Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Psicologia Experimental

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 27

Psicologia Experimental

Ana França
ana.franca@unama.br
Unidade 1

Origens históricas, filosóficas e epistemológicas da Psicologia Experimental

Visão geral da experimentação em Psicologia

Vertentes da Psicologia Experimental

Método científico da Psicologia Experimental
O que é Psicologia
Experimental

A Psicologia Experimental defende que a
individualidade/subjetividade pode ser estudadas através da
observação, da manipulação e do registo das variáveis que a
influenciam.

O que define a Psicologia Experimental é o uso do método
experimental, ou seja, de manipulação de variáveis.

Não é uma abordagem. Ou seja, qualquer abordagem que empregue
o método experimental é considerada Psicologia experimental,
independentemente do seu interesse central.


Para saber mais: Conceito de psicologia experimental - O que é, Definição e
Significado http://conceito.de/psicologia-experimental#ixzz4YZjZIr3D
E o berço era alemão...

“As primeiras aplicações do método experimental à mente, ou seja, ao que
consistia no objeto de estudo da nova psicologia, são creditadas a quatro
cientistas: Hermann von Helmholtz, Ernest Weber, Gustav Theodor Fechner
e Wilhelm Wundt. Todos eram cientistas alemães especializados em
fisiologia e cientes da impressionante evolução da ciência moderna”
(Schultz e Schultz, 2014, p. 53)

Alemanha como “terreno fértil”: fisiologia experimental bem
desenvolvida.

Hermann von Helmholtz enfatizava o tratamento mecanicista e
determinista, e partia do princípio que órgãos sensoriais humanos
funcionavam como máquinas.

Ernest Weber aplicou os métodos experimentais no estudo dos
órgãos dos sentidos, resultando na primeira lei quantitativa da
Psicologia. No seu ponto de vista, eventos físicos e mentais
poderiam ser matematicamente correlacionados.
Bases históricas

Fechner foi um dos pioneiros da Psicologia Experimental. “Elementos
de psicofísica” (1860): “o físico e o psíquico não seriam realidades
opostas, mas aspectos de uma mesma realidade.” Buscou a relação
entre a quantidade de excitação e a intensidade da sensação.

Fechner X Wundt enquanto fundador da Psicologia. Foi com base na
pesquisa psicofísica de Fechner que Wundt concebeu sua teoria da
psicologia experimental.

Wilhelm Wundt criou o primeiro laboratório de Psicologia, em Leipzig,
Alemanha em 1879. Assim ele é considerado o “pai da psicologia
experimental”.
Bases históricas

Este também é considerado como um dos pontos-chave no
nascimento da psicologia científica.

Para Wundt, a psicologia era apenas em parte um ramo das ciências
naturais. Wundt afirmava que não era possível estudar os processos
mentais mais profundos de maneira experimental. Objetivava
promover a Psicologia como ciência independente.

Movimento para provar que Wundt estava errado: Külpe, em
Würzburg, estudando o pensamento sem imagem e Ebbinghaus, em
Berlim, estudando a memória.

Para esses experimentalistas, o organismo substituiu a psique como
foco de atenção.


Para saber mais: https://psicologado.com/psicologia-geral/historia-da-
psicologia/wundt-e-a-criacao-do-primeiro-laboratorio-de-psicologia-na-
alemanha © Psicologado.com
O método da Psicologia

Wundt: decompor a consciência
em sensações e sentimentos.

Consciência como objeto de
estudo e Instrospecção como
método.

Para Wundt, a experiência
humana seria estudada através
das auto-observação
(Instrospecção), visando conhecer
seus elementos constituintes, as
sensações.

Se o objeto da Psicologia é o
mesmo das ciências naturais,
então os métodos também o são:
o experimento e a observação.
Enquanto isso nos EUA

Os intensos trabalhos de Wundt influenciaram vários estudiosos de
vários países. São inúmeros os autores que tentaram colocar a
psicologia no campo apenas das ciências naturais.

Edward Bradford Titchener foi principal responsável pela divulgação
da obra de Wundt nos Estados Unidos. Ele redefiniu o objeto da
psicologia como sendo a experiência dependente de um sujeito
(concebido como puro organismo).

Titchener não nega a existência da mente, mas passa a explicá-la
completamente em termos de sistema nervoso. Psicologia submetida
às ciências naturais. (Estruturalismo)

Para saber mais: https://psicologado.com/psicologia-geral/historia-da-


psicologia/titchener-e-a-psicologia-nos-eua © Psicologado.com
Estruturalistas X Funcionalistas

Edward. B. Titchener era forte apoiador do estruturalismo nos EUA, porém,
ele sofria concorrência por parte de um forte opositor, a escola de
pensamento funcionalista. O funcionalismo era liderado por William James e
John Dewey.

