Capitango - Isdb 2020
Capitango - Isdb 2020
Capitango - Isdb 2020
A Música tem um grande poder de interação e desde muito cedo adquire grande
relevância na vida de uma criança despertando sensações diversas, tornando-se uma das
formas de linguagem muito apreciada por facilitar a aprendizagem e instigar a memória das
pessoas. A banalização da Música no contexto escolar encontra-se presente devido ao uso da
mesma apenas como recreação, ignorando sua importância para o desenvolvimento e riquezas
culturais e sociais que a música proporciona para os indivíduos.
Para responder à questão que nortea o problema da nossa pesquisa, fazemo-nos valer
de hipóteses, que são respostas provisórias para solucionar o problema de investigação.
Assim, foram levantadas as seguintes hipóteses:
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H1: A criatividade do professor promove o sucesso da Educação Musical no ensino primário;
Toda pesquisa deve ter um objectivo determinado para saber o que se vai procurar e o
que se pretende alcançar. O presente trabalho tem como objectivo geral conhecer as causas do
(in) sucesso da Educação Musical no ensino primário. Para atingir o objectivo geral,
delinearam-se os seguintes objetivos específicos:
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CAPÍTULO I- CONCEPÇÃO TEÓRICO-CIENTÍFICA SOBRE A EDUCAÇÃO
MUSICAL
Não podemos, pois, deixar de constatar, que os termos sucesso e insucesso detêm
significados que se opõem aos conceitos de bom e mau que lhes estão subjacentes. A pesquisa
dos termos bom e mau segundo Costa e Melo (1989), encontramos “bom: que tem bondade;
virtuoso; nobre; seguro” e “mau: que não tem bons instintos; que exprime maldade; malvado;
perverso”. Na sequência do exposto, se em termos estritos efectuarmos uma correlação entre
os termos bom/sucesso e mau/insucesso, verificamos que os sinónimos evocam sempre
atributos pessoais, positivos ou negativos.
1.1.2. Educação
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Por Educação entende-se o processo em que se adquirem competências e habilidades,
além de promover um desenvolvimento pessoal com a finalidade de uma
melhor integração na sociedade. A Educação é uma concepção filosófica e/ou científica acerca
do conhecimento colocada em prática (COSTA, 2015).
A palavra Educação tem sido utilizada, como discorre Durkheim (1955) citado por
Schlosser (2011, p.25), num sentido mais ampliado, sendo normalmente designada para
explicar “ o conjunto de influências que, sobre nossa inteligência ou sobre nossa vontade,
exercem os outros homens, ou, em seu conjunto, realiza a natureza”. Nesta linha de
pensamento, Kant (2002) afirma que a função final da educação é desenvolver nos indivíduos
toda a perfeição que este seja capaz, sendo que educação deve pensar no sujeito como um
todo, e não o fragmentar à apenas uma dimensão – como exclusivamente para o trabalho, por
exemplo. Segundo Snyders (1997, p.49), a educação deve ser vista como:
1.1.3. Música
Para Walter Sessions, citado por Hohmann e Weikart (1997, p. 657), a Música é “ o
movimento controlado do som no tempo e é feita por humanos que a querem, apreciam e até a
amam”. Nesta perspectiva, Schoenberg citado por Hohmann e Weikart (1997, p.657), relata
que "a Música se refere também às emoções e aos sentimentos que a mesma pode transmitir.
De uma maneira mais didáctica e abrangente, a Música é composta por três (3) elementos:
A Educação Musical é vista, hoje em dia, como algo que se leva à criança, que lhe é
proporcionado e que a atrai pelo interesse das suas inúmeras actividades. A Educação Musical
é a educação que proporciona ao indivíduo o acesso a música enquanto arte, linguagem e
conhecimento. A princípio, ela não busca a formação do músico profissional, e sim que as
crianças e jovens, possam compreender a música, desfrutá-la e conservá-la, podendo despertar
interesse vocacional.
Para Pahlen (1964) citado por Araújo (1981, p.3-4), a Educação Musical significa que
"através do desenvolvimento da sensibilidade da criança ela pode captar as manifestações do
mundo sonoro; há de modelar uma consciência do que e, pode e deve ser a arte; há de cercar-
se de seus semelhantes; há de despertá-la no sentido sonoro, como se desperta no terreno
visual, do tato e do olfato; há de formar seu caráter visando a um maior idealismo; há de
convertê-la em um ser sensível".
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Ela exige o domínio de uma nova linguagem e desenvolvimento de conhecimentos
técnicos e, portanto, pode ser ensinada e aprendida. Numa abordagem cronológica, as
civilizações antigas como a grega, por exemplo, já reconheciam a música como importante
forma de conhecimento humano. Para os gregos, a formação do cidadão estava ligada à
formação do espírito e. por isso, intimamente ligada à arte (OLIVEIRA et al., 2012).
