Relatório - Alojamento Local (CMP)
Relatório - Alojamento Local (CMP)
Relatório - Alojamento Local (CMP)
CONCELHO DO PORTO
Relatório final
Abril de 2019
O Porto é o lugar onde para mim
começam as maravilhas e todas as angústias
Sophia de Mello Breyner
iv | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Alojamento Local no
concelho do Porto
Estudo elaborado para a Câmara Municipal do Porto
Alojamento Local no concelho do
Porto
Relatório final
Abril de 2019
vi | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Autores
Castro, Alberto (coordenador)
Diretor do CEGEA. Doutor em Economia pela University of South Carolina. É
Professor Catedrático Convidado da Católica Porto Business School, de que foi Diretor
entre 1998 e 2008. Desde 1990, coordenou a elaboração dos sucessivos Planos
Estratégicos da Indústria do Calçado, entre diversos outros trabalhos de consultoria.
Preside aos Conselhos Fiscais da Mota-Engil e do Super Bock Group. Administrador
não executivo da Mystic Invest, SGPS, integra, ainda, a Comissão de Investimentos da
Portuguese Venture Capital Initiative. É Vice-Presidente do Conselho Económico e
Social
Santos, Fernando
Professor Assistente da Católica Porto Business School, onde exerce funções de
docência, investigação e consultoria. Doutor em Business and Finance e mestre em
Business Administration and Quantitative Methods pela Universidad Carlos III de Madrid.
Seixas, Carlos
Professor Assistente na Católica Porto Business School. Doutorado em Economia, com
especialização em Economia Política e Pública, pela Universidade do Porto. As suas
principais áreas de interesse são economia da política; motivação dos políticos; políticas
de longo prazo; e escolha pública. Leciona em unidades curriculares, ao nível da
licenciatura, que versam sobre algumas destas áreas, nomeadamente Macroeconomia e
Economia e Políticas Públicas.
DISCLAIMER
Este relatório foi preparado pelo Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplicada da Católica
Porto em resposta a uma solicitação da Câmara Municipal do Porto. O seu conteúdo é
confidencial: o acesso e a sua divulgação são da exclusiva responsabilidade da entidade
promotora. As opiniões veiculadas neste documento só responsabilizam os autores e não
vinculam a Universidade Católica Portuguesa nem a Câmara Municipal do Porto.
Alberto Castro
(Coordenador do Estudo)
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | vii
AGRADECIMENTOS
Um agradecimento a todos aqueles que, nas Águas do Porto e na Câmara Municipal do Porto,
facilitaram este trabalho e, em particular, a Filipe Costa, João Lopes, Michele Pinto e Valdemar
Freitas da Águas do Porto; e Fernando Pinto, Luísa Roseira, Maria João Sá e Sérgio Rocha da
Câmara Municipal do Porto. Ricardo Valente foi bem mais do que o representante do “dono
da obra”: os seus comentários, questões e sugestões contribuíram para a melhoria do produto
final.
viii | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
ÍNDICE
GLOSSÁRIO E ACRÓNIMOS .................................................................................................11
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 13
6. ANEXOS .................................................................................................................................... 50
GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Nº DE REGISTOS DE AL POR ANO DE ABERTURA E POR ANO DE REGISTO................. 17
GRÁFICO 2 – REPARTIÇÃO DO Nº DE REGISTOS DE AL POR MODALIDADE .................................... 18
GRÁFICO 3 – Nº DE REGISTOS DE AL POR TIPOLOGIA DO TITULAR ............................................... 19
GRÁFICO 4 – Nº DE REGISTOS DE AL POR FREGUESIA .................................................................... 20
GRÁFICO 5 – Nº DE ALOJAMENTOS FAMILIARES E Nº DE ALOJAMENTOS VAGOS POR FREGUESIA
(2011) ...................................................................................................................................... 21
GRÁFICO 6 – VARIAÇÃO DE Nº DE CONTADORES DE HABITAÇÃO (TOTAL E INATIVOS), POR
FREGUESIA (2011-2018) .......................................................................................................... 24
GRÁFICO 7 – Nº DE ALVARÁS DE REABILITAÇÃO E CONSTRUÇÃO NOVA POR FREGUESIA (2011-
2018) ....................................................................................................................................... 26
GRÁFICO 8 – PRESSÃO CORRENTE DO AL POR FREGUESIA ............................................................ 31
GRÁFICO 9 – PRESSÃO DO AL SOBRE HABITAÇÃO EXISTENTE E RÁCIO NOVA HABITAÇÃO NÃO
AL POR FREGUESIA ................................................................................................................. 37
GRÁFICO 10 – PRESSÃO DO AL SOBRE HABITAÇÃO OCUPADA E VAGA POR FREGUESIA .............. 41
GRÁFICO 11 – EVOLUÇÃO DO Nº DE CAMAS POR ANO DE REGISTO............................................... 59
GRÁFICO 12 – REPARTIÇÃO DO Nº DE CAMAS POR MODALIDADE ................................................. 59
GRÁFICO 13 – PRESSÃO CORRENTE DO AL POR FREGUESIA .......................................................... 66
GRÁFICO 14 – PRESSÃO DO AL SOBRE HABITAÇÃO EXISTENTE E RÁCIO NOVA HABITAÇÃO NÃO
AL POR FREGUESIA ................................................................................................................. 67
GRÁFICO 15 – PRESSÃO DO AL SOBRE HABITAÇÃO OCUPADA E VAGA POR FREGUESIA .............. 68
FIGURAS
FIGURA 1 – Nº DE REGISTOS DE AL POR SUBSECÇÃO ..................................................................... 20
FIGURA 2 – Nº DE ALOJAMENTOS FAMILIARES E Nº DE ALOJAMENTOS VAGOS POR SUBSECÇÃO
(2011) ...................................................................................................................................... 22
FIGURA 3 – VARIAÇÃO DE Nº DE CONTADORES DE HABITAÇÃO (TOTAL E INATIVOS) POR
SUBSECÇÃO (2011-2018) ......................................................................................................... 25
FIGURA 4 – Nº DE ALVARÁS DE REABILITAÇÃO E CONSTRUÇÃO NOVA POR SUBSECÇÃO (2011-
2018) ....................................................................................................................................... 27
FIGURA 5 – PRESSÃO CORRENTE DO AL POR SUBSECÇÃO ............................................................. 32
FIGURA 6 – SUBSECÇÕES POTENCIALMENTE PROBLEMÁTICAS ...................................................... 34
FIGURA 7 – PRESSÃO DO AL SOBRE HABITAÇÃO EXISTENTE E RÁCIO NOVA HABITAÇÃO NÃO AL
POR SUBSECÇÃO ...................................................................................................................... 39
FIGURA 8 – PRESSÃO DO AL SOBRE HABITAÇÃO OCUPADA E VAGA POR SUBSECÇÃO ................. 42
FIGURA 9 – NÚMERO SEMANAL DE LISTAGENS DE AIRBNB EM BERLIM (COYLE AND YOUNG,
2006) ....................................................................................................................................... 56
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 11
Glossário e acrónimos
AdP Águas do Porto.
AL Alojamento Local.
