Geracao Z No Mercado de Trabalho - 28022015
Geracao Z No Mercado de Trabalho - 28022015
Geracao Z No Mercado de Trabalho - 28022015
PORTO ALEGRE
2015
Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos
desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG
em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato
PORTO ALEGRE
2015
Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos
desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG
em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato
RESUMO
O mercado de trabalho, nos últimos 15 anos, tem recebido uma nova geração de
trabalhadores. Trabalhadores estes que são denominados geração Z. Um público que traz
significativas características, tanto positivas quanto negativas, na avaliação de seus gestores
e das organizações. O presente estudo tem por finalidade compreender os fatores que
causam a alta rotatividade do grupo de funcionários da geração Z na empresa “A”, do
comercio varejista e, mais especificamente, busca identificar as expectativas que os jovens
tem em relação ao trabalho; entender a cultura organizacional da empresa “A” e propor ações
de melhoria, a partir de uma construção teórica em torno dos seguintes assuntos: geração Z,
os desafios da família para a educação da geração Z, educação emocional, importância dos
líderes da geração Z, poder e autoridade e liderança gentil. Para a realização deste trabalho,
foi utilizado o método qualitativo exploratório, seguido de uma etapa quantitativa. Para a coleta
de dados deste estudo, foi utilizada a técnica entrevista semiestruturada na etapa qualitativa,
na qual o pesquisador realizou dez entrevistas com gerentes e colaboradores do
departamento de RH da empresa em análise. Posteriormente, na etapa quantitativa, foram
aplicados questionários aos sessenta e quatro colaboradores que se enquadram na Geração
Z. As informações obtidas através da análise dos dados revelam que os jovens entrevistados
da geração Z consideram importante o conhecimento transmitido pelos seus líderes, os
exemplos prestados, os limites estabelecidos, pois isso os faz crescer como pessoas. A
geração Z não demostra ter apego pelas empresas, tampouco por seus proprietários ou
gestores. Os jovens deste estudo, representantes da Geração Z, demostram que desejam
experimentar novas experiências, sem grandes preocupações com o futuro. Demonstram
possuir uma necessidade muito grande de galgar novas posições, conquistar novas coisas
com velocidades muito maiores do que sua própria capacidade de assumir novas funções na
empresa. Esta velocidade, através da qual a geração Z deseja as coisas, exige dos líderes
uma noção clara da diferença entre poder e autoridade, pois a geração Z foge rapidamente
de líderes que gerenciam equipes utilizando-se do poder. Como contribuições deste estudo,
foi proposto que a organização reavalie suas práticas ligadas aos colaboradores, buscando
desenvolver ações que busquem retê-los através de políticas que atendam às suas
necessidades e expectativas.
ABSTRACT
The labor market, in the last 15 years, has received a new generation of workers. These
workers are called Generation Z. A public that brings significant features, both positive and
negative, in the evaluation of their managers and organizations. This study aims to understand
the factors causing the high turnover of the Z generation of employees in the group "A"
company, the retail trade and, more specifically, seeks to identify the expectations that young
people have towards work; understand the organizational culture of the company "A" and
propose improvement actions, from a theoretical construction around the following issues:
Generation Z, family challenges for the education of the generation Z, emotional education,
importance of the leaders of the generation Z , power and authority and gentle leadership. For
this work, we used the exploratory qualitative method, followed by a quantitative stage. To
collect the data from this study, we used semi-structured interview technique in qualitative
stage, in which the researcher held ten interviews with managers and employees of the
company's HR department in question. Later, in the quantitative stage, questionnaires were
given to sixty-four employees who fall under the Generation Z. The information obtained by
analyzing the data show that young people interviewed generation Z consider important the
knowledge imparted by their leaders, the examples provided, the limits, because it makes them
grow as people. The generation Z does not demonstrate having attachment by companies or
by their owners or managers. The young of this study, representatives of Generation Z,
demonstrate keen to try new experiences, without great concern for the future. Show has a
great need to climb new positions, conquer new things with much higher speeds than their own
ability to take on new roles in the company. This speed by which the generation Z want things,
requires leaders a sense of the difference between power and authority, as that generation Z
quickly flees leaders who manage teams using the power. The contribution of this study, it was
proposed that the organization re-evaluate their practices related to employees, seeking to
develop actions that seek to retain them through policies that meet their needs and
expectations.