Durante esta época, por volta dos séculos V ao XIV, a Educação Musical era muito
valorizada e bem vista na sociedade. Como nos conta Fonterrada (2008, p. 32): “Acreditava-
se que, sem a música, nenhuma disciplina poderia ser perfeita.” Porém, esta mesma Educação
Musical foi objecto de opressão das crianças. A infância não era percebida e muito menos
respeitada como actualmente busca-se que seja. Na realidade não existia conceito de infância.
Crianças serviam apenas para colaborar com o bem-estar dos adultos, principalmente os das
altas elites da Igreja. Assim elas eram treinadas e ensinadas a usarem ao máximo suas
habilidades artísticas musicais para o agrado de quem detinha o poder na época.
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A Música é uma importante forma de expressão humana, pois ela expressa sensações,
sentimentos e pensamentos através do relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. Na
sua intervenção Jeandot (1997, p.18) relata que “na verdade, antes mesmo de nascer, ainda no
útero materno, a criança já toma contacto com um dos elementos fundamentais da Música – o
ritmo, através da pulsação do coração de sua mãe”. A criança, antes do seu nascimento, já
possui uma sensibilidade musical, não se contentando apenas em reproduzir movimentos e
gestos, mas varia-os intencionalmente. A voz materna é um material sonoro importante e
referência afectiva para a criança.
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As evidências apontam que as crianças que ouvem Música com frequência,
principalmente aquelas que estudam Música, normalmente têm um raciocínio mais rápido e
maior facilidade de ganho verbal. Por esta razão, faz-se recurso à linguagem musical como
uma das áreas de conhecimentos mais importantes a serem trabalhadas na Educação básica,
ao lado da linguagem oral, escrita, do movimento e das artes.
Segundo Penna (2012, p.24) citado por Jardim e Silva (2013, p.154), "a Música é uma
linguagem artística, culturalmente construída, que tem como material básico o som" A partir
deste conceito, percebemos que o objectivo da Educação Musical é primeiramente despertar o
aluno para o mundo dos sons e assim, musicalizar o indivíduo para que ele possa ser sensível
à música e aos materiais sonoros interagindo e criando sobre eles.
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Abramovich (1985) citado por Oliveira (2013, p.11) relata “a importância das cantigas
de rodas e muitas outras que foram transmitidas oralmente, através de inúmeras gerações. São
formas inteligentes que a sabedoria humana inventou para nos preparar para a vida adulta”. As
cantigas tratam de temas tão complexos e belos, falam de amor, de disputa, de trabalho, de
tristezas e de tudo que a criança enfrentará no futuro, queiram seus pais ou não. São as
experiências de vida que nem o mais sofisticado brinquedo eletrónico pode proporcionar.
Hentsche e Del Ben (2003, p. 181) citados por Jardim e Silva (2013, p.155), ensinam
que a Educação Musical na escola está muito além do cantar e tocar propriamente dito.
Segundo estas autoras:
A música vem ainda contribuir para a formação do indivíduo como um todo. Por meio
da música, a criança entrará em contacto com o mundo letrado e lúdico. Observa-se sua
importância como valioso instrumento, o qual deverá ser trabalhado e estimulado provocando
no educando possibilidades de criar, aprender e expor suas potencialidades.
Nos argumentos de Abreu et al. (2014, p.158), o método rítmico apresenta três (3)
princípios:
Segundo Amado (1999, p.52), "Kodály lutou para que a música fizesse parte do
currículo escolar, defendendo que esta é uma parte indispensável do conhecimento humano".
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Segundo Kodály, a Educação musical deverá iniciar-se o mais cedo possível, sendo o Jardim
de Infância o momento privilegiado dentro do sistema escolar.
Este método foi desenvolvido pelo músico e compositor belga Edgar Willems, que
definiu um conjunto de princípios pedagógicos que se relacionam, mais do que quaisquer
outros, com a psicologia. Segundo Amado (1999, p.52), " Willems atribuiu grande
importância às características naturais do ser humano: a voz e o movimento, definindo à sua
volta os princípios fundamentais da sua metodologia".
Corroborando Abreu et al. (2014, p.159), " a metodologia de Willems não assenta
predominantemente em instrumentos musicais nem em materiais físicos: promove o
desenvolvimento do amor à música como uma língua materna, praticando-a com felicidade e
apelando a todas as faculdades mentais e físicas do aluno". Willems acreditava que todos os
seres humanos nasciam com uma natural aptidão musical, com maior ou menor intensidade.
Abreu et al. (2014), relatam que as linhas metodológicas do método Edgar Willems são
definidas por etapas graduais de consciencialização das capacidades das crianças, dos três (3)
até a maioridade, de acordo a quatro (4) eixos principais de desenvolvimento de aula:
Willems defende assim que a Educação Musical dever-se-á iniciar por volta dos
três/quatro anos devendo consistir numa alegre prática musical baseada em canções,
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experiências rítmicas e auditivas que possibilitem à criança uma descoberta activa da música
em si.
