Motores de Tração
Motores de Tração
Motores de Tração
ABSTRACT.................................................................................................................................................... IV
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 1
2. PARTE MECÂNICA................................................................................................................................... 2
8. CONCLUSÃO ............................................................................................................................................ 91
Resumo
Abstract
The electric traction motor is a different motor in comparison with other types of
electric motors. Mechanically, the electric traction motor must be stronger and its
construction more compact. Electrically, the traction motor must provide high
torque and it is interesting that the motor become a generator (regenerative
breaking).
The steady state of an electric traction motor depends on the tractive effort and on
the speed variation. The tractive effort depends on the train resistances.
Until the seventies, the electric traction motors used in subway systems were
basicly the series DC motors. With the developement of power electronics AC
three-phase motor (synchronous and induction) and linear motors became an
option to subway systems. Each one of them with its own characteristics.
1
1. Introdução
O presente trabalho procura investigar quais são os motores elétricos que podem
ser utilizados na tração metroviária e o porquê da sua utilização.
Para tanto foi necessário primeiro conhecer, para o caso da tração metroviária, o
regime a que um motor de tração é submetido e que tipo de corrente este motor é
alimentado.
A partir daí foi feito um estudo dos motores utilizados na tração metroviária,
analisando a sua viabilidade. Tal estudo foi feito de forma simples, utilizando-se
da teoria básica que envolve cada tipo de motor.
Esta teoria básica sofreu muito pouca modificação ao longo do tempo, o que
explica a utilização de uma bibliografia principal com mais de vinte anos.
Finalmente, vale notar que este trabalho não tem por objetivo dizer qual o melhor
motor elétrico para a tração metroviária - mesmo porque tal não existe, possuindo
cada um as suas particularidades - e sim estudar a viabilidade dos motores
elétricos empregados de acordo com o estágio tecnológico atual.
2
2. Parte mecânica
De fato:
st v t dt
n é o número de eixos;
v é a velocidade em km/h.
v2
rv 15
, [kg/t]
4500
v2
rv 2 [kg/t]
2000
Outras fórmulas para cálculo das resistências normais foram desenvolvidas pelo
engenheiro W.J. Davis Jr. da General Eletric Co. Estas fórmulas são utilizadas em
material de bitola normal, métrica e em material de bitola de 1600 mm.
6
R A B v C v 2 [kg/t]
Veículo A B C
L
p [ t]
n
7
Reboque dianteiro: por ser o primeiro veículo de uma composição, este sofre o
impacto direto do ar e vai abrindo caminho no ar.
Estes três componentes (carro reboque dianteiro, carro motor e carro reboque
traseiro) podem ser unidos uns aos outros e constituir um trem unidade
múltiplo ou um trem unidade.
“Trem unidade múltiplo: constituído por mais de um trem unidade, que pode
ser comandado de uma só cabine de comando e circulam, sem modificação de
sua composição, nos dois sentidos à velocidade normal.”
O trem unidade múltiplo é o tipo de trem utilizado pelo metrô de São Paulo.
carros. Há dois truques por carro e portanto, quatro motores por carro
(Mafersa).
800
rc [kg/t]
r
500 b
rc [kg/t]
r
r é o raio da curva.
h
Ri Q [kg/t]
s
h é a altura da rampa;
s é o comprimento da rampa.
Mas a maioria das rampas não ultrapassa 3% (Martins et al., 1987a), o que torna
s l. Modificando a equação anterior para:
h
Ri Q
l
h
Onde é a inclinação da rampa. Rearranjando:
l
Ri
Ri Q i i [mm/m]
Q
10
Ri
i ri
Q
n
rcj lj
i, i [kg/t]
j 1 s
i ' j sj
j 1
ix n [kg/t]
sj
j 1
Rl Rl Rlx [kg]
Rv Rv Rvx [kg]
2.3 Aderência
“Aderência: atrito entre as rodas matrizes de um veículo motor e a via, por meio
do qual se torna possível a transmissão da força de tração e de frenagem.”
O motor aplica um conjugado ao eixo e às rodas. Este conjugado como foi dito, é
composto pelo par de forças F e -F. A força F tende a deslocar a roda em um
sentido encontrando uma força resistente, a resistência ao movimento R, que se
opõe à F. Para que haja movimento, portanto, R F.
A força -F aplicada ao ponto de contato do trilho como roda irá, de acordo com a
terceira lei de Newton, provocar uma força A de reação do trilho sobre a roda. A
esta força dá-se o nome de aderência, sendo ela a força de atrito de
escorregamento entre a roda e o trilho.
