Ídolos Do Coração
Ídolos Do Coração
Ídolos Do Coração
guardai-vos dos dolos viver de todo corao a f em Jesus Cristo. ser controlado
por tudo que subjaz ao ttulo filhos amados (ver especialmente 1Joo 3:1-3,
4:7-5:12). Qualquer alternativa ao senhorio de Jesus, o enxame de alternativas, quer
sejam vistas do ponto de vista da carne, do mundo ou do Maligno, idolatria.
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O problema
Um problema interno
A noo de idolatria emerge mais frequentemente em discusses sobre o culto de
imagens fsicas, a criao de falsos deuses. Mas as Escrituras desenvolvem o tema da
idolatria em pelo menos duas direes principais relativas minha argumentao aqui.
Primeiro, a Bblia internaliza o problema. dolos do corao so literalmente descritos
em Ezequiel 14:1-8. A adorao de dolos tangveis , perigosamente, a expresso de
uma desero prvia de IHWH seu Deus3. dolos do corao apenas uma de
muitas metforas. Coloca o locus4 da preocupao de Deus dentro do corao
humano, estabelecendo um lao inseparvel entre pontos especficos do corao e
pontos especficos do comportamento: mos, lngua, e todos os membros. O primeiro
Grande Mandamento, amar a Deus de todo corao, alma, mente e fora, tambm
demonstra a interioridade essencial da lei no que diz respeito idolatria. A linguagem
do amor, confiana, temor, esperana, buscar e servir (termos descritivos do
relacionamento com o Deus verdadeiro) continuamente usada na Bblia para
descrever nossos falsos amores, falsas confianas, falsos temores, falsas esperanas,
falsas procuras e falsos mestres. Se idolatria uma palavra caracterstica do Velho
Testamento que resume e refere-se ao nosso desvio de Deus, ento desejos (gr.
epithumiai) caracterstica e resumo do Novo Testamento para o mesmo desvio5.
Ambas descrevem o problema dos seres humanos. A linguagem do Novo Testamento
para desejos problemticos uma expanso dramtica do dcimo mandamento que
probe a cobia (gr., epithumia). O dcimo mandamento tambm uma ordem que
internaliza o problema do pecado, tornando-o psicodinmico. Desnuda a natureza
egosta e reivindicativa do corao humano, poderosamente descrito por Paulo em
Romanos 7. interessante (mas no surpreendente) como o Novo Testamento junta o
conceito de idolatria e o conceito de desejos inordenados que regem a vida. Idolatria
torna-se um problema do corao, uma metfora para a luxria humana, para a
demanda da nossa vontade, da nsia e da ganncia.
Um problema social
Segundo, a Bblia trata a idolatria como um fator central do conceito social, o mundo,
que nos forma e modela. O mundo uma Feira das Vaidades, como disse John
Bunyan com impacto em O Peregrino. Pelo livro todo, e em especial no captulo
Feira das Vaidades, retratada a interao de formadores sociais do
comportamento, poderosos, sedutores e temerosos, com as tendncias
autodeterminantes do prprio corao do Cristo. Ser que Cristo servir ao Deus
Vivo ou servir a Corao
o termo bblico mais compreensivo para aquilo que determina nossa direo de vida,
comportamento, pensamentos, etc. Veja Provrbios 4:23, Marcos 7:21-23, Hebreus 4:12ss etc.
A metfora de circunciso ou incircunciso de corao semelhante a dolos do corao, em
que uma atividade religiosa externa empregada para retratar a dinmica motivacional interna
que o ato exterior reflete.
Locus um termo latino usado para definir lugar. Na cincia designa curva, superfcie ou figura
que contenha todos os pontos, e apenas esses pontos, atendendo a dada condio (NT). Veja
as declaraes resumidas de Paulo, Joo e Tiago em Glatas 6:16ss, Efsios 2:3 e 4:22,
1Pedro 2:11 e 4:2, 1Joo 2:16, Tiago 1:14ss, onde eptthumiai a palavra inclusiva para se
referir a tudo quanto h de errado conosco.
Efsios 5:5 e Colossensses 3:5 Bunyan, John, The Pilgrims Progress (Grand Rapids:
Zondervan, 1957), pags 84-93 qualquer fluida multido de dolos esculpidos pela esposa,
vizinhos, conhecidos, inimigos, companheiros membros da sociedade humana...e,
finalmente, por seu prprio corao. Que as idolatrias so geradas tanto no ser interior
quanto tambm se insinuam do mundo exterior, tem implicaes sobre as questes do
aconselhamento contemporneo. claro que a Bblia no trata dos assuntos
contemporneos com o nosso mesmo jargo psicolgico nem se utiliza de nossos
dados observacionais9. Ainda, por exemplo, a Bblia no cita com ricos detalhes aquilo
que os psiclogos de hoje descreveriam como famlia ou sistema conjugal
disfuncional, simplesmente porque no coloca estas peas do comportamento
humano e influncia mtua sob o microscpio. A falha existe apenas na aplicao
especfica. Na verdade, as categorias bblicas abarcam as maneiras como num
sistema familiar ou qualquer outro tipo de sistema social de qualquer espcie ou
tamanho operam e influenciam umas s
outras para o bem e para o mal. Por exemplo, os padres de vida geralmente
rotulados de codependncia caso de um relacionamento co-idlatra, dois padres
de idolatrias tpicos reforam e competem um com o outro. Eles encaixam-se um ao
outro de modo estranho, criando grandes e destrutivos feedback loops10.