Este método foi desenvolvido pelo compositor, maestro e pedagogo alemão que
desenvolveu uma metodologia própria, baseada na vivência da criança, na construção de
jogos e na improvisação. Estabelece, no entanto, um novo rumo pedagógico ao dar maior
importância à relação palavra, música e movimento.
Segundo Abreu et al. (2014, p.160), " a metodologia de Orff envolve toda a vivência
infantil: ritmo, dança, drama, fala, jogos, execução instrumental e criatividade". Os autores
relatam que a criança deve desenvolver a sua aprendizagem num ambiente atraente e
participativo, onde ela parta da sua vivência para a construção do seu conhecimento musical.
A metodologia de Orff é conhecida pela introdução dos seguintes instrumentos musicais:
famílias de xilofones, metalofones, jogos de sinos, percussão variada e flautas de bisel.
Este método foi desenvolvido pelo pedagogo norte americano Edwin Gordon. Abreu
et al. (2014, p.164), afirmam que Gordon " desenvolveu uma teoria de construção do
conhecimento musical da criança, segundo passos lógicos de desenvolvimento cognitivo e
psicomotor". Um dos pontos desta teoria que levanto muita discussão reside no termo "
aptidão musical".
No entender de Gordon (2000) citado por Abreu et al. (2014, p. 169), a "aptidão
musical é o desenvolvimento potencial da criança em aprender música, alicerçada em quão
bem o indivíduo consegue formar generalizações a partir de informações ou experiências
específicas". Gordon argumenta que este termo não está relacionado a um valor inato, mas
sim com a Educação Musical recebida enquanto bebé, e no desenvolvimento da vontade em
aprender e fazer música.
Por meio da Música é possível exercitar toda a estrutura da educação infantil, além de
ser lúdico e prazeroso as crianças se manifestam através das canções, das cantigas de roda,
das danças, teatro etc. As actividades musicais na escola podem ter objectivos preventivo, nos
seguintes aspectos:
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c) Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver
o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão.
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expressão musical activa age sobre a mente da criança, favorecendo um impacto
emocional a mente e aliviando as tensões. Actividades como cantar fazendo gestos,
dançar, bater palmas e pés, são experiências importantes para a criança, pois elas
permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, factores
importantes também para o processo do desenvolvimento da escrita e leitura.
Gaio e Meneghetti (2004, p. 98) nos mostram que “é na sala de aula que o aluno revela
suas especialidades, mostrando suas desilusões internas ou sua genialidade até então
desconhecida”. É nesse espaço que o educando é obrigado a conviver com outras crianças,
tendo eles pensamentos distintos. O aluno traz para sala de aula uma bagagem de atitudes
naturais praticadas em sua casa e em seu quotidiano, não conseguindo deixar de lado a sua
fonte histórica.
Como pode ser observado diante das práticas diárias dos professores, a educação em
qualquer espécie de ensino, sempre está em busca de novos instrumentos que facilitem o seu
processo de aplicação e por sequela atinjam de forma mais satisfatória as suas metas
principais, dentre eles: desenvolver cidadãos críticos, conscientes de seus actos, bem como
favorecer o desenvolvimento motor, cognitivo e afectivo.
Além dos comuns aparatos a disposição do docente, a busca por incentivos visuais e
sonoros vem crescendo por virtude, também, do avanço da mídia, alicerçado no pressuposto
de que a educação tem que ser um reflexo, mais aguçado, da realidade social de cada
educando. Segundo Basso e Marques (2009, p.29):
No entender de Bencke (2018), a Música precisa estar nos planos da Educação assim
como nos projectos do professor de forma a estar atento em como as crianças se relacionam
com a Música, considerando sua vivência, conhecimento e cultura, de maneira a não
confundir o ensino profissional da Música com a Educação Musical das crianças. Do mesmo
modo, não confundir a Educação Musical com apresentações artísticas e culturais na escola,
pois Educação Musical é muito mais que realizar exercícios mecânicos para tocar algum
instrumento ou aprender a cantar uma música para apresentar. Estes processos fazem parte das
actividades musicais, mas quando o professor tem formação específica na área, dará
prioridade ao processo de exploração e criação, que é mais significativo, pois produz
conhecimento e imprime sentido ao fazer musical.
Para Ferreira et al. (2015), na escola, a Música tem o poder de agregar, aproximando
os alunos de uma maneira prazerosa e lúdica. Inclusive diferentes conhecimentos das diversas
áreas podem ser construídos através da Música. Não se pode negar que música combina com
escola e a escola ganha com a Educação Musical, em qualidade e significado. A Música na
escola tem um papel muito importante, pois trabalha os conteúdos de forma lúdica,
permitindo a fantasia, criatividade, faz entrar em contacto com as sensações, desperta a
autoestima, facilitando o alcance dos objetivos com resultados altamente compensadores.
