Oraculos Buzios
Oraculos Buzios
Oraculos Buzios
Oráculos Yorùbá:
Primeira Edição
Rio de Janeiro
2013
Owó lẹ bá fé é ní láyé
Ọmọ lẹ bá fé é ní láyé
Àikù lẹ bá fé é ní láyé
Ẹni tí ẹ ó maa bí nìyẹn
Ọrúnmìlà afèdè-fè yò
È tà-Ìsòdè
Kò dé mó
Ó ní ẹni tí ẹ bá ti rí
Ela-ìsòdè
E nunca retornará
Introdução
Tudo aqui é fruto de uso real. Tudo foi longamente testado e praticado.
Todos os oráculos aqui descritos foram usados à exaustão e fazem parte do
meu dia a dia.
Este livro é dedicado a religião dos Orixá (Òrìṣà). Tem como objetivo
recuperar e perenizar o conhecimento do uso destes oráculos no dia a dia,
permitindo que se melhore a forma como esses oráculos são usados, e para
que os próximos adeptos possa incorporar o seu uso no seu dia a dia.
Por último é explicado o uso do Obì que também utiliza toda a base das
caídas padrões mas adiciona outros elementos de complexidade na
interpretação possibilitando um uso mais amplo do oráculo no dia a dia
das pessoas.
Palavras Yorùbá
Este material adota como modelo o uso das palavras Yorùbá em grafia
dupla. A palavra é coloca com sua fonia e grafia em português e depois
entre parênteses a grafia original Yorùbá.
Sem dúvida posso afirmar que a existência dos videntes laicos (laico é o
que é não religioso) vulgariza o sentido do oráculo religioso. Dessa
forma, a primeira coisa que temos que fazer é entender porque uma
religião tem um oráculo.
Os videntes sempre estiveram por aqui. São pessoas com dons especiais que
os permitem ter conhecimento sobre a vida das pessoas que os procuram.
Esta é uma capacidade que nasce com eles e sua pratica não
obrigatoriamente os liga a uma religião. Eles podem ter a sua religião
mas, a sua prática de vidência, é um dom pessoal que pode ser exercido
sem qualquer contexto teológico.
Os videntes, por sua vez, se comunicam com um mundo espiritual que nos
cerca, o supernatural, e conseguem transmitir às pessoas que os consultam
mensagens e informações que serão usadas por essas pessoas na condução de
seus problemas e vida.
A falta do sentido religioso não os torna pior ou uma opção ruim. Pelo
contrário, não existe correlação entre prática religiosa da divinação e
qualidade de consulta. Videntes podem ser pessoas com dons
extraordinários, que usados com ética e bom senso, podem se reverter em
benefício para as pessoas que os consultam.
É um modelo muito exótico o de uma religião que não permite que seus
seguidores tenham contato e orientação do divino, ou seja, que não tenha
um oráculo. Tem que ser um exercício de fé cega, de fato, uma pessoa
participar de uma religião que não lhe traz nenhum retorno do divino que
ele cultua e acredita. A pessoa basicamente acredita, reza, adora e
espera o retorno disso de forma subjetiva e muito sutilmente. A fé, neste
caso, tem que ser baseada em uma crença unilateral que o divino o assiste
e que tudo o que ocorre com ele é o que deveria ser e também já é o
melhor possível.
Todos devem perceber que estou descrevendo o modelo cristão. Sim, fé cega
e nenhuma forma de interação com o divino. Notem que, não se trata aqui
de crer ou não que existe um divino, um deus e suas divindades
auxiliares, mas, de participar de uma religião na qual, o que você tem
que fazer é, apenas, crer nele e rezar. Não existe, dentro a religião,
uma troca que não seja apenas a crença que você tem e desta forma,
unilateral.
Assim, eles devem acreditar cegamente que suas vidas são as melhores
possíveis e que lhes cabe rezar e adorar seu deus para que ele continue
assim, silenciosamente e distantemente os ajudando. Eles devem crer, sob
pena de estarem cometendo uma heresia, que deus sempre lhes dá o melhor
possível, sem qualquer obrigação ou possibilidade de orientações
adicionais.
Desta forma, quando sentimos que precisamos de uma ajuda para nossa vida,
quando entendemos que algo está errado e que não conseguimos com nossos
recursos resolver o que fazer, entender o que ocorre com a gente ou qual
o melhor caminho a tomar, temos o recurso de recorrer à nossa religião,
e, usando o oráculo, pedir a ajuda de deus para nossa vida.
Esta não é uma religião que tem um deus distante e que a Fé dos seus
crentes deve se basear na esperança de que ele o esteja ouvindo e na
observação de sinais sutis de sua presença. Deus não existe porque os
sacerdotes bradam para multidões palavras genéricas que são repetidas à
exaustão, estas sim velhas fórmulas que foram escritas por homens.
Como podemos acreditar que deus quer o melhor para nós, que quer o nosso
bem se não temos um oráculo para nos ajudar e orientar quando precisamos?
O divino que tem conhecimento sobre você e sobre tudo o que o cerca;
Entendendo que o divino é sempre o mesmo e que cada oráculo não é uma
divindade por si, própria ou diferente e sim um meio de comunicação, o
que varia no modelo é apenas a questão do instrumento e do método e não o
conteúdo.
Você pode ainda falar com ele por telefone. Ainda será uma comunicação
bem rica, porém com recursos mais reduzidos em relação a falar
pessoalmente, porque você perde a comunicação visual. Com isso existem
até situações em que você prefere tratar pessoalmente de assuntos em vez
de usar um telefone.
Você pode optar também por escrever uma carta (ou e-mails para ser mais
moderno), o que diminui muito a capacidade de comunicação. É bastante
trabalhoso e se perde muito com a falta de interatividade, do contato
visual e do tom de voz. Além disso, exige das 2 pessoas a capacidade
saber ler, escrever e interpretar textos.
Mas hoje em dia existem situações que usado um SMS, um e-mail, um Instant
messenger (como o MSN) ou uma postagem em uma rede social resolvem, é uma
comunicação simples, com muito conteúdo, assíncrona e que dispensa o
formalismo de uma comunicação pessoal.
No fim da linha podemos imaginar o que seria uma das mais restritas
formas de comunicação que seriam os telegramas, ou quem sabe, sinais de
fumaça...
O owó ẹyọ mé rindílógún será o melhor oráculo para tratar qualquer coisa
relativa à religião, ou à vida religiosa do sacerdote, Iyàwó e sua casa.
Nada vai substituí-lo e não adianta Bàbáláwo se arvorar em querer
resolver essas questões. Muitos acham que Órunmilá (Ò rúnmìlà) estaria
acima de tudo e por isso pode tratar de qualquer questão.
Na minha visão NÃO. Assim como questões que envolvam o dia a dia das
pessoas e suas decisões e orientações irão ser melhor atendidos com um
Obì ou com o jogo de búzios (owó ẹyọ mé rindílógún).
É natural que em uma religião que também tem um aspecto animista e que
atribui um “espírito” a cada coisa ou a muitas coisas, que as pessoas
pensem que ao usar um oráculo estejam falando com uma divindade
específica. Isso é incorreto. Não contribuiu para o entendimento do
processo.
Este modelo que estou declarando não é baseado em alguma tese copiada de
alguém. É resultado do que conheço e da minha experiência prática em usar
todos esses oráculos. Muitas pessoas se especializam em um oráculo, eu
não. Procurei conhecer e usar extensivamente todos eles de maneira que
posso afirmar por razão própria que o oráculo é um instrumento, mas, o
divino é o mesmo.
A forma como cada um transmite informações varia de, ser bem objetivo,
como responder SIM e NÃO, a dar uma visão ampla sobre o consulente, como
fazem Ifá e o jogo de búzios (owó ẹyọ mé rindílógún). O Obì é especial,
está acima dos demais instrumentos de confirmação. Ele se situa no meio
disso, ele permite tanto ser usado com perguntas simples como também para
trazer mensagens mais amplas e subjetivas que devem ser interpretados.
Imaginem ter que fazer dezenas de perguntas para entender uma situação.
Para esses casos os oráculos de Ifá e jogo de búzios (owó ẹyọ
mé rindílógún) são mais próprios. Eles trazem muitas informações ao mesmo
tempo dando uma visão abrangente do consulente e da situação ao olhador.
Mas em uma situação contrária, onde você sabe ou tem ideia do que está
ocorrendo e precisa detalhar o que fazer ou confirmar o seu entendimento,
os oráculos de confirmação serão muito mais adequados e ágeis, enquanto
os tradicionais serão bastante desajeitados.
O uso tradicional
No Candomblé um dos usos mais comum e popular, hoje em dia, para esses
oráculos, é na confirmação do sucesso de oferendas, rituais e liturgias.
É parte do ofício do sacerdote usar um instrumento oracular para obter do
divino, do Orixá (Òrìṣà), a confirmação de sucesso do que foi feito ou
apresentado.
Se uma liturgia vai ser realizada, confirmações devem ser feitas antes de
iniciar. Toda a atividade religiosa deve ser confirmada para que se tenha
a certeza do que se está fazendo. Se uma liturgia vai ser elaborada ela
deve ser longamente confirmada na sua preparação (esse é um uso menos
conhecido e frequente) para ser assegurar que irá ser feito o correto e
não apenas seguir uma receita qualquer.
Confirmar antecipadamente as liturgias, ritos e oferendas não é dúvida ou
falta de conhecimento. É o divino sempre presente na nossa vida como
característica desta religião e somente erra quem quer, somente perde
tempo a material quem quer.
Sob o ponto de vista Yorùbá, Omosade Awolalu, define que sacrifício: (a)
é um ato religioso; (b) como um ato religioso ele toma a forma de
oferecer alguma coisa para uma divindade supernatural; (c) a prática
varia de religião para religião, mas é essencialmente similar;(d) varia
de intenção ou propósito
Tudo o que existe no Aiyê é criação de Olódùmarè, seja uma pedra, planta
ou animal. Olódùmarè não tem preferências. O mesmo direito que temos de
obter a vida para manter a vida os demais seres viventes do Aiyê também
tem.
Antes de tudo e acima de tudo, esses instrumentos são oráculos, eles nos
permitem interagir com o divino. A perda desta consciência, ou interesse
mercantis, os fez serem reduzidos ao seu uso mais simples, de mero
confirmadores e pior, levou a perda de capacidade de usar os instrumentos
como oráculos plenos.
Esses instrumentos também fazem confirmações. Mas, muito mais do que isso
eles interagem com o divino, são oráculos. O Iniciado na religião dos
Orixá (Òrìṣà) sabe que pode contar com o divino o tempo todo para
suportar sua vida, para ele ser feliz. Esses oráculos são parte disso e
deveriam ser usados por todos diariamente.
Oráculos são sempre oráculos. Eles são o meio de comunicação entre nós e
o divino, entre o Àiyé (o espaço em que vivemos, o mundo físico e
natural) e o Órun (ò run) (o espaço espiritual), entre o ser humano e
deus (Olódúmarè).
O divino que tem conhecimento sobre você e sobre tudo o que o cerca;
Uma consulta a Ifá sempre indicará um Ebó (ẹbọ), porque sempre traz a
energia de Olódúmarè, o Odù, para ajudar ao consulente e isso gera a
necessidade dessa energia ser manipulada (por isso o motivo do Ebó (ẹbọ).
Ifá é indicado para motivos especiais e importantes na vida das pessoas e
deve somente ser manipulado em pessoas que tem o conhecimento e
principalmente a preparação para isso.
No diálogo com seu Orixá (Òrìṣà) para você melhorar o entendimento dos
seus rumos.
Antes de explicar como esses oráculos podem ser usados em cada aplicação
listada, é importante abordarmos uma questão que já deve estar na mente e
preocupação de todo iniciado.
