12-O Beneficio Da Hidroterapia No Tratamento de Pacientes Portadores de Paralisia Cerebral
12-O Beneficio Da Hidroterapia No Tratamento de Pacientes Portadores de Paralisia Cerebral
12-O Beneficio Da Hidroterapia No Tratamento de Pacientes Portadores de Paralisia Cerebral
Resumo
A paralisia cerebral (PC) é definida como uma alteração da postura e do movimento,
permanente, mas não imutável. Resulta de um distúrbio no cérebro não progressivo,
devido a fatores hereditários, eventos ocorridos durante a gravidez, parto, período
neonatal ou durante os primeiros dois anos de vida. Consiste num distúrbio do
movimento e/ou postura, persistente, mas não invariável, podendo surgir nos primeiros
anos de vida por lesões não progressivas do cérebro imaturo. Podem estar presentes
distúrbios associados como cognitivos, sensoriais e de comunicação. A utilização da
abordagem hidroterapêutica torna-se viável em vários aspectos estruturais, funcionais
e sociais no processo de reabilitação.A piscina terapêutica oferece oportunidades
estimulantes para os movimentos mais difíceis e complexos, pois forças diferentes agem
na água. Os efeitos de flutuabilidade, metacentro e das rotações fornecem campo para
as técnicas especializadas. A hidroterapia proporciona ao paciente portador de
paralisia cerebral ganhos sensório- motores. A utilização da abordagem
hidroterapêutica torna-se viável em vários aspectos estruturais, funcionais e sociais no
processo de reabilitação.
Palavas-chave: Paralisia cerebral; Fisioterapia; Hidroterapia.
1.Introdução
Stanley (2000) afirma que a Paralisia Cerebral (PC) descreve um grupo de desordens do
desenvolvimento do movimento e postura, causando limitação da atividade, que são
atribuídos a distúrbios não progressivos que ocorrem no desenvolvimento do cérebro
fetal ou infantil até o segundo ano de vida pós-natal. As desordens motoras da PC
podem frequentemente estar acompanhadas por distúrbios sensoriais, cognição,
comunicação, percepção, comportamental, desordens epiléticas, dentre outros prejuízos.
De acordo com Grenwood (2005) a etiologia da PC é multifatorial e geralmente não é
estabelecida devido à dificuldade de precisar a causa e o momento exato da lesão. No
entanto, a etiologia compreende aspectos pré-natais (malformações do sistema nervoso
central, infecções congênitas e quadros de hipóxia), perinatais (anóxia perinatal) e pós-
natais (meningites, infecções, lesões traumáticas e tumorais) (GARNE,2008;
BLAIR,2006;CANS,2007).
Morris(2007) descreve que o quadro clínico da paralisia cerebral é caracterizado por
uma disfunção predominantemente sensório-motora, com alterações do tônus muscular,
da postura e da movimentação voluntária e involuntária. Dentre os tipos de alterações de
tônus a forma espástica é a mais frequente, sendo caracterizada por hipertonia muscular
associada à persistência de reflexos posturais primitivos que alteraram os padrões de
movimento e todo o organograma de aprendizagem e aquisição motora (PATO,2002;
KELLY,2005).
Apesar do carácter não progressivo, alguns autores observam a presença do aspecto
mutabilidade na Paralisia Cerebral, onde o repertório motor sofre alterações devido ao
processo maturacional, ao aprendizado e a influência do meio (BORGES,2005).
confiança, motivação e interesse por facilitar tarefas que fora da água são difíceis ou até
mesmo impossíveis de serem realizadas (GORTER,2011).
Esses benefícios estão relacionados com os princípios fundamentais da hidrodinâmica e
termodinâmica que envolvem as características específicas da água, como a densidade,
gravidade,pressão hidrostática, flutuação, tensão superficial, calor específico,
viscosidade, fluxo e efeitos de resistência.
Borges(2007) afirma que fisioterapia aquática tem valor efetivo na reabilitação destas
crianças por proporcionar numerosos benefícios, sendo um deles a flutuação, que
facilita ao portador de deficiência física manter-se em ortostatismo sem uso de órteses.
Os benefícios psicológicos também estão presentes através da sensação de maior
liberdade proporcionada pela possibilidade de atividades motoras não realizáveis em
solo.
2.Referencial Teórico
2.2 Classificação
As pessoas com paralisia cerebral podem ser classificadas, de acordo com a
característica clínica mais dominante, em espástico, discinético e atáxico (CANS, 2007).
