos ativos transformados em cada ciclo de carga/descarga é proporcional
à profundidade da mesma. A curva que descreve a relação entre ciclo de vida de uma bateria e
a profundidade de descarga da mesma é logarítmica, seguindo a relação apresentada em 2.24.
Um ciclo de carga/descarga pode ser classificado como ciclo profundo (deep cycle) se se
aproximar da descarga máxima permitida para a bateria em questão. Atualmente já existem no
mercado baterias que permitem um ciclo máximo de DOD de 100%, como em [18], mantendo
um número de ciclos de vida aceitável (no caso cerca de 2000 ciclos). Um microciclo de carga/
descarga é classificado como uma variação de 10% da capcidade total da bateria [17].
Figura 2.23 – Caracterização do efeito da DOD na vida útil de uma bateria eletroquímica [17].
A curva apresentada na figura 2.23 foi construída usando baterias de chumbo ácido, mas
com diferentes factores de escala, é a curva típica para a maioria dos tipos de bateria
eletroquímica, incluindo baterias de iões de lítio. Tal fenómeno ocorre porque a vida útil de uma
bateria depende da energia total que os seus químicos constituintes podem tolerar. Ignorando
os restantes aspetos que influenciam a vida da bateria, a energia total de uma bateria é fixada
de forma a que um ciclo de 100% DOD é aproximadamente equivalente a dois ciclos a 50% DOD,
logo 10 ciclos a 10% de DOD [17].
21
Algumas aplicações como veículos elétricos, aplicações em barcos ou em redes elétricas
podem requerer que se extraia a máxima capacidade da bateria nessecitando de ter um bom
desempenho em termos de ciclos de vida, mesmo com elevado DOD. Pelo contrário, por
exemplo, as baterias de um automóvel com motor de combustão interna, apenas necessitam de
entregar um pico de corrente elevado durante breves instantes, precisando de um melhor
desempenho em termos de microciclos de carga e descarga.
Existem seis modos de carga de baterias distintos, diferenciados pelo valor da corrente
de carga, sendo no entanto possível combiná-los. Estes modos são:
• Modo Low-rate charging: apresenta uma taxa de carga que ronda os 0,1C (sendo C a
capacidade da bateria em Ah), sendo a carga terminada após o sinal de um temporizador. Este
modo pode levar até 16h a fazer a carga total de uma bateria e é normalmente utilizado como
sistema de carga noturno. Carateriza-se pelo seu baixo nível de complexidade, no que diz
respeito ao algoritmo de carregamento utilizado;
• Modo Quick charging: apresenta uma taxa de carga de 0,3C e depende igualmente de um
temporizador para finalizar a carga. Permite realizar a carga completa da bateria em
aproximadamente 5h;
• Modo Fast charging: apresenta uma taxa de carga igual ou superior a 1C, permitindo que a
carga da bateria seja realizada em cerca de uma hora. No entanto o tempo de carga encontra-
se dependente do valor anterior do SoC (state of charge) e também da percentagem de
sobrecarga utilizada. Neste caso torna-se essencial incluir um sistema de monitorização da
temperatura da bateria;
• Modo Trickle ou Maintenance charging: tem uma taxa de carga que varia entre os 0,03C e os
0,05C, sendo este método utilizado com a finalidade de contrariar o efeito natural de auto-
descarga da bateria, mantendo assim o valor de carga nos 100%. À semelhança do modo
anterior, também é aplicado após o modo Fast charging e carateriza-se por não possuir um
tempo limite de carga;
• Modo Reflex ou ‘burp’ charging: consiste num modo muito pouco utilizado, visto que recorre
a impulsos de corrente seguido de períodos sem qualquer corrente aplicada. Os autores deste
modo reclamam que este método permite diminuir a pressão do gás interno e a temperatura
da bateria, no entanto ainda não existe um suporte científico que comprove tal facto [19].
22
são muito grandes e pesadas, com uma baixa relação de energia por quilograma ou densidade
de energia [20].
Uma vantagem que estas apresentam sobre as baterias ácidas de chumbo são o seu
peso e tamanho (para extração do mesmo nível de potência) logo espaço ocupado, que é de
cerca de metade do volume das baterias ácidas de chumbo. As baterias Li-ion apresentam ainda
uma diminuição muito pequena da sua capacidade para baixas temperaturas. Por exemplo, a
menos 20ºC uma bateria de iões de lítio vê a sua capacidade diminuída em 8%, por comparação
com os cerca de 50% de redução de capacidade das baterias ácidas de chumbo, tendo assim
vantagem de aplicação em climas mais frios ou nos gastos com a climatização do ambiente em
que as baterias se encontrem. É importante no entanto ter em conta que o recarregamento
destas baterias nessas condições deve ser feito a baixa corrente, usualmente um décimo da sua
capacidade (por exemplo, uma bateria de 200 Ah deve ser recarregada a 20 A). Como forma de
comparação, na tabela 2.1 são apresentadas algumas características usuais das baterias de iões
de lítio quando comparadas com a tecnologia mais antiga e difundida das baterias ácidas de
chumbo [20].
Tabela 2.1 – Baterias ácidas de chumbo vs baterias de iões de lítio em aplicações de potência [20], [21], [22].
23
A principal desvantagem das baterias de iões de lítio reside no facto de necessitarem de
um sistema de gestão de bateria (SGB), que monitorize a tensão e temperatura de todos os
módulos individuais, protegendo-os de carga e descarga excessiva. Embora qualquer tipo de
sistema de baterias possa beneficiar de um SGB ele normalmente não é uma imposição com as
baterias ácidas de chumbo. No entanto com as baterias de lítio-ferro-fosfato cada módulo pode
ter uma evolução muito diferente de capacidade ao longo da sua vida útil, ou seja durante o
recarregamento um módulo pode atingir a máxima capacidade muito antes de outro, que tenha
uma capacidade mais elevada, o que provoca tensões perigosamente elevadas em algumas
células enquanto outras continuam o seu recarregamento [19].
24
quantidade de corrente (devido à existência de três fases), permitindo assim uma carga bem
mais rápida dos packs de baterias, teoricamente, três vezes mais rápido que a versão
monofásica. Relativamente ao modo de descarga, o conversor DC-AC comporta-se como três
circuitos monofásicos independentes que operam em simultâneo. Os comutadores operam aos
pares (T1 e T4, T2 e T5, T3 e T6), encontrando-se sempre em estados diferentes (on/off) pois
caso contrário ocorrecia um curto circuito do lado DC [19].
25
quando comparado com os gastos necessários a nível de hardware para a realização de um
controlo totalmente analógico.
Figura 2.26 – a) Forma de onda de tensão à saída de um conversor multinível de três níveis; b) Topologia multinível
bidirecional série.
26
Capítulo 3 – Modelo elétrico da rede do Porto Santo
Ao longo deste capítulo do trabalho são descritos todos os parâmetros de interesse
relativos aos componentes presentes na rede em estudo, apresentando-se ainda o modelo
proposto para a simulação da rede em software. São ainda apresentados alguns cenários típicos
de funcionamento desta rede e é feita uma comparação entre os resultados obtidos com
simulações em modo vetorial e em modo temporal ou contínuo. No Anexo A é apresentada uma
breve descrição das ferramentas informáticas usadas para a realização de ambos os modos de
simulação.
A ilha do Porto Santo faz parte do Arquipelago da Madeira, com uma área de
aproximadamente 42,17 km2 e uma população residente de cerca de 4400 habitantes. Este
número de pessoas na ilha aumenta durante o período do verão, por se tratar de uma ilha cujo
principal motor da economia é o turismo verificado nesta época, com influência natural no
diagrama de carga da rede elétrica da localidade [25].
De forma geral, as principais ligações do anel de transporte da rede elétrica desta ilha
são apresentadas na figura 3.3 a), ao nível da localização de centrais, subestações e das linhas
de interligação entre elas. É possível constatar a existência de três tipos de centrais geradoras
de energia elétrica na ilha: uma central térmica (baseada no combustível fuel diesel/ gasóleo) e
duas centrais baseadas em fontes de energia renováveis: eólica e solar.
a) b)
Figura 3.3 – a) Anel de transporte de energia elétrica no Porto Santo; b) Interligação entre as subestações (SE)
e os postos de transformação (PT) do Porto Santo [26] .
27
Na sua globalidade, existe na ilha uma potência instalada de 20,73 MW produzida por
um total de quatro centrais, com potência gerada distribuída entre elas de acordo com a tabela
3.1.
Tabela 3.1 – Potência instalada nas centrais do Porto Santo.
Eólica
Térmica Fotovoltaica
EEM* ENEREEM**
Nº de Centrais 1 1 1 19
Potência Instalada (MW) 17,28 0,45 0,66 2,34
*Empresa de Eletricidade da Madeira
**Energias Renováveis, Lda
Na tabela 3.1 é possível analisar a potência instalada em cada uma das centrais do Porto
Santo. Uma das centrais eólicas é pertencente à empresa ENEREEM, sendo as restantes
pertencentes à Empresa de Eletricidade da Madeira (EEM). Cada grupo em exploração na central
térmica consegue produzir uma potência ativa máxima de cerca de 4 MW. Na central eólica
pertencente à EEM existem dois grupos distintos que produzem no máximo 225 kW cada e na
central pertencente à ENEREEM existe um grupo de geradores capaz de produzir em condições
ótimas de exploração 660 kW. A potência máxima efetivamente tida para a central fotovoltaica
após inversores é de 2 MW.
Os diagramas de carga relativos à ilha diferem sobretudo ao nível das estações do ano,
devido à sazonalidade da ocupação da ilha como referido anteriormente. Na figura 3.4 é possível
analisar esta variação de carga, ou energia elétrica consumida em cada uma das três subestações
da ilha possibilitando que se realize uma análise mais detalhada do problema em questão.
28
a) b)
c)
Figura 3.4 - Diagramas de carga das três subestações do Porto Santo [26].
Com base nos dados apresentados na figura 3.4 a), b) e c) é possível construir um
diagrama de cargas global da rede, por estação do ano, como apresentado na figura 3.5 a), b),
c) e d). Estes diagrama foram construídos com base no documento de caracterização da rede
elétrica da EEM bem como em outros dados recolhidos junto da empresa.
Figura 3.5 – Diagramas de cargas da rede do Porto Santo por estação do ano, em média e durante um dia: a)
primavera; b) verão; c) outono; d) inverno.
29
É possível analisar através da figura 3.5 que existe uma diferença significativa de
consumo de energia na ilha, sobretudo entre as estações verão/outono e inverno/primavera. É
de salientar que devido a este tipo de oscilação a rede deve estar preparada para lidar com os
níveis máximos de potência atingidos, embora estes sejam atingidos durante muito pouco
tempo e usualmente entre as 20 h e as 24 h dos meses de verão e outono. Com base na carga
média de verão, estação onde ocorrem os picos mais elevados de consumo de energia,
procedeu-se à criação do seu diagrama de cargas classificadas, bem como o seu diagrama de
probabilidade de carga, ambos apresentados nas figuras 3.6 a) e b).
7 7
6 6
5 5
P (MW)
P (MW)
4
3
3
2
1 2
0 1
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 0
tempo (h) 0,00 0,16 0,32 0,48 0,64 0,80 0,96
Por análise da figura 3.6, é possível verificar que durante um máximo de seis horas, ou
cerca de 24% de um dia a carga está acima dos 4 MW. A referência são os 4 MW pois é a potência
máxima que um grupo térmico é capaz de fornecer. Durante este período de ponta, em cerca
de quatro horas a carga verificada não ultrapassa os 5 MW, enquanto que durante uma hora é
verificada a ponta máxima, que usualmente não ultrapassa os 6 MW de carga. Os diagramas de
cargas classificadas e de probabilidade de carga para as restantes estações do ano são
apresentados no Anexo B. Deve-se ainda realçar que o diagrama médio de outono apresenta
algumas semelhanças com o de verão, no entanto a ponta máxima é mais baixa, raramente
ultrapassando os 5 MW.