A f pad [ t]
Portanto, para que uma locomotiva seja demarrável, o esforço de tração deve ser
maior que a resistência ao movimento e também menor que a força de aderência.
Equacionando:
F f pad A
RF
“Patinagem: movimento das rodas matrizes tal que a sua velocidade periférica é
superior à velocidade da translação do seu eixo.”
Parodi:
f0
f
1 0,01 v
Curtiuss e Kniffer:
8 0,1 v
f f
8 0,2 v 0
Q 1000 Q
[ t] [kg]
981 981
Levando-se em conta que esta inércia das massas girantes, o peso da locomotiva
e o peso da lotação serão aumentados. Assim,
1000
(k1 P k 2 L) [kg]
981
1000
(k Q ) [kg]
981
1000
(k ) [kg/t]
981
Nas extremidades do eixo vazado, são colocados dois flanges, cada um deles
munidos de dois eixos que saem ao centro da roda por meio de dois fenos. Estes
eixos são ligados à outros solidários às rodas, às quais transmitem o esforço de
tração.
16
1 2 r2
razão de engrenagens
2 1 r1
A potência que uma locomotiva de peso L deve desenvolver para que uma
lotação de peso P seja rebocada a uma velocidade dita de equilíbrio, é dada por
(Martins et al., 1987a):
F v
Pcv [cv]
270
F v
Php [hp]
273,5
F v
Pkw [kW ]
367
v 3,6 d
n 60
F 2z
d
Uma outra observação é que a expressão acima é válida para uma locomotiva de
z motores, cada um desenvolvendo o mesmo torque, ou conjugado útil. Portanto,
A norma NBR 9068/1985 traz o modo o qual a tração elétrica pode ser
classificada. De acordo com a localização da fonte de energia, a tração pode ser
à fonte externa, à bateria e à fonte mista.
A tração à fonte externa pode ser a contato ou sem contato. A tração à contato é
dividida em:
a) tração à catenária;
b) tração à 3º trilho.
3.1.1 Catenária
1) porta deslizante: arco metálico que leva os patins de cobre, nos quais desliza o
fio de contato.
2) quadro articulado: painel móvel cujos braços são dimensionados para conferir
ao pantógrafo uma boa rigidez no sentido transversal.
O terceiro trilho é igual ou similar aos trilhos das vias de rolamento. É um trilho
condutor montado em isoladores, apoiados no chão e ao lado da via.
23
A corrente é captada por coletores nos veículos. Nos carros utilizados pelo metrô
de São Paulo, cada truque possui dois coletores, um do lado esquerdo e outro do
lado direito (Mafersa).
Quanto aos materiais utilizados na composição do terceiro trilho, este pode ser
bimetálico, composto de ferro que resiste ao desgaste e de alumínio de boa
condutibilidade e preço menor que o cobre. Ou então podem ser à base de aço
inox e alumínio.
24
O retorno feito por outras vias não é tão prejudicial. Porém, as correntes de
retorno precisam abandonar estes meios em algum ponto voltar ao trilho. Em
sistemas alimentados em corrente contínua, este fato faz com que as correntes,
ao deixarem estes meios condutores, levem consigo o metal condutor, em forma
de solução eletrolítica, do que resulta em uma corrosão eletrolítica do metal.
Assim, um ampère filtrado de maneira contínua pode decompor, no ponto onde a
corrente sai da estrutura metálica, durante um ano de 6 a 9 quilogramas de ferro
ou 34 quilogramas de chumbo (FEPASA, 1974).
O nível de tensão não pode ser muito baixo. Tensões baixas exigem circuitos
alimentadores mais pesados e subestações retificadoras em maior número.
Quanto maior a tensão, maior será também as distâncias entre as subestações
retificadoras e menor será a queda de tensão.
Ainda sobre as subestações, a potência delas deve ser em função das correntes
eficazes, que devem fornecer ao circuito alimentador em condições normais e
degradadas, quando deverão suprir energia que uma subestação adjacente deixa
de fornecer.
disto, níveis como 3000 Vcc para trens metropolitanos no Brasil ou outros níveis
de tensão não padronizados continuam a ser utilizados em várias partes do
mundo por razões históricas. Vale notar que de acordo com a NBR 8149/1983 os
níveis de tensão de 750 Vcc, 1500 Vcc e 3000 Vcc são padrões para
eletrificações em corrente contínua, feitas a partir de dezembro de 1983, data da
publicação da norma.
