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Poemas de Nome Oculto

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Gabriel Sales Macêdo

1ª Edição
Ilhéus - Bahia
Mondrongo
2014
Copyright © Gabriel Sales Macêdo
Organização da edição: Gustavo Felicíssimo
Capa e editoração eletrônica: Ulisses Góes
Normalização bibliográfica: Elisabete Passos dos Santos
CRB 5/533

K94 Kruschewsky, Gustavo Cezar do Amaral.


A força da amizade / Gustavo Cézar do Amaral
Kruschewsky.-
Ilhéus : Mondrongo, 2014.
112p. : il.

ISBN 978-85-65170-61-1

1. Romance brasileiro. 2. Amizade. I. Título.

CDD – 869.93

MONDRONGO
Itabuna: Rua Sóstenes de Miranda, 178 | 1º Andar
Centro | CEP: 45.653-200

73.3215.6107 | 8842.2793 | 9147.0223


contato@mondrongo.com.br
www.mondrongo.com.br
À família de sangue, de Ordem, e de escolha;
aos tristes; alegres; e humildes;
que estes singelos versos possam pintar vossas vidas.
“O que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa,
mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem...”

Willian Shakespeare
Prólogo
Tudo tem seu nome,
Seja concreto ou abstrato
-Se não o tiver é nulo.

Os inventores de coisas inexistentes


São os mais felizes
(Os ignorantes e rabugentos que reclamem,
Estes pouco sabem sobre a vida).

Quando criança, eu
Inventava tantas coisas
Que algumas nem conseguia
Nomear,
Mas eu sentia um nome ali
Regozijando minha vida.
I
I
Não tenho alma de poeta,
Somente coração.

E o que dizer de tais versos


Curtos e singelos,
Brancos e sinceros,
De mero prazer individual?

Sabe... Nem sei...


Não tenho alma de poeta,
Somente coração.

Gabriel Sales Macêdo 15


II
Neste instante,
Meia noite e quinze, treze
De outubro de 2014, calendário romano,
Tenho tudo pra ser alegre
E tenho tudo pra ser triste.

Minha poesia
Tem certo prestígio
Entre os amigos;

No meio literário,
Pouco ou nenhum.

Tenho meus dezessete,


Amo minha Bahia,
Não tenho casa, carro, cão,
Prêmios ou namorada,

Não tenho feitos dignos de uma orelha,

Nunca fui a Las Vegas,


Caribe, Machu Picchu, Veneza,
Paris ou Fernando de Noronha,

Não tenho livro, árvore, filho,


E beijo menos do que gostaria,

Mas tenho em mim um coração de eterna aurora.

16 Poemas de Nome Oculto


III
Não só quero
Descrever o sentimento
Ou ajeitar os metros dos versos.

Não só quero
Escrever versos bonitos
Para serem admirados nas escolas
E solidões de vossos quartos.

Não só quero
Ser imortalizado
E estudado nas academias.

Não só quero
O reconhecimento por meu lirismo
Ou por minha vida de bêbado dualista.

- Quero a libertação.

Gabriel Sales Macêdo 17


IV
Sempre tive a mania
De desenhar estrelas,
As rabiscava nos livros, cadernos, paredes e escadas,
Mas meu maior desejo sempre foi que,
Quando voltasse a noite
Triste e vazia da cidade,
Pudesse desenha-las por todo o céu.

18 Poemas de Nome Oculto


V
Nunca, a uma amada, criei um soneto
De madeira, puro e bucólico como
As auroras dos bosques e do coração.
Um soneto que remetesse a relva

Molhada dos campos por onde passei


Consigo; humilde como meus olhos
Apaixonados; e afetuoso como as mãos
Com que ergo estes poucos versos.

Nunca o escrevi, pois nunca tive


Motivos que me fizesse o escrever.
Mas hoje, tenho a ti, e a ti dou-te

Este soneto distinto da prata fina


Dos grandes poetas, mas casto e sincero
Como a imensidão do nosso amor.

Gabriel Sales Macêdo 19


VI
Às vezes, quando criança,
Ficava deitado contando
As formiguinhas passarem,
Algumas iam, outras vinham,
Umas se beijavam
No meio do caminho,
Mas nunca perdia a conta.

Hoje não vejo graça


Em nada disso.
Acho que antigamente
Tudo era mais interessante.

20 Poemas de Nome Oculto


VII
Avistei certa vez
Uma borboleta amarela
De traços pretos,
Voava em meio aos carros e multidões,
Um voo baixo e tristonho,
Mas voava.

Continuei seguindo meus passos,


E mesmo não falando borboletês,
Meu coração dizia que ela estava triste,
Mesmo voando.

Gabriel Sales Macêdo 21


VIII
Eu, quando jovem,
Um menino gordo de cabelo cacheado,
Vivia sem pensar no amanhã,
A estrada era bela e cheia de árvores,
A casa verde e com jardim.

A manhã? Uma beleza!


Os cachos eram lavados,
O desjejum era servido quente,
Era pão, suco, biscoito, bolo,
Tudo gostoso!
E a pança só crescendo...

Ah... Os bonecos do quartinho...


Bum bum bum!
Pá pá pá!
Rátátátátátá!
Zuuuuuum
Vruuuuuum
Voa! Voa! Voa!
Socorro! Socorro!
Vamos lutar! Vamos!
Era a melhor luta de se ver...