30
3.2. Descrição dos elementos constituintes da rede
A Empresa de Eletricidade da Madeira disponibilizou, como forma de apoio à realização
deste trabalho, as diversas informações acerca das características dos diferentes elementos
constituintes da rede do Porto Santo, nomeadamente grupos geradores, linhas de transmissão,
transformadores e cargas.
Subestações
Nova Central (CNP) Vila Baleira (VBL) Calheta (CPS)
Como descrito na tabela 3.4, foram consideradas para fins de simulação as três
principais subestações existentes na ilha do Porto Santo: a subestação da Nova Central (CNP), a
subestação Vila Baleira (VBL) e a subestação da Calheta (CPS), que interligam todos os centros
de produção de energia da ilha através de uma ligação em anel.
Tabela 3.5 – Transformadores afetos à produção e distribuição de energia elétrica.
31
Tabela 3.6 – Linhas de transmissão consideradas.
Os valores de tensão nominal, potência ativa e potência aparente eram conhecidos, pelo
que o valor da potência reativa de cada grupo foi calculada através da aplicação do teorema do
triângulo de potências, de acordo com:
𝑆 2 = 𝑃 2 + 𝑄 2 ⟹ 𝑄 = √𝑆 2 − 𝑃 2 ; (3.1)
onde S representa a potência aparente, P a potência ativa da máquina e Q a sua potência reativa.
Este cálculo naturalmente foi realizado para as condições limite da máquina (operação a
32
potência máxima admissível). Os valores obtidos para os parâmetros referidos são apresentados
na tabela 3.8.
Tabela 3.8 – Parâmetros dos grupos térmicos a definir no caso de estudo.
Um grupo térmico pode ser modelizado como um gerador elétrico síncrono, um sistema
de controlo da turbina e um sistema de regulação de tensão. No caso das máquinas existentes
na rede do Porto Santo, os modelos mais adequados são:
Gerador elétrico: Modelo GENSAL – usado para geradores síncronos de pólos salientes;
Sistema de controlo de turbina: Modelo DEGOV1;
Sistema de regulação de tensão (AVR – Automatic Voltage Regulator): Modelo IEEET1;
O esquema que modeliza a interligação entre estes blocos base do modelo são
apresentados na figura 3.7.
O modelo usado para grupos geradores de pólos salientes tem como variáveis de
entrada (mecânicas) representadas por PMECH (potência mecânica), EFD (tensão de campo) e
VT (tensão no barramento aos terminais da máquina). À saída tem-se uma máquina que roda a
uma velocidade, gerando uma dada corrente elétrica, com uma dada tensão aos terminais e
uma determinada fase.
33
Figura 3.8 – Modelo elétrico do eixo direto e em quadratura do gerador síncrono [27].
𝑑
𝑉𝑞 = 𝑅𝑠 𝑖𝑑 + 𝜙 − 𝜔𝑟 𝜙𝑑 ; (3.4)
𝑑𝑡 𝑞
𝜙𝑞 = 𝐿𝑑 𝑖𝑑 + 𝐿𝑚𝑞 𝑖′𝑘𝑑 ; (3.5)
𝑑
𝑉′𝑓𝑑 = 𝑅′𝑓𝑑 𝑖′𝑓𝑑 + 𝜙′ ; (3.6)
𝑑𝑡 𝑓𝑑
𝜙′𝑓𝑑 = 𝐿′𝑓𝑑 𝑖′𝑓𝑑 + 𝐿𝑚𝑑 (𝑖𝑑 + 𝑖 ′ 𝑘𝑑 ); (3.7)
𝑑
𝑉′𝑘𝑑 = 𝑅′𝑘𝑑 𝑖′𝑘𝑑 + 𝜙′ ; (3.8)
𝑑𝑡 𝑘𝑑
𝜙′𝑘𝑑 = 𝐿′𝑘𝑑 𝑖′𝑘𝑑 + 𝐿𝑚𝑑 (𝑖𝑑 + 𝑖 ′𝑓𝑑 ); (3.9)
𝑑
𝑉′𝑘𝑞1 = 𝑅′𝑘𝑞1 𝑖′𝑘𝑞1 + 𝜙′ ; (3.10)
𝑑𝑡 𝑘𝑞1
𝜙′𝑘𝑞1 = 𝐿′𝑘𝑞1 𝑖′𝑘𝑞1 + 𝐿𝑚𝑞 𝑖𝑞 ; (3.11)
𝑑
𝑉′𝑘𝑞2 = 𝑅′𝑘𝑞2 𝑖′𝑘𝑞2 + 𝜙′ ; (3.12)
𝑑𝑡 𝑘𝑞2
𝜙′𝑘𝑞2 = 𝐿′𝑘𝑞2 𝑖′𝑘𝑞2 + 𝐿𝑚𝑞 𝑖𝑞 ; (3.13)
34
Tabela 3.9 – Modelização dos grupos gearadores térmicos para aplicação nas simulações dinâmicas.
Grupos Geradores 3 a 6
Modelo Gerador - GENSAL
Parâmetro Abrev. Valor
Constante temporal de regime
T’d0 2,98 s
transitório do eixo direto do rotor
Constante temporal de regime
subtransitório do eixo direto do T’’ d0 0,04 s
rotor
Constante temporal de regime
subtransitório do eixo em T’’ q0 0,12 s
quadratura do rotor
Inércia H 1,6 s
Coeficiente de amortecimento D 0,001 pu
Reactância do eixo direto Xd 1,431 pu
Reactância do eixo em quadratura Xq 0,941 pu
Reatância transitória do eixo direto X’d 0,288 pu
Reatância subtransitória do eixo
X’’d=X’’q 0,212 pu
direto / em quadratura
Reatância de fugas do estator Xl 0,15 pu
Função de saturação do fluxo a
S(1,0) 1,5
1 pu
Função de saturação do fluxo a
S(1,2) 1,8
1,2 pu
*Valores em pu em relação à base inicial de potências definida (4MVA).
Este sinal é filtrado através de um filtro passa baixo, como apresentado na figura 3.9, e
apresenta uma constante temporal TF, dada em segundos. Esta é a constante que representa o
sistema de primeira ordem de transdução da tensão terminal do estator.
35
O parâmetro Vfd é então subtraído a Vref, que corresponde à tensão desejada aos
terminais do estator da máquina e a VS, que pode corresponder à tensão dada por um sistema
de estabilização de tensão, que caso se deseje implementar, oferece uma maior estabilização
em caso de oscilações de potência.
O regulador principal consiste num sistema de primeira ordem, com um ganho dado por
KA e uma constante temporal dada por TA. A saída do regulador principal encontra-se limitada a
um valor entre Vrmax e Vrmin, dados limite da tensão de funcionamento do gerador.
36
Neste modelo de controlo de um motor/gerador a diesel o controlo de velocidade é
realizado usando ou um acelerador mecânico ou um sistema elétrico de potência realimentado.
Este modelo consiste num sensor elétrico de velocidade, um atuador hidro-mecânico e um
motor a diesel. A saída do atuador consiste numa variação de posição de uma válvula, que
fornece o abastecimento de combustível ao gerador. A quantidade de energia gerada por ciclo
de rotação do motor é diretamente proporcional à quantidade de combustível que é injetada
durante esse ciclo [27].
Modelo de compensador –
Grupos 3 a 6
DEGOV1
T1 0,2s
Constantes temporais relativas ao
T2 0,3s
sensor elétrico de velocidade
T3 0,5s
Ganho do Regulador K 9
T4 1
Constantes temporais relativas ao atuador T5 0,1
T6 0,2
Constante temporal do motor TD 0,045
Torque Máximo TMAX 1
Torque Mínimo TMIN 0
Escorregamento em regime permanente Droop 0,07
Constante temporal de controlo adicional TE 0
Desta forma, cada um dos grupos térmicos pode ser modelizado a partir do seu
respetivo tipo de gerador, regulador de tensão e controlador.
37
Figura 3.11 – Modelo de gerador eólico de tipo 2 [29].
Figura 3.12 – Diagrama de conectividade para a interação entre blocos de um gerador eólico de tipo 2 [27].
38
Tabela 3.12 – Geradores eólicos VESTAS V29 e VESTAS V47 – Modelos de gerador.
Inversores
Fabricante Potência (kW) Grupos Total (kW)
Siemens 500 2 1000
Siemens 500 2 1000
Os grupos inversores existentes na rede apresentam um rendimento de 98,1%, podendo
ter até três inputs DC, com uma potência máxima de 513 kW. A tensão MPP (maximum power
point) é regulada entre os 450 V e os 750 V [30].
A modelização destes sistemas seguiu caminhos diferentes nos dois programas usados,
pelo que uma descriação mais aprofundada relativa às características simuladas é apresentada
nos respetivos tópicos da simulação em PSSE e em Matlab.
A rede implementada foi modelizada com profundidade até ao nível das subestações,
representando-se todas as centrais de geração de energia elétrica, ligações existentes entre
centrais e subestações, anel de transporte de energia que interliga as três subestações da ilha e
transformadores afetos à distribuição de energia. Na figura 3.13 salientam-se as diferentes
partes da rede.
39
A rede a juzante foi representada como uma carga, ligada a cada uma das subestações
do lado da distribuição. O valor da carga definido foi variando de acordo com as necessidades
dos testes que se realizaram.
40
como todas as informações relativas a características estáticas de máquinas, como a sua tensão
e potência (ativa e reativa) nominal, reatâncias, limites de operação entre outras características.
Assim, foram definidos os catorze barramentos no PSSE que advêm do esquema de rede
determinado, com cada um deles (ou grupo) a representar diferentes zonas da rede, de acordo
com a tabela 3.14.
Tabela 3.14 – Barramentos implementados no PSSE para simular a rede do Porto Santo.
Procedeu-se então à criação do ficheiro com os modelos dinâmicos de cada uma das
máquinas eólicas, sendo usado para os geradores o modelo WT2G2, para máquinas eólicas de
tipo 2, o modelo elétrico WT12E1 adequado a máquinas eólicas de tipo 1 ou 2, o modelo
mecânico WT12T1 e o modelo aerodinâmico WT12A1, cada um deles aplicando as
características indicadas na secção 3.2.1.2. Todas as características implementadas neste
ficheiro são apresentadas no Anexo C.
41
3.4.3. Central Fotovoltaica
Na versão utilizada do software PSSE não existem modelos de sistemas solares
fotovoltaicos pré definidos, pelo que é necessário implementar uma rotina que seja reconhecida
pelo PSSE como um modelo criado pelo utilizador – User model. Nesta situação, decidiu-se
utilizar as semelhanças existentes com as rotinas de ligação de ficheiros dinâmicos CONEC e
CONET já existentes no software, realizando as ligações necessárias para criar um modelo
fotovoltaico adequado. Estes modelos seguem sempre uma estrutura específica de forma a
respeitar a estrutura relativa aos processos executados pela atividade DYRE que executa as
simulações dinâmicas.
Figura 3.15 – Estrutura de dados relativa à criação de modelos de elementos da rede elétrica [29].
