Tecnologia Da Produção e Do Processamento Apícola
Tecnologia Da Produção e Do Processamento Apícola
Tecnologia Da Produção e Do Processamento Apícola
PRODUÇÃO E DO
PROCESSAMENTO
APÍCOLA
LIDIA MARIA RUV CARELLI BARRETO
TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO E
DO PROCESSAMENTO APÍCOLA
1ª Edição
Taubaté
Universidade de Taubaté
2015
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reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade.
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e-mail: nead@unitau.br
Horário de atendimento: 8h às 22h
ISBN: 978-85-66128-47-5
Bibliografia
Palavra do Reitor
Bons estudos!
v
vi
Apresentação
Prezado Aluno,
vii
viii
Sobre o autor
ix
x
Caros(as) alunos(as),
Caros( as) alunos( as)
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo
estudado.
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.
Equipe EAD-UNITAU
xi
xii
Sumário
Sobre o autor.................................................................................................................... ix
Ementa .............................................................................................................................. 1
Objetivo ............................................................................................................................ 3
xiii
4.1 A Produção ............................................................................................................... 51
xiv
Tecnologia da Produção e
do Processamento Apícola
ORGANIZE-SE!!!
Você deverá usar de 3
a 4 horas para realizar
cada Unidade.
Ementa
EMENTA
1
2
Objetivo Geral
Proporcionar ao aluno uma visão ampla sobre as técnicas utilizadas nas diversas
operações na área apícola, bem como o conhecimento atualizado sobre certos
produtos apícolas, tais como Mel, Pólen Apícola, Própolis, Cera. Discutir
questões relativas à Segurança de trabalho.
Obj eti vo
Objetivos Específicos
• Implantação de Apiário
• Segurança
• Povoamento do Apiário
• Uso de EPIS
3
Introdução
Não se pode acreditar que a apicultura seja mais uma fórmula mágica e rápida de
enriquecimento, como se lê, infelizmente, em alguns títulos literários brasileiros. Mas
plena é a convicção de que se trata, dentre outras atividades agrossilvopastoris, de uma
prática de exploração racional inesgotável, pelas fontes de néctar, pólen e própolis que as
terras brasileiras possuem. Quando isto é compreendido, constata-se quantas riquezas se
perderam, enquanto as abelhas não ajudavam a colhê-las, e com o auxílio delas teremos,
então, pão em abundância e bem estar de milhares de famílias brasileiras.
A apicultura racional cresce em importância por inúmeros motivos, como, por exemplo,
a possibilidade de se transportar oitenta mil indivíduos polinizadores para povoar um
espaço físico já estéril.
✓ uma abelha pode visitar de 500 a 1.000 flores em um dia, dependendo do fator
distância e abundância de flores na área;
4
✓ uma colmeia forte tem aproximadamente 80.000 abelhas, das quais, 12.000 são
campeiras em condições de visitação, o que resulta uma média de 10.000.000 de
flores visitadas em um dia por colônia de abelhas;
✓ as abelhas possuem muitos pelos em todo corpo, onde uma grande quantidade de
pólen fica retida no inseto que, ao tocar outra flor, realiza a transferência destes
elementos, tornando possível a reprodução vegetal;
✓ nos países mais desenvolvidos, a maior renda de um apicultor não é o mel e sim
os aluguéis das colmeias para a polinização.
5
Unidade 1
O apicultor não precisa ser um botânico, basta ser um bom observador; ou seja, ter
consigo em todas as vezes que estiver no campo um caderno de anotações para registro
de plantas floridas e visitadas pelas abelhas, marcando com suas palavras algumas
características da planta (cor da flor, odor, tamanho), local onde esta planta se encontra
mais abundantemente, mês da observação, qual o tipo de recurso que as abelhas estão
coletando (resina, pólen, néctar ou ambos), enfim, todos os dados que se possa anotar
para melhor conhecimento dos período de safra e entressafra de sua região. Caso queira
conhecer melhor a planta, 3 a 5 ramos floridos da mesma devem ser coletados, prensados
entre folhas de jornal e papelão, encaminhando-se este material para o Herbário da
Universidade de Taubaté (Herb-UNITAU). Isto certamente ajudará o apicultor na
ampliação de suas pastagens apícolas.
1.1.2 Segurança
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A segurança das abelhas, dos animais domésticos e das pessoas, também deve ser uma
constante preocupação do apicultor. A Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT NBR 15585:2008) prescreve como ideal o raio de segurança de 300 metros
para se instalar o apiário; todavia, recomenda-se sua instalação pelo menos a 500-700
metros de residências, currais, estábulos e estradas, para tranquilidade de pessoas,
animais e abelhas. Ademais, a instalação de cerca viva nos limites de um apiário fixo,
que, além de servir como bloqueio aos animais e pessoas desavisadas, serve como
barreira contra ventos fortes.
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Ato Inseguro: É a maneira com que as pessoas se expõem ao risco pelos seguintes
motivos:
• Desconhecimento do risco
• Treinamento Inadequado
• Excesso de Confiança
• Atitude imprópria
• Violência
EPI’s E EPC’s
Outros Riscos
Cabe ainda neste tema chamar atenção para os riscos ergonômicos relacionados
diretamente aos arranjos físicos, ao manuseio de equipamentos e à postura física na
8
atividade apícola, como os procedimentos corretos para transportar uma colmeia ou uma
melgueira, ou o esforço físico repetitivo no uso de uma centrífuga manual.
O consumo reduzido da água pelo apicultor em suas atividades de campo também tem se
revelado com um importante fator responsável por problemas renais. O esforço físico do
apicultor durante o manejo produz naturalmente a transpiração orgânica; esta perda de
líquido deve ser constantemente reposta pelo consumo imediato de água potável. Porém,
não é o que acontece normalmente, visto que o apicultor acaba por se esquecer desta ação.
Isso e as frequentes picadas das abelhas fazem com que a toxina indesejada pelo
organismo tenha um maior tempo de permanência no órgão responsável por sua
eliminação, os rins, que produzem a urina para expelir todos os compostos nocivos ao
organismo. Assim, com o acúmulo dessa exposição ao longo dos anos, os rins acabam
sendo lesados, sofrendo diferentes graus de disfunções que poderão levar o apicultor a
processos de hemodiálise pela perda parcial ou até total da funcionalidade do referido
órgão vital. Por isso, não custa nada regular o consumo de água potável entre um manejo
e outro das colmeias.
A localização ideal para um apiário é aquela que fornece pólen e néctar para um grande
número de colmeias, promovendo o fortalecimento das populações e produzindo um
excedente de mel. Contudo, não existe uma formula mágica para reconhecer o modelo
proposto, uma vez mais o apicultor deverá estar atento para tal observação implantando
aos poucos suas colmeias quando se tratar de apiário fixo. Caso não tenha nenhuma
informação ou experiência em relação à área escolhida, deverá verificar o fluxo de néctar
e pólen no período mínimo de 1 ano e ir ampliando aos poucos o número de colmeias.
Couto & Couto (2006) sugerem 10-20 colmeias por hectare em talhões de eucaliptos; já
Wise (1982) sugere 2 colmeias por hectare em pomares de macieira e 10 colmeias em
pomares de laranjeiras.
Recomenda-se distância de pelo menos 3 quilômetros entre apiários vizinhos, para que a
área não venha a se saturar de abelhas. Começar o apiário com 5 colmeias e não
ultrapassar blocos entre 25 a 50 colmeias por apiário significa ganhar experiência (com
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5 caixas) e minimizar esforços no período de manejo (até 50 colmeias). O receio da
saturação de área não deve levar o apicultor a pulverizar suas colmeias em toda a
propriedade, pois isto também poderá causar problemas. Enfim, bom senso e equilíbrio
também são pré-requisitos para ser um bom apicultor.
Existem vários modelos para se distribuir as colmeias no apiário. O alvado pode até estar
voltado, quando possível, para o nascer do sol, porém é de fundamental importância
instalar as colmeias com o alvado de forma contrária aos ventos frios, para evitar
ressecamento e resfriamento das crias. Caso seja necessário deve-se adotar a redução de
alvado, conforme a população de abelhas (enxames núcleos) e estação do ano (frio).
O telhado deve ser individual, mesmo que o apicultor esteja utilizando cavalete duplo.