O metrô de São Paulo utiliza a tensão de 750 Vcc que pode variar de 500 Vcc a
900 Vcc (Mafersa).
Como será visto mais adiante, a velocidade síncrona dos motores de indução e
síncronos é diretamente proporcional à freqüência aplicada. O controle da
velocidade é feito alimentando o controlador a estado sólido, de freqüência
ajustável. O motor síncrono seguirá a freqüência diretamente e o motor de
indução seguirá com um certo escorregamento. Chaveando os tiristores (SCR)
com sinais formados externamente, a uma freqüência prescrita, pode-se obter
uma aproximação retangular ou em degraus de tensões senoidais trifásicas nos
terminais de corrente alternada do circuito.
Tais inversores de freqüência ajustável podem ser (Alouche, 1992) (Martins et al.,
1987b):
4. O motor de tração
Com relação ao aquecimento, este é intrínseco à máquina, uma vez que uma
corrente elétrica passando por um condutor provoca um efeito Joule. Porém, o
aquecimento do motor pode ser minimizado, diminuindo-se além das perdas de
cobre, perdas com histerese e correntes de fuga, e também perdas na fricção da
máquina.
Uma vez conhecida a potência útil de um motor (ou seja, aquela disponível no
seu eixo) e a sua velocidade de rotação em rpm, pode-se calcular o conjugado
útil do motor por:
60 P
C [N.m]
2 n
Haverá uma interação entre o campo magnético dos pólos e o campo magnético
em torno do condutor produzido pela corrente que aí circula. O resultado é uma
força F que age no condutor e que pode ser observada experimentalmente. A
magnitude da força F em notação vetorial é (Krauss, 1992):
F (B I ) L [N]
O vetor força ( F ) é simultaneamente perpendicular aos vetores corrente ( I ),
densidade de fluxo magnético ( B ).
B y
I
x
Nota-se que F , para qualquer elemento condutor de corrente infinitesimal dL, é
função do ângulo de I a B .
dF I BdL sen [ N]
39
d
e [ V]
dt
E V Ia Ra [ V]
5.2 Construção
Os pólos de campo que produzem o fluxo necessário são montados, como visto,
no estator (parte fixa da máquina) e possuem enrolamentos chamados
enrolamentos de campo (ou de excitação) ou bobinas de campo (ou de
excitação).
Em uma bobina, a corrente entra por um lado e sai pelo outro. Como a corrente
tem a mesma intensidade nos dois condutores e ambos estão imersos em um
campo magnético de igual intensidade, as forças desenvolvidas apresentam uma
correlação de igualdade de módulo e agem para desenvolver um momento que
tende a fazer a bobina girar. Quando a bobina estiver totalmente perpendicular ao
campo, produz um momento nulo.
comutador. Cada uma das escovas estará em contato apenas com a lâmina do
coletor correspondente ao condutor que se situe sob a ação de um dado pólo.
É importante notar que um motor feito de uma única bobina seria impraticável; o
binário-motor desenvolvido seria pulsante. Melhores resultados são obtidos
quando se empregam bobinas em grande número. O momento criado, resultante
da soma dos momentos de cada bobina, em um dado instante, é praticamente
constante.
5.3 Conjugado
p Na
C Ia [N.m]
2 a
C Ka Ia [N.m]
Supõe-se que a potência absorvida pelo induzido seja V.Ia watts. Parte da
potência é perdida como forma calor no induzido e pode ser assim quantificada:
Pa Ia 2 Ra [W ]
Pm V Ia Ia 2 Ra
Pm (V Ia Ra) Ia [W ]
V Ia Ra
n [rpm]
p Na
a
V Ia Ra
n [rpm]
ke
O enrolamento do induzido dos motores tipo série para tração são do tipo
ondulado de fácil acesso (Martignoni, 1987).
Este motor não tem a desvantagem de velocidade muito alta com carga pequena,
associada a um motor série, mas retém, em grau considerável, as vantagens da
excitação em série. Como dito, devido à excitação em derivação, é predominante
a componente de fluxo em derivação e, portanto, as características de
funcionamento do motor composto são mais semelhantes às máquinas em
derivação.
49
Quando uma carga é aplicada ao motor composto, para uma dada intensidade de
corrente, um momento maior é desenvolvido do que aquele o obtido com o motor
em derivação, sob as mesmas condições. Para o caso de uma súbita elevação
de carga, o binário-motor desenvolvido é elevado.