Parâmetro Significado
BUSID Identificação do barramento onde se encontra o modelo
‘USRMDL’ Tipo de modelo de utilizador
IM Identificador do tipo de máquina
‘model name’ Nome dado ao modelo pelo utilizador
IC Código do tipo de modelo de utilizador
IT Modelo sem injeção de corrente/ com injeção de corrente ou de medição
NI Número de parâmetros inteiros (<500)
NC Número de parâmetros constantes (<1000)
NS Número de variáveis de estado
NV Número de parâmetros variáveis
Data list Lista de parâmetros
/ Termindor
Na definição do modelo do gerador fotovoltaico encontra-se a identificação de cada um
dos seus parâmetros, bem como os valores dos dados a si associados. As entradas de dados
correspondem ao número de ICONS (inteiros) seguida do número de CONS (constantes) do
modelo criado.
42
101 = Wind generator model - Adaptação de um modelo de gerador eólico – ‘PVGU1’;
102 = Wind electrical control model - Adaptação de um modelo de controlo elétrico – ‘PVEU1’;
104 = Wind pitch control model - Adaptação do modelo de controlo das pás do gerador eólico –
modelo de radiação solar – ‘IRRADU1’;
Assim, obtém-se um sistema cuja injeção de potência na rede varia de acordo com uma
função de radiação. Esta potência é entregue à rede elétrica através de um conversor DC/AC. Os
modelos definidos pelo utilizador pela via apresentada são introduzidos através da criação de
um ficheiro (em um editor de texto comum), com as características apresentadas
anteriormente, procedendo-se à gravação do mesmo com a extensão .dyr (Dynamic Raw Data
File). Aquando da criação dos modelos dinâmicos dos elementos da rede, deve-se usar como
ficheiro base este ficheiro criado, pois em adição aos modelos base existentes, estão também
disponíveis os modelos criados pelo utilizador.
3.4.4. Subestações
As três principais subestações do Porto Santo encontram-se interligadas por um anel de
transporte de energia elétrica, que é de extrema importância inclusive para a existência de
redundância na rede. Caso exista uma falha em uma das linhas de transporte é possível manter
a globalidade da rede interligada, como se ilustra nas figura 3.17.
43
É observável a partir da figura 3.17 que o anel de transporte da rede do Porto Santo
aumenta a resiliência da rede na medida em que é possível o funcionamento em estado normal
(N barramentos) ou N-1 no caso da interrupção de uma das ligações de 30 kV do anel.
A função deste anel de transporte consiste ainda na interligação das diferentes centrais
existentes na ilha, visto a central CNP estar ligada à subestação CNP, e as centrais renováveis
encontrarem-se ligadas quer à subestação CPS, quer à subestação VBL.
Figura 3.18 – Resultado obtido da resolução do trânsito de energia da rede através do método de Newton-Raphson
completo.
Salienta-se a verde na figura 3.18 o resultado geral obtido. Em duas iterações do método
usado a rede passou a operar com os parâmetros dentro dos limites. Caso tal solução não fosse
44
possível de obter a mensagem obtida poderia ser de impossibilidade de atingir estes limites de
operação após um determinado número de iterações ou uma mensagem “blown up” inicial.
Procedeu-se então à análise dos diagramas de contorno da rede, onde se definiu como
a operação a tensão nominal em cada ponto da rede (1,0 pu) na base de tensão de cada um dos
barramentos como a cor verde. A operação abaixo desta tensão leva ao diagrama de contorno
se tornar azul e acima desta se tornar vermelho, com variação de tons de forma proporcional à
alteração. O limite inferior de tensão definido para a rede foi de 0,9 pu e o valor máximo como
1,1 pu. Em condição normal de operação o diagrama obtido foi o apresentado na figura 3.19.
É possível ainda analisar os fluxos de potência ativa e reativa na rede, como apresentado
na figura 3.20.
Os resultados apresentados sob a forma gráfica são dados (na maioria das situações) em
p.u. na base global da rede ou da máquina em questão, pelo que indexada ao gráfico encontra-
se sempre uma expressão que traduz os valores obtidos para as respetivas unidades.
45
Cenário 1:
46
𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 = 𝑃𝐺𝑟𝑢𝑝𝑜 × 𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒 = 0,077 × 20 = 𝟏, 𝟓𝟒𝑴𝑾
Figura 3.22 – Potência ativa gerada pelo grupo térmico em atividade.
Verifica-se assim, uma potência total dos grupos geradores existentes na rede dada por:
47
Figura 3.25 – Potência reativa observada em diversos barramentos da rede.
Verifica-se que nesta situação, para manutenção dos níveis de tensão o regulador
automático de tensão tem as máquinas síncronas em situação de subexcitação por forma a estas
consumirem potência reativa da rede.
Verifica-se assim, pela figura 3.26 que a rede modelizada encontra-se em operação a
uma frequência de 49,996 Hz constantes para o nível de carga também constante simulado,
estando muito aproximada da frequência central de 50 Hz.
O grupo térmico mantém a rede nestas condições operando a menos de 40% da sua
capaciadade máxima como se pode verificar em na figura 3.27.
48
Neste cenário de operação da rede não se verifica a necessidade de introdução de um
sistema de baterias, visto existir um grupo térmico apenas a manter a rede sem qualquer
dificuldade, existindo ainda uma elevada reserva girante. Esta situação de carga é útil, no caso
de introdução do sistema, para que se aproveite esta reserva para o recarregar.
Cenário 2:
Este nível de carga é verificado durante o início de períodos de ponta durante o mês de
agosto ou durante períodos de ponta do mês de julho/junho/setembro.
Começou-se por analisar a potência ativa introduzida na rede pela central térmica, como
apresentado na figura 3.28.
São necessários dois grupos térmicos em atividade, para esta situação de carga visto a
capacidade de produção de energia elétrica de apenas um deles ser de 4 MW. Assim, para o
sistema se manter estável, mesmo com uma contribuição elevada por parte das renováveis é
imperativo que dois grupos em conjunto (com capacidade máxima de produção de energia de 8
MW) mantenham a rede em funcionamento. Devido ao facto de ambos os grupos terem
características idênticas (em termos de modelização, que não contempla o desgaste da máquina
em si) eles equilíbram-se em termos de geração de energia elétrica, com cada um a gerar 2,5
MW de potência elétrica ao longo do regime permanente da simulação. Nas figuras 3.29 e 3.30
são ilustradas as potências elétricas geradas em cada uma das centrais baseadas em renováveis.
49
𝑃𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑒ó𝑙𝑖𝑐𝑎𝑠 = (2 × 0,0075 + 0,0085) × 𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒 = 0,0235 × 20 = 𝟎, 𝟒𝟕𝑴𝑾
Figura 3.29 – Potência ativa gerada nas centrais eólicas.
Em termos de potência reativa, pode-se observar a incidência dos seus níveis em alguns
barramentos da rede na figura 3.31.
Figura 3.31 – Potência reativa nos barramentos associados à central térmica e eólica.
50
Os níveis de potência reativa na rede encontram-se de acordo com as necessidades de
magnetização dos núcleos das diferentes máquinas elétricas, com as máquinas assíncronas
associadas à central eólica a consumirem potência reativa, neste caso fornecida pelas máquinas
síncronas da central térmica.
Figura 3.33 – Módulo e fase da tensão nos diferentes barramentos da rede sob a forma de lista e sob a forma gráfica.
É neste tipo de cenário que a contribuição do banco de baterias será notória. Visto os
períodos em que a rede do Porto Santo atinge estes níveis de carga não serem usualmente muito
longos, sendo verificados nomeadamente na época alta (verão). Este cenário representa
qualquer carga acima de 4 MW, onde é necessário ter dois grupos térmicos em funcionamento,
havendo uma elevada reserva. Com a introdução do sistema de baterias, apenas é necessário
manter um grupo térmico em funcionamento.
51
3.5. Simulação temporal do funcionamento da rede no Matlab
Para a realização de uma análise no domínio dos tempos, bem como para possibilitar a
realização de testes adequados ao funcionamento de um sistema de conversão de energia
elétrica procedeu-se ao desenvolvimento de um modelo da rede elétrica do Porto Santo em
Matlab/Simulink com características idênticas ao modelo de rede implementado no PSSE. Ao
longo dos tópicos que se seguem são descritos os diferentes modelos de elementos da rede
desenvolvidos.
O modelo apresentado na figura 3.34 consiste num grupo gerador síncrono modelizado
de acordo com os dados conhecidos acerca das máquinas térmicas da rede, com um sistema de
controlo, ou regulador de turbina diesel e um sistema automático de regulação de tensão.
O bloco Steam Turbine and Governor consiste no sistema de controlo de velocidade que
segue a norma DEGOV1. Este sistema pode controlar um sistema de massa única (um único
output de torque) ou multi-massa (múltiplos outputs de torque – vetor de até quatro) aplicado
ao gerador síncrono. O bloco de excitação segue a norma IEEET1. Os restantes parâmetros
usados na definição do modelo segundo os sistemas existentes no Porto Santo são os
apresentados ao longo do ponto 3.2.1.
52
O cálculo de Vd e Vq através da transformada de Park a partir das coordenadas abc foi
integrado no sistema através de um bloco Matlab Function, que realiza o cálculo:
2 2𝜋 2𝜋
𝑉𝑑 = × (𝑉𝑎 sin(𝜔𝑡) + 𝑉𝑏 sin (𝜔𝑡 − ) + 𝑉𝑐 sin (𝜔𝑡 + ) ; (3.16)
3 3 3
2 2𝜋 2𝜋
𝑉𝑞 = × (𝑉𝑎 cos(𝜔𝑡) + 𝑉𝑏 cos (𝜔𝑡 − ) + 𝑉𝑐 cos (𝜔𝑡 + ) ; (3.17)
3 3 3
onde Va, Vb e Vc correspondem à tensão normalizada para cada uma das fases do sistema
trifásico, sendo normalizada para o sistema pu dividindo-se cada uma delas por uma tensão de
base, que neste caso foi definida como:
A máquina síncrona foi ainda definida como uma máquina de pólos salientes, tal como
nas simulações realizadas no software PSSE.
Após a geração de potência elétrica na central térmica a 6,6 kVrms (fase-neutro), a tensão
é elevada via um transformador elevador que faz a ligação da central com a rede de transporte
da ilha a 30 kVrms.
Vabc
(V)
iabc
t (s)
Figura 3.35 – Tensão (em cima) e corrente por fase observada nos enrolamentos do estator da máquina síncrona53
Vabc
(V)
iabc
t (s)
Figura 3.36 - Tensão (em cima) e corrente por fase observada durante 25 ms de simulação.
Figura 3.37 – Teste realizado com os quatro geradores ligados em paralelo a uma rede elétrica.
Como se pode observar na figura 3.37, foi aplicado o modelo de linha de transmissão
curta na interligação do barramento após geração a 30 kV, baixando-se o valor desta tensão
para 6,6 kV ao nível da carga. Os indicadores a laranja assinalam os barramentos, neste caso
54
representando uma porção da rede do Porto Santo – ligação entre a central CNP e a subestação
VBL do lado de mais alta tensão e o barramento de mais baixa tensão da subestação VBL.
Nas figuras 3.38 e 3.39 são ilustrados alguns dos resultados obtidos.
Vabc
(V)
Vabc
(V)
Vabc
(V)
Figura 3.38 – Tensão composta em três pontos da rede: na ligação do gerador 3 à rede, na linha de transmissão e na carga
(ordem descendente).
