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Real Trabalho - Cultura de Feijão Vulgar e Feijão Nhemba

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Augusto Fernando

Bernardino Governo
Boaventura Francisco Mulimo
Chabir José Almeida Lucas da Silva
Cristenzi Adel Júlio Matope
Stélio das Neves Munissa
Rachide Abdul Jaime Suluba

TEMA: Doenças na Cultura de Feijão Vulgar e Nhemba


Licenciatura em Ensino de Biologia

Universidade Pedagógica
Quelimane
2011
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1. Introdução
O feijão é um dos mais importantes componentes da dieta alimentar do mundo, por ser
reconhecidamente uma excelente fonte protéica, além de possuir bom conteúdo de
carboidratos, vitaminas, minerais, fibras e compostos fenólicos com acção antioxidante
que podem reduzir a incidência de doenças (sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br).
A cultura do feijão, sendo este Vulgar ou Nhemba, sempre foi reconhecida como uma
cultura importante dentro do sistema de produção da população moçambicana. Contudo,
o Instituto Nacional de Investigação Agronómica tem desenvolvido um programa de
investigação sobre esta cultura com objectivo de melhorar a produção no sector familiar,
essa mesma investigação, que inclui o estudo das pragas, das doenças, das ervas
daninhas, etc.
Assim, este presente trabalho pretende dar de formas exaustivas um resumo dos
resultados do trabalho feito no que concerne ao conhecimento das doenças, das
sintomatologias, do historial, dos agentes causadores, dos ciclos biológicos, dos métodos
de controlo, etc, sobre o cultivo da cultura de feijão Vulgar e Feijão Nhemba e, redefinir
as prioridades para investigação futura.
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1.1 Objectivos:
Geral:
 Identificar Pragas e Doenças na Cultura de Feijão e os Métodos Integrados de
Controlo.

Específicos:
 Determinar Danos ou Perdas na Cultura de Feijão Vulgar e Nhemba;
 Estudar a Prevalência das Doenças na Cultura de Feijão Vulgar e Nhemba;
 Estudar o Historial, Sintomatologia, agente causador das doenças na Cultura de
Feijão Vulgar e Nhemba.
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2. FEIJÃO
Segundo BAPTISTA (2007), feijão é uma variedade de sementes do feijoeiro que é da
família do Fabaceae, que é chamado de leguminosas. O feijão vulgar é o mais
consumido, do género "Phaseolus vulgaris" e feijão nhemba, do género “vigna
unguiculata”.
Conforme KIMATI (1997), existem diversidades genéticas tanto para as espécies
silvestres como as cultivadas. Do género Phaseolus, existe aproximadamente 55 espécies,
das quais só cinco são cultivadas. O feijoeiro tem uma boa adaptação em diversos climas
o que permite seu cultivo durante todo ano. O consumo do feijão inibe o surgimento de
doenças e controla as dosagens do sangue.

2.1 FEIJÃO NHEMBA


2.1.1 Doença: MURCHIDÃO

Agente Causador: Fusarium oxysporum, Pythium aphanidermatum.

Sintomas:
Fusarium provoca inicialmente amarelecimento das folhas e depois uma murcha rápida
de toda a planta. Cortando longitudinalmente a base do caule, observam-se os vasos
colonizados pelo fungo descorados. Pode aparecer um micélio branco na base do caule.
Os caules atacados por Pythium mostram lesões cinzento-esverdeadas e aguadas de
consistência mole. Em condições húmidas aparece um micélio esbranquiçado na base do
caule; também as pontas das raízes aparecem escuras, redução e necrose do sistema
radicular e morte das plantas (www.nostramamma.com.br).

Biologia do Agente Causador:


O fungo sobrevive no solo através dos seus clamidósporos e do micélio, o qual é capaz de
sobreviver nos detritos. Estes fungos sobrevivem no solo, em matéria orgânica morta e,
produzem esporos ou outras estruturas que subsistem através de esclerotos, que podem
manter a sua viabilidade durante vários anos (Margarida Fumiko, 2003).
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Ciclo Biológico:

Fonte: www.scielo.br/img/revistas/sp/v37n1/a08fig02m.jpg

Condições Predisponentes:
Segundo o Instituto Nacional de Investigação Agronómica (1994), são condições
predisponentes:
 Água da chuva, água superficial e o material vegetal (mudas);
 Clima tropical com temperatura média em 25ºC (18º a 30ºC) com chuvas;
 Solos areno-argilosos, com pH em torno de 6,0 (5,0 a 6,5).