Sua função é impedir a exposição direta de colmeia, material biológico e madeira, ao sol
e à chuva, promovendo assim maior proteção e durabilidade da madeira, bem como a
manutenção da temperatura do enxame. O material utilizado deve ser em módulo único,
tipo telhados “eternit” ou tambor de 200 litros cortado em 3 faces longitudinalmente.
Sobre este, um peso (tijolo ou pedra) também pode ser usado, caso ocorra muito vento.
Enfim, o material deverá ser leve, de modo a absorver grandes diferenças de temperatura.
Devem-se evitar telhas francesas e demais materiais fracionados.
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A)Terrenos com declive, colmeias dispostas em zig-zag, voltadas ou não para o nascer
do sol.
C) Grupos de 4 a 8 colmeias.
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Figura 5.6: Alimentadores.
Figura 6.5: Colmeia Fonte: Acervo da autora
Langstroth.
Fonte: Acervo da autora
O enxame inicial poderá ser adquirido de outro apicultor que se disponha a fornecê-lo.
Há casos em que é comercializado com a caixa, modelo Langstroth; pode-se comprar a
colmeia contendo quadros de cria, rainha e operárias até mesmo em fase de produção.
Recomenda-se a aquisição do material somente de fonte idônea – o apicultor iniciante
deve procurar uma entidade representativa ou centros de pesquisas para se informar antes
sobre o material biológico que está adquirindo, pois infelizmente no ramo apícola também
não se está livre de “comprar gatos por lebres”. A exemplo de outros países, foram
desenvolvidos no Brasil, no início da década de 1990, os ”Pacotes de Abelhas”. Estes
consistem na reunião de 1kg de abelhas equivalendo a cerca de 11000 abelhas; são
aproximadamente 4 quadros cobertos por abelhas, e uma rainha protegida por uma gaiola
de transporte afixada no interior do pacote. Depois de adquirir tal pacote, o apicultor
deverá colocar favos em 1 a 2 quadros vazios, 2 quadros de cria em uma colmeia, reduzir
o alvado e proceder o manejo para desenvolvimento de enxames.
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1. A capacidade produtiva de seus enxames, além de toda a capacidade técnica do
apicultor, vincula-se à concorrência dos enxames livres não controlados; uma área
a ser implantada um apiário deverá ser rastreada para se capturar enxames na
natureza fazendo que eles “trabalhem” para o apicultor e não concorram com sua
produção racional.
Normalmente os favos com mel e pólen são separados e os que contêm cria são recortados
nas medidas internas dos quadros e colocados na mesma posição vertical em que se
encontravam originalmente no abrigo natural. Caso os favos sejam colocados de forma
contrária à original, as crias que estão se desenvolvendo nele poderão se afogar pelo
deslocamento ou inversão de suas posições anatômicas no berço de nascimento (alvéolo).
Os quadros já devem estar aramados e os favos serão encaixados neles através de um
pequeno recorte dos favos na linha dos arames e depois presos com elásticos (a utilização
do elástico na fixação dos favos de cria é muito prática); assim que as abelhas soldarem
os favos aos quadros, irão roer este elástico removendo-os para fora da colmeia. A
utilização de barbantes ainda é comum entre os apicultores, isso, além de não ser prático,
permite que as abelhas acabem por roê-los completamente e não os removam para fora
da colmeia – assim, tornam-se um belíssimo “berço” para o desenvolvimento de traças.
O mel não é aproveitado na colmeia, pois ele poderá “lambuzar” a câmara de cria,
atraindo predadores e sufocando as abelhas, causando muitas mortes.
Após a transferência dos favos para a nova moradia, deve-se recolher o maior número de
abelhas, despejando-as sobre os quadros com cria. Este passo é facilitado devido à
formação de "cachos de abelhas", pois, uma vez desorganizadas, tendem a se agrupar na
tentativa de reorganização. Cada agrupamento de abelhas deve ser recolhido para a
colmeia com auxílio de um recipiente, pois a rainha poderá ser encontrada neste meio.
Feito isto, deve-se fechar a tampa da colmeia e colocar sobre o mesmo local onde havia
o cupinzeiro com o alvado direcionado na mesma posição do anterior, ou seja, do alvado
14
principal. A presença da rainha poderá ser constatada a partir dos movimentos realizados
pelas abelhas campeiras: estarão com a cabeça inclinada para baixo e o abdomem
levantado com grande movimentação das asas; na verdade, elas estarão expondo a
glândula de Nazanov distribuindo no ar um cheiro (feromônio) para agrupamento de toda
a família na nova moradia – trata-se de um momento muito bonito de se admirar. Para o
transporte da colmeia recém-capturada, o apicultor deve esperar o entardecer, pois todas
as abelhas que estavam no campo trabalhando voltarão ao local e ficarão dentro da caixa
para o aquecimento das crias e o repouso à noite.
Quando os enxames não estão fixados em abrigos naturais, a sua captura é bem mais fácil.
Isso ocorre quando as abelhas abandonam seus ninhos à procura de novos lugares para se
instalar, e pousam para o descanso ou para início de nidificação, formando “barbas ou
cachos” em árvores, paredes etc. Normalmente estressadas do percurso realizado,
apresentam-se muito dóceis facilitando assim sua captura. Quando o apicultor encontrar
essa situação, deve equipar-se com o material de segurança apícola e, sempre usando
fumaça, jogar o "bolo" de abelhas dentro do ninho da colmeia já contendo um favo vazio
ou cera alveolada e, preferencialmente, um quadro de cria aberta e um quadro com
alimento (mel e pólen). Fecha-se a colmeia, podendo efetuar o transporte imediatamente.
Durante o transporte dos enxames é preciso ventilação suficiente para não sufocar as
abelhas dentro da caixa. Uma tampa de tela, própria para viagem, é usada. A tampa e o
fundo devem estar firmemente fixados à caixa e o alvado vedado com espuma.
*Colocar os EPI’s
*Antes de tocar ou circular no apiário, colocar um jato suave de fumaça nos alvados de
todas as colmeias próximas a sua ação;
*Aproximar-se por trás ou pelo lado da colmeia a ser manipulada (JAMAIS PELA
FRENTE ).
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para um rearranjo sequencial dos quadros de cria – crias mais jovens e ovos sempre
colocados ao centro da colmeia, pois precisam de maior proteção e temperatura
equilibrada para seu perfeito desenvolvimento.
*Não demore na revisão, pois a exposição prolongada dos favos provoca resfriamento da
cria, desorganização da família, pilhagem, etc.
ATENÇÃO:
*Todas as ações realizadas nas colmeias e no apiário deverão ser registradas em planilha!
*Sua condição física também é importante para se obter uma boa revisão. Volte para
casa, descanse e depois, ao passar a planilha a limpo, deixe pronta a prescrição para o
próximo manejo.
C. Rotina de trabalho: estabeleça uma sequência de atividades que viabilize sempre sua
próxima visita ao apiário, bem como o aproveitamento e a conservação dos materiais,
equipamentos e produtos recolhidos no dia do manejo.
• Limpe o fumigador ainda aquecido, pois isto ajuda na remoção de resinas, visto
que após o resfriamento do equipamento elas endurecem, inviabilizando a sua
remoção e afetando a durabilidade do fumigador.
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• Favos velhos com resíduos de mel poderão ser colocados distantes do apiário por
um dia. As abelhas irão limpá-lo para você.
• Toda própolis raspada dos alvados, tampas e quadros, deverá ser acondicionada
em sacos de plástico sob baixas temperaturas em congeladores ou freezers.
D. Intervalo de revisões:
• Após ter introduzido uma rainha em uma colmeia, verifique após 5 dias se ela já
entrou em atividade de postura; caso a rainha esteja aprisionada na gaiola de
introdução, providencie sua liberação imediatamente.
19
• Núcleos em desenvolvimento deverão ser revisados a cada 15 dias, com a
colocação de um quadro de cera ou quadro vazio.
• Manejo pós-inverno: após o período mais frio da região onde está localizado o
apiário, o apicultor deverá providenciar outra grande revisão e manejo, agora
preparando as colmeias para as próximas safras.
20
* Desenvolvimento dos enxames: técnica utilizada para enxames pequenos; a partir desta
técnica, rapidamente o apicultor tem mais um enxame em fase de produção, ou seja,
contendo 8 quadros de cria e 2 quadros de alimento.
Por exemplo, para um enxame com 3 quadros de cria e 2 quadros de alimento e uma
rainha nova: fornecer 1 quadro de cera alveolada quinzenalmente, alimentação energética
3 vezes por semana na proporção 1:1, 400 g de açúcar por dose, durante 2 meses e meio.