INTRODUÇÃO
Deste modo, o presente trabalho tem como objetivo geral: compreender os fatores
que causam a alta rotatividade do grupo de funcionários da geração Z na empresa
“A” do comercio varejista. Como objetivos específicos, busca identificar as
expectativas que os jovens têm em relação ao trabalho; entender a cultura
organizacional da empresa “A” e propor ações de melhoria.
REVISÃO DA LITERATURA
Geração Z
Aqueles que nasceram após 1992 formam a Geração Z, cuja letra está relacionada
ao termo zapping, associado a um alto fluxo e constante troca de informações e meios
de troca e acesso a elas em um reduzido espaço de tempo, tendo como característica,
portanto, um mundo repleto de conexões e diversidade de ações de forma simultânea.
Nasceram em um mundo geograficamente sem fronteiras, onde o conceito de
globalização não foi uma conquista, e sim uma realidade. (NETO et al, 2013; VITA;
MONTENEGRO, 2013).
A partir de Fagundes (2011), pode-se dizer que essa geração distingue-se pela troca
rápida, que pode ser a troca da televisão para o computador, do computador para o
tablet, do rádio para o celular, dos relacionamentos afetuosos, dos relacionamentos
profissionais, até mesmo seus objetivos de vida. A mudança rápida, a necessidade de
novidades em suas vidas e a falta de um objetivo a longo prazo é determinante na
definição desta Geração.
Para Fagundes (2011), esta geração possui grande habilidade e facilidade no uso das
tecnologias, com uma naturalidade que por vezes impressiona os membros das
gerações anteriores. Parecem já não conceber um mundo sem estes dispositivos.
Segundo Messias1 (2010), citado por Fagundes (2011), essa geração tem como
prática desenvolver várias atividades simultaneamente. A vida desta geração é
marcada por um excesso de informação, pois os eventos são noticiados em tempo
real e o volume torna-se obsoleto em um curto espaço de tempo. E essa rapidez com
que os avanços tecnológicos ocorrem condicionou os jovens a desvalorizar as coisas
rapidamente.
percepções, experiências e até mesmo valores, podem se tornar pano de fundo para
que uma geração complemente a outra em suas carências e necessidades. (COSTA
et al, 2014).
Socialização Secundária é um processo que não termina. A bem dizer, ela segue para
toda a vida. À medida que cresce, a criança participa de várias instituições, e essa
participação envolve aprendizado. Ela aprende a linguagem típica da instituição, mais
os valores e os comportamentos esperados dos membros que compõem as diferentes
instituições (ANTUNES, 1999).
O desafio maior da família, neste processo, é o de fazer com que esta criança ou
jovem entenda o significado de viver em sociedade. Entenda o seu papel no ambiente
ao qual faz parte.
Os autores ressalvam, contudo, que “não basta apenas estar presente, é preciso
saber educar de forma correta, que o desafio está na qualidade dessa convivência,
que deve ser marcada por um forte componente de presença educativa”. (OLIVEIRA;
COELHO, 2010, p.1).
11
Educação Emocional
Goleman2 (1995), citado por Antunes (1999), mostra que a Inteligência Emocional
pode ser expressa através de cinco pontos essenciais:
a) Autoconhecimento:
- como conhecer os próprios sentimentos;
- como fazer opções conscientes;
- como gostar de si mesmo;
- como ser respeitado em casa, na escola e em sociedade;
- como aprender a pensar e a desenvolver a criatividade.
d) Automotivação:
2 GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. 370p.
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Para Antunes (1999) e Goleman3 (1995), a família, no lugar que ocupa, deve preparar
o jovem para lidar com conflitos cotidianos, o volume e controle de suas angústias e
ansiedades, compreendendo-se ao compreender seus próprios sentimentos e
descobrindo-se nos outros, com quem busca efetivamente conviver.
O autor salienta que liderar pessoas significa conquistá-las, envolvê-las, fazendo com
que coloquem suas habilidades, criatividade e excelência a serviço dos objetivos e
missão das organizações, dedicando-se ao máximo à equipe.
Baldoni (2014) salienta que bons líderes tem noção de presença. O autor salienta que
noção de presença é a combinação de autoridade, autenticidade e acessibilidade.