Mas o tempo passou,


Os cachos caíram como as árvores,
O gordinho partiu,
E o magro só pensa no amanhã.

22 Poemas de Nome Oculto


Eu era um gordo feliz com meu desjejum quente,
Morando na casinha verde com jardim,
E brincando com meus bonecos.

Queria poder pegar a contramão,


Saudade dói...
Mas doeria mais se eu não a tivesse.

Gabriel Sales Macêdo 23


IX
-Por que você fuma tanto? Eu mesmo
Só o faço às vezes pra relaxar,
Sobretudo quando triste.

-Te entendo... Acontece


Que tenho muita tristeza escondida
Entre as fumaças do meu coração.

24 Poemas de Nome Oculto


X
Faço poesia a partir do meu cotidiano,
Mas não sei ao certo
Se posso chama-lo assim,
Afinal, ele é todo bagunçado...

Tem semana que é só domingo,


Uma maravilha!
Tem semana que é só sábado,
Outra maravilha!
E outras que é só feira
(essas são as mais chatas, dá nem gosto de viver).

Mas para meu gozo


Os finais-de-semana retornam
Trazendo-me vento e pipa.

Gabriel Sales Macêdo 25


XI
Tudo, tudo que quero,
É só voltar a ver
Meus peixes de infinito,
Meus pássaros letrais,
E meus sóis de sorriso,
No papel branco e sujo
De meu ser.

26 Poemas de Nome Oculto


XII
Se desejares fazer poesia,
Primeiro saia da solidão fria
Do teu quarto;

Corra das paredes frígidas


De tua sala
- Vá para a estrada.

Conheça o pássaro e o sol,


Faça com eles uma bela harmonia;

Bebas aos poucos


As gotas de mel e limão
Dos olhos da vida;

Procure a borboleta amarela


Perdida na cidade,
Capture-a e liberta-a
Pelos bosques;

Tire as pequenas rodas


De tua bicicleta
E pedale,
Pedale sem cessar,
Pedale como se nunca houvesse
Pedalado antes.

E então, depois de sugar todo o sumo

Gabriel Sales Macêdo 27


Do que lhe foi oferecido,
Depois de quebrar
Todas as correntes do Tempo;
Depois de conhecer o mundo
E se conhecer;
Volte pra solidão
Já não mais fria
Do teu quarto,
E exprima toda poesia
Contida em teu coração.

28 Poemas de Nome Oculto


XIII
Há muitos porquês na vida,
E não entendemos por quê.

Por que sou poeta?


Porque sou sentimental?
Porque sou sensível?
Porque faço poemas?
Porque gosto de poesia?

Por que sou sentimental?


Por que sou sensível?
Por que faço poemas?
Por que gosto de poesia?
Porque sou poeta?

Gabriel Sales Macêdo 29


XIV
Em minha escola havia um jambeiro.
Nos meus primeiros anos nela
(quando bem jovem)
Eu e alguns amigos jogávamos pedrinhas
Pra tirar as frutinhas de lá
Ora caia, ora não,
Mas todo jambo era delicioso!

No meu último ano


(comigo já não tão jovem),
Pouco prestava atenção no jambeiro,
(Na verdade não prestava atenção em muita
coisa)
Até certo dia
Eu sentar perto dele
E ficar observando-o...
Percebi que já não havia jambos no pé.

Ou realmente a infância era mais bela,


Ou então outras crianças
(como eu um dia fui)
Estão chegando antes de mim.

Talvez os dois.

30 Poemas de Nome Oculto


XV
Certa segunda-feira
Na aula de ciências,
O professor mostrou-nos um
Sapo e o dissecou pra
Nos ensinar anatomia.

Aprendemos.
Mas embora eu tenha descoberto
Muita coisa após o experimento,
O pobre animal perdeu
Sua vida no processo.

Foi triste.
Eu achava-o cheio de graça
Apesar de não entender muito
Sobre ele.

Fiquei com uma sensação


Enfadonha e estranha depois disso,
Tipo quando me explicaram
Um poema de Manoel.

Gabriel Sales Macêdo 31


XVI
Meu primeiro amor, se assim posso o chamar,
Foi uma menina boba que conheci no Jardim,
Tínhamos cinco ou seis anos,
E todo o mundo era nosso castelo.

Ah como eu adorava aquele sorriso banguelo...


Aquele jeitinho ingênuo e sincero,
A forma de sonhar, de querer o sol, o vento, as estrelas,
Tudo que brilha, tudo que ri, tudo que causa saudade...
De desejar as coisas mais simples,
De simplesmente me conquistar...

Ela não se tornou minha namoradinha,


Uma pena...
Mas de algum jeito, todos meus outros amores
Foram espelhos dela.

32 Poemas de Nome Oculto


XVII
Não sei ao certo se a vida é curta ou longa,
Talvez seja breve pra quem sabe viver.

(O tempo passa rápido pra quem vive)

E embora os anos sejam efêmeros para alguns,


Existe toda uma infinitude
Em cada momento que foi realmente vivido...

Gabriel Sales Macêdo 33


XVIII
Se os outros vissem o mundo com meus olhos,
Talvez eles entendessem
O porquê de eu ser como sou,
Mas cada um tem os seus próprios,
Então tudo que lhes resta é imaginar.

