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04 - Emoções PDF

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A EMOÇÃO

“A palavra emoção traduz, em geral, à mente uma das


seis emoções ditas primárias ou universais: alegria,
tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão. (…)” Damásio, António
ÍNDICE
 Mente e Emoção:
 Introdução ao tema;
 Phineas Gage.

 Emoções, sentimentos e afetos:


 Emoções vs Sentimentos vs Afetos;
 Relações que estabelecem;
 Emoções primárias e emoções secundárias;
 Teorias das emoções.

 Universalidade das emoções:


 De que forma a expressão das emoções pode variar
consoante a cultura?
 Existe uma forma universal de se expressarem as emoções?
 Perspectiva Evolutiva;
 Perspectiva Fisiológica;
 Perspectiva Cognitivista;
 Perspectiva Culturalista.
 As estruturas biológicas da emoção:
 Reatividade emocional; a amígdala;
 Caso Matilda Crabtree
 Função biológica das emoções;
 Córtex orbitofrontal no processo da tomada de decisões;
 Caso Elliot;
 Marcadores somáticos.
MENTE E EMOÇÃO
 Falando e pensando em emoções pela primeira vez, destacamos
sempre uma das seis emoções:

• Alegria;
• Tristeza;
• Medo;
• Ira;
• Espanto;
• Nojo.

Tratam-se, ao fim e ao cabo, das emoções básicas ou universais.


Sem que sequer nos apercebamos, desde que nos levantamos até
que nos deitamos estas fazem parte das nossas experiencias
diárias. Se repararmos, de fato a emoção é a primeira
característica que evidenciamos ao nascer, através do choro.
 Serão as emoções importantes? Sim. Estas têm um papel muito
importante na vida de cada um de nós, pois:

• Alertam-nos para o perigo;

• Proporcionam-nos a hipótese de criar laços com os outros,


desempenhando um papel importante na vida em sociedade;

• Influenciam a tomada de decisões;

• Alteram o nosso comportamento;

• Fornecem aos outros informações sobre o nosso estado interno;

• etc.
 Desde que se tem memória do homem se interessar pelo estudo dos
processos emocionais que este caiu em erro em relação a dois
aspectos:

1. Considerar emoção e cognição como faces opostas da mesma


moeda, dois conceitos incompatíveis, dois domínios
antagônicos;

2. Outro, por consequência do primeiro, era considerar que a


cognição, superior por definição, impunha naturalmente a sua
“vontade” à emoção.
EMOÇÕES, SENTIMENTOS E AFETOS
EMOÇÃO
 As emoções:

 Têm origem numa causa, num objeto;


 São reações corporais específicas, observáveis;
 São públicas e voltadas para o exterior;
 São automáticas e inconscientes;
 Polaridade: podem ser negativas ou positivas;
 São versáteis: variam em intensidade e são de breve
duração;
 Relacionam-se com o tempo: as emoções têm princípio e
fim.
 Assim, emoção designa-se como:

 Um processo passageiro, desencadeado por um estímulo


(externo ou interno);

 Ocorre a nível psíquico, na maioria das vezes


inconscientemente, e é difícil de verbalizar, no entanto,
representa um poderoso meio de comunicação (expressão
facial).

Os animais também experienciam emoções, a diferença é que


as emoções humanas têm como característica o modo como
estão ligadas às ideias, aos valores, aos princípios e aos juízos
complexos.
 Componentes das emoções:

 Componente cognitiva – ocorre quando tomamos


conhecimento do fato: se não houver conhecimento deste,
não se experimenta qualquer emoção.

 Componente avaliativa – é feita uma avaliação, agradável


ou desagradável da situação.

 Componente fisiológica – manifestações orgânicas,


corporais face á emoção.
 Componente expressiva – expressões corporais que
permitem mostrar ao outro as nossas emoções.

 Componente comportamental – comportamento que o sujeito


poderá ter face a outro sujeito, é o estado emocional que
desencadeia determinado conjunto de comportamentos.