Assim, apesar das dificuldades, educadores precisam tecer novos caminhos para a
aprendizagem e desafiar-se a buscar novos conhecimentos musicais para trabalhar com
música na escola, mesmo os que não possuem formação na área. É imprescindível acreditar
mais no poder da Música em sala de aula e fazer dela um elo entre o ensino e aprendizagem
de diferentes conteúdos e temas estudados.
No âmbito escolar, a Música deve ser entendida como linguagem artística, importante
para a educação e formação humana dos alunos. A Música na escola auxilia no
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desenvolvimento cultural e psicomotor da criança e lhe proporciona contacto com a arte.
Nesta perspectiva, Snyders (1992, p.14) argumenta que:
Essa prática pedagógica tem seu início nos primeiros anos escolares, na educação
infantil, e prossegue durante a formação acadêmica do ser humano. Podemos, assim, entender
a música como um instrumento facilitador e motivador no processo de formação do homem.
Porém, a Música terá um poder educativo quando empregada com prudência e sabedoria, por
meio do conhecimento dos seus efeitos sobre a alma humana. Ela facilita a integração, a
inclusão social e o equilíbrio.
Na sua intervenção, Bréscia (2003, p.82) afirma que “ o aprendizado de Música, além
de favorecer o desenvolvimento afectivo da criança, amplia a actividade cerebral, melhora o
desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o indivíduo”. A Música
na Educação Infantil auxilia no desenvolvimento psicomotor, contribui no processo de
socialização e aproxima a criança da arte.
Nas reflexões de Bondía (2002 e 2011), o artista tem uma capacidade singular para
intuir a densidade existencial das realidades relacionais que se instauram em acontecimentos
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de encontros, conseguindo expressa-las e dar-lhes corpo numa figura sensível: a obra de arte.
Para Quintas (1992, p. 20), “estas figuras (obras) não reproduzem objectos; plasmam
realidades inobjectivas’, ambitais (...) que é todo um acontecimento dialógico, relacional não
um mero objeto ou, correlativamente, uma mera figura.
Tal fundamento não significa que todos aprendam da mesma forma, a mesma coisa
nem, tampouco, que professor e aluno têm as mesmas funções no processo de elaboração do
conhecimento. O professor, na qualidade de agente mais experiente, precisa assumir- se e
respeitar-se como um mobilizador das energias do estudante, guiando-lhe os esforços e
buscando aprender do próprio estudante, considerando a cultura deste e seus saberes prévios,
na direção daquilo que deve ser aprendido e compartilhado.
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músico. Paradoxalmente, desde a tradição dos Conservatórios à mais recente proliferação de
reality shows, muito da formação dos músicos se alicerça na competência para o competir, no
desejo de demonstrar ser tecnicamente superior e isto não reflete, necessariamente, um
sentido musical.
Segundo Silva (2003, p.53) citado por Neto e Santos (2017, p.18), afirma que:
Das concepções relatadas por Neto e Santos, percebemos que o semba é um estilo
musical muito antigo, que animava os povos em cerimónias e servia também de instrumento
de acolhimento. A Música está sempre ligada a dança, é um dos principais métodos
utilizadas pelo homem para celebrar acontecimentos importante, para expressar os
sentimentos e, são das principais formas do despertar das manifestações da cultura de um
povo. Neto e Santos (2017, p.22-23) argumenta que:
Valendo-se das palavras de Neto e Santos (2017), a educação colonial tinha carácter
classista, que visava corresponder aos interesses da classe dominante em qualquer etapa de
luta. De acordo os relatos de Binji (2015, p.29), a educação escolar no período colonial , era
privilégio e direito de pouco, era uma educação estratificada ou selectiva; trata-se de uma
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estrutura semelhante à metrópole, integrado dos níveis de ensino: o nível primário e o nível
secundário, que estavam, na sua maioria ligadas as instituições públicas.
Segundo Paxe (2017, p.5), havia dualidade da educação escolar formal: “uma
reservada para os colonialistas (os brancos), categorizado como cidadão, a outra, educação
reservado para os colonizados (aos negros, os mestiços e os indígenas)”. Isto mostra as
diferenças entre os currículos (conteúdos) de ensino destinado aos nativos em relação aos
conteúdos do ensino destinado aos brancos portugueses. Paxe (2017, p.6), prolonga a sua
linha de pensamento, argumentando que:
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importância das liberdades de expressão, política social, económica, cultural e religiosa,
declarando amor pela humanidade, e defendiam os indígenas da África.
