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29/03/2019 Business Trends

BUSINESS TRENDS
Capítulo 2 - A economia circular
José Carlos Junqueira

INICIAR

Introdução
Antes de começar este estudo, procure responder às questões: você já ouviu falar
em Economia Circular? Quais as vantagens, se comparada à Economia Linear?
Como aplicá-la na sua empresa?

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Neste capítulo, você explorará os principais aspectos da Economia Circular,


refletindo sobre os impactos que causarão no seu futuro. Estudará conceitos que
talvez desconheça, mas também outros que provavelmente já façam parte do seu
cotidiano. No entanto, todos são princípios que as empresas aplicam diariamente –
pelo menos ao planejarem as ações para o futuro –, por isso é importante que você
adquira esses conhecimentos e se prepare para lidar com eles.
A partir da compreensão da Economia Circular, com suas aplicações atuais e
possibilidades futuras, você estará contribuindo para uma utilização mais
equilibrada e consciente da economia em sua vida profissional e pessoal.
E ao concluir este estudo, você estará apto para sintetizar os conceitos sobre
Economia Circular e relacionar os possíveis macroimpactos no mercado e na
sociedade.

2.1 O que é Economia Circular


Reforçada pelas 17 iniciativas das Nações Unidas (UN, 2015) para o
desenvolvimento sustentável do planeta, e aliada aos princípios da Indústria 4.0, a
Economia Circular não é apenas um conceito, ou uma tendência, mas sim uma
realidade a ser encarada por todos nós. Não se trata mais de um ativismo, apesar
de– por desconhecimento – uma parte da sociedade no mundo assim a entender,
mas de uma postura necessária para a continuidade dos negócios, da sociedade, do
planeta, enfim (UN, 2015).
Por outro lado, a maioria das indústrias segue os processos de produção linear, os
quais incluem retirar, fabricar e eliminar. Tais processos aumentam a crescente
escassez e o esgotamento dos recursos naturais e, a longo prazo, são insustentáveis
para o meio ambiente e para as próprias empresas. Este processo de produção e
consumo é conhecido como Economia Linear, conforme representada a seguir:

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Figura 1 – Processo linear de produção e consumo.


Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

Agora, com base na observação anterior, reflita: e se esses processos lineares


fossem transformados em processosnos quais os produtos são conceitualizados,
projetados, fabricados, consumidos e, eventualmente, descartados em um ciclo
fechado regenerativo no qual tudo é reutilizado e nada édesperdiçado? Pois este é
o conceito de Economia Circular.

VOCÊ SABIA?
A European Environment Agency tem estimulado o interesse de crianças e
adolescentes pelos conceitos de sustentabilidade e de Economia Circular.Circular
Economy utiliza a técnica de animação para apresentar, de maneira didática, os
benefícios destes conhecimentos para a preservação do planeta Terra. Para assistir,
acesse o endereço: https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI
(https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI).

No entanto, um dos obstáculos à aplicação do processo circular é que a maioria dos


produtos consiste em peças feitas por diferentes empresas. Sendo assim, todas as
empresas envolvidas deveriam unir-se,alinhando a visão de compromisso e a

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estratégia para tornar a economia circular uma realidade. Em outras palavras,


significa que as organizações precisariam deixar suas zonas de conforto e tomar
medidas difíceis, mas necessárias, para garantir o futuro.
A Economia Linear atual baseia-se em recursos baratos facilmente disponíveis, e
em energia fóssil, que é usada e descartada de um suprimento finito de materiais,
gerando desperdício. O mais preocupante é que a exploração derecursos e
deenergia está cada vez mais difícil e cara,indicando que este modelo não consegue
funcionar a longo prazo.
O termo Economia Circular foi definido para diferenciar os conceitos de
sustentabilidade, do negócio inclusive, do enfoque tradicional da indústria, pois
este é pautado em um processo finito, de matérias-primas, insumos e recursos: a
entrada, os processos de transformação – o processamento – e, por último, o
produto final, coprodutos e resíduos – a saída. Observe a imagem a seguir que
representa o processo circular de produção e consumo que garante a
sustentabilidade da economia.

Figura 2 – O processo circular de produção e consumo garante a sustentabilidade da economia.


Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

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Conforme exibido nos ciclos anteriores, ao contrário do processo linear, a Economia


Circular caracteriza-se por uma visão sistêmica, em que as entradas, os processos
de transformação e as saídas devem ser considerados não apenas pelos
participantes do sistema, mas dentro de um conceito completo. Ou seja, as
entradas devem ser visualizadas antes das fronteiras da empresa: a compreensão
de como os fornecedores trabalham, bem como todas as saídas, devem ser
visualizadas e endereçadas para outros atores fora das fronteiras da empresa.
Como implica em novos processos – compreender e rastrear a origem das entradas
e garantir a destinação das saídas, esta visão sistêmica, em uma primeira vista,
pode parecer como mais dispendiosa e não interessante para cada participante,
porém, os ganhos do conjunto e dos participantes individuais são justificáveis e
consideráveis. É uma relação de ganha-ganha para todas as partes.
Outra característica de destaque na Economia Circular, apresentada na figura
anterior, é a conceituação de materiais biológicos e materiais técnicos – para um
correto endereçamento das entradas e saídas, além da premissa de utilização de
energia de fontes renováveis. No final da década de 1960, houve a primeira
conferência sobre o clima, no chamado Clube de Roma –criado em 1968 (DIAS,
2011). Pouco depois, em 1972,foi publicado o manifesto Os limites do
crescimento(MEADOWS et al., 1972), que visava alertar os governos sobre a
incapacidade do planeta em acolher, com qualidade, a população mundial caso o
ritmo de desenvolvimento se mantivesse inalterado. Posteriormente, estas
conferências continuaram nas décadas de 1970, 1980, 1990, e no ano de 2012,
conforme a linha do tempo apresentada na figura a seguir.

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Figura 3 – Linha do tempo das conferências sobre o clima planetário.


Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

Em 2013, as Nações Unidas lançaram o programa de desenvolvimento sustentável


com o tema 2030: Building the Future We Want, com a linha do tempo representada a
seguir (clique em cada ano).

FÓRUM POLÍTICO DE ALTO NÍVEL


(HIGH-LEVEL POLITICAL FORUM - HLPF)

Figura 4 – Linha do tempo do programa das Nações Unidas, 2030: Building the Future We Want.
Fonte: adaptado de UN, 2013, s. p.

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Este programa enumera 17 metas para que os governos possam reverter o quadro
atual da Economia Linear, adotando iniciativas para a Economia Circular. O
progresso destas 17 iniciativas pode ser acompanhado por meio de métricas bem
definidas em um site próprio (https://sustainabledevelopment.un.org/hlpf
(https://sustainabledevelopment.un.org/hlpf)) e por aplicativos gratuitos
disponíveis para smartphones.

2.2 A estrutura de trabalho da Economia


Circular
Conforme explicado pela Fundação Ellen McArthur (WEBSTER, 2015), a economia
circular refere-se a uma economia industrial que é restauradora por intenção; que
almeja utilizar energia renovável; que minimiza, rastreia e, com sorte, elimina o uso
de produtos químicos tóxicos; que erradica o desperdício por meio de um design
cuidadoso. O termo vai além da mecânica de produção e do consumo de bens e
serviços, nas áreas que busca redefinir (exemplos: a reconstrução de capital,
incluindo os capitais social e natural, e a mudança de consumidor para usuário). O
conceito de Economia Circular baseia-se no estudo de sistemas não-lineares,
particularmente sistemas vivos.

VOCÊ QUER VER?


Para entender os conceitos relacionados à Economia Circular, assista aos vídeos The circular economy:
from consumer to user e What is the Circular Economy 100?, produzidos pela Ellen MacArthur Foundation e
disponíveis, respectivamente, nos endereços: https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf8
(https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf8)ehttps://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY
(https://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY).