O total a se gastar de açúcar em dois meses e meio será de 11kg e 700g e 5 quadros com
cera alveolada para uma produção esperada de aproximadamente 20 kg/ mel/ colmeia
/florada. Em dois meses e meio, o resultado será um enxame forte apto a produzir,
possuindo 8 quadros de cria e 2 quadros de alimento na caixa-ninho.
21
supervisionado. O uso de medicamentos para o tratamento de colmeias não é
recomendado, primeiro porque no Brasil doenças por ação bacteriana, virótica e
parasitárias não têm causado grandes problemas. De fato, o envenenamento por
inseticidas ou pela ingestão de pólen do barbatimão pelas abelhas são as maiores
dificuldades aqui enfrentadas. Segundo algumas pesquisas, quando se tem uma colmeia
doente, propõe-se a eliminação dos enxames não resistentes à doença, sendo essa uma
prática de seleção genética. Porém, à medida que se estreitam as relações exteriores,
principalmente o MERCOSUL, infelizmente a fiscalização sanitária não tem se mostrado
tão eficiente no controle dos produtos apícolas importados, que podem estar veiculando
vírus e bactérias nocivos às nossas abelhas.
• http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/
22
Unidade 2
23
2.1 Desenvolvimento dos Enxames para Produção de Mel
24
Figura 2.1: Favos resultantes Figura 2.2: Quadro de favo a Figura 2.3: Quadro de mel
de captura. partir de cera alveolada. 100% operculado.
Fonte: Acervo da autora Fonte: Acervo da autora Fonte: Acervo da autora
A rainha é levada à postura pelas operárias sempre para favos com espaços vazios, estes
surgem a medida que as abelhas deles emergem. Neste circuito deve entrar em ação o
apicultor para remanejar quadros com ovos e larvas mais jovens, cria aberta, para o centro
da colmeia onde a temperatura é maior e mais constante, transferindo os quadros que
possuam crias em estágio de desenvolvimento avançado, crias fechadas, para uma
posição posterior aos quadros com cria aberta. Os favos vazios poderão ser intercalados
entre quadros de crias fechadas e abertas para novas posturas da rainha se o enxame
estiver em fase de expansão ou produção de mel. Os favos vazios deverão ser removidos
se for um favo velho, ou se o enxame for passar por período de entressafra ou inverno.
Sempre nas duas extremidades da colmeia deverão existir quadros de alimento contendo
mel e pólen. O mel e o pólen estão normalmente distribuídos em uma pequena faixa na
extremidade superior de cada quadro de cria e especialmente presentes nas extremidades
da colmeia – o mel, além de ser uma reserva importante de carboidrato, neste caso irá
realizar a função de manutenção da temperatura interna da colmeia funcionando como
uma “câmara chocadeira” para as crias.
Pode-se afirmar que o maior patrimônio do apicultor é a cera, isto porque toda a base de
desenvolvimento e comunicação entre as abelhas, bem como entre as abelhas e o apicultor
está nos favos de cera. O apicultor acompanha nos quadros o desenvolvimento do enxame
25
e a postura da rainha, dentre outros. Veremos a seguir um pouco desta “comunicação “
entre as abelhas e o homem
A cera alveolada deve ser incrustada no quadro utilizando a lâmina em sua totalidade.
Muitos apicultores acham que estão fazendo grande economia ao colocarem quadros
contendo uma tira de cera alveolada, entendendo equivocadamente que “ esta cera é só
para orientar a construção de alvéolos”. Realmente as abelhas irão construir alvéolos até
a porção final do quadro, porém, um percentual importante de células de zangão será
construído; todavia, este indivíduo não é necessário para a produção de mel, se este for
o objetivo do apiário. Muitos apicultores “controlam” a produção de zangões removendo
a referida cria, recortando e danificando os quadros do ninho; porém, as abelhas irão
novamente repará-los construindo novos alvéolos de zangões. Bela economia! Portanto,
utilizando-se de uma lâmina de cera alveolada, obtida a partir de cilindros alveoladores
para alvéolos de operárias, certamente o favo construído será em sua totalidade de
alvéolos para operárias. Caso, eventualmente, forem construídos alvéolos de zangões, as
próprias abelhas farão seu controle.
• quando for verificado que a rainha não dispõe de espaço para realizar a postura;
Cerca de 4 quadros de cera alveolada deverão ser fornecidos para o ninho anualmente,
retirando-se os quadros mais escurecidos. Cada vez que a abelha utiliza um alvéolo, neste
uma camada de própolis é aplicada; assim aos poucos o espaço interno dos alvéolos se
reduz, reduzindo também o tamanho das abelhas nele desenvolvida, e consequentemente
sua capacidade de transporte e produção.
Para a troca dos quadros, o produtor deve eleger os favos mais velhos e colocá-los após
os quadros de alimento para nascimento de possíveis crias ainda neles presentes e
escondê-los da rainha para que ela não faça postura – as operárias dificilmente irão levar
a rainha para traz do favo de mel para fazer postura, pois para elas o ninho termina nos
estoques laterais de méis! Assim no manejo seguinte o apicultor poderá retirar os favos
velhos e intercalar quadros novos com cera alveolada. A construção de favor a partir da
cera alveolada se dá em período de desenvolvimento de enxame existindo uma forte
relação entre o alimento e o favo; ou seja, a medida que o alimento entra na colmeia o
enxame é estimulado a crescer, precisando de espaços para depósito de crias e de mel.
Assim os alvéolos são construídos. Em períodos de entressafra e de inverno rigoroso, as
abelhas não estão estimuladas a se expandir e sim a se aglomerar ao centro da colmeia;
elas se retraem para gerar calor para as crias existentes nos favos.
27
2.2 Processamento de Mel
• Transporte da matéria-prima;
• Desoperculação;
• Centrifugação;
• Filtragem;
• Decantação;
• Envase;
28
Figura 2.5: Desoperculação.
Figura 2.4: Coleta de Favos. Fonte: Acervo da autora
Fonte: Acervo da autora
•
Rotulagem;
29
• É importante lembrar que o mel é um alimento, devendo ser manipulado em
completa higiene. A sala de beneficiamento deve ser limpa e com telas anti-insetos; o pé
direito da casa deve ser alto, evitando assim transpiração excessiva do manipulador.
• Antes de iniciar o
beneficiamento do
mel, o apicultor, que
manipulou as
melgueiras no campo,
está suado e sujo, por isso,
deve tomar um bom
banho. Suas mãos,
cujas unhas devem ser
mantidas sempre
curtas e limpas,
Figura 2.7: Da direita para esquerda: Mesa
desoperculadora, centrífuga radial, peneira, decantador deverão ser
Fonte: Acervo da autora
higienizadas com
sabonetes germicidas,
disponíveis no mercado.
30
• A centrifugação dos favos desoperculados (livres da camada fina de cera que
recobre os alvéolos, chamada de opérculos) deve ser realizada preferencialmente em
centrífugas em aço inox AISO 304.
• O envase do mel deve ser realizado logo que termine o tempo de decantação. As
embalagens utilizadas são baldes de 25-30 kg . O mel não tocará esta embalagem, pois
estará envasado em um saco plástico atóxico. Para pequenas unidades, a embalagem mais
recomendada é o vidro previamente esterilizado em água fervente, mas infelizmente
muitos apicultores ainda adotam as embalagens de plástico atóxico com maior
dificuldade no processo de esterilização levando-se em conta o seu custo menor.
Existe hoje legislação para rotulagem do MAPA e do M.S. dos produtos apícolas, que
envolve o Serviço de Inspeção Federal (SIF). Caso o apicultor decida comercializar seus
produtos, deve procurar uma associação de apicultores ou uma Casa de Agricultura mais
próxima de sua cidade, para melhor informar-se a respeito.
31
Dica de Leitura
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/
Unidade 3
Tecnologia da Produção e do
Processamento do Pólen Apícola
32
3.1 A Produção
O grão de pólen nada mais é que o gametófito das plantas em flor com função reprodutiva
para o vegetal; trata-se também da identidade taxonômica das espécies botânicas, uma
vez que cada tipo polínico dispõe principalmente em sua exina (camada mais externa do
grão de pólen) estruturas combinadas com exclusividade para cada espécie vegetal,
possibilitando através dos estudos palinotaxonômicos sua perfeita determinação ou
identificação.