A paralisia cerebral espástica caracteriza-se pela presença de tônus elevado (aumento
dos reflexos miotáticos, clônus, reflexo cutâneo plantar em extensão – sinal de Babinski
e é ocasionada por uma lesão no sistema piramidal (SCHOLTES, 2006). A
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2.3 Incidência
Segundo Edelmuth, apud Rotta (2002), os estudos epidemiológicos de PC mostram
dados variáveis. Em 1950, Illingworth considerou 600 mil casos nos Estados Unidos,
aos quais se juntam, mais ou menos, 20 mil por ano. A incidência em países
desenvolvidos tem variado de 1,5 a 5,9/1.000 nascidos vivos. Não existe pesquisa
específica e oficial no Brasil a respeito da incidência de portadores de deficiências
física, sensorial ou mental. surgem no Brasil, 17.000 novos casos de PC ao ano.
Segundo ZANINI, (2009), estudos epidemiológicos do oeste da Austrália , Suécia,
Reino Unido e dos Estados Unidos têm relatado taxas de PC em 2,0 e 2,5 por 1.000
nascidos vivos, isso verificado em países desenvolvidos. Em contrapartida, nos países
subdesenvolvidos a incidência é maior, com um índice de 7 por 1.000 nascidos vivos.
No Brasil, os dados estimam cerca de 30.000 a 40.000 novos casos por ano . A origem
das causas para o desenvolvimento da PC pode ocorrer durante o período pré-natal,
perinatal ou pós natal, mas evidências sugerem que 70% a 80% sejam de origem pré-
natal. As causas podem ser congênitas, genéticas, inflamatórias, infecciosas, anóxicas,
traumáticas e metabólicas. O baixo peso ao nascimento e a prematuridade aumenta
significativamente a possibilidade de uma criança desenvolver PC.
2.4 Etiologia
Segundo Leite (2004) citou Salter (1985) as causas são inúmeras como o
desenvolvimento anormal do cérebro, anoxia cerebral peri natal associada a
prematuridade, lesões traumáticas do cérebro durante o nascimento pela demora no
parto ou por utilizar fórceps, eritroplastose por incompatibilidade do Rh, encefalites na
fase inicial do período pós- natal
2.6 Hidroterapia
A hidroterapia vem sendo indicada e utilizada por médicos e fisioterapeutas em
programas de reabilitação multidisciplinares, principalmente na área reumatológica. O
conceito do uso da água para fins terapêuticos na reabilitação teve vários nomes como:
hidrologia, hidrática, hidroterapia, hidroginástica, terapia pela água e exercícios na
água. Atualmente, o termo mais utilizado é reabilitação aquática ou hidroterapia (do
grego: “hydor”, “hydatos” = água / “therapeia” = tratamento).
Em muitas culturas o uso da água foi relacionado ao misticismo e às religiões. O uso da
hidroterapia como forma terapêutica data de 2400 a.C. pela cultura proto-indiana que
fazia instalações higiênicas. Era sabido que anteriormente, egípcios, assírios e
muçulmanos usavam a água com propostas curativas1,3. Há também documentação de
que os hindus em 1500 a.C. usavam a água para combater a febre. Arquivos históricos
constam que civilizações japonesas e chinesas antigas faziam menções de culto
(adoração) para a água corrente e faziam banhos de imersão por grandes períodos.
Homero mencionou o uso da água para tratamento da fadiga, como cura de doenças e
combate da melancolia. Na Inglaterra, as águas de Bath foram usadas anteriormente a
800 a.C. com propostas curativas.
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Em seu estudo, Fakaitis (2008), avalia e aborda as seguintes variáveis: força muscular,
amplitude de movimento, equilíbrio, coordenação, postura, habilidade, respiração e
função motora, utilizando como recursos cinesioterapia, mecanoterapia, eletroterapia,
termoterapia e técnicas manuais. Estimulam a habilidade do paciente para ser
independente e se reintegrar na comunidade ou retornar ao trabalho.
O enorme histórico dos tratamentos pela água faz da hidroterapia, um recurso
fisioterapêutico, de grandes benefícios aos tratamentos dos diversos tipos de patologias,
sejam elas ortopédicas, neurológicas, pediátricas, gineco-obstétricas e geriátricas.
Devido aos efeitos físicos e fisiológicos advindo da imersão do corpo em piscina
aquecida, é considerado um dos métodos terapêuticos mais antigos utilizados para o
gerenciamento de disfunções físicas. Possuindo efeitos fisiológicos relevantes que se
estendem sobre todos os sistemas e a homeostase. Tendo grandes benefícios no
tratamento de pacientes com distúrbios musculoesqueléticos, neurológicos,
cardiopulmonar, entre outros.
