Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Aula 15.04.2020 - Montesquieu - Sociedade e Poder

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 24

Montesquieu (1689-

1755): sociedade e
poder
ALBUQUERQUE, J. A. Guilhon. Montesquieu:
sociedade e poder In: WEFFORT, Francisco
(Org.). Os Clássicos da Política. São Paulo:
Ática, 1995. p. 113-120.
Apresentação
A obra de Montesquieu “ trata da
questão do funcionamento dos regimes
políticos(...)Ele é “ um membro da
nobreza que, no entanto, não tem como
objeto de reflexão política a restauração
do poder de sua classe, mas sim como
tirar partido de certas características do
poder nos regimes monárquicos, para
dotar de maior estabilidade os regimes
que viriam a resultar das revoluções
democráticas” p. 113.
Introdução

. . . é certo que sua preocupação central foi a de


compreender, em primeiro lugar, as razões da
decadência das monarquias, os conflitos
intensos que minaram sua estabilidade, mas
também os mecanismos que garantiram, por
tantos séculos, sua estabilidade, e que
Montesquieu identifica na noção de
moderação. A moderação é a pedra de toque
do funcionamento estável dos governos, é
preciso encontrar os mecanismos que a
produziram nos regimes do passado e do
presente para propor um regime ideal para o
futuro.“ p. 114
O conceito de Lei

Até Montesquieu, a noção de lei


compreendia três dimensões
essencialmente ligadas a ideia de Deus:
Legítimas(porque expressão da
autoridade);
Imutáveis ( porque dentro da ordem das
coisas);
Ideais ( porque visavam uma finalidade
perfeita.
O conceito de Lei

“ definindo lei como relações necessárias


que derivam da natureza das coisas . . . ”
p. 115
“Montesquieu está dizendo, em primeiro
lugar, que é possível encontrar
uniformidades, constâncias na variação
dos comportamentos e formas de
organizar os homens, assim como é
possível encontrá-las nas relações entre os
corpos físicos. . . . " p. 115
“. . . Mas aqui se trata de massa e
movimento de outra ordem, a massa
e o movimento próprios da política,
que poderiam corresponder, se
precisássemos levar adiante a
metáfora, a quem exerce o poder e
como ele é exercido. São esses (. . . ) a
natureza e princípio de governo,
bases da tipologia de Montesquieu."
p. 115
“ O objeto de Montesquieu é o espírito das
leis, isto é, as relações entre as leis (positivas)
e diversas coisas', tais como o clima, as
dimensões do Estado, a organização do
comércio, as relações entre as classes etc.
Montesquieu tenta explicar as leis e
instituições humanas, sua permanência e
modificações, a partir de leis da ciência
política." p. 115-6
Os Três Governos