Entre as múltiplas ações, o pólen na alimentação humana vêm sendo reconhecido como
um excelente complemento alimentar. Diversos autores discorrem sobre as suas
múltiplas ações, como tonificante, revitalizante da funções orgânicas, estimulante de
crescimento e regulador das funções intestinais; além disso, parece influir positivamente
no sistema nervoso como antidepressivo, aumentando a memória, a atenção e o estado
de ânimo e contribuindo para redução e prevenção da formação de colesterol ruim,
obesidade, hemorroidas, câncer de colo, processos anêmicos e estresse. Atua ainda na
prevenção de câncer de próstata, na melhora das vias circulatórias e do coração, além
de seu efeito antioxidante
O teor proteico do pólen apícola varia de acordo com a planta de origem, podendo ter
de 8 a 40% de proteína bruta, 1 a 18% de carboidratos e 0,7 a 7% de minerais. Análises
químicas do pólen mostraram que ele contêm lipídeos, aminoácidos livres, além de
vitaminas como, ácido pantotênico e nicotínico, tiamina, riboflavina, ácido ascórbico, e
pequena quantidade de vitaminas D e E, enzimas, coenzimas e pigmentos.
O pólen coletado pelas abelhas, em função de uma grande mistura de plantas, apresenta
altas variações em sua composição química. Fatores como a temperatura do ar,
composição química do solo, pH e fertilidade afetam os seus valores nutricionais. Em
função disto, uma coleta monofloral de pólen de mesma espécie vegetal, em diferentes
34
áreas resultará, possivelmente,em diferenças na composição química deste. A ampla
versatilidade da composição química do pólen leva igualmente a uma grande
variabilidade do seu valor nutricional, consequentemente não promoverá os mesmos
efeitos fisiológicos nas abelhas. Grande parte da composição proteica do pólen se
apresenta na forma de aminoácidos livres, sendo eles os seguintes: ácido glutâmico,
arginina, cistina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina,
triptofano, valina, muitos dos quais essenciais.
35
da flora polinífera, conhecimento do comportamento de coleta de pólen na flora
brasileira.
36
a produção de alimentos com qualidade e livres de contaminações nocivas à saúde do
consumidor. Já se chegou a propositura de um sistema de controle de pontos críticos a
partir da colheita e condições de manejo do pólen apícola, considerando que a
implantação de um sistema de autocontrole, permite maior garantia sanitária dos
alimentos consumidos, uma utilização mais eficaz de recursos técnicos e econômicos
disponíveis na empresa, obrigando a manter documentação especifica que comprove o
controle dos processos, facilitando em qualquer litígio,
comercial e social.
3.1.4
Comportamento
de Coleta e Figura 3.3: Pólen Apícola
Polifloral Silvestre.
Armazenamento Fonte: Acervo da autora
do Pólen por Apis
Figura 3.2: Pólen Apícola
Monofloral Coqueiro. mellifera
Fonte: Acervo da autora
Ao pousarem nas flores, as abelhas lambem e mordem as anteras das plantas aglutinando
uma enorme quantidade de grãos de pólen em sua boca, e uma outra quantidade muito
grande deste “pó” se adere por todo o corpo das abelhas através de forças eletrostáticas
de seus pelos. Após a visita em diversas flores, as abelhas começam a recolher os grãos
de pólen espalhados em seu corpo transferindo-os para o último par de patas, numa
estrutura chamada corbícula . Estas transferências são viabilizadas pelos seus pares de
patas anteriores e medianos. O pólen pode chegar até as corbículas diretamente, às
posteriores com os movimentos exclusivos das patas anteriores ou com a ajuda das patas
medianas, dependendo da quantidade de pólen em transferência. Para formar a bolota de
grãos de pólen, as abelhas adicionam a ela néctar ou mel; ao mesmo tempo, tal
procedimento as umedece gerando uma tensão superficial suficiente para o transporte do
pólen até a colmeia. Para que o voo deste inseto tenha uma aerodinâmica perfeita, as
bolotas de grãos de pólen devem ter iguais tamanho, peso e forma; tal distribuição é
concluída a partir de movimentos rítmicos de compressão das patas posteriores.
37
Chegando à colmeia, as abelhas comunicam através de danças o local onde o referido
material fora coletado, recrutando novas campeiras para o trabalho. Em seguida, elegem
um alvéolo próximo à área de cria para depositar o produto. Dobram o abdomem sobre o
alvéolo escolhido e com auxílio das patas medianas destacam as bolotas aderidas às patas
anteriores no sentido do fundo do alvéolo; estas últimas realizam movimento final de
limpeza. A seguir, abelhas mais jovens verificam a carga de pólen e empurram a massa
de pólen para o fundo do alvéolo com a cabeça e as mandíbulas com movimentos de
compactação do produto; finalmente alisam o pólen com a língua acrescentando mel,
néctar ou saliva.
Esta atividade de
coleta de pólen é
fundamental ao
desenvolvimento
populacional do
enxame. Por
exemplo, uma
Figura 3.4: Coleta de Pólen nas Flores colmeia forte em
Fonte: Acervo da autora
período de safra
chega a colher 35kg de pólen para alimentação de suas crias; é também importante o valor
para as plantas entomófilas, que necessitam de um inseto para promover a transferência
do gameta masculino até o estigma floral que contém o óvulo a ser fecundado para gerar
o fruto, garantindo assim a reprodução de diversas espécies do reino vegetal, fenômeno
este denominado polinização.
38
É importante que o apicultor estabeleça um cronograma para o reconhecimento da flora,
do volume e da qualidade do fluxo polinífero nas diversas estações do ano, para poder
escolher o melhor período de safra em sua região. O fluxo por exemplo do pólen de milho
é intenso, porém trata-se de um produto pegajoso, de gosto desagradável, de difícil
beneficiamento e pouco valor comercial.
Neste sentido sugere-se que o apicultor selecione até 5 colmeias fortes e acompanhe um
ciclo de produção anual para estudar a viabilidade da região. Se a coleta media diária por
coletor resultar em torno de 100 a 200g de pólen, este é um bom referencial para
identificação de uma boa safra. Existem regiões no país em que estes valores são mais
elevados, como a exemplo da região Nordeste com média entre 300 a 500g/dia ou
regiões recordes de 2,5kg/colmeia/dia no pico de floradas estratégicas.
Figura 3.5 Organização do ninho, da esquerda para direita: Quadro 1, alimento; quadro 2 cria
fechada; quadro 3, cria aberta; quadro 4, ovos; quadro 5, cria aberta; quadro 6, cria fechada;
quadro 7, alimento; quadro 8, alimentador Doolitle ou Tipo cocho Interno.
Fonte: Acervo da autora
APIÁRIO :_______________________________________
N°
CA CF Mel Pólen QV LC Total Obs.:
Colmeia
40
Legenda: CA (Cria Aberta), CF (Cria Fechada), QV (Quadro Vazio), LC (Lâmina de
Cera).
D- Alimentação
Muitos são os tipos de coletores existentes no mercado, todavia, ainda está em estudos
um tipo ideal para a produção do pólen apícola nas condições da apicultura tropical
africanizada. Os coletores não devem possuir trampas para reter todas as bolotas
coletadas, pois em pouco tempo isso debilitaria a colônia; tal retenção deve se dar em
torno de 30% garantido que 70% da coleta diária seja transferida para o interior da
colmeia. Para avaliar a eficiência da trampa, o apicultor deve proceder da seguinte
maneira:
42
Figura 3.6: Tela de Retenção ou Trampa
Fonte: Acervo da autora
• Aproximar-se
da colmeia, esvaziando a bandeja de pólen, e colocá-la novamente no lugar;
• Contar 100 abelhas com pólen na corbícula que atravessaram a trampa após
derrubar a bolota de pólen;
• Teoricamente, se 100 abelhas com pólen passaram pela trampa, após derrubá-las
nos coletores, deveriam ser encontradas 200 bolotas na caixa de coleta; isso significa,
eficiência de 100% de retenção de bolotas de pólen;
43
O gráfico abaixo (quantidade/g /pólen/colm/dia) demonstra que após 15 dias de uso
contínuo da trampa é que se tem, com maior precisão, a capacidade diária coletada por
colmeia.