Degani(1998) cita métodos e técnicas utilizados:
Método Halliwik: Criado por James Mac Millan em 1949 é uma metodologia
que, através de seu programa dos 10 pontos, ensina aos pacientes habilidades
diversas na água possibilitando movimentação segura e independente. Baseia-se
em princípios científicos e nas reações do corpo quando imerso na água.
Método Bad Ragaz: Técnica que se desenvolveu nas águas termais da cidade
de Bad Ragaz, na Suíça, nos anos 30, aperfeiçoando-se na Alemanha, nos anos
50. É um programa de importância na recuperação da condição músculo-
esqueléticas, no condicionamento pré e pós-cirúrgico e em algumas afecções
reumáticas e neurológicas.
Método Watsu: O Shiatsu na água (Water shiatsu - Watsu) é uma prática
pioneira de trabalho corporal que, desenvolvida por Harold Dull nos anos 80,
tem demonstrado alta eficiência no relaxamento, alívio de dores e redução do
estresse físico e emocional.
Um misto dos métodos supracitados é utilizado amplamente na hidroterapia
convencional, e adaptado para cada individuo a ser tratado.
2.7Contra- Indicações:
Febre: O ganho de calor pela água associada ao aumento do metabolismo pela
atividade física pode aumentar a temperatura corpórea.
Infecções do trato urinário: Agentes químicos da piscina contribuirão para o
agravamento da infecção.
Capacidade vital abaixo de 40% do valor mínimo esperado: A resistência que a
água proporciona no tórax do paciente pode dificultar a expansão pulmonar e
assim comprometer a oxigenação adequada.
Infecções agudas de ouvido e de vias aéreas superiores: agentes químicos da
piscina quando inalados podem agravar o quadro infeccioso.
Cardiopatias instáveis associada a PC: pacientes com patologias cardíacas sem
controle clínico e/ou medicamentoso, podem apresentar sistema cardíaco
incapaz de adaptar-se às respostas de mudanças vasculares produzidas pela
temperatura de água.
2.8 Restrições
Ausência do reflexo de tosse: o terapeuta deve incentivar o controle respiratório
do paciente e permanecer sempre atento para que não haja afogamento durante a
terapia.
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3.Métodos
Trata-se de revisão de literatura. Foi embasada por meio de pesquisa bibliográfica, que
conforme Fachim (2001), consiste em um conjunto de conhecimentos que conduz o
leitor ao tema e a reprodução e utilização dessas informações coletadas. A busca dos
artigos foi realizada nas bases de dados eletrônicos como o Scientific Electronic Library
Online – Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde - Bireme. A busca dos artigos ocorreu
mediante os seguintes descritores: Fisioterapia em Pediatria, Paralisia Cerebral e
Hidroterapia. Foram previamente selecionados 23 artigos na língua portuguesa
publicados no período de 2000 a 2015 e utilizou-se todos para a construção do
referencial teórico, cujo conteúdo, atendia os critérios de inclusão determinados para
alcançar o objetivo estabelecido.
4.Resultados e Discussão
Bonomo (2007) afirma que os distúrbios presentes na PC caracterizam-se por desordens
do desenvolvimento do movimento e da postura, causando limitação das atividades
funcionais (PASTRELLO,2009) e prejuízo de controle sobre os movimentos pelas
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Conclusão
A criança portadora de Paralisia Cerebral exibe os resultados complexos de uma lesão
do cérebro ou de um erro do desenvolvimento cerebral. À medida que a criança cresce e
evolui, outros fatores se combinam com os efeitos da lesão para agravar as deficiências
funcionais. Esses fatores fazem parte dos efeitos da falta de atividade sobre a
flexibilidade do sistema osteomuscular assim como os efeitos que uma série de
atividade muscular limitada e estereotipada exercem sobre o sistema nervoso. É
possível com a hidroterapia, e outros tratamentos, obter uma melhor independência na
realização das atividades de vida diária. A hidroterapia possui propriedades que trazem
benefícios para o sistema cardiovascular proporcionando alterações renais,
musculoesqueléticas, respiratórias, e aos sistemas nervosos centrais e periféricos.
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Mesmo observando que os resultados são benéficos é preciso que o profissional fique
atento as contra- indicações e restrições do tratamento.
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