Alojamento familiar Todo o alojamento que, normalmente, se destina a alojar apenas uma
família e não é totalmente utilizado para outros fins no momento de
referência.
Alojamento vago Alojamento familiar desocupado e que está disponível para venda,
arrendamento, demolição ou outra situação no momento de
referência.
Subsecção estatística Unidade territorial que identifica a mais pequena área homogénea de
construção ou não, existente dentro da secção estatística. Corresponde
ao quarteirão nas áreas urbanas, ao lugar ou parte do lugar nas áreas
rurais ou a áreas residuais que podem ou não conter unidades
estatísticas (isolados).
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 13
1. Introdução
Se alguém que tivesse vivido no Porto, na década de 1950, voltasse à cidade no início do
século XXI, reconheceria o traçado das principais ruas mas estranharia a falta de bulício, o
silêncio noturno e o abandono de muito do edificado. As estatísticas confirmam-no: nas
últimas décadas, a cidade perdeu habitantes cuja idade média aumentou e muitos edifícios
abandonados não encontraram qualquer utilização. A Baixa da cidade, outrora centro de
negócios e sede da generalidade dos bancos, foi sendo esvaziada. Nas campanhas eleitorais
discutiam-se políticas e medidas para revitalizar essa zona onde, à noite, se tinha tornado
inseguro circular.
Até que, como previa um livro editado pela Associação Comercial do Porto (“Recursos a
Voar”), as chamadas companhias “low-cost”, tirando partido da fantástica infraestrutura
aeroportuária da região, começaram a “agitar a malta”. Sucedeu-se um círculo virtuoso em
que se conjugaram circunstâncias mais ou menos conjunturais, com políticas
acomodatícias da dinâmica entretanto gerada, a que se somaram outras que a procuravam
sustentar e estimular. E o Porto foi mudando, talvez não ainda quanto à população
residente habitual (não há números seguros) mas, certamente, quanto ao número de
pessoas que nela dormem, fruto do crescimento acelerado do turismo. Para os acolher e
acomodar, surgiram novos negócios, ganharam nova vida alguns outros, reabilitou-se
edificado degradado e, até, se construiu novo. Se, ao turismo, somarmos o aumento muito
significativo de “estudantes Erasmus”, percebemos que a cidade, num curto espaço de
tempo, readquiriu a vivência internacional de que são feitos os anos gloriosos da sua
história.
Como acontece frequentemente, há uma outra face que esta economia vibrante esconde; a
euforia do sucesso, no curto prazo, pode comprometer a sustentabilidade do negócio, no
médio e longo prazo. Este eventual excesso, e os problemas que ele aporta, não são um
14 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Sem pretensões de ser exaustivo, parece razoável admitir que, no caso do Porto, o afluxo
turístico tem um conjunto de determinantes que incluem a localização, o enquadramento
paisagístico, história, monumentos, gastronomia, acessibilidade económica, mas também
o caráter da cidade para o qual contribuem as suas gentes, o seu caráter e a sua forma de
vida. Se, por absurdo, admitíssemos uma parte histórica do Porto apenas ocupada por
turistas, não haveria razões nem para uma estadia mais prolongada, nem para cá voltar.
Talvez essa já fosse, numa lógica economicista, uma boa razão para se ponderarem
medidas que evitasse tal excesso. Porém, mesmo que no fim haja coincidência de
resultados, as razões para analisar os eventuais excessos decorrentes da dinâmica turística
e do alojamento local (AL), em particular, hão de ser mais amplas e multifacetadas,
envolvendo a economia mas também a sociologia, a ideologia mas também a análise
empírica, a história assim como a prospetiva.
1
No Anexo I, encontra-se uma descrição da evolução do enquadramento legislativo do alojamento local, entre
nós, bem como uma síntese de medidas adotadas em várias cidades europeias e americanas.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 15
2
Base de dados disponível em www.rnt.turismodeportugal.pt/RNAL.
3
Base de dados disponível em www.censos.ine.pt.
4
Uma “secção estatística” é uma unidade territorial, correspondente a uma área contínua da freguesia, com cerca
de 300 alojamentos, destinados à habitação. Uma “subsecção estatística” consiste numa unidade territorial que
identifica a mais pequena área homogénea de construção ou não, existente dentro da secção estatística.
Corresponde ao quarteirão nas áreas urbanas, ao lugar ou parte do lugar nas áreas rurais ou a áreas residuais que
podem ou não conter unidades estatísticas (isolados). Um “lugar” é um aglomerado populacional com 10 ou mais
alojamentos destinados à habitação de pessoas e com uma designação própria, independentemente de pertencer
a uma ou mais freguesias. (Censos, 2011). No total existem 1946 subsecções estatísticas e 441 secções estatísticas
nas freguesias do concelho do Porto (ver
Anexo II). Note-se que o concelho do Porto é constituído por sete freguesias. No entanto, três delas são "Uniões"
de freguesias, resultantes da reforma administrativa concretizada em 2013. Nalguns casos, reverteremos à divisão
pré-2013, para melhor identificarmos dinâmicas com diferente incidência (local) dentro da União respetiva.
16 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
5
Note-se que os contadores de AL podem, ou não, ter tido, no passado, contratos de tarifa doméstica associados.
6
Nestes dados não foram incluídos os dados relativos a operações de loteamento, obras de urbanização, obras de
demolição e outros tipos de obras.
7
O processo de georreferenciação está sujeito a erro por duas razões: (i) moradas mal reportadas; e, (ii) alocação
da coordenada geográfica ao código postal mais próximo por falta de reconhecimento da morada. Por estas razões
podem existir pequenas diferenças entre os valores reais e os valores reportados de AL, por freguesia, por secção
estatística ou por subsecção estatística – sendo que, naturalmente, os erros de georreferenciação crescem com o
nível da repartição geográfica do concelho.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 17
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
1975
1981
1983
1984
1986
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
Registos AL por ano de abertura Registos AL por ano de registo
6%
7%
87%
A análise do Gráfico 2 permite concluir que a oferta de AL, por modalidade, está
concentrada em apartamentos. Se, em vez do número absoluto de registos, usarmos como
critério o número de camas médio por tipologia, os resultados são diferentes: a importância
relativa da tipologia ‘Apartamentos’ é menor – o número médio de camas disponíveis na
tipologia ‘Apartamentos’ é, natural e significativamente inferior, ao número médio de
camas disponíveis na tipologia ‘Estabelecimento de hospedagem – Hostel’. Ainda assim, o
peso dos apartamentos mantém-se superior a 70%. Em qualquer caso, o número de registos
captura bem a dinâmica de oferta de AL já que a dinâmica associada ao número de registos
de AL é muito similar à dinâmica associada ao número de camas de AL 8.
No que diz respeito à tipologia do titular dos AL, é possível constatar, pela análise do
Gráfico 3, que 53% dos titulares dos AL são pessoas coletivas e 47% são pessoas singulares.
Adicionalmente, 65% (2 203) das pessoas singulares são proprietários, em contraste com os
63% (2 413) das pessoas coletivas que são arrendatários. Isto sugere, também, que a maioria
dos arrendatários (cerca de 79%) dos AL são pessoas coletivas, enquanto a maioria os
proprietários dos AL (cerca de 71%) são pessoas singulares.
