Campello Simplicidade
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Introdução 13
Fonnezizonogrâfizzz 155
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só as W na czpzza
Dzmâu do Rzczfz
INTRODUÇÃO
até para os produtos transplantados, ja prontos. de Portugal. iiiuidas. nem se sujeitavam a sistemas construtivos imposf
Mas devia' se também a um modo de fazer e de se expressar iii» pcla estandardização e outros conceitos ortodoxos. Nosso
proprios daquela sociedade em formaçao, O que me parece iiiiicesso de industrialização era. então, incipiente e o mo-
É que, independentemente dos estilos arquitetônicos e dos i›ii~iiio social e politico contraditório. Os resultados alcanf
programas de construção, mais ou menos vastos e importantes, ‹ ,idos pela nova produção arquitetônica eram inovadores.
desenvolvidos na Colônia, a necessidade de atender as con› iiiiis o despojamento e o gosto pelos espaços simplificados.
diçoes do ineio, as dificuldades materiais e o anseio de exe iiiiic estávamos habituados, prevaleciam nas respostas mais
pressas própria. impiznzio zi utiiizaçâzi dos zmiztiizis pmpâf |›i~z›iiize›e, ioaaviz, izivemivaâz sem deixarem, contado,
de
cios a esse fim, foram impregnandofos de um valor próprio, aiiistêirem-se ao meio natural exuberante e ao teor de uma
de expressividade insuspeitada. ¬iii'ii:iladc de origem paradoxalmente barroca. tanto em
sua
Alguns desses atributos, independentemente de fases e i iiiiiplexidade quanto nas suas aspirações.
estilos arquitetônicos, é que parecem conferir uma caractef i\la assimilação do movimento racionalista, com que
se
ristica própria.pecu1iar,a arquitetura feita no Brasil. Não só .il iiiiziiwa criar uma imagem para o pais do futuro,
recusava
às construções do periodo colonial, também às construções ×i› seu rigor formal delimitativo. atenuava›se a inflexibilidadc
de seu caráter cientifico e não se dispensava a imaginação. i recorrentes, mesmo nos panos de vidro e !m`se7soleils. e por
A "máquina de morar” havia de scr telúrica e a forma havia uma adesão imediata ao anibiente. E é isso que neles seduz.
de seguir tanto a função quanto a fantasia. Como nas cons7 Mesmo que fossem objetos de feição não7usual, inesperada
truçõcs do periodo colonial, de persistente feição terrena. e, em muitos casos, rompessem com os traçados
convenciof
sóbria e retilinea, de origem renascentista. a qual se vieram nais, não eram estranhos ao lugar e ao meio; pareciam in7
sobrepor, com surpreendente unidade e coesão. os elementos iroduzidos naqueles sitios por direito dc ali estarem. Atraen7
da arquitetura barroca e rococó, a chave desta peculiar uni7 lt-s e ligados a terra. eram como flores raras desabrochando
dade e, a meu ver. desta caracteristica tipicamente brasileira. nu rnjardim silvestre.
foi e ainda é a simplicidade. Esse atributo. capaz de se ma- Essa fase áurea de nossa arquitetura moderna seguiu7se.
nifestar nas condições mais complexas e variadas. parece inef i-nino sabemos. a uma primeira reação ao ecletismo do 1ni7
rente ât nossa experiência cultural no campo da arquitetura, ‹iio do seculo XX. A essas construções ecléticas de origem
Aesse propósito. vale lembrar um comentário quase prosaico ili fusa, os nacionalistas conservadores quiseram contrapor o
de Ciedion sobre o periodo modernista: amaiorpzme dos ar' i si ilo neocolonial. Mas o rumo
de um novo caminho Já po7
quitetos lirasileirospurece ser capaz de resolver os diversosprolile- il ui ser vislurnhrado com o aparecimento de
construções art
mas de um programa complexo com uma planta baixa simples e zliico, com a vinda das primeiras estruturas de ferro para
tca7
i i... Wiàzia z Àfquirêfufa concisa e cones claros e inteligentes* liiis e estações de trens. e mesmo, nas construções correntes,
iiiiliiii 'i° 5'5'li “E Não obstante a entusiãstica receptividade aos principios com a difusão do uso do concreto armado, constituindo7se
M WM MWM' p 7 formulados por Le Corbusier e a permanente curiosidade em no que poderíamos chamar de fase protomodernista.