Métodos de Transmissão:
De acordo com PAULA JÚNIOR (2007) o Fusarium é transmitido pela semente. A
disseminação faz-se através do solo, do vento, dos salpicos de terra e pelas alfaias
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agrícolas. No entanto, é com o tempo seco e quente, que são mais evidentes os
emurchecimentos das plantas infectadas.

Métodos de Controlo:
Segundo o site (www.nostramamma.com.br), perfazem métodos de controlo:
 O emprego de agroquímicos tem sido a forma mais comum utilizada no controle
desses fungos, porém verificam-se algumas desvantagens, principalmente por
contaminar o meio ambiente com resíduos tóxicos não biodegradáveis e pela
resistência desenvolvida pelos microrganismos a esses compostos;
 A aplicação de óleo essencial de algumas plantas, como Nardostachys jatamansi
em sementes inibiu o crescimento de F. oxysporum;
 A utilização de mudas sadias, considerando que estas mudas são naturalmente
resistentes as doenças, porém, em alguns momentos podem ficar “estressadas” e
susceptíveis às doenças.

Métodos de Prevenção:
Para SANTOS (1999), as condições de:
 Eliminar as plantas atacadas e queimar o restolho no fim da campanha, para
destruir a fonte de infecção;
 Usar semente limpa e sã;
 O tratamento da solução nutritiva, que pode ser térmico, químico, através de
radiação e de controlo biológico; em que estes controles biológicos, podem ser
utilizados como microrganismos promissores as Pseudomonas fluorescens,
Clonostachys rósea, Bacilluss subtilis, Trichoderma spp.
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2.1.2 Doença: PODRIDÃO-DO-PÉ e DO-CAULE

Historial da doença: O patógeno ocorre na Malásia, Havaí, Austrália, Espanha, Taiwan


e, no Brasil.
Agente Causador: Rhizoctonia solani, Sclerotium rolfsii.
Sintomatologia:
 Perdas de estande e vigor das plântulas, o que compromete a produtividade da
cultura;
 Lesões firmes de coloração marrom-escura observados no sistema radicular;
 Maceração dos tecidos localizados abaixo do nível do solo que dificilmente é
observado em condições de campo devido à rapidez do processo;
 Formação de lesões necróticas de coloração pardo avermelhada;
 Na podridão do pé de Sclerotium rolfsii, toda a raiz é afectada, tomando uma
coloração semelhante àquela da podridão do pé de Rhizoctonia. Sintomas esses
que também podem ocorrer nas vagens em contacto com o solo, infectando as
sementes.

Biologia do Agente Causador:


Segundo BIANCHINI (2005) a Rhizoctonia solani é favorecida pela temperatura do solo
relativamente baixa e o Sclerotium por temperaturas altas. Ambos os fungos sobrevivem
no solo através de esclerotos, que podem manter a sua viabilidade durante vários anos. Os
esclerotos desses, podem ser disseminados por amanhos culturais, pelo vento e pela água.
R. solanii é um fungo parasita necrotrófico habitante do solo.
A Rhizoctonia solani também sobrevive como micélio nos restos de plantas infectadas. A
infecção por estes fungos é muito facilitada pelo ataque da Mosca-do-feijão.

Ciclo Biológico:
 Esporos produzidos: zoosporos, clamidiósporos, oósporos.
— Os esporos sobrevivem saproficamente no solo:
• Zoósporos sobrevivem no solo por um curto período.
• Clamidósporos – 8 anos  no solo.
• Raízes infectadas – 15 anos.
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Os clamidósporos, na presença de água, germinam e produzem os esporângios. A


disseminação é via vento e água da chuva, que é necessária para a liberação dos
esporângios. A doença poder ser introduzida em uma nova área através de mudas
doentes. As raízes são susceptíveis durante os três primeiros meses após a emergência.

Condições Predisponentes:
O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas variadas em torno de entre
21ºC a 30 ºC, com humidade elevada por vários dias.

Métodos de Transmissão:
A disseminação se dá por meio de sementes, solo contaminado e enxurrada. O fungo
produz conídios e pode sobreviver no solo na forma de clamidósporo ou como saprófito.
A doença é mais prejudicial em solos compactados (VIEIRA, 1998).

Métodos de Controlo:
Para LOPES (2005), uma vez invadidas a cultura, são difíceis os métodos de controlo,
mas Como se trata de doença que pode ser transmitida pela semente é recomendável o
uso de sementes sadias, rotação de culturas, pré-incorporação dos resíduo culturais
através de aração profunda, calagem e adubação profundas, tratamento da semente com
fungicidas, plantio directo e superficial, controle da água de irrigação, eliminação dos
resíduos culturais e evitar o plantio sucessivo do feijão na mesma área.

