Questão Aula
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Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de
respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
A tectónica de placas é a teoria unificadora das ciências da Terra sólida. Segundo a teoria da
tectónica de placas, a camada externa da geosfera encontra-se fragmentada em diversas placas
rígidas que se deslocam umas em relação às outras sobre uma camada mais dúctil. É nas zonas
de limite de placas que ocorre uma grande parte dos processos geológicos, entre os quais
atividade sísmica, processos vulcânicos e de formação de depósitos minerais.
A teoria da tectónica de placas foi desenvolvida, entre os anos 60 e 70 do século XX, por
cientistas como, entre outros, Tuzo Wilson, Jason Morgan, Dan Mckenzie e Xavier Le Pichon.
Desde o seu início que se percebeu que algumas margens continentais – zonas limite entre um
continente e um oceano – correspondiam a zonas de fronteira de placas, como no caso do
Pacífico. Estas denominam-se de margens ativas, caracterizadas por intensa e frequente
atividade sísmica. No entanto, no caso do Oceano Atlântico as margens dos continentes não
correspondem, em geral, a zonas de fronteira de placas e são por isso denominadas de margens
passivas, não revelando atividade sísmica significativa. O artigo no qual estes dois tipos de
margem foram definidos foi publicado em 1969 pelo geólogo Inglês John Dewey, da
Universidade de Cambridge, Reino Unido. No entanto, precisamente nesse ano, um sismo de
elevada magnitude (7.9) ocorreu ao largo da margem Atlântica do Sudoeste da Ibéria, com maior
intensidade em Lisboa, mas também sentido no sul e no norte de Portugal.
O sismo de 1969 não foi o único sismo de grande magnitude a ocorrer nesta região.
Anteriormente já tinha ocorrido o grande sismo de Lisboa de 1755. Logo nesse ano, em 1969,
os “pais” da tectónica de placas perceberam que algo de único poderia estar a ocorrer nesta
zona. Os geocientistas Yoshio Fukao e Michael Purdy, na altura jovens investigadores em
Cambridge, dedicaram-se a estudar esta área e concluíram que neste local poderia estar a
ocorrer um processo de início de subducção. Este processo estaria relacionado com a existência
da zona de fronteira de placas Açores-Gibraltar, ao longo da qual a placa africana poderia estar
a começar a mergulhar sob a placa euroasiática, no troço do Banco de Gorringe. Anos mais tarde,
o Professor António Ribeiro, da Universidade de Lisboa, propôs que esta zona de convergência
incipiente estaria a propagar-se ao longo da margem oeste portuguesa, local onde a margem
passiva se estaria a transformar numa margem ativa. Mas para que tal aconteça, as zonas
oceânicas das placas litosféricas terão de estar em processo de fraturação.
Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
FIGURA 1. Mapa tectónico da margem sudoeste da Ibéria evidenciando a multiplicidade de falhas na região (adaptado de Duarte
et al., 2013).
Extraído de :Duarte, J., (2019) Reativação tectónica, Rev. Ciência Elem., V7(2):027.