para nos
torno das ideias difundidas pelas vanguardas européias. ainter- .iltirinos àquela denominação convencionada. Essa reação ao
conceitos pelos arquitetos brasileiros i iilclismo tornou7se mais evidente
pretaçâo de novos a seguir, com o episódio
seguiu um caminho próprio, certamente influenciado pelos .olzido da arquitetura trazida a São Paulo por Warchavcliik
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movimentos de vanguarda no pais atuantes desde a década de imi arquiteto de origem russa que chegou ao Brasil vindo
igzo. Esse caminho, muito mais do que a especulação teóri7 il‹- lloiria 7 e com os projetos de inspiração futurista
dos ar7 /\'Í l
ca de questões sociais cu tecnológicas. buscava a expressão iiiiiliilos ligados ao movimento cultural paulistano de i922.
Yi» limiristas não chegaram
brasileira de uma nova situação material e social, simultanea7 I
a construir suas concepções ou7 - i|,l,§,. i
mente com a assimilação de novos temas culturais 7 reais ou .i‹l.i.s~. So Warchavchik realizou as primeiras
obras aclama7 l .Q
utópicos 7 e avalorizaçâo de uma inventiva local. Essa arqui7 il ii» iuilos intelectuais de vanguarda como algo inteiramen7
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tetura era ecologicamente realista. na medida em que os ob7 ii- iiiivo c diferente (1). Eram casas submetidas aos principios
i V M""" 1
Jem construídos nâo buscavam uma integração miméúca com .iii W i-sima, defendidos, sz›izretuafz,pofAso1fLoos fz pela pr¡›
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a natureza mas se constituíam em artefatos idealivados para iiii-irii Bauhaus e, no entanto. algo parecia aclimata7las ao
aquele meio; eideologicamente romantica, na medida em que ii‹ii›¬i› meio. Isso se devia, em parte. à manifestação
de um
os seus produtos exprimiam as vantagens sociais e culturais pos' iii ii .I ii notável pela composição harmoniosa 7 onde nem
mes7
sihilitadas pelas novas concepções e novas maneiras de cons7 iii‹› I.il iziva a intenção programática especificamente local
e
truir. mas restringiarrrse aum campo limitado, isolado. como i›i.iirii iilo da simetria, como observou Hugo Segawa* 7 e, cer7 1 em Azquitzitm ii., W.. ii
paradigmas de uma situaçao ideal. Os exemplos mais notaveis i,i iii‹~m‹i, a preferência por uma feiçao tropical para
os seus
dessa produção arquitetônica atendiam um programa gover- i ii il i ns, mas se devia também. creio eu, as limitações mate-
namental de modernização do pais. No entanto. ainda que ii iii. i|u‹: impuseram adaptações e simplificações, como con7
concebidos segundo uma nova tecnica. e a par1ir de uma nova li .-›,i i izi depois o próprio arquiteto. As suas
primeiras casas
liberdade estética, caracterizavam7se por uma força expressiva i ii i i¬i:i.s traziam para o efervescente ambiente
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do modernismo
simples e direta. pelo apego amateriais, gostos e modos de fazer I›i .iwi li-i ro os conceitos formulados pelas mais influentes
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na década de 1930. ,
como o edificio da ABI (3), de Milton e Marcelo Roberto, e -om que se articulavam, e com os altospilotig dšjxados if
a Obra do Berço. de Oscar Niemeyer, ambas no Rio de Ia' ires. criando um espaço fluido, aberto. interligando os doi
zieiro; ou os pequenos edificios públicos construídos por Luiz tm tos em que se dividira a esplanada. Tal elegância feita dê
Nunes, no Recife (ti). UBS qlll os principios expostos nas izmrisoes. singclezas e transparências era de cunb o li rasif' ` ^ >
conferências realizadas pelo rnestre francês eramutilizados lwtm, diferente da elegância sofisticada do mestre frances.^
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com iimz iiiigiizgem própio, nitidamente iriueiieisazi pelas
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,i um barroco brasileiro, singelo, espontâneo e terreno.
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ii trio isolado; mas reeditava com uma nova linguagem 7 - = .›'›f
izi :it-ii. elegância e simplicidade com que se exprimia a esca›
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l iimdiadora entre a terra. o homem e a fantasia. Na síntese
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Foi essa inusitada elegância brasileira que imediatamente i ›‹ .i hu Lírio já experimentado como nas igrejas ouropretanas
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havia revelado Q seu estilo pessoal no Pavilhão do Brasil na ›- it‹- mpclas nirais. em Minas. São Paulo e no Rio de Janeiro.
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Feira Mundial deND,,aY0r1< (6)‹ de 1938, realizadoluntamente i ii,i ilolicadeza com que ai linguagem do rococo fora inter~
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com Lúcio Costa- inaugurava uma arquitetura na qual aquela iii i-t,i:t:i pclos mestres da civilização do ouro, Contudo, esses
1 `.;¿ :Á elegânm S¡mp1eS E concisa ganhava um novo encanto com ii i ilziiuis, eu¡e cerne e a simplicidade. que na arquitetura de ., ¿¿__.¡z° ,,,
.` . 'WM as curvas e a leveza de seus arcaliouços. que ao explorar a lli-›iiii~y‹~r 7 em face da inegavel presença dalsensualidade e z,"¬;›;~¬i,. :,~=z›zj›¬¡ gzl = ` *¬
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e s ignificado de cada um daqueles edificios. ii i|iI.| que toscamente expressos. nas construooes
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simples
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os coridiçães sempre novas de um país sempre emjose deforrriziptio. ..
ii carater proprio que a arquitetura moderno brasileiro rapidamente
iissurriiu... também eszciva ligado a essti trudição Isso sem dúvida ^ Arquitetura ziizzziwti ii ii i ii
za verdade. mas é certo também que os projetos neoclâissicos “D °“' ” ”
Frazieesa e de seus discípulos ao-
f uenoia do ambiente natural e cultural,
v tido ela a ser resolvida, nos melhores exemplos de entao.
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com
.i simplificação a partir da qual se viabilizavam. e da qual
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:ÀZi~I\r/Êzšlaèpibem uma nova expressão. Qs projetos de Graridjea-iq
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mesmo na arquitetura erudita. de tradição conservadora. trazida
pelos portugueses. atraves, sobretudo. das ordens religiosas.
Encontravamfse. mais precisamentei em estado latente. no “
ladora tanto sobre o futuro do movimento modernista quanto sfišäñäm ` " `\,›¿¿_`Í¿i Ê.. L” *_ '
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cem ter sido. desde sempre. a singeleza, a concisao e a ola- ___^^:”"'Í"' .'* 'M ” “
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reza. No ambiente eoizmiai. eiee aezomam da matieiaaâe .ie
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meio e também de uma tradição a que estava aferrado o cof ' ` V ` A
lonizador. a qual nas obras de maior vulto, se traduzia em ¿f¿ "`”' “' il
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(20), para citar exemplos de momentos diferentes -.¬._ ‹-¬'pi\ços semifabertos
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e inteiramente despojados
of ` " Na produção geral da fase áurea do movimento moderno. tt rw thus de proteção
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contra o sol dos edifícios para habif
I ep 0 atributo da simplicidade, em suas expressoes di*/õrslfl' tt to-t, wzilctivas, projetados
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por Lúcio Costa para o Parque
=fÊ*=>-ë='5›= ,› nadas intrinsecamente brasileiras e no entanto universais. .mito (25) c por Eduardo Keidv para Pedregulho
,›,,§¿=* (26), não
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na medida em que alcançavarn um significado poético, ese lt .two nvgar a influência de um gosto de extração popular,
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is tava presente desde o proleto do edificio daAB LE Eri mui-
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H. M z mi :uso
»- ancestral, de cunho arnerindio e mourisco. t » - -
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também em Friburgo (28). ambos da década de 194.0, utili-
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xaram-se tecnica tradicional. materiais rusticos e uma graf
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El I maiica modernista impecavel.
Esse conteúdo de extração popular vem de uma tradi_
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ção arcaiea. inerente a formação de nossa arquitetura. Desde
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nesse puseuúo. O entrelaçamento entre culture popuiaf e
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v-rudita era um fato irrecusável. Seria quase impossivel de7
~ :Pe _¿¡ ›:¿‹ -_ . , Imir. para o periodo colonial. a fronteira entre essas duas
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‹-srravo e do índio nas construções eruditas. mas improvi7
" I.