Métodos de Prevenção:
BIANCHINI (2005), afirma medidas preventivas para a podridão do pé e do caule as
seguintes.
 Uso de variedades resistentes ou menos susceptíveis;
 Fazer rotação de culturas com culturas não-hospedeiras;
 Não semear em campos com má drenagem.
 Usar alguns produtos químicos defensivos agrícolas indicados para controlo de
pragas de feijão, caso da Mosca-do-feijão, usar monocrotophos.
 Pulverizações foliares protectoras com produtos químicos com base química
Benomyl, Mancozeb, tiofonato metílico (Cerconil) entre outros.
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2.1.3 Doença: PÚSTULA-BACTERIANA

Historial da doença: A ocorrência da pústula bacteriana causada pela bactéria


Xanthomonas campestris, foi constatada pela primeira vez, no Estado do Amazonas, em
1977, por Nagai. A partir daí, várias ocorrências vêm conduzindo o estudo dessa doença.

Agente Causador: Xanthomonas campestris.

Sintomatologia:
Os sintomas da pústula bacteriana são semelhantes aos do crestamento, podendo causar
confusão nas pessoas menos treinadas. Inicia-se por pequenas manchas, ou seja,
pequenos pontos salientes, nunca de aparência translúcida, de coloração verde-amarelada
e com centro elevado de cor amarelo-palha, que se tornam necróticas em pouco tempo,
geralmente com estreito halo amarelo circundante, que pode alargar-se nas lesões mais
velhas da página inferior das folhas, que se transformam em pústulas. Na página superior
aparecem manchas necróticas castanho-escuras. As folhas seriamente afectadas ficam
amarelas pela semente. As manchas, dispostas irregularmente na superfície da folha,
aumentam de  tamanho com a evolução da doença. Em ataques intensos desta bacteriose
tornam a superfície da folha quase totalmente necrosada (www.grupocultivar.com.br).

Biologia do Agente Causador: O género Xanthomonas é composto por bactérias


fitopatogénicas que na sua maioria apresentam-se como colónias mucóides e são capazes
de produzir um polissacarídeo chamado xantana, que auxilia na dispersão e sobrevivência
do patógeno. Sobrevive nos restos de plantas infectadas que permanecem enterradas. É
um viscosifier eficiente da água (FURLAN, 2004).

Ciclo Biológico:
Para FURLAN (2004) a bactéria penetra na planta pelas aberturas naturais e por
ferimentos. O inóculo difunde-se pelo salpico da água da chuva e da rega e a penetração é
feita pelos estomas e feridas. As infecções secundárias são favorecidas por chuva e vento,
que transportam a bactéria das plantas doentes para as sadias.
Quando a infecção é intensa, a coalescência das lesões causa rupturas no limbo foliar e
queda prematura de folíolos.
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Condições Predisponentes:
Temperaturas entre 25ºC e 30ºC favorecem o desenvolvimento da doença, a rega por
aspersão. A doença é mais severa nas épocas chuvosas e quentes do ano.

Métodos de Transmissão:
 O patógeno (bactéria) é transmitido pelas sementes, as quais não apresentam
diferença visível entre as sadias e as infectadas. Os restos de cultura também são
fonte de transmissão dos propágulos para as plantas jovens sadias.
 Ventos associados a chuvas finas e contínuas favorecem a disseminação da
bactéria.

Métodos de Controlo/Prevenção:
 O uso de cultivares resistentes é o principal método de controlo desta doença;
 Aplicações de produtos a base de cobre na fase inicial da doença podem retardar o
seu desenvolvimento;
 Bom preparo do solo com aração profunda dos restos culturais;
 Evitar a realização de tratos culturais quando as folhas estiveram molhadas;
 Fazer rotação de culturas e usar semente de boa qualidade.
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2.1.4 Doença: MOSAICO ANGULAR AMARELO

Historial da doença: O mosaico angular amarelo foi descrito pela primeira vez em
Brasil. Recentemente, foi detectado em campos de feijão, na região da Província de Salta,
ao norte da Argentina, causando sintomas de clorose e de mosqueado fraco nas plantas da
leguminosa (FARIA, 1996).

Agente Causador: Cowpea Yellow Mosaic Virus (CpMMV)

Sintomatologia:
Os sintomas variam muito nas diferentes variedades de feijão nhemba. Pode
desenvolver/se nas folhas um mosaico de cor amarelo-brilhante ou verde-clara. Os
sintomas são mais graves nas folhas jovens que se tornam raquíticas e deformadas.
Outros são os casos de necrose da haste e das folhas causando seca, murchamento e
morte de plantas (FURLAN, 2004).

