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Teoria Geral Do Crime PDF

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Direito Penal

Prof: Thalisson Faleiro


Instagram: @thalissonfaleiro
Teoria do Crime
A teoria do Crime possibilita a conceituação do crime sob os aspectos material e formal
ou analítico. Sendo sob o aspecto analítico – estabelecidos os elementos do crime sob
um prisma da ciência do direito, jurídico, onde o julgador estabelece o raciocínio em
etapas - que se encaixa a teoria tripartida ou tripartite.

Fato Típico Antijurídico Culpável


Conduta Excludentes de Ilicitude Imputabilidade penal
Resultado Art. 23 do CP Potencial consciência da
ilicitude
Nexo Causal Estado de necessidade Exigibilidade de conduta
diversa
Elemento Subjetivo Legitima defesa
Tipicidade Exercício regular de um
Direito
Estrito cumprimento do
dever legal
Excludentes Supra Legal:
Consentimento do
ofendido em bens jurídicos
disponíveis

Fato Típico
Conduta
Para a teoria causal-naturalística, conduta é a ação humana. Assim, basta que
haja movimento corporal para que exista conduta.
A conduta pode ser de dois tipos
AÇÃO ou OMISSÃO
A conduta humana pode ser uma ação ou uma omissão.
A omissão para ser relevante é necessário:

DEVER AGIR PODER AGIR


art. 13, § 2° do CP diz o seguinte:
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado
Crime omissivo impróprio: Nesses crimes, quando o agente se omite na prestação do
socorro ele não responde por omissão de socorro (art. 135 do CP), mas responde pelo
resultado ocorrido (por exemplo, a morte da pessoa a quem ele deveria proteger).

EXEMPLO: O Pai leva o filho de 04 anos à praia e o deixa brincando à beira da água e sai
para beber cerveja com os amigos. Quando retorna, vê que seu filho fora levado ao mar
por um maluco que pretendia matá-lo, tendo a criança morrido. Nesse caso o Pai não
responde por omissão de socorro, mas por homicídio doloso consumado, pois tem a
obrigação legal de cuidar do filho.
Mas como se pode dizer que a conduta do pai matou o filho? Tecnicamente falando, a
conduta do pai não gerou a morte do filho. O que gerou a morte do filho foi o
afogamento. Entretanto, pela teoria naturalístico-normativa, a ele é imputado o
resultado, em razão do seu descumprimento do dever de vigilância.
Resultado
O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido
Resultado naturalístico: é a modificação do mundo real provocada pela conduta do
agente.
Resultado jurídico (ou normativo), que é a lesão ao bem jurídico tutelado pela norma
penal
Os crimes formais são aqueles nos quais o resultado naturalístico pode ocorrer, mas a
sua ocorrência é irrelevante para o Direito Penal.
Já os crimes de mera conduta são crimes em que não há um resultado naturalístico
possível.
Vou dar um exemplo de cada um dos três:
Crime material – Homicídio. Para que o homicídio seja consumado, é necessário que a
vítima venha a óbito. Caso isso não ocorra, estaremos diante de um homicídio tentado
(ou lesões corporais culposas);
Crime formal – Extorsão (art. 158 do CP). Para que o crime de extorsão se consume não
é necessário que o agente obtenha a vantagem ilícita, bastando o constrangimento à
vítima;
Crime de mera conduta – Invasão de domicílio. Nesse caso, a mera presença do agente,
indevidamente, no domicílio da vítima caracteriza o crime. Não há um resultado previsto
para esse crime. Qualquer outra conduta praticada a partir daí configura crime
autônomo (furto, roubo, homicídio, etc.).

Nexo de Causalidade
Nos termos do art. 13 do CP: Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem
a qual o resultado não teria ocorrido.
Assim, o nexo de causalidade pode ser entendido como o vínculo
que une a conduta do agente ao resultado naturalístico ocorrido no
mundo exterior.
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES (OU DA CONDITIO SINE QUA NON) –
Para esta teoria, é considerada causa do crime toda conduta sem a qual o resultado não
teria ocorrido. Assim, para se saber se uma conduta é ou não causa do crime, devemos
retirá-la do curso dos acontecimentos e ver se, ainda assim, o crime ocorreria.
Elemento Subjetivo

DOLO CULPA

Art. 18 - Diz-se o crime:


Crime doloso
I - Doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
DOLO DIREITO: quando o agente quis o resultado
DOLO INDIREITO OU EVENTUAL: quando o agente assumiu o risco de produzir o
resultado.
Crime culposo
II - Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência
ou imperícia.
O que é a negligência?
A negligência é uma falta de cuidado ou desleixo relacionado a uma situação.
O que é imperícia?
A imperícia é uma falta de habilidade específica para o desenvolvimento de uma
atividade técnica ou científica. No caso, o indivíduo não leva em consideração o que
conhece ou deveria conhecer, assumindo a ação sem aptidão para desenvolvê-la.
O que é imperícia?
Já a imperícia é a falta de habilidade específica para o desenvolvimento de uma atividade
técnica ou científica.
Tipicidade
A tipicidade nada mais é que a adequação da conduta do agente a uma previsão
típica (norma penal que prevê o fato e lhe descreve como crime).
Assim, o tipo do art. 121 é: “matar alguém”. Portanto, quando Marcio esfaqueia
Luiz e o mata, está cometendo fato típico, pois está praticando uma conduta que
encontra previsão como tipo penal. Não há muito o que se falar acerca da tipicidade.
Basta que o intérprete proceda ao cotejo entre a conduta praticada no caso concreto e
a conduta prevista na Lei Penal.
Se a conduta praticada se amoldar àquela prevista na Lei Penal, o fato será
típico, por estar presente o elemento “tipicidade”.
ITER CRIMINIS
Cogitação
Preparação
Execução
Consumação
Diferença de Desistência voluntaria e Arrependimento eficaz
O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Crime impossível
Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Crime Tentado Crime Consumado