8
Ver Anexo III.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 19
4500
4000
3500 541
3000 537
905
2500
2000
2203
1500
2413
1000
500
659
0
Pessoa singular Pessoa coletiva
Uma análise mais fina, por subsecções estatísticas, apresentada na Figura 1, confirma que
a distribuição de registos de AL é largamente assimétrica, uma vez que há uma maior
concentração no centro histórico da cidade do Porto e, mesmo aí, se evidenciam assimetrias
intra-freguesia não negligenciáveis. A título de exemplo, importa notar que das 1 946
subsecções, 1 142 não apresentam registos de AL. Assim, todos os 7 258 registos de AL
estão localizados em apenas 804 subsecções (cerca de 40% do total).
9
No Anexo IV estão apresentados os registos de AL por freguesia considerando a divisão vigente antes de 2013.
20 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Bonfim
Paranhos
Campanhã
Ramalde
Importa realçar que esta análise sofre de algumas limitações relevantes. Por um lado, dado
que as subsecções não têm todas a mesma dimensão geográfica, uma comparação de totais
carece de normalização. Por outro lado, a necessidade de normalização, em boa verdade,
depende criticamente da natureza da subsecção:algumas subsecções não têm qualquer
habitação – por exemplo, como é natural, o lado interior da Rotunda da Boavista –
enquanto outras poderão ter uma natureza marcadamente habitacional. Esta necessidade
de normalização motiva a análise (da variação) do stock de oferta de habitação,
desenvolvida de seguida.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 21
Paranhos
União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e
Nevogilde
Campanhã
Ramalde
Para a cidade do Porto, no seu conjunto, em 2011, havia cerca de 138 mil alojamentos
familiares, dos quais cerca de 19% estavam vagos. Os dados indicam que existem
assimetrias importantes no stock de oferta de habitação, inter-freguesias – capturadas no
Gráfico 5 – e intra-freguesias – capturadas na Figura 2. De acordo com o Gráfico 5, em 2011,
cerca de 42% dos alojamentos familiares encontravam-se concentrados na União das
freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau (22%) e na freguesia de
Paranhos (20%). Estas duas são, também, as freguesias que concentram o maior número de
alojamentos familiares vagos no concelho (cerca de 36% do total dos vagos) localizam-se11
na União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e 20% na
10
O alojamento familiar compreende todos os alojamentos familiares clássicos – alojamento familiar constituído
por uma divisão ou conjunto de divisões e seus anexos, num edifício de caráter permanente ou numa parte
estruturalmente distinta do edifício, devendo ter uma entrada independente que dê acesso direto ou através de
um jardim ou terreno a uma via ou a uma passagem comum no interior do edifício (escada, corredor ou galeria,
entre outros) – e os não clássicos – alojamento que não satisfaz inteiramente as condições do alojamento familiar
clássico pelo tipo e precariedade da construção, porque é móvel, improvisado e não foi construído para habitação,
mas funciona como residência habitual de pelo menos uma família no momento de referência. O alojamento
familiar representa todo o alojamento que, normalmente, se destina a alojar apenas uma família e não é totalmente
utilizado para outros fins no momento de referência. O alojamento vago é um alojamento familiar desocupado e
que está disponível para venda, arrendamento, demolição ou outra situação no momento de referência.
11
A elevada percentagem de alojamentos vagos nas freguesias do designado `centro histórico´ pode ser
entendida, como um indicador do estado de abandono de muitos prédios nessa área.
22 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
freguesia de Paranhos). De uma forma geral, e de acordo com a Figura 2, alguma desta
correlação entre alojamentos familiares e alojamentos familiares vagos persiste na análise
por subsecções.
Numa primeira abordagem sobre a pressão exercida pelo AL, sublinhe-se, desde já, que,
ao nível das freguesias, o alojamento vago é significativamente superior ao número de AL
reportado. Ou seja, o AL “caberia” no alojamento vago ou, dito de outro modo e
negligenciando, por enquanto, as dinâmicas de ocupação efetivas, poder-se-ia admitir a
hipótese de os AL estarem a exercer pressão unicamente no alojamento vago, não tendo
implicações no alojamento não vago, e não colocando uma pressão significativa na média
total. Se, porém, descermos ao nível das subsecções, a evidência altera-se: das 804
subsecções com pelo menos um registo de AL, 124 apresentam um número de registos de
AL superior ao alojamento vago pelo que será preciso descer a um nível mais fino de
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 23
análise para que possamos tirar conclusões (mais) seguras. Como se sabe, as médias podem
esconder grandes variações.
12
No Anexo VI estão apresentados os dados relativos ao número de contadores de habitação (total, ativos e
inativos) em 2018, por freguesia (pré-2013).
13
Os contadores de AL foram contabilizados tendo em conta todos os contadores incluídos, nos centros de custo
‘alojamento mobilado para turistas’ e ´outros locais de alojamento de curta duração’.
14
Esta segunda parcela cobre as habitações ocupadas mais as que já tiveram ocupação encontrando-se,
presentemente, desocupadas.
15
Existiriam alternativas a este procedimento, como por exemplo o recurso a dados relativos ao fornecimento
elétrico. Por múltiplas razões consideramos que a opção tomada é globalmente superior face às alternativas. Uma
das razões, mais instrumental, decorre do facto de, contrariamente à eletricidade, a AdP ser fornecedor único.
24 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Bonfim
Paranhos
Campanhã
Ramalde
Total Inativos
Fonte: AdP.
Nota: Contadores de habitação – contadores não AL mas que já tiveram pelo menos um contrato de tarifa
doméstica associado e contadores AL. Total – contadores de habitação ativos e inativos. Inativos – contadores de
habitação sem consumo nesse ano. Ativos – contadores de habitação com consumo nesse ano. Em geral,
consideram-se “contadores com consumo” os contadores aos quais foram associados consumos de água nesse
ano, quer por estimativa quer efetivamente.
16
No Anexo VI estão apresentados os valores, por freguesia (pré-2013), relativos a: número de contadores de
habitação (total, ativos e inativos) em 2018; variação dos contadores de habitação (total, ativos e inativos) entre
2011 e 2018.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 25
Fonte: AdP.
Nota: Contadores de habitação – contadores não AL mas que já tiveram pelo menos um contrato de tarifa
doméstica associado e contadores AL. Total – contadores de habitação ativos e inativos. Inativos – contadores de
habitação sem consumo nesse ano. Ativos – contadores de habitação com consumo nesse ano.
O mérito da análise por subsecções resulta, mais uma vez, da capacidade de avaliar
eventuais diferenças intra-freguesia, sendo identificáveis na Figura 3 algumas subsecções
(nomeadamente na Baixa da cidade do Porto) com decréscimo de contadores inativos.
Ainda que esta breve descrição dos dados permita, de alguma forma, balizar a pressão do
AL na oferta habitacional, o seu potencial é explorado no capítulo seguinte, através do
desenvolvimento de indicadores de pressão de AL. Por um lado, os dados possibilitam a
estimação do alojamento existente e vago corrente. Por outro, são particularmente úteis
para avaliar em que medida o AL resultou, ou não, na ocupação de nova oferta
26 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
habitacional, e como é que o AL não resultante de nova oferta habitacional se compara com
a nova oferta habitacional que não é AL 17.