Biologia do Agente Causador: Segundo FARIA (1996) o vírus é um parasita


intracelular obrigatório (pois dependem da maquinaria de replicação da célula que
infectam para poderem ser produzidos), apresenta partículas alongadas com tamanho de
630 nm de comprimento por 13 nm de largura, são pertencentes ao género Carlavirus.

Métodos de Transmissão: De acordo com FARIA (1996), a mosca branca Bemisia


tabaci é o principal vector do CpMMV, podendo um insecto apenas transmitir o vírus,
sendo, também facilmente transmitido por inoculação mecânica e raramente através da
semente.

Métodos de Controlo/Prevenção:
 Arrancar as plantas infectadas logo que apareçam os primeiros sintomas, para
diminuir os focos de infecção;
 Remover outras plantas hospedeiras, principalmente leguminosas;
 Usar variedades resistentes;
 A população da mosca branca está directamente relacionada com a maior taxa de
transmissão do vírus, pelo que, pode-se reduzir a incidência do CpMMV em
culturas susceptíveis com o controle eficiente desse vector.
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2.2 FEIJÃO VULGAR


2.2.1 Doença: MANCHA ANGULAR

Historial da doença: Até o final da década de 80, a mancha angular era tida como
doença de pouca importância económica. Nos últimos anos, entretanto, têm ocorrido
surtos cada vez mais precoces e intensos da doença, que resultam em grandes perdas na
produção. Encontra-se amplamente distribuída, abrangendo todas as regiões onde se
cultiva esta leguminosa (KIMATI H 1997). Em Moçambique, aparece em condições
húmidas na Zona Norte; Zona Sul só tem expressão quando se usa a rega por aspersão.

Agente Causador: Phaeoisariopsis griseola

Sintomatologia:
Lesões nas folhas, caules, ramos, pecíolos e vagens. As lesões nas folhas podem ser
visualizadas na forma de manchas, inicialmente, irregulares, cinzas ou marrons. Mas
tarde após a infecção inicia-se o processo necrótico. As lesões das nervuras, assumem
formato angular e, quando atingem um grande número, coalescem, causando o
amarelecimento e desfolhamento prematuro da planta, que prejudica o enchimento das
vagens, reduzindo o tamanho dos grãos. No início, as lesões nas vagens são superficiais,
de coloração castanho-avermelhada, quase circulares e com bordas escuras, de tamanho
variável e, quando numerosas, cobrem toda a largura da vagem. As vagens infectadas
podem produzir sementes mal desenvolvidas e/ou totalmente enrugadas. As lesões nos
caules, ramos e pecíolos são alongadas e de coloração castanho-escura
(www.sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br).

Biologia do Agente Causador: O fungo sobrevive nas sementes e em restos de cultura,


porém o papel da semente como fonte inicial do inóculo é limitado.

Ciclo Biológico: Para o início da esporulação, o fungo necessita de alta humidade a 24º
C, durante 24 e 48 horas, respectivamente. Os conídios de P. griseola germinam sobre a
superfície das folhas sob condições de alta humidade e, três dias após, as hifas penetram
pelos estomas, crescendo entre as células. As células infectadas se desintegram, o
citoplasma celular se desorganiza, e as células são destruídas com a proliferação do
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fungo. Assim, o patógeno coloniza extensivamente os tecidos, causando lesões necróticas


e posterior esporulação. O fungo sobrevive por um período de até 19 meses em resíduos
de cultura na superfície do solo, podendo sobreviver também em sementes infectadas.
Seus principais agentes de disseminação são as chuvas, os ventos, as sementes e
partículas do solo infestadas (www.sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br).

Condições Predisponentes: A doença é favorecida por ambiente seco-húmido


intermitente e temperaturas ao redor de 24ºC. A esporulação do patógeno ocorre em
ambiente sob temperatura entre 16ºC e 26ºC.

Métodos de Transmissão: pode ser transmitido pela semente, mas a percentagem desta
transmissão é baixa. É facilmente disseminado por vento e água de chuva, respingos de
água no solo, daí a importância do cuidado na irrigação.

Métodos de Controlo/Prevenção:
Segundo o site (www.nostramamma.com.br), perfazem métodos de controlo:
 Uso de sementes sadias e tratadas com fungicidas;
 Rotação de culturas e a utilização de cultivares resistentes com gramíneas;
 Como o fungo sobrevive nos resíduos das culturas, esses devem ser eliminados
logo após a colheita;
 Semear em solos bem drenados;
 O uso de produtos químicos adequados, logo após o florescimento, a titulo de
exemplo, são os casos de: clorotalonil, difenoconazole, hidróxido de cobre,
mancozeb, oxicloreto de cobre, tebuconazole, tiofanato metílico e triforine.
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2.2.2 Doença: FERRUGEM

Historial da doença: está presente em todas as regiões onde se cultiva esta leguminosa.
É considerada um dos mais importantes problemas fitopatológicos relacionados à cultura
do feijoeiro, ocorrendo em regiões tropicais húmidas e subtropicais.