Vale notar que, no motor com excitação em derivação, a frenagem tem lugar
quando a máquina passa a ser acionada pela carga a uma velocidade superior à
do funcionamento em vazio. Neste caso, a força contra-eletromotriz torna-se
maior que a tensão de rede e por isso, a corrente de armadura Ia muda de sinal.
O motor passa então a funcionar como gerador paralelo com a rede.
Para o motor com excitação em série, o motor não pode passar por si mesmo, do
regime de motor ao regime de frenagem por recuperação, por simples aumento
da velocidade; aumentando a velocidade, diminui o fluxo e a força contra-
eletromotriz pode aproximar-se do valor de tensão aplicada V, mas não
ultrapassá-la.
50
51
6.2.1 Construção
Sendo uma bobina percorrida por uma corrente elétrica, esta, segundo a Lei de
Biot-Savart, gera um campo de intensidade magnética H, dirigido conforme o eixo
da bobina e de valor proporcional à corrente que o gerou. Se esta corrente for
53
alternada, o campo magnético também será e seu sentido será invertido a cada
meio ciclo.
O campo resultante, a cada instante, será igual à soma dos três campos neste
mesmo instante. A soma vetorial deste três campos mostra que o campo total
resultante apresenta um valor fixo, porém sua direção vai girando a uma
velocidade síncrona, proporcional à freqüência da corrente trifásica, completando
uma volta no fim de um ciclo. Conclui-se portanto que, um enrolamento trifásico
alimentado por correntes trifásicas cria um campo girante, como se houvesse
pares de pólos girando. O número de pólos é proporcional a duas vezes o
número de ranhuras por pólo-fase (Kosow, 1998).
Desde que o rotor esteja sendo arrastado pelo campo girante do estator e girando
à velocidade síncrona, as barras amortecedoras ficam fora de ação. Qualquer
deslocamento da velocidade síncrona resulta em correntes induzidas nas barras
amortecedoras, as quais tendem a restaurar a velocidade síncrona.
56
120 f
n [rpm]
2p
2p é o número de pólos.
A aplicação da carga cria um contra torque que fará com que o rotor se atrase
momentaneamente, mas ele continuará à mesma velocidade em relação ao
campo girante do estator. A velocidade do motor é ainda síncrona, mas o fluxo do
rotor, ou seja, o fluxo mútuo do entreferro é algo reduzido, devido ao aumento da
relutância do entreferro. A corrente ativa da linha também aumenta, a qual
fornece ao motor a potência requerida pelo aumento de carga.
Torna-se necessário, em vista do que foi e do que será exposto, uma breve
explicação dos fenômenos elétricos no motor síncrono.
-Egf Er
-Vf Vf
Ia Egf
O conjugado máximo do motor será quando for igual a 90º para tensão
aplicada e corrente de excitação fixas. Se a carga solicitar mais do que um
ângulo de 90º, a velocidade do motor cai e há perda de sincronismo.
Vf Egf
Ia [ A]
Zf
pois seu módulo é função apenas da excitação do campo, uma vez que a rotação
é constante ( Egf k n ).
Pf Vf Ia cos [W ]
P 3 V I cos [W ]
Pem
Cem [N.m]
2 n
De fato, experiências têm sido realizadas no Japão (Hata et al., 1998) e houve
uma redução do tamanho e da massa do motor e aumento da eficiência. O ímã
permanente utilizado foi uma liga de Nd - F - B terra rara para um motor com 80 kW
de saída. Neste motor experimental, ocorreram aquecimentos na superfície do
motor, que foram diminuídos com a melhora da estrutura magnética, o que
diminuiu as perdas por correntes parasitas. O controle utilizado neste motor foi
feito através de inversores de tensão e freqüência ajustáveis.
Pode-se distinguir:
b) Máquinas com o rotor em curto-circuito, nas quais pode-se distinguir três tipos:
rotor em gaiola de esquilo simples, rotor em ranhuras fundas e em dupla gaiola.
Estas máquinas diferem umas das outras pelas suas propriedades de arranque.
Ligando-se o estator à rede trifásica, haverá, como foi visto, um campo magnético
girante em relação ao rotor com uma velocidade síncrona n.
Ocorrerá então, uma variação de fluxo nos condutores do rotor e segundo a Lei
de Faraday, uma tensão induzida. Estando o cicuito rotórico fechado, nos
condutores do rotor circulará então, uma corrente. Pela Lei de Lenz, uma tensão
induzida gera uma corrente que produz um campo que tende a opor-se à força,
ou seja, ao movimento que produziu a tensão induzida.