O clssico marido alcolatra e sua esposa salvadora so ambos escravizados dentro
de um sistema de idolatria cujos componentes completam um ao outro com perfeio.
H muitas configuraes possveis neste padro comum de falsos deuses. Numa
configurao tpica, a constelao do dolo no uso de lcool
do marido pode combinar um amor dominador e escravizador pelo prazer, a busca
escapista de um falso salvador para as dores e frustraes de sua vida, o papel de juiz
irado e cheio de justia prpria, julgando a maneira aderente e dependente da esposa,
a autocrucificao do seu remorso peridico, a confiana humana que visa validao
pessoal atravs da aceitao dos seus companheiros, e assim por diante.
O padro idlatra no comportamento da esposa salvadora precisa combinar o papel de
mrtir salvadora do marido e famlia, o papel de orgulhosa juza do pecado do marido,
a confiana humana que valoriza demais a opinio das amigas, o temor de homens
que gera desejo inordenado de um homem como essencial para sua sobrevivncia, e
assim por diante.
Cada um desses dolos (e conseqentes comportamentos, pensamentos e emoes)
lgico dentro do sistema de idolatria, uma Feira de Vaidades em miniatura, de
diverses e ameaas, em que ambos vivem. Seus dolos so algumas vezes
modelados, ensinados e estimulados pela(s) outra(s) pessoa(s)
envolvida(s): suas queixas e sua ira espelham e servem de lente de aumento um para
o outro; seus companheiros de bar e suas amigas reforam suas respectivas iras e
autopiedades. Os dolos algumas vezes so reativos e compensatrios: ele reage s
suas exigncias com a bebida e ela reage bebida tentando salv-lo e transform-lo.
A Feira das Vaidades uma tentadora vida de... inferno na terra!
Comento aqui s o impacto das influncias sociais negativas, que nos comunicam seus dolos
e provocam nossos coraes produo de dolos se voc ira-se contra mim, eu aprendo de
voc alguma coisa sobre a suprema importncia de fazer as coisas da minha maneira, assim
como alguns truques e tcnicas para conquistar o que quero.
Tambm, instintivamente, tento gerar dolos como compensao, defesa ou escape. Nossa
tendncia de pagar o mal com o mal. Posso igualmente comentar sobre o impacto das
influncias sociais positivas em Bunyan e na vida que comunicam f, estimulam a f em
nossos coraes e trazem arrependimento da idolatria. O caminho bblico para lidar
com os inimigos, pagando o mal com o bem, aprendido de outros e produzido no corao.
9 Socilogos, antroplogos e historiadores da psiquiatria demonstram como muitos sintomas e
todos os rtulos de diagnsticos so presos cultura. Isto especialmente verdadeiro com
respeito a problemas funcionais (em oposio aos problemas distintamente orgnicos) que
compreendem a maior parte da misria humana e do mau comportamento. Esta observao
relativizante significa que rtulos de diagnsticos no so cientficos nem verdades objetivas.
Os rtulos so as vezes heuristicamente teis se os reconhecermos como so: simples ordens
taxonmicas de observaes. Mas rtulos so elementos dentro de esquemas de valores e
interpretao. Porque as categorias de diagnsticos so filosfica e teologicamente
carregados, um cristo que procure ser honesto para com
o sistema de valores e interpretao da Bblia, precisa gerar categorias bblicas e aproximar-se
das categorias seculares com extremo ceticismo.
10 Feedback Loop uma expresso da lngua inglesa que significa a consistente
retroalimentao de um dado impulso.
Por exemplo, o sinal de um microfone colocado em frente ao seu alto-falante, retroalimentado
pela reproduo de seu prprio sinal ampliado, causando finalmente o que conhecemos como
microfonia. O autor usa o termo com o sentido de comportamentos que servem de estmulos a
comportamento iguais e ampliados (NT).
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Imitaes Espirituais
dolos imitam aspectos da identidade e do carter de Deus, como se v no trecho
anterior: juiz, salvador, fonte de bnos, barreira contra o pecado, objeto de
confiana, autor da vontade a que obedecer etc. cada dolo neste bloco que se junta
ao sistema faz falsas promessas e d falsos avisos: se
apenas... ento.... Por exemplo, os comportamentos capacitadores da esposa
mostram seu papel idlatra de salvadora. Seu dolo promete e adverte: se apenas
puder oferecer a coisa certa e fazer o melhor, ento seu marido mudar. Mas se voc
no cuidar das coisas por ele, ento o desastre ocorrer. E
porque tanto as promessas quanto as advertncias so mentiras, o culto a cada dolo
resulta numa ressaca de misria e maldio. dolos mentem, escravizam e matam.
Esto continuamente insinuando-se pela voz daquele que sempre foi mentiroso,
senhor de escravos e assassino desde o princpio. Esto sob a imediata
ira de Deus que, frequentemente impede que tais coisas dem certo em Seu mundo.