Tentado, quando, iniciada a execução, Consumado, quando nele se reúnem
não se consuma por circunstâncias todos os elementos de sua definição
alheias à vontade do agente legal;

Antijurídico
Já vimos que a conduta deve ser considerada um fato típico para que o primeiro
elemento do crime esteja presente. Entretanto, isso não basta. Uma conduta
enquadrada como fato típico pode não ser ilícita perante o direito. Assim, a
antijuridicidade (ou ilicitude) é a condição de contrariedade da conduta perante o
Direito.
Estando presente o primeiro elemento (fato típico), presume-se presente a
ilicitude, devendo o acusado comprovar a existência de uma causa de exclusão da
ilicitude. Percebam, assim, que uma das funções do fato típico é gerar uma presunção
de ilicitude da conduta, que pode ser desconstituída diante da presença de uma das
causas de exclusão da ilicitude.
Teoria da Indiciariedade ou Ratio cognoscendi
Também conhecida como teoria da Ratio cognoscendi, a Teoria da
Indiciariedade aduz que presente o fato típico há presunção relativa da ilicitude,
diferindo da teoria da autonomia, segundo a qual tipicidade e ilicitude não se
relacionam.
A ideia é simples: havendo fato típico, o ônus para provar a existência da
excludente de ilicitude é da defesa. Logo, para a acusação basta provar a existência do
fato típico, já que a ilicitude é relativamente presumida.
As causas normativas de exclusão da ilicitude são:
a) estado de necessidade
b) legítima defesa
c) exercício regular de um direito
d) estrito cumprimento do dever legal.
Entretanto, a Doutrina majoritária e a Jurisprudência entendem que existem
causas supralegais de exclusão da ilicitude (não previstas na lei, mas que decorrem da
lógica, como o consentimento do ofendido nos crimes contra bens disponíveis).
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena
poderá ser reduzida de um a dois terços.
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.
Em Direito Penal, estrito cumprimento de dever legal é a prática de um fato
típico sem antijuridicidade, por um agente público, exatamente para assegurar o
cumprimento da lei.
Os agentes públicos, no desempenho de suas atividades, não raras vezes, devem
agir interferindo na esfera privada dos cidadãos, exatamente para assegurar o
cumprimento da lei. Essa intervenção redunda em agressão a bens jurídicos como a
liberdade, a integridade física ou a própria vida. Dentro de limites aceitáveis, tal
intervenção é justificada pelo estrito cumprimento de um dever legal.
O exercício regular de um direito está previsto como uma das espécies de
excludentes de ilicitude no art. 23, III, do Código Penal.
Trata-se de um fato típico que tem sua ilicitude afastada pelo ordenamento
jurídico. Em outras palavras, a conduta é tipificada como crime, mas, por opção
legislativa, passa a ser considerada como um direito de agir, diante de uma permissão
do ordenamento jurídico.
Culpabilidade

Imputabilidade Penal
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto
ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - A emoção ou a paixão;
Embriaguez
II - A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos
análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente
de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação
ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Potencial Consciência da Ilicitude


Tão importante quanto os demais elementos da culpabilidade, abordarei a
potencial consciência da ilicitude como a capacidade de o agente que pratica uma
conduta proibida, na situação concreta, compreender a ilicitude de seu
comportamento.
Isso ocorre, pois, o Código Penal prevê o erro sobre a ilicitude do fato ou erro de
proibição como uma excludente da culpabilidade quando inevitável, nos termos do art.
21 do Código Penal.
Nesse sentido, quem por erro plenamente justificado, paralelamente ao mundo
em que vive como pessoa comum, leiga, profana, não lhe é possível o conhecimento das
normas, supondo que atua licitamente, indiscutível será a sua culpabilidade.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite
sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
ou atingir essa consciência.
Exigibilidade de Conduta Diversa
Alguém somente pode ter reprovada a conduta, portanto ser punido, se era
exigível, de sua parte, conduta diversa da que adotou. Se a situação concreta espelhar
inexigibilidade de conduta diversa, não haverá culpabilidade.
O Código Penal brasileiro, no art. 22, traz duas situações que espelham
inexigibilidade de conduta diversa, e que, portanto, isentarão o agente de pena:
a) coação moral irresistível – trata-se de coação moral irresistível, e não física
(lembre-se que a coação física irresistível afasta a voluntariedade da conduta, portanto
nem haveria conduta, sendo o fato atípico).
b) obediência a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico – se
a ordem é legal, não haverá crime (superior e inferior hierárquico estarão no estrito
cumprimento do dever legal; se a ordem é ilegal ambos cometerão crime; se a ordem é
não manifestamente ilegal, apenas o superior hierárquico responderá pelo crime,
havendo isenção de culpabilidade para o inferior hierárquico.

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