Agente Causador: Uromyces appendiculatus.

Sintomatologia: A ferrugem ocorre mais frequentemente nas folhas, mas pode ser
encontrada também nas vagens e hastes. Os primeiros sintomas podem ser observados na
parte inferior das folhas, como pintas pequenas, esbranquiçadas e levemente salientes,
que aumentam de tamanho até produzirem pústulas maduras (punctiformes), de cor
castanho-avermelhada, nas quais são encontrados os uredósporos; As folhas seriamente
atacadas amarelecem, secam e caem; As vezes aparecem pústulas também nos pecíolos e
nas vagens, mas raramente nos caules (Paula Júnior, 2007).

Biologia do Agente Causador: O patógeno é um parasita obrigatório, que completa todo


o ciclo em um único hospedeiro (autóico) e produz todos os estágios de desenvolvimento
(macrocíclico). O U. appendiculatus é reconhecido como um dos Patógenos de plantas
com maior variabilidade patogénica.

Ciclo Biológico: Para Paula Júnior (2007) os esporos são estruturas de dispersão dos
fungos, semelhantes às sementes das plantas. Seu tamanho é diminuto e cada lesão pode
conter milhões de esporos sendo que, para haver nova infecção, basta que um único
esporo germine em condições ideais de temperatura e humidade. No entanto a viabilidade
germinativa dos esporos é restrita e nem todos os produzidos acabam por gerar novas
infecções. Observam maiores incidências em anos chuvosos e propensos a formação de
orvalho sobre as folhas. Estes factores se relacionam com a necessidade de haver
molhamento das folhas para que o esporo germine.

Condições Predisponentes: Longos períodos (10-18 horas) de humidade relativa


superior a 95% e temperaturas em 17 e 27ºC favorecem a infecção. Ocorrência regular de
orvalho. É mais problemática no plantio da seca (Verão - Outono).
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Métodos de Transmissão: A doença não é transmitida pela semente, mas os esporos são
facilmente espalhados pelas máquinas, insectos, homem, implementos agrícolas, outros
animais e especialmente pelo vento. As pústulas desenvolvidas na superfície foliar
produzem os uredosporos que infectam as plantas, dando origem a novas pústulas,
ocasionando infecções sucessivas durante o ciclo vegetativo da planta.

Métodos de Controlo/Prevenção: Os danos causados às plantas são irreparáveis


partindo do ponto de que os tecidos vegetais afectados não têm capacidade regenerativa.
Para o controle da doença, recomenda-se:
 O uso de cultivares resistentes; as práticas culturais tal como eliminação de restos
de culturais; rotação de culturas; eliminação de plantas voluntárias hospedeiras
visando a redução de inóculo inicial;
 O ajuste da época de plantio de modo a evitar ocorrência de longos períodos de
humidade e temperaturas favoráveis à infecção durante o pré-florescimento ou
florescimento; nos regadios, semear cedo na época fresca (Abril, Maio), antes do
frio intenso começar (www.nostramamma.com.br);
 O controle químico deve ser realizado com o aparecimento das primeiras pústulas,
em regiões de alta incidência. Produtos como oxicarboxin, bitertanol,
tebuconazole e triforine são eficientes. O insecticida cartap também é eficiente,
mostrando acção erradicante sobre o patógeno (Paula Júnior, 2007).
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2.2.3 Doença: CRESTAMENTO BACTERIANO COMUM (CBC)

Historial da doença: Segundo SBALCHEIRO (2006), é uma doença que ocorre na


cultura do feijoeiro, principalmente em regiões húmidas e quentes. Com base em estudos,
demonstram que é originária nos Estados Unidos, descritas oito raças fisiológicas;
Canadá e na Colómbia.

Agente Causador: Xanthomonas axonopodis pv. Phaseoli.

Sintomatologia: A bactéria ataca toda a parte aérea da planta, sendo os sintomas


visualizados em caules, folhas, vagens e sementes. Nas folhas, inicialmente aparecem
pequenas manchas em que o tecido tem aspecto encharcado e translúcido. Essas manchas
evoluem para lesões de coloração pardas com bordos amarelados, tornando o tecido
quebradiço. No caule e nas vagens, as lesões podem ser deprimidas e encharcadas que,
por vezes, têm coloração avermelhada. A infecção ocorre frequentemente nos elementos
vasculares da sutura dorsal da vagem, penetrando na semente através do funículo. As
sementes podem apodrecer, enrugar-se ou apresentar descoloração na região do hilo
(SBALCHEIRO, 2006).