Calculando a potência trifásica na geração, com ligação em estrela, observa-se:
4 × 95
𝑃3 𝑓𝑎𝑠𝑒𝑠 = 3 × 𝑉𝑓−𝑛 𝑅𝑀𝑆 × 𝐼𝑓 𝑅𝑀𝑆 = 3 × 6600 × = 5,32 𝑀𝑊. (3.20)
√2
Na figura 3.39 são apresentados, da mesma forma, os resultados para a corrente elétrica
por fase em três pontos distintos – geração, distribuição e carga.
iabc
iabc
iabc
Figura 3.39 – Corrente elétrica trifásica em três pontos da rede: ligação do gerador 3 à rede, linha de transmissão e carga
(ordem descendente).
Da mesma forma, para a análise da potência na carga:
360
𝑃3 𝑓𝑎𝑠𝑒𝑠 = 3 × 𝑉𝑓−𝑛 𝑅𝑀𝑆 × 𝐼𝑓 𝑅𝑀𝑆 = 3 × 6600 × = 5,04 𝑀𝑊. (3.23)
√2
Com estes resultados é possível verificar o correto funcionamento do sistema de
geração de energia elétrica desenvolvido para a central térmica CNP.
55
3.5.2. Centrais eólicas
Os grupos geradores eólicos do Porto Santo representam cerca de 1 MW (no máximo)
da potência global produzida na ilha. Existem duas centrais principais, designadas por WP1 e
WP2 na ilha, com máquinas elétricas distintas, podendo no entanto ambas serem modelizadas
como grupos geradores assíncronos ligados a uma turbina eólica. Na figura 3.40 apresenta-se o
modelo criado para a central eólica WP1.
Figura 3.40 – Central WP1, composta por dois grupos geradores assíncronos de 220 kW cada, ligada a um
barramento infinito.
Cada um dos geradores possui um modelo de turbina (Wind Turbine), responsável por
fornecer a indicação do torque mecânico do gerador em questão. Este modelo de turbina calcula
a potência mecânica com base na expressão:
𝜌×𝐴 3
𝑃𝑚 = 𝐶𝑝 × × 𝑣𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 (3.22)
2
ou seja, considera a dependência do factor Cp ou coeficiente de performance da turbina, da
densidade do ar (ρ), da área das pás e da velocidade do vento ao cubo. Na tabela 3.16 são
apresentados os parâmetros usados neste bloco.
Tabela 3.16 – Parametrização do modelo de turbina aplicado na central WP1.
56
Os geradores assíncronos ligados ao modelo de turbina foram modelizados segundo os
parâmetros dos seus congéneres reais, geradores Vestas V29 da Siemens com as características
apresentadas ao longo do ponto 3.2.1.
Figura 3.42 - Resultados obtidos para 2s de simulação da central WP1 para a tensão composta e corrente em cada
fase (sentido descendente).
Assim, de acordo com a figura 3.44 a potência ativa gerada na central é dada por:
500
𝑃3 𝑓𝑎𝑠𝑒𝑠 = 3 × 𝑉𝑓−𝑛 𝑅𝑀𝑆 × 𝐼𝑓 𝑅𝑀𝑆 × cos(𝜙) = 3 × 220 × × 0,9 = 210 𝑘𝑊. (3.23)
√2
57
A modelização da central WP2 foi realizada da mesma forma que a central WP1, com os
parâmetros adequados ao modelo de gerador Vestas V47 existente nesta, como se apresenta
na tabela 3.17.
Tabela 3.17 – Parametrização do modelo de turbina aplicado na central WP2.
Para garantir que não há nenhuma sobreintensidade de corrente é ainda aplicada uma
função de saturação (com o nível de 76 A, corrente máxima) e é adicionada uma componente
de ruído gaussiano branco, que simula o tremor induzido pelo inversor do sistema, de forma a
haver uma onda menos ideal e mais semelhante aos sinais observados na rede.
Neste teste o sistema é ligado a uma rede representada por um barramento infinito de
6,6 kVrms.
58
Na figura 3.45 é apresentado o resultado obtido para as formas de onda de tensão e
corrente em cada fase do sistema, para a variação da função de intensidade de radiação
apresentada na figura 3.46.
Figura 3.45 – Tensão simples e corrente trifásica ao longo de uma simulação de 1,2s.
𝑃 500𝑘𝑊
𝐼= = = 76𝐴; (3.24)
𝑉 6,6𝑘𝑉
ou seja, a corrente máxima foi obtida a partir da relação entre potência ativa e tensão. Na figura
3.47 é apresentada uma vista de alguns períodos dos sinal observado nesta simulação.
Figura 3.47 – Tensão simples nas três fases e corrente nas três fases, por ordem descendente.
59
Deve-se ainda salientar que neste sistema não foi introduzida uma limitação à variação
de intensidade de radiação solar, ou seja, a variação de intensidade de radiação pode ser
instantânea, como acontece na realidade.
3.5.4. Subestações
Modelizou-se também em Matlab/Simulink as três subestações da ilha do Porto Santo
e a sua ligação em anel para tornar o modelo criado mais aproximado da realidade.
Cada uma das subestações é caracterizada por possuir um transformador que interliga
os seus dois barramentos, o de mais alta tensão (30 kVrms), para interligação entre subestações
e o barramento de mais baixa tensão (6,6 kVrms) para interligação entre centrais e subestação e
subestação e postos de transformação (do lado da distribuição de energia).
Foram colocadas ainda três cargas (uma em cada subestação) tendo-se por base o valor
médio de carga em cada subestação (tabela 3.2), tendo-se ainda variado estes valores para
efeitos de análise da resposta da rede a variação de carga.
60
Como para este nível de carga apenas são necessários dois grupos geradores térmicos
em funcionamento para a manutenção da rede (além das centrais renováveis), apenas ficaram
ligados dois grupos térmicos nesta simulação, também para permitir diminuir o tempo de
simulação. Começou-se por observar alguns parâmetros nos diversos pontos da rede,
nomeadamente ao nível das formas de tensão na rede, como ilustrado na figura 3.49, e formas
de corrente da rede, como ilustrado nas figuras 3.50 e 3.51. Nestas são apresentadas as formas
de tensão composta e corrente na central térmica, no anel de ligação entre subestações e ao
nível da carga e correntes nas centrais eólica e fotovoltaica.
Figura 3.49 – Tensão na rede trifásica por ordem descendente: tensão no barramento da central térmica; tensão no
nó de ligação entre a central térmica e a subestação VBL; tensão no lado da carga da central VBL.
A amplitude do sinal de tensão é a esperada nos diversos pontos da rede visto que:
Sabendo que cada barramento relativo a cada gerador térmico trabalha a uma tensão
fase-neutro ou simples de 6,6 kVf-n RMS, ou seja 11,432 kVfase-fase, ou seja 16,17 kVf-f pico, valor
próximo do medido na simulação de 15,55 kVf-f pico nestas condições de simulação. No sistema
pu esta tensão corresponde a 0,962 pu (à base de 16,17 kV).
Verifica-se a mesma situação para o anel de distribuição a 30 kVf-n RMS e para as zonas de
carga em cada subestação, verificando-se o acréscimo do efeito das linhas de transmissão.
61
Figura 3.50 – Formas de onda do sinal de corrente na rede trifásica por ordem descendente: corrente no barramento
da central térmica; corrente no nó de ligação entre a central térmica e a subestação VBL; corrente no lado da carga
da central VBL.
Figura 3.51 - Formas de onda do sinal de corrente na rede trifásica por ordem descendente: corrente no barramento
da central fotovoltaica e corrente no barramento das centrais eólicas, por ordem descendente.
Assim, é observável que, em termos de potências rms trifásica dos pontos de rede
analisados, considerando o teste realizado com factor de potência unitário e com ligação em
estrela [28]:
62
Assim, nesta simulação verifica-se uma potência total gerada de 6,435 MW, para
alimentar cargas que prefazem um valor total de 5,9 MW, havendo uma potência dissipada nas
linhas de transmissão de 535 kW.
63
Capítulo 4 – Projeto do sistema de conversão de energia e banco de
baterias
Ao longo do Capítulo 4 são apresentados os passos seguidos no projeto do sistema de
conversão eletrónica de potência utilizado na interligação do banco de baterias à rede elétrica.
É realizada a apresentação do modelo de conversor DC/AC, o modelo de controlo aplicado bem
como o dimensionamento do banco de baterias a aplicar e a respetiva simulação no mesmo
software.
Tal como analisado no Capítulo 2, existem diversas topologias que se podem seguir
nesta implementação.
Na figura 4.1 pode-se observar todos os componentes do sistema. A fonte de tensão DC,
designada por U corresponde a uma fonte de tensão ideal que representa o banco de baterias
(desenvolvido no ponto 4.2), os dispositivos Skj correspondem aos comutadores usados, neste
caso correspondendo cada um a um modelo de IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor) e
respetivo díodo anti paralelo. O sistema é ligado a uma rede trifásica, modelizada como um
64
barramento infinito através das três fonte AC Vk através de uma linha com uma dada resistência,
Rk e indutância, Lk (k=a,b,c). As bobinas representativas da indutância têm ainda como função
suavizar as correntes do sistema comutado, caracterizada por descontinuidades, tornando-a
mais próxima de uma sinusóide.
Ia = Ib = 500 A Ra = Rb = 10 mΩ;
ω = 2πf = 2π x 50 Hz; Vab pico = 3112 V;
La = Lb = 19 mH;
Nestas condições calculou-se um valor mínimo de tensão DC de aproximadamente
9000 V. Para garantir uma margem de segurança na operação das baterias deve-se aplicar uma
margem de 20%, ou seja,
Com base neste valor, procedeu-se à verificação da adequação das bobinas de saída,
calculando-se a sua indutância mínima considerando o sistema trifásico balanceado através da
expressão [31]:
𝑈 10800
𝐿𝐾𝑚𝑖𝑛 = = = 16,8𝑚𝐻; (4.3)
4 × 𝛥𝐼 × 𝑓𝑠 4 × 8 × 20000
tendo em conta na expressão uma frequência de comutação dos semicondutores IGBTs de
20 kHz e um tremor de corrente máximo de 8 A. O valor do tremor foi escolhido tendo em conta
que o sistema trabalha com correntes na ordem dos 500 Arms do lado AC, correspondendo
portanto a um tremor de 1,6% do valor rms da corrente do sistema.
𝐿𝐴 = 𝐿𝐵 = 𝐿𝐶 = 19𝑚𝐻. (4.4)
Às resistências designadas por RA, RB e RC foram atribuídos valores típicos de resistência
associada a um cabo de interligação, na ordem dos 10 mΩ [31].
Deve-se salientar que os comutadores do tipo IGBT para fins de simulação não
costumam operar em sistemas com tensões superiores a 4 kV, sendo apenas válido para fins de
identificação da resposta do sistema em simulação e não numa implementação prática, na qual
65
se deve ter sempre em conta as limitações do componente, nomeadamente da sua tensão
máxima no estado off.
Tendo em conta que para evitar que ocorra um curto circuito do lado DC os comutadores
do mesmo braço devem estar em estados diferentes, ou seja:
𝑆1𝑗 = ̅̅̅̅
𝑆2𝑗 . (4.5)
Designação
Estado do Comutador Tensão Simples Tensão Composta
do estado
Estado S11 S12 S13 Va Vb Vc Vab Vbc Vca
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1 0 0 1 0 0 U 0 -U U
2 0 1 0 0 U 0 -U U 0
3 0 1 1 0 U U -U 0 U
4 1 0 0 U 0 0 U 0 -U
5 1 0 1 U 0 U U -U 0
6 1 1 0 U U 0 0 U -U
7 1 1 1 U U U 0 0 0
A tensão simples representada na tabela 4.1 corresponde à tensão entre fase e o
terminal negativo da fonte U. A tensão composta corresponde ao valor de tensão entre fases. A
relação entre elas aplicada para a obtenção dos resultados apresentados na tabela foi:
𝑉𝑎𝑏 = 𝑉𝑎 − 𝑉𝑏 ; (4.6)
𝑉𝑏𝑐 = 𝑉𝑏 − 𝑉𝑐 ; (4.7)
𝑉𝑐𝑎 = 𝑉𝑐 − 𝑉𝑎 . (4.8)
Tendo em conta os estados dos comutadores obtêm-se os diferentes percursos de corrente
elétrica. Na figura 4.2 apresenta-se o exemplo do percurso seguido no estado designado por 1.