62
n nr
s
n
onde: s é o escorregamento;
nr n (1 s) [rpm]
ou,
120 f
nr (1 s ) [rpm]
2p
Quando o motor está parado (s=1), o campo girante produzido pelo estator tem a
mesma velocidade com relação aos enrolamentos do rotor e do estator. Então, a
freqüência das correntes do rotor é a mesma freqüência das correntes do estator.
À velocidade síncrona (s=0), não há movimento relativo entre o campo girante e o
rotor, e a freqüência do rotor é nula (a própria corrente do rotor é zero).
fr s f [Hz]
s Er
Ir [ A]
Rr (s Xr ) 2
2
1 s
R Rr []
s
Vf
Ir [ A]
(R1 Rr R ) 2 ( X 1 X 2) 2
k Vf 2 1
Cmax [N.m]
r1 r ( x 1 x r )
1
2 2
k é uma constante;
é a velocidade angular ( 2 f ).
O conjugado também pode ser dado através dos valores obtidos do circuito
equivalente do rotor (Nasar, 1984):
s Er 2 Rr
C 2 [N.m]
s Rr s 2 Xr 2
A potência mecânica pode ser dada como (Konstenko & Piotrovski, 1979b):
Pem
Cem [N.m]
2 n
Rr
cos r
Rr (s Xr ) 2
2
70
O que ocorre é que a soma vetorial entre a corrente magnetizante (que é sempre
constante), com a corrente de carga (que varia), produz uma corrente com o fator
de potência variável.
Um outro ponto importante no motor de indução é que este requer uma corrente
mais ou menos seis vezes maior que a corrente nominal no instante da partida
para tensão aplicada igual à nominal. Esta corrente pode ser reduzida através da
redução da tensão aplicada, o que faz com que o conjugado de partida diminua.
A freqüência da corrente alternada, caso esta for alta, há uma elevada força
eletromotriz de auto-indução no conjunto rotor-estator, e as perdas por histerese
e correntes parasitas tornam-se consideráveis.
7. O motor linear
Uma vez que não se pode utilizar nas máquinas lineares as tabelas e ábacos já
consagrados pelo grande conhecimento existente a respeito das máquinas
rotativas, uma das dificuldades encontradas pelas máquinas lineares está na
grande diversidade de formatos, sendo difícil a generalização do equacionamento
para obter-se uma equação que corresponda a vários formatos e construções.
Mas em motores lineares isto não ocorre. A ventilação tem que ser natural ou
deve haver um sistema independente de resfriamento. Estes sistemas
independentes de resfriamento são baseados em algum fluído e tem grande
eficiência, embora signifiquem um item a mais em termos de confiabilidade global
do sistema (Alouche & Benites, 1993). É importante notar que uma boa
dissipação de calor no motor possibilita uma densidade de corrente mais elevada.
Tal qual em um motor síncrono rotativo, aos campos produzidos pelo estator e
pelo rotor devem estar alinhados em seus valores máximos para que o rotor
desenvolva uma velocidade síncrona.
Isto significa que composições que utilizam motores síncronos lineares devem
partir bem devagar e aumentar a velocidade devagar ou usar um segundo meio
de propulsão para a aceleração. Outros meios de partida são a variação do
número de condutores por unidade de comprimento no estator e no rotor e a
variação da freqüência das correntes trifásicas.
Muitas configurações com o MIL são possíveis. As mais comuns são o MIL
unilateral de primário curto e o MIL bilateral de primário curto. A diferença é que o
MIL unilateral utiliza um estator trifásico e o MIL bilateral utiliza dois estatores
trifásicos, onde seus enrolamentos podem ser ligados em Y série e os dois
primários conectados em paralelo (Laithwaite, 1977). Ambos sistemas precisam
de uma placa condutora como secundário.
80
Por possuir dois primários, o MIL bilateral utiliza ambos os lados da placa
condutora. Esta então, precisa ser menor e mais fina, resultando em um motor
mais compacto. O MIL unilateral precisa de uma área maior da placa condutora,
além de um material ferromagnético atrás desta placa condutora para completar o
circuito magnético. Considerando um MIL de estator curto, este material
ferromagnético é tão longo quanto a via, podendo significar um custo superior.
A parte passiva (estator) é plana e fixada entre os trilhos aos longo da via. Ela é
composta de uma placa de material condutor montada sobre uma outra placa
ferromagnética. A este conjunto, dá-se o nome de placa de reação.
n 2 f [m/s]
Este campo magnético irá induzir tensão na parte condutora da placa de reação,
que faz com que aí apareçam correntes. A circulação de corrente tende a
provocar uma reação contrária ao campo longitudinal inicial, de acordo com a Lei
de Lenz.
