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Séries numéricas

José Carlos Santos

1 Definição e exemplos
Definição Uma série de números complexos é uma expressão da forma

a0 + a1 + a2 + a3 + · · · , (1)

onde cada an (n ∈ Z+ ) é um número complexo. A expressão (1) também se


escreve sob a forma

X
an . (2)
n=0

A
Psucessão
 (an )n∈Z+ designa-se por sucessão geradora da série e a sucessão
N
n=0 an N∈Z designa-se por sucessão das somas parciais da série.
+
Diz-se que a série (2) é convergente se a sua sucessão das somas par-
ciais for convergente; nesse caso, o limite da sucessão das somas parciais
designa-se por soma da série e também se representa por (2). Caso a série
não seja convergente, diz-se que é divergente.

Por exemplo, se z ∈ C, a série ∞ n=0 z converge se e só se |z| < 1 e, caso


n
P
1
seja convergente, a sua soma é 1−z . Como é claro que a série diverge se
z = 1, pode-se (e vai-se) supor que z , 1. Então, para cada n ∈ Z+ ,

N
X 1 − zN+1
zn =
n=0
1−z

(é aqui que é empregue o facto de se ter z , 1) e

1−zn+1
— se |z| < 1, limN→∞ 1−z
= 1
1−z
;
 
1−zN+1
— caso contrário a sucessão 1−z N∈Z+
diverge.
Análise Complexa — Séries numéricas 2

Em geral, é mais fácil determinar se uma série converge ou diverge do


que calcular a sua soma. Por outro lado, se estamos a estudar a convergên-
cia de uma série, podemos ignorar um número P finito de termos. Posto de
uma maneira mais precisa: dados uma série ∞ n=0 an e um número N ∈ N,


X ∞
X
an converge ⇐⇒ an converge.
n=0 n=N

P∞
Proposição 1 Se uma série n=0 an converge, então limn→∞ an = 0.

P∞
Resulta novamente desta proposição que a série n=0 zn diverge se
|z| > 1.
P∞
Definição Uma série telescópica é uma série da forma n=0 (an − an+1 ), para
alguma sucessão (an )n∈Z+ de números complexos.

Nas condições da definição anterior, tem-se, para cada N ∈ Z+ ,

N
X
(an − an+1 ) = a0 − 
a1 +  a2 + 
a1 −  a3 + · · · + 
a2 −  a
N − aN+1
n=0
= a0 − aN+1 .

Proposição 2 Uma série telescópica ∞


P
n=0 (an −an+1 ) converge se e só se a sucessão
(an )n∈Z+ converge e, caso estas condições se verifiquem,


X
(an − an+1 ) = a0 − lim an .
n→∞
n=0

P∞
Por exemplo, tem-se 1
n=1 n(n+1) = 1 pois

1 1 1
(∀n ∈ N) : = −
n(n + 1) n n + 1

e, portanto,

X 1 1 1
= − lim = 1.
n=1
n(n + 1) 1 n→∞ n

Departamento de Matemática, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto


Análise Complexa — Séries numéricas 3

2 Séries de números reais não negativos


Em geral, é mais fácil estudar a convergência de séries de números reais
não negativos, pois as respectivas sucessões das somas parciais são monó-
tonas crescentes. Logo, as sucessões das somas parciais ou são limitadas
ou divergem.
Um exemplo de uma tal série é a série harmónica:

1 1 1
1+ + + + ···
2 3 4
Apesar de se ter limn→∞ 1/n = 0, esta série diverge, pois:
1 1
— = ;
2 2
1 1 1 1 1
— + > + =
3 4 4 4 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1
— + + + > + + + =
5 6 7 8 8 8 8 8 2
PN
e assim sucessivamente. Logo, se N ∈ N \ {1}, 2n=1 1/n > 1 + N/2, pelo que a
série harmónica diverge (a sucessão das somas parciais não é limitada).

Proposição 3 (Critério da comparação) Sejam ∞


P P∞
n=0 an e n=0 bn duas séries
de números reais maiores do que 0.