34 Poemas de Nome Oculto


XIX
Uns dizem que sou bom “poeta”,
Mas não quero ser bom,
Quero ser grandioso!
Mas o que seria um poeta grandioso, enfim?
Afinal,
Não existe poesia maior que outra,
O que existe é o favoritismo
(existente por outros quinhentos).

O que existe é poesia!


Ela por si só,
Só de existir,
Já é grandiosa!

O resto é resto.

Gabriel Sales Macêdo 35


XX
Eu costumo dizer que
Os prazeres da vida são cinco:
Comer,
Dormir,
Arte,
Amizade,
E amor.

Mas pensando bem,


Tudo se resume a este último.

36 Poemas de Nome Oculto


XXI
Antigamente eu andava
Numa bicicleta com rodinhas,
Até meu pai tira-las para me ensinar a pedalar.

Doeu aprender
(Minhas cicatrizes que o digam),
Mas aprendi.

Quem dera ele soubesse


Que o mundo ando a pedalar,
Sem fronteiras;
Sem rodinhas.

Gabriel Sales Macêdo 37


XXII
Ora, não diga que poeta escreve poesias,
Poeta (geralmente) escreve poemas
E usa da poesia para poetizar.

Ela não está só nas rimas ou entrelinhas,


Vai muito além de simples versos:
Está no amor e suas virtudes,
Está nos olhos e no coração,
Está na vida como ela é.

38 Poemas de Nome Oculto


XXIII
Aprendi com meu pai a
Dar boa noite a todos
Os porteiros, garis,
Guardas, velhinhos,
Etc., etc..

Quem é só reconhece outro só.

Foi uma boa lição,


Ao saudá-los sempre senti
Uma sutil completude
Em meu peito.

Gabriel Sales Macêdo 39


XXIV
Sinto tanta saudade, meu benzinho,
Lembro-me bem da nossa juventude...
Daquele nosso amor feito um bom vinho...
Dos sonhos de tamanha magnitude...

Hoje me encontro nesta solitude...


Rememorando todo o teu carinho...
Esquadrinhando cada pedacinho
Deste meu coração sem quietude...

Pode passar o tempo e as estações,


Pode a vida deixar de ser vivida,
Pode até falecer meu sonhador,

Podem aparecer mil corações


E por fim a minha hora de partida,
Mas nunca esquecerei o teu amor.

40 Poemas de Nome Oculto


XXV
Se tenho um parafuso a menos,
Agradeço a Deus
(ou seja lá quem for)
Por tira-lo de mim.

Não suportaria ser alguém razoável.

Gabriel Sales Macêdo 41


XXVI
Desculpe por me apaixonar!
Ninguém tem domínio do coração:
Não controlamos sua pulsação,
Nem escolhemos quem amar!

42 Poemas de Nome Oculto


XXVII
Embora tua beleza foste embora
Levando o riso mágico consigo,
Confie nestas palavras que te digo:
Vejo a moça que ria mundo afora.

Mesmo que já não seja como outrora,


Nem tenha as feições únicas contigo,
Ainda te amo como um bom amigo,
Além de intenso amante sem demora.

Lembro sempre daquela tão risonha...


Cujo corpo era bem delineado,
E vivia a dizer: Meu amor, sonha!

Ah... Tudo isso levado pela idade...


Porém mesmo que tu tenhas mudado,
Amarei-te por toda eternidade.

Gabriel Sales Macêdo 43


XXVIII
A beleza está nos detalhes,
Principalmente nos pequenos,
Estes que, juntos,
Formam as belas minúcias.

E se por acaso discordar,


Pegue o rosto que considera mais bonito,
No fundo, ele é como todos os outros,
Tem seus olhos, boca, nariz, orelhas, etc.

Pergunte-se:
O que o torna tão lindo?

Com tudo é assim,


Essa é a beleza do universo.

44 Poemas de Nome Oculto


XXIX
Tudo, tudo que escrevo
Não me satisfaz;
Não é suficiente.

O que tenho na mente;


O que tenho no coração;
Não me satisfaz,
Mas é mais do
Que o que sai
Pela pena.

Acho que essa


É a dor
De ser poeta.

Gabriel Sales Macêdo 45


XXX
A noite vem
E com ela
Todas as tristezas.

Chove.

Sentado na cama
Olho e ouço da janela
A chuva
Cair.

Cai... cai...

Penso em muitos
Versos pra registrar
Tal momento casto
Da vida,
Mas tudo que sai
São estes poucos.

Olho de novo...
E a dupla poesia
Deste instante
Faz eu me esquecer
De todas as tristezas
Que a noite traz.

46 Poemas de Nome Oculto


XXXI
Quando a chuva cai
Pode-se ouvir a mais linda
Canção de ninar.

Gabriel Sales Macêdo 47


XXXII
Das poucas certezas da vida
Certo é o meu amor.

Não o contido
Nos beijos e carícias
Que dou ou deixo de dar,
Mas sim aquele vivo
No meu singelo olhar apaixonado
Pelo pequeno da vida...

Aquele
Em cada estrela escondida;
Em cada brilho da manhã;
Em cada encanto da poesia;
No azul límpido de infância;
Nas constelações de sorrisos;
Nos espelhos de céu e mar;
Na linha do horizonte de cais;
E no reflexo dos teus olhos.