Para tê-la, é necessário ser capaz de agir em uma condição que as outras pessoas
acreditem que você está no controle. Um bom ator é aquele que consegue representar
muito bem o seu papel, um bom líder é o que estabelece vínculos pessoais com sua
3 Ibidem.
14
Poder e Autoridade
Liderança gentil
Baldoni (2014) defende a ideia de que o líder moderno é um ser gentil, não apenas
em seu papel de liderança, mas em seu comportamento. É comum encontrar gerentes
mal educados e despreparados para lidar com suas equipes, cultivando os mais
primitivos sentimentos de ódio e desprezo por aqueles que deveriam ser seus
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seguidores. Ora, ninguém segue aqueles que odeiam, por conta deste comportamento
revela o autor que uma em cada três pessoas que pedem demissão, se demitem do
chefe e não da empresa:
[...] até onde você vai na vida depende de ser terno com os jovens,
compadecidos com os idosos, simpático com os esforçados e
tolerantes com os fracos e fortes. Porque em algum momento da vida
você descobrirá que já foi tudo isso. (BALDONI, 2014).
Um bom líder também é aquele que sabe escutar. Saber diferenciar o escutar do ouvir
faz do líder o ser que cria a empatia necessária para estabelecer uma relação de
confiança. Uma das mais poderosas interações humanas ocorre quando as pessoas
se sentem acolhidas. As pessoas que nos escutam, são as pessoas das quais nos
aproximamos e cuja companhia mais prezamos. Os líderes servidores mais eficazes
possuem a extraordinária capacidade de demonstrar ao mesmo tempo rigor
implacável e uma afeição sincera. Em resumo, conseguem abraçar seus liderados
quando carentes e lhes apontar questões a melhorar quando necessário. (BALDONI,
2014).
Hunter (2006) compartilha da ideia de Baldoni (2014) de que o líder deve colocar sua
equipe em primeiro lugar, precisa ainda aprender fazer concessões, desenvolver
habilidades para conduzir negociações, tendo o entendimento de que tais ações
importarão em ganhos e sacrifícios para ambas.
Metodologia da pesquisa
Santos (2009) define a pesquisa qualitativa como sendo a forma de aprofundar muito
mais a investigação do fenômeno, o que exige mais participação do pesquisador na
investigação. Requer, ainda, um alto grau de sensibilidade do pesquisador para não
gerar um grau excessivo de subjetividade. Conforme descreve Minayo (2010), o
método qualitativo pode ser definido como:
Quanto ao delineamento, a coleta dos dados se deu por meio de análise documental,
através da análise de boletins disponibilizadas pelo RH, contendo os indicadores de
turnover da empresa. Foram realizadas, também, entrevistas semiestruturadas
aplicadas a 10 pessoas, sendo elas gerentes e colaboradores do departamento de
Recursos Humanos da empresa.
Com base nas informações obtidas na etapa qualitativa exploratória, foi elaborada a
etapa quantitativa através da construção dos questionários aplicados com sessenta e
quatro (64) funcionários da empresa pertencentes à faixa etária compatível com o
conceito de Geração Z. A aplicação do questionário teve a finalidade de identificar
quais os fatores levam este público a não permanecer na empresa, assim como quais
seus anseios e expectativas com relação ao mercado de trabalho.
Para o desempenho das funções, este aspecto passa a ser algo importante na análise
eliminatória dos fatores que poderiam influenciar na decisão de mudar de emprego
20
Ao serem indagados acerca das receitas financeiras geradas pelo grupo familiar,
apenas 3% deles possuem composição de renda mensal acima de 7 salários mínimos
e 62% dos entrevistados afirmaram que a renda do grupo familiar oscila entre 2 e 4
salários. Assim, a maioria absoluta das famílias dos jovens possui baixa renda. Tal
evidência pode ser visualizada no gráfico 03.
Gráfico 05 - Em seu ponto de vista, qual seria o salário ideal para o desempenho de sua
atual função?
Fonte: Elaborado pelos autores, 2014.
Na questão salário, 65% dos jovens responderam, que a remuneração ideal para o
desempenho de suas funções seria um valor entre R$ 800,00 (oitocentos reais) e R$
999,00 (novecentos e noventa e nove reais). Isto implica dizer que os entrevistados
não possuem grandes expectativas em relação a remuneração na empresa onde
trabalham.
22
Fica evidente que, está distante a ideia de que a empresa objeto do presente estudo
tenha redução na rotatividade de funcionários, pois 73% dos entrevistados não têm
pretensão de ficar mais do que dois anos.
23
Uma fatia importante dos jovens entrevistados – 50% – afirma que em um emprego
formal o salário é o mais importante, considerando suas prioridades. Reconhecimento
e boas relações interpessoais fazem parte da escala de valor de outros 42% dos
entrevistados. Ainda é possível verificar no gráfico 07 que a estrutura física do local
de trabalho tem importância para apenas para 3% dos entrevistados.