Paranhos
União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e
Nevogilde
Campanhã
Ramalde
Fonte: CMP.
Nota: Construção nova – alvarás com descrição da operação assim designada. Reabilitação – alvarás com uma
das seguintes designações: alteração, ampliação e reconstrução.
Foram apenas considerados para esta análise, os alvarás emitidos para o AL e a habitação
(unifamiliar e multifamiliar e outros usos) 18. Impressiona o peso que a dinâmica de
reabilitação assumiu, nos últimos anos, na cidade do Porto. Na verdade, dos 3 683 alvarás
emitidos, 91% dizem respeito a reabilitação e apenas 9% a construção nova. Da análise do
17
Cada uma destas análises segue uma metodologia própria explicitada no capítulo seguinte.
18
É assumido que o alvará emitido implica que a operação seja de facto concretizada. Em linha com este
pressuposto, e para evitar dupla contagem, excluíram-se da análise os casos em que a descrição da operação
correspondia a conclusão de obras inacabadas.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 27
Fonte: CMP. Nota: Construção nova – alvarás com descrição da operação assim designada. Reabilitação – alvarás
com uma das seguintes designações: alteração, ampliação e reconstrução.
19
O Censos 2011 indicava que apenas metade do alojamento vago poderia ser considerado como não carecendo
de reparação. Nas zonas históricas da cidade, esse número descia drasticamente atingindo, em alguns casos, uma
percentagem inferior a 20%.
28 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Conceptualmente, a pressão corrente (em 2018) do AL pode ser captda através do seguinte
indicador.
𝑨𝒍𝒐𝒋𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝑳𝒐𝒄𝒂𝒍 𝟐𝟎𝟏𝟖
𝑷𝒓𝒆𝒔𝒔ã𝒐 𝒄𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒅𝒐 𝑨𝑳 = , em que ‘Alojamento Local 2018’
𝑶𝒇𝒆𝒓𝒕𝒂 𝑯𝒂𝒃𝒊𝒕𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍 𝟐𝟎𝟏𝟖
representa número de AL existentes em 2018 e ‘Oferta Habitacional 2018’ representa o
número de habitações existentes em 2018.
suficientemente confiável, da oferta habitacional respeita a 2011 (INE – Censos). Por outro
lado, existem duas fontes alternativas para refletir o número de AL existentes em 2018:
RNAL e AdP.
Por outro lado, as duas fontes alternativas para representar o número de AL existentes em 2018 – RNAL e AdP –
reportam valores distintos. O número de contadores AL referidos pela AdP para o concelho do Porto (5 018) é,
significativamente, inferior ao número de AL apresentados pelo RNAL (7 258, após procedimento de
georreferenciação)21. Não obstante, admitimos que essa subestimação não é enviesada, isto é, o número obtido a
partir da AdP mantém uma proporção razoavelmente estável, por comparação com o da RNAL, em qualquer
unidade geográfica. Para inspecionar a razoabilidade deste pressuposto, foi confrontado o número de contadores
de AL existentes em 2018 (CAL2018), reportado pela AdP, com o número de registos de AL em 2018 (AL2018),
reportado pelo RNAL. Os resultados constam no Painel 2 (abaixo), indicando uma forte representatividade dos
dados.
Em todo o caso, porque a utilização exclusiva de dados AdP poderia levar a uma subestimação da pressão do AL,
propomos mensurar o indicador ‘Pressão corrente do AL’ de duas formas alternativas: a primeira, recorrendo
apenas a dados da AdP; e, a segunda, usando dados do RNAL e da AdP.
20
O “ruído” existente pode ser atribuído a diferenças metodológicas, mas também a diferenças conceptuais. Para
exemplificar as diferenças conceptuais, tome-se, como exemplo, o caso de um edifício novo em 2011 em que parte
das suas frações ainda não tenham sido efetivamente habitadas, portanto, não têm contadores de habitação
associados.
21
No
Anexo VII consta um conjunto de possíveis justificações para esta discrepância.
30 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Painel 1 – CH2011 (AdP) vs. AF2011 (Censos) Painel 2 – CAL2018 (AdP) vs. AL2018 (RNAL)
500 100
450 90
400 80
350 70
300 60
250 50
200 40
150 30
100 20
50 10
0 0
0 100 200 300 400 500 0 20 40 60 80 100
Importa notar que, para elevados níveis de agregação geográfica, o valor do ‘Rácio 2’ será
superior ao valor do ‘Rácio 1’. Por outro lado, para níveis mais baixos de agregação
geográfica, globalmente observa-se a mesma relação, embora exista um pequeno número
de subsecções em que isto não se verifica – situações que encontram justificação na
existência de procedimentos de georreferenciação distintos.
22
Para análise a um nível de desagregação geográfica intermédia – desagregando as uniões
de freguesias em freguesias segundo nomenclatura pré-2013 ver
Anexo VIII.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 31
Paranhos
União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e
Nevogilde
Campanhã
Ramalde
Rácio 1 Rácio 2
No que foi descrito, anteriormente, mesmo a unidade “freguesia” não parece a mais
adequada quando se pretende retratar a eventual pressão, marcadamente local, exercida
pelo AL numa determinada zona habitacional relevante da cidade. O passo seguinte foi,
por isso, o de replicar o processo por subsecção. Os resultados estão espelhados na Figura
5, tornando notória a existência de fortes disparidades intra-freguesia.
Ou seja, se, por um lado, o nível corrente de pressão do AL pode ser considerado baixo em
qualquer uma das freguesias, por outro lado, existem subsecções (que aproximam o
quarteirão) em que o nível corrente de pressão do AL atinge valores significativos. Uma
análise mais detalhada aos valores encontrados por subsecção para o ‘Rácio 1’ evidencia o
seguinte: mais de 90% das subseções apresentam valores inferiores a 0.25 e apenas 49 das
subsecções apresentam valores superiores a 0.25; destas 49 subsecções, 35 apresentam
32 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
valores compreendidos entre 0.25 e 0.4, 8 apresentam valores compreendidos entre 0.4 e
0.5 e, as restantes 6 subsecções apresentam valores superiores a 0.5. Nenhuma subsecção
apresenta ‘Rácio 1’ superior a 0.7.
O caderno de encargos deste estudo propunha uma análise empírica sobre a qual se
pudesse construir uma política mais informada de acompanhamento da dinâmica do AL,
não excluindo, se tal fosse considerado necessário, o condicionamento da sua evolução.
Embora tendo claro que a definição do que constitui, ou não, uma situação “problemática”
seja eminentemente política, procuramos dar um contributo que possa, mais uma vez,
facilitar a discussão. Para tal, propomos um conjunto de critérios para a definição de
subsecções potencialmente problemáticas, tendo em conta a pressão corrente do AL.