A simples figura da idolatria um adorador prostrado ante a imagem de madeira, metal
ou pedra poderosamente explanada na Bblia. Idolatria torna-se um conceito com o
qual compreender as razes intrnsecas da motivao individual e do condicionamento
social. Os dolos do corao conduzem-nos a
abandonar a Deus de muitas maneiras. Manifestam-se e expressam-se em qualquer
lugar, nos mnimos detalhes na vida interior e exterior. Tais dolos do corao cabem
como a mo na luva com respeito aos bens de consumo oferecidos pela Feira das
Vaidades da vida social. Os convites e as ameaas da nossa existncia social
seduzem-nos desero e encaminham-nos em direo idolatria. Estes temas do
uma perspectiva fundamental sobre as ms novas que permeiam a Bblia.
Em suma, os pecados comportamentais so sempre retratados na Bblia como
motivados ou governados por um deus ou deuses. O problema com a motivao
humana, a questo de aliana prtica, com Deus ou qualquer substituto, freqente e
propriamente retratada como o problema da idolatria. A idolatria um problema
profundamente enraizado no corao humano e poderosamente impingido sobre ns
pelo ambiente social.
Isto traz-nos exatamente ao segundo tipo de pergunta mencionada no incio. Esta
segunda questo a do aconselhamento. Como concatenar as trs coisas seguintes?
Primeiro, as pessoas so responsveis por seus comportamentos pecaminosos. Quer
os chamemos de pecado, problemas pessoais, ou vidas disfuncionais, as pessoas so
responsveis pelas coisas destrutivas que pensam, sentem e fazem. Se sou
violento ou medroso, este o meu problema.
bvio que, se a idolatria o problema do co-dependente, ento f arrependida para com
Cristo a soluo. Isto contrasta de modo marcante com as solues propostas na literatura
sobre co-dependncia, quer secular, quer caiada com frases crists. Essa literatura
freqentemente descreve com perceptividade o padro de dolos disfuncionais
vcios e dependncias que amaldioam e escravizam pessoas. Os dolos que escravizam o
salvador ou o bbado compulsivo, no funcionam muito bem em seu favor.
A literatura pode at usar a palavra idolatria como metfora, sem significar idolatria contra
Deus e, por isso, arrependimento. A soluo, sem exceo, oferecer dolos diferentes e mais
funcionais ao invs de arrependimento diante do Cristo da Bblia! As terapias seculares ensinam
dolos eufuncionais s pessoas, dolos que trabalhem pelas pessoas e as abenoem com
vidas temporariamente felizes (Salmo 73).
Assim, por exemplo, a auto-estima estimulada como a reposio da tentativa de agradar
pessoas desagradveis, ao invs de estima pelo Cordeiro que foi sacrificado por mim, um
pecador. A aceitao e o amor vindo de novos outros significantes, comeando com o
terapeuta, cria verses bem sucedidas do temor de homens e de
confiana em homens ao invs de ensinar a confiana em Deus como sendo essencial. Minha
auto-confiana e autonomia crescem quando ensinam-me a colocar minhas expectativas
naquilo que posso obter. O fruto parece bom, mas fundamentalmente imitativo. Crentes em
falsos evangelhos por vezes florescem, por algum tempo.
Sistemas de terapia sem arrependimento no seu cerne deixam intacto o sistema de idolatria.
Simplesmente reabilitam e reconstroem a impiedade de maneira que funcione com maior
sucesso. O motivo da idolatria na Bblia diagnostica a base auto-destrutiva final na qual pessoas
felizes, saudveis e confiantes constroem suas vidas (dolos eufuncionais), to perspicazmente
quanto diagnostica pessoas infelizes, as quais so mais bvia e imediatamente auto-destrutivas
(dulos disfuncionais).
A terminologia , certamente, diferente. Problemas pessoais e vidas disfuncionais implicam
numa responsabilidade primria prpria pessoa, famlia e sociedade. Pecado implica
numa responsabilidade primria para com Deus o Juiz, com responsabilidades pessoais e
sociais decorrentes.
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Uma tenso trplice
Motivos so simplesmente aquilo que nos move, causas ou induo ao; a fonte
causal da vida e os alvos tlicos da vida13. A noo da motivao apreende o impulso
interno e a orientao por alvos da natureza humana em seus fatores mais
importantes e atribulados. Todas as psicologias lutam com estes
assuntos. Mas nenhuma tem os recursos conceituais adequados para dar sentido
conexo entre comportamento responsvel, um ambiente social formador, e um
corao auto-enganoso e determinador da vida.
Eis alguns exemplos. O moralismo o trabalho psicolgico do homem da rua
limita-se ao comportamento responsvel. As complexas causalidades ficam totalmente
abafadas. As psicologias comportamentais vem impulsos e recompensas, mas
limitam-se ao meio ambiente, tomando os impulsos como se fossem dados
intransformveis. Tanto o comportamento responsvel quanto o corao
semiconsciente mas renovvel ficam abafados. As psicologias humanistas vem a
interao de desejos/necessidades interiores com a realizao ou frustrao externa,
mas do o voto final para a autodeterminao humana. Assim, o comportamento
responsvel e o poder de foras extrnsecas tambm se abafam. As psicologias do
ego vem o deformado conflito entre os desejos do corao e as contingncias sociais
bem internalizadas. Mas o meio ambiente e o comportamento responsvel ficam
abafados. difcil manter juntos estes trs elementos aparentemente simples.