Biologia do Agente Causador: São bactérias de gram-negativas, aeróbias estritas,


baciformes com um único flagelo polar (monotríquia). As colónias são amarelas e
convexas. Não utiliza asparagina como única fonte de carbono e nitrogénio, é oxidase e
urease negativa, catalase positiva, tendo como principal característica taxonómica a
produção de pigmentos não hidrossolúveis, denominados xantomonadinas.

Ciclo Biológico: De modo geral, não há muitos relatos que comprovem até que ponto a
humidade relativa é importante no crescimento da fitobactéria, mas é sabido que para a
sua locomoção pela superfície da planta até o sítio de penetração há a necessidade de
água. Com isso, a disseminação a longas distâncias como também fonte de inóculo
primário é sementes infectadas. Segundo alguns autores a viabilidade do patógeno na
semente pode chegar a 15 anos. Já a curtas distâncias, os mecanismos de dispersão
incluem implementos agrícolas, água de irrigação como também água provenientes das
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chuvas, movimentação do homem além de alguns insectos como Bemisia tabacia,


Cerotoma ruficornia, Emposaca sp., dentre outros (SBALCHEIRO, 2006).
Condições Predisponentes: A doença é fortemente favorecida por condições de alta
temperatura e humidade. A humidade é vital à bactéria, pois é sua principal forma de
locomoção.

Métodos de Transmissão: A bactéria penetra na planta pelos estômatos ou através de


ferimentos. A infecção primária pode ter origem em duas fontes; sementes infectadas e
restos da cultura da anterior.

Métodos de Controlo/Prevenção: O controle deve ter mais o aspecto preventivo, pois


não existe nenhum produto químico de eficiência comprovada para o controle da doença.
Uso de sementes certificadas;  a primeira medida a ser adoptada é o uso de sementes
livres do patógeno, evitar o plantio, sempre que possível, em campos que já tenham
ocorrido a doença; Uso de variedades resistentes;  Manejo da Irrigação;  Incorporação ou
queima dos restos culturais;  Rotação de culturas com espécies não hospedeiras pelo
período de no mínimo um ano (gramíneas); Controle dos insectos vectores
(SBALCHEIRO, 2006).

2.2.4 Doença: MURCHA DE CURTOBACTERIUM

Historial da doença: Esta doença foi inicialmente descrita por Hedges (1922), em
Dakota do Sul, nos E.U.A e, hoje, por ser uma doença observada recentemente na cultura,
não se conhece as perdas na produção por ela ocasionadas.

Agente Causador: Curtobacterium flaccumfaciens

Sintomatologia: Os sintomas iniciais correspondem à presença de folhas murchas


(flácidas) que é o resultado da obstrução dos feixes vasculares, os quais ficam repletos de
células da bactéria. Coloniza os vasos do xilema e causando, inicialmente, sintomas de
murcha e amarelecimento nos bordos dos folíolos, e posteriormente, ocorre seca e morte
planta. A murcha na parte aérea é devido à falha no transporte de seiva provocada pela
degradação das paredes dos vasos de xilema. Esses sintomas podem ser confundidos com
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a murcha de fusarium, porém não há escurecimento vascular nítido. Vagens verdes de


plantas doente podem apresentar-se normais ou encharcadas. Nas sementes, um dos
sintomas típicos é a cor amarelada dos cotilédones.

Biologia do Agente Causador: Curtobacterium flaccumfasciens é um parasita vascular.

Condições Predisponentes: disseminada a curta distância pela água de irrigação e pela


chuva de granizo e, a longa distância, pelas sementes contaminadas. Dentre os factores de
ambiente que favorecem a doença encontram-se as temperaturas altas (320 C), o estresse
de humidade.

Métodos de Transmissão: através da semente contaminada ou ferimentos/aberturas


naturais. O inóculo primário é constituído pelas sementes infectadas e restos de cultura
contaminados.

Métodos de Controlo/Prevenção: O controle da murcha-de-curtobacterium do feijoeiro


está fundamentado no uso de sementes sadias, rotação de culturas não susceptível;
cultivares resistentes; plantio de sementes de boa qualidade; incorporação de restos.

2.2.5 Doença: MOSAICO COMUM


Historial da doença: O Mosaico Comum foi uma das primeiras doenças de plantas
causadas por vírus descritas no mundo. O primeiro reporte do mosaico comum do
feijoeiro, foi nos Estados Unidos de América no ano 1917; contudo este mesmo vírus
apresenta distribuição mundial devido a sua disseminação ser feita através das sementes
(FARIA, 1996).