1. Se a série ∞
P
n=0 bn for convergente e se houver algum K ∈]0, ∞[ tal que

(∀n ∈ Z+ ) : an 6 Kbn ,

então a série ∞
P
n=0 an também converge.

2. Se a série ∞
P
n=0 an for divergente e se houver algum K ∈]0, ∞[ tal que

(∀n ∈ Z+ ) : bn > Kan ,


P∞
então a série n=0 bn também diverge.

3. Se houver números K, K0 ∈]0, ∞[ tais que


an
(∀n ∈ Z+ ) : K 6 6 K0 ,
bn
P∞ P∞
então ambas as séries n=0 an e n=0 bn convergem ou ambas divergem.

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Análise Complexa — Séries numéricas 4

Nas condições da proposição anterior, resulta da alínea 3 que, caso o


limite limn→∞ bann exista e seja um número real maior do que 0, então ambas
as séries ∞
P P∞
n=0 an e n=0 bn convergem ou ambas divergem.
Exemplos:
1. A série ∞ 1
P
n=2 log n diverge, pois

1 1
(∀n ∈ N \ {1}) : >
log n n
e a série harmónica diverge.
2. A série ∞
P 1
P∞ 1
n=1 n2 converge, pois já vimos que a série n=1 n(n+1)
converge
e
1
n2
lim 1
= 1.
n→∞
n(n+1)

3. Uma vez que a série ∞


P∞
1
converge, então, se α > 2, a série 1
P
n=1 n2 n=1 nα
também converge, pois
1 1
(∀n ∈ N) : α
6 2.
n n

Proposição 4 (Critério do integral) Seja f : [0, ∞) −→ [0, ∞) uma função


contínua e decrescente. Então são condições equivalentes:
1. A série ∞
P
n=0 f (n) converge.
R∞
2. O integral impróprio 0 f (x) dx converge.

Já foi visto que, se α > 2, a série ∞ n=1 nα converge e que diverge se α = 1


1
P
(pelo que, pelo critério da comparação, também diverge se α ∈]0, 1[). O
critério do integral permite ver como é que as coisas se passam nos restantes
casos (ou seja, quando α ∈]1, 2[): a série converge, pois
Z ∞ Z ∞
dx
α
= x−α dx
1 x 1
M1−α 1
= lim −
M→∞ 1 − α 1−α
1
= .
α−1
O critério do integral também pode ser usado para provar que a série
harmónica diverge.

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Análise Complexa — Séries numéricas 5

3 Convergência absoluta
Vai-se ver agora porque é que se está a estudar a convergência de
séries de números reais não negativos no contexto das séries de números
complexos.
Uma sucessão de números complexos converge se e só se for uma
sucessão de Cauchy. Vejamos como adaptar este resultado a séries.
Proposição 5 (Critério de Cauchy) Uma série ∞
P
n=0 an de números complexos
converge se e só se

X m
(∀ε > 0)(∃p ∈ N)(∀m, n ∈ N) : m > n > p =⇒ an < ε.
k=n

O critério de Cauchy permite determinar se uma série converge sem


haver nenhum candidato à sua soma.
série ∞
P
Definição Diz-se que uma P n=0 an de números complexos é absoluta-
mente convergente se a série ∞ |a |
n=0 n for convergente.

Como consequência do critério de Cauchy temos:


Proposição 6 Qualquer série absolutamente convergente de números complexos
converge.

Por exemplo, a série ∞ n


P
n=0 (3+4i)n converge absolutamente (e, em particu-
lar, converge), porque

n n n
(∀n ∈ Z+ ) : = =

(3 + 4i)n |3 + 4i|n 5n
e a série ∞ n
P
n=0 5n converge: visto que
n
5n n
lim = lim  n = 0,
n→∞ 1 n→∞ 5
4n 4

tem-se (∀n ∈ Z+ ) : 5nn 6 4Kn , para algum K > 0 e então, como a série ∞ 1
P
P∞ n=0 4n
n
converge, resulta do critério da comparação que a série n=0 5n também
converge.
Vejamos agora um exemplo de uma série convergente que não converge
absolutamente. Considere-se a sucessão (an )n∈N definida por

2
− n se n for par

an = 

2

 n+1 caso contrário.