Estes critérios utilizados para a definição das zonas potencialmente problemáticas têm em
consideração as limitações específicas de cada um dos rácios propostos para medir a
pressão corrente do AL no mercado habitacional – em concreto: o ‘Rácio 1’ tem como
limitação principal uma potencial subestimação do AL; o ‘Rácio 2’ tem como limitação
principal ter o numerador e o denominador assentes em procedimentos de
georreferenciação distintos.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 33
Em resultado destas considerações definiu-se, para o ‘Rácio 1’, um limiar crítico de 0.25
enquanto, para o ‘Rácio 2’, esse limiar crítico foi estabelecido em 0.5. Uma subsecção que
apresente um ‘Rácio 1’ acima de 0.25 ou um ‘Rácio 2’ acima de 0.5 poderá ser definida como
uma zona potencialmente problemática no que diz respeito à pressão corrente do AL. Os
resultados estão sintetizados na Figura 6, para cada rácio e para ambos – neste último caso,
decorrente das limitações descritas, considerou-se prudente utilizar como condição a
verificação de pelo menos um limiar crítico.
em que as variáveis estão definidas da seguinte forma, todas com fonte AdP:
‘CH2011’ representa o número de contadores de habitação em 2011
‘CAL2018’ representa o número de contadores de AL em 2018
‘CAL2018/11’ representa o número de contadores de AL em 2018 que já existiam em 2011
‘NCnAL’ representa o número de novos contadores não AL: a diferença ‘NCH’-‘NCAL’
Nota: decomposição do indicador ‘Pressão corrente do AL’ de acordo com a estrutura dos dados AdP.
23
O exercício centra-se no rácio 1 dado recorrer a uma só fonte, o que assegura coerência e comparabilidade.
24
Nesta secção não é evidenciada a distinção entre conceito e medida, porque é usada uma única medida para
cada conceito, acrescendo que todas as medidas são construídas com base nos dados AdP. Mas importa notar o
seguinte: a correspondência entre conceito ‘habitação vaga’ e a medida ‘contador inativo’ pode ser alvo de
discussão. Em princípio, uma habitação com contador inativo deverá estar vaga, mas uma habitação vaga pode
ter contador ativo. Por esta razão a AdP reporta, para 2011, valores globais de contadores inativos
sistematicamente inferiores ao reportado pelo INE, na variável ‘alojamentos vagos’. Assim, nesta secção,
designamos ‘habitação vaga’ em sentido mais estrito, e ‘habitação ocupada’ em sentido mais lato.
25
Ver Anexo X para demonstração.
36 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Em concreto, da decomposição resulta que, tudo o resto igual, a maior pressão corrente do
𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖/𝟏𝟏 26
AL varia positivamente com ( ) . Importa clarificar que este indicador expressa,
𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖
na verdade, o peso relativo do AL que veio ocupar habitação existente, na medida em que
os contadores no numerador seriam, em 2011, todos “não AL” porque, nessa altura, o AL
era virtualmente inexistente.
Por outro lado, da decomposição resulta que maior pressão corrente do AL varia
negativamente com a terceira parcela. Importa clarificar que o indicador correspondente
𝑵𝑪𝒏𝑨𝑳
( ) compara (relativiza) o AL total com o crescimento da habitação não AL, na
𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖
medida em que os contadores no numerador são os novos contadores de habitação que
não são AL.
O exposto motiva uma análise mais detalhada de cada uma das parcelas, em particular as
seguintes.
𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖/𝟏𝟏
𝑷𝒓𝒆𝒔𝒔ã𝒐 𝒅𝒐 𝑨𝑳 𝒔𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒉𝒂𝒃𝒊𝒕𝒂çã𝒐 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒆𝒏𝒕𝒆 = ,
𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖
𝑵𝑪𝒏𝑨𝑳
𝑹á𝒄𝒊𝒐 𝒏𝒐𝒗𝒂 𝒉𝒂𝒃𝒊𝒕𝒂çã𝒐 𝒏ã𝒐 𝑨𝑳 = ,
𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖
Em números:
26
Não esquecer que se está a utilizar o inverso do rácio inicial. Isto é, na expressão acima, uma subida significaria
menor valor para o inverso do ‘Rácio 1’, que concorre para medir a pressão do AL. As conclusões referem-se,
sempre, ao rácio inicial (‘Rácio 1’).
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 37
Gráfico 9 – Pressão do AL sobre habitação existente e Rácio nova habitação não AL por
freguesia
Paranhos
União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e
Nevogilde
Campanhã
Ramalde
0 1 2 3 4 5 6 7
Fonte: AdP.
Tabela 2 – Pressão do AL sobre habitação existente e Rácio nova habitação não AL por
freguesia (pré-2013) identificadas como potencialmente problemáticas
Nº de Nº de Nº de novos
contadores de contadores de contadores não
AL em 2018 já AL em 2018 AL
existentes em (2011-2018) Pressão do AL Rácio nova
Freguesia 2011 sobre habitação habitação não
existente AL
Fonte: AdP.
27
Nomenclatura pré-2013.
38 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Figura 7 – Pressão do AL sobre habitação existente e Rácio nova habitação não AL por
subsecção
Fonte: AdP.
Legenda: Azul – maior pressão do AL. Vermelho – menor pressão do AL. Importa notar que, por construção, o
indicador ‘Pressão do AL sobre habitação existente’ está positivamente relacionado com o nível de pressão de
AL, enquanto o ‘Rácio nova habitação não AL’ está negativamente relacionado com o nível de pressão de AL.
Nota: Excluíram-se subsecções com ‘AL’ = 0 e ‘AF2011’ = 0. ‘Pressão do AL sobre habitação existente’ está centrado
em 0.5 e o ‘Rácio nova habitação não AL’ está centrado em 1. Para otimizar a leitura, optou-se por destacar
unicamente as subsecções identificadas como potencialmente problemáticas.
Ainda que seja fácil reconhecer a capacidade de o indicador ‘Pressão do AL sobre habitação
existente’ captar uma dimensão de pressão do AL sobre o mercado habitacional, importa
reconhecer que o recurso a uma habitação ocupada, ou a uma habitação vaga, incorpora
significados distintos, quaisquer que sejam os critérios (sociológicos ou económicos)
usados. As dinâmicas sociais estão fora do âmbito deste estudo que se limita a fornecer um
pano de fundo, mais ou menos quantificado, de alguns dos movimentos de ocupação do
edificado urbano. Por isso, é-nos possível afirmar que, no limite, a ocupação por AL de
habitação antes vaga pode ser vista como neutra do ponto de vista da pressão sobre o
mercado habitacional. É este o exercício que é levado a cabo de seguida, sistematizado na
Caixa 3.
40 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
em que as variáveis adicionais estão definidas da seguinte forma, ambas com fonte AdP:
‘CALativos2018/11’ representa o número de contadores de AL em 2018 que já existiam em 2011 e estavam ativos
em 2011
‘CALinativos2018/11’ representa o número de contadores de AL em 2018 que já existiam em 2011 e estavam
inativos em 2011
Nota: decomposição do indicador ‘Pressão corrente do AL’ de acordo com a estrutura dos dados AdP.