 Componente subjetiva – relaciona-se com o que o indivíduo


sente a nível emocional e interior e que só ele tem acesso, ou
seja, é o estado afetivo associado à emoção.
Sentimentos
 Sentimento, por sua vez, é um processo mental relativamente
estável, resultante da emoção. É uma experiência subjetiva
dos afetos e das emoções. Este processo distingue-se da
emoção pelo seu caráter subjetivo e cognitivo e é inseparável
dos valores. Um sentimento é privado (não observável pelos
outros), ao contrário das emoções.

 O Ser Humano enquanto ser dotado de consciência, analisa,


interpreta, organiza e reflete sobre os seus próprios
sentimentos, isto é, constrói sentimentos a partir dos
mesmos.
 Segundo António Damásio:

 Emoções e sentimentos constituem, respectivamente, o


começo e o fim de um processo contínuo;
 As emoções são públicas enquanto que os sentimentos são
privados;
 Os mecanismos subjacentes às emoções e aos sentimentos
são distintos;
 Os mecanismos básicos da emoção não requerem,
necessariamente consciência;
 Emoções geram sentimentos e estes, por sua vez, geram
emoções num ciclo contínuo;
 Os sentimentos possuem uma relação privilegiada com a
consciência.
Correlação Emoções/ Sentimentos

Emoções Sentimentos
(públicas e (privados e
passageiras) duradouros)
Emoções primárias e universais
• Partilhadas por indivíduos de todas as culturas e ligadas a processos neurais e
fisiológicos específicos;
• Alegria;
• Tristeza;
• Medo;
• Ira;
• Espanto;
• Nojo.

Emoções secundárias e sociais


• Emoções associadas a relações sociais nas quais os aspectos socioculturais
apreendidos são muito significativos (exemplo: vergonha).

Emoções de Fundo
• Estamos perante emoções de fundo quando sem que uma única palavra tenha
sido dita conseguimos detectar estados como o bem-estar, mal-estar, calma ou
tensão.
CONCLUINDO…

 É certo que a sociedade desempenha um papel muito mais


importante na formação das emoções secundárias (ou não
fossem elas designadas, também, de emoções sociais; emoções
que se dão em sociedade). Por outro lado, as emoções
primárias são inatas e biologicamente programadas. No
entanto, uma coisa não leva à outra pelo que também as
secundárias o são, em certa medida, e também a sociedade
atua sobre as primárias.
AFETO
 Existe, ainda, um terceiro conceito, o afeto.
Este é bastante utilizado e empregue ao longo da nossa vida e
quotidiano, podendo ser empiricamente sinônimo de emoção
ou sentimento, erradamente, no entanto.

Então o que é o afeto?

 O afeto é a sensação imediata e subjetiva que temos em


relação a um objeto, pessoa, situação. Logo, os afetos estão
associados às emoções e sentimentos, mas não se confundem
com estes.
Falar de afetos é falar da relação.
A relação implica uma troca, em que
se dá e se recebe, o que envolve
sempre modificação dos elementos
envolvidos. Nestas relações somos
afetados pelos outros e os afetamo
também.
Os afetos que se estabelecem
constroem a matriz da nossa vida
pessoal e podem exprimir-se pelo
amor mas também pelo ódio. A nossa
sobrevivência psicológica funda-se
nas relações interpessoais.
EMOÇÕES: UNIVERSALIDADE E
DIVERSIDADE
 As emoções básicas caracterizam-se por expressões
universais, ou seja, são comuns a todos os indivíduos. Os
nossos rostos não se costumam designar como “espelhos da
alma” por mero caso, pois estes refletem emoções. Estas
manifestações são compreensíveis para todas as pessoas,
independentemente da cultura.

 Exemplo: independentemente do local do planeta em que


nos encontramos, qualquer pessoa saberá identificar
alegria no nosso rosto ao esboçarmos um sorriso.
PERSPECTIVAS SOBRE AS EMOÇÕES

As emoções constituem um aspecto muito complexo do


ser humano e são objeto de várias interpretações que se
organizam em várias perspectivas.