No Anexo F são apresentados os restantes percursos de corrente, de acordo com os restantes
estados possíveis dos semicondutores [31].
66
Figura 4.2 – Percurso realizado pela corrente elétrica no estado 1.
67
4.1.3. Modelo da dinâmica do conversor – coordenadas abc
Aplicando-se a lei de Kirchhoff das malhas ao conversor verifica-se que:
𝑑𝑖𝑘
𝑉𝑘𝑛 = 𝐿𝑘 × + 𝑅𝑘 × 𝑖𝑘 + 𝑉𝑘 , ( 𝑘 = 𝐴, 𝐵, 𝐶). (4.18)
𝑑𝑡
Resolvendo a equação de cada uma das fases em ordem a dik/dt obtêm-se as equações da
dinâmica do sistema e usando as definições de tensão simples e composta obtidas em (4.15),
(4.16) e (4.17):
𝑑𝑖𝑎 (2 × 𝛾𝑎 − 𝛾𝑏 − 𝛾𝑐 ) 𝑅𝑎 𝑉𝑎
= ×𝑈− × 𝑖𝑎 + ; (4.19)
𝑑𝑡 3 × 𝐿𝑎 𝐿𝑎 𝐿𝑎
𝑑𝑖𝑏 (2 × 𝛾𝑏 − 𝛾𝑎 − 𝛾𝑐 ) 𝑅𝑏 𝑉𝑏
= ×𝑈− × 𝑖𝑏 + ; (4.20)
𝑑𝑡 3 × 𝐿𝑏 𝐿𝑏 𝐿𝑏
𝑑𝑖𝑏 (2 × 𝛾𝑐 − 𝛾𝑎 − 𝛾𝑏 ) 𝑅𝑐 𝑉𝑐
= × 𝑈 − × 𝑖𝑐 + . (4.21)
𝑑𝑡 3 × 𝐿𝑐 𝐿𝑐 𝐿𝑐
Aplicando a transformada de Laplace às três equações anteriores:
(2 × 𝛾𝑎 − 𝛾𝑏 − 𝛾𝑐 ) 𝑅𝑎 𝑉𝑎
𝑖𝑎 = ×𝑈− × 𝑖𝑎 + ; (4.22)
3 × 𝐿𝑎 × 𝑠 𝐿𝑎 × 𝑠 𝐿𝑎 × 𝑠
(2 × 𝛾𝑏 − 𝛾𝑎 − 𝛾𝑐 ) 𝑅𝑏 𝑉𝑏
𝑖𝑏 = ×𝑈− × 𝑖𝑏 + ; (4.23)
3 × 𝐿𝑏 × 𝑠 𝐿𝑏 × 𝑠 𝐿𝑏 × 𝑠
(2 × 𝛾𝑐 − 𝛾𝑎 − 𝛾𝑏 ) 𝑅𝑐 𝑉𝑐
𝑖𝑐 = ×𝑈− × 𝑖𝑐 + . (4.24)
3 × 𝐿𝑐 × 𝑠 𝐿𝑐 × 𝑠 𝐿𝑐 × 𝑠
sendo as matrizes X matrizes de três linhas e uma coluna correspondentes aos valores das
correntes por fase abc e correntes nas componentes α e β. A matriz C é definida como [31]:
√2
1 0
2
2
[𝐶 ] = √ × − 1 √3 √2 ; (4.26)
3 2 2 2
1 √3 √2
[− 2 −
2 2]
sabendo-se que a matriz C é ortogonal, ou seja, verifica-se a propriedade seguinte, relação entre
a sua transposta e matriz inversa:
[𝐶 ]𝑇 = [𝐶 ]−1 ; (4.27)
68
pode-se reescrever a equação (4.25) como
2 𝛾𝑏 𝛾𝑐
𝛾𝛼 = √ × (𝛾𝑎 − − ) ; (4.31)
3 2 2
2 √3𝛾𝑏 √3𝛾𝑐
𝛾𝛽 = √ × ( − ); (4.32)
3 2 2
assim, é possível controlar a corrente elétrica em cada fase do sistema através da alteração do
valor da variável que controla o estado dos comutadores. Este controlo pode ser realizado
através de diversas técnicas, sendo a abordagem escolhida o controlo de correntes por modo
de deslizamento [33].
69
Tabela 4.2 – Relação entre os vetores de controlo no sistema de coordenadas abc e αβ0.
Vetor γA γB γC γα γβ
0 0 0 0 0 0
3
1 1 0 0 √ 0
2
1 1
2 0 1 0 −
√6 √2
1 1
3 1 1 0
√6 √2
1 1
4 0 0 1 − −
√6 √2
1 1
5 1 0 1 −
√6 √2
3
6 0 1 1 −√ 0
2
7 1 1 1 0 0
Assim, para implementar este modo de controlo é necessário calcular o erro da corrente
nas duas componentes, α e β, tendo em conta que este é dado por:
ou seja, o erro da corrente na respetiva componente é dado pela diferença entre o valor de
corrente de referência, ou corrente pedida, e a corrente que realmente flui do lado AC do
sistema. Considerando uma banda de histerese no intervalo [−𝜀; 𝜀 ], tem-se que:
70
referente a cada uma das funções designadas por Matlab Embebed Function é apresentado no
Anexo H, embora os pontos mais importantes a que estas referem sejam descritos neste tópico.
Figura 4.4 – Conversor eletrónico de potência e malha de realimentação para controlo de corrente.
Figura 4.5 – Blocos implementados para a malha de realimentação de controlo de corrente do sistema.
As referências de potência ativa e reativa neste cenário podem ser introduzidas
manualmente ou é possível indicar apenas a corrente elétrica de referência, sendo os valores
referentes a P e Q calculados. Estes dados são introduzidos num ficheiro de constantes da
simulação, apresentadas no Anexo I.
71
dos 0,03 s de simulação, sendo na situação inicial a referência dada através da tensão teórica.
Esta precaução é aplicada pelo facto de inicialmente o valor de tensão rms ser nulo e
consequentemente a corrente elétrica pedida nesta situação seria infinita.
Tendo em conta que as componentes ativa e reativa da potência em cada fase são:
𝑃 = 𝑉 × 𝐼 × cos 𝜙; (4.35)
𝑄 = 𝑉 × 𝐼 × sin 𝜙 . (4.36)
Considerando P a potência ativa, Q a potência reativa e ϕ o factor de potência é possível
determinar a amplitude e fase da corrente elétrica através de:
𝑄
𝜙 = atan ; (4.37)
𝑃
𝑃
𝐼= ; (4.38)
𝑉 × 𝑐𝑜𝑠𝜙
obtendo-se assim o módulo (I) e fase (ϕ) correspondentes à corrente elétrica. É possível então
aplicar uma função que define as referências de corrente por fase, ou seja Ia, Ib e Ic:
Os erros são introduzidos num bloco comparador, com histerese, onde de acordo com
o nível de erro é atribuído um estado de comutação (como apresentado na tabela 4.3).
Foi ainda introduzido no sistema um comutador extra que permite desligar a fonte DC,
desligando completamente o sistema de conversão da rede AC.
72
4.1.7. Resultados da simulação - sistema de conversão de energia
Realizaram-se diversos testes ao funcionamento do conversor implementado em
Matlab/Simulink para diversas situações, nomeadamente ao nível da atribuição de diversas
referências de corrente e observação da resposta do sistema.
Começou-se por testar o sistema numa rede com factor de potência unitário, ou seja,
sem potência reativa a circular na rede. Verificou-se que o sistema segue a referência de
corrente obtida, como é observável pela figura 4.6.
73
Figura 4.8 – Resposta do sistema a uma oscilação de referência de potência/corrente – em cada fase,
apresentando-se a roxo o sinal de corrente de referência e a amarelo a corrente observada do lado AC do
conversor.
Figura 4.9 – Resposta do sistema a uma alteração de referência – resposta por fase, a roxo a referência e a
amarelo a corrente à saída do conversor.
Na figura 4.10 observam-se os valores medidos de valor rms de tensão AC e potência
ativa e reativa, usados nos cálculos da referência de corrente.
Figura 4.10 – Por ordem descendente: tensão rms medida, potência ativa e reativa do sistema.
74
Deve-se realçar, pela figura 4.10, que a tensão medida nos instantes iniciais não é
utilizada, mas sim um valor de referência pré-determinado (2200 V) pois o valor inicial de tensão
rms do sistema é zero, o que implicaria a necessidade de uma corrente infinita. Como referido
também anteriormente a potência reativa usada neste teste foi nula. Relativamente a outros
parâmetros de interesse, como a capacidade de comutação do sistema e as formas de onda do
sinal de tensão composta AC verificaram-se os resultados apresentados na figura 4.11.
Figura 4.11 – Tensão composta por ordem descendente: Vab e sinal retangular (anterior à bobina de saída), Vbc e Vca.
É observável que com esta configuração o tremor do sinal de tensão introduzido na rede
elétrica não é desprezível. Usando o bloco de medição de THD do Matlab, verifica-se que este
para o sinal de tensão é de aproximadamente 8% em regime permanente no lado AC do
conversor. Após o transformador esta distorção é consideravelmente menor, sendo inferior a
1%. Estes valores podem ser melhorados com a introdução de um filtro LC. No que diz respeito
à distorção harmónica total do sinal de corrente injetado na rede, situa-se em torno de 1,1% em
regime permanente, estando o seu limite legal nos 5% para as condições de teste efetuadas
[34].
𝑄 = √𝑆 2 − 𝑃 2 ; (4.44)
correspondendo à potência ativa, aparente e reativa simuladas, respetivamente com um factor
de potência de 0,8.
75
Figura 4.12 – Corrente do lado AC do conversor (amarelo) e de refererência (roxo) em cada fase.
Como é observável, pela figura 4.12, o sistema segue a referência de corrente imposta,
sem qualquer limitação mesmo aquando da introdução de potência reativa na rede.
Figura 4.13 – Por ordem descendente: tensão AC RMS, potência ativa e potência reativa.
Pela figura 4.13 é possível observar os valores de potência ativa e reativa tidos como
referência nesta simulação.
Figura 4.14 – Tensão fase-neutro (amarelo) e corrente (roxo) na fase a e desfazamento entre tensão e corrente.
76
Pela figura 4.14 é possível concluir que o sistema está realmente a comportar-se como
gerador neste teste, entregando potência ativa à rede pois o período de entrega de potência à
rede é superior ao período de consumo de potência da mesma. Esta análise foi realizada tendo
em conta a polaridade da fonte de tensão e o sentido da corrente elétrica.
Figura 4.15 – Conversor DC/AC com adição de elementos capacitivos para regulação de tensão.