𝑪𝑨𝑳𝒊𝒏𝒂𝒕𝒊𝒗𝒐𝒔𝟐𝟎𝟏𝟖/𝟏𝟏
𝑷𝒓𝒆𝒔𝒔ã𝒐 𝒅𝒐 𝑨𝑳 𝒔𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒉𝒂𝒃𝒊𝒕𝒂çã𝒐 𝒗𝒂𝒈𝒂 = ,
𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖
28
Os dados disponíveis não nos permitem identificar em que medida a habitação ocupada pelo AL estava,
previamente, associada a contratos de arrendamento. No entanto, por serem substitutos mais próximos, é
razoável admitir que grande parte da transição se faz a partir de arrendamento. As outras alternativas serão
habitações próprias, reafectadas a AL ou, efetivamente, vazias (mas com contadores ativos).
29
Neste sentido, algumas das subsecções identificadas na secção anterior como potencialmente problemáticas –
ver Figura 6 – podem deixar de ser consideradas problemáticas se considerado o efeito sobre a habitação vaga.
Assim, a Figura 6 pode ser entendida como contendo ‘manchas’ definidas segundo um critério, neste sentido,
amplo.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 41
Fonte: AdP.
Paranhos
União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e
Nevogilde
Campanhã
Ramalde
Fonte: AdP.
Fonte: AdP.
Legenda: Azul – maior pressão do AL. Vermelho – menor pressão do AL.
Nota: Excluíram-se subsecções com ‘AL’ = 0 e ‘AF2011’ = 0. Os dois indicadores estão centrados em 0.5. Para
otimizar a leitura, optou-se por destacar unicamente as subsecções identificadas como potencialmente
problemáticas.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 43
4. Síntese de limitações
Neste ponto, procura-se fazer uma síntese das principais limitações do estudo, dividindo-
as entre as que estão subjacentes: [1] à análise da dinâmica de AL propriamente dita; e, [2]
à análise do confronto da dinâmica do AL com a oferta habitacional.
[1] Neste caso, os dados utilizados são os disponibilizados pelo RNAL e a análise assenta
num procedimento de georreferenciação. Nesta fase, configuram principais limitações:
[2] Quanto a este tema, os dados utilizados são os disponibilizados pelo RNAL e pela AdP
– controlando através dos dados disponibilizados pelo INE (Censos 2011) – e a análise
assenta no desenvolvimento de um conjunto de rácios. Nesta fase, configuram principais
limitações:
• Não nos ser possível distinguir entre AL que é utilizado exclusivamente para esse
fim, de AL que também é utilizado para habitação. Esta limitação encontra justificação, por
exemplo, na mobilidade habitacional desencadeada por motivos profissionais ou de lazer,
mas também na ambiguidade que as orientações do regulador permitem ao não autorizar
a cobrança da tarifa AL nos casos em que há aluguer de quartos em residências que, em
princípio, são de habitação permanente.
• Não foram identificadas limitações de relevo à análise levada a cabo no ponto 3.2.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 45
5. Conclusões e Questões em
Aberto
O alojamento local (AL), enquanto fenómeno com expressão e modelo de negócio, é
relativamente recente. A sua expansão encontrou nas plataformas digitais o fautor crucial,
permitindo o acesso, da unidade ou promotor, a uma procura literalmente global e, ao fazê-
lo, viabilizando novos modelos de negócio. Como acontece com frequência, o
florescimento induzido pelo funcionamento do mercado gerou efeitos secundários,
externalidades na linguagem dos economistas. Se bem que algumas dessas consequências
possam ser positivas, por exemplo na revitalização de algum comércio local e atividades
de proximidade, são os impactos negativos que têm merecido mais destaque e a
consequente preocupação. A não renovação de contratos de arrendamento, os despejos, o
desenraizamento associado à ocupação temporária por novos públicos, tudo isso foi visto,
no geral, como indutores de uma descaracterização da estrutura sócio-demográfica e
cultura pré-existentes, a tão falada gentrificação.
Até à data, a regulação sobre o alojamento local a nível mundial está, tal como em Portugal,
numa fase bastante introdutória, podendo enquadrar-se nas seguintes categorias:
o 120 dias por ano – Paris (França); Japão; Los Angeles (Estados Unidos da
América);
o 90 dias por ano – Londres (Reino Unido); Madrid (Espanha); São Francisco
(Estados Unidos da América);
No Porto, num primeiro momento bem-vindo, pelo efeito amortecedor do impacto da crise
económica, e acarinhado, pela reabilitação de edificado muito degradado, a expansão do
AL começou, a partir de certa altura, também a ser motivo de preocupação e, até, de
controvérsia. Ainda que o crescimento quantitativo seja acomodável, a concentração do
alojamento local em zonas muito específicas da cidade, no Porto como noutras urbes,
colocou pressão e gerou efeitos inesperados ou indesejados, suscitou discussões
acaloradas, reações emocionais e propostas mais ou menos radicais. Contudo, essas
tomadas de posição, focadas no efeito sobre o arrendamento, foram, não poucas vezes,
comandadas pela ideologia, intuitivas e parcamente informadas. Será que, neste caso, “as
aparências iludem” ou que “o que parece, é”?
30
Foi igualmente estabelecido um regime com 4 zonas geográficas no centro da cidade (ver Anexo I).
31
Foram igualmente criadas 3 áreas especificas (ver Anexo I).
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 47
muito, na resposta objetiva às questões colocadas. Se bem que não se tenha conseguido
uma caracterização plena (não é possível, por exemplo, garantir que um edificado pré-
existente, com contador ativo, e agora afeto a AL, estivesse vazio ou ocupado pelo
proprietário). Parece-nos, ainda assim, legítimo afirmar que essas serão situações
marginais no todo.
Esse parece ser também o caso do Concelho do Porto. Muito embora, globalmente, o
crescimento do AL apresente ainda uma expressão marginal – exibindo uma pressão
corrente em torno dos 5% – verifica-se um elevado grau de concentração na Baixa da cidade
(União de freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória e,
também, freguesia do Bonfim). Para estas freguesias, a pressão corrente do AL é pelo
menos o dobro do valor observado para a Cidade do Porto.
Mas, como surgiu esta oferta de AL? E que significado tem para o mercado habitacional?
Globalmente, para o Concelho do Porto: [1] cerca de 30% do total do AL foi criado de raiz;
e [2] a dinâmica de nova habitação, para fins residenciais, acompanha a dinâmica de AL.
Mas também aqui surgem assimetrias geográficas. Na Baixa da cidade, observa-se: [1] uma
elevada ocupação, por AL, de habitação previamente existente; enquanto [2] o novo
edificado (de raiz) tem um desenvolvimento relativamente anémico. Assim dito, esta seria,
em princípio, uma fonte de preocupação. Contudo, como se sabe, conceptualmente, a
ocupação de habitação vaga é muito menos preocupante, em termos de impacto total, do
que a ocupação de habitação ocupada que envolve desalojamento ou, no mínimo,
reafectação. Por isso, é crucial esclarecer em que medida a ocupação de habitação existente
envolve habitação previamente ocupada, em particular no centro histórico. Esta análise
permite mitigar a preocupação supra enunciada. Os dados mostram que, em qualquer
freguesia, a pressão do AL sobre a habitação previamente ocupada é superior à pressão do
AL sobre habitação vaga. Porém, por comparação com as demais freguesias, na Baixa da
cidade observam-se valores relativamente baixos de pressão do AL sobre a habitação
ocupada (e, em contraste, níveis até relativamente altos de pressão do AL sobre a habitação
vaga), o que parece indiciar que aí houve um investimento na ocupação/reabilitação
superior à média.