“Os pensadores políticos que precedem


Montesquieu (. . . ) são teóricos do
Contrato Social (ou do Pacto), estão
fundamentalmente preocupados com a
natureza do poder político, e tendem a
reduzir a questão da estabilidade do
poder a sua natureza." p. 116
O que deve ser explicado é a forma
como as instituições políticas funcionam.
“Montesquieu constata que o estado de
sociedade comporta uma variedade
imensa de formas de realização, e que elas
se acomodam mal ou bem a uma
diversidade de povos, com costumes
diferentes, formas de organizar a
sociedade, o comércio e o governo. Essa
imensa diversidade não se explica pela
natureza do poder e deve, portanto, ser
explicada. O que deve ser investigado não
é, portanto, a existência de instituições
propriamente políticas, mas sim a maneira
como elas funcionam." p. 116
“. . . ele vai considerar duas dimensões do
funcionamento político das instituições: a
natureza e o princípio de governo. A
natureza do governo diz respeito a quem
detém o poder: na monarquia, um só
governa, através de leis fixas e instituições;
na república, governa o povo no todo (
repúblicas democráticas) ou em parte
(repúblicas aristocráticas); no despotismo,
governa a vontade de um só.”p. 116
“ As análises minuciosas de
Montesquieu sobre as ‘leis
relativas a natureza do governo’
deixam claro que se trata de
relações entre instâncias de
poder e a formas como o poder
se distribui na sociedade, entre os
diferentes grupos e classes da
população.” p. 116.
“ O princípio de governo é a paixão que o
move, e o modo de funcionamento dos
governos, ou seja, como o poder é
exercido. São três os princípios, cada um
correspondendo em tese a um governo. Em
tese, porque, segundo Montesquieu, ele
não afirma que toda república é virtuosa,
mas sim que deveria sê-lo para ser estável."
p. 117
“No que concerne a república, por exemplo,
Montesquieu lembra que, por tratar-se de
um governo em que o poder é do povo, é
fundamental distinguir a fonte do exercício
do poder, e estabelecer criteriosamente a
divisão da sociedade em classes com
relação a origem e ao exercício do poder."
p. 117
“ ... O princípio da monarquia é a honra; o da
república é a virtude; e o do despotismo é o
medo" p. 117
“( o medo) é a única paixão propriamente
dita ( humana),...o regime que lhe
corresponde se situa no limiar da política: o
despotismo seria menos que um regime,
quase uma extensão do estado de
natureza....A honra é uma paixão social. Ela
corresponde a um sentimento de classe, a
paixão da desigualdade, o amor aos
privilégios... Só a virtude é uma paixão
propriamente política: ela nada mais é do
que o espírito cívico, a supremacia do bem
público sobre os interesses particulares ." p.
117
“ No governo republicano o regime depende
dos homens. Sem republicanos não se faz
república. “ p. 118
“[assim se define] a natureza dos três
governos: o despotismo é o governo da
paixão; a republica é o governo dos
homens; a monarquia é o governo das
instituições." p. 118
“O despotismo está condenado a autofagia:
ele leva necessariamente a desagregação
ou as rebeliões. A república não tem
princípio de moderação: ela depende de
que os homens mais virtuosos contenham
seus próprios apetites e contenham os
demais. Na monarquia, são as instituições
que contêm os impulsos da autoridade
executiva e os apetites dos poderes
intermediários. Na monarquia, em outras
palavras, o poder está dividido e,portanto,
o poder contraria o poder. Essa (. . . ) é a
chave da moderação dos governos
monárquicos." p. 118
❑ Embora não defendendo pura e
simplesmente a restauração da monarquia,
na medida em se revela uma preocupação
em torno da necessidade de existência de
poderes que se tensionam e consequente
mente se contrariam para que se
mantenha estável o governo (moderação).
Vê-se em Montesquieu que dos três
governos considerados a monarquia
parece ser,a forma de governo de torna
possível a estabilidade para sua época.
Os Três Poderes
“ Na sua versão mais divulgada, a teoria dos
poderes e conhecida como a separação
dos poderes ou a eqüipotência. De acordo
com essa versão, Montesquieu
estabeleceria, como condição para o
Estado de direito, a separação dos poderes
executivo, legislativo e judiciário e a
independência entre eles.A idéia de
equivalência consiste em que essas três
funções deveriam ser dotadas de igual
poder." p. 119
“. . . A eqüipotência, ou equivalência dos
poderes é refutada implicitamente por
Montesquieu, quando afirma que o judiciário é
um poder nulo, ‘os juízes (são)... a boca que
pronuncia as palavras da lei'." p. 119
“Trata-se, dentro dessa ordem de ideias, de
assegurar a existência de um poder que seja
capaz de contrariar outro poder. Isto é, trata-se
de encontrar uma instância independente
capaz de moderar o poder do rei (do
executivo). É um problema político, de
correlação de forças, e não um problema
jurídico administrativo, de organização de
funções." p. 119-20
“ Para que haja moderação é preciso que a
instância moderadora (. . . ) encontre sua
força política em outra base social.
Montesquieu considera a existência de dois
poderes ou duas fontes de poder político,
mais precisamente: o rei, cuja potência
provém da nobreza, e o povo. É preciso
que a classe nobre, de um lado, e a classe
popular de outro lado (na época ‘o povo'
designa a burguesia), tenham poderes
independentes e capazes de se contrapor."
p. 120
“A estabilidade do regime ideal está
em que a correlação entre as forças
reais possam se expressar também nas
instituições políticas... Seria necessário
que o poder das forças sociais
contrariasse e, portanto, moderasse o
poder das demais.” p. 120
TED 1 – II UNIDADE (15-04 -2020)
Enviar por e-mail:
cavalcanti.joana@gmail.com

 Apresente a teoria de freios e contrapesos no


pensamento de Montesquieu, retratando os
principais pontos desta teoria como grande
contribuição para pensarmos a estrutura politico-
estatal contemporânea.
Vídeo com a discussão da
aula remota pelo Jitsi
disponível no Youtube:

 https://youtu.be/Z5Umt_BUTd0

Você também pode gostar