Um dos principais resultados advindos da inspiração pela observação e cópia dos


sistemas vivos é a noção de otimizar o sistema como um todo, ao invés de focar nos
seus componentes, o que também pode ser chamado de design para encaixar (em
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inglês, design for fit) – por analogia, a árvore não é nada sem a floresta. Envolve um
gerenciamento cuidadoso dos fluxos de materiais, que na Economia Circular são de
dois tipos: materiais biológicos, projetados para voltar a entrar na biosfera com
segurança e construir capital natural; e materiais técnicos, projetados para circular
em alta qualidade, sem perda de performance ou de substâncias e resíduos para a
biosfera.
Como resultado, a Economia Circular estabelece uma distinção nítida entre o
consumo e o uso de materiais: defende a necessidade de um modelo de serviço
funcional, no qual os fabricantes ou vendedores retêm cada vez mais a
propriedade de seus produtos e, sempre que possível, atuam como prestadores de
serviços – vendendo o uso de produtos, não o seu consumo unidirecional. Esta
mudança tem implicações diretas para o desenvolvimento de sistemas de
devolução de produtos que sejam eficientes e eficazes,ao mesmo tempo que
permite novas práticas de design de modelos de produtos e negócios que geram
produtos mais duráveis, que facilitam a desmontagem e a remodelação.E, quando
apropriado, estes modelos de negócio consideram a troca/atualização
dosprodutos/serviços contratados.

2.3 Princípios básicos da Economia


Circular
Neste tópico analisaremos comosão pontuadasas diferenças entre a Economia
Linear e a Economia Circular (WEBSTER, 2015),caracterizando-as em princípios
básicos que norteiam a aplicação dos conceitos da Economia Circular. Estes
princípios são apresentados na figura a seguir.

Figura 5 – Princípios que orientam a aplicação dos conceitos da Economia Circular.


Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em WEBSTER, 2015.

Na sequência, para facilitar seu entendimento, ordenamos a descrição de cada um


dos princípios básicos em subtópicos específicos.

2.3.1 Projetar sem resíduos

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O
s
r
e

d
u
o
s
n
ã
o
e
xi
stem quando os componentes biológicos e técnicos (ou “materiais”) de um produto
são projetados pela intenção de se adequarem a um ciclo de materiais biológicos
ou técnicos, projetados para desmontagem e repropósito. Os materiais biológicos
não são tóxicos e podem ser simplesmente compostados. Materiais técnicos
(polímeros, ligas e outros materiais sintéticos) são projetados para ser usados
novamente com energia mínima e retenção de alta qualidade – enquanto a
reciclagem, como comumente entendido, resulta em uma redução na qualidade e
alimenta-se novamente no processo como matéria-prima bruta (WEBSTER, 2015, p.
606-741).

2.3.2 Construir resiliência através da diversidade


A modularidade, a versatilidade e a adaptabilidade são características apreciadas
que precisam ser priorizadas em um mundo incerto e que evolui rapidamente.
Sistemas diversificados com muitas conexões e diferentes escalas são mais
resistentes diante de choques externos do que sistemas construídos simplesmente
para eficiência – maximização de saída direciona a resultados extremos de
fragilidade (WEBSTER, 2015, p. 606-741).

2.3.3 Trabalhar para utilizar energia de fontes renováveis


Os sistemas devem, em última instância, ter como objetivo operar com fontes
renováveis. Da mesma maneira, também tentar operar com energia renovável,
possibilitando pelo limite reduzido, níveis de energia exigidos por uma economia
restauradora e circular. O sistema de produção agrícola funciona exclusivamente

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com a energia solar, mas quantidades significativas de combustíveis fósseis são


usadas em fertilizantes, máquinas agrícolas, processamento e através da cadeia de
suprimentos. Sistemas alimentares e agrícolas mais integrados reduziriam a
necessidade de insumos baseados em combustíveis fósseis e capturariam mais o
valor energético dos subprodutos e fertilizantes. Eles também aumentariam a
demanda por mão de obra humana (WEBSTER, 2015, p. 606-741).

2.3.4 Pensar sistemicamente


É crucial a capacidade de entender como as partes se influenciam mutuamente
dentro de um todo, e a relação do todo com as partes. Os elementos são
considerados em relação aos seus contextos ambientais e sociais. Apesar de uma
máquina ser também um sistema, é claramente limitada e assumida como
determinista. O pensamento sistêmico geralmente se refere à esmagadora maioria
dos sistemas do mundo real: estes são não-lineares, ricos em feedback e
interdependentes. Em tais sistemas, condições de partida imprecisas combinadas
com ciclos de retroalimentação (loops de feedback) levam a consequências muitas
vezes surpreendentes, e a resultados que frequentemente não são proporcionais às
entradas. Tais sistemas não podem ser gerenciados no sentido convencional linear,
exigindo mais flexibilidade e adaptação constanteàs mudanças circunstanciais
(WEBSTER, 2015, p. 606-741).