- Em princípio porque, nestes casos, haveria um segundo nível de análise que traria
a questão da “substituição” para o centro da decisão. Em função do nível de substituição
ocorrido, quer num caso, quer noutro, a luz poderia esmorecer, na direção do verde, ou
intensificar-se, na direção do vermelho. Por exemplo, se uma zona tiver um peso do AL no
total de 30%, a luz seria, em princípio, amarela mas, se o AL ocupasse, de forma
significativa, habitação que, anteriormente, estivesse alugada, poderia passar a laranja ou
vermelha, dependendo do quão intensa fosse a substituição. Por hipótese, no caso do
amarelo, poderíamos pensar nos seguintes limiares: acima de 25% passava a laranja e
acima de 37,5% a vermelho. No caso do laranja, passaria a vermelho se o AL tivesse
substituído mais de 1/3 de arrendamentos pré-existentes. Obviamente, podem admitir-se
variantes lineares destes limiares de decisão, ou seja, ser mais tolerante se o amarelo estiver
associado a 25% e menos se estivesse mais próximo de 37,5% (poder-se-ia, por exemplo,
assumir os limites atrás referidos como válidos para 37,5% e incrementá-los 10% no caso
do AL pesar 25%, o que dava 27,5% e 41,25% como valor de mudança de cor).
A política de cidade não se esgota em rácios ou indicadores, nem numa visão parcelar da
ocupação do espaço urbano. Sempre atento, e conhecedor como poucos da biologia da
Cidade, Hélder Pacheco talvez nos dê, no título do capítulo final do seu mais recente livro,
“Porto: da Cidade”, a resposta: o desafio é “Reconstruir a Alma”.
32
O resultado do exercício exploratório descrito, aplicado ao nível das subsecções, consta no Anexo XI. No mesmo
anexo consta também a comparação entre o resultado deste exercício exploratório e o resultado do exercício
quando só se utiliza o indicador de pressão corrente do AL
50 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
6. Anexos
6.1. Anexo I
O Alojamento Local em Portugal e noutros países
6.1.1. Portugal
A figura do alojamento local (AL) foi criada pelo Decreto-Lei nº 39/2008, de 7 de março,
alterado pelos Decreto-Lei nº 228/2009, de 14 de setembro, e 15/2014, de 23 de janeiro, tendo
sido regulamentada pela Portaria n.º 517/2008, de 25 de junho.
Contextualização
33
Ver nº 2 do artº3 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto.
34
Ver nº 3 do artº3 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto.
35
Ver nº 4 do artº 3 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto alterado pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 51
Alterações
Áreas de contenção
A Câmara Municipal pode definir áreas de contenção para a instalação de novo alojamento
local por freguesia, contemplando todo o território da mesma ou parte. Esses limites
podem ser relativos, podendo, igualmente, ter em conta limites percentuais em proporção
dos imóveis disponíveis para habitação 41. Essas áreas devem ser reavaliadas de dois em
dois anos42.
36
Ver alínea d) do nº 1 do artº3 Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto alterado pela Lei nº 62/2018 de 22 de
agosto. Esta modalidade foi introduzida pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto, estando previamente inserida nos
estabelecimentos de hospedagem.
37
Ver nº 7 do artº 3 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto introduzido pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
38
Ver nº 6 do artº 3 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto introduzido pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
39
Ver nº 1 do artº 11 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto introduzido pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
40
Ver nº 6 do artº11 da Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
41
Ver nº 1 do artº 15-A do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto aditado pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
42
Ver nº 3 do artº 15-A do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto aditado pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
43
Ver alínea b) do artº 9 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto introduzido pela Lei nº 62/2018 de 22 de
agosto.
52 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Nas áreas de contenção, o mesmo proprietário apenas pode explorar um máximo de sete
estabelecimentos de alojamento local44. Os proprietários que, anteriormente à entrada da
lei em vigor, excedam esse número não podem afetar mais imóveis à exploração de
alojamento local45.
Condomínios
Contudo, caso seja um Hostel que esteja localizado em edifícios em propriedade horizontal
nos prédios em que coexista habitação, o mesmo não pode ser instalado ou deliberado sem
autorização dos condóminos para o efeito49.
Os titulares de registos de alojamento local podem ter de pagar uma contribuição adicional
à quota de condomínio, com um limite de 30 % do valor anual da quota respetiva, sendo
que tal contribuição é fixada pelo condomínio50.
44
Ver nº 7 do artº 15-A do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto aditado pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
45
Ver nº 4 da Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
46
Ver nº2 e nº 3 do artº 7 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto introduzidos pela Lei nº 62/2018 de 22 de
agosto.
47
Ver nº 6 do artº 15-A do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto aditado pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
48
Ver nº2 e nº 3 do artº 9 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto introduzidos pela Lei nº 62/2018 de 22 de
agosto.
49
Ver nº4 do artº 4 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto introduzido pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
50
Ver artº 20-A do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto aditado pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 53
instalada a unidade51. Dar nota que esta responsabilidade se aplica em qualquer situação e
modalidade de alojamento local.
Notas finais
Estes tipos de alojamentos não estão sujeitos aos mesmos regulamentos em termos
de segurança e higiene que os hotéis ditos tradicionais e, por isso, terão uma
vantagem comparativa;
o Maiorca (Espanha)
51
Ver artº 20-A do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto aditado pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
52
Ver nº1 do artº 21 do Decreto-Lei nº 128/2014 de 29 de agosto alterado pela Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
53
Ver nº5 da Lei nº 62/2018 de 22 de agosto.
54 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
o Japão – limitado a 120 dias por ano. Os imóveis de alojamento local estão
submetidos às mesmas regras que os hotéis.
o Los Angeles (Estados Unidos da América) - limitado a 120 dias por ano.
Os arrendatários apenas podem arrendar um imóvel, a sua residência
principal, onde terão de residir durante, pelo menos, 6 meses.
o Madrid (Espanha) – limitado a 90 dias por ano. Imóveis inteiros que sejam
destinados ao alojamento local terão de obter a mesma licença que um
hotel. Apartamentos, ou quartos, em regime de alojamento local no centro
de Madrid terão de ter uma entrada própria, separada das entradas dos
restantes residentes do bloco de apartamentos.
Isto pode resultar da falta de rigor com que a lei foi aplicada, dado que apenas alguns
infratores foram multados. A própria lei era ambígua e foi interpretada de diferentes
formas pelos distritos de Berlim.
Figura 9 – Número semanal de listagens de Airbnb em Berlim (Coyle and Young, 2006)
54
Ver Coyle e Yeung (2006).
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 57
locais, listados no AirBnB, reduziu 16%, os dias reservados 35%, a renda aumentou 7% e,
consequentemente, as receitas totais diminuíram 30%.