SISTEMATIZAÇÃO DO USO DO
COLETOR
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Figura 3.7: Tipo Tropical Figura 3.8: Tipo Topo ou de Figura 3.9: Tipo Tropical
Africanizado (TTA) fundo coleta lateral Baiano
Fonte: Acervo da autora Fonte: Acervo da autora Fonte: Acervo da autora
45
3.2.1 Colheita, Beneficiamento e Armazenamento do Pólen Apícola
46
A desidratação objetiva a retirada de água do produto até que ele atinja a umidade máxima
de 4%. O pólen normalmente é colocado na estufa ainda congelado, o que facilita sua
distribuição uniforme nas bandejas teladas, porém ele não deve ser submetido
imediatamente à temperatura de 42º C. É importante se respeitar um período de
congelamento do material para evitar danos aos produtos em função de choques térmicos.
Sugere-se que, após a retirada do pólen do freezer, o produto seja transferido para a
geladeira por um período aproximado de 4 a 8 horas para o seu descongelamento. A
distribuição do pólen na bandeja deve se dar em camadas finas utilizando para isto um
garfo inox (tipo desoperculador). Os pincéis deverão ser “aposentados”, pois são de difícil
higienização. O pólen deverá permanecer na estufa de 8 a 12 horas; a prática mostrará ao
apicultor o tempo de desidratação – um teste prático para verificação do ponto de
desidratação é apertar uma bolota entre os dedos polegar e o indicador, e verificar a
formação de uma massa seca. Se a uma leve pressão o pólen já se desfaz, ainda há indícios
de alta umidade; porém, se a bolota precisar de uma forte pressão para se compactar é
sinal de que o pólen possa estar excessivamente desidratado...passando do ponto ideal.
Portanto, é preciso cuidado.
47
plástico com auxílio de uma bomba a vácuo. O armazenamento deverá ser em ambiente
seco, com temperatura amena e ao abrigo da luz.
Sem dúvida o mercado para o pólen apícola está em franca expansão, porém existem
questões fundamentais das quais o produtor precisa estar ciente:
Dados retirados de uma planilha de custo elaborada por Salomé & Salomé (1997)
apresentam como resultado final um lucro de 40,62%, que, segundo o autor, raramente
pode ser encontrado na atividade agrícola, considerando que mensalmente o apicultor
recebe cerca de R$ 606,07 trabalhando com um lote de 100 colmeias em produção por 21
horas trabalhadas. Cada região tem o seu custo operacional; portanto, sugerimos que o
apicultor coloque na “ponta do lápis” todas suas despesas ou investimentos, levando em
consideração fatores como valor da terra, durabilidade ou depreciação dos equipamentos,
custos fixos e variáveis, para concluir sobre esta modalidade de produção. A Universidade
de Taubaté, em seu departamento de Ciências Agrárias, dispõe de um conjunto de
disciplinas ligadas ao agronegócio, tendo como professor da cadeira o Prof. Me Luiz
Eugenio V. Pasin – ele, hoje finalizando seu doutorado sobre a cadeia apícola, tem
prestado diversos atendimentos a produtores apícolas sobre custos na produção apícola.
Dica de Leitura
http://wp.ufpel.edu.br/apicultura/files/2010/09/apostila_sobre_polen1.pdfv
49
3.3 Para saber mais
Sites
50
Unidade 4
Unidade 2 . Tecnologia da Produção e do
Processamento da Própolis
4.1 A Produção
A produção de própolis é uma propriedade inata das abelhas e o apicultor apenas as induz
a produzir em uma quantidade e frequência que normalmente não fariam em seus ninhos
naturais.
Diversos fatores estão envolvidos neste processo e devem ser observados quando se busca
um aumento de produtividade. Tais fatores, descritos a seguir, são: aspectos
comportamentais, sazonalidade, genética, luminosidade, altitude, tipo de coletor,
disponibilidade de alimento e atividade desenvolvida conjuntamente com a exploração
da própolis.
As abelhas coletam própolis principalmente em dias mais secos, quentes e com boa
insolação, existindo um padrão de forrageamento com um maior número de coletas
51
ocorrendo entre 10 e 14 horas no verão, entre 11 e 15 horas no inverno. Temperaturas
abaixo de 21°C e acima de 28°C parecem inibir este comportamento (SANTOS, 1996).
Pouco menos de 3% das campeiras de uma colmeia estão envolvidas na coleta de própolis
(MANRIQUE & SOARES, 2002).
Nas áreas temperadas do hemisfério norte, as abelhas coletam própolis somente no verão,
com uns quatro meses de atividade (GHISALBERTI, 1979). No Brasil, a coleta de
própolis ocorre durante todo o ano (BANKOVA et al., 1998).
Embora as abelhas possam coletar própolis durante todas as estações, existem períodos
em que a entrada de própolis é muito pequena e não justifica sua exploração comercial.
Na região sul, que compreende os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná,
a estação produtora ocorre durante poucos meses. Breyer (1995) explica que no sul do
Paraná e norte de Santa Catarina observa-se maior eficiência de propolização a partir do
início de dezembro até o final de abril. Na região sudeste, compreendendo São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, a estação produtora ocorre geralmente de
outubro a maio (LIMA, 2003 a).
52
As diferenças genéticas mesmo entre híbridos africanizados afetam a produtividade e a
composição química (ALMEIDA et al., 2000). Os autores verificaram que nem todas as
abelhas coletam própolis tanto em quantidade como em qualidade, com somente 25% das
colônias produzindo própolis e com diferenças de até 12 vezes no teor de flavonoides.
A altitude exerce influência sobre a produtividade de própolis (LIMA, 2003 b). Foram
estudadas as produções de apiários instalados a 880 m, 900 m, 1060 m, 1065 m, 1140 m,
1380 m e 1452 m e os resultados foram significativos para as altitudes de 1380 e 1452
metros, que produziram menor quantidade de própolis.
53
que a raspagem da colmeia foi abandonada há pelo menos oito anos pelos apicultores e
que a colocação de vidros é um tanto quanto cara e inusitada.
A exploração de pólen conjunta com a exploração de própolis não afeta esta última
(FUNARI et al., 1998), embora a coleta de própolis neste experimento tenha sido feita
com o uso de telas, método que não é utilizado pelos apicultores devido à baixa
granulometria e pouca aceitação pelo mercado deste tipo de própolis.
Estas são as informações básicas que podem contribuir para um manejo adequado das
colmeias produtoras de própolis e que resultarão em consequente otimização na
produtividade.
4.1.3 A Coleta
54
O primeiro método de coleta de própolis explorado pelos apicultores brasileiros era
simples e consistia na retirada da própolis de dentro da colmeia por meio da raspagem
das tampas, dos caixilhos, dos alvados e durante a substituição de caixas velhas.
Este método foi muito praticado no final dos anos oitenta e início de noventa. Entretanto,
apresentava uma série de problemas. Os que mais se destacavam eram a baixa
produtividade, que girava em torno de 100 a 300 gramas/colmeia/ano, a dificuldade na
coleta, o grande estressamento das abelhas, o estímulo ao saque, a presença de própolis
velhas, as muitas impurezas e consequente depreciação no valor comercial da própolis.
Os bons preços alcançados pela própolis, que atingiram US$120,00 pagos ao produtor no
início de 1995, incentivaram os apicultores a desenvolver métodos de coleta mais
produtivos e que resultassem em uma própolis de melhor qualidade. Diversos métodos
foram idealizados e todos apresentam o princípio básico da abertura de frestas na colmeia.
55
Apesar de toda esta evolução ocorrida na produtividade e na qualidade da própolis
produzida, existem ainda outras ações que deverão ser tomadas pelos apicultores para
assegurar um produto de excelente qualidade. Estas ações se referem à identificação das
fontes de onde as abelhas retiram os elementos necessários para a elaboração da própolis
e às medidas preventivas para se obter um produto livre de contaminações.
Poucas são as observações destas fontes utilizadas pelas abelhas e os raros casos relatados
são observações casuais de apicultores, embora os pesquisadores comecem a se empenhar
em sua identificação.
As abelhas durante suas visitas aos vegetais para a coleta de matéria-prima necessária
para a elaboração da própolis carregam fragmentos de folhas, tricomas glandulares e
tectores, cristais de oxalato de cálcio, discos secretores e grãos de pólen que podem ser
encontrados na própolis e servem como marcadores botânicos para a indicação das
espécies visitadas pelas abelhas através de testes histoquímicos, técnicas de microscopia
óptica e eletrônica de varredura (BASTOS, 2001).