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x Gxvm *miss de entao Ounos mestres pedreiros pintores e escul-
ones rnulatos e mamelucos das cidades do ouro e mesmo
‹I.|×v gr an des cidades do litoral. Basta pensar
*
na acao interativa
"“ } " "` ‹-me as duas vertentes 7 presente em qualquer desenvo1vi›
¬ ~= ; mento social e cultural 7 mas ue entre nos foi estimulada
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|›‹-là necessidade de improvisação e de adaptação ao
meio.
H islzi lembrar. além do mais. que entre
za nós. o vigor das cria7
im-s populares foi, e continua sendo. alimentado por
im-
piikos étnicos e religiosos de importantes extratos culturais.
I›.¬ilc os índios e os negros de diferentes origens africanas
uz» colonos humildes das zonas rurais de Portugal.
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em
,,,..,›' z. 'lzilvez se possa dizer que, entre nós, esses impulsos por
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‹ i.§§'tR` pul.u-es 7 que a seguir foram alimentados até pelos colo-
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ow. «iv imigração européia e asiática que se viram na con7
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m|;;‹~›u:ia de acomodar suas concepções tradicionais
ao
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iu ii zz meio 7 alirnentaram. em todos os tempos.
as criações
.mil ms ' iE stas foram se tornando genuinamente brasileiras
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. . ii mol iius foram se espraiando nas cidades do litoral, e por
de Afzúfsae
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toda parte. com raro senso de realismo e capacidade de adap- vai-se tornando mais complexa e permanente com o esta,
tação. Mas sobre elas refluia a capacidade criativa dos co- belecimento de uma sociedade desigual de senbores de ter
lonos rudes. dos indios. dos negros e sobretudo dos mesti- e de escravos negros e indios, com a forte presen 3 das of
ços. Refletindo-se na arquitetura dos franciscanos. mais dens religiosas umbilicalmente ligadas ao poder feal e
abertos ao traballio coletivo. Ou na contribuição dos índios meio aos conflitos entre a prepotënzia dos âhasmdos el a sff
escultores e entalliadores das rnissõesjesuíticas. E. defini- jcição dos humildes* esse amhumy wmradmmameme
tivamente. com a arte dos mestiços. no rococú mineiro e nas enriquece e, de algum modo. se impõe. Os cenários es led?
ilorosos de representação do poder material e espiritual ue
capelas das ordens terceiras. em toda parte.
sv poderiam esperar ostentatórios. distanciadoseexclusiigo
Em todo esse processo de desenvolvimento de uma
eram, por assim djz@1~,¿¡tenu¿¡dU5.e se wmavam mms Comil
arquitetura que. sem embargo de sua constituição híbrida,
guarda inegavelmente urn caráter intrinseco de coesão e uicativos sob a égide da simplicidade. Esse era o veícul
at raves do qual se manifestavam já não apenas a ersis?
unidade. o apanágio da simplicidade parece ter sido afcrça
aglutinadora ou. se quisermos. o veiculo redutor auma ex- Ivncia de uma tradição cultural portuguesa 7 ou seíeilefiz
pressao peculiar. tipicamente brasileira. Com certeza. foi r‹ tusticidade daquela sociedade, e de algum modo se abria
f
ul.t‹I‹- beleza. a Slmp
tetíinica brasileira. Todavia. o que se constata é que a sua t-
¬
V
1
do colonizador, senão com a sua cultura e a sua indole. enf Os estudos que se seguem não säo. todavia, análises
controu na Colônia e no ambiente por ele criado, favoráf Htilisticas. históricas ou sociolúgicas de nossa produçao arf
velas misturas raciais. étnicas e sincréticas, um arcabouço ‹|mtetônica do passado. Eles pretendem ser, simplesmente
social propício ao seu florescimento e transformação. Desde uma apreciação ou. melhor dizendo, uma leitura de alguns
logo adoçandofse e amaneirando, ou despontando depois objetos de reconhecido valor histórico e cultural. sob a ótica
‹|‹- um arquiteto. Esta leitura e que teve naturalmente de
em momentos, estilos e circunstâncias diferentes. Resplanf
decente. nas construções religiosas dos séculos e XVIII ‹›;›oi.arfse nas informações adquiridas através da análise da
igrejas dos aventureiros e mestiços da civilização do l›| Iiliografia corrente, assim como nas impressões cultivadas
ou nas
ouro. Pura, nas casas de fazendas dos bandeirantes. Concif pr-la memória, em decorrência de múltipla experiência prof
liadora, na arquitetura neoclassica da Missão Francesa. lwsional Portanto, não se espera oferecer nenhum dado novo
Adequada, nas obras do movimento modernista. Preciosa, do ponto de vista da história da arte. nem das origens ou do
rI‹ wnvolvimento da arquitetura analisada, nem sobre autores
na arquitetura de Niemeyer.