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Análise Complexa — Séries numéricas 6

Ou seja, trata-se da sucessão cujos primeiros termos são

1 1 1 1
1, −1, , − , , − , . . .
2 2 3 3
A sucessão das somas parciais da série ∞
P
n=1 an é a sucessão

1 1
1, 0, , 0, , 0, . . . ,
2 3
P∞
que converge (para 0). Logo, a série n=1 an converge. Mas não converge
absolutamente, pois, para cada N ∈ N par,
N
1 1 1
X  
|an | = 2 1 + + + · · · +
n=1
2 3 N

e a série harmónica diverge.

4 Limites superiores e limites inferiores


Para continuar a estudar a convergência de séries de números comple-
xos, convém estudar mais a fundo o conceito de limite de uma sucessão de
números reais. Isto inclui os casos em que esse limite é ∞ ou −∞.
É natural prolongar a relação de ordem 6 a R ∪ {±∞} de modo a ter-se

(∀x ∈ R) : −∞ 6 x 6 ∞.

Em R, qualquer parte não vazia e majorada tem supremo e qualquer parte


não vazia e minorada tem ínfimo. Em R∪{±∞}, com esta relação de ordem,
isto fica ainda mais fácil de enunciar: qualquer parte não vazia de R∪{±∞}
tem supremo (que poderá ser ∞) e ínfimo (que poderá ser −∞). Além disso,
qualquer sucessão real monótona tem limite (o qual, naturalmente, pode
ser ±∞).

Definição Se (an )n∈N for uma sucessão real, designa-se por limite superior
da sucessão e representa-se por lim supn an o limite da sucessão

sup{an , an+1 , an+2 , . . .} n∈N .



(3)

Designa-se por limite inferior da sucessão e representa-se por lim infn an o


limite da sucessão
(inf{an , an+1 , an+2 , . . .})n∈N . (4)

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Análise Complexa — Séries numéricas 7

Convém observar que a sucessão (3) é monótona decrescente, enquanto


que a sucessão (4) é monótona crescente. Logo, ambos os limites menciona-
dos na definição anterior existem. Consequentemente, qualquer sucessão
real tem limite superior e limite inferior.
Considere-se por exemplo, a sucessão (1/n)n∈N . Para cada n ∈ N,
1 1 1
 
sup , ,... = ,
n n+1 n
pelo que lim supn 1
n
= limn→∞ 1
n
= 0. Por outro lado, para cada n ∈ N,

1 1
 
inf , , . . . = 0,
n n+1
pelo que lim infn n1 = limn→∞ 0 = 0.
Considere-se também a sucessão ((−1)n )n∈N . Para cada n ∈ N,
n o n o
sup (−1)n , (−1)n+1 , . . . = 1 e inf (−1)n , (−1)n+1 , . . . = −1.

Logo, lim supn (−1)n = 1 e lim infn (−1)n = −1.


Proposição 7 Seja (an )n∈N uma sucessão real.
1. Tem-se lim infn an 6 lim supn an .

2. Se c > 0, lim infn (can ) = c lim infn an e lim supn (can ) = c lim supn an .

3. O limite limn→∞ an existe se e só se lim infn an = lim supn an e, caso estas


condições se verifiquem, limn→∞ an = lim infn an = lim supn an .

Finalmente, vejamos a relação entre o limite superior e o limite inferior


de uma sucessão (an )n∈N e os limites das suas subsucessões. Por exemplo,
foi visto que lim supn (−1)n = 1 e que lim infn (−1)n = −1. Por outro lado,
1 e −1 são precisamente os elementos de R ∪ {±∞} que são limites de
subsucessões da sucessão ((−1)n )n∈N .
Proposição 8 Dada uma sucessão (an )n∈N , seja S o conjunto dos limites das suas
subsucessões. Então S , ∅, sup S = lim supn an e inf S = lim infn an .

5 Critério da raiz e critério do quociente


Proposição 9 (Critério da raiz) Seja ∞
P
n=0 an uma série de números complexos.