Ao lado da produção de uma própolis com uma origem vegetal bem aceita pelo mercado,
é preciso também que ela não tenha sofrido nenhuma espécie de contaminação. A abelha
africanizada existente hoje no Brasil é muito mais resistente às doenças do que as abelhas
europeias, dispensando o uso de antibióticos e acaricidas que poderiam comprometer a
qualidade de seus produtos (DE JONG, 1996). Esta abelha que dispensa o uso de
medicamentos, aliada a um país que apresenta extensas áreas de grande valor apícola
situadas longe de fontes potencialmente geradoras de poluição, resulta em produtos que
são bem aceitos internacionalmente. Contudo, algumas medidas preventivas devem ser
observadas pelo produtor de própolis para assegurar, definitivamente, um produto de
excelente qualidade. As medidas necessárias para a obtenção de uma própolis livre de
contaminações compreendem a própria caixa onde as abelhas são instaladas, o local do
apiário e a maneira como a própolis é coletada, selecionada e armazenada.
O local a ser instalado o apiário deverá estar situado longe de distritos industriais,
rodovias e plantações onde se usam agrotóxicos. A própolis não deve ser produzida em
contato com tinta e o ideal é que o apicultor não pinte seus coletores. Telas metálicas,
pregos, arames e ferramentas devem ser substituídos por material de aço inox ou plástico.
57
própolis deve ser acondicionada em sacos plásticos transparentes atóxicos e armazenada
em freezer.
Aqui são apresentados os vários métodos existentes no país e as referências sobre suas
aplicabilidades no contexto atual de nossa apicultura.
4.2.2 Raspagem
58
Consiste na intercalação do ninho, melgueiras e tampas com sarrafos de madeira, na parte
dianteira e traseira da colmeia, criando frestas laterais de 2 a 3 centímetros e induzindo a
produção de própolis. É o método mais adotado pelos apicultores.
Este coletor foi idealizado pelo apicultor Adomar, em 1995, e disponibilizado para venda
em 1996. Era inicialmente uma modificação do ninho que apresentava suas laterais
formadas por sarrafos de 2 cm sobrepostos e removíveis. É o segundo método mais
utilizado pelos apicultores e adotado hoje somente nas melgueiras.
Foi desenvolvido pelo apicultor Carlos Eduardo Conceição, de Pirassununga (SP). Daí a
origem do nome. A lateral da melgueira contém um estojo que se abre horizontalmente
do centro para fora. É utilizado em algumas regiões do estado de São Paulo.
4.2.8 Tamprópolis
A tamprópolis ou tampa coletora de própolis foi feita por Jean F. Tziortzis e é acoplada
em cima da caixa Langstroth como uma simples substituição da tampa.
• Vantagens: proteção contra sol e chuva; facilidade de manejo; própolis bem aceita
comercialmente; menor índice de impurezas.
Este método consiste na confecção de uma moldura com espaço de 2 cm que é colocada
debaixo da tampa da colmeia. É pouco utilizada.
60
• Desvantagens: baixa produtividade porque é explorada somente debaixo da
tampa.
Após a remoção da própolis bruta dos sistemas produtivos, ela deverá sofrer
congelamento a -180C, como tratamento sanitário, por 48 horas; sequencialmente, o
produto deverá ser escovado, caso seja necessário, para remoção de pontos de oxidação,
facilmente reconhecidos na própolis pelo aspecto esbranquiçado e desbotado que com
uma leve escovação ou raspagem pode ser removido. É importante também expor o
produto o mínimo necessário à luz, umidade, poeira e a outros agentes ou substâncias
estranhas.
Uma vez colhida, deve ser limpa das impurezas (pedaços de madeira, poeira, insetos,
folhas, etc), classificada, embalada em sacos plásticos atóxicos, identificada e
acondicionada preferencialmente em freezer.
Caso não seja acondicionada sob refrigeração, deve ser secada em estufa própria e
embalada em recipiente hermético; protegida da luz, da umidade, de predadores naturais
(traças, ácaros, fungos, etc), ficando só o tempo necessário nessas condições até a sua
comercialização.
http://www.bioline.org.br/pdf?la07010http://
61
62
Unidade 5
63
qualidade da cera bruta, como o controle da temperatura, pois o ponto de fusão é de 62 a
65°C e nem sempre esta temperatura é obedecida no momento do processamento.
A História mostra que o homem durante sua existência descobriu e aprendeu a trabalhar
com várias fontes de ceras e óleos, que podem ser de natureza sintética, mineral, vegetal
ou animal, como parafina, ceresina, cera de carnaúba, dendê, cera de abelhas, óleo de
baleia, dentre outros (WISE et al.,1985).
No caso das ceras de abelhas Apis mellifera, há registrados diversos modos de utilização
no decorrer dos tempos.
No Egito, potes de barro cheios de mel eram lacrados com cera; os egípcios utilizavam
cera e própolis no processo de mumificação (aliás, múmia tem origem da palavra moum,
de origem persa, que significa cera). Segundo Zovaro (2007), figuras egípcias feitas com
cera de abelhas com datação de 3400 a.C. foram encontradas nas tumbas. Na idade média,
pedaços de tábua envoltos em delgada camada de cera permitiam a escrita em sua
superfície. Blocos de cera encontrados em navios afundados mostram que eles eram
usados para calafetar frestas; além disso, os blocos de cera serviam para fabricação de
velas e imagens para liturgias, impermeabilização de madeiras, polimento de móveis e
pinturas. Nos dias atuais, são usados para a indústria bélica e para produção de cápsulas
de remédio e cosméticos (ROOT, 1985; ZOVARO, 2000, 2007; MAGALHÃES, 2000).
Um dos primeiros países a estabelecer normas para o comércio da cera foi a Inglaterra,
por meados do ano de 1500, devido ao alto índice de adulteração do produto, tendo em
vista a sua necessidade vital para a iluminação. Segundo Zovaro (2007), a produção de
cera no Brasil iniciou-se em 1839, com a introdução das abelhas do gênero Apis mellifera
no país mediante autorização do Imperador Dom Pedro II. A intenção era fabricar velas
para celebrações litúrgicas. Embora não seja tão recente a produção da cera, é notória a
falta de estudos a respeito, o que dificulta e ao mesmo tempo estimula novas produções
literário-científicas, visando ajustes de equipamentos, manejo de produção e identificação
físico-química das ceras do país, que é vasto em território e em diversidade botânica. Para
64
Soares (2008), há questões pendentes visando garantir a qualidade da cera, como a
padronização das técnicas utilizadas pelos apicultores e a aplicação de boas práticas
durante a extração da cera, referentes à higiene dos equipamentos e ao ambiente.
No passado, acreditava-se que a cera era produzida a partir do pólen que é carregado pelas
abelhas nas patas, em bolotas. Alguns, ainda, desconheciam o pólen e imaginavam ser ele
a cera propriamente dita. Baseavam-se na coloração semelhante entre o pólen e a cera.
Esta é um produto do metabolismo das operárias jovens entre o 12º e o 18º dia de sua
vida, quando se dá o ápice do desenvolvimento das glândulas cerígenas. Para Funari &
65
Orsi (2008), isso ocorre entre 14 a 20 dias, no entanto, afirmam existir controvérsias na
literatura quanto ao início e término desta atividade.
Pessoas inescrupulosas, determinadas a ter lucro fácil e estimuladas pelo bom preço
alcançado pela cera de abelhas Apis mellifera, devido à pouca oferta, passaram a lhe
adicionar produtos, agregando a ela porções de parafina, cera de carnaúba, ceresina, sebo,
breu (ZOVARO, 2007). Jordão & Jordão (1989), Zovaro (2000) e Magalhães incluem no
âmbito das falsificações o amido de milho; tal malogro na maioria das vezes só é
perceptível em análises laboratoriais. Outro problema notado com menor frequência é a
alteração do peso da cera bruta com a inclusão de pedras, barras de ferro, etc. A
adulteração por parafina, carnaúba e ceresina pode ser identificada pela alteração no pH;
já a adulteração por sebo ou breu é facilmente perceptível pela modificação do aroma.
66
Nenhum dos casos dispensa processos analíticos mais sofisticados. As mistura se tornam
prejudiciais às abelhas, tendo em vista a baixa qualidade da cera alveolada produzido a
partir da adulterada, podendo ocorrer uma grande redução da postura, por rejeição da
rainha. O enxame fica fraco levando até mesmo à enxameação, o que para o apicultor se
torna um grande prejuízo, pois não se trata apenas de um enxame, mas de toda uma
produção, inclusive de todo o apiário.