Numa visão cronológica, como descrevem Wheeler e Pélissier (2009, p.221), surge em
1947 o grupo musical Ngola Ritmos composto por Carlos Aniceto Vieira Dias, Domingos
Van-Dúnem, Mário Da Silva Araújo, Manuel Dos Passos e Nino Ndongo. Este grupo musical,
tinham os seus planos, métodos e objectivos concretos. Dentre os objetivos, destacam-se:
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"Eduardo Paim, que a partir dos anos 1990 começou a atingir grande
notoriedade no mercado musical português, com o disco Luanda,
Minha Banda, possui um talento incontestável no manejo dos
teclados, razão principal da sua preponderância no conjunto da
geração de novos músicos angolanos".
É de relembrar que Eduardo Paim, não era o único com maior notariedade no mercado
português na década de 1990, temos o músico Bonga que celebrou 43 anos de carreira
musical e foi homenageado por vários músicos, segundo o Jornal Nova Gazeta (2015, p.40),
depois de Angola 1972, "tornou-se uma figura emblemática dos ritmos angolanos,
atravessando gerações e promovendo a difusão da cultura nacional".
O mundo cada vez mais apresenta novos paradigmas, inovação e reformas ou mudança
em várias áreas do saber: científico, político, social, filosófico, econômico, tecnológico,
artístico e influência cultural. As políticas educativas quanto a formação é regida por Lei de
Bases do Sistema de Educação e Ensino (LBSEE), que é um diploma legal que estabelece o
quadro geral de funcionamento e organização do sistema de educação e ensino. Que é a Lei
17/16 no artigo 2. ° Educação e Sistema de Educação, no ponto 3 descreve que:
"O Sistema de Educação e Ensino é o conjunto de estruturas,
modalidades e instituições de ensino, por meio das quais se realiza o
processo educativo, tendente à formação harmoniosa e integral do
indivíduo, com vista à construção de uma sociedade livre,
democrática, de paz e progresso social".
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somente o de aquisição do conhecimento, mas também o de desenvolvimento da
personalidade.
Segundo Heuyer (citado por Araújo, 1981, p.3), " no conceito de educação é
impossível separar o ponto de vista pedagógico da adaptação social". O autor ajuíza-nos que a
escola deve alcançar a plenitude de formação integral e interação do ser humano com as
necessidades da sociedade. Diversos autores são de opinião que a Educação Musical deve
ocupar um lugar de destaque no plano da educação. Nesta linha de pensamento, Arroyo (2002,
p. 18) quando afirma que:
Apoiando-se nas ideias dos clássicos da Música, Araújo (1981, p.5) relata que "a
linguagem musical estimula as principais faculdades humanas, corno a imaginação criadora, a
sensibilidade, a vontade e a inteligência". Gardner (1996) citado por Moreira, Santos et al.
(2014, p.45), admite que a inteligência musical está relacionada à capacidade de organizar
sons de maneira criativa e da discriminação dos elementos constituintes da música.
A educação pela música proporciona uma educação profunda e total. Nesta perspectiva
Gainza (1988) afirma que a música é um elemento de fundamental importância, pois
movimenta, mobiliza e por isso contribui para a transformação e o desenvolvimento". A
música não substitui o restante da educação, ela tem como função atingir o ser humano em
sua totalidade.
Katsch e Merle-Fishman citados por Bréscia (2003, p.60) afirmam que “[...] a música
pode melhorar o desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na
aprendizagem de matemática, leitura e outras habilidades linguísticas nas crianças”. De
acordo com Gainza (1988, p.38), as actividades musicais na escola podem ter objectivos
profiláticos, nos seguintes aspectos:
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b) Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional
através do estímulo musical e sonoro;
c) Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver
o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão.
Segundo Ferreira (2008) citado por Moreira et al.(2014, p.48), a" principal vantagem
que se verifica quando se utiliza a música no ensino de uma determinada disciplina é a
abertura". Podemos dizer assim, que é um segundo caminho comunicativo não verbal, pois a
música desperta e desenvolve nos alunos sensibilidades mais aguçadas na observação de
questões próprias da disciplina alvo.
Para nossa pesquisa, utilizamos métodos e técnicas que nos permitiram converter as
hipóteses conceptuais em hipóteses operacionais. Foi propriamente uma pesquisa de
características qualitativa- quantitativas norteada por duas diretrizes: uma que definiu as
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evidências empíricas e, outra que supriu ambivalência de processos, para que a informação
não fosse meramente episódica.
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investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente
quando os limites entre o fenômeno e contexto não estão claramente definidos”.