O que estou fazendo é uma generalização, sem dúvida, e que certamente não
reflete a situação de todas as casas, principalmente das grandes casas
tradicionais, que tem uma linhagem de descendência. Mas, sejamos
realista, fora deste grupo absolutamente restrito de casas, que outra
casa se enquadra nessa independência de casa, egbe e Babalorixá
(Bàbálórìṣà) ou Ìyálorixá? Além, disso, que pessoas comuns pertencem ou
tem acesso legítimo e igualitário a essas grandes casas, sem ser na
condição de convidado, agregado ou cliente?
Comentar sobre o Candomblé nos guiando por exceções ou raridades não leva
a nada. Temos que falar sobre a situação que as pessoas comuns encontram.
As casas tradicionais são de acesso restrito, muito étnicas e mesmo as
casas descendentes não seguem suas práticas e tradições.
Fazendo uma análise mais ampla, de fato, não será ou melhor, seria
simples para um Babalorixá (Bàbálórìṣà) ter ao seu redor um monte de
Iyàwó e Abiãn dizendo o tempo todo que consultou o orixá (Òrìṣà) e o Orí
deles e que recebeu tal indicação ou dizendo que o orixá (Òrìṣà) dele
disse uma coisa diferente para ele. Mas, sobre isso vou comentar adiante.
Muita gente se inicia e depois nem cumpre toda sua formação sacerdotal,
saindo por ai se autoproclamando Babalorixá (Bàbálórìṣà) sem ter ninguém
para contestá-lo. Essas pessoas, despreparadas, não lideram ninguém e não
representam nenhum divino, representam apenas a si mesmo. São elas que
usam de estratégias mesquinhas para poder se sustentar à frente de
pessoas.
Não quer dizer que todas elas sejam desonestas. Mas, a falta de formação
ou de capacidade pessoal e psicológica para exercer aquela função as leva
a isso.
Lidar com pessoas já não é fácil, imagine com elas se considerando com
representantes da palavra do orixá (Òrìṣà)?
Nesse aspecto o culto de Ifá traz o benefício de permitir que esse tipo
de conhecimento possa ser adequadamente incorporado ao Candomblé.
Além disso, como em Ifá todos são Bàbáláwo e não existe a preocupação de
esconder o divino de ninguém, todos falam com o divino. Possivelmente por
isso é que as confirmações não deixaram de ser feitas em Ifá.
Use o oráculo para conduzir sua vida e tomar suas decisões. Você faz isso
sem dar satisfação ao seu Babalorixá (Bàbálórìṣà) porque está lidando com
sua vida laica. Essa pessoa é responsável por dar orientações sobre sua
religião e não para tomar conta de sua vida. Não o use como muleta para
as decisões que tem que tomar e nem os erros que cometer. Você não está
subordinado a ele na sua vida laica. Você tem a ele e a casa dele como
guias para orientar a sua forma de ver a vida através da religião, ou
melhor, ver a vida junto com uma fé religiosa. Não misture essas duas
coisas. A religião faz parte de sua vida, não existe secularização
(separação do divino e do laico) no candomblé, mas a vida é sua.
Se você também usa o oráculo para questões religiosas, use muito bom
senso e ética nisso. Se você busca a orientação de uma casa e um
Babalorixá (Bàbálórìṣà) é porque por princípio deve confiar nele. Nada
impede que confirme coisas por você mesmo e essas confirmações devem ser
positivas.
Mas, se você tem certeza que sabe o que está fazendo e que o seu orixá
(Òrìṣà) ou Exú (èṣù) estão respondendo e, estas respostas são contrárias
ou conflitantes ao que seu Babalorixá (Bàbálórìṣà) ou casa fazem, reflita
se está no lugar certo e se essas pessoas são de fato corretas no trato
com você e com o divino.
O que você não pode é procurar essa pessoa para dizer o que ela deve
fazer para você. Você pode querer entender a coisas, seus motivos e
razões. Mas, o Babalorixá (Bàbálórìṣà) tem o seu oráculo e conhecimento,
ele deve seguir as coisas que confirma e que acredita.
Mas o seu orixá (Òrìṣà) pode estar também te indicando coisas incorretas
onde frequenta. Pode abrir os seus olhos. Dessa maneira seja muito
prudente e ético no uso que vai fazer. Tempo, experiência, paciência são
sempre os melhores caminhos.
Se vai fazer o uso do oráculo para confirmar coisas que vai fazer na sua
casa de orixá (Òrìṣà), seja muito astuto e ético com isso. Pense bem o
que está fazendo e tenha certeza do que faz.
Para seu uso pessoal você sempre terá orientações a pedir. Você pode
precisar de ajuda nas suas decisões, pode precisar de autoavaliar e pode
se guiar na hora de organizar sua rotina religiosa e oferendas. Esta
religião não é baseada em oferendas e trocas, mas, compartilhar emoções,
prazeres e felicidade é parte dela.
Uma das bases mais importantes dessa religião é o oráculo. Sem dúvida, o
oráculo, é o cartão de visita de qualquer casa e quase todo mundo associa
oráculo à religião Yorùbá, no que pese nem todo oráculo ser da religião.
Oráculos, existem muitos, oráculos religiosos, somente dentro de
religiões.
Todos nascemos para conviver com nossa família e para atingirmos nossos
objetivos. O oráculo se insere no contexto de suportar esta existência no
Àiyé. Desta maneira, torna-se necessário termos um instrumento para
receber orientações simples do divino.
Claro que o divino não vai interferir em nossa vida continuamente e
evitar que passemos pelas dificuldades geradas pelos problemas que nós
mesmos criamos. A vida é nossa e não deles e nós escolhemos viver. Com a
vida, vem tudo de bom e também as dificuldades. O suporte dos Orixá
(Òrìṣà) nos ajuda a resolver nossos problemas e tomar as melhores
decisões.
No seu dia a dia, uso o seu oráculo para orientar suas decisões. Sempre
se diz que não se toma uma decisão importante sem ir a Ifá. Você não vai
a Ifá mas vai ao seu oráculo.
Um Bàbáláwo deve usar diariamente o Obì para guiar o seu dia. Um iniciado
também. O Obì nesse caso é usado preventivamente, quando acorda, para te
dar uma visão de como será o seu dia. Você vai usar as 9 características
para isso, porque te dão uma visão mais abrangente da questão, mais
subjetiva e holística, fugindo do modelo SIM e NÃO que são adequados para
o uso litúrgico.
Neste uso do Obì, você acorda, faz suas rezas de Orì e usa o Obì para que
ele te de uma indicação de como será o seu dia. Baseado nessa indicação
você pode se preparar melhor para enfrentar as situações que vai receber.
As análises de 5 posições padrões que podem ser feitas com o Obì e os4
búzios são também muito úteis. Elas não tem essa profundidade do Obì mas
vão permitir você tratar e discutir com o seu oráculo, dúvidas e questões
que você tenha. Sim! O Oráculo é o seu melhor conselheiro, seu melhor
orientador e psicólogo.
Lembre-se, a vida é sua, você escolheu viver e você deve se virar com
ela. O Oráculo esta alia para te ajudar a ter sucesso e não para ser sua
muleta.
Quando o seu uso de Oráculo estiver ajudando você, você estará apto a
ajudar outras pessoas. Não tente ajudar ninguém se não consegue resolver
os seus problemas.
Deixando o uso secular, que como disse é o primeiro estágio para quem
está aprendendo, entramos no uso sacro. O primeiro uso que devemos
prestar atenção é a confirmação de tarefas e liturgias.
Mas, ele deve consultar o divino para individualizar a ação para cada
pessoa. INDIVIDUALIZAÇÃO, essa é uma das palavras chaves nesta religião.
Tudo é individualizado, cada pessoa é uma pessoa, não existe essa coisa
de coletivo igual. No momento de se fazer uma liturgia cada um é único e
temos que descobrir esta individualidade para não errar e estragar mais
ainda o que não está bom.
Quanto mais importante o que vai ser feito, tipo uma obrigação,
assentamento ou bori, mais necessária é essa confirmação. Quantos mais
possibilidade existir de a individualização influenciar o que vai ser
feito, mais necessária é essa avaliação.
Essa confirmação nos dará 2 tipos de indicação: se você está pronto para
iniciar e se existe alguma instrução adicional.
Inclua também nas suas perguntas e o problema é com alguma pessoa que
está presente, ou alguma pessoa presente que vai ter uma função especial
as vezes substituindo o próprio executante.
Que impedimentos são esses? Diversos e ligados a pessoa que vai executar.
Ele pode não ter se abstido de certos tipos de alimentos e bebidas. Pode
não ter se abstido de sexo e isso era necessário. Pode ter sujado sua mão
fazendo feitiços por dinheiro, etc. Várias coisas podem tonar uma pessoa
inapta para naquele momento fazer aquela liturgia. Isso ocorreria
principalmente em pessoas que são profissionais da religião e que fazem
tudo todo o dia não reservando a sua vida pessoa da religiosa.
Outro aspecto é se o que deveria ter sido preparado está correto. Algo
que foi requerido pode faltar por esquecimento. Verifique a lista do que
tinha que estar ali e veja se não esqueceu e algo. Se tudo estiver ali
verifique se é alguma coisa nova ou algo que deve ser corrigido. Uma vez
que confirmou que o problema era relativo a materiais você deve se
aprofundar e analisar todas as possibilidades.
A pessoa não quer admitir que ele não possa estar preparado para fazer
aquela liturgia ou oferenda. A pessoa não quer admitir que ele possa não
ter preparado tudo o que será necessário ou que ele deve adequar algum
procedimento aquela pessoa que vai receber.
Sucesso de execução
Então vamos simplificar a explicação deste uso aqui. Como eu disse, após
realizar uma liturgia o seu sucesso deve ser confirmado. Se a confirmação
não é obtida 2 caminhos podem ser tomados.
O segundo é o de completo insucesso. Nesse caso tudo terá que ser feito
novamente. Esta alternativa é cruel mas é real.
Por mais incrível que possa parecer, podemos também usar os oráculos de
confirmação em apoio ao uso de um outro oráculo mais complexo como o de
Ifá e o Jogo de búzios (owó ẹyọ mé rindínlógún). Este uso não é
necessário mas pode ocorrer.
Durante a consulta com esses oráculos mais complexos podem ter momentos
em que o olhador necessite fazer uma confirmação para ele mesmo, alguma
dúvida que ele queira tirar sobre o que está analisando ou orientação
sobre caminhos a seguir na consulta.
Quando isso ocorre ele pode lançar mão do próprio oráculo que está usando
ou mesmo utilizar um dos oráculos de confirmação para isso. Pode também
querer usar esses oráculos para responder a questões do consulente.
Enfim, oráculo é instrumento e o olhador (Babalorixá ou Bàbáláwo) podem
lançar mão de qualquer instrumento que tenham disponível.
Não podemos esquecer que, quem usa uma cebola, não quer correr risco de
receber um NÃO, pelo contrário, quer sempre ter a certeza de que vai
receber um SIM. Por esta razão os 4 búzios não são o oráculo mais popular
entre os Babalorixá (Bàbálórìṣà), ele é o oráculo mais temido pelos “reis
da cebola” (explicarei isso mais adiante).
Não se deve descartar também que junto com os seus 16 búzios do jogo, o
olhador pode ainda ter ao lado os 4 búzios de Exu (èṣù) para fazer, em
paralelo e em conjunto com os 16 búzios do jogo principal, confirmações
para ele mesmo ou para o consulente.
Mas esta mesma intimidade, essa mesma presença contínua, existe para os
iniciados da religião. Todos temos nosso Orí e todos temos nosso Orixá
(Òrìṣà) presentes o tempo todo e, também, teremos Exu (èṣù) presente o
tempo todo.