Estruturalistas essencialmente queriam determinar “ o que era a
consciência?”. Funcionalistas queriam determinar “ para que servia a
consciência ?, ou seja estudar o propósito, ou função da consciência e seus
processos mentais básicos.

“Os estruturalistas e funcionalistas debateram


apaixonadamente sobre qual abordagem da
psicologia seria melhor, cada qual esperando modelar
a direção de suas linhas de pensamento. Embora
nenhum dos lados emergiram como indiscutíveis
ganhadores deste debate, suas energias e
disposições levaram a psicologia a uma rápida
divulgação, especialmente nos Estados Unidos.”
(Disponível em
http://historiadapsicologia.com.br/component/content/a
rticle/2-psicologia/3-estruturalismo-vs-funcionalismo.
Acesso em 15 fev 2017)
O Behaviorismo

A rejeição ao método da introspecção, levou ao método
experimental.

Nos EUA (1913), John Broadus Watson proclamou que a psicologia
era um ramo das ciências naturais: ciência do comportamento.

Ele acreditava que tanto os estruturalistas quanto os funcionalistas
divergiram demais da ciência objetiva e que processos mentais
internos não deveriam ser estudados, porque estes não podiam ser
observados;

Watson preconizou que a psicologia enfocasse no estudo do
comportamento. Desse modo, o movimento que Watson iniciou ficou
conhecido como behaviorismo.

https://www.youtube.com/watch?v=xeLug7ArjOc&t=9s
Behaviorismo

Conforme Watson interpretou, o comportamento não era o resultado
de processos mentais internos. E sim o resultado de uma resposta
automática a um estímulo do meio ambiente.

Watson passou a estudar em como as condições do meio ambiente
afetam o comportamento, e especificamente, como os seres
humanos aprendem novos comportamentos por intermédio do meio
ambiente.
Behaviorismo Radical

Buscar a origem (raiz) do comportamento, das interações.

“… Skinner aceita que o que existe para o indivíduo existe!” (MATOS,
1995, p. 4):

Aproximação de Skinner com os fenomenólogos: a experiência do
observador é o mais importante, a evidência da existência do mundo, de
um evento, de um fenômeno.

Monismo físico: “… Assim, ele é radical em dois sentidos: por negar
radicalmente (i.e. negar absolutamente) a existência de algo que escapa
ao mundo físico, que não tenha uma existência identificável no espaço e
no tempo (mente, consciência, cognição); e por radicalmente aceitar
(aceitar integralmente) todos os fenômenos comportamentais” (MATOS,
1995, p. 5)
Semelhanças
epistemológicas

Estudam o comportamento por si mesmo


Opõem-se ao mentalismo


Baseiam-se no evolucionismo biológico


Adotam o determinismo materialístico
Semelhanças
metodológicas

Rejeitam a introspecção


Usam procedimentos objetivos na coleta de dados, principalmente
observação de comportamento


Realizam experimentações
Diferenças
Behaviorismo Metodológico Behaviorismo Radical
DUALISMO: Não nega a existência da MONISMO FÍSICO: Todo evento é
mente, mas pela sua inacessibilidade, físico. Não há diferenças entre mundo
não pode ser estudada. externo e mundo interno. Tudo é uma
unidade interativa.
Relação causal (Psicologia do S→R) Relação funcional
(comportamento ↔ambiente)
Uso da estatística: Realiza testes de Utiliza sujeito como seu próprio
hipóteses, com grupo controle controle
Observação consensual: O que existe para o sujeito, existe.
comportamento observável por Eventos públicos e eventos privados
observador externo “O homem é medida de todas as
coisas, não o social”
Em resumo...

“O behaviorista metodológico não nega a existência da mente, mas nega-
lhe status científico ao afirmar que não podemos estudá-la pela sua
inacessibilidade. O behaviorista radical nega a existência da mente e
assemelhados, mas aceita estudar eventos internos” (MATOS, 1995, p. 5)

“Mas atenção! Ao observar eventos internos não estou observando nem
minha mente nem minha personalidade, e sim meu próprio corpo” (MATOS,
1995, p.5)

“O behaviorista radical rejeita mentalismo por ser materialista e acaba com
o dualismo por acreditar que o comportamento é uma função biológica do
organismo vivo” (MATOS, 1995, p. 6)

“Aceito consciência como uma metáfora, um resumo de minhas
experiências passadas (assim também aceito personalidade, como um
conceito equivalente a repertório comportamental). Mas rejeito consciência
como self, como agente decisor, causador, ou mediador do
comportamento.” (MATOS, 1995, p.2)
Método Experimental

Conhecimento científico é resultado da aplicação de uma
metodologia organizada e coerente. O método científico é
caracterizado pela busca de ordem, de regularidade, de
coerência entre os fatos. Para tanto, recorre-se à observação e
experimentação.