A nossa amostra foi constituída por oito (8) professores do ensino primário,
especificamente das classes da 1ª à 6ª, de ambos os géneros com idades comprendidas entre
33 e 47 anos. A nossa amostra foi do tipo probabilístico. Conforme Oliveira (2011, p.32), " a
amostra probabilística é um tipo de amostragem em que cada elemento da população pode ser
selecionado para compor a amostra e tem uma chance conhecida e diferente de zero". O autor
relata que com este tipo de amostragem é possível calcular intervalos de confiança que
contenham o verdadeiro valor populacional com determinado grau de certeza. Isso permite ao
pesquisador fazer inferências ou projeções sobre a população-alvo da qual se extraiu a
amostra
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A amostragem do nosso estudo foi aleatória simples, pois todas as escolas do ensino
primário tiveram probabilidade de ser selecionada. Uma amostra aleatória simples é um
subconjunto de indivíduos (a amostra) seleccionado totalmente ao acaso a partir de um
conjunto maior (a população) por um processo que garanta que:
Segundo Bardin (1977, p.21) citado por Triviños (2013, p.160), a " análise de
conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos
sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores
quantitativos ou não, que permitam a interferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção de mensagens .Valemo-nos desta técnica com objectivo de dar
significado, ao conteúdo das mensagens obtidas com os participantes, através da elaboração
de categorias analíticas, que permitiram sistematizar as informações.
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2.6. Modos de administrar os instrumentos
As fontes bibliográficas foram selecionadas pela qualidade de informação que detêm,
pelo conteúdo do seu discurso e pelo facto de poderem assegurar a qualidade dos dados da
pesquisa. Primeiramente aplicamos uma entrevista do tipo semi-estruturada, através de uma
interacção directa com os professores do ensino primário da escola Nossa Senhora da Boa
Nova. E em seguida, fazemos a análise documental das cardenetas e relatórios escolares.
A entrevista foi dirigida aos professores que nos descreveram as suas actuações nas
aulas de Educações, bem como as implicações e dificuldades encontradas. Na construção do
guião da entrevista semi-estruturada tivemos em consideração os procedimentos
recomendados na literatura e organizámo-los em dois blocos temáticos. O primeiro está
relacionado com as motivações dos alunos durante as aulas de Educação musical e o segundo,
encontra-se centrado no processo de avaliação dos alunos na disciplina de Educação musical.
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A nossa investigação respeitou os princípios éticos. Os dados foram colectados
mediante a apresentação de uma credencial do ISDB, acompanhado de um Termo de
consentimento livre e esclarecido. Os agentes envolvidos na investigação foram explicados
sobre os objectivos e riscos possíveis que podiam ter em participar e, foi-lhes garantido
segurança e confiança de que os dados não serão divulgados, antes manter-se-ão
confidenciais.
A nossa pesquisa foi realizada na Escola nº 5022 – Nossa Senhora da Boa Nova,
localizada no km 12- B , na rua Mama Muxima, Município de Viana. Possui um quintal vasto
e multiuso (salas de catequese por baixo das árvores e de repouso para os alunos no momento
de recreio), ao lado tem um hospital e o mercado vulgo (Mama Gorda).
2.10.1. Fundação
Com a abertura da Comunidade religiosa dos Padres da Boa Nova a quem a Paróquia
de São Francisco (actual Sé Catedral da Diocese de Viana) delegou a responsabilidade de
apoiar espiritualmente as áreas do km 12, km 9, Sapú e Bita, a acção missionária chegara
também ao km 12-B, sob direcção do Reverendíssimo Pe. António Valente Pereira, surgindo
assim a Paróquia de Nossa Senhora da Boa Nova que foi erguida como tal em 1995.
Em 1995, alguns leigos coordenados pela irmã Domingas Garro das Dominicanas do
Rosário começaram a organizar alguns núcleos para a Alfabetização. Esses núcleos foram
aumentando a medida que se foram constituindo mais locais de oração comunitária, face a
entrada de mais populares; foram os embriões das actuais capelas e Comunidades de Fé e
nalguns casos de Paróquia, como é o caso de Nossa Senhora do Rosário, Santa Madalena e
Santa Teresa de Jesus.
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comunidades de Fé de Santo António, Santa Ana, Santa Isabel-Chititima, Sagrado Coração de
Jesus, Nossa Senhora do Rosário e Santo Estevão.
Em 2003 foram matriculados no geral 3294 alunos. A princípio, o apoio que as Cáritas
foi dando aos deslocados em geral, serviu também para subsidiar os alfabetizadores.
Terminado o Plano de emergência das Cáritas, cada alfabetizador viu-se na necessidade de
fazer algumas cobranças para a sua subsistência. Assim surgiram as pequenas cobranças que
se foram fazendo ao livre arbítrio de cada um.
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Enquanto iam encerrando os centros periféricos, na sede Paroquial os trabalhos foram
melhorando, a traindo os olhares da Delegação Municipal da Educação. Em 2004, apesar de
as aulas serem ministradas debaixo das árvores, assentando-se os alunos sobre blocos de
cimento, o então Delegado Municipal da Educação de Viana, o senhor Francisco Ranque
Franc que visitara o centro, considerou o trabalho como de qualidade. A partir desta data
autorizou que as provas finais a realizar tivessem validade oficial; era o prelúdio da
oficialização do mesmo centro como escola.