Os pré-requisitos para se usar o Owó-
ẹyọ mé rin são. A pessoa ser iniciada e
ter o seu Exu (èṣù) de Orixá (Òrìṣà), o seu Bara assentado. Essas são as
condições ideais porque representam o instrumento correto na mão de quem
tem esse direito. Pessoas nessas condições nem precisam receber os búzios
ou o direito de usá-los. As pessoas que atendem a essas condições já tem
a autonomia para terem, por elas mesmas este instrumento.
Outras pessoas também podem receber esses búzios. Em princípio elas devem
pertencer a religião de Orixá (Òrìṣà) e a uma casa, participando da
prática litúrgica. Isso é devido a necessidade de se ter a presença viva
do Orixá (Òrìṣà) junto de você. É claro que os Orixá (Òrìṣà) estão junto
de todas as pessoas e as protegem, entretanto é necessária que essa
comunicação Órun-Àiyé, pessoa-Orixá, esteja ativa.
Esta intimidade não se adquire deixando esses búzios em uma caixa e uma
vez ou outra pegando-os para usar. Não vai funcionar bem para a pessoa
que os usa.
Seja uma resposta SIM, ou seja uma resposta NÃO, seja esta resposta
favorável ou desfavorável, a pessoa tem que acreditar no seu oráculo. Não
pode jogar outra vez, não pode ficar em dúvida se jogou certo, se
perguntou direito, se caiu certo, etc.
Mas, uma pessoa, um olhador ou um Bàbáláwo, não pode duvidar do que está
fazendo e do seu instrumento de trabalho. Isso não faz bem a ele, ao seu
uso e a sua confiança. Não pode existir hesitação na sua atividade. Isto
contamina a sua confiança no que faz. A confiança se adquire usando o
oráculo sempre que necessário e em qualquer situação. Com a interação
você passa a entender como seu oráculo responde.
Uma pessoa não pode fazer a mesma pergunta 2 ou 3 vezes. Não se lida com
uma coisa que não se confia. Se a confiança se quebra internamente, a
insegurança nasce dentro a alma do olhador e isso afeta tudo o que ele
faz.
Veja, o uso do Owó-ẹyọ mé rin é muito objetivo e não deixa dúvida do que
foi respondido. Se a resposta não é o que você esperava como você vai
lidar com isso? Se eles decidem as coisas pela vontade deles, pelo
conhecimento prévio e pela sua mediunidade e vidência, onde vai caber
nisso o uso do Owó-ẹyọ mé rin? Vai certamente atrapalhar.
Lembrem-se do que eu disse antes.
Muitos Babalorixá (Bàbálórìṣà) não querem
nunca receber um NÃO. Eles nem sabem como reagir se receberem um NÃO, por
isso ficam perguntando e perguntando até vir um SIM. Em função disso eles
sempre vão preferir usar uma cebola a usar o Owó-ẹyọ mé rin. Outra
alternativa simples é usar os 16 búzios. O cara faz uma caída, olha com
uma cara de esperteza e diz aquilo o que quiser.
Um Bàbáláwo que usa Ifá sabe o que significa abrir Ifá para alguém, ou
mesmo para eles mesmos. Assim eles lançam mão de outros instrumentos que
não carregam o peso, a energia e a responsabilidade de abrir Ifá.
Os búzios devem ser abertos no seu fundo para que fiquem estáveis. Não
existe impedimento para se usar os búzios fechados para a consulta, mas,
fechados eles ficam um pouco instáveis no seu uso, tendem a gerar dúvida
no olhador em relação a caída. Abrir o seu fundo é uma medida normal.
O oráculo vai ser tão fácil de usar, vai ser tão preciso e claro para
você quanto a frequência que você o usa. É necessário usar, ter habito e
principalmente entendê-lo. A gente só entende aquilo que usa. Assim, a
pessoa que nunca recorre a ele nos seus momentos diários e particulares
sempre estará desconfortável de usar na hora de uma liturgia ou com
muitas pessoas em volta.
As Caídas
Ejife
Significa SIM.
O O O O
4 búzios abertos.
Alafia
Significa SIM.
É a caída que mostra que todas as condições são favoráveis, mas poderá
ter dificuldades. Transtornos ou barreiras podem surgir.
Mas em alguns momentos o jogo responde para você com esses 4 búzios como
se coroando uma sequência de coisas e se autoconfirmando. É muito
interessante isso, é um momento onde se entende os 4 búzios como um sim
completo, uma confirmação absoluta. Com o tempo se aprende a diferenciar
os 2 tipos de SIM e os momentos em que são usados pelo oráculo.
X O O O
3 búzios abertos
Etawa
Muitas pessoas erroneamente entendem que ela seja um SIM. Não é. Também
não é uma dúvida que deve ser esclarecida com outra caída. Outros
entendem, como os cubanos, que devem repetir a jogada ignorando a
primeira caída e considerando o significado da segunda caída. Quando caem
2 vezes seguidas 3 búzios abertos eles consideram SIM. Isso também, para
mim, não é correto.
Você já sabe a resposta: quando você pergunta algo que já sabe ele
pode responder com essa caída.
Eu já respondi a esta pergunta: quando você faz pela segunda vez uma
pergunta que já fez.
X X X O
1 búzio aberto
Okanran
Significa, Não.
X X X X
4 búzios fechados
Oyeku
Significa, Não. Mas pode também ser entendido que o oráculo não quer
responder.
Pode ser uma Não que indica um bloqueio, como uma boca fechada. Com o
tempo e a intimidade você vai entender os momentos onde essa caída surge
e como diferenciar ela dá caída anterior. É uma resposta NÃO, mas, feita
de uma forma diferente.
Procedimento de uso
O que vou descrever aqui deve ser lido com muita atenção. Isso não é
ensinado com facilidade. Apesar de simples existem detalhes e variações
que podem tornar o entendimento da leitura mais complexo.
Abrindo a consulta
O procedimento para a consulta é bem objetivo. Faça a invocação inicial
de Exu (èṣù), sempre em voz alta. Exu (èṣù) pode ser invocado com Oriki,
cantigas ou com um simples “mojuba”.
O objetivo é “acordar” Exu (èṣù) para o uso que vai fazer. É claro que
isso é figurado, visto que não é necessário acordar um orixá (Òrìṣà) que
está sempre presente, mas esse é um momento onde você se liga a Exú (èṣù)
com o auxílio dessas rezas ou cantigas.
Caso não receba, se concentre novamente, peça a Exu (èṣù) para responder
a você, explique sua necessidade e jogue de novo os búzios.
Você só prossegue com suas perguntas se receber uma afirmativa e não faça
mais nenhuma outra tentativa de confirmação.
Se Exu (èṣù) não respondeu com SIM então o assunto não é para ser
tratado. Tente outro dia ou no máximo, se conseguir, tente explorar o
motivo pelo qual ele não está respondendo.
Sim, veja, ele pode não responder à abertura que você fez para a
finalidade que definiu, mas, poderá responder outras coisas, como, por
exemplo o motivo de não estar disponível para aquele uso.
Uma das coisas que pode perguntar é se aquelas perguntas devem ser feitas
com outro instrumento, para outra divindade ou o assunto não é para ser
tratado por você.
Se for confirmado que Exu (èṣù) está participando, ordene suas perguntas
tendo em mente sempre o caminho mais simples para abordar o assunto e
também as perguntas mais simples, diretas e objetivas.
Fazendo as perguntas
Muita atenção. Saber fazer as perguntas é toda a diferença entre saber ou
não usar o oráculo. Não basta usar ou entender as caídas, tem que saber
como perguntar.
Faça cada pergunta em voz alta e aceite cada resposta que vier, não
pergunte pela segunda vez, você tem que acreditar no seu Oráculo.
As perguntas devem ter unicamente como resposta apenas SIM ou NÃO. Este
deve ser o objetivo de cada pergunta. Cada pergunta feita deve ser feita
para permitir essas respostas.
O SIM sempre é a resposta desejada. Você não faz uma pergunta esperando o
NÃO como resposta. O SIM deve ser o que esperada ouvir, a resposta
preferida.
Assim, se o que você quer saber se você deve ir ou não para o Rio, você
não pergunta primeiro pelas outras milhares de opções a isso, você
pergunta direto o que quer saber.
Entenda isso. Se você quer uma coisa ou uma resposta, pergunte o que quer
confirmado! No caso da viagem, o que você não vai fazer é perguntar se
deve ir para as outras milhares de cidades que existem no mundo ou
dezenas que existem no seu estado para saber por exclusão que tem que ir
a Rio.
Você também não vai perguntar algo idiota como: Não deve ir ao Rio de
Janeiro? Veja, não se faz perguntas na negativa. Perguntas sempre na
positiva que deixam claro qual o significado do SIM e o NÃO. Nessa última
pergunta de exemplo, na negativa, qualquer um fica na dúvida se a
resposta Não significa que você deve viajar ou que não deve viajar.
Se você quer preparar uma oferenda, um Ebó (Ẹbọ) ou uma liturgia, você
não deve iniciar perguntando por componentes ou procedimentos que vai
usar. A primeira coisa que deve saber é se Exú (èṣù) vai responder sobre
aquilo. Depois pergunte se aquilo tem que ser feito. Depois pergunte o
que deve ser feito, depois como deve ser feito e por fim os mínimos
detalhes que você quer saber.
Antes de seguir com outras técnicas vamos detalhar um pouco mais essa
porque esta situação aqui esbarra na limitação natural de muitas pessoas.
Vamos dizer que na vida real você fosse escolher que filme quer assistir
hoje. Um caminho natural seria então você decidir ir ao cinema e definir
se vai sozinho ou acompanhado porque isso muda o que você vai assistir ou
limita as suas escolhas porque estará escolhendo algo comum 2 pessoas.
Parece lógico não? Nem sempre é assim tão simples para muitas pessoas.
O uso do oráculo segue a mesma lógica que eu descrevi para essa primeira
técnica. É por isso que algumas pessoas vão ter facilidade de usar um
oráculo e outras, extrema dificuldade. Pode ser que essas pessoas do
segundo grupo já sejam confusas na sua vida real.
Assim se a resposta é Etawa, você deve entender que quase acertou, mas,
que está incompleto e que falta algo. Isso é muito importante, porque diz
que o que você imaginou está certo, mas, mais coisas ou detalhes são
necessários!
Um oyeku por exemplo em muitas situações me diz que não é apenas não, mas
que o caminho não é aquela, isso me permite adaptar o rumo. Alafia, em
determinados momentos é mais do que um SIM, é um sim brilhante, como uma
confirmação, com todos os búzios sorrindo para mim, apesar de eu ter dito
que Ejire é um SIM melhor do que Alafia.
É por isso que eu digo que a convenção usada no Candomblé de que Etawa é
SIM ou pelos cubanos que Etawa exige outra caída é ruim. É falta de
técnica.
Vamos a mais um exemplo. Vamos supor que você vai usar o oráculo para
definir se é necessário ou não fazer uma oferenda para um Orixá (Òrìṣà).
Você não deve sair perguntando o que o Orixá (Òrìṣà) quer, oferecendo as
comidas ou oferendas que conhece! Isso pode dar certo mas é caminho para
a confusão.
Se a resposta for SIM, então pergunte depois para qual será o Orixá
(Òrìṣà).
Quem tem mais conhecimento, sabe que pode usar os Ìbò (um tipo de
instrumento do oráculo) para agrupar a pergunta, assim definimos primeiro
se é Orì, egun, orixás funfun, demais orixás ou Iyagba. Definido um grupo
a gente busca detalhar quem é naquele grupo. Isso é mais fácil do que
tentar adivinhar e gastar tempo fazendo dezenas de perguntas.
Para quem ainda não sabe usar os Ìbò, pode perguntar em sequência.
Pergunte primeiro se é Orì. Depois se é um Orixá (Òrìṣà) funfun, depois
os demais Orixá (Òrìṣà), depois uma das Iyagbas e por fim Egungun.
Os grupos podem não ser exclusivo, ter sido SIM para um não significa que
é NÃO para os demais.