Estas perspectivas dão-nos a conhecer a natureza e a


base das emoções.

• Perspectiva evolutiva;

• Perspectiva fisiológica;

• Perspectiva cognitivista;

• Perspectiva culturalista.
PERSPECTIVA EVOLUTIVA

 Foi desenvolvida por Charles Darwin, que,


através da comparação de expressões de
emoções humanas com as dos animais,
identificou seis emoções primárias ou
universais: a alegria, a tristeza, a cólera, o
desgosto, a surpresa e o medo. Para cada
uma destas emoções, descreve as suas
manifestações fisiológicas.
Darwin considera que as emoções
desempenham um papel adaptativo
fundamental na história da espécie humana,
sendo determinantes na nossa capacidade
de sobrevivência.
As emoções são públicas, pelo que podem ser partilhadas com os
outros através de expressões faciais.
EXPERIÊNCIA DE EKMAN…
 Paul Ekman foi um cientista que desenvolveu uma investigação
em que procurou testar uma hipótese que defendia:

“Indivíduos de culturas distintas sentiriam diferentes emoções”.

Ekman realizou uma experiência: apresentou a uma tribo isolada


da Nova Guiné, expressões emocionais de norte-americanos.
Ekman concluiu que havia emoções que estavam presentes e que
se manifestavam de forma semelhante nos dois povos que
apresentavam culturas tão diferentes, ou seja, há emoções que são
universais, independentemente da aprendizagem e da cultura,
mas Paul Ekman não excluiu a influência da cultura na expressão
das emoções.
PERSPECTIVA FISIOLÓGICA
 O psicólogo e médico William James tem como interesse
fundamental o estabelecimento da relação entre o corpo e a
mente, que se influenciariam mutuamente: a mente influencia
o corpo e o corpo influencia a mente.

 Exemplo: Posso sentir-me triste se assumir uma expressão


facial de tristeza (numa situação que nos provoca um
choro de tristeza, só depois é que tomamos consciência da
tristeza).
PERSPECTIVA COGNITIVISTA
 De acordo com a perspectiva cognitivista, existe uma relação
entre os nossos processos cognitivos e as emoções. As nossas
cognições são um elemento fundamental no desencadeamento
das emoções: é o modo como eu encaro uma situação, que
causa a emoção.

 Exemplo: Zango-me com uma pessoa porque interpreto o


seu comportamento como ofensivo, (não é o
comportamento da pessoa em si que provoca a minha
raiva, mas o fato de eu o interpretar como tal).

 Conclusão: As emoções dependem do modo como


avaliamos as situações.
PERSPECTIVA CULTURAL

 De acordo com a perspectiva cultural, as emoções são


comportamentos aprendidos no processo de socialização, ou seja, as
emoções são como a linguagem, uma construção social. A cada
cultura correspondem diferentes emoções e diferentes formas de as
exprimir.

 Exemplo: Em algumas culturas não se admite que os homens


chorem, enquanto que noutras culturas a expressão das emoções
pelo choro é valorizada.

 Independentemente do sexo, o modo como se chora, quem pode


chorar, onde se chora, varia de cultura para cultura.
Cada cultura tem o seu conjunto de regras que especificam o tipo
de emoções que se podem manifestar nas diferentes situações
Exemplo: Um desgosto profundo pode ser sentido da mesma
forma idêntica por um japonês, um português, ou um indiano,
mas o modo de o exprimir é diferente.
ESTRUTURAS BIOLÓGICAS DA
EMOÇÃO
 As bases biológicas da emoção são:

 Papel regulador, pois ajuda um organismo a sobreviver;

 A cultura e a aprendizagem alteram a expressão das


emoções, atribuindo-lhe um significado diferente. As
emoções são inatas.

 Os dispositivos cerebrais responsáveis ocupam um


conjunto restrito de zonas: tronco cerebral, progredindo
para as partes superiores.

 Esses dispositivos são ativados automaticamente e


inconscientemente.
 Regularmente, há uma grande tendência a considerar apenas os
juízos racionais como determinantes na avaliação de situações e na
construção de respostas aos estímulos. Para o melhor ou para o pior,
os processos emocionais também influenciam esses fatores, e em
larga medida.

 O que levou, no caso Matilda Crabtree, um pai a disparar, quase


instintivamente sobre a sua própria filha?

 Como já foi referido, as emoções são essenciais para a


sobrevivência do ser humano e, na verdade, o sistema límbico
(estrutura cerebral associada às emoções) toma controle sobre
nós quando nos encontramos em situações de perigo, ou
possivelmente perigosas. Existem estruturas específicas que nos
permitirão entender melhor este processo.
REATIVIDADE EMOCIONAL
 A amígdala é a estrutura cerebral envolvente mais importante
na reatividade emocional imediata ao medo e à ira.

 Amígdala:

 Parte integrante do sistema límbico, localizada no interior de


cada hemisfério, no lobo temporal;

 Processa o significado emocional dos estímulos, gerando


reações emocionais e comportamentais imediatas.
 Associando ao caso ‘Crabtree’, percebe-se que a existência de
um caminho de emergência entre o tálamo e a amígdala, é
chamado a intervir em casos de emergência. O pai de Matilda,
pressupondo que podia estar, um ladrão dentro de casa,
pressupôs ainda a possibilidade de ter de disparar caso este
aparecesse, assim quando Matilda sai do roupeiro, como o seu
pai se encontra em estado de emergência, o sistema límbico
assume controle do cérebro e antes que a sensação visual
chegasse ao córtex associado, por meio do caminho de
emergência, o seu pai age disparando sem ter conhecimento
que dispara contra a própria filha.
CONCLUINDO…
 A função biológica das emoções é, então, dupla:

 Tem, por um lado, o papel de produzir uma reação


específica a uma situação;

 Por outro lado permite a regulação do estado interno do


organismo, com a finalidade de o preparar para essa
reação específica.
Estado emocional;
Desencadeamento
Estímulo Percepção e e execução da
alterações
emocional; avaliação; emoção; fisiológicas e
reação específica.
 A amígdala constitui uma estrutura importante no processamento
do medo e ira, mas, porém, não explica a totalidade das expressões
emocionais. Existe, portanto, uma estrutura (que tem sido alvo de
estudos num passado recente) e que não faz, inclusive, parte do
sistema límbico.

 Córtex orbitofrontal:
 Situado na face inferior do lobo fontral;
 Importante no planejamento e na coordenação de comportamentos
destinados a atingir objetivos;
 Age antecipando e avaliando o valor potencial da
recompensa/prejuízo de um comportamento.

A região frontal, funciona coordenando, unificando e integrando toda a informação


que chega ao cérebro. O córtex orbitofrontal e o circuito pré-frontal-amígdala são
regiões do cérebro que atuam no processo de tomada de decisões.
CONCLUINDO…
 A mente funciona como um todo, unificando e integrando
diversos aspectos e processos inter-relacionados;

 Existe uma clara relação de interdependência entre processos


cognitivos e emocionais.
MARCADORES SOMÁTICOS
 Marcadores Somáticos:
 Através da aprendizagem
depreendemos a recompensa ou
prejuízo associados a certas situações.
Assim saberemos, para diferentes
situações, que certa ação pode levar a
um resultado menos bom;

 Funcionam como uma campainha de


alarme.
CONCLUINDO…

 Os marcadores somáticos baseiam-se no passado


das nossas emoções: na medida em que uma ação
sofreu, no passado, uma experiência negativa,
estaremos motivados a evitá-la e a pensar em uma
ação alternativa (e assim consecutivamente).

 Os marcadores somáticos aumentam a precisão e


eficiência dos nossos processos de decisão.

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