Fome e idolatria
um especial objeto de ansiedade. Pode ser que a comida seja o meio pelo qual se
expressa amor, alegria, ira e poder. Pode ser que tenhamos sido bombardeados com
propaganda agressiva de comida. As variaes desses intercmbios so infindas.
Membrezia na sociedade de filhos e filhas cados de Ado faz com que cada um seja
um adorador de comida de um jeito ou outro15. Fazer parte de uma soceidade de
consumo forma uma idolatria tpica. Um complexo sistema de valores idlatras pode
ser ligado comida. Por exemplo, caracteristicamente, almejamos grande variedade
de coisas de comer. Comida tem um papel nas imagens de beleza e fora, sade e
temor da morte. Comida quantidades e variedades, modos de preparo e consumo
so provas de status social. Ser membro de uma sociedade faminta, igualmente,
geralmente molda a idolatria de outras formas tpicas. Ser membro da micro-sociedade
da minha famlia vai alem dos estilos de idolatria e a
particulariza. Quanto comida, por exemplo, talvez em nosso sistema familiar a
comida legitimasse irritabilidade, e comer fosse a salvao, livrando-nos de
destruir-nos em ira. Ainda assim, em todos esses nveis de participao social, no
perco minha individualidade. Ponho meu prprio carimbo idiossincrtico
na idolatria da comida. Por exemplo, talvez eu seja especialmente escravizado a
batatinhas fritas quando estou tenso ou fico especialmente nervoso pensando se as
comidas com corante vermelho so cancergenas.
Segurana e idolatria
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Estudo e anlise
depois de uma exploso sria no seu casamento freqentemente fervilhante. Ele ficou
com raiva e bateu nela, depois fugiu, ameaando nunca mais voltar. Apareceu de novo
trs dias depois, cheio de remorso, culpa e um senso de fracasso total.
Os problemas atuais do casamento so verses exacerbadas de problemas de longa
data: ira, incapacidade de se reconciliarem, ameaas de violncia alternando com
ameaas de suicdio, depresso, trabalho duro sem trgua alternando com escapismo,
um padro de bebida moderada quando sob estresse, falta de comunicao, utilizao
de pornografia e solido. Walter no tem amigos prximos.
H alguns anos ele se envolveu sexualmente com uma mulher a quem ajudou no seu
trabalho como dicono. "Sei que estava errado, mas senti tanta pena dela por tudo
que ela estava passando que acabei tentando confort-la fisicamente". Acabou com o
relacionamento e Ellen o perdoou, mas ambos reconhecem que houve resqucios de
culpa e desconfiana.
Ele oscila entre ser um "lana-chamas" e um "congelador" . Por um lado bruto,
manipulativo, irado e no perdoador, enquanto do outro lado ele se retrai, se condi,
ansioso, culposo e tem medo de gente.
Oscila entre raiva de Ellen por ela ser "mandona, irritante, tentar me controlar, no me
apoiar e nem me escutar" e depresso pelos prprios pecados. Os modelos de
comportamento dela e os dele criam um sistema de devoluo em que cada um tende
a ressaltar o pior no outro.
Walter cresceu numa famlia operria israelita secular. Nasceu quando seu pai tinha 52
anos e sua me 42. Com muito esforo, longas horas de trabalho e muitas economias
eles conseguiram comprar uma casa num bairro relativamente afluente depois que
Walter nasceu. Seu pai era um homem que criticava
tudo, impossvel de agradar. "Se eu tirasse tudo A e um B, ele perguntava por que tirei
o B; se eu cortava a grama e limpava o quintal, ele dizia 'voc se esqueceu de um
lugar atrs da garagem".
Depois de aposentar-se aos setenta anos, o pai de Walter tornou-se muito mais terno,
e como Walter tinha se convertido e tentava perdo-lo, o relacionamento no foi to
mau nos ltimos cinco anos de sua vida. Sua me era bem-intencionada, boazinha
mas apagada, totalmente intimidada pelo seu pai.
Walter tinha sido considerado um tanto esquisito durante o colegial: "nunca me
enquadrei nos valores burgueses. Eu era inteligente demais, desajeitado demais, feio
demais, tmido demais, e pobre demais para ser bem sucedido na escola".
Walter tornou-se cristo no primeiro ano de faculdade e imediatamente envolveu-se
com trabalho para ajudar os pobres e necessitados. "No tenho muita simpatia pelos
crentes ricos de bairros abastados, mas amo os pobres, as mes solteiras, os
ex-viciados, os pacientes psiquitricos, os ex-prisioneiros, os rfos e as vivas. Seu
compromisso cristo intenso e domina toda a sua vida. Ama a Jesus Cristo. Cr no
Evangelho. Seu desejo compartilhar Jesus com os outros. Conhece os seus pecados
comportamentais mas sente-se numa armadilha: "Reajo instintivamente, depois
sinto-me culpado. Voc sabe como esse padro!".
Financeiramente, Walter e Ellen no esto bem. No gastam com extravagncia, mas
esto sempre enfrentando alguma crise ou deciso financeira. Dentista para os filhos?
Devemos comprar uma casa?
Devemos tirar frias ou trabalhar num segundo emprego para conseguir mais um
pouco de dinheiro?
