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Pop 15.2 - Transfusão em Pediatria PDF

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PROCEDIMENTO Código: POP ENF 15.

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OPERACIONAL PADRÃO Data da Emissão: 03/10/2011
Versão: 03

HEMOTERAPIA Data de Revisão: 12/11/2018


Próxima Revisão: 12/11/2020

TRANSFUSÃO EM PEDIATRIA

Responsável pela elaboração do POP: Aprovado por:


Técnico de Laboratório Felipe S. Cardoso Médica Fabiana Akil (Agência
Transfusional HUGG/UNIRIO)
Responsável pela REVISÃO do POP: Enf. Sandra de Souza Lima
Enf. Vanilda de Souza Rocha (DIEN)
Enf. R2 Beatriz Cristine da Costa Silva Enf. Maria Helena de Souza
Praça Amaral (Educação
Continuada de Enfermagem)

1. DEFINIÇÃO
O sangue do recém-nascido contém imunoglobulinas maternas no seu soro. Algumas das quais
podem ser dirigidas contra os antígenos A, B ou ambos, dependendo do grupo sanguíneo da mãe.
Além disso, para ser compatível com o grupo sanguíneo da criança, as hemácias a serem
transfundidas devem ser compatíveis com o grupo sanguíneo da mãe.
Nessa faixa etária os pacientes devem ser transfundidos com plaquetas ABO compatíveis, sempre
que possível, pela pequena volemia dos mesmos. Se não houver plaquetas ABO compatíveis,
quando necessário, a redução do volume pode ser útil para reduzir o volume de plasma
incompatível. Para a redução do volume, é necessária a centrifugação do componente. Mas esse
procedimento não deve ser uma prática rotineira.

2. OBJETIVO
 Estabelecer as normas para transfusão em pacientes menores de 04 meses.

3. INDICAÇÃO
 Este procedimento aplica-se a todas as solicitações de hemocomponentes para menores de
4 meses feitas ao laboratório da AT do HUGG.

4. PESSOAS E PROFISSIONAIS QUE IRÃO REALIZAR O PROCEDIMENTO


 Técnicos de hemoterapia da AT do HUGG.

5. MATERIAL A SER UTILIZADO


 Hemocomponente;
 Equipo.

6. DESCREVER DETALHADAMENTE AS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS


6.1. Aspectos particulares da transfusão em pacientes com mais de 4 meses de vida
As transfusões de CH devem ser ABO compatíveis com o paciente. Embora todos os pacientes
possam receber CH do grupo “O”. O PFC também deve ser ABO compatível com o receptor.
Diferentemente dos CH e do plasma, os concentrados de plaquetas não necessitam ser ABO
compatíveis (plasma do doador compatível com as hemácias do receptor). Em pacientes que
necessitem de múltiplas transfusões de plaquetas ou que recebem plaquetas por aférese com
grande volume de plasma, recomenda-se o uso de plaquetas ABO compatíveis pelo risco de
hemólise. Pelo fato de os concentrados de plaquetas terem em seus conteúdos uma pequena
quantidade de hemácias, as transfusões devem ser Rh compatíveis para se prevenir aloimunização
e formação de anti-D em pacientes D-negativos. No entanto, se concentrados de plaquetas D-
positivos forem administrados em pacientes D-negativos, imunoglobulina anti-Rh deverá ser
utilizada para se prevenir aloimunização, no prazo de 72 horas após a exposição.
Devido ao seu pequeno volume, o crioprecipitado não precisa ser ABO compatível com o receptor.
Em transfusões de grandes volumes, a transfusão de crioprecipitado incompatível pode resultar em
hemólise causada pela transferência passiva de anticorpos ABO.