77
sendo ω a frequência angular do sistema, C a capacidade do condensador do lado AC (igual em
todas as fases) e iLd e iLq as componentes direta e em quadratura da corrente no ramo. Verifica-
se que 4.45 e 4.46 são dependentes uma da outra, ou seja vd depende de vq e vice versa. Para
as tornar independentes é necessário realizar uma mudança de variável, através de [31]:
Com esta mudança de variável é possível reescrever as expressões 4.45 e 4.46 como:
1
𝑣𝑑 = (ℎ − 𝑖𝐿𝑑 ); (4.49)
𝑠𝐶 𝑑 𝑟𝑒𝑓
1
𝑣𝑞 = (ℎ𝑞 𝑟𝑒𝑓 − 𝑖𝐿𝑞 ); (4.50)
𝑠𝐶
78
Figura 4.16 – Malha externa de regulação de tensão.
sendo [Xαβ] a matriz de duas linhas e uma coluna dada pelas compoentes α e β da tensão e a
matriz D definida como:
cos(𝜙) −𝑠𝑒𝑛(𝜙)
[𝑫] = [ ]; (4.55)
𝑠𝑒𝑛(𝜙) cos(𝜙)
onde ϕ é definido como:
𝐾𝑝 = 6,00; (4.57)
𝐾𝑖 = 74,02; (4.58)
79
considerando-se a utilização de condensadores de 760 μF no filtro de saída do conversor.
Como exemplo dos resultados obtidos, apresentam-se nas figuras 4.17 e 4.18 as formas
de onda de tensão AC do sistema, quando a referência corresponde a 1 kV rms e quando a
referência de tensão é de 2,2 kVrms. Nos testes realizados não existe qualquer ligação a um outro
modelo de rede AC que impõe a tensão, apenas o sistema de conversão ligado a uma carga.
Figura 4.18 – Forma de onda das tensões AC quando a referência são 2,2 kVrms.
80
Figura 4.19 – Alteração de referência de tensão do sistema, por fase, ilustrando-se o sinal de referência sobreposto
com o sinal obtido no lado AC do inversor.
Verifica-se pela figura 4.19 que o sistema é capaz de responder a uma variação na tensão
de referência. Nos testes realizados, com variações em degrau, a tensão à saída do conversor
pode levar até dois períodos ou 40 ms até conseguir acompanhar perfeitamente a referência.
Capacidade de compensação de potência ativa na ordem dos 1,5 MW por 4 horas – com
o objetivo de suportar a rede sem a central térmica estar em funcionamento, ou durante
períodos de cheia apoiando a central térmica.
Capacidade de compensação de potência ativa durante períodos de tempo superiores,
caso as necessidades de compensação sejam mais baixas.
81
𝑆 = 𝑉 × 𝐼 = 2200𝑉 × 500𝐴 = 1,1𝑀𝑉𝐴; (4.59)
sendo S a potência aparente do sistema, V a tensão AC rms e I a corrente elétrica (S=P quando
cos(ϕ)=1).
82
De acordo com a tabela 4.4, o banco de baterias dimensionado é capaz de fornecer uma
potência de 1,53 MW durante 4 horas, ou 3,06 MW durante duas horas ou 12,24 MW durante
30 minutos. Este modo de operação pode ser alterado através da alteração das correntes de
operação permitidas, tendo neste caso sido definidas como, no máximo, 500 A. Caso todos os
componentes do sistema real sejam adequados, o limite de operação pode naturalmente ser
superior, podendo-se aumentar os níveis de potência que o sistema de baterias e conversor é
capaz de compensar. Estes valores foram determinados com base nas necessidades de
compensação na ilha no caso extremo, como se ilustra nas figuras 4.20 e a) e b), para as
condições de carga atuais, do ponto de vista da central térmica e para as mesmas com
integração do banco de baterias.
Figura 4.20 – a) Diagrama de cargas visto pela central térmica atualmente; b) Diagrama cargas visto pela
central térmica com introdução do banco de baterias.
Assim, como observável em 4.20 a) e b), a central térmica nunca precisa de ser apoiada
durante mais de 4 horas consecutivas, pior cenário, para o qual o sistema foi dimensionado.
A função consiste numa melhoria da função “P/Q para I/ϕ” inicial, tendo em conta que
na implementação de um sistema deste género é muito importante considerar se o sistema está
com capacidade de compensar potência, se necessita de ser recarregado, se já se encontra em
carregamento, entre outras definições.
83
Começou-se por definir para a primeira operação do sistema uma variável, designada
por “Carregando”, que pode assumir dois estados: 0, o sistema não está em recarregamento e
1, o sistema está em carregamento. Assumiu-se que inicialmente o sistema não necessita de ser
recarregado.
Caso o sistema não esteja a ser recarregado, é realizada uma verificação da sua
necessidade de ser recarregado. Se o SOC das baterias for superior a 10% esta necessidade não
existe. Se for inferior, o sistema deverá ser recarregado, não podendo compensar potência.
84
A partir do momento em que o recarregamento é iniciado não pode ser interrompido
até estar completo. Foram definidos dois modos de carregamento, em corrente constante (fast
charge) a 1C (à capacidade das baterias) e o modo de tensão (ou modo top-off) realizado a 0,1C.
Ao fim de cada execução à saída da função é colocado o valor do módulo de corrente (I)
e a sua fase (ϕ), bem como o estado da variável “Carregando”, a usar na execução seguinte.
a) b)
Figura 4.23 – a) Evolução do estado de carga do banco de baterias ao longo de uma simulação de 0,2s, com carga
inicial de 90%; b) Evolução do estado de carga do banco de baterias ao longo de uma simulação de 0,2s, com carga
inicial de 9%.
Mais uma vez, tendo em conta a polaridade da fonte de tensão e o sentido da corrente
elétrica é observável, pela figura 4.24 que o sistema encontra-se durante um período do sinal
maioritariamente a retirar potência da rede, comprovando-se o seu funcionamento como carga.
O comportamento durante o funcionamento como gerador é idêntico ao apresentado na figura
4.14. Na figura 4.24 a tensão e a corrente encontram-se em oposição de fase, enquanto em 4.14
encontram-se em fase.
85
Capítulo 5 – Integração do banco de baterias na rede do Porto Santo
Ao longo deste capítulo é apresentado todo o procedimento realizado para integrar os
modelos desenvolvidos em PSSE e Matlab/Simulink para o sistema de baterias, apresentados no
capítulo 4, nos respetivos modelos de rede de energia elétrica apresentados ao longo do
capítulo 3, apresentando-se ainda alguns dos resultados obtidos em ambos os programas de
simulação e apresentando-se algumas elações retiradas sobre os mesmos. Finalmente é
realizada uma análise económica de forma a analisar a viabilidade de implementação prática do
projeto.
Figura 5.1 – Ligação do sistema de baterias à rede como apoio à central térmica.
O bloco apresentado na figura 5.2 tem como entradas os sinais complexos da tensão e
da corrente no barramento.
86
posteriormente a diferença entre eles (ângulo ϕ) e por aplicação da função cosseno, obtém-se
o factor de potência.
𝑃 = 𝑉 × 𝐼 × cos(𝜙) ; (5.1)
𝑄 = 𝑉 × 𝐼 × sin(𝜙). (5.2)
Conhecendo a potência no barramento é possível usá-la como referência para o sistema
de conversão de energia. No caso da simulação realizada foram definidos patamares ajustados
de potência de atuação, sendo compensada mais potência quando existe maior demanda de
potência (50% do valor medido), um valor inferior para situações de carga intermédia
(compensação de 20% do valor medido) e nenhuma compensação em casos de baixa demanda
de potência. Os valores definidos são apresentados na tabela 5.1, limitados a um máximo de 8
MW. Na definição destes valores usou-se sempre como referência a potência trifásica [36].
Tabela 5.1 – Compensação de potência ativa realizada pelo banco de baterias.
Uma alternativa à utilização da medição dos parâmetros de potência na rede passa pela
medição do desvio de frequência em relação à frequência central da rede (50 Hz). Caso esta
baixe de um determinado nível, por exemplo 49,5 HZ, o sistema de baterias apoia a rede com
uma determinada potência. Caso a frequência se encontre num valor alto, por exemplo 50,5 Hz,
o sistema de baterias pode aproveitar para recarregar, caso exista tal necessidade.
Neste cenário de simulação foi realizada uma abordagem em patamares para a entrada
ou alteração de funcionamento do sistema, com uma resposta do género apresentado na figura
5.3.
5
Compensada
4
Potência
3
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Potência da Rede
87
É essencial a existência de uma banda morta de atuação, para que não se corra o risco
do sistema se encontrar sempre num estado, ou estar constantemente a alterar o seu estado.
Nesta simulação não foram implementados modelos de linha, tendo em vista simular
apenas o barramento relativo à central térmica da ilha do Porto Santo. Os blocos “Central
Térmica” e “Conversor Eletrónico de Potência e Banco de Baterias” consistem nos modelos
descritos anteriormente, bem como cada um dos restantes elementos da rede.
Nas figuras 5.5 e 5.6 são apresentados os resultados obtidos relativamente à tensão e
corrente elétrica observada nos diferentes pontos da rede elétrica.
Os valores de tensão verificados são os esperados, de 6,6 kVrms e 30 kVrms nas respetivas
zonas de operação. Da mesma forma verifica-se o comportamento das formas de onda da
corrente elétrica, com um valor de pico inferior na zona de 30 kVrms, pois o transformador eleva
a tensão, mas a potência é mantida.
Figura 5.5 - Tensão do lado de geração de energia elétrica, na zona de 30kV e na carga.
88
Figura 5.6 – Corrente elétrica na geração, zona de 30kV e carga.
Nas figuras 5.5 e 5.6 é observável que a corrente e tensão apresentam forma sinusoidal,
com uma corrente mais baixa nas zonas de tensão mais elevada, como esperado. Na figura 5.7
apresenta-se o resultado obtido para a tensão e corrente elétrica no link entre o sistema de
conversão e a REE.
Figura 5.7 - Tensão e corrente (por ordem descendente) na ligação do grupo de baterias à rede
Pela figura 5.7 verifica-se que inicialmente a potência medida no barramento não é
suficiente para que o banco de baterias entre em funcionamento, passando a apoiar a central
térmica no instante em que a potência medida na linha ultrapassa 2 MW (limite definido nesta
simulação), contribuíndo neste caso com uma potência ativa equivalente a 20% da potência final
em regime permanente, dada por:
10
𝑃3 𝑓𝑎𝑠𝑒𝑠 = 3 × 𝑉 × 𝐼 = 30 𝑘𝑉 × ( ) = 0,636 𝑀𝑊; (5.3)
√2
ou seja, uma potência muito próxima dos 0,6MW previstos. O cálculo anterior baseia-se no facto
desta simulação ter sido realizada com um sistema de factor de potência unitário, com valores
rms de tensão e corrente elétrica.
89
Para melhor se verificar o funcionamento do sistema, na figura 5.8 apresentam-se as
correntes de referência e corrente de saída do sistema de conversão durante o período em que
este compensa 20% de potência. É importante salientar que nestas simulações o grupo gerador
térmico foi colocado em funcionamento em regime permanente a partir do instante inicial de
simulação para reduzir o tempo necessário para a visualização de resultados, e porque
naturalmente um gerador térmico nunca é ligado a uma REE sem se encontrar a operar em
regime permanente.
Figura 5.8 – Corrente AC por fase, com o sinal de referência a roxo e o sinal efetivamente obtido à saída do
conversor a amarelo, na zona de 2,2 kV.
Numa ótica de simulação dinâmica, com variação da carga da rede ao longo da
simulação, integrou-se um sistema de variação de carga ao longo da simulação com um aumento
da mesma aos 0,03 s de simulação. Os resultados obtidos para as formas de onda de corrente
do conversor nestas condições são apresentadas na figura 5.9.
Figura 5.9 – Corrente entregue pelo sistema de baterias à rede com um aumento de carga.