Agente Causador: vírus do mosaico comum do feijoeiro (BCMV).

Sintomatologia: Os sintomas da doença dependem da estirpe do vírus e das condições de


ambiente. Existe a possibilidade de se encontrar três tipos de sintomas: mosaico, lesões
locais e necrose sistémica. O sintoma característico, em cultivares susceptíveis,
manifesta-se, nas folhas trifolioladas, na forma de áreas verde-claras com áreas verde-
escuras ao longo das nervuras. Outros sintomas incluem o enrolamento, a formação de
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bolhas e o encrespamento das folhas. As vagens, provenientes de plantas originadas de


sementes doentes, são de tamanho reduzido, com menor número de sementes.

Biologia do Agente Causador: o vírus é pertencente à família Potyviridae, género


Potyvirus; possui partículas alongadas flexíveis, medindo 12-15 nm de diâmetro e 720-
770 nm de comprimento e seu ácido nucléico é do tipo RNA de fita simples
(BIANCHINI et al., 2005).

Condições Predisponentes: regiões com temperaturas mais amenas.

Métodos de Transmissão: A transmissão do BCMV pode ser feita mecanicamente,


através do pólen, por sementes infectadas e por insectos vectores.

Métodos de Controlo/Prevenção: Devido a inexistência de tratamento químico efectivo


contra as partículas virais, as medidas de controlo, ao BCMV, O controle do vírus do
mosaico comum, deve ser iniciado com a escolha da cultivar (resistente) e da semente (de
boa qualidade fitossanitária) a ser utilizada para semeadura, também, a eliminação de
plantas doentes e controle do vector com insecticidas.

2.2.5 Doença: NEMATOIDE-DAS-GALHAS-DAS-RAIZES (Meloidoginose)

Historial da doença: O primeiro relato do nematoide das galhas foi feito por Berkeley
em 1855, o qual observou os  danos causados em plantas de pepino. Em um artigo
publicado em 1887 (reimpresso em 1892), descreveu Meloidogyne exigua, a espécie-tipo
do género. A partir desta descrição, Chitwood obteve o nome que nós correntemente
usamos para os nematoides das galhas, o nome Meloidogyne, de origem grega. Os
nematoides das galhas são primariamente organismos tropicais e subtropicais.

Agente Causador: Meloidogyne sp. e Pratylenchus sp., Radopholus similis.

Sintomatologia: Os sintomas do nematoide das galhas nas raízes do feijoeiro são


significativos. As partes afectadas são: folhas, flores, caule, raízes, tubérculos e bulbos.
Galhas nas raízes (engrossamento das raízes). Dada a possibilidade de inteiração entre os
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nematoide e os fungos causadores de podridões radiculares, podem danificar o sistema


radicular das plantas e comprometer a produção ou a qualidade de sementes. As plantas
afectadas apresentam raízes grossas e cheias de fendas; num ataque intenso, provocam a
morte do sistema radicular e, consequentemente da planta; apresentam áreas mortas, de
coloração marrom, nas folhas mais velhas; Tamanho reduzido de órgãos vegetais,
necrose de folhas, raízes e flores (AGRIOS, 2005).

Biologia do Agente Causador: minúsculos organismos que vivem em diversos


ecossistemas, podem ser de vida livre ocorrendo em quase todas as regiões do mundo,
finos e alongados como um fio de linha. São “parentes” das lombrigas e atacam pelo
solo. Alimentam-se de restos de outros animais ou plantas, sendo chamados de saprófitas.

Ciclo Biológico:

Fonte: www.apsnet.org/edcenter/intropp/lesso...

A duração do ciclo de vida do nematoide das galhas varia entre as espécies, podendo
durar apenas duas semanas. Nematoides em regiões mais frias tipicamente tem ciclos de
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vida mais longos. Os ovos podem permanecer dentro das raízes ou podem ser liberados
na matriz do solo. Os ovos eclodem ao acaso. Sob condições favoráveis, os ovos podem
sobreviver pelo menos um ano no solo.

Condições Predisponentes: Junto com as sementes infectadas, pode ocorrer também o


transporte de estruturas de resistência e de solo infestado. Além disso, o trânsito de
máquinas, implementos, trabalhadores e animais em áreas infestadas auxilia na dispersão
das estruturas de sobrevivência, podendo levar os patógenos para lavouras próximas.

Métodos de Transmissão: feita por sementes infectadas; o que garante o seu transporte a
longas distâncias e a sua introdução em novas regiões (AGRIOS, 2005).