.vi ljuitetos ou artifices, nem sobre a historiografia pertinente
Apartir deste ponto de vista é que procurei escrever os
dois estudos aqui apresentados sobre arquitetura religiosa no I que se deseja apresentar é uma visao 7 tanto quanto posf
V
período colonial. Seus temas foram escolhidos mais por afif ¬w‹-l fundamentada. abrangente e crítica 7, mas uma visao
nidade eletiva do que por alguma razão cronológica ou sisf pf-ssoal dos objetos enfocad os, na ooncretucle em que eles se
temática. O primeiro estudo voltafse para as construções ~I‹¬rt:ccm aos nossos olhos. e também em sua relação com o
franciscanas no Nordeste e focaliza principalmente os conf M topo e o espaço a que estão ou estiveram integrados.
ventos mais importantes realizados entre os séculos XVII e Talvez seja por isso 7 por estes estudos fugirem 305 mu.
XVIII. Eles se caracterizam por um estilo de construção ref ‹l‹ I‹›¬ correntes de um ensaio ou de umapesquisa 7 que neste
gional a que Germain Bazin denominou de Escola Francisf lu to as esperadas conclusões vêmlogo no começo e não no
cana do Nordeste.Apropósito. confesso minha atração. de lim E que elas são, na verdade, reflexões que se foram
longa data, por essa arquitetura dos frades seráficosz sobref I-Ivlisxindo em convicções. É com elas e a partir delas que
ou dvbruço sobre os objetos em questão: construções franf
tudo pela composição de seus espaços a partir de elemenf
vn nas e jesuitioas no Brasil colonial.
tos convencionais dispostos em arranjos tao simples quanto I 1
`
' As ze
ilcndirnento de funções práticas e simbólicas. lsso não era ram-e izvzfer ae iamzie
.mão um cenário arquitetônico improvisado. a configuraf "° °°“_05 f“'“'5*?"°* ” ^`
fezmrgee ao ame, mirrmm
i-Jiu dc um recinto religioso eem me fmz nómees rir
,.mrrre¡r‹› eerrérre rnerrtzete rie Brasil pare assimilar- um mo› '1@'f“°**“@"°f'= ”°"° SHW*
A mimeim em iõiõ. «ir rim»
iii‹-nto solene. de manifestação do poder terreno e espirif «see-5 portugueses, nim
iii.-il. E se dispuseram a fazeflo com meios simples, ajustando- d““°“¬° '°` °
zeaimiz, em
“""`”i J
ms, rm arm
.is circunstancias.
‹~ fizúer iiziizmr. temia um
Logo a seguir, em varios pontos do litoral brasileiro. W” 3“ '““W°, “l ""W“`“
de tm no. que mn «mio tz
r›me‹;aram as açoes isoladas dos ni tssionarios da Oi-dem dos
i no du em Supóñs W..
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í i\ <›iit.âzi os zuâiozia mia menores foi o de Nossa Senhora das Neves de Olinda. em ' ,Qi 4ãfl .z as
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*'*‹`*'*'^"'“'°'°'““*'““; 1585_' apószicnaçaa ' em Pzmambiizade iimazasiódiaâiibz '
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5 iiafi, i~.‹. taizitiiio Priiwiziai metida a provincia de Santo Antônio dos Currais. em Por'
e O """`5"° gml da “ld” la tugal A partir de então, muitas igrejas e conventos foram
i»‹ii<.itz, ia raio ››zi<-fiz,
rio Wiz .iiizi ea santa caiam construídos pelos frades seraficos. sobretudo no Nordeste.