Através da figura 5.9 verifica-se que a corrente entregue pelo conversor à REE aumenta
devido ao aumento de carga nesta a partir dos 0,03s de simulação, com a potência compensada
pelo sistema a aumentar dos 0,636 MW para os 0,955 MW.
90
Figura 5.10 – Esquema usado na integração do sistema de baterias e conversor em Matlab/Simulink.
Nas figuras 5.11, 5.12 e 5.13 apresentam-se os resultados para as formas de corrente e
tensão em diversos pontos da rede para a operação, considerando um nível de carga de 1,4 MW
na subestação CNP, 2,6 MW na subestação VBL e 2,9 MW na subestação CPS, ou seja na sua
globalidade 6,9 MW de carga na rede.
Figura 5.11 – Tensões nas três fases, por ordem descendente, no barramento de conexão de um dos módulos da
central fotovoltaica, na central WP2 e no barramento de conexão do sistema de baterias à rede de 30 kV.
Figura 5.12 – Tensões nas três fases, por ordem descendente, no barramento de conexão de um dos grupos
térmicos, na subestação VBL – 30 kV e numa carga.
91
Figura 5.13 – Correntes nas três fases, por ordem descendente, no barramento de conexão de um dos módulos da
central fotovoltaica, na central WP1 e no barramento de conexão do sistema de baterias à rede de 30 kV.
Figura 5.14 – Correntes nas três fases, por ordem descendente, no barramento de conexão de um dos grupos
térmicos, na subestação VBL – 30 kV e numa carga.
Mais uma vez foi verificado que o sistema apresenta um comportamento estável, com
a tensão e corrente elétrica a apresentarem o comportamento esperado.
92
Definiu-se, através da simulação de eventos do software as condições de funcionamento
do sistema para os níveis de potência que levam o sistema a compensar potência, estar em
repouso ou a funcionar como carga com vista o seu recarregamento.
Verifica-se que o método iterativo converge ao fim de três iterações com todas as
máquinas a operar dentro das condições iniciais previstas.
Na figura 5.17 pode-se observar a potência ativa e reativa de operação das máquinas da
rede, tensão escalonada e indicação de atividade, por barramento nas condições de simulação:
Figura 5.17 – Barramentos da rede com as diferentes máquinas associadas e os seus parâmetros iniciais de operação.
Nesta simulação aplicou-se uma distribuição 50-50 de potência ativa entregue à rede
entre grupo térmico e sistema de baterias.
93
𝑃𝑇é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 = 𝑃𝐺𝑟𝑢𝑝𝑜 × 𝑃𝐵𝑎𝑠𝑒 = 0,115 × 20𝑀𝑊 = 2,3𝑀𝑊
94
Figura 5.21 – Potência reativa na rede.
Verifica-se em 5.21 que a potência reativa consumida pelas máquinas assíncronas das
centrais eólicas é fornecida pelo gerador síncrono e pelo sistema de baterias.
Assim, é observável que apenas um grupo térmico mantém a rede operando a cerca de
60% da sua capacidade, apoiado pelo banco de baterias. As centrais baseadas em fontes de
energia renováveis foram consideradas em operação, à capacidade ilustrada na figura 5.23.
Figura 5.23– Percentagem de operação das máquinas nas centrais eólicas e fotovoltaica.
95
Em termos de frequência de operação da rede, verifica-se a estabilidade da mesma ao
longo da simulação, operando a uma frequência de 50,004 Hz como se ilustra em 5.24.
Foi testado ainda o comportamento do sistema como carga para a rede, por forma a
testar o impacto na rede do recarregamento das baterias. O carregamento apenas é realizado
durante períodos de baixa carga (inferior a 3 MW), e o sistema de baterias apresenta-se como
uma carga extra.
Cenário: sem banco de baterias versus com banco de baterias no evento de falha de
renováveis
96
𝑃𝑅𝑒𝑛𝑜𝑣á𝑣𝑒𝑖𝑠 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝑃 × 𝑃𝐵𝑎𝑠𝑒 = (0,05 + 0,02 + 2 × 0,0075) × 20𝑀𝑊 = 1,7𝑀𝑊
𝑃𝑅𝑒𝑛𝑜𝑣á𝑣𝑒𝑖𝑠 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 0𝑀𝑊
Figura 5.25 – Falha das renováveis aos 6s de simulação.
97
Ocorre um deslastre mínimo de carga na sequência do evento.
Na tabela 5.2 apresenta-se uma comparação de resultados lado a lado dos cenários
verificados sem banco de baterias e com banco de baterias.
Tabela 5.2 – Comparação de resultados numa simulação idêntica, sem banco de baterias e com banco de baterias.
98
Capítulo 6 – Conclusões
Neste capítulo são apresentadas as conclusões gerais retiradas com a realização deste
trabalho, e sugerir possíveis melhorias a desenvolver no futuro.
Foi testada a resposta da rede atual, através da realização de testes para diferentes
níveis de carga, diferentes condições de exploração – maior ou menor contribuição de
renováveis e diferentes condições de fator de potência.
Considerando a possibilidade de a rede do Porto Santo poder vir a ter de ser suportada
em termos de manutenção de tensão pelo sistema de baterias, procedeu-se ao
dimensionamento e simulação de uma malha externa de controlo de tensão, que baseia a
referência de corrente elétrica para a malha interna de controlo de corrente do conversor num
nível de tensão que se pretenda manter. Este modo de operação pode ter utilidade em casos de
avaria de um grupo da central térmica, embora faça os tempos de resposta do sistema
aumentarem em relação à operação do sistema apenas com a malha interna de controlo de
corrente, pelo que é aconselhável o uso desta funcionalidade apenas em caso de necessidade
(sem geradores térmicos).
Com base nas necessidades energéticas verificadas através dos diagramas de carga da
rede do Porto Santo e nas diretivas da EEM, procedeu-se ao dimensionamento de um banco de
baterias capaz de apoiar a central térmica. Criou-se ainda um algoritmo, implementado em
Matlab/Simulink que determina o tipo de função do sistema, tendo em conta se o sistema se
encontra carregado, se necessita ser recarregado, se o nível de carga na rede permite que este
99
seja recarregado, se a rede necessita de apoio por parte do sistema de baterias ou se, em caso
de recarregamento do sistema se este está a ser realizado em modo de corrente ou tensão.
Tendo em conta ainda que ao longo do tempo podem surgir novas questões acerca da
resposta da rede a diferentes cenários não colocados durante a realização deste trabalho, os
modelos implementados poderão ser usados para simulá-los, mostrando uma resposta
aproximada à do sistema real apoiando assim os responsáveis pela gestão da rede e ajudando-
os a tomar as decisões mais acertadas.
100
Referências
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Shaum’s Outlines, 2012.
[2] J. S. Paiva, em Redes de Energia Elétrica – uma análise sistémica, Lisboa, IST press, 2012.
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Learning, 2012.
http://www.areatecnologia.com/electricidad/centrales-termicas.html
[8] E.H. Camm et al, Characteristics of Wind Turbine Generators for Wind Power Plants, IEEE, pp
1-5, janeiro de 2009.
[9] A. S. Golder, Photovoltaic Generator Modeling for Large Scale Distribution System Studies,
Tese de Mestrado, California, Drexel University, outubro de 2006.
[10] M. Villalva, “Energia solar fotovoltaica – sistemas isolados e conectados à rede”, 2ª edição.
[11] I. Araújo, Estimativa do custo de substituição de centrais térmicas por hídricas em ambiente
de mercado, Tese de Mestrado, Porto, FEUP, junho de 2010.
[12] F. Maciel Barbosa, Gestão de Energia/ Gestão do Diagrama de Cargas, FEUP, 2013.
[15] V. Khadkikar et al, Grid Voltage Regulation Utilizing Storage Batteries in PV Solar – Wind
Plant based Distributed Generation System, IEEE, pp 1-6, 2009.
http://www.mpoweruk.com/life.htm
http://tpenergy.en.alibaba.com/product/829854688212564485/lithium_ion_car_battery_12v
_60ah.html
[19] J. Sousa, Sistema bidirecional de carga de baterias para o FEUP VEC, Tese de Mestrado,
Porto, FEUP, julho de 2013.
http://www.homepower.com/articles/solar-electricity/equipment-products/lithium-ion-
batteries-grid-systems?v=print
101
[21] Bateria selada de chumbo ácido, 20-11-2014, disponível em:
http://pt.aliexpress.com/item/Sealed-Lead-Acid-battery-12V-60Ah-Deep-Cycle-Battery-
VISION-6FM60D/718540974.html
http://pt.aliexpress.com/item/Wholesale-quality-60Ah-lithium-iron-phosphate-power-battery-
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http://pt.sandc.com/news/index.php/2014/12/europes-largest-battery-storage-project-
becomes-operational-in-the-uk/
http://www.portugalglobal.pt/PT/InvestirPortugal/PorquePortugal/Madeira/Documents/Regio
esPortugal_Madeira.pdf
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[29] PSSE Application Guide, Capítulos 21 e 22 – Generic Wind Models e PV System Model,
Siemens, 2013.
http://ise.ualg.pt/home/sites/default/files/ise/Electrica/qenergia.pdf
[35] ] A. Koran, High Efficiency Photovoltaic Source Simulator with Fast Response Time for Solar
Power Conditioning Systems Evaluation, IEEE, pp 1285-1297, vol. 29, maio de 2013.
http://www.therma.com.br/artigos/calculo_potencia_trifasica.pdf
102
[37] Página Web: “Matlab”, consultada a 25-09-2014 em:
https://delta.ist.utl.pt/software/matlab.php
http://www.severnglocon.com/srde/04Solar.html
103
Anexo A – Ferramentas informáticas usadas
Apresenta-se aqui uma breve descrição das principais ferramentas informáticas usadas
ao longo deste trabalho para modelizar e simular o comportamento de forma mais realista da
rede elétrica. Estas ferramentas foram o PSSE e o Matlab. O PSSE – Power System Simulation for
Engineering – da empresa Siemens, na sua versão para estudante, limitada a cinquenta
barramentos, permite simular longos períodos de funcionamento da rede elétrica por
apresentar resultados em modo vetorial permitindo ainda a realização de diversas formas de
análise da rede, quer no seu modo de simulação estática, quer ao nível de simulações dinâmicas.
O Matlab/ Simulink/ SimPowerSystems, foi usado para a realização de um modelo da rede e seu
teste em modo temporal, permitindo ainda o desenvolvimento do sistema de baterias na rede
elétrica.
O PSSE é uma ferramenta que permite que se analisem diversos aspetos relacionados
com a rede, sendo os principais: trânsito de energia e diferentes funções da rede relacionadas
com o mesmo; análise de falhas simétricas e assimétricas; construção do equivalente elétrico da
rede e realização de simulações dinâmicas. Cada caso de estudo (working case) neste software
consiste num conjunto de endereços alocados, trabalhando em conjunto com um grupo de
ficheiros temporários com dados (designados por temporary files). Estas estruturas de dados
são organizadas de forma a otimizar o desempenho computacional [27].
É a partir do ficheiro .sav que é possível criar o caso de estudo pretendido, como um
novo estudo, ou a partir de uma rede já existente. A visão global deste tipo de ficheiro é a
apresentada na figura A.1.
Figura A.1 – Visão do ficheiro Save Case File no PSSE e designação das janelas apresentadas.
Como é possível observar pela figura 3.1, existem três janelas distintas: visualização da
rede em lista, visualização da rede em árvore e menu de exposição de resultados. O ficheiro .sav
consiste essencialmente na visualização da rede em lista, sendo os resultados obtidos de
qualquer operação sempre indicados no menu de exposição de resultados.