1. Se lim supn |an | < 1, a série converge absolutamente.
n

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Análise Complexa — Séries numéricas 8


2. Se lim supn |an | > 1, a sucessão (an )n∈Z+ não é limitada e, em particular,
n

a série diverge.

Por exemplo, já foi visto que a série ∞ n


P
n=0 (3+4i)n converge absolutamente.
Isto também resulta do critério da raiz, pois
r √
n
n n 1
= =
n
lim lim

(3 + 4i)n

n→∞ n→∞ 5 5
r
n 1
e, portanto lim supn n (3+4i)n = 5 < 1.

Proposição 10 (Critério do quociente) Seja ∞


P
n=0 an uma série de números
complexos diferentes de 0.

1. Se lim supn aan+1n
< 1, a série converge absolutamente.

2. Se lim infn aan+1
n
> 1, a sucessão (an )n∈Z+ não é limitada e, em particular, a
série diverge.
P zn
Por exemplo, se z ∈ C, a série ∞ n=1 nn converge absolutamente, uma vez
que
zn+1
|z| n n
(n+1)n+1  
lim zn = lim = 0.
n→∞
nn n→∞ n + 1 n + 1
Convém observar que o critério da raiz e o critério P do quociente são
sempre inconclusivos se forem aplicados a séries do tipo ∞ n=0 R(n), onde R
é umaPfunção racional (é o caso, por exemplo, da série harmónica ou da
série ∞ 1
n=1 n2 ), pois tem-se

R(n + 1)
p
lim |R(n)| = lim = 1,
n

n→∞ n→∞ R(n)

pelo que nada se pode concluir.


Também convém observar que sempre que o critério da raiz é incon-
clusivo, o do quociente também o é, mas o recíproco não é verdade. Por
exemplo, resulta da critério da raiz que a série

1 1 1 1 1 1
1+1+ + + 2 + 2 + 3 + 3 + ···
2 2 2 2 2 2
converge, mas o critério do quociente é inconclusivo.

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Análise Complexa — Séries numéricas 9

6 Produto de Cauchy
Considerem-se dois polinómios: a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + am xm e b0 + b1 x +
b2 x2 + · · · + bn xn . Se os multiplicarmos, obtemos o polinómio
a0 b0 + (a0 b1 + a1 b0 )x + (a0 b2 + a1 b1 + a2 b0 )x2 + · · ·
Ou seja, se definirmos o número ck (k ∈ Z+ ) como a0 bk + a1 bk−1 + · · · + ak b0 ,
tem-se

(a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + am xm ) × (b0 + b1 x + b2 x2 + · · · + bn xn ) =
= c0 + c1 x + c2 x2 + · · ·
P∞ P∞
Definição
P∞ O produto de Cauchy de duas séries n=0 an e n=0 bn é a série
c
n=0 n , onde
cn = a0 bn + a1 bn−1 + · · · + an b0 .

Não é difícil ver que se as séries ∞


P P∞
n=0 an e n=0 bn forem finitas (mais
precisamente, se an = bn = 0 quando n for suficientemente grande), então
a série ∞
P
c
n=0 n também é finita (no sentido atrás descrito) e a sua soma é
o produto das somas das séries originais. Será que é verdade, em geral,
que o produto de Cauchy de duas séries convergentes converge e que a
sua soma é o produto das somas das séries originais? Não; por exemplo, a
(−1)n
série ∞
P
n=0 n+1 converge, mas o produto de Cauchy da série por si própria

diverge. Mas temos o seguinte resultado:


Proposição 11 Se as séries ∞
P P∞
n=0 a n e n=0 bn forem absolutamente convergentes,
então o seu produto de Cauchy ∞
P
n=0 n c também é absolutamente convergente e

 ∞  ∞ 
X X  X 
cn =  an   bn  .
n=0 n=0 n=0

Considere-se,
P∞ por exemplo, um número complexo z tal que |z| < 1.
n 1
Então a série n=0 z converge absolutamente e a sua soma é 1−z . Logo,
como |z | = |z| < 1, tem-se
2 2