CASO
O pensamento sistêmico enfatiza estoques e fluxos. A manutenção ou o
reabastecimento de estoques são inerentes aos sistemas ricos em feedback,
os quais se supõem ter alguma longevidade e potencial para abranger a
regeneração, e até a evolução dos sistemas vivos.

Em um contexto de negócios, suas propriedades modulares e adaptativas


significam mais margem de manobra para a inovação e para o desenvolvimento de
cadeias de valor diversificadas, bem como menos dependência de estratégias de
curto prazo.

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Compreender os fluxos em sistemas complexos também nos informa algo mais


sobre o balanceamento(trade-off) entre eficiência e resiliência. Os sistemas que são
cada vez mais eficientes têm menos nós, menos conexões e maior produção, mas
também se tornam cada vez mais sensíveis ou, para usar o termo de Nassim Taleb,
frágeis (TALEB, 2012). Isso os torna vulneráveis aos efeitos de choques, tais como a
volatilidade dos preços ou a interrupção da oferta. Os sistemas com muitos nós e
conexões são mais resistentes, mas podem se tornar escleróticos – lentos para
mudar (no extremo) e, portanto, ineficazes.

VOCÊ O CONHECE?
Nascido no Líbano, em 1960, Nassim Nicholas Taleb é analista de riscos e professor no Instituto
Politécnico da Universidade de Nova York (EUA). Autor de livros que tratam das incertezas trazidas por
acontecimentos imprevisíveis, criou a Teoria do Cisne Negro (como ele denomina, grandes eventos
inesperados, entre os quais o 11 de Setembro, por exemplo). De acordo com a teoria de Taleb, mesmo
que tragam consequências ruins, os imprevistos também proporcionam benefícios e crescimento
(SOUZA, 2012). Na obra Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos (TALEB, 2012), o autorreforça que a
incerteza existe e deve ser desejada.

A eficácia é o ponto de encontro e interação da resiliência e da eficiência: a


eficiência (fazer as coisas corretas) é bem-vinda, mas a serviço da eficácia (fazendo
a coisa certa), com o principal objetivo de garantir que o negócio se encaixena
economia. Esta é uma maneira de pensar sobre a ideia de otimização de sistemas.
Uma vez que mais fluxos de materiais, bens e serviços são valorizados em uma
economia circular – e sendo o risco reduzido –, a empresa é compensada pela
perda do acréscimo de eficiência (a Economia Linear tem como objetivo o aumento
da eficiência)commenores custos, fluxos de caixa adicionais e – em muitos casos –
menores preocupações regulatórias ao se adequarem indiretamente com as
legislações sobre meio ambiente (como os resíduos são eliminados na Economia
Circular, ou se tornam fluxos benignos – como entrada em outros processos).

2.3.5 Pensar em cascata

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Para materiais biológicos, a essência da criação de valor reside na oportunidade de


extrair valor adicional de produtos e materiais, conectando-os através de outras
aplicações. Na decomposição biológica, seja natural ou em processos de
fermentação controlada, o material é dividido em estágios por microorganismos –
como bactérias e fungos – que extraem energia e nutrientes dos carboidratos,
gorduras e proteínas encontradas no material. Por exemplo, de uma árvore para
uma fornalha abandona-se o valor que poderia seraproveitado por meio da
decomposição organizada através de usos sucessivos (como madeira e produtos de
madeira) antes da deterioração e eventual incineração (WEBSTER, 2015, p. 606-
741).

2.4 Visão geral das principais escolas de


pensamento
Ainda de acordo com Webster (2015), o conceito de Economia Circular tem origens
profundas e não pode ser rastreado até uma única data ou autor. Suas aplicações
práticas para sistemas econômicos modernos e processos industriais, no entanto,
ganharam impulso desde o final da década de 1970, liderada por um pequeno
número de acadêmicos, líderes de pensamento e empresas.

Figura 6 – Principais linhas de pensamento da Economia Circular.


Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em WEBSTER, 2015.

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O conceito genérico foi refinado e desenvolvido pelas escolas de pensamento


descritas em cada um dos subtópicos a seguir.