Quantas horas por semana Ellen deve trabalhar fora de casa? Realmente d para
darmos o dzimo?
Devemos atender o desejo dos filhos de comprar um aparelho de videocassete? Vivem
de ms a ms e a poca das contas cria bastante tenso.
Como o conselheiro cristo deve entender Walter a fim de auxili-lo?
"Feira das Vaidades": a sociologia da idolatria
dolos mltiplos
Marcos 10:42-45 Joo Calvino, em seu discurso notvel sobre a natureza do homem no incio
de suas Institutos, comenta como os dolos "fervilham dentro de ns". Poderia ser dito
igualmente que eles fervilham ao nosso redor. H sempre algum objeto por perto em
que ns colocamos f. Sou devedor a Dick Keyes de L'Abri Fellowship por esta frase.
na escola, no exrcito, no trabalho e na igreja. Ele tem tido o mesmo tipo de problemas
com a esposa, os amigos e at mesmo seus filhos. Naturalmente traz esse mesmo
modelo para o relacionamento com o conselheiro, com todos os desafios que existem
para se construir a confiana e um relacionamento que
funcione. Continua a manifestar uma mistura tpica de problemas decorrentes: um
desejo de aprovao quase como de escravo, uma profunda suspeita de que no ser
aprovado, uma independncia obstinada.
Trabalharemos com afinco com a maneira como as exigncias de seu pai constituram
um sistema idolatra que dominava os afetos de Walter. Daremos menos detalhe s
outras influncias, embora cada uma possa ser explorada de modo igualmente
detalhado. A passividade de sua me em face aos conflitos
foi modelo para ele e ainda influencia seu relacionamento com Ellen. Os "valores
burgueses" dos seus colegas de escola: namoro, esportes, conseguir marcar pontos
sexualmente, aparncia, roupas, dinheiro, o que "legal" tambm deixaram-no
rotulado como um fracasso e alimentaram ao mesmo tempo sua
rebeldia e seu senso de incapacidade. Ele comprou os valores burgueses e fracassou
contra eles. Rebelouse contra esses valores e comprou os valores alternativos da
cultura de entorpecentes, na qual obteve sucesso. Rebelou-se contra os "quadrados" e
os drogados e isolou-se como se fosse um mundo de um s.
Isso s vezes dava certo e s vezes no funcionava. Todas essas coisas
aconteceram, por vezes simultaneamente, por vezes sucessivamente.
At mesmo os valores da contracultura de sua subcultura de "cristianismo radical"
podem ser entendidos em parte como um estreitamento idolatra da vida crist, em
reao equao do cristianismo, igualmente idolatra, ao "Sonho Americano". Certos
bens bblicos so aumentados, excluindo-se outros bens bblicos. De vrias maneiras,
Walter continua desempenhando um tema de trs aspectos. Primeiro,
rebela-se contra certas culturas dominantes de "pessoas bem sucedidas". Segundo,
encontra valor na afirmao de uma subcultura "de pobres e oprimidos". Terceiro,
enquanto tudo isso, age com orgulho estranho para produzir sua prpria
cultura-de-um-s na qual ele rei e suas opinies sobre qualquer coisa, seja ela o
jantar ou a escatologia, so verdades auto-e videntes.
"Quem poder entender o corao do homem?!". E quem entende o mundo que faz
negcios com o corao? Walter e as mltiplas foras que impingem sobre ele fogem
anlise exaustiva e racional. Contudo podemos descrever o suficiente daquilo que
ocorre em seu corao e seu mundo complicados a ponto de ministrar ajuda efetiva a
ele. E o Walter que conhecemos hoje apenas o Walter de hoje, no o Walter de
algum outro ponto na sua histria particular. O aconselhamento bblico, a mente de
Cristo quanto vida de Walter, pode ser compartilhado. Sabedoria, a lngua doce e
benfazeja, pode dar sentido que satisfaz s coisas, e Walter pode aprender a viver,
pensar e agir com essa sabedoria.
Muitos outros sistemas e subsistemas de dolos influem sobre Walter. Alguns so os
descritos por Bunyan em sua Feira das Vaidades: atitudes culturais, valores, temores e
oportunidades relacionadas a dinheiro, sexo, comida, poder, sucesso ou conforto.
Certos dolos de rostos meigos como a mdia, esportes profissionais, a indstria de
lcool, seduzem-no para compensaes temporrias e falsos salvadoresescapistas
que propem livr-lo das presses geradas por sua escravido aos dolos duros que o
espancam noutras horas: "Tenho que desempenhar bem. Tenho que provar meu valor.
Todo mundo que eu respeito tem que gostar de mim. E se eu fracassar?".
Alguns dos outros sistemas de dolos que causam impacto dirio sobre Walter
encontram-se dentro do sistema conjugai e familiar. Os valores e desejos de Ellen e
dos filhos provocam e persuadem a Walter de diversas maneiras. Se Ellen estiver
preocupada com dinheiro, se as crianas s ficam se queixando
quando no conseguem o que querem, se Ellen apoquenta-o com expectativas
moralistas de mudana de comportamento Walter fica preocupado, zangado,
complacente, deprimido, defensivo, cheio de negao,
ou qualquer outra coisa, dependendo de como ele interage com a micro-sociedade
que o constringe naquele momento particular.