No mercado mundial, este produto apícola é de grande valor; entretanto, para que
possamos nele competir, a cera deverá apresentar alta qualidade, fato que pode ser
comprometido pela presença de produtos contaminantes ou aditivos, como a parafina, ou
a cera de carnaúba. Segundo Zovaro (2007), parte do mercado interno que possui um
controle mais rígido de qualidade prefere importar a utilizar a cera brasileira, devido à
baixa qualidade no que diz respeito à purificação. Os produtos apícolas estão começando
a ocupar um lugar de destaque no cenário agrícola nacional e a qualidade desses produtos
é que sem dúvida ditará as regras do comércio futuro. Segundo Soares (2008), outro
aspecto observado na produção e no processamento de cera de abelhas refere-se à
necessidade de implantação de boas práticas tendo em vista garantir a inocuidade do
produto, desde a higiene do ambiente até o empacotamento e a estocagem do produto
final conforme as condições higiênicas sanitárias de Boas Práticas de Fabricação para
Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos (BRASIL, 1997).
Silva et al. (2002) afirmam que a parafina incorporada à cera alveolada pode ser utilizada
desde que a substituição dos quadros se dê na região central da colmeia, e seu uso seja
para a produção de mel em favos. No entanto, segundo Funari & Orsi (2008), as abelhas
não aceitam ceras sintéticas ou cera contendo uma porcentagem de parafina, o que sem
dúvida expõe a risco de “contaminação” toda a cadeia de cera apícola. Para o apicultor
extrair a cera bruta dos favos que dará origem à cera alveolada, são necessários alguns
procedimentos, como aquecimento e separação de restos de seda dos alvéolos, própolis,
pólen entre outros (ZOVARO, 2007).
Segundo Root (1985), a própolis pode alterar o ponto de fusão e acidez da cera de abelha,
o que pode inviabilizar sua utilização em alguns seguimentos da indústria, como a
produção de velas.
67
5.2. Extração da Cera
A cera quanto a sua origem pode ser classificada em três tipos: cera de opérculo, raspa e
cera proveniente de favos que podem ser novos ou velhos de cria de melgueiras e/ou
sobre-ninhos.
A cera de opérculo é de grande pureza e de fácil extração quando comparada à cera dos
favos de cria, pois não recebe própolis normalmente utilizada pelas abelhas para limpar
os alvéolos antes de uma nova postura da rainha e, também, não tem contato com resto
de excreção, mudas de pele e nem do casulo de seda produzida pelas larvas durante o
desenvolvimento larval (ZOVARO, 2007). A cera de opérculo e de favos puxados
naturalmente é considerada cera “virgem”, pois está na forma em que foi elaborada pelas
glândulas cerígenas das abelhas. Wise et al. (1985) afirmam que são produzidos de 10 a
12 kg de cera a cada tonelada de mel.
Já a cera dos favos de cria puxados a partir de lâmina de cera alveolada, além de terem
sofrido um contato com resíduos gerados durante o desenvolvimento larval, ainda
possuem uma porção proveniente da cera alveolada, utilizada pelo produtor, a qual já foi
manuseada e exposta à temperatura e a possíveis produtos químicos para purificação,
entre outras contaminações. Devido à falta de informações, muitos apicultores acabam
transgredindo uma regra básica, que é a temperatura do ponto de fusão da cera, de 61 a
65°C (Normativa do Ministério da Agricultura nº 3, de 19 de janeiro de 2001), o que faz
com que certas propriedades organolépticas sejam perdidas, tais como o aroma floral e a
cor característica, que tende a ser clara, quando de opérculo.
Para a extração da cera bruta, o princípio básico é o de aquecer os favos; na maioria das
técnicas utiliza-se água quente ou apenas seu vapor. Contudo, há um método que
aproveita a energia solar na forma de calor para derreter. Atualmente existem alguns
modelos de equipamentos para extração da cera, como o extrator a vapor portátil (que é
comprado em lojas de produtos apícolas), e alguns outros modelos desenvolvidos por
68
alguns grupos de apicultores e associações, que não estão à venda em lojas. Vale ressaltar
que o modelo para construir tais aparelhos pode facilmente ser conseguido com
apicultores ou em literaturas especializadas. Segundo Wise et al. (1985), a cera nunca
deve ser derretida em fogo direto, pois se queima, tornando-a escura e com pouca liga
“ressecada”; recomenda-se o banho-maria. Existem muitos apicultores que utilizam um
método ainda mais simples e de baixo custo, que é o uso de latas ou baldes para derreter
e peneiras, ou ainda sacos de algodão, onde são colocados os favos com uma pedra
fazendo peso para coar e separar o grosso do resíduo dos favos (ZOVARO, 2007). Por
ser uma técnica rústica e de baixo custo, é o método mais utilizado o que é preocupante,
pois o apicultor não consegue ter controle nenhum da temperatura – que deve ficar entre
61 e 65 °C, para que a cera não queime e perca qualidade. Saber reciclar os favos velhos
e produzir lâminas de cera alveoladas de boa qualidade é ponto fundamental para o
desenvolvimento da apicultura.
69
Uso de lata, contendo uma tábua na medida de seu fundo, para redução do calor; sacos de
pano, um contendo pedras e favos, que mantêm o material submerso recebendo ação
térmica. Após a fervura, a cera permeada dos sacos se solidificava no mesmo recipiente.
Pela metodologia, ocorria a formação de um bloco de cera limpo, porém escurecido em
função da alta temperatura, caracterizando a “queima” da cera. A observação dos sacos
revelou a retenção de cera nas suas malhas, configurando perda do produto.
Figura 5.1: Tábua na Lata; Pedra no saco; Segundo saco; Sacos amarrados com favo.
Fonte: Soares, E.T.
Figura 5.2: Fogo alto e fumaça; Fogo alto; Cera resfriada e sacos ao fundo; Retirada dos sacos.
Fonte: Soares, E.T.
Uso de latas de 18L, contendo os favos /ou opérculos, um fogão à lenha, ou a gás, uma
peneira e um bastão de madeira para mexer a mistura. Dentre os apicultores observados,
50% preenchiam a lata com um terço de água e no ponto de fervura o fogo era desligado;
os favos eram então adicionados, mexidos e peneirados em malha fina número10. Os
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outros 50% dos apicultores, utilizando-se da mesma metodologia, não permitiam que a
água entrasse em ebulição, exercendo “certo” controle do processo, mesmo sendo notório
o superaquecimento da mistura.
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Figura 5.3: De cima para baixo: Colocando opérculo na panela;
Panela com opérculo derretendo; Panela com o opérculo já
derretido; Peneirando o resíduo; Peneirando a cera derretida; Cera
resfriando na lata; Cera Solidificando; Cera e Resíduos; Apicultor
A; Apicultor B.
Fonte: Soares, E.T.
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5.2.3 Extração com Emprego de Tecnologia
Derretedor Solar: trata-se de uma caixa de madeira, pintada internamente em preto para
absorver o calor. É coberta com uma tampa com dois vidros planos e paralelos, distantes
um do outro 1 cm. Internamente deve possuir um recipiente onde se coloca a cera e outro
mais abaixo para receber a cera derretida. Seu posicionamento de extração deve ser com
vidro de frente para o sol a 13cm dos favos e com pequena declividade de l5 a 20% para
que a cera derretida possa escorrer para outro compartimento receptor da cera extraída.
Para favos velhos a perda de cera é muito grande, visto que haverá necessidade de mais
calor para derretê-los. Neste tipo de extração observa-se perda de aproximadamente 1/3
da cera. É mais eficiente para favos novos ou opérculos. Produz cera de boa qualidade.
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Extrator com água em aquecimento e sacos: colocam-se favos de cera dentro de um
saco de pano com um peso para que ele fique submerso dentro de um recipiente com
água. A água aquecida fará com que a cera se desprenda das impurezas e passe a boiar.
Infelizmente a perda é ainda considerável, visto que muita cera não se desprende das
impurezas.
Extrator com água aquecida e peneira: derretem-se os favos na água aquecida. Após
observar o derretimento transfere-se a solução, passando-a em peneira, para outro
recipiente. Espera-se a cera solidificar; posteriormente remove-se o resíduo formado na
base de bloco e se necessário repete-se o mesmo processo: diluir o bloco de cera em água
aquecida, passar por uma peneira de tamiz de 1 a 2 milímetros, esperar a formação do
bloco de cera para mais uma raspagem de remoção de resíduos.