Naquele grupo que deu SIM, pergunte um Orixá (Òrìṣà) de cada vez, nesse
caso, normalmente, deverá ser somente 1. É o nosso conhecimento,
experiência e intuição que dizem o quanto e para quem devemos perguntar.
Pode até ser que naquele momento mais de um Orixá (Òrìṣà) queira ajudá-lo
e assim você tem que determinar isso.
Supondo que Xangô tenha confirmado a oferenda. Antes de supor que seja
uma comida votiva, verifique se ele não quer somente que você reze para
ele por “n” dias.
Não sendo isso, verifique se é uma comida. Nunca ofereça a comida votiva
maior, comece sempre pequeno.
Agora uma orientação muito importante. Quando você está fazendo perguntas
e as respostas se tornam confusas ou contraditórias, ou mesmo, quando
nada se confirma, é sinal que deve voltar atrás na questão, você pode
estar se aprofundando em algo que nem é para ser tratado ou feito. O
oráculo então se torna contraditório e inconsistente para indicar isso a
você.
Lembre-se que ao receber um NÃO você pode entender que ele respondeu ao
que você quer saber ou se foi algo inesperado. Sendo o inesperado, é
necessário você entender, e para isso, você parte para entender o motivo
ou explorar o que vai fazer em função disso.
Ao definir um Ebó (Ẹbọ), por exemplo, a sequência teria a mesma
estrutura. Você primeiro pergunta se o Ebó (Ẹbọ) é necessário. Se for
você pergunta qual. Depois você confirma os elementos do Ebó (Ẹbọ).
Resumindo, SIM e NÃO é assim. SIM é sim e NÃO é não...! O NÃO pode ser
uma resposta esperada ou não. Se não for explore para você entender o que
significa e sua abrangência no contexto.
Já está claro para todos como tratar as respostas SIM e NÃO. É bem
simples, o mais importante que devem lembrar é que NÃO significa não
mesmo. Mas, temos a importante caída com 3 búzios abertos que exige mais
atenção.
A caída com 3 búzios abertos é uma caída complexa e importante. Sem uma
boa interpretação a ela o oráculo fica muito bobo em suas respostas e
muito mais complexo no uso.
Existem pessoas que de fato que simplificam muito isto. Elas consideram
que 3 búzios abertos é um SIM. Sem nenhuma dúvida, de todas as
possibilidades de interpretação, esta é a pior possível.
Então, eles reconhecem que 3 búzios abertos não significa nada, nem SIM e
nem NÃO, que é uma dúvida (?), mas não se dão ao trabalho de tratar essa
dúvida. Forçam uma segunda caída cujo resultado define a resposta, ou
seja, a primeira caída foi lixo oracular. Eles só tratam o SIM e o NÃO. A
caída de 3 búzios para eles passa a não ter significado.
Quando estamos usando os búzios para confirmar uma liturgia ou rito que
vamos começar a fazer, a primeira pergunta deve ser a clássica:
Uma resposta SIM vai possibilitar você iniciar imediatamente o que tem
que fazer.
Uma resposta NÃO vai exigir que você faça nova perguntas explorando a
causa, que podem ser, desde você não estar preparado e precisar fazer uma
limpeza em você mesmo, até mesmo ao extremo de ter que adiar para outro
dia.
Uma resposta Etawa diz que faltam elementos ou instruções adicionais que
devem ser detalhadas antes de começar.
Desta forma, receber um NÃO antes de fazer uma coisa é uma benção e não
um castigo. Vamos ter a chance de corrigir e fazer direito o que estamos
para executar.
Inicie avaliando se você está pronto. Você pode ter se descuidado e algum
reparo pode ser feito, como um banho de ervas, bater umas folhas ou ter
que preparar um rápido Ebó. Lembre-se que a preparação envolve você ter
que se preservar alguns dias para aquela liturgia (bebida, sexo, etc.).
Essas coisas que fazemos são muito sérias.
Esta é, assim, uma caída muito boa para esta situação, na minha opinião
muito melhor do que receber um NÃO. Já expliquei que o NÃO deve ser
explorado para ser contornado, mas, ele sempre indica uma situação mais
complexa para ser resolvida.
Os 3 búzios abertos indicam que está tudo bem, mas que o oráculo tem
algumas correções a fazer. A primeira é que você pode ter esquecido de
algo. Reveja suas anotações para avaliar o que ficou de fora. Muitas
vezes a gente esquece de algum detalhes, seja um material, uma comida ou
mesmo de um Ebó.
Essas variações podem ter haver com a pessoa que vai receber. Podemos ter
usados materiais que não deveriam, por exemplos interditos de Odù ou de
orixá. O conhecimento e a experiência fazem deste processo de pesquisa um
caminho mais rápido e preciso.
Fazer liturgias em pessoas feitas para um orixá (Òrìṣà) é uma coisa muito
mais complicada. Sugiro muito cuidado com isso. É muito mais simples
atender pessoas não feitas. As feitas requerem muito conhecimento da
pessoa que vai fazer isso. Vão existir casos em que o problema não será
para a pessoa que recebeu a liturgia e sim para quem fez.
Observe, nem sempre ter recebido do oráculo a confirmação para fazer algo
o livra das consequências disso. O oráculo por ter liberado você a fazer
algo, mas, aqui se faz e aqui se paga. As consequências são suas.
Quando concluímos alguma coisa devemos por boa prática confirmar o que
fizemos. Isso pode parecer estranho se nós já tomamos todos os cuidados
na preparação e fizemos a confirmação no início.
Sim, por mais chato que possa ser, esta é uma possibilidade. Se não
houver correção possível, faça tudo de novo, lembrando que, se o erro é
seu, porque fez algo errado ou permitiu a participação de uma pessoa que
não devia, tanto o trabalho como o material serão seus custos.
Se prepare melhor para o que vai fazer e você não corre o risco de ter
problema.
Mas, explorar o que pode ser feito para corrigir é o mais importante.
Algumas vezes apenas uma parte deve ser refeita.
A boa prática, a experiência nos manda deixar o assunto certo para a hora
certa e só perguntar pela confirmação após termos feito as confirmações
daquele momento. Assim no encerramento, você faz as perguntas do fim,
como expliquei e depois pergunta pelo sucesso encerramento.
Quando você achar que definiu o que faltava e ter feito o que faltava,
pergunta novamente pelo encerramento, mas, lembre-se que vai ter que
ficar nesse processo até receber uma resposta SIM imediata a esta
pergunta. Nada de refazer perguntas.
Se não for algo faltando pergunte se vai ter que fazer de novo. Se for
isso, pergunte para descobrir o que estava errado. Esse caso é chato mas
pode acontecer. O mais indicado é você só sair dali quando descobrir o
motivo do erro.
Perguntas comuns são todas aquelas que não estão ligadas aso processos já
explicado de confirmação para fazer, confirmação para iniciar e
confirmação para encerrar. Perguntas comuns são coisas que você quer
saber, aprender ou detalhar.
Mas o oráculo estará ali para auxiliá-lo a fazer o certo e fazer melhor.
Igualmente ele o ajuda a detalhar o que precisa fazer. Se você acha que o
seu procedimento está incompleto poder usar o oráculo paras confirmar ou
reorientar o seu procedimento.
Quando estamos fazendo perguntas comuns, SIM e NÃO são fáceis de serem
analisados, afinal SIM é sim e NÃO é não.
Ele não entendeu pergunta, não sabe o que você quer saber;
Igualmente se a gente não sabe o que quer saber esta será a resposta.
Como eu expliquei, a maior ciência no uso do oráculo é saber perguntar.
Conclusão
A primeira e mais simples é SIM é sim, Não é não. Jogue apenas 1 vez e
aceite a resposta que vier. Trabalhe a resposta em vez de contrariar a
resposta.
O Orógbó
O orógbó é similar ao Obì porque é uma espécie de castanha, mas, não traz
toda a base conceitual do Obì. Tem um uso muito específico para consultas
para Xangô (Ṣàngó).
Para ser usada, a castanha deve ser cortada. Ela não vem preparada para
ser aberta como o Obì. Mas, não retire a casca, Também, não use os orógbó
nacionais, use os africanos, os nacionais não servem para o oráculo. Os
africanos são bem brancos por dentro e secos. Os nacionais são
esverdeados e tem uma goma.
A forma de usá-lo é:
Não retire a casca. Se ela cair naturalmente, deixe, mas não retire
você a casca do Orógbó.
Por último, pessoas de Xangô (Ṣàngó) podem, ou devem fazer isso tudo com
a boca. Cortar a castanha com os dentes e deixá-la cair.
FECHADO
ABERTO
Vejam, não estou aqui dizendo que a cebola não funciona como instrumento.
Como disse no início, ela atende ao princípio de Côncavo-convexo
existente em muitos instrumentos e será lançada da mão de um iniciado.
Contudo, se você decidir pelo seu uso deve tomar alguns cuidados:
Você pode, sim, colocar todos juntos como a cebola inteira e soltá-los,
mas, pode simplesmente juntar todos, sem esta preocupação de
reconstituição e soltá-los.
Não adianta ser de altura maior porque senão os gomos vão se desfazer.
Se você usa isso errado, como a maior parte das pessoas faz, de maneira a
sempre dar certo, então o uso dela não é um problema, porque rapidamente
se obtêm a falsa confirmação e o assunto está encerrado. Mas se você faz
um uso sério e tiver que fazer várias perguntas, a cebola vai se desfazer
a cada 2 ou 3 jogadas, se isso já não ocorrer na primeira caída.
Nem todos os que usam a cebola fazem isso porque não serão honestos com
as respostas ou que pretendem falsear as caídas, contudo, é tamanha a
facilidade de fazer isso que qualquer pessoa com senso de ética deveria
não usar a cebola.
Assim, quem se sentir confortável pode fazer o uso da cebola como
instrumento de confirmação, lembrando das limitações do seu uso
repetitivo e da necessidade de serem honestos no que estão fazendo.
Tenham junto de si várias cebolas porque se elas se desfizeram, corte
outra.
Existem ainda pessoas que usam Maçãs também como instrumentos de oráculo.
Nesse caso, lembro que na Nigéria não tem maçã. Assim essa bobagem de
usar maçã trata-se apenas de uma pirotecnia sem sentido, uma palhaçada.
Essas pessoas que usam isso gostam de “dourar a pílula” que não tem. Como
elas não fazem essa confirmação com seriedade, tanto faz o que elas vão
jogar no chão. Sempre vai dar certo. Assim jogam, cebola e maçã
confirmando o que já foi “confirmado”. Isso é só exibicionismo bobo. Eu
sugiro que eles passem a confirmar com melancia, jaca, etc.
Como eu expliquei, você usa 1 instrumento e confirma o que fez. Pode ser
positivo ou um longo diálogo. Mas, feito isso, não existe sentido em
repetir com outro objeto.
Cabe observar que os Lukumi não usam o Obì, ou talvez raramente o façam,
eles usam pedaços de coco e por isso existe em histórias a equivalência
entre Obì e o coco. Isso é uma limitação cubana, eles precisam se
justificar. Existe um pataki específico sobre a arvore de coco que eu
omiti porque é específico dessa opção pelo uso do coco, ou da falta da
opção em usar o Obì.
Diferente do Owó-ẹyọ mé rin que tem somente uma forma bem direta de se
usar, o Obì oferece uma amplitude maior. À medida em que se tem mais
conhecimento se pode aprofundar na forma de interpretar o Obì.
Confirmação básica de sim e não com 5 posições, como feito com o Owó-ẹyọ
mé rin.
Análise de Odù.
Na minha opinião, as 5 primeiras formas representam o uso efetivo do Obì.
A última é um método existente, mas, questionável. Obì não foi feito para
interpretar Odù, pelo contrário para que não seja necessário usar Odù,
mas vou deixar esse comentário para o fim.