Paciente Anticorpo CH ou Componentes Sangue Total


Grupo ABO (soro) granulócitos plasmáticos
O Anti-A e B O A, B, AB, O O
A Anti-B A,O A, AB A
B Anti-A B,O B, AB B
AB nenhum A, B, AB, O AB AB

Pacientes D-positivos podem receber unidades D-negativas ou D-positivas, em casos


emergenciais, quando não há hemocomponentes D- negativos disponíveis. No entanto, os
pacientes D-negativos devem receber rotineiramente unidades D-negativas, para que se previna
uma resposta imune ao antígeno D, que pode resultar em hemólise extravascular tardia e complicar
futuras transfusões ou gestações.
Os anticorpos clinicamente significativos devem ser identificados e unidades com ausência dos
antígenos correspondentes selecionadas para a transfusão.

6.2. Aspectos particulares da transfusão em pacientes com até 4 meses de vida


Nessa faixa etária, raramente, há formação de aloanticorpos.
Pela sua pequena volemia, RN devem receber crioprecipitado ABO compatível.
1 - Na amostra pré-transfusional inicial, deve ser determinado o grupo ABO, porém a tipificação
reversa não deve ser feita.
2 - Se as hemácias selecionadas para transfusão não são do grupo O, deve ser investigada, no
soro ou plasma do neonato, a presença de anti-A ou anti-B, com métodos que incluam uma fase
antiglobulínica. Este teste não precisa ser realizado se houver disponibilidade de uma amostra do
sangue da mãe para tipificação ABO e Rh, e se o grupo ABO da mãe for o mesmo do recém-
nascido.
3 - Se não houver anti-A ou anti-B detectável não é necessário efetuar subsequentes provas de
compatibilidade durante o resto do período neonatal.
4 - Se ocorrer detecção da presença de anti-A ou anti-B, devem ser transfundidos glóbulos
vermelhos do grupo O até que o anticorpo deixe de ser demonstrável no soro do neonato. Estas
unidades não necessitam ser compatibilizadas.
5 - Se um neonato do grupo A, B ou AB recebeu componentes sanguíneos contendo anti-A e ou
anti-B, e as hemácias selecionadas para transfusão não são do grupo O, deve ser investigado no
soro ou plasma do neonato, a presença de anti-A e ou anti-B.
6 - Na amostra pré-transfusional inicial, deve ser realizada a pesquisa de anticorpos irregulares.
Para tal fim, deve ser empregado soro do neonato ou da mãe. Como o sistema imune do RN
raramente produz anticorpos em resposta às transfusões de hemácias, a pesquisa de anticorpos
não necessita ser repetida durante a hospitalização do RN.
7 - Se a pesquisa de anticorpos irregulares for negativa, não será necessário compatibilizar as
hemácias para a primeira transfusão nem para as transfusões subsequentes dentro do período
neonatal, desde que as hemácias sejam do grupo "O".
8 - Se a pesquisa de anticorpos irregulares demonstrar a presença de anticorpos clinicamente
significativos, a transfusão deve ser feita com unidades que não contenham os antígenos
correspondentes. Estas unidades devem ser compatibilizadas com soro do neonato ou com soro da
sua mãe.
9 - Os neonatos não deverão ser transfundidos com sangue total, plasma ou outros componentes
sanguíneos que contenham anticorpos irregulares clinicamente significativos.
10 - A transfusão de componentes celulares em recém-nascidos com menos de 1.200 g de peso
deve ser feita com produtos desleucocitados ou não reagentes para citomegalovírus (CMV).
11 – Para prevenir a infecção pelo CMV e a doença do enxerto contra o hospedeiro transfusional,
recomenda-se a irradiação de hemocomponentes celulares para a transfusão de recém-nascidos
prematuros com idade gestacional menor do que 28 semanas e/ou de peso inferior a 1200g.
6.3. Exsangüíneotransfusão
A exsanguineotransfusão total do recém-nascido é utilizada no tratamento da anemia por doença
hemolítica perinatal e da hiperbilirrubinemia, como prevenção do kernicterus. Esse procedimento
remove a bilirrubina e o anticorpo materno circulante do plasma do neonato, além de substituir os
eritrócitos revestidos de anticorpos pelas células doadoras compatíveis.