Métodos de Controlo/Prevenção:
Segundo Margarida Fumiko (2003), o uso de substrato livre de nematoide, bem como
aquisição de plantas sadias, destruição de restos de plantas infectadas; Aração profunda
logo após a colheita da cultura anterior, por outras:
Evita-se, plantando mudas de tagetes ("cravo de defunto") nas bordas do canteiro (duas
mudas por canteiro, uma em cada extremidade). O sol ajuda a combatê-los. Caso surjam,
será preciso arrancar todas plantas atacadas, retirar a terra e cobrir o canteiro com lona
preta, deixando o sol agir;
Para LOPES (2005), existem muitos tipos de fungos nematófagos (que se alimentam de
nematoides). Alguns fungos usam armadilhas formadas no micélio ou nódulos adesivos
para capturar os nematoides, por exemplo, Arthrobotrys spp. e Monacrosporium spp.
Outros fungos parasitam ovos e fêmeas do nematoide das galhas, a exemplo de Pochonia
chlamydosporia e Paecilomyces lilacinus. Os principais antagonistas bacterianos são
Pasteuria penetrans e espécies de Bacillus. Os endósporos de P. penetrans se aderem à
cutícula do nematoide na fase juvenil, produzem estruturas que penetram o corpo do
nematoide e lentamente o consomem.

3. Conclusão
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Do trabalho feito, constataram que um nível de infecção nas sementes, pode ocasionar
séria epidemia na cultura resultante, desta feita na cultura do feijoeiro. Por isto é
importante que, para diminuir as perdas devidas as doença, o controle seja feito de forma
integrada utilizando-se as práticas culturais, os produtos químicos e a resistência
genética. Dentre estas medidas preconizam-se: o uso de sementes sadias e tratadas com
fungicidas, a rotação de culturas com gramíneas, uso de produtos químicos adequados, o
bom preparo do solo com pré-incorporação dos restos da cultura anterior, o uso de
herbicidas pré e pós-emergentes, o uso de cultivares resistentes disponíveis e
recomendadas pela pesquisa e, finalmente, evitar o trânsito dentro da cultura enquanto as
plantas estiverem húmidas. Embora com resultados contraditórios e com baixa eficiência
de controlo, quando necessário, recomenda-se pulverizações da parte aérea da planta com
fungicidas à base de cobre.

4. Bibliografia
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1. AGRIOS, G. N. Fitopatologia. 2ª Edição. México, Editora Limusa, 2005.


2. BIANCHINI, A., A. C. Maringoni, et all. Doenças do feijoeiro (Phaseolus vulgaris).
Volume 2, São Paulo, Editora Agronómica Ceres – Manual de Fitopatologia. 2005.
3. BAPTISTA, F.R. Avaliação Patogénica e Controle Biológico. Dissertação (Mestrado)
– Instituto de Botânica de São Paulo, São Paulo, 2007.
4. FARIA, J. C., J. R. N. Anjos, et all, Doenças Causadas Por Vírus e Seu Controle. In:
Cultura do Feijoeiro Comum no Brasil. Editora Piracicaba: Potafos, 1996. pp.731
5. FUMIKO, Margarida, et all. IAC – Fitossanidade. Pólo Regional de Desenvolvimento
Tecnológico dos Agronegócios do Sudoeste Paulista/APTA. Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP. 2003.
6. FURLAN, S. H. Doenças Bióticas e Abióticas do Feijoeiro. Guia de Identificação e
Controle de Doenças do Feijoeiro. APTO – Instituto Biológico. 2004.
7. KIMATI H., Amorim L., Bergamin A., et all. Manual de Fitopatologia – Doenças das
Plantas Cultivadas, 3a edição, São Paulo, Editora Agronómica Ceres Ltda, 1997.
8. LOPES, C.A.; CARRIJO, O.A.; MAKISHIMA, N. Contaminação com Patógenos em
Sistemas Hidropónico: Como Aparecem e Como Evitar. Brasília, 2005.
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brasileira 24: 436-439. 1999.
10. SBALCHEIRO, C. C. Acção do biocontrolador com actividade de indução de
resistência no controle do crestamento bacteriano comum do feijoeiro (Phaseolus
vulgaris L.). 2006. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade de Passo
Fundo, Passo Fundo, 2006.
11. T. J. Paula Júnior & M. Venzon: 101 Culturas – Manual de Tecnologias Agrícolas.
EPAMIG, Belo Horizonte. 2007.
12. VIEIRA, C. Doenças e Pragas do Feijoeiro. 2ª ed., Imprensa Universitária, 1988.

Referência Electrónica Usada:


www.grupocultivar.com.br/artigos/arti...
www.sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br
www.nostramamma.com.br

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