Obì foi feito para pessoas que acreditam em Orixá (Òrìṣà). É necessário
ter fé nos Orixá (Òrìṣà), mas, fé de fato e ligação com o divino. A
ligação com o divino se estabelece com o tempo, com o envolvimento e com
a dedicação. O divino responderá a ele, os Orixá (Òrìṣà) não abandonam as
pessoas que neles depositam suas esperanças.
As pessoas de Orixá (Òrìṣà) devem entender que elas sempre podem confiar
em um Obì para falar com seu Orixá (Òrìṣà), com Exu (èṣù) e com seu Orí.
Sem dúvida existe um esforço muito grande do Babalorixá (Bàbálòrìṣà)
convencer as pessoas de que somente eles podem falar com o divino e que
tudo passa por eles. Isso faz parte de um processo de “emburrecimento”
das pessoas e de gerações de pessoas inseguras e dependentes.
Mas não funciona assim. Obì existe para permitir que o divino se
manifeste na nossa vida não só através da Fé, mas, também através do
contato com eles através do Obì. Assim o Orixá (Òrìṣà) não será apenas a
Fé ou a palavra do Babalorixá (Bàbálòrìṣà) ou o Xirê. O Orixá (Òrìṣà) é
uma presença viva no nosso dia a dia e nos nossos problemas e
realizações.
Os mitos de Obì
Certa vez Olófin, Odudua e Órunmilá vieram ao mundo para ver como andavam
as coisas por aqui. Depois de muito andar viram uma choça, à qual
chegaram para pedir água, tocaram à porta e abriu-lhes o morador da
aquela choça, que não era outro senão Oxé Bile ao qual pediram água.
Mas, nesse momento Órunmilá disse: só que para ter este poder, você tem
que se associar a outra pessoa.
Oxé Bile respondeu: eu quero ter o poder de me comunicar com você e o que
eu peça a você seja atendido. Concedido este desejo os três caminhantes
prosseguiram o seu caminho.
Então Órunmilá lhe disse: mas alguma coisa lhe faltará. Olófin lhe disse
para saudar Exu (èṣù) e eles se foram.
Pouco tempo depois eles voltaram a terra para ver como seguiam as coisas.
Foram à choça ver se Oxé Bile, o homem, seguiam sem fazer nada. Seguiram
caminhando e foram ver Obì, o qual seguia orgulhoso mas triste e sem
fazer nada.
Passou o tempo e Obì decidiu ir ver a Órunmilá o qual lhe disse: Olófin
deu-me um poder, mas não o vejo.
Passado algum tempo Obì voltou onde estava Órunmilá outra vez e lhe
disse: Órunmilá, Olófin enganou-me, pois sigo igual que antes, Órunmilá
lhe respondeu: Olófin não te enganou, é que em realidade te falta algo.
Órunmilá lhe respondeu por aqui precisamente devias ter começado, vai por
esse caminho e ao final encontrará uma choça, toca a porta e se une ao
dono para que possa chegar a este mundo o que Olófin o concedeu.
Entre (lhe respondeu o morador). Quando entrou Oxé Bile lhe perguntou: O
que é que o senhor deseja?
Obì lhe respondeu, Órunmilá mando-me aqui para que eu me associasse com
você e venho buscá-lo. Estão nos esperando na terra de Ifá para que você
vá comigo.
Então Obì jogou-o em cima e partiu. Quando chegaram havia uma grande
epidemia, então Obì começou a adivinhar e no que Obì falava ou explicava
como curar as doenças, Oxé Bile falava com o céu onde Olófin o escutava e
assim foi como o povo se salvou.
Depois disso Obì se foi para outra terra onde Ogun governava e mantinha
uma grande guerra com seus inimigos. Quando chego ali Ogun lhe perguntou:
eu vou ganhar a batalha?
Obì lhe respondeu, pode ir com confiança e sem problemas, que a vitória
será sua.
Ogun foi à guerra confiando na palavra de Obì e perdeu a batalha, quando
regressou a primeira coisa que fez foi ir buscar a Obì e o surrou de tal
maneira que quase o destroça.
Foi nesse momento que Obì se lembrou de Oxé Bile e voltou para ir buscá-
lo. Quando o encontrou lhe disse, perdoe-me o esquecimento mas como é que
você caiu?
Então Obì voltou a pedir perdão e Oxé Bile disse: vamos fazer um pacto,
antes de você falar tem que me chamar, para que o que você fale aconteça
e assim não se esqueça mais de mim. Assim Obì lhe respondeu, aceito,
assim será até o final do mundo.
De todas as criações mortais de Obatalá Obì era o mais puro. Nascido com
todas as bênçãos do céu, sua vida foi de caridade e da servidão. Cercado
pela pobreza, ele renunciaria à sua riqueza para apoiar os necessitados.
Mendigos e vagabundos eram seus amigos. No meio do desespero, era dele a
voz que poderia acalmar.
A pele de nenhuma mulher era mais suave, nenhuma forma masculina era mais
masculina. O corpo de Obì corpo era sólido, mesmo quando ele caminhou a
sua flexibilidade era sensual e rítmica, como música. Tão desprovido de
vaidade e do mal foi Obì que Olódúmarè favoreceu-o, concedendo-lhe a vida
eterna como um Orixá. A beleza que estava dentro de Obì brilhou mais. Obì
brilhava com a brancura e a pureza. Todos os Orixás concordaram que não
havia ninguém mais radiante, mais bonito do que ele.
Outros que nasceram após a criação dos seres humanos sabiam de Obì como
uma noz, uma fruta que já foi um brilhante, branco brilhante. Sua pele
era lisa como mármore, ainda iridescentes como a neve virgem, sempre,
suas vestes eram imaculadamente limpos e passados, refletindo a luz
ofuscante do sol e da lua. Apenas as roupas de Obatalá foram mantidos
mais limpas. Quando Obì caminhava durante o dia ele cegava a visão dos
outros sobre ele, e todos os Orixás ficavam admirados da sua
magnificência.
Exu, que conhece todas as coisas, sabia que a escuridão estava crescendo
como um câncer no coração do Obì. Muitas vezes, ele advertiu Obatalá, mas
quando olhou para Obì, Obatalá viu apenas a perfeição em sua criação. Exu
foi para Olódúmarè, mas, ainda estava Olódúmarè cego pela magia que ele
tecera quando Obì foi elevado ao status de um orixá. Seu axé trouxe a luz
interior ao homem, sua beleza foi realçada pela brancura da criação, e
até mesmo Deus na terra não podia ver além disso. Como muitos, Olódúmarè
confundiu beleza física com a pureza espiritual. E que pureza tinha sido
contaminada.
Eventualmente, aconteceu que Olódúmarè fez uma festa para todos os Orixás
em seu próprio palácio. Obì passou muitas semanas se preparando para a
festa, ordenando roupas novas a serem feitas no melhor pano branco com
rendas brancas cintilantes e cetins. Apenas a mais puro algodão foram
usados, e eles foram costurados por aqueles com as mãos limpas. Quando
terminada, a roupa branca contrastava profundamente com sua pele escura.
O poder de sua aura ampliada a brancura, e juntos eles brilhavam e
cintilavam assim parecia Obì era a fonte de toda a luz, que tudo era
apenas um reflexo dele. Ele ficou satisfeito.
O dia da festa chegou, e Obì foi, certo de que não havia Orixá mais bem
vestido ou mais magnífico do que ele.
Tão alto tinha Obì rugido estas palavras que Olódúmarè caminhou com
cautela para a porta da frente para investigar o tumulto.
Ele assistiu tristemente como o orixá, uma vez humilde, mandou embora os
pobres que haviam se reunido em frente ao palácio. Quando o último
vagabundo havia desaparecido de vista, Olódúmarè olhou para o filho com
piedade. Lembrou-se das advertências de Exu, que o seu elevado mortal
havia se tornado raso e grave e suas palavras foram apenas: "Venha para
dentro. Junte-se ao grupo." Afastando-se com tristeza em seus olhos,
Olódúmarè não disse uma palavra para Obì naquela noite. Ele só ficou
olhando enquanto o orixá se misturavam entre os convidados, rindo,
comendo e bebendo como se não tivesse uma responsabilidade com o mundo.
"Como você ousa, você homem, sujo e imundo", Obì trovejou. "Como você se
atreve a vir a minha casa trazendo sujeira, vestida de trapos e fedendo
como um animal sujo! Afaste-se de mim e deixe esta casa. Eu nunca
gostaria de vê-lo novamente." Batendo a porta na cara do mendigo, Obì
virou-se para ver todos os Orixás reunidos atrás dele, suas expressões em
branco na descrença. Alguns deles tremiam de medo ou raiva Obì não podia
contar, nem se importava. "Você enlouqueceu?" perguntou Exu, o primeiro a
se recuperar. "Como você pode chamar o nosso pai um animal imundo?"
O poderoso mostrou todo o brilho e bondade. A sala foi invadida por uma
luz branca que cobriu as paredes de marfim da mansão de Obì, todos
ficaram cegos no seu esplendor. Os Orixás se colocaram no chão antes do
poderoso mostrar o seu axé, enquanto Obì só podia tremer e tremer quando
ele caia de joelhos a implorar perdão. No entanto, nenhuma palavra veio,
pois sua língua soltou e caiu de sua boca. Obì foi definitivamente
silenciado. A raiva derreteu em medo, e o medo se tornou desespero quando
Obì viu sua língua mentirosa inútil no chão. Ele foi humilhado por um
poder maior do que ele próprio. Ajoelhado aos pés de seu pai. Olódúmarè,
vendo a mesma humildade que Obì possuía ainda humano, sentiu pena do
orixá. Ele disse: "Meu filho, uma vez você era puro de coração, mas ao
longo do tempo suas maneiras para com os outros se tornou mal. Em algum
lugar, de alguma forma, você perdeu as virtudes da humildade e da
caridade para os meus filhos na terra. Mas eu ainda encontro isso em meu
coração. Para te perdoar. Por seus crimes, seu próprio Axé removeu o seu
poder da fala, e com a boca que você nunca vai proferir uma palavra;
ainda vou lhe dar de volta o seu discurso de uma maneira diferente Se
você quiser se comunicar com outro, você deve primeiro atira-se para o
chão como em respeito para mim, e assim você será conhecido pelos outros.
"E desde que você se tornou brilhante e bonito por fora, mas dentro se
tornou escuro e duro, um hipócrita, a sua aparência para a eternidade
deve ser mudada, e esta é a minha punição para você. A grossa crosta
mascarará a sua beleza física como a que existe dentro de você agora, mas
escondido dentro será o brilho.
Esta pele será escondida e o brilho visto apenas quando for chamados a
servir o outro, no serviço você vai encontrar a sua salvação. Como você
se tornou de duas faces, bom para o orixá e ruim para os pobres, assim
será você tem duas faces. Um mostrará a sua beleza em um brilho, que foi
um presente de mim que nunca se deve remover, e um vai mostrar a sua
hipocrisia através da escuridão, trouxe um mal em si mesmo. Deste dia em
diante, não importa o quão sujo ou vil quem pergunta que você, você é
obrigado, Obì, sempre falar a verdade a seus pés em humildade. Você
estará sempre disponível para servir os outros Orixás, para nunca deixar
de dar esmolas aos meus filhos sobre a terra, os pobres e deformados. "
Assim, Obì foi obrigado a uma vida de servidão e de verdade para sempre.
Obì tinha sido humano, um homem puro, modesto, cuja beleza interior
Olódúmarè de tão impressionado ficou que ele foi feito um orixá, imortal.