A interação entre o campo produzido pelo estator e o campo produzido pelo rotor
produzirá uma força que movimentará o indutor com uma velocidade nr. A
velocidade nr é função, como no motor de indução rotativo, do escorregamento s:
nr n (1 s) [m/s]
A força por pólo que movimenta o indutor pode ser dada pela expressão (Nasar,
1984):
1
F Bmax 2 L h s n N
4
83
s é o escorregamento;
2 [ m]
A força normal total em um MIL pode ser constituída de dois termos: força normal
atrativa e a força normal repulsiva. A força atrativa pode ser explicada fisicamente
como a atração do material ferromagnético do motor pelo fluxo de magnetização
A força normal repulsiva aparece da interação da superfície de corrente do
estator e a superfície de corrente induzida no rotor. Esta componente repulsiva é
dominante.
De um modo geral, a força normal total por pólo pode ser dada por (Nasar, 1984):
1
Fn Bmax 2 L 1 s n N
4
s é o escorregamento;
é um parâmetro.
2
Com este parâmetro, a velocidade síncrona linear também pode ser dada por
(Nasar, 1984):
n [m/s]
Este efeito é mais pronunciado quanto maior for a velocidade, produzindo forças
de frenagem.
O esforço trativo no caso dos motores lineares é conseqüência direta, como foi
visto, das interações eletromagnéticas entre o estator e o rotor. Assim, a energia
elétrica é diretamente transformada em energia mecânica, a força produzida já é
na direção do movimento e sem necessidade de ser transmitida pelo contato
entre a roda e o trilho.
Todos estes fatores levam à possibilidade de traçados de vias mais versáteis nas
grandes metrópoles.
A resistência normal dada pela fórmula de Davis (item 2.2.1) diminui, ao passo
que esta é uma resistência específica ao movimento em nível tangente. As
resistências acidentais (item 2.2.2) dadas através do perfil equivalente também é
uma resistência específica.
O esforço de tração, de acordo com o item 2.3 deve ser maior que a resistência
total (soma das resistências acidentais e normais). A potência da locomotiva é
proporcional ao esforço de tração, como visto no item 2.6. Diminuindo-se a
resistência total ao movimento, diminui-se o esforço de tração e a potência
requerida.
90
Um outro fator que causa o baixo rendimento nos motores lineares são os efeitos
de extremidade que não são um fator trivial no rendimento.
91
8. Conclusão
Com a leitura desta monografia fica claro que a alimentação para transportes
públicos, como o metrô, deve ser feita em corrente contínua. Isto porque para a
retificação da corrente alternada da rede da concessionária são utilizadas as três
fases, não trazendo um desequilíbrio de potência entre as fases para o sistema.
Por outro lado, uma alimentação em corrente alternada monofásica exige um
número igual de subestações monofásicas ligadas em cada fase da rede trifásica
da concessionária de energia com potências de valores, de preferência, idênticos
para cada subestação. Assim o sistema estaria equilibrado, porém o número de
subestações ainda seria grande, devido também às quedas de tensão que são
maiores em circuitos alimentadores em corrente alternada.
Com relação ao motor linear, sua aplicabilidade é total, além das várias
vantagens. De fato, sua utilização em sistemas japoneses e canadenses
demonstraram tal viabilidade. Porém, sua utilização para uma próxima linha do
metrô de São Paulo, por exemplo, não seria seja totalmente viável.
9. Referências bibliográficas
( Bossi & Sesto ). Bossi, A. e Sesto, E. Tração Elétrica. Instalações Elétricas. (V),
889 - 920.
( Cunha Jr. & Katano, 1993 ). Cunha Jr., H. e Katano, O. J. (1993). Motor Linear
de Tração Elétrica. Ferrovia . (149), 3E - 12E.
10. Bibliografia
Bibliografia básica :
Bibliografia complementar :
Mafersa. Coletânea das características dos vagões do Metrô de São Paulo. São
Paulo: Mafersa - Companhia do Metropolitano de São Paulo.
Ferrovias Paulistas S.A. (1974) Travessia na via férrea - Normas para concessão.
São Paulo: FEPASA.
White, D. C. (1970). Traction and Normal Forces in the Linear Induction Motor.
IEEE Transactions on Power Apparatus and Sistems - abril 1970.
Internet :
98