Se te amo,
Amo por em ti sentir tudo que
Meus olhos apaixonados veem na vida,
Por isso saiba
Que certo é o meu amor,
Minha pequena.

48 Poemas de Nome Oculto


XXXIII
Por que viver? Pergunta
O coração confuso.

Tantas pessoas mundo afora,


Tantas incertezas,
Tantos sonhos,
Tantos corações almejando amar,
E outros tantos sem tal desejo.

A identidade, onde está?


Perdeu-se na correria
Dos dias,
Perdeu-se nas milhares
De respostas frias
Sempre impostas.

Perdeu-se nos diálogos sem olhares,


Nas tristes manhãs de segunda,
No papel verde da alegria,
No registro geral.

A vida?
Pouco a pouco se esvai
Sem olhos que percebam.

Vão-se as cores e os amores,


Vão-se as noites no bar,
Vai-se a memória e a saudade,
Vai-se a melodia dos dias,
Vai-se a identidade.

Gabriel Sales Macêdo 49


Mas é certo que tudo isso existe,
(vejam os olhos ou não)
E mesmo que seja certo que tudo um dia
Irá se perder,
Tudo ainda não se perdeu.

A infinitude existe,
A identidade existe,

Viva,
Nada mais.
A vida e o universo são
Pesados pra quem não sabe viver,

Viva,
Pois o infinito só não é finito
Pra quem sonha e ama até o fim.

50 Poemas de Nome Oculto


XXXIV
Dói lembrar-me da criança
Que um dia fui.

Uma parte dela ainda existe,


Está aqui dentro, viva,
Mas não é nada além
De uma parte.

Eu ainda sou eu, e aquele era eu,


Mas sinto falta de mim mesmo.

Gabriel Sales Macêdo 51


XXXV
Há na vida várias pedras
De diversas formas, tamanhos, cores,
Etc.

Há também vários olhos, pensamentos e ilusões.

A questão:
Qual é a pedra no caminho
Que surgiu em vossa vida
De retinas tão fatigadas?

52 Poemas de Nome Oculto


XXXVI
Escrevo Vivo uma história de amor.
Seu desfecho?
Não sei... não estou escrevendo-a...

Gabriel Sales Macêdo 53


XXXVII
Haveria quantos
Lados neste vasto mundo
Que se diz redondo?

54 Poemas de Nome Oculto


XXXVIII
Existem na vida
As coisas essenciais pra sobreviver,
E as essenciais pra viver bem.

Pra sobreviver, basta o alimento e a adaptação.


Pra viver bem, é preciso das completudes
Que variam de pessoa a pessoa.

Eu, por exemplo, me contenho com a poesia


E as variadas formadas de amor.

Gabriel Sales Macêdo 55


XXXIX
Ponto um:
Sou triste.
O que esconde minha melancolia
É a evasão dos pensamentos
- Esta que forma em mim
Uma máscara.

Caminho, bebo, grito,


Choro, sofro, fumo,
Escrevo,
Sempre como se houvesse
Algo aqui dentro
Que quero matar.

Suponho que seja a tristeza.

Ponto dois:
Mas ela volta, assim como
Todas as minhas ações que a matam
Ou tentam a matar.

56 Poemas de Nome Oculto




XL
Todos os outros poetas têm
Todos os outros versos que nunca escrevi.

Admirado, sonhava
Em como seria se alguns desses versos
Fossem meus
(Apesar de saber que eu
Nunca os teria).

Visto isso, junto


Com as vivências,
Não-vivências e
Anseio de libertação,
Explodiram de minha alma
Todos os meus próprios versos.

Gabriel Sales Macêdo 57


XLI
Nestes passeios da vida
Encontrei um menino brincando
Com sua bola,
Estava tão alegre com o seu brinquedo
Que resolvi perguntar sua idade,
Ele mostrou, um a um,
Quatro dedos com a mão direita
E voltou a brincar feliz...

Não sei bem por quê,


Mas só de ver este garoto
Ganhei o dia,
Como se do amarelo tornasse verde.

58 Poemas de Nome Oculto


XLII
Passei a vida pensando que
O tomate era um legume,
Até certo dia me contradizerem.

Foi uma frustração.


Mas sendo fruta
Ou não,
Ele continuou sendo um tomate.

Gabriel Sales Macêdo 59


XLIII
Muitas pessoas têm de aprender
A olhar o que veem.

Por isso a infância é bela,


Nela, as coisas vão muito além de meras coisas.

60 Poemas de Nome Oculto


XLIV
Já não aguento
A sala-de-aula com todas
As suas imposições.

Mas irei partir.


De algum jeito irei partir.

Assim como partirá


Os sorrisos que
Humildemente dançavam
Pelos corredores do colégio.

Gabriel Sales Macêdo 61


XLV
Pra escrever o poema,
Somado, são minutos ou horas,
Às vezes, segundos ou dias.

Para a poesia existir


São anos...
Anos de amores, estudos e vivências...

62 Poemas de Nome Oculto


XLVI
O poeta, acima de tudo,
É o cara que trabalha com a palavra.

Todas as outras coisas


Estão por detrás dela.

Sentimento todos tem,


Ou quase todos.