Beleza interior foi trazida por bênçãos. No entanto, o orgulho e a
vaidade cresceram nos primeiros séculos, até que, por suas próprias
ações, Obì caiu em desgraça. Não mais vive ele em um opulento palácio,
situado além do reino mortal. Sua nova casa foi uma árvore de altura
modesta, bem enraizada na terra. Não era mais vestido em pano branco
cintilante. Sua forma estava verde e dura. Sua beleza, um dom dotado para
combinar a sua pureza, foi escondido por esta casca, e novamente
mascarados por uma pele grossa, áspera nascido de seu mal. Voz musical de
Obì foi silenciada através dos tempos: ninguém se ouvi-lo falar, ou
cantar, ou mesmo suspirar. Para se comunicar, o Obì foi amaldiçoado a se
jogar no chão
Depois de sua queda da graça, nova forma Obì veio sob a posse de Obatalá,
porque não só ele é o guardião das coisas deformadas, mas ele também é o
proprietário de toda a brancura. Olódúmarè tinha decretado que Obì
trabalharia e falar em nome de todos os Orixás, Obatalá foi confrontado
com a distribuição deste presente para todos eles. Os espíritos foram
chamados debaixo de uma das árvores de Obì, e lá o rei das roupas brancas
estabeleceu uma noz quebrada em quatro pedaços e disse: "Com isso, o
oráculo de Obì, cada um de vocês vai falar com nossos filhos na terra.
Saibam que Obì nunca pode mentir, nem para vocês e nem por vocês. Obì só
falará a verdade "
Obì tinha caído, o outrora brilhante imortal agora envolto em uma casca
escura e inflexível. Amaldiçoado por sua arrogância e pecados contra
Olódúmarè e a humanidade, ele foi forçado a servir e para sempre
permanecer em silêncio.
Enquanto o espírito ponderou estas coisas, em uma cidade chamada ile Ilu,
um jovem chamado Biague foi coroado um sacerdote de Obatalá. Ele era um
homem simples que se deliciava com prazeres modestos e a sua feitura foi
o momento mais profundo de sua vida. Aqueles na cerimonia disseram ao
iyawô que os mistérios do odu não eram dele, ele nunca teria o axé do
oráculo com as conchas.
Obatalá foi tocado por gritos do seu iyawô e quando o ano do afastamento
havia terminado, o orixá veio a Biague e lhe ensinou os segredos do Obì.
Pacientemente foram os sinais revelados e então os padrões mais sutis
dentro desses sinais. Obatalá ensinou a Biague como orar, como agradecer
e como agradar. Este foi um oráculo novo e porque nenhum outro mortal
sobre a terra tinha seus segredos o jovem sacerdote logo encontrou fama e
fortuna com suas habilidades.
Cada um destes amava muito o adivinho, pois ele tinha os salvou vidas de
pobreza e desespero. O tempo nas ruas tinham feito os seus corações
duros, no entanto, ao mesmo tempo que gostavam de Biague, eles detestavam
Adiatoto, seu filho natural. Quando ninguém estava por perto para ouvi-
los, eles foram cruéis com o menino e zombavam dele, dizendo: "Está quase
como nós, sem mãe. Somos todos iguais!" Para estas coisas o velho
adivinho era cego, seu coração nunca se curara a partir da morte de sua
esposa, e seu trabalho o manteve ocupado.
Com o tempo, Obì disse a Biague disse que sua vida estava chegando ao
fim. Não querer segredos do oráculo de morrer com ele, Biague escolheu
dar a seu único filho verdadeiro, Adiatoto, o conhecimento de seu
oráculo. Este foi seu bem mais precioso, e o segredo que o fez rico.
Por muitas semanas Biague sentou pacientemente com seu filho, lembrando
como ele fez o tempo em que Obì e Obatalá tinham primeiro ensinado os
padrões do segredo do oráculo. Lentamente, laboriosamente, o pai revelou
esses padrões, por sua vez, mostrando a Adiatoto como o espírito humilde
de Obì sempre falava a verdade aos pés de todos os que o questionavam.
Esta conversa entre o humano e o Orixá se baseia em cinco padrões
especiais e dentro destas letras existem padrões mais sutis que o menino
lutou para dominar antes que ele pudesse aprender a lançar o oráculo por
conta própria.
Em sua missão os guardas descobriram que a terra fora uma vez possuída
por Biague adivinho famoso, e que, embora os filhos adotivos vivesse lá,
ninguém sabia ao certo se eram os donos dela. Havia rumores de um menino
desaparecido, filho de verdade de Biague, Adiatoto, havia desaparecido
das terras após a morte de seu pai.
Em testes com o oráculo, o rei fez perguntas, não apenas uma mas várias,
e cada vez que o oráculo respondeu não apenas sim ou não, mas nas mãos
experientes de Adiatoto também revelou muitos segredos do rei não sabia.
Depois de uma longa linha de questionamento, o monarca poderoso estava
satisfeito de sua verdade. "Ela fala bem. Deixe-o decidir quem é o
verdadeiro dono da terra Biague para que eu possa comprá-lo", disse ele.
Um por um, Adiatoto jogou o oráculo aos pés de seus irmãos adotados e Obì
descartada cada um deles. Então Adiatoto jogou para si mesmo, e Obì
respondeu que ele era o verdadeiro dono. Assim fizeram os irmãos perderam
os direitos de toda a propriedade por sua traição, e Adiatoto negociou
uma venda que fez dele um homem muito rico. Impressionado com suas
habilidades como um adivinho, o rei empregou Adiatoto como seu consultor
pessoal. Prosperidade e abundância foram para todos os dias da sua vida,
e todas na cidade o procuravam para ajudar em todos os seus problemas.
Retirado de Ò ṣé Ìretè
Òṣébì síl é
A criança é quem usa um grande número de noz de cola como oferenda para
Ọló fin
Ele estava chorando por causa da falta de ter todas as coisas boas da
vida
Isso foi quando ele dividiu o Obì que ele se tornou rico
Foi quando ele dividiu Obì que ele teve uma esposa para se casar
Foi quando ele dividiu Obì que ele construiu uma casa
Foi quando ele dividiu Obì que ele teve todas as boas coisas da vida
Foi quando ele dividiu Obì que ele não morreu de novo
O que Ifá diz aqui é que tudo aquilo que falta a um homem ele poderá,
através de uma oferenda diária de um Obì para os seus ancestrais, pedir
pela ajuda destes para ajudá-lo a obter e ter uma vida melhor.
Esse verso mostra como é importante a presença e participação dos
ancestrais, egun, na vida e no culto religioso dos Yoruba. Aqui na
diáspora, isso ficou abandonado e substituído pelos Orixá (òrìṣà). Em
parte esta atitude é justificada porque os laços ancestrais foram
quebrados na diáspora, as famílias e aldeias separadas. Por outro lado
também é um aspecto da religião que se perdeu.
Retirado de Ò ṣé Ìrètè
Somente Obì tem a missão de trazer a verdade absoluta. Somente nele é que
podemos confiar que a verdade está sendo dita. No que diz respeito ao
Candomblé usando a cebola eu tenho certeza disso, porque qualquer pessoa
pode manipular ela para obter o que quer.
Obì é um item que também é dado, pelo povo Yorùbá, através de qualquer
das divindades e é chamado de Obi Ò sè , ou o Obì para o primeiro dia da
semana, ou para a semana.
Ìròsùn sésó
Ìròsùn ò sésó
No dia em que ele passou a fazer parte do grupo que estava indo para a
terra.
T “Mas por que vocês foram enviadas para ser um obstáculo para o trabalho
que estou fazendo somente por causa de compensações?” Órunmila
(Ò rúnmìlà) perguntou.
T “O que faço então? Eu não quero que você venha a destruir as boas obras
que eu já fiz”. Órunmila (Ò rúnmìlà) perguntou.
T "Você tem que dizer os sobreviventes que devem pagar algo como uma
expiação pelos erros cometidos por seus antepassados contra vocês e todas
as divindades que eles submeteram à fome na cidade de Céu, as bruxas
responderam.
Órunmila (Ò rúnmìlà) voltou para casa sabendo que não havia necessidade
de viajar para o céu para saber de Olódúmarè novamente. Ele decidiu
consultar Ifá: - “O que os filhos dos homens devem dar às divindades no
Órun (ò run) que será aceitável como expiação? - Ele perguntou a Ifá. Ele
foi indicado a oferecer as nozes de cola que cada pessoa deve colocar em
sua divindade respectiva para evitar o mal.
Não termina aqui, os seres humanos, ao oferecerem este Obì, devem fazer
de joelhos, implorando para que os erros cometidos por eles e seus
antepassados possam ser perdoados.
Esta é a prática desde tempos imemoriais até hoje. Todas as palavras
ditas são palavras de apaziguamento.
O Obì
Os tipos de Obì
O Obì como oferenda pode ser de qualquer tipo, mas, para uso como
instrumento de consulta ao oráculo deve ser do tipo com 4 partes.
Contudo, quando for impossível obter um Obì Àbàtá, podem ser usados 2 Obì
Gbànjà, formando assim 4 partes. O que é um procedimento inaceitável é
pegar um Obì Gbànjà e cortá-lo com uma faca para fazer 4 pedaços. Creio
que isso já foi feito aqui no Brasil pelo Candomblé, mas, é inaceitável.
Existem Obì com mais de 4 partes, mas não são comuns. O tipo com 5 partes
é mais facilmente encontrado e o tipo com 6 partes bem mais difícil. Para
o oráculo, o tipo que deve ser usado é o de 4 partes, não existe forma de
usar os tipos com menos, 3 por exemplo, ou com mais do que 4 partes (ou
gomos, ou lóbulos).
Anatomia do Obì
Escolhendo um Obì
Assim observe bem os Obì, escolha os que tiverem o formato mais regular e
que você observe que cada segmento pode cair estavelmente em uma posição
ou em outra.
Em relação a cor do Obi. Esqueça essa coisa de Obì branco. Os Obì, são
rosados e ponto.
A foto acima mostra um Obì regular que vai permitir uma caída estável.
Como ele apresenta em seus lóbulos superfícies regulares, ao ser usado os
seus segmentos poderão ficar claramente na posição aberta ou fechada.
O Obì deve ser examinado e escolhido. Nem todo Obì apresenta boas
condições para ser usado no oráculo.
Procedimento de manipulação
O Obì antes de ser usado na consulta é limpo e colocado em uma tigela com
água. É muito comum o Obì ser comido após ser usado de maneira que ele
deve ser higienizado.
O Obì pode ser guardado e estocado para uso. Hoje em dia é muito
complicado você depender de qualquer fornecedor para obter Obì na hora em
que necessitar. Por vezes pode-se não encontrá-lo ou então podemos
encontrar as nozes velhas e estragadas.
Troque semanalmente a água do pote de vidro. Com o tempo essa água fica
com um cheiro muito forte. Assim renove sempre. Lave os Obì e o vidro e
volte a guardar.
Você pode separar um Obì para ser usado continuamente, como um Obì
pessoal de modo que não necessite abrir um Obì novo toda vez que precisar
fazer uma consulta.
Uma vez aberto mantenha os gomos em uma tigela com água. Renove a água
toda a semana e limpe o pote. Esse pote não fica tampado, pode usar uma
pequena tirina de louça.
Quando for abrir um Obì novo para uso, faça as rezas adequadas e depois
abra com os dedos todos os segmentos. Não use faca em um Obì. Com a reza
adequada o lóbulo que tem em cada gomo deve ser retirado com a unha.
Arranque-o fora.
Ajoelhar na frente do Igba do seu Orixá (òrìṣà), tocar o Obì na sua testa
e no Igba do seu Orixá (òrìṣà). Colocar o Obì em um recipiente com água e
reze para o seu Orixá (òrìṣà) e Orí, pedindo o que quer.
Se o uso for para Exu (èṣù), o Obì é tocado na nuca. Nesse caso não se
faz ajoelhado e sim se levanta e se agachado à frente dele, assim como
para Xango (Ṣàngó).
Aspergir água sobre a superfície onde o Obì será jogado. Não é para
inundar o local, apenas para refrescá-lo, é um ato simbólico.
