Como As Habilidades Socioemocionais Podem Melhorar A Convivenciapdf
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https://novaescola.org.br/conteudo/17041/como-as-habilidades-socioemocionais-
podem-melhorar-a-convivencia
Socioemocional
Como as habilidades
socioemocionais podem melhorar
a convivência?
Práticas democráticas associadas ao desenvolvimento socioemocional e
ético promovem um clima escolar mais saudável
Tory Oliveira
Democrática: Assembleias ajudam a EMEF Maria Fávaro a resolver conflitos por meio do
diálogo. Foto: Ricado Lima
Historicamente, explica o professor da USP Ulisses Araújo, o currículo escolar embasou-se na ideia do
desenvolvimento educacional vista estritamente do ponto de vista da razão. A emoção era vista como
algo negativo, que deveria ser controlado na escola e cujo desenvolvimento ficaria a cargo da família.
No entanto, a partir da década de 1990, com estudos de Howard Gardner e de Daniel Goleman, a
discussão passou a ser permeada novamente pela importância da dimensão socioemocional.“As
emoções são parte essencial da vida. Da mesma forma que aprendemos matemática, precisaríamos
saber a lidar com as emoções. Por que não aprendemos o que é tristeza, alegria, raiva e como
solucionar conflitos, questiona Ulisses. Ao olhar para as competências socioemocionais e trabalhá-las
com intencionalidade, incluindo formação de professores e associada a práticas de gestão
democrática, a escola ajuda os alunos a falar sobre o que estão sentindo e a observar criticamente a
realidade, dando ferramentas para atuarem de forma ética.
Desde 2015, a EMEF EJA Maria Pavanatti Fávaro, em Campinas, desenvolve o projeto Viva Ética, cujo
foco é melhorar o clima escolar e fortalecer a convivência democrática. Para isso, a escola, que abriga
780 alunos, adotou uma série de princípios, que incluem o respeito, a justiça, a responsabilidade e a
convivência ética. “De certa forma, todos esses princípios dialogam com as competências
socioemocionais”, reflete o orientador pedagógico da unidade, Robson de Moraes.“Ao tomar as
decisões coletivamente em todos os segmentos - entre os alunos, os professores, os funcionários e os
gestores -, a questão do diálogo, do respeito e da empatia acaba se desenvolvendo de forma mais
coesa”, acredita o educador. A diretora, Sandra Schafirovits, conta que contemplar as emoções sempre
fez parte do seu trabalho como educadora.“Mesmo quando ministrava matemática, meu interesse era
o aluno antes de qualquer coisa. Na época, as pessoas tinham uma visão muito ruim sobre isso”,
lembra. Para Danila Di Pietro, mestranda em Educação pela Unicamp e pesquisadora do Gepem, um
bom caminho é trabalhar as questões emocionais associadas às sociais, sempre olhando para a
construção de uma sociedade mais democrática para todos.“Saber reconhecer as emoções e manejá-
las serve para uma melhor resolução de conflitos, mas, se isso não está a serviço da democracia e esse
paradigma da ética não está na escola, colaboramos para a construção de uma juventude submissa,
que não dá conta de reivindicar os próprios direitos”, analisa.
E o professor?
Embora o foco maior seja no aluno, estudos recentes mostram que se o professor não desenvolve
essas competências em si mesmo, o ensino dessas habilidades fica comprometido. O problema é que
71% dos professores não tiveram orientações sobre o tema, aumentando a chance de recorrer ao
senso comum. “O professor é um modelo para a criança na maneira como ele lida com o estresse e na
forma como promove o clima emocional em sala de aula, por exemplo. É essencial que ele tenha na
formação uma maneira de desenvolver os próprios recursos para que entenda o papel das emoções
na aprendizagem”, diz Alcione Marques. Outro ganho para o docente é dispor de mais ferramentas
para entender as motivações e o comportamento da turma, deixando de levar atitudes e ações
negativas ou desrespeitosas para o lado pessoal e ampliando o repertório para lidar com esses
desafios. Um aluno mais agressivo, por exemplo, pode estar querendo chamar a atenção para algo. “O
desenvolvimento dessas habilidades promove a saúde mental do professor e do aluno”, diz a
psicopedagoga.
AS EMOÇÕES NA PRÁTICA