Gabriel Sales Macêdo 63


II
I
Queria fazer-te meu eterno par,
Amando como nunca foi amada,
Perder-me nos teus olhos e te beijar,
Dizer feliz: É minha namorada.

Queria desbravar o mar que é te amar,


Cruzando o horizonte n’alvorada,
Onde há um mundo inteiro a navegar:
Um mundo onde tu és minha amada.

Porém meu almirante se perdeu,


Nas águas se afogou um mal amado,
Morto por querer (pois amor não deu).

Dentro do peito fez-se imenso nó,


Meu sonho de te amar foi dissipado,
E o que restou foi a dor de estar só.

Gabriel Sales Macêdo 67


II
Tenho em meus braços todo amor do mundo,
Mas não sei por que, só você não vê,
Nos abraços, ternura sempre inundo,
Pintando a afeição por nossa mercê.

Ah se tu soubesses como é profundo


O sentimento que você não crê,
Que juntos, nem céu nem mar são tão fundos
Como o nosso amor que você descrê.

Medo de amar? Não sei nem saberei...


Em mil camas estive a procurar,
Perdendo-me tentando te encontrar...

Se resolveres voltar, que direi?


‘Inda não sei... Tempo é cruel meu bem...
Os olhos se fecham, o amor também...

68 Poemas de Nome Oculto


III
Se eu nunca soube dizer que te amo,
Não pense que este amor nunca existiu,
Meu sentimento vai além do ramo
Desta pequena rosa que floriu...

Escolhi só a ti dentre outras mil,


Pois em tuas pétalas eu me recamo,
Um leito onde todo amor derramo,
Sentindo a primavera mais gentil.

Ah, este meu maldito coração!


Por medo, vive a vida só, sem rumo,
Sentindo a grande dor da solidão!

Mas se quem ama proclama o amor,


Nestes quatorze versos eu assumo:
Sempre te amei como a mais linda flor.

Gabriel Sales Macêdo 69


IV
Se pedires a mim para provar
Esse tal grande amor, que hei de fazer?
Não posso te entregar o imenso mar,
Quiçá toda a luz desse alvorecer...

Sou incapaz de dar-te o luar


Ou as estrelas quando anoitecer,
Creio então que só posso oferecer
O meu jeitinho único de amar...

Amar-te até o fim, se houver algum,


Amar enfim, além de seus defeitos,
Afinal, também não somos perfeitos.

Simplesmente te amar como nenhum


Outro par; e fazer do nosso amor
Indizível como uma nova cor.

70 Poemas de Nome Oculto


V
O amor não aceita
Estas tantas leis do mundo,
-Tampouco as de um poema.

Gabriel Sales Macêdo 71


XXXVI
Vejo, no velho caderno,
Uma parte dos meus velhos versos.

Versos errôneos, feitos


Na euforia da juventude
Do meu ser,
Em momentos
Que não se devia versificar.

Não era poesia.


A poesia ainda não existia ali.

Não havia paixão ou


Fingimento, só uma sucessão de
Palavras bonitas.

Não havia necessidade


Alguma, somente
Quereres sem base.

A poesia, onde está?


Perdeu-se num nome oculto?
Foi abortada na pena do “poeta”?
(Seriam estes realmente versos meus?
Desta pobre alma que grita a
Cada palavra?)

O caderno permanece aqui,

72 Poemas de Nome Oculto


Numa contínua troca de olhares comigo.
Permanece como um álbum da velha família,
Permanece com seus versos quietos, tímidos,
Amedrontados com os olhos alheios
Cheios de rigidez.

Olhar tais versos é como ver


Um retrato do menino
Que fui, cuja alegria consterna
O homem que sou.

Por eles sou eterno.

Talvez houvesse ali


Alguma poesia
Que nenhum crítico visse,
Mais escondida que qualquer
Entrelinha,
Mais escondida que os segredos
Que morremos sem descobrir.

Talvez escondida no coração de menino.

Que sejam feios apesar das palavras bonitas,


Que sejam infantis,
Que sejam leigos,
Que sejam tudo,
Que sejam nada,
Mas que sejam meus.

Esses versos são essenciais


Pra minha História,
Sem eles

Gabriel Sales Macêdo 73


Eu não seria quem sou.

Tampouco existiriam,
Neste e em outros poemas,
Todos os novos versos
De um novo caderno.

74 Poemas de Nome Oculto


III
Poema de um bêbado (ou não)
a certa dama e seu namorado
Quando te vi pela primeira vez eu me perdi.
Nunca imaginei que ia te amar, ou querer te amar,
Ah Fulana...
Me perdi nas tuas sardinhas,
Me perdi no teu sorriso,
Todo dia eu dizia “eu não gosto mais dela, não
gosto não, é tudo ilusão”
Aí eu te via sorrir de novo, e pensava “não, eu
gosto dela, é ela que eu quero”
Só pensava.

Você foi a pessoa que mais queria amar,


E não digo isso pelo álcool que em minha mente está,
Digo pelo amor que no coração não há

Fulano (seu namorado), vai tomar no cu,


Eu te odeio, filho da puta.
Num fevereiro meu amor ia se abrir,
Mas graças a você ele se perdeu, partiu por ai.
Foi desperdiçado por umas escrotas.

Palavras vazias, sentimentos vazios.