“:*“°“° ° *@“'W° Nada restou iii feiçaa origmai dessas primitivas aims-
<.~.mizâ.iiio, mas esta se ziiêgzzii
z oiiiiria, zzampzrii-aaa az truçoes. Mas podemos ver algumas delas, tal como eram na
primeira metade do século XVII, nos quadros de Franz Post,
a:C“l
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vzea ssiieiz az; tizza,
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iszaiii muito de em ““daria
Ninguem dira que a iconografia criada pelo pintor de Nassau
~ que produziu muitas de suas telas já de volta a Holanda com
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estada nos trópicos não seja até enriquecida pela memóf
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”^"“` al se abwa' ° ”“"'E”° 1. g'
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dizemfnos alguma coisa mais do que diria um frio documento ji ii io quadrangular z, a presença desses primeiros conven-
de epoca. Assim como a reconstituição do cenário da Pri' iii siilta avista quando examinamos um quadro do pintor hof
¬
meira Missa, segundo a visao de Victor Meirelles (i), um liiiilôs. As suas imagens são do período posterior a invasão
pintor do romantismo. que construiu a sua composição no iii incêndio de Olinda, e mesmo que algumas dessas consf
‹
final do seculo XlX de acordo com modelos da pintura iiiiíics estejam sendo mostradas ainda incompletas ou
i i
européia. toca o nosso imaginário como uma verdade já conf il iiii I`icadas pelo fogo ateado. as reconhecemos (2>‹
sagrada. uma versao com a qual compactuamos. Somos le› Não é quase nada 0 que distingue essas construções
‹,=..*=-' ššif ¬ ' » vados pelo olhar afetuoso do artista a absorver a cena imaf li iiiriscanas de todas as demais, sobretudo das outras igrejas
il--¬» j‹-suitas e carmelitas, que também aparecem nessas pinf
jij ' ginada como a transcricao de um testemunho real.
Nos quadros de Franz Post, onde o toco da atençao esta ii‹i.i~., com seus frontões triangulares e suas portadas ma'
^¡” sempre a distancia, as construções franciscanas não aparef ii‹ iri×ias. abrindo diretamente para a rua. Mas na obra picf
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'“ äz ,¡_~;_:¬«}š.f,,_¶¿¡» Íjy cem em primeiro plano. Elas fazem parte, quase anônimas, iiii iizi de Franz Post. sobretudo naquela produzida após o
" dos conjuntos de edificações dispersas na paisagem ou aglof ii ii-torno ii Holanda, a partir de anotações e amparadas
i
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j meradas diante de um longínquo horizonte. Mesmo isoladas, iii-i iiiiia memória afetiva, essas construções tipicamente
como em alguns casos, elas são pane de uma composição cujo l iiii-iscanas aparecem até em lugares onde não é possivel
i
tema predominante continua a ser a paisagem. Dispostas assim, - ziiiiii imfar a sua existencial Numa de suas telas vêfse a igreja
ao lado de outras edificações 7 formando aqueles conjuntos ili iiiii convento franeiscano riãofidentificado com alpendre
homogêneos, quase uniformes, das construções brasileiras iii-ii» iilto. de elegantes colunas toscanas, cuja fachada é `êÃ' ~¬ ' -f
do começo do seculo XVll¬ elas não são reconhecidas aprimeira i‹Ii-iil iizzi de uma capela ao lado da casafgrande de engef
.ši *<I“f"¬-¡Í›'f '
vista, e um olhar desatento não as distingue das outras igref iiliii, representada em outra obra. sendo ai as colunas d O `
. JJ l
lei-isticas peculiares 7 o bloco singelo da nave com o frontao ii i tw roin a construçao quase rústica da casa senlioril (3) , 3
fm
Sabemde due 0 alllendfe ffemal efa ffeddeme nas “Pelas ruivo meio e at novas inllueneias, numa acomodação espon-
Tdfale e Dee Íãfeiae daddele Pefídde- e eahemde tambem que i.mt:a, sem artificialidades, Em sua evolução, e tambem
ee erele enem às mae' sffide de esehe eram muitas r ri. sua eonstanria, esses prerlioed os vieram zt se constituir
\'E2eSfeT'~'0f05ameY1Ye Cuíddde edm dm lfdedmemd afddí' numa caracteristica inerente a boa parte da arquitetura rear
tetônico especial. Contudo é irresistível imaginar que na i,,¿,¡1¡r no pm-tudo ‹;010m31_que ao adaptapse às Condições
fememewzä de Cem* plsie H que ee feleef- e Pie' r iimatieas e aoolner inlluêneias étnicas e eulturais liibri-
tor holandês rcpetisse mais frequentemente, ou em situa' ‹I.i¬› não perdeu aquelas qualidades de simplicidade. de conf
ções especiais. as caracteristicâts peculiares das construções 4 ,gn E de eXpr¿Ss¡,,¡¿a¿¿ terrena' Chã, de semrdo W016.
franeíseene. zzu-ri. isso veio a se oonfigorar oonio uma vertente, ou ooino
Na verdade, essas características estavam presentes em ,, ,H r,3]0¡« Subjacenrey de algum modo presente em toda a
trópicos, de arraigada tradição popular, salvo esta ou aquef ,ip mundo E até às própr-nos regras da ordem.