∞ ∞
X X 1
z 2n
= (z2 )n = .
n=0 n=0
1 − z2

Por outro lado, 1


1−z2
= 1
1−z
× 1
1+z
. E tem-se
∞ ∞ ∞
1 X 1 X X
= zn e = (−z)n = (−1)n zn .
1 − z n=0 1 + z n=0 n=0

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Análise Complexa — Séries numéricas 10

P∞ P∞
Quel é o produto de Cauchy das séries n=0 zn e n n
n=0 (−1) z ? É a série
P ∞ n
n=0 cn z , com

n vezes 
z }| { 
1 se n for par
cn = 1 × 1 + 1 × (−1) + 1 × 1 + 1 × (−1) + · · · = 

0
 caso contrário.

Logo

X ∞
X
cn z = 1 + z + z + z + · · · =
n 2 4 6
z2n ,
n=0 n=0

ou seja, tem-se, de facto



 ∞  ∞ 
X X n  X
z2n =  z   (−1)n zn  .

n=0 n=0 n=0

7 Séries não absolutamente convergentes


Vejamos agora dois critérios de convergência que permitem mostrar que
uma série de números complexos converge sem P∞passar pela convergência
absoluta. Ambos se referem a séries da forma n=0 an bn , sendo ∞
P
n=0 an uma
série de números complexos e sendo (bn )n∈Z+ uma sucessão que satisfaz
uma condição que vai ser enunciada a seguir.

Definição Uma sucessão de variação


P∞limitada é uma sucessão (bn )n∈Z+ de
números complexos tal que a série n=0 |bn − bn+1 | seja convergente.

Um exemplo importante de sucessões de variação limitada são as su-


cessões monótonas e limitadas de números reais; que são de variação  
n
limitada resulta da proposição 2. Assim, por exemplo, a sucessão n+1
n∈N
é de variação limitada.

Proposição 12 (Critério de Abel) Se ∞


P
n=0 an for uma série convergente de nú-
meros complexos e se (bn )n∈Z+ for uma sucessão de variação limitada, então a série
P ∞
n=0 an bn converge.

Por exemplo, se z ∈ C for tal que |z| < 1 ouPse z = 1, então a suces-
são (zn )n∈N converge. Logo, a série telescópica ∞ n n+1
 (z − z ) converge,
n=1
n
pelo que, pelo critério de Abel e porque a sucessão n+1 é de variação
n∈N
P∞ n(zn −zn+1 )
limitada, a série n=1 n+1 também converge.

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Análise Complexa — Séries numéricas 11

Proposição 13 (Critério de Dirichlet) Se ∞


P
n=0 an for uma série de números
complexos cuja sucessão das somas parciais é limitada e se
P∞ (bn )n∈Z+ for uma sucessão
de variação limitada convergente para 0, então a série n=0 an bn converge.

P∞ n se z ∈ C for tal que |z| = 1, vamos estudar a convergência


Por exemplo,
da série n=1 z /n. Se z = 1, temos a série harmónica, que diverge. Vejamos
que converge em todos os restantes casos. Nesse caso temos, para cada
N ∈ N,
N z − zN+1
X 2
z =
n
6 .
n=1 1−z |1 − z|

Ou seja, a sucessão das somas parciais da série ∞ n


P
n=1 z é limitada. Como
a sucessão (1/n)n∈N é uma sucessão real monótona e limitada (e, portanto,
é uma sucessão de variação limitada) e converge para 0, a série ∞ n=1 /n
zn
P
converge neste caso.
Como caso particular deste critério, consideremos uma sucessão real
(bn )n∈Z+ monótona e convergente para 0. Uma tal sucessão é limitada (qual-
quer sucessão convergente é limitada) e então, uma vez que é monótona,
é de variação limitada. Por outro lado, a sucessão das somas parciais da
série ∞ n
P
n=0
P∞ (−1) é limitada (qualquer soma parcial é igual a 0 ou a 1). Logo,
a série n=0 (−1)n bn converge. Recupera-se assim o critério de Leibniz: se
(b
Pn∞)n∈Z+ énuma sucessão real monótona e convergente para 0, então a série
n=0 (−1) bn converge.

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