Onde comeamos o aconselhamento? Existem hierarquias de influncia ou relacionamentos
"chaves" de maior importncia para se lidar primeiro? Talvez haja. Em especial, o
relacionamento de Walter com seus pais seria a chave para aconselhamento
efetivo? No necessariamente, embora a psicologia psicodinmica tem a forte tendncia de
ressaltar os relacionamentos pais e filhos. A Bblia no tem a mesma tendncia (nem em favor
nem contra o exame dos relacionamentos com os pais). No acredito
que neste caso, como apresentado, o relacionamento de Walter com seus pais seja a coisa
mais importante a se enfrentar no aconselhamento. Teoricamente, poderamos comear com
qualquer relacionamento problemtico na vida de Walter, e
acabaramos lidando com as mesmas questes: dolos e pecados. Minha maneira de agir seria
de enfrentar pequenos casos que
envolvam Walter, Ellen e as crianas. ali que a maioria dos problemas mais quentes
estouram. Seu relacionamento com o pai poderia surgir, como tambm poderiam surgir outros
relacionamentos significativos, ao enfrentar-mos as questes "ao vivo".
dolos do Corao:
a psicologia da idolatria
No nvel mais simples Walter assumiu os dolos aos quais estava exposto e fabricou os
seus prprios dolos. Variavelmente teve sucesso, fracasso ou rebeldia contra diversos
sistemas de valores. Mas em cada caso ele alimenta e serve valores no bblicos. Sua
vida implicitamente valida muitas mentiras. Seu corao
profundamente dividido entre o Deus verdadeiro e os dolos. Ser que ele cristo?
Sim. Mas o trabalho contnuo de renovao tem que envolv-lo autenticamente acima
dos padres particulares da idolatria que substituem a f em Cristo. Tem havido uma
medida de frutos autnticos na sua vida. Mas tem havido tambm uma medida de
dobrar o verdadeiro Deus para a agenda da carne.
Os dolos so raramente solitrios. Nossas vidas ficam infestadas por uma variedade
de falsos deuses. Por exemplo, Walter oscila entre "orgulho" e "temor de homens"22.
Orgulho ou "brincar de Deus" gera uma espcie de pecados: ira, manipulao,
compulso de controlar as pessoas e circunstncias, rebeldia contra os pais ou contra
a burguesia. O temor de homens ou "transformar os outros em deuses" gera outro
conjunto: preocupao consigo mesmo, temor, depresso, fracasso, ansiedade,
retraimento, um senso profundo de inferioridade, comportamento de camaleo. Estes
trabalham juntos para produzir o seu "perfeccionismo", tanto no seu aspecto de
ansiedade quanto no aspecto de exigncias. "O meu
desempenho aos seus olhos. O seu desempenho aos meus olhos".
Muitos outros deuses ficam esperando nos bastidores, de vez em quando surgindo
para desempenhar papis menores no drama da vida de Walter. De vez em quando o
deus de Walter um anseio por conforto e fuga da panela de presso que ele mesmo
criou. Uso exagerado de lcool, televiso, videogames e pornografia oferecem escape
momentneo. Por vezes ele possudo pelo desejo de "ajudar as pessoas": torna-se
obcecado com seu ministrio, irado com qualquer que o impea, tendente a uma
sndrome de messianismo, justificando quaisquer atos dbios da sua parte referindo-se
ao valor supremo de "meu ministrio". Naturalmente, esta apenas uma amostragem.
Qualquer outro, proveniente de dezenas de "deuses menores", poder aparecer no
templo do seu corao, dependendo do trnsito, do tempo, de como sua mulher
tratou-o, de como as crianas foram na escola etc.
O verdadeiro Walter irredutivelmente complicado! Mesmo que o retrate com
pinceladas largas, fica claro que sua vida surge de um mosaico de falsas lealdades
que est sempre mudando. Notando isso, ser que h outras hierarquias de dolos de
significado especial no caso de Walter? Sim, existem. A vida de Walter pode se
desenrolar com temas tpicos e sempre repetidos. Num sentido lato, ele um "tipo",
Mas,
para que Walter cresa e renove-se, para que possa arrepender com inteligncia, transformar
de corao e no comportamento, ele no precisa necessariamente olhar o relacionamento com
seus pais. E "no vos sobreveio tentao que no fosse humana" (I Corntios 10:13). O
orgulho/temor de homens caracterstico da
natureza humana. Desenvolve-se numa imensa variedade de formas diferentes.
embora nunca se possa reduzi-lo a um tipo rgido de diagnstico por causa da mirade
de dolos mutantes que o constrangem. Certos dolos parecem-me predominantes na
vida do Walter. "Orgulho" (fao papel de deus) e "temor de homens" (coloco-os como
deus) so muito importantes. Encontramos variaes dos temas "quero a minha
vontade" e "como que estou me saindo aos seus olhos?" sempre se repetindo na
vida de Walter. Ora a exigncia, ora o temor destacam-se. Outros dolos tipicamente
dominantes prazer sexual, dinheiro etc. certamente tm voz na vida de Walter
mas de forma menos forte, menos incitante, o que em outro aconselhando poderia ser
grandemente intensificado. impressionante como as categorias bblicas o motivo
da idolatria, neste caso esto prximas dos detalhes concretos da vida e no se
restringem a tipologias abstratas. As semelhanas entre as pessoas tendem a ser
focalizadas. Em nossa cultura psicologizada estamos acostumados a definir as
anlises de Walter e outros conforme uma tipologia. E uma pessoa introvertida. um
agradador. controlador. uma mistura de temperamento melanclico com colrico.