Colocar os segmentos abertos em cima do local onde eles serão jogados (no
chão ou no opon (ọpó n)). Aspergir aguá sobre eles.
Bater com a mão direita espalmada 3 vezes sobre a mão esquerda, também
espalmada com os segmentos dentro, passar os segmentos da mão esquerda
para a mão direita e fechar a mão direita. Colocar a palma virada para
baixo (mão fechada) e abrir a mão deixando os segmentos caírem na
superfície que será usada (chão ou opon (ọpó n)).
Somente a prática vai dar a você a exata noção de fazer isso direito,
evitando uma altura muito pequena ou uma altura exagerada.
O Obì como os demais instrumentos já explicado pode ser usado para o uso
padrão e mais comum de confirmação. Neste uso as regras de interpretação
são as mesmas já explicadas no capítulo sobre o Owó-ẹyọ mé rin. A lógica
de interpretação é a mesma.
A interpretação das 5 posições básicas deve ser usada sempre que o que
você quer obter é uma confirmação, a resposta simples a uma pergunta.
Assim, mesmo que você já conheça todas as formas de interpretar o Obì,
você ainda vai recorrer majoritariamente a essa forma de interpretação
mais simples e direta. A maior parte das situações podem ser resolvidas
por este método.
Dessa forma que fique claro que o primeiro tipo de uso de Obì, e mais
simples, é usá-lo da mesma forma como usa o Owó-ẹyọ mé rin. O que temos
que compreender então é como identificar que um segmento do Obì cai em
uma posição aberta ou fechada.
Se o formato dos segmentos não foram bem analisados, a escolha irá levar
a você ter um Obì que não cai aberto, ou um Obì que vai ter alguns
segmentos que, devido ao seu formato físico, eles nunca conseguiram cair
na posição aberta. Em muitos casos, existem segmentos pequenos demais,
finos demais ou muito retorcidos. Esses segmentos nunca vão conseguir
cair abertos.
Esses Obì que não abrem todos os segmentos devem ser reservados para
oferendas onde não é necessário usá-los como oráculo. Lembre-se que, além
de ser um instrumento de oráculo o Obì também é uma oferenda importante.
Interpretando as 9 características
Diferente do Owó-ẹyọ mé rin o Obì permite incluir na sua interpretação
mais um fator de diferenciação que é o gênero de cada segmento. Já foi
explicado anteriormente como diferenciar segmentos masculinos e femininos
de forma que será explicado adiante apenas como se interpretam as
configurações caídas incluindo o gênero.
As respostas não serão nem um SIM nem um NÃO. O que se obtêm do Obì nesse
modo é uma análise mais subjetiva e interpretativa da situação, uma
orientação do que esperar ou de como se deve proceder. Este modo é bem
diferente das 5 posições onde temos respostas diretas, aqui se obtêm uma
tendência, uma avaliação relativa da situação.
Masculino
Feminino
X = Fechado
AM = Aberto masculino
AF = Aberto feminino
Nome
5 posições básicas
Nome
9 características
Okanran
O X X X
Ilera
Aje
AM X X X
AF X X X
Ejife
O O X X
Akoran
Ero
Ejire
AM AM X X
AF AF X X
AM AF X X
Etawa
O O O X
Akita
Obita
AM AM AF X
AM AF AF X
Alafia
O O O O
Ogbe
AM AM AF AF
Oyeku
X X X X
Oyeku
X X X X
Segmentos em situação de conforto ou conflito
A análise da posição radial não tem nada a ver com pontos cardinais.
Toma-se como referência um arco de 360 graus em torno do eixo do
segmento, ou sendo mais simplista, como se fosse os ponteiros de um
relógio.
Essa posição no quadrante cinza significa que existe uma transição de uma
posição para outra. Se a pessoa confirma que o aspecto que está ocorrendo
é o negativo, por exemplo, então haverá uma transição para o quadrante
oposto, o verde, o que é uma boa notícia, ou má notícia caso seja o
contrário.
Essa posição no quadrante cinza significa que existe uma transição de uma
posição para outra. Se a pessoa confirma que o aspecto que está ocorrendo
é o negativo, por exemplo, então haverá uma transição para o quadrante
oposto, o verde, o que é uma boa notícia, ou má notícia caso seja o
contrário.
Até o momento foram dadas explicações muito básicas. É necessário ler com
cuidado a explicação de cada caída que será feita a seguir para poder
entender como se junta as 2 explicações, a da energia do gênero e a da
posição de conforto e conflito. Em cada caída será explicado como se
interpreta a combinação de gênero e posição. Seria bastante complicado e
chato inundar esse material com explicações conceituais de forma que a
abordagem escolhida foram os exemplos
Mas, antes de seguir vamos a uma convenção. Não quero encher esse texto
com figuras de forma que vamos usar uma convenção de letras.
Vamos então a cada uma das caídas e suas extensivas explicações, mas,
lembrem-se que não estou passando uma receita de bolo. Para cada
configurações eu darei exemplos de interpretações. Você devem usar o
exemplo para entender a forma de interpretar e fazer as suas
interpretações para cada situação e configuração.
ILERA - AM X X X
Ilera é uma energia masculina que indica que o resultado que você procura
acontecerá através do uso de energia masculina. Isso pode também incluir
a influência positiva de um homem em sua vida, mas não devemos restringir
a interpretação a isso. Esta caída mostra a natureza da energia
necessária para trazer as bênçãos inerentes a este sinal.
Ilera mostra a necessidade do comportamento assertivo e de perseguir
ativamente os seus objetivos. Isto inclui o uso da inteligência e lógica.
Você será bem-sucedido trabalhando duro, pensando e agindo. O esforço
recompensa com o resultado, não adianta ficar parado.
AM+ X X X
AM- X X X
AJE - AF X X X
Como em Ilera, Aje fala que o caminho para o seu objetivo exige uma
abordagem mais feminina do que seu correspondente masculino para garantir
o sucesso.
Aje mostra que você a situação indica que você vai receber, vai ter mais
resultados que esforço.
O lado negativo de Aje sugere você estar sob o peso de suas emoções ou
então fechado para elas. Ao estar fechado para a emoção ou para a
percepção do seu em torno isto pode levar ao fracasso. O indivíduo que
abandona a sua intuição passa a fazer tudo por sua própria conta e risco.
AF+ X X X
AF- X X X
AKORAN - AM AM X X
2 segmentos masculinos abertos e os demais fechados
AM+ AM+ X X
AM- AM- X X
Não é um prognóstico ruim. Como a energia masculina em excesso não está
atuando como masculina, pode indicar que a confusão e o problema estão
deixando o seu espaço, trabalho, casa ou vida. No caso de conflitos
externos ou legais pode indicar o fim disso. Em princípio sugere a
solução de conflitos e problemas.
Por outro lado, pode também mostrar uma situação extrema de má situação
profissional e doméstica. As energias que rodeiam o cliente são
masculinas e não estão atuando como deveriam. Se isso afasta o conflito
não indica uma situação produtiva.
AM+ AM- X X
Ero - AF AF X X
Aje nos permite receber. Ero é energia feminina em excesso, indica uma
situação de paralisia, aguardar parado para receber. Nada em excesso é
bom e pode ser uma situação mesmo em conforto tão delicada como akoran.
AF+ AF+ X X
Um bom prognóstico. A energia feminina inunda sua vida e casa. Você está
em um período de receber e ter o retorno de tudo o que fez. Nenhum
esforço será necessário nesse momento, você vai receber. Pode indicar por
exemplo que vai receber um prêmio, uma promoção, uma loteria, uma
herança, um dinheiro que não necessita nenhum esforço seu.
AF- AF- X X
Uma situação ruim. O dinheiro deixa você e sua casa. Seus gastos são
maiores que suas receitas. Suas finanças vão muito mal. Pobreza,
dificuldade e carestia o aguardam.
AF+ AF- X X
O dinheiro entre e sai. Seus gastos não permitem que você economize e
você gasta aquilo que recebe. Existe uma falta de cooperação para obter
uma situação melhor.
Pode indicar também que o dinheiro entra na casa mas a custa da sua perda
de paz e tranquilidade. Ou que você tem uma situação equilibrada mas a
uma indicação de perda vindo, de mudança dessa situação de prosperidade,
como se você estivesse em Aje mas com uma tendência para perder isso.
Pode ainda sugerir que o seu intelecto e vontade pode estar perseguindo
algo contrário a suas emoções e espírito e vice-versa. Enquanto a
sinergia pode ser possível, ele está sendo obstruída devido às energias
conflitantes.
AM+ AF- X X
AM+ AF+ X X
AM- AF+ X X
Uma condição razoável, não boa. Apesar de você ter retorno financeiro do
que faz o seu desempenho não e bom. Apesar do seu trabalho ruim e
desfocado as realizações passadas ainda te trazem resultados.
Outro cenário é onde você tem a ajuda de amigos. Esta passando por um
período de dificuldade pessoal, seu desempenho e trabalho não estão bons
mas suas amizades o suportam e o mantêm. Um bom período para buscar
recuperação enquanto é suportado por aqueles que gostam de você.
AM- AF- X X
Uma condição péssima. Seu desempenho é ruim e está tendo perdas contínuas
de recursos. O dinheiro se vai com seu desempenho medíocre. Falta-lhe a
criatividade razoável e a iniciativa.
AKITA - AM AM AF X
Indica que passará por uma situação de competição ética no seu trabalho
mas que vai trazer ganho para você. Você irá ser promovido.
Obita - AF AF AM X
Obita avisa que o dinheiro obtido através de meios menos honrosa, carece
de qualquer valor e pode até ser motivo de conflitos e problemas.
Semelhante ao Akita, natureza contrária este sinal pode indicar duas
forças femininas competindo pelo único da energia masculina. Isso também
pode ser uma manifestação literal ou figurativa da Obita.
Você está focado e trabalhando com efetividade mas isso não lhe traz
benefício. O dinheiro entra e sai. No trabalho pode indicar um momento de
distúrbio onde você vai trabalhar mais do que ganha. Em casa pode indicar
um período de conflito com sua esposa.
Período muito ruim, vacas magras. Seu trabalho não lhe traz retorno. Seus
esforços não são recompensados. Se esta em um trabalho deve pensar em
deixá-lo e mudar o que faz. Pode ser apenas um momento muito ruim.
É o seu fundo do poço. Você trabalha mal, não consegue realizar o que
precisa, a qualidade do que faz é ruim, é ineficiente e está quebrando
sua vida. Seus relacionamentos vão embora e a paz deixa a sua casa. Pode
estar passando pro problemas em casa, como brigas de família e
principalmente separações.
Ogbè - OM OF OM OF
Ele representa o alinhamento total que traz uma sensação geral de paz e
bem-estar. Ogbè oferece um forte apoio quando todos os segmentos estão em
conforto e pode marcar um período de pureza e vivacidade. Esta
característica traz consigo a promessa de recuperação e de boa saúde. O
caminho é a abertura de uma maneira positiva quando o segmento deste
sinal cai em harmonia.
Todas as forças atuam de acordo com suas energias e trazem suas melhores
energias. O balanceamento entre as energias, em parte ameniza o problema
do excesso de cada uma, mas, vamos ter ainda excesso de energia masculina
e excesso de energia feminina e isso pode trazer problemas ou
desequilíbrio. Por isso essa posição não é considerada a melhor caída.
Akoran é a caída que traz o melhor benefício de cada energia sem
exageros.
É uma configuração que descreve uma situação em que tudo está bem
financeiramente, sem confusões ou brigas, com dinheiro e tranquilidade
mas que você não está sendo completamente produtivo. Entretanto pode
indicar que a confusão o esta deixando e você terá sucesso e realização,
tudo depende como o segmento masculino em conflito retrata sua situação.