Na maioria dos países, a medida aplicada tem procurado fomentar a noção de alojamento
local enquanto parte integrante da economia de partilha e, por isso mesmo, o foco tem sido
em limitar o arrendamento em regime de alojamento local a um determinado número de
dias por ano, em particular de “imóveis inteiros”. Desta forma, as autoridades procuram
garantir que estes edifícios não são dedicados a fins comerciais, mantendo o propósito
inicial do alojamento local. Em Berlim, Santa Mónica e São Francisco os efeitos foram
diferenciados, mas pode-se concluir que, em geral, a introdução da lei levou a uma redução
do número de alojamento locais, em particular dos operados por comerciais.
6.2. Anexo II
Secções e subsecções estatísticas por freguesia,
nomenclatura pré-2013
Aldoar 19 100
Bonfim 49 152
Campanhã 54 312
Cedofeita 47 124
Massarelos 15 83
Miragaia 6 34
Nevogilde 8 44
Paranhos 89 327
Ramalde 62 255
Santo Ildefonso 22 95
São Nicolau 4 32
Sé 9 53
Vitória 5 34
9000
8000
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
Fonte: RNAL.
19%
10%
71%
Fonte: RNAL.
60 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
6.4. Anexo IV
Registos de AL por freguesia, nomenclatura pré-2013
Aldoar 22 0.3%
Sé 785 10.8%
Vitória 699 9.6%
Fonte: RNAL.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 61
6.5. Anexo V
AL no concelho do Porto: referenciação geográfica
62 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
6.6. Anexo VI
Contadores por freguesia, nomenclatura pré-2013
Fonte: AdP.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 63
Fonte: AdP.
64 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Miragaia 154 91 63
Nevogilde 75 55 20
Paranhos 1 240 980 260
Fonte: AdP.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 65
Por outro lado, existem também alguns fatores que justificam uma subestimação dos dados
disponibilizados pela AdP. Primeiro, é possível que algum do AL registado ainda não
esteja em funcionamento e, por isso, possa ainda não ter um contrato de fornecimento de
água. Segundo, o facto de um edifício poder conter vários AL do mesmo proprietário com
um único contador associado ao edifício. Neste caso, efetuámos uma análise mais fina dos
dados do RNAL a qual sugere que, a existirem, esses casos serão residuais. Por fim, a
regulamentação vigente legitima a atribuição de tarifa doméstica nos casos de AL em que
o proprietário prove que essa é também a sua habitação própria. Não conseguimos apurar
a relevância prática desta hipótese. Tomando estes argumentos no seu conjunto, não
podemos excluir a possibilidade de a AdP não estar, ainda, a capturar parte do AL.
66 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Vitória
Sé
São Nicolau
Santo Ildefonso
Ramalde
Paranhos
Nevogilde
Miragaia
Massarelos
Lordelo do Ouro
Foz do Douro
Cedofeita
Campanhã
Bonfim
Aldoar
Rácio 1 Rácio 2
Gráfico 14 – Pressão do AL sobre habitação existente e Rácio nova habitação não AL por
freguesia
Vitória
Sé
São Nicolau
Santo Ildefonso
Ramalde
Paranhos
Nevogilde
Miragaia
Massarelos
Lordelo do Ouro
Foz do Douro
Cedofeita
Campanhã
Bonfim
Aldoar
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Fonte: AdP.
68 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
Tabela 9 – Pressão do AL sobre habitação existente e Rácio nova habitação não AL por
freguesia
Nº de Nº de Nº de novos
contadores de contadores de contadores não
AL em 2018 já AL em 2018 AL Pressão do AL
Rácio nova
existentes em (2011-2018) sobre
Freguesia habitação não
2011 habitação
AL
existente
Fonte: AdP.
Vitória
Sé
São Nicolau
Santo Ildefonso
Ramalde
Paranhos
Nevogilde
Miragaia
Massarelos
Lordelo do Ouro
Foz do Douro
Cedofeita
Campanhã
Bonfim
Aldoar
Fonte: AdP.
C E G E A centro de estudos de gestão e economia aplicada | 69
AdP
AdP AdP
Nevogilde 24 1 26 0.92 0.04
Ramalde 92 5 101 0.91 0.05
Foz do Douro 75 6 88 0.85 0.07
Aldoar 17 3 20 0.85 0.15
Lordelo do Ouro 79 6 98 0.81 0.06
Paranhos 169 27 212 0.80 0.13
Fonte: AdP.
70 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
6.9. Anexo IX
Subsecções potencialmente problemáticas
[limiares em metade do valor dos anteriores]
6.10. Anexo X
Decomposição do inverso do ‘Rácio 1’
Primeira decomposição
𝟏 𝑪𝑯𝟐𝟎𝟏𝟖
=
𝑹á𝒄𝒊𝒐 𝟏 𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖
𝑪𝑯𝟐𝟎𝟏𝟏 𝑵𝑪𝑯
= +
𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖 𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖
𝑪𝑯𝟐𝟎𝟏𝟏 𝑵𝑪𝑨𝑳 𝑵𝑪𝒏𝑨𝑳
= + +
𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖 𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖 𝑪𝑨𝑳𝟐𝟎𝟏𝟖
em que as variáveis estão definidas da seguinte forma, todas com fonte AdP:
‘CH2018’ representa o número de contadores de habitação em 2018
‘CH2011’ representa o número de contadores de habitação em 2011
‘NCH’ representa o número de novos contadores de habitação (diferença ‘CH2018’-‘CH2011’)
‘CAL2018’ representa o número de contadores de AL em 2018
‘CAL2018/11’ representa o número de contadores de AL em 2018 que já existiam em 2011
‘NCAL’ representa o número de novos contadores de AL: a diferença ‘CAL2018’-‘CAL2018/11’
‘NCnAL’ representa o número de novos contadores não AL: a diferença ‘NCH’-‘NCAL’
Segunda decomposição
em que as variáveis adicionais estão definidas da seguinte forma, ambas com fonte AdP:
‘CALativos2018/11’ representa o número de contadores de AL em 2018 que já existiam em 2011 e estavam ativos
‘CALinativos2018/11’ representa o número de contadores de AL em 2018 que já existiam em 2011 e estavam
inativos
72 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
6.11. Anexo XI
Categorização de zonas: [1] exercício exploratório proposto; [2] comparação entre o exercício
anterior e exercício análogo em que só se utiliza o indicador de pressão corrente do AL
Nota: em linha com as limitações de cada um dos rácios utilizados para medir o indicador “Pressão corrente do AL”, os limiares propostos (0.25, 0.375 e 0.5) foram afetos ao ‘Rácio 2’, considerando
conjuntamente o ‘Rácio 1’ para metade de cada limiar. O indicador de substituição utilizado foi “Pressão do AL sobre habitação ocupada”. Excluíram-se subsecções com ‘AL’ = 0 e ‘AF2011’ = 0.
[a] zoom
74 | ALOJAMENTO LOCAL NO CONCELHO DO PORTO
[2] comparação entre o exercício anterior e exercício análogo em que só se utiliza o indicador de pressão corrente do AL
[a] exercício anterior
7. Bibliografia
Coyle, Diane and Timothy Yeung (2016). “Understanding Airbnb in fourteen European
cities,” The Jean-Jacques Laffont Digital Chair Working Papers
INE (2011) - Censos (2011) – Importação dos principais dados alfanuméricos e geográficos
(BGRI). Base de dados disponível em http://mapas.ine.pt/.