Ele um tpico filho-adulto-de-alcolatra, ou membro de uma famlia disfuncional. Seu
pecado-raiz a ira. Seu problema uma baixa auto-imagem. Na categoria DSM-III ele
um... , e assim por diante. Tais rtulos passam como sendo conhecimento
importante. Na verdade, nada explicam, mas so simplesmente modos de descrever
grupos de sintomas comuns.
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dolos de razes?
Dada a prevalncia desse tipo de rotular as pessoas, pode-se esperar que algum
diga algo como "Seu dolo de raiz ...". Mas os dados sobre a idolatria geralmente no
sustentam tais entendimentos reducionistas do corao humano23. No mximo
podemos dizer "Seu dolo mais caracterstico ... geralmente ... mas em outras
vezes...!". Com propsito puramente heurstico, pode ser til notar que
enquanto uma pessoa est sintonizada a dolos de intimidade, outra vincula-se a
dolos de desligamento, outras para dolos de poder, outras a dolos de prazer, outras
com dolos religiosos, e assim por diante. O estilo de pecado de uma dada pessoa j-
sua "carne caracterstica" no termo de Richard Lovelace24 tende a juntar-se ao redor de
certos dolos predominantes.
Mas como o pecado um hbito tambm criativo! No podemos nos esquecer de
que o reducionismo oferecido consistentemente pela Bblia no uma tipologia que
distingue as pessoas umas das outras, mas um comentrio resumido que destaca
aquilo que nos comum: todos pecaram e se desviaram de Deus, "cada um pelo seu
prprio caminho", fazendo "o que reto aos seus prprios olhos".
Sob essa gigantesca caracterizao o templo est abarrotado de formas de dolos e
falsos deuses em potencial. Os desejos desenfreados e proliferantes da carne
contendem com o Esprito, necessitando de nossa f e obedincia. As tipologias so
pseudo-explicativas. So descritivas, no analticas, embora como
ferramentas conceituais para diversas psicologias e psicoterapias elas finjam ter poder
de explanao. No mximo, as tipologias descrevem "sndromes", padres de frutos e
experincias de vida que muitas vezes ocorrem juntos. As tipologias atuais no ajudam
a expor as questes verdadeiras das vidas de pessoas de verdade. No mximo so
redundantes de boas descries e conhecimento ntimo de um indivduo em especial.
No pior caso, carregam um frete conceituai enganoso, pois esquivam-se totalmente
das questes de idolatria.
claro que num perodo especfico dolos especficos tero de ser nomeados e enfrentados. O
aconselhamento bblico sbio lida com especficos. Jesus enfrenta o jovem rico com sua
adorao de Mamon. A parbola do semeador confronta as pessoas com sua
incredulidade, seu conformismo social, suas riquezas preocupantes, prazer e seus cuidados
(todos podendo ser descritos como
expresses do motivo de dolos). No Antigo Testamento, Elias confrontou a adorao de Baal
diretamente. Por exemplo, Walter precisar resolver sua necessidade de ter um bom
desempenho aos olhos dos outros medida que a questo desfralda-se
no aconselhamento. Richard Lovelace. Dynamics of the Spiritual Life (Downers Grove, II.:
Intervarsiry Press, 1979), pgina 110. Isaas 53:6 e Juizes 21:25
A palavra "sndrome" deve ser despida de suas pretenses clnicas de poder explicativo
signifcante. puramente descritiva, metaftica. Significa, aqui, literalmente "coisas que tendem
a andar todas juntas".
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Jay Adams, Manual do Conselheiro Capaz
Um dos propsitos de se trabalhar com o tema de dolos (ou com seus equivalentes
mais culturalmente acessveis ou aceitveis: desejos, esperanas, temores,
expectativas e alvos idolatras que escravizam as pessoas) que se expande a arena
na qual Walter est cnscio das escolhas que implicitamente tem feito. A santificao
expande a arena da escolha consciente e do autocontrole bblico.
Tambm notavelmente ausente est a discusso da providncia de Deus em produzir
experincias intensas e transformadoras. A converso de Walter "caiu do cu"
dando-lhe meses de liberdade dos pecados, alegria em Cristo, e um amor crescente
pelas pessoas. Ele j teve outros "altos" como crente:
tempos de maior viso, amor e liberdade produzidos por um bom sermo, num retiro,
ou por alguma inexplicvel abertura do corao para Deus em algum momento de sua
vida quotidiana.