Em 2007 o núcleo principal de professores começava a ser pago pelo Governo, o que
aliviou os encargos paroquiais, apesar de serem 14 professores auferindo como funcionários
públicos. A dedicação dos professores no ensino ministrado na escola atraiu o interesse de
muitos encarregados que viram-se obrigados a retirar os seus filhos dos colégios vizinhos para
a escola da Boa Nova.
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Repartição Municipal cedeu mais seis (6) quadros pretos grandes e assim as doze (12) salas
ficaram completamente apetrechadas.
Em 2014 foi introduzido o uniforme de cor amarela com o lema: prepara-te para
servir. Motivo, do fenómeno de desmaios nas escolas. Neste ano lectivo foram matriculados
no total 971 alunos em dois níveis (Primário e I Ciclo do ensino secundário). No ano lectivo
de 2015 foram matriculados no total 1045 alunos nos dois níveis acima mencionados.
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A análise foi feita através da triangulação dos dados colectados, tanto das entrevistas e
registos do diálogo com os (as) professore(a)s, tanto das respostas obtidas das observações em
sala de aula no momento em que as crianças estiveram em contacto com a musicalização,
quanto da pesquisa de documentos curriculares. Esta análise foi realizada tendo como base,
teóricos e fundamentação na área musical.
Uma sala própria para Educação Musical é necesssário para que se torne operacional a
arte musical no processo de ensino-aprendizagem, para que se crie uma ligação harmoniosa,
se realize jogos musicais, formação de grupos corais, mergulhando a criança no clima
prazeroso e discontraído. Quando a música é percebida pelos educadores como fonte de
ensino-aprendizagem, as acções mais comuns realizadas no dia-a-dia transformam-se em
vivências capazes de estimular o desenvolvimento da criança, persistindo uma forma de
preservação social e histórica.
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Para que se transmita os conhecimentos de forma eficiente e concisa torna-se
necessário a planificação dos conteúdos que exigem a selecção de materiais suficientes e de
qualidade. Reconhecemos que a literatura musical ainda não se fez cultura em Angola e que
os acessos aos manuais de Educação musical são muitas vezes díficl de serem encontados.
Dos oito (8) professores entrevistados, 50% ditaram que o acesso aos manuais é fácil, 25%
ditaram ser díficil e outros 25% muito difícil. Para percebermos o grau de facilidade ou
dificuldade ao acesso dos manuais de Educação Musical, observemos o gráfico abaixo:
Gráfico nº 1:4- Grau de facilidade e/ou dificuldade de acesso aos manuais de Educação Musical
A partir do gráfico, podemos constatar que o acesso aos manuais tem sido um entrave
para que se elabore conteúdo articulado para uma aprendizagem significativa, pois é de
reconhecer que a maioria das escolas públicas do ensino primário não têm biblioteca, o que
facilitaria os professores na pesquisa e planificação das aulas. Em algumas bibliotecas é
possível encontrar manuais de Educação Musical, na sua maioria de ensino português, que
muitas vezes o professor não tendo habilidades podem servir de apoio.
O outro problema ligado ao difícil acesso aos manuais de Educação Musical é a falta
de habilidade por parte dos professores em tocar instrumentos musicais. Dos entrevistados,
apenas 12,5% dos professores têm habilidade para tocar instrumentos musicais. Os
instrumentos musicais são os principais meios de ensino musical e permitem a transformação
da arte musical em processo de aprendizagem e vivência. Essa inabilidade dos professores
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torna a aula de Educação Musical uma vivência desarmoniosa e impede a formação do ser
musical do aluno.
Gráfico nº 2:4- Nível das dimensões trabalhadas nas aulas de Educação Musical
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Fonte: Questionário feito aos professores, 2019
A música é uma arte que introduz a emotividade naturalmente, através dos estudos de
melodias, escalas, os intervalos, improvisações e pequenas canções.É necessário que se criem
condições para que a arte musical construa um processo de socialização entre os alunos,
através da interacção e contacto com os recursos musicais. Na escola a preocupação é a
reconstrução da sociedade e a colocação do sujeito a ela. Neste processo o aluno deverá ter a
oportunidade de realizar sua visão do mundo, de sondar suas percepções e trocá-las com
outros. Nesse sentido, o papel da arte, através de uma de suas linguagens torna-se obrigatório.
A música não pode estar segredada somente em comunidades que a compreendem, ela
deverá ser compartilhada com o objectivo de desenvolver a crítica sobre a música que chega
aos nossos ouvidos pelos meios de comunicação entendendo o objectivo que a mesma tenta
alcançar. A música, enquanto actividade social cria um espaço onde se dão as relações
interpessoais. O espaço social criado para o aluno na escola é, desde o início, um mundo
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próprio, diferente do círculo familiar, no qual existem grupos maiores que impõem certos
padrões de conduta, onde o aluno deverá desenvolver-se integrando-se a outras culturas
distintas.