Achava te amar,
Mas se te amasse, estaria contigo agora,
Pois quem ama expressa o amor,
Não escreve poemas ridículos quando bêbado.

Gabriel Sales Macêdo 77


Poema pra quem pensa demais
Às vezes, somente às vezes,
O ideal é fugir...
Fugir por um tempo
A lugar nenhum...
Esquecer-se do vazio
Das não-vivências
Preenchido por outros
Vazios tão vazios
Quanto o sentimento inexistente
De um amor vazio.

O ideal é
Ser criança e borboleta
De vez em quando;
Ver um pouco mais
De bobagem nas coisas...
(ser muito sério amesquinha a vida)

O ideal é viver bem,


Fazer da tempestade um realce
A todos os dias frescos e ensolarados
Que houveram e hão de vir.

78 Poemas de Nome Oculto


Poema a um antigo amor

Todos os versos que te escrevi
E todos estes que hei de escrever,
Cada um tão seu quanto meu...

Todos os dias que em vão morri,


Na vaga esperança de te ter,
Perdido num infinito breu...

Tudo mudou.
Eu era tão seu...

Hoje, passado o tempo,


Vejo-te por ai...
Outra pessoa com outra pessoa...

Como me enganei!
Ou você me enganou?

Gabriel Sales Macêdo 79


Poema de uma criança
a sua tia Rosângela
Tia Rosa,
Você é a minha flor.

80 Poemas de Nome Oculto


Poema rústico a mim mesmo
Nessa noite triste e solitária
Em que me vejo do alto de uma casinha
Afastada do mundo,
Fico a observar o horizonte
Em minha frente...

Meus olhos veem tanta coisa...


Uma brilhante lua incompleta;
Os morros desenhando
A bela paisagem;
O verde das árvores
E o balanço sutil
De suas folhas...

Mas não falemos disso;


Falemos de mim.

De todas as estrelas não contadas


Do vasto céu;
De todos os beijos não dados
Por insegurança;
De todos os amores não vividos
Pois a vida assim quis;
De toda a natureza não apreciada
Por pura insipiência.

Ao olhar um céu de tantas estrelas

Gabriel Sales Macêdo 81


Realçado pela linha do horizonte,
Percebo que a vida não é complicada
Como sempre pensei ser...

E aos poucos,
Bem devagarinho,
Vou lembrando
De cada coisa linda que já vi...

Um pai ensinando o filho


A andar de bicicleta
(Como o meu um dia me ensinou);
Um casal de velhinhos
Nutrindo o seu romance na praça;
Um idoso fraquinho passeando
Alegre com seu cachorro;
Todas as moças lindas
Que só de passarem me fizeram sorrir
(Incendiando este meu coração),
Além daquelas que chegaram a ficar,
Mesmo que bem pouquinho...

As folhas das árvores caindo


Como lágrimas no outono...
A visão de mim mesmo na janela
Ouvindo a canção de ninar da chuva...
O vaivém das ondas do mar
Numa noite fria de verão...
E todos os versos escritos
Na infância
Ah... Como é bom ser criança...

Lembro-me da grande alegria

82 Poemas de Nome Oculto


Que é ver algo seu crescer,
Seja um filho, um livro,
Um pé, um poema...
Um amor...

Relembrando de tudo isso,


Desvendo uma das incógnitas
Que é a minha presença no universo.

Por isso, quando novamente


Eu estiver triste,
Seja do alto de uma casinha
Afastada do mundo
Ou não,
Tudo que farei é ler este poema,
Pois ao vê-lo me lembrarei
Que só de vivenciar tudo isso,
Vale a pena viver.

Gabriel Sales Macêdo 83


Poema aos grandes
sabedores de tudo
Estou farto
De respostas e
Verdades absolutas.

Dê-me as perguntas,
Com elas posso aprender algo,
Com elas buscarei minhas próprias respostas
E terei, enfim, uma joia pra guardar.

Admiro vossa sabedoria,


Mas vós deveríeis ser sábios o bastante
Para saber que não existe certo ou errado
- Tudo é uma questão de opinião.

84 Poemas de Nome Oculto


Poema só para Manuel Bandeira
Quando hoje acordei, ainda fazia claro
(Embora a noite já estivesse avançada)
Ventava.
Ventava um triste vento de contestação
Como comunhão e desconsolo ao frio sereno da manhã.
Então me deitei,
Bebi o chá que a criada preparou,
Depois me levantei novamente, apaguei o cigarro
e fiquei esquecendo...
- Humildemente esquecendo a vida e as mulheres
que não amei.

Gabriel Sales Macêdo 85


Carta a Musa
Acho que todos podem ser poetas.
Só pelo simples fato de acordar numa fria manhã de
novembro e saber que tens um amor, o torna um.
Só de saber que lá fora há um sol numa eterna brin-
cadeira de nascer e partir, o torna um.
Só de olhar nos olhos de alguém e encontrar seu re-
flexo, e neste reflexo você perceber que naqueles olhos você
quer sempre se perder, o torna um.
Só de saber que há estrelas brilhando por ai, sem
saber ao certo o porquê, o torna um.
E mesmo sabendo que a vida nem sempre é tão bo-
nita quanto parece, percebe que há sempre novas manhãs,
um sol que retorna, olhos que se reencontram, novas estre-
las, novas poesias.
Pra ser poeta, basta amar.
Antes me considerava um pelas palavras que escre-
via, mas palavras são vento apesar de todo o seu poder;
depois considerei-me um pela compreensão do sentimento
que essas palavras escondiam, nos seus silêncios, segredos
e rimas, mas percebi que também não era por isso.
Entendi que sou poeta por te amar, e não há palavras
que expressem o sentido real do meu amor, por isso termi-
no com um sincero...
...eu te amo.