Mas as mudanas na vida de Walter, sejam elas produto de vitrias numa batalha
espiritual consciente, sejam de alteraes fisiolgicas, sejam de compromisso de sua
vontade, sejam devido a alguma experincia "do cume da montanha", todas
aparentemente "acontecem" aleatoriamente. Estes quatro paradigmas muitas vezes
oferecem o material com o qual Walter pensa sobre os problemas e mudanas
em sua vida. Walter tem muito pouca confiana de que sua vida esteja se movendo
em direo de mudanas coerentes, inteligentes, desejveis e de alma ntegra. Em
geral sua vida parece-lhe um caos infeliz, com momentos ocasionais de alvio dos
sintomas. Um dos alvos deste estudo descrever diversos elementos que podem
tornar mais coerentes, internalizadas, conscientes e autenticamente
transformadoras as mudanas. Na minha experincia com os "Walters", tanto dentro
quanto fora da igreja, percebo que eles tendem ser muito cegos naquilo que os move.
fenmeno curioso mas nada raro que uma pessoa que conhea a Bblia como
Walter no tenha um domnio efetivo sobre os dolos de seu prprio corao e as
tentaes da Feira das Vaidades particular que assolam sua vida29. Walter todo
ao, impulso e emoo. Sabe relativamente pouco sobre o que Deus v que ocorre
em seu corao e em seu mundo. A pergunta "Qual o plano de Deus para minha
vida?" freqentemente poder ser respondida com confiana quando comeo a
entender os temas que se desenrolam em minha vida.
A minha anlise tem sido predominantemente "psicossocial" (um psicossocial
aliancista!). Uma anlise bblica completa dos problemas teria que ser
"psicosocial-espiritual-somtica-volicionalexperiencial" Entender o peso exato de cada
variante, obviamente seria, do ponto de vista humano, apesar das intenes dos
cientistas sociais, uma iluso inatingvel. Mas a resposta bblica sempre aplicvel
de modo poderoso: desviar-se dos dolos em direo ao Deus vivo e verdadeiro,
renovao de mente e corao na verdade, atividades includas na expresso
"arrependimento e f".
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A Questo de senhorio
Existe utilidade em fazer com que se sobressaiam esses dois fios de motivao
humana sem jamais esquecer-nos de que estamos focalizando apenas algumas de
diversas perspectivas dentre um todo unificado. Os dois que eu focalizei neste trabalho
so o corao e o meio social, que sem dvida alguma
recebem a maior ateno bblica. Mas a questo da motivao humana afinal a
questo multiperspectiva de senhorio, de f nos dolos e falsos deuses em
contraposio com a f viva no Deus verdadeiro. Isso pode
ser visto atravs de diversas lentes:
Senhorio atravs da lente de nossos coraes. A vontade do Esprito, cheia de graa,
"caminho estreito" versus os desejos desenfreados e idolatras da minha carne.
A Bblia indica a razo para isso descrevendo com freqncia nossos desejos desordenados
como "enganadores". Satans o arqui-enganador. Tendemos a conformarmo-nos com os
enganos atmosfricos de nosso meio ambiente social. Nossos dolos so
to plausveis e instintivos que podem at mesmo ser descritos sem que sejam vistos como
problemas importantes na vida da pessoa.
30 Existem sem dvida inmeras outras maneiras de se "cortar o bolo" da motivao humana.
Veja o artigo de Tim Keller, "Puritan Resources for Biblical Counseling" (The Journal of Pastoral
Practice, 9:3, 1988, pginas 11-44) para um retrato estimulante das sutilezas multiperspectivas
de uma gerao anterior de conselheiros cristos.
Senhorio atravs da lente das influncias sociais. A conformao social com Reino
de Deus e com o corpo de Cristo versus embeber-se dos modelos e valores dos reinos
deste mundo (diversos microreinos de sistemas conjugais e familiares, at atravs dos
reinos progressivamente maiores de vizinhana, escola e culturas de ambiente de
trabalho, grupos tnicos, classe econmica e social, nacionalidade etc.
Senhorio atravs da lente de nossos mestres espirituais: o bom Rei Jesus versus o
tirano Satans.
Senhorio atravs da lente de influncias somticas: viver com dores no corpo e
frustraes, na espera da ressurreio versus servio imediato e preocupao com as
dores, os prazeres, as carncias e os desejos de meu ventre e de meu corpo.
Senhorio atravs da lente de escolhas de nossa vontade: f consciente nas
promessas de Deus e obedincia vontade de Deus versus acreditar e escolher de
acordo com minha vontade, meus desejos e minas opinies espontneas: "o caminho
que ao homem parece direito".
Senhorio atravs da lente da providncia experimentada. Aprender a regozijar-se
com Deus entre as bnos e arrepender-se e confiar em Deus no meio ao sofrimento
versus tornarmo-nos presunosos, orgulhosos ou auto-satisfeitos quando as coisas
vo do jeito que queremos e deprimidos, irados ou temerosos quando a vida
dolorosa, frustrante ou incerta. Embora este livro tenha comentado especialmente o
intercmbio entre as primeiras duas lentes, a minha inteno atravs de tudo foi de
expandir nossa viso de "Walter", no de constringi-la. Dentre o quadro dos conceitos
bblicos, podemos trazer viso tudo sobre Walter e seu mundo. A idia de
comportamento como sendo regulado permite-nos juntar alguns paradoxos aparentes.
Walter inteiramente responsvel pelo que faz. A vida interior de Walter est cheia de
distores e compulses cegas. Walter est sendo continuamente condicionado pelo
lado de fora: tentado, provado e enganado. Walter tambm um cristo. O esprito e a
Palavra podem trabalhar poderosamente, dando-lhe nova direo de dentro para fora,
e libertando-o do controle daquilo que impinge sobre ele.
O que o Evangelho?