Mais uma vez podemos ter 2 visões. A primeira diz que a paz se estabelece
a confusão e conflito saem da sua vida. A segunda que você tem retorno
positivo de dinheiro, mas, junto com isso tem muita preguiça e pouco
trabalho. Está usufruindo de algo que já trabalhou e está passando por um
momento que pode se caracterizar definitivamente como de inércia.
Este sim é o turbilhão de ogbe, muita energia que não se entende. É sem
dúvida o aspecto onde você não consegue capturar a seu favor todas os
benefícios de Ogbe.
Oyeku - X X X X
Ele também pode alertá-lo sobre o perigo oculto ou invisível. Isso pode
tornar problemático o sucesso ou interromper a realização. Oyeku é
conhecido pela sua capacidade de revelar o que está oculto. Oyeku também
tem a capacidade de invocar mudança e transição, por vezes, muito de
repente.
Oyeku também pode indicar entupimento e obstrução grave na sua vida. Essa
característica, pode estar te dizendo que você caiu em uma armadilha.
Oyeku indica que nada ocorrerá porque esta bloqueado, seja porque não lhe
pertence ou porque não merece.
O que muda é a posição em que eles estão em relação a você e aos demais
segmentos, assim, o bloqueio pode ser um uma proteção ou um impedimento.
Veja que, sutilmente, essa função de bloqueio pode ser uma coisa positiva
ou negativa, apesar de ser um bloqueio, dependendo da forma como estiver
sendo usado trará um resultado positivo ou negativo. O que vamos entender
é quando ele assume uma função positiva e quando assume uma função
negativa.
Vamos devagar para que isso fique claro. Primeiro vamos identificar as 2
posições que o segmento pode assumir.
Assim, no seu trabalho se você ganha uma promoção inúmeras outras pessoas
poderão ter perdido aquela promoção, ou outra vão se sentir incomodadas
com sua vitória e progresso. Quando uma pessoa ganha na loteria, milhões
jogaram e perderam. Assim é o mundo.
Quando 2 segmentos em conforto são separados por um ooya, então ele trará
divisão e bloqueio.
Se, contudo estiver entre 2 segmentos AM+ é uma boa configuração, porque
esta evitando que o excesso de energia masculina o prejudique. Mas se
você tem uma configuração de Ejire, com AM+ e AF+, o ooya entre eles
mostrará dificuldade para que o aspecto positivo de Ejire se manifeste,
não haverá, facilmente a integração dessas 2 energias positivas para
você.
Agora a tudo o que já foi dito podemos incluir o opon (ọpó n), Para isso
vamos primeiro relembrar as áreas do opon (ọpó n) e seus significados
Uma vez visto e entendido como se interpreta o Obì vou repassar alguns
pontos.
Rezas de Obì
Orí dákun
Orí bá wa ṣé
Àtètè níran
A seguinte reza deve ser usada quando se joga agua no chão para saudar a
terra, ou melhor para saudar Onilé.
Ilé tútú
Ò nà tútù
Ilée wa mó gbòóná o
Ò na ó mó gbòóná mó wa
Os cubanos tem por tradição uma reza similar que complementa esta:
ilé tútú
Ò nà tútù
àṣé tútù
Ilẹ tútù
tútù laroye
tútù eegun
Orì tútù
iba a ṣẹ oṣetuwa
ko sí ikú
ko sí fitibo
ko sí òfò
ko sí àrùn
ko sí è gbà
ko sí è wò n
ire owó
ire ọmọ
ire àìkú
Rezas de Babaláwo
A seguinte sequência pode ser usada por um Babaláwo. Todas são importante
e totalmente relevantes.
Ò ṣé otuw a
wó n fi ó sèkẹtàdinlógún odú
Obgè Méjì
Ò gòrò nṣọl è, aw ó om í
O gb'ẹbọ, ó rubọ
ela fez
Ogbè ò yè kú
mò bá arọ l'ò nà
ẹ wo ò wò l'ará mi
ẹni bá na ò yè kú a r'íjà ogbè
ẹ wo ò wò ò pè l'ará mi
Ò ṣé ìrètè
kojẹgẹgẹ
ikọ ọ to
ikọ o fa
ikọ o pe aweni
òṣé ìrètè
Òtúrúpòn odi
kó gun igi
um pássaro empoleira
Ifá foi consultado para orunmilá no dia que os pássaros da casa de sua
mãe foram chamá-lo
òtùwà ofún
ó wẹ ẹsẹ ìtòni-ìtòni
ó bọ ò run àjùàlẹsìn
tí a bá rí awó
à á rí ikì
o ori aceitou
os ancestres suportaram
Rezas de Obì
As rezas à seguir não estão associadas a nenhum Odù mas são rezas usadas
para o uso do Ibì. Não coloquei a tradução porque são bem simples e de
significado óbvio.
Awo ile
awó ode
obì na re o, Ifá
ko jẹ maa gba a
inu rẹ lo dun si i o
inu rẹ lo dun si i o
Obì ní í bẹ ikú
Obì ní í bẹ àrùn
gb' obi ẹ o
ṣ'ọwọ dẹẹ dẹ
(okanran sode)
eriwo ṣ'o ko
sode so o
okanran sode so
iku ata o
Orí dákun
Orí bá wa ṣé
Àtété níran
Ó ṣé wọọ
Ó rún wọọ
a kìí ta ò gó mò gbíbẹ lósùn
ònílojó òṣé
Dessa forma, quem sabe fazer os ebó (ẹbọ) deve entender que pode após
analisar a situação de uma pessoa usar o próprio oráculo para determinar
o que deve ser feito e através de qual caminho fazer. Assim ao perceber
uma situação negativa, busque uma forma de resolver ou amenizar isso.
Bibliografia
Sem dúvida o melhor livro sobre Obì. Um trabalho bem completo, com
linguagem clara e conteúdo bastante extensivo. Explica sobre o uso do Obì
e também sobre o oráculo em geral. Obra de referência e único livro que
vale a pena ser comprado.
O livro é bem editado e impresso. É um livro útil para quem quer entender
também Ifá. Quem le o livro não só aprende bem a base da interpretação
como aprende outras coisas ligadas a Ifá.
Todos os aspectos que uma pessoa precisa entender e que estão envolvidos
em uma consulta com o Obì ele explica. Não é preciso perder muito tempo
aqui elogiando, o livro é muito bom.
Tem mais figuras o que facilita a explicação. Não adiciona nada mas é um
material bom porque copia o melhor livro.
Também em Inglês.
Foi o primeiro livro que li. É um bom livro, bem voltado para a tradição
Lukumi. as explicações são um pouco extensa e prolixas o que cansa (é o
jeito do Ocha ni lele), parece mais para encher conteudo, mas, a
abordagem é decente.
Também em Inglês.
Sem dúvida o pior livro já feito sobre Obi. Não explica nada, muito
fechado e com receitas prontas. Feito para idiotas. Não dá para aprender
nada com os livros do Epega. Esse é o tipo de livro que me faz pensar que
esses Nigerianos acham que nós somos todos idiotas.
É um livrinho fino que não faz falta a ninguém. Aliás esse Epega é co-
autor de outra pérola do mau gosto que é o livro que fez com o Newmark.
Também em Inglês.
O autor tem seu mérito. Fez uma produção própria e bem apresentada
graficamente. Acompanha um CD com catingas e rezas. Isso o torna um livro
mais caro.
Assim ele não explora alguns aspectos relevantes do uso do Obì que o
Epega não o faz.
O segundo foi ter caído no erro comum de muita gente, e ter focado muito
em relacionar as caídas com Ifá, como o Epega faz também, com igual
importância como o Epega fez. Ou seja, ele segue o que o Epega fez.
Existe de fato a indicação de que se pode tirar Odù através do Obì, mas,
Obì não foi feito para ser usado com Odù. É justamente o contrário é para
ser usado sem invocar Odù e por pessoas que não sejam de Ifá, pessoas
comuns mesmo. Para mim essa é uma abordagem inadequada.
Se um babalawo precisar de usar Odù vai usar o seu Opele. Não vai usar
Obì para definir um Odu. Uma pessoa que não seja de Ifá não tem sentido
em interpretar como se fosse Odù.
Mais um livro ruim baseado no Epega. A autora perde o tempo do leitor com
objetivos pessoais dela. Assim explica a sua formação religiosa, fala
sobre o lukumi, sobre orixás na tradição lukumi, fala sobre Odù e pouco
explica sobre como usar o Obì. Da as mesmas explicações mal dadas do
Epega. Naõ percam tempo com esse material ruim.
Posfácio
Deixei para o final os meus comentários pessoais sobre esta obra porque
temos que nos adaptar ao mundo digital dos eBook, a Amazon.com e ao
Google. Dessa forma o início do livro deve ter conteúdo útil para
visualização.
Este livro foi inicialmente concebido para ser uma obra impressa e em
função disso toda a sua formatação foi feita para páginas físicas.
Transformá-lo em um original que pudesse ser convertido em um eBook foi,
para mim, um trabalho Hercúleo. Tive que trocar de editor de texto,
adotar esse pavoroso MS-ord em detrimento ao meu simpático LibreOffice
(antigo OpenOffice). Eu aprendi com esse trabalho que um livro digital
deve nascer digital. Também deve nascer no editor de texto certo.
Infelizmente a Amazon.com só trabalha com o Word para gerar um livro para
o Kindle. Isso tudo me atrasou muito.
Para aqueles que se interessam pela religião Yoruba eu indico o BLOG que
eu mantenho:
blog.orunmila-ifa.com.br
www.orunmila-ifa.com.br
Eventualmente este link poderá apontar para o BLOG, mas em algum tempo
será um material distinto.
Aproveito para pedir que sejam tolerantes com minha abordagem da língua
portuguesa. De fato não sou nenhum escritor profissional e muito menos um
acadêmico, assim, estou longe de fazer um uso decente da nossa língua
maravilhosa, a melhor do mundo para a gente se manifestar. O livro foi
escrito em primeira pessoa, acredito que não é a melhor prática, mas, eu
gosto assim e entre estar certo e ser feliz minha opção é por ser feliz
com o que faço.
Sobre o autor
Não tem como eu me furtar de falar alguma coisa sobre mim, como já disse
não sou acadêmico. Tenho amigos acadêmicos mas não é o meu caso. Eu leio
muito, sobre muitos assuntos e principalmente sobre religião Yoruba, e
aprendi que o valor está no conteúdo, a arte está no conteúdo e não na
assinatura. Um livro não é como um quadro que não tem muito valor por si
só, para os quadros a arte não está na forma e sim na assinatura. Um
autor não faz um bom livro, um bom conteúdo faz um bom livro. Espero que
este trabalho seja o de um bom conteúdo e seja por este motivo lembrado
pelas pessoas.
Em Julho de 2010 sai do Ilê Axé Ala Osun porque não foi possível
conciliar minhas opções religiosas e meu tempo com uma casa que de
Camdomblé que só queria tocar Umbanda. Sem dúvida a experiência nessa
casa me inspirou muito a escrever esse livro, porque cansei de ver o que
não deve ser feito em termos de uso de um Obì e de um Orogbo. Desde 2010
me dedico exclusivamente a Ifá.
Não sou médium rodante, sou Ogan e Awo Ifá, mas participo de Umbanda e
Catimbó, desde 1998, ajudando e suportando minha esposa que dirige uma
casa de Umbanda.
Dessa forma, pela graça de Olodumare tive a sorte de ter bons caminhos,
bons lugares e boas amizades. Como todo mundo nessa religião passei por
acertos e desvios mas os Orixás sempre mantiveram os bons caminhos
abertos para mim. Minha formação é bastante prática, vivi algum tempo
dentro de casa de Orixá e procurei o conhecimento teológico da religião
para fundamentar a prática que eu participava.
Quem teve a paciência de ler o livro e ler até aqui pode ter a certeza
que esse material não é filho de CTRL-C com CTRL-V e muito menos é
compilação de outros autores. O que existe ai é real e prático.