104
Na visualização em lista é possível adicionar, remover ou alterar características de todos
os componentes existentes na rede, como barramentos, centrais, máquinas, linhas de
transmissão, entre outros.
O PSSE permite a criação ou edição do caso de estudo criado através de uma interface
visualmente apelativa ou modo diagrama – ficheiro .sld, com um exemplo ilustrativo desta
interface apresentado na figura A.2.
A ferramenta PlotBook é uma ferramenta dentro do PSSE cujo principal objetivo passa
pela criação de gráficos que exibem os resultados dos parâmetros obtidos através das simulções
dinâmicas da rede.
Por seu lado, o Matlab é um software que permite, entre muitas outras aplicações, a
realização de modelos através da aplicação Simulink e SimPowerSystems com programação com
blocos ou em linguagem de programação Matlab.
105
Anexo B – Diagramas de cargas classificadas e diagramas de
probabilidade de cargas
Primavera:
3
2
1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
tempo (h)
DCC 4MW
3
2
1
0
0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0,56 0,64 0,72 0,80 0,88 0,96 1,04
DPC 4MW
Outono:
3
2
1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
tempo (h)
DCC 4MW
106
Diagrama de probabilidade de cargas
6
5
P (MW) 4
3
2
1
0
0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0,56 0,64 0,72 0,80 0,88 0,96
DPC 4MW
Inverno:
3
2
1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
tempo (h)
DCC 4MW
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0,56 0,64 0,72 0,80 0,88 0,96 1,04
DPC 4MW
107
Anexo C – Implementação no PSSE das características dinâmicas dos
elementos da rede
Ficheiro de programação das características dinâmicas (de 1 grupo térmico):
5 0 1 0
108
1.7000 1.1100 1.1100 10.000 /
1 5.000 1000.0 10.000 900.0 15.000 850.0 20.000 800.0 25.000 700.0
30.000 600.0 35.000 700.0 0.000 0.0 0.000 0.0 0.000 0.0/
5 0 1 0
1 5.000 1000.0 10.000 900.0 15.000 850.0 20.000 800.0 25.000 700.0
30.000 600.0 35.000 700.0 0.000 0.0 0.000 0.0 0.000 0.0/
109
Anexo D – Características das linhas de transmissão
Apresenta-se na tabela D.1 as características mais relevantes na modelização aplicada
às linhas de transmissão existentes na rede do Porto Santo.
Tabela D.1 – Linhas de transmissão não transformadoras.
Corrente
Nó Nó Tensão Resistência Indutância Admitância Comprimento
Máxima
fonte destino (kV) (Ω/km) (Ω/km) (mS/km) (km)
(A)
CNP VBL 30 0,15099 0,19738 0,00017 376 2,17
VBL CPS 30 0,51768 0,15429 0,00026 168 4,822
CPS CNP 30 0,51768 0,15429 0,00026 168 4,10
VBL PTEEM1 6,6 0,19481 0,15080 0,05498 324 4,07
VBL PTEEM2 6,6 0,51485 0,16650 0,03927 188 2,95
CPS WP1 6,6 0,51485 0,16650 0,03927 188 3,80
PTEEM1 WP2 6,6 0,51485 0,16650 0,03927 188 0,5
WP1 WP2 6,6 0,51485 0,16650 0,03927 188 0,3
PTEEM1 FP1 6,6 0,19481 0,15080 0,05498 324 1,5
PTEEM1 FP1 6,6 0,19481 0,15080 0,05498 324 1,5
110
Anexo E – Transformada Va, Vb, Vc para Vd-Vq
vbase = 11432;
va = va/vbase;
vb = vb/vbase;
vc = vc/vbase;
end
111
Anexo F – Percursos de corrente no Conversor DC/AC
Estado 0:
Estado 2:
112
Estado 3:
Estado 4:
113
Estado 5:
Estado 6:
114
Anexo G – Sistema de conversão implementado em Matlab/ Simulink
115
Anexo H – Funções implementadas no sistema de conversão
Função Not:
function y = fcn(x)
%#codegen
if x == 0
y = 1;
else
y = 0;
end
P e Q para I e phi:
function [I, phi, gamma]= fcn(V, P, Q, t)
%#codegen
X=Q/P;
phi = atan(X);
end
end
end
Limitador de Corrente:
function [I, phi]= fcn(I1, phi1)
%#codegen
if (I1>1000)
I = 1000;
phi = phi1;
116
else
I = I1;
phi = phi1;
end
end
iaref = I*sqrt(2)*cos((2*pi*50)*t+phi);
ibref = I*sqrt(2)*cos((2*pi*50)*t-(2*pi/3)+phi);
icref = I*sqrt(2)*cos((2*pi*50)*t+(2*pi/3)+phi);
end
Transformada de Clarke-Concordia:
function [ialpha, ibeta]= fcn(ia, ib, ic)
%#codegen
Xalphabeta = transpose(C)*Xabc;
ialpha = Xalphabeta(1,1);
ibeta = Xalphabeta(2,1);
end
Comparador de Histerese:
function [gammaa, gammab, gammac, estado]= fcn(erroalpha, errobeta)
%#codegen
deltamax = 5;
deltamin = -5;
117
elseif (erroalpha > deltamax) && (errobeta < deltamin)
gammaa = 1;
gammab = 0;
gammac = 1;
estado = 5;
elseif (deltamax > erroalpha && erroalpha > deltamin) && (errobeta
> deltamax)
gammaa = 0;
gammab = 1;
gammac = 0;
estado = 2;
elseif (deltamax > erroalpha && erroalpha > deltamin) && (deltamax
> errobeta && errobeta > deltamin)
gammaa = 1;
gammab = 1;
gammac = 1;
estado = 7;
elseif (deltamax > erroalpha && erroalpha > deltamin) && (errobeta
< deltamin)
gammaa = 0;
gammab = 0;
gammac = 1;
estado = 4;
elseif (erroalpha < deltamin) && (errobeta > deltamax)
gammaa = 0;
gammab = 1;
gammac = 0;
estado = 2;
elseif (erroalpha < deltamin) && (deltamax > errobeta && errobeta >
deltamin)
gammaa = 0;
gammab = 1;
gammac = 1;
estado = 6;
elseif (erroalpha < deltamin) && (errobeta < deltamin)
gammaa = 0;
gammab = 0;
gammac = 1;
estado = 4;
else
gammaa = 0;
gammab = 0;
gammac = 0;
estado = 0;
end
end
118
Anexo I – Ficheiro de constantes de simulação
clear
clc
U = 10800;
Vrms = 2200;
Vmax = Vrms*sqrt(2);
Irefrms =500;
Irefmax = Irefrms*sqrt(2);
fac = 50;
R = 10e-3;
L = 19e-3;
C = 1e-6; %Para uma frequência de corte de 4000Hz
fs = 20e3;
ts = 1/fs;
P = (sqrt(3)*Vrms*Irefrms*0.9)/3; %Ref: Livro Duncan considerando
factor de potência= 0.9; /3 porque é a potência de 1 só fase
S = (sqrt(3)*Vrms*Irefrms)/3; %Potencia Aparente
Q = sqrt((S^2)-(P^2));
119
Anexo J – Sistema de conversão DC/AC com regulação de tensão
120
Anexo K – Funções definidas para o sistema de conversão DC/AC
com regulação de tensão
Geração das tensões de referência varef, vbref, vcref:
function [varef, vbref, vcref]= fcn(V, t)
%#codegen
varef = V*sqrt(2)*cos((2*pi*50)*t);
vbref = V*sqrt(2)*cos((2*pi*50)*t-(2*pi/3));
vcref = V*sqrt(2)*cos((2*pi*50)*t+(2*pi/3));
end
Transformada de Clarke-Concordia:
function [valpha, vbeta]= fcn(va, vb, vc)
%#codegen
Xalphabeta = transpose(C)*Xabc;
valpha = Xalphabeta(1,1);
vbeta = Xalphabeta(2,1);
end
Transformada de Park:
function [vdref, vqref]= fcn(v_alpha, v_beta, t)
%#codegen
w = 2*pi*50;
Xdq = transpose(D)*Xalphabeta;
vdref = Xdq(1,1);
vqref = Xdq(2,1);
end
121
Transformada de Park inversa:
function [ialpha, ibeta]= fcn(idref, iqref, t)
%#codegen
w = 2*pi*50;
Xalphabeta = D*Xdq;
ialpha = Xalphabeta(1,1);
ibeta = Xalphabeta(2,1);
end
122
Anexo L – Função de seleção de modo de operação do sistema de
conversão
function [I, phi, gamma, Carregando1]= fcn(V, P, Q, t, SOC, Carregando)
%#codegen
X=Q/P;
phi = atan(X);
if (Carregando == 1)
if (SOC <90)
I = -75; %Carregamento em modo de corrente a 1C
else
I = -0.1*75; %Carregamento em modo de tensão a 0,1C
if (SOC > 99) %Condição de término de carga
Carregando1 = 0;
else
Carregando1 = 1;
end
end
elseif (Carregando == 0)
123
Anexo M – Rede do Porto Santo e Sistema de Baterias em
Matlab/Simulink
124
Anexo N – Análise económica
N.1. Custos de operação e manutenção atuais
Considerando que a implementação do sistema de baterias possibilita que se evite a
ligação de um segundo grupo gerador térmico, determinaram-se os custos de operação e de
mautenção de um grupo gerador a diesel, operando durante a percentagem de tempo (segundo
os diagrama de cargas analisados de:
1 1 1 1
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 2º 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜 = × 25% + × 30% + × 0% + × 4% (𝑁. 1)
4 4 4 4
correspondendo cada parcela à percentagem de tempo por trimestre do ano que um gerador
extra precisa de estar ligado, ou seja ele encontra-se em funcionamento durante 14,75% do ano,
ou cerca de 54 dias, ou 1292,1 horas. Estas horas de operação levam à necessidade de duas
revisões extra, supondo-se um custo das mesmas situado em torno dos 1000 €.
Estas horas de operação implicam principalmente gastos com o combustível fóssil que
alimenta a máquina. Supondo-se que a rede, quando mantida por duas máquinas síncronas, tem
um nível médio de carga pouco superior a 4 MW, tem-se que cada grupo opera a uma potência
pouco superior a 2 MW, ou cerca de 50% da sua capacidade máxima. Neste tipo de operação, a
máquina não se encontra perto da sua eficiência máxima em termos de consumo de
combustível. A operar nestas condições os grupos térmicos apresentam um consumo específico
de cerca de 238 g/kWh (longe do ponto de melhor eficiência – 219 g/kWh a 75%). Assim, em
termos de combustível necessário tem-se,
Assim, o custo extra anual de produção de energia a partir da central térmica situa-se
na ordem do 493 031,68 €.
125
de 5000 €, bem como o investimento nas instalações necessárias para acomodar os
equipamentos, estimada em 10 000 € anuais.
Nestas tabelas é realizada a capitalização dos valores anuais, à taxa de juro de 5% através
da aplicação de:
𝑉𝐹 = 𝑉𝐴 × (1 + 𝑗)𝑛 (𝑁. 1)
Sendo VF o valor futuro do dinheiro, VA o valor atual do dinheiro, j a taxa de juro (inflação, neste
caso) e n o número de anos passados.
Tabela N.1 – Custos de operação da rede atual.
Assim tem-se, para uma visão muito pessimista em que o sistema apenas dura três anos,
e aplicando-se componentes de elevado custo:
Gasto em três anos com a operação extra da central térmica: 2,1 milhões de Euros.
Gasto com instalação e três anos de operação do banco de baterias: 1,42 milhões de
Euros.
Poupança em três anos: 680 mil Euros.
126