Extrator a vapor: o sistema tem uma atuação mais rápida. Tanto a cera de opérculo
como os favos velhos são introduzidos em um recipiente colocado em cima de uma
caldeira cujo vapor atravessa. O aquecimento da cera é rápido e ela se desloca para um
compartimento externo que recebe o material. É aconselhável dentro do dispositivo que
receberá a cera colocar uma peneira com malha de 2 a 3 mm, evitando dessa forma que o
resíduo saia junto com a cera.
Prensa extratora: utilizada para opérculo que, ao sofrer pressão, elimina o excesso de
mel nele aderido que após isto deverá ser lavado em água sob uma peneira e posterior
derretimento e formação do bloco de cera.
Após a extração da cera, quer seja a vapor, por ação solar, ou por peneiramento,
recomenda-se tornar a derreter o bloco com água tomando sempre o cuidado de não
ultrapassar a temperatura de ponto de fusão da cera. É recomendado também peneirar
mais uma vez com peneira bem fina, para que se retenha o máximo de resíduos. Utilizar,
se possível, bandejas plásticas para resfriamento como demonstrado mais adiante quando
falarmos de embalagem e estocagem. A cera, por diferença de densidade, vai se separar
da água e do resíduo, ficando da seguinte forma: cera em cima, resíduo ao meio e a água
mais densa fica em baixo.
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5.2.3.2 Limpeza final do Bloco
Deve-se ter cuidado na conservação da cera evitando que mariposas como a Galleria
mellonella e Achroia grisella, popularmente conhecidas como traça, depositem seus ovos,
pois as larvas que ali nascerão utilizarão a cera como alimento. Para evitar estes insetos
são utilizados alguns produtos como enxofre e naftalina dentre outros; todavia eles são
capazes de gerar resíduos na cera, além de ser tóxicos às próprias abelhas e comprometer
a produção de mel. Por tais motivos, o armazenamento da cera deve ser em lugares secos,
limpos, sem odores fortes e com pouca luminosidade. Uma cera bem limpa, livre de
resíduos resultantes da extração, oferece menor atrativo às mariposas; embalar o produto
adequadamente também é fundamental.
Para que a lâmina de cera fique a mais limpa possível, é necessário que se tome o cuidado
de extrair o máximo de resíduos dos favos que ficaram aderidos ao “queijo” de cera, antes
de colocá-lo no tanque de derretimento.
- após o derretimento total do conteúdo do primeiro tanque, ele deve ficar de 2 a 3 horas
em repouso, para só aí começar a abastecer o segundo tanque, o de laminação. Para a
transferência da cera líquida, usa-se uma pequena vasilha que facilita coletar apenas a
cera da superfície. Uma vez ao mês deve-se esgotar o tanque de laminação para retirada
de resíduos que fatalmente acabam se acumulando no fundo; se o tanque não for limpo,
poderá “contaminar” a cera conferindo-lhe aroma de queimada e escurecendo-a.
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Figura 5.6: Trabalhando com a cera no tanque.
Fonte: Soares, E.T.
Para a laminação com tábuas são necessárias tábuas nas medidas de 64cm de
comprimento por 24cm de largura, previamente imersas em água, permitindo a formação
de uma película de água entre a madeira e a cera a ser moldada, sendo de fácil remoção
no choque térmico. Não bater as quinas das tábuas e nem usar facas para remover as
arestas da placas antes de desgrudá-las da madeira, pois isso arredondará as quinas
dificultando a remoção da lâmina. Quanto mais “viva” a quina estiver, mais fácil sairá
(até mesmo sozinha, às vezes). De maneira breve e uniforme, mergulhar a tábua na cera
e retirá-la. Deixar pingar o excesso e em seguida mergulhar a tábua em água, o que irá
acelerar a solidificação da lâmina e seu desprendimento da madeira moldada. Retirar as
arestas, desgrudar as lâminas formadas em ambas as faces, repetindo a operação.
Na laminação, alguns cuidados devem ser tomados, para que a lâmina não saia trincada.
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A temperatura da cera tem que estar rigorosamente entre 62 e 65°C, pois, se mais quente,
a lâmina começa a trincar; se mais fria, fica muito espessa dificultando a alveolação, pois
o cilindro já está calibrado para uma determinada espessura.
Quando acontece de a cera grudar no cilindro, jamais se deve colocar materiais metálicos
para tentar desgrudar – isso danificará o cilindro, sendo às vezes necessário reparo em
oficina técnica. Para limpar, deve-se colocar a espuma de água com detergente, como
veremos mais a frente em laminação, e passar pedaços de lâminas para que vá se
desgrudando por pressão
Ao laminar, mergulhar o máximo possível a tábua na cera, permitindo uma lâmina mais
homogênea em espessura. Após a laminação, recorta-se o excesso de cera escolhendo o
intervalo mais uniforme para o recorte, eliminando sempre a parte mais delgada (fina).
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5.4.3 Alveolação
Para alveolar a lâmina, utiliza-se detergente NEUTRO SEM CHEIRO diluído em água
na proporção de 1:20, nesta ordem. Mais cuidados são necessários para que a estampa
dos alvéolos fique correta:
• Posicionar a lâmina sempre a 90° em relação o cilindro, para que os alvéolos não
saiam tortos e sejam rejeitados pelas operárias e a rainha.
Figura 5.10: Sequência Técnica: lâmina alinhada em 90° com o cilindro; detalhe do
alinhamento dos alvéolos.
Fonte: Soares, E.T.
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Para recortar a lâmina usa-se em gabarito de madeira e uma faca bem afiada. As medidas
do gabarito para recorte são de 41 cm de altura por 20 cm de largura para ninho e 41 cm
de altura por 11 cm de largura.
Após, empacotar em plástico alimentício e primeiro uso, pode-se fazer uso de jornal para
revestir o plástico para prevenção contra a traça; é importante que as lâminas estejam
secas para evitar o desenvolvimento de fungos.
5.4.4 Estocagem
Figura 5.11: Sequência Técnica: pacote de cera alveolada envolta em plástico alimentício 1º
uso e jornal; - experimento avaliação de estocagem de lâminas de cera: um pacote de cera
alveolada sem plástico; a do meio, só com plástico; e da direita, com plástico e jornal em
ambiente aberto.
Fonte: Soares, E.T.
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Figura 5.12: Da esquerda para a direita, cera resfriando em bandeja plástica, facilidade para
desenformar; bloco
Da esquerda para de cera
a direita, ceracom resíduos
resfriando emdabandeja
extração e umfacilidade
plástica, com resíduos já raspados;
para desenformar; bloco
bloco
sendo envolto por plástico filme PVC; depois de envolto em filme PVC finaliza com uma
de cera de
camada comjornal;
resíduosestoque
da extração e um com embalados.
devidamente resíduos já raspados; bloco sendo envolto por plástico
Fonte: Soares, E.T.
filme
5.5PVC; depois
Para de envolto
saber mais em filme PVC finaliza com uma camada de jornal; estoque devidamente
embalados.
Livros
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Sites
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/
Filmes
• O Ouro de Ulisses. O filme narra o dia a dia de um apicultor com boa tecnologia,
na Flórida, que sustenta sua família a partir de sua profissão, como apicultor.
http://www.cineplayers.com/filme/o-ouro-de-ulisses/5105
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Referências
BANKOVA, V., CASTRO, S.L., MARCUCCI, M.C. Propolis: recent advances in
chemistry and plant origin. Apidologie, v. 31, p. 3- 15, 2000.
BARRETO, L.M.R.C.; FUNARI, S.R.C.; ORSI, R.O.; DIB, A.N.S. Produção de Pólen
no Brasil. Taubaté: Cabral, 2006. 100p.
BONHEVÍ, J.S., COLL, F.V. Study on propolis quality from China and Uruguai. Z.
Naturforsch., v. 55c, p. 778- 784, 2000.
COUTO, R.H.N. & COUTO, L.A. Apicultura: Manejo e Produtos, Funesp, 1996,154p.
PARK, Y.K., IKEGAKI, M., ALENCAR, S.M. Classificação das própolis brasileiras a
partir de suas características físico-químicas e propriedades biológicas. Mensagem
Doce, v. 58, 2000.