Em outras palavras, uma abordagem para se estudar uma culturan musical deve
incentivar os estudantes a interagirem com os conceitos a fim de entender a essência e os
valores-chave da cultura. Alunos participantes dos diversos estudos de caso foram capazesn
de adquirir perspectivas acerca do significado e uso de músicas tradicionais enquanto um
aspecto de uma cultura comunitária local.
Na sua intervenção, Elliott (1990) insiste que precisamos entender a música como uma
realidade humana inserida nas práticas sociais da arte, e não exclusivamente como uma obra
de arte. Na música (como na cultura), os frutos (‘trabalhos’) produzidos por uma prática
musical específica são inseparáveis de suas raízes (uma rede subjacente de crenças). Dentre os
contributos da Educação Musical no ensino primário, focalizamo-nos nas percepções dos
professores entrevistados, para verificarmos as evidências empíricas e assim percebermos a
importância da música no processo de ensino-aprendizagem. Observemos o gráfico abaixo:
Gráfico nº 3:4- Contributos da Educação Musical no ensino primário
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A partir do gráfico, podemos constatar que um dos maior contributo da Educação
Musical é a Reacção, prazer e alegria. A musicalização abraça aspectos importantes com
propósitos educacionais, e é um apetrecho que assessora o educador a cumprir bem o seu
papel, visto que educar exige doses de emoção, alegria, compromisso, além de trazer
experiências que enriquecem a relação entre professor e alunos.
O autor acrescenta que ela condiciona todos os aprendizados pré escolares e escolares;
leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a
dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos, ao
mesmo tempo em que desenvolve a inteligência. Deve ser praticada desde a mais tenra idade,
conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já
estruturadas.
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A musicalização favorece sobretudo a oralidade, uma vez que a música é
primordialmente oralidade. Convivendo com as crianças é notável que no início das
actividades elas só observam as canções e aos poucos acompanhavam o ritmo e cantavam os
finais das frases, isto na pré- escola. Elas fazem registos musicais na sua memória, a
princípio apenas vocaliza, canta e aos poucos vão aumentando seu repertório de palavras,
desenvolvendo sua capacidade de expressão, ao imitar gestos e acções. A linguagem faz com
que pensamentos e emoções de uma pessoa possam habitar a outra.
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Isto reforça ainda mais nosso interesse, pois afinal aquilo que é produto exclusivo da
inteligência do homem, a Matemática, encontra um modelo prático que represente o que era
produto da inteligência, da imaginação.
A não formação dos profissionais em Educação Musical constitui um entrave para que
se consagra nas escolas a Música como um recurso pedagógico, pois o seu proceder no
ambiente escolar não passará de um mera obrigação curricular. Este caso agrave-se ainda com
a carência de materias didácticos. É necessário que se criem condições para que o ensino da
Música seja visto como integrante do plano de formação das competências dos alunos.
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CONCLUSÃO
Depois de várias pesquisas e reflexões, percebemos que a música aliada ao ensino é
entendida por muitos autores como importante ferramenta pedagógica. O acto musical no
espaço escolar ajuda no processo de aprendizagem despertando e estimulando a área afectiva,
cognitiva e linguística das crianças. As regalias que a música proporciona nesta fase, seja pela
expressão de emoções, seja pelo raciocínio, sociabilidade, concentração, comunicação, é de
grande aproveitamento para a vida.
Vimos que o uso da música contribui e é essencial neste aspecto, talvez por ser uma
linguagem tão singular quanto à linguagem dos sentimentos; o mais acolhedor é saber que
este ensino pode ser democrático, que não é mais tão restrito apenas às pessoas com talentos
musicais, mas também é acessível à uma camada mais ampla da sociedade. Os resultados
mostraram que a Educação Musical contribui para a formação integral do aluno, trabalhando
nele as dimensões cognitiva, afectiva, psicomotora e social. Para tal, é necessário que as
escolas, em particular as do ensino primário, criem condições necessárias e munem os
profissionais de conhecimentos suficientes para que a música aliada ao ensino se torne uma
realidade pedagógica.
A partir das evidências empíricas, constatamos que as causas que contribuem para o
insucesso da Educação Musical são: a falta de formação por parte dos professores, a falta de
condições musico-pedagógicas por parte das escolas e a falta de manuais eficientes. Já dentre
as causas que apontam o sucesso da Educação Musical, destacam: a recreação, a alegria, a
afectividade e a criatividade do professor. A música na educação pode envolver outras áreas
de conhecimento, através do desenvolvimento da auto-estima a criança aprende a se aceitar
com suas capacidades e limitações. A musicalização é uma ferramenta para ajudar os alunos a
desenvolverem o universo que conjuga expressão de sentimentos, suas idéias, valores
culturais e auxilia a comunicação do indivíduo com o mundo exterior e seu universo interior.
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