6.4. Seleção do concentrado de hemácias para exanguíneotransfusão:


Em recém-nascidos deve ser utilizado sangue total, colhido há menos de 5 dias, para reduzir os
riscos de hipercalemia e para maximizar os níveis de 2,3-DPG. Caso haja impossibilidade de
conseguir sangue coletado recentemente, pode ser feito CH lavado para hemácias envelhecidas
(mais de 7 dias) para minimizar a exposição ao plasma incompatível, aditivos e potássio que se
acumulam durante o tempo de estocagem. Este procedimento deve ser autorizado pelo médico
assistente do recém- nascido e pelo hemoterapeuta responsável pelo setor.
Para a reconstituição do sangue total, devem ser utilizados concentrados de hemácias do
grupo O, D-negativos, sem o antígeno implicado ou concentrados de hemácias ABO e Rh
específicos e compatíveis, sem o antígeno implicado. O sangue deve ser compatível com o
soro materno.
É obrigatório o uso de plasma compatível com as hemácias do paciente. Quando o sangue do
grupo O for selecionado para a exsanguineotransfusão de um neonato do grupo A ou B, todo o
plasma deve ser removido e substituído por plasma doador compatível.
O sangue Rh positivo pode ser administrado a qualquer neonato Rh positivo, sempre que a mãe
não possua anti-D.
Nos casos de incompatibilidade pelo sistema Rh ou por outros sistemas, as hemácias devem ser
compatíveis com o soro da mãe e serem desprovidas do(s) antígeno(s) contra o(s) qual (is) a mãe
está imunizada.
Todo sangue a ser utilizado para exsanguineotransfusão deve ser negativo para a
hemoglobina S e desleucocitado.
Grupo ABO dos concentrados de hemácias para exanguíneotransfusão total:
Neonato Mãe Células Doadoras
Grupo O O, A, B ou AB O
Grupo A O, B O
Grupo A A, AB A ou O
Grupo B O, A O
Grupo B B, AB B ou O
Grupo AB O O
Grupo AB A A ou O
Grupo AB B B ou O
Grupo AB AB AB, A, B ou O

6.5. Transfusão intra-uterina


A transfusão intra-uterina é realizada para corrigir a anemia grave (hematócrito abaixo de 25 a
30%) e evitar a morte “in útero”, quando o risco de parto prematuro é muito grande. Geralmente,
não é realizada antes de 20 semanas de gestação.
Devem ser usados concentrados de hemácias do grupo O, D-negativos, e que sejam compatíveis
com os anticorpos maternos.
Devem ser utilizados componentes fenotipados, desleucocitados (ou não reagentes para CMV),
irradiados, lavados e Hb S negativos. Os concentrados de hemácias devem ter menos de cinco
dias de coleta.

6.6. Exames imunoematológicos em recém-nascidos


Em todo recém-nascido filho de mães Rh negativo e Rh positivo, deve ser realizada,
rotineiramente, a tipificação ABO e Rh, a pesquisa de D fraco Rh(D) e a prova da antiglobulina
direta.
A tipificação ABO e Rh em sangue de cordão umbilical deve ser feita com hemácias lavadas
por 6 vezes, a menos que se utilize uma técnica que dispense este procedimento, como a técnica
em gel.
6.7 Recomendação de doses de hemocomponentes em neonatologia e pediatria:

Concentrado de hemácias 10 a 15 ml/kg


Concentrado de Plaquetas < 10 kg – 5 a 10 ml/kg e > 10 kg – 1 unidade/10 kg
Plasma 10 a 15 ml/kg
Crioprecipitado 1 a 2 unidades/10 kg
7. ATENÇÃO A PONTOS IMPORTANTES E POSSÍVEIS RISCOS
Responsabilidades:
 Responsável técnica: Supervisionar os técnicos na realização dos procedimentos aqui
descritos e orientá-los em caso de dúvidas.
 Técnicos de hemoterapia – Considerar as informações contidas neste POP em todas as
transfusões pediátricas para menores de 04 meses.

8. RESULTADOS ESPERADOS
Ocorrência de transfusão segura na pediatria.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESOLUÇÃO ANVISA – RDC 34, de 11 de Junho de 2014.

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