Í
la igrejajesuítioa ou earmelita. ou ate traneisoana eorn seus An; meados do Século XV11 O programa de eonstruçõos
cunhais e imalha de areit pørtds enwlhadas
e Suas f .iris traneisoariosjâ se estendia por todo o litoral. Sua maior
um serem eleee Uniforme de Simplicidade terrena exime- .oiir-oritraeâo era na regiao Nordeste. oorri destaque para os
sividade direta e afinidade com o ambiente natural, Mas os . ,,,,\r¿nmg de Salvador, Recife, Paraiba, Igaraçu, lpojuca e
conventos franciscanos reuniam essas características em conf t ii “dar O Primeiro a ser .zonezruírlo Mas [ora dessa área já
,
juntos liarmoioiosos e integrados a paisagem de forma mais ri elTe 0\1fTUe~ 05 e°YWeUf05 d° RÍ0 de lâ~
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dfäâíea- AU aC01he¡”r expllelfamemer dddele Vdeabdláfíe de ›u¬iro. de São Paulo e. numa implantaçao tipicamente medieval l' lizäâ
efdfaead P°P“la1`i mazide dd Relnd dd adm hdbfldameme r› tipicamente franciscana, o convento da Penha, no Espirito fr
implementado, suas edificações impregnavam-se de atributos wrmrow enzasçladg no alto de um rocliedo (zp). Em todas ese 4 ¡ "M
Peeee wie ffetefie em uma fmidde male eeretãea os oonsn¬i‹;ões_ os prediearlos tia sirriplioiziztzle e da afinirloe
50111 3 terra e a geme da Íeffa tlt- com o meio ambiente estavam presentes e foram depois
Taís elríbuws vistos aí em Sw estado hrHi0.1ieil«1i> .irltiptandozse e desenvolvendorse de aoordo com novas solici»
nham Peffie H Sue faiz híetefie na tfadleãv refisvee r..t¡ões. novas eirounstânoias lnstórioas e novos estilos, sem
“ na Wa dfddítelma PdPd1a1` aderente ad embleme “auf wtintudq se afastarem do apego abeleza terrena, especifica de
ral e aos condicionamentos locais. na economia de meios ,N18 lugirry que OS framiwrnos ctrlzivavam.
e na simplicid :ide pragmática de suas construções, mesmo Esse programa 31-refcceu em muitos pontos no período de
aquelas de erâçãø emdltfn aferrada â permeneie dO o t-t-ssâo correspondente ao dominio espanhol e. no Nordeste.
g°5t° e modos de fazer A ade*l“3ea° deeeee Pfedledee ad ‹›tiegouapal'ar completamente, sendo alguns eonventos aban-
desenvelitimente das construções na Colónia devwse não riorratlos oorii a invasào dos holandeses. Mes a partir de ióó5,
somente it inevitável continuidade daquela tradição, mas rrr,r',5 8 Resrauração G A expulsão dos amerrgosa um áureo pe,
i=\"¬i›‹'~"i fi mlebiliflfle em Give elas drtrmfe a um ziorlo de obras rlesenvolveozse. até o final do séerilo xvlll.
Nessa fase, marcada pela descoberta do ouro que provocou
grande mobilidade da população, efervescência social. pros-
peridade econômica e uma "explosão do barroco". os fran-
cisoanos desenvolveram, no Nordeste, longe das areas de mine-
ração e fora da influência inais direta da Metrópole, um
programa de reconstnições e novas construções que surpre-
ende pela originalidade.
Essa originalidade decorria de muitos fatores, Entre eles.
o desejo de criar uma imagem nova para os conventos.
justificada pela conquista recente da independencia da pro-
víncia de Santo Antônio, em Portugal. com a criação de uma
custódia no Brasil. com sede no Recife. Mas, certamente,
a fidelidade àqueles predicados desde sempre cultivados
pelos frades seráficos de cultura liispânica, a sua atitude `