2.4.1 Desenho regenerativo


Nos EUA, John T. Lyle começou a desenvolver ideias sobre o design regenerativo,
que poderia ser aplicado a todos os sistemas, isto é, além da agricultura, para aqual
o conceito de regeneração já havia sido formulado anteriormente. Com razão, ele
lançou as bases da estrutura da Economia Circular, que se desenvolveu e ganhou
proeminência, especialmente graças a McDonough (que estudou com Lyle),
Braungart e Stahel. Hoje, o Lyle Center for Regenerative Studies oferece cursos
sobre o assunto (WEBSTER, 2015, p. 606-741).

2.4.2 Economia de desempenho


Walter Stahel, arquiteto e economista, em 1977, apresentou em seu relatório de
pesquisa para a Comissão Europeia “O Potencial de Substituição da Força de
Trabalho pela Energia”, em coautoria com Geneviève Reday-Mulvey (STAHEL;
REDAY-MULVEY, 1981), a visão de uma economia em loops (ou Economia Circular) e
seu impacto em criação de emprego, competitividade econômica, poupança de
recursos e prevenção de resíduos. Stahel recebeu o crédito por ter cunhado a
expressão “Cradle to Cradle” no final da década de 1970, e também trabalhou no
desenvolvimento de uma abordagem de ciclo fechado para os processos de
produção e criou o Instituto Product-Life em Genebra, há mais de 25 anos, o qual
persegue quatro objetivos principais: extensão da vida útil do produto, bens de
longa vida, atividades de recondicionamento e prevenção de resíduos. Também
insiste na importância da venda de serviços ao invés de produtos, uma idéia
referida como a economia do serviço funcional, agora mais amplamente incluída
na noção de economia de desempenho. Stahel argumenta que a economia
circular deve ser considerada como uma estrutura: como uma noção genérica, a
economia circular desenvolve várias abordagens mais específicas que gravitam em
torno de um conjunto de princípios básicos (WEBSTER, 2015, p. 606-741).

2.4.3. Cradle to cradle (do berço ao berço)


Químico e visionário alemão, Michael Braungart passou a desenvolver, em conjunto
com o arquiteto americano Bill McDonough, o conceito Cradle to Cradle™ e seu
processo de certificação. Esta filosofia de design considera que todos os materiais
envolvidos em processos industriais e comerciais sãonutrientes, os quais estão em
duas categorias principais: técnicos e biológicos. A estrutura Cradle to Cradle se

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concentra no design para a eficácia em termos de produtos com impacto positivo e


na redução dos impactos negativos do comércio através da eficiência (WEBSTER,
2015, p. 606-741).
O projeto Cradle to Cradle propõe que os processos seguros e produtivos do
metabolismo biológico da natureza sirvam como modelo para o desenvolvimento
de um fluxo de materiais industriais do metabolismo técnico. Os componentes do
produto podem ser projetados para recuperação contínua e reutilização como
nutrientes biológicos e técnicos dentro desses metabolismos. A estrutura de
trabalho proposta no projeto Cradle to Cradle aborda entradas de energia e água
(WEBSTER, 2015, p. 606-741):

 

Potência com energia renovável


“Usar a renda solar atual”. Maximize o uso de energia
renovável (WEBSTER, 2015, loc. 690).

2.4.4 Ecologia industrial

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A ecologia industrial é o estudo de fluxos de materiais e de energia através de


sistemas industriais. Concentrando-se nas conexões entre operadores dentro do
ecossistema industrial, esta abordagem visa criar processos em circuitos fechados
nos quais os resíduos servem de entrada, eliminando assim a noção de um
subproduto indesejável. A ecologia industrial adota um ponto de vista sistêmico,
criando processos de produção de acordo com as restrições ecológicas locais.
Enquanto analisa o impacto global dos processos de produção desde o início, tenta
moldá-los para que funcionem o mais próximo possível dos sistemas vivos. Este
framework às vezes é referido como a ciência da sustentabilidade, dada a sua
natureza interdisciplinar, e seus princípios também podem ser aplicados no setor
de serviços. Com ênfase na restauração do capital natural, a ecologia industrial
também se concentra no bem-estar social (WEBSTER, 2015, p. 606-741).