86 Poemas de Nome Oculto


IV
Um penúltimo poema qualquer
Nestas noites que me perco,
Perco-me de novo ao pensar...

Nessa incansável vida em busca de uma Odisseia,


De encontrar todas as minhas sinfonias,
Morar numa Canaã,
De viver além de estar vivo

A eterna euforia de recuperar todo tempo perdido


Gasto com o tédio, medo, banalidades, amores vãos

A eterna luta para sobreviver,


A eterna luta de viver,

Cada sonho abortado,


Cada esperança partida,
O coração partido,
A vida abortada.

O arrependimento por tudo que não foi feito,


A infinita imaginação do que ocorreria...
Mais sonhos abortados...

Talvez eu deva ser criança,


Talvez eu deva ter um par,
Talvez eu deva parar de me questionar.

Afinal, por que tanta busca?

Gabriel Sales Macêdo 89


Por que tanta dúvida?
Incontáveis incertezas,
Certezas incertas que me cercam,
Tanta dúvida meu Deus,
Que se corrói esse meu coração,
Um pobre e enorme coração

Vida do pão-nosso-de-cada-dia,
De sementes não plantadas perdidas no jardim
Na esperança de um dia desabrochar,

Vida de palavras ditas, escritas e pensadas


Também de palavras não ditas, não escritas e nem
pensadas.

Talvez eu não seja Odisseu,


Nem encontre minha nona sinfonia,
Que o deserto não tenha fim...
Talvez isso tudo seja certeza

Mas se não for?

E se eu for D. Quixote?
Se todas as minhas lutas forem mentais?
Se acredito que é real, que assim seja
Cada um acredita no que quer acreditar
Daí se vem as ilusões
Mas se as ilusões fazem alguém feliz
Por que se desiludir?
Por que abrir os olhos?
Por que acabar com o sonhador?
Por que deixar morrer tudo que se acredita?
Por que desacreditar na vida, que é tão bonita?

90 Poemas de Nome Oculto


A vida é linda!
O mundo que tira a graça de viver!
Assassina o espírito,
Acaba com as vontades e sonhos,
Acaba com um coração,
Um pobre e enorme coração.

Verdade dói,
Perceber que se vive uma ilusão dói,
O processo até se libertar dói,
Mas a liberdade tão sonhada não dói.

Ser ignorante é uma benção,


Quisera eu ser um ignorante,
Claro que os ignorantes não são felizes toda hora,
Mas ninguém é feliz eternamente,
Se fossemos felizes sempre
A felicidade não teria significado,
Mas sendo ignorante, encontra-la é fácil
Talvez no churrasco do domingo,
Na festa do sábado,
No programa da sexta,
No sexo de quinta.

Talvez dormir seja a resposta,


Dormir é a resposta pra muita coisa, afinal.
Dormir é bom... É prazeroso...
Quando se dorme pode-se sonhar...

O sonho é uma realidade,


Todos somos vítimas do sonho,
Seja ao dormir,
Seja ao sonhar,

Gabriel Sales Macêdo 91


Seja ao ser um pesadelo,
Seja por acordar e esquecê-lo,
Seja por nunca se realizar.

Já quis ser marinheiro, detetive,


Advogado, lutador,
Cientista, arqueólogo,
Jogador de futebol,
Até padre já pensei!
Hoje não sou nada disso
Mas tenho em mim um pouco de cada profissão.

Mas sempre, independente do que ocorrer


Meu ofício é ser “poeta”
(ou o cara que versifica).
Escrever quaisquer poemas,
Poetizar,
Sentir,
Pedalar.

Minha sina é amar a poesia


Em todas as suas formas,
Ser seu eterno amante
Ser um ser

Creio que devo parar de pensar


E então, somente amar...
Amar cada verso, cada rima,
Cada amor, cada momento,
Deixar fluir cada palavra,
Fazer da pena meu coração
E da tinta que dela sai todo sentimento oculto
Escondido nessas noites perdidas

92 Poemas de Nome Oculto


Que me perco pensando

Ainda vivo minha história


Não vivo a de Odisseu, nem a de Abraão,
Quiçá a de Beethoven ou D. Quixote
Suas histórias já acabaram,
Mas eles permanecem.

Já ouvi várias vezes


Que partimos
Desse mundo
Sem levar nada.

Decerto,
Mas não é por isso
Que nada possamos deixar.

Cada um deixa o que quer,


Por isso deixo a vós
Meus poemas de nome oculto.

Gabriel Sales Macêdo 93


.
.
.

De que vale um nome a essa página do livro?


Aliás, o que seria um nome?
Ou um título?
Ou um apelido?
Ou uma palavra?
Ou tudo aquilo que preenche este curioso e incer-
to Universo com mais vácuo
Do que estrelas?
E planetas,
E astros,
E versos,
E poemas,
E manhãs,
E rosas sem cheiro,
E pessoas que carregam seus nomes dados por
seus pais (ou seja quem for) até depois do caixão,
E as sem nome,
E as que nomeiam a si mesmas, pois não conse-
guem viver com o fardo de não ter um.
E todo o restante.

