A Silagem e Seus Riscos
A Silagem e Seus Riscos
A Silagem e Seus Riscos
CNPGL
2003
FL-0 92 00
Tecin/co ISSN 1678-3123
Juiz de Fora, MG
Dezembro. 2003
Duarte Vilela'
Vânia Maria de Oliveira Veiga 2
Jntrodução pH
lote"'.
A avaliação de qualidade de silagem vem ratificando a
incansável procura de parâmetros que identifiquem os meios
de se obter o melhor processo fermentativo da planta
F.x A,..
4
forrageira no silo. Contudo, poucos estudos apontam para Atróbi, eZ5.lflfltG) Alb..atsçI,
O 1 14 21
as restrições provenientes da utilização de silagens na
alimentação animal, assim como os riscos que o processo de
ensilagem pode oferecer para o homem. O processo exige Fig. 1. Fases do processo de fermentação
precauções, uma vez que envolve riscos de acidentes graves Fonte: Adaptado do Roth & Underrander (1995).
As fases do processo de fermentação pH. Este é o processo que preserva a planta durante
O processo de fermentação de uma planta forrageira A presença do ácido butirico na silagem é indeselável porque
envolve mudanças químicas e microbiológicas, e pode ser na sua formação ocorrem mudanças na qualidade do produto
dividido em fases, como as ilustradas na Fig. 1. ensilado. Tem odor desagradável e penetrante, assemelhando-
1
Engenheiro Agrônomo, D.Sc., Embrapa Gado do Leite, Rua Eugénio do Nascimento, 610 - Bairro Dom Bosco, 36038-330, Juiz de Fora - MG - Bolsista do
A silagem e seus riscos. Leite, Rue Eugènio do Nascimento, 610- Bairro Dom Bosco, 36038-330. Juiz de Fora - MG -
2003 FL-09200
se ao de matéria em putrefação, o que pode até passar níveis de nitrato. Durante a ensilagem o nitrato é convertido
para o leite se os animais forem alimentados com esse em nitrito e este, em ambientes úmidos, em óxido nítrico
material no momento da ordenha, principalmente quando pelas bactérias aeróbias. Quando em contato com o ar, ele é
ela for manual. As bactérias produtoras do ácido butírico, oxidado a dióxido de nitrogênio, gás de cor marrom-
como as do gênero Clostridium, secretam enzimas avermelhado, as vezes confundindo com amarelo-avermelhado,
proteolíticas que atuam sobre os compostos nitrogenados mais pesado do que o ar e altamente tóxico, tanto para
por meio de reações químicas, liberando amônia, gás homens quanto para os animais.
carbônico e aminas, como a cadaverina, putrecina e
histamina, produzindo silagens com cheiro e paladar
desagr'adáveis, podendo até induzir intoxicação nos
animais.
problemas podem ser reduzidos se a planta de milho ou de do tipo de planta ensilada e do processo de fermentação
sorgo for ensilada no estádio ideal de umidade, ou seja, verificado no interior do silo. Os dados a seguir rõfletema
composição média do efluente produzido por uma
em torno de 65%. No caso do capim-elefante, da alfafa e
silagem. O pH normalmente ácido com valor em torno de
da aveia, a pré-secagem deve ser feita até que atinjam esta
4 ou menor; teor de matéria seca entre 1 e 10%; geral-
umidade, lembrando-se que este procedimento pode
mente na ordem de 6%; contém cerca de 20% de subs-
dificultar a picagem e compactação, operações que, se não
tâncias nitrogenadas; 26% de minerais; o restante da sua
executadas corretamente, provocam perdas por mofo
composição são compostos orgânicos não-nitrogenados.
devido à presença de oxigênio no meio. Aditivos de
silagem podem também reduzir os efeitos negativos da
A garantia de que pelo menos :0% da matéria seca seja
ensilagem de forrageiras com teores de umidade que não
obtida na ensilagem pela escolha das forrageiras que
atendem às especificações técnicas. Os silos verticais são
normalmente apresentam este "alor, por exemplo, o milho
mais recomendados para forrageiras com umidade baixa,
ou o sorgo, ou pelas técnicas que reduzem este teor,
entre 40 e 60%, por amenizarem estas perdas. Os silos do
como a pré-secagem do capim-elefante, girassol, alfafa ou
tipo superfície não são recomendados quando as
aveia, permite que se tenham silagens sem efluentes.
forrageiras apresentam baixos níveis de umidade.
Desta forma pode-se inferir que o teor de umidade é,
inevitavelmente, o fator que mais afeta a produção de
Os efluentes da silagem são formados pelo suco celular da
efluentes.
forrageira ensilada. Constituem o meio ideal para o cresci-
mento de microrganismos que, por sua vez, consomem
grande quantidade de oxigênio do meio, ou seja, apresenta Os microrganismos
elevada Demanda Biológica de Oxigênio (DB0). Quando
lançado nos mananciais, este produto pode causar danos Altos níveis de microrganismos aeróbios presentes nas
severos à flora e à fauna aquáticas, pois é um dos resíduos silagens causam mais danos quando são novamente
mais poluentes para a natureza, quando comparado com expostos ao oxigênio na fase de alimentação. O nível de
outros da agricultura convencional (Tabela 1). microrganismos aeróbios presentes na silagem é determi-
nado pela presença deles na planta antes do corte, assim
Tabela 1. Os poluentes agrícolas e urbanos e os danos como do grau de desenvolvimento durante a fase aeróbia
que causam. inicial.
Principais síndromes clínicas derivadas estão presentes em todo lugar, o objetivo maior em relação
da utilização de uma inadequada a uma silagem de boa qualidade deve ser a prevenção da
GOERING, H. K.; VAN SOEST, P. 1.; HENKEN, A. W. ROTH, t3.; IJNDERSANDEA, D. Silage additives. In:
Relative suscepfibility of torage to heat damage affected by COAN silage production rnanagement and feeding.
rnoisture, temperature, and pH. Journal of Dairy Science, Madison: Madison, Arnerican Society ot Agronorny,
Chan,paign, v. 56, n. 1, p. 137-143, 1976, 1995. 42 p.
McDONALD, P.; HENDERSON, N.; HERON, S. Tho WOOLFORD, M. K. The problern ol silage effiuent.
biochemistry of silage. 2. ed. New York: John WiIIey Herbage Abstracts, Aberystwyth, v. 48, n. 10, p 397
Sons, 1996. 326 p. 402, 1978.
-
36038'330 Juiz de Fora MG
A. O//volta, Antônio Carlos Cáser, Carlos Eugénio
Movr/na, Edna FroedorArcu,i, Jackson Silva e Oliveira,
Mid,I*SdaA5lOdItn, Fone: 32)3249-4700 João Cosa, de Rasando, John Fw'long, José Valente,
P,ad,f,.ab.uidnitnls
Fax' (32)3249.4751 Mar/ice Teixefra A/Miro e Wanderloi Peneira de Sé
E.mall: sac@cnpgl.embrapa.br Expediente Supervisão editorial: Angelo de Fátima Araú/o Oliveira
• edição
Tratamento das ilustrações e editoração eleuônica: