Teologia Sistematica PDF
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PARTE 1
Pretende-se na presente resenha observar virtudes e deficiências encontradas na
primeira parte do livro de Teologia Sistemática de Wayne Grudem. O conteúdo que a
caracteriza está relacionado à Bibliologia, Teologia Própria, Antropologia, Angelologia,
Cristologia e Pneumatologia. O livro tem como características uma linguagem moderna
e simples, e também, uma visão atual acerca do que é proposto pela teologia, tanto
ortodoxa, quanto àquela que sai dos limites desta.
O autor do livro declara desde o início de sua obra seu entendimento ortodoxo
ao descrever sua visão acerca das Escrituras e da Pessoa de Deus, e destes dois
pressupostos inicia sua exposição das doutrinas que aborda. Tendo em vista a
suficiência destes dados introdutórios, dar-se-á início à avaliação crítica da obra de
Grudem.
É elogiável a perspectiva do autor, quando escreve sobre a importância da
Teologia Sistemática, pois mostra de maneira convincente a razão básica de se fazê-la e
sua importância para a vida do cristão, dando uma ampla base bíblica para isto.
Argumenta de maneira inteligente e coerente a favor do estudo sistematizado da Bíblia e
sua relevância para o estudo bíblico moderno. De modo completo explica a maneira de
se fazer teologia sistemática e é coerente com sua visão ortodoxa.
A abordagem da autoridade bíblica é muito convincente. O argumento da
autocorroboração das palavras das Escrituras deve ser destacado como uma observação
inteligente ao indicar que como fonte última de autoridade, devemos recorrer a ela para
estarmos certos de sua autoridade. Além disso, assegura também a própria inerrância e
infalibilidade das Escrituras quando aponta para o fato de que elas são o padrão
definitivo de verdade, tendo como base João 17.17.
Quanto à inerrância bíblica, os argumentos em prol desta, são amplos e fortes.
Apenas, na parte em que se destaca o combate a afirmação de que a Bíblia contém erros,
carece um pouco mais de base escristurística, demonstrando a solução de alguns dos
possíveis erros que mais são ressaltados. Ao abordar a necessidade da Bíblia, o autor
expõe corretamente a realidade da revelação geral e o que ela manifesta com respeito à
existência de Deus e de Seu caráter conforme a exposição de Romanos 1 e 2 e Salmo 19
Grudem é feliz ao ressaltar a suficiência da Palavra de Deus, algo que não se
enfatiza tanto na sistemática e que é visto de maneira acertada por ele, quando a encaixa
com o propósito salvífico e de tornar o homem de Deus apto para a boa obra, e que nada
mais se torna necessário, no que diz respeito à irrepreensibilidade do homem perante
Deus. No entanto, quando trata das aplicações práticas da suficiência, é deficiente em
seu embasamento bíblico.
A Teologia Própria é tratada de modo muito completo no livro. Quando fala da
existência de Deus traz muito convenientemente (no bom sentido da palavra) a ressalva
da posição ortodoxa de que somente Deus é capaz de, realmente, nos convencer de Sua
existência.
É muito interessante a divisão que Grudem faz no que diz respeito aos atributos
comunicáveis e incomunicáveis de Deus, mostrando a interação desses atributos com o
próprio ser humano e deixando o esclarecimento de que tais definições não são
absolutas, pois atributos incomunicáveis poderão ser experimentados em certa medida
pelos homens e os comunicáveis, não são totalmente absorvidos pela humanidade e nem
dentro da humanidade, pelos cristãos.
A explanação com respeito à doutrina da Trindade é clara e fortemente
convincente. O autor fazendo uso de vários textos bíblicos demonstra de modo inegável
a crença do Deus Triúno na Bíblia. Aqui cabe uma ressalva de que o texto apontado por
ele em 48.16, é de difícil interpretação e não se pode afirmar de que é fato o seu ensino
acerca da Trindade, até porque a pessoa enviada por Deus pode ser o próprio profeta
Isaías que traz a revelação de Deus no texto.
É altamente louvável a exposição teológico-científica que Grudem faz
concernente à criação. Traz o pensamento das teorias modernas e trata da teoria da
evolução pela própria perspectiva científica, mostrando a fragilidade de tal teoria. Ao
versar sobre as duas possíveis interpretações, coloca de modo muito completo os dois
entendimentos, seus argumentos favoráveis e contrários, mesmo declarando a teoria
para a qual se inclina.
Ainda abordando a Teologia Própria do livro, no que diz respeito à Providência
divina, o calvinismo de Grudem demonstra não ser apenas uma escolha teológica, mas
uma evidência daquilo que é o ensinamento bíblico, expondo por toda a Bíblia a
realidade da providência divina com respeito à Sua cooperação.
PARTE 2
A presente resenha visa uma avaliação que promova a reflexão acerca daquilo que foi
abordado por Wayne Grudem em seu livro Teologia Sistemática. Mais especificamente,
aquilo que está nas páginas 545 – 1.046 deste livro, que diz respeito às doutrinas
referentes à salvação, à igreja e às últimas coisas.
Grudem fez uma abordagem sintética, porém, profunda daquilo que significa ser
graça comum e como, de fato, as Escrituras apóiam a realidade desta doutrina tanto no
domínio moral quanto no físico e social. Trouxe com uma perspicácia interessante a
relação da graça comum com a maneira que os crentes devem agir frente aos incrédulos.
Ao abordar a perseverança dos santos, o livro apresenta uma base bíblica extensa
e forte, demonstrando que Deus preserva o crente da perda de sua salvação, como este,
também, persevera em obedecer-lhe. É importante destacar que a interpretação
apresentada acerca de Hebreus 6.4-6 é muito fraca e se dá um valor excessivo ao estudo
dos vocábulos do texto, sem sequer respeitar o próprio uso de alguns destes vocábulos
pelo próprio autor de Hebreus. A análise se inclina mais a uma eisegese do que a uma
exegese propriamente dita.
Como alguém que claramente tem uma formação pentecostal (vide dedicatória e
p. 859-929), o autor demonstra grande equilíbrio ao tratar da questão do batismo e
plenitude do Espírito Santo. Reconhece à luz das Escrituras que o evento ocorrido com
muitos pentecostais de hoje deveriam ser chamado de enchimento do Espírito Santo e
não batismo. Apresenta uma boa análise de textos e alerta sobre o perigo das categorias
“crentes batizados” e “crentes não-batizados”.
É admirável a exposição feita pelo autor no que diz respeito ao dom de línguas,
porque apresenta um exame hermenêutico profundo e uma aplicação equilibrada quanto
à continuidade deste dom e na validação do uso dele, analisando detalhadamente o texto
de 1 Coríntios 14. Foi razoável, porém, necessitou de um estudo maior a descrição
bíblica do que vem a ser o “falar em línguas” apresentada na obra, sem uma observação
mais profunda de Atos 2 e 1 Coríntios 14.21.