O que há, realmente, num nome?

Pedra é o nome da pedra, que é uma palavra que


representa a pedra;
Água é o nome da água, que é uma palavra que

94 Poemas de Nome Oculto


representa a água;
Palavra é o nome da palavra, que é uma palavra
que representa o nome.

João é o nome de João, a pessoa de carne, osso e


alma (talvez). O João concreto que é visto não é
uma palavra (ou pelo menos assim se supõe, se a
palavra for restrita à gramática e à sua definição
do dicionário, que é repleto de outras palavras e
definições).
João não deixa de ser João se chamar-se José,
João não deixa de ser João se chamar-se Gabriel,
Nem se se chamasse Maria, que é nome feminino
no Brasil e em outras partes do mundo (mas seria
ridicularizado por chamar-se assim)

A pedra também não deixaria de ser pedra se se


chamasse água ou estrela (mas se João chamasse a
pedra de água ou estrela iriam o contestar, dizen-
do que a pedra não se chama água ou estrela, e
sim pedra).

- Por quê? – Pergunta João, que é outro que vê


mais um porquê nessa vida de porquês.

E José não sabe responder,


Nem Gabriel,
Nem Maria,
Nem Fulano ou Beltrano,
Cicrano sabe, e seu vizinho também, e ambos
acreditam em suas respostas, apesar de não terem
todas as provas, números, etc. etc.

Realmente há várias pedras na vida.

Gabriel Sales Macêdo 95


Afdsdoede
Ataeh
Qesvppvv

Para uns, estes três versos anteriores com essa su-


cessão de letras do alfabeto latino, juntos, formam
palavras e/ou nomes de significado profundo;
Para outros, são inúteis, nulos e vazios.
Cada um valoriza e denomina o que quer pelos
motivos que lhe advém,
Assim são as poesias e nomes da vida.

96 Poemas de Nome Oculto


Índice
I
I. Não tenho alma de poeta.....................................................5
II. Neste instante.......................................................................6
III. Não só quero.......................................................................8
IV. Sempre tive a mania...........................................................9
V. Nunca, a uma amada, criei um soneto.............................10
VI. Às vezes, quando criança.................................................11
VII. Avistei, certa vez...............................................................12
VIII. Eu, quando jovem...........................................................13
IX. Por que você fuma tanto? Eu mesmo..............................15
X. Faço poesia a partir do meu cotidiano.............................16
XI. Tudo, tudo que quero........................................................17
XII. Se desejares fazer poesia..................................................18
XIII. Há muitos porquês na vida............................................20
XIV. Em minha escola havia um jambeiro............................21
XV. Certa segunda-feira..........................................................22
XVI. Meu primeiro amor, se assim posso o chamar............23
XVII. Não sei ao certo se a vida é curta ou longa................24
XVIII. Se os outros vissem o mundo.....................................25
XIX. Uns dizem que sou bom “poeta”..................................26
XX. Eu costumo dizer que.......................................................27
XXI. Antigamente eu andava.................................................28
XXII. Ora, não diga que poeta escreve poesias....................29
XXIII. Aprendi com meu pai a...............................................30
XXIV. Sinto tanta saudade, meu benzinho...........................31
XXV. Se tenho um parafuso a menos.....................................32
XXVI. Desculpe por me apaixonar!.......................................33
XXVII. Embora tua beleza foste embora...............................34
XXVIII. A beleza está nos detalhes........................................35
XXIX. Tudo, tudo que escrevo................................................36
XXX. A noite vem.....................................................................37
XXXI. Quando a chuva cai......................................................39
XXXII. Das poucas certezas da vida......................................40
XXXIII. Por que viver? Pergunta............................................42
XXXIV. Dói lembrar-me da criança........................................44
XXXV. Há na vida várias pedras............................................45
XXXVI. Escrevo Vivo uma história de amor........................46
XXXVII. Haveria quantos.......................................................47
XXXVIII. Existem na vida.......................................................48
XXXIX. Ponto um.....................................................................49
XL. Todos os outros poetas.....................................................50
XLI. Nestes passeios da vida..................................................51
XLII. Passei a vida pensando..................................................52
XLIII. Muitas pessoas têm de aprender................................53
XLIV. Já não aguento...............................................................54
XLV. Para escrever o poema....................................................55
XLVI. O poeta, acima de tudo................................................56

II
I. Queria fazer-te meu eterno par...........................................58
II. Tenho em meus braços todo amor do mundo.................59
III. Se eu nunca soube dizer que te amo...............................60
IV. Se pedires a mim para provar...........................................61
V. O amor não aceita................................................................62
VI. Vejo, no velho caderno......................................................63

III
Poema de um bêbado..............................................................67
Poema pra quem pensa demais.............................................68
Poema a um antigo amor........................................................69
Poema de uma criança a sua tia Rosângela..........................70
Poema rústico a mim mesmo.................................................71
Poema aos grandes sabedores de tudo.................................74
Poema só para Manuel Bandeira...........................................75
Carta a Musa.............................................................................76
IV
Um penúltimo poema qualquer............................................78
....................................................................................................84

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