Característica do método experimental: a busca de relações
entre variáveis. Para explicar comportamentos, deve-se
estabelecer relações entre eventos.
Relação entre eventos

Para que possamos compreender comportamentos, precisamos
primeiramente observá-los.

Ao observarmos comportamentos, devemos buscar as relações entre
os eventos comportamentais e ambientais antecedentes e
consequentes.

Eventos Ambientais: são alterações que ocorrem no ambiente; podem
ser antecedentes ou consequentes ao comportamento;

Eventos Comportamentais: são as ações do organismo cujo
comportamento está sendo analisado; são os eventos
comportamentais que nós queremos explicar.

Um mesmo evento pode ser considerado ambiental ou
comportamental, dependendo de qual organismo (sujeito) está sob
análise.
Analisar comportamentos

Analisar significa dividir em partes.

Analisar comportamento é selecionar um desempenho de um
organismo em particular e procurar suas relações com o ambiente
imediato (físico e social), levando em consideração variáveis
históricas. (analisar as “inter-ações” ocorridas entre organismo e
ambiente)

É identificar as INTERAÇÕES que ocorrem, num determinado
período de tempo, entre um organismo e seu ambiente.

INTERAÇÃO = dupla influência: o comportamento de um
organismo não só é afetado por alterações que ocorrem no
ambiente mas altera as condições do ambiente.
Variáveis
“as grandezas que podem adquirir valores diferentes
receberam dos matemáticos o nome de variáveis.”
(Millenson, 1975, p. 67).

Os eventos ambientais e comportamentais podem
adquirir diferentes valores; são, portanto, variáveis de
nosso estudo. Variáveis são propriedades dos eventos
que podem assumir diferentes valores.

As variáveis podem ser contínuas (podem ser avaliadas
quantitativamente, situadas em uma escala numérica) ou
discretas (somente podem ser avaliadas
qualitativamente).
Do ponto de vista da ciência não existe nada
absolutamente isolado e sem relação com o que
esteja em volta. Cada parte da natureza é um
elemento, ou um sub-sistema, inserido em um
sistema envolvente. Mas é impossível estudar
cientificamente a natureza inteira, só é possível
estudá-la por partes, porque temos sempre que
focalizar os eventos a serem observados, e cujas
transformações são medidas e relacionadas com
outros eventos. (GALVÃO e BARROS, 2001, p.2)
Relação Funcional


Analisar o comportamento consiste em estabelecer as relações
funcionais que existem entre os eventos comportamentais e os
eventos ambientais (antecedentes e consequentes, físicos e sociais).

Relação funcional entre duas variáveis (eventos) A e B: mudanças
introduzidas em A produzirão mudanças em B.

Fórmula da relação funcional: y = ƒ (x)



Os valores da variável y mudam quando são modificados os valores da
variável x, estando constantes (K) as outras variáveis que possam
interferir nos valores de y.
Variáveis dependentes e independentes


Variável dependente (VD): variável que sofre o efeito de outras
variáveis (daí a denominação “dependente”).

Variável independente (VI): variável que supomos afetar a VD. É a
variável que manipulamos a fim de observar os efeitos dessas
manipulações na VD.

Quando manipulações na VI produzem mudanças na VD,
podemos dizer que há entre elas uma relação funcional.
Em outras palavras: VD = ƒ (VI)

Essa afirmação será verdadeira somente se as demais variáveis
que também podem afetar a VD forem anuladas ou controladas
(mantidas constantes). A essas variáveis dá-se o nome de
variáveis estranhas (VEs).
Variáveis dependentes e independentes

Para a AEC: comportamento = ƒ (ambiente)



A consequência que segue um comportamento afeta a ocorrência futura
dele? A situação na qual ele ocorre também passa a exercer influência?

Então, o menor tamanho possível de uma análise do comportamento é:
a situação na qual um comportamento ocorre (A), a própria ação (R) e
suas consequências (C).

Unidade de análise: contingência de três termos:
S (antecedente) R S (consequente)
Referências
BACHARACH, A. J. Introdução à pesquisa psicológica. S.Paulo: E.P.U., 1975.
GALVÃO, O. F. ; BARROS, R. S. Curso de introdução à análise experimental
do comportamento. S.Paulo: Copymarket, 2001. v. 1. 62 p.
MATOS, M.A. Behaviorismo metodológico e behaviorismo radical. In: RANGÉ,
B. Psicoterapia comportamental e cognitiva: pesquisa, prática, aplicações e
problemas. Campinas: Editorial Psy. 1995. Disponível em . Acesso em
22/09/2015.
MILLENSON, J. R. Princípios de análise do comportamento. Brasília:
Coordenada. 1975.
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. São Paulo:
Cengage Learning, 2014.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes.
2000.

Você também pode gostar