Como pode-se perceber, metade dos jovens pesquisados colocam outros fatores em
primeiro lugar, não sendo o salário o mais importante. Esta informação pode ser
aproveitada pela empresa para criar mecanismos de estímulo aos funcionários, com
vistas a instituir um ambiente de trabalho atrativo e, quem sabe, contribuir para a
redução da rotatividade funcional na empresa.
24
Chama atenção o gráfico 08, pois 66% dos jovens disseram que estão satisfeitos ou
muito satisfeitos com o tratamento que recebem de seus superiores. Tal afirmação
supera as afirmações resultantes do gráfico 07, no qual 42% possuem em sua escala
de valor o reconhecimento e as relações interpessoais. Considerando os resultados
do gráfico 06, que trata da vontade dos entrevistados em permanecer trabalhando na
empresa (73% entre 1 até 2 anos, no máximo), fica a questão: “o que os motiva a
querer sair da empresa?”. Evidencia-se aqui o que fora encontrado no embasamento
teórico: é uma geração de trocas rápidas.
De certa forma, isso explica o porquê, mesmo satisfeitos com seus trabalhos,
satisfeitos com seus superiores, não têm pretensão de permanecer nos seus
empregos por muito tempo. Ao que parece, este será o inevitável mundo novo, pois
esta geração não demonstra ter preocupação com trocas de empregos.
Contrariamente, desejam experimentar o novo.
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O décimo gráfico trata da vontade dos jovens em buscar formação superior. Percebeu-
se que apenas 25% afirmaram que desejavam fazer um curso superior. Isso que leva
a crer que a possibilidade de melhores condições empregatícias fica reduzida na
medida em que os entrevistados se privam de buscar formação, exigência do mercado
atual e tendência para o futuro, como condição pela qual seria possível galgar
melhores oportunidades de emprego e renda.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao contrário das gerações anteriores, a Geração Z não demostra ter apego pelas
empresas, tampouco por seus donos ou gestores. Os jovens deste estudo,
representantes da Geração Z, demostram, por suas respostas, que desejam
experimentar o novo, sem grandes preocupações com o futuro. Conclusões vistas nos
resultados os quais mostram que: apenas 3% afirmaram que a empresa é ruim; 76%
têm interesses de curto prazo na empresa, embora 66% tenham afirmado que estão
satisfeitos ou muito satisfeitos com o tratamento que recebem de seus superiores;
64% dos entrevistados estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a empresa.
A percepção que fica é de que a sociedade ainda não sabe como lidar com estas
situações, pois as mudanças são ainda muito recentes, sendo necessário um
amadurecimento da sociedade a fim de que exista uma coexistência familiar sadia e
sem traumas. Esta dificuldade também está presente no grupo pesquisado, ainda que
8% dos entrevistados morem com outros familiares e não com os pais e 54% morem
com os pais e outros familiares.
28
Esta geração deseja o prazer imediato, tem pressa, não tem interesse em algo longo
e duradouro. Isso tudo deverá ser objeto de desenvolvimento de metodologias por
parte das ciências que estudam o comportamento humano, para que as empresas
possam superar este novo momento que envolve as relações de trabalho.
REFERÊNCIAS
BALDONI, John. 101 dicas práticas de liderança. Tradução de Isa Laxe. Rio de
Janeiro: GMT Editores Ltda, 2014.
29
NETO, Alípio Ramos Veiga; JUNIOR, Jonilson de Carvalho Oliveira; OLIVEIRA, Heitor
César Costa de; OLIVEIRA, Hilderlide Câmara; VASCONCELOS, Cesar Ricardo Maia
de. Fatores determinantes do interesse em questões ambientais entre consumidores
da geração Z. Global Manager, Caxias do Sul, v.13, n.1, p. 108-127, mai., 2013.
Disponível em: <http://ojs.fsg.br/index.php/global/article/view/966/815>. Acesso em:
18 dez. 2014.
OLIVEIRA, Thais Brasileiro de; COELHO, Vânia Maria Benfica Guimarães Pinto. A
importância da família para a formação da cidadania. Jus-Fadiva, Varginha, v.5, n.1,
s.p., 2010. Disponível em:
30
VEEN, Winn; VRAKKING, Been. Homo Zappiens: educando na era digital. Porto
Alegre: Artmed, 2009.