2.4.5 Biomimética
Janine Benyus, autora da Biomimicry: Innovation Inspired by Nature, define sua
abordagem como “uma nova disciplina que estuda as melhores idéias da natureza
e depois imita esses projetos e processos para resolver problemas humanos”
(BENYUS, 1997, p. 1). Estudar uma folha para inventar uma célula solar melhor é um
exemplo. A biomimética encarara isso como “inovação inspirada pela natureza”
(BENYUS, 1997, p. 1). A biomimética baseia-se em três princípios fundamentais:
Natureza como modelo: estudar modelos da natureza e imitar essas formas,
processos, sistemas e estratégias para resolver problemas humanos.
Natureza como medida: usar um padrão ecológico para avaliar a
sustentabilidade de inovações.
Natureza como mentor: considerar e valorizar a natureza, não com base no
que pode ser extraído do mundo natural, mas o que é possível aprender com
isso.

VOCÊ QUER VER?


Saiba quais são os desafios para a implantação da Economia Circular e as oportunidades que possibilita
no mundo dos negócios assistindo ao vídeo Creating a circular economy: the challenges and opportunities
for business (2013), disponível no endereço https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0

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(https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0). Em seguida, conheça as opiniões dos principais


pensadores em economia a respeito dos processos de produção e consumo circulares em The Circular
Economy, do World Economic Forum (2016). Para assistir, acesse: https://www.youtube.com/watch?
v=prJTB19dnaU (https://www.youtube.com/watch?v=prJTB19dnaU).

O quadro comparativo a seguir confronta características dos modos linear e


circular. Se a extensão e a exploração da circularidade nos negócios estão entre os
principais objetivos, é necessário saber como uma mudança sutil das regras do jogo
pode ter consequências de longo prazo. Clique em cada um dos números do
quadro e conheça essas características.

Linear Circular Notas

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Quadro 1 – Comparação entre os modos linear e circular.


Fonte: WEBSTER, 2015, loc. 756.

Como demostrado no quadro, uma economia circular pode ser feita para trabalhar
em uma gama de sistemas de valores, o que é tanto uma vantagem quanto um
risco. No entanto, a ampla orientação dos sistemas sugere uma prosperidade
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inclusiva e de todas as escalas. É importante ressaltar que este quadro comparativo


entre as economias linear e circular é independente de linhas políticas.

Síntese
Conforme estudamos neste capítulo, compreendemos que, em conjunto com a
Quarta Revolução Industrial, estamos vivenciando uma mudança de paradigmas
econômicos e sociais, conhecida como Economia Circular.
Neste capítulo você teve a oportunidade de:
compreender que a Economia Circular não é apenas um conceito, mas que é
baseada em iniciativas concretas da ONU e de países desenvolvidos para um
desenvolvimento sustentável e, principalmente, é suportado por
metodologias que visam um uso mais eficiente e com maior rentabilidade;
conhecer as principais características da Economia Circular;
enumerar os principais impactos da Economia Circular na economia e na
sociedade.

Referências bibliográficas
BENYUS, Janine. Biomimicry: Innovation Inspired by Nature. Nova York (EUA): William
Morrow & Company, 1997.
CIRCULAR Economy. Produção: European Environment Agency. Dinamarca, 2017,
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(https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI). Acesso em: 02/12/2017.
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Produção: The Guardian, 2013. Vídeo, 02min11s. Disponível em:
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DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São
Paulo: Atlas, 2011.

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MEADOWS, Donella et al. (Coord.). Os limites do crescimento – relatório do Clube de


Roma. Cambridge, EUA: Massachusetts Institute of Technology (MIT), 1972.
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SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. Tradução de: Daniel Moreira Miranda.
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SOUZA, Beatriz. Amar a volatilidade, como um trader, é a saída para crises. Exame, 20
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como-um-trader-e-a-saida-para-crises/ (https://exame.abril.com.br/mercados/amar-a-
volatilidade-como-um-trader-e-a-saida-para-crises/). Acesso em: 02/12/2017.
STAHEL, Walter; REDAY-MULVEY, Geneviève. Jobs for tomorrow: the potential for
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THE CIRCULAR Economy: from consumer to user. Produção: Ellen MacArthur
Foundation. EUA, 2013, video, 03min11s. Disponível em:
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WHAT is the Circular Economy 100? Produção: Ellen MacArthur Foundation. EUA, 2013,
video, 01min36s. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY
(